Faro Obreiro nº3

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VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 3 · JULHO - AGOSTO - SETEMBRO DE 2012 Há que municipalizar o transporte público A municipalizaçom do transporte público é prioritária e necessária para os interes- ses da cidade. Os vigueses e as viguesas nom podemos sofrer as consequências de umha nefasta gestom por parte da Cámara municipal e seguir pagando ano após ano o contínuo incremento do preço do bilhete. A municipalizaçom é a única alternativa viável para garantir os empregos e con- diçons laborais das trabalhadoras e tra- balhadores de Vitrasa, e para contarmos com um transporte eficaz, cómodo e a preços acessíveis para a imensa maioria da vizinhança. Atualmente, o transporte público viguês é gerido pola empresa Vitrasa S.A, que discrimina os bairros periféricos com fre- quências escassas e com linhas inopera- tivas e ineficaces para a populaçom. Esta empresa tem umha estratégia de funcionamento circular de caráter centrali- zado, de tal maneira que todas as linhas, independentemente da sua ubicaçom, tenhem como objetivo chegar ao centro da cidade, isolando e nom permitindo a comunicaçom histórica entre os bairros, favorecendo a sua desligaçom e fomen- tando o uso do centro da cidade como ponto de comunicaçom. Umha estratégia ineficaz, própria do desconhecimento das caraterísticas da cidade. Evidentemente, o Grupo Avanza, grupo empresarial ao que pertence VITRASA, impom está ges- tom circular, beneficiando ao centro e cas- tigando a periferia, repetindo a estratégia que funcionou bem em Saragoça ou Só- ria, mas evidentemente na nossa cidade nom serve. A concessom atual que Vigo tem com VITRASA durará até o ano 2019. A res- ponsabilidade desta decisom emana do governo municipal tripartito formado por BNG, PSG-EG e PSOE que governavam em 1994 e que renovárom a concessom desta empresa privada para os vindouros 25 anos. Umha empresa que no ano 1994 reconheceu a sua nefasta gestom e pro- meteu que melhoraria o serviço nos próxi- mos anos. Como consequência, o serviço foi melhorando “progressivamente”, mu- dando a cor dos autocarros e renovando a frota, em troco de um encarecimento, também progressivo, do preço do bilhete e o deterioramento das condiçons labo- rais das trabalhadoras/es. Hoje em dia, o transporte público está muito pior que no ano 1994 Os contínuos aumentos do preço do bilhe- te simples situa-no em 1,22 euros, o ter- ceiro mais caro do Estado espanhol. Um preço que aumenta ano após ano por acima do IPC. Em 2012 subiu o preço quase 5% quando o IPC se situava em 2,5%, polo que esse incremento nom é justificável. Mas a gravidade da situaçom está na po- lítica municipal do governo PSOE-BNG, a de Caballero e Santi Dominguez, que enriquecem mais a esta empresa priva- da oferecendo subsídios milionários. Em 2011 fôrom 9.4 milhons de euros os que saírom das arcas públicas viguesas e no ano 2012 som 10,4 milhons de euros os que recebérom em conceito de “ajuda” para o uso e fomento do transporte públi- co, em lugar de oferecer umha alternativa real para o povo trabalhador viguês. Estamos a falar de umha empresa priva- da que tivo um ganho de 100 milhons de euros no ano 2010, tal como se reconhe- ce publicamente no web do grupo, e que justifica o incremento do preço devido à contínua melhora do serviço recebido. Serviço que nom melhorou nos últimos 10 anos, serviço ineficiente, onde os autocar- ros nunca som pontuais, e que nom cobre as necessidades do povo trabalhador vi- guês. A vizinhança tem que parar este saqueio continuo à classe trabalhadora viguesa, temos que fazer propostas e dar soluçons, e o primeiro ponto passa por municipalizar o serviço do transporte urbano. Como a concessom com esta empresa privada fi- naliza em 2019 temos que criar um movi- mento popular para nom permitir, nem um ano mais, que sigam enriquecendo-se a conta nossa. Entrevista Manuel Torrado de “Som das Mámoas” Polícia Local dá liçons de racismo a crianças Campanha pola municipalizaçom do transporte público Abel Caballero usa carro oficial para fins pessoais Nesta, a nossa luita A igreja nom paga impostos Conhecemos de perto este festival que nasceu da iniciativa e entrega dum grupo de jovens de Candeám. Umha exibiçom para escolares das tarefas repressivas da polícia ser- ve para inculcar às crianças o ódio racial contra a comunidade cigana e divulgar tópicos racistas. NÓS-UP organiza debates e edita um dossier analisando o papel de VITRASA e as alternativas ao mo- delo de transporte colectivo actual. A raiz de fotografias publicadas nos meios de comunicaçom aviva- -se a polémica sobre o uso frudu- lento que os nossos governantes fam dos bens públicos. Artigo de opiniom de Eva Miranda sobre a atual relaçom de patriarca- do e capitalismo. A imensa fortuna da igreja fica isenta de impostos enquanto famí- lias obreiras caem na pobreça. Página 2 Página 2 Página 3 Página 3 Página 4 Página 3 9 DE SETEMBRO, 40 ANIVERSÁRIO DOS 16 DIAS DE GREVE EM VIGO SUMÁRIO

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Vozeiro de NÓS-UP em Vigo

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VOZEIRO DA ASSEMBLEIA COMARCAL DE NÓS-UNIDADE POPULAR DE VIGO NÚMERO 3 · JULHO - AGOSTO - SETEMBRO DE 2012

Há que municipalizar o transporte públicoA municipalizaçom do transporte público é prioritária e necessária para os interes-ses da cidade. Os vigueses e as viguesas nom podemos sofrer as consequências de umha nefasta gestom por parte da Cámara municipal e seguir pagando ano após ano o contínuo incremento do preço do bilhete.

A municipalizaçom é a única alternativa viável para garantir os empregos e con-diçons laborais das trabalhadoras e tra-balhadores de Vitrasa, e para contarmos com um transporte eficaz, cómodo e a preços acessíveis para a imensa maioria da vizinhança.

Atualmente, o transporte público viguês é gerido pola empresa Vitrasa S.A, que discrimina os bairros periféricos com fre-quências escassas e com linhas inopera-tivas e ineficaces para a populaçom.

Esta empresa tem umha estratégia de funcionamento circular de caráter centrali-zado, de tal maneira que todas as linhas, independentemente da sua ubicaçom, tenhem como objetivo chegar ao centro da cidade, isolando e nom permitindo a comunicaçom histórica entre os bairros, favorecendo a sua desligaçom e fomen-tando o uso do centro da cidade como ponto de comunicaçom. Umha estratégia ineficaz, própria do desconhecimento das caraterísticas da cidade. Evidentemente, o Grupo Avanza, grupo empresarial ao que pertence VITRASA, impom está ges-

tom circular, beneficiando ao centro e cas-tigando a periferia, repetindo a estratégia que funcionou bem em Saragoça ou Só-ria, mas evidentemente na nossa cidade nom serve.

A concessom atual que Vigo tem com VITRASA durará até o ano 2019. A res-ponsabilidade desta decisom emana do governo municipal tripartito formado por BNG, PSG-EG e PSOE que governavam em 1994 e que renovárom a concessom desta empresa privada para os vindouros 25 anos. Umha empresa que no ano 1994 reconheceu a sua nefasta gestom e pro-meteu que melhoraria o serviço nos próxi-mos anos. Como consequência, o serviço foi melhorando “progressivamente”, mu-dando a cor dos autocarros e renovando a frota, em troco de um encarecimento, também progressivo, do preço do bilhete e o deterioramento das condiçons labo-rais das trabalhadoras/es.

Hoje em dia, o transporte público está muito pior que no ano 1994

Os contínuos aumentos do preço do bilhe-te simples situa-no em 1,22 euros, o ter-ceiro mais caro do Estado espanhol.

Um preço que aumenta ano após ano por acima do IPC. Em 2012 subiu o preço quase 5% quando o IPC se situava em 2,5%, polo que esse incremento nom é justificável.

Mas a gravidade da situaçom está na po-lítica municipal do governo PSOE-BNG, a de Caballero e Santi Dominguez, que enriquecem mais a esta empresa priva-da oferecendo subsídios milionários. Em 2011 fôrom 9.4 milhons de euros os que saírom das arcas públicas viguesas e no ano 2012 som 10,4 milhons de euros os que recebérom em conceito de “ajuda” para o uso e fomento do transporte públi-co, em lugar de oferecer umha alternativa real para o povo trabalhador viguês.

Estamos a falar de umha empresa priva-da que tivo um ganho de 100 milhons de euros no ano 2010, tal como se reconhe-ce publicamente no web do grupo, e que justifica o incremento do preço devido à contínua melhora do serviço recebido. Serviço que nom melhorou nos últimos 10 anos, serviço ineficiente, onde os autocar-ros nunca som pontuais, e que nom cobre as necessidades do povo trabalhador vi-guês.

A vizinhança tem que parar este saqueio continuo à classe trabalhadora viguesa, temos que fazer propostas e dar soluçons, e o primeiro ponto passa por municipalizar o serviço do transporte urbano. Como a concessom com esta empresa privada fi-naliza em 2019 temos que criar um movi-mento popular para nom permitir, nem um ano mais, que sigam enriquecendo-se a conta nossa.

Entrevista Manuel Torrado de“Som das Mámoas”

Polícia Local dá liçons de racismo a crianças

Campanha pola municipalizaçom do transporte público

Abel Caballero usa carro oficial para fins pessoais

Nesta, a nossa luita

A igreja nom paga impostos

Conhecemos de perto este festival que nasceu da iniciativa e entrega dum grupo de jovens de Candeám.

Umha exibiçom para escolares das tarefas repressivas da polícia ser-ve para inculcar às crianças o ódio racial contra a comunidade cigana e divulgar tópicos racistas.

NÓS-UP organiza debates e edita um dossier analisando o papel de VITRASA e as alternativas ao mo-delo de transporte colectivo actual.

A raiz de fotografias publicadas nos meios de comunicaçom aviva--se a polémica sobre o uso frudu-lento que os nossos governantes fam dos bens públicos.

Artigo de opiniom de Eva Miranda sobre a atual relaçom de patriarca-do e capitalismo.

A imensa fortuna da igreja fica isenta de impostos enquanto famí-lias obreiras caem na pobreça.

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9 DE SETEMBRO, 40 ANIVERSÁRIODOS 16 DIAS DE GREVE EM VIGO

SUMÁRIO

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ENTREVISTA

“Criar um festival desde zero, com as amizades do bairro, é umha experiência que nengum de nós esquecerá jamais”Faro Obreiro entrevista Manuel Torrado, ativista cultural de Candeám e um dos promotores do festival de música “Som das mámoas”

No mundo capitalista no que vivemos, onde a socie-dade está adormecida e alienada polo sistema, o fes-tival “Som das mámoas” é um oásis no deserto, um claro exemplo de vontade e de esforço popular, que tem mais valor acrescentado por ser realizado por jo-vens. Qual é o motivo do nascimento do festival?

Umha das motivaçons do festival e descriminalizar a ju-ventude, algo mui necessário nos tempos em que vive-mos.

A média de idade das pessoas que trabalhamos na or-ganizaçom do nosso festival é das mais baixas que co-nhecemos. Isso pode parecer umha desvantagem em experiência, mas soubemos canalizar essa energia e potenciá-la em ilusom. Como exemplo de dificuldade, o ano passado o único meio de transporte com o que con-távamos era umha moto. Estas adversidades figerom--nos crescer.

Criar um festival desde zero, com as amizades do bair-ro, é umha experiência que nengum de nós esquecerá jamais.

Assim mesmo, sempre gostamos da ideia de potenciali-zar a relaçom entre a vizinhança, organizando atividades que favoreçam a convivência de experiências comuns.

O Som das mámoas nom é simplesmente um festival de música. Na sua primeira ediçom, o ano passado, além de atuaçons musicais realizárom-se jogos po-pulares, desportos, um jantar, obradoiros... provo-cando que a vizinhança participara e colaborara no festival. Como vos auto-organizades? A associaçom vicinal e a equipa de fútebol também formam parte do tecido que criastes?

O primeiro ano, a organizaçom estava formada por um grupo de amizades, isto facilitou muito a comunicaçom. Reuniamo-nos semanalmente e tomávamos as decisons oportunas, criando, por exemplo, comissons de trabalho para as distintas atividades que aparecessem.

Com a chegada da segunda ediçom o grupo cresceu e profissionalizou-se, o ambiente segue sendo imelhorável, mas é preciso usar ferramentas telemáticas para poder agilizar o fluxo de informaçom.

A associaçom vicinal apoiou-nos desde o início facilitando a obtençom de autorizaçons e apoio logístico. A equipa

de fútebol facilitou as suas instalaçons para as atividades e a Comunidade de montes de Candeám já apostou polo projeto quando ainda era tinta sobre papéis.

O vosso projeto nasce no meio da grande crise do ca-pitalismo, o qual provoca que muitas empresas nom colaborem economicamente. Como vos financiades? tedes apoio institucional?

Existem quatro pontos básicos na financiaçom do festi-val: patrocínios privados, merchandising, balcom e sub-sídios públicos.

Na primeira ediçom o subsídios públicos nom chegárom nem a 10% do orçamento final. Economicamente depen-demos muito do balcom e também dos patrocínios.

O festival do ano passado foi um sucesso, o esforço e ilusom pudérom com a inexperiência. Como valo-rizades ser um dos principais festivais musicais de referência na comarca?

A nossa introduçom no panorama festivaleiro foi muito positivo, já que o festival se organiza num lugar familiar para a maioria das viguesas (frente as instalaçons do Celta na Madroa), o que facilita a chegada da gente in-teressada em escuitar música em direto.Também é um fator determinante contar com umha parada de autocarro a escassos metros das instalaçons.

Ainda assim pensamos que na comarca existem nume-rosos festivais dos que ainda podemos aprender muito. Desde a humildade e com muita ilusom, temos a espe-rança de crescer para oferecer cada ano mais tempo de lazer, para que a gente que se achegue desfrute desta festa tanto como nós.

Vindouro 1 de setembro tem lugar a segunda ediçom. O formato do festival continua a ser o mesmo? Pode--se adiantar algumha informaçom ou surpresa?

O formato do festival seguirá sendo de umha só jornada, o 1 de setembro. Ainda assim este ano faremos ativida-des nos dias prévios. 14 de agosto, véspera de feriado, temos preparada umha apresentaçom em Redondela; haverá música em direto e esperamos poder oferecer algumha surpresa mais.Também temos pensado fazer umha apresentaçom também em Vigo, mas ainda nom esta fechada a data.

No mês de agosto organizaremos um torneio de fútebol 7 de bares, com equipas formadas polos clientes habituais de cada estabelecimento.

No dia do festival ofereceremos música em direto desde a manhá, com algumha surpresa incluída, teremos obra-doiros, um jantar popular, torneios de chave e petanca, um encontro de fútebol, e estamos a trabalhar na possibi-lidade de incluir um campeonato de salto de bicicletas na modalidade de dirt e bmx.

O objetivo e oferecer mais variedade sem perder a iden-tidade que lhe queremos dar ao festival.

FARO OBREIRO · Número 3 · Julho - Agosto - Setembro 2012

“Desde a humildade e com muita ilusom, temos a esperança de crescer para

oferecer cada ano mais tempo de lazer”

A Polícia municipal de Vigo voltou protagonizar um novo episódio de racismo. No passado 19 de junho, num ato promocional do Concelho de Vigo, realizou-se umha exi-biçom organizada pola polícia local para mais de um mi-lhar de crianças de diferentes escolas da cidade. Esta jornada de exibiçom serviu para que os polícias locais puderam fazer simulacros ou acrobacias, ficando mais umha vez em questom a “austeridade” de Abel Caballero.

Mas o grave do assunto nom é o mal-gasto de fundos públicos, senom o modus operandi de realizar o simula-

cro, representaçom de umha pequena obra teatral com um guiom racista para tentar assim mostrar a “agilidade” e a “rapidez” com a que os polícias locais respondem no “combate à delinquência”. Na simulaçom realizada polos agentes de segurança locais, aparecia umha pessoa com sotaque cigano que tenta roubar um carro na rua, sen-do bloqueado, identificado e detido polos agentes. Este ato é umha mostra mais das atitudes racistas inoculadas neste corpo policial, fazendo burla e menosprezando a umha etnia, catalogando-a de ladrons, vagos, meliantes e mentireiros.

Voltou-se repetir outro repudiável episódio de violaçom das liberdades fundamentais, mas esta vez, de maneira premeditada e diante de um milhar de crianças, fomen-tando assim a discriminaçom étnica.

A Assembleia Comarcal de NÓS-UP denunciou a atitude da polícia local e exigiu a imediata demissom de Carlos López Font, concelheiro de segurança e tránsito, e umha imediata retificaçom pública face o povo cigano.

Polícia Local dá liçons de racismo às crianças viguesas

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FARO OBREIRO · Número 3 · Julho - Agosto - Setembro 2012

A igreja católica nom paga impostos

Novo caso de violência machista no bairro do Castro

Concelho de Vigo apoia campanha espanholista no futebol

NÓS-UP participou na mobilizaçom em defesa do setor naval viguês

Apesar de contar com incalculáveis recur-sos económicos e da opulência na que vivem os seus membros, as pessoas e organizaçons adscritas à seita católica es-tám isentas do pagamento da maior parte dos impostos que se aplicam a trabalha-doras e trabalhadores.

Nem IRPF, nem IVA, nem IBI, nem con-tribuiçom municipal, nem imposto de doa-çons e sucessons. A igreja fica à margem das taxas que afogam cada ano às famí-lias trabalhadoras.

Em Vigo a igreja possui propriedades por valor de 45,9 milhons de euros. Apesar de acumular semelhante fortuna e de se beneficiar dos serviços públicos igual que qualquer outra, esta organizaçom nom paga um só céntimo em conceito de im-postos.

O bairro do Castro viveu um novo episódio de violência machista como consequência da falta de soluçons e a mesma falta de interesse real por parte das instituçons para a aplicaçom de mecanismos efetivos contra a violência machista nas suas múl-tiplas manifestaçons.

A Assembléia Comarcal de NÓS-Unidade Popular de Vigo condenou este lamentá-vel ato de violência machista num conuni-cado no que afirma: “somos conscientes de que a soluçom nom chegará enquan-to nom derrubemos o sistema capitalista

e patriarcal no que vivemos, e por isso, animamos a todas as mulheres a dar os passos necessários para combaté-lo me-diante a auto-organizaçom e a denúncia”.

Em plena ofensiva contra direitos e con-quistas da classe trabalhadora, o apare-lho de Estado emprega os espetáculos desportivos para anestesiar a capacidade de luita obreira e popular. Assim, o Conce-lho de Vigo instalou um ecrám gigante no parque de Castrelos com motivo da final da Eurotaça.

A dia de hoje desconhece-se o importe exato do gasto destinado a este fim, já que ainda nom foi publicado, mas é la-mentável o uso de fundos públicos para financiar a alineaçom mediática e a espa-nholizaçom social.

Campanha em prol da municipalizaçom do transporte público

A Assembleia Comarcal de NÓS-UP de Vigo continua a desenvolver a campanha para denunciar os nefastos efeitos para a classe trabalhadora da privatizaçom do transporte urbano.

Nas últimas semanas, desenvolvérom-se os primeiros atos informativos da campa-nha nas paróquias de Beade e Candeám, onde Iago Moreno, Responsável Comar-cal da Unidade Popular, explicou de ma-neira didática as vantagens da municipa-lizaçom.

Junto aos diferentes suportes agitativos, a Assembleia Comarcal da Unidade Popu-lar elaborou um dossier para acompanhar a campanha, e que está disponível na rede em formato de fácil leitura.

Abel Caballero emprega o carro oficial para uso pessoalNos últimos meses Abel Caballero vem protagonizando diversas polémicas rela-cionadas com uso dos carros oficiais.

A notícia saltou quando o alcaide foi fo-tografado utilizando o transporte que pagamos todas as viguesas e vigueses para assistir a umha manifestaçom e para abandonar a mesma, enquanto o devan-dito carro esperava estacionado numha zona pedonal.

Pouco tempo depois a polémica voltava à imprensa ao serem publicadas novas fotografias do carro utilizado por Cabal-lero estacionado ilegalmente em lugares reservados a pessoas com mobilidade re-duzida.

Estes pequenos incidentes que conseguí-rom saltar o filtro dos meios de comuni-caçom som apenas a ponta do icebergue dum problema profundo que padecem todas as instituiçons políticas do corrupto regime espanhol. A utilizaçom de fundos e recursos públicos para uso pessoal é a norma tal e como podemos comprovar a diário ao sérem destapados as trapaças da classe política.

A raiz destes factos levantárom-se vozes exigindo um maior controlo e fiscalizaçom sobre a utilizaçom dos carros oficiais. A reivindicaçom fai-se extensível a todos os bens públicos que estám a pagar as tra-balhadoras e trabalhadores.

A esquerda independentista participou com cortejo próprio na mobilizaçom sindi-cal de 12 de maio na defesa do setor na-val viguês. “O capitalismo é o terrorismo”, “Trabalho temporário terrorismo patronal”, “PSOE-PP a mesma merda é”, “Telmo Va-rela liberdade”, “A soluçom, a Revoluçom” “Obreiro em paro patrom colgado” fôrom algumhas das palavras de ordem lança-das no cortejo da Unidade Popular.

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Nesta, a nossa luita EVA MIRANDA // Militante da Assembleia Comarcal de NÓS-UP de Vigo

// Vozeiro da Assembleia Comarcal de Vigo de NÓS-Unidade Popular // Correio eletrónico: [email protected] 16, rés-do-chao (36205 - VIGO) // Telefone: 637 18 78 51 // Encerramento da ediçom: 17 de julho de 2012 // Distribuiçom gratuitaFARO OBREIRO e NÓS-Unidade Popular nom partilham necessariamente a opiniom dos artigos assinados // Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos

Som mulher, mas tam-bém como outras tantas mulheres podo ser tra-balhadora, desemprega-da, mae, filha, lésbica, companheira, luitadora, revolucionária, feminis-ta... mas lamentavelmen-te também explorada, discriminada, insultada, invisibilizada, afastada,

carente de direitos, etc... e todo isso é hoje em dia o que somos e sofremos milhares de mulheres galegas como tu e coma mim.

Durante décadas, a influência do movimento feminista e a luita das mulheres por alcançar os seus próprios direi-tos e a sua emancipaçom, nom só a nível internacional senom também no nosso país e na nossa cidade, sem-pre fôrom obstaculizados, silenciados e ridiculizados polo sistema e polos meios de comunicaçom ao serviço do Capital. Nesta a nossa luita, a luita na que ninguém vai fazer nada por nós, excepto nós como mulheres, nom pode permitir-se o descanso nem trégua, nom podemos permitir as migalhas que o sistema e o Patriarcado nos estám a oferecer, através de leis de falsa igualdade, de cortes dos nossos direitos e endurecimento da reforma laboral que atenta especialmente contra a juventude e as mulheres. Ademais, no caso das galegas, afeta-nos ainda mais como habitantes de umha Naçom oprimida por Espanha. No caso da comarca de Vigo, destacamos trabalhos e setores maioritariamente ocupados por mu-lheres que recebem nefastas condiçons laborais, como som: o setor serviços, o conserveiro, a sanidade e a de-pendência.

Nom devemos esquecer nem desligar desta luita a uniom indivisível entre o nosso género e a nossa classe. O ca-pitalismo, de forma indissolúvel, emprega o patriarcado como arma para que fiquemos na casa como incubado-

ras, com o pretexto de que há que fomentar a família; como mao de obra barata de pessoas dependentes, já que quase nom há recursos destinados à sua atençom; porque já nom podo decidir sobre o meu próprio corpo, nem aborto livre nem gratuíto; porque conciliar a vida fa-miliar e laboral é impossível, se tenho a sorte de traba-lhar, aguarda mulher! que já haverá algumha lei o algum subsídio que fomente e bonifique, por parte do Estado, as empresas, o emprego a jornada parcial e contratos eventuais para as mulheres (já que o mercado laboral, oferecerá ao homem umhas condiçons melhores que as tuas). Querem que sejamos submissas, que levemos a carga da casa, da família, do sistema, que recomponha-mos, em resumo, a força de trabalho.

A todo isto devemos acrescentar o maltrato físico, verbal e psicológico por ter que aturar a frustraçom do homem respeito à situaçom social-económica atual, e os impedi-mentos que temos as mulheres à hora de organizar-nos, criar espaços, mobilizaçons e reivindicaçons próprias. Esta inaniçom de direitos que estamos a padecer é re-sultado do ADN desta sociedade patriarcal que arrasta de forma congénita os costumes do passado, para segui--las inoculando no presente através de umha sociedade machista e “moderna e amável”, mas igualmente devas-tadora para nós. Esta situaçom, obriga-nos a seguir per-correndo um caminho de luita que temos que fazer entre todas, a organizar-nos, a rebelar-nos e conseguir a nossa emancipaçom nacional e social de género.