TEXTO 1 - 7º Ano

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA COMBA DÃO Rede Concelhia de Bibliotecas de Santa Comba Dão Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos CONCURSO DE LEITURA CONCELHIO2012 2ª FASE TEXTO N.º 1 – 7º ANO Era uma aborrecida e chuvosa tarde de Primavera. Miguel tinha acabado há dez minutos de fazer os trabalhos para a escola e para a aula de inglês. Estava sozinho em casa e tinha-se posto à janela a ver as gotinhas leves que caíam na relva do pequeno jardim. Ainda faltava uma hora para a mãe voltar e não sabia o que fazer. Tentou contar os salpicos que batiam na vidraça, mas, passados cinco minutos, ainda se sentiu mais aborrecido do que estava antes. Suspirando, afastou-se da janela e deixou-se cair como um peso morto na cama. «Gostava tanto de ter um irmãozinho, ou um cão» pensou. «Se tivesse brincava com eles e nunca mais teria aquela ideia terrível, nunca mais.» Mas, mal acabou de dizer «nunca mais», a tal ideia terrível começou a falar. «Estás com fome» dizia ela. «Estás com fome e tens a barriga tão vazia como o tambor da máquina de lavar a roupa, tão fria como a superfície polar; sentes frio em todo o lado, sentes-te muito fraco, não te aguentas nas pernas, se te queres salvar só há uma coisa a fazer: levanta-te e vai à cozinha, enche a barriga, come até te fartares!» TAMARO, Susana, O CAVALEIRO DA LUA CHEIA, Presença, Lisboa, 1999

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2ª FASE TEXTO N.º 1 – 7º ANO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA COMBA DÃO Rede Concelhia de Bibliotecas de Santa Comba Dão Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos TAMARO, Susana, O CAVALEIRO DA LUA CHEIA, Presença, Lisboa, 1999

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA COMBA DÃO Rede Concelhia de Bibliotecas de Santa Comba Dão Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos

CONCURSO DE LEITURA CONCELHIO2012

2ª FASE TEXTO N.º 1 – 7º ANO

Era uma aborrecida e chuvosa tarde de Primavera. Miguel tinha acabado há

dez minutos de fazer os trabalhos para a escola e para a aula de inglês. Estava

sozinho em casa e tinha-se posto à janela a ver as gotinhas leves que caíam na

relva do pequeno jardim. Ainda faltava uma hora para a mãe voltar e não

sabia o que fazer. Tentou contar os salpicos que batiam na vidraça, mas,

passados cinco minutos, ainda se sentiu mais aborrecido do que estava antes.

Suspirando, afastou-se da janela e deixou-se cair como um peso morto na

cama.

«Gostava tanto de ter um irmãozinho, ou um cão» pensou. «Se tivesse

brincava com eles e nunca mais teria aquela ideia terrível, nunca mais.»

Mas, mal acabou de dizer «nunca mais», a tal ideia terrível começou a falar.

«Estás com fome» dizia ela. «Estás com fome e tens a barriga tão vazia como

o tambor da máquina de lavar a roupa, tão fria como a superfície polar; sentes

frio em todo o lado, sentes-te muito fraco, não te aguentas nas pernas, se te

queres salvar só há uma coisa a fazer: levanta-te e vai à cozinha, enche a

barriga, come até te fartares!»

TAMARO, Susana, O CAVALEIRO DA LUA CHEIA, Presença, Lisboa, 1999