Princípios do uso racional dos antimicrobianos

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Princípios do uso racional dos antimicrobianos CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA MÓDULO: INFECTOLOGIA Prof.: Estevão Urbano Silva

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Princípios do uso racional dos antimicrobianos

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVAMÓDULO: INFECTOLOGIA

Prof.: Estevão Urbano Silva

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Antibioticoterapia empírica

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DefiniçãoÉ um conjunto de princípios lógicos que baseiam-se no

conhecimento das características clínicas,

epidemiológicas e bacteriológicas de um determinado

paciente, que tem por objetivo identificar situações

propícias para o uso dos antimicrobianos, bem como

garantir sua prescrição adequada e isenta de riscos

para os indivíduos infectados.

Antibioticoterapia empírica

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Perspectivas históricas da antibioticoterapia

• Antibioticoterapia tal como a conhecemos é um fato recente na historia da medicina

• A era pré-antibiótica trazia consigo um permanente temor das infecções severas e um sentimento de vulnerabilidade enorme

• Neste contexto surge na década de 40 a antibioticoterapia moderna com grande impacto no imaginário popular como perspectiva de drogas salvadoras e milagrosas

• Cria-se ai o mito da antibioticoterapia como panacéia

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Era pré antibiótica versus era antibiótica

• O impacto da transição da era pré-antibiótica para a era antibiótica deve ter sido avassalador

• De ausência de terapia efetiva para terapia essencialmente eficaz

• Como área terapêutica eficaz carreia consigo o vigor comercial e político que impulsionam o processo renovador da sua eficiência , expandindo esta em seus limites e mantendo-a atualizada

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Contraponto• Tem havido uso adequado dos antibióticos?• Estão os médicos preparados para pratica apropriada da

antibioticoterapia?• É possível racionalizar o uso dos antibióticos?• Pergunta-se:até que ponto este processo de eficácia será mantido

integro?• 50% das prescrições de antibióticos tem sido tidas como inadequadas

ou desnecessárias e 10% dos pacientes com diagnósticos adequados de infecção não necessitam de antibióticos

• O médico do século 21 tem que continuamente fazer escolhas de antibioticoterapias clinicamente eficazes , seguras e com adequado custo-benefício.

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Antibióticos disponíveis

1 818

3545

60

110

200

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

antibióticos

19391949195919691979198519952001

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Questões a serem respondidas antes do inicio da antibioticoterapia

1 O antibiótico está indicado?

2 Espécimes apropriados foram obtidos , examinados e cultivados?

3 Qual é o microorganismo mais provável?

4 Se vários antibióticos estão disponíveis , qual o mais apropriado?

5 Está indicada uma associação de antibióticos?

6 Existem fatores do hospedeiro importantes?

7 Qual a melhor via de administração?

8 Qual a dose apropriada?

9 Irá a terapia inicial necessitar modificação após resultados de cultura ?

10 Qual a duração ótima da terapia e o desenvolvimento de resistência poderá ocorrer no decurso do tratamento?

11 Você está inserido num contexto institucional?

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Está a antibioticoterapia indicada?

• Existe uma infecção bacteriana óbvia?– Há alguma infecção localizada identificada?

• Pneumonia• Infecção do trato urinário• Infecção de pele e partes moles• Faringite purulenta• Enterocolite aguda bacteriana• Ou outra infecção focal obvia

– Há risco de vida por numa possível infecção bacteriana?

– Existe evidencia de sepse com ou sem infecção focal?

1

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• A não prescrição do antibiótico pode resultar na disfunção permanente ou morte do paciente?– Sepse clínica

• Sepse com foco• Sepse sem foco

– Sepse com rash– Infecções focais graves

• Meningites• Celulites faciais e retro-orbitárias• Fasciite necrozante e outras infecções graves de partes moles

– Celulites e miosites piogenicas (necrozantes)• Abscessos viscerais• Endocardite aguda• Pneumonias graves

– Pneumonia pneumococica e por Legionella– Pneumonia estafilocócica– Pneumonia por P. carinii

• Endoftalmites

• O antibiótico como medicamento de urgência

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Ceftriaxona c/ ou s/ ampicilina

Cefalosporina 3ª + metronidazol

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Síndrome da pele escaldada e

choque tóxico estafilocócico

Fasciite necrozante

Pneumonia grave

Cefalosporina 1ª ou oxacilina ou ampicilina/sulbactan

Clindamicina + penicilina

Cefalosporina de 3ª +

macrolideo

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• A não prescrição do antibiótico pode resultar na disfunção permanente ou morte do paciente?

– Infecções específicas (que podem evoluir para formas mais severas se não tratadas no seu momento adequado)

– Rickettsioses R. rickettsii– Peste– Antrax – Meningococcemia– Tularemia– Leptospirose– Febre tifóide

• O antibiótico como medicamento de Urgência

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Febre maculosaantraxmeningococcemia

Tularemia peste

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A prescrição do antibiótico pode ser feita sem confirmação adicional em regime urgente?

• Febre ou Suspeita de infecção em pacientes especiais

– Neutropenia febril

– Idoso

– Recém nato

– Imunodeficientes

• O antibiótico como medicamento de urgência

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Principais situações de uso desnecessário de antibiótico

• Infecções virais

• Quadros febris não infecciosos em crianças

• Influenza, hepatite A e dengue em adultos

• Sinusites crônicas assintomáticas ( raramente

associadas com febre) descobertas por acaso em

pacientes febris

• Pacientes com febre prolongada e FOI – uma condição

que tecnicamente requer diagnóstico e não terapia a

priori

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Duas situações opostas?• Antibiótico prescrito desnecessariamente

• Por erro de diagnóstico• Por prática defensiva• Por pressão de outrem• Por desinformação• Por informação inadequada• Por pressa• Por excessiva confiança no medicamento

xSemmelweiss para Hahnemann: tratar doenças com doses tão baixas de medicamentos é o mesmo que não tratar, com que o que concordo posto que a maioria das doenças

cura espontaneamente!

Alliance for the Prudent Use of Antibiotics

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• Bacterioscopia– Útil e prática, exige laboratorista experiente

• Culturas com subsequente antibiograma• Outros testes

– PCR– Inoculação em animais– Pesquisa de antígenos– Sorologias (anticorpos)

Muito importante colher materiais antes da primeira dose do antibiótico pois mesmo baixas concentrações de antibióticos podem afetar o crescimento microbianoUso de PABA, penicilinase e outros neutralizadores de antibióticos tem resultados apenas modestos

2 Espécimes clinico foram colhidos antes do inicio da antibioticoterapia?

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colha a amostra corretamanuseie corretamenteidentifique corretamentetransporte e estocagem

apropriados

amostra

Com coloração: gram e ZiehlSem coloração potassa , direto

microscopia

corar descorar

contracorar

Identificação por bioquímica ou sorologia

Em discos e frascos

cultura

sensibilidade Por difusão em disco , ou

diluições

Considere a necessidade de meios especiais (ex. anaeróbios) e tempo de observação da amostra (ex. indolentes) diferenciados

O acompanhamento das culturas é fundamental

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Infecções da comunidade: Gravidade clinica Suspeita de resistência bacteriana Imunosupressão grave

Infecções hospitalares:Sempre que possível

Quando solicitar culturas?

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Quais são os microorganismos mais prováveis como causa da infecção?

• Exames preliminares, especialmente a bacterioscopia,

poderão dar pistas valiosas

• Tabela a parte lista os principais microrganismos mais

prevalentemente associados aos respectivos quadros

infecciosos e terapias de escolha

3

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CVC- S aureus(MRSA)

S. epidermidis

ITU – BGN E. coli

Pneumonia comunitária-S. pneumoniae; M. pneumoniae

Pneumonia nosocomial- BGN P. aeruginosa ; MRSAIntra –abdominal

Ex diverticuliteBGN e anaeróbios

Enterococos

glicopeptídeo

Ampicilina + aminoglicosídeo +

clindamicina

gatifloxacinaCefepime+

vancomicina

Fluoroquinolona

ceftriaxona

Page 23: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Se há a disponibilidade de diferentes antibióticos, qual o melhor?

• Existe alergia a antibióticos?

• Haverá penetração adequada do antibiótico? (SNC, próstata, humor vítreo).

• Há possibilidade de efeitos colaterais?

• Qual o mais adequado: bactericida ou bacteriostático?

• O espectro de ação ideal é o estreito ou o amplo?

• Qual o impacto do custo?

4

Page 24: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Se há a disponibilidade de diferentes antibióticos, qual o melhor?

• Existe alergia a antibióticos?– Mais comuns penicilina e sulfas

• Haverá penetração adequada do antibiótico? O pH do foco influenciará a eficácia do antibiótico?– Clindamicina,cefalosporinas de 1ª e 2ª gerações,aminoglicosídeos- não penetram no SNC– pH baixo prejudica efeito dos aminoglicosídeos – limita seu efeito no pulmão e abscessos

• Há possibilidade de efeitos colaterais?– Campo bastante vasto– Cloranfenicol – aplasia de medula óssea – 1-25.000 casos– Tetraciclina – efeito em dentes limita seu uso na gravidez e em crianças < 8 anos– Fluoroquinolonas – alegado efeito degenerativo sobre cartilagens limita seu uso em pré-púberes e

gestantes- fotosensibilidade- agressão hepática– Vancomicina – quadro multisistêmico denominado síndrome do homem vermelho– Certos antibióticos como cefalosporinas de 2ª e 3ª ou clindamicina – colite por Clostridium

difficile– Carbapenens propiciam infecções fúngicas– Em geral são medicamentos muito seguros

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Se há a disponibilidade de diferentes antibióticos, qual o melhor?

• Qual o mais adequado: bactericida ou bacteriostático?– Bactericidas dependem menos de fatores do hospedeiro

• De indicação em neutropênicos e imunosuprimidos• Indicados quando há infecção em local de pouca atuação das defesas-

endocardite• Em infecções menores estas diferenças são irrelevantes mas em

infecções graves deve-se preferir os bactericidas

• O espectro de ação ideal é o estreito ou o amplo?– Terapia empírica- amplo espectro- maior impacto sobre a flora– Situações especificas ou antibiograma disponível- espectro

estreito-menor impacto sobre a flora• Qual o impacto do custo?

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Qual a melhor escolha, qual a farmacocinética / farmacodinâmica?

• A antibioticoterapia progrediu da era “guerra dos MICs” aonde a superioridade da droga seria ditada pela ação antimicrobiana com o menor MIC para a era das “relações farmacocinéticas/farmacodinâmicas”. Hoje sabemos que que o balanço entre fatores do hospedeiro e a droga determinarão o resultado final e são melhores preditores que testes in vitro.

• Considerações farmacocinéticas tem ajudado a otimizar doses baseado no entendimento da cinética do efeito letal do antibiótico concentração/tempo dependentes

• Farmacodinâmica também leva em conta o efeito pós-antibiótico na inibição da bactéria quando não existem níveis terapêuticos de antibióticos.

• Este efeito explica como os antibióticos são eficazes quando concentrações caem a níveis abaixo do MIC entre uma dose e outra

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Solução brilhante

e clara

GrandeCaixa Preta

Molécula ideal

Cura dopaciente

Química Microbiologia PK/PD Terapia

Molécula ideal

Solução brilhante

e clara

Cura dopaciente

Molécula ideal

Solução brilhante

e claraCura dopaciente

Page 28: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Dosagem e

eliminação

Concentração sérica

variando ao longo do tempo

Concentração em tecido não alvo

Concentração no sítio

de infecção

Farmacodinâmica.... Efeitotóxico

mínima

Efeito terapêutic

o

Máxima

Farmacocinética....

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0

1

2

3

4

5

6

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

concentraçao

Area sob a curva

Tempo acima do MIC

pico

Período inativo

> MIC

Medindo o MIC e o tempo que o antibiótico está acima deste nível a quantidade total de antibiótico absorvido em 24h “ area under the curve” [AUC]-24), poder-se-a prever a eficácia do tratamento. Por exemplo quando a taxa AUC-24:MIC é > que 125, a eficácia das fluoroquinolonas é particularmente boa.

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Beta lactâmicosOxazolidinonasClindamicinaMacrolideosGlicopeptídeosTetraciclinasAzitromicina

Estreptograminas Doses dadaspara manter

acima do MICIntervalosfrequentes

Ação do antibiótico

Parede celular

RNA,DNA,ou síntese protéica

Efeito tempo-dependente

Efeito concentração-dependente

Doses dadasaltas doses e

intervalosdistantes

Controle da

infecção

AminoglicosídeosFluoroquinolonas

Cetolideos

Pela duração da AUC

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Existem fatores do hospedeiro importantes?

• Deficiência de G6PD limita o uso de certos antibióticos• Sulfonamidas - hemólise

• Gravidez e lactação• Riscos – toxidez materna,teratogenicidade , desenvolvimento alterado• Antibióticos seguros na gravidez

» Penicilinas exceto a ticarcilina; cefalosporinas; eritromicina base e aztreonam• Antibióticos usados com cuidado

» Aminoglicosídeos; vancomicina; clindamicina; imipenem cilastatina; e TMP• Antibióticos contra-indicados

» Cloranfenicol; tetraciclina; fluoroquinolonas ; SMTTMP;estolato de eritromicina- ticarcilina

» Metronidazol - carcinogênese? // sulfonamidas 3º trimestre• Antibióticos no leite materno

» Em que pese que nenhum efeito tóxico provavelvelme abaterá sobre o filho, alguns antibióticos devem ser evitados: Cloranfenicol; tetraciclina; fluoroquinolonas ; sulfonamidas; metronidazol

5

Page 32: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Existem fatores do hospedeiro importantes?

• Função renal• Nefrotoxicicidade adicional• Ajuste de doses

• Função hepática• Hepatotoxicidade adicional• Aumento de nefrotoxicidade

– Aminoglicosídeo– Beta lactâmico - leucopenia

• Ajuste de doses• Imunidade humoral e celular

– Usar bactericidas

• Presença de próteses• Retirar a prótese• Endocardite de Prótese valvar

Requerem monitorização de níveis séricos da droga

e de creatinina a cada 2 dias

Monitorização datoxicidade mais difícil

(140-idade) X peso72X creatinina sérica

Mulher 85% insuf hepática 50%

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Principais vias de excreção de alguns antibióticos

Renal HepáticaAminoglicosídeos Clindamicina

Aztreonam CloranfenicolCefalosporinas Cefoperazona

Imipenem DoxiciclinaFluoroquinolonas* Eritromicina

Penicilinas e derivados MetronidazolTrimetropim NafcilinaTetraciclina Rifampcina

Vancomicina sulfametoxazol

Page 34: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

É necessária a associação de antibióticos?

• Indicações correntes• Multiplicidade de microorganismos provável

– Sepse abdominal e infecções pélvicas (clindamicina ou metronidazol +cefalosporina ou aminoglicosídeo- com sem ampicilina)

– Novos antibióticos já em associações pré definidas (piperacilina-tazobactan) ou de espectro mais amplo (cefoxitina; imipenem-cilastatina) podem ser alternativas adequadas

• Busca de sinergismo (um AB > grandemente a ação do outro) - Infecçoes moderadas a severas por enterococo, pseudomonas (?),

acinetobacter (?), KPC (?)- Qualquer infecçao em prótese(sempre incluir rifampicina)

– Inibição seriada do crescimento microbiano: SMT/TMP– Um antibiótico favorece a penetração do outro: penicilina e

aminoglicosídeo• Impedir ou limitar o surgimento de resistência

– QT anti tuberculosa– TARV

6

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• Associações mais comuns – Penicilina-gentamicina - Enterococos– Ticarcilina ou piperacilina-aminoglicosídeos- Pseudomonas , Acinetobacter(?)

• Combinações únicas– Imipenem-cilastatina, SMZ/TMP

• Desvantagens dos antibióticos múltiplos– Aumenta a sensibilização e toxidez a drogas– Aumenta o risco de colonização com multirresistentes– Aumentam custos– Dão falso senso de segurança– Há a possibilidade de antagonismo:

• Uma droga interfere na ação da segunda (penicilina-tetraciclina)• Uma droga desreprime função cromossomica de resistência a outra:

– 2 betalactâmicos(cefoxitina; cefamandole ou imipenem-cilastatina é associado a outra cefalosporina ou penicilina de espectro ampliado)

É necessária a associação de antibióticos?

Page 36: Princípios do uso racional dos antimicrobianos
Page 37: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Qual a melhor via de administração?

• Parenteral (Sepse, distúrbios desabsortivos, multirresistência) – Intravenosa mandatória em casos de

hipotensão e quando altos níveis séricos são desejados

• Diabéticos tem < da absorção IM ( usar venoso)– Intramuscular problema da tolerabilidade

• Alguns antibióticos não são absorvidos IM ou causam complicações e dores vancomicina

7

Page 38: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

– Infusão intravenosa contínua versus bolus intermitente – assunto controvertido

– CONTÍNUA

Vantagens:Menor irritação e flebiteMaior concentração em

trombos de fibrina- endocardite

Beta-lactâmicos e vancomicina tem melhor

efeito bactericida tempo dependente na infusão contínua

Desvantagens:Poucos estudos em humanos

Lag timeDesconforto-mobilidadeDose múltiplas frequente

tem resultado igual Maior possibilidade de erro

Possibilidade de desenvolver resistência acima do MIC

Qual a melhor via de administração?

Page 39: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

– Infusão intravenosa contínua versus bolus intermitente – assunto controvertido

– INTERMITENTE

Vantagens:Controles mais fáceisAminoglicosídeos e fluoroquinolonas

tem melhor efeito bactericida concentração-

dependente

Desvantagens:Mais flebite e irritação

Base para indicar aminoglicosídeos

de 24/24 hSem confirmação

clínica

Qual a melhor via de administração?

Page 40: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Qual a melhor via de administração?

Oral– Básica na seqüência de terapia

abreviar tempo de hospitalização e reduzir custos e desconforto para o paciente

– De escolha em geral para pacientes ambulatoriais-faringites, infecções cutâneas, ITU etc

– Situações especiais• Enterocolites , • Terapia prolongada – TBC osteomielite

etc

“A grande contribuição do milênio foi a constatação que a antibioticoterapia oral pode ser equivalente a venosa em

termos de eficácia e níveis terapêuticos”BA Cunha 2000

Grande impacto farmacoeconômico

“terapia sequencial-switch programs’

clindamicina, metronidazol, levofloxacina, cloranfenicol, TMP-SMX, e linezolida.

Page 41: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Qual a dose adequada?

• Objetivo: usar a menor dose capaz de ser eficaz- com vistas a reduzir toxidez, superinfecção, e custo

• Considerar:

– Dose em neonatos

– Dose em crianças

– Dose em adultos

– Antagonismos, interações e absorção alterada

8

Page 42: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Qual a duração ótima da terapia? • Bem estabelecida

• Relativamente empírica• Não estabelecida

Diagnóstico Duração ConcordânciaMeningite meningocócica 5-10 d Sim

Meningite pneumocócica 10-14 d Sim

Meningite por Haemophilus influenzae B 10-14d Sim

Faringite estreptocócica 10 d Sim

Otite media 7-10d Sim

Sinusite bacteriana 10-18 d Sim

Pneumonia pneumocócica 12 d Não

Pneumonia por BGN 21 d Não

Pneumonia por Mycoplasma 14 d Sim

Pneumonia por Legionella 21 d Sim

Endocardite não protética Strep viridans 28 d Alta

Endocardite não protética Staphylococcus 28-42 d Sim

Peritonite 10-14 d Sim

Artrite séptica 14-21 d +/-

Osteomielite 28 Não

9

Sequenciamento de terapia

(parenteral-oral), quer durante a hospitalização

quer após a alta

Page 43: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Há necessidade de modificar a terapia após o resultado da cultura?

• Questão complexa em nosso meio – Se mexemos em time que está perdendo, mexeremos no que está ganhando?– A) Após antibiograma, preferir espectro estreito ( < risco de colonização e

superinfecção com germes resistentes)– B) Se S. aureus é susceptível a penicilina, preferi-la pois é mais eficaz(?)– C) Se há suspeita de infecção por BGN em geral associa-se um

aminoglicosídeo a outro antibiótico (geralmente betalactâmico- se mais a tarde e cultura revela susceptibilidade a um ou outro , excluir um deles)

– D) Diferenciar nova colonização de nova infecção- a primeira é esperada no curso da antibióticoterapia- o curso clínico de melhora progressiva direciona para colonização em face de nova cultura positiva para germe diferente

– E) Múltiplas culturas negativas iniciais , se apropriadamente colhidas, podem indicar germes específicos, ou mesmos entidades não infecciosas

10

Page 44: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Você está inserido num contexto institucional?

• Políticas de controle de uso de antibióticos são frequentes nos Hospitais modernos

• Objetivos• Melhor controle da resistência microbiana e infecções nosocomiais por germes

multi-R• Estimular aprimoramento continuo sobre este assunto• Manter a eficácia do arsenal terapêutico• Eliminar gastos desnecessários

• Indicar:consultoria; giro de drogas;protocolos de pesquisa• 74 pacientes –100.000 dólares poupados mudança venoso-oral

Julio Ramirez, Sunket Ahkee Switching to Oral Antibiotics: A Cost-Savings Strategy in the Hospitalized Patient Drug Benefit Trends 8(10):20-22,28,34, 1996

11

Page 45: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Causas de fracasso na antibioticoterapia

• Fracasso relacionado ao microorganismo– Patógeno errado– Resistência adquirida ao

longo da terapia– Atividade bactericida

insuficiente– Efeito inoculo

Fracasso relacionado ao paciente– Falta de adesão– Via inapropriada– imunocomprometidos

• Falso fracasso– Erro de diagnóstico– Doença de base

desencadeada por antibióticos

– Injustificada falta de paciência

– Inativação do antibiótico• Fracasso farmacológico

– Quantidade insuficiente ou , excessiva ou droga inapropriadamente administrada

– Falta de atenção a parâmetros farmacodinâmicos

– Inativação in situ ou falta de drenagem

Page 46: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Causas de fracasso na antibioticoterapia

• Fator hospitais do 3º mundo– Falhas na administração do fármaco

– Erro na identificação do medicamento prescrito – letra de médico– Erro no preparo– Erro na administração– Erro de tempo– Erro de paciente

– Erro de farmácia– Medicamento vencido– Medicamento falso– Medicamento mal-conservado– Medicamento com infra-dose– Bioinequivalencia – Medicamento manipulado

– Falhas geradas pelo paciente– Auto-medicação com antibióticos– Má adesão a terapia

– Falha laboratorial– Erro de identificação bacteriana– Erro de antibiograma

I N. Okeke et al Factors Leading to Acquired Bacterial Resistance to Antibiotics in Developing CountriesEmerging Infectious Diseases 5(1), 1999.

Page 47: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Há probabilidade de haver desenvolvimento de resistência durante terapia prolongada?

• A resistência microbiana, desenvolvida através de diferentes mecanismos é um problema mundial crescente

• Certos microorganismos não apresentam (para nós) problemas de resistência: (Legionella, Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia pneumoniae, febre Q , tularemia, psitacose,rickettsias e espiroquetas). – Bacteróides fragilis e anaeróbios em

geral, não tem mostrado problemas de resistência.

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Resistência Bacteriana

Staphylococcus aureus (MRSA) resistente a meticilina já vem sendo constatado a anos assim como (VRE) enterococo resistente a vancomicina. Aumentou a prevalência de E. faecium (VRE) resistente a vanco mas não houve aumento na prevalência de E. faecalis resistente a vanco. – A questão do pneumocoo pode ser encarada sobre 2 prismas –

considerando - se cepas parcialmente resistentes, como tal, há o problema de forma expressiva; se, ao contrario, considera - se parcialmente sensível, o problema não existe O uso de antibióticos de alta concentração intra - celular tem resolvido este problema

• Entre os BGN , particular preocupação com Stenotrophomonas maltophilia e Burkholderia, Enterobacter, , Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella (ESBL). O Acinetobacter, que sempre foi multi-r, se tornou mais prevalente.

Page 49: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

• A questão do possível desenvolvimento de resistência durante a terapia é objeto de debate inconclusivo até hoje

• Conceito de recrescimento –relacionado a questões farmacocinéticas/farmacodinâmicas (baixo índice AUC/MIC) ao invés de resistência verdadeira, parece melhor explicar eventuais perdas de eficácia terapêutica durante a terapia

• Falência de antibioticoterapia e resistência é mais provável quando existe problema de penetração tissular adequada do antibiótico. Ex rins com pielonefrite crônica, próstata inflamada , osso, abscessos costumam ter concentrações sub-ótimas. Nestes sítios, use antibióticos com baixo potencial de resistência.

População susceptível

Page 50: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Indução de resistência por antibióticos

Alta probabilidade Baixa probabilidadeCeftazidima Outras cefalosporinas de 3ªImipenem meropenem

Ciprofloxacina Outras quinolonasTetraciclina Minociclina e doxiciclina

Carbenecilina piperacilinaAmpicilina cefepime

Gentamicina amicacina

• Situações emergentes – S. aureus – SCV *

(“small colonies variants”) infecções mais recorrentes e difíceis de tratar a despeito de padrão de sensibilidade

– C difficile multi R

* Carter W et al 40th Interscience Conference on Antimicrobial & ChemotherapySeptember 17, 2000 Less Well-Known Emerging Infections and Newer Antibiotics

Page 51: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Referências

• PK/PD • www.boomer.org (links)• Pharm PK list Continuous infusion of beta lactam antibiotics a potential

strategy to improve parenteral antimicrobial therapy • www.md.ucl.ac.be (P. Tulkins aula)

• Bacteriologia• www.bact.wisc.edu/bact330 (livro texto on line Baron medical

microbiology)• Resistência a antimicrobianos

• www.cdc.gov/drugresistence• www.earss.rivm.nl/ EARSS (European antimicrobial resistence

survellance system)

Page 52: Princípios do uso racional dos antimicrobianos

Referências1. Principles of antibiotic use cahpter 28 In Richard E Reese & RobertF Betts 2. Cunha BAANTIBIOTIC THERAPY ANTIBIOTIC RESISTANCE Medical Clinics of North America 84 (6)• November 2000 Medical Medical

Clinics of North America3. Cunha BA ANTIBIOTIC SIDE EFFECTvolume 85(1 ) January 2001

4. Perry DickinsonAmerican Academy of Family Physicians 52nd Annual Scientific AssemblyFamily Medicine Conference Summaries 2000 Management and Avoidance of Antibiotic Resistance

5. Iruka N. Okeke, Adebayo Lamikanra, Robert Edelman Factors Leading to Acquired Bacterial Resistance to Antibiotics in Developing CountriesEmerging Infectious Diseases 5(1), 1999.

6. N. Stephen Antibiotics for Adult Respiratory Infections Clinical Considerations and Management Pitfalls 7. Drug Benefits Trends10(5):10-16, 1998. 8. Sunket Ahkee, MD, Marco Barzallo, MD, Julio Ramirez Empiric Antibiotic Therapy in Patients Without Documented Infections Infect

Med13(9):800-802,823, 19969. Kenny J. Cole, MD; Jeffrey P. Nadler, MD From Broad- to Narrow-Spectrum Antibiotics The Potential Value of Narrow-Spectrum Antibiotics

39th Interscience Conference on Antimicrobial Agents and ChemotherapyDay 3 - September 28, 1999

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