Módulo 1 - Crescimento do Lider

download Módulo 1 - Crescimento do Lider

of 26

Transcript of Módulo 1 - Crescimento do Lider

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    1/26

    CURSODE

    CAPACITAODELIDERANAJOVEM

    Mdulo IOCRESCIMENTO DO LDER

    Junta de Mocidade da Conveno Batista Brasileira

    Unidade 1: Desenvolvendo a espiritualidade do lder

    Rogrio de Mendona CorreiaUnidade 2: Desenvolvendo os relacionamentos do lderRogrio de Mendona Correia

    Unidade 3: Desenvolvendo a intelectualidade do lderRogrio de Mendona Correia

    Unidade 4: Desenvolvendo a auto-segurana do lderRogrio de Mendona Correia

    Unidade 5: Desenvolvendo a comunicao eficaz do lder: a arte da exposioMarcelo Serute

    Unidade 6: Desenvolvendo o marketing pessoal do lderMarcelo Serute

    Unidade 7: Desenvolvendo o carter empreendedor do lderMarcelo Serute

    Unidade 8. Lidando com a sexualidadeRoberta Batista Silveira do Carmo

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    2/26

    2

    Unidade 1

    DESENVOLVENDO A ESPIRITUALIDADE DO LDERRogrio de Mendona Correia*

    xistem alguns elementos que consideramos basilares na construo de uma liderana em qualquer instnciaeclesistica, a saber: o relacionamento pessoal com Deus, o chamado, o preparo e o cumprimento do chamado. Umapessoa no pode ser tratada como lder enquanto no se verificam estes pontos em sua vida. por isso que

    trataremos deles no decorrer desta unidade. Pode parecer simples ou at mesmo engraado algumas vezes pensar em sedizer que, para comear, preciso ter uma experincia pessoal com o Deus da salvao, no entanto no o . uma tristerealidade, mas enfrentamos, em lugares inesperados, como seminrios teolgicos, institutos bblicos e em cursos decapacitao de liderana eclesistica em geral, situaes em que pessoas despreparadas para liderar com suas prpriasvidas desejando aprender a liderar grupos em nome do Senhor.

    comum vermos, na teologia, que a Palavra de Deus superpe toda e qualquer experincia, que experincias s sovlidas se confirmadas luz da Palavra de Deus, e nunca uma experincia justificar ou confirmar a Bblia. Entretanto, -nosnecessrio pensar que todas as vezes em que uma doutrina emitida na Bblia h uma experincia para confirmar o que

    est sendo normatizado ou doutrinado. Com isto, no quero contrariar anos de estudos teolgicos de famosos nomes dateologia ou abrir espao para qualquer tipo de manifestao ser justificada pela Bblia posteriormente. O que estoutentando dizer que a natureza do relacionamento com Deus deve ter as duas faces: a revelao da Palavra de Deus e aexperincia!

    comum ouvirmos pessoas dizendo que esto no ministrio por causa do chamado geral de Jesus, em Mateus 28:19-20,que diz que todos devem ir por todo o mundo e pregar o evangelho, mas isto no suficiente para algum se sentirvocacionado a cumprir a tarefa especfica de ministrar como pastor sobre um rebanho. A Palavra tem que acompanharuma experincia pessoal com Deus que confirme o que est escrito e a torne mais do que um simples chamado geral. Noque no haja um chamado de Deus ao trabalho evangelstico a todas as pessoas que se convertem a Ele. De fato h umchamado para toda a igreja, em todo lugar, mas demasiado geral para ser entendido como Deus quer todos noministrio pastoral, por exemplo. O fato de Jesus ter lanado aquela palavra sobre os discpulos no fez de todos elespastores da igreja. Estavam juntos, mas um ou outro se destacava. Pelo que podemos perceber no livro de Atos eram

    Pedro e Joo os destaques, embora todos trabalhassem. Havia algo especfico na vida de Pedro. Basta lembrar quandoJesus lhe disse: Tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas (Joo 21:15-17). Feita esta introduo, passemos aoprimeiro ponto.

    O RELACIONAMENTO PESSOAL COM DEUS

    Ainda que seja um ponto repetitivo e demasiado basilar, no sem importncia ou sem motivos muito justificveis que estentre os outros quando tratamos de lderes em potencial. Antes de se comear a pensar em liderana propriamente ditadeve-se pensar em relacionamento com Deus. Podemos tomar a vida de Paulo como exemplo neste momento. QuandoPaulo teve seu encontro com Jesus no caminho de Damasco j era um homem de certa idade, respeitado por todos,conhecedor da Lei como poucos, discpulo de Gamaliel, hebreu de hebreus, da tribo de Benjamim e circuncidado aooitavo dia. Isso nos informa que Paulo havia estudado a Lei pelo menos desde os seus 12 anos de idade ininterruptamente,

    havia sido entregue a um tutor e mestre ao lado de quem agora tomava decises importantes sobre o futuro e destino daigreja. Provavelmente, mesmo antes de encontrar Jesus, Paulo j conhecia a Lei mais do que qualquer um de ns vaichegar a conhecer algum dia. Mesmo assim, nos dizem os textos que, depois do encontro com Jesus, Paulo passou trsanos no deserto relendo e re-interpretando tudo o que sabia sobre a Lei.

    Quando Paulo doutrina os Corntios a respeito do dom de lnguas e diz que ora mais em lnguas do que todos eles, quandodiz que devemos orar em todo o tempo no Esprito, quando diz que devemos orar sem cessar, est querendo noscomunicar que sua vida devocional e seu relacionamento com Deus estavam acima de qualquer coisa, at mesmo do seuministrio. Paulo sabia de sua misso, sabia que pessoas precisavam dele, sabia que tinha algo de Deus paradesempenhar, mas era extremamente consciente de que nada podia fazer se no fosse capaz de se relacionar com Deusde forma ntima em qualquer circunstncia. Foi essa comunho com Deus que o sustentou muitas vezes quando passounecessidades ou quando estava desanimado com as perspectivas da vida a sua frente: Alegrai-vos sempre no Senhor.

    As bnos de Deus j esto nossa disposio por Cristo desde antes da fundao do mundo, mas a orao a chavepara que saiam das regies celestiais e se tornem reais. Sem orao, nada se torna real. Sem leitura da Bblia tudo sedistorce e se torna desprezvel. Neste ponto devemos seguir o conselho de Deus a Josu: No se aparte da tua boca olivro desta lei; medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo o que nele est escrito. Ento farsprosperar o teu caminho, e sers bem-sucedido (Josu 1:8). Ainda que se creia que sempre h a necessidade de umaexperincia acompanhar a mensagem bblica, sem a mensagem no h direo e a bno de Deus no vem sobre os

    E

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    3/26

    3projetos. A combinao das duas coisas que faz com que a direo, a realizao e a bno de Deus se tornem reais navida de qualquer crente, e muito mais, ainda, na vida do lder.

    A ltima coisa importante a ser dita sobre o relacionamento pessoal do lder com Deus um princpio que Paulo transmitius igrejas: Aquilo que o homem semear, isto tambm ceifar. Precisamos aprender que no podemos colher onde noplantamos no reino do Esprito. Se semeamos orao e leitura da Bblia de forma sria, disciplinada e constante,colheremos respostas de orao, sucesso e bno de Deus sobre o que fizermos constantemente. Se semearmos nainteligncia e na capacidade de administrao e autogesto de projetos pessoais e eclesisticos, colheremos alguns errose outros acertos somados a quase nenhuma edificao consistente dos liderados e at de ns mesmos em Deus.

    Estaremos entregues nossa prpria natureza, como nos diz Paulo algumas vezes. O maior mito que podemos encontraraqui um lder sem relacionamento com Deus dizer: no estou pronto para o trabalho hoje, mas Deus vai abenoar tudo,apesar de mim, por causa do povo. Saiba que se o sacerdote no participar da oferta do altar, no levar a carga do povodiante de Deus o que nos ensina Levticos.

    O CHAMADO

    Apenas depois de ter uma vida pessoal com Deus resolvida que algum pode pensar em chamado de Deus para liderarou ministrar sobre o povo. Como temos feito desde o comeo do estudo, enfatizaremos o fato da necessidade daexperincia andar junto com a palavra do chamado. A maioria dos lderes atuais est em processo de liderana porque noh quem ocupe os cargos nas igrejas, determinando em assemblias que o mais votado que vai trabalhar e exercercargo de liderana. A assemblia, por sua vez, tenta eleger os mais destacados, desinibidos, com esteretipos espirituais

    mais desenvolvidos dentro da comunidade e, por que no dizer, os mais amigos. Poucas igrejas tem adotado novasmetodologias de trabalho, o que ajudaria nesta questo como, por exemplo, Rede Ministerial, mtodo Rick Warren, etc.Estes mtodos enfatizam a distribuio de trabalhos e tarefas orientada pelos dons espirituais mediante aplicao de umteste de dons. Assim, no trabalhar na liderana quem foi eleito pela maioria, mas quem tem os dons e ministrionecessrios para desenvolver os trabalhos necessrios.

    Nossa inteno, nem mesmo de longe, direcionar o ministrio das igrejas rumo a estes mtodos mencionados, masenfatizar que o que a maioria dos mtodos est propondo hoje so pessoas certas, nos lugares certos, fazendo a coisacerta e por razes certas. Ouvimos de pastores que tem apelado at mesmo para a indicao direta do pastor ao invs deeleio por maioria de votos, o que expressa uma tentativa de colocar pessoas que se espera que produzam o idealnaquela funo. Mesmo quando olhamos para os cursos de gerenciamento de empresas privadas e cursos de capacitaode liderana secular, a nfase a mesma: pessoas trabalhando adequadamente nos setores certos para o seu biotipo.

    Ns no podemos esperar para ser os ltimos da fila a descobrir que Deus nos capacitou com Dons, talentos e ministrios,o que nos impulsiona naturalmente a desempenhar tarefas especficas pelas quais nos apaixonamos sem esforo algum eonde produzimos mais do que o esperado. Se algum no tem o verdadeiro chamado de Deus para trabalhar em uma reaespecfica como educao, por exemplo, no se pode esperar que esse algum goste do que est fazendo, faa-o bem pormuito tempo ou supere expectativas naquela atividade. Da liderana, espera-se o mesmo. Se o chamado no for autntico,temperado com base na Palavra e confirmado na experincia pessoal com Deus, no se pode esperar haveraproveitamento satisfatrio.

    Opostamente a um lder capaz podemos ter um que no consiga formar outros lderes, ou seja, lderes unilaterais eciumentos de sua funo. Lderes que se ensoberbecem do cargo e no conseguem enxergar as dificuldades edeficincias que precisam ser trabalhadas em seus liderados; isto porque no tem as ferramentas naturais dadas por Deuspara ver as coisas alm de si e alm da aparncia. Lderes sem perspectivas de progresso ou desenvolvimento, porqueesto acostumados com o cercadinho em que esto envolvidos e gostam do seu pequeno crculo de convvio. Todas

    estas e outras facetas mais podem estar presentes em um lder que no tem chamado para desenvolver esta tarefaespecfica diante de Deus.

    Pessoas comuns trabalhando em funes erradas podem ser grandes problemas, mas lderes trabalhando em funeserradas, certamente, so desastrosos. Por isso, a natureza do chamado to importante em pessoas que pretendemchegar liderana diante de Deus. Um carter bem definido e trabalhado por Deus gnero de primeira necessidade emlderes. O mais perigoso de tudo neste ponto que qualquer pessoa pode por algum tempo fingir ter as qualidadesnecessrias para isto. Ento o que devemos fazer? Dizemos como Abraham Lincoln: " possvel enganar parte do povo,todo tempo; possvel enganar parte do tempo, todo o povo; jamais se enganar todo o povo, todo o tempo." E, ainda,como Paulo: Olhai para o fim deles e os imitai...

    O PREPARO

    No podemos passar pelos processos de espiritualidade de um lder sem nos preocuparmos com a serssima questo dopreparo. Se, para desenvolvermos atividades em srie em qualquer lugar, precisamos estar preparados, imaginem paraliderar parte do rebanho de Deus em uma igreja a objetivos certos e com mtodos adequados. Infelizmente, o levante deigrejas neopentecostais que tem atravessado nosso pas nos leva quase a crer que precisamos formar lderes eficientes eestereotipados na mesma velocidade que eles para liderar uma gerao que j no se importa com valores absolutos.

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    4/26

    4Fruto disso so lderes novos, extremamente carismticos e idealistas, mas pouco preparados, tanto do ponto de vistateolgico, quanto do ponto de vista familiar, moral, tico, doutrinrio, etc.

    No podemos pensar em algum ocupando uma funo de guia espiritual de um povo sem que este tenha a mnimaconscincia histrica de sua identidade doutrinria, que desconhea a estrutura eclesistica, e at denominacional, em queest entrando; que no tenha equilbrio emocional para lidar com pessoas; sem qualidades morais e virtudes ticasmnimas. Parecem exigncias demais para que algum seja um lder. Temos que admitir que, se fssemos esperarencontrar pessoas assim para assumir trabalhos de liderana dentro das igrejas hoje, levaramos anos procurando at queaparecesse algum habilitado. Por isso que um lder de verdade no espera que outro aparea ao acaso, mas tem

    percepo para saber quem vocacionado por Deus e o ajuda a despertar seus dons e talentos, assim como Paulo fezcom Timteo.

    Talvez, se Paulo no tivesse incitado Timteo a ser discpulo fiel de seus ensinamentos, se no o levasse a trabalhar comele vendo de perto o doce e o amargo do ministrio no dia-a-dia, Timteo nunca tivesse se interessado. Mas Paulo odespertou para o que Deus j tinha chamado h muito tempo. Esta a tarefa de lderes! Liderar e orientar novos lderes achegar bem preparados liderana. Pode ser at que o preparo continue durante o exerccio da funo, como Pauloconstantemente orientava Timteo por cartas e visitas. O fato : todos precisamos de orientao e preparo paradesenvolvermos um trabalho srio no reino espiritual.

    Anos de convvio eclesistico no so suficientes para fazer de algum um lder. Mas lies, leituras, devoo diria, fazemum lder capaz de desenvolver ao mximo suas habilidades; ensinando a confrontar e ser confrontado, ensinar e serensinado, liderar e ser liderado, trabalhar e dar oportunidades de trabalho, ajudar no processo de cura dos liderados e ser

    curado. Tudo isso parte da personalidade de um lder. Lderes que no conhecem os processos de mo dupla, dar ereceber, no so aptos a liderar. Por isso, um lder no pode ser preparado apenas por anos de convvio eclesistico, masprecisa de um discipulador, de um Gamaliel, por assim dizer.

    Nenhum lder deve ter razes para fugir de um preparo adequado para sua funo, antes deve busc-lo com interesse. SePaulo no tivesse estudado aos ps de Gamaliel, se no tivesse se dedicado a aprender a profisso tradicional dosmestres, fazer tendas, se no tivesse buscado com sabedoria desenvolver todos os contatos polticos com que contoudurante seu ministrio, se no tivesse estudado as lnguas, os filsofos, a cultura, etc., podemos assegurar que jamais teriasido o grande apstolo que foi. O mundo helnico conheceu Cristo atravs de um homem preparado nas mos de Deus.Imagine o que Deus pode fazer com voc em nossos dias se voc estiver preparado!

    O CUMPRIMENTO DO CHAMADO

    Com este ltimo ponto fechamos um importante ciclo de crescimento e desenvolvimento da espiritualidade do lder. Ocumprimento do chamado o ltimo elo que faz do discpulo um com o seu discipulador. Joo, no captulo 15, comea anarrar o discurso de Jesus em que ele nos diz que Ele a videira e ns somos os ramos. Antes de ser ramos, ramoszambujeiros, segundo Paulo. No estvamos ligados a Ele. Mas depois dos processos de Experincia Pessoal, Chamado ePreparo, resta-nos encarar a ordem de Jesus de dar fruto. Jesus afirma categoricamente que todo aquele que est ligado aEle d fruto. No temos opo neste sentido. Estamos debaixo do governo de um rei que determina nossa natureza. Antes,no outro governo a que pertencamos, ningum nos orientava nem nos dizia o que devamos fazer para prosperar, masneste reino em que estamos as coisas so diferentes; nosso rei nos diz o que fazer: dar fruto!

    Todos os textos em que Jesus estava, de certa forma, se despedindo dos discpulos, as palavras de comando para darfruto esto presentes. Neste texto que citamos acima (Joo 15), em Mateus 28, quando diz que devemos ir por todo omundo e pregar o evangelho a toda criatura, em Marcos 16, onde a narrativa faz coro com Mateus e diz a mesma coisa,

    em Atos 1, quando diz que o Esprito autorizar os discpulos a serem testemunhas, enfim, em todos os momentos em queJesus sabe que algum est preparado para a obra esse algum enviado.

    H apenas duas peculiaridades nos chamado que Jesus ministra sobre todos: ningum enviado sem estar preparado eningum enviado sem sua cobertura espiritual. Ele garante que estar conosco. Mas conosco, leia-se aqueles que estoem suas mos, os que tiveram a experincia, conhecem a palavra e foram chamados. Chegar ao ponto de ser enviado chegar ao estgio mximo do desenvolvimento do que Deus pode fazer em nossa vida.

    Uma ltima coisa que consideramos importante a respeito do cumprimento do chamado que, segundo o relato de Marcos16, o que faltar a voc espiritualmente para cumprir seu chamado, Jesus acrescentar durante seu trabalho. Diz o textoque os sinais acompanharo os que crerem. Isto quer dizer que a ordem cannica dos elementos para Jesus no recebertudo para depois ir, mas depois que formos, o que precisarmos vir at ns. Se voc j passou pelas etapas anteriores decrescimento e desenvolvimento de sua liderana, no hesite, v em frente e Jesus lhe mandar todo o auxlio necessrio.

    * O autor desta Unidade Pastor da Igreja Batista da Floresta, Rio Branco/AC.

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    5/26

    5

    Unidade 2

    DESENVOLVENDO OS RELACIONAMENTOS DO LDERRogrio de Mendona Correia*

    udo o que diz respeito aos relacionamentos do lder para ns demasiado importante, uma vez que o lder liderapessoas, e lidar com pessoas relacionar-se em todos os aspectos que englobam o relacionamento. Dedicaremoseste captulo ao estudo de alguns dos tipos de relacionamentos mais importantes para o desenvolvimento do trabalho

    do lder: o relacionamento liderana e liderado, o relacionamento liderana e amizade, o relacionamento liderana eautoridade, e o relacionamento liderana e o sexo oposto. Se o lder aprender a desenvolver estes relacionamentos deforma sadia poder conquistar grandes feitos em sua funo. Comecemos, ento, com o primeiro ponto.

    O RELACIONAMENTO LIDERANA E LIDERADO

    Toda funo de liderana uma via de mo dupla que precisa ser bem compreendida. Nunca, no reino de Deus pelomenos, algum lder sem saber ser liderado por algum. Um lder que no sabe o que ser liderado no pode exercer

    liderana porque nunca saber o que seu liderado precisa. Tentar sempre impor suas vontades ou viso e nem sempreesta coincidir com as necessidades do liderado. Uma vez que liderar conduzir ao crescimento, dando ao liderado todasas ferramentas necessrias para que isso acontea, aprender a despertar talentos fundamental, e quem no entendesobre ser liderado no consegue extrair de seus liderados o mximo de seu potencial, objetivo principal da liderana.

    O mecanismo deve funcionar mais ou menos desta forma: o lder precisa fazer a engrenagem funcionar, mas para isso,precisa despertar, ou melhor, passar leo em cada pea da engrenagem e faz-las trabalhar juntas sem entrar em atrito eexecutando o esperado movimento no final. Acontece que, se no houver intimidade entre o lder e as engrenagens, elaspodem ser encaixadas erradamente ou receber leo de menos, o que faria com que a engrenagem no funcionassecorretamente ou at chegasse a estragar, necessitando de reparos ou at mesmo trocas, o que seria uma lstima pois overdadeiro lder no o que substitui bem, o que faz funcionar bem com o que tem.

    Para chegar a fazer algum desenvolver sua funo da melhor maneira, o lder precisa ser amigo, mostrar-se companheiro,

    apresentar-se como algum que est ao lado para ajudar no que for preciso, no algum que est sempre em cima,apenas mandando que seja feito. Estatsticas mostram que quase 92% dos membros das igrejas evanglicas tradicionaisno Brasil foram ganhos atravs da amizade, o que nos indica que ganhar a confiana e a amizade de algum o melhorcaminho para conhecer suas potencialidades e ajud-lo a desenvolv-las.

    No h necessidade de imposio para conseguir respeito dos liderados e se mostrar um lder. Outros caminhos talvezsejam sempre mais eficazes. Porm, h que se levar em considerao tambm as peculiaridades do lugar onde se esttrabalhando. Se a imposio for a nica linguagem cabvel, depois de uma anlise mnima, use-a, mas lembre-se que oobjetivo principal no imposio e sim despertamento para que o trabalho funcione. Talvez um dos pontos maisimportantes seja entender que o lder no existe para liderar pessoas no reino de Deus, mas talentos distribudos por Deuss pessoas com a finalidade de edificar e construir o reino da melhor forma possvel.

    Quando a atividade do lder limita-se a fazer o rebanho pelo qual responsvel crescer, inverteu os objetivos por

    resultados, ou seja, esqueceu que sua funo no fazer crescer, fazer a engrenagem funcionar, o crescimento oresultado do objetivo a ser alcanado. Se o lder conseguir fazer o trabalho andar, ele cresce naturalmente. Mas a inversode objetivos por resultados pode trazer um tipo de presso desnecessria e sobrecarregada sobre o liderado que podefazer o efeito negativo contrrio; ao invs de trabalhar e desenvolver suas potencialidades, o liderado encolhe-se e noproduz nada, ou por sentimento de impotncia mediante desafios demasiado fatigantes para ele, ou por simples resistnciaao tipo de liderana esmagadora que pode estar sendo aplicada. O relacionamento entre liderana e liderado deve ser umrelacionamento leve, que d espaos para que o trabalho acontea, os dons sejam exercidos com liberdade, ento osresultados viro.

    O RELACIONAMENTO LIDERANA E AMIZADE

    Entre os tipos de relacionamentos do lder est o relacionamento com pessoas amigas. Quero destacar aqui que no me

    refiro ao tipo de amizade comum que o lder precisa desenvolver com seus liderados, mas das amizades ntimas quecomearam antes da vocao para liderana, das pessoas que acompanharam voc desde h muito tempo antes de vocse tornar um lder. Como lidar com essas pessoas quando, mesmo sendo to ntimas, esto sob nossos cuidados paraserem liderados?

    Precisa-se aprender a tomar cuidado com, pelo menos, duas coisas: 1) Todas as pessoas precisam de amizades ntimas esinceras com quem possam conversar e envolver-se tambm; 2) No podemos deixar de liderar algum por ser amigo

    T

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    6/26

    6demais. So duas tendncias muito perigosas e que precisam ser resolvidas dentro de ns antes mesmo de chegarmos liderana.

    A primeira nos informa que no pelo fato de exercermos liderana que devemos nos esquivar de ter amigos verdadeiroscom quem possamos contar e conversar sobre o que precisarmos. Exercer liderana ser exemplo sim, mas em tudo, atna sociabilidade. Alguns equvocos so cometidos por alguns lderes quando pensam que, para ser exemplo respeitvel,no podem se envolver pessoalmente com ningum e manter sempre um distncia diplomtica para que sua autoridadeno seja abalada. Corre o risco de ser mal interpretado e ganhar a desconfiana, a frieza e at a averso de alguns deseus liderados. Fica claro que pessoas que se comportam assim no entenderam que a natureza de seu chamado no

    concernente sua posio em si mesmo, mas relao de algo maior. Isso quer dizer que no se deve preocuparextremamente em manter o status da liderana tanto quanto em exercer a liderana de fato. Amizades sinceras, mesmoentre os liderados, necessria.

    A segunda tendncia nos informa que no podemos deixar de liderar pessoas na realizao de tarefas e disciplina porserem amigas demais h muito tempo. Acontece constantemente, principalmente em ambientes eclesisticos, de muitasdas pessoas que acabamos liderando serem pessoas que nos viram crescer, desenvolver e comear a trabalhar, sendoque algumas vezes at cresceram conosco. O que fazer? A tarefa do lder liderar todos da mesma forma, ou seja, levartodos a desenvolverem seu mximo numa tarefa que tem os mesmo objetivos. A grande tendncia quando uma lideranase levanta entre amigos e conhecidos que muitos o tratem como uma ponte para resolver seus problemas com aliderana antiga, ou para mudar situaes que h muito gostariam que fosse diferente. Explico. Suponhamos que um ldercomee seu trabalho no ministrio de um pastor que est h alguns anos pastoreando a mesma igreja. A tendncia queos amigos o vejam como algum que pode mudar tudo o que eles discordam, que possa transformar e implantar o que

    esperavam que existisse e no existe, esse tipo de expectativa. Mas essa no a tarefa do lder.

    Assim podemos concluir que amizades so definitivamente necessrias a todas as pessoas e que ningum, inclusivelderes, devem postar-se acima delas. Mas tambm precisamos concluir que as amizades devem permanecer sempre noseu devido lugar, no tomando dimenso prejudiciais ao exerccio da liderana, no deixando de assumir o lugar certo e secolocando fora dos termos da liderana e nem rompendo os laos de amizade por causa do exerccio de liderana dealgum. Boas amizades, trabalhadas da forma correta, podem construir uma liderana muito slida onde se possa trabalharcom extrema liberdade, baseada na confiana mtua.

    O RELACIONAMENTO LIDERANA E AUTORIDADE

    Este , sem dvida, um ponto muito importante no crescimento de uma liderana eficaz e slida: o entendimento que o

    lder tem a respeito de sua autoridade e das autoridades que esto sobre ele. O princpio da autoridade na Bblia talvezum dos princpios mais importantes sobre o qual todo crente deve basear-se para ser bem sucedido em um trabalhocristo. importante saber que a autoridade d pessoa que a recebe o direito e o poder de fazer-se obedecer, mas noh sempre essa necessidade, como j discutimos em pontos anteriores e onde ser aprofundada em outro mdulo destecurso sobre a liderana, como conquista ou imposio do cargo.

    Creio que se torna aqui indispensvel a leitura do livro Autoridade Espiritual, de Watchman Nee. Neste livro encontramosprincpios de autoridade expostos de uma forma to clara e reveladora que, s vezes, at nos assusta. Aprendemos que aautoridade a base do governo de Deus sobre nossas vidas. Assim, quem no aprende a lidar com as questes daautoridade no pode exercer liderana. Os maiores atos de manifestao da ira de Deus esto nos momentos em queprincpios de autoridade so quebrados.

    Na revolta de Cor, Dat e Abiro contra Moiss o que aconteceu foi exatamente isto. Deus no admitia que sua

    autoridade, representada em Moiss fosse quebrada. Os revoltosos reivindicavam exatamente o direito de ser iguais, ouat maiores do que Moiss, e tentaram desfazer sua liderana perante todos. Deus os consumiu diante dos olhos de todosos que estavam no arraial. Repreenso muito forte tambm ocorre quando Aro e Miri tentam desmoralizar a liderana deMoiss da mesma forma diante de todo o povo. Com exemplos como esse e muitos outros em toda a Bblia, Antigo comoNovo Testamento, chegamos concluso que Paulo declara em seus escritos: Toda autoridade provm de Deus.

    Estes dados nos informam duas coisas: se ns estamos na liderana de algo, foi Deus quem nos colocou e devemosadministrar isso com sabedoria, mas tambm procurando saber qual a vontade de Deus em tudo, porque fomosestabelecidos por Ele no reino dEle; e tambm que, se no somos a autoridade mxima no que fazemos, quem estiversobre ns deve ser tratado com o mesmo grau de respeito quanto sua autoridade independente do que pensamos sobresua autoridade.

    Levando em considerao que no somos estabelecidos por homens, por assim dizer, devemos aprender a confiar em

    Deus para guiar nossa liderana de forma prtica, real e incisiva. Assertivas de que Deus est nos guiando quando noestamos orando para saber sua vontade, no estamos lendo sua Palavra e no estamos fazendo nosso melhor comhumildade e sinceridade, no passa de deslavada mentira. Se Deus no estiver guiando voc, no diga que Ele est. Elepode acabar tomando alguma atitude contra voc por causa da autoridade que Ele conferiu sobre voc e por causa do queEle esperava que voc fizesse. Foi o que aconteceu com Moiss no deserto. Deus confiou que Moiss seguiria suasordens e a autoridade estaria sobre Ele. Por isso, quando Moiss clamou por gua pelo povo que no deixava de murmurar

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    7/26

    7dia e noite, Deus lhe disse, toca a rocha com tua vara, mas o que ele fez? Bateu na rocha diante de todos e desafiou aautoridade de Deus perante a congregao. Deus o privou de entrar na terra prometida. Ele a viu, mas no entrou nela.

    Tratando sobre o segundo ponto, quando temos outra autoridade sobre ns, devemos respeitar os mesmo princpios. Amaioria dos lderes sempre tem algum com autoridade sobre si. Isso implica em termos a obrigao de trat-la com orespeito que devido e cobrado por Deus. No quero dizer que tenhamos que nos calar sempre a todos os erros de umaautoridade leviana sobre ns e agir sempre passivamente e dizermos que a vontade de Deus e que no seu tempo Deustomar as providncias. Mas o que podemos fazer quando algum com autoridade sobre ns erra muito limitado pelo queDeus impe sobre ns. Podemos tentar abrir os olhos do que erra conversando pessoalmente com ele e informando-lhe

    tudo o que pensamos sobre sua conduta, propormos sadas e soluo, ou finalmente, se for o caso extremo, mudarmos deigreja, mas nunca podemos criar levantes sobre essas pessoas porque no estamos autorizados a fazer isso. Atitudescomo utilizar sua influncia como lder para destruir a imagem de outro lder, ingenuidades, como deixar de dar o dzimo,armaes e joguetes polticos para desmontar o trabalho de algum, no tem argumentos diante de Deus. Isto rebeldia erebeldia diante de Deus o mesmo que feitiaria. o que nos diz a Bblia. E feiticeiros no tm parte com Deus. Estejaatento a como a autoridade tem sido considerada por voc, lder.

    O RELACIONAMENTO LIDERANA E O SEXO OPOSTO

    Fiz questo de incluir este ponto aqui por ser um dos pontos onde muitos dos principais lderes de nossa gerao temperdido aquilo que Deus tem preparado para eles. algo sobre o que devemos refletir seriamente, mesmo porque Jos,em toda a Bblia, s tem um!

    Ningum chamado para ser lder por acaso. Se Deus escolheu voc para o exerccio da liderana, tambm capacitouvoc com talentos naturais, dons espirituais e um ministrio para que voc desenvolvesse diante do povo. Isso faz de todolder algum especial, geralmente dotado de talentos na rea de comunicao, dons na rea do carisma e ministriovoltado para levar pessoas ao crescimento. Mas isso tambm provoca admirao nas pessoas em torno da figura do lder eat mesmo projeo de figuras que, na maioria da vezes, nem o na verdade.

    Um lder precisa saber que, no meio de seus liderados, muitos deles no foram tratados ainda e esto sujeitos a paixesque vo alm de seu entendimento e at de sua lgica, algumas vezes. Tambm precisamos ter conscincia do que Jesusfala sobre o trigo e o joio. Jesus nos diz que o Maligno veio de noite, quando ningum estava olhando, e semeou dos seusno meio do trigo, e que s poderamos distinguir um do outro quando estivessem crescidos. Ento h pessoas queparecem com trigo, tm jeito de trigo, tm cheiro de trigo, mas no so trigo, e esto na sua congregao sob suacoordenao. Uma vez que no so trigo, no tm comportamento de trigo e tentaro envolver todos os que puder,

    principalmente o lder.

    O outro lado dos dotes de um lder que eles podem ser facilmente utilizados para atrair pessoas do sexo oposto que, comtodas as suas carncias, constantemente vem no lder tudo o que acham que falta nas outras pessoas com quemtentaram se relacionar, ou at esto se relacionando no momento. No difcil vermos mulheres casadas com casamentosfrios desejarem seus pastores porque vem em seu carisma algo que no tem em casa. E, s vezes, o lder sabedor desuas propriedades as direciona mal intencionado a essas pessoas carentes e se aproveita do que Deus o capacitou paraservir, para atingir objetivos srdidos.

    Quando no se tem uma vida afetiva, emocional, bem definida, corre-se estes riscos. E saiba de uma coisa: propostassempre surgiro. Temos aprendido que o problema que quando as propostas vem, so fceis de distinguir o certo doerrado, o difcil tomar posio porque nunca se est preparado como deveria. H algo que muitos nunca pararam paramensurar, mas que muito srio para ns: Paulo diz que nossa inclinao carnal. Se Paulo disse isso, porque sempre

    achamos que podemos lidar com a carnalidade at o limite sem cairmos? No podemos. Se voc no estabelecer limites,ser vencido. No h espiritualidade que suporte exposio mxima e direta aos prazeres da carne. Como mencionamosacima, Jos, em toda a Bblia, s h um. E at ele correu, sabedor que aquele era seu limite e que, se ficasse, no teriacomo resistir o que se lhe estava sendo proposto. Porque voc acha que conseguiria ir at o limite mximo da tentao dasua carne? Defina sua vida emocional e sentimental estabelecendo limites. Deus tem o melhor para voc da melhor forma.

    * O autor desta Unidade Pastor da Igreja Batista da Floresta, Rio Branco/AC.

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    8/26

    8

    Unidade 3

    DESENVOLVENDO A INTELECTUALIDADE DO LDERRogrio de Mendona Correia*

    epois de tanto falar sobre espiritualidade e caractersticas providas divinamente para o exerccio da liderana, chegoua hora de falar um pouco sobre a intelectualidade do lder, que tambm deve ser vista como algo presenteado porDeus a cada um, uma vez que temos que estar preparados para desenvolver a viso espiritual dada pelo Criador

    Deus de forma prtica e eficaz. Ningum, em toda a histria, conseguiu concretizar sonhos, divinos ou no, semdesenvolver a intelectualidade de alguma forma inteligente. Para o exerccio da liderana no diferente. Pelo contrrio,ns precisamos ainda mais do que os outros porque lidamos com um pouco de todos os ramos de conhecimento e aindacom os fatores espirituais de forma inteligente. Necessitamos mais do que todos os outros.

    Fique claro, porm, que todo o conhecimento adquirido no pode ser exaltado de forma que os rudimentos da f no maisimportem e somente a intelectualidade seja o caminho do sucesso. Fosse assim, no precisaramos mais orar; apenasestudaramos e tudo se transformaria no que necessitamos. Desenvolveramos mtodos, sistemas, ferramentas que nosauxiliassem a alcanar nossos ideais. Mas, como nos diz Paulo, no foi assim que aprendestes em Cristo. Paulo semprefaz questo de dizer que poucos eram to intelectualmente bem preparados como ele, mas que nunca se apresentou em

    sabedoria de palavras, mas em poder, sinais e prodgios. Devemos entender o momento de utilizar cada coisa. Masprecisamos discutir a funo do conhecimento para o lder.

    Para comear, penso que nenhum lder deve comear a trabalhar seriamente na igreja se tiver interrompido seus estudossem razes justificveis, ou apenas porque acha que deve dedicar-se mais obra do senhor. Pode parecer radicalismo,mas a era dos obreiros despreparados ficou para trs, desde de que o imprio grego decidiu investir em conhecimento, hmais ou menos uns 2400 anos a.C. Isto teve continuidade na poca de Alexandre, o Grande, que se tornou grande porquefoi instrudo por Scrates. E Paulo, discpulo do sbio Gamaliel, aprendeu e passou adiante, a seu discpulo Timteo, oamor e o apego aos pergaminhos, ou seja, ao conhecimento. Desde ento o bero do conhecimento, pelo menos nosprimeiros quatro sculos que se seguiram, a igreja foi a grande detentora do saber teolgico e, principalmente, filosfico.Retomou o cuidado com os estudos na Idade Mdia e desenvolveu personagens de grande enlevo como Agostinho, SoToms de Aqino, etc.

    Todos os grandes transformadores religiosos, sociais e polticos tinham uma marca comum: amor ao conhecimento. Atmesmo o maior sbio de todos os tempos est dentro das pginas do melhor dos livros, na Bblia. Os escritos de Salomoso verdadeiras pedras preciosas, mas que, se analisadas cientificamente, nos mostram a natureza da extenso doconhecimento de Salomo. Alm de tudo isso, temos o livro das Crnicas dos Reis nos fazendo saber que Salomodescreveu a respeito de tudo, das plantas e das rvores, sobre msica, sobre as estrelas, sobre a arte da guerra, enfim,sobre os mais variados temas. Infelizmente, no temos estes tesouros em nossos dias, mas sabemos que foi um dosreinados mais prsperos em poltica e socialmente, resultado de uma enorme sabedoria que, enquanto guiada por Deus,foi baluarte.

    O fato que precisamos de conhecimento hoje em dia tambm. Ficamos orgulhosos dos pastores que so apenaspastores e vivem do ministrio, mas tm sido cada vez mais raros em nossos tempos de crise financeira e econmica nopas. Por isso todos os lderes precisam estar preparados para as duas situaes: saber depender unicamente doministrio quando Deus lhe der condies, e saber depender de seu prprio trabalho a fim de que o ministrio no pare. Oestudo o meio pelo qual o lder poder atingir condies para as duas coisas.

    O trabalho de liderana como entrar em alguns cursos de universidade, se no gostar de ler e estudar, no vale a penacomear. Quem no gosta de leitura no pode envolver-se com histria, direito, literatura, letras, cincias sociais, filosofia,e cursos da rea de conhecimentos humanos em geral. Caso contrrio ser apenas um mero repetidor de coisas que ouveaqui e ali, mas nunca ter condies de saber o que de fato este ou aquele pensador disse e o que voc acha sobre o queele disse. Na liderana eclesistica assim tambm, se o lder no gostar de ler, no poder falar do que a Bblia ensina,nem mesmo comparar outros conhecimentos com a Bblia. Por exemplo, como solucionar problemas de biotica luz daBblia sem ler o ponto de vista cientfico e sem conhecer a Bblia? Como falar posicionar-se sobre eutansia, clonagem, eoutros assuntos polmicos sem conhecimento?

    Mas o problema no pra por a. No apenas os problemas bioticos importam, mas os polticos, os sociais, os ticos, oscientficos, tudo importa. Uma vez que liderar conduzir de forma eficaz a um objetivo, no adiantaria liderar um povo aocu e deix-lo viver uma vida alienada na terra. Deixar que os liderados sejam ensinados por outros a pior coisa que

    pode acontecer a um lder. E esteja certo de que se voc no ensin-los, outros os ensinaro, na televiso, em fitas devdeo, em fitas cassetes e at em outras igrejas. Permitir que as pessoas sejam miseravelmente salvas no o nossoobjetivo. Liderar gui-las ao cu em condies de viver parte do cu na terra.

    O professor de Histria do Cristianismo do Seminrio do Sul sempre nos dizia que na histria tudo se repete,especialmente na histria da teologia e do Cristianismo, razo pela qual precisamos sempre ler e conhecer fatos. O maior

    D

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    9/26

    9bem de um lder deve ser sempre sua biblioteca. H outros elementos que podem auxiliar no desenvolvimento intelectualde um lder, mas so tambm ineficientes sem leitura e sem conhecimento.

    praticamente impossvel algum entender sua gerao sem ouvir a msica de sua gerao, analisando-a de formacrtica, baseado em seu conhecimento e na literatura de seu tempo. No se pode conhecer a mente dos mais idososmembros das igrejas sem conhecer o tempo que eles viveram com intensidade. Suas histrias, suas msicas, sua filosofiade vida, etc. Tambm no se pode liderar jovens hoje como se liderava h cinqenta anos atrs. J nos diz o Pastor EdRen Kivitz, em seu livro Quebrando Paradigmas, que no se fazem mais pastores como antigamente porque no sefazem mais pastores para antigamente. Tambm no se pode pensar em liderar do modo antigo porque os tempos antigos

    ficaram para trs. S se poder ter um ministrio relevante em lugar, conhecendo a cultura em que est inserida acomunidade, a tica dos relacionamentos daquele lugar, os princpios sociais, etc.

    Liderar em lugares ou regies pobres deve ser to intenso para a atividade intelectual do lder quanto liderar em lugares ouregies de classe mais elevada. No se pode pensar que um bom lder para liderar pessoas pobres o leigo e ignorante, eo bom lder para liderar elites seja o sbio intelectual. Ambos devem ser bem preparados, saber inserir-se no contexto dotrabalho exigido e ter condies de encontrar sadas e alternativas viveis para a realizao do servio em sua regio.

    Por experincia pessoal no permitiria que um lder se isolasse no exerccio do ministrio antes de ter cursado umauniversidade e concludo, ou sem ao menos estar cursando uma universidade em sua rea de vocao. Depois deconversar com alguns pastores veteranos conclumos que esta uma excelente oportunidade de maturao de jovenslderes antes do exerccio do ministrio propriamente dito. No que a universidade v dar algum subsdio moral ouespiritual necessrio a algum que quer ingressar no exerccio da liderana, especialmente se a liderana foressencialmente eclesistica, mas um laboratrio natural de preparao e maturao de qualquer indivduo de nossotempo. Se algum tiver condies de concluir uma universidade e permanecer fiel a seus objetivos, estar preparado paraliderar com firmeza de propsito e uma experincia acompanhada de sabedoria que poucos tiveram a oportunidade de ter.

    H um outro motivo tambm relevante sobre o qual algum deve ponderar passar por uma universidade antes de liderar: opreparo que a vida acadmica lhe d para o convvio com o mundo. Na universidade, a disciplina de estudos traz umaabrangncia de cosmoviso que pode fazer com que o lder tenha mais propriedade ao falar sobre outras reas. Isso podeser til em um aconselhamento, por exemplo. Noes de direito, de tica, de filosofia, de psicologia, de antropologia, desociologia, etc., podem auxiliar a vida de muitas pessoas que procuram o conselho do lder para as mais variadas coisasque se possa pensar. O que dizer do irmo que quer saber se deve ou no trocar de emprego; ou do que quer saber sedeve ir em busca de seus direitos na justia. Inmeros casos poderiam ser citados, mas ns s precisamos entender anatureza da necessidade.

    Sem dvida alguma, muitas pessoas nem deveriam procurar o lder para tomar decises simples, mas uma segurana

    para elas saber que podem contar com um ombro amigo, algum de confiana para saber o que pode ou o que deve fazer.No caso disso acontecer, no podemos dizer isto uma deciso sua e no posso fazer nada por voc. Na pior dashipteses o lder tem que ouvir o que ser dito e depois lev-lo a ponderar at que tome uma deciso com confiana. Mas,mesmo coisas simples como a tcnica de no interferir na vida das pessoas ao mesmo tempo que damos a ela seguranapara tomar decises, fruto do desenvolvimento intelectual somado graa de Deus.

    Existem casos diferentes dos citados, ou seja, lderes que no passam pela universidade? Sem dvida que sim. Pessoasque no tem e talvez nunca tero oportunidade de cursar uma universidade ao mesmo tempo que uma enormenecessidade de liderar na sua igreja. O que fazer ento? O mnimo de conhecimento necessrio em qualquer caso. Asugesto ento o estudo autodidata. O lder deve procurar algum, seu pastor, seu lder, um professor de confiana esolicitar livros que so considerados universalmente leitura obrigatria e estabelecer um sistema pessoal de estudo noqual possa ampliar seus conhecimentos. Na maioria dos casos, autodidatas tendem a ser mais esforados, interessados eprodutivos do que alunos universitrios quanto ao conhecimento.

    Nunca tarde para comear a conhecer o que necessrio. Se voc uma dessas pessoas sem condies de estudar nauniversidade, pea orientao e comece s. Mas ateno! H necessidade de um plano disciplinar para que o estudo noseja disperso, sem sentido ou mal direcionado. Tambm no adiantar muito se no for ininterrupto. A intelectualidade um exerccio constante. Alguns at arriscam dizer que a mente e a memria so como um msculo que precisa serexercitado para desenvolver. O problema que no momento em que param de ser desenvolvidos, atrofiam. Por isso oexerccio da leitura para o crescimento deve ser constante, disciplinado e programado para chegar a um objetivo coerentee importante para o que se quer alcanar.

    Livros na rea de introduo bblica, introduo ao Antigo e ao Novo Testamento, livros que falem sobre temas modernoscomo os do Pr. Ricardo Gondim, comentrios bblicos para ajudar a compreender textos bblicos complexos, etc., semdvida devem ser leitura obrigatria do lder eclesistico. Alm desses, livros como histria e introduo filosofia,introduo a sociologia, psicologia e antropologia, autores como Maquiavel e Aristteles, livros de histria geral e do Brasil,alm de notcias confiveis como as do Jornal do Brasil, A Folha de So Paulo, revista Veja e Isto , etc. claro que estas

    ltimas fontes de conhecimento no so 100% utilizveis. Devemos filtrar o que for til, seguir o conselho de Paulo,examinar tudo e reter o que bom. A nica coisa que no permitido a falta de conhecimento e a falta dedesenvolvimento intelectual para o exerccio do ministrio.

    * O autor desta Unidade Pastor da Igreja Batista da Floresta, Rio Branco/AC.

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    10/26

    10

    Unidade 4

    DESENVOLVENDO A AUTO-SEGURANA DO LDERRogrio de Mendona Correia*

    omo algum pode liderar ou guiar outra pessoa se no tem segurana naquilo que faz? O que torna pessoas semauto-segurana? O que pode ser feito para resolver estes problemas? Muitas fontes podem ser responsveis pelosproblemas de falta de segurana nas pessoas. Discutiremos aqui alguns dos principais motivos, e como podemos

    tentar resolv-los. As razes que trazem insegurana sobre a vida do lder mais comumente so: rea familiar,influncias externas, preparo geral do lder e as experincias pessoais com Deus. Vejamos de que forma essespontos se desenvolvem.

    REA FAMILIAR

    Esta talvez seja a rea mais complicada dos ltimos anos e das ltimas geraes para se tocar. Os movimentosrevolucionrios e de liberao dos direitos humanos, assim como de liberao sexual, o fenmeno da modernidade e da

    ps-modernidade, e outros movimentos comportamentais pluralistas das ltimas dcadas trouxeram sobre a sociedadepesos maquiados de liberdade que causaram danos quase irreparveis nas estruturas sociais, dentre as quais uma dasmais afetadas sem dvida a famlia.

    Uma vez que esses movimentos destruram valores ticos e morais, a famlia, a clula-mter da sociedade e responsvelpor passar esses valores adiante, comeou a ter dificuldades. Os movimentos de vanguarda vieram para mostrar aos paisde famlia que eles no precisavam mais ser o exemplo em tudo, poderiam dedicar-se a uma vida bomia porque a mulhercomea a assumir um papel extenso dentro de casa e a quase substituir a figura masculina. Assim, filhos das ltimasgeraes esto acostumados a histrias familiares de violncia por causa do vcio da bebida, desrespeito e desestabilidadefinanceira e emocional, e quebra do contato com emoes, sentimentos e respeito necessrios formao de qualquerindivduo para a sociedade.

    Atualmente, com o descobrimento dos direitos femininos os to sonhados direitos iguais, veio a onda de divrcios que

    mais abalou a histria do pas desde que foi formado. Segundo dados da revista Veja, de meados de maio/2001, j soquase 50% de divrcios em relao a novos matrimnios. Os processos de acelerao da sociedade tem feito com quepessoas no se casem, porm apenas se juntem, ou seja, passam a morar juntas, e se separam cada vez mais rpidodos matrimnios oficializados. Nesse nterim, filhos tem sido a razo mais freqente para que casamentos prematurosaconteam. Filhos que so nascidos e criados por pessoas cada vez mais novas e despreparadas para a vida e sem omnimo de estrutura familiar adequada. O divrcio a marca dos relacionamentos familiares desta dcada.

    Mesmo quando um casamento duradouro, na maioria dos casos mostrada uma certa frieza e indiferena acompanhadade muitas brigas e discusses pelos mais variados motivos. O perfil genrico de famlias de crentes nas igrejas evanglicashoje de famlias no crists. Geralmente apenas uma ou duas pessoas so crists em casa. Isto traz uma breve luz sobreporque no h segurana em certas pessoas para desenvolver nada em sua vida. No esto habituadas normalidade, lutar e vencer, planejar e alcanar, no tm exemplos, no tm sonhos.

    Mas esse quadro no definitivo. Tudo o que carece no mbito familiar pode ser suprido com experincia de vida a partirdo momento que as pessoas descobrem o foco de seus problemas e tentam resolv-los abertamente. um trauma queprecisa ser tratado e resolvido acertadamente. Um bom acompanhamento pastoral, nesse sentido, pode ser muito til esalvar uma vida de sonhos, planos e progressos pela frente.

    INFLUNCIAS EXTERNAS

    J vimos que os problemas familiares podem ser avassaladores para algum, at o ponto de fazer com que uma pessoaperca a auto-segurana daquilo que e naquilo que faz. Mas inimigos internos no so os nicos fatores que percebemosaqui. As influncias externas so to perigosas que chegam a ser alertadas por Paulo em seus escritos aos I Corntios(15:33) dizendo: Irmos, no vos enganeis: certamente que as ms companhias corrompem os bons costumes. No hmaneiras de ms influncias trazerem boas coisas ou bons ensinamentos a qualquer pessoa, por mais esperta que estaseja ou se considere.

    Da mesma forma que citamos que estatsticas mostram um nmero de 92% de membros das igrejas ganhos pela amizade,certamente a maioria dos que so afastados ou induzidos a algum tipo de erro tambm so levados por influnciasexternas. Amizades, companheirismos, co-participao constante de atividades em lugares imprprios, produzeminsegurana na personalidade de pessoas que, depois de algum tempo, j no sabem mais onde o seu lugar, qual oambiente que lhes caracteriza.

    C

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    11/26

    11s vezes, os ambientes universitrios so um verdadeiro refgio onde as pessoas podem ser aquilo que queriam ser e nopodem na igreja ou em casa. Outras vezes, o refgio o local de trabalho. O despreparo para o contato com outros tiposde ambientes provocam uma alterao enorme e descabida na personalidade. Influncias externas podem ser to duras aponto de desentoar completamente a melodia da existncia de algum. Infelizmente, alguns lderes tambm vm destesambientes transtornadores e necessitam de ajustamento antes de poder comear a exercer suas funes, ou podem deixarpara descobrir isto no meio do exerccio de suas funes e pensar em voltar atrs ou mesmo comear a abandonar ocuidado com os liderados e a influenci-los negativamente. E lderes so sempre observados em todos os momentos,todas as atitudes, todas as circunstncias.

    O que fazer nesse caso tambm algo que varia muito de pessoa para pessoa, de circunstncia para circunstncia.Alguns conseguem simplesmente desfazer todos os ns sozinhos, apenas bastando, para isso, algum lhes abrir os olhos.Outros precisam de algo a mais. Mas todos tem condies de diagnosticar quando o problema os est atingindodiretamente e afetando suas atividade, seus sonhos e projetos dentro daquilo que deveriam ser.

    PREPARO GERAL DO LDER

    Um outro ponto de enorme desequilbrio na segurana dos lderes so os aspectos que cercam o seu preparo geral. O quequeremos dizer com preparo geral? A somatria de tudo o que o cerca e o prepara para a vida. Sua famlia, sua educao,seu preparo eclesistico, as influncias, as experincias, enfim, todo o conjunto. Se no houver algum equilbrio entre todosestes fatores, a tendncia do lder no sentir-se seguro para executar tarefas, cumprir funes, etc.

    O que determina o bom preparo de algum no apenas o fato de ter cursado e concludo com xito um cursouniversitrio, uma ps-graduao ou at mesmo um mestrado, mas o conjunto de todos os aspectos citados acima. Se istono fosse verdade, pessoas como Marx e Nietsche no teriam declarado as coisas que declararam sobre Deus e sobre aigreja vindo do tipo de famlias que vieram e recebido o grau de instruo que receberam. Os outros fatores foramdeterminantes em sua personalidade, suas habilidades, o direcionamento correto ou incorreto. So todos variantes de umcomportamento final, de um preparo amplo.

    Algum pode ter a melhor famlia: equilibrada, com valores cristos, que cultiva os melhores costumes e ensinou o quepodia de bom para suas geraes, mas no pode fazer o melhor na rea do ensino e da educao externa. Tambm nopode ter controle sobre as amizades, companhias e relacionamentos dos filhos, pode esperar o pior da formao geraldeste indivduo.

    s vezes, o problema est na falta do acompanhamento eclesistico devido. O mnimo de contato com a Bblia, noapenas como instrumento devocional, mas com o objetivo de estudar e conhecer a fundo, falta de cuidados pastorais, faltado envolvimento necessrio com sua faixa etria na igreja, etc., tudo isto provoca o crescimento limitado de pessoas queno tem convices doutrinrias, bblicas e nem mesmo eclesisticas, na pior das hipteses. So pessoas incapazes defazer qualquer tipo de apologia (defesa) sua f caso sejam questionadas ou argidas sobre qualquer assunto que destoedo fundamental.

    Com a mesma intensidade que os fatores anteriores esto as influncias do mundo externo, o que, se acontecer em dosesdesordenadas, podem ser prejudiciais, mas se no ocorrer contato algum tambm prejudicial. Um lder que no temcontato com o mundo exterior, que no est acompanhando a velocidade das coisas que esto acontecendo hoje nomundo, no est seguro para enfrentar o mundo. Principalmente porque segundo o mercado de trabalho existem hoje trstipos de analfabetos: os que no sabem ler e nem escrever, os que no sabem falar uma segunda lngua, especialmente oingls, e os que no sabem nada de informtica, especialmente Internet.

    Um lder deve fugir do perfil de analfabetismo mercadolgico e estar inteirado de todos os acontecimentos que possamauxili-lo em seu trabalho e torn-lo seguro para desenvolver suas funes. O mais importante neste ponto que aspessoas tenham percepo para saber onde esto errando, onde sua vida precisa de ajuda. como os alcolatras edependentes qumicos: at entenderem que precisam de tratamento no podem ser ajudados. Faa um balano da suavida e veja onde precisa de auxlio. Procure seu pastor.

    EXPERINCIAS PESSOAIS COM DEUS

    Um lder que no tem experincias pessoais com Deus tambm no pode sentir-se seguro naquilo que est fazendo,principalmente porque a experincia pessoal a fonte de direo que move o impulso e a viso do lder. Um lder que notem o que dizer a respeito de si mesmo em relao a Deus e tem muitas experincias dos outros para contar, um lder

    em perigo. Se cremos que Deus um ser pessoal que se manifesta a todos os que o buscam, no h razes para quetodos no alcancem algo novo em Deus a cada dia a no ser a falta de busca e desejo por algo dessa natureza.

    Quando um lder deixa de ter direo de Deus para aquilo que faz, algo est errado. Ele no pode sentir-se seguro senunca sabe de fato se o que est fazendo ou no vontade de Deus, tempo certo de faz-lo, meio correto de alcanar, etc.Estes elementos s ocorrem sobre ns quando buscamos com sinceridade a direo adequada.

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    12/26

    12So as experincias pessoais que determinaro o grau de sade e maturidade de um lder. Um lder que temexperincias constantes com Deus, pode at ter vindo de uma famlia problemtica, pode ter tido um grau reduzido deensino, pode ter tido influncias externas negativas, mas o contato com Deus vai curando estes males, gradativamente.Isto no acontece de forma mgica em uma experincia sobrenatural. um processo que deve desenvolver-se ao longo doconvvio com Deus de forma mais ntima e pessoal, todos os dias. A partir disto, a segurana do lder vai estar bemestabelecida porque sabe quem o guia a fazer todas as coisas. Vai estar seguro de que tudo o que fizer vai estar cobertopela segurana de um Deus que est presente, um Deus que Emanuel, Deus conosco.

    BREVES CONSIDERAES FINAIS

    Tendo atentado para todos estes pontos, podemos concluir algumas coisas importantes para nos guiar enquanto lderes:

    a) Todos ns precisamos de socorro em alguma rea de nossas vidas. Precisamos reconhecer e receber o cuidado e aajuda de Deus e de outras pessoas que trilham conosco o mesmo caminho;

    b) Nenhum de ns tem problemas demais que no possam ser resolvidos, ningum tem inseguranas demais que nopossam ser ajustadas;

    c) Como nos diz o ditado, ningum to algum que nunca precise de ningum;

    d) Nunca tarde para comear a ser algum especialmente tratado por Deus no seu reino;

    e) Se voc precisa de reparo em alguma rea da sua vida, comece hoje mesmo o processo de cura, procure seu pastor econverse com Deus.

    Deus abenoe voc!

    * O autor desta Unidade Pastor da Igreja Batista da Floresta, Rio Branco/AC.

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    13/26

    13

    Unidade 5

    DESENVOLVENDO A COMUNICAO EFICAZ DO LDER:A ARTE DA EXPOSIO

    Marcelo Serute*

    omo preliminar devemos expor uma seqncia que fundamenta o desenvolvimento da comunicao eficaz. inevitvel a teoria. Quanto mais profunda for a descrio desse fundamento mais mais firmeza se chegar compreenso prtica. Por isso, sistematicamente, dividiremos a linha de reflexo a partir de frases/palavras-chaves,

    fazendo certas consideraes:

    Quanto a FUNO DA PALAVRA: a palavra que d significado a tudo! Sabe-se que no so palavras que criam coisascomo: bolo, doce, dor, dio, amor... Acontece que tudo isto passa a existir nominalmente (passa a ter nome) quando omundo da mente lembra a experincia de contato. O nome simplesmente vem da neurofisiologia do sentido humano(mesmo o objeto j tendo forma, sabor, cor, peso, tamanho, etc.). Algum poderia, se sofresse de amnsia, trocar mel porfel. So sabores totalmente de gosto contrrios para o sentido humano, no entanto, a coisa se legitima com um nomepara identific-la. Assim, entendemos a funo da palavra em: identificar, nomear, lembrar, simbolizar, dentre outros

    significados.Quanto a palavra em si, ela esvai-se ao mundo pelo seguinte retrocesso resumido: linguagem, articulao verbal epensamento. Ento, este o processo: a mente d incio ao pensamento dirigido, o verbo articula-se na boca da pessoa enasce a construo da linguagem pela palavra. A realizao do pensamento a linguagem (Habermas). E esta evidnciana construo da comunicao (Jung). Observe como pensar, falar e comunicar esto interligados?! Nem todo mundopensa, fala e comunica com harmonia. Talvez poucos pensem e falem o que pensam, e comunicam o que est na sualinguagem. Mas, ainda que em sntese, o processo da comunicao segue certas partes: Pensamento: parte principal paraque um comunicador consiga o caminho da exposio; Linguagem: forma de verbalizar, praguejar, falar o que est nopensamento. Na linguagem o uso da palavra fundamental para identificar o que se fala. A linguagem uma expresso domundo de quem fala ou do universo onde ela est inserida; Comunicao: o que se passa construdo para o outro(individual ou coletivo) daquilo que pensou e usou na linguagem, a fim de atingir algum objetivo. Entre o pensamento e acomunicao (linguagem) necessria a articulao verbal. Isto mostra o valor da boa dico na comunicao.

    Quanto a RELAO DO INDIVDUO COM A PALAVRA: Notemos a diferena desse sistema anatmico-neuro-fisiolgicodas anlises psicanalticas (Freud), enxergando, assim, uma direo mais sociolgica do pensamento que aspectospsicolgicos (Comte) afinal, a nossa questo no exatamente a alma, mas, a comunicao do indivduo. Sem sepreocupar com a psicologia da comunicao, mas sim com o lado social dela, este indivduo o agente que d vida paraas palavras que comunicam. Portanto, importante saber perguntar sobre a comunicao, primeiramente, quem oindivduo? Como ele foi construdo e se constri culturalmente? Quais os seus interesses? Qual a sua viso de mundo?...pois a sua humanidade se faz pela palavra, revelando o seu mundo ao mesmo tempo em que a prpria palavra delimitarsuas possibilidades. O homem no maior que as suas palavras embora a palavra o seja. E a palavra viva e espirituosamesmo para os casos de ausncia de sons, como a mudez ela estar l, subentendida, viva no pensamento do seu ser.

    Quanto A PALAVRA SER O INDIVDUO: No pode haver revelao, verdade, transparncia, entendimento, compreensosem a palavra. A palavra que se articula na boca da pessoa para fazer a linguagem vem do pensamento dirigido desseindivduo dando o resultado bvio da comunicao. Ele (o indivduo) passa a ser algo que se revela, correndo o risco de

    sua privacidade ser explorada, de se conhecer seu mundo, de se identificar o seu jeito sistemtico de sinais e smbolos queconstantemente usa como trivial, desmistificado e sem mistrio. Nesse conflito que se v o que comunicao pessoal eo que comunicao social, bem como suas diferenas. Quando se quer compreender o grupo, assim como se podecompreender a pessoa individualmente, basta abranger os mesmos princpios, tirando as caractersticas mais individuais.Um time de futebol, com santo e braso, com hino e camisa, pode ser visto como certo indivduo, e assim por diante.

    Quanto a POSSE DA PALAVRA: Mas, o indivduo tem postura e independncia de tocar a palavra como se tocasse umuniverso esttico e gelatinoso. Assim a relao dinmica do agente com a palavra, ou seja, o ser humano faz da palavrauma inteno elaborada de sua extenso, de sua linha de pensamento, de seu padro moral, de seu prprio carter, desua cosmoviso cultural, de sua espiritualidade, etc. Com isto, se v o que pode existir como positivo e negativo nacomunicao. Se o agente corrupto, no ser diferente seu universo comunicativo. Se ele desonesto, mentiroso, imoral,dissimulado, medroso, radical ou autoritrio, tambm no ser diferente alguns aspectos da sua comunicao. HumptDumpt disse para Alice, no Pas das Maravilhas, que poderia dar o sentido que quisesse palavra porque ele era o donoda palavra. Esse ponto individual e mostra se a pessoa brinca, ironiza, respeita, considera, legitima seus atos. Olharquem diz, e como diz, mais necessrio que tentar ler os seus pensamentos. Portanto, no deve faltar a interpretaosensvel da comunicao humana que averigua aquele indivduo multiforme em seu modus vivendus (modo de vida)positivo ou negativo que frui a palavra e dela faz seu dono.

    Quanto NO JULGAR A PESSOA PELA SUA PALAVRA: Esta exposio no pode ser vista meramente comoanaltica, ou seja, preconceituosa porque ele ou ela est vestido de vermelho, no se deve concluir, necessariamente,

    C

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    14/26

    14concluir que uma pessoa extica-sensual. Parece que a palavra (entendamos a palavra como toda expresso visvel dooutro) nos convence do que estamos lendo (vendo e analisando). Qualquer um pode dizer, fazer, escrever, coisas boasou ruins. Portanto, jamais seria suficiente julgar a forma de enxergar imediatamente o outro pois, talvez, ele ainda tenhauma relao imatura com a palavra. Simplesmente ele no o que diz! Dentro dele h uma vontade de construonaturalmente mais perfeita possvel. Por isso, a sensibilidade imprescindvel para um lder bem comunicativo serhumanista. Caso contrrio, o caminho ser inevitavelmente falar mal do outro e no da comunicao do outro (desumano).Em outras palavras, voc precisa saber olhar o mundo, mais que julg-lo. Como dizia o poeta alemo: pensar maisinteressante que saber, mas menos interessante que olhar (Goethe).

    Quanto a palavra CONSTRUIR MUNDOS: Ainda deve ser considerado que a comunicao uma construo de mundo. tanto que, sem dificuldades, entendemos os guetos e sua linguagem. Os surfistas elaboraram um vocabulrio estranho,visto pelo ponto de vista do vocabulrio dos advogados, e vice-versa. Os homossexuais fizeram um mundo decomunicao capaz de, segundo esse mundo, notavelmente inverter princpios morais, ou seja, o que imoral peloconsenso de uma sociedade conservadora e religiosa, para eles, moral. As prostitutas tambm comunicam um mundoadequado ao estilo de vida considerado por elas at honesto, no que se refere ao ganho de dinheiro. A comunicao soltae leviana do indivduo rebelde e sem princpio tem poder de construo de mundos paralelos. Mundos paralelos soroupas que se veste usando discursos para defender seu estilo.

    Quanto a palavra INVENTAR MUNDOS: Cada um destes exemplos, se fossem contestados pelo princpio de revelao deDeus (Palavra de Deus), defenderia o seu mundo usando aspectos dos filactrios judaicos. Eles pegavam um pedao daPalavra de Deus e dele justificavam uma vida supostamente fundamentada. Esses filactrios (Mt. 23.5) eram cpsulas depequenos rolos de couro que o povo judeu usava na testa ou no peito, perto do corao, e no brao esquerdo. Haviaalguns textos sagrados nesses rolos, dentre eles Deuteronmio 6.49. Quanto maior o filactrio, maior seria arepresentatividade do zelo e da espiritualidade do religioso. Jesus protestou contra a hipocrisia (representao) destemundo religioso de seu tempo. Os mundos paralelos de hoje comunicam filactrios modernos. Eles tambm tentamjustificar suas invenes de mundos de estilo, de gosto, de carter, de opo sexual e tambm de religiosidade. Citandoalguns e o que podem dizer quando contestados pela Palavra de Deus, podemos destacar: mundo dos surfistas diriamque Jesus foi o maior surfista andando sobre as ondas (pegando a maior onda!) e com um vocabulrio estranho(parbola); mundo dos homossexuais falariam do caso de amizade entre Davi e Jnatas, entre Noemi e Rute,insinuando o homossexualismo na Bblia (que absurdo!); mundo prostituio diriam que Maria Madalena era uma delasvivendo, inclusive, sem preconceito, ao lado de Jesus. Quem j evangelizou algumas pessoas pertencentes a algumdestes grupos, pode ter ouvido algum discurso semelhante.

    Depois de algumas consideraes concisas sobre a importncia e multiforme expresso da palavra, vimos o desafio queela nos traz, quando queremos entend-la; e como ela nos lbios de algum, faz a comunicao.

    Voc j pensou como melhorar as etapas da comunicao. Leve em conta a seqncia: 1) pensamento; 2) linguagem; 3)comunicao. Faa perguntas a si mesmo, tais como: Qual o meu contedo? Como dou asas minha imaginao? Comisso, o campo do pensamento pode ser melhorado. No campo da linguagem, pergunte: Uso com facilidade a palavra quequero para dizer algo? Consigo seguir uma determinada linha de pensamento? Pronuncio com clareza as palavras? Assimvoc estar fazendo uma autocrtica ao campo nmero dois. No espao nmero trs restam perguntas como: As pessoasesto me entendendo? Qual o nvel do meu pblico? Chegamos ao objetivo proposto inicialmente? Estes so exemplosde exerccios que evidenciam os pontos positivos e negativos que esto nas etapas da comunicao.

    Para o aperfeioamento deste conjunto pensamento, linguagem e comunicao , imprescindvel a leitura de livros,fazendo anotaes e interpretando como, por exemplo, Machado de Assis, que um escritor rico em expresses,pontuaes e idias. Ler em voz alta, observando os sinais de pontuao, perguntando ao ler se consegue entender o queleu, olhando no espelho se articula a boca livremente e em sentido com a palavra, consultando regularmente o dicionriopara abranger os significados das palavras de uso, olhando os meios de comunicao perguntando se entendo o que vejo,o que leio, o que ouo. Isso tudo ajudar a melhorar a sua interpretao. Se possvel, pea ajuda a um profissional davoz, como o fonoaudilogo. Procure falar em ritmos variados, alto e baixo, rpido e devagar, pronuncie com sutil respiraoas palavras grandes como: otorrinolaringologista (otorrino-laringo-logista), interdenominacional (inter-denomina-cional),constitucionalissimamente (constitu-ciona-lissima-mente).

    Agora, vamos a uma outra questo. Com toda conscincia despretensiosa voc, como lder cristo, e seus liderados, estocom a possibilidade da Palavra. Das consideraes que fizemos acima, temos boas defesas aos muitos ataques dosarquiinimigos porque no so os enunciados humanos que fazem possuir a Palavra que dizemos com nossaspalavras. APalavra de Deus nossa fonte de comunicao. Nesta Palavra no h tanto o que discutir quanto h muito que entende-lae segui-la. Por isso, tambm nossa comunicao no deve ser entendida como fechada, intimista, desde que se definabem aonde h discusso. Na construo de nosso lado humano, obviamente, ficamos com o universo da comunicao apartir de um protestantismo, embora pouco se tenha dele atualmente como pretenso para melhorar o mundo,protestantismo de honra que resgata o cristianismo como princpio de valor, verdade, amor e objetivo.

    Vamos considerar a Bblia, Deus e sua Revelao didaticamente, apreendendo algumas lies de comunicao eficaz.Quais os efeitos de uma comunicao nesta verdade que defendemos:

    1) A COMUNICAO EFICAZ REVELA

    A doutrina da revelao de Deus mostra o quanto ele usou de meios para que, aos poucos, e novamente, fosse conhecidopara aquele que deu as costas ao seu Criador, isto , para o ser humano. sabido que a natureza revela a inteno de

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    15/26

    15Deus. A histria concentra resqucios da revelao de Deus. A igreja, a religio, tentam o mesmo caminho. A maisimportante e bsica a revelao de Deus escrita aos homens: a Bblia; ela mostra Deus se revelando aos homens porinmeros casos e fatos ao longo da histria. A bblia revela que a lei de Moiss traz a instruo tico-moral-espiritual para opovo de Israel de um Deus que revela o que queria para um povo que precisa saber o que deveria fazer para agrad-lo. Abblia mostra os sacerdotes buscando nesta revelao levar o hbeas corpus, a purificao do povo, a partir daquela lei.Mostra os profetas trazendo sempre as palavras de Deus, O revelando mais ainda. Ainda consta na bblia, que o Urim e oTumim, os sonhos e vises, a arca do pacto, muitas vezes revelaram a vontade de Deus aos homens como: Davi, Samuel,Daniel, e muitos outros. Enfim, para uma comunicao eficaz, preciso revelao. Obviamente a revelao subentendecontedo, propsito, estratgia, planejamento, persuaso, intimidade, vontade, inteno e principalmente a mensagem.

    Algum, ao desejar se comunicar bem, deve se revelar. Por isso mesmo, o tempo usado para se autopreencher decontedo, lendo livros, ouvindo, vendo, entendendo, exercitando o que est aprendendo extremamente necessrio. Umlder, para ser natural, no deve viver falando do que falaram, isso muito despersonificado. Deve revelar com convico edesembarao o que sabe na sua experincia, evitando, contudo, projetar os paralelismos de mundos sem princpio,defender obsessivamente seu ponto de vista pessoal e unidimensional, desconsiderar pela sensibilidade o outro (pessoaou ambiente), enfim, os aspectos considerados acima como introduo abordagem da comunicao, sua natureza eefeito, pois, quando se ouve algum, logo se quer, na verdade, saber o que ele tem e pode passar (revelar).

    2) A COMUNICAO EFICAZ PESSOAL

    Quando jogamos num pequeno lago uma pedra razoavelmente pesada, aps se ter mirado o meio do lago, ondascirculares vo de encontro margem. Isto pode ser chamado de onda excntrica. Semelhante, ao logos de Herclito defeso, que para ele era como um raio que batia no cho, a revelao de Deu no Antigo Testamento. Ela incompleta erapidamente vista pelos transeuntes. Deus entendeu que sua comunicao teria mais eficcia se fosse pessoal e nointermediada. Ele sabia que, se pessoalmente comunicasse, mesmo correndo muitos riscos, seria o melhor que poderiafazer para ser compreendido. Muitos problemas estavam desviando sua revelao (comunicao): a lei no estava dandovida, pelo contrrio, virou legalismo; os sacerdotes no conseguiram relacionar a necessidade humana de purificao edescarga da culpa, ocorrendo maior corrupo religiosa; os profetas falavam por si mesmos no desespero de fazerconvergir a proclamao do certo, o que nem mesmo eles faziam; as sortes (Urim e Tumim) desencantaram com ossonhos de devaneios e, as vises meramente existenciais perderam o sentido. Deus precisou se humilhar (Fp. 2), se fazerpessoa e habitar entre os homens (Jo 1.14), para encher o mundo de Graa e Verdade. Jesus a pessoa de Deusrevelada aos homens. o lado mais humano de Deus, pois to humano assim, s poderia ser Deus. a verdadeira ondaexcntrica que leva do centro s margens da bblia a interpretao sadia e sem contradio da vontade de Deus aoshomens. Por isso o autor de Hebreus, brilhantemente escreveu: Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitasmaneiras, aos pais, pelos profetas, nestes dias nos falou pelo Filho... (Hb 1.1-2). Ento, resumimos que o comunicadordeve ser pessoal, emptico, humano se fazendo sentir como o outro, sem um discurso triunfalista capaz de passar muito

    mais a arrogncia que a mensagem que queira comunicar. claro que o meio exige muito. Nem sempre questo deaceitao. Jesus foi chamado de comilo e beberro, no foi entendido pelos escribas (intelectuais), disseram que seudiscurso era agressivo, tinha fama e muita gente por perto movida por interesses de seus mundos pararelos, porm,apenas doze, ou melhor, apenas onze estavam entendendo sua comunicao paulatinamente. Mas ele era pessoal; noperdia sua realeza humana. Era social e socivel, amava, ensinava, acreditava no que dizia, tinha didtica, tinhasensibilidade, tinha estratgia.

    Ningum Jesus e nem Deus, como tambm ningum pode ter a Palavra de Graa e Verdade. O que parece ser algoextremamente complexo e impossvel exatamente o caminho mais curto para um comunicador que, nesse caso sim,pode imitar sem se perder como pessoa, seguindo o conselho do apstolo: se algum fala, fale de acordo com os orculosde Deus... (I Pe 4.11). Entretanto, fundamental ser pessoal, isto , falar com naturalidade, com vida, com entusiasmo,com firmeza e convico, seja a tese mais simples possvel. As pessoas querem conhecer nosso lado pessoal, motivadopelo contedo que temos a dar, para que tudo isso atinja o prprio ouvinte.

    3) A COMUNICAO EFICAZ FAZ USO DO TEMPO

    No vamos falar do tempo, mas a apreenso do mesmo, o tempo de investimento em si mesmo e no outro, pois foi precisotempo, para ns muito tempo, para que Deus fosse se revelando. Jesus usou o tempo aos homens do seu tempo, masforam anos de auto-reflexo. Imaginamos Jesus se descobrindo Deus, ao doze anos falando como nenhum outro haviafalado de Deus e seus propsitos, depois as cortinas da vida de Jesus se fecham, e na maturidade dos seus dias que eraalcanado aos trintas anos (J. Jeremias), passa, aps breves trs anos, aproximadamente, fazendo do pouco tempo seumaior aliado para transmitir o que queria comunicar. O tempo imprescindvel para comunicar com eficcia. Quando oprocesso de algum lder habilidoso, cheio de contedo, pessoal, redunda na estratgia de no cair no imediatismo, porm,fazer uso do tempo, gastar o tempo, passar o tempo, tanto consigo mesmo, quanto com seus liderados, com as pessoas,o efeito da comunicao ser muito maior.

    Sobre usar o tempo, h situaes, como o caso da pregao, onde trinta ou quarenta minutos so um tempo limite, preciso ser comunicada a mensagem como peas de um quebra-cabea a ser montado por quem ouve. Quando seentende o tempo, se elabora melhor o discurso da comunicao. E nem sempre tudo deve ser dito, se podemos expressarassim, mas alguma coisa deve ser muito bem frisada. E, para isso, necessrio tempo. A palavra dura mais que o ato dediz-la: Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a palavra de nosso Deus subsiste eternamente (Is 40.8). Por isso necessrio ter f na comunicao que voc ir transmitir. Voc precisa confiar no tempo investido quando preparou,estudou, planejou, e depois resolveu por em prtica. Mesmo assim, para no ser cansativo, nunca esquea de se organizar

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    16/26

    16segundo o tempo proposto para dizer o que julga mais importante. Voc tem uma hora, tem quarenta minutos? Explorebem o tempo que tem, no se preocupando em dizer tudo o que tem quanto em focar o que sente mais importante para ogrupo naquele momento.

    4) A COMUNICAO EFICAZ TRAZ BOAS NOVAS

    Uma cano popular diz: senhoras e senhores, trago boas novas. Na verdade, no queremos entender boas novassimplesmente como novidade. A novidade hodierna passageira e redundante. Algumas coisas, por no conseguirem ser

    mais novas, acabam sendo repetitivas. O tamanco j foi novidade, deixou de ser e voltou a ser. No me convence afilmagem, nas festas como casamento, mais novidade que a foto, exceto, porque na filmagem posso ouvir o som. Afilmagem, voc sabe, so fotos vistas de um modo muito rpido. Vejo que a foto ainda mais novidade (no sentido original)porque posso observar com mais saudade o fato registrado. Algumas pessoas insistem em registrar fotos em preto ebranco. rico Verssimo escreveu sobre o aparelho de barbear e o tcnico de futebol dizendo que j no h mais nada queinventar. Nada mais novo. O designer, a cor, o jeito, a estratgia podem at mudar, porm, nada disso novidade, pois o que d certo que funciona. , realmente, no h nada novo debaixo do sol.

    Pois vou dizer o que boa Nova. Nessa linha de pensamento sobre a eficincia da comunicao posso dizer. A novidade,sempre novidade, a Palavra de Deus. Sabe por qu? Porque enquanto tudo o que o homem inventa acaba sendo objetopara a ele se adequar, a Palavra de Deus foi feita para que o homem nela se adequasse. Esse o diferencial da nossanovidade. claro que isso muito mais complexo que imaginamos e muito menos fundamentalista que possa ser criticado.No falo de uma palavra tribal, dita por uma tribo como dos surfistas das grias de um adolescente, falo da palavra global,que atinge o universo, palavra que d vida, d sentido, traz o amor e chama a solidariedade de irm. Ela Palavrainevitavelmente comprometida com a ordem, a tica e a relao pacfica entre os homens. Essa palavra sempre novaporque tem gente nascendo e morrendo, h sonhos para germinar, existem ideais desfeitos, projetos que precisam desentido, famlias querendo solues, dramas por vir, lgrimas caindo de muitos olhos, meninas precisando de proteo, afome sendo evidncia mundial, etc. A palavra de Deus a novidade eterna que toca a existncia problemtica dos sereshumanos. A questo saber comunicar a Palavra de Deus com criatividade e coragem, como Jesus fazia, indo s festasministrar, andando com pecadores, curando enfermos, falando aos iletrados, morrendo ao lado de bandidos.

    A Palavra maior que o discurso de quem fala e maior que a capacidade de apreenso de quem ouve, pois simplesmente,ela dinmica Palavra de Deus. Por isso estamos pensando em um lder que comunica, que faz uma exposio eficiente,comunicando sempre a Palavra de Deus, e que, se esta Palavra consegue sair livre e verdadeira, no tempo de quem aouve e a rumina, ser de um efeito poderoso na comunicao do lder.

    Sempre estamos pensando na habilidade do lder dizer a Palavra de Deus quando conversa, quando ensina. No se trata

    de ficar citando a Bblia ou seus versculos, mas sim, de viv-la. Claro que para ns toda citao bblica pode serinteressante ou desprezvel, dependendo muito de quem a expe e de como ela exposta. De qualquer forma, o eclesial (alinguagem da igreja) nosso universo. Nela (igreja) no lugar para tentar fazer a palavra e sim de entend-la. Nisto que se resume, de modo abrangente, a comunicao.

    5) A COMUNICAO EFICAZ TRANSMITE OBJETIVO

    Pouco podemos dizer do que bvio. Conquanto seja o prprio objetivo o objetivo da comunicao, pois Deus atingiu seuobjetivo esclarecendo, dando-se a entender com tempo e profunda espiritualidade. Em vrios pontos, como a Lei (Torah):Porque o fim da lei Cristo, o objetivo, a finalidade pra justia de todo o que cr; como a Salvao: s h um nicomediador entre Deus e o homem: Jesus Cristo; como a Graa: pela graa sois salvos; Deus mostrou toda sua eficcia aotransmitir seu objetivo ao se comunicar com o ser humano.

    Assim tambm a arte de uma boa exposio. O comunicador atinge o objetivo fazendo com que os ouvintes entendam amensagem. Muitas vezes, a ordem da mensagem (em pontos e sub-pontos), o tempo de dizer (sem deixar o ambientecansado), a forma de dizer (boas palavras e idias), como dizer (com contedo e atualidade), so todas peasimportantssimas para transmitir o objetivo. Pode at parecer que no, porm o objetivo um dos maiores desafios docomunicador, pois se no atingido todo o laborioso processo da comunicao, este valeu redondamente zero.

    CONCLUSO

    Ao comunicar, no caso especfico da exposio bblico-literria, onde o comunicador tem um objeto bem definido (Deus),uma linguagem razoavelmente construda (religiosidade), um princpio que se percebe sutilmente no ser a razo ( ratio),mas a Palavra (logos), uma forma de expresso absolutamente forte, porm, antiquada ao conhecimento moderno. Comodiria Paulo Freire, comunicao depositadora, isto , o contedo passado cabea do ouvinte; mesmo assim, a

    habilidade do comunicador se faz nos obstculos que encontra para que o objetivo v ao alcance proposto como incio deconversa. O toque humano pode ser at inspirador: No se pode ensinar tudo a algum. O mximo que se pode ajud-loencontrar seu prprio caminho (Galileu). Mas a f no Esprito comunica com gemidos inexprimveis a partir dos nossoslimites de no poder ensinar com toda eficincia. Esta obra do Esprito.

    * O autor desta Unidade Pastor da Igreja Batista no Bairro Shel, Linhares/ES, Formado em Teologia (STBSB) e Filosofia (FBC)

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    17/26

    17

    Unidade 6

    DESENVOLVENDO O MARKETING PESSOAL DO LDERMarcelo Serute*

    inha primeira preocupao nesse captulo: tudo que se espera ao escrever sobre o assunto; tudo que se v dizerao encontro de quem sabe em reas de publicidade, administrao, relaes humanas, informtica e vendas.Preocupo-me com tudo que no sei tecnicamente por marketing, em contraste com o mundo que sabe. Pois esta

    a crise entre a cincia e a sapincia, para citar Rubem Alves, isto , h muito academicismo terico e pouca prtica doacademicismo real. H muita prepotncia do saber.

    O primeiro passo do marketing vai se delineando na ateno humana, na amizade, nos bons companheiros de pensamentoque se ajudam, sobretudo, nos limites ou na expresso direcionada de pessoas menos cultas e, descomplicadas, pelafacilidade que tm de encontrar caminhos mais prticos.

    INTRODUO

    A relao do marketing pessoal est no campo da lei capitalista de oferta e procura. Por isso, ele extremamenteinteresseiro e materialista. No assim que o santo do marketing tem que rezar?!; a pessoa mais importante que oproduto; compre a pessoa e ela comprar o produto; uma pessoa agradada tem mais possibilidade de comprar; faa oproduto valer o interesse da pessoa; facilite o quanto mais a iluso de comprar o produto; a propaganda a alma donegcio; trate a pessoa bem, muito bem, e ela se sentir obrigada a retribuir comprando... So inumerveis os meios decorpo a corpo, entre produto e pessoa, entre vendedor e consumidor, entre oferta e procura. No entanto, podemos dizerque o marketing no precisa ser sujo para ser marketing.

    Vez por outra entendemos que o marketing no feito exatamente na ctedra por causa das pessoas e a necessidade deserem agradadas. O marketing nasce em ter que agradar para que a pessoa compre o produto. Por isso, ele podedirecionar aspectos positivos e negativos.

    Ao longo do tempo, o marketing, coligado ao capitalismo selvagem, mudou de estratgia em agradar muito mais ao

    consumidor para que ele compre o produto bom, para agradar mais o produto na sua aparncia em servir corretamente aocliente. o cinismo de fabricar at mesmo um produto de pssima qualidade, porm com cara de ouro.

    Assim, o produto foi se tornando mais importante que as pessoas, e funcional ao lado desumano. Isto se explica quando oimaginrio social deduz que o produto de ferro criou balas e canhes para Adolf Hitler guerrear e matar. Deduz docomportamento suicida de Santos Dumont em que voar para liberdade foi confundido em voar para matar ou morrer nasguerras. Este susto levou o homem ao desespero existencial. Sem sentido, o consumo virou uma ambio moderna eprotestante ao crescimento do comunismo abafado com cara de religio ou no. Por isto, o humanismo amouapaixonadamente o consumo levando o homem ao materialismo.

    Embora as pessoas fossem se descaracterizando como pessoas a partir desta insacivel voracidade de consumir, ohumanismo crescente fez do produto aparentemente melhor em termos superficiais. Sabemos que ele pior, mas algo nosconvence de ser melhor. As manobras de preo e qualidade nos enganam todo tempo. Por exemplo: o carro popular 1.0 domarketing industrial mais acessvel para o consumidor. Mas isto verdade? Hoje, temos um carro bonito, embora, menos

    potente e resistente. Estamos sendo agradados e j no nos preocupamos tanto com o produto quanto conosco mesmosdo ponto de vista materialista. Nossa autoviso desumana (egosta/individualista) e vai se entrelaando ao mundoconsumista e superficial.

    As embalagens so bonitas, como por exemplo a de biscoitos mesmo sabendo que as gramas do produto foramdiminudas para aumentar o preo que no pode ter aumento. Com tudo isto, pessoa e produto deixam definitivamente arelao originria do marketing sincero e se tornam participantes de uma relao produto-a-produto. A prpria pessoa sub-produto do produto.

    Mas, quando o marketing resgata os valores da pessoa, convence, luz da realidade, o necessrio, deixando claro adiferena pessoa versus produto. Trata com sinceridade uma troca amigvel de empatia dar sonhos sem vender iluses,oferece algum produto sem tratar a pessoa como produto, mostra os limites da pessoa e do produto... Este marketing valeao interesse da pessoa de um lder. Desde que observemos alguns pontos:

    1) A PESSOA MAIS IMPORTANTE QUE O PROJETO

    Sempre h um projeto, um ideal, um objetivo para o lder. Por este projeto ele capaz de fazer muito. Preparo, dedicao,empenho, empreendimento, estudo, estratgia, planejamento..., so todas palavras que mostram quanto um lder podefazer para alcanar seus objetivos.

    M

  • 8/7/2019 Mdulo 1 - Crescimento do Lider

    18/26

    18No entanto, tanto mais o lder se joga nesse ideal, menos importante pode ir se tornando a pessoa, para quem ele vcompartilhar tudo que sabe como lder. Por isso, muitos lderes tm tido grande decepo em tudo que pensam e fazempara se preparar o melhor possvel quando, ao se deparar com pessoas, no conseguem compartilhar o contedo de todoo preparo. O que pode estar acontecendo o entendimento de que no valem projetos sem pessoas, no interessamcontedos sem pessoas para compartilhar, no se justificam mtodos modernos sem pessoas que os compreendam, nemtampouco estratgia, planejamento, preparo, dedicao, etc. Sem as pessoas, tudo isso perde sua importncia porque apessoa mais importante que o projeto.

    A pessoa movida muito mais pelos seus complexos sentimentos do que pela razo do conhecimento. Se a razo quefaz o homem, o sentimento que o conduz (Rosseau). O marketing deve dar a maior importncia pessoa, pois, o projetoe o conhecimento no equivalem ao indivduo.

    2) CATIVAR TO IMPORTANTE QUANTO CULTIVAR

    Quando o homem da terra sai de madrugada com a semente na bolsa e a enxada nas costas, sai consciente em cultivar(agricultar) a semente para o crescimento. Ele joga a semente na terra e espera crescer sem, contudo, abandonar asemente no subsolo, sem gua, sem cuidado, pois vem o mato ruim e a seca, e ele o lavrador, o senhor da terra e dasua semente.

    Imaginamos a semelhana do lavrador e do lder. No entanto, alm de cultivar a terra, de certa forma o lavrador a cativacom seu carinho interiorano. O lder eficiente precisa cultivar, sabendo que ainda melhor cativar seus liderados. Serhumano ser humano. Embora valha as metforas, ele no terra fcil e manipulvel. Se o lder for sisudo, fechado,intimista, autoritrio, arrogante ou no tudo isto, mas com alguns defeitos dos citados, pode ser o senhor de muitocontedo, porm, no cativando, no conseguir cultivar. A liderana, como o ensino, demanda o afeto entre uma e outrapessoa. As pessoas querem contato, ateno, conversa franca; querem falar, dizer, manifestar, interagir.

    3) ANDAR ARRUMADO TO IMPORTANTE QUANTO ARRUMAR

    Tivemos o privilgio de organizar o conclio de um seminarista da nossa igreja. Um dos examinadores do conclio, emnome de todo conclio reunido, disse o quanto o jovem lder pastor precisava ser um homem arrumado. Deveria tercuidados com seu cheiro, seu hlito, seu cabelo, seu tipo de vestimenta e coisas do tipo. Por arrumado, deveria entendertambm o seminarista, o cuidado com o preparo intelectual e com sua imagem como pessoa pblica.

    O lder se preocupa, como o ferramenteiro organizado, em arrumar as peas fora de lugar. Faz parte do seu marketingpessoal andar arrumado. O bom lder arruma-se lendo bons jornais, bons livros e boas revistas, assistindo bons jornais,entendendo o mundo e seus direcionamentos polticos, cientficos, econmicos e sociais. O lder bem arrumado um lderbem preparado.

    No entanto, o lder tambm deve estar bem arrumado no sentido literrio da palavra. Cabelo, cheiro, hlito e vestimenta.No necessrio tanto dinheiro quanto educao pois, o hbito faz o monge. Tambm arrumado na sua expresso,evitando cacoetes, grias, salivao, gestos desconectados com o que diz e o falar aceleradamente. Ser comedido, prestarateno no ambiente ao dizer algo, ter compostura, olhar horizontalmente, ser bem humorado e natural. Trata-se domarketing de andar bem arrumado. No bem