II.4 - Histofisiologia dos Epitélios Glandulares:

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Capítulo 1: Parte 3 1 II.4 - Histofisiologia dos Epitélios Glandulares: O epitélio que participa principalmente da secreção está geralmente disposto em estruturas denominadas glândulas. As substâncias sintetizadas e liberadas pelas células glandulares recebem denominação de produto de secreção e este varia quimicamente conforme a glândula considerada, podendo ser: - Glicoprotéica - célula caliciforme - Protéica - células acinosas do pâncreas - Triglicerídeo - gordura da glândula sebácea - Esteróides - hormônio derivado do colesterol, produzido pelas glândulas supra-renais. As glândulas podem ser constituídas por uma única célula, glândula unicelular, cujo exemplo é a célula caliciforme . A maioria das glândulas porém é pluricelular. As glândulas são envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo que emite septos, dividindo-as em lobos. Vasos sanguíneos e nervos penetram através dos septos, fornecendo alimento e estímulo nervoso para a função glandular. 1 - Células caliciformes. São células cilíndricas com aparência de cálices, que sintetizam e secretam muco, presentes nos revestimentos epiteliais simples (vias respiratórias e trato gastrintestinal). O muco é formado por grânulos de mucina que quando liberados, por exocitose, reage com água e forma um fluido pouco viscoso (fig.2.9). Fig. 2.9- Célula Caliciforme

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Capítulo 1: Parte 3 1

II.4 - Histofisiologia dos Epitélios Glandulares:

O epitélio que participa principalmente da secreção está geralmente disposto em estruturas denominadas glândulas.

As substâncias sintetizadas e liberadas pelas células glandulares recebem denominação de produto de secreção e este varia quimicamente conforme a glândula considerada, podendo ser:

- Glicoprotéica - célula caliciforme

- Protéica - células acinosas do pâncreas

- Triglicerídeo - gordura da glândula sebácea

- Esteróides - hormônio derivado do colesterol, produzido pelas glândulas supra-renais.

As glândulas podem ser constituídas por uma única célula, glândula unicelular, cujo exemplo é a célula caliciforme. A maioria das glândulas porém é pluricelular. As glândulas são envolvidas por uma cápsula de tecido conjuntivo que emite septos, dividindo-as em lobos. Vasos sanguíneos e nervos penetram através dos septos, fornecendo alimento e estímulo nervoso para a função glandular.

1 - Células caliciformes.

São células cilíndricas com aparência de cálices, que sintetizam e secretam muco, presentes nos revestimentos epiteliais simples (vias respiratórias e trato gastrintestinal). O muco é formado por grânulos de mucina que quando liberados, por exocitose, reage com água e forma um fluido pouco viscoso (fig.2.9).

Fig. 2.9- Célula Caliciforme

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Capítulo 1: Parte 3 2As glândulas são invaginações de superfícies epiteliais que se formaram durante o desenvolvimento embrionário pela proliferação do epitélio no tecido conjuntivo subjacente.

A classificação das glândulas é realizada segundo a liberação do produto de secreção. Algumas mantêm continuidade com a superfície epitelial, através de um canal, são denominadas glândulas exócrinas e secretam para a superfície livre. Em alguns casos, o canal degenera durante o desenvolvimento e deixa ilhas de tecido epitelial secretor profundamente isoladas dentro de outro tecido, são as glândulas endócrinas. Estas secretam diretamente na corrente sanguínea e suas secreções são conhecidas como hormônios; além disso, algumas glândulas endócrinas desenvolvem-se pela migração de células epiteliais para o interior dos tecidos conjuntivos, sem a formação de canal (fig.2.10).

Fig. 2.10- Origem das glândulas a partir das superfícies epiteliais

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2 - Glândulas Exócrinas:

Ou glândulas de secreção externa, são aquelas que possuem ductos que conduzem o produto de secreção para a superfície do corpo ou para a luz de órgãos. Nestas glândulas se distinguem 2 partes:

- uma porção secretora: células responsáveis pela secreção e/ou síntese do produto de secreção;

- ductos glandulares ou excretores: são canais por onde a secreção é eliminada.

2.1 - Morfologia das Glândulas Exócrinas: com base na morfologia da porção secretora as glândulas exócrinas, podem ser divididas em:

- Tubulosas ou Tubular: a porção secretora assume a forma de tubo;

- Acinosas ou Alveolares: a porção secretora assume a forma de um cacho de uvas;

- Composta túbulo-acinosa: quando se encontram na mesma glândula porções secretoras tubulosas e acinosas.

2.2 - Tipos de Glândulas Exócrinas (fig. 2.11)

Fig. 2.11- Tipos de glândulas exócrinas.

- Glândula Tubular Simples: presente no intestino grosso; este tipo de glândula possui uma luz tubular única, reta para o interior do qual são descarregados os produtos de secreção. O canal é revestido por células de secreção.

- Glândula Tubular Convoluta Simples: exemplo: as glândulas sudoríparas. Cada uma delas consiste num tubo único que se acha espiralado em 3 dimensões ou convoluto.

- Glândula Tubular Simples Ramificada: presente no estômago. Cada glândula consiste em varias porções tubulares secretoras que convergem para um único tubo não ramificado, revestido por células secretoras.

- Glândula Acinosa Simples: ocorrem como bolsas nas superfícies epiteliais e acham-se revestidas por células secretoras. Exemplo é a glândula mucosecretora da uretra peniana.

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Capítulo 1: Parte 3 4- Glândula Acinosa Simples Ramificada: cada glândula consiste em vários ácinos secretores que se esvaziam em um único canal excretor, como exemplo as glândulas sebáceas.

- Glândula Tubular Composta: glândula de Brunner do duodeno. 0 sistema de canais e ductos é ramificado e define a glândula como composta.

- Glândula Acinosa Composta: as unidades tem a forma de ácinos e drenam para um sistema de ductos ramificados, ocorrem no pâncreas.

- Glândula Túbulo-Acinosa Composta: possuem unidades secretoras que consistem em componentes tubulares ramificados e componentes acinosos ramificados. Exemplo é a glândula salivar submandibular.

2.3 - Eliminação da secreção das glândulas exócrinas:

Quanto à eliminação da secreção pela glândula, esta pode ser classificada em:

- Merócrina: quando a secreção é eliminada sem perda do citoplasma.

-Apócrina: quando a secreção eliminada contém produto de secreção mais parte do citoplasma das células secretoras. Exemplo: glândulas mamárias.

-Holócrina: quando a secreção eliminada é constituída pelas próprias células secretoras, cujo acúmulo de secreção determina sua morte. Exemplo: glândula sebácea.

3 - Glândulas Endócrinas:

Consistem em aglomerados ou cordões de células secretoras envoltos por rede de capilares sanguíneos. Em geral, todas as glândulas possuem uma taxa basal de secreção que é modulada por hormônios.As porções secretoras de algumas glândulas endócrinas são dotadas de células contráteis que se situam entre as células secretoras e a membrana basal. Apresentam forma estrelada com núcleo central e citoplasma com longos prolongamentos que envolvem a porção secretora da glândula. Aparentemente, o mecanismo contrátil dessas células são semelhantes ao das células musculares, o que lhes confere a designação de células mioepiteliais. Ao se contrair, comprimem as porções secretoras atuando na eliminação do produto de secreção. Um tipo incomum de tecido endócrino é encontrado na glândula tireóide, no qual as células epiteliais se dispõem em folículos esféricos que armazenam moléculas precursoras de hormônio.

3.1 - Classificação:

As glândulas endócrinas são classificadas como:

- Glândula tipo cordonal: células se arranjam em fileiras ou cordões maciços anastomosados e separados por capilares sanguíneos. Exemplos: adrenal, paratireóide, ilhotas de Langerhans, hipófise (fig. 2.12).

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Fig. 2.12 - Glândula Endócrina

- Glândula tipo vesicular ou folicular: células agregadas formando vesícula ou folículos de uma única camada de células. O pólo apical das células está voltado para o interior do folículo e o pólo basal está relacionado com os capilares sanguíneos que banham o folículo. Exemplo: tireóide (fig. 2.13).

Fig. 2.13 - Glândula Endócrina Folicular

4 - Exemplo de Células Epiteliais Especializadas:

- Cé1ulas especializadas em transporte ativo: ou seja, células que utilizam energia, dependendo da atividade metabólica celular. Ex: células dos túbulos contorcidos próximos e distais do rim e dos ductos estriados das glândulas salivares. Tem como características múltiplas e profundas invaginações da membrana na parte basal das células, que aumentam a superfície da região basal da célula; presença de grandes quantidades de mitocôndrias.

- Células que secretam proteínas: células típicas, geralmente poliédricas, piramidais, com o núcleo esférico situado no meio da célula e dividindo nitidamente o citoplasma em uma porção supranuclear e outra basal infranuclear. Na zona apical encontra-se uma zona de Golgi, muito desenvolvida, e citoplasma praticamente cheio dos grânulos de secreção. Ex: Cé1ula caliciforme do epitélio intestinal (fig.2.9).

- Cé1ulas que secretam substâncias vasoativas: Podem ter caráter polipeptídico e ação hormonal, sendo transportados pelo sangue para atuar sobre células distantes. Podem também ter ação sobre células próximas sem penetrar nos vasos sanguíneos. Estas células podem estar presentes no trato gastrintestinal e no cérebro. No cérebro além de secretarem hormônios secretam também aminas biogênicas (adrenalina, serotonina, dopamina).

- Cé1ulas que secretam hormônios esteróides: células especializadas na síntese dos hormônios esteróides, encontradas nos testículos, ovários e glândulas adrenais.