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8/7/2019 Dr. Ary Dos Santos Pinto Responde http://slidepdf.com/reader/full/dr-ary-dos-santos-pinto-responde 1/8 R Clín Ortodon Dental Press, Maringá, v. 3, n. 6, p. 9-16 - dez. 2004/jan. 2005 9 Na e anerr he qesnams sre s recrss mecâncs zas para a crre a sremra prfna ne a nrs s ncss ncaa. Cnseran-se qe a sremra prfna pe amm ser crrga pea ers s enes pserres, qa(s) a(s) mecânca(s) qe Sr. za? Ary s Sans Pn respne: Rsey Sgn Pergunte a um Expert ExtRuSão dE dENtES PoStERioRES A extrusão de dentes posteriores constitui uma das ormas de correção da sobremordida prounda e pode ser o tratamento de eleição em pacientes com potencial de crescimento que compensaria ou anularia o eeito de rotação mandibular para baixo e para trás. Está indicada para pacientes braquiaciais onde o aumento da altura acial inerior, abertura do plano mandibular e aumento da convexidade acial seriam desejados como orma de tratamento da má oclusão e alteração acial presente. Pacientes que apresentam o terço acial inerior diminuído exibem na maioria das vezes uma projeção ou eversão dos lábios superiores e ineriores que seria benefciada pela extrusão de dentes posteriores e rotação mandibular com aumento da altura acial inerior que promoveriam acomodação labial, me- lhoria da projeção labial e harmonização do perfl acial 4,6 (Fig. 1). PlACA dE MoRdidA A correção da sobremordida por extrusão de dentes posteriores tem sido utilizada pelos ortodon- tistas a longa data. Este tipo de procedimento, muito FiguRA 1 - Correção da sobremordida A) Intrusão relativa dos dentes anteriores por controle dierencial da erupção de dentes anteriores e posteriores em pacientes com potencial de crescimento. B) Extrusão de dentes posteriores para correção da mordida prounda em pacientes sem potencial de crescimento. Note a rotação mandibular para baixo e para trás. Fonte: Kuhlberg, 2004 6 b a

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Na e anerr he qesnams sre s recrss mecâncszas para a crre a sremra prfna ne anrs s ncss ncaa.Cnseran-se qe a sremra prfna pe ammser crrga pea ers s enes pserres, qa(s) a(s)mecânca(s) qe Sr. za?

Ary s Sans Pn respne:

Rsey Sgn

Pergunte a um Expert

ExtRuSão dE dENtES PoStERioRESA extrusão de dentes posteriores constitui uma

das ormas de correção da sobremordida proundae pode ser o tratamento de eleição em pacientescom potencial de crescimento que compensaria ouanularia o eeito de rotação mandibular para baixo epara trás. Está indicada para pacientes braquiaciaisonde o aumento da altura acial inerior, aberturado plano mandibular e aumento da convexidadeacial seriam desejados como orma de tratamentoda má oclusão e alteração acial presente. Pacientesque apresentam o terço acial inerior diminuído

exibem na maioria das vezes uma projeção oueversão dos lábios superiores e ineriores que seriabenefciada pela extrusão de dentes posteriores erotação mandibular com aumento da altura acialinerior que promoveriam acomodação labial, me-lhoria da projeção labial e harmonização do perflacial4,6 (Fig. 1).

PlACA dE MoRdidAA correção da sobremordida por extrusão de

dentes posteriores tem sido utilizada pelos ortodon-tistas a longa data. Este tipo de procedimento, muito

FiguRA 1 - Correção da sobremordida A) Intrusão relativa dos dentes anteriores por controle dierencial da erupção de dentes

anteriores e posteriores em pacientes com potencial de crescimento. B) Extrusão de dentes posteriores para correção da mordidaprounda em pacientes sem potencial de crescimento. Note a rotação mandibular para baixo e para trás.

Fonte: Kuhlberg, 20046

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comum no uso de aparelhos extrabucais ou da placade mordida, está associado a eeitos deletérios para aace em virtude da rotação mandibular para baixo epara trás que provoca, implicando em aumento da

convexidade acial e da altura acial inerior.Na atualidade, a extrusão dos dentes posteriores

conseguida pelo uso de placas de mordida com apoioanterior ou plano de mordida anterior (Fig. 2) estáindicada para aqueles pacientes que tenham umbom padrão de crescimento, boa projeção do pogônio,altura acial inerior diminuída, perfl reto ou côncavo epouca exposição de incisivos superiores ao sorrir. Indi-víduos braquiaciais portadores Classe II, divisão 2,na maioria das vezes apresentam estas características.Estas placas podem ser utilizadas concomitante-

mente com o aparelho fxo e agem por dierencialde erupção dos dentes anteriores e posteriores (Fig.3, 4). Os dentes posteriores fcam livres do contatooclusal, tem sua erupção acilitada e ainda podemser orçados ao movimento extrusivo por meio do

uso de elásticos verticais posteriores3,8.

MANiPulAção dA CuRvA dE SPEE CoM FioSCoNtíNuoS

A manipulação da curva de Spee, pela utilizaçãode arcos contínuos construídos com fos redondosou retangulares, tem sido amplamente empregadaem Ortodontia para a correção da sobremordidapela combinação de intrusão de dentes anteriorese extrusão de dentes posteriores. Nestes arcos, namaioria das vezes, é incorporada uma curva grada-tiva de posterior para anterior contrária à curva deSpee no arco inerior (curva de Spee reversa) e nomesmo sentido da curva de Spee no arco superior, sóque em maior magnitude (curva de Spee acentuada).

Estes arcos promovem uma inclinação e intrusãorelativa dos incisivos, inclinação para distal dosmolares e extrusão dos pré-molares (Fig. 5).

Os resultados da utilização de curva de Speeacentuada no arco superior e reversa no arco inerior

FiguRA 2 - Esquema de placa de mor-dida com apoio anterior.

FiguRA 3 - Ilustração clínica de placa de mordida com apoio anterior (batente an-terior).

FiguRA 4 - Resultado da utilização da placa de mordida durante tratamento ortodôntico avorecendo a montagem do aparelhofxo inerior A) Sobremordida prounda ao início do tratamento. B) Placa de mordida com apoio anterior sendo utilizada. C) So-

bremordida corrigida após aproximadamente 1 ano de tratamento.

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variam de acordo com a secção do arco utilizado2.

Em fos redondos, a inclinação de incisivos resultado momento criado pela orça vertical promovidapela curvatura do arco atuando nos braquetes queestão em posição vestibular em relação ao centro deresistência destes dentes e a inclinação de molares

pelo binário criado pelo fo inserido no tubo de

molares. Em fos retangulares, a inserção deste nosdentes anteriores produz um binário (torque) quese soma ao momento produzido pela orça verti-cal, acentuando a tendência à vestibularização dosdentes anteriores. Nos dentes posteriores, também

FiguRA 5 - Curvatura incorporada ao arco redondo ou retangular objetivando a acentuação da curva de Spee superior e reversão

da curva da Spee inerior.

FiguRA 7 - Eeito de curva de Spee acentuada incorporada ao arco inerior.

FiguRA 6 - Eeitos da manipulação da curva de Spee: A) Inclinação distal de molares e vestibular de incisivos, extrusão de pré-molares e intrusão de molares e incisivos. Em azul estão os momentos gerados pelos binários resultantes da inserção do fo dentro

do tubo de molares ou da canaleta dos braquetes. Em preto as orças verticais de intrusão e extrusão. B) Inclinação vestibular dosdentes posteriores.

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é criada uma orça vertical, que aplicada ao tubode molares, localizados por vestibular ao centro deresistência dos molares, promove uma inclinaçãodos dentes posteriores para vestibular. A curvatura

introduzida no arco pode ainda produzir um eeitode curvatura dos dentes anteriores com depressãoe inclinação radicular para distal gradativamentemaior de incisivos laterais para os incisivos centrais(Fig. 6, 7).

O controle do eeito de vestibularização dos

dentes posterior pode ser realizado pelo uso do arcolingual inerior e barra palatina no arco superior.Gregoret et al.5 preconizam o uso de fos retangularescom a adição de 15 graus de torque lingual extra em

todo o arco antes da incorporação da curva de Speepara o controle dos eeitos colaterais. Este torque, naregião anterior atuaria como um torque resistente emanteria a inclinação dos incisivos inalterada. Nosegmento posterior, o torque lingual atuaria tambémcomo um torque resistente, contrapondo-se ao mo-

FiguRA 8 - Incorporação de 15 graus de torque no arco prévio à curvatura do fo.

Fonte: Gregoret, Tuber, Escobar, 20035.

FiguRA 9 - Eeito da manipulação da curva de Spee superior para o tratamento da mordida prounda.

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aparelhos ortopédicos uncionais tais como o Bionatorde Balters (Fig. 11).

O aparelho Bionator de Balters possibilita ocontrole da erupção dos dentes anteriores enquan-

to ocorre a manipulação da erupção dos dentesposteriores pelo desgaste seletivo do acrílico querecobre a oclusal destes dentes, avorecendo a cor-reção da curva de Spee (Fig. 11-13). A propulsão eabertura mandibular incluída na aplicação do apa-relho promovem ação ortopédica e dento-alveolarmaxilo-mandibular que reduz a convexidade acial,aumenta a altura acial anterior e auxilia na correçãoda displasia esquelética de Classe II em criançasbraquiaciais ou mesoaciais com retrognatismomandibular e mordida prounda1,7 (Fig. 14).

O tratamento promoveu um avanço mandibular

e aumento da altura acial melhorando a convexi-dade e harmonia acial.

O Bionator de Balters pode ser utilizado emindivíduos Classe I com mordida prounda bra-

quiaciais com retrusão mandibular tão bem comoem pacientes Classe II braquiaciais ou mesoaciaisnos quais a maxila se encontra bem posicionada ouretruída e a mandíbula retruída (Fig. 15, 16).

Segundo Melo et al.7, o Bionator de Balterspromove uma redução da sobremordida e sobres-saliência, aumento do comprimento mandibularcom redirecionamento do crescimento condilarpara posterior, aumento da remodelação no bordoinerior da mandíbula e abertura do ângulo goníaco,restrição do crescimento maxilar, restrição do movi-

mento de mesialização dos molares superiores e leve

inca FnaFiguRA 14 - Utilização do Bionator de Balters para correção da Classe II, divisão 1, com mordida prounda, perfl convexo com

projeção maxilar normal e mandíbular diminuída.

FiguRA 15 - Classe I com mordida prounda tratada com Bionator de Balters.

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extrusão dos mesmos, verticalização dos incisivossuperiores e acentua a tendência de vestibularizaçãodos incisivos ineriores.

EStAbilidAdEA estabilidade do tratamento da mordida prounda

depende da inclinação dos incisivos ao fnal do trata-mento ortodôntico. Um correto ângulo inter-incisalé essencial para uma adequada distribuição da orças

oclusais e pressão exercida pela musculatura peribucal(lábios) e pela intrabucal (língua). Incisivos muitoverticalicalizados, com ângulo inter-incisal aumentado,

tendem a recidivar com mais acilidade enquanto queincisivos inclinados para vestibular ou com ângulointer-incisal diminuído, tendem a manter sua relaçãovertical (Fig. 17).

Segundo Burzin e Nanda4, quanto mais a sobre-mordida é corrigida, maior a tendência à recidiva,sendo indicada sua sobrecorreção. Como meta detratamento, a sobremordida deve ser reduzida deorma que os incisivos superiores cubram apenas

20% da ace vestibular dos incisivos ineriores,muito embora numa sobremordida normal estevalor seja de 30% a 40%. Ainda segundo este

FiguRA 16- Classe II com mordida prounda tratada com Bionator de Balters.

FiguRA 17 - Fatores que contribuem para o equi-

líbrio dos dentes anteriores: Ação da musculaturalingual, de lábios, orças oclusais e inclinação de

incisivos (ângulo inter-incisal).

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autores, existe maior estabilidade quando o trata-mento é realizado às custas de extrusão de dentesposteriores, desde que esta extrusão não exceda aoespaço inter-oclusal.

REFERêNCiAS

1. ALMEIDA, R. R.; JANSON, G. R. P.; CARREIRO, L. S.;RAMOS, A. L. Mordida construtiva para conecção do ativadorpara Classe II, divisão1, com sobremordida prounda. R DentalPress Ortodon Ortop Maxilar, Maringá, v. 1, n. 2, p. 72-77,1996.

2. ALQABANDI, A. K.; SADOWISKY, C.; BEGOLE, E. A. A comparison o the eects o retangular and round arch wires inleveling the curve o Spee. Am J Orthod Dentofacial Orthop,St. Louis, v. 116, no. 3, p. 522-529, 1999.

3. BURSTONE, C. J.; STEENBERGEN, E.; HANLEY, K. J. A moderna mecânica Edgewise e a técnica do arco segmenta-do. São Paulo: Ed. Santos, 2003. cap. 4, p. 37-50.

4. BURZIN, J.; NANDA, R. The stability o deep overbite cor-rection. In: NANDA, R.; BURSTONE, C. J. Retention and stability in Orthodontics. Philadelphia: W. B. Saunders, 1993.

chap. 4, p. 61-79.5. GREGORET, J.; TUBER, E.; ESCOBAR, L. P. El Tratamien-

to ortodóncico com arco recto. Rosário: NM Ediciones, 2003.6. KUHLBERG, A. J. Etapas do tratamento ortodôntico. In:

BISHARA, S. E. Ortodontia . São Paulo: Ed. Santos, 2004. cap.16, p. 232-245.

7. MELO, A. C. M.; SANTOS-PINTO, A.; MARTINS, J. C. R.;MARTINS, L. P. SAKIMA, M. T. Orthopedic and orthodonticcomponents o Class II, division 1 malocclusion correction withBalters Bionator: a cephalometric study with metallic implants.World J Orthod , Carol Stream, v. 4, no.3, p. 237-242, 2003.

8. SANDLER, J.; DIBIASE, D. The inclined biteplane – a useultool. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 110,no. 4, p. 339-350, 1996.

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Ary dos Santos Pinto

- Professor Adjunto do Departamento de Clínica Infantil

– Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara– UNESP

- Mestre e Doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro

- UFRJ

- Pós-Doutorado na Baylor College of Dentistry – Dallas, Tx

- USA 

- Professor dos cursos de Especialização em Ortodontiae Ortopedia Facial da FAEPO/UNESP e APCD/UNESP

– Araraquara.