Artigo_Revista Radio e Negocios_O DRM No Brasil e No Mundo Em 2012

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XXI. O primeiro passo é atualizarmos a tecnologia do rádio, o que só é possível com a sua digitalização. Digitalizar é vi- tal para a sobrevivência do rádio como mídia de comunicação de massa, senão ficaremos mais obsoletos do que já nos consideram. Mas a escolha do sistema de rádio digital a ser adotado no Brasil é delicada. É simplista demais pensar- mos que o novo sistema só precisa fun- cionar bem e ser comercialmente viável. Ser aprovado em testes de recepção e apresentar custos baixos é vital, mas está longe de ser o suficiente. Para funcionar como um princípio organizador deste “momento confuso” e nos ajudar a reer- guer nosso amado rádio, o novo sistema precisa ser também flexível, adaptável. É preciso um conjunto de fatores “extra- técnica”, que atendam e contemplem todo o universo de atores envolvidos com o meio no Brasil, desde a indústria até o ouvinte, desde as ondas curtas até o FM. O sistema a ser adotado deve ter a flexibilidade e a liberdade de ser adap- tado à nossa realidade, deve poder ser modificado e desenvolvido para o nosso modelo de negócio. Não nos interessa um modelo de negócio pronto, rígido, nem um sistema que só atenda ao lado comercial do rádio. É necessário um for- mato que permita à indústria brasileira de transmissores, que conhece muito bem a realidade dos radiodifusores, con- tinuar a trabalhar, aumentar sua produ- ção; que permita às emissoras comerciais desenvolverem estratégias para aumen- tar seu faturamento; o desenvolvimento O rádio brasileiro vive um mo- mento complexo e confuso. A migração da população para as cidades inchou o dial do FM; o AM foi esvaziado; a fatia do rádio no bolo publicitário diminui a cada ano; muitas emissoras pedem socorro; órgãos governamentais procuram estruturar-se para regulamentar o setor; o modelo de negócio da maioria das emissoras é anti- quado, novos formatos como rádios co- munitárias e rádios educativas lutam por seu espaço no espectro e na audiência; as rádios piratas proliferam; a concorrência das novas mídias digitais desafia o rádio, a indústria de transmissores passa por dificuldades; a indústria de receptores está parada a espera da definição do sis- tema de rádio digital. As emissoras públi- cas atendem à população do interior em ondas curtas e utilizam tradicionais lin- guagens e métodos; o ouvinte brasileiro evoluiu e detecta novas utilidades para o rádio como informações de trânsito; as rádios all news custam caro aos seus produtores mas ganham espaço; o ou- vinte deseja cada vez mais participar da programação; enfim, está complicado. Nossos ouvintes urbanos querem mais do que o rádio pode entregar hoje e a população rural ainda tem o rádio como sua principal ligação com o mundo. So- mos a única mídia que ainda utiliza a mesma tecnologia de transmissão desde a sua invenção, 90 anos atrás. O rádio precisa organizar-se, evoluir, renovar-se, se atualizar e encontrar seus papéis econômicos e sociais no século O DRM no Brasil e no Marcelo Goedert artigo 24

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Transcript of Artigo_Revista Radio e Negocios_O DRM No Brasil e No Mundo Em 2012

  • XXI. O primeiro passo atualizarmos a tecnologia do rdio, o que s possvel com a sua digitalizao. Digitalizar vi-tal para a sobrevivncia do rdio como mdia de comunicao de massa, seno ficaremos mais obsoletos do que j nos consideram. Mas a escolha do sistema de rdio digital a ser adotado no Brasil delicada. simplista demais pensar-mos que o novo sistema s precisa fun-cionar bem e ser comercialmente vivel. Ser aprovado em testes de recepo e apresentar custos baixos vital, mas est longe de ser o suficiente. Para funcionar como um princpio organizador deste momento confuso e nos ajudar a reer-guer nosso amado rdio, o novo sistema precisa ser tambm flexvel, adaptvel. preciso um conjunto de fatores extra-tcnica, que atendam e contemplem todo o universo de atores envolvidos com o meio no Brasil, desde a indstria at o ouvinte, desde as ondas curtas at o FM. O sistema a ser adotado deve ter a flexibilidade e a liberdade de ser adap-tado nossa realidade, deve poder ser modificado e desenvolvido para o nosso modelo de negcio. No nos interessa um modelo de negcio pronto, rgido, nem um sistema que s atenda ao lado comercial do rdio. necessrio um for-mato que permita indstria brasileira de transmissores, que conhece muito bem a realidade dos radiodifusores, con-tinuar a trabalhar, aumentar sua produ-o; que permita s emissoras comerciais desenvolverem estratgias para aumen-tar seu faturamento; o desenvolvimento

    O rdio brasileiro vive um mo-mento complexo e confuso. A migrao da populao para as cidades inchou o dial do FM; o AM foi esvaziado; a fatia do rdio no bolo publicitrio diminui a cada ano; muitas emissoras pedem socorro; rgos governamentais procuram estruturar-se para regulamentar o setor; o modelo de negcio da maioria das emissoras anti-quado, novos formatos como rdios co-munitrias e rdios educativas lutam por seu espao no espectro e na audincia; as rdios piratas proliferam; a concorrncia das novas mdias digitais desafia o rdio, a indstria de transmissores passa por dificuldades; a indstria de receptores est parada a espera da definio do sis-tema de rdio digital. As emissoras pbli-cas atendem populao do interior em ondas curtas e utilizam tradicionais lin-guagens e mtodos; o ouvinte brasileiro evoluiu e detecta novas utilidades para o rdio como informaes de trnsito; as rdios all news custam caro aos seus produtores mas ganham espao; o ou-vinte deseja cada vez mais participar da programao; enfim, est complicado. Nossos ouvintes urbanos querem mais do que o rdio pode entregar hoje e a populao rural ainda tem o rdio como sua principal ligao com o mundo. So-mos a nica mdia que ainda utiliza a mesma tecnologia de transmisso desde a sua inveno, 90 anos atrs.

    O rdio precisa organizar-se, evoluir, renovar-se, se atualizar e encontrar seus papis econmicos e sociais no sculo

    O DRM AVANA no Brasil e no mundo em 2012

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  • dos atributos sociais do rdio e incre-mente o contedo oferecido ao interior do pas. Formato esse que atenda aos bai-xos oramentos das rdios comunitrias, o desenvolvimento de aplicativos para as rdios educativas e tudo mais para que o radio brasileiro retome o seu crescimen-to, com suas caractersticas nicas. Para isso, um fator indispensvel: o sistema tem que ser aberto, livre, sem custos dis-farados e escondidos. Assim o DRM Digital Radio Mondiale, um dos sistemas que se apresenta ao governo brasileiro, para o ser adotado em nosso pas.

    O DRM no um sistema propriet-rio, aberto. Ser aberto significa que no necessria nenhuma licena para a indstria comear a produzir transmis-

    sores e receptores DRM; as emissoras tambm no precisam comprar ou pagar uma licena para transmitirem em DRM. O Digital Radio Mondiale assim: qual-quer fabricante brasileiro pode comear a desenvolver, apresentar ao mercado e vender produtos ou aplicativos DRM imediatamente, pois todas as informa-es tcnicas necessrias so pblicas. No existem segredos industriais escon-didos ou elementos da tecnologia dispo-nveis sob licena restrita de uma nica empresa comercial e nenhuma grande soma de dinheiro precisa ser paga adian-tada para acesso a alguma fonte de tecnologia exclusiva. Transferncia de tecnologia desnecessria, pois toda a in-formao est mo e disponvel gratui-

    tamente. Imagine o quanto isso pode im-pulsionar a indstria nacional! Pense em o quanto podemos desenvolver essa base tecnolgica para as nossas necessidades e torn-lo um sistema brasileiro.

    Royalties sobre equipamentos? Toda tecnologia possui royalties, o DRM no diferente. Mas o detalhe que, normativamente, em sistemas de cdigos abertos os royalties so muito menores, pois s so cobrados sobre o valor do produto final fabricado. Emissoras e usurios no pagam nada, os royalties so pagos pela indstria, isso se utilizarem componentes j prontos. E mais, o Brasil pode desen-volver e incrementar o sistema, e logo receber royalties de outros pases.

    Quem organiza e divulga a norma pelo mundo o Consrcio DRM, uma organizao sem fins lucrativos, confor-me nos explica a Sra. Ruxandra Obreja (foto), presidente do Consrcio DRM: O nosso objetivo promover a norma DRM, nico sistema aberto e global. O Consrcio DRM no faz comrcio. Difunde e ensina a tecnologia DRM, e acompanha a sua implantao. Os membros do Consrcio DRM so 100 organizaes do mundo todo, estrutu-ras pblicas e comerciais que incluem radiodifusores, centros de pesquisa, universidades e organizaes civis. To-dos unidos para a melhor rdio digital. DRM um sistema que est pronto para ser um sistema mundial, robusto, e seria muito bom se o Brasil adotasse o DRMe contribuisse para a adoo de

    O DRM AVANA no Brasil e no mundo em 2012

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    Ruxandra Obreja da BBC Londres, e presidente do Consrcio DRM

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    um sistema mundial de rdio digital, sem proprietrios. O consrcio no recebe royalties, ele sustentado por anuidade paga por seus membros. Nes-te ano de 2012 o Consrcio DRM inves-tiu na divulgao do sistema por aqui.

    DRM na Abert e na SETA presena do DRM no XXVI Con-

    gresso Brasileiro de Radiodifuso, re-alizado pela Abert, em Braslia, foi um sucesso. Foi lanado e demonstrado o primeiro transmissor DRM brasilei-ro, de ondas mdias, fabricado pela BT Broadcast Transmitters, de Porto Alegre. Joo Marcos Bertoldi (foto) nos diz: A BT iniciou um processo de aproximao e intercmbio tecno-

    lgico com empresas europeias para fornecimento mtuo de tecnologia. Recebemos na fbrica em Porto Alegre os representantes da empresa Digi-dia (Frana) para dar incio aos testes com o rdio digital que usam a tecno-logia DRM. Quem esteve no congres-so pde observar a demonstrao da transmisso na faixa de ondas mdias e em simulcast, o que significa que era transmitido o udio digital e analgi-co simultaneamente no mesmo canal. Isto permitia ao ouvinte a comparao direta de qualidade dos dois udios transmitidos. Tambm foi possvel apreciar imagens de logotipos e textos publicitrios que o sistema DRM per-mite dentro da mesma transmisso.

    DRM na SETEste ano, os participantes da Fei-

    ra Broadcast & Cable organizada pela Sociedade Brasileira de Engenharia de Televiso (SET), tiveram a oportu-nidade de conhecer de fato o que o Rdio Digital. Durante todo o evento, em seu stand, o DRM demonstrou o sistema com transmisso em FM digital (DRM+), alm de vrios modelos de aparelhos de receptores DRM expostos.

    A palestra sobre o DRM foi minis-trada por Carlos Acciari (RFI) e Rafael Diniz (especialista da Unicamp e Pre-sidente da Plataforma Multissetorial DRM Brasil) e realizada dentro do Seminrio de Rdio, coordenado por Marco Tlio (SGR). Carlos Acciari des-tacou as capacidades tcnicas do siste-ma como o uso reduzido de largura de espectro. Segundo Acciari: Em FM digital, o DRM utiliza somente 100khz enquanto o analgico usa 200Khz. O sistema digital americano, concorren-te, utiliza 400Khz. Ele ainda alertou que, em cidades como So Paulo e Belo Horizonte, onde o espectro de frequ-ncias j est lotado, apenas o DRM poder comportar todas as rdios exis-tentes. Em AM digital o DRM ocupa somente 10khz de largura de banda, contra 30Khz do sistema concorrente, lembrou ainda que o delay de udio da DRM o menor, o que favorece trans-misses esportivas.

    Tambm na feira, a TELETRONIX apresentou o seu transmissor DRM+, e transmitiu em FM, multicast, com duas

    Da esq. para dir.: Rafael Diniz (Unicamp/Pres.DRM Brasil), Carlos Acciari (RFI e convidados). Centro: Marco Tlio (SGR) coordena Painel no Congresso SET

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  • programaes musicais. Segundo Ro-grio de Sousa Correa (foto): Ficamos satisfeitos em promover o nico padro de rdio digital aberto, verde e flexvel.

    O sistema DRMO padro DRM possui duas confi-

    guraes principais:DRM 30, para transmisso nas bandas

    AM, abaixo de 30 MHz (OT, OC, OM)DRM+, acima de 30 MHz, em VHF

    (Banda I, II e III), inclusive nos canais 5 e 6 da televiso.

    O sistema DRM j foi testado em todo o mundo, e vem sendo oficialmente testado no Brasil desde 2010, tanto em ondas mdias (DRM 30) como em FM (DRM+). Os testes foram realizados pelo Ministrio das Comunicaes, a Anatel e o Inmetro e j foram publicados no site do Ministrio. Os resultados foram ex-tremamente robustos e satisfatrios, com coberturas maiores do que a transmisso analgica, inclusive com economia de energia, conforme nos diz Alexander Zink (foto), vice-presidente do Consr-cio DRM, Vice-presidente do comit de tecnologia do DRM e tcnico do instituto alemo Fraunhofer: O DRM j compro-vou trabalhar com eficincia em todas as frequncias com robustez, est pronto e testado. s usar! Todos os resultados de testes no mundo esto disponveis em nosso site e toda a documentao para implementao do sistema est dispon-vel para download gratuito.

    Segundo Alex tem mais no DRM do que somente udio, claro que no

    rdio o som o principal, mas voc pode entregar ao seu ouvinte muito mais contedo digital. Com o DRM, uma emissora pode transmitir, na mesma frequncia, at quatro conte-dos em multicast. Pode, por exemplo, transmitir trs programaes em udio e uma com dados. Seu rdio DRM ter uma tela onde a emissora pode, por exemplo, colocar uma foto, o telefone de um anunciante, a lista das prximas msicas, mostrar o contedo do seu site, os resultados dos jogos da roda-da ou at um cupom que voc poder imprimir, pois o seu radio digital pode ser conectado na sua impressora, e ga-nhar um desconto em alguma compra.

    Imagina... Quaisquer tipos de dados podem ser transmitidos para o seu r-dio sem conexo com internet.

    Vrios aplicativos de dados j esto disponveis, como o Journaline que transmite informaes e mensagens de textos interativos, aplicativos de sli-deshow e de meteorologia, entre outros. Em um padro aberto como o DRM, o Brasil pode desenvolver seus prprios aplicativos e se tornar participante.

    Lanamento da plataforma DRM BrasilAconteceu no dia 1 de outubro, em

    So Paulo, um grande evento promo-

    Alexander Zink (foto), VP do Consrcio DRM, VP do comit de tecnologia do DRM/tcnico do instituto Fraunhofer (Alemanha)

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  • vido pelo Consrcio DRM, onde foi realizado o lanamento da Plataforma Multissetorial DRM Brasil. Rafael Diniz (Unicamp), presidente da Plataforma nos diz: Ns do DRM Brasil temos atu-ado principalmente na conscientizao das pessoas sobre o que o rdio digi-tal, as vantagens do DRM em relao aos outros padres. O DRM Brasil tem algumas semelhanas com o Frum do SBTVD (Sistema Brasileiro de TV Di-gital). Um lado que a gente tem traba-lhado bastante mostrar que o DRM funciona tanto para pequenas quanto pra grandes emissoras, e somos o nico sistema que j tem testes realizados nos canais 5 e 6 de TV. E o DRM tambm atende s rdios comunitrias. Pau-lo Lara, socilogo e cientista poltico, e diretor da Comisso de Articulao Institucional da Plataforma DRM Bra-sil, foi um dos pioneiros a defender o DRM em nosso pas e afirma: A plata-forma brasileira remete a 2009 quando um grupo de interessados procurou em Londres o consrcioe foi extremamente bem recebido. tivemos conversas com a presidente que nos deu uma segurana e uma garantia de que podamos conti-nuar um trabalho em parceria com eles e trazer isso pro Brasil. Continuando este processo de interesse na migrao do rdio analgico para o digital, outros atores foram agregados a essa iniciativa brasileira e isso comeou a tomar um corpo. Esse o grande beneficio da pla-taforma brasileira, permite a insero dos atores nacionais. Ento o pessoal

    tanto da academia com da indstria, os radiodifusores, a sociedade civil tm muito a agregar nossa plataforma. (udio com mais informaes)

    Silvio Rhatto, desenvolvedor de software e vice-diretor da Comisso de Comunicao e Promoo, nos fala sobre como est estruturada a plata-forma em relao aos associados: A plataforma DRM Brasil possui trs nveis de associao. O mais alto o ASSOCIADO PLENO: ele tem direi-to a voto, tem a participao integral, define os rumos e elege o conselho de-liberativo. O segundo nvel o ASSO-CIADO EFETIVO: no tem direito a voto, mas tem acesso a toda documen-tao estratgica e pode candidatar-se ao conselho deliberativo. E ns temos o ASSOCIADO APOIADOR, que

    aberto para qualquer pessoa fsica ou jurdica, basta preencher o formulrio no site do DRM Brasil (www.drm-bra-sil.org) e associar-se.

    A Plataforma DRM Brasil pretende realizar convnios com organizaes de financiamento, de pesquisa e de fomen-to educao para a realizao de cur-sos presenciais e a distncia, para que radialistas aprendam a usar a grande ferramenta que o rdio digital.

    DRM e a indstria brasileiraA indstria brasileira enxerga no sis-

    tema DRM uma possibilidade de de-senvolvimento e de crescimento. Por isso a Associao Brasileira da Indstria da Radiodifuso (ABIRD), enviou ao Ministro das Comunicaes Paulo Ber-nardo uma carta, no ltimo ms de se-tembro, se colocou totalmente a favor da adoo do DRM no Brasil. A carta est disposio, na ntegra no site do DRM Brasil (http://www.drm-brasil.org/content/associa%C3%A7%C3%A3o-brasileira-da-ind%C3%BAstria-da-ra-diodifus%C3%A3o-envia-carta-favor-do-drm-ao-paulo-bernard). A Associao Brasileira da Indstria Eltrica e Eletrni-ca (ABINEE) tambm apoia o sistema, ou-tras importantes associaes industriais j manifestaram o mesmo apoio.

    Transmissores: trs indstrias brasi-leiras j fabricam transmissores DRM. Assim, alm de abastecer o mercado na-cional, podero exportar, por exemplo, para ndia e Rssia, pases que j ado-taram o sistema. Joo Eduardo Ferrei-

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    Rabo Quente foi um termo que apareceu no Brasil entre o final de 1940 e incio da dcada de 1950, para designar os rdios alimenta-dos por tenso 110 ou 220 volts AC/DC (sem transformador).

    Para alimentar os filamentos das vlvulas que eram ligadas em s-rie, usava-se um resistor de fio que ficava ao longo do cordo de alimentao. Aps algumas horas de funcionamento, o cordo de ali-mentao aquecia, principalmente quando usado em 220 volts. Da o termo rabo quente.

    Fonte: Revista Galileu no 90 Editora Globo

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  • ra da Silva Filho, diretor MTA/Digicast Eletrnica e Vice-presidente da Plata-forma DRM Brasil, nos fala: As fbricas brasileiras j esto bem adiantadas na fabricao de equipamentos compat-veis com DRM. Acreditamos que uma vez o sistema escolhido pelo governo, poderemos contar imediatamente com toda a fora e experincia da indstria brasileira de equipamentos para radio-difuso na implantao do DRM de for-ma consistente no Brasil. Com respeito pelas particularidades de um pas to vasto como o nosso...

    ReceptoresDiversos modelos de receptores

    DRM esto disponveis no mercado internacional, tanto modelos baratos quanto sofisticados. Indstrias nacionais esto com estudos prontos para incio imediato da produo em escala e afir-mam que no ser problema abastecer o mercado com receptores para carros, celulares ou modelos standalone. O Brasil ainda no produz chipsets , que o corao do rdio, e como nos re-ceptores de televiso, eles tero que ser importados. Nos ltimos anos, os maio-res fabricantes desenvolveram chipsets DRM, como a NXP e a Parrot (Dibcom). No chipset da Parrot, por exemplo, ser suportado ambos os padres ISDB-Tb e DRM (TV e rdio digital). Como o DRM utiliza o mesmo formato de codificao do SBTVD, uma fbrica pode facilmen-te criar produtos hbridos para recepo de TV e rdio com baixo custo. Marcelo Parada da Parrot FAE Brasil e vice-dire-

    tor da comisso tcnica do DRM Brasil comenta: Um tendncia mundial dos fabricantes de chipsets, demoduladores e sintonizadores a fabricao em uma plataforma SDR. um hardware de-finido por software, ou seja, ao alterar o software que t embarcado naquele chip voc consegue receber diferentes padres de rdio ou TV, inclusive. Uma vantagem do DRM que os fabricantes tm que pagar menos royalties para um chipset DRM, fica mais barato carregar o software do DRM. Outra vantagem que o DRM usa o mesmo codec da TV Digital, o que tambm deixa o chipset mais barato, pois no h royalties sobre o codec, alm de facilitar a integrao do rdio com a TV Digital.

    Ainda cedo pra termos o preo dos receptores de rdio digital, depende de fatores ainda no conhecidos (taxas, impostos e escala). Estudos do DRM mostram que o mdulo central do re-ceptor pode custar de 20 a 4 dlares, o preo cai com a quantidade produzi-da. Mas a proposta manter os custos baixos, o rdio um veculo popular e precisa estar acessvel a todos.

    O Ginga no DRM fundamental a adoo de um pa-

    dro de rdio digital que tenha abertura para a entrada de novos atores nas din-micas da comunicao: o DRM o nico que apresenta essa proposta. Na concep-o da TV Digital brasileira, baseada no padro japons, foi incorporada uma plataforma de apresentao e execuo de software desenvolvida para levar in-

    teratividade TV: o Ginga. Essa modi-ficao no padro japons tida como a maior contribuio brasileira ao sistema de TV Digital. Consideramos, portanto que a incluso do Ginga ao rdio digi-tal o caminho natural no processo de integrao dos sistemas de radiodifuso. O middleware foi concebido e desenvol-vido inteiramente no Brasil, sob coorde-nao do professor Luiz Fernando G. Soares, da PUC-Rio. A incorporao ao DRM permitir que receptores port-teis de TV digital one-seg compartilhem exatamente o mesmo software para o r-dio digital. E como o codec de udio do DRM o mesmo da TV Digital, o AAC, tm os sistemas de difuso interoperveis que compartilham da mesma tecnologia, o que barateia o custo dos receptores e da produo de contedo interativo, como nos explica Rafael Diniz: Ns da Plataforma DRM Brasil propomos no s a implantao do DRM puro, mas mas tambm a adio de algumas caracters-ticas nacionais como o Ginga, de forma que o DRM no vai ser um padro total-mente importado, mas um padro tam-bm construdo no Brasil.

    DRM no mundoA proposta inicial do DRM de tornar-

    se um sistema mundial est a todo o va-por. O sistema foi criado com a flexibili-dade pensada para atender a todos os ambientes e situaes econmicas. Pases que j compreenderam a importncia da radiodifuso como meio de informao, educao e cultura j adotaram o sistema, como por exemplo, a ndia e a Rssia.

    Ruxandra Obreja finaliza e comenta: No temos a soluo completa, pronta e fechada, com garantias, todo o pro-cesso e seu consequente sucesso depen-der de todos os setores do rdio brasi-leiro. Achamos que o Brasil pode pegar o DRM e transform-lo em um padro brasileiro, a no falaramos mais em DRM e sim no Sistema Brasileiro de R-dio Digital, pensamos que vocs podem ser lderes, ao divulgar na Amrica Lati-na e no restante do Mundo. nisso que acreditamos. Mais informaes: www.drm.org e www.drm-brasil.org

    Marcelo Goedert produtor de contedo radiofnico h mais de 25 anos, estudioso do rdio e mestrando em comunicao pela Universidade Catlica de Braslia.

    Esq.: Silvio Rhatto, Marcelo Goedert, Joo M. Bertoldi, Ruxandra Obreja, Joo Eduardo Filho, Alexander Zink. Dir.: Carlos Acciari, Marcelo Parada, Ataliba e Del Bianco

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