Aplica o de defensivos agr colas

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1 UFMT-UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FAMEV-FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA CURSO DE AGRONOMIA TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS Marcos Ferreira da Costa – ENGº AGRÔNOMO – UFMT/AGOSTO 2009 Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos O aumento da população mundial exige da agricultura cada vez mais eficiência e competitividade. À medida que as áreas cultivadas foram se tornando maiores, a quantidade de produtos químicos utilizada no controle de pragas e doenças foi aumentando. Entretanto, devem ser considerados os efeitos da produção, formulação, transporte, manuseio, armazenamento e aplicação dos agroquímicos agrícolas sobre o meio ambiente, visto serem a maioria deles poluidores ou contaminantes ambientais, quando mal manejados.3 O emprego de agroquímicos apresenta dois pontos cruciais para o ambiente: eles são biocidas e alguns muitos persistentes, podendo ser transportados para outros locais por água e vento, por exemplo, e também acumular na cadeia alimentar.3 As ciências diretamente relacionadas, Entomologia, Fitopatologia, Matologia, Acarologia, Nematologia, etc., fornecem as informações necessárias para se lançar mão das diferentes formas de controle do problema fitossanitário. Uma vez optado pelo controle químico, em época correta de seu uso, cabe ao processo de aplicação garantir que o controle seja efetuado com eficiência, economia e segurança.3 Muito se tem escrito sobre os agroquímicos disponíveis, seus efeitos nas pragas, doenças e nos organismos que não são o alvo, porém pouco sobre como devem ser aplicados de forma segura e correta. 1 A falta de treinamento das pessoas envolvidas na aplicação desses produtos e o desconhecimento da ação dos mesmos sobre o organismo humano e sobre o ambiente têm resultado no aumento dos riscos à saúde humana, bem como na agressão ao meio ambiente. A aplicação de agroquímicos quando feita de maneira errada sempre é sinônimo de prejuízo, além de gerar desperdício, pode causar resistência e aumentar os riscos de contaminação de pessoas e do ambiente.2

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UFMT-UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FAMEV-FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA

CURSO DE AGRONOMIA

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Marcos Ferreira da Costa – ENGº AGRÔNOMO – UFMT/AGOSTO 2009

Tecnologia de Aplicação de Agroquímicos

O aumento da população mundial exige da agricultura cada vez mais eficiência e competitividade. À medida que as áreas cultivadas foram se tornando maiores, a quantidade de produtos químicos utilizada no controle de pragas e doenças foi aumentando.

Entretanto, devem ser considerados os efeitos da produção, formulação, transporte, manuseio, armazenamento e aplicação dos agroquímicos agrícolas sobre o meio ambiente, visto serem a maioria deles poluidores ou contaminantes ambientais, quando mal manejados.3

O emprego de agroquímicos apresenta dois pontos cruciais para o ambiente: eles são biocidas e alguns muitos persistentes, podendo ser transportados para outros locais por água e vento, por exemplo, e também acumular na cadeia alimentar.3

As ciências diretamente relacionadas, Entomologia, Fitopatologia, Matologia, Acarologia, Nematologia, etc., fornecem as informações necessárias para se lançar mão das diferentes formas de controle do problema fitossanitário. Uma vez optado pelo controle químico, em época correta de seu uso, cabe ao processo de aplicação garantir que o controle seja efetuado com eficiência, economia e segurança.3

Muito se tem escrito sobre os agroquímicos disponíveis, seus efeitos nas pragas, doenças e nos organismos que não são o alvo, porém pouco sobre como devem ser aplicados de forma segura e correta. 1

A falta de treinamento das pessoas envolvidas na aplicação desses produtos e o desconhecimento da ação dos mesmos sobre o organismo humano e sobre o ambiente têm resultado no aumento dos riscos à saúde humana, bem como na agressão ao meio ambiente.

A aplicação de agroquímicos quando feita de maneira errada sempre é sinônimo de prejuízo, além de gerar desperdício, pode causar resistência e aumentar os riscos de contaminação de pessoas e do ambiente.2

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Até 70% dos produtos pulverizados nas lavouras podem ser perdidos por má aplicação, escorrimento e deriva descontrolada.2

A aplicação de agroquímicos é multidisciplinar, vai além do homem que opera o pulverizador, envolve agrônomos, biólogos, químicos, economistas, engenheiros, médicos e físicos. 1

Conceitos básicos

Ao final desse módulo você será capaz de: *Entender a finalidade da aplicação de agroquímicos

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*Definir e entender os principais conceitos utiliza dos na tecnologia de aplicação *Entender características das gotas pulverizadas co mo diâmetro, espectro e densidade

A aplicação eficiente tem como finalidade a colocação do produto no alvo para que o mesmo atue com a esperada eficácia.

A determinação da dosagem e dos procedimentos operacionais está diretamente relacionada com a economia.

Finalmente a proteção dos aplicadores, dos consumidores dos produtos produzidos na área tratada e do próprio ambiente está intrinsecamente ligados à segurança.

O objetivo de toda aplicação de agroquímicos para o controle de pragas, doenças e plantas infestantes é cobrir o alvo com a máxima eficiência e o mínimo esforço.

A primeira fase, essencial em todo o processo, é a identificação do alvo biológico, sendo este um dos aspectos mais negligenciados das operações de aplicações de agroquímicos.

Além da indefinição do “alvo biológico”, ou seja, do exato local onde deverá ser aplicado o produto químico, os agricultores em geral se defrontam, com frequência, com vários problemas que dizem respeito à tecnologia de aplicação de agroquímicos. Escolha de pontas, determinação de volume de pulverização, seleção adequada do equipamento, calibração e manutenção são dúvidas frequentes no campo.

Alguns conceitos básicos são importantes para um melhor entendimento da tecnologia de aplicação. São eles:

• Vazão • Pressão • Volume de pulverização • Dose • Faixa de deposição • Diâmetro de gota • Densidade de gota • Espectro de gotas • Deriva

Veremos a seguir cada um desses itens detalhadamente.

Vazão

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Vazão: quantidade, em volume, por unidade de tempo.

Em hidráulica ou em mecânica dos fluidos, define-se por vazão, o volume por unidade de tempo, que se escoa através de determinada seção transversal de um conduto livre (canal, rio ou tubulação com pressão atmosférica) ou de um conduto forçado (tubulação com pressão positiva ou negativa). Isto significa que a vazão é a rapidez com a qual um volume escoa.4

É o volume de determinado fluido que passa por uma determinada seção de um conduto por uma unidade de tempo.

Na aplicação de agroquímicos a unidade usualmente adotada é litros por minuto (l/min), embora existam outras unidades:

• m3/s - Metro cúbico por segundo • m3/h - Metro cúbico por hora • l/s - Litro por segundo • l/h - Litro por hora • ft3/s - Pé cúbico por segundo • gal/s - Galão (US) por segundo • gal/min - Galão (US) por minuto (gpm)

A vazão de cada ponta varia de acordo com a suas ca racterísticas de fabricação, a pressão de serviço.

Pressão

Pressão: força aplicada a uma superfície, por unida de de área.

A pressão ou tensão mecânica (símbolo: p) é a força normal (perpendicular à área) exercida por unidade de área.4

A unidade no sistema internacional (SI) para medir a pressão é o Pascal (Pa). A pressão exercida pela atmosfera ao nível do mar corresponde a aproximadamente 101 325 Pa (pressão normal), e esse valor é normalmente associado a uma unidade chamada atmosfera padrão (símbolo atm).

A pressão relativa define-se como a diferença entre a pressão absoluta e a pressão atmosférica. Os aparelhos destinados a medir a pressão relativa são o manômetro e também o piezômetro.

A pressão atmosférica mede-se com um barômetro, inventado por Torricelli.

Atmosfera é a pressão correspondente a 0,760 m de Hg de densidade 13,5951 g/cm³ e numa aceleração da gravidade de 9,80665 m/s2

Psi (pound per square inch), libra por polegada quadrada, é a unidade de pressão no sistema inglês/americano: 1 psi = 0,07 bar ;1 bar = 14,5 psi

Em tecnologia de aplicação, utilizam-se principalmente as unidade Bar e Psi.

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Volume de pulverização

Volume de pulverização: quantidade de solução (água + defensivo) distribuída, por unidade de área (L/ha).

A tendência atual é reduzir o volume de líquido aplicado, o que leva à necessidade de gotas menores para melhor cobertura.

No entanto, a utilização de gotas pequenas aumenta o risco de deriva, por outro lado, gotas muito grandes acarretam desperdício de defensivo, os quais podem ser depositados em excesso nas superfícies externas das plantas, não atingindo os pontos internos, ou se perdem por escorrimento.

A redução do volume de pulverização leva à necessidade de uma tecnologia mais apurada, tanto por parte do construtor do equipamento, quanto por parte do técnico envolvido na aplicação.

Se o volume for menor do que o necessário, a cobert ura pode não ser satisfatória, e se for maior poder haver escorrimento que implica em d esperdício de produto e possíveis danos a natureza.

Dose

Dose: quantidade de produto (agroquímico), em peso ou volume, distribuído por unidade de área (kg/ha ou Litro/ha) .

Varia de acordo com o ALVO, produto e com o objetivo da aplicação. Sua determinação é feita pelo Engenheiro Agrônomo responsável.

Faixa de deposição

Faixa de deposição: largura da área tratada relativ a a uma passada do equipamento.

Define a quantidade de princípio ativo ou de gotas aplicadas por unidade de área, ao longo de uma faixa tratada longitudinal e transversalmente.

Essa distribuição de gotas na faixa é de grande importância na análise de um tratamento.

A melhor distribuição é aquela que acompanha o mais próximo possível a localização da praga ou doença a ser controlada e o faz de maneira contínua.

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Dizemos que uma faixa de deposição é descontínua quando numa mesma área tratada, encontramos pontos em que a deposição do princípio ativo ou a quantidade de gotas depositadas é diferente.

Diâmetro de gota

Diâmetro de gota: tamanho da gotas, expresso por se u diâmetro, em mícrons (1/1000 mm).

A nuvem de gotas pode ser formada ou composta de gotas grandes e/ou pequenas, homogêneas ou não.

Para se expressar numericamente o tamanho das gotas ou as características do fluxo pulverizado, utiliza-se em geral como parâmetro, o diâmetro da mediana volumétrica (DMV).

DMV é o diâmetro da gota que divide o volume aplicado por uma ponta, em duas partes iguais. Uma constituída de gotas menores e outra constituída de gotas maiores que o DMV.

Aplicação eficiente requer cobertura adequada da su perfície-alvo com gotas de tamanho apropriado. No caso de serem produzidas gotas muito grandes, superiores a 800 µm, não ocorre boa cobertura da superfície, tampouco bo a uniformidade de distribuição. As gotas muito grandes, pelo seu peso, normalmente não se aderem à superfície da folha e terminam no solo. No caso de gotas muito pequenas, geralmente ocorre boa cobertura superficial e uniformidade de distribuição da calda , mas essas gotas podem evaporar em condições de baixa umidade relativa ou serem levada s pela corrente de ar.

Densidade de gotas

Densidade de gotas: número de gotas por unidade de área.

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Esse parâmetro tem grande importância no controle de pragas, doenças e plantas infestantes.

Como parâmetros indicativos, utilizam-se as seguintes coberturas para produtos não sistêmicos ou de baixa translocação, atendendo ainda as condições climáticas existentes:

• Herbicida - 20 a 30 gotas/cm2 com diâmetros de 200 a 300 micra. • Inseticida - 50 a 70 gotas/cm2 com diâmetros de 50 a 200 micra. • Fungicida - 70 a 100 gotas/cm2 com diâmetros de 100 a 200 micra.

À medida que se reduz o volume de aplicação, a tendência é utilizar gotas menores.

O número e tamanho de gotas que se depositam por unidade de área do solo ou da superfície foliar desempenha um papel preponderante na eficácia das aplicações.

Espectro de gotas

Espectro de gotas: variabilidade no tamanho das got as produzidas por um equipamento de pulverização.

É a classificação das gotas por tamanho, em percentagem de volume ou de número de gotas, o qual pode ser homogêneo, quando todas as gotas são do mesmo tamanho, ou heterogêneo, quando o tamanho das gotas é diferente.

Uma pulverização com espectro de gotas heterogênea resultará por um lado, em gotas grandes que escorrerão pelos alvos, representando perda de produto químico e poluição ambiental e por outro lado, em gotas pequenas que serão levadas pelos ventos (deriva) e finalmente uma quantidade pequena de gotas que será aproveitada. Uma aplicação técnica requer um espectro homogêneo de gotas.

Os principais fatores que influenciam o espectro de gotas produzidas por determinado ponta são: vazão nominal, ângulo de pulverização, pressão do líquido, propriedades da calda e tipo de ponta.

Deriva

Deriva: desvio da trajetória das partículas liberad as pelo equipamento.

Quando as partículas não atingem o alvo, provocam uma perda, quando essa ocorre dentro da cultura (material que não é coletado pelas folhas e cai no solo), pode ser considerada como endoderiva (ou deriva tolerável), enquanto

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que as perdas para fora da área tratada podem ser consideradas devido à exoderiva (ou deriva intolerável).

De qualquer maneira, a intensidade da deriva está relacionada com o tamanho da gota, da distância que foi liberada em relação ao alvo, a sua velocidade de lançamento e da velocidade do vento.

Quando se trabalha com caldas aquosas, os problemas de evaporação e deriva devem ser analisados em conjunto, uma vez que à medida que perde peso por evaporação, a gota fica mais sujeita ao arrastamento pelo vento, podendo inclusive desaparecer por completo antes de chegar ao alvo.

Evaporação*

A água é o diluente (líquido usado para reduzir a concentração do ingrediente ativo de uma formulação para a aplicação), mais comumente utilizado nas pulverizações.

Porém, a água apresenta uma pressão de vapor relativamente alta, fazendo com que haja uma diminuição do volume da gota produzida.

A intensidade da evaporação depende de vários fatores, dos quais os mais importantes são: (a) a proporção de líquidos não voláteis ou partículas sólidas existentes na mistura; (b) temperatura e umidade do ar e a velocidade do vento; (c) tamanho da gota e (d) o tempo que a gota permanece no ar.

À medida que a água vai evaporando, as gotas diminuem de peso e, portanto, reduzindo a possibilidade de impactar o alvo.

Gotas do mesmo tamanho podem ter comportamentos diferentes, se diferentes forem as condições ambientais, como mostram os dados da tabela abaixo. Portanto, a observação das condições de temperatura e umidade relativa do ar é muito importante para uma aplicação correta.

Comportamento de gotas de diversos tamanhos, em diferentes condições ambientais: Diâmetro inicial (mm)

tempo até extinção (s)

distância de queda (m)

tempo até extinção (s)

distância de queda (m)

50 12,5 0,13 3,5 0,032 100 50 6,7 6,7 1,8 200 200 81,7 81,7 21

Temperatura = 20,0 ºC ∆ t = 2,2 ºC U. R. = 80,0 %

Temperatura = 30,0 ºC ∆ t = 7,7 ºC U. R. = 80,0 %

Uma das relações matemáticas para a previsão do tempo de vida t (em segundos) de uma gota em função do seu diâmetro d (em micrometros) e das condições ambientais (depressão psicrométrica, isto é, a diferença entre as temperaturas indicadas pelos termômetros de bulbo seco e de bulbo úmido), é a seguinte:

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Tempo de vida da gotas

O que afeta a aplicação?

Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer e entender os fatores que interferem na ap licação de agroquímicos e suas interelações *Saber classificar uma pulverização segunda as norm as do Conselho Britânico de Proteção de Culturas

Alguns fatores devem ser analisados antes e durante a aplicação de agroquímicos, para se obter uma máxima eficiência:

• Clima • Solo • Alvo • Princípio ativo • Máquina

Veremos a seguir cada um desses itens detalhadamente.

Clima

Fatores climáticos, como temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento, devem ser monitorados, com o objetivo de se escolher o momento ideal de aplicação.

Altas temperaturas, baixas umidades e fortes ventos constituem-se em condições propícias à evaporação e à deriva.

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Fonte: TeeJet

Desta forma, as aplicações devem ser realizadas, preferencialmente, nas primeiras horas da manhã, ou no final do dia.

De maneira geral, deve-se seguir as seguintes recomendações para a escolha do momento ideal de pulverização:

• Velocidade do vento entre 3 e 10 km/h, • Temperatura máxima entre 27 e 30°C • Umidade relativa do ar superior a 60%

Quando não for possível seguir essas recomendações, a aplicação deve ser precedida de maiores cuidados, para se evitar a perda do defensivo, seja por evaporação ou deriva.

A escolha de ponta de pulverização “anti-deriva” e da pressão ideal de trabalho são exemplos de cuidados que devem ser tomados durante as aplicações de defensivos em condições ambientais desfavoráveis. Utilização de adjuvantes anti-deriva e assistência de ar também contribui para uma aplicação mais segura.

Solo

A textura do solo pode influenciar na dose do produto a ser utilizada, principalmente em defensivos que visam ao solo.

Geralmente as doses para solos argilosos são maiores que para solos arenosos, já que os argilosos possuem maior quantidade de colóides, que inibem o princípio ativo de alguns defensivos.

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Outro fator importante é a topografia. Em áreas declivosas, pode-se tornar inviável a aplicação com máquinas tratorizadas, uma vez que a segurança da operação pode ficar bastante comprometida.

Alvo

Aquilo que foi escolhido para ser atingido pelo processo de aplicação (planta hospedeira ou suas partes, organismo nocivo, planta infestante, solo etc.). Em função do tipo desse alvo, a pulverização a ser produzida deverá ter características específicas para melhor atingi-lo.

Dessa forma, uma aplicação de herbicida (em pré-emergência) sobre o solo, é mais fácil de ser feita quando comparada com a de um inseticida de contato, quando o inseto a ser controlado fica na superfície inferior das folhas. Por outro lado, a praga, pode estar disponível ou exposta em tempo relativamente curto ou em locais diferentes durante o processo. O conhecimento do ciclo evolutivo da praga e também da planta cultivada é um aspecto importante para a definição da estratégia de controle.

Assim sendo, o defensivo deve ser usado da forma mais eficiente possível, o alvo real tem que ser definido em termos de tempo e espaço, de maneira a ser aumentada a porcentagem de produto que o atinge em relação daquilo que foi emitido pela máquina aplicadora.

As principais características a serem observadas referem-se ao local, tamanho, mobilidade e forma de propagação.

Um bom conhecimento do alvo permite escolher a técn ica de aplicação, o equipamento, a periodicidade e o defensivo a ser ut ilizado.

Princípio Ativo

O princípio ativo é o componente tóxico do defensivo nas formulações comerciais.

Atualmente, existe no mercado uma infinidade de produtos que devem ser analisados criteriosamente quanto à dosagem, à técnica de aplicação, à forma de atuação e à formulação.

Máquina

O sucesso de uma aplicação fitossanitária depende da regulagem, da manutenção e das características operacionais da máquina aplicadora utilizada.

Grande importância tem sido dada ao agroquímico e pouca à técnica de aplicação. A utilização de equipamento adequado e em boas condições é fator primordial para obtenção dos resultados desejados.

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População de gotas

Uma aplicação eficiente pressupõe uma perfeita cobertura da superfície e uma distribuição uniforme das gotas produzidas.Caso se utilize um bico de pulverização que produza gotas muito grandes, não haverá uma perfeita cobertura da superfície e tampouco haverá uma boa uniformidade de distribuição, a não ser que se utilize grande volume de líquido. Trabalhando com gotas menores, consegue-se, geralmente, uma melhor cobertura superficial e uma maior uniformidade de distribuição.

As gotas muito grandes, devido ao seu peso, terminam no solo por escorrimento. As gotas muito pequenas podem evaporar em condições climáticas de baixa umidade relativa, ou serem levadas pela corrente de ar, provocando a perda de produto devido ao fenômeno da deriva.

Na figura abaixo é possível verificar que, dividindo uma gota grande de 400 µm de diâmetro em gotas de 200 µm, obtém-se oito gotas, com a mesma quantidade de água. Se dividirmos essa mesma gota de 400 µm em gotas de 50 µm é possível obter 512 gotas. Isso demonstra que é possível obter boa cobertura, mesmo trabalhando com pequenos volumes de pulverização.

Em aplicações de fitossanitários deve-se cuidar para que não apareçam gotas nem muito grandes, nem muito pequenas. Os estudos têm demonstrado que gotas menores que 100 µm são arrastadas com facilidade pelo vento e sofrem deriva (MARQUEZ, 1997 e LEFEBVRE, 1989). Da mesma forma, não se recomenda utilizar gotas maiores que 800 µm, devido a sua facilidade em escorrer.

De acordo com o tipo produto a aplicar é possível definir um número mínimo de gotas por unidade de superfície. Geralmente, no caso de culturas de baixo porte, recomenda-se utilizar os tratamentos de acordo com o Quadro 1.

QUADRO 1 – Recomendação da população de gotas para os tratamentos em culturas de baixo porte

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PRODUTO TRATAMENTO VOLUME DE CALDA(L/ha)

COBERTURA (gotas/cm2)

Herbicidas Pré-plantio 200-500 20-40 Pré-emergência 150-300 20-30 Pós-emergência 150-300 30-40

Inseticidas 300-400 20-30 Fungicidas 300-400 50-70

De modo geral, não se recomenda aplicar um volume de calda acima de 400 L/ha, nem abaixo de 100-150 L/ha, sem um monitoramento rigoroso das condições climáticas principalmente.

Classificação das aplicações

Um dos aspectos importantes no manejo das pulverizações em relação à deriva está relacionado com o conhecimento do espectro de gotas. Com o objetivo de estabelecer um sistema pragmático de classificação qualitativa de uma população de gotas, o Conselho Britânico de Proteção de Culturas (British Crop Protection Council - BCPC), na Inglaterra, desenvolveu um sistema de classificação das pulverizações geradas pelos diferentes equipamentos, levando-se em consideração a propensão das mesmas em produzir deriva.

Foram sugeridas cinco categoria de “Qualidade de Pulverização”: Muito Fina (Alta Deriva); Fina (Média Deriva); Média (Baixa Deriva); Grossa (Muito Baixa Deriva) e Muito Grossa (Extrema Baixa Deriva). Esse sistema baseou-se na análise do espectro do tamanho de gotas comparado com determinados tipos de bicos usados como referências para o limite entre categorias. O espectro de gota dos bicos a serem analisados deve ser medido com o mesmo equipamento, condições e ao mesmo tempo que os bicos de referência.

Pulverizações limites entre as categorias de qualidade de pulverização de acordo com o critério do Conselho Britânico de Proteção de Culturas.

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Categorias de Qualidade de Pulverização de acordo com a B.C.P.C.

(*) Dados baseados nas pontas de pulverização de jato plano da série XR TeeJet Christofoletti, 1999.

Equipamentos para aplicação de agroquímicos Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer os equipamentos para aplicação de agroquí micos *Entender o princípio de funcionamento, de forma a permitir o seu correto *funcionamento e manutenção

Equipamentos para aplicação de agroquímicos

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Existem no mercado diversos tipos de equipamentos para aplicação de defensivos, cada um com suas características de funcionamento.

Para o agricultor é importante saber as vantagens e desvantagens da utilização de cada equipamento, de forma a obter o melhor desempenho e menor custo de utilização.

Pulverizadores hidraúlicos

São equipamentos capazes de fragmentar o líquido em gotas devido a pressão exercida sobre a mistura (água + produto), proveniente de uma bomba hidráulica.

Exemplos de pulverizadores hidraúlicos:

• Pulverizador costal manual • Pulverizador motorizado • Pulverizador de barra

Pulverizador costal manual

Fonte: Empresa Jacto

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Recomendado para aplicação de defensivos em pequenas áreas, ou de uso doméstico, para aplicação de inseticidas em plantas ou animais.

É constituído por um pequeno depósito e uma bomba de pistom, acionada pelo operador através de uma alavanca. A bomba de pistom possui duas válvulas. A válvula inferior deixa passar líquido do depósito para dentro da camisa do cilindro. A válvula superior, localizada na ponta do pistom, admite o líquido da camisa do cilindro para dentro da câmara de compressão, formada por um cilindro oco.

Durante a utilização desses pulverizadores, é necessária a verificação dessas válvulas, bem como de seu estado de conservação. Além dessas válvulas, existe uma bucha de couro ou plástico fixada na ponta do pistom, que tem uma influência muito grande no perfeito funcionamento do pulverizador. É comum ocorrer o seu endurecimento devido à falta de lubrificação correta ou ao prolongado tempo de uso.

Alguns cuidados devem ser observados durante as operações com esses equipamentos:

1. Manter sempre uma velocidade constante de caminhamento durante a aplicação;

2. Manter sempre a pressão constante com acionamento da bomba cadenciado, ou utilizar válvula de pressão constante.

As principais perdas com este equipamento estão relacionadas à falta de controle do tamanho das gotas, à escolha incorreta das pontas de pulverização, não conseguindo a densidade necessária para o controle químico em situações adversas de umidade relativa baixa e temperaturas altas, e a vazamentos. 6

Pulverizador motorizado

É uma máquina utilizada principalmente para aplicação de defensivos agrícolas em culturas anuais ou perenes. Também é muito utilizado na aplicação de agroquímicos em áreas urbanas ou em instalações para criação de animais.

Possui um motor elétrico ou de combustão interna para acionamento da bomba hidráulica.

É constituído por uma estrutura suporte, onde estão fixados o motor, bomba de êmbolos, regulador de pressão e pistolas de pulverização com mangueiras flexíveis. O reservatório é independente e possui sistema de agitação. Montado nessa estrutura, pode ter rodas, podendo ser tracionado pelo homem, animal ou trator.5

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Pulverizador de barra

Constitui um dos pulverizadores mais utilizados na agricultura, principalmente em grandes áreas.

É constituído, geralmente, por um chassi, um depósito para colocação da mistura de defensivo, uma bomba, uma câmara de compensação, comando com registro de múltiplas saídas com alavanca, válvula reguladora de pressão, manômetro, filtros, agitador de calda, mangueiras flexíveis e barra de pulverização, onde são montados os bicos hidráulicos.

O circuito hidraúlico da maioria do pulverizadores é representado no esquema abaixo:

Adaptado de: Empresa TEEJET

O chassi no pulverizador de arrasto (ligado a barra de tração do trator) tem rodado alto, para possibilitar um vão livre adequado e bitola regulável. No

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pulverizador montado (ligado ao sistema de três pontos) há pontos de engate para o acoplamento e pontos de apoio para estacionamento.

O reservatório apresenta capacidade volumétrica bastante variável. Os de maior capacidade possuem quebra-ondas no seu interior. Na parte superior do tanque há uma abertura, por onde se faz o reabastecimento, inspeção e limpeza do interior do mesmo. É provido de filtro de malha fina e resistente, ou de metal perfurado.

O material de construção do reservatório pode ser polietileno de alta densidade, principalmente nos menores, e resina de poliéster com reforços em fibra de vidro ou fibra de vidro com revestimento interno de resina, nos de maior capacidade. Podem ter indicadores de nível na sua parede ou com mangueira transparente externa.

O agitador de calda pode ser hidráulico ou mecânico, sendo que, na maioria dos pulverizadores, os dois funcionam conjuntamente.

Na agitação hidráulica, utiliza-se o retorno do líquido da bomba, que passa pelo regulador de pressão, fazendo-o sair através de um tubo rígido instalado no fundo do reservatório e longe do bocal de sucção da bomba. O líquido pode vir também por uma derivação dos bicos.

A agitação mecânica normalmente é realizada por uma ou mais hélices ou pás, montadas em uma árvore paralela e próxima a parede do fundo do reservatório. Essa agitação por vezes, é auxiliada pela existência de quebra-ondas no interior do reservatório.

A bomba é um dos órgãos essenciais do pulverizador. Pode ser acionada pela tomada de potência do trator ou pelo sistema hidráulico.

A câmara de compensação amortece as pulsações causadas pelas bombas de pistão, permitindo leitura constante do manômetro. Com bombas do tipo centrífuga por exemplo, não há necessiade desta câmara.

O conjunto de comandos deve estar ao alcance do operador. Constitui-se de registros de múltiplas saídas com alavanca de controle, válvula reguladora de pressão e manômetro. O número de vias de saída é variável e depende principalmente do tamanho da barra do pulverizador.

As tubulações são estruturas flexíveis de plástico ou de borracha, reforçados. São utilizadas para fazer a ligação entre os vários órgãos do pulverizador. Em alguns equipamentos utilizam-se barra húmidas, em que o líquido é deslocado junto a barra e sua parte interna.

Os filtros são elementos protetores do circuito hidráulico, retirando do mesmo eventuais impurezas. São posicionados na abertura de abastecimento do reservatório, na sua saída, no início de cada seção da barra e junto aos bicos.

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A barra de pulverização constitui-se na estrutura de suporte das mangueiras e bicos. Normalmente é construída em estrutura metálica ou PVC, de seção quadrangular ou circular, podendo alcançar cerca de 30 m de comprimento. Normalmente é articulada em seções para recolhimento durante o transporte. Pode apresentar mecanismo nivelador e dispositivo de segurança contra choques em obstáculos. Alguns equipamentos mais modernos possuem sensores de altura que controlam automaticamente a distância da barra em relação ao alvo.

As mangueiras são normalmente de plástico flexível com reforços de náilon. Na traseira do pulverizador pode haver carretéis ou enroladores para recolher as mangueiras.

Os bicos são constituídos por corpo, capa, filtro e ponta. Os jatos produzidos apresentam configuração em leque ou em cone, segundo o tipo de ponta.

O reabastecedor consta de um bocal específico para a sucção de água levando-a da fonte para o reservatório. Há duas mangueiras, sendo uma a que une a bomba e outra que liga a bomba ao reservatório.

Os pulverizadores de barra podem ser do tipo:

• Pulverizadores montados e de arrasto • Pulverizadores autopropelidos

Pulverizadores montados e de arrasto

A maior parte dos pulverizadores montados (ligados ao sistema hidráulico do trator) e de arrasto (ligados a barra de tração do trator) possuem todos os componentes semelhantes, mudando apenas em forma e tamanho.

Os pulverizadores montados em tratores, conhecidos também por “pulverizadores de três pontos”, normalmente são equipados com barras de 12 a 16 metros de comprimento e operam em velocidades de 5 a 8 km/hora. São geralmente encontrados no mercado brasileiro com capacidade de carga de agroquímicos entre 400 a 800 litros.

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Pulverizador montado

Os pulverizadores tracionados ou de arrasto, normalmente, são equipados com barras de 18 a 24 metros de comprimento e operam em velocidades de 6 a 10 km/hora. São encontrados no mercado brasileiro em geral com capacidade de carga de agroquímicos entre 1.000 a 3.000 litros.

Pulverizador de arrasto

Levando-se em consideração as especificações técnicas desses pulverizadores tratorizados montados e tracionados, seria possível teoricamente, desenvolver um rendimento diário de área aplicada em torno de 60 a 80 hectares por dia pelos tracionados e de 30 a 40 hectares aplicados pelos pulverizadores de três pontos.

No entanto, devido aos vários problemas de planejamento e logística durante as operações de controle químico com esses pulverizadores, a maior

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parte deles não consegue chegar a 50% desse rendimento operacional estimado.6

Entre os problemas mais comuns relacionados a pulverizadores hidráulicos estão a falta de um manômetro funcionando, bicos de pulverização entupidos, desgastados ou danificados, corpo de bico simples sem a presença da válvula anti-gotejante, abraçadeiras de corpo de bico quebradas e “amarradas” com tiras de borrachas ou arame.6

Todos esses problemas acontecem pela falta de manutenção nos pulverizadores e resultam na ineficiência das aplicações de agroquímicos, colocando em risco a sanidade da cultura tratada,

Pulverizador Autopropelido

Pulverizadores autopropelidos, autopropulsados ou automotrizes são máquinas agrícolas com grande capacidade de carga e alto rendimento operacional, utilizadas nas aplicações de agroquímicos equipadas com motor, cabine e sistemas de pulverização (bombas, barras, bicos, etc) em uma mesma plataforma, em um mesmo chassi.

São máquinas de alto desempenho, podem substituir cinco ou seis cojunto trator-pulverizador, conseguem desenvolver velocidades entre 15 a 30 km/h durante as pulverizações nas culturas em campo e até 70 km/h durante o

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translado. As barras de pulverização possuem total acionamento hidráulico com sistema auto-nivelante e medem entre 20 até 30 metros de comprimento. 6

Normalmente apresenta motor diesel, de quatro tempos, sistema de direção e barra de pulverização. Apresenta barra que pode ser posicionada na parte anterior ou posterior da máquina, com altura regulável. 5

Conta com sistema de compensação com comando hidráulico para cada lado da barra, permitindo manter a mesma paralela ao solo em terrenos irregulares ou em curva de nível.

O chassi pode ser rígido ou articulado com estrutura reforçada. Apresenta cabine climatizada, isolando o contato direto do operador com eventual deriva da aplicação. 5

Um pulverizador autopropelido com capacidade de carga para 3.000 litros, com barras de pulverização com 27 metros de comprimento é capaz de conseguir um rendimento operacional aproximado de 500 hectares em um único dia de trabalho. Se esse equipamento não estiver corretamente calibrado e regulado, serão muitos hectares aplicados de maneira incorreta, com grandes prejuízos para os produtores. 6

Não somente o pulverizador autopropelido precisa ser bem projetado e avançado, mas também a tecnologia em bicos e pontas de pulverização também precisa ser corretamente formatada para as condições de trabalho

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desse equipamento para que seja possível conseguir a total eficiência nas aplicações de agroquímicos.

O monitoramento da qualidade nas aplicações de agroquímicos realizadas nesses pulverizadores é de extrema importância, pois um erro de apenas 10 cm em uma faixa de aplicação de 27 metros (comprimento da barra) poderá resultar em uma área de 400 metros quadrados sem deposição de agroquímicos, em somente 100 hectares aplicados. Em um dia de aplicação, essa falha na faixa terá provocado uma área sem proteção química em torno de 2.000 m². 6

Pulverizadores pneumáticos

Os pulverizadores pneumáticos, também são conhecidos no campo como atomizadores.

Tipos de atomizadores:

• Atomizador tipo canhão • Atomizador costal motorizado

Atomizador tipo canhão

Fonte: Empresa Jacto

O atomizador tipo canhão é geralmente utilizado em culturas anuais ou arbustivas, permitindo aplicação de defensivo numa faixa, de acordo com os fabricantes, de 30 a 40 metros de largura. Propicia boa capacidade operacional do conjunto trator-atomizador.

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Neste equipamento, existe um ventilador acionado pela tomada de força do trator responsável pela corrente de ar que promoverá a quebra do líquido em gotas de pequeno diâmetro. Com excesão do ventilador, o aspecto construtivo é semelhante a um pulverizador hidráulico.

Possui algumas limitações de uso, principalmente devido à deriva e à evaporação das gotas, ocasionadas por ventos, velocidade excessiva e baixa umidade do ar, dentre outras. Outro limitante é a determinação da faixa de aplicação, que em campo é difícil execução pelo tratorista.

Atomizador costal motorizado

Geralmente empregado em pequenas áreas, em instalações avícolas ou similares.

Esse atomizador geralmente possibilita sua utilização para a aplicação de defensivos líquido ou pó seco. Neste caso, deve-se ter o cuidado de retirar o bocal atomizador.

Os atomizadores costais motorizados, quando forem utilizados na aplicação de defensivos em plantas perenes de porte alto, devem possuir uma bomba centrífuga para conduzir a calda até o bocal atomizador.

Possui um motor dois ou quatro tempos, responsável pela geração da corrente de ar. Em geral, a ergonomia deste equipamento não é muito boa.

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Pulverizadores hidro-pneumáticos

São também chamados de atomizadores tipo cortina de ar. Esses pulverizadores constituem uma das alternativas viáveis para aplicação de defensivos em culturas perenes, tais como citrus, macieiras, pessegueiros, cafeeiros, etc.

São também muito utilizados nas pulverizações em videiras, porém, necessitam de algumas modificações no direcionamento dos bicos e na regulagem dos defletores de ar, devido à arquitetura foliar da cultura da uva, permitindo aplicação de defensivo. Propicia boa capacidade operacional do conjunto trator-atomizador.

Correspondem a aproximadamente 15% do total dos pulverizadores em operação no Brasil. São equipados com reservatórios de calda de agroquímicos com capacidade entre 200 a 4.000 litros e no arco de pulverização são instalados os bicos, geralmente do tipo cone vazio ou cheio.

O sistema de assistência de ar é formado por um ventilador de grande vazão, que com o auxílio de defletores expele o ar na forma de um leque perpendicular à direção de caminhamento da máquina. Os ângulos de abertura desses defletores são regulados e ajustados de acordo com a altura das plantas a serem pulverizadas. Alguns equipamentos possuem regulagem do ângulo das pás do ventilador permitindo alterar a velocidade de saída do ar. Isso permite evitar a perda de defensivo.

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As principais causas de perdas com esses equipamentos são:

1. Distribuição incorreta dos bicos no arco de pulverização, o que resulta na liberação de gotas muito acima das copas das árvores.

2. Falta de controle no tamanho das gotas pulverizadas, produzindo gotas muito finas.

3. Alto volume nas aplicações em altas pressões de trabalho.

Deriva com pulverizadores hidro-pneumáticos

A correta seleção e disposição dos bicos no arco de pulverização possibilita que a maior parte do volume de calda a ser aplicado seja direcionado para a região mediana e superior da copa das plantas, possibilitando depositar com eficiência as gotas nos ponteiros, que normalmente são áreas de difícil acesso, com o mínimo de perdas por evaporação e deriva.

Termo-nebulizadores

São equipamentos capazes de produzir gotas com diâmetro menor que 50µm. Utilizados geralmente para aplicação de inseticidas dissolvidos em óleo (diesel), que ao serem colocados em contato com uma superfície aquecida, ou ar quente, sofrem evaporação.

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Pulverizador eletrostático

O princípio de funcionamento do pulverizador eletrostático baseia-se em transferir cargas elétricas às gotas, as quais quando se aproximam do objeto aterrado (planta) com carga de sinal contrário a sua, são fortemente atraídas a este.

Fonte: Juan José Olivet

As gotas geradas são carregadas eletricamente e aceleradas em direção do alvo aterrado através de um campo elétrico, principalmente quando próximas deste alvo.5

Um estudo foi realizado pela EMBRAPA7 sobre um bocal eletrostático, comparado-o a uma aplicação convencional, para a cultura do tomate. Os resultados mostraram que o pulverizador eletrostático pode depositar até 70% do agrotóxico aplicado, enquanto que a pulverização convencional pode depositar somente 30% do agrotóxico aplicado, para a cultura do tomate. O estudo também mostra que a aplicação eletrostática possibilita uma redução real na dose do produto aplicado, sem perda da eficácia de controle e também uma sensível redução de contaminação por parte do aplicador.

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Fonte:VM CONTROLE DE PRAGAS

Em locais fechados, como galpões, armazéns e tubulações, permitem aplicação dos inseticidas de forma econômica, uma vez que, por se tratar de uma nebulização, ocorre uma completa ocupação do interior das instalações, utilizando baixo volume de pulverização.

Pulverizador centrífugo

Os pulverizadores centrífugos são equipamentos para a aplicação de defensivos agrícolas que utilizam o processo chamado atomização centrífuga para a subdivisão do líquido em gotas menores.

Neste processo, a subdivisão é obtida através da introdução do líquido sob baixa pressão no interior de um mecanismo giratório, que pode ser um cilindro de tela, escova circular ou mesmo um rotor ranhurado.

O maior desenvolvimento destes equipamentos se deu somente nas últimas duas décadas, como conseqüência da dificuldade para controlar a deriva das gotas pequenas e uniformes, que são produzidas com essa técnica de pulverização, nas diferentes condições ambientes. Também o grande avanço da pulverização hidráulica contribui para esse desenvolvimento tardio.

Inicialmente esses pulverizadores, utilizados para a aplicação de inseticida, aplicavam gotas na ordem de 80 micras, o que as tornavam bastante sujeitas à deriva. Entretanto pesquisadores com o objetivo de reduzir a faixa de variação do tamanho de gotas desenvolveram um pulverizador de gotas controladas (CDA), equipamento este que por meio do disco rotativo produzia gotas de tamanho muito uniforme e centradas em um tamanho médio de 250 micras, as quais apresentam ótima eficiência biológica e menor susceptibilidade a evaporação e deriva.

A pulverização centrífuga é uma alternativa bastante utilizada nas aplicações aéreas, entretanto sua utilização nos equipamentos terrestres deve

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ser bastante criteriosa, sendo recomendada somente em explorações agrícolas capazes de manejar bem esta técnica.

Em condições ambientais apropriadas (brisa moderada) pode se realizar aplicações fitossanitárias em baixo volume sobre cultivo baixos com bons resultados. As maiores dificuldades para uma correta aplicação aparecem quando a velocidade do vento aumenta, o que incrementa muito a deriva.Também quando não existe vento algum, ocorre um depósito somente superficial sem penetração do produto no interior da folhagem tratada.

Outro problema é a falta de mão de obra e assistência técnica especializada. Além disso, a pulverização centrífuga somente opera com eficiência quando o volume aplicado é pequeno o bastante para impedir que se inunde o disco rotativo. Existe um fluxo máximo permitido, por exemplo 1,5 ml/seg para o equipamento “Herbi”.

Em contrapartida a pulverização centrífuga apresenta uma série de benefícios que a torna viável em determinadas condições.

As gotas produzidas resultam em um tamanho extraordinariamente uniforme, adequadas para os tratamento de baixo (BV) e ultra baixo (UBV) volume ( 1 a 50 L/ha). Com a utilização de gotas muito pequenas se consegue uma boa cobertura com baixos volume de calda, no entanto, existe maior dificuldade para controlar e dirigir este tipo de gotas pequenas em condições atmosféricas desfavoráveis.

Este método de trabalho teve sua origem na "Aviação Agrícola" e em equipamentos manuais, para regiões com escassez de água. Seu uso tem crescido nos equipamentos terrestres, a medida que se desenvolvem produtos químicos adequados para essa forma de aplicação.

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Análise operacional e econômica das técnicas de aplicação

A análise operacional e econômica das diferentes técnicas de aplicação permite a seleção do equipamento mais adequado e do procedimento mais apropriado para as distintas situações.

A análise operacional envolve basicamente a determinação da capacidade da máquina pulverizadora e do seu rendimento. A capacidade é quantidade de trabalho executada em uma unidade de tempo, e é muito importante para se fazer o planejamento dos tratos culturais. Uma forma simplificada de se calcular essa capacidade, observada em condições reais de operação, é através da seguinte fórmula:

• Cco = capacidade de campo operacional (hectare/hora) • TPe = tempo de preparo (acoplamento, regulagem e calibração da

máquina) • Tr = tempo de reabastecimento do tanque pulverizador • Td = tempo de deslocamento, indo e vindo para o tempo de

abastecimento • Tv = Tempo de virada nas cabeceiras • TPr = Tempo de produção

Já a análise do custo de um sistema de pulverização, deve levar em conta o custo de utilização de todos os componentes, isto é, do trator, do pulverizador e, quando houver, da carreta tanque.

É de fundamental importância não se perder de vista, nesta análise, o componente biológico do problema. As medidas a serem preconizadas nunca deverão afetar a eficácia do controle do problema fitossanitário que se pretende resolver. Além disso, uma aplicação mais rápida e mais barata não deve provocar maiores riscos ao operador e ao ambiente.

Cálculo da produção diária*

Para calcular a produção diária de pulverizadores de barra, pode se usar:

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Onde,

• T - capacidade do tanque, em litros • q - vazão total da barra, em L/min • J - jornada diária de trabalho, em minutos • Q - volume de pulverização, em L/ha • Ab - tempo gasto de abastecimento, em minutos • E - fator que indica eficiência operacional (%)

Vazão total

Para obter a vazão de calda aplicado ao longo da barra em um determinado tempo usa-se a fórmula:

onde,

• q - vazão total da barra, em L/min • Q - volume de pulverização em L/ha • V - velocidade em, Km/h • f - faixa de aplicação da barra, em metros • 600 - fator de conversão de unidades

Tempo de abastecimento

Para determinar o tempo de reabastecimento, considera-se todo o tempo gasto desde a interrupção da pulverização, quando termina a calda, até o reinício da aplicação, podendo-se calcular pela fórmula:

onde,

• Td - tempo de deslocamento até o local de abastecimento • Tprep - tempo de preparo do pulverizador para abastecimento • Tench - tempo de enchimento do tanque • Tmist - tempo de preparo da mistura

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Eficiência operacional

O cálculo da eficiência operacional é feito usando a fórmula:

onde,

• E - eficiência operacional • Tpulv - tempo real de pulverização, em minutos • Tcampo - tempo total do pulverizador no local de trabalho, em minutos,

menos o tempo de abastecimento

Fonte de consulta: Manual técnico sobre orientação de Pulverização. Empresa Jacto. 32p.

Pontas de pulverização Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer as principais pontas de pulverização disponíveis no mercado *Aprender a selecionar a ponta de pulverização mais adequada a cada condição de aplicação *Entender a importância da correta seleção da ponta de pulverização

Bicos hidráulicos e pontas de pulverização

Os bicos hidráulicos são dispositivos utilizados nos pulverizadores para subdivisão do liquido em gotas, capazes de promover uma distribuição uniforme do defensivo sobre a superfície de aplicação.

Os bicos fragmentam o liquido pela ação da pressão exercida por uma bomba, que força o líquido passar por um orifício, adquirindo velocidade e energia no difusor para subdividir-se em pequenas gotas ao sofrer o impacto com o ar.

Existem diferentes tipos de bicos no mercado, cada qual com características específicas para uma determinada aplicação. Essas variações são importantes, pois permitem utilizar aquele que seja mais adequado a cada situação, minimizando assim as perdas de produtos fitossanitários e melhorando a qualidade da aplicação.

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O que se chama genericamente de bico é o conjunto de peças colocado no final do circuito hidráulico, através do qual a calda é emitida para fora da máquina.

Fonte: Empresa TeeJet

Esse conjunto é composto de várias partes, das quais a ponta de pulverização é a mais importante, regulando a vazão, o tamanho das gotas e a forma do jato emitido.

Os principais tipos de pontas são:

• pontas de jato cônico vazio; • pontas de jato cônico cheio; • pontas de jato plano ou em leque; • pontas de impacto ou de jato plano defletor; • pontas de indução de ar.

As pontas de pulverização possuem três funções bási cas:

1. DETERMINAM A VAZÃO (Quantidade) 2. PRODUZEM AS GOTAS DE TAMANHO DETERMINADO (Qualid ade) 3. PROPORCIONAM A DISTRIBUIÇÃO DO LÍQUIDO PULVERIZA DO (Qualidade)

Características das pontas de pulverização

A ponta de pulverização é um componente de fundamental importância em um pulverizador, pois dele depende a vazão e a qualidade das gotas produzidas. Dessa forma influência diretamente a qualidade da pulverização.

Existe uma grande variedade de pontas no mercado. Pontas que formam diversos ângulos de pulverização, que trabalham em pressões

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diferentes, que produzem gotas de vários tamanhos e que têm vazões diferentes.

São característica das pontas de pulverização

• Ângulo do Jato • Tamanho de gotas • Posicionamento • Durabilidade

A seguir veremos cada um desses ítens em detalhes.

Ângulo do jato

As pontas de pulverização são projetados para produzir os jatos de pulverização, com um dterminado ângulo em uma certa pressão.

À medida que se varia a pressão, varia-se o ângulo do jato de pulverização.

• Aumenta a pressão = Aumenta o ângulo do jato de pulverização. • Diminui a pressão = Diminui o ângulo do jato de pulverização

Os mais comuns no mercado são os de 80 e 110 graus, sendo que este último apresenta duas grandes vantagens:

• Possibilita trabalhar com a barra mais próxima do alvo, diminuindo a deriva.

• Menor influência, em termo de uniformidade de distribuição, pela oscilação da barra.

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Tamanho e espectro de gotas

Nas décadas passadas, pouca atenção se dava à uniformidade de distribuição durante as aplicações de produtos fitossanitários, pois se buscava molhar bem a cultura, o que se conseguia mediante volume de calda bastante alto.

Atualmente, entretanto, existe uma tendência em reduzir o volume de calda, visando diminuir os custos e aumentar a eficiência da pulverização. O uso de menor volume de calda aumenta a autonomia e a capacidade operacional dos pulverizadores e diminui os riscos de contaminação ambiental.

Assim, o conhecimento do tamanho das gotas pulverizadas tornou-se essencial, para garantir um recobrimento mínimo do alvo. Caso seja desejado que o produto aplicado recubra a maior parte da superfície-alvo, como no caso de tratamentos com produtos de contato, as gotas devem ser finas. Caso contrário, podem ser mais grossas, evitando problemas de deriva.

Os estudos têm mostrado que gotas menores que 100 mm são arrastadas com facilidade pelo vento, produzindo o fenômeno da deriva, e gotas maiores que 800 mm tendem a escorrer da superfície das folhas.

As gotas muito grandes, devido ao seu próprio peso, atingem o solo por escorrimento. As gotas pequenas possuem uma menor massa de líquido, podendo evaporar em condições de baixa umidade relativa ou serem carreadas pelo vento, provocando a perda de produto por deriva.

Atualmente, o diâmetro da mediana numérica (DMN), o diâmetro da mediana volumétrica (DMV) e o coeficiente de homogeneidade têm sido os parâmetros mais utilizados para caracterização de uma população de gotas.

O diâmetro da mediana numérica é o diâmetro que divide uma população de gotas em duas partes numericamente iguais. Deve ser analisado em conjunto com o diâmetro da mediana volumétrica (DMV), possibilitando a avaliação do espectro de gotas e do coeficiente de homogeneidade.

O diâmetro da mediana volumétrica é definido, segundo MATUO (1990), como o diâmetro que divide uma população de gotas em duas metades volumetricamente iguais. É de se esperar que o valor do DMV esteja mais próximo do limite superior das classes de diâmetros, pois o volume de poucas gotas grandes equivale ao de muitas gotas pequenas.

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Diâmetro da mediana volumétrica

Classificação das gotas em função do DMV, expresso em µm

DMV (µm) Classificação <100 aerossóis e névoas 100 - 200 gotas finas 200 - 300 gotas médias 300 - 425 gotas grossas > 425 gotas muito grossas

Fonte: WILKINSON et al., 1999.

O coeficiente de homogeneidade é definido pela relação entre o diâmetro da mediana volumétrica e o diâmetro da mediana numérica. Uma população de gotas é considerada homogênea quanto mais próximo de um for o valor do coeficiente de homogeneidade (MATUO, 1990). Para valores inferiores a 1,4 , o conjunto de gotas é considerado homogêneo. De acordo com CARRERO (1996), o coeficiente de homogeneidade varia de acordo com o tipo de bico.

Valores do coeficiente de homogeneidade

Tipos de Bico

Coeficiente de homogeneidade

Bico defletor ou de impacto

5 – 10

Bico tipo leque 2 – 5 Bico tipo cone 2 - 5

Fonte: CARRERO, 1996.

Já o espectro de gotas é a caracterização da pulverização em função das gotas de diferentes tamanhos produzidas pelo equipamento. O espectro seria homogêneo, se todas as gotas fossem do mesmo tamanho. Tendo gotas de tamanhos diferentes, o espectro é heterogêneo.

O espectro é considerado estreito, se a diferença entre as gotas maiores e menores for pequena; se essa diferença for grande, o espectro é amplo ou

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largo. A caracterização numérica do espectro pode ser feita utilizando-se os dados da avaliação da curva do percentual do volume acumulado em relação ao diâmetro das gotas.

Determinação do tamanho e espectro de gotas

A determinação do tamanho e espectro de gotas pode ser feita diretamente com as gotas no ar, ou por meio da medição indireta dos impactos produzidos pelas gotas em alvos artificiais. As medições indiretas simulam o impacto em alvos naturais e são importantes para estudo de escorrimento e de eficácia biológica.

Já as medições diretas são importantes para se avaliar o potencial de deriva das aplicações, sendo preferidas por muitos pesquisadores nos últimos anos, apesar do custo elevado, por apresentarem boa precisão e alta sensibilidade.

A determinação da dimensão das gotas pode ser feita utilizando várias técnicas, desde as mais antigas, que incluem os microscópios de bolso com um retículo, até as mais modernas, que utilizam raios laser.

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Classificação de pulverização por tamanho de gotas

VMD(µ) Classificação Capacidade de retenção

pelas folhas Uso

Suscetibilidade a deriva

< 50 Aerosol Boa Ocasiões específicas Alta 51 - 100 Neblina Boa Ocasiões específicas Alta 101 - 200 Fina Boa Boa cobertura Média 201 - 300 Média Média Maioria Baixa

> 300 Grossa Ruim Herb. Solo e Fertilizantes Muito baixa

Densidade de gotas X produtos Número de impactos

Produto Gotas/cm² Inseticida 20 a 30 Herbicidas (pré-emergentes) 20 a 30 Herbicidas (pós-emergentes) 30 a 40 Fungicidas (sistêmicos) 30 a 40 Fungicidas (de contato) > 70

Posicionamento das pontas

Os bicos devem ser colocados na barra com espaçamento iguais entre si, que podem ser de: 35 cm; 40 cm; 50 cm; etc.

Para se trabalhar com bicos de jato plano (leque) é necessário que estejam posicionados com um ângulo de 4º a 6º aproximadamente em relação a barra. As capas de engate rápido normalmente já fornecem essa angulação. Caso contrário, deve-se utilizar chaves apropriadas para isto.

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Dessa forma, ocorrerá o cruzamento necessário entre os jatos para manter a uniformidade da distribuição ao longo da barra, desde que se mantenha uma altura mínima compatível com o ângulo do jato. Vale lembrar que para pontas de jato cônico não é possível evitar este contato entre os jatos adjascentes, o que leva a menor uniformidade de distribuição.

Durabilidade das pontas

A durabilidade de uma ponta, depende muita da forma com trabalha essa ponta, levando em conta alguns aspectos, como:

Pressão

As pontas de "jato leque" são projetadas para trabalhar com baixa pressão, em uma faixa que varia entre 15 a 60 lbf/pol². Nas pontas do tipo jato cônico a faixa de trabalho varia entre 60 a 200 lbf/pol², acima disso essas pontas perdem sua características, sofrendo aumento de vazão e de ângulo, desgastando-se rapidamente.

Deve-se levar em consideração que quanto maior a pressão, menor é o tamanho das gotas, possibilitando a ocorrência de deriva.

Qualidade da água

Em relação a qualidade da água alguns ítens influenciam diretamente na durabilidade das pontas e também na eficiência dos defensivos aplicados, como:

• Porcentagem de elementos químicos como cloro, enxofre, cálcio, magnésio, entre outros.

• Deverá ser o mais limpa possível, ou seja, sem algas, areia, lodo ou qualquer tipo de matéria orgânica.

Tipo de produto

Os produtos usados na pulverização têm formulações bem variadas e dentre eles os pó-molhaveis e suspensão concentrada possuem abrasividade relativamente alta, devido as particulas sólidas que aceleram o processo de desgaste das pontas.

Limpeza das pontas

Não se deve utilizar instrumentos metálicos, como: agulhas, arames e nem tão pouco canivetes. Também é incorreto o uso de gravetos de madeira, pois acabam quebrando dentro do orifício da ponta. O correto é usar um instrumento que não danifique o orifício com um escova com cerdas de nylon (escova de dentes), ou ar comprimido.

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Material

A tabela abaixo mostra uma estimativa da vida útil da pontas de acordo com o material.

Vida útil estimada de pontas de pulverização de jato plano

Material de fabricação do bico

Vida útil (horas)

Cerâmica +400 Poliacetal 400 Aço inoxidável 400 Naylon 200 Latão 100

Troca de pontas

Durante a utilização dos bicos de pulverização, é importante atentar também para outro fator: os bicos devem ser trocados quando sua vazão diferir mais de 10% em relação a média de vazão de todos os bicos.

Identificação

Segundo a Norma ISO 10626, os bicos hidráulicos (pontas) à pressão de 3 bar devem ter as seguintes cores de identificação em função de sua vazão:

Código de cores da pontas hidráulicas Cor Laranja Verde Amarelo Azul Vermelho Marrom Cinza Branco Vazão (L/min) 0,4 0,6 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 3,2

Fonte: ISO 10625

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Com relação a designação dos bicos, existe uma variação quanto aos fabricantes e órgãos de pesquisa. Adiante seguem alguns exemplos utilizados:

Segundo a BCPC (British Crop Protection Council) tem-se:

F110/1.44/2.5

F: bico tipo leque (fan) 110: ângulo de abertura em graus 1.44: vazão nominal dos bicos (L/min) 2.5: pressão de trabalho (bar)

Algumas empresas utilizam apenas a designação

110 02

110: ângulo de abertura em graus 02: vazão nominal dos bicos a 40 lbf.pol² (10-1 gal/min)

Ponta tipo cone

Os bicos com pontas do tipo cone são formados pelas seguintes partes:

• corpo; • filtro; • caracol; • ponta; • porca de fixação.

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1. Bico tipo cone vazio

Os bicos do tipo cone vazio têm como característica uma deposição do líquido maior na porção mais externa do cone. Possuem um padrão de distribuição com menos líquido no centro, aumentando depois um pouco para voltar a cair bruscamente, nos extremos. Não são, em geral, recomendados para aplicação de herbicidas. São geralmente aconselhados para aplicação de inseticidas, fungicidas e dessencantes, em culturas com grande massa foliar, onde a penetração do jato e a cobertura são críticas.

Trabalham normalmente com uma pressão de 2 a 10 bar, produzindo um ângulo de 70º a 80º e gotas muito pequenas, o que favorece a deriva. São montados na barra portabicos com uma distância entre 0,25 m e 0,50 m, para permitir alcançar o volume necessário de fitossanitário por área tratada (CHRISTOFOLETTI, 199110). Também são recomendas para aplicação de fertilizantes foliares).

Como esses bicos trabalham a altas pressões, têm uma vida útil muito pequena quando são fabricados em latão. Por esta razão, os fabricantes preferem construí-los de material cerâmico, que propicia maior durabilidade.

Como característica principal, tem-se a boa capaciade de penetração e cobertura dos alvos, no entanto, em geral apresentam alto risco de deriva. Recentemente, lançou-se no mercado uma variável desta ponta com indução de ar, com isto, reduziu-se o risco de deriva, em função das gotas de maior diâmetro, no entanto, a cobertura ficou comprometida.

2 Bico tipo cone cheio

Os bicos do tipo cone cheio operam normalmente a baixas pressões (1 a 3 bar), produzindo gotas grandes e menos sujeitas à deriva, e um ângulo de abertura de 80º.

As gotas produzidas por esse tipo de bico são normalmente maiores que as de outros tipos, operando à mesma pressão. São recomendados para a aplicação de herbicidas sobre o solo ou sistêmicos. Para uma melhor uniformidade de distribuição na barra, recomenda-se que os bicos estejam montados com uma inclinação de 30 a 45º, em relação ao plano vertical (CHRISTOFOLETTI, 199110).

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Ponta tipo leque

Os bicos com pontas do tipo leque são formados pelas seguintes partes:

• corpo; • filtro; • ponta; • capa.

Os bicos tipo leque são os mais utilizados na área agrícola devido a sua diversidade de utilização.

Fonte: Empresa TeeJet

Produzem um jato plano à saída do bico, formando um ângulo característico em forma de leque.

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Apresentam uma concentração maior de líquido na parte central do jato, mas com boa uniformidade de distribuição do líquido, em função da sobreposição apropriada.

Esses bicos encontram-se normalmente no mercado com ângulo de abertura de 60, 80 e 110º, sendo mais comum os dois últimos. Quanto maior o ângulo formado pelo bico, menor é o tamanho das gotas, podendo ser montado a uma distância maior na barra portabicos.

São ideais para a aplicação de herbicidas em área total, onde se necessita maior uniformidade de distribuição. No entanto, atulmente também tem sido utilizado para aplicação de inseticidas e fungicidas com sucesso, de forma a evitar o risco de deriva nas aplicações com pontas de jato cônico vazio.

Operam melhor a pressão de 2 a 4 bar, permitindo uma cobertura mais uniforme. Utilizando pressões mais baixas é possível conseguir tamanho maior de gotas, para reduzir a deriva, mas a uniformidade de distribuição diminui. Para melhor uniformidade de distribuição ao longo de uma barra, recomenda-se uma sobreposição de aproximadamente 30%, em cada lado do jato.8

Existem outros modelos de ponta tipo leque que usam uma faixa maior de pressão. Também existem pontas de jato plano duplo, mais recomendados para aplicação em que se deseja boa cobertura e penetração entre as folhas. Para aplicação entre as linhas da cultura, ou sobre as linhas, existem as pontas tipo leque com perfil de distribuição uniforme (Even) ( ALBUZ, 199211).

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Ponta de impacto

Fonte: Empresa TeeJet

As pontas de impacto, da mesma forma que as pontas tipo leque, produzem um jato em forma de leque, com um ângulo de pulverização grande, variando de 110 a 140º.

O efeito de divisão do líquido em gotas produz-se pelo impacto do jato com uma superfície plana. Como possuem um orifício de saída circular, são menos sujeitos a entupimentos.

Possuem maior deposição de líquido nas extremidades do jato. Podem trabalhar a pressões muito baixas (0,7 a 1,8 bar), produzindo gotas grandes, diminuindo o problema da deriva.

Essas pontas são recomendados para a aplicação de herbicidas sistêmicos a baixo volume, bem como para aplicação utilizando pulverizadores costais de acionamento manual.

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Ponta de indução de ar ou arejadora

Fonte: Empresa TeeJet

As pontas com indução de ar têm como característica a produção de gotas grandes, contendo ar no seu interior, próprias para aplicação de produtos sistêmicos.

Consistem basicamente de um ponta, contendo no seu interior um venturi responsável pela aspiração do ar. Este é misturado com o líquido em uma câmara antes da formação do jato.

Algumas vezes tem-se observado o entupimento do orifício de entrada de ar, eliminando o efeito do borbulhamento. Isso tem ocorrido principalmente em locais onde o próprio movimento do trator causa excesso de poeira.

Vale ressaltar que ainda não se têm um bom entendimento sobre o processo de impacto da gota formada por essa pontas com o alvo, contudo sabe-se que a mesma ao impactar com o alvo quebra-se em pequenas gotas, melhorando a cobertura portanto, o simples fato de ter uma gota grossa não necessariamente implica em um tratamento ineficiente com a aplicação de inseticida e fungicida.

Calibração

Ao final desse módulo você será capaz de: *Aprender a teoria da calibração de pulverizadores *Adequar a regulagem do pulverizador ao receituário agronômico

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Calibração

Para se fazer a calibração dos aplicadores de agroquímicos, é importante determinar alguns parâmetros, tais como:

Volume ou taxa de pulverização (Q)

O volume de pulverização, ou a quantidade de calda (água + defensivo) aplicado uniformemente por unidade de área, depende de:

• Tipo de equipamento; • Tipo de produto químico; • Estágio de desenvolvimento da cultura; • Formulação do produto químico; • Condições climáticas.

O volume de pulverização pode ser calculado, utilizando a fórmula:

em que: Q - volume de pulverização (L/ha) q - vazão por bico ou do total de bicos (L/min) v - velocidade de trabalho (km/h) f - faixa de pulverização por bico ou total dos bicos (m)

NOTA: Quando for utilizado a vazão por bico, a faixa de pulverização considerada deverá ser correspondente à produzida por um bico apenas. Quando se utilizar a vazão total, a faixa de pulverização deverá ser correspondente ao comprimento da barra.

A quantidade de produto químico a ser colocada no tanque será calculada pela fórmula:

em que: Pr - quantidade de produto químico por tanque (kg ou L) Ct - capacidade do tanque (L)

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Q - volume de pulverização (L/ha) D - dosagem de defensivo (kg/ha ou L/ha)

Faixa de pulverização (f)

É a largura da faixa tratada por um bico ou bocal atomizador, a cada passada do pulverizador, medida no solo. Mede-se a faixa de pulverização conforme os exemplos a seguir:

Pulverizador costal

A faixa de pulverização por bico é igual ao espaçamento entre duas passadas sucessivas, em metros.

Faixa de pulverização em culturas anuais (Fonte: Jacto S. A.).

Aplicação de defensivos em culturas anuais

A faixa pulverizada pelo pulverizador costal é igual à largura tratada pelo bico

. No caso do pulverizador costal motorizado a faixa de pulverização é determinada medindo-se a largura aplicada entre cada passada.

Aplicação de defensivos em culturas perenes

A faixa de pulverização é igual à metade do espaçamento entre as linhas da cultura, em metros.

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Faixa de pulverização em culturas perenes (Fonte: Jacto S. A.).

Pulverizador de barra

A faixa de pulverização é igual a distância entre os bicos montados na barra do pulverizador.

Faixa de aplicação do pulverizador de barra.

Atomizador tipo canhão de ar

A faixa de pulverização é igual à distância entre cada passada em metros. O alcance do jato atomizador é estabelecido pelo fabricante ou em ensaio de campo.

Métodos práticos de calibração

Antes de realizar a calibração de qualquer pulverizador é importante verificar:

• Funcionamento da bomba hidráulica; • Condições dos filtros; • Estado dos bicos;

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• Funcionamento dos registros ou regulagem da vazão; • Funcionamento dos manômetros ou registros de regulagem da

pressão; • Estado das tubulações; • Funcionamento dos agitadores, etc.

Faixa de pulverização do atomizador tipo canhão (Fonte: Jacto S. A.).

Atomizador tipo cortina de ar (turbo-atomizador) A faixa de pulverização é igual ao espaçamento entre as linhas da cultura, em metros.

Faixa de pulverização do atomizador cortina de ar (Fonte: Jacto S. A.).

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Calibração do pulverizador costal manual

Para se fazer a calibração do pulverizador costal, deve-se seguir os seguintes passos:

1o) Marcar uma área igual a 100 metros quadrados (10 m x 10 m); 2o) Encher completamente o tanque do pulverizador;

Demarcação da área (Fonte: Jacto S. A.).

3o) Aplicar na área, por faixa, usando uma cadência igual a de trabalho; 4o) Medir a quantidade aplicada; 5o) Determinar o volume de pulverização aplicando a seguinte fórmula:

em que: Q – volume de pulverização (L/ha) V - volume gasto na área (L)

Calibração do pulverizador de barra

Parte I - Trator em movimento

1o) Marcar um percurso de 30 a 50 metros; 2o) Escolher a velocidade para aplicação; 3o) Regular a rotação da TDP em 540 rpm; 4o) Determinar o tempo gasto, em segundos, para percorrer o percurso.

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Demarcação do percurso.

Parte II - Trator Estacionado

1o) Com a mesma aceleração, regular a pressão dos bicos; 2o) Coletar o volume por bico no tempo gasto para percorrer o percurso; 3o) Calcular o volume aplicado, utilizando a fórmula:

Ou então use o seguinte cálculo:

Área = f x 50 m.

Logo, tem-se:

Correções necessárias

a) Volume de aplicação abaixo do desejado:

• Aumentar a pressão nas pontas (dentro da faixa recomendada para cada ponta);

• Diminuir a velocidade; • Trocar as pontas utilizados por pontas de maior vazão.

b) Volume acima do desejado:

• Diminuir a pressão; • Aumentar a velocidade de deslocamento; • Trocar as pontas utilizados por pontas de menor vazão.

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Obs. De forma geral, se o volume de pulverização diferir mais de 25% do volume desejado, trocar as pontas, caso contrário, alterar a pressão de trabalho e a velocidade de pulverização. Em geral, os agricultores no campo dispõe de um recipiente graduado que dispensa a realização do cálculos, fornecendo uma leitura direta do volume de pulverização.

Aplicação aérea *Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer os princípios básicos da aplicação aérea *Compreender as potencialidades e os riscos da aplicação aérea

Aplicação aérea*

A aviação agrícola possui um papel fundamental no aumento de ganho de produtividade, pela sua natureza de rápida e eficaz cobertura. O avião agrícola, nada mais é que uma máquina aplicadora como qualquer outra, porém apresenta particularidades, não apenas por ser uma máquina que voa, mas pelas características dinâmicas envolvidas na aplicação.

Sem dúvida, a aplicação aeroagrícola funciona e é uma ferramenta valiosa na agricultura, quando realizada dentro de critérios técnicos bem definidos e acompanhada por pessoal técnico especializado.

O uso de aviões para fins agrícolas começou antes da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente o número de aeronaves era pequeno. Empregavam-se aviões militares modificados. Com o tempo a atividade foi se desenvolvendo e no final da década de 40 surgiu o primeiro avião projetado e construído para fins agrícolas.

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A aplicação aérea, assim como a aplicação terrestre, apresenta vantagens e desvantagens. Como principal vantagem tem-se a grande capacidade operacional, isto é, a possibilidade de tratamento de grandes áreas em pequeno tempo.

Como conseqüência deste alto rendimento, possibilita também a realização do tratamento no momento mais oportuno para o controle seja de plantas daninhas, de doenças ou de insetos.

Além disso, evita a compactação do solo e as injúrias às culturas, tão freqüentes nas aplicações tratorizadas. Estima-se uma perda causada pelo amassamento das plantas de até 5% do rendimento, dependendo da cultura. No entanto, se operação não for bem executada, dentro dos parâmetros técnicos recomendados, a aplicação aérea pode causar a deriva dos defensivos (arrastamento pelo vento) para áreas vizinhas.

Além disso, como o volume de pulverização (água + defensivo) é bastante reduzido, muitas vezes inferior a 40 litros por hectare, a dificuldade de cobertura do alvo é maior e, portanto, requer estratégias que assegurem a boa deposição e cuidado redobrado com as condições climáticas durante as aplicações.

Um fator bastante controverso com relação a aplicação aérea refere-se ao custo. De forma simplista o custo da aplicação aérea é superior ao da terrestre. No entanto, se forem computados os custos de amassamento e compactação, esta relação se inverte.

Estas generalizações, porém, são bastante perigosas, pois dependem de cada situação. Um fator que influencia bastante é a distância da área a ser aplicada até a pista de decolagem. Quanto maior for esta, mais onerosa será aplicação. Outro fator que limita a aplicação aérea é a presença de muitos obstáculos na área e relevo muito acidentado.

Outra controvérsia com relação ao uso do avião agrícola é que o mesmo somente é viável em grandes áreas. Contudo, se as áreas forem próximas à pista de pouso, a aplicação é viável mesmo em pequenas áreas. Deve ficar claro que tanto a aplicação aérea, como a terrestre, são eficientes e têm seu campo de aplicação.

Ninguém irá recomendar que se encostem pulverizadores tratorizados e autopropelidos nos galpões, quando os mesmos puderem trabalhar, e se contratem empresas de aviação agrícola para fazer as aplicações de defensivos.

No entanto, quando a capacidade operacional instalada de máquinas não for suficiente, ou as condições climáticas não forem favoráveis, como longos períodos chuvosos que empeçam a entrada de tratores, a aplicação aeroagrícola é uma boa opção, tanto do ponto de vista econômico, como do ponto de vista técnico.

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As duas formas de aplicação apresentam vantagens e desvantagens. Estas devem ser bem avaliadas e contornadas utilizando-se de técnicas adequadas. As aeronaves agrícolas vêm apresentando melhorias contínuas, de forma a promoverem aplicações mais eficientes e mais seguras do ponto de vista ambiental.

A indústria química também tem auxiliado na segurança das aplicações. Produtos químicos (adjuvantes) têm sido desenvolvidos para serem aplicados junto com os defensivos agrícolas, permitindo menor risco de evaporação e perda por deriva.

Portanto, a aplicação aérea é uma importante ferramenta que os agricultores podem e devem se utilizar para obter o sucesso tão desejado.

Características importantes da aeronave agrícola

O emprego de aviões com fins agrícolas iniciou em todo mundo de forma improvisada, com a adaptação de aviões principalmente militares. No entanto, com o aumento de sua utilização, os projetistas passaram a desenvolver aeronaves especificamente agrícolas, visando entre outras coisas tornar a operação mais eficiente e segura.

As características consideradas desejáveis em um avião agrícola são:

• Grande capacidade de carga, o que requer motor de grande potência, fuselagem aerodinamicamente “limpa” e redução do peso do avião vazio;

• Ser capaz de decolar, atingindo 16 metros de altura, a partir de pistas semi-elaboradas, consumindo não mais de 400 metros de distância, ao nível do mar;

• Velocidade de cruzeiro em torno de 160 km/h (100 mph), combinada com baixa velocidade de stol (65 – 100 km/h) (velocidade de mínima sustentação);

• Boa estabilidade e manobrabilidade, especialmente em curvas, e o sistema de comando do equipamento agrícola deve requerer pouco esforço do piloto, de forma a reduzir fadiga;

• Visibilidade o mais irrestrita possível, para frente a para trás, bem como visibilidade lateral, especialmente nas curvas;

• Para proteção, em caso de acidentes, é considerado essencial que o motor e o tanque de produtos agrícolas possam estar colocados à frente da cabine, e uma estrutura especial da fuselagem, forte o suficiente, deve proteger o piloto de danos físicos, mesmo quando houver “pilonagem” do avião (capotar o avião para frente);

• Outros itens de segurança importantes incluem controles e comandos simples, de fácil identificação manual, e suspensórios de segurança, retráteis e com fixação segura na fuselagem do avião, além da ausência de protuberâncias, saliências e alavancas pontiagudas;

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• Cabine vedada, impedindo a penetração de gases e vapores dos produtos aplicados;

• Os produtos líquidos devem poder ser colocados no tanque por tubulações a partir do fundo do tanque. Os produtos sólidos podem ser colocados pela abertura superior do tanque de produtos, sendo que, neste caso, a abertura deve ser de grandes dimensões;

• O revestimento da fuselagem do avião deve permitir fácil e rápida inspeção da estrutura, motor e equipamento agrícola, bem como fácil e rápida limpeza e lavagem de todo o avião, interna e externamente;

• O projeto e construção devem visar a facilidade de manutenção, e os materiais utilizados devem ser resistentes à corrosão, típica do uso.

Costuma-se subdividir as aeronaves agrícolas em duas categorias (Monteiro, 20069):

• Aeronaves agrícolas leves: aeronaves com motores de potência abaixo de 300 HP e capacidade de carga abaixo de 1000 litros.

• Aeronaves agrícolas pesadas: aeronaves com motores de potência superior a 300 HP, podendo chegar a 1200 HP, e capacidade de carga acima de 1000 litros, chegando a 3000 litros em equipamentos destinados ao combate a incêndio florestal.

É importante frisar também que, apesar do uso em menor escala, as aplicações aéreas podem ser feitas por helicópteros, também chamados de aeronaves de asa móvel. Eles não necessitam de velocidade de deslocamento linear para adquirir força de sustentação.

Nestes equipamentos, de forma similar as aeronaves de asa fixa, também há um vórtice de ponta de asa, que pode prejudicar a uniformidade de distribuição, caso a colocação dos bicos ou atomizadores na barra não seja feita de forma adequada. No entanto, o efeito “downwash” promovido pelas hélices do rotor, aliado às velocidades mais baixas, favorece a deposição das gotas no alvo e a minimização da deriva.

Em geral, o custo de aplicação e manutenção de helicópteros é superior aos aviões, no entanto, eles apresentam vantagens como facilidade de trabalho em pequenas áreas e áreas com topografia irregular, possibilidade de emprego em tarefas não relacionadas ao meio agrícola em épocas de pouca utilização, boa manobrabilidade, que evita a aplicação em áreas não-alvo e facilidade de pouso e decolagem. Sem dúvida, a aplicação com helicóptero apresenta grande potencial, como por exemplo em grandes áreas de reflorestamento.

Quantick32(1990) destaca em seu livro “Manual del piloto agrícola” que a técnica de vôo agrícola exige do piloto agrícola uma habilidade e um campo de conhecimento bastante diferenciado de outros tipos de pilotos, pois estes, além da operação na condução da aeronave, tem que ter conhecimentos sobre os produtos a serem aplicados, seus riscos de manipulação, exigências técnicas necessárias à correta pulverização e todos os aspectos que minimizem os problemas de contaminação ambiental.

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O avião agrícola brasileiro

A aeronave agrícola (EMB) “Ipanema”, fabricada pela Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER) – fez o seu vôo inaugural em 31 de julho de 1970 e, desde então, é o único avião agrícola em escala comercial de fabricação nacional. Existem atualmente novas propostas em desenvolvimento de novas aeronaves por outros fabricantes, tais como a IPE e a KLAUSS, que pretendem lançar no mercado modelos agrícolas .Em produção experimental há a Empresa ASA, em Minas Gerais, que produz o modelo Falcão, mas de uso restrito.

O Ipanema foi fabricado em diferentes versões ao longo do tempo, todas com a mesma fuselagem básica, tendo sofrido alterações, de modelo a modelo, principalmente no motor (potência e tipo de combustível), hélice, perfil de asa e sistema de comandos. Assim, o primeiro Ipanema lançado - EMB-200 – era equipado com motor a carburador de 260 HP e hélice de passo fixo.

Avião agrícola brasileiro Ipanema. Fonte: Wellington P. A. Carvalho.

Seguiu-se a este, o modelo EMB-200A, com o mesmo motor, porém, com hélice de passo variável. O EMB-201, terceira versão da série, foi equipado com motor mais potente – 300HP – com injeção direta de combustível, e o EMB-201A foi basicamente o mesmo avião, porém incorporando aperfeiçoamentos no sistema de comandos e no perfil de asa.

Atualmente, o Ipanema é produzido pela subsidiária da EMBRAER, a Indústria Aeronáutica Neiva S.A., sediada em Botucatu, SP. A partir de 1992, a Neiva iniciou as entregas de seu modelo mais recente, o EMB-202, descontinuando a produção do EMB-201A. O EMB-202 incorporou várias e importantes modificações em relação aos modelos anteriores, tendo a destacar os seguintes aspectos:

1. Ampliação do tanque de produtos com maior volume, de 680 litros para 950 litros, mantida a mesma capacidade em peso (750 kg). Este

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aumento permitiu proporcionar um melhor aproveitamento da capacidade de carga quando das aplicações de produtos com baixo peso específico, em especial sementes;

2. Inclusão de amortecedores do trem de pouso com pastilhas de poliuretano;

3. Incorporação do sistema agrícola com acionamento eólico, com melhoria no desempenho das bombas e redução do arrasto aerodinâmico.

4. Motor: Lycoming, 320 HP, 2.700RPM, 6 cilindros (Motor a álcool) e Lycoming, 300 HP, 2.700RPM, 6 cilindros (Motor a gasolina).

Os aviões agrícolas produzidos pela indústria brasileira saem de fábrica com perfis de asa dotados de winglets. Este perfil de ponta de asa proporciona menor turbilhonamento nas extremidades da asa, o que resulta numa melhor qualidade na uniformização das faixas de pulverização.

Equipamentos para aplicação por via líquida

Na aplicação de produtos químicos, dois conceitos são importantes e definem as ações e procedimentos operacionais em qualquer tipo de operação: pulverização e aplicação. Pulverização tem sido atribuída ao processo de geração de gotas, que sofre influência do tipo de bico/atomizador, tipo de ponta, pressão de trabalho, angulação da barra em relação ao vento relativo, volume de calda, tipo de produto e calda trabalhada.

Na aplicação, fatores como condições meteorológicas (vento, umidade relativa e temperatura), arquitetura da planta, estágio de crescimento e altura

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de vôo têm uma influência significativa seu sucesso. Portanto, pulverizar adequadamente é tão importante quanto aplicar corretamente.

A deposição do produto no alvo é importante para o sucesso de uma aplicação. Desde o momento em que a gota é gerada no equipamento aplicador, inicia-se o processo denominado de aplicação, que representa o deslocamento das partículas até o alvo. Neste caso, o alvo poderá estar posicionado nos mais diversos locais, nas partes inferiores ou superiores de uma planta. Isto faz com que seja necessário diferenciar o tamanho de gotas geradas, a fim de se conseguir obter a deposição efetiva do produto.

Para isso, é necessário então que ocorra uma cobertura com densidade apropriada, dependendo da natureza do produto e objetivo da aplicação. Se for realizada uma aplicação de um produto que atue por contato, por exemplo, uma maior cobertura será necessária.

Em uma aeronave agrícola, o circuito hidráulico para a aplicação de produtos por via líquida é semelhante a um pulverizador terrestre. Inclui: depósito (chamado de hopper), bomba, válvulas de controle, manômetro, filtros e elementos pulverizadores. Os elementos pulverizadores são os responsáveis pela quebra do liquido em gotas de tamanho determinado. Em geral, os equipamentos mais usados são os que utilizam energia hidráulica e os que utilizam energia centrífuga.

Os bicos hidráulicos são dispostos numa barra, de seção circular ou com formato aerodinâmico, colocada atrás e abaixo do bordo de fuga das asas. Eles podem ser de jato plano ou de jato cônico, inclusive semelhantes aos empregado em aplicações terrestres. A escolha do tipo de ponta a ser instalada na aeronave está intimamente relacionada ao tipo de gota necessária.

Quando a gota é gerada, há a necessidade então de se levar as partículas de forma segura ao alvo, e todo o produto que não atinge este alvo, irá se constituir em perda, aumentando os a contaminação ambiental e ampliando os custos de controle. Em geral gotas de menor diâmetros são mais indicadas para uma boa cobertura do alvo, no entanto estão mais sujeitas ao processo de deriva.

Com o objetivo de se reduzir a deriva, uma das opções de escolha indicará a necessidade de geração de gotas maiores, no entanto, somente o diâmetro de gota e volumes não são suficientes para se manter uma boa aplicação; é necessário também que se observe as condições meteorológicas, estágio de desenvolvimento da planta entre outros fatores.

Alguns destes fatores podem influenciar na qualidade da pulverização produzida em uma aeronave agrícola (CHRISTOFOLETTI, 199934 ):

• Tipo de bico de pulverização (jato sólido, plano ou cônico); • Pressão de pulverização; • Vazão do bico; • Velocidade do ar (velocidade de vôo); • Orientação do bico (em relação ao fluxo de ar);

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• Velocidade relativa líquido / ar.

A mudança da angulação do bico em relação ao vento relativo altera de forma significativa o tamanho de gotas nas aplicações por via aérea, em virtude do impacto de saída das gotas em relação ao vento relativo.

Tamanho de gotas na pulverização aérea em função da posição do bico em relação ao fluxo de ar. Fonte: Christofoletti, 2005.

Outro sistema muito utilizado para quebrar o liquido em gotas são os atomizadores rotativos. Nestes equipamentos, o tamanho da gota é obtido pela rotação de telas ou discos do equipamento. Maiores rotações implicam em menores tamanho de gotas Nestes casos a pressão interfere no volume aplicado e não diretamente na qualidade da gota gerada, que fica sob a influência da rotação obtida.

Esta por sua vez, em geral depende do ajuste do ângulo das pás. Os atomizadores rotativos são equipamentos que necessitam de elevada precisão de fabricação. Uma de suas caracteristicas, que os diferenciam dos bicos hidráulicos, é formação de gotas com espectro de gotas estreito, isto é, com uma amplitude de tamanhos pequena.

Esta caracteristica é importante e vantajosa para esses equipamentos, pois permite aplicações mais técnicas, com possibilidade de menores perdas de produto, seja por gotas excessivamente grandes ou pequenas.

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Costuma-se subdividir os atomizadores rotativos em dois grupos: atomizadores de tela e de discos. Nos atomizadores de tela, como o “Micronair” fabricado pela Micron Sprayers, um cilindro de tela gira sobre um eixo fixado em um suporte, por meio da ação do ar em movimento que incide nas pás de hélice.

O líquido é conduzido então a esta tela, após passar pela unidade de restrição variável (VRU), responsável pelo ajuste da vazão do líquido. Já os atomizadores rotativos de discos, de forma simplificado, permitem a quebra do líquido em gotas, após este ser lançado sobre um ou mais discos que giram acionados eletricamente ou, mais comumente, acionados pela movimentação do ar em relação a pás de hélice presentes no equipamento.

O líquido chega ao centro de um disco rotativo através de um bico e se distribui ao longo da parede interna e estriada. Graças ao giro, o líquido sobe as paredes do disco depositando-se em sua periferia, onde pela força centrífuga se rompe em pequenas gotas que saltam para o exterior do disco.

Existem três regimes de formação de gotas em discos rotativos: molhando-se o disco com um líquido, há a formação de gotas diretamente nos bordos. Aumentando-se mais a quantidade de líquido, há a formação de filetes líquidos nos bordos, de cujas extremidades se formam as gotas. Molhando-se ainda mais o disco, isto é, encharcando-o, há a formação de lâmina líquida e a desintegração da mesma, formando-se as gotas.

Alguns benefícios da pulverização centrífuga podem ser citados:

a) Aplicação controlada de gotas

O método convencional de pulverização munido de bicos hidráulico apresenta um espectro no tamanho de gotas em geral variando desde 20 a 600 micras. Muitas gotas são pequenas, as quais evaporam ou derivam da superfície alvo; e muitas são grandes e contém grande parte da solução do defensivo agrícola.

Em virtude disso, desenvolveram-se os pulverizadores centrífugos que, em alguns casos, receberam um novo termo: aplicação de gotas uniformes (do Inglês “Controlled Drop Application” e abreviado como CDA).

Desta forma os atomizadores rotativos, no regime adequado de trabalho produzem gotas cuja uniformidade atende a uma das condições para ser enquadrado como CDA, com coeficiente de dispersão (relação VMD/NMD) menor que 1,4. Entretanto, se a vazão for excessiva, essa uniformidade não será atingida.

Devido a uma série de circunstâncias, muitas pessoas têm a idéia de que o CDA refere-se a aplicação de herbicidas feita com disco rotativo. Entretanto, o conceito de CDA independe do equipamento aplicador e do produto aplicado. Uma aplicação com um bico eletrostático pode ser considerado CDA, se o tamanho de gotas estiver correto.

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Além disso, nem toda aplicação com atomizador rotativo pode ser considerada como CDA. Sendo a pulverização constituída de gotas eficientes, sem as excessivamente grandes ou pequenas, o volume de aplicação pode ser reduzido ao mínimo.

b) Aplicação a baixo e ultra baixo volume

O pequeno tamanho das gotas que podem ser formadas e a grande uniformidade de tamanho de gotas permitem que se faça tratamento com dose de até cinco litros por hectare. Isso constitui uma grande economia de água e tempo, reduzindo os tempos perdidos com o recarregamento dos reservatórios.

Detalhe de um atomizador rotativo de tela e de disco

Ajuste do atomizador rotativo de tela “Micronair”

Para que se possa possa ajustar o equipamento visando a obtenção de um determinado tamanho de gota, alguns passos devem ser seguidos:

• Verificar na bula do produto ou na recomendação técnica, qual o tipo de gota necessária. Uma vez escolhido o tamanho das gotas para atender determinada situação, alguns procedimentos devem ser obedecidos para ajuste das pás do Micronair, utilizando-se das tabelas fornecidas pelo fabricante;

• No eixo do “y”, demarcar o tamanho de gota escolhida; • Traçar uma reta até coincidir com a curva; • Descer até o eixo “ x “ e verificar a rotação necessária do equipamento

para se obter o tamanho adequado.

Uma vez definida a rotação necessária para obtenção do tamanho de gota, o próximo passo é encontrar qual a angulação a ser colocada no equipamento, rotação esta que será responsável diretamente pelo tamanho de gota desejado. Uma segunda etapa em um outro gráfico é necessária para isto.

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Nele posicionamos a velocidade da aeronave (4º passo) no eixo “x” e a rotação necessária (5º passo) no eixo “y”, a partir daí obtem-se um ponto (6º passo) no gráfico e, seguindo em direção (7º passo) a interseção em uma das curvas (8º passo), em função do volume desejado, determina-se a angulação que será responsável pela rotação que promoverá a gota com o tamanho desejado.

Ajuste de rotação do atomizador rotativo de tela “Micronair”

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Determinação da angulação das pás do “Micronair” AU-5000/2. Fonte: OZEKI e KUNS, 1994.35

Testes de deposição de gotas

Os testes de deposição são realizados com objetivo de avaliar os níveis de deposição e cobertura e verificar as distâncias necessárias de passagem para a obtenção de uma sobreposição que forneça as menores variações ao longo da faixa tratada.

Geralmente, estas avaliações são feitas com auxilio de programas computacionais que facilitam as contagens dos depósitos nos papéis hidrossensíveis para posterior análise. Também é importante nestes testes avaliar o espectro de gotas.

O primeiro passo é determinar o grid de amostragem e o planejamento do ensaio. Em geral, utilizam-se papéis hidrossensíveis colocados a uma distância de 1 metro entre cada um, em uma faixa transversal à passada do avião, com uma largura próxima ao dobro da largura esperada.

O avião deve voar com vento de través. Feito isso, procede-se a contagem e determinação de tamanho de gotas.

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Esquema de ensaio de faixa de deposição.

Pulverização eletrostática

Dentre as novas tecnologias disponíveis para uso comercial, visando à redução na contaminação ambiental, está o sistema de pulverização eletrostática para aeronaves agrícolas, que consiste em carregar as gotas promovendo uma atração ao alvo, e com isso uma redução significativa de volume de calda aplicada e ingrediente ativo.

Neste sistema, as gotas são produzidas por bicos de pulverização e são carregadas eletricamente por meio de eletrodos que recebem altas voltagens. Este processo permite que partes do alvo de difícil acesso sejam cobertas pelas gotas.

Nas pulverizações eletrostáticas agrícolas, as gotas têm sua carga alterada pelo acréscimo ou retirada de elétrons ocasionados por um campo

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elétrico gerado por anéis de indução, que envolvem os bicos de pulverização, ligados a um gerador. Gotas finas (em torno de 150 µm) têm maior potencial para serem utilizadas nestes sistemas, pois permitem uma maior razão carga/massa (expressa em milioulumbs por quilograma de líquido carregado).

As diferentes formulações e a adição de adjuvantes também influenciam no processo de eletrificação das gotas, devendo ser considerado na hora de regular o equipamento. O equipamento “Spectrum Eletrostatic Aerial Spray System” utiliza um sistema de alta pressão 483 kPa (70 PSI) para aplicações em baixo volume (10 L/ha), que carrega com carga eletrostática todas as partículas produzidas pelo sistema de pulverização da aeronave.

Utilizando a bateria do avião, ele emprega o sistema bipolar de indução eletrostática que produz cargas de polaridade oposta em cada uma das barras. Desta forma, o efeito que tornaria o avião eletricamente carregado (efeito corona), se fosse produzida apenas um tipo de carga, é compensado pela geração de duas cargas opostas que se neutralizam quanto atingem as mesmas intensidades (SCHRODER, 200236).

Para um bom desempenho deste sistema, alguns testes mostram que a altura de vôo não deve ser superior a 3 m, em geral pouco menor do que o recomendado para sistemas convencionais. Isso tem como objetivo evitar que as gotas evaporem e aumentar a atração pelo alvo. Apesar de ser um sistema que ainda requer estudos, tem grande potencial para tornar as aplicações mais eficientes, tecnicamente e economicamente, e ambientalmente seguras.

Sistema eletrostático para aeronaves agrícolas. Fonte: Wellington P. A. Carvalho

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Efeito da aerodinâmica na aplicação aérea: vórtices de ponta de asa e de hélice

Em razão das diferenças de pressão, quando a aeronave está voando, da tendência de equilíbrio entre as pressões das partes inferiores e superiores da asa e dos efeitos aerodinâmicos há a geração de uma turbulência nas extremidades das asas, turbulência esta denominada de vórtices.

Essas turbulências ficam mais evidenciadas em condições de estabilização atmosférica e à operação em vôos baixos. Uma alternativa encontrada para minimizar o vórtice de asa é a limitação do comprimento da barra de pulverização a ser colocada na aeronave.

A distribuição dos bicos ao longo da barra não deve ser superior a 75% da semi-envergadura. Além disso, visando minimizar estes efeitos, melhorar a performance da aeronave, diminuir o arrasto aerodinâmico e uniformizar a deposição, novas barras porta-bicos com perfis aerodinâmicos estão sendo desenvolvidas, juntamente com adoção de sistemas especiais junto a ponta da asa, conhecidos como wing-lets ou ag-tips.

No caso de atomizadores rotativos, sua distribuição ao longo da asa também é muito importante. Os fabricantes recomendam o número de atomizadores por aeronave e suas posições ao longo da barra de forma a evitar o vórtice de asa de hélice.

Efeito da aerodinâmica na aplicação aérea.

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O vórtice de ponta de asa causa a movimentação do ar nas extremidades das asas do avião. Por isso, os elementos pulverizadores não devem ser colocados nas extremidades. O vórtice de hélice tende a concentrar a neblina em um lado do avião. Assim, é necessário estudar a altura de vôo e a posição de colocação dos bicos junto ao corpo do avião para reduzir o coeficiente de variação da distribuição transversal.

Balizamento de áreas

A orientação nas áreas de aplicação é fundamental para o sucesso de uma boa e segura operação. Nos procedimentos de orientação, um estudo detalhado da área a ser aplicada, definição de sentido de vôo, observação de ventos predominantes e culturas sensíveis e determinação de distâncias legais a serem respeitadas de acordo com a legislação específica de aviação agrícola, visando um melhor e maior rendimento operacional, devem ser evidenciados.

Na avaliação dos fatores de riscos operacionais ao piloto e ao meio ambiente, exigem-se cuidados redobrados a todos os envolvidos neste processo. Em condições de campo, o técnico executor de aviação agrícola sob a orientação de um coordenador (engenheiro), deverá efetuar um croqui da área, plotar os pontos de perigo (redes, árvores na linha de tiro, posicionamento do sol, obstáculos, estradas, etc.), além de definir como deverão ser executada as operações.

Há diferentes formas de orientação. Durante muitos anos, a orientação foi realizada quase que exclusivamente por sinalizadores em terra, conhecidos como “bandeirinhas”. Este processo, apesar de ser facilmente maleável na questão operacional, trazia sérios inconvenientes, como a necessidade de treinamento intensivo dos marcadores, possibilidade de contaminação destes bandeirinhas, caso não fosse seguido cuidados principalmente na saída quando da aproximação das aeronaves, necessidade de uso de vestimentas apropriadas e observação do sentido de deslocamento do vento no posicionamento dos bandeiras. Estes problemas aumentavam principalmente em áreas irregulares, em culturas de porte alto, grandes extensões, áreas acidentadas, etc.

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Sentido de vôo em função do vento. Fonte: Akesson e Yates37

(1975)

Com o objetivo então de substituir o processo de balizamento humano, surgiu inicialmente o balizamento semi-automatizado, onde fitas do tipo “serpentina” eram acondicionadas num tubo e sob o comando do piloto, estas eram lançadas sobre a área. Tal balizamento apresentava a possibilidade da substituição dos balizadores humanos, mas a sua precisão de orientação nem sempre permitia uma qualidade dos ajustes de faixa.

Este método foi completamente substituído pelos novos e eficientes métodos de balizamento adotados com o surgimento das barras de luzes acopladas ao sistema de GPS e DGPS. A barra de luz é um equipamento utilizado para a orientação do operador durante uma operação agrícola, de forma que o mesmo possa se localizar no campo de forma precisa.

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Sistemas de balizamento. Fonte: Manual do fabricante (a) Airtractor e (b) Embraer.

Detalhe de um sistema de barra de luz instalado numa aeronave agrícola para balizamento.

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Quimigação Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer os princípios básicos da quimigação *Compreender as vantagens e desvantagens deste método

Quimigação

A pulverização convencional (costal e tratorizada) é a técnica de aplicação de agroquímicos mais difundida, graças à flexibilidade que oferece em distintas situações de campo. Atualmente, entretanto, a quimigação, vem se difundindo bastante. A aplicação de produtos químicos e biológicos na lavoura por intermédio da água de irrigação, também conhecida como quimigação (do inglês chemigation), está se intensificando por parte dos produtores que dispõem de equipamentos de irrigação, pois é técnica eficaz na aplicação de muitos produtos com um custo mais baixo em relação aos métodos convencionais.

Produtores rurais de diversos países já fazem uso desse método de aplicação com sucesso, mas, muitas vezes, sem o devido respaldo da pesquisa. Muitos produtores, por sua conta e risco e com base nas próprias observações, estão fazendo aplicações de agroquímicos sem o conhecimento dos riscos ambientais que essa tecnologia, quando utilizada de maneira inadequada, pode acarretar.

A cobertura obtida nos tratamentos fitossanitários é de forma direta responsável pelo sucesso no controle de pragas, de doenças ou de alguns

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problemas que causam prejuízo à cultura. Em geral, na quimigação a uniformidade de distribuição do agroquímico acompanha a uniformidade de distribuição da água, daí resulta a importância do manejo adequado do sistema de irrigação.

Diversos agricultores estão aplicando quantidade de produto muito superior à necessária, de maneira a “compensar” o grande volume de água aplicado. Soma-se a isso, o fato de que, muitas vezes, os próprios profissionais de extensão rural não conhecem o real efeito dos defensivos agrícolas existentes no mercado quando aplicados via água de irrigação.

Os mais diversos tipos de produtos, entre eles os herbicidas, os inseticidas e os fungicidas são passíveis de serem aplicados via irrigação. Assim, surgem os termos herbigação, insetigação e fungigação.

É tecnologia relativamente nova, pois começou a ser usada com mais intensidade, nos Estados Unidos, na década de 70. Em 1958, foi feito o primeiro registro de aplicação de fertilizante comercial por meio da irrigação por aspersão (BRYAN e THOMAS JR., 195824).

Com a evolução dos sistemas de irrigação, a introdução de novos defensivos no mercado, o aumento crescente do custo da mão-de-obra e a necessidade de elevar a eficiência dos insumos agrícolas, criou-se grande expectativa em relação à utilização dessa tecnologia.

De maneira geral, os sistemas de irrigação por aspersão, principalmente o pivô-central e os sistemas lineares, são os mais adequados a essa tecnologia, enquanto a irrigação por superfície limita-lhe o uso.

Os sistemas de irrigação por aspersão são os mais adequados por apresentarem, em geral, alto coeficiente de uniformidade de distribuição de água quando manejados adequadamente, e por serem o único método que permite o controle de doenças foliares.

Para alguns agroquímicos de contato, essa técnica pode ser menos eficiente que a aplicação convencional. A principal dúvida está relacionada com o grande volume de água utilizado. A diluição/concentração pode afetar a eficácia do produto.

No caso da aplicação de fungicida via água de irrigação, por exemplo, VIEIRA e SUMNER22(1999) citam alguns pontos favoráveis à fungigação que compensam o potencial de lavagem provocado pelo grande volume de água utilizado, permitindo um bom controle das doenças: aplicação do fungicida no momento de maior atividade do fungo; melhor uniformidade de distribuição; cobertura quase completa de todo o dossel das plantas; e redução de inóculo na lavoura.

Além disso, os fungicidas, quando aplicados na água de irrigação, proporcionam melhor controle de patógenos do solo, causam menos danos mecânicos à cultura e menor compactação do solo, podendo propiciar um

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rendimento da cultura equivalente ou, algumas vezes, superior ao obtido com a pulverização convencional.

O que se percebe nos trabalhos publicados, em que se compara a fungigação com a aplicação convencional, é que esta se mostra ligeiramente superior na redução da severidade de doenças, porém os rendimentos são equivalentes.

Com relação especificamente aos produtos sistêmicos, existem evidências de que o grande volume de água utilizado pode comprometer-lhes menos o desempenho, quando comparados aos protetores, pois parte do produto que alcança o solo pode ser absorvida pelas raízes e translocada para a parte aérea.

Sem dúvida, a aplicação de produtos químicos na água de irrigação representa importante tecnologia na agricultura. Ela deve ser feita, entretanto, com critério, a fim de evitar possíveis danos ambientais e prejuízos econômicos. Um manejo adequado inclui sistemas bem projetados, calibração bem feita e operador bem treinado. O conhecimento do alvo e das características do produto aplicado também é fundamental.

A quimigação e os métodos de irrigação

A quimigação pode ser realizada em todos os métodos de irrigação: superfície, aspersão e localizada (gotejamento e microaspersão), no entanto, é mais indicada para a aspersão. Nesse sistema, no entanto, os agroquímicos podem visar ao solo, à parte aérea das plantas, ou a ambos, e a aplicação é feita em toda a área cultivada.

Na aspersão convencional, o agroquímico pode ser aplicado em qualquer momento do molhamento. Por isso, quando se deseja obter máxima concentração do produto na folhagem, com mínimo escorrimento, o produto deve ser aplicado próximo ao final da irrigação.

No pivô-central, no entanto, o agroquímico deve ser continuamente injetado, porquanto o sistema é móvel. Portanto, pode-se conseguir maior concentração do defensivo na folhagem com a aspersão convencional do que com o pivô-central.

Alguns pivôs-centrais aplicam de 4 a 9 mm de água (40 a 90 mil litros de água por hectare) por volta, quando o sistema funciona na velocidade máxima (100%). Por isso, a concentração do agroquímico na água é muito baixa e, quando a aplicação visa à parte aérea das plantas, parte do produto pode ser depositada no solo.

Esse é o motivo por que muitos defensivos solúveis em água são menos eficientes ou ineficientes por via da água de irrigação, em relação à aplicação deles pelos métodos convencionais (trator e avião). Outros defensivos (com baixa solubilidade em água) que visam à parte aérea das plantas, no entanto,

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são eficazes na quimigação, superando, em alguns casos, o nível do controle que se consegue com a aplicação deles pelos métodos convencionais.

Quanto aos agroquímicos que visam ao solo, o grande volume de água aplicado pelo pivô geralmente é desejável. No entanto, as suas propriedades físico-químicas e a interação delas com as condições edafoclimáticas devem ser consideradas, para que se faça uso adequado da quimigação.

Vantagens gerais da quimigação

A quimigação pode ser uma ferramenta interessante para os produtores. No entanto, uma avaliação criteriosa deve ser feita antes de se decidir pela sua utilização ou não. Quando o sistema de irrigação ainda vai ser adquirido, é mais fácil incorporar os equipamentos necessários a uma aplicação eficiente e segura. Contudo, se o sistema já existe, é preciso avaliar as conseqüências da adoção dessa tecnologia.

As principais vantagens da quimigação podem ser assim relacionadas:

• Uniformidade de aplicação: De maneira geral, se o equipamento de irrigação estiver operando em perfeita condição, a distribuição de agroquímicos na lavoura geralmente é mais uniforme que a aplicação convencional ou aérea.

• Economia: A quimigação é técnica mais econômica do que a aplicação convencional e aérea. Estima-se uma economia superior a 50% em relação à aplicação tratorizada.

• Incorporação e ativação: Os produtos que visam atingir o solo são incorporados e ativados quando aplicados com grande volume de água.

• Flexibilidade: A aplicação pode ser feita nas fases em que a altura ou fechamento da cultura é um obstáculo ao uso de trator, sem danos às plantas. Além disso, o produto pode ser aplicado na época mais adequada, independentemente, por exemplo, do teor de água do solo, que, quando alto, não favorece a entrada de pulverizadores tratorizados na gleba.

• Redução da compactação do solo: Tem-se o tráfego de máquinas eliminado na lavoura durante a aplicação dos produtos. Algumas épocas de aplicação coincidem com o período de chuvas, o que torna o solo mais susceptível a compactação pelo tráfego de máquinas.

• Redução de danos à cultura: O menor tráfego também diminui os danos à cultura.

• Redução de deriva e evaporação: Há duas razões que, quando combinadas, explicam a menor evaporação e deriva de agroquímicos na quimigação, em relação aos métodos convencionais: (1) as soluções aplicadas são muito diluídas e a pressão de vapor de muitos agroquímicos é menor que a da água. Isso significa que a evaporação da água é o limite máximo de evaporação dos agroquímicos; e (2) as gotas originadas dos aspersores são maiores, havendo, portanto, menor oportunidade de evaporação.

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Menores riscos ao operador: A quimigação pode ser realizada sem a presença do operador na lavoura, ou com o operador e o equipamento de injeção de agroquímicos protegidos em abrigo. Mesmo no caso de a injeção ser feita próxima à torre central e ao ar livre, a presença do operador não é necessária durante todo o tempo de distribuição. Na aplicação tratorizada e, sobretudo na aérea, o volume de calda é muito pequeno, em relação ao usado na quimigação. Por isso, a concentração do defensivo na água é maior naqueles casos.

Desvantagens gerais da quimigação

A quimigação traz consigo, entretanto, algumas características inerentes à aplicação de defensivos agrícolas que devem ser manejadas corretamente, sob o risco de inviabilizar o sistema, como:

• Pouca difusão da tecnologia: As companhias que comercializam defensivos são as principais difusoras da tecnologia de aplicação na lavoura. No entanto, em razão de haver poucos defensivos registrados para aplicação via da água de irrigação, a tecnologia é pouco difundida. Ademais, a quimigação é tecnologia relativamente nova e relativamente pouco estudada.

• Possibilidade de contaminação ambiental: A possível lixiviação de agroquímicos aplicados com a água de irrigação, contaminando o lençol freático, não é a principal preocupação com o uso dessa tecnologia. O que mais preocupa é a contaminação da fonte de captação de água, no caso de a bomba de irrigação parar de funcionar por causa de um problema qualquer. Outra possibilidade de contaminação ocorre se a bomba dosadora estragar: pode haver retorno da solução, pressurizada pela água de irrigação, para dentro do reservatório do defensivo, e daí para o solo. Esses problemas podem ser evitados com o uso de equipamentos de segurança instalados no sistema de irrigação e no sistema injetor. Outro fator que favorece a contaminação ambiental é a indisponibilidade de equipamentos de segurança de boa qualidade e a não-normatização do uso da quimigação.

• Demora da aplicação: O tempo necessário para o pivô completar o círculo depende do tamanho e da velocidade de deslocamento da última torre. Por exemplo, pivôs que irrigam 50 ha, deslocando-se a 2 m/min na velocidade máxima (100%), completam o círculo em 21 horas, enquanto, nessa mesma velocidade de deslocamento, um pivô de 100 ha demoraria quase 30 horas. Se a velocidade for reduzida para 1 m/min, o tempo para completar o círculo seria o dobro do supracitado. As aplicações com avião, porém, são muito mais rápidas. Portanto, condições adversas de clima no decorrer do dia (vento forte ou chuva) podem prejudicar mais a distribuição via da água de irrigação do que por via aérea.

• Aplicação desuniforme no início da injeção: O produto químico injetado na água que corre dentro da tubulação do pivô é distribuído, inicialmente, nos aspersores próximos do ponto de injeção. Somente

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após determinado tempo a aplicação torna-se uniforme ao longo de todo o sistema.

• Molhamento sem necessidade: Algumas vezes o defensivo é aplicado por via da água de irrigação sem a necessidade de molhar o solo. Nesse caso, além do custo adicional com energia, o molhamento excessivo pode aumentar a intensidade de doenças.

• Necessidade de manejo eficiente: a quimigação pressupõe o manejo eficiente da irrigação para o sucesso da operação.

• Equipamentos adicionais: há necessidade de adquirir alguns equipamentos adicionais para se realizar a aplicação com segurança.

Agroquímicos que visam o solo

Nesta categoria estão: herbicidas de pré-plantio incorporado e de pré-emergência, nematicidas, fertilizantes, fumigantes e alguns inseticidas e fungicidas.

Vantagens:

• Eficiência: Os melhores resultados com a quimigação têm sido obtidos com os agroquímicos que visam ao solo, algumas vezes com eficiência superior à alcançada com os métodos convencionais.

• Potencial de redução da dose de agroquímicos: Em razão da maior eficiência de alguns agroquímicos que visam ao solo, quando aplicados por intermédio da água de irrigação, há potencial de se conseguir eficácia com dose menor que a empregada nos métodos convencionais.

• Imediata incorporação e ativação: Muitos agroquímicos exigem água para a movimentação e ativação no solo. O controle do volume de água aplicado permite que eles sejam incorporados à profundidade desejada, conseguindo-se, ao mesmo tempo, o teor de água necessário para ativá-los.

Desvantagens

• Menor eficiência: O método convencional é mais eficiente que a quimigação em relação a alguns defensivos. Estes, em pequeno número, têm alta volatilização e/ou fotodecomposição, e são muito pouco móveis no solo, características que demandam a aplicação do defensivo próxima ao solo e incorporação imediata na camada superficial deste. Esse intento só é efetivamente realizado quando se usa pulverizador tratorizado para distribuir o agrotóxico e, logo em seguida, gradagens para incorporá-lo ao solo.

• Possibilidade de contaminação do ambiente: Os pivôs com aspersores de baixa pressão distribuem água numa faixa estreita de terreno. Por conseguinte, a intensidade de precipitação é alta. Quando pivôs de baixa pressão são instalados em áreas de topografia irregular e, ou, em solo pouco permeável, os problemas relativos ao escoamento superficial podem ser sérios. A probabilidade de ocorrer escoamento superficial

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aumenta à medida que se afasta do centro do pivô, porque a vazão de água aplicada por unidade de comprimento também aumenta nesse sentido. Por isso, à medida que aumenta o tamanho da área coberta pelo pivô são maiores as chances de ocorrer escoamento superficial.

• Corrosão: Muitos produtos químicos, especialmente os fertilizantes, são corrosivos. O uso de solução bem diluída minimiza esse efeito. Ademais, recomenda-se a aplicação de água pura após a fertirrigação para lavar o sistema.

A quimigação em áreas sujeitas a escoamento superficial tem as seguintes conseqüências indesejáveis:

1. a água escoada para fora da lavoura, e os agroquímicos dissolvidos nela, são desperdiçados, e contaminam o ambiente;

2. o escoamento dentro da lavoura reduz a uniformidade de aplicação; e 3. redução da eficiência dos agroquímicos que visam ao solo.

A magnitude desses efeitos cresce à medida que aumenta a lâmina de água aplicada (menor velocidade do pivô).

Agroquímicos que visam à parte aérea das plantas

Nesta categoria estão os herbicidas aplicados em pós-emergência, os reguladores de crescimento e a maioria dos fungicidas e inseticidas.

Para a maioria das culturas, 200 a 1000 L/ha é a quantidade de calda recomendada para proporcionar boa cobertura da parte aérea das plantas, sem perdas significativas de defensivo por escorrimento.

No entanto, quando o defensivo é aplicado por intermédio do pivô-central, a lâmina de água mínima usada varia, em geral, de 4 a 9 mm (40.000 a 90.000 L/ha). Essa lâmina excede em muito a quantidade máxima de solução recomendada para as pulverizações. Por isso, três princípios são básicos para o uso correto da quimigação com produtos que visam à parte aérea das plantas:

1. Em geral, os defensivos com alta solubilidade em água não são eficazes .

2. Quanto aos defensivos com baixa solubilidade em água (geralmente eficazes), as quimigações com as formulações disponíveis no comércio devem ser realizadas com o pivô na velocidade máxima. A tendência é de a eficiência do defensivo diminuir à medida que se aumenta a lâmina de água aplicada, sobretudo acima de 8 mm.

3. A mistura de óleo não emulsificante ao defensivo (na proporção de 1:1-3, defensivo: óleo) pode melhorar-lhe a eficiência, mormente por reduzir o efeito indesejável do uso de grande volume de água.

Vantagens:

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• Eficiência: Muitos defensivos que visam à parte aérea das plantas são eficazes quando aplicados através da água de irrigação.

• Potencial de redução das doses de alguns defensivos: Quando se usa formulação apropriada de alguns inseticidas, consegue-se obter controle econômico da praga com doses menores e com menor freqüência de aplicação.

• Redução de injúrias às plantas: Há menor risco de injúrias às plantas por causa da melhor distribuição do defensivo no dossel e da menor concentração dele na parte aérea.

Desvantagens:

• Menor eficiência: Defensivos com alta solubilidade em água são mais eficientes quando aplicados pelos métodos convencionais do que pela quimigação.

• Mistura de óleo não emulsificante ao defensivo: Em geral, a eficiência dos defensivos aplicados na parte aérea das plantas através da água de irrigação é maior quando eles são misturados a óleo não emulsificante, o que pode representar custo adicional.

Formulação dos agroquímicos

A profundidade que um agroquímico pode ser deslocado no solo depende do tipo de solo, do volume de água aplicada e das propriedades do produto (volatilidade, solubilidade em água, adsorção à matéria orgânica e argila, fotossensibilidade e meia-vida). Em geral, os agroquímicos que apresentam certa mobilidade no solo são os mais adequados quando o alvo é o solo.

Em razão do grande volume de água empregado na quimigação, muitas vezes não se consegue, com as formulações disponíveis no mercado, a mesma eficácia alcançada com os métodos convencionais de aplicação. Há variação de eficiência entre defensivos e entre formulações de um mesmo defensivo, quando distribuídos pela água de irrigação.

Segundo Threadgill26 (1985), há muito para aprender sobre formulações para melhorar-lhe a eficiência na quimigação. No entanto, em geral, os produtos insolúveis ou pouco solúveis em água e que agem mais como óleo, ou são solúveis em óleo, têm melhor desempenho quando o alvo é a parte aérea das plantas.

Para muitos defensivos, a mistura com óleo não emulsificante (vegetal ou de petróleo) antes da injeção na água de irrigação, melhora-lhes a eficiência. Os óleos vegetais brutos (sem a adição de emulsão) são os mais recomendados.

A melhoria da eficiência de muitos defensivos, quando aplicados em mistura com óleo não emulsificante, tem a seguinte explicação: eles são

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aplicados na forma de gotas (óleo mais defensivo) com a água de irrigação, mas sem se misturar com ela.

A formulação em óleo tem mais afinidade que a água pelas folhas e pelos insetos. Por isso, o defensivo é removido da água quando atinge o alvo.

Em razão de os defensivos misturados com óleo não se misturarem com a água, alguns cuidados devem ser tomados para que sua distribuição ao longo do pivô seja a mais uniforme possível:

1. A velocidade do fluxo de água dentro da tubulação no ponto de injeção do defensivo deve ser superior a 1,5 m/s. Com essa velocidade, é possível obter boa turbulência da água e gotas (do óleo mais o defensivo) pequenas (de preferência menores de 100 mm). Estas são menos sujeitas a flutuar na água dentro da tubulação. Gotas grandes, porém, podem ser removidas em maior proporção que as pequenas nas proximidades do centro do pivô, o que pode causar desuniformidade de distribuição do produto.

2. Injetar o produto no centro da tubulação. A maior velocidade da água nesse ponto também ajuda na redução do tamanho das gotas.

Fungigação

Muitos fungicidas aplicados na folhagem das plantas são protetores. Eles só são eficazes no local de aplicação (ação local) e devem estar presentes na superfície das plantas antes do patógeno, ou, no mínimo, antes de os esporos germinarem, para prevenir infecção.

Por isso é importante que ele seja distribuído uniformemente sobre as plantas. Outros fungicidas, no entanto, não exigem distribuição uniforme para ser eficazes. Eles têm ação erradicante e muitos são absorvidos e translocados sistemicamente na planta.

Com relação aos fungicidas sistêmicos, há evidências de que o grande volume de água compromete menos seu desempenho que o dos fungicidas protetores. Segundo Culbreath et al.27 (1993), o cyproconazole, por exemplo, compensa o potencial de “lavagem” na fungigação pela rápida absorção pelas folhas e, ou, pela absorção via raízes.

Insetigação

Entre os defensivos aplicados na parte aérea das culturas por intermédio da água de irrigação, é com os inseticidas que se tem alcançado os resultados mais positivos. Infere-se, dos resultados de pesquisas disponíveis, especialmente com milho, algodão, soja e hortaliças, que os defensivos eficazes na insetigação são pouco solúveis em água ou solúveis em óleo.

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Os inseticidas podem ser injetados na água de irrigação sem diluição, ou podem ser diluídos em água ou em óleo não-emulsificante até o volume que fique dentro da capacidade de funcionamento da bomba injetora.

É recomendável, na insetigação, também usar o pivô-central na velocidade máxima (100%). É imprescindível, ademais, que o sistema de irrigação apresente boa uniformidade de distribuição de água. A mistura de inseticida com óleo não-emulsificante, antes da injeção na água, reduz os efeitos indesejáveis do uso de lâminas de água maiores de 6 mm.

No entanto, essa mistura pode provocar desuniformidade na aplicação do inseticida, em relação à distribuição da água. Por isso, deve-se minimizar a causa dessa desuniformidade, que é o tamanho grande das gotas (óleo + inseticida) levadas pela água.

Estas são mais sujeitas a flutuar na água e, conseqüentemente, ser liberadas em maior proporção, nas proximidades do centro do pivô, em comparação com as gotas pequenas. Para contornar esse problema, recomenda-se injetar o inseticida diluído em óleo somente quando a velocidade da água dentro da tubulação no ponto de injeção do defensivo for superior a 1,5 m/s.

A injeção no centro da tubulação, onde a velocidade da água é maior, também favorece a quebra de gotas. O uso de bomba dosadora de precisão é outra medida que ajuda na obtenção de boa uniformidade de aplicação

Equipamentos para quimigação

Para realizar a quimigação, os equipamentos mínimos necessários são: o sistema de irrigação, a bomba de injeção e o reservatório para colocação do produto a ser injetado. No entanto, a aplicação não deve ser feita apenas com esses equipamentos.

A instalação de sistemas de segurança é fundamental para prevenir a contaminação do ambiente. O maior número de casos de insucessos ligados à contaminação ambiental refere-se ao retorno da água misturada com o agrotóxico para a fonte da água usada na irrigação.

Dessa forma, deve-se evitar o uso de pressão negativa, junto à fonte de água, para a injeção do produto. Também é importante instalar um dispositivo que desligue a bomba injetora caso o sistema de irrigação pare de operar. Isso pode ser facilmente conseguido com um simples sistema de ligação entre o controlador da irrigação e a bomba injetora.

Todos os equipamentos e acessórios que entrem em contato com o agroquímico devem ser fabricados preferencialmente em teflon, viton, polipropileno ou polietileno. Embora, mais caros, garantem-lhes maior vida útil.

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Bombas injetoras

Os agroquímicos podem ser injetados na água de irrigação de diferentes maneiras. A principal é por meio de bombas injetoras. Elas podem ser do tipo diafragma, pistão ou centrífugas acionadas pela própria pressão de água, por motores elétricos ou por combustão.

Segundo Costa et al.28 (1994), o funcionamento de uma bomba injetora de pistão se dá através de movimentos seqüenciados que promovem impactos consecutivos de admissão e compressão. Na admissão, ocorre a entrada do líquido no interior do cilindro através da válvula de sucção. Com a compressão, o líquido é direcionado para o interior da linha de descarga através da válvula de descarga.

A pressão de saída da bomba dosadora deve ser maior que a pressão de serviço no ponto de injeção. O ponto de injeção na linha principal deverá estar sempre no meio do tubo, e não tangenciando-o, para melhorar a uniformidade de distribuição do produto.

Válvulas de segurança

A utilização de válvulas de segurança nos sistemas de irrigação é essencial para garantir o sucesso da quimigação. Junto à adutora, deve ser colocada uma válvula de retenção com o objetivo de evitar o fluxo invertido da água. Também deve ser instalada uma válvula de alívio de vácuo.

Outra válvula de retenção deve ser colocada entre a bomba dosadora e o ponto de injeção na adutora, para evitar o transbordamento do tanque de pré-mistura e a contaminação ambiente.

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Influência da qualidade da água na quimigação

O tanque de pré-mistura geralmente é abastecido com a água de irrigação, e sua qualidade pode influenciar na eficiência da quimigação. O conhecimento das características da água de irrigação, com relação ao pH, à dureza e ao teor de argila e de compostos orgânicos em suspensão, é útil para o sucesso dessa tecnologia.

pH

A água pura tem pH = 7,0, mas, em razão da presença de gases, outros líquidos e sólidos nela dissolvidos, o pH geralmente difere de 7,0. Segundo Kissmann27 (1997), o pH das caldas influencia a estabilidade do produto e o resultado da aplicação.

O pH da água pode acelerar a degradação por hidrólise (alcalina) de defensivos. A constante de dissociação de muitos deles depende do pH da calda, e a taxa de absorção do produto pelos tecidos vegetais varia na dependência de a molécula ser íntegra ou dissociada em cátions e ânions.

Os defensivos são formulados para tolerar alguma variabilidade de pH da calda, mas pHs extremos podem afetar-lhes a estabilidade física. Em geral, os defensivos apresentam maior eficiência quando a calda tem pH entre 6,0 e 6,5.

Dureza

A água captada em zonas rurais apresenta sais dissolvidos, os quais se originam da rocha e do solo e, ou, de corretivos e fertilizantes utilizados pelos agricultores. Os principais causadores da dureza da água são os cátions Ca++ e Mg++ originados de carbonatos, bicarbonatos, cloretos e sulfatos.

A água dura interfere na qualidade da calda de defensivos (KISSMANN, 199715). Muitas formulações têm surfactantes aniônicos (com presença de Na+ ou K+); estes cátions podem ser substituídos por Ca++ ou Mg++ presentes na água dura, o que dá origem a compostos insolúveis.

As indústrias geralmente formulam seus produtos para serem compatíveis com até 320 ppm de CaCO3 na água. Em calda preparada com grande volume de água, como na quimigação, o problema causado pela dureza da água é agravado, em razão da maior disponibilidade de cátions.

Argila e compostos orgânicos em suspensão

Argila e compostos orgânicos em suspensão na água empregada para dissolver o defensivo podem adsorver substâncias, inclusive ingredientes ativos de defensivos, reduzindo-lhes a eficácia.

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O uso de tanque pequeno para a pré-mistura, onde o defensivo é diluído em pouca água (de boa qualidade) ou em óleo, associado a bomba com capacidade de trabalhar de maneira compatível com a capacidade do tanque, elimina o problema.

Segurança ambiental

Quando se fala em quimigação, a primeira dúvida que se tem é com relação à segurança ambiental. É importante frisar que toda e qualquer forma de aplicação de agroquímicos representa risco ao ambiente quando mal manejada. Porém, feita de forma correta, a quimigação, assim como a aplicação convencional, minimiza os efeitos adversos ao ambiente.

É importante destacar que o aumento do volume de água na quimigação não implica utilização de doses mais altas de defensivos, em relação à recomendada quando se usa métodos convencionais. Em alguns casos, há evidências de que a dose recomendada de certos defensivos pode ser reduzida quando estes forem aplicados via água de irrigação.

Em muitos países, como não há legislação específica sobre as precauções a serem tomadas na quimigação, as medidas e os equipamentos de segurança a serem adotados dependem, basicamente, da conscientização do produtor irrigante e do custo envolvido.

De qualquer forma, os sistemas de irrigação não devem operar sem válvulas de segurança, drenos automáticos e dispositivos de intertravamento entre a bomba dosadora e a de irrigação.

Vale ressaltar que os agroquímicos, assim como a forma de aplicação, devem estar devidamente registrados no órgão federal competente. Nem todos os produtos proporcionam resultados satisfatórios na quimigação, em virtude, principalmente, de sua formulação. Em alguns casos, os métodos convencionais são preferíveis.

A quimigação deve ser conduzida com grande rigor técnico. É fundamental conhecer a fundo o produto a ser aplicado, principalmente suas características físico-químicas, de maneira que se obtenha resultado satisfatório com o menor risco ambiental possível.

Características como solubilidade em água, adsorção ao solo, meia-vida, pressão de vapor e poder corrosivo devem ser conhecidos antes de selecionar o produto, para garantir aplicação segura e eficaz.

Em geral, produtos com, baixa sorção aos colóides do solo e meia-vida longa podem contaminar o lençol freático, enquanto produtos com alta sorção aos colóides tendem a ficar retido nas camadas mais superficiais do solo.

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Propriedades físico-químicas Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer e entender as principais propriedades físico-químicas dos agrotóxicos *Relacionar as propriedades físico-químicas dos agrotóxicos com a tecnologia de aplicação

Propriedades físico-químicas de agroquímicos

A interação do agrotóxico com o ambiente, incluindo-se aí solo-planta-atmosfera, é bastante complexa. A especificidade e a diversidade dos ambientes dificultam os estudos e geram grandes inconsistências nos resultados de pesquisas.

Dessa forma, torna-se imprescindível o conhecimento dos processos básicos que guiam a ação, a dissipação e a mobilidades desses produtos, bem como suas relações com o ambiente.

A previsão do comportamento dos agrotóxicos tem sido feita recorrendo-se às suas propriedades físico-químicas. Algumas publicações, principalmente no âmbito internacional, trazem listadas as principais características dos produtos atualmente utilizados.

Servem como guia para a correta seleção dos produtos. Vale ressaltar que, muitas vezes, essas propriedades não vêm impressas junto ao produto, entretanto, podem ser solicitadas ao fabricante, já que fazem parte do relatório de avaliação ecotoxicológica para registro do produto.

Grau de pureza

A pureza máxima obtida para determinado produto, dentro do processo de fabricação, é expressa pelo seu grau de pureza. Quanto mais puro o produto, melhor. Além disso, algumas impurezas metálicas, como cromo, arsênio, cádmio, mercúrio e chumbo, podem, dependendo de sua concentração, afetar adversamente o ambiente

Pressão de vapor

A pressão de vapor de um agrotóxico puro a 20-25°C é fornecida em mm de mercúrio. Quanto maior a pressão de vapor, maior a probabilidade de o produto aplicado transformar-se em um gás, podendo se perder na atmosfera, diminuindo, assim, a eficiência da aplicação.

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Trata-se de uma propriedade relevante para a aplicação de agrotóxicos:

• Indica a tendência do produto para passar do estado líquido ou sólido para o estado gasoso.

• Junto com a solubilidade em água, é uma variável auxiliar muito importante para o cálculo da volatilidade de uma substância em solução aquosa.

• Auxilia na predição de concentrações atmosféricas.

Solubilidade

A solubilidade é definida como a concentração de saturação de uma substância em água pura, a uma dada temperatura (geralmente entre 20 e 25°C), sendo fornecida em mg/L ou ppm.

A solubilidade dos agrotóxicos é parâmetro muito importante, pois influencia a movimentação temporal e espacial. Geralmente, produtos com alta solubilidade em água são deslocados para maiores profundidades em comparação aos poucos solúveis.

A solubilidade em água é pré-requisito para testes de degradação biológica e bioacumulação; todavia, não deve ser avaliada isoladamente, uma vez que, para se ter conhecimento do destino de uma substância no ambiente, vários outros parâmetros devem ser analisados conjuntamente.

Os fungicidas protetores, em geral, são pouco solúveis em água. Portanto, quando aplicados, permitem maior tenacidade. Já os fungicidas sistêmicos são solúveis em água, auxiliando, assim, a penetração e translocação rápida na planta hospedeira para partes distantes do local de aplicação

pH

O pH é o valor decimal, com sinal trocado, da concentração em íons hidrogênio. Essa propriedade relaciona-se com a corrosividade do produto, influenciando a escolha do melhor equipamento de pulverização. Outras aplicações referem-se à compatibilidade com outras substâncias e à absorção do produto pelas células biológicas.

Constantes de equilíbrio de ionização ácido e base

Agrotóxicos ácidos e básicos são aqueles capazes de se dissociarem em íons na solução aquosa do solo com pH entre 5 e 8, alterando seu comportamento. As constantes de ionização ácido e base, que representam a propensão dos compostos em se ionizarem, são, portanto, importantes para o

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entendimento das condições e processos de ionização, que podem levar a alteração no comportamento dos produto.

Dessa forma, duas constantes de ionização podem ser definidas: ácido e base.

A constante de ionização ácida (pKa) mostra a tendência de um agrotóxico ácido não-ionizado para dissociar-se em um composto ionizado e um íon hidrogênio:

em que [ ] representa a concentração do componente.

Normalmente, utiliza-se o logaritmo da constante, de modo a facilitar a interpretação:

Dessa forma, quanto maior o pKa, mais fraco é o ácido, ou seja, menor a tendência para se dissociar.

Em geral, a superfície das folhas possui cargas predominantemente negativas, tendo propriedades de troca catiônica. Assim, a permeabilidade da cutícula a cátions é maior que a ânions. Além disso, sabe-se que compostos não-dissociados penetram mais facilmente através da cutícula. Desta forma, produtos com baixo pKa são mais dissociáveis (formando cargas negativa) e, por isso, têm menos aderência à cutícula e são absorvidos mais lentamente.

Os agroquímicos atualmente comercializados, em sua maioria, são compostos neutros e, portanto, não se ionizam. Isso, muitas vezes, pode dificultar a translocação do produto via floema, que é favorecida com compostos ionizados. A grande maioria dos fungicidas e inseticidas sistêmicos transloca-se apenas na direção ascendente nas plantas, através dos vasos do xilema.

A constante de ionização básica (pKb) também pode ser definida de forma semelhante:

Associando as constantes de ionização com o pH do solo e com a constante de dissociação da água, obtém-se uma estimativa da proporção ionizada e não-ionizada dos agrotóxicos, em função do pH da solução:

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Conseqüências ambientais das constantes de ionização dos agrotóxicos

pKa ou pKb

Agrotóxico dominante Conseqüência ambiental

pKa<3 Carga negativa Alta mobilidade no solo, exceto se houver compostos químicos complexos formados; menor mobilidade em condições ácidas; muito solúvel; pouco volátil

pKa>10 Neutro

Comporta-se como material não-iônico, exceto em condições alcalinas; menor mobilidade do que na condição aniônica; provavelmente menor solubilidade do que na condição aniônica (carga negativa), volatilização possível

pKa 3-10 Calcular a proporção X-/XH

Se o valor do pH for próximo ao pKa, mobilidade, solubilidade e volatilidade serão influenciadas pelo pH

pKb<4 Carga positiva Baixa mobilidade; muito solúvel; pouco volátil; grande adsorção ao solo, ocasionando meia-vida longa, mas com baixa atividade biológica

pKb>11 Neutro Comporta-se como material não-iônico, exceto em condições ácidas; mais móvel e menos solúvel do que na condição catiônica (carga positiva); volatilização possível

pKb 4-11 Calcular a proporção (X+/X(OH)

Se o valor (14-pH) for próximo ao pKb, mobilidade, solubilidade e volatilidade serão influenciadas pelo pH

Fonte: Hornsby et al. (1996).

Constante de dissociação em meio aquoso

A dissociação de um produto químico em água é de grande importância na avaliação de seu comportamento no ambiente. Pode afetar a adsorção ao solo e sedimentos e a adsorção dentro das células vegetais.

O conhecimento da constante de dissociação de um produto químico, junto com o pH do sistema no qual o produto se encontra, torna possível estimar a extensão na qual as formas dissociadas estarão presentes. Fornece informações relativas ao seu processo de transferência da solução aquosa para a atmosfera e para o solo. Uma substância, existindo predominantemente

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na sua forma dissociada no ambiente aquático, será improvável de sofrer transferência para o ar; por outro lado, pode ficar fortemente presa ao solo.

Volatilidade

Volatilização é o processo pelo qual um sólido ou líquido evapora para a atmosfera na forma de gás. Esse processo constitui grande forma de perda de agrotóxicos para o ambiente.

Compostos com alta pressão de vapor e baixa solubilidade em água tendem a volatilizar muito.

A volatilização a partir da folhagem é determinada, principalmente, pela pressão de vapor, a qual é influenciada pela temperatura. Esta, na superfície das folhas, pode ser muito superior à temperatura do ar, particularmente em horários de grande incidência solar, incrementando a volatilização.

Em geral, agrotóxicos com Índice de Pressão de Vapor (mm Hg x 107) menor do que 10 têm baixo potencial de volatilização. Agrotóxicos com Índice de Pressão de Vapor maior do que 1000 têm grande potencial de volatilização

Meia-vida no solo

A meia-vida do agrotóxico representa sua persistência no solo. Trata-se de uma propriedade muito importante para produtos que visam o solo e também para a previsão de possível contaminação ambiental.

A meia-vida no solo é expressa em dias e representa o tempo que a metade do composto é degradado ao nível de CO2.

É um parâmetro de difícil mensuração em laboratório, variando de um solo para outro e em função das condições climáticas. Assim, seu valor fornece apenas uma estimativa, devendo ser usado para comparação entre os diversos produtos.

Para os agrotóxicos de forma geral, a meia-vida deve ser longa para permitir maior tempo de controle, entretanto, não tão longa para influenciar culturas sucessivas.

Coeficiente de partição n-octanol/água

É a razão, no equilíbrio, entre as concentrações de uma substância dissolvida em um sistema de duas fases, consistindo de dois líquidos imiscíveis: n-octanol e água.

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O coeficiente de partição, Kow, é usualmente dado na forma de seu logaritmo em base 10, variando de -5 a 5. Agrotóxicos lipofílicos têm altos valores de Kow e os hidrofílicos, baixos (ABEAS, 200116).

O coeficiente de partição de uma substância entre a água e a substância lipofilica (n-octanol) pode ser utilizado para descrever a transferência de uma substância do ambiente aquático para dentro de um organismo e o potencial de bioacumulação da substância.

Adsorção/dessorção

A retenção é um dos processos-chave que afeta o destino das moléculas orgânicas no ambiente solo-água. A retenção pode ser via adsorção e absorção à matriz e microorganismos do solo.

A adsorção é definida como a acumulação do agrotóxico nas interfaces solo-água e solo-ar, sendo, geralmente, usada para se referir a processos reversíveis, envolvendo a atração de um químico à superfície da partícula sólida e retenção por um tempo, dependendo da afinidade do mesmo com a superfície.

Os processos de retenção são complexos devido à heterogeneidade do solo e sua interação com sistemas biológicos, atmosféricos e aquáticos. A adsorção-dessorção é um processo dinâmico, em que as moléculas são continuamente transferidas entre a solução aquosa e a superfície sólida.

Para qualquer composto, há vários mecanismos responsáveis pela sua sorção no solo: força de van der Walls, ponte de H, interações dipolo-dipolo, ligações covalentes, dentre outras.

A capacidade de troca de cátions e a superfície específica dos colóides são dois parâmetros que têm sido utilizados como medida para a capacidade adsortiva do solo.

A matéria orgânica tem alta superfície específica e capacidade de troca de cátion, sendo, portanto, de grande importância nos processos de sorção. As características químicas e físicas do solo são fortemente influenciadas pelos seus constituintes coloidais que têm superfícies específicas elevadas.

Com relação ao produto a ser adsorvido, as principais propriedades da molécula que determinam sua adsorção são: solubilidade em água, acidez/basicidade, polaridade, tamanho e configuração. A medida da adsorção de um composto ao solo pode ser feita de diferentes formas:

• Razão entre a concentração do produto adsorvido ao solo e a concentração do produto na água. Usualmente essa medida é representada por Kd (Coeficiente de Adsorção aos Colóides do Solo).

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• Razão entre a concentração do produto adsorvido ao carbono orgânico do solo e a concentração do produto na água. Essa medida é representada pelo Koc (Coeficiente de Partição Carbono Orgânico-Água).

Fotodecomposição

Alguns produtos podem ser degradados por fotólise. Trata-se de uma reação em que ocorre a quebra da molécula por meio da luz solar, mais propriamente, através da energia disponível em fótons de vários comprimentos de onda (290 a 400 nm).

A fotólise pode ser um processo direto, no qual a substância, absorvendo energia luminosa, é transformada, ou indireto, no qual outras substâncias absorvem a energia e, após a transformação dessas substâncias, alteram a substância primária (LINDE, 199417).

Agrotóxicos que sofrem esse tipo de degradação devem ser incorporados ao solo, de forma a se evitar perdas e aumentar a eficiência da aplicação. Tem-se, ainda, a opção de se utilizar adjuvantes para minimizar a perda.

Tensão superficial

A tensão superficial, variável de líquido a líquido, consiste em forças que existem na interface de líquidos não-miscíveis, impedindo que eles se misturem.

As moléculas dos elementos químicos se atraem ou se repelem. Num líquido de moléculas polarizadas, como a água, a atração é significativa e se exerce igualmente em todos os sentidos. Na superfície, pela descontinuidade da fase líquida, a atração é maior, o que gera uma tensão superficial.

Numa planta, a molhabilidade de suas folhas, desejada principalmente na aplicação de produtos de contato, depende dos constituintes da folha e das características do agrotóxico.

A atração da superfície pela água precisa ser maior que a tensão superficial do líquido, visando obter boa molhabilidade (KISSMANN, 199715). Para isso, a tensão superficial do produto não deve ser muito elevada. A qualidade da água utilizada nesse caso também influencia muito.

Atualmente, existem no mercado vários adjuvantes hipotensores. Reduzindo a tensão superficial dos líquidos, fazem com que o ângulo de contato das gotas isoladas sobre a superfície seja diminuído e que elas deixem de ser esféricas, aumentando o contato do produto com a folha e, com isso, aumentando a eficiência do produto.

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Hidrólise

A hidrólise introduz um grupo hidroxil na molécula inicial. O produto resultante é usualmente mais susceptível a possíveis ataques de processos de biodegradação e fotólise.

Além disso, o grupo hidroxil torna o composto mais solúvel em água e, conseqüentemente, reduz o potencial para bioconcentração.

Em outras palavras, o produto resultante é mais facilmente degradado, menos persistente e menos tóxico que o composto original

Tenacidade

A tenacidade, na verdade, não é uma propriedade, mas uma característica dos agrotóxicos, resultante de diversas outras propriedades. A tenacidade consiste na resistência à ação das intempéries.

Se um produto químico adere-se fortemente à superfície foliar (tenacidade), é possível que seu efeito possa perdurar por longo tempo (persistência).

O bom fungicida, por exemplo, não deve ser decomposto por hidrólise, por reações fotoquímicas, por volatilização ou sublimação e, principalmente, não deve ser facilmente lavado pela água.

A ação da água de chuva é, provavelmente, o principal problema para a tenacidade da maioria dos fungicidas.

Essa característica é a mais importante para os fungicidas protetores, que devem persistir por longo período na superfície tratada, sem serem removidos ou decompostos, a fim de prevenir infecções por agente fitopatogênicos

Formulações

Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer as principais formulações de agroquímicos *Entender a relação entre formulações e tecnologia de aplicação

Formulações de agroquímicos

Formular é preparar componentes ativos na concentração adequada, adicionando substâncias coadjuvantes, tendo em vista que o produto final

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possa ser disperso em determinadas condições técnicas de aplicação, para cumprir eficazmente sua finalidade biológica, mantendo essas condições durante o armazenamento e transporte

São as diversas maneiras pelas quais os produtos são veiculados sem perda de performance. São diluições do ingrediente ativo, de forma a torná-lo comercialmente aplicável no campo. A formulação empregada é tão importante quanto à escolha do produto para controle da praga, doença ou planta infestante.

Influencia também na escolha da máquina e do tipo de aplicação do produto. Pode causar o insucesso do controle. De uma maneira geral, segundo Hewitt (199812), as formulações devem apresentar as seguintes características: serem seguras para a cultura, fáceis de manusear, compatíveis com a maioria dos produtos, fáceis de serem aplicadas, aceitas pelos órgãos de registro e adequadas para serem produzidas em escala comercial.

Componentes de uma formulação

Um composto químico raramente é aplicado de forma pura. Uma exceção é o enxofre. O normal é que os compostos sejam formulados, juntamente ou em conjunto com outros componentes, para tornar prática a aplicação e para maximizar a eficiência e a segurança.

No Brasil, de acordo com a nomenclatura que se encontra na legislação federal sobre produtos fitossanitários o composto com atividade biológica é denominado ingrediente ativo, substância química realmente ativa com ação fungicida, herbicida, inseticida.

Os outros componentes de uma formulação são denominados de ingredientes inertes. Há dois tipos de ingredientes: os solventes ou diluentes, e os coadjuvantes. Os solventes ou diluentes são substâncias utilizadas para diluir o ingrediente ativo e com isso reduzir sua concentração (Reis & Forcelini, 199413).

Têm também a função de ajudar na aplicação mecânica, não influenciam na toxidez e são inertes aos patógenos. Os diluentes sólidos mais utilizados são originários da moagem e trituração de minerais tais como gesso (sulfato hidratado de cálcio), talco (silicato hidratado de magnésio), caulim (silicato hidratado de alumínio) e caulinita.

Os coadjuvantes são igualmente inócuos aos patógenos, e sua finalidade de emprego é melhorar a ação do ingrediente ativo.

Tipos de formulações

Os principais tipos de formulações registradas no Brasil são apresentadas a seguir. Em função da harmonização da terminologia internacional e, especificamente na área do MERCOSUL, o Brasil passou a

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adotar, as siglas internacionais para essas formulações, siglas derivadas da língua inglesa.

As siglas para os ingredientes ativos e concentrado são:

• AI – substância ativa biologicamente • TC – produto técnico • TK – pré-mistura

Formulações para aplicar sem diluição

Os produtos para aplicar sem diluição são:

• DP – Pó • GP - Polvilho Fino • ED – Líquido para pulverização eletrostática • MG – Microgranulado • SO – Óleo para formar película • SU – Solução para aplicar em UBV (ultra baixo volume) • GR - Granulado • CG – Granulado encapsulado • FG – Granulado fino • GG – Macrogranulado • TP – Pó para despitagem • UL – Produto para aplicar em UBV

Pó Seco (DP)

Material adsorvente (mineral de argila) impregnado com o ingrediente ativo mais um material inerte (talco)

Vantagens

1. Pronto uso 2. Requer equipamento simples

Desvantagens

1. Facilmente levado pelo vento 2. Facilmente removido do alvo pelo vento ou água 3. Pode irritar olhos, garganta nariz e pele 4. Difícil conseguir uma distribuição uniforme

Grânulos (G)

Partículas sólidas (silicato, argila, gesso, resíduos vegetais, plásticos), impregnadas com agroquímicos. Possuem tamanho grande (isca) ou bem pequeno (microencapsulado).

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Todas as partículas contêm o princípio ativo. Dentre as formulações granuladas, predominam os inseticidas sistêmicos, nematicidas, sendo mais raros os fungicidas e os herbicidas.

Vantagens

• Não é arrastado pelo vento durante a aplicação • Pouco perigoso para o aplicador • Mais fácil de ser distribuído uniformemente

Formulações para diluição em água

Os tipos de concentrados para diluir em água, segundo Kissmann, 1997 são:

• BR – Bloco • DC – Concentrado dispersível • EC – Concentrado pra emulsão • EO – Emulsão (água em óleo) • EW – Emulsão (óleo em água) • PC – Concentrado em pasta • SC – Suspensão concentrada • CS – Suspensão de encapsulado • SE – Emulsão heterogênea • SG – Granulado solúvel em água • SL – Concentrado solúvel em água • SP – Pó-solúvel • TB – Tablete • WG – Granulado para suspensão aquosa • WP – Pó-molhável

Pó molhável (WP)

Material de argila (com i. a. adsorvido) mais adjuvantes (agente molhante, dispersante, antiespumante, estabilizante, etc.). Largamente utilizada para fungicidas (maioria), herbicidas e inseticidas.

Essencialmente este tipo de formulação é composto de agroquímico, do diluente, de um adjuvante capaz de melhorar as características de deposição das partículas, principalmente em plantas com a superfície cerosa.

O tipo de formulação mais evoluído de pó-molhável é chamado de pó-coloidal; trata-se de substância tão finamente dividida que as partículas individuais dificilmente sedimentam.

Nas formulações pós-molháveis, o veículo de aplicação é a água. Porém, a formulação apresenta o ingrediente ativo disperso num inerte, capaz de absorver água e manter-se em suspensão nela. Os pós-molháveis podem conter com freqüência, estabilizantes para impedir decomposições na

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armazenagem, aderentes que lhe conferem resistência à lavagem pela chuva, tampões de pH, agentes de suspensão, etc.

Esses inertes contribuem muito para a obtenção da máxima eficiência do agroquímico. A característica mais importante dos pós-molháveis é a suspensibilidade ou a capacidade de manter-se em suspensão na água durante o maior tempo possível, sem depositar-se no fundo do tanque do pulverizador.

Uma outra característica que influencia na eficiência dos pós-molháveis é o tamanho das partículas do ingrediente ativo. Quanto menor o diâmetro da partícula, tanto maior será a eficiência do fungicida e melhor e mais regular será a sua cobertura.

O tamanho das partículas em pós-molháveis deve ser menor que 10 micra. Certas formulações tendem a decompor-se quando estão em suspensão ou no armazenamento, principalmente em ambiente úmido e na presença da luz.

Na prática (Zambolim et al, 1997) para se conseguir uma boa efetividade com as formulações pó-molháveis, deve-se ter certos cuidados no momento da sua aplicação. A técnica de se fazer uma pasta prévia com a quantidade necessária de produto e pouca água deve ser sempre seguida, pois, assim, os coadjuvantes se dissolvem bem na água, e o produto não forma grumos, assegurando sua perfeita umectação.

Vantagens

1. Baixo custo 2. Facilidade de transporte, manuseio e armazenamento 3. Menor fitotoxidade do que os concentrados emulsionáveis 4. Menor absorção pela pele e olhos que os CE e outras formulações

líquidas

Desvantagens

• Forma de suspensão (necessário manter sob agitação) • Perigo de inalação do pó durante o manuseio • Abrasivo a muitas bombas e bocais • Necessário a preparação de pré-mistura

Concentrado emulsionável (EC)

É formada pelo ingrediente ativo solúvel no solvente adequado e os coadjuvantes, emulsionantes e dispersantes. São muito utilizados os solventes aromáticos por serem menos fitotóxicos e o xileno. São utilizados também álcoois e acetona, dependendo da solubilidade do ingrediente ativo.

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O mercado atual tem exigido formulações mais concentradas possíveis, visando ao emprego de doses menores; no entanto, essa tendência é limitada pela solubilidade das matérias ativas no solvente.

Os outros componentes deste tipo de formulação são os agentes emulsificantes e dispersantes. Sua função é proporcionar uma dispersão imediata e estável do produto na água, formando, assim, gotículas finamente divididas e homogeneamente distribuídas na massa de água.

Vantagens

1. É relativamente fácil de manusear, transportar e armazenar 2. Sua alta concentração reduz as despesas de transporte 3. Requer pouca agitação no tanque de pulverização 4. Não é abrasivo 5. Os resíduos nas superfícies tratadas são pouco visíveis

Desvantagens

• É mais suscetível a erros de dosagens em função da alta concentração • Geralmente mais tóxico que outras formulações • É facilmente absorvido pela pele do homem e dos animais • Os solventes podem estragar mangueiras plásticas, conexões e bombas • Pode ser corrosivo • É inflamável

Solução aquosa concentrada (SAqC)

Ingrediente ativo (na forma salina) dissolvida em água até próximo ao limite de saturação

Vantagens

• Diluído em água forma uma solução verdadeira • Não necessita agitação no tanque de pulverização • Não é abrasiva • Não deixa resíduo nas superfícies tratadas

Suspensão concentrada (SC)

Pó molhável, finamente moído, suspendido em um líquido com adjuvantes para se manter em suspensão estável. Tende a substituir o pó molhável, sendo comum para herbicidas e fungicidas.

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São formulações formadas pelo agroquímico que é dividido em pó fino, suspenso em água do líquido orgânico e então misturado com sólidos inertes mais um adjuvante (Kissmann, 1997).

É uma formulação líquida para ser diluída em água. A formulação SC era anteriormente denominada “flowable”, que é um concentrado de duas fases do defensivo agrícola sólido em suspensão no líquido.

Este tipo de formulação foi introduzida para diminuir os inconvenientes da formulação pó-molhável tais como: dosificação, desgaste e entupimento de bicos pulverizadores e perigo de inalação do pó durante o preparo da calda.

A suspensão concentrada pode ser colocada diretamente no tanque do pulverizador, estando o agitador ligado. Uma modificação e evolução da formulação suspensão concentrada é a microencapsulação.

Vantagens

• Fácil de medir e manusear • Menor desgaste e entupimento dos bicos de pulverização • Menor risco de inalação do pó durante o preparo da calda

Desvantagens

• No armazenamento pode sedimentar e não ressuspender mais

Microcápsulas

São formulações em que partículas de defensivos (líquido ou sólido) são envolvidas por uma película plástica. Essa formulação é misturada com água antes da pulverização

Vantagens

• Mais seguro para o aplicador • Fácil de misturar, manusear e aplicar • Permite a liberação lenta do defensivo

Desvantagens

• Exige agitação constante no tanque de pulverização • Pode causar danos as abelhas que carregam as cápsulas para a

colméia

Emulsão (óleo em água) (EW)

O agroquímico é dissolvido em solvente com água e com a introdução de um agente dispersante, a mistura é dispersa em água, formando emulsão

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estável. Embora o preparo de emulsão seja relativamente barato o seu uso é limitado pela dificuldade de manuseio, instabilidade durante a armazenagem e pela necessidade e incorporação dos agentes de estabilização.

As emulsões apresentam uso restrito devido à sensibilidade das culturas. Os óleos minerais ou vegetais, mesmo em baixas concentrações, podem ser fitotóxicos. Além disso, não devem ser aplicados nas horas quente do dia. Por isso, essas formulações estão restritas a determinadas culturas.

Outras formulações

Formulações para tratamento de sementes

Os produtos para tratamento de sementes são:

• DS – Pó para o tratamento de sementes a seco • ES – Emulsão para o tratamento de sementes • FS – Concentrado fluído para o tratamento de sementes • LS – Solução para o tratamento de sementes • PS – Semente peletizada • SS – Pó solúvel para o tratamento de sementes • WS – Pó para preparação de slurry

Formulações para usos específicos

Existem ainda outras formulações de muito pouco uso dentro do controle químico. São as formulações para uso específico. Os tipos de formulações diversas para usos específicos são:

• AE – Bomba de aerosol • CB – Isca concentrada • FU – Produto fumigante • FD – Pastilha fumigante • FK – Vela fumigante • FP – Cartucho fumigante • FR – Filamento fumigante • FT – Tablete fumigante • FW – Grânulo fumigante • GA – Gás (embalagem pressurizada) • GE – Produto gerador de gás • GS – Pasta oleosa • HN – Concentrado para nebulização a quente • KN – Concentrado para nebulização a frio • LA – Laca • PA – Pasta • PR – Filamento vegetal • RB – Isca pronta • ABI – Isca de grãos

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• BB – Isca em blocos • GB – Isca granulada • PB – Isca em pires • SB – Isca em aparas • VP – Produto formulador de vapor

Desenvolvimento de formulações

A formulação de um agroquímico é o resultado de uma longa e caríssima pesquisa. Pode-se estimar que desde a fase inicial da pesquisa de uma molécula, passando pelos estudos de desenvolvimento biológico, químico e físico, até os estudos toxicológicos, têm-se em média oito anos de trabalho e aproximadamente 200 milhões de dólares envolvidos.

Cada empresa desenvolve suas formulações de modo mais conveniente. Produtos comerciais com o mesmo ingrediente ativo, mesma concentração e mesmo tipo de formulação, apresentados por duas empresas, podem diferir um pouco em suas características físicas se forem formulados com ingredientes inertes diferentes.

As empresas de agroquímicos geralmente têm apresentado formulações às vezes diferentes em diversos mercados, em função da disponibilidade e custo dos componentes nos países onde são formulados. Pelo alto custo dos estudos toxicológicos e de impacto ambiental dessas formulações, entretanto, a tendência das empresas é de apresentar formulações universais.

Existe uma variedade muito grande de ingredientes inertes que são utilizados nas diversas formulações. Os principais tipos de ingredientes existentes no mercado são:

• Cargas – Produtos para diluir a formulação • Solventes – Dissolvem o ingrediente ativo • Emulsificantes – Compatibilizam frações polares e apolares • Molhantes – Permitem rápida umectação do produto em contato com a

água • Dispersantes – Impedem a aglomeração de partículas • Espessantes – Aumentam a viscosidade • Anticompactantes – Para que produtos sólidos não percam a fluidez,

quando sofrem a pressão pelo peso, nas pilhas • Anticongelantes – Impedem a cristalização de componentes, em

líquidos, em ambiente de baixa temperatura. • Antiespumantes – Diminuem a formação de espuma • Antioxidantes – Impedem a degradação por oxidação • Quelatizantes – Tiram a reatividade de moléculas e íons • Acidificantes – Abaixam o pH • Tamponantes – Deixam o pH dentro da faixa desejada • Bactericidas – Impedem a multiplicação de bactérias • Corantes – Dão coloração ao produto formulado

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• Odorizantes – Imprimem odor agradável ou desagradável

Os avanços e as melhorias das formulações e embalagens de agrotóxicos

A atuação de um produto fitossanitário, agroquímico ou biológico pode ser melhorada, considerando a forma em que ele atua melhor, isto é, em parte determinado pelas suas propriedades físico-químicas e, em parte, pelo modo como ele age na planta e no organismo alvo.

Houve um tempo em que a maioria dos agentes de proteção de plantas era aplicada como sólidos diluídos em água. Mas grandes avanços foram alcançados nessa área, desenvolvendo-se novos tipos de formulações que propiciaram reduzir consideravelmente a quantidade de ingrediente ativo a ser aplicado, melhorando a segurança no manuseio do produto.

Formulações liberando o ingrediente ativo lentamente no ambiente são geralmente mais eficazes que os métodos de pulverização tradicionais. Grânulos, revestidos por polímeros naturais ou sintéticos, podem diminuir a quantidade do ingrediente ativo que precisa ser usado.

Cápsulas protegidas por polímeros especiais é outra forma de tê-la por mais tempo onde é necessário mantê-la ativa. Métodos de compactar pós em grânulos solúveis em água, tabletes e “pellets” são todos avanços na qualidade das formulações que diminuem a possibilidade do usuário ter contato acidental com o produto durante a aplicação.

O transporte, manuseio e destinação final de embalagens vazias são influenciados pelo modo como a formulação é embalada. A segurança nessas atividades tem sido um fator de muita importância em recentes desenvolvimentos. Os principais riscos de segurança no uso de agentes de proteção de plantas vêm de derramamentos acidentais, misturas incorretas e descartes não apropriados.

Projetistas de embalagens têm procurado simplicidade e robustez em procedimentos de embalagem e aplicação. Uma das inovações conseguidas é o saco hidrossolúvel que se dissolve rapidamente liberando o conteúdo dentro do tanque do pulverizador, não deixando nenhum material de acondicionamento para ser descartado. Também, apresenta como vantagem o fato do usuário não entrar, de nenhuma forma, em contato com o produto.

Até mesmo grandes recipientes reutilizáveis têm sido desenvolvidos (Farm-Pack, Bulks). Em colaboração com órgãos oficiais de pesquisa, a indústria de agroquímicos tem desenvolvido novas técnicas de pulverização para prover as necessidades do pequeno agricultor.

Sistema de enchimento fechados, onde o produto formulado é injetado diretamente no equipamento de pulverização imediatamente antes do uso,

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eliminam a possibilidade de derrame acidental durante essa operação, evitam erros de concentração e não deixam sobras para serem descartadas no final.

Adjuvantes

Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer os principais tipos de ajuvante *Compreender a importância do adjuvante como ferramenta para melhoria da qualidade de aplicação de agroquímicos

Adjuvantes

Os adjuvantes são compostos, sem propriedades fitossanitárias, exceto a água, adicionados às formulações de defensivos ou à calda de pulverização, para facilitar a aplicação, aumentar a eficiência e tornar a utilização do defensivo mais segura.

Os adjuvantes, assim como os defensivos, precisam estar devidamente registrados junto ao órgão federal competente.

Os principais tipos de adjuvantes são:

• Adjuvantes para correção da dureza da água • Adjuvantes para correção do pH da água e das caldas • Compostos para alteração da tensão superficial • Adjuvantes especiais

Aspectos positivos dos adjuvantes

• rápida absorção • maior cobertura e aderência • maior segurança e eficiência da aplicação

Aspectos negativos dos adjuvantes

• podem ser fitotóxicos • diminuem a seletividade de alguns herbicidas • podem favorecer o ataque de alguns fungos, por remover o efeito

residual

Adjuvantes para correção da dureza da água

A “água dura”, rica em sais em dissolução, principalmente Ca e Mg, pode alterar a atividade biológica do ingrediente ativo e entupir bicos de

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pulverização. Há duas formas de corrigir o problema causado pela dureza da água: acrescentar um tensoativo não iônico, que pode corrigir características físicas da calda; e acrescentar um quelatizante na água, antes da preparação da calda. Quelatizantes são compostos que isolam a carga elétrica e suprimem a reatividade de íons.

Adjuvantes para correção do pH da água e das caldas

A correção que normalmente se busca é de abaixamento do pH, o que pode ser conseguido pela adição de um ácido fraco ou diluído. Como acidificante pode se recomendar o ácido fosfórico e como tamponante, o fosfato ácido de sódio.

Compostos para alteração da tensão superficial

Os compostos tenso-ativos (surfactantes), quando dissolvidos em líquidos, reduzem a tensão superficial, permitindo a formação de um filme de líquido sobre as superfícies e melhorando a penetração no tecido das plantas. São eles:

• Umectantes ou molhantes : impede a repulsão da água da superfície da folha causada pela camada de cera e pêlos.

• Espalhante : diminui o ângulo de contato das gotas, fazendo com que as mesmas deixem de ser esféricas. Forma um filme sobre a superfície.

• Defloculante : impede a sedimentação das partículas sólidas. • Emulsificante : estabiliza a dispersão de um líquido em outro líquido. • Adesivo : aumenta a aderência a superfície da planta.

Adjuvantes especiais

Uma série de compostos podem beneficiar a performance de um produto fitossanitário:

• Espalhante-adesivo: são compostos que mantém o defensivo aderido por maior tempo junto ao alvo, formando um filme uniforme.

• Anti-espumante: para evitar problemas causados pela formação de espuma, pode-se usar um adjuvante que diminua a formação de espuma.

• Anti-evaporante: permite uma vida útil mais longa das gotículas, que, assim, podem atingir melhor o alvo e permanecer na superfície por maior tempo. A uréia tem pequeno efeito anti-evaporante. Óleos minerais ou vegetais tem um efeito razoável.

• Redutor de deriva: alguns compostos espessantes tornam a calda mais viscosa, diminuindo a formação de gotículas muito pequenas, mais propensas à deriva.

• Filtro solar: evita degradação pela luz solar. • Rebaixador de fitotoxidade. • Espessante: torna a calda mais viscosa.

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Qualidade da água

Ao final desse módulo você será capaz de: *Compreender a importância da qualidade da água para a aplicação de agroquímicos

Qualidade da água

A água de rios e de açudes apresenta argila e partículas orgânicas em suspensão. Em função disso, os agricultores estão usando água de poços artesianos para a pulverização de agrotóxicos; entretanto, essa pode ser dura e o pH pode ultrapassar a 10, dependendo da rocha matriz, a qual controla a riqueza em minerais dissolvidos na água (RAI; KITTRICH, 198918).

Argila e compostos orgânicos em suspensão na água podem adsorver herbicidas e reduzir-lhes a atividade. A água dura (rica em Ca++ e Mg++, principalmente) também interfere na eficiência de alguns herbicidas das seguintes maneiras (KISSMANN, 199719): 1) muitas formulações têm surfatantes aniônicos, que contêm Na+ e K+, e, quando o herbicida entra em contato com água dura, Na+ e K+ podem ser substituídos por Ca++ e Mg++, com a conseqüente formação de compostos insolúveis; e 2) herbicidas à base de ácido ou de sal dissolvidos em água dura podem dar origem a compostos insolúveis.

TABELA 1. Formas de classificação da dureza da água

Classe Ppm de CaCO3 Graus de Dureza (°d)

Muito Branda < 71,2 < 4 Branda 71,2 – 142,4 4 – 8 Semi Dura 142,4 – 320,4 8 – 18 Dura 320,4 – 534,0 18 – 30 Muito Dura > 534,0 > 30

Fonte: Conceição, 2003.20

Muito se tem discutido atualmente sobre a qualidade da água utilizada nas pulverizações, principalmente com relação ao pH. (RAMOS, ARAÚJO, 200621). Trabalhos recentes mostram que alguns herbicidas têm sua eficiência elevada na planta com a redução do pH da água a valores próximos a 4,0.

A máxima absorção e eficiência de herbicidas com caráter de ácido fraco ocorre em pH, onde 50% das moléculas encontram se dissociadas (pKa) (McCORMICK, 199022).

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Além disso, em pH mais baixo, a taxa de hidrólise é retardada, mantendo a folha úmida por um maior tempo, pois a superfície das folhas tem um pH neutro, havendo uma interação com o pH da calda.

Esses resultados alertam para os cuidados que devem ser tomados na utilização dessas águas para a aplicação de herbicidas, uma vez que a eficiência de alguns desses, como é o caso dos grupamentos ácidos do 2,4-D e glifosate, é dependente do pH da calda (WANAMARTA; PENNER, 198923).

Não existe um pH ideal para todas as aplicações. O pH ideal depende de cada produto a ser aplicado e, portanto, seu monitoramento deve ser feito ao início de cada nova aplicação. Deve-se consultar o fabricante do agroquímico para se conhecer o pH ideal de trabalho.

Uso adequado de agroquímicos

Ao final desse módulo você será capaz de: *Conhecer os riscos da aplicação de agroquímicos e as formas para minimizá-los. *Conhecera a forma adequada de trabalho quando se empregam agroquímicos

Uso adequado de agroquímicos

O uso seguro de produtos fitossanitários exige o uso correto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s). As recomendações hoje existentes para o uso de EPI’s são bastantes genéricas e padronizadas, não considerando variáveis importantes como o tipo de equipamento utilizado na operação, os níveis reais de exposição e até mesmo as características ambientais e da cultura onde o produto será aplicado.

Essas variáveis acarretam, muitas vezes, gastos desnecessários e recomendações inadequadas, podendo aumentar o risco ao trabalhador, ao invés de diminuí-lo. O emprego dos EPIs deve ser realizado sob critérios técnicos, econômicos e de conforto condizentes com cada situação de trabalho, ainda que o objetivo primário seja sempre o mesmo: proteger o homem.

Os EPI’s destinados a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador são regulamentados pela NR 6 - Equipamento de Proteção Individual, da Portaria n.º 3.214 de 08/06/78 do Ministério do Trabalho, e especificamente pela Norma Regulamentadora Rural.NRR-4, da Portaria n.º 3.067 de 12/04/88. Sua utilização constitui-se em medida de segurança de importância nas operações de manuseio ou aplicação de produtos fitossanitários, e deverão ser selecionados após uma criteriosa análise de riscos, procurando-se atender aos padrões de proteção e conforto, além de manter sua contínua utilização pelos trabalhadores.

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De modo geral, quanto mais completo é o equipamento de proteção, mais desconfortável é a realização do trabalho, particularmente nas horas mais quentes do dia. Portanto, devem ser escolhidos de preferência os produtos que não exijam equipamento de proteção muito complexo e cuja formulação apresente menor risco.

O uso correto e a manutenção adequada dos equipamentos específicos de proteção são essenciais, e devem constar de programa de treinamento e supervisão especializada dos aplicadores. O uso de EPI’s inadequados dá uma falsa sensação de proteção ao trabalhador.

Portanto, é fundamental que o EPI adquirido seja de boa qualidade e possua o certificado de aprovação (CA) expedido pelo Ministério do Trabalho. Mesmo que o rótulo do produto não recomende equipamentos protetores específicos, para qualquer contato com praguicidas devem ser usadas roupas que cubram a maior parte do corpo. O uniforme deve ser usado para proteção adequada do corpo, principalmente nos trabalhos em que exista o perigo de formação de lesões provocadas por agentes químicos.

Risco de intoxicação

O risco de intoxicação é definido como a probabilidade estatística de uma substância química causar efeito tóxico. O Risco é uma função da toxicidade do produto e da exposição:

Risco = f ( toxicidade; exposição)

A toxicidade é a capacidade potencial de uma substância causar efeito adverso à saúde. Em tese, todas as substâncias são tóxicas, e a toxicidade depende basicamente da dose e da sensibilidade do organismo exposto. Quanto menor a dose de um produto capaz de causar um efeito adverso, mais tóxico é o produto.

Sabendo-se que não é possível ao usuário alterar a toxicidade do produto, a única maneira concreta de reduzir o risco é através da diminuição da exposição.

Para reduzir a exposição, o trabalhador deve manusear os produtos com cuidado, usar equipamentos de aplicação bem calibrados e em bom estado de conservação, além de vestir os EPI‘s adequados.

RISCO TOXICIDADE EXPOSIÇÃO ALTO ALTA ALTA ALTO BAIXA ALTA BAIXO ALTA BAIXA BAIXO BAIXA BAIXA

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“A filosofia do risco zero é politicamente inadequada, socialmente suicida e cientificamente ingênua”. (Goellner, C.I. 1993)

Vias de intoxicação

Os praguicidas podem atingir o organismo humano através das vias oral, dérmica (mucosas e cortes) e respiratória. A velocidade de absorção nestes locais será determinada fundamentalmente pelas propriedades físico-químicas do produto usado, pelas condições do meio ambiente e pelo tipo de formulação.

Neste momento é interessante observar que nem todos os defensivos possuem antídotos definidos, sendo o tratamento da intoxicação feito de acordo com os sintomas apresentados pelo paciente. Ou seja, a título de exemplo, se o paciente apresentar dor de cabeça, será dado um medicamento para dor de cabeça, mesmo se este sintoma for originário da intoxicação por algum defensivo.

Os sintomas de intoxicação por defensivos nem sempre aparecem na hora em que o produto penetrou por uma das vias acima citadas (oral, dérmica, respiratória), podendo vir a aparecer meses e até anos depois do produto ter penetrado no organismo. Esses casos são mais comuns quando a exposição ao defensivo é feita de maneira contínua.

Assim, podemos caracterizar dois tipos de intoxicações: a intoxicação aguda e a intoxicação crônica. A intoxicação aguda reflete a exposição única e de curta duração a um defensivo, enquanto que a intoxicação crônica é conseqüência de repetidas exposições ao produto, em longa duração, a várias dosagens. Desta maneira, a adoção de medidas para evitar que o organismo absorva tais produtos pelas vias apresentadas é de extrema importância, para que se evite qualquer tipo de intoxicação.

Intoxicação por Via Oral

A intoxicação por esta via tem sido observada nos indivíduos que, durante a aplicação dos praguicidas, inadvertidamente fumam em serviço, levam as mãos à boca ou comem sem lavar as mãos. A exposição oral pode ser causada, também, por respingos de líquido concentrado na boca, quando se mede o defensivo a ser diluído na água, ou ao tentar desentupir o bico do pulverizador com a boca, soprando-o.

Pelas características de intoxicação por via oral, as diferentes formulações de defensivos existentes no mercado apresentam riscos semelhantes de intoxicação.

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Intoxicação por Via Dérmica

A absorção de defensivos pelas membranas mucosas e pele, chamada genericamente de absorção por via dérmica, é a principal rota de penetração destes produtos em nosso organismo, sendo responsável por mais de 90% da exposição ocupacional.

As formulações líquidas, dos tipos soluções, emulsões e UBV, são mais facilmente absorvíveis pela pele que as formulações do tipo pó, pós molháveis e granulados.

Os principais fatores que afetam a absorção através da pele são:

1. Temperatura e umidade relativa do ar: de maneira geral, quanto maior a temperatura e a umidade do ar, maior a penetração de uma série de produtos;

2. Região do Corpo: estudos têm demonstrado existirem diferenças na permeabilidade da pele entre as várias regiões do corpo, destacando-se as regiões escrotal, pós-auricular, facial e palmar como as mais permeáveis.

3. Formulação: as diferentes formulações líquidas, dependendo dos seus componentes (adjuvantes, solventes, etc.) podem apresentar maior ou menor penetração na pele. Algumas podem causar irritação dérmica, danificando a camada protetora da pele e facilitando a penetração do produto.

4. Tempo de Contato: quanto maior o tempo de exposição ao produto, maior será a quantidade absorvida.

5. Ferimentos: qualquer ferimento na pele pode se constituir em uma rota de entrada do produto químico até a corrente sangüínea

6. Idade: crianças recém-nascidas são particularmente mais susceptíveis a este tipo de intoxicação.

Intoxicação pela Via Respiratória

Pela via respiratória pode ocorrer a absorção de praguicidas, especialmente nos indivíduos que trabalham na aplicação dessas substâncias sob a forma de pulverização, operando contra o vento sem usar máscaras de proteção e, também, no uso de praguicidas sob a forma de aerossol (spray). A proteção das vias respiratórias é particularmente importante quando da manipulação ou aplicação de formulações na forma de pós secos.

Uma outra maneira, menos conhecida, de se intoxicar por via respiratória é através do ato de se fumar cigarros contaminados pelas mãos sujas. Embora pareça um ato inofensivo, deve-se considerar que um defensivo que entre por esta via é totalmente absorvido pelo organismo (praticamente a níveis de 100%). Além deste aspecto, corre-se o risco de se inalar um produto de degradação mais tóxico, uma vez que a alta temperatura da ponta do cigarro alcança a área contaminada com o defensivo.

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Recomendações gerais de proteção

Proteção para a cabeça

A cabeça deve ser protegida adequadamente por bonés, capacetes apropriados ou capuz impermeável. O mais recomendado é a touca árabe, principalmente em aplicações direcionadas para o alto.

É confeccionada em tecido hidro-repelente e ideal para evitar respingos e vazamentos em pulverizações costais, além de proteger do sol ambos os lados da cabeça.

Proteção para os olhos e face

Deve ser usada na manipulação de praguicidas com alta toxicidade, principalmente durante a abertura de recipientes e preparo de caldas, bem como no caso de pulverizações e nebulizações.

Para a proteção dos olhos, podem ser usados capacete com viseira, ou óculos de segurança, de preferência com lente inteiriça de material resistente e transparente que permita amplo campo de visão.

Os óculos de segurança foram adaptados dos EPI’s usados em oficinas e na indústria em geral, ficando seu uso mais recomendado para gases, vapores e névoas, com a devida vedação, e em pulverizações direcionadas para cima. A melhor recomendação atualmente é a viseira facial em acetato.

Proteção para o Tronco/Braços e Pernas

Para evitar o contato direto com o produto, devem sempre ser utilizados vestuários leves que protejam a maior parte possível do corpo. As roupas plásticas (impermeáveis) além do desconforto, podem provocar no usuário uma convulsão térmica devido ao aumento da temperatura.

Atualmente as roupas de proteção são confeccionadas em tecidos de algodão, em densidade média de 116 a 168 g/m2. O tecido de algodão é submetido a uma aplicação de produtos químicos; Teflon; óleo Phobol, em alta temperatura e pressão, a fim de deixa-lo hidrorepelente à calda de pulverização.

O avental para preparo da calda é de tecido plástico (trevira) impermeável. Esse tecido impermeável também é utilizado na parte frontal da calça, como reforço mecânico, ao qual faz parte integrante do conjunto para aplicação com o pulverizador costal manual.

Proteção para os Pés

Não existe ainda no Brasil um calçado ideal para aplicação de agrotóxicos. Recomenda-se o uso de botas de cano alto, impermeáveis, sem

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cordões, fechos ou forração e de preferência de cor branca. A utilização de meias de algodão favorece a estabilização da temperatura interna na bota.

Proteção para as Mãos

É ideal a utilização de luvas impermeáveis, de material de boa qualidade, sem forro e suficientemente longas (idealmente 15 a 20 cm de comprimento) para alcançar as mangas, que devem cobrir o cano das luvas. As luvas são indicadas para o preparo e diluição dos praguicidas, carga e descarga, transporte e armazenamento de praguicidas, manutenção de equipamentos utilizados na aplicação de praguicidas.

Devem ser confortáveis, de tamanho adequado ao das mãos do trabalhador e suficientemente flexíveis para o melhor manuseio dos recipientes e demais equipamentos.

Para produtos de formulação CE (concentração emulsionável) recomendam-se luvas a base de nitrila, e para formulações que não contenham solventes orgânicos pode-se recomendar luvas impermeáveis à base de PVC.

Proteção das Vias Respiratórias

É necessária a proteção constante das vias respiratórias devido ao risco de inalação de vapores e partículas dos produtos durante o preparo e diluição de praguicidas, na carga e descarga de equipamentos, na manipulação de pós secos, no transporte, no armazenamento, no descarte de embalagens e, sobretudo, em trabalhos com pulverização em ambientes pouco ventilados.

Entretanto, a proteção das vias respiratórias é um assunto bastante controvertido, com um idéia errônea entre as pessoas de que um trabalhador com a máscara já está protegido.

Para a proteção respiratória, deve-se conhecer a divisão dos riscos químicos e o comportamento de partículas no sistema respiratório humano.

A recomendação da proteção respiratória deve levar em consideração os seguintes aspectos:

• Local (ambiente) em que será manipulado; • Formulação do produto (gases + vapores); • Concentração (teor do tóxico na atmosfera presente).

As máscaras são providas de um ou mais tipos de filtro que atraem e retêm os contaminantes tóxicos suspensos, e isolam os órgãos respiratórios do ambiente externo, de modo a permitir a respiração somente através do filtro.

Basicamente compreendem dois tipos:

1. Sem manutenção, conhecidas também como descartáveis, que possuem uma vida útil relativamente curta;

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2. Com manutenção, que possuem filtros especiais para reposição. São normalmente mais duráveis produzidas em borracha ou silicone. Em algumas máscaras podem ser utilizados dois cartuchos/filtros e em outras apenas um cartucho.

Proteção Auditiva

O trabalhador exposto a níveis elevados de ruído, quando executa as atividades de termonebulização e UBV (Ultra Baixo Volume), sofre efeitos prejudiciais. Sabe-se que a exposição prolongada ao ruído excessivo causa nas pessoas mais sensíveis uma lesão gradual, contínua e irreversível do mecanismo auditivo, que se inicia nas freqüências médias.

Os protetores de inserção recomendados são confeccionados em silicone, providos de flanges e cordão lavável. Seu tamanho deve estar de acordo com o tamanho do conduto auditivo do usuário, portanto, é recomendável que se adquira um medidor auricular, que pode ser obtido gratuitamente com os fornecedores de EPI’s.

Os tipos descartáveis, fabricados com PVC ou espuma, não são recomendados, pois os mesmos não são laváveis e se impregnam rapidamente de produtos e óleos. Os protetores abafadores, constituídos por duas hastes em forma de concha, montados simetricamente nas extremidades, e uma haste com suporte ajustável em forma de arco, devem ser adaptáveis à cabeça, possuir boa compressão na haste e suficiente vedação do pavilhão auditivo para a garantia da diminuição de ruído.

Uma vez que os equipamentos de aplicação normalmente utilizados apresentam níveis sonoros elevados, recomenda-se a utilização permanente dos protetores, se possível, ambos simultaneamente.

Emprego dos EPI’s

Os EPI’s a serem utilizados variam em função do tipo de operação e do produto utilizado. Considerando-se as diversas atividades desenvolvidas que envolvem diferentes riscos, o quadro abaixo apresenta indicações dos EPI’s mínimos que devem ser utilizados durante as operações com agroquímicos.

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Fonte: ANDEF

Cuidados com EPI´s

Lavagem e Manutenção

Os EPI’s devem ser lavados e guardados separadamente das roupas comuns para assegurar maior vida útil e eficiência.

As vestimentas de proteção devem ser abundantemente enxaguadas com água corrente para diluir e remover os resíduos da calda de pulverização.

A lavagem deve ser feita de forma cuidadosa, preferencialmente com sabão neutro (sabão de côco). As vestimentas não devem ficar de molho. Em seguida as peças devem ser bem enxaguados para remover todo o sabão. O uso de alvejantes não é recomendado, pois poderá danificar a resistência das vestimentas. Devem ser secas à sombra. Para usar máquinas de lavar ou secar, consulte as recomendações do fabricante.

As botas, as luvas e a viseira devem ser enxaguadas com água abundante após cada uso. É importante que a viseira não seja esfregada, pois isto poderá arranhá-la, diminuindo a transparência.

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Os respiradores devem ser mantidos conforme instruções específicas que acompanham cada modelo. Respiradores com manutenção (com filtros especiais para reposição) devem ser descontaminados e armazenados em local limpo. Filtros não saturados devem ser envolvidos em uma embalagem limpa para diminuir o contato com o ar.

Reativação do tratamento hidrorepelente

Testes comprovam que, quando as calças e jalecos confeccionados em tecido de algodão tratado para tornarem-se hidrorepelente são passados a ferro (150 a 180°C), a vida útil é maior. Somente a s vestimentas de algodão podem ser passadas a ferro.

Descarte

A durabilidade das vestimentas deve ser informada pelos fabricantes e checada rotineiramente pelo usuário. Os EPI’s devem ser descartados quando não oferecerem os níveis de proteção exigidos. Antes de ser descartados, as vestimentas devem ser lavadas para que os resíduos do produto fitossanitário sejam removidos, permitindo-se o descarte comum. As vestimentas de proteção desgastadas devem ser rasgadas para evitar a reutilização.

Alguns mitos sobre EPI´s

EPI’s são desconfortáveis

Realmente os EPI’s eram muito desconfortáveis no passado, mas atualmente existem EPI’s confeccionados com materiais leves e confortáveis. A sensação de desconforto está associada a fatores como a falta de treinamento e ao uso incorreto.

O Aplicador não usa EPI’s

O trabalhador recusa-se a usar os EPI’s somente quando não foi conscientizado do risco e da importância de proteger sua saúde. O aplicador profissional exige os EPI’s para trabalhar. Na década de 80 quase ninguém usava cinto de segurança nos automóveis. Hoje, a maioria dos motoristas usam e reconhecem a importância.

EPI’s são caros

Estudos comprovam que os gastos com EPI’s representam, em média, menos de 0,05% dos investimentos necessários para uma lavoura. Alguns casos como a soja e o milho, o custo cai para menos de 0,01%. Insumos, fertilizantes, sementes, produtos fitossanitários, mão-de-obra, custos administrativos e outros materiais somam mais de 99,95%. O uso dos EPI’s é obrigatório e o não cumprimento da legislação poderá acarretar em multas e ações trabalhistas.

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Termos técnicos português-inglês

Termo em português Termo em ingles

rendimento yield

velocidade do vento wind speed

plantas daninhas weed plants

papel hidrossensível water sensitive paper

diâmetro da mediana volumétrica (dmv) volume median diameter (vmd)

ponta de jato plano duplo twin flat fan spray tip

velocidade do trator tractor speed

traçador tracer

area alvo target area

surfactante surfactant

tensão superficial surface tension

subparcelas subplots

volume de pulverização spray volume

ponta de pulverização spray tip

bico de pulverização spray nozzle

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Termo em português Termo em ingles

semeadura sowing

pulverizador de barra autopropelido self-propelled boom sprayer

amostras samples

umidade relativa relative humidity

pressão pressure

potencial de deriva potential drift

parcelas plots

vasos plant pots

acamamento plant lodging

doenças de plantas plant diseases

pragas pest

mesa de deposição patternator

volume nominal nominal flow rate

cenário agrícola nacional national agribusiness

pulverizador montado mounted sprayer

ponta de jato plano redutor de deriva low drift flat fan spray tip

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Termo em português Termo em ingles

linhagem ainda em teste lineage

linhagem a ser lançada no mercado line

calagem liming

calcário limestone

calcário lime

teor level

pulverizador costal knapsak sprayer

entrenós internodes

ponta de jato cônico hollow cone spray tip

gesso gypsum

ponta de jato plano flat fan spray tip

ponta de jato plano uniforme even fan spray tip

pulverização eletrostática eletrostatic spray

tamanho de gota droplet size

gota droplet

deriva drift

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Termo em português Termo em ingles

calcário dolomítico dolomite lime

deposição deposition

colmo culm

cobertura coverage

testemunha control or checks

válvula de pressão constante constant flow valve

quimigação chemigation

pulverizador pneumáticocanhão de ar cannon sprayer

zona de segurança buffer zone

solução tampão buffer solution

pulverização em área total broadcast spray

cultivares melhorada breeding cultivars

pulverizador de barra boom sprayer

pulverização em faixa band spraying

ensaio assays

tecnologia de aplicação application technology

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Termo em português Termo em ingles

assistência de ar air-assistance

ponta de jato plano de indução de ar air induction flat fan spray tip

indução de ar air induction

aviação agrícola agricultural aviation

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