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  • 7/31/2019 agricultura integrada

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    www.sebrae.com.br N 7 Dezembro de 2007

    Revoluo silenciosaagrtr g tgrd tr dmt tt pr m d mp

    cjtrM-br d bfmtd t d j mpmprdtdd rdmt dpq grtr

    Rtr grtdar d g prtrrmm r rdmtrm mprdmt rt

    o vdmr srlt, grtr d Pd Trr - ag

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    Ano 2 n 7 Deembro de 2007 w w w . s e b r a e . c o m . b r

    sumrio

    Reista SEBRAE Agronegcios n 7deembro de 2007

    seBRaeSerio Brasileiro de Apoio

    s Micro e Pequenas Empresas

    Prdt d c

    Dbrt nADELMIR SANTANA

    Drtr-PrdtPAULO TARCISO OKAMOTTO

    Drtr TLUIz CARLOS BARBOzA

    Drtr d admtr FCARLOS ALBERTO DOS SANTOS

    Grt d udd datdmt ct

    agrg Trrtrepf ugrJUAREz DE PAULA

    Grt d udd dMrktg cmMRCIO GODINhO OLIvEIRA

    crd

    [email protected]

    crd edtrCELSO CAvALCANTI MELO JR. (D 02552 JP)

    RprtgmCELSO CAvALCANTI MELO JR.

    ALExANDRE ACCIOLyFt d p

    ROMMEL MOURAFt

    ASN (AGENCIA SEBRAE DE NOTCIA)/DIvULGAOcrd d art

    REGINA PESSOADgrm

    EDUARDO KRGERimpr

    Grca Carbel

    RhELENA JANSEN

    PbSEBRAE UAGRO (UNIDADE DE ATENDIMENTO

    COLETIvO AGRONEGCIOS ETERRITRIOS ESPECICOS)SEPN 515, Bloco C, Loja 32

    CEP: 70770-530 BRASLIA D(61) 3347-7422/7433/7389

    Expediente

    AgroecologiaPrjt Pais tr dmt tt prgrtr mr

    6

    M-br dbfmt dt d jmpm p dprdt mrd

    Competitividade

    5 Mensagem Camino para odesenolimento sustentel

    6 Alimentao de qualidade, trabalo ecidadania para o agricultor amiliar

    10 Alagoas A unio az a ora

    11 Baia Por uma ida melor

    12 Cear No Cear tem disso, sim

    13 Esprito Santo no trabalo e noconecimento

    15 Gois Melor para a sade e para o bolso

    16 Mato Grosso do Sul Donos do negcio

    17 Minas Gerais Transormao nosemi-rido mineiro

    19 Paraba amlia que trabala unida...

    20 Pernambuco Orgulo de ser sertanejo

    22 Piau O doce ruto do trabalo

    23 Rio Grande do Norte Com a ora da muler

    25 Sergipe Sade, trabalo e auto-estima

    27 Box Noa cartila ensina o passoa passo do PAIS

    28 Entreista Aly NDiaye, agrnomoidealizador do PAIS

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    smp f

    Editorial

    Paulo oKaMoTToDiretor-presidente do Sebrae

    ASN

    Final de ano sempre um bom momento para aaliar as realia-es e planejar as aes para encer os primos desaos. Numpas continental e socialmente ainda to desigual como o Bra-sil, temos muito trabalo pela rente. No setor rural, por eem-

    plo, preciso inestir cada e mais na agricultura amiliar, oerecendoaos pequenos produtores condies de alcanar o desenolimentosustentel e o pleno eerccio de sua cidadania.

    Um mecanismo eca para isso proporcionar a essas populaes

    acesso ao conecimento, s noas tecnologias e capacitao em reascomo gesto, empreendedorismo e associatiismo. Trata-se, enm, dedar condies para que o agricultor amiliar brasileiro seja eetiamentecompetitio e toque sua produo como um negcio planejado.

    oi o que obseramos em 2007, a partir dos resultados obtidos como Projeto PAIS Produo Agroecolgica Integrada e Sustentel, umsistema de irrigao simples, inteligente e eca.

    Realiado com base em connio entre o Serio Brasileiro de Apoios Micro e Pequenas Empresas, undao Banco do Brasil e o Ministrioda Integrao Nacional, incluindo tambm imprescindeis parceriaslocais, o PAIS conta atualmente com mais de mil unidades instaladas em

    deenas de comunidades, assentamentos e pooados, distribudos pormunicpios de 12 estados.A iniciatia tem contribudo para gerar segurana alimentar, ocu-

    pao e aumento de renda para centenas de amlias, como eremos emmais esta edio da Revista Sebrae Agronegcios.

    Agora, noos parceiros goernamentais como o Ministrio da Cin-cia e Tecnologia e o Ministrio do Desenolimento Social e Combate ome m se agregar a essa grande mobiliao para diundir o uso datecnologia.

    Dessa orma, o PAIS ai rapidamente ganando escala e se transor-mando, dentro da RTS, a Rede de Tecnologia Social, num instrumentoeetio de transerncia de tecnologia na agricultura amiliar. Essa

    unio de esoros certamente beneciar outros milares de omens emuleres do campo.

    A epectatia, portanto, de um 2008 ceio de desaos, mas igual-mente repleto de realiaes e conquistas.

    Com aes como o PAIS, o Brasil continuar melorando.

    30 Entreista bio Cuna, diretor doDepartamento de Programas para o Nortee Nordeste da Secretaria de ProgramasRegionais do Ministrio da Integrao

    Nacional

    32 Entreista Jacques Pena, presidenteda undao Banco do Brasil

    34 Entreista Joe valle, secretriode Incluso Social do Ministrioda Cincia e Tecnologia

    36 Entreista Jonas Paulo Neres, diretorda rea de Reitalizao das Baciashidrogrfcas da Codeas

    38 Entreista Larissa Barros, secretria-

    executia da Rede de Tecnologia Social

    40 Aicultura Caipira que d lucro

    43 Cajucultura Caju, esse elo amigodos brasileiros

    Sebrae Agronegcios 5

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    Introduo

    Em doze estados brasileiros, centenas de pequenos produtores

    rurais conquistam o desenvolvimento sustentvel com a aplicao

    do Projeto PAIS, uma tecnologia social de agricultura ecolgica

    Alimentao de qualidade,

    trabalho e cidadania para oagricultor familiar

    vt gr d m dd d Pais m ag

    Pais

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    Para que uma determinada so-luo seja reconecida comotecnologia social, ela precisaatender a alguns requisitos.

    Entre eles, dee ser algo simples, re-aplicel, desenolido em interaocom a comunidade beneciada, ter bai-o custo e garantir a sustentabilidadedos resultados alcanados. Pois bem, oProjeto PAIS Produo AgroecolgicaIntegrada e Sustentel abrange todasessas caractersticas e tem proporcio-nado eeitos surpreendentes nos locaisem que utiliado.

    Trata-se de um sistema de produoorgnica de ortalias, rutas e peque-

    nos animais. Todos numa mesma rea,dispostos de orma circular, e tendocomo pressupostos a racionaliao derecursos e o manejo ecolgico da terra.O pblico-alo ormado por agriculto-res amiliares de municpios com baiondice de Desenolimento humano(IDh). Os impactos positios na idadesses produtores so muitos, e o dameloria das condies alimentares atuma ampliao signicatia da rendaamiliar. A tecnologia PAIS est plena-mente integrada nossa estratgia deatuao, que busca promoer a compe-titiidade e o desenolimento susten-tel dos micro e pequenos empreendi-mentos, nesse caso tendo como oco oagricultor amiliar, eplica Lui CarlosBarboa, diretor-tcnico do Sebrae.

    A proposta dessa tecnologia, ide-aliada pelo agrnomo senegals AlNDiae, aer com que os produto-res dependam o mnimo possel de

    qualquer componente estrano suapropriedade. Toda a produo acontecesem o uso de agroticos, propiciandoalimentos saudeis e lires de quais-quer intererncias qumicas. A irriga-o eita por meio de um sistema degotejamento, o que eita o desperdciode gua e possibilita a implantao domodelo inclusie em regies de semi-rido. O ormato circular tambm ao-rece o aproeitamento do tempo pelo

    agricultor, que pode superisionar e sedeslocar com mais acilidade entre osdiersos produtos plantados. Todos es-ses atores tm o mrito de transormaressa atiidade de agricultura amiliarnum negcio sustentel.

    DisseMinao Da TecnoloGiaAssinado em 2005, um connio

    entre o Sebrae, a undao Banco doBrasil (BB) e o Ministrio da Integra-o Nacional (MI), estabeleceu a im-plantao de 1.080 unidades do PAISem 12 estados brasileiros: Alagoas,Baia, Cear, Esprito Santo, Gois,Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Para-ba, Pernambuco, Piau, Sergipe e RioGrande do Norte.

    hoje, pouco mais de dois anos apsa ormaliao daquele compromisso, cil obserar que o projeto eeti-

    amente saiu do papel. Preeituras,goernos estaduais, uniersidades,organiaes no-goernamentais eas prprias comunidades se tornaramatores desse processo. E, em todos osmunicpios onde oi implantado, o PAIStem ajudado a promoer uma erdadei-ra reoluo nos bitos alimentarese no modo de produo das amliasparticipantes.

    Aps a assinatura dessa parceria

    nacional, oram planejadas metasestratgicas para o projeto, preistaspara serem alcanadas em trs etapascronolgicas. A primeira consistia emgarantir o abastecimento das amliasparticipantes, muitas delas moradoras

    de assentamentos da reorma agrriaou remanescentes de quilombolas, eque iiam a urgncia de assegurar queno altaria comida em suas mesas.Para uma segunda ase, estimaa-seque aeria a comercialiao do e-cedente que osse produido em cadaunidade. E para um terceiro momento,cou programado um esoro maior deestmulo ao associatiismo entre osagricultores do PAIS, de orma a am-pliar a organiao e a competitiidademercadolgica.

    Entretanto, poucos meses aps ini-ciada a etapa de implantao das or-tas, o desempeno surpreendeu. Muito

    mais do que conseguir a eetia melo-ria das condies alimentares das am-lias, o PAIS rapidamente proporcionouaanos epressios na renda mdiadesses agricultores. E em rias comu-nidades as prprias amlias tomaram ainiciatia de se organiar em grupos eassociaes, buscando incrementar ascondies de enda dos ecedentes.

    Esperamos, para uma segundaase, que a enda do ecedente gerasseuma renda mdia em torno de um sa-lrio mnimo para essas pessoas. Mas,em muitos casos, as amlias que estoprimas de mercados mais dinmicos,j conseguiram cegar a muito maisdo que isso; s ees superando R$ 1mil mensais, destaca Juare de Paula,gerente da Unidade de Agronegcios doSebrae Nacional.

    TRaBalho coleTivoNo processo inicial de escola dos

    municpios, os trs parceiros Sebrae,BB e MI se reuniram para identicarlocalidades onde j apoiaam algunsprojetos. A idia era concentrar esor-os nesses municpios, de modo a ei-tar a puleriao dos recursos. Tam-bm o baio IDh e a presena de outraspolticas pblicas do Goerno ederaljunto quela populao oram critriosundamentais para selecionar os locaisque receberiam as unidades do PAIS.

    Em paralelo a essa seleo consen-sual dos municpios, oram atribudasresponsabilidades especicas paracada um dos rgos em relao ao pro-jeto. ormulador da Poltica Nacionalde Desenolimento Regional, atras

    A diretrizestratgica buscaro desenvolvimento

    sustentvel paraos agricultoresamiliares

    Luiz Carlos Barboza,

    Diretor Tcnico do Sebrae.

    Pais

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    Introduo

    da Secretaria de Programas Regionais,o Ministrio da Integrao Nacionalenergou a oportunidade de materia-liao de uma poltica pblica a partirdessa tecnologia social. Por isso, deci-diu incluir o projeto em sua programa-o oramentria, destinando recursosque oram inestidos na implantaodas unidades e tambm na capacitaoe consultoria tcnica prestadas aosagricultores.

    undao Banco do Brasil, quetem entre seus eios de atuao justa-mente a diuso de tecnologias sociaisde sucesso, coube a parte dos inesti-mentos os, relatios aos kits com-

    pletos do projeto. Cada um compostopor caia dgua, bomba, mangueiras,registros e outros itens imprescindeispara a instalao do sistema em cadapropriedade selecionada.

    J o Sebrae direcionou para o pro-jeto PAIS sua expertise de trabalo comassociaes e cooperatias, nas reasde gesto, empreendedorismo, capa-citao e comercialiao. Na prtica,isso aconteceu por meio de aes comoa identicao de locais potenciais, damobiliao daquela comunidade e dosgestores pblicos, da realiao de cur-sos e seminrios. Essa responsabilidade

    coube ao Sebrae, arma Newman Cos-ta, coordenadora do PAIS pelo SebraeNacional.

    O Sebrae tambm se articulou comos parceiros para adotar outras proi-dncias, como a contratao de tcni-cos agrnomos para prestar consultorias amlias produtoras, assistindo eorientando os agricultores quanto orma de trabalar, o ciclo de produoa ser seguido, a elaborao de adubosorgnicos e ertiliantes naturais, en-tre outros atores. Na erdade, essestcnicos atuam como multiplicadoresda tecnologia, pois a proposta que,aps implantadas as unidades, as pr-

    prias comunidades saibam conduir suaproduo dentro do manejo agroecol-gico da terra, eplica Maria Maurcio,tambm coordenadora do PAIS peloSebrae Nacional.

    Alm dos parceiros nacionais, cujaunio permitiu a realiao do proje-to, dentro dos estados e municpiostambm oram estabelecidas parceriasimportantes. No papel de articuladordo projeto, cada Sebrae local conidousecretarias de goerno, uniersidades epreeituras para que tambm se enga-jassem no processo, cada uma com suacontribuio.

    Assim, uniersidades que mantmrea de agronomia, por eemplo, le-aram alunos e proessores para orien-tar as amlias. Preeituras cederameculos e tcnicos de seu quadro, emuitas organiaram espaos para eiraslires oltadas comercialiao dosprodutos. Tudo de orma negociada,respeitando os limites oramentriose estruturais de cada uma dessas ins-tituies. O que preciso car claro que a iniciatia s acontece naquelesmunicpios onde as preeituras com-pram a idia, esclarece Newman.

    Tambm os produtores seleciona-dos tieram de entrar com suas contra-

    partidas, como a disponibiliao dapropriedade, o compromisso de parti-cipar das atiidades de capacitao e amo-de-obra para instalar as unidadesdentro da metodologia apresentada.

    PRoDuo e MeRcaDoA instalao de uma unidade do

    PAIS enole algumas especicidades.Detalando de orma bem resumida, preciso que o terreno tena etensomnima de cinco mil metros quadrados,e que a rea seja o mais plana possel,para possibilitar a montagem da ortacircular. Tambm necessrio que aja

    Queremos trabalharcom produtos

    benefciados, que gerammaior competitividade

    e lucro para aagricultura amiliar .

    Juarez de Paula, gerente da

    Unidade de Agronegcios

    do Sebrae Nacional.

    Os pequenos agricultoresse capacitam para oprocesso produtivo,

    empregando tecnologiasocial adequada prticada agricultura orgnica .

    Maria Maurcio,

    coordenadora do PAIS

    pelo Sebrae Nacional.

    Para que o projetoacontea em

    algum municpio, undamental quea preeitura compre

    a idia.Newman Costa,

    coordenadora do PAIS

    pelo Sebrae Nacional.

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    uma onte de gua, prima, e para issoo kitdo projeto conta com uma caia decinco mil litros. O solo preparado pelomtodo de compostagem, que consiste

    na elaborao de adubo orgnico e suautiliao como ertiliante. No centroda unidade construdo um galineiro,em geral com cinco metros de dimetroe coberto com palas ou outros mate-riais eistentes naquela propriedade.Ao redor do galineiro, sucessios can-teiros circulares, cada um com uma cul-tura. Mangueiras ou tas gotejadorasso dispostas ao longo dos canteiros,para que seja eita a irrigao sem des-perdcio de gua.

    Outra caracterstica que dierenciaa tecnologia PAIS de outros modelos o quintal agroecolgico. ormado porplantas ruteras e espcies natias daregio, o quintal produido em reaconea orta, e complementa a dier-sidade alimentar disposio daquelaamlia.

    vale lembrar que a questo domanejo ecolgico um aspecto unda-mental da tecnologia. Primeiramente,

    porque eita a degradao da terra,promoe a reciclagem de recursos erespeita o ambiente que est sendoutiliado, gerando economia e susten-tabilidade para o agricultor.

    Igualmente importante em relao agricultura ecolgica o ato de queos alimentos assim produidos tmconquistado cada e mais espao na

    sociedade. consenso, entre os con-sumidores, que rutas e ortalias semagroticos so as melores opespara manter a sade e a qualidade deida, o que lea sua aloriao pelomercado. Ao dispor de um produtodierenciado, os agricultores do PAISpodem comercialiar sua produo comboas antagens em relao aos alimen-tos conencionais.

    Essa tendncia mundial de grandeaceitao dos produtos agroecolgicospelo mercado ai ao encontro da pr-ima etapa do projeto PAIS, que pro-moer o associatiismo e garantir umatica empresarial sobre esses negciosamiliares. Na medida em que se consigainstalar rias unidades primas umasdas outras, a idia reunir os eceden-tes dessas unidades, de modo a iabili-ar uma central de miniprocessamento.

    Com isso, os agricultores amiliarespodero, por eemplo, comercialiar

    ortalias igieniadas, cortadas, sele-cionadas e descascadas, agregando alorao seu produto. Queremos aer comque esses legumes e erduras j ceguemcom algum beneciamento, num estgio

    mais aanado para o uso do consumidor.Em muitos casos isso inclusie aumenta otempo de ida til na prateleira. A partirde 2008, amos comear a trabalar com

    produtos dessa orma, traendo marcas,embalagens e outros itens capaes degerar maior competitiidade e lucro paraa agricultura amiliar brasileira, planejaJuare de Paula.

    Os resultados j alcanados, e tam-bm as perspectias uturas, mostramporque o PAIS tem se constitudo numaeperincia de sucesso em todos oslocais onde aplicado. Ministrios,organiaes priadas, entidades dasociedade ciil, gestores estaduais emunicipais e lideranas comunitriascada e mais maniestam interesse emtorno dessa tecnologia, que caminaa passos rpidos para se transormarnuma eetia poltica pblica nacional.tima notcia para os agricultores a-miliares; melor ainda para o Brasil.

    As muitas istrias de sucesso eos depoimentos entusiasmados deagricultores, tcnicos, gestores locaisdo projeto e parceiros, nos doe esta-

    dos em que o projeto oi aplicado, soproa concreta dessa armao. Casosreais de superao e transormaosocial, que podem ser coneridos naspginas a seguir.

    a tg Pais prmt grtr d m-rd prr rgd d

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    Alagoas

    Toda segunda e seta-eira acena se repete. Gilan Dantas,32 anos, deia o pooado Matoda Ona e segue para a cidade

    de Po de Acar. O trajeto eito porbarco, que crua as guas do Rio Sorancisco, repleto de rutas e ortaliaspara serem endidas na eira local. Os

    produtos saem resquinos de sua or-ta, na qual ele trabala junto com a me,Maria Rita, e a sobrina ngela. Desdeque aderiu ao Projeto PAIS, Gilan temobserado uma crescente meloria nooramento amiliar. Melorou bastantemesmo; a renda tem aumentado pouco apouco. Sempre tie ontade de trabalarcom ortalias, e esse sono se trans-ormou em realidade. Planto coentro,alace, pimento, coue, um monte decoisas, comemora o agricultor.

    Ele eplica que, antes de aderir aoPAIS, j trabalaa com a ruticultura,plantando acerola, goiaba, graiola ebanana. E que essa produo oi incor-porada aos canteiros da orta. Alm darenda com a comercialiao dos pro-dutos, Gilan ressalta os benecios doprojeto para a alimentao diria de suaamlia. Antes era preciso comprar tudona eira, e agora ns mesmos estamosproduindo. Tem sido muito bom mes-

    mo, acrescenta.A orta de Gilan uma das 90

    unidades do PAIS implantadas em trsmunicpios do mdio e alto serto ala-goano. Alm de Po de Acar, Poo

    Agricultores amiliares de

    Alagoas azem mutiro

    para acelerar instalao

    de unidades do PAIS em

    suas propriedades

    A unio

    faz afora

    das Trinceiras e gua Branca tambmaem parte do projeto. Nesses locais, aparceria do Sebrae, undao Banco doBrasil e Ministrio da Integrao Nacio-nal contou com o reoro das preeiturasmunicipais e da ONG Mina Terra, quetm dado importante apoio ao projeto.

    Segundo Maria de tima dos San-tos, coordenadora estadual do PAIS peloSebrae, essa unio de esoros tem sidouma caracterstica marcante da implan-

    tao da tecnologia no estado. As pre-eituras dos trs municpios tm dadoum apoio muito grande, disponibilian-do tcnicos agrcolas para acompanare prestar assistncia s amlias. Issoser importante para a continuidade dosresultados quando a etapa de implanta-o estier naliada, analisa.

    MuTiRoNa erdade, desde o incio cou claro

    que o sucesso do PAIS em Alagoas seriaruto de um trabalo conjunto. Issocou ainda mais eidente quando, apsparticiparem das palestras de sensibili-ao e das atiidades de capacitao,as amlias assumiram a contrapartidade contribuir com todo o processo deimplantao, conscientes de que nobastaria receber o kitentregue pelasinstituies promotoras.

    Dessa orma, arregaaram as mangase partiram para realiar um trabalo

    realmente coletio, a rias mos. Oresultado que grande parte dos kits dasunidades oi instalada em sistema demutiro. Quando uma amlia ia montaro seu kit, ela recebia ajuda daqueles

    iinos que tambm iriam receber osseus, na comunidade. Juntaam-se qua-tro ou cinco amlias, e, no mimo emdois dias, o kitestaa montado. Ento ogrupo partia para uma noa empreitada,em outra propriedade.

    Esse esprito de cooperao deumaior elocidade ao trabalo de im-plantao, o que oi percebido princi-palmente em Poo das Trinceiras. Umadas ortas mais istosas do lugar a de

    valdemiro Ales Leite, agricultor de 33anos. Entusiasmado, ele s elogios aoprojeto. Todos os sbados, valdemiroende suas ortalias na eira da iinaSantana do Ipanema, e di que o ato detrabalar com produtos orgnicos temsido undamental para o aumento darenda amiliar. As pessoas gostam mui-to das minas erduras. Eu j tina ban-ca na eira, mas depois que entrei nesseprojeto aumentou bastante a reguesia,porque deu uma articulada maior; o pes-soal tem mais conecimento sobre o que orgnico, e aloria mais, compara.

    Para o primo ano, o Sebrae deAlagoas est procurando enoler aSecretaria de Agricultura do estado, como objetio de intensicar a assistnciatcnica aos produtores participantes doPAIS, conorme eplica tima Santos.Queremos garantir a orientao tcnicaa esses agricultores, porque, se ouera gesto do pequeno empreendimen-

    to rural, mas no ouer assistnciatcnica, a coisa no ai andar de ormaadequada. Por isso estamos articulandoesse apoio do goerno estadual, armaa coordenadora do projeto.

    vdmr lt, d P d Trr: a p rm m prdt rg

    Pais

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    Bahia

    aida nunca oi cil paraNatalina Lacerda da Sila,de 44 anos. Sertaneja orte,Dona Lia, como conecida,

    casada com o agricultor JoaquimRodrigues da Sila, e iu seus quatro -los partirem para So Paulo em busca

    de oportunidades. Moradora do assen-tamento aenda Noa, no municpiobaiano de Sebastio Laranjeiras, DonaLia reclama do calor e da seca do lu-gar. muito quente aqui, moo. Masgarante que iu renascer a esperana,desde que passou a produir dentro datecnologia PAIS - Produo Agroecol-gica Integrada e Sustentel.

    Sob o sol inclemente do serto,Dona Lia planta cebola, alace, cenoura

    e outras ortalias, que ajudam a me-lorar a alimentao e tm asseguradoum dineirino para ela e o marido. Aspessoas l na eira gostam do nossoproduto porque no tem eneno. Elo-giam bastante. Deiam de comprar dosoutros para comprar da gente. Eu acoque aleu a pena entrar no PAIS, ar-ma, com um sorriso tmido no rosto.

    Em Sebastio Laranjeiras, quatroassentamentos receberam unidades doPAIS. oram escolidos em conjuntocom a Preeitura, por se tratarem dosmais carentes do local. Outros doismunicpios aem parte do projeto naBaia: Bom Jesus da Lapa e Carina-na. So, ao todo, 90 unidades instala-das no estado desde janeiro deste ano,e os resultados tm mostrado epres-sia meloria na qualidade de ida dascomunidades.

    Em Carinana, um dos maioresdesaos enrentados encer a grande

    etenso da ona rural. As unidadesoram distribudas de modo puleria-do, naqueles distritos onde j eistiamescola e posto mdico. Assim, para ostcnicos isitarem todas as ortas do

    Frutas, hortalias e muita disposio para o trabalho ajudam atransormar a realidade de agricultores amiliares do serto baiano

    Por uma vida melhor

    PAIS no municpio preciso percorrernada menos que 350 km de estrada.Trata-se de uma regio ormada poragroilas, cada uma com cerca decinco mil abitantes. O PAIS acabouaorecendo no s os agricultores par-ticipantes do projeto, mas a populaoem geral, dessas comunidades, quetm diculdade de acesso para adquiriros produtos em outros locais, e agorapodem comprar ortalias produidasbem primas a elas, di WelntonManes, gestor local do projeto peloSebrae.

    lio aPRenDiDaUm dos agricultores participantes

    que adotaram a tecnologia PAIS nomunicpio Domingos Ales Moreira,48 anos, morador da comunidade Dois

    Irmos. Ele ala, orguloso, de suaproduo, que inclui abbora, quiabo,cenoura, repolo, tomate, entre outros.J ceguei a coler aqui uma abborade 12 kg, conta. Outro produto que ele

    gosta de destacar o gergelim, com oqual sua esposa, Cenilda, prepara re-quisitados doces e paocas.

    Na opinio de Domingos, um dosprincipais ensinamentos que ele apren-deu nos cursos de capacitao do pro-jeto oi a preparar deensios naturais,para acabar com ormigas, pulgese outras pragas que se atreerem aatacar sua orta. Aprendiado que elea questo de passar para outros agri-cultores. Basta pegar 1 kg de ola docansano e 1 kg de urtiga, triturar nopilo e pr de molo por trs dias. De-pois junta um pouco de sabo neutro,pe na bomba e joga dentro do buraco.Por aqui era um absurdo a quantidadede ormigas, daquelas que cortam tudoque erdura. Pois acabou. Inclusieno quiabo, que muito perseguido

    pelas ormigas; no temos mais esseproblema na nossa terra, ensina.

    Alm do deensio, o adubo orgni-co oi outra coisa que deiou Domingosadmirado. Eu j imaginaa que era

    i d prpr d m rt m Bm J d lp-Ba

    Pais

    Sebrae Agronegcios 11

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    Bahia

    Cear

    bom, mas agora aprendi, na teoria e naprtica, como aer e como montar. Agente ai aendo camadas de pala demilo, esterco, cina para eliminar ocupim, bagao de capim, ola de matoseco, at criar altura. uma marai-la, empolga-se.

    Tanta dedicao plenamenterecompensada, na sade e no bolso.Os produtos que saem da orta deDomingos serem de alimento parasua amlia - Antes era eijo, arroe um oino rito - e o ecedente distribudo para a rede escolar, ia Pre-eitura. Segundo ele, a renda mdia se-manal cega a R$ 80,00, mas j oue

    ocasio de ele lucrar mais de R$ 100,00numa nica semana. Outro produtor deCarinana coleu, de janeiro a abrildeste ano, 900 kg de tomates, o que le

    rendeu um gano de R$ 1.350,00 s nacomercialiao desse produto.

    PaRceRiasEm Bom Jesus da Lapa, a seleo das

    trinta amlias participantes do projetono municpio cou a cargo da Preeiturae de sindicatos locais. So duas comuni-dades quilombolas, Lagoa das Piranase Ara Cariac, e uma agroila, a comu-nidade da Lapina. As unidades tm seuabastecimento de gua custeado peloeecutio municipal.

    Outros parceiros importantes que ainiciatia tee na Baia oram a Code-as, que entrou com inestimentos em

    inra-estrutura, e tambm a Embrapahortalias. Esta eniou tcnicos paraensinar as amlias a aerem a compos-tagem e a trabalarem com a agricul-

    tura ecolgica, e tambm contribuiupara introduir diersos produtos noscanteiros. Tiemos a ariedade daabobrina brasileira, aquela com ascores erde e amarela, e tambm abatata com betacaroteno, que tem corde abbora. oi uma sorte a Embrapaparticipar conosco desse trabalo, ri-sa Cludio reitas Santos, coordenadorestadual do projeto pelo Sebrae.

    Entre as ortalias mais produidasdentro do Projeto PAIS nos municpiosbaianos esto coentro, cebolina, ala-ce, coue-for, cenoura, quiabo, nabo ealgumas eras medicinais. h tambmas rutas do quintal agroecolgico,

    incluindo banana, mamo, goiaba,acerola e at morango, que tem sidoplantado com sucesso numa das unida-des de Bom Jesus da Lapa.

    Projeto PAIS ajuda homens e mulheres do campo cearense a

    conquistar alimentao de qualidade, trabalho e cidadania

    No Cear tem disso, sim!

    logo que concluram os cursosde capacitao do PAIS e ter-minaram de montar o kitdoprojeto em sua propriedade,

    Lucineide Rodrigues erreira e o mari-do, Josias de reitas, partiram para aetapa de produo. Moradores do as-sentamento Lui erreira, no municpiode Jaguaretama, adubaram os canteirose iniciaram o plantio, da orma comoaiam aprendido. Cautelosos, deci-diram comear aos poucos, plantandouma quantidade pequena de ortalias.Alace, cebola, coentro, beterraba. Osuciente para garantir o consumo daamlia e ender um pouquino na eirada cidade.

    No deu para quem quis. A ecelen-

    te aceitao dos produtos orgnicos naeira e com que rapidamente os can-teiros se esaiassem. Lio aprendida,Lucineide e o marido decidiram ampliara produo, na certea de que tero

    demanda mais que suciente para suasortalias. Trabalar com agriculturaorgnica muito melor. O pessoalprocura muito, pois sabe que no temeneno. cil de ender, garante aagricultora.

    Jaguaretama, juntamente com AltoSanto e Pedra Branca, oram os munic-pios escolidos para receber unidadesdo PAIS no Cear, dentro da parceriaSebrae, undao Banco do Brasil e

    Ministrio da Integrao Nacional. Oestado tem 65% de seu territrio den-tro do semi-rido, e apresenta ndiceeleado de pobrea. Da a importnciade disseminar, junto a essa populao,uma tecnologia simples, barata e e-ciente como o PAIS, capa de gerarsegurana alimentar, renda e inclusosocial.

    Os eemplos de sucesso da aplicaoda tecnologia se multiplicam nesses trsmunicpios. Em Jaguaretama, alm deLucineide e Josias, agricultores comoAntnio Gomes da Sila e Luis Jerr Car-neiro, ambos da comunidade de Serrotedo Mato, j colem o suciente para as-segurar o sustento da amlia e comer-cialiar a produo. h, no municpio,

    casos de dois produtores que decidiramconcentrar suas produes em coentroe cebolina, e, pelo olume endido,esto conseguindo aturar cerca de R$200,00 a cada semana.

    a t rt pr grtr dPais m Pdr Br-ce

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    Esprito Santo

    Assentados da reorma agrria no Esprito Santo ganham

    novo estmulo de produo com a tecnologia PAIS

    F no trabalho e no conhecimento

    ocasal Ceila e Adailson dosAnjos procura manter umaida tranqila e equilibrada,apesar das diculdades. Eles

    moram com as duas las no assenta-mento Santa , municpio de Apiac,Esprito Santo. Desde que receberamuma rea de sete ectares oriunda dareorma agrria, trabalam duro na or-ta, plantando ca, banana, mandioca,cana, milo e eijo. Religiosos, nuncaperderam a de que, um dia, as coisasiriam melorar.

    Essa esperana em se transorman-do em realidade, desde que instalaram osistema PAIS - Produo Agroecolgica

    Integrada e Sustentel em seu terreno.Diersos outros alimentos passaram aaer parte de seu dia-a-dia, meloran-do as condies nutricionais e tambma renda amiliar. Com um detale, que

    No Stio Batoque, em Alto Santo, aorta de Jos Nilton Beerra, o Pitoco,j conta com seis ciclos plantados comuma grande diersidade de produtos,onde o destaque o eijo-guandu, queele j ende inclusie para a capital,ortalea. Na mesma comunidade, JosMoreira Maia, o z Ian, j est no ter-ceiro replantio de seu canteiro, repletode milo, eijo e rutas.

    Em Pedra Branca, Aleandre Danielde Lima tem conseguido comercialiartoda a produo de alace, coentro, ce-bolina, beterraba e cenoura que coleem sua orta, montada no Stio Brejo.Temos ortas do PAIS em reas de as-

    sentamento e tambm em propriedadesindiiduais. vrias dessas unidadesesto uncionando muito bem, com e-celentes resultados. Creio que um dosmotios porque inestimos orte nacapacitao, com um curso de agroe-

    cologia para cada ncleo, arma PauloJorge Mendes Leito, coordenador es-tadual do projeto pelo Sebrae.

    PlaneJaMenToO primo passo para os agricultores

    amiliares do PAIS no Cear ser o orne-cimento de sua produo para a rede deensino local, que utiliar as ortaliasna merenda escolar. A comercialiaoser eita ia Compania Nacionalde Abastecimento (Conab). Projetonesse sentido j oi elaborado, e estaguardando apenas tramitao nal norgo. Para que esse processo aconteade modo adequado, sem atropelos, o

    Sebrae cearense est promoendo, emcada unidade, uma consultoria oltadaao planejamento da produo. Isso por-que, uma e estabelecido o compromis-so, ser necessrio que os agricultorestenam condies de assegurar a oerta,

    garantindo que no altem produtos.Pelo menos 40 amlias j esto

    cadastradas para participar. Uma delas a de Lucineide e Josias, aquela do as-sentamento Luis erreira. Lucineide com otimismo e conana esse uturo,que oje est to primo de ser alcan-ado. Acamos que em 2008, agoraque j sabemos plantar direitino, ese Deus ajudar, ai ser muito melorpara ns. Por isso emos o cadastrona Conab, para ender direto para l.vamos ter uma rendaina melor paracomprar nossas coisas, n?, pre.

    com esse otimismo, e com esp-rito empreendedor, que os pequenos

    produtores rurais de Jaguaretama,Pedra Branca e Alto Santo enrentamo sol do serto, plantando e colendo,dentro de uma metodologia planejadade agricultura ecolgica, na certea deque a ida ai car cada dia melor.

    Lui Bettero

    c d or ad st aj. Rd mpd m tg Pais

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    Esprito Santo

    Ceila gosta de repetir: no deem nadaa nenuma instituio bancria. Esseprojeto modiicou nossa maneira deier. Comeamos a produir e a ender

    erduras e oos em noembro de 2006.oi o melor projeto que eu j i dire-cionado para produtores assentados debaia renda, elogia.

    Assim como Ceila, Adailson e suaslas, cerca de 400 outras pessoas estosendo diretamente beneiciadas pelaaplicao dessa tecnologia social noEsprito Santo. A maioria a parte deassentamentos, distribudos nos muni-cpios de Apiac, Diino de So Louren-o e Muqui, com 30 unidades instaladas

    em cada um deles.Localiados na parte sul do estado,

    numa regio onde o inerno de riointenso, e o ero, de calor igualmen-te rigoroso, esses municpios oramescolidos justamente por concentrarreas de assentamentos, como o prprioSanta e o Teieirina, em Apiac; oProla do Capara, o 23 de Outubro e oamiliar 2000, em Diino So Loureno;alm do 17 de Abril, em Muqui.

    De acordo com o coordenador localdo projeto pelo Sebrae/ES, Renato Ma-cado, o PAIS tee ecelente aceitaopor parte dos pequenos agricultoreslocais. Um dos motios oi justamenteo ato de trabalar com a produoorgnica. Essa tecnologia permite epromoe o uso adequado de produtos einsumos, a promoo da sustentabili-dade com conscincia ambiental, umaalimentao saudel e a iao doomem no campo, risa Macado.

    O engeneiro agrnomo Lui ngeloBettero, consultor-tcnico do PAIS,compartila dessa opinio. Segundoele, os assuntos relatios agroecologiaoram os que despertaram maior aten-o dos produtores durante os cursos decapacitao. As amlias queriam sabermais sobre esse tema, e sobre tudo oque se reerisse aos produtos orgnicos.Queriam melorar sua alimentao,arma. Em seu contato direto com as

    amlias, Bettero cegou conclusode que um dos aspectos undamentaisdo projeto o ato de a distribuio doskits do sistema ser eita a custo eropara os participantes, pois do contrrio

    seria muito dicil eles terem condioou mesmo motiao para aderir aoprograma.

    Quando os primeiros kits cegaramao assentamento Santa , a princpioo agricultor Robson Boni Bento estra-nou. Acou esquisito produir aes eortalias num mesmo espao. Ele aiadecidido morar no local, no terreno desete ectares que recebera, juntamentecom a esposa Elingela e os dois los,para plantar banana, coco, laranja,mandioca, cana e eijo.

    Mas diante da epectatia geradacom aquela noa tecnologia, Robsonno tee didas. Arregaou as mangas

    e passou a produir dentro dos conceitosrepassados nos cursos de capacitao. Oresultado ele mesmo quem conta: Aorta orgnica oi implantada em abril,e a produo comeou em julo. Produ-

    ir erduras com galinas na orta oidicil no comeo, mas oje entendemosque a diersiicao com eploraointegrada contribui para melorar nossaalimentao, di, satiseito, o agri-cultor, que passou a comercialiar seusprodutos na eira lire de Apiac.

    O sucesso do Projeto PAIS no Espri-to Santo demonstra que esse modelo deproduo realmente uma tecnologiasocial reaplicel em realidades dier-sas, em dierentes regies e condiesclimticas, o que undamental numpas continental como o Brasil. Almdisso, deia claro tambm que o agri-cultor amiliar brasileiro est aberto a

    noas eperincias e tecnologias de ma-nejo da terra, desde que le seja propor-cionada capacitao, oportunidade deacesso a esse conecimento. Disposioe , ele j mostrou que tem de sobra.

    Lui Bettero

    vt t d tr d Pais mp d Mq-es

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    Gois

    oestado de Gois sempre teeuma orte tradio agrcola.O setor rural decisio para aeconomia local. Suas grandes

    eiras agropecurias atraem milares

    de pessoas, indas de toda parte doBrasil para conecer as ltimas noida-des tecnolgicas na rea do campo. Emtrs edies recentes desses eentos Agrocentroeste 2006 e 2007, e eirado Empreendedor 2007 um canteirocircular de ortalias despertou espe-cial curiosidade e interesse dos isi-tantes e epositores. Era um modelo doProjeto PAIS - Produo AgroecolgicaIntegrada e Sustentel, montado em

    dimenses reduidas, pelo Sebrae, paradiulgar o sistema e estimular aindamais a disseminao dessa tecnologiasocial.

    Por meio da parceria Sebrae, unda-o Banco do Brasil (BB) e Ministrioda Integrao Nacional (MI), j oramimplantadas 90 unidades do projeto emquatro municpios goianos. So 15 emCaalcante, 30 em Cidade Ocidental, 30em Cristalina e outras 15 em Teresinade Gois. Ao todo, 450 pessoas so di-retamente beneciadas pela iniciatia.Gente como Ceci Magales, 54 anos,de Cidade Ocidental, que iu sua idatransormada aps aderir ao sistema. uma belea. Antes no plantamosorta porque no tnamos condio.No aia gua, no aia nada. Agoratemos caia dgua, irrigao, bomba,e isso acilitou bastante. Mina orta linda, relata orgulosa.

    Dona Ceci mora no assentamento

    Mesquita, nas cercanias da cidade, como marido Anastcio Braga, uma la eduas netas. Conta que a alimentao daamlia melorou muito aps a implan-tao do PAIS em seu terreno. Os pro-

    Pequenos produtores de Gois provam que, com trabalho e

    conhecimento, possvel deixar para trs a excluso social

    Melhor para a sade

    e para o bolso

    dutos do para mim, para mina amliae tambm para os parentes e iinosque no agentam plantar. Todos maqui buscar erduras para eles.

    Todas as quintas-eiras, lea suasortalias para ender na eira doprodutor, organiada pela PreeituraMunicipal. Apesar de no ter o costumede anotar os lucros que tem com essacomercialiao perdi meu caderni-no ela estima que d para tirar umamdia de R$ 150,00 semanais. O carro-cee de sua barraca a coue, que elaoerece capricosamente picada e em-pacotada. So cerca de 60 pacotinos

    por semana. A mandioca de Dona Cecitambm a sucesso na eira de CidadeOcidental. Saem umas cinco caiaspor semana. J leo todas descascadi-nas e embaladas, a o pessoal compra

    direto, di a agricultora.Tambm no municpio de Caal-

    cante o Projeto PAIS tem ajudado amudar a realidade de muitas amlias.

    Os agricultores participantes so des-cendentes de quilombolas, e a maioriadeles reside na Comunidade Calunga deEngeno II. A eceo ca por conta deJanana Caralo Torres e de sua me,Teresa rancisca. Sem opes de rendana comunidade, elas deiaram os pa-rentes e se mudaram para a perieria dacidade em busca de trabalo.

    Janana conta que ieram temposdiceis, at que oram selecionadas

    para receber o kitdo PAIS. No tna-mos dineiro nenum. A comida era seijo, arro e s ees um pouquinode carne. Mas isso mudou, e agora temosmuita ariedade em casa. alace, cou-

    udd md d Pais cb d G-Go

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    Gois

    e, jil, pimento, rcula, ceiro-erde,almeiro, repolo. Podemos nos alimen-tar bem, e sem precisar comprar. Elaacrescenta que, alm desses alimentos,a orta tambm inclui eras medicinais,como capim nag, cidreira e citronela.

    Os bons resultados do PAIS emCaalcante oram decisios para areatiao da eira do produtor, ondeos moradores da cidade passaram a teracesso a produtos orgnicos e sempreresquinos. Antes, as rutas e orta-lias consumidas no local inam deGoinia, Anpolis e Braslia.

    Mas para cegar a esse cenrio, oipreciso muito trabalo por parte dos

    tcnicos do projeto, principalmenteem termos de capacitao dos agri-cultores. Entre outras aes, orampromoidos oito cursos Sistema PAIS,capacitados 20 Agentes de Desenol-imento Regional (ADR), e ministradoo curso Despertar Rural para todas asamlias, isando incentiar o esprito

    empreendedor da comunidade.O engeneiro agrnomo Luciano

    Salador, responsel pelo atendimen-to s amlias em Caalcante, reelaque encontrou diculdades para esti-mular a populao a produir dentroda tecnologia PAIS, mas que oje tes-temuna uma erdadeira transorma-o social no lugar. Era uma questocultural. Eles recebem diersas cestase aulios, ento acaam que noprecisaam trabalar. haia inclusieo estigma de que era uma comunidadepreguiosa. Mas oje eles quebraramesse paradigma, e muitos j comprarammoto, reormaram a casa, esto ines-

    tindo o que ganam com a produo,di o tcnico.

    vale lembrar que, alm das unidadesdo PAIS instaladas pelo connio Se-brae, BB e MI, outros parceiros tm seempenado na disseminao da tecno-logia no estado. A Compania Nacionalde Abastecimento (Conab), por eem-

    plo, montou uma orta dentro da capi-tal, Goinia, aberta isitao pblica.Essa unidade produtia, e os alimentosso distribudos para creces e escolaslocais. O rgo tambm pretende ee-tuar a compra direta de at R$ 3.500,00em ortalias produidas nas unidadesdo PAIS, o que garantir a comerciali-ao pelo prao de um ano. O InstitutoNacional de Coloniao e ReormaAgrria (Incra) outra instituio quetem dado releante apoio instalaode unidades, e, atras de connio como Sebrae/GO, est implantando outrasdeenas de ortas no estado.

    Com o PAIS, possel melorar

    a qualidade de ida tanto no meiorural quanto no meio urbano, uma eque pode ser acilmente implantadoem reas reduidas. uma das maisimportantes tecnologias sociais quepodemos oerecer a esta e s noasgeraes, dene Luia Godoi, coorde-nadora do PAIS pelo Sebrae/GO.

    Mato Grosso do Sul

    Deixar de trabalhar nas azendas alheias para ter sua prpria

    produo. Sonho que se torna realidade no Mato Grosso do Sul

    Donos do negcio

    oagricultor Antnio Paulo Ribeiro est eli da ida.Morador de Sidrolndia, ele iu sua renda amiliaraumentar desde que aderiu ao Projeto PAIS Pro-duo Agroecolgica Integrada e Sustentel. Com

    a enda do ecedente que cole na orta, atura em torno deR$ 400,00 ao longo de todos os meses do ano. Antes, s tinaalguma renda durante o perodo cuoso. Alm disso, passoua ter mesa arta em casa, e sua amlia agora tem acesso auma alimentao balanceada, na qual predominam erduras elegumes ariados.

    Aps participar dos cursos de capacitao e tendo consta-tado, na prtica, os resultados dessa tecnologia social, Antniose tornou um entusiasta da agricultura ecolgica. Costuma dierque o manejo do solo dee ser eito com amor e carino, como

    se estiesse cuidando de uma criana. hoje temos conscinciade que aonde ormos, e seja o que ermos, preciso preserar omeio ambiente. Crescemos no s nanceiramente, mas tambmno conecimento, no respeito naturea, refete.

    Antnio um dos 90 agricultores amiliares a participarcrm frmt tmbm rpt tr,d at P Rbr

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    Mato Grosso do Sul

    do PAIS no Mato Grosso do Sul. So30 ortas em cada um dos trs muni-cpios que integram o projeto. Almde Sidrolndia, os outros dois locaisescolidos para receber as unidades dosistema oram Miranda e Nioaque. Nes-te ltimo, o projeto oi inserido dentrode trs aldeias indgenas.

    De acordo com o coordenador es-tadual do projeto pelo Sebrae, Arol-do de Almeida Sila, a implantaoocorreu de orma tranqila, dentro docronograma preisto, e contou comorte apoio das preeituras munici-pais. Porm, como no poderia deiarde ser, alguns desaos tieram de ser

    superados. Um deles oi conencer osprodutores amiliares de que realmentese trataa de um projeto oltado paraaquela comunidade. No princpio aspessoas no acreditaam, diiam quenunca aiam recebido nada de graa.Estaam descrentes de tudo. S quandocegou o material elas iram que o pro-jeto eistia mesmo, recorda Aroldo.

    As condies do clima tambm o-ram um obstculo a ser superado. Issoporque, quando o material comeou a

    cegar, era uma poca muito quentee tambm de muita cua no estado.Uma cena recorrente era as amliasprepararem o canteiro e, logo em segui-da, cair um temporal que desmancaatodo o trabalo. Isso principalmenteem Miranda e Nioaque, municpios quecam ao p da serra.

    J em Sidrolndia a situao eramais amigel, uma e que o muni-cpio ca numa regio de clima maisameno e de terra ermela, propciapara a produo agrcola. Morador doassentamento vista Alegre, o agricultorrancisco Quirino dos Santos obtee re-sultados rpidos em sua propriedade,

    com a utiliao da tecnologia. Em suaorta, cultia pimento, abobrina,tomate, rcula, eijo catador, miloerde e outros produtos. Sua renda m-dia de R$ 300,00 por ms, alor quej cegou a subir para R$ 780,00 numaocasio. Se eu no tiesse aderido aoPAIS, oje estaria numa aenda traba-lando como empregado, ou enderiameu lote, aalia.

    Outro produtor do assentamentovista Alegre, e que tambm se mostra

    satiseito com os resultados do projeto, Otaclio Teieira de Almeida. Alm dameloria da qualidade na alimentao,passou a ter uma renda prpria, atu-almente na casa dos R$ 320,00. Comoele mesmo di, s o comeo, mas comboa perspectia de aumento dentrode um prao muito curto. A eemplode seu iino rancisco, Otaclio estconicto de que, se no estiesse inse-rido no PAIS, seria mais dicil islum-brar um uturo melor. Eu estaria ojetrabalando como diarista, pois s damina terra no teria jeito de ier.Agora no passo ome e nem precisotrabalar ora. Teno o direito de so-

    nar e de ier melor, dentro do meulote, conclui Otaclio.

    Produtores como Antnio Paulo,rancisco e Otalcio so eemplosclaros de que, quando empregada deorma correta, respeitando-se as ca-ractersticas de cada comunidade, econtando com a participao atia deseus membros, a tecnologia social capa de deiar para trs uma realida-de sem perspectias, e abrir caminospara um uturo promissor.

    Minas Gerais

    Trs municpios da microrregiode Janaba aem parte doProjeto PAIS em Minas Gerais:Porteirina, Gameleiras e Pai

    Pedro. So 30 unidades em cada um

    desses locais. Ao todo, 253 amlias sodiretamente atendidas, pois casosem que duas ou trs amlias diidem otrabalo na orta. Alm dessas, outras557 tambm so beneiciadas com a

    Com o Projeto PAIS, centenas de moradores de assentamentos

    e comunidades quilombolas de Minas Gerais obtm ampliao

    da renda e melhoria na alimentao da amlia

    Transformao nosemi-rido mineiro

    aplicao dessa tecnologia social noestado. So pessoas da comunidadeque, apesar de no estarem enolidasno cultio dirio, usuruem dos alimen-tos ali colidos.

    Os nmeros acima mostram bem osucesso alcanado pelo Pais - ProduoAgroecolgica Integrada e Sustentel,em territrio mineiro. A maior partedas unidades est situada em reas de

    assentamento e em comunidades rema-nescentes de quilombolas. Segundo Ja-dilson erreira Borges, gestor do projetopelo Sebrae/MG, o maior desao esteerelacionado questo da seca na regio,

    que ca dentro do semi-rido, j entran-do para o Nordeste. oi um problemaencontrar lugares onde aia gua.Essa oi uma grande diculdade mesmo.Outra oi a distncia geogrca entre

    hrt mp d Prtr

    Pais

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    Minas Gerais

    as unidades e o respectio municpio-sede, inorma Jadilson.

    Com muito trabalo e dedicaopor parte de dierentes atores, os obs-

    tculos esto sendo gradatiamenteencidos. Para isso, a iniciatia doSebrae, undao Banco do Brasil eMinistrio da Integrao Nacional con-tou com importantes parcerias locais,como a Caritas Diocesana e o Sindicatodos Trabaladores Rurais de Janaba.Tambm as preeituras tieram grandereceptiidade ao projeto, inclusieornecendo combustel para os ecu-los nos quais os tcnicos percorrem asdiersas unidades.

    Presidente da Caritas Diocesana deJanaba, a Irm Porcina Amnica, ousimplesmente Irm Mnica, como cari-nosamente camada pela comunidade,considera que, mais do que um projetode sucesso, o PAIS uma erdadeirabno para os agricultores do semi-rido mineiro. A situao das pessoasaqui na regio sempre oi muito dicil.Mas com essa tecnologia, elas tm suasesperanas renoadas, pois conseguem

    desenoler sua produo de uma ormatotalmente integrada com a naturea,elogia Irm Mnica, acrescentando queo interesse das amlias pelo sistemano pra de crescer.

    Graas a esse trabalo conjunto,rapidamente ieram os impactos po-sitios para as comunidades. vriasamlias, at ento sem nenuma onte

    de renda, passaram a ganar seu pr-prio dineiro com a comercialiaodas rutas e erduras ecologicamenteproduidas em suas ortas. Alm disso,tieram gano considerel em termosnutricionais, com a insero de umagrande diersidade de egetais na suaalimentao diria.

    Uma dessas amlias a de AparecidoMatias Ribas, o Cido, da comunidade deBarreiro, no municpio de Porteirina.Ele conta que, antes de se tornar umprodutor do PAIS, trabalaa em aen-das de terceiros, ganando cerca de R$150,00 por ms. Era com esse dineiroque aia a eira para sustentar a casa.hoje, juntamente com a esposa, Mariado Carmo, Cido planta alace, cebolina,coentro, coue, abobrina, tomate, erutas como banana e mamo. No pre-cisa mais gastar dineiro na eira e ain-da ende o ecedente de sua produo.Recebemos bomba, irrigao, semente,

    rias coisas. Com o que colemos, nosalimentamos, comercialiamos uma par-te e ainda sobra um pouco de erduraspara as aes. E agora quero criar peietambm, planeja.

    Antnio Joaquim Santos, o Toni-no, outro pequeno produtor queest satiseito com sua participaono PAIS. Ele mora com a esposa e a

    la na aenda Curral velo, e, antes,trabalaa em terras aleias. Ele dique, se no osse esse projeto, dicil-mente conseguiria ter uma orta todiersicada em sua propriedade. Notina dineiro. Com o projeto a genteganou tudo, e entrou com o trabalo.O PAIS me ajudou a ter uma orta aoredor da casa, e no preciso mais sairpara as aendas dos outros para traba-lar, conta Tonino.

    O agricultor detala que planta

    pimento, tomate, beterraba, cenoura,coentro, pepino e outros produtos.Segundo ele, boa parte do que cole destinado comercialiao, pois a a-mlia pequena e sobra muita coisa paraender. Antes de entrar no PAIS, gana-a cerca de R$ 150,00 mensais, e agoraessa renda subiu tranqilo para umsalrio mnimo. A assistncia tcnica muito boa; estou muito satiseito porter sido escolido. Antes, plantaa s

    nas guas, pois a regio muito seca.Mas oje d para plantar direto, arma.Em sua maioria, as amlias dos trs

    municpios atendidos com o ProjetoPAIS em Minas Gerais no tinam muitaeperincia no cultio e na comerciali-ao de ortalias. Por isso, durante aetapa de capacitao, oue um orteesoro para a ormao de lideranas,e tambm na rea de montagem de or-tas e cultio de ortalias. Tudo no sen-tido de sensibiliar as comunidades deque o PAIS eetiamente seria ecientepara seu desenolimento social.

    Esse esoro oi amplamente re-conecido, no apenas pelas amliasatendidas, como tambm pelo poderpblico local. Na opinio do preeitode Gameleiras, Domingos erreira, aimplantao do PAIS oi um priilgiopara o municpio. Nossa regio muitocarente, remanescente de quilombolas,e realmente precisa de projetos assim.

    Est dando certo e queremos continuar,ampliar. h muitas amlias interessadasem ingressar no programa e estamosde braos abertos para essa parceria,inorma o preeito.

    agrtr trb m prd trr d M Gr

    Pais

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    Paraba

    Durante a etapa de seleodas amlias para participar

    do Projeto Pais - ProduoAgroecolgica Integrada e

    Sustentel, na Paraba, Jailson lianalisou com certa desconana aque-la proposta. Anal, parecia uma coisamirabolante receber de graa um kitcompleto para montar um sistema re-olucionrio de plantio na sua proprie-dade, assumindo, como contrapartida,o compromisso de participar da capa-citao e aplicar os conceitos da agroe-

    cologia ao seu dia-a-dia de trabalo. Apromessa era de que iria obter resulta-dos eetios na meloria das condiesalimentares e da renda amiliar.

    Aos 48 anos de idade, casado,quatro los, esse agricultor do Caririparaibano j tiera algumas decepesna ida, mas decidiu encarar o desao.Passado pouco mais de um ano desdeento, ele no se arrepende de suadeciso. No incio iquei meio des-conado mesmo, porque nunca tinaparticipado de um programa dessetipo. Mas depois, com a continuidadedo programa, e pela assistncia que oSebrae prestou para ns, passei a acre-ditar, e estou cada e mais motiado.hoje trabalo com mais animao, eteno aprendido muita coisa, relataJailson.

    A orta de Jailson ca no Stio Poci-nos, em Monteiro, quase na diisa comPernambuco. Ele, que sempre gostou de

    trabalar com produtos ariados, temcolido rutas e erduras como nunca,e comemora o ato de, mesmo na pocada seca, sua orta continuar erde,graas ao sistema de irrigao por go-

    Com a aplicao da tecnologia PAIS,

    agricultores do Cariri paraibano esto

    vencendo a batalha contra a seca e a

    alta de oportunidades

    Famlia que

    trabalha unida...

    tejamento utiliadona tecnologia PAIS.

    Isso undamental,segundo ele, poisproporciona condi-es para manter umcultio estel, e as-sim garantir um bomrendimento pelo tra-balo. Atualmente,com a enda de suaproduo na eiralocal, gana uma

    mdia de 500 a 600reais todo ms.Alm de Monteiro, o outro munic-

    pio que oje abriga o projeto PAIS naParaba Sum, localiado na mesmaregio. Atualmente so 70 unidadesno estado. Terminada a ase de capaci-tao, os agricultores j se mobiliampara criar sua prpria associao, quecontribuir para o incremento da co-mercialiao de seus produtos. Almdisso, encontra-se em ritmo aceleradoo processo de instalao de outras 20ortas, dentro do connio Sebrae,undao Banco do Brasil e Ministrioda Integrao Nacional.

    O trabalo de implantao das uni-dades paraibanas do PAIS contou, des-de o comeo, com o engajamento daspreeituras locais, que apesar de nodisporem de recursos oramentriospara aplicar no projeto, participaramindicando algumas amlias produtoras

    e tambm dando apoio logstico ree-rente a itens como carros e materialdidtico, entre outros.

    Segundo valter Campos, consultordo projeto PAIS no estado, o principal

    obstculo a superar, nesse trabalo,oi conencer os agricultores locais aabandonarem as elas tcnicas de usode agroticos na laoura. Era umaquesto cultural, pois eles aprenderamassim com seus pais, e isso ina degeraes. Diiam que era imposselproduir sem os agroqumicos; que aspragas no deiaam. Mas consegui-mos quebrar essa barreira, e agora eleso ensinar seus los a trabalaremdentro da metodologia orgnica, dio consultor.

    Aprendendo a retirar de seu prprioterreno os deensios naturais de quea orta necessita, esses pequenosagricultores absoreram, tambm, alio de que sim, possel, tratar osolo com o respeito que ele merece,para que a terra possa permanecerprodutia e generosa com as uturas

    geraes. Ganou o meio ambiente,e ganaram eles prprios. Em doemeses, o incremento da renda amiliarcegou, em alguns casos, epressiamarca de 285% com a enda dos pro-

    J F qt g d Pais, m prprdd,

    mp d Mtr-PB

    Pais

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    Paraba

    Pernambuco

    dutos agroecolgicos em eiras lires emercadinos. Cerca de 400 noos pos-tos diretos de trabalo oram gerados,bem como inmeros postos indiretos,quando somadas todas as pessoas queatuam na cadeia de comercialiaonos municpios.

    Entre os produtos que predominamna regio esto abobrina, acelga, ba-nana, beterraba, coentro, eijo-erde,maracuj, milo-erde e repolo, almdos oos produidos nos galineiros que

    integram o sistema. Gestor do PAIS peloSebrae/PB, Joo Bosco da Sila desta-ca outros ganos sociais decorrentesda aplicao do projeto. No se podedeiar de ressaltar resultados como adiminuio do odo rural, a inclusosocial dos joens e das muleres na ati-idade de produo, a comercialiaode produtos orgnicos, e ainda o orta-lecimento da organiao dos grupos deproduo e das relaes sociais amilia-res e comunitrias, arma Bosco.

    O agricultor Jailson um eemplodesse ortalecimento dos laos ami-liares. Na lida diria com a orta, eleconta com a compania dos ilos,que aem questo de estar ao lado dopai. Meus los me ajudam bastante.Estamos trabalando muito, intensa-mente. Todo mundo aqui trabala, porontade prpria. E tambm todos con-tinuam estudando, para que tenamum uturo melor, se Deus quiser,orgula-se Jailson li.

    Pequenos agricultores do interior pernambucano vem no PAIS

    a oportunidade de permanecerem, produtivos e elizes, em sua prpria terra

    Orgulho de ser sertanejo

    Q

    uando eu im do ser-to, seu moo, do meuBodoc.... Quem no

    conece esse erso, queabre a msica Pau de Arara, imortalia-da na o de Lui Gonaga? Na cano,o rei do baio narra as diculdades que,j na dcada de 1950, leaam mila-res e milares de agricultores nordes-tinos a ugir da seca e migrar para oSul maraila, onde, na maioria dasees, traaam uma luta cruel e de-sigual pela sobreincia. Ainda oje,a regio sore com a constante altade cua, mas uma srie de aes temcontribudo para renoar as esperanasde seu poo. Uma delas oi a recenteimplantao de 90 unidades do PAISnos municpios de Bodoc, Araripina eIpobi, no etremo oeste de Pernambu-co, ronteira com o Piau.

    A instalao das ortas comeouem juno deste ano, porm o incio doprojeto ocorreu ainda em 2006, coma escola das amlias e a realiaode cursos de capacitao nas reas de

    gesto, comercialiao e associati-ismo. Algumas instituies locaisse juntaram parceria entre Sebrae,undao Banco do Brasil e Ministrioda Integrao Nacional, o que acelerou

    o alcance dos objetios propostos.Entre elas esto as ONGs Caatinga eCapada, e tambm o IPA EmpresaPernambucana de Pesquisa Agrope-curia. Este ltimo responsel poraer um acompanamento continuadodas amlias em termos de assistncia

    tcnica, uma e que a concepo doprojeto preia as etapas de escola dosparticipantes, capacitao e implanta-o das unidades.

    As ONGs entraram naturalmente

    no programa em Pernambuco, poisj inam trabalando a questo daagricultura orgnica, com a maioria dasamlias que acabaram sendo selecio-nadas. Aproeitamos esse potenciale implantamos as unidades do PAISde modo a atender esse pblico que

    estaa sendo trabalado pelas ONGs,arma Pacelli Sila Marano, coorde-nador estadual do PAIS pelo Sebrae/PE, acrescentando que essa parceriaotimiou os resultados do projeto nos

    hrt rd mm trr, mtd prdtdd

    Pais

    Sebrae Agronegcios20

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    trs municpios. Alm disso, a estrat-gia acilitou a prpria implantao dasunidades, uma e que essas amlias jestaam acostumadas a trabalar com

    a agricultura orgnica.De ato, em pouco tempo os resulta-dos da iniciatia j so iseis. O agri-cultor Jos Belarmino da Sila, 56 anos,morador do Stio Caaco, em Araripina, s alegria quando ala do projeto. Agente trabala menos e gana maisdineiro. Depois que cegou esse sis-tema, praticamente todo dia entra umdineirino, alegra-se o agricultor.

    Belarmino e a esposa, Maria Isabel,tieram sete los, porm um aleceu

    ainda criana. Dos seis, s um rapaainda mora em sua casa. Os demais,todos adultos, iem em casas coli-gadas, e no deiam o conio dospais. So todos criados, mas estosempre com a gente no dia-a-dia. Casade pai o senor sabe como , nuncaalta isita. Essa conincia re-qentemente estendida orta queo agricultor montou em seu terreno.Isso porque Belarmino no titubeia em

    conocar os los que trabalam coma monocultura da mandioca para aju-dar no manejo de sua produo, ojediersicada graas tecnologia PAIS.Eu tambm trabalaa apenas com

    mandioca, mas agora teno muitas er-duras aqui. Melorou 100%, di.

    O manejo ecolgico da terra oi,segundo o produtor, um dos principais

    aprendiados que tee com o PAIS.Ele conta que cou admirado quando,durante a etapa de capacitao, osinstrutores tcnicos ensinaram a aero adubo orgnico, com p de madei-ra, olas de marmeleiro e esterco degalina. Ele assegura que, desde quecomeou a trabalar dessa maneira, aspragas sumiram de seu terreno.

    vrias outras amlias tambm jesto produindo com sucesso, dentrodesse modelo, o suiciente para seu

    prprio consumo e para a comercialia-o do ecedente. Nos trs municpios,oram organiadas eiras de produtosorgnicos, e em cada uma eiste umespao inteiramente reserado para osagricultores do PAIS, inclusie com bar-raquinas dierenciadas das demais. Es-sas bancas so as mais procuradas pelosconsumidores; tanto que, normalmen-te, antes mesmo de acabar a eira, todasj esgotaram suas rutas e erduras.

    Um ato curioso ocorre em Arari-pina. A eira local acontece aos sba-dos, mas como os produtores do PAIScegam cidade na spera, no nalda tarde, nesse mesmo dia eles j so

    procurados pelos moradores e endem,na prpria seta-eira, grande partede sua produo de alace, cebolina,cenoura, coentro, rabanete, tomate,

    beterraba, repolo e outros produtos. preciso considerar um dado: o preodos produtos agroecolgicos est umpouco acima dos demais; eles tm umalor dierenciado, mas deido suaqualidade, a demanda no pra de cres-cer, lembra Pacelli.

    Para Belarmino, o PAIS j propor-cionou uma renda mdia mensal daordem de um salrio mnimo. Mas eleespera cegar a dois salrios em bree.Tambm pensando no uturo, pretende

    abrir uma conta de poupana no banco,com R$ 100,00 que sobraram de umacomercialiao recente. para eitarcontratempos que possam ir a prejudi-car o seu progresso. Durante a capaci-tao, o instrutor mostrou para ns queera importante ter uma resera, porquequando precisarmos de alguma coisa,uma bomba queimar, por eemplo, noprecisaremos pedir nada para ningum.Ns mesmos amos ter condies de

    resoler. E eu sou o tipo de pessoa quegosta de ouir e de guardar as mensa-gens que oue. Sou muito direito. Acoque todo mundo deia aer isso tam-bm, ensina o agricultor.

    Pernambuco

    red veras

    Prd drfd mr d prjt Pais

    Pais

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    Piau

    hummm. . .p a i , e s samelancia est doci-na, ein!? comum misto de emoo

    e orgulo que Osaldo o ilo selambuar com as rutas que ele mes-mo retira da sua orta. Para ser maiseato, os quatro los; o maior, com

    12, e o menor, com seis anos de idade.Melancias, meles, mames e outrasdelcias que aem a alegria da garota-da. E tambm coentro, cebola, pimen-to, tomate e beterraba. Aos 41 anos,Osaldo eperimenta, inalmente, aalegria de, com o suor do seu trabalo,proporcionar artura e ariedade dealimentao para sua amlia.

    Para miles de brasileiros, a situ-ao descrita acima ainda um sono.Mas para o agricultor Osaldo Pereirada Sila, do Stio das Tabocas, no muni-cpio de So Joo da Canabraa, Piau,elimente j se tornou realidade. Umaconquista e tanto, que comeou no mo-mento em que decidiu implantar no seulote o sistema PAIS - Produo Agroe-colgica Integrada e Sustentel. Ascrianas gostam muito mesmo. E o quesobra eu endo nos pooados primosdaqui, arma.

    No Piau, so, ao todo, 90 unidades

    do projeto espaladas por quatro muni-cpios; 30 em Padre Marcos, 30 em Ipi-ranga, 17 em Bocaina e 13 em So Jooda Canabraa. Os dois ltimos tieramde diidir uma quota de 30, deido grande escasse de gua na regio.Todos esses municpios esto locali-ados na regio da cidade de Picos, econstantemente sorem com a rigideda estiagem.

    Segundo o gestor do PAIS pelo

    Sebrae/PI, Robson Antnio Santos, aimplantao do projeto oi iabiliadana regio por meio do engajamento di-reto das preeituras, que se dispuserama reorar localmente a parceria Sebrae,

    Nada melhor do que plantar, colher, se alimentar e ganhar dinheiro. Quem

    garante so os agricultores que integram o Projeto PAIS no estado do Piau

    O doce fruto do trabalho

    undao Banco do Brasil e Ministrioda Integrao Nacional. Os preeitosconcordaram em custear a ligao dacaia dgua e da energia, inorma.

    Em alguns lugares, os eeitos dessaparceria inclusie ultrapassaram oslimites da orta. Em Padre Marcos, por

    eemplo, unidades distantes maisde 1 km da onte de gua mais prima.Isso obrigou a Preeitura a instalar umaestrutura de encanamento, puando agua para os terrenos dos agricultoresparticipantes do projeto. Na prtica,o resultado que, alm de o produtorter sido contemplado com a unidadedo PAIS, ele passou a ter gua em casa,coisa impensel antes do projeto.

    vale lembrar que o olume de uma

    caia dgua padro do sistema decinco mil litros, o que, numa regio deseca etrema como o caso, acaba ser-indo para abastecer no apenas a uni-dade em si, como tambm para atender

    a todo o consumo domstico. Com isso,cegou ao m, para esses agricultoresamiliares, a era de buscar gua em on-tes longnquas, carregando latas sobrea cabea, ou no lombo de jumentos,prticas ainda comuns na regio.

    A adeso das amlias ao PAIS

    ocorreu aos poucos nesses municpios.Primeiramente, oi preciso realiartodo um trabalo de sensibiliaodas pessoas, mostrando para elas, atmesmo por otograas, as antagens detrabalar com agricultura ecolgica emanejo sustentel da terra. Com isso,os produtores enceram a desconanainicial e passaram a ir atrs de maioresinormaes sobre o projeto.

    Logo os resultados apareceram, e

    alm dos prprios agricultores parti-cipantes, a populao dos municpiospassou a ser abastecida com alimentosresquinos e sem agroticos, planta-dos em sua circuniinana. At en-

    M rt pr grtr mr d Prjt Pais P

    Pais

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    to, um grande percentual das rutas eerduras consumidas na regio inamde estados dierentes, parte de Tian-gu, no Cear, e parte de Petrolina, emPernambuco. Com o calor e a distnciada iagem, quando os egetais ce-gaam s mesas j estaam murcose sem ida. Agora, aqui tem eira nosbado e no domingo. muito bom,ressalta Joaquim ernandes Neto, oNetino, da Secretaria de Desenoli-mento Urbano de Bocaina.

    Netino eplica que, desde o incio,a preeitura local percebeu no PAISuma grande oportunidade de desenol-imento para o municpio; tanto que

    rapidamente concordou em disponibi-liar transporte, ospedagem e alimen-tao para os tcnicos responseispelo acompanamento das comunida-des. De acordo com ele, a eperinciaest serindo de reerncia para outrosgestores pblicos da regio, e cadae mais comum pessoas de ora sedirigirem at Bocaina para conecer deperto o projeto.

    Pelo interesse demonstrado emrelao tecnologia PAIS no Piau, possel que, em bree, parcela sig-nicatia dos agricultores amiliareslocais possam obter a segurana ali-mentar e complementao de renda

    j conquistados por produtores comoOsaldo e pelos demais participantesdo projeto. O que, quando realmenteacontecer, ir corrigir uma situaoistrica de desigualdade social e po-brea obserada ao longo do tempo.O Piau marcado pelas secas prolon-gadas e, conseqentemente, pelas re-qentes perdas nas laouras. Com isso,o omem do campo no possua outrasatiidades para proer o alimento desuas amlias, nem como gerar renda,cando, assim, ulnerel ome e aoodo rural. O PAIS tem contribudopara mudar esse cenrio, testemunaRobson Santos.

    a Tr Mrgrd, tmt at d Fdd i, m ipg-Rn

    red veras

    Rio Grande do Norte

    No Rio Grande do Norte, agricultores amiliares de cinco municpios

    comemoram os resultados obtidos com o Projeto PAIS, que tem encontrado

    em grupos emininos terreno rtil para sua aplicao no estado

    Com a fora da mulher

    au, Aonso Beerra, Ipan-guau, Carnaubais e Itaj.Esses cinco municpios, lo-caliados na microrregio do

    vale do Au, oram os escolidos paraa implantao de 90 unidades do PAIS- Produo Agroecolgica Integrada eSustentel, no Rio Grande do Norte.

    Menos de um ano aps o incio eetioda instalao das ortas, as amlias jacumulam resultados, como uma ali-mentao mais nutritia e tambm ummaior rendimento nanceiro com o seutrabalo no campo. Um esoro conjun-to do Sebrae, undao Banco do Brasile Ministrio da Integrao Nacional,alm de parceiros locais e das prpriascomunidades, que se tradu em melorqualidade de ida e tambm cidadania

    para os agricultores participantes.As comunidades esto localiadasprincipalmente em reas de assenta-mento rural. Muitas delas em locais dedicil acesso e com muitas diculdades

    Pais

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    Rio Grande do Norte

    em termos de inra-estrutura. No geral,uma populao at ento descrente emrelao a polticas pblicas e projetosde cuno social. Um dos grandes desa-os oi aer essas pessoas perceberemque o PAIS no era apenas mais umprojeto que passaa ao largo de suasnecessidades. Ao contrrio, trata-se deproposta de transormao, que lespermitir, aps concluda a implanta-o, lear adiante a sua ida de ormasustentel. Estamos alando de ensi-nar a pescar, e no de dar o peie, risaernando Leito, coordenador estadualdo PAIS pelo Sebrae/RN.

    A partir do momento em que passa-

    ram a trabalar dentro do noo modelo,esses produtores do Rio Grande do Nor-te descobriram as antagens da agri-cultura ecolgica, ato que tem pro-moido uma erdadeira transormaocultural em seus bitos alimentarese de produo. Um aspecto importantepara esse sucesso oi o ato de que,desde o incio, as preeituras dos cincomunicpios acreditaram no projeto e seengajaram no esoro da disseminaodessa tecnologia social. Alm delas,a ONG Serto verde, que j atuaa naregio, tambm contribuiu no processode implantao do PAIS junto a essascomunidades.

    MaRGaRiDasDentre os agricultores participan-

    tes do projeto, dois grupos organia-dos por muleres tm se destacado.Um conecido como As Trs Marias,composto por trs agricultoras do

    assentamento rural Tabuleiro Alto,no municpio de Aonso Beerra. Umadas integrantes desse grupo, MariaBetnia Rodrigues, 36 anos, di que oprojeto cegou em boa ora para elas.Agora temos condies de trabalarpara ns mesmas, produindo alimen-tos sem eneno para nos a limentarmelor e melorar a renda da amlia,arma Betnia.

    Outro grupo que em dando eem-

    plo na utiliao do PAIS a associaode muleres As Trs Margaridas Seme-ando o Sono, do assentamento Altoda elicidade I, municpio de Ipangua-u. O nome do grupo uma omenagem

    red veras

    Mr Bt rt d trb, rt ptgr

    a Margarida Maria Ales, sindicalistaparaibana que e istria liderandoa luta dos trabaladores contra a e-plorao dos usineiros locais. Acabousendo assassinada na rente do mari-do e dos los, em rente sua casa,transormando-se em mrtir da lutapor melores condies de ida para osagricultores do serto nordestino.

    Uma das undadoras das Trs Mar-garidas Snia Costa, diorciada, 38anos. Ela arma que o PAIS rapidamen-te transormou em realidade o sonode poder manter a amlia com o que

    gana na prpria terra. Teno de sus-tentar mina amlia soina. Antes doPAIS era muito dicil, por isso desde ocomeo acreditamos no projeto. Agorateno o PAIS instalado aqui no meulote, e podemos dier que realmente dcerto. hoje eu me considero uma pro-dutora de erdade, relata.

    De acordo com Snia, no incio oi

    dicil conencer outras pessoas dacomunidade a participarem do proje-to, mas agora que em os resultadosobtidos por seu grupo, esses iinostm maniestado interesse em tambm

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    Sergipe

    na primeira e em que Apa-recida eperimentou rcula,acou o sabor meio estra-

    no, amargoso. Beterraba,ento, tina para ela um gosto de ter-ra. hoje, esses dois egetais no altamem seu cardpio do dia-a-dia. Alis,esses e outras deenas de erduras erutas, s quais ela passou a ter acessoa partir do momento em que se tornouuma das agricultoras participantesdo projeto PAIS no estado de Sergipe.Desde ento, Maria Aparecida Nasci-mento ienciou no apenas uma srie

    de eperincias gustatias, como asrelatadas acima, mas tambm obteeconquistas importantes do ponto deista nutricional e nanceiro.

    Aos 31 anos, Aparecida atualmente

    Famlias integrantes do PAIS em Sergipe comemoram

    os resultados obtidos com a agricultora ecolgica

    Sade, trabalho e auto-estima

    tesoureira da Associao dos Produ-tores Rurais do Assentamento Cuiab,no municpio sergipano de Canind

    do So rancisco. Ela conrma que, deato, muita coisa mudou em sua idadesde que instalou uma orta com atecnologia PAIS no seu lote, onde moracom o marido, Jos Reinaldo, e os trslos. Antes a gente no tina con-dies de comprar erduras, legumes,essas coisas. A salada era s tomatee, no mimo, um repoloino. hojetemos muita ariedade, tem coisas queeu nem conecia. Coue, por eemplo,

    eu pono na sopa, no eijo e em todotipo de comida. As crianas esto maisortes, nem gripe elas tm mais come-mora.

    Alm de Canind do So rancisco,

    outros dois municpios Poo Redondoe Porto da ola integram o projetoPAIS em Sergipe. Apesar de quase todas

    as unidades estarem situadas em as-sentamentos na margem do velo Ci-co, as amlias participantes soremcom a rigide da seca nessa regio dosemi-rido, e a maioria delas sobrei-ia, at ento, com o dineiro recebidodo Programa Bolsa amlia, do Goernoederal.

    Mas se antes passaam o ms espe-rando pelo aulio goernamental parapoder comprar alimentos, oje essas

    amlias so prsperas produtoras derutas, aes e ortalias. A renda mdiamensal est na aia de R$ 300,00, ealguns agricultores j cegam a lucrarat R$ 450,00 ao ms. Entre os princi-

    adotar esse modelo de produo. valedestacar que, na regio, alguns produ-tores esto, inclusie, implantando porconta prpria a tecnologia do PAIS emsuas propriedades. So pessoas que en-tram em contato com o Sebrae/RN nopara solicitar sua incluso no projeto,mas para buscar inormaes com oobjetio de indiidualmente montaremsuas ortas seguindo os pressupostosdessa tecnologia social.

    Para as Trs Margaridas, essaprocura demonstra o acerto da decisoque tomaram logo no incio. SegundoSnia, o seu lote era completamenteseco, e a nica possibilidade que tina

    para plantar alguma coisa era nas es-cassas pocas de cua. Agora, com osistema de irrigao por gotejamento,ela pode plantar suas ortalias emqualquer perodo do ano. Beterraba,cenoura, alace, repolo, quiabo, be-

    rinjela e abobrina so apenas algunsdos itens que ela cole em seu terre-no. Isso sem contar as margaridas erosas, que embeleam nosso PAIS; osgirassis, que nutrem a terra, alm dasplantas medicinais. uma belea!entusiasma-se.

    Toda seta-eira, Sn ia ai paraa cidade ender seus produtos. Commuita disposio, ela entrega as saco-linas com as encomendas eitas pelosregueses. Mas o crescente aumentodas endas j leou as Margaridas aoutra deciso importante: esto em-penadas em organiar uma eira, paraque a distribuio das ortalias pro-

    duidas no PAIS acontea de modo maiseciente. Todo esse progresso j teerios eeitos prticos em sua ida. Umdeles que sua renda mensal j cegaa praticamente um salrio mnimo,com tendncia de ampliao a curto

    prao. Com isso, oue uma reduo doalor de sua Bolsa amlia. Mas quempensa que ela cou cateada com issose engana. A Bolsa abaiou, mas, emcompensao, estou ganando mais,compara a agricultora.

    Atualmente, o projeto PAIS noRio Grande do Norte est em ase deorganiao das endas dos produtos.Se antes os agricultores acreditaamque s eentualmente conseguiriamcomercialiar suas ortalias, ojeperceberam que ingressaram dentrode um mercado altamente promissor,ao oerecer alimentos sem agroticose que ganam cada e mais espao

    junto aos consumidores. Portanto,ender no problema. Agora, con-tinuar produindo, e ter a conscinciade que a agricultura amiliar pode edee ser pensada dentro de uma isoempresarial.

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    Sergipe

    pais produtos cultiados esto alace,coentro, cebolina, cebola, pimento,coue, eijo de corda, berinjela, quia-bo e melancia.

    A comercialiao eita nas pr-prias unidades do PAIS e tambm emeiras lires, supermercados, restau-rantes e agroilas. Em Canind do Sorancisco, os produtores se organia-ram e conseguiram instalar seis bancasna eira lire, todas elas padroniadas.Quem cega ao local, imediatamentereconece as barracas dos integrantesdo projeto, que atendem sua reguesiatrajando aental e bon deidamenteidentiicados com a marca do PAIS.

    Tudo bem organiado, como dee serum bom empreendimento comercial.

    Aparecida ressalta que o ato de tra-balarem com produtos agroecolgicosacilita bastante na ora de ender. Onosso produto tem esse dierencial. Aspessoas compram muito porque maissaudel e no estraga cil. Mesmoquem no tem geladeira, s colocaro molo de coentro dentro de um po-tino com gua, e ele passa a semanatoda erdino. Enquanto o outro, con-encional, com dois ou trs dias j estestragado. Ento uma coisa muitogostosa trabalar com um produto na-tural, sem agrotico nenum, di aagricultora.

    Parte dos rendimentos de Apareci-

    da em da enda das galinas que elacria dentro de sua unidade do PAIS.

    Aps montar o galineiro, eatamenteno modelo proposto pela tecnologia,ela passou a alimentar as aes com oresto das erduras que sobram da eira.Quando as pessoas o sua casa com-prar as erduras, cam admiradas como aspecto saudel das galinas, e aca-bam comprando esse produto tambm.O preo unitrio aria de R$ 15,00 a R$25,00, de acordo com o peso do animal.

    Como se , alta de mercado noeiste para os agricultores amiliaresdo PAIS sergipano. Pelo contrrio, oque se obsera agora a necessidadede um maior planejamento logstico,de modo a garantir o atendimento

    demanda. Por isso, oi elaborado umprojeto para a montagem de uma cen-tral de comercialiao em Canind doSo rancisco, que serir de plo dis-tribuidor dos produtos. Dessa maneira,os agricultores podero trabalar deorma associatia, abastecendo o mu-nicpio como um todo.

    A ampliao das oportunidadesde enda tudo o que Aparecida quer,pois ela sabe que, apesar dos aanosj conquistados, os agricultores a-miliares de Canind ainda tm muitoespao para crescer. Antigamente,para eu ganar R$ 50,00 era muitodicil. E oje, todo nal de semana eusei que ou oltar da eira com dineirono bolso. J posso comprar material deescola para o meu lo, compro cala-do para um, uma roupina para outro,pago energia, troco um botijo de gs,e assim por diante. Por isso queremoscrescer.

    Todo esse progresso tem eito muitobem no s sade e ao bolso dessesagricultores amiliares, mas tambm sua auto-estima. o que arma Carlavirgnia Tojal, coordenadora estadualdo projeto pelo Sebrae/SE. vrias des-sas pessoas acaam que no seriampara nada, no produiam, no tinamnem como trabalar. Agora j estoproduindo e podem comprar aquilo queprecisam para suas amlias. Isso eleou

    muito sua auto-estima. um resultadoat imensurel, dicil de quanticar.S endo o sorriso delas para ter noodo quanto esto se sentindo aloria-das, relata a coordenadora.a r t m rt d; m grp tm m, d aprd nmt

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    Alredo Moreira

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    n rt p p d Pais

    Com o aumento crescente do interesse em torno da tecnologia PAIS - Produo AgroecolgicaIntegrada e Sustentel, o Sebrae, a undao Banco do Brasil e o Ministrio da IntegraoNacional decidiram lanar uma noa cartila sobre o projeto. Intitulada Mais trabalo e rendano campo Saiba como produir alimentos mais saudeis e preserar o meio ambiente, apublicao aborda, de modo detalado, todo o processo e os requisitos para uma unidade do PAIS.

    Esse processo didaticamente eplicado em de passos:1 - Escola e preparao do terreno;2 - Seleo das culturas;3 - Demarcao do galineiro, dos canteiros e localiao da onte de gua;4 - Construo do galineiro;

    5 - Preparao dos canteiros;6 - Uso de energia;7 - Sistema de irrigao por gotejamento;8 - Compostagem produo de adubos naturais;9 - Quintal agroecolgico;10 - Associatiismo e comercialiao.

    A noa cartila do PAIS tambm inclui depoimentos de agricultores que j esto com as suas unidadesimplantadas. Outra noidade que a edio est integrada a um DvD, no qual todo o contedo da cartila podeser isualiado. Pode-se, por eemplo, encontrar a imagem e o depoimento correspondente de um consultordemonstrando o passo a passo da cartila.

    A distribuio gratuita, disponel para todos aqueles que estierem interessados em conecer a tecnologia. O

    Sebrae encamina o material mediante solicitao. Alm disso, todo contedo est disponel na internet, nos portaisdas instituies parceiras, onde os interessados podero baiar os arquios e obter as mesmas inormaes contidas nomeio impresso e no DvD. Para mais inormaes, consulte os sites:

    www.sebrae.com.br www.bb.org.br www.mi.go.br www.rts.org.br

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    Entrevista ay nDy,agrnomo idealiador do PAIS

    A agroecologia uma atividade

    econmica emplena expanso

    Como surgiu a idia de desenvolver essa tecnologia?A idia surgiu a partir de diculdades prticas. Quando

    terminei meu curso na Uniersidade ederal Rural do Rio de

    Janeiro, eu ui morar com um grupo de pequenos produtoresorgnicos no interior do estado. Eram cerca de trinta amlias,que j estaam enolidas com agricultura orgnica. Na oca-sio, eu deiei de aer mestrado, doutorado, e ui morar comeles para conecer o outro lado da moeda. Com o conio,percebi as diculdades que eles tinam, por eemplo, paramaimiar o aproeitamento de tudo o que uma propriedadeorgnica pode oerecer. Esse era um problema muito srio,porque a orta era de um lado, o galineiro do outro, e o gadocaa em outro lugar, distante. Era tudo separado. Entopensei que deeria aer uma orma de aproimar tudo isso, e

    assim comeamos a pesquisar rios projetos. Queria pensarum deseno que permitisse a mima reciclagem de nutrien-tes dentro do sistema como um todo.

    Ento um dos pontos de partida do processo era a

    questo da reciclagem?Eatamente. Uma coisa que ajudou bastante tambm oi

    o ato de eu ter sido bolsista de iniciao cientca, cum-

    prindo essa bolsa na Embrapa Agrobiologia, que ca colada Uniersidade ederal Rural. Eu aia iabilidade econmi-ca de ortalias e manejo orgnico. haia uma aendinana qual todo o sistema reciclado. Isso tambm eu quistraer para a comunidade de pequenos produtores onde eumorei. Porque, quando oc recicla, oc automaticamen-te redu custos. E quando se diminui o custo da produo,passa-se a ter mais competitiidade. Aliando isso ao manejoagroecolgico, oc j comea a ser competitio em termoseconmicos e em termos ecolgicos tambm, porque no preciso desmatar, ou aplicar enenos, ou traer insumos de

    ora da propriedade para ter uma produo raoel.

    Por isso a opo de trabalhar com a agroecologia?Ola, todos os pequenos produtores que adotam o mane-

    jo conencional cam altamente dependentes de produtos

    O engenheiro agrnomo Aly NDiaye, idealizador do PAIS, explica nesta entrevista de

    onde surgiu a inspirao para criar a tecnologia, e ala da satisao em verifcar osresultados nos dierentes lugares onde o sistema oi implantado. Senegals radicado

    no Brasil, Aly entusiasta da agroecologia como meio de transormao social para os

    agricultores amiliares brasileiros

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    qumicos para poder uncionar. E esses produtos qumicosso caros, destroem tudo, e ao mesmo tempo o solo comeaa enraquecer. E medida que o solo enraquece, a produti-idade ai caindo. Os custos de produo para oc ter aque-le mesmo desempeno inicial que tina, antes de o solo sedesgastar, o ser muito maiores. Ento o produtor entranum crculo icioso e acaba cegando a um ponto em queno consegue mais sustentar esses custos, s ees sendoobrigado a deiar sua propriedade, end-la para ir a outrolugar. No caso da soja, por eemplo, os grandes produtoresmultinacionais o derrubando forestas e mais forestas, edepois mudam de lugar para ter a mesma produtiidade ini-cial. Mas o pequeno produtor, o no campo, no tem essasmesmas condies.

    H tambm uma grande valorizao da produo or-

    gnica no mercado.Sim, oje os produtos orgnicos tm uma demanda que

    est crescendo de modo iolento. uma atiidade econmi-ca que est em pleno aquecimento. E a agricultura amiliarbrasileira precisa estar inserida dentro de uma coisa queest crescendo, tanto ecologicamente quanto economica-mente, no erdade?

    E a tcnica de irrigao por gotejamento, de onde veioessa proposta?

    Alm da eperincia prtica que ienciei, busquei ins-pirao tambm em outros projetos, que tm mais ou menoso mesmo deseno. Os desenos dos canteiros redondoslembram um pouco o Projeto Mandala. Esse um ponto quetemos em comum. Mas ns sosticamos bastante esse tipode modelo. Criamos, por eemplo, o quintal agroecolgico.Temos tambm o galineiro central. E temos, principalmente,o sistema de irrigao por gotejamento. a uma dierenamuito grande. Setenta por cento da gua doce do mundo usada na agricultura na orma de asperso, jogando a guade qualquer lugar. No uma preocupao com economia degua. Mas se estamos alando de agroecologia, preciso alartambm em economia de gua. Isso tudo tem de estar aliado.

    Que caractersticas precisam ser observadas pelo pe-queno agricultor para implantar uma unidade do PAIS em

    sua propriedade?Ola, essa uma questo sobre a qual sempre coner-

    samos. Quando eu cego numa pequena propriedade e alovamos aer agricultura orgnica, isso uma coisa. Agora,instalar um sistema em quatro dias, que deia tudo planta-do, respeitando o deseno da propriedade, a outra coisa.O produtor comea, depois de quatro dias, a aer agroecolo-gia. Em primeiro lugar a propriedade precisa ter gua. Alm

    disso, se eu cegar numa propriedade onde tudo morro,no tem espao, no tem como montar. Outro ponto queconsideramos bastante: ns estamos diendo que, dentro deum mdulo de cinco mil metros quadrados, ns montamoso projeto, aendo com que toda essa rea produa, ire

    onte de alimento para a amlia daquele produtor. Entono somente a orta. Por isso, bio que eu nunca oualar para o produtor pegar os canteiros montados com go-tejamento, tudo eito, e plantar aipim. Porque aipim, milo,eijo, essas coisas os produtores j sabem que para seremplantadas na poca das cuas. As culturas nobres que socolocadas no canteiro onde o sistema de irrigao est mon-tado. No sistema de irrigao tem uma sada na mangueira,que pode ser usada para salar as rutas em caso de seca,que so plantadas em olta de toda a rea da orta.

    Quando o Sr. percorre as unidades do PAIS instaladasem localidades diversas, que tipos de depoimentos ouvedos produtores?

    Eu aprendi a ier como produtor; conio com essaspessoas muito tempo, por isso as coneo bem. Em isi-

    tas a unidades instaladas em dierentes lugares do interiordo Brasil, eu olo nos olos dos produtores e sei que elesno esto mentindo quando diem que a ida deles melo-rou, que as doenas resultantes de uma m alimentaooram curadas; que a partir da implantao do sistema elesno precisam mais oltar cidade onde trabalaam diaria-mente, deiando a amlia, para ganar um salrio mnimo;que oje esto ganando mais dineiro, aendo o seu pr-prio PAIS. isso o que eu ouo dos produtores.

    Qual sua avaliao dessa parceria envolvendo Sebrae,

    Fundao Banco do Brasil e Ministrio da Integrao Na-cional para implantar centenas de unidades do PAIS empequenas propriedades rurais brasileiras?

    um mrito muito grande a iso que essas instituiestieram, porque normalmente muitos pensam que o desen-olimento est nos milares de ectares de soja que soplantados para eportao. Mas quando aloriado umpequeno projeto, e quando oc pensa num grande projetosomando rios desses pequenos, a oc est alando detrabalo, est alando de desenolimento sustentel, estalando de dignidade. Ento isso o que o Sebrae, a unda-o e o Ministrio perceberam rapidamente. J so mais de

    mil unidades e esto pensando em instalar outras tantas.E eu aco que o trabalar cada e mais no sentido depuleriar esses projetos, que podem ser pequenos, mas tmgrande alor para as amlias beneciadas, disseminando-osem nel nacional. Sem medo.

    Os resultados obtidos com o PAIS, na sua opinio, com-provam a viabilidade prtica da agroecologia?

    Nossa idia com o PAIS aer com que sejam montadosplos de produo agroecolgica. Porque o discurso muitogrande. ala-se muito em aer agroecologia. Repetidamen-

    te. O PAIS d o instrumento para o pequeno produtor come-ar uma atiidade. uma tecnologia que redu a distnciaentre o discurso e a aplicabilidade da agroecologia. Atrasde um instrumento simples, barato e que respeita todas asnormas da produo agroecolgica.

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    Entrevista Fb c, diretor do De