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DE-SE país sul 'cano com 8,5 mi ,Ihôes de km 2, 150 mi Ilhões de habitantes, grande pctencial econô- Imico. Indústriadiwrsifi cada e exportadora, ter I ras férteis, boa infra-es t Itrutura em energia, tele n ci ,Ijlcomunicações. Abun de' . d�nte mão-de-obra, pre V. cisando apenas de repa cei- res no sistema educa .re, cional.Preçodeocasião. Tratar em Brasília, na �aça dos Três Pode s. Fone: (061) 311- 41 cf Fernando. STAURANTE P' ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA

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DE-SE país sul­'cano com 8,5 mi­

,Ihôes de km 2, 150 mi­Ilhões de habitantes,grande pctencial econô-

Imico. Indústriadiwrsifi­cada e exportadora, ter­I ras férteis, boa infra-es­

tItrutura em energia, tele­nci ,Ijlcomunicações. Abun­

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J ..'

ZEROJornal Laboratório

do Curso deJornalismo daUniversidade

Federal de SantaCatarina

Redação: Curso deJornalismo (CCE -

UFSC), Trindade,Florianópolis/SC - CEP

88040-900

Telefones:(048) 231-9215 e 231-9490

Telex e fax: (048) 234-4069

Impressão: DiárioCatarinense

Distribuição gratuitaCirculação dirigida

Arte: Michelson

BorgesColaboração:

Agecom, Apufsc,Jaime Luccas, prof.Carlos A. A. Vieira

(carta aos

parlamentares), prof.Francisco Karam, prof.José Gatti, prof, Paulo

Brito (animação)Copy-writer: Carlos

Locatelli

Diagramação: ClaytonWosgrau, ChristinaValadão, GabrielaVeras, Gisele de

Souza, MárioCavalheiro, PabloClaudino, Sandra

Vieira

Edição: AlessandraMathyas, Clayton

Wosgrau, GladinstonSilvestrini, Mauricio

Oliveira, PabloClaudino, Paulo

Henrique de Sousa,Sandra Nebelung

Editoração Eletrônica:Pablo Claudino

Fotografia: BárbaraPetres, ChristinaValadão, Daniela

Queiroz, Gisele de

Souza, Laura Tuyama,Sandra Vieira

Lab. Fotográfico:Daniela Queiroz,

Sérgio Paiva

Montagem: GladinstonSilvestrini, Pablo

ClaudinoSec, gráfica:Pablo

ClaudineSec. de redação:Clayton Wosgrau,Sandra Nebelung

Textos: Alessandra

Mathyas, AlexandreWinck, Aline Cabral,

André Barbosa, AndreaMarques, ChristinaValadão, ClaytonWosgrau, CristinaGomes, Gladinston

Silvestrini, JoiceSabatke, Luís Carlos

Festl, Marcela Corneli,Paulo H. de Sousa,

Patrícia Moser, SandraVieira, Tatiana Ramos

Supervisão: CarlosLocatelli

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Indiferenças6-

steano, oprimeironú­mt!rodoZEROchegacom um atraso de

quase dois meses. Oiniciodas aulas em 21 de março e

a indefinição no processo delicitação que define onde vai ser

impresso o jornal, foram algunsmotivos que contribuíram paraisso. Um outro problema - deordem editorial - que atrasou o

jornal emmais umasemana,foi adeflagração da greve na UFSC.

A reportagem de ZEROestveemtodososcentrosde ensinoda universidade, cobriu assem­

bléias de professorese constatouo seguinte: é loucurapensar em

Os sorteios, grandechamariz do comércio no.

auge do Plano Real, agoravoltam à cenapara tentarcobrir o rombo deixado

pelos inadimplentesdaquelafesta. As lojas dogrupo Koerich criaram

uma promoção no mínimoinusitada: o devedor que

pagar a conta em diaconcorre a 12 automóveis

GolO km. Dos 240 mil

carnês liberados pelaempresa, 24mil estão

vencidos.

greve quando o assuntoprincipalaserdiscutido não é o salário dos

professores ou servidores. En­

quanto as demais categorias dosservidores públicos federais se

recusam a trabalhar frente ao

assa/to a que estão sendo sub­metidos os setores estratégicosda nossa economia (Eletrobrás,Telebrás, Petrobrás), os profes­sores umversitários demonstramuma absurda indiferença

Indiferença que não atingeos professores da rede públicacatarinense, parados desde o dia24 de abril e que, de acordo comosecretáriodaCasaCivil,MíltonMartini, estão recebendo um

(jJ=>Os casos de estupro em

FIõrianópolis estão aumentando.

A do- Em 94 foram registradas mais de

re açao 40 ocorrências e nos primeirosmeses de 95 ocorreram oito casos

somente no norte da Ilha. A praiaai dos Ingleses foi a recordista foi em� ocorrências, Uma das causas dessa� crescente violência, segundo a

65 equipe da 68 DP, é a migração� intensado interior doEstado parao

� litoral. Amaioria dos estupradores<3 identificadosnãoédeFlorianópolis.

"tratamento diferenciado", seja láo que isso queira significar.

Na penúltima página, o

jornal traz uma entrevista com

Carla Camurati, diretora deCarlota Joaquina, Princesa doBrazil. O filme, até agora, jápagou todas as despesas de

orçamento somente com o di­nheirodasbilheterias .. Entreseus

patrocinadores está a Petrobrás,estatal que muitos dizem ser

deficitária. Carlota .. é um bomexemplo de que, com esforço e

inteligência, tudo é viável noBrasil.

Tem mulher no gingadoAos poucos elas estão invadindo as rodas de capoeira

AAI> mulheres participam que vê uma roda fica com vontadecada vez mais da história dejogar, "quandoescutomúsicadedacapoeira. Hoje,decada capoeira parece que alguma coisa

três alunos que começam a jogar, no meu sangue me faz gingar."

uma é mulher. Mas não foi fácil Acapoeiraéumacoisamistica, tempara elasem conquistar este espaço. umamagiaque enfeitiçaquemjoga.Segundo o professor de capoeira Juliana, 14 anos, que treina háCorvo, uma mulher para ser apenas um mês, pretende jogarconsiderada capoeirista tem que capoeira por muito tempo, "gostosuar bastante. daenergiadacapoeira". AcapoeiraA discriminação das mulheres em não é só uma luta, "a capoeira éuma roda de capoeira está se jogada com o corpo e o espírito",tornando coisa do passado. Redna, diz o professor Corvo. A mulher23 anos, treinou capoeira durante quandoentranarodaéparamostrarum ano e meio. Ela conta quejáviu toda a beleza de sua ginga e nãomuitosmeninos seaproveitarem da para brigar.falta de habilidade de algumas Naépocadaescravaturaasmulhe­garotas para lhes passar rasteiras. res não jogavam capoeira. Elas sóMas também falaque amaioria dos participavam do coro e batiamhomens incentiva as mulheres a palmas, enquanto os homensentrar nas rodas e jogar. jogavam naroda. Acapoeiranasceu

Red.naparoudetreinar,massem��da necessidade dos negros em se

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, Ill' t \. • a

defender dos brancos. Mas as

mulheres tinham a sua própriamaneirade se defender. OprofessorCorvo conta que as escravas

envenenavam a comida dos senho­res de engenho ou matavam o

homem branco na cama, com uma

mordida na jugular.Com o fim da escravidão muitacoisa aconteceu à capoeira. Ela foiproibida e suaprática só foi liberadano governo de Getúlio Vargas.Mesmo assim a capoeira só podiaserpraticadadentro das academias.Na década de 40, mestre Bimba daBahia tinha em suas rodas um coro

só composto por mulheres. Mas foisó na década de 50 que elas

começaram a jogar.Uma capoeirista baiana tornou-seuma lenda. Ela ficou conhecida

comoMaria Doze Homens, porqueganhou de doze homens no jogo da

capoeira. Hoje existem no Brasiltrês mestras de capoeira. Duas sãoda Bahia e uma do Rio de Janeiro,conhecidacomomestra Sueli Cota.Ela define a capoeira como um

presente de Deus a todos aquelesque amam de verdade.Alerta: querem acabar com o grupode capoeira da UFSC. Dizem que

quem joga capoeira é marginalPorém poucos sabem que a maior

parte dos alunos é estudante da

própria universidade. Além dissonão é preciso termuita cultura parasaber que capoeira acima de tudo éuma arte.

Andrea Marques

lIB)MAl95

Abra o olhoc::e=- Florianópolis é a segundacapital do país que mais gasta comseus vereadores. Foram R$26.453,00 reais para manter cadaum deles no mês de janeiro, ou R$2,08pagoporcadaflorianopolitanopor mês. Os moradores de Palmas,no Tocantins, ficam com a maior

despesa: R$ 4,81 por habitante,totalizando R$ 22.777,00 parasustentarumúnicovereador. Afonteé a revista Veja, de 3 de maio.

c::e=- Quem está interessado em

participar da Internet vai esbarrarna ineficiência e no alto preço pelaEmbratel. Dos 20mil candidatos jáinscritos no Brasil, apenas l.500terão acesso imediato e a um preçoabsurdo. Uma construtora de

Florianópolis desisitiu quando a

estatal cobrou 600 reais pelaassinaturado serviço,mais despesastelefônicas. NosEUA,ondedezenasde empresas intermediam o acesso

à rede, o novo sócio ganha uma

bonificação de até 20 horas de uso.Depois, acessando em média duashoras diárias, paga apenas 25dólares ao mês de telefone.

c::e=- Começa a se tornarpublica arazão da romaria de ambulânciasaos hospitais da capital nos últimosmeses. Desta vez, porém, a culpanão pode ser creditada a prefeitossedentos por votos. ,Na verdade o

propagado SistemaUnicode Saúde(SUS}nãofuncionanointerior. Hádoismeses ogovernofederal cortoudrasticamente o número de Auto­rizações de Internação Hospitalar(AIH) que eram enviadas aos

murucipios. Sem esse papel os

hospitais não aceitam os doentes

porque não conseguirão se ressarcirdas despesas. A saída é enviar ospacientes a Florianópolis, onde os

direitosconstitucionaisaindavaleme o cidadão tem a chance de ser

atendido sem terobendito papel namão.

c::e=- Esta semana o programa derádioUniversidadeAbertacontinuacom a coberturadiáriadagreve dosservidores e professores da UFSC.São reportagens e entrevistas queinformamofuncionamentode todosos setores da universidade durantea paralisação. O programa tambémtem quadros como "Na dúvida,pergunte", que esclarece no ar as

dúvidas da comunidade sobre o

funcionamento da UFSC. Para

participar é só ligarpara (048) 231-9529. OUniversidade Abertaé umprojeto de extensão feito por alunosdo curso de jornalismo da UFSC e

vai ao ar de segunda à sábado, das7h45min às 8 horas, na rádioBarriga Verde.

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e todas as classes pro-

D fissio_?ais, os prof�sso­res sao os que mais se

manifestam contra oPlano Real. Omagistério paulistapermaneceu emgreve por 34 dias, os professoresfederais pararam em 9 demaio e os

da rede estadual de Santa Catarinaestão em greve desde o dia 24 deabril.

Os grevistas dizem que jámobilizaram 70% dos cerca de60.000 professores catarinenses. Aforça do movimento está no fato deque ogoverno deu reajustes despro­porcionais para o funcionalismoestadual no mês de março: deixou omagistério com 2,68%; e os cargoscomissionados com uma gratifica­ção de até 90%. Assim o piso sala­rial de um professor para ajornadade 40 horas semanais é R$ 215,00e omáximo pago a um profissionalem fim de carreira é R$ 621,00. Aisso pode-se somargratificação porregência de classe que é de 40%para professores primários e 20%para quem dá aulas para o ginásio.

Sorteios - A maior parte do

que a professora Ziléia Mendonçade Oliveira recebeu no dia 26 deabril sequer saiu doBESC. O paga­mento de R$ 627,00, equivalente a

três meses de trabalho como profes­sora primária de duas escolas esta­duais, tirou a conta bancária de

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Dinheiro não é problemaSanta Catarina supera Paraná

gastando aproximadamenteR$ 23 milhões empublicidade

governo do estado de

O SantaCatarinapode­rá gastar, somenteneste ano, 22,9 mi-

lhões de reais em propaganda. Ovalor constado edital de concorrên­cia 01/95 do dia sete de abril, queestabelece as normas da licitaçãopara selecionar as agências de pu­blicidade responsáveis pelas con­tas oficiais. Se o governo de PauloAfonsoVieiranãousar todaaverba

poderá evitar a burocracia de umanova licitação em 1996, prorrogan­do os contratos que forem assina­dos até cinco anos, conforme regu­lamenta o edital.O estado do Para­ná, com uma população de8.443.299 habitantes - quase o do­bro da catarinense (4.538.248) - e

uma arrecadação de impostos gi­rando na casados US$ 556 milhões(dados de 1992) - 210 milhões a

mais que Santa Catarina - resolveueconomizar com publicidade. Vai

dispensarpara isso 20,6milhões dereais. Aproximadamente 2,3 mi­lhões a menos que o governo cata­

rinense.A verba agitou o mercado de

propaganda, as rádios, as televi­sões e os jornais. Em 1994 as verbas

publicitárias foram cortadas no pri­meiro decreto do então governadorAntônioCarlos KonderReis. "Até

que enfim vamos ter um bom mate­

rial para trabalhar", festeja DanielAraújo, presidentedoSindicato dasAgências de Propaganda de SantaCatarina e dono de umadelas, aDR

Araújo Propaganda. Ele acredita

que émais vantajoso ao contribuin­te saber onde está sendo aplicado o

dinheiro público do que vê-lo ser

desperdiçado em obras de utilidadesuspeita.

O ex-governador AntônioCarlos Konder Reis tem um pontode vista mais rígido que Daniel

quando se discute verbas publicitá­rias. Quandoassumiuogovernonofinal de março do ano passado,Konder Reis cortou o que pôde da

propaganda oficial, limitando em

cinco as campanhas publicitáriasdurante os nove meses que gover­nou oestado. Isso oajudou acobrir,no final de sua gestão, em apenas45 dias, quatro folhas de pagamen­to. "Não acho que a Casan e a

Celesc, por exemplo, possam ter

direito àpublicidade, pois não con­correm com ninguém, possuem um

monopólio", opina o ex-governa­dor. A Celesc e a Casan vão gastarem publicidade neste ano, respecti­vamente, 1,5 milhão e 1,3 milhãode reais.

Sérgio Vieira da Veiga, con­sultor jurídico da Secretaria deCulturaeComunicaçãoSocial (Sec­com), órgão que centraliza os 22,9milhões de reais,justifica o volumeda verba. "O Distrito Federal, quetem uma economia e uma popula­ção menores do que Santa Catari­na, vai gastar em torno de 21 mi­lhões de reais com propaganda",afirma Sérgio. Ele também recla­ma dos preços dos anúncios. Se-

Ziléia de um saldo negativo de R$467,00.Elaéumadas16.000ACf's( professores contratados tempora­riamente)de SantaCatarina. Comomuitos de seus colegas, recebeu o

primeiro pagamento com três me­

ses de atraso. Ziléiaé titular de duasturmas daprimeira sérieprimária e

ganha R$ 300,00 mensais.Enquanto trabalhou sem re­

ceber, ela teve o auxílio do maridopara sustentar a casa. Ele é telefo-

Torneiras abertasÓRGÃO VALOR EM R$

Sistema BESC 5 milhões

1,5 milhão

1,4 milhão

1,3 milhão

1,1 milhão

1 milhão

Celesc

Sec. da FazendalCiasc

'Cruan

Sec.-

da Saúde

See. da Segurança Publica

milhão

320 mil

300 mil

gundo ele, um edital padrão de oito'centímetros de largura por dez dealtura publicado na Folha de SãoPaulo custa R$ 30.240,00. ZEROchecou a informação com ojornal eobteve uma quantia quase dez ve­

zesmenor: R$3.438,80. Aindadeacordo com os números do consul­tor jurídico da Seccom, um balançopatrimonial de quatro páginas pu­blicado naGazetaMercantil custa­ria aproximadamente 200 mil re­ais. NoDiário Catarinense- infor­

mação checada por ZERO - esse

mesmo balanço custa, em média,8,5 mil reais.

Neste ano o governo vai lici­tar a publicidade de 51 órgãos da

administração direta (secretarias,fundações, autarquias) e indireta

(empresas públicas, sociedades deeconomia mista), divididos em 19lotes. Cada lote tem o seu valor

estipulado. Omais cobiçado é o dosistema financeiro BESC, que vaipoder gastar 5 milhões de reais.Nesse caso geralmente os contratossão prorrogados, porque costuma

nista da Casan e recebe R$ 180,00por mês. Para sobreviver com esta

remuneração, eles teriam que co­

mer menos que uma cesta básica e

usar dois passes de ônibus por dia."O BESC dá cheque especial paraqualquer pessoa, assim nós conse­guimos pagar as contas, depois o

salário entra sópara saldar o débitobancário", confirma Ziléia.

Há quem use outras alternati­vas para pagar as contas. SilésiaSantiago éprofessoraprimáriacom

o formação universitária e dá aulasai há 21 anos recebendo R$ 358,00� por mês. Ela sorteia qual conta vai� pagar naquele mês. "Eu vejo qual� temmais urgência e deixo as outras� contas de lado, é o único jeito".� Silésia e Ziléia são professo­� ras mal remuneradas e tem maisum ponto em comum: elas almo­

çam o que é servido como merendanum dos colégios em que dão aulas.Adiretora, queprefere não ser iden­tificada, faz esta concessão, queconstitui um direito dos professo­res, uma vez que é servida a quan­tidade que sobra para as crianças.Nesta escola de Florianópolis, cer­ca de dez professores almoçam a

merenda. Mesmoestandoem plenodireito, osprofessores sevêem ame­

açados de perder o almoço por po­liticagem de duas colegas ligadasZiléia não deixa a profissão ao governo do estado e que alme-

Professores em greve pelo país

Fonte:Editalde Concorrência 001/95

sobrar dinheiro. O lotes da secreta-ria de Desenvolvimento Urbano e

Meio Ambiente, da secretaria de

Segurança Pública e da secretariaExtraordinária deQualidade ePro­dutividade terão a verba mais min­

guada: 300 mil reais cada um

deles.Atéoiníciodemaio,47 agên­

cias de propaganda de Santa Cata­rina e três do Paraná e Rio Grandedo Sul haviam pegado o edital deconcorrência na secretaria de Cul­turae Comunicação Social. A cada

negociação feitacom um veículo de

comunicação a agência responsá­vel pela conta tem direito a 15% dototal acertado. Ou seja, dos R$22.920.000,00 da verba publicitá­ria, R$ 3.483.000,00 vãoparar nascontas das agências de publicidade,que também decidirão quais os

veículos que vão receber os outrosR$ 18.437.000,00. O resultado da

licitação sai no final deste mês.

Clayton Wosgrau

jam a direção da escola.A professora de Português

para a segundograu,TâniaFranca­lacei Schambeck. também é chefedo Departamento de LínguaPortu­guesa do Instituto Estadual deEducação.Dá aula a 150 alunos e

recebe R$ 600,00mensais. Ela temlicenciatura plena em Letras e 23anos de magistério.

Mesmo assim ela acredita noPlanoReal: "sem ele seria impossí­vel imaginar como estaria a infla­

ção hoje". Tâniapondera que o real"vive numa cordabamba", sensívelás pressões de fortes grupos - em­

presários, industriais e atravessa­

dores.M.P., 33 anos, é professora

de Português para o segundo grau,trabalha 40 horas semanais e rece­

be R$ 249,00 mensais. Para com­

plementar o orçamento ela vendechocolates, no mês passado estaatividade lhe rendeu R$ 200,00 .

Essa professora, que corrigemais de trezentas redações por se­mana, é mais uma daquelas quetêm cada vez menos tempo parapreparar aulas e corrigir provas. Asprofessoras de Santa Catarina nãotêm creches para deixar seus filhosnem assistência odontológica pelolpesc - o precário instituto de previ­dência do estado.

Joice Sabalke

2EH)MAl95

ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA

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pode causar preJUlZOS. Fábioexplica que a retirada de grandequantidadedeareiadobancodevemudar o fluxo da corrente marí­tima naquela área e que o bancotendeaseregeneraralongoprazo.Nesse período, outro depósitosde areia poderão se formar emoutros lugares, inclusivepeito daentrada do mangue do Itacorubi.Fábio, que também trabalha no

projetoNemar (NúcleodeEstudosdoMar), acrescenta queumoutro

problema pode aparecer. O

depósito de areia e o constantemovimento das obras prova­velmente vão causar uma grandesuspensão de partículas na água,dificultandoapassagemdaluzdosol e alterando a fotossíntese das

algas naquele local. Isso afastariaalgumasespécies dafaunatempo­rária ou permanentemente. Ape­sar disso, o futuro biólogo éfavorável à realização do projeto."Antes de tudo, é preciso tercerteza que os métodos escolhi­dos são os menos prejudiciais aoequilíbriodoambiente" , completaFábio.

Vôos perdidos - Existe na

Assembléia ummovimento paracriar uma comissão permanentede todos os partidos paragarantiros recursos necessários à obra. Aidéia é do deputado Gilson dosSantos (PPR), que defende um

melhor entrosamento entre o

lhama e a Fatma na definição da

questão ambiental e uma decisãopor parte do governo quanto ao

início dos trabalhos. Para a líderdoPT,Ideli Salvatti, aconstruçãoda via vai diminuir o número deacidentes de trânsitos e desen­volvera turismopoucoexploradona região. Para a maioria dos

deputados, o pontomais crítico éo acesso ao aeroporto da capital,pois alguns deles já perderamvários vôospor causados conges­tionamentos. As queixas dos

políticos sãofundamentadas combase nos dados do Instituto de

Planejamento Urbano de Floria­

nópolis (Ipuf). Diariamente, cercade dezmil veículos circulam pelaúnica viade acesso ao sul da ilha,enquanto o sistema viário com­

porta apenas quatromil veículosnaquela região.

Se depender dosmoradoresque terão suas casas derrubadaspara a passagem da via, a obrajáestáaprovada. Paraessas pessoas- cerca de cinqüenta famílias -, ogoverno garante ressarcimentototal e assentamento aos mora­

dores emconjuntos habitacionaisque serão construídos com todainfra-estrutura às margens da viaexpressa. "Se tivermos a certezade que nossas condições demoradiaserãomelhores, daremostotal apoio à construção da via

Expressa Sul", diz Jaime deOliveira, presidente da Asso­ciação Amigos do Saco dosLimões.

Faltam recursos paraBeira-mar SulPr oj e t otambém

depende·de licençado lbama

zenMAl95

AVia Expressa Sul,obra que vai ligar e

centro de Floria­

nópolis diretamenteao sul da ilha, não tem ainda umadata para sair do papel. Apesardo entusiasmo do governo doestado, o projeto não conta com

recursos financeiros suficientesnem com as licenças ambientaisnecessárias. Osuperintendentedaobra, engenheiroLuciasoPresta,explicou que a verba estava

prevista no orçamento deste ano,mas foi vetada pelo presidenteFernandoHenriqueCardoso apósa extinção do ministério doDesenvolvimento Regional, quehavialiberadoR$12milhões parao projeto. O contrato assinadoem dezembro do ano passadoentre o DERISC e o consórcioCBPO (CompanhiaBrasileira deProjetos e Obras)/CNO (Cons­trutora Norberto Odebrecht),vencedor da concorrência, prevêumorçamentodeR$28,3milhõespara a realização das primeirastrês partes da obra, que foidividida em seis etapas. Atual­mente, o projeto conta apenascom apromessa de liberação pelogoverno estadual de R$ 200 milmensalmente. "O governo esta­

dual não tem condições de realizaras obras sozinho. Estamosbuscando financiamento federalou mesmo de entidades interna­cionais", esclarece o vice-gove­rnadore secretáriodeTransportese Obras, José Augusto Hülse. OBanco Interamericano de Desen­volvimento (BID) é uma alte­rnativa, desde que o projeto sejaprovado na íntegra. Há tambémnecessidade de recorrer aos

recursos do BNDES para que a

obra seja viabilizada.AViaExpressa Sul começa

com dois túneis escavados em

solo e rocha, entre os bairros da

Prainha e Saco dos Limões, comcerca de 700 metros cada um.

Depois dos túneis será feito um

aterro hidráuli�o de aproximada­mente 1200m paralelo às ave­

nidas Waldemar Vieira e JorgeLacerda, que será protegido dasondas com os blocos de rochaprovenientes da escavação dostúneis. A próxima etapa será o

acesso à praia do Campeche,juntando-se a estrada que leva à

praia à estrada do aeroporto. Aquartaetapadaviacompreende oacesso à UFSC pela intersecçãode uma estrada no Saco dosLimões passando pelo bairro daCarvoeira. A quinta parte doprojeto é o acabamentodaestradado aeroporto, com a construçãode ciclovias e canteiros. Osviadutos serão a última etapa daviaExpressa Sul.

Parte morta - Ao todo são168 mil m2 de pavimentação,4.400 metros de bueiros e canaisde drenagem e 450 metros deviadutos em concreto armado. Aavenida seguirá o mesmo padrãodaBeira-Mar Norte: duas pistas

m três faixas de tráfego de 3,6etros cadauma, canteiros centralseparador, acostamento interno,clovia e passeios externos.

A construção da via Ex­

pressaSul, que temprazomínimode conclusão estipulado em três

anos, é imprescindível para o

desenvolvimento da capital,segundo a Comissão de Fisca­lização e Controle de Viação,Transporte e DesenvolvimentoUrbano e Rural, presidida pelosdeputados estaduais FranciscoKüster (PSDB) e Jandir Bellini(PPR). A avenida vai representare possibilitar a internacionali­zaçãodoaeroportoHercílioLuz econseqüentemente uma maior

ligação da cidade com o estado e

o resto do país. Existem ainda

J(ia Expressa Sul vai desafogar o trânsito da região da Costeira

beneficios comerciais e imobi­liários, já que haverá maiorvalorização da área, considerada"a partemorta da ilha". O espaçoem tomo da via possiblita o

surgimento de mini-estruturasurbanas, divididas em lotes deblocos comerciais e residenciais,cujos valores chegariampertodosUS$ 500milhões, quantiamuitasvezes maior que o valor gastonaexecução da via expressa.

O projeto de construção daviafoi criadoem 1972juntocomos projetosdaBaíaSul edaBeira­Mar Norte. A realização da via,antes de ser aprovada, já causa

euforia entre moradores, comer­ciantes ehoteleiros daregião. ParaMagno Uresta, gerente do HotelVeleiros, a via aumentará o fluxodeturistas pelaPrainha, Costeirae Sacados Limões. "Atualmente,o turista encontra uma estradaestreita e cheia de buracos",reclama o gerente do hotel, umdos poucos da Baía Sul.

Estudos superficiais -

Apesar das expectativas, a

realização da obra esbarra em

vários fatores. Segundo o

engenheiro Luciano Presta, a

draga já está enferrujando com a

esperadaresoluçãodos impasses.Fora os problemas financeiros,existem as dificuldades em

conciliar o desenvolvimento coma preservação do ambiente. Amaiorpolêmica se dá em torno daretiradade areiadobancadoTipi­tingas,próximoaoaeroporto, paraa construção do aterro. Até agoranão se chegou a nenhuma con­

clusão sobre o prejuízo que isso

pode trazer sobre o equilíbrio dafauna próxima à região, pois os

estudos feitos sobreo lugarforamconsiderados superficiais e insu­ficientes. O banco dos Tipitingasse encontra em área de preser­vação, protegida por lei federalcomoReservaExtrativistaMari­nhadoPirajubaé. Emrazãodisso,o Ibamaestá contratando estudoshidrodinâmicas ebiológicos paraanalisar o funcionamento dascorrentes marítimas, das marés,profundidade e volume de areia.

Apesar dos problemas, a Fatmaresolveu concederalicençapréviapara agilizar os financiamentos.O superintendente do lhama em

Florianópolis, Gabriel Elkeuba,explica que a licença concedida éinsuficienteparapermitir o iníciodas obras. Ele afirma que o lhamae aFatma só vão liberar a obraemcomum acordo quando foremconcluídos os estudos sobre os

possíveis impactos que a cons­

trução da via poderia trazer ao

meio-ambiente. Gabriel diz queexiste ainda a necessidade de

apresentar, através do projeto,outras opções de locais para a

retirada de areia.Fábio De La Corte, estu­

dante de biologia que escreveu

uma monografia sobre os man­

gues da região, acha que a obra

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Aline CabralACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA

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Pêssego em calda grego cria desempregooproduto importado custa a metade do preço e ameaça a economia de Pelotas

maprática desleal deI .I comércio intemacio­

VI nal está prejudican-do economicamente

urna cidade de 300milhabitan­tes no sul do Brasil. Localizadaà250 quilômetros dePortoAle­gre, no Rio Grande do Sul, Pe­lotas é responsável por 100%daprodução nacional de pêsse­go em calda (enlatadoj.juntan­do em tomo da economia pes­segueira 17mil empregos dire­tos nas 18 fábricas de conser­

vas e3.500agricultores domeiorural.

Há dez anos, existiam 40"indústrias beneficiadoras e cer­

ca de 12 mil agricultores culti­vando pêssego. No ano passa­do, 4 das 18 indústrias de con­servas da cidade não trabalha­ram deixando 2.300 desempre­gados o outros 6 mil - que tra­balhavam temporariamente noperíodo que vai da colheita atéa embalagem - também sem

emprego. Asindústrias quetra­balharam, utilizaram apenas30% da capacidade instalada.

E como o pêssego é o car­ro-chefe da produção local, asindústrias que de carona tam­bém beneficiavam morango,abóbora, nectarina e aspargoestão deixando de comprar es­tes produtos dos agricultoreslocais. Segundo o Clube deDi­retores Lojistas ( CDL ) de Pe­lotas, existia em tomo do pês­sego urn círculo financeiro quesustentava, através dos peque­nos e médios proprietários ru­rais e trabalhadores da indús­tria, o comércio da cidade. Du­rante aúltima campanha eleito­ral dizia-se que Pelotas tem 50mil desempregados,mas o Sin­dicato da Indústria de Doces e

Conservas dePelotas afirmase­rem 30 mil.

Presente de grego - Oproblema começou quandograndes indústrias - como aCica- fecharam suas unidades em

Pelotas. Porém aumentou,quando em 1990 a Grécia co­

meçou a exportar para o Brasilpêssego em calda que chegapor U$ 0,60 a lata/kg enquantono comércio interno grego o

custo da lata é de U$ 2,00. NoBrasil o custo industrial é U$0,60,mas com todos os impos­tos opreço de custo fica emU$1,30. Essapráticacomercial queconsiste na exportação de urnproduto abaixo dos preços pra­ticados no mercado interno deorigem do produto é chamadode dumping. E é consideradopelo GATI, organismo que re­gulamente as práticas comerei­ais entre os países, como co­

mércio desleal.A origem deste problema

está naMacedônia. A exemplodo que acontecenaparte da ex­Iugoslávia, a outra parte - tam­bém bastante pobre - vem ten­tando desmembrar-se da Gré­cia. E por isso o governo gregojuntamente com a União Euro­péia, da qualfazparte, está sub­sidiando e ressarcindo os pro­dutores rurais e fabricantes daMacedônia que exportam pês­sego beneficiado a urn preçoinferior ao praticado nomerca­do interno grego. Como Pelo­tas, aMacedônia é cruzadapelalatitude 32, ideal para o cultivodopêssego em condições apro­priadas de solo e clima. E pormotivos de conservação, o lo­cal de cultivo deve ser o mesmodo de beneficiamento.

Segundo o Sindicato Ru­ral de Pelotas, há cinco anos a

safra depêssegos domunicípiofoi de 54 mil toneladas/ano. Nasafra 93/94 foi de 32 mil e naúltima (94/95) de 18 mil. Nosúltimos 10 anos a produção de

pêssegos subiunaGrécia de 30milhões para 450 milhões delatas/ano. Em Pelotas foi em91/92 de 29 milhões de latas e

a importação de 3,9 milhões.Em 93/94 a cidade produziu28,4milhões delatas eoBrasilimportou 8,5milhões. Noperi­odo 94/95 aproduçãobrasileiraficouem 16milhões enquanto aimportação que ainda não en­

cerrou-se durante este ano jáultrapassou ao número produ­zido no país.

As empresas ( Cica, Aris­co, -Etti e Peixe por exemplo)que antes compravam as latasde pêssego em Pelotas e so­

mente a rotulavam comonome

de seus produtos agora impor-

tam os enlatados que j á vem da os prazos regulamentares doGrécia até com as respectivas processo tomando permanentemarcasnacionais. Além do bai- a taxa provisória sem avisar osxo preço do produto grego, es- gregos, o que é urn erroproces­tas empresas recebem dos ex- suai. O governo brasileiro foiportadores o prazo de um ano então chamado ao Gatt parapara o pagamento. E pelo siste- explicações tendo que retirar oma de débito e crédito de im- processo e a taxa. Em novem­

postos, as importadoras credi- bro de 94 o sindicato com apoiotam na venda o mesmo valor da Federação das Indústrias do

quepagaramnacompracomos Rio Grande do Sul (Fiergs)impostos da importação. entrou com novo processo no

Segundo o diretor do Sin- Ministério da Indústria e Co­dicato das Indústrias de Doces mércio que ainda não foi anali­e Conservas de Pelotas, Amil- sado pelos técnicos brasileiros.car Zanotta - que está organi- O desânimo no Sindicatozando todos estes dados para o Rural de Pelotas reflete-se na

governo do Estado doRioGran- queixa de seu presidente, Júliode do Sul tomar providências - Honório daSilva: "Os produto­o preço baixo dos pêssegos vai res rurais não estão conseguin­durar até a produção nacional do vender o pêssego e outros

desaparecer. Todos os países produtos paralelos com lucro, eda União Européia, os Estados estão deixando a agriculturaUnidos, Japão, Austrália e Ar- porquenãotêmmaisoqueplan­gentinajáprotegeram seusmer- tar." SegundoHonório, como ocados taxando a entrada dopês- solo e clima de Pelotas é encon­

sego grego. trado na Argentina e Uruguai,Processos - No Brasil, o onde os recursos e assistência

Sindicato das Indústrias de técnica são superiores, os agri­Doces e Conservas de Pelotas cultores da região não tem con­

entrou com um processo no dições de concorrer no Merco­Ministério da Indústria e Co- sul. O Sindicato Rural vem no­

mércio para provar a relação tando que a altemativa para os

causal entre o problema (dum- agricultores tem sido o abando­

ping e subsídio na exportação) no do meio rural.e o dano (fechamento de indús-" Se as importações depês­trias). Emjunho de 93, quando sego grego continuarem cres­

os Ministérios da Fazenda e o cendo,comovemacontecendo,da Indústria e Comércio come- o Sindicato das Indústrias de

çaram a investigar o problema, Doces e Conservas de Pelotaso governo brasileiro colocou acredita quetodas as indústriassobre opêssego gregourna tari- de pêssegos fecharão. Prejudi­fa compensatóriaprovisóriapor cando também a industrializa-4 meses. Acontece que termi- ção dos outros alimentos quenadas as investigações e com- vinham na "carona" do pêsse­provado tanto odumping como go.o subsídiona exportação, o go-vemo brasileiro não obedeceu André Barbosa

:- ,

ZBDMAl95

ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA

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Projetos de FHC não agradam eprovocam manifestações em todo país

Dias contados para estataisTrabalhadores mobilizam-se contra as reformas do governo

A CUT decidiu medir forçascom o governo pela conquista daopinião pública da forma mais dire­ta: greve. Mais do que reivindica­ções, omovimentogrevista - concen­

trado no setor público- é um protestocontra as reformas constitucionaispropostas pelo presidente Fernando

Henrique Cardoso.Os trabalhadores das estatais

pararam as atividades em resposta àsameaças de quebra demonoJX?lios desetores considerados estrategicos daeconomia. Dos 50mil petroleiros dopaís, 45 mil aderiram a greve. Já nosetor elétrico, pararam 36mil funci­onários, dos 45 mil existentes. Nosetor de telecomunicações a parali­sação não chegou a atingir 50%.Apenas 31 mil trabalhadores-dos 70mil - pararam, segundo dados daCUT.

Os últimos capítulos da refor­ma constitucional demonstram que a

ameaça das privatizações deve se

concretizar em breve. A comissãoespecial daCâmaraaprovouaemen­da constitucional que quebra o

monopólio das telecomunicações e

acaba com a distinção entre empre­sas nacionais e de capital estrangeiroe a flexibilização do monopólio dopetróleo. Neste último item, se o

plenário do congresso ratificar a de­cisão da comissão, o Estado continu­ará com o monopólio do petróleo,podendo autorizar a exploração pelocapital privado. Já nas telecomuni­

cações, ogovernovai entregar todaa

estruturaconstruídacom investimen­tos públicos, ficando apenas com a

responsabilidade de regular a explo­ração.

Com a atual formação do Con­gresso, aaprovação das emendas queacabam com os monopólios é apenasuma questão de tempo. A oposiçãotem cerca de um quinto dos votos e o

governo só precisacontinuar alimen­tando os partidos que lhe dão susten­tação. O PMDB também foi saciadocom anomeação doex-senadorMau­ro Benevides para o cargo de Secre­tário dos Direitos da Cidadania doministério da Justiça. Ele vai receberR$ 5,2 mil paragarantir a fidelidadede toda a bancada. O PMDB exigiuaindaa confirmação deOdacirKleinno ministério dos Transportes. Omais recente partido a embarcar nogoverno foi o PPR, que jáquer puxaro tapete da ministra Dorothéa Wer­neck, no ministério da Indústria e

Comércio.O presidente Fernando Henri­

que teve que apelar à prática fisioló­gica para aprovar reformas que pre­tendem mudar o modelo econômicoque possibilitou o desenvolvimentoda economia nacional, desde a déca­da de 30. Por falta de uma eliteempresarial que pudesse financiar osgastos com infra-estrutura, foi o Es­tado quem assumiu tal papel. "Oprocesso de substituição de importa­ções e o Estado desenvolvimentistaimpulsionaram o recente desenvol­vimento econômico e a industriali-

zação dopais", escreveu oeconomis­ta AloísioMercadante. Esse modelosofreu o impacto da terceira revolu­ção industrial, formado pelo desen­volvimento da tecnologia, que pro­moveu a globalização do processoprodutivo e a formação dos blocoseconômicos. "A saída que o governoapresenta à nação se reduz na priva­tização da mais importante base mi­neral do País, a Vale do Rio Doce,além da flexibilização dos monopó­lios do petróleo e telecomunicações.Isto é a desarticulação dos sistemasbásicos da infra-estrutura econômi­ca, determinantes para a competiti­vidade", explicou Mercadante.

E essa a questão que está na

ordem do dia. E objeto das discussõesentre a esquerda e a direita, por maisque estes conceitos se confundam. Odeputado Carlito Merss (Pl') é irôni­co: "nós somos os atrasados. 'Mu­demo' é o Antônio Carlos Maga­lhães, o Marco Maciel, Jorge Bor­nhausen e José Sarney, que sempreestiveram no governo e são respon­sáveis pela situação do país".

Temendo que o ímpeto priva­tista dos "mudemo" possa atingir oensino público, os professores uni­versitários também aderiram àgreveconvocada pela CUT. A principalbriga é contra a Lei de Diretrizes deBases da Educação, de autoria doantropólogo Darcy Ribeiro. NaUFSC, a adesão não chega a 30%.

Paulo Henrique de Sousa

Quais são as propostas do PlanaltoCom a justificativa da contençãode despesas e da necessidade deinvestimentos em saúde, educaçãoe outros serviços básicos àpopula­ção o governo pretende privatizarao máximo as empresas estatais e

diminuir o conjunto de benefíciosda previdência social. Todas as

siderúrgicas estatais já foram pri­vatizadas e ametadogovernoparaeste ano é que os setores de telefo­nia, energia, de aço e petróleosigam o mesmo caminho. A edu­cação também sofrerá sérias alte­rações se o substitutivo DARCY­MEC-IV for aprovado pelo Con­gresso nesta semana.

Privatização - Antes mesmo dopresidente FernandoHenrique to­mar posse, as siderúrgicas Usimi­nas, Acesita, CSN. Aços Finos

Piratini e outras quatro já haviamsido privatizadas. Para este ano o

governo pretende abrir concessãoao monopólio da Petrobrás alémda telefonia e energia e a totalprivatização da companhia ValedoRio Doce.Educação - Existem noCongressodoisprojetos para aLei deDiretri­zes e Bases da Educação. Um é o

substitutivo Cid Sabóia e o outro éoprojetoDARCY-MEC-IV. Alémdisso o governo lançou a MedidaProvisória 938 que entre outrascoisas prevê uma prova a todos osformandos com a fínalidade deavaliação da qualidade da escolaA nota do aluno neste teste nãoimpedeO recebimento dodiploma.

Previdência - As reformas pro­postas pelo governo extinguemalguns dos principais benefícios e

muda radicalmente outros. A apo­sentadoria não será mais por tem­po de serviço ouproporcional,maspor idade. Não existirá mais dife­rença de idade entre homem ou

mulher e trabalhador rural ou ur­bano para a aposentadoria como

aconteceatualmente. Nãoserámaispermitido o acúmulo de aposenta­dorias, a criação de institutos esta­duais e municipais de previdênciasocial com regraspróprias. Idosose deficientes fisicos também nãoterãomais direito aopagamentodeum salário mínimo mensal, deacordo com as propostas dogover­no para a reforma constitucional.

Alessandra Mathyas

Fracassa greve na UFSCProfessores ignoram as assembléias e continuam em atividade

Amaioria dos profes­sores e servidores daUniversidadeFederalde Santa Catarina

contrariou as decisões tomadaspelas assembléias de suas catego­rias e não entrou na greve iniciadano dia 9 de maio. O principalargumento de quem continou tra­balhando é que agreve é "poli tica"e a pauta de reivindicações estádescolada da universidade No diaseguinte à deflagração do movi­mento, apenas a Agronomia e o

Jornalismo etavam integralmenteparados. Biblioteca Central, Hos­pital Universitário e o RU funcio­navam normalmente. Na assem­

bléia do dia 16, que reuniu apenas196 dos 2019 professores filiadosà Apufsc, 135 votaram pela conti­nuidade domovimento. A avalia­ção é que a greve deva continuar,embora debilitada pela baixa ade­são, até que o governo federal re­solvaoimpasse com ospetroleiros.

Um dia após o início da gre­ve, a situação na UFSC era a se­

guinte:

Centro Sócio-Econômico:Os cursos de Economia, CiênciasContábeis e Administração não

aderiram à greve. No curso de

Serviço Social, apenas um servi­dor estava parado.

Centro de Ciências Jurídi­cas: Nocursodedireitonãohouvemobilização. No departamento de

direito Processual e PráticaForen­se, dois servidores entraram em

greve. O Fórum da Universidadefunciona normalmente.

Centro de Comunicação e

Espressão; Dos40professores docurso de letras apenas quatro para­ram, além de alguns servidores. Ocurso de jornalismo aderiu àgreve,mas os projetos de extensão, comoo universidade Aberta, funciona­ram normalmente.

Centro de Ciências da Saú­de: No curso de Enfermagem, a

decisão de greve ficou a critério decada professor, mas como as aulasestãos suspensas não se pôde ter

conhecimento do grau de adesão.Os servidores trabalharam normal­mente. NocursodeFarrnácia(Aná-

lises Clínicas), os professores op­taram pelamobilização. Os servi­dores e professores substitutos nàopararam as atividades. Nos cursosdeNutrição,MedicinaeOdontolo­gia o funcionamento foi normal.

Centro deCiências Agrári­as: O departamento de Engenha­ria Rural também funciona nor­

malmente. Na Agronomia os pro­fessores optram pela greve.

Centro Tecnológico: Noscursos de Computaçào e em todosos departamentos de Engenharianão houvemobilização. No cursode de Arquitetura e Urbanismoapenas um servidor não trabalhou.

Centro de Ciências Físicase Matemáicas: Funcionamentonormal dos cursos de Física,Mate-mática e Química.

.

Centro de Ciências Bioló­

gicas: No curso deBiologia, a ade­são é parcial e ficou a critério decada professor. Os servidores op­taram pela greve.

Centro de Filosofia e Ciên­cias Humanas: Nos cursos deCiências Sociais, Filosofia, Geo-

grafia, História e Psicologia a ade­são é parcial.

Centro deCiências da Edu­cação: Os estudantes de Pedago­gia organizaram um calendário demobilização e vão realizar mani­festações de apoio àgreve. O curso

de biblioteconomia não aderiu àmobilização.

Centro de Desportos: Nosdepartamentos de Educação Físi­ca,MetodologiaDesportivae Prá­tica Desportiva apenas dois servi­dores pararam as atividades.

OHospitalUniversitárioenaCentral de Segurança do Campusnão houve paralisação das ativida­des. O Restaurante Universitárioparou no dia 16 e a Biblioteca dia17. O departamento de Adminis­tração Escolar (DAB) também op­tou pela paralisação.

Tatíana Ramos

Colaboração: MarcelaCorneli

Apenas l%dacomunidadeuniversitâria

compareceu na

primeira assembléia

conjunta de

professores,servidores e alunos

Campanha defende universidade pública e gratuitaUma campanha nacional em

defesa dauniversidade pública e gra­tuita vem sendo feita pelas IFES

(Instituições Federais de Ensino Su­perior) de todo Brasil, ameaçadascom a nova política educacional em

tramitação no Congresso Nacional.Entre outras questões, prevê a redu­ção de investimentos públicos peloGoverno Federal nas universidadese o fim da indissociabilidade do en­

sino, pesquisa e extensão nessas ins­

tituições.A UFSC está implementando

uma programação com atividadesque vão desde palestras nos cursos degraduação à cobrança pública daposição de cada deputado e senadorde SC a respeito das questões educa­cionais. A intençã ) é fazer com quealunos, professores, servidores e so­

ciectade emgeral seposicionemfrente

às decisões parlamentares e contri­buam nadefesadocaráterpúblicodainstituição.

Essa campanha da IFES pre­tende mostrar também, através dedados, a contradição de constantes

críticas direcionadas às universida­des federais , como por exemplo,considerá-Ias lugar de jovens de fa­milias abastadas ou ainda que são

instituições pouco produtivas. O re­

cente estudo realizado no Fórum dePró-Reitores Comunitários Estudan­tis, que mostra um percentual desomente 26% dos alunos como per­tencentes à camada mais alta da so­

ciedade, enquanto 25% originam-seda classe média e os 49% restantevem da classe baixa. No que se refereàqualidade e quantidade, aprodução"deve ser avaliada pelos resultadosobtidos na sociedade", como afirma

o reitor da UFSC e presidente daAndifes ( Associação Nacional deDirigentes de Instituições Federaisde Ensino Superior ) Diomário deQueiroz. OEnsino Superior é citadoainda como burocrático e corporati­vista "Há falhas como em qualquerinstituição, mas não vejo como solu­ção a restruturação das universida­des, o que faltam são melhorias",completa o reitor.

Nesse sentido, a Andifes estádesenvolvendo uma ação junto ao

Ministro da Educação Paulo Renatode Souza, propondo uma nova dis­cussão sobre universidades, incluin­do autonomia das instituições públi­cas (no que diz respeito a gestão e

distribuição de recursos), qualidade(condiçõesmínimas paraobtenção daqualidade total do ensino) e análisedo desempenho (através do Progra-

ma de Avaliação Institucional dasUniversidades Brasileiras - Paiub).

A avaliação das IFES se faznecessária,jáquedos 18%dearreca­dação fiscal noorçamento doGover­no Federal que vão para o MEC57,28% são destinados ao EnsinoSuperior (público e privado). Assimcomo também é relevante na avalia­ção o papel desempenhado pelasuniversidades nas suas regiões, in­cluindo o aumento de pesquisa e

extensão, publicações e cursos de

graduação e pós graduação.Não se

pode ignorar, também, os atendi­mentos gratuitos dos hospitais uni­versitários, das clínicas odontológi­cas e dos estudantes de direito nas

assistências jurídicas.

Sandra Vieira

� Entenda a LDB

A Lei de diretrizes e Bases emtramitação no Congresso Nacionaldefine os rumos da educação no

Brasil. O primeiro projeto de LDBfoi feito na década de 60 e definiapraticamente questões políticas.Mais tarde com o golpe militar,houve uma reforma do ensinoinstituída pela lei 5692/71quepriorizava a formação técnica,profissionalizante e acrítica.

A partir de 1987 formou-se o

fórum de defesa da escola pública,reunindo associ ações de professores,sindicatos docentes, aUNE, a SBPCe outrasentidades da sociedadecivil.Nesta época discutia-se na Assem­bléia Constituinte uma nova lei dediretrizes e bases para a educação.A partir de um projeto elaboradopelo então deputado Jorge Harge(PDTlBa), o fórum organizou uma

proposta de LDB encaminhadamaistarde para a Comissão deEducaçãoda câmara dos deputados. Algunsdos principais dispositivos doprojeto, conhecido no Congressocomo "Cid sabóia", são:

- a contemplação do ensinoprimário, secundário e terceirograutratando todas as fases do ensinocomo um UlUCO processo;

- necessidade de um ensino

adequado às condições regionais e

com uma visão criticada realidade;- adoção de um padrão único

de qualidade na educação com a

finalidade de não acentuar as

desigualdades sociais;- valorização do ensino em

língua indígena além de gruposétnicos;

- concursopúblico paramagis­tério para todas as escolas e em

qualquer setor.A proposta deste projeto que

mais sofreu oposição dos últimosgovernos foi a implantação de um

Conselho Nacional de Educaçãoindicado pela sociedade civil em

substituição ao antigo ConselhoFederal de Educação. A idéia éimplantar no país um Sistema:Nacional de Educação acom­

panhado pelo conselho, sendo uma

parte do estado, mas autônomo aos

governos. Todas as decisões norma­ti vas, como credenciamento decursos, por exemplo, teriam quepassar por este conselho.

A votação do projeto CidSabóia para aLDB fOI se estendendopelos anos, até que em 1992 surgiudo senado um novo projeto de lei dosenador Darcy Ribeiro. Este projetofoi modificado e hoje o substitutivodo governo para a educação,DARCY-MEC-IV, pretende criaros "Centros de Excelência". De umamaneirageral esta proposta permitea cobrança de taxas escolares em

todos os níveis, concede certificadode estudos superiores a quem cursar

cinco disciplinas, reduzo ano letivode 200 para 180 dias, acaba com a

indissociabilidade entre pesquisa,ensino e extensão pri vilegiandofinancei ramente asmelhores univer­sidades, fere a isonom..iasalarial alémde omitir o concurso público paramagistério e a dedicação exclusiva.

Alessandra Mathyas

Papo-furado

Ineficiência e Socorro:"O Estado gigantesco,ineficiente e por vezescorrupto, não dá maispara ser subsidiado pelasociedade" - LuísEduardo Magalhães(PFL- BA), presidenteda Camâra dos Depu­tados.No ano passado, oBanco do Brasil empres­tou US$ 300 milhões - a

juros baixíssimos - paraa VARIG - empresaprivada -

, que vai maldas pernas. A CaixaEconômica Federal, nosúltimos anos, tememprestado algumascentenas de milhares dedólares para que a redeGlobo de Televisãoconstrua cidadescenográficas. Os jurossão tambémsubsidiados, ao contrá­rio daqueles cobradosdo contribuinte. AVASP, ex-estatal deSão Paulo, foi priva­tizada pra resolverproblemas como inefi­ciência adminsitrativa,excesso de burocracia e

funcionários e falta delucratividade. Priva­tizada, todos os pro­blemas e dívidas au­mentaram. A VASP -

agora empresa privada -

pede novamente so­

corro ao Estado porqueseus aviões correm o

risco de serem confis­cados. As pautasjornalísticas são fartaspara criticar e defendera privatização e/oufechamento de agênciasdo BB e da CEF, mastímidas em mostrar osproblemas da priva­tização, como o caso

VASP.

2EfVMAl

95

ContradiçõesCinismo: "Numa

democracia, liderar nãoé impor, mas con­

vencer" - FernandoHenrique Cardoso.

No último dia 28, FHCexonerou José Ma­

chado Sobrinho, diretorda Petrobrás, por ter

criticado a privatizaçãoda estatal.

O fantasma: CidMoreira, apresentadordo telejornal mais visto

no país, denunciaseguidamente na TV

funcionários fantasmasdo governo e das

estatais. O próprio CidMoreira, que trabalha

há mais de 25 anos na

rede Globo, aposentou­se no início de 95 pela

TV Educativa do Rio deJaneiro, ganhando

1.200 reais mensais e

sem jamais ter traba­lhado lá em todo o

período da Globo.Silêncio total no

jornalismo global.Censura: O projetoTamar/lbama, re­

conhecido mundial­mente por salvar da

extinção as tartarugasmarinhas, recebe apoio

da Petrobrás. Nasentrevistas que dão aos

repórteres da redeGlobo, os pesqui­sadores da equi pe

Tamar são orientados a

retirarem as camisetascom a inscrição "Apoio

Petrobrás".

2EfVMAl95

ACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA

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tem que abandonar o meio ondevivia.

Essa susceptibilidade a reca­ídas deu origem a certas diretrizesdo grupo: não andar desacompa­nhado, não comparecer às reuniõesapós o uso de drogas ou portando­as e a preferência por pessoas queprocuram o tratamento pela pró­priainiciativa". Arecaídaépior, dámais depressão", diz AN.R.,,19.Dependente de maconha e cocaína,começou a fumar com os amigossurfistas aos 13 anos. O fim de umnamoro de cinco anos contribuiupara o aumento de consumo decocaína. AN.R. já havia frequen­tado o grupo por duas semanas,

Gam recupera 50%...

dos viciadosGrupode O

gaúcho Dilceu Bri­zola, 39 anos, tinhauma vida estrutura­

.

da. Era casado, paide dois filhos e estava empregadonumagranja noRio Grande do Sul.Esta estabilidade profissional e fa­miliar começou a serabaladaquan­doDilceu perdeu o controle sobre oconsumo de álcool, aos 23 anos,

chegando a beber um litro de ca­

chaça por dia. A situação pioroucom o falecimento da esposa, hátrês anos. Dilceumergulhou na de­pressão e no álcool, que resultou naperda do empregar carro, terras e

casa, tudo gasto com bebidas e

mulheres. Viveu na rua por doisanos, pouco comia (chegou a ter 40kg sendo que o seu peso normal é

68kg) e consumia cerca de cincolitros de cachaça diariamente. -

Brigas com a família, discri­minação social, perda do empre_goe de bens, iniciação no roubo. E o

chamado "fundo do poço" no qualuma pessoa drogada pode chegar.Muitas vezes é só nesse momento

que a droga passa a ser vista comovilã e o doente procura a ajuda deentidades e grupos especializados.Dilceu foi encaminhadopelo irmãoao centrode tratamentode São Josée começou a frequentar oGrupo deAjuda Mútua (GAM), que funcio­na desde 1992 nas dependênciasda UFSC. Agora, há um ano sem

ingerirbebidas alcoólicas, ele espe-

.

apoior

mutuo

integradependentescom

esportese aulas

lER)MAl95

Psicólogas também atendem HWpositivo

Cristina Valadão

ra a cura de uma poliomielite nas

pernas, causadapela falta de circu­lação sanguínea em funçãodoálco­ol, para voltar a trabalhar.

Os resultados obtidos peloGAM sãomotivo de orgulho para oDr. Wilson Kraemer dePaula, pro­fessor aposentado do Departamen­to de Enfermagem daUFSC e coor­

denador do GAM. Em três anos,foram recuperadas 36 pessoas e

outras 24 reintegraram-se à socie­dade, de um total de 128. Desses,apenas seis voltaram à dependên­cia. "Quase 50% de recuperação. Eum índice alto comparado a outros

métodos", diz Wilson, que deveessa vitória à convivência dos do­entes com o ambiente sadio da uni­versidade, somada à liberdade de

escolha que é dada ao dependenteentre usar ou não usar drogas. Ostratamentos tradicionais, que obri­gam o paciente a permanecer emlocal fechado, proibido de usar

drogas, sãoeficientes sóenquanto oindivíduo está trancado na institui­ção, diz Wilson.

Em 1987, profissionais dosetor pessoal,médico e de enferma­

gem dauniversidade constataram a

ausência de atendimento especi­alizado aos dependentes de drogas.Estima-se que 10% da populaçãobrasileira tenhaalgumproblema dedependência e que 34% dos estu­

dantes da universidade usem ou jáusaram algum tipo de droga. Para

atender à comunidade em geral foicriado no mesmo ano o Serviço deAtendimento às Necessidades Psi­cossociais (SANPS), e para os estu­dantes foi criado um programa de

prevenção, com palestras realiza­das semestralmente. Alguns uni­versitários se interessaram pelo as­sunto e, em 1989, formaram oGru­

po Alternativo de Estudo dos Pro­blemas das Drogas (GAEPD).

Wilson diz que o grupo era

formado somente por "caretas" in­teressados no estudo aprofundadodo assunto, até que um drogadocomeçou a freqüentar as reuniõessemanais, iniciando um confrontoentre doente e saudáveis. O profes­sor diz que esse convivia fez o

doente enxergar o quanto a vida de

dependente é ruim. A recuperaçãodessa pessoa, com sua opção pelavida sem drogas, trouxe ao grupo a

conclusão de que o ambiente sadioda universidade é terapêutico na

recuperação de dependentes. Dissonasceu o GAM.

O grupo é freqüentado pormuitos "dependentes cruzados",pessoas que utilizam várias drogasao mesmo tempo. André Aloisio deSouza, 25, filho de pai alcólatra,começou aos 14 anos bebendo com

amigos. Oemprego degarçom faci­litava o consumo de álcool e maco­nha, droga que experimentou comos colegas aos 18 anos. Dois anos

depois, experimentavacocaínacomumanamorada. '"Tivemedodaover­dose,mas gostei", conta. Aos 22 já

usava cocaína injetada. Nesse perí­odo tentou o suicídio duas vezes,uma após ingerir cocaína e outrabêbado, Há dois anos André fre­qüentou oGAM, mas abandonou otratamento. "Eu precisava sofrermais", diz. Agora está há um mêsnogrupo.

A maioria dos dependentesprocura as drogas para fugir deproblemas, diz A S., 24, depen­dente cruzado que está noGAM háum mês. ''Nós devemos encarar avida como ela é, sem fugas. Porcu­rar as drogas para fugir de um

problema é ter dois problemas",conclui. AS. era a favor da legali­zação da maconha, mas hoje reco-

nhece que essadroga é oestopim deum processo auto-destrutivo. "O

começo é gostoso, mas onde se en­

contra a maconha estão as outras

drogas", conta. Ospacientes fazemreflexões sobre esse cotidiano e

destino da vida dependente das 8hàs 18h nos primeiros meses em queparticipam do Gam, Depois pas­sam a ocupar esse tempo com prá­ticas desportivas, participando deaulas na universidade, palestras e

outras atividades. "O ideal é nãoisolá-los. A sociedade não deve termedo dos drogados em recupera­ção e sim dos que estão soltos na

universidade", diz Wilson.João Carlos dos Santos, 40,

começou aestudar informática estemês. Uma experiência fascinante

após uma vida de tráfico e uso de

drogas. João experimentou maco­

nhapelaprimeiravez aos oito anos.Seus familiares, traficantes deMa­naus, deram acesso às outras dro­

gas, como cocaína, LSD, heroína e

morfina. Passou dez anos presoportráfico, quando afundou mais na

dependência devido ao intenso co­

mércio de entorpecentes que haviana cadeia. João foi solto háum ano

e frequenta o Gam há um mês e

meio. ''Procurei ajudaporque esta­va muito violento e não fazia maisnada semdrogas, nem sexo", expli­ca. Com 15 dias de tratamento,ofereceram-lhe cocaína como pa­gamento por tráfico e João não re­

sistiu. Hoje reconhece que estádoente e sujeito a recaídas, por isso

mas largou o tratamento julgandoestar curado. Recaiu na segundavez que viu a droga. Agora está hádoismesesemabstinêncianoGAM.

Para auxiliar a separação domeio das drogas, o GAM iniciouem 94 um programa de moradia,dispondo duas casas que contam

com 18 leitos. A atenção sobre o

residente é de 24h. O direito à

pensão dura seis meses, tempo ne­

cessário para a "colação de grau"do grupo, quando o doente passa aser considerado recuperado. Wil­son acredita que ométodo pioneirode uso dauniversidade como ambi­ente terapêutico pode servir demodelo: "Várias entidades, inclu­sive estrangeiras, já nos visitaram

para observar o tratamento, quevem trazendo reflexos no compor­tamento que a comunidade univer­sitária dispensa aos dependentes",diz.

Dois processos administratí­vos, devido a faltas pelo consumodebebidasalcoólicas edrogas, qua­se levaramEgídio das Luzes Filho,36, ao destino da maioria dos de­

pendentes. "Se tivesse perdido o

emprego, perderia minha famíliatambém. Iria afundar nas drogas e

no roubo", diz Egídio, servidor doDepartamento de Saúde Pública daUFSC. O segundo processo foi ar­quivado depois que o funcionárioentrou para o GAM, há dez meses.Hoje está recuperado e reintegrado,frequentando o grupo apenas para"manutenção" .

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Page 8: zero1995mai005 - hemeroteca.ciasc.sc.gov.brhemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero1995mai005.pdf · uma roda de capoeira está se jogadacomo corpoe o espírito", tornandocoisadopassado.Redna,

Elas continuam apanhandoEm média, seis mulherespor diaregistram queixa na 6ª DP contra

as agressões dos maridosviolência contra a

Amulher. aumentou14% em Florianó­polis nos três pri-

meiros meses do ano em relação a

1994. Até o dia 23 de abril, foramregistrados na 68 DP (Delegaciade Proteção àMulher e aoMenor)651 casos de agressão, em médiaseis por dia. Em 1994, no mesmo

período, 574 mulheres apresen­taram queixas. Segundo adelegadaMadge Branco, em 1994,ocorreram 1864 denúncias, o quecorresponde a uma médiaassustadora de cinco mulheres pordia procurando ajuda na 68 DP.

Umdoscasosmais chocantesregistrado emmarço deste ano, foio de um bebê com apenas doismeses que sofreu lesões em todo o

corpo, quando estava no colo damãe nomomento em que omaridoaespancava.Amenor sofreu lesõessuperficiais na cabeça, nas mãos,nas pernas e nos pés.

No dia cinco de março, o

vigia de uma escola do centro,Manuel Paulinho Bitencourt, 48,espancouamulher,LaureciPereiradoNascimento, 38, e a filha, J. B.,2 meses, que estava no colo damãe. O vigia chegou em casa

bêbado, às 13h30min, e irritou-seao saber que Laureei não haviapreparado o almoço. A mulher,conhecendo o temperamentoviolento do marido, pegou no colo

a filhamais nova do casal, usando­a como um escudo para evitar a

agressão. Muito transtornado,Manuel pegou um fio elétrico e

começou a bater na mulher e na

filha.Para conterafúriadomarido,Laureei correu para fora de casa

aos gritos pedindo a ajuda dosvizinhos. As vítimas foramsocorridas por um sobrinho deManuel, que abraçou Laureeiprotegendo-as.

Tranqüilizado o agressor,Laureei procurou a delegacia deProteção à Mulher e ao Menorpara apresentar aqueixa. Segundoela, o marido já a espancou pelomenos cinco vezes, inclusivedurante a gravidez do primeirofilho. Na época, Laureei saiu decasa logo após o nascimento dofilho, J. P. B., hoje com quatroanos. Ela acabou voltando devidoàs promessas do marido de largara bebida. Nada mudou. Laureeicontinuou a ser constantemente

agredida com socos, pontapés,mordidas e até mesmo com um

martelo.Pela primeira vez Laureei

procurou ajuda na 68 DP. ManuelPaulino Bitencourt foi detido e o

menor, J. P. B. ficou sob os

cuidados do S.O.S. Criançadurante seis meses. No entanto, ospedidos deperdão fizeram Laureeimudar de decisão, voltar para a

casa e recuperar o filho.

Laureei e afilha: surra demartelo, socos, pontapés emordidasPor enquanto o inquérito

continua em andamento. Naquinta-feira passada, o vigiatrancou a mulher no banheiro e

ameaçou-a demorte. "Ele só vempara casapara terrelações sexuais,não trazdinheiro, comida e nem ao

menos se preocupa com os filhos", disse Laureei, sentada na sala deespera da 68 DP, enquantoamamentava a filha, agora com

quatro meses.

Natural de Paulo Lopes,Laureei veio a Florianópolisprocurar emprego quandoconheeeu Manuel com quem teve

dois filhos e vive há cinco anos.

Elanão quer se separar domarido,apesar de saber que ele tambémbatia nas três ex-mulheres. ''Euqueria terumafamília,mas escolhio homem errado", admite Laureei,Segundo a assistente social dadelegacia, ReginaMariaMendes,a vítimaestárecebendoum auxíliofinanceiro para poder cuidar dosdois filhos.

Marcela Corneli

Ovos são principal foco da Salmonela

Seos pais em geraljá sen­

tem nascer as rugas comas rotineiras diarréias e

vômitos dos seus rebentos, o quedirão de 65 crianças de O a 5 anos

com intoxicação alimentar de umasó vez. Isso aconteceu numa crecheem Ibirama no último dia 23 demarço. Os alimentos contamina­dos, nada mais eram que pratoscomo costela assada, salsicha cruae até leite.

A causa deste e de 98% doscasos do tipo.registrados no estadoé umabactériaconhecida como sal­monela. Ela ataca principalmenteno verão e, somente nos meses dejaneiro e fevereiro deste ano, se­

gundo dados da Vigilância Epide­miológica, ocorreram em SantaCatarina 19 surtos com 161 pessoasintoxicadas. Osnúmeros de 94, ain­da defasados, dão conta de 68 sur­

tos com 648 vítimas. Já segundo aVigilância Sanitária, teriam havi­do 64 surtos com 2.296 intoxica­dos, mas pelo menos 30% dessessurtos foram causados por outrasbactérias, além de vírus.

Dos diversos tipos de sal­monela, a que tem causado maisproblemas ao homem é a entereti­des, que causa gastroenterite. Ossintomas são dores abdominais,febre, diarréia e, às vezes, vômitos.Existe o risco demortepor desidra-

tação, provocadapeladiarréia, massão casos raros. Quem corre mais

perigo são as crianças - como as deIbirama -

, por terem o sistemaimunológico ainda pouco desen­volvido, e os idosos, por tê-loenfra­quecido. A doença é detectada comum simples exame de sangue, fezesou urina, e os resultados saem em

três ou quatro dias.A bactéria é encontrada na­

turalmenteno intestinodeanimais,mas o principal foco de contamina­ção no estado tem sido os ovos degalinha Isso porque às vezes a

salmonela migra do intestino daave para o ovário, contaminando oovo. Por isso o maior risco vem dohábito de comer maionese caseira,feita com ovo cru.

A Vigilância Sanitária con­seguiu em janeiro deste ano uma

vitória contra os bares e restauran­

tes.

com a aprovação da portaria001195, que proíbe a produção e a

comercialização de produtos ali­mentícios feitos com ovo cru. Em­bora a fiscalização tenha consta.a­do que a maioria dos estabeleci­mentos vem cumprindo a portaria,ainda há o problema damá higienedos funcionários. Em geral traba­lham nos bares e restaurantes pes­soas completamente despreparadaspara manipular alimentos, com os

cabelos à mostra, sem luvas, ou até

sem noçõesbásicasdehigiene, comolavar as mãos antes de mexer em

comida.Eles tendem a causar conta­

minação porque muitos são porta­dores assintomáticos da salmonela,isto é, possuem a bactéria mas nãoapresentam os sintomas. Tambémsão fatores de risco temperaturas de30 graus, comuns no verão da Ilhade Santa Catarina, além do forteconsumo local de peixes e maris­cos. Isso vem contribuindo parafazer da Grande Florianópolis umdos maiores focos de contágio doestado. Segundo a Vigilância Epi­demiológica, cercade 55% dos sur­tos do ano passadono estado ocor­reram na 18ª Regional, que reúne21municípios, incluindo a GrandeFlorianópolis, Nova Trento e Pa­lhoça.

Segundo Cleide Rosana Vi­eiraBatista, professora demicrobi­ologia de alimentos do Centro deCiências Agrárias (CCA), a bacté­ria pode contaminar inclusive a

água, embora a simples cloraçãoseja umamedida preventiva sufici­ente. Acontaminaçãodiretade urnapessoa para outra é rara, mas podeacontecer, principalmente atravésde talheres e sanitários.

Cleide Rosana afirma que ainfecção é tratadacom antibióticos,mas segundo Roseli Ferreira Dias,

chefedo Serviço de Controle deZoonoses da VigilânciaEpidemio­lógica, geralmente o próprio orga­nismo elimina a infecção em doisou três dias. As duas também têmsérias controvérsias sobre os méto­dosde prevenção. Aprofessoraafir­ma que as temperaturas baixasmatam abactéria e, portanto, bastacolocar o alimentocontaminado nageladeira ou no freezer. Já RoseliFerreira garante que o frio desseseletrodomésticos só deixa a salmo­nelainativa, mas assim que acorni­da é colocada em temperatura am­biente, a bactéria se reproduz e

prolifera.A chefe do Controle de Zo­

onoses afirma que a salmonelamorre com a fervura do alimentonuma temperatura acima dos 60

graus, ou poucomais dametade doponto de ebulição da água. As de­mais medidas preventivas são sim­ples. Evitar alimentos de origemanimal crus ou que sejam prepara­dos com ovo cru, beber somente

água tratada- clorada-, ou, na piordas hipóteses, fervida, e ter míni­mos cuidados de higiene, como

manter os talheres limpos. Umafaca que corta um alimento conta­minado e em seguida é usada paracortar outro não-contaminado,pode passar a bactéria de um paraoutro,

Bactériajáintoxicou

161 este ano

Alexandre Winck

2EH)MAl95

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,. ,

TV a cabo terá canais locaisDinheiro vai ser fundamentalpara audiência daprogramação

/()

s telespectadores de-

L}savisados não vão de­morar a perceber: nosanos 90, a TV a caboestámudando radical-

mente o modo de assistir televisão.Com dezenas de empresas de cabo­difusão proliferando-se oferecendouma programação variada, os nú­meros da TV por assinatura se mul­

tiplicam e aumentam a mania do

zapping, a troca convulsiva de ca­

nais. Além da transmissão de emis­soras internacionais, a TV a cabopoderá surpreendermuitos assinan­tes. A nova legislação determina a

criação de canais com produçõesexclusivamente locais, o que podeimplantar um novo tipo de regiona­lização da televisão no Brasil.

O número de assinantes cres­ce rapidamente desde o início dosanos 90, antes mesmo da aprovaçãoda lei sobre a TV a cabo no final de94. Segundo a Folha de São Paulo,de 26 de março, o número de assi­nantes da TV paga no Brasil devecrescer de 400 mil para 1,2 milhãoem um ano. Antonio Athayde, dire­tor-geral da NetBrasil umadasmai­ores operadoras de TVpor assinatu­ra do país, estima, na mesma repor­tagem, que até o ano 2000 haverá 10milhõesde consumidoresdeTVpagaem todo o país.

Omarketingmaiseficiente dasempresas distribuidoras deTV acabo

parece ser o de frisar o preço e

variedade de programação e de ca­

nais, superior aos sistemas por para-

zsoMAl95

bólicas. Enquanto empresas comer­cializam pacotes através de parabó­lica de 11 ou 6 canais, como é o caso

da Globosat e da TVA, com custos

de instalação em torno de mil reais,pelo sistema de TV a cabo o usuáriorecebe até 20 canais, além dos lo­cais, ao preço de intalação de R$120,00. Isso está satisfazendo boa

parte dos assinantes. Maria Concei­

ção Aranha, 46 anos, estudante de

Sociologia da Universidade Federalde Santa Catarina, conta que sua

família assina a Multicanal desdeoutubro de 93 e considera a TV a

cabo uma forma de adquirir culturasem sair de casa. "Pensamos tam­bém em comprar uma antena para­bólica e assinar a Globosat. Mas,como os canais locais deixariam deser transmitidos, caso não fosse ins­talado um conversor - o que tornavaos equipamentosmais caros -, entãoescolhemos a TV a cabo, que custoumenos e nos deu mais opções."

Outros assinantes, como a

dona-de-casaVâniaCoelho,38 anos

temmotivos inusitados para assinara TV a cabo. "Resolvi assinar a

Multicanal em princípio porqueachava feio a antena interna da tele­visão e também porque eu e meu

filho gostamos da variedade da pro­gramação, com os filmes e docu­mentários".

Mas a disseminação das redese dos canais de TV a cabo pode,alterar hábitos antigos dos telespec­tadores. ÁureoMoraes, professor deTelejornalismo e chefe do Departa-

mento de Comunicacão da UFSC,teme que um grande número de te­

lespectadores abandone as informa­ções locais e passe a se interessarexclusivamente pelas programaçõesde redes mundiais, como a CNN.Outro risco, segundo Áureo, podeser a dificuldade de operar os canaiscomunitários de forma democrática,já que apenas alguns grupos queproduzem televisão dispõem de tec­nologia, dinheiro e equipes paragerar produções com qualidade."Pode acontecer a implantação deum canal chamado de comunitárioque atenda ao gosto de umaminoriatransmitindo leilão de tapetes per­sas", exemplifica.

Pode-se acreditar, dessa for­ma, que aTV a cabo deverá acentuaro caráter da chamada "neo-TV",defmada pelo teórico da televisãoUmberto Eco. A "neo-TV" teria co­meçado a existir quando esta tomoua si mesma e aos seus participantescomo tópicos. Um exemplo, citadoporEco, foi o casamento da princesaDiana em 1982, quando os cavalosda carruagem que levou a princesareceberam pílulas para que não fi­zessem suas necessidades durante a

cerimônia, enquanto televisões domundo inteiro transmitiam o evento.

Outro teórico da cultura pós­modema, o americano Steven Con­nor, em seu livro Cultura Pós-mo­derna (Ed. Loyola), reforça essa vi­são. Ele acha que as novas tecnolo­

gias , desde o controle remoto e aTVa cabo até as concepções da futura

TV interativa, podem criar ummun­

do de simulações apartadas da refe­rência ao real.

A regulamentação da TV a

cabo no Brasil só entrou em vigorem 6 de janeiro deste ano mas

representa, de certa forma, um passoadiante para a redemocratização dastelecomunicações. A lei foi aprova­da pelo Congresso Nacional e peloSenado em setembro e outubro doano passado, resultado do trabalhode comissões parlamentares que es­

tudaram o assunto com várias enti­dades. Representantes da FederaçãoNacional de Jornalistas (Fenaj), Or­dem dos Advogados do Brasil(OAB), Associação Brasileria de

Imprensa (ABI) e de alguns partidospolíticos, por exemplo, criaram o

primeiro Fórum Nacional pela De­mocratização da Comunicação queacompanhou todo o trabalho queantecedeu a aprovação final, ao ladodas representações dos setores polí­ticos, da Associação Brasileira de

Empresas de Rádio e Televisão

(Abert) e da Telebrás. Após a apro­vação, empresas como a Net Brasile TVA, que j á vinham operandosistemas de TV a cabo, passaram a

trabalhar semprob lemas legais. Atu­almente, segundo pesquisas recen­

tes do jornal Folha de São Paulo,NetBrasil (urn conglomerado deem­presas formado pela Globo, RBS e

Multicanal) e TVA (do grupo Abril)controlam mais de 70% das opera­doras de TV a cabo de todo o país.

Sucessos de vendas na capitalEm Florianópolis, os núme­

ros daTVa cabo também impressi­onam. A Multicanal já possui 12mil assinantes, num trabalho de

pouco mais de quatro anos. O su­

cesso rendeu o prêmio "Top de

Marketing 94" da Associação dos

Dirigentes de Vendas e Marketing- ADVB - de Santa Catarina.

Em 1990, a Antenas Comu­nitárias TV Cabo Comercial Ltda.se instalou em Florianópolis e em

poucos meses vendeu 360 contra­

tos deTVpor assinatura. Como nãohavia nenhum tipo de legislaçãosobre aTVa cabo no Brasil, os 360

Textos:assinantes compraram apenas a

promessa da instalação de um pa­Luís Carlos Festi cotecom20canaisnumprazode 18

Marcelo: planos para geração de um canal local

meses. Receberam 11 canais em

agosto de 91. Em 92, a TV Caboassociou-se àMulticanal do Rio deJaneiro e passou a constituir aMul­ticanal Florianópolis S.A.

Atualmente, aempresaofere­ce um pacote com 25 canais aten­dendocercade40mil telespectado­res espalhados no centro e em 17bairros da capital. O gerente co­

mercial Marcelo Sobierajski dosSantos diz que aTV a cabo deveráse expandir com iniciativas empre­sáriais e comunitárias. "Há a inten­

ção da Multicanal de operar em

outrosmunicípiosdaGrande Flori­anópolis, como São José, caso sejadivulgado um novo edital de con­

cessões do governo federal e se

consiga vencer a licita­.,..-."".-----,a ção. Também está nos

ai planos a geração de um� canal local a ser incluí­

� do no pacote de assina­� turas". A empresa pre-"d .

!1l ten e negociar com en-

� tidades como Fundação-..jFranklin Cascaes, Cen­tro Integrado de Cultu­ra, Secretarias de Turis­mo e da Cultura e Uni­versidade Federal deSanta Catarina formas

para produzir a progra­mação. Um outro canalpoderá ser gerado para'a AssembléiaLegislati­va Estadual e para a

Câmara de Vereadoresde Florianópolis.

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Page 10: zero1995mai005 - hemeroteca.ciasc.sc.gov.brhemeroteca.ciasc.sc.gov.br/zero/zerojornais/zero1995mai005.pdf · uma roda de capoeira está se jogadacomo corpoe o espírito", tornandocoisadopassado.Redna,

Quem sabe quem os lerá?Quem sabe a que mãos

irão?É citando o poeta portu­

guês Fernando Pessoa que CarlaCamuratimelhor define seunovotrabalho: o longa-metragemCar­

lotaJoaquina - PrincesadoBra­zil.

Sucesso depúblico, Carlo­ta Joaquina conseguiu em ape­nas quatro meses de exibição o

retomo na bilheteria dos 630 mildólares investidos na produçãodo filme. Neste período o filmefoi assistidopor 520 mil especta­dores estreando em apenas algu­mas capitais. Nas cidades dePor­to Alegre e Salvador está sendoexibido em duas salas de cinemaao mesmo tempo. Na cidade doRio de Janeiro chegou a passarem 9 salas simultaneamente.Quanto à venda dos direitos detransmissão para a televisão,Carla não aceitou as propostasdas emissoras e doou o direito àTVE que transmitirá o filme na

sua programação de fim de ano,

Era uma vez uma princesa...Trajetória de Carlota Joaquina serve de eixoparafilme sobre história brasileira

a mais alta ja-

D nela da minha casa

Com um lençobranco digo adeus

Aos meus versos que per­tencem para a humanidade

Eu não estou alegre nem

tristeEsse é o destino dos ';'er-

sos.

Escrevi-os e devo mostrá­los a todos

Porque não posso fazer ocontrário

Como a .flor não pode es­

conder a cor,Nem o rio esconder que

corre,Nemaárvore esconderque

dájruto.

Ei-los que vão já longecomo que na diligência

Eeu semquerersintopenaComo uma dor no corpo.

quando os contratos de exclusi­vidade em salas de cinema terãoterminados.

Quatro empresas estatais(petrobrás, Telerj, Embratel e

Banco do Brasil) e três privadas(Maratur, Transbrasil e DomVital) juntamente com o prêmiodo concurso de Resgate do Cine­ma Brasileiro - categoria estre­ante , promovido pelo governofederal em 94, dividiram o finan­ciamento do filme. Carla conta

que agora, depois de terem hesi­tado em apoiar o filme, a Petro­brás realizará para seus funcio­nários debates e sessões especi­ais do filme.

Apaixonada por história,Carla procurou nos quase 500anos de história brasileira um

momento que pudesse transfor­mar em filme. E encontrou a

chegada da família real aoRio deJaneiro como uma segunda des­coberta do Brasil. Não uma des­coberta geográfica, mas social.E viu que a vida da princesaCarlota Joaquina era suficiente­mente excêntrica e conturbadapara servir de eixo e ponto dereferência para a narrativa dofilme.

Nos primeiros oito meses

antes de escrever o roteiro, emparceria comMelanieDimantas,ela pesquisou I4livros de histo­riadores que, juntamente com

manuscritos e jornais da época,serviram como fonte para mos­

trar uma história verídica sobreprincesas e rainhas. Nos meses

restantes, do roteiro à conclusãodas filmagens, Carla continuoupesquisando.

Contextualizado na deca­dência do sistema monárquicoeuropeu diante das idéias da Re­volução Francesa, o filme mos­

tra como a ameaça napoleônicaobrigou o reino lusitano a fugirde seu território e povo em dire­ção a sua colônia sulamericana.Tudo isto em meio a acertos po­líticos envolvendo a Inglaterra e

Carla Camurati acompanha estréias dofilmepovobrasileiro.Eatravés deDomJoão VI e da princesa CarlotaJoaquina, interpretados porMarco Nanini eMarieta Severo,o filme mostra os bastidores daentão nova elite brasileira em

contraponto com uma colônia depovo exótico, humilde e deslum­brado pela realeza.

Carla Camurati lamentaque o povo brasileiro não conhe­ça a história de seu país: "nósvivemos repetindo os erros cons­tantemente. Essemovimentoneo­liberal, por exemplo, essa idéiade privatizar tudo. A repúblicabrasileira começou com isso.Hoje é mais fácil privatizar doquemoralizar, você se exime daresponsabilidade. Não sou a fa­vor de um estado pesado e lento,mas não acredito no pensamentoneoliberal. E acho que perdendoo controle das estruturas de basecomo comunicação, petróleo e

energia, vocêperde o controle dopaís. Se existe dinheiro mal em­pregado, gente ganhando ab­surdos, vamos suar para corrigiristo. Há cem anos oBrasil estavano mesmo movimento de viradade um império para repúblicaonde o importante era liberali­zar. Como não temos conheci­mento disto, parece que isso é a

nossa salvação, que esse tipo decoisa a gente nunca tentou. Porcausa destas coisas, é importan­te a gente conhecer nossa histó­ria" .

o submisso e confuso reino dePortugal. A situação portuguesaé agravada, como bem mostra o

filme, com a morte de Dom José- herdeiro do trono - e a conse­

quente loucura de sua mãe D.Maria 1. O que obriga, inespera­damente, que o despreparado D.JoãoVI , irmão deD. José, assu­ma a coroa. D. João VI já era

casado com a destemperada e

fogosa Carlota Joaquina, que lheforaprometidaainda criançanumacordo entre Portugal e Espa­nha. A infanta espanhola, queapesar de ter apenas dez anos

quando foi para Portugal casarcom o infante João, jamais dei­xou de falar cotidianamente sua

língua natal. O casal, e os 15 milnobres da corte,viajam durantetrês meses so­

frendo falta deágua e comidaem meio a tem­

pestades e cal­manas para um

paraíso tropicalconhecido como

Brazil. Aqui a

corteenfrenta si­tuações comple­tamente absur­das comparadasaomodo devivereuropeu. O pró­prio casal real,desprezado em

Portugal, foiaqui veneradopelo ingênuo

//

Diretora

jáatuouemsete filmes

Textos: André Barbosa

Carla Camuratiestreou na direção

cinematográfica em

88 com o curta­metragem A Mulher

FatalEncontra oHomem Idea/, melhor

roteiro no FestRioFestival, melhor filmeno Rio Cine Festivale prêmio Abraci noFestival de Brasília.Dirigiu em 90 outrocurta: Bastidores.Em parceria com

José Antônio Garciafoi roteirista de EleMe Bebeu(91), e O

Corpo (86), duasadaptações de sua

maior influêncialiterária, Clarice

Uspector. No cine-ma, admira Luís

Buõuel, Woody Allene Federico Fellini.

Atuou em setefilmes, como CidadeOculta (85) de ChicoBotelho e o recenteLamarca - um Cora­

ção em Chamas (93),do diretor Sérgio

Rezende.Encenou peças

como Cartas Portu­guesas (91/92),direção de Bia

Lessa, e também fezalgumas telenovelas

(Champagne).A cineasta lamenta que opovo brasileiro não conheça sua história

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DE UMA FORÇA A/IItiI r

EDUCAÇAO PUBLICA

SegundoO depoimento deprofessores da

UFSC que estiveram em Brasília, a

única força que está funcionando deverdade junto a deputados e senadores

nesta revisão constitucional é o lobby. Ou seja,

pressão individualizada sobre cada um dos parlamenta­res. Todo deputado e senador, por exemplo, conhece o

lobby do pneu usado importado, pois não faltam carta­

zes sobre o assunto espalhados pelos corredores do

congresso e até dentro dos gabinetes de nossos parla-

r----�----------------------------�IIIIIII

Excelentíssimos Deputados e Senadores representantes de Se.

Senhores Congressistas,

Uma parcela significativa da comunidade universitária catarinense

está perplexa e apreensiva com a orientação imprimida pelo governo Fernando HenriqueCardoso no seu desejo obsessivo de inserir o Brasil, a qualquer custo, na nova ordem

internacional globalizada, ditada pelos países mais desenvolvidos do mundo.

Há apreensão também com o comportamento do Parlamento

brasileiro, que parece esquecer seus compromissos básicos com o povo brasileiro. O

Congresso está excessivamente atrelado aos projetos açodados do Governo, ao invés de

sensibilizar-se com os contrastes sociais existentes no Brasil.

Estamos atentos a esses desvios. O Parlamento deve ser a caixa de

ressonância da sociedade; deve ser o equilíbrio, a sensatez, diante das ações cooptadoras e

autoritárias dos governos, mesmo aqueles eleitos democraticamente. Mas o que vemos hojeé o contrário de tudo aquilo que esperamos dos nossos representantes. No lugar de umaatitude de vigilância em relação ao Executivo, vemos a subserviência; no lugar daspropostaspara tomar a sociedademais justa, com a erradicação damiséria, da fome, do analfabetismo,vemos um acordo pelo alto para a manutenção dos privilégios de uma "elite" que não se

preocupa com o seu povo, pois está atrelada aos seus interesses privados travestidos de

interesses públicos.Não suportamos mais tanta ambigüidade. Os senhores terão que

optar entre os interesses da maioria dos cidadãos e o desejo de uma minoria insaciável e

predadora. Os senhores terão que tornar transparentes o seu discurso, eliminando os seus

aspectos esquizofrênicos - uma fala para o público, através da mídia, e outra para o poder,nos labirintos dos Ministérios e do Palácio do Executivo.

Como cidadãos politicamente capazes, exigimos mais

transparências nas suas atitudes e uma defesa intransigente dos nossos direitos

conquistados com muita luta, como a manutenção da Universidade Pública, gratuitae autônoma; a aprovação da Lei das Diretrizes e Bases da Educação, nos termos

concebidos pela Câmara, através do trabalho do Deputado Cid Sabóia; manutençãodo Regime Jurídico Único; pelo fim do ''vestibular'' de saída - Medida Provisória do

Executivo - e pela rigorosa acuidade na alienação do patrimônio' público.

Cordialmente,

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mentares. Em defesa da universidade pública, porém,os professores da UFSC nada encontraram. Por isso,recorte esta carta, preencha e mande-a para um dos

deputados federais ou senadores catarinenses abaixo,eleitos por você em outubro do ano passado.

Senadores(Praça dos Três Poderes, CEP 70.iJ.()5--900)

Esperi4iio Antin· Belou Filho ...PP.(o.61).224�80371 311-420.61 311"42Q()Fax: (061)311-420.7Gab. 24 .. Ala Nilo CoelhoVilson Pedro Kleinubing � PFL

(061)311-20.41/311-2042/311..2044Fax: (Q.pl) 311-20.50Gab. 0.5 .. Ala Fe1into MüJlerCasild,() João Mãldaner .. l'MJ)B(0.61) 224..58841311-2142! 311�2�-4S·Fax: (061) 311,,2150Gab. 15 .. AIaFelinto MUller

Deputados Federais(Praça des Três Poderes, CEP 70lnO.;9Q.o)

Edison Andrino de Oliveira � PMn'S(0.61) 318-5639 /Fax: .318..2639 .. �b, 639Edson Bez de Oliveira - PMDB

(061) 318·,570.3 / Fax: 318..370.3.., Ga.b. 703Lu� Henrique da Silveira - Pl'ADB

(o.61) 318-520.91 Fax: 318-220.9 .. Gab. 209Valdir Colatto .. PMDB(o.61) 318-5662.1 Fax: 318-2662 .. Gall. 662Rivaldo Antônio Macari - PMDB(o.61) 318-5672 / Fax: 318-2672 .. �ll. 672Hugo Matias Biehl - PPR(0.61) 318-5332 / Fax: 318-2332 - Gab. 332João Alberto Pizzolatti - PPR

(0.61) 318-53061 Fax: 318-230.6 .. Gab. 30.6Mário Roberto Cavallazzi - PPR(o.61) 318-5254/ Fax: 318-2254 .. Gall. 254Paulo Roberto Bauer � PPR

(061) 318-5718/ Fax: 318-2718 - Gab. 718José Carlos Vieira - PFL .

(o.61) 318-57B/ Fax: 318-2713 - Gab. 713Paulo Gouvea da Costa � PFL

(o.61) 318-5325 /Fax: 318-2325 .. Gall. 32.5Paulo Roberto B. Bornhausen - PEL(o.61}318-5418 / Fax: 318-2418 .. Gab. 418José Fritsch - PT

(o.61) 318-5273 / Fax: 318-2273 - Gab. 273Milton Mendes de Oliveira - rT(061) 318-5715 / Fax: 318-2715 .. Gab. 715Antônio Serafin Venzon .. PDT

(061) 318-5576/ Fax: 318-2576 - Gab. 576Leonel Arcangelo Pavan - PDT

(o.61) 318-5711 /Fax: 318-2125.., Ga.ll. IIIACERVO BIBLIOTECA PUBLICA DE SANTA CATARINA