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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL SUPLEMENTAÇÃO DE VACAS LACTANTES COM GÉRMEN INTEGRAL DE MILHO Alan Soares Machado Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café Goiânia-GO 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

SUPLEMENTAÇÃO DE VACAS LACTANTES COM GÉRMEN INTEGRAL DE

MILHO

Alan Soares Machado

Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café

Goiânia-GO

2014

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ALAN SOARES MACHADO

SUPLEMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS COM GÉRMEN INTEGRAL DE

MILHO

Tese apresentada à Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, junto ao Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Ciência Animal.

Área de Concentração

Produção Animal

Orientador:

Prof. Dr. Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Emmanuel Arnhold

Prof. Dr. Marcelo Marcondes de Godoy

Goiânia-GO

2014

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

GPT/BC/UFG

M149s

Machado, Alan Soares.

Suplementação de vacas lactantes com gérmen integral

de milho / Alan Soares Machado. - 2014.

118 f. : figs, tabs.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás,

Escola de Veterinária e Zootecnia, 2014.

Bibliografia.

1. Bovino - Leite – Alimentação 2. Gado leiteiro – Dieta

3. Bovino – Digestibilidade 3. Leite – Produção I. Rítulo.

CDU: 636.224/.226:633.15

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DEDICATÓRIA

Ao Grande Arquiteto do Universo, por consentir minha matrícula nesta magnífica

disciplina que é a Vida e pela graça de poder desfrutá-la, com Respeito, Amor e

Esperança, na busca da evolução espiritual;

Ao meu pai João Gonçalves Machado Neto (in memoriam) pelo exemplo de

Humildade e Dedicação e, em especial a minha mãe Arlete Soares Machado

pelo Amor Incondicional, Respeito, Honra e Perseverança. Aos meus

grandes amores, pela compreensão e dedicação. Valeu Anderli e Júlia.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. Marcos Barcellos Café pela oportunidade, apoio,

segurança e confiança;

Ao Prof. Dr. Emmanuel Arnould pelo tempo dedicado a este trabalho;

Ao incansável Dr. Godoy, pelas contribuições, ajuda e apoio nesse trabalho;

A Banca de qualificação: Prof. Dr. Henrique e Dr. Hélber pela disponibilidade e

pelas valiosas sugestões e correções deste trabalho;

Em nome do Prof. Dr. Aldi, agradeço a todos os professores que ministraram

aulas pelo DINTER, pelos ensinamentos acadêmicos e de vida;

Aos colaboradores e amigos pela realização deste trabalho; Éder, Carlos,

Ludmila, Jennifer, Pedro Augusto e Ernane Peixoto, Yuri, Renato, Terson

Moreira, Sr. Gonçalves, Divino e Ni, valeu, vocês são os melhores!!!

Ao Professor Dr. Alexandre Vaz Pires, ao Dr. Evandro Maia e Daniel de Birigui

pela ajuda e dedicação na realização das análises de AGCC;

Aos colegas e amigos do DINTER-UFG/IFGoiano pelos momentos de reflexão

e descontração;

Ao Instituto Federal Goiano-Câmpus Ceres, pela liberação, espaço, animais,

equipamentos, reagentes e contribuição para que minhas experiências fossem

realizadas com tranqüilidade;

Ao amigo Wiliam Buso, pela amizade e ajuda nas observações e sugestões;

As empresas colaboradoras para a realização deste trabalho: Nutrofort, Master

Vet, Gem Alimentos, Pai & Filhos Materiais de Construção, Sítio Lagoinha,

NPGL, IFGoiano, CPA, IFGoiano – Câmpus Urutaí;

Aos amigos, Cássio e Oscar pelos momentos de dedicação e compreensão;

Aos meus alunos do curso Técnico em Agropecuária, pela compreensão e

solidariedade nos momentos de realização dessa pesquisa.

Aos alunos estagiários da UEG/Zootecnia de São Luis de Montes Belos, pela

dedicação e companheirismo;

Aos meus orientados, pelo esforço e colaboração, Fagner Machado, Lidiane,

Marco Aurélio, Fábio Zanata, Antônio, Emizael, Douglas e ao incansável e

dedicado Sílvio Rosa pelo auxílio imprescindível à realização deste trabalho,

dedicação e amizade;

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Ao meu Anjo da Guarda, que protegeu - me nas dezenas de viagens de Ceres

a Goiânia de Ceres a Urutaí, e de Ceres a Piracicaba, obrigado por não deixar

de fazer parte da minha vida;

“O presente trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do

governo Brasileiro voltada para a formação de recurso humano”.

Àqueles que acharam que não conseguiria, agradeço, pois suas palavras e

atitudes alimentaram meu espírito em busca da conquista por novos

conhecimentos.

Enfim, a todos que de alguma forma colaboraram para a realização deste

trabalho, e para minha formação, meus sinceros agradecimentos, aos que me

esqueci de mencionar sintam-se igualmente agradecidos.

Muito Obrigado!

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EPÍGRAFE

ALAN SOARES MACHADO nascido em Ceres – Goiás no dia 30 de junho

de 1978. Filho de João Gonçalves Machado Neto e Arlete Soares Machado. Em

fevereiro de 1982, foi matriculado pela primeira vez, na escola, iniciando assim

sua incansável luta pelo conhecimento. Tendo em março de 1995 ingressado no

curso Técnico em Agropecuária pela Escola Agrotécnica Federal de Ceres. Em

agosto de 1998 ingressou no curso de Zootecnia da Universidade Católica de

Goiás, de onde foi monitor da disciplina de genética de 2001/1 a 2002/1, vindo a

colar grau em 12 de fevereiro de 2003. Já em março de 2003 ingressou no curso

de Pós-graduação Lato Sensu “Produção de Ruminantes” da Universidade

Federal de Lavras – MG (UFLA), onde em 16 de novembro de 2004 obteve o

título de Especialista. Sendo em outubro de 2005, aprovado no concurso público

para o cargo de professor efetivo de Zootecnia da Escola Agrotécnica Federal de

Ceres (EAFCe), hoje IFGoiano- Câmpus Ceres. Em março de 2007 iniciou o

curso de Mestrado Profissional – Tecnologia em Aquicultura Continental, pela

Universidade Católica de Goiás, em fevereiro de 2009, obteve o título de Mestre.

Em março de 2010 ingressou no curso de Doutorado pela EVZ da UFG e, em

30/06/2014 submeteu sua tese à banca examinadora.

Alan Soares Machado

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“Non Nobis Domine,

Non Nobis,

Sed Nomini

Tuo ad Gloriam !”

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS.......................................................................................

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LISTA DE FIGURAS....................................................................................... xvi

RESUMO........................................................................................................ xvii

ABSTRACT..................................................................................................... xviii

CAPÍTULO 1................................................................................................... 1

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................ 3

2.1 Gérmen integral de milho..................................................................... 3

2.2 Uso do lipídio na alimentação de vacas lactantes............................... 5

2.3 Metabolismo ruminal de lipídios........................................................... 8

2.4 Digestibilidade intestinal de lipídios...................................................... 11

2.5 Parâmetros de fermentação ruminal em vacas lactantes alimentadas com lipídios.......................................................................................... 12

2.5.1 Ácidos Graxos de Cadeia Curta .......................................................... 12

2.5.2 Nitrogênio amoniacal .......................................................................... 13

2.5.3 Potencial hidrogeniônico ..................................................................... 14

2.6 Efeito de lipídios sobre a ingestão de matéria seca............................. 16

2.7 Efeito de lipídios sobre a produção do leite de vacas lactantes............................................................................................... 17

2.8 Efeito de lipídios sobre a composição do leite de vacas lactantes............................................................................................... 17

3 REFERÊNCIAS ................................................................................... 20

CAPÍTULO 2........................................................................................ 28

RESUMO.............................................................................................. 28

ABSTRACT.......................................................................................... 29

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 30

2 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................... 32

2.1 Local, animais e instalações................................................................ 32

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2.2 Tratamentos e dietas experimentais.................................................... 32

2.3 Consumo voluntário dos nutrientes...................................................... 35

2.3.1 Matéria seca ....................................................................................... 36

2.3.2 Consumo de nutrientes digestíveis totais, extrato etéreo, fibra em detergente neutro, proteína bruta, carboidrato não fibroso..................

36

2.4 Nutrientes digestíveis totais................................................................ 36

2.5 Concentração energética do leite e energia líquida da lactação.......... 36

2.6 Eficiência Alimentar.............................................................................. 36

2.7 Produção e Composição do leite......................................................... 37

2.8 Análises Estatística.............................................................................. 38

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 39

4 CONCLUSÃO....................................................................................... 48

5 REFERÊNCIAS ................................................................................... 49

CAPÍTULO 3........................................................................................... 53

RESUMO................................................................................................ 53

ABSTRACT............................................................................................. 54

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 55

2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 57

2.1 Local, animais e instalações................................................................... 57

2.2 Tratamentos e dietas experimentais....................................................... 57

2.3 Ensaio de Digestibilidade....................................................................... 60

2.4 Parâmetro de fermentação ruminal........................................................ 61

2.5 Análises Estatística................................................................................. 63

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 64

4 CONCLUSÃO......................................................................................... 71

5 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 72

CAPÍTULO 4........................................................................................... 75

RESUMO................................................................................................ 75

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ABSTRACT............................................................................................. 76

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 77

2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................... 79

2.1 Local, animais e instalações................................................................... 79

2.2 Tratamentos e dietas experimentais....................................................... 79

2.3 Comportamento Ingestivo....................................................................... 82

2.4 Tamanho médio das partículas.............................................................. 83

2.5 Fração não degradável........................................................................... 83

2.6 Análises Estatística................................................................................. 85

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 86

4 CONCLUSÃO......................................................................................... 96

5 REFERÊNCIAS ..................................................................................... 97

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1 Tabela 1 Composição química e física do gérmen integral de milho com

base na matéria seca e no processo de degerminação ................. 4 CAPÍTULO 2

Tabela 1 Composição percentual dos ingredientes das dietas com base na

matéria seca.................................................................................... 33

Tabela 2 Percentual dos ingredientes e composição química das dietas

experimentais com base na matéria seca ...................................... 34

Tabela 3 Consumo de nutrientes por vacas lactantes ingerindo dietas com

diferentes níveis de gérmen integral de milho................................. 40

Tabela 4 Produção e composição do leite de vacas lactantes alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de gérmen integral de milho................................................................................................

43

Tabela 5 Eficiência alimentar, concentração energética do leite e energia

líquida da lactação de vacas lactantes alimentadas com diferentes níveis de gérmen integral de milho.................................

46

CAPÍTULO 3

Tabela 1 Composição percentual dos ingredientes das dietas com base na matéria seca....................................................................................

58

Tabela 2 Percentual dos ingredientes e composição química das dietas

experimentais com base na matéria seca ...................................... 59

Tabela 3 Digestibilidade dos nutrientes em dietas com diferentes níveis de

gérmen integral de milho................................................... .............

65

Tabela 4 Concentração e proporção molar de ácidos graxos de cadeia curta e valores de pH e amônia ruminal em função de dietas com diferentes teores de gérmen integral de milho ...............................

67

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CAPÍTULO 4

Tabela 1 Composição percentual dos ingredientes das dietas com base na

matéria seca.................................................................................... 80

Tabela 2 Percentual dos ingredientes e composição química das dietas experimentais com base na matéria seca ......................................

81

Tabela 3 Comportamento ingestivo de vacas lactantes alimentadas com

diferentes níveis de gérmen integral de milho................................. 87

Tabela 4 Percentual da fração não degradável da FDN do feno de tifton 85

.................................................................................................... 93

Tabela 5 Percentual da fração não degradável da MS do feno de tifton 85.....................................................................................................

93

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1 Anatomia do grão de milho ............................................................ 3

Figura 2 Biohidrogenação dos ácidos linoléico e linolênico.......................... 10

CAPÍTULO 2

Figura 1 Produção de leite em função da lactose produzida por vacas lactantes alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de gérmen integral de milho ................................................................ 42

CAPÍTULO 3

Figura 1 Variação do pH ruminal em função do tempo após a alimentação matinal............................................................................................. 68

Figura 2 Variação do nitrogênio amoniacal em função do tempo após alimentação matinal........................................................................ 69

CAPÍTULO 4

Figura 1 Tempo em minutos do evento ócio ao longo de 24 h..................... 88

Figura 2 Tempo em minutos do evento ócio ao longo de 24 h..................... 89

Figura 3 Tempo em minutos do evento ócio ao longo de 24 h..................... 90

Figura 4 Tamanho médio das partículas oferecidas na dieta de vacas lactantes em função do tempo de alimentação............................... 92

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RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do milho grão pelo gérmen integral de milho na dieta de vacas lactantes, com cinco teores de inclusão do gérmen de com base na matéria seca (0,0; 6,7; 13,5; 20,1 e 26,9 %), sobre o consumo de matéria seca, a digestibilidade, o comportamento ingestivo, tamanho médio de partícula, a fração não degradável, parâmetros ruminais, produção e composição do leite, eficiência alimentar, concentração de energia e energia de lactação. Foram utilizadas cinco vacas multíparas mestiças, com 490 kg de peso corporal, 100 dias pós-parto e produção média de 26 kg de leite/dia. Cada período experimental teve duração de 21 dias, sendo 13 dias para adaptação à dieta e oito dias para coleta de amostras. O consumo de matéria seca foi realizado durante todo o período de coleta de amostras. Na digestibilidade foi utilizado o marcador externo dióxido de titânio, colocado diretamente no rúmen através da

cânula ruminal e coletado as fezes entre o 16⁰ ao 18⁰ dia de cada período

experimental. Para a determinação do comportamento ingestivo foram registrados

os eventos de ócio, ingestão e ruminação no 14⁰ e 15⁰ dia de cada período

experimental em intervalos de cinco minutos. Na análise da MS e FDN da fração não degradável in situ, foi utilizado o feno de tifton 85 nos tempos de 24 e 48 h, com o objetivo de verificar alterações no ambiente ruminal. A produção de leite assim como as amostragens para análise de lactose, proteína, nitrogênio uréico e

gordura, foram realizadas no 15⁰, 17⁰, 19⁰ e 21⁰ dia de cada período

experimental. O experimento foi delineado em quadrado latino, tendo as variáveis, digestibilidade aparente, comportamento ingestivo, produção e composição do leite, CMS, tamanho médio de partícula, fração não degradável, eficiência alimentar, concentração energética do leite, energia líquida da lactação e parâmetros ruminais foram avaliadas através da regressão polinomial, tendo o tratamento quantitativo como variável resposta. Foram selecionados os modelos onde os regressores foram significativos e a falta de ajuste não significativa, adotando-se o nível de significância de 5%. As amostras de líquido ruminal foram coletadas manualmente, em diferentes pontos do rúmen e filtradas em gaze para determinação de pH, N-NH3 , e AGCC. A substituição do milho grão pela inclusão do gérmen integral de milho não provocou alterações (P>0,05) no comportamento ingestivo, pH, N-NH3, e fração não degradável. A produção de leite, quantidade de proteína, lactose, relação proteína: gordura e eficiência alimentar tiveram aumento (P<0,05), e foi verificada redução linear (P<0,05) na porcentagem de gordura e concentração de energia assim como a % de butirato com o acréscimo de GIM na dieta. A dieta com a inclusão de 26,9% de GIM na MS não promoveu efeito negativo sobre as variáveis analisadas, indicando que o gérmen integral de milho, pode ser um substituto do milho na dieta de vacas lactantes com produção de 26 kg de leite.

Palavras - chave: ácidos graxos, amido, coproduto, metabolismo, rúmen

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ABSTRACT

The purpose of this study was to evaluate the effect of replacing corn grain by integral corn germen in the diet for lactating cows using five levels of whole corn germ intake, on dry matter basis (0.0; 6.7; 13.5; 20.1 and 26.9 %) on dry matter intake, digestibility, ingestive performance, average particle size, non-degraded fraction, ruminal parameters, milk production and composition, feeding efficiency, energy concentration and lactation energy. In order to do so, five multiparous crossbred cows of 490 kg body weight were tested, 100 days after postpartum and averaging 26 Kg milk/day. Each experimental period lasted 21 days, with 13 days for adaptation to the diet and eight days for sample collection. Dry matter intake took place during the whole period of sample collection. To determine digestibility, a titanium dioxide external marker was placed directly into the rumen through a ruminal cannula and faeces were collected between the 16 and 18 days at each experimental period and. For the determination of the ingestive performance, on the 14 and 15 days, in five minute intervals, the events spent in leisure, ingestion and rumination. In DM and FDN analyses from the non-degradable fraction in situ, Tifton 85 hay was used at 24 and in 48 hours to check changes in ruminal environment. Milk production and samples for analyses of lactose, protein, ureic nitrogen and fat were collected on the 15, 17, 19, and 21 days of each experimental period. The experiment was arranged in a Latin square, and the variables apparent digestibility, ingestive performance, milk production and composition, ingestible dry matter, particle average size, non-degradable fraction, feeding efficiency, energy concentration, lactating energy and ruminal parameters were evaluated using polynomial regression. The regression models were subjected to analysis of variance considering the latin square design with test for lack of adjustment. The models where the regressors were significant and the lack of adjustment not significant were selected adopting the 5% level of significance. Pearson´s correlations were performed among all variables. Statistical analyses were performed using the software R. Ruminal liquid samples were collected manually at various sites of the rumen and filtered in gauze to determine pH, N-NH3 and AGCC. The replacement of corn by whole corn germ did not cause any changes (P>0,05) in the ingestive performance , pH and N-NH3. Milk production, protein content, lactose, protein:fart ratio and feeding efficiency increased (P<0.05), and a linear reduction (P<0,05) was observed in fat percentage and in energy concentration with lipids added to the diet. The diet with 26.9% of lipids added in the DM did not promote negative effect on the variables analyzed; suggesting that whole corn germ can be a substitute for corn in the diet of milking cows producing 26 Kg of milk. Key words: fat acids, metabolism, rumen, starch, byproduct

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CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. INTRODUÇÃO

A vaca lactante é considerada a categoria animal mais exigente dos

sistemas de produção de leite. Muitos produtores promovem a seleção de animais

cada vez mais produtivos, o que faz com que a nutrição seja cada vez mais

aperfeiçoada.

Na atividade leiteira, a nutrição dos animais é um dos aspectos mais

importantes, devido aos custos dos alimentos, e em especial, do concentrado.

Além disso, a nutrição é responsável pela produtividade das vacas lactantes

(CASSOLI & MACHADO, 2007). Nessa situação, o fornecimento de milho em

misturas concentradas garante a energia para serem atingidos os melhores

desempenhos (LUCCI et al., 2008).

No Brasil, o milho é o segundo grão em volume ofertado. Na safra

2012/2013 a produção de milho foi de 79 milhões de toneladas, com aumento de

8,4% em relação à safra anterior. A região Centro Oeste é a maior produtora

desse grão no país, com produção de 33 milhões de toneladas e o estado de

Goiás se destaca como o quarto produtor nacional (CONAB, 2013).

Em média 60% do milho produzido no país é usado na produção de

ração animal (ABIMILHO, 2014). Entretanto, esse grão pode ser substituído em

rações para vacas lactantes por outros ingredientes como a polpa cítrica, a casca

do grão de soja e por gérmen de milho, em busca de tornar o sistema de produção

do leite mais competitivo, através do aproveitamento de coprodutos agroindustriais

na formulação da ração (SCHALCH et al., 2001).

No processamento do milho para a alimentação humana, para cada 100

kg de milho em grãos, são produzidos, em média, 65 kg de amido, 3,0 kg de óleo,

20 kg de glúten, 4,5 kg de farelo de glúten e 3,2 kg de gérmen integral

(HONEYMAM, 1989).

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O gérmen integral de milho (GIM) é um coproduto que pode ser usado

na formulação de rações e é indicado para bovinos com aptidão de leite e carne

devido à energia, proteína, fibras e baixo teor de amido em comparação ao milho

grão (ABDELQADER, 2009). A principal vantagem do uso de GIM é a

maximização da ingestão calórica, essencial para manutenção da produção e do

escore da condição corporal dos animais.

Suplementos lipídicos têm sido utilizados em dietas para animais

lactantes com balanço energético negativo com o objetivo de aumentar a

produção de leite e reduzir a mobilização corporal de gordura (SILVA et al., 2007).

No Brasil poucos estudos foram desenvolvidos visando à avaliação do

GIM na alimentação de vacas lactantes. Assim, objetivou-se com este estudo

avaliar os efeitos da inclusão do gérmen integral de milho, em substituição do

milho grão, no desempenho e metabolismo de vacas lactantes.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Gérmen integral de milho

O grão de milho (Figura 1) é uma cariopse formada por quatro estruturas

físicas: o endosperma, constituído de amido e proteína (zeína), o pericarpo ou

casca (fibras), a ponta e o gérmen (gluteína e lipídios), as quais diferem em

composição química e distribuição no grão (PAES, 2006).

FIGURA 1. Anatomia do grão de milho.

Fonte: Adaptado de PAES (2006).

O GIM é composto pela plúmula, escutelo e radícula, representando

11% do grão de milho, mas, concentra 83% dos lipídios, 78% dos minerais, 26%

das proteínas e 70% dos açúcares do grão (PAES, 2006).

A gordura presente no GIM é altamente insaturada, composta de

aproximadamente 56% de ácido linoléico, 28% de ácido oléico, 11% de ácido

palmítico, 2% de ácido esteárico, 1,3% de ácido linolênico e 0,5% de ácido

araquidônico (MILLER et al., 2009).

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O GIM é um coproduto do milho obtido na indústria por dois possíveis

processos de degerminação a seco ou úmido (LEAL, 2000). Esses processos

podem ocasionar diferenças consideráveis na composição do GIM (Tabela 1).

TABELA 1. Composição química e física do gérmen integral de milho, com base

na matéria seca e no processo de degerminação

Processo

MS

(%)

PB

(%)

EE

(%)

MM

(%)

FDN

(%)

D

(g/L)

DGM

(μm)

FONTE

Seco 89,47 8,96 5,76 2,08 16,44 612,1 1.334,8 RODRIGUES et

al. (2001)

Seco 92,90 10,90 9,30 - - - - BRITO et al.

(2005)

Seco 83,20 12,86 15,63 3,63 - - - MIOTTO et al.

(2009)

Seco 83,20 12,90 15,60 - 21,20 - - CASTRO (2007)

Seco 94,00 15,80 20,00 - 24,50 - - ABDELQADER

et al. (2009)

Úmido - 13,00 44,00 - - - - MILLER et al.

(2009)

Úmido 95,00 11,00 55,00 - - - - CUSTÓDIO et

al.(2010)

MS - Matéria Seca; PB - Proteína Bruta; EE - Extrato Etéreo; FDN - Fibra em Detergente Neutro; MM - Matéria Mineral; D - Densidade; DGM - Diâmetro geométrico médio.

Na degerminação a seco, o grão do milho é submetido à limpeza e

aumento da umidade até 21%. Em seguida é realizada a moagem em moinho de

impacto ou atrito e a separação, do gérmen, do pericarpo e da ponta do

endosperma, por peneiramento ou pelo emprego de correntes de ar (MATZ,

1991).

No processo de extração úmida, o grão de milho é submetido à limpeza

e imersão em água aquecida com dióxido de enxofre, à maceração e, em seguida,

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a pasta formada é degerminada por centrifugação. O gérmen é separado das

demais partes devido ser menos denso que o pericarpo, ponta e endosperma, e

posteriormente pode ser usado para extração de óleo ou na alimentação animal

(CRA, 2006).

O gérmen produzido na extração úmida apresenta em torno de 50% de

lipídios, enquanto que no processo de moagem a seco apresenta aproximadamnte

13% (MOREAU et al.,2005). Como o teor de lipídio é maior na via úmida sua

produção é destinada a extração de óleo, enquanto o gérmen oriundo da via seca

é destinado à alimentação animal (CRA, 2006).

2.2 Uso de lipídio na alimentação de vacas lactantes

O termo lipídio ou gordura é a definição genérica de compostos que

possuem ácidos graxos de cadeia longa e estrutura terminal com grupo carboxila,

encontrados em grandes quantidades em sistema biológico, normalmente

associados à molécula de glicerol ou outras estruturas que se ligam ao carbono

terminal. Os ácidos graxos encontrados na natureza têm de 14 a 24 carbonos e

são classificados como saturados ou insaturados (LEHNINGER, 2002).

Os lipídios estão presentes no corpo dos animais (10 a 40%),

basicamente na forma de triglicerídeos, nas plantas forrageiras (1,5 a 3,5%),

representados por galactolipídios e fosfolipídios, e em sementes de oleaginosas

(18 a 20%), na forma de triglicerídeos. A maior parte dos ácidos graxos das

plantas forrageiras e dos óleos vegetais é insaturada, enquanto a gordura animal é

saturada (KOZLOSKI, 2009).

As fontes de gordura utilizadas em rações para vacas leiteiras incluem

óleos, sementes de oleaginosas in natura ou extrusadas, gordura amarela,

gordura amarela hidrogenada, sebo, sebo parcialmente hidrogenado, sebo

peletizado, ácidos graxos peletizados e sais de cálcio de ácidos graxos. Esses

produtos variam suas características físicas e químicas que afetam a sua

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digestibilidade, bem como os efeitos associados ao consumo de matéria seca

(ALLEN, 2000). Nesse sentido, a seleção de fontes de lipídios, com base no teor

de gordura e composição de ácidos graxos, é importante por não comprometer a

digestibilidade ruminal ou alterar a gordura do leite (MILLER et al., 2009).

Fontes de gordura, especialmente na forma protegida da degradação

ruminal, como os sais de cálcio de ácidos graxos de cadeia longa, e fontes de

gordura que possuem proteção natural, como sementes de oleaginosas inteiras ou

parcialmente quebradas, possuem pouco efeito sobre a população microbiana,

não apresentando toxicidade da gordura sobre os processos de degradação

ruminal de nutrientes, especialmente da fibra (ALLEN, 2000).

O valor da gordura como combustível fisiológico é em média 9,40

Mcal/kg, equivalente a 2,25 vezes mais energia do que o carboidrato. A gordura é

uma alternativa capaz de aumentar a densidade energética nas dietas, sem

incorrer em aumentos do consumo de concentrado, melhorando o estado

energético dos animais e permitindo maior aporte de energia para a síntese de

leite e de seus componentes (BARLETTA, 2010).

Diante do intenso melhoramento genético de bovinos leiteiros nos

últimos anos, o consumo de energia das vacas lactantes tornou-se fator limitante

para a produção de leite. Esses animais, dependendo da fase de lactação, têm

grandes demandas energéticas, excedendo em muitas ocasiões a capacidade de

consumir energia da dieta, tornando o balanço energético negativo, fazendo com

que o animal mobilize suas reservas corporais, o que pode resultar em redução do

desempenho produtivo e problemas de saúde (COPPOCK & WILKS, 1991;

HARVATINE & ALLEN, 2006).

A suplementação com lipídios pode reduzir o balanço negativo de

energia em vacas lactantes no início da lactação. Entretanto, o efeito benéfico

dessa suplementação depende do tipo e da quantidade de lipídios oferecidos

(ABEL-CAINES et al., 1998). Essa situação justifica o uso de fontes adicionais de

gordura nas rações de vacas lactantes, pois as gorduras possibilitam aumento da

densidade energética por unidade de matéria seca consumida, promovendo

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aumento do consumo de energia, sem aumentar a quantidade de carboidratos

fermentáveis no rúmen e, dessa forma, prevenindo possíveis transtornos

metabólicos que poderiam comprometer a saúde e o desempenho produtivo dos

animais (GRUMMER, 1988).

Além disso, os lipídios usados na dieta de vacas leiteiras aumentam a

capacidade de absorção de vitaminas lipossolúveis, fornecem ácidos graxos

essenciais importantes para as membranas de tecidos e aumentam a eficiência

produtiva dos animais que depositam grande quantidade de gordura em seus

produtos (PALMQUIST & MATTOS, 2006).

Os parâmetros fermentativos do rúmen podem ser afetados pela adição

de lipídios à dieta. Porém, a extensão dessa interferência depende tanto da fonte

de lipídio como da quantidade que é adicionada à ração (MAIA et al., 2006).

Quando a gordura é suplementada na dieta de ruminantes em níveis superiores a

5% da matéria seca observa-se redução na digestibilidade da fibra e queda no

consumo de matéria seca (PALMQUIST & MATTOS, 2006).

Segundo NAGARAJA et al. (1997), ácidos graxos insaturados são

tóxicos para as bactérias Gram-positivas, devido alteração na permeabilidade da

parede celular, reduzindo a capacidade da célula regular o pH intracelular e

captação de nutrientes. De acordo com STAPLES et al. (2001), a utilização de

gordura suplementar para vacas pode resultar em aumento de 2,0 a 2,5 kg de

leite/vaca/dia. Entretanto, ARAÚJO (2012), trabalhando com GIM na

suplementação de vacas lactantes, não observou aumento na produtividade de

leite. Essas variações podem ser atribuídas à redução da ingestão de alimento

devido aos aspectos ligados a motilidade intestinal, aceitabilidade das dietas

suplementadas com gordura, liberação de hormônios intestinais e oxidação das

gorduras pelo fígado (ALLEN, 2000).

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2.3 Metabolismo ruminal de lipídios

Na digestão dos lipídios pelos ruminantes ocorrem dois processos, a

lipólise e a biohidrogenação. A lipólise ocorre logo após a chegada do alimento no

rúmen, sendo então os lipídios liberados da matriz pela degradação do alimento,

promovendo a quebra dos triglicerídeos e liberando três ácidos graxos e um

glicerol, sendo este fermentado até propionato e os ácidos graxos insaturados

expostos ao processo de biohidrogenação (LANA, 2005).

As principais espécies de microorganismos que têm atividade lipolítica

são a Anaerovibrio lipolytica (hidrolisa os triglicerídeos) e a Butyrivibrio fibrisolvens

(hidrolisa os fosfolipídios e glicolipídios). Essas bactérias produzem uma enzima

chamada de lipase extracelular, empacotada em partículas de membrana,

compostas por proteínas, lipídios e ácidos nucléicos. Essa enzima hidrolisa

acilglicerídios e produz ácidos graxos livres. Após a quebra dos triglicerídios,

galactolipídios, fosfolipídios ocorre à liberação de glicerol, galactose, fosfato e uma

mistura de ácidos graxos de cadeia longa, saturados e insaturados (JENKINS,

1993).

Essa liberação é maior do que 85% (DOREAU et al., 1997), e reduzida,

na medida em que há aumento do nível de lipídios na dieta (BEAM et al., 2000) e

quando a atividade e crescimento das bactérias é inibida (DEMEYER & DOREAU,

1999). O glicerol, a galactose e o fosfato são utilizados pelos microorganismos

como fontes de energia.

Os ácidos graxos são tóxicos aos microorganismos ruminais em

especial as bactérias Gram-positivas (KOZLOSKI, 2009), sendo os principais

mecanismos envolvidos nesse processo os efeitos tensoativos sobre as

membranas microbianas e a diminuição na disponibilidade de cátions pela

formação de sabões, além de reduzir o contato dos microorganismos com a

partícula alimentar devido o recobrimento físico da fibra (SILVA et al., 2007). Os

microorganismos mais suscetíveis à toxidez são as bactérias metanogênicas e os

protozoários (PALMQUIST & MATTOS, 2006).

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A biohidrogenação é um processo natural em que os microrganismos

ruminais promovem a redução de duplas ligações dos ácidos graxos insaturados

através da hidrogenação. Para que isso ocorra é necessário que existam ácidos

graxos livres no rúmen. Esse processo depende da taxa de lipólise. As reações de

biohidrogenação são realizadas para a autoproteção dos microrganismos, uma

vez que os efeitos maléficos dos ácidos graxos saturados são menores que dos

insaturados (OLIVEIRA et al., 2009). No entanto, a capacidade de realização

desse procedimento é limitada, em função da quantidade de ácidos graxos livres

no meio, da insaturação do ácido graxo, da fonte de ácidos graxos, do período de

adaptação das bactérias (BEAM et al., 2000), da quantidade de carboidratos

fermentáveis e da fibra no rúmen (LOCK, 2010).

Essa transformação é afetada pela composição da gordura usada,

tempo de retenção e as características da população microbiana no rúmen-retículo

(ALLEN, 2000). Os principais ácidos graxos são o linoléico e o linolênico. Os

valores da biohidrogenação ruminal dos ácidos graxos é mais alta à medida que o

grau de insaturação aumenta. Para a maioria das dietas, os valores da

biohidrogenção do ácido linoléico e linolênico são de 70-95% e 85-100%,

respectivamente (BEAM et al., 2000).

Os principais microrganismos responsáveis pela biohidrogenação são

as bactérias Butyrivibrio fibrisolvens, Anaerovibrio lipolytica e Propionibacter sp.

(PARIZA et al., 2001).

As bactérias ruminais envolvidas nesse processo foram classificadas

em dois grupos, A e B, baseados em suas reações metabólicas. As bactérias do

grupo A atuam sobre os ácidos graxos polinsaturados da dieta até a formação de

trans mono isómeros (sobretudo, trans-11 C18:1), enquanto as bactérias do grupo B

hidrogenam esses ácidos graxos até à obtenção do produto final, C18:0 (KEMP &

LANDER, 1984).

Para que o ácido graxo poliinsaturado seja completamente

biohidrogenado (Figura 2), bactérias de ambos os grupos são necessárias. O

passo inicial da biohidrogenação envolve a isomerização da dupla ligação cis-12

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para a configuração trans-11, resultando em um ácido di- ou trienóico (1ª etapa).

O próximo passo é a redução da dupla ligação cis-9, pela hidrogenação, formando

o ácido graxo trans-11 (2ª etapa). O passo final (3ª etapa) é mais uma

hidrogenação da dupla ligação trans-11 produzindo ácido esteárico (via do ácido

linoléico e linolênico) ou trans-15 C18:1 (via do ácido linolênico) (HARFOOT &

HAZLEWOOD, 1997).

FIGURA 2. Biohidrogenação dos ácidos linoléico e linolênico.

Fonte: HARFOOT & HAZLEWOOD (1997).

Durante o metabolismo de lipídios há três possíveis destinos dos ácidos

graxos das rações de ruminantes: oxidação, transferência para o leite e deposição

na gordura corporal. Nesse contexto, o metabolismo e a digestão de lipídios têm

considerável importância, pois tanto o metabolismo ruminal como a digestão pós-

ruminal estão diretamente ligados à eficiência de utilização dos ácidos graxos

(COPPOCK & WILKS, 1991).

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2.4 Digestibilidade intestinal de lipídios

Como consequência do metabolismo ruminal, os lipídios que entram no

intestino delgado consistem de ácidos graxos saturados, principalmente esteáricos

e palmíticos e ainda ácidos graxos insaturados que não sofreram a

biohidrogenação. Análises dos lipídios que chegam ao intestino delgado têm

mostrado que eles são idênticos àqueles que saem do rúmen. Portanto, não existe

absorção ou modificação significativa dos ácidos graxos de cadeia média e longa

no omaso ou abomaso (NOBLE, 1981).

O grau de insaturação é a mais importante característica que influencia

a digestibilidade, provavelmente por afetar a formação de micelas e o movimento

dos ácidos graxos através da camada de água adjacente as microvilosidades do

intestino delgado (NRC, 2001), ou por serem reesterificados mais rapidamente

dentro do enterócito, facilitando sua remoção do citosol, aumentando, com isso, a

taxa de absorção (WU et al., 1991).

De acordo com o NRC (2001) o aumento no grau de insaturação de

ácidos graxos fornecidos nas dietas pode aumentar a digestibilidade de ácidos

graxos, porém reduções no consumo de matéria seca, porcentagem de gordura do

leite e digestibilidade da fibra são indicadores que a fermentação ruminal foi

alterada pela suplementação de gordura.

Os lipídios chegam ao duodeno de duas formas, uma aderida às

particulas fibrosas da digesta e outra na forma de micelas. A absorção de ácidos

graxos ocorre, predominantemente, na região do jejuno e com menor intensidade

no duodeno e no íleo. No intestino delgado os ácidos graxos ficam sob ação dos

sais biliares e do suco pancreático formando micelas, que são absorvidas pelas

células intestinais (KOZLOSKI, 2009).

Dentro das células intestinais, os ácidos graxos são reesterificados em

triglicerídeos, fosfolipídios e ésteres de colesterol para serem transportados,

inicialmente para o sistema linfático, e depois para a circulação sanguínea. Em

todas as espécies a formação de micelas pode ser considerada o principal fator

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12

para o processo de solubilização e, portanto, a fase decisiva para a eficiência de

absorção de ácidos graxos (BAUMAN & LOCK, 2006).

2.5 Parâmetros de fermentação ruminal em vacas lactantes alimentadas com

lipídios

O ambiente ruminal é responsável por algumas transformações (lipólise

e biohidrogenação) nos lipídios da dieta, alterando, com isso, sua composição e

perfil dos ácidos graxos que chegam ao duodeno (OLIVEIRA, 2001).

VARGAS et al. (2002) relatam que a maioria das pesquisas sobre o uso

de lipídios saturados e insaturados tem demonstrado pequenos ou insignificantes

efeitos sobre os parâmetros ruminais. Segundo JENKINS (1993), a variação dos

efeitos das fontes de gordura sobre a fermentação ruminal pode ser atribuída ao

grau de insaturação dos ácidos graxos e a forma física do alimento.

De acordo com LIN et al. (1995), o uso de óleo em rações para

ruminantes apresenta efeitos desejáveis, como redução da produção de metano,

aumento na eficiência da síntese microbiana e aumento de ácido linoléico

conjugado (CLA) no leite. Por outro lado, apresenta efeitos indesejáveis, como a

redução na digestibilidade da matéria seca (VARGAS et al., 2002).

2.5.1. Ácidos Graxos de Cadeia Curta

A principal fonte de energia para os ruminantes são os ácidos graxos de

cadeia curta (AGCC) acético, propiônico e butírico produzidos no rúmen pela

fermentação microbiana de carboidratos e, em alguns casos, da proteína dietética

(ANTUNES & RODRIGUES, 2006). Os suplementos lipídicos insaturados, em

doses elevadas, causam efeito tóxico sobre as bactérias do rúmen, sobretudo a

população celulolítica (NAGARAJA et al., 1997), alterando a proporção

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acetato:propionato. A suplementação lipídica também tem sido associada com a

redução da população de protozoários (PALMQUIST & MATTOS, 2006), o que

pode alterar as proporções de ácidos graxos.

ARAÚJO (2012), trabalhou com três quantidades (0, 50 e 100%) de

GIM, em substituição ao grão de milho na dieta de vacas leiteiras, não encontrou

diferença significativa entre as concentrações de AGCC, assim como na relação

entre acetato e propionato (C2):(C3).

FERNANDES et al. (2002), em trabalho de pesquisa com cinco níveis

de extrato etéreo (2,67; 3,59; 4,53; 5,85 e 6,90%) na dieta de vacas lactantes, com

a inclusão do caroço de algodão nas proporções de 0, 6,12,18 e 24% da MS,

verificaram efeito quadrático nas concentrações de ácidos acético, propionato e

butirato.

2.5.2. Nitrogênio amoniacal

Os níveis de amônia no rúmen são importantes na síntese de proteína

microbiana. A amônia ruminal é originada da degradação protéica da dieta, da

hidrólise de fontes de nitrogênio não-proteíco, da uréia reciclada no rúmen e da

lise da proteína microbiana. Sua concentração é utilizada como indicador da

degradação proteica, da eficiência de utilização do nitrogênio da dieta e do

crescimento microbiano (RUSSELL et al., 1992).

Para LENG & NOLAN (1984) a concentração de amônia para a máxima

síntese de proteína microbiana pode variar de 15 a 20 mg N-NH3/100 mL de fluido,

dependendo da dieta.

VAN NEVEL & DEMEYER (1988) observaram aumento de eficiência da

síntese microbiana e redução da concentração de N-NH3 ruminal em vacas

recebendo óleo na dieta. Isso ocorreu, provavelmente, devido ao efeito sobre a

defaunação (redução na população de protozoários) e/ou pela redução na

população de bactérias desaminadoras. Mesmo ocasionando alterações na

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microbiota ruminal, a inclusão de lipídios na alimentação de ruminantes pode levar

ao aumento da eficiência microbiana, pois os microrganismos passam a poupar

ATP da síntese de ácidos graxos por estes já estarem presentes na dieta (METZ,

2009).

2.5.3. Potencial hidrogeniônico

Com a seleção para aumento da produtividade, a fibra na dieta de

bovinos, em especial de vacas lactantes, tem sido reduzida em detrimento ao

concentrado, o que tem promovido a redução do pH. O pH ruminal sofre variação

diária entre as vacas e até mesmo dentro de um mesmo animal durante os ciclos

de alimentação sucessivos. Apesar dessas variações, as vacas podem ter

semelhanças consideráveis na composição bacteriana ruminal (PALMONARI et

al., 2010).

De acordo com NAGARAJA & TITGEMEYER (2007) isso ocorre em

decorrência da diferença metabólica entre as espécies de microorganismos do

ambiente ruminal, que tem sua atividade metabólica paralisada quando há grande

diferença entre o pH do meio ruminal e o pH citoplasmático do microrganismo. No

entanto, as bactérias acidofílicas são capazes de reduzir o pH intracelular na

mesma proporção que diminui o extracelular, mantendo um gradiente de pH entre

o meio externo e o citoplasma relativamente constante.

Dessa forma, as espécies de bactérias que degradam fibra cessam seu

crescimento quando o pH do meio diminui a valores abaixo de 6,0, enquanto as

bactérias amilolíticas diminuem a taxa de crescimento, mas continuam a crescer

mesmo em pH próximo a 5,0. No entanto, algumas espécies de bactérias, em pH

neutro produzem acetato e etanol como produtos metabólicos, com o decréscimo

do pH do meio passam a produzir lactato (STROBEL & RUSSEL, 1986). O

acúmulo de lactato faz o pH ruminal cair mais rapidamente, visto que esse ácido é

mais forte do que os outros AGCC (NAGARAJA & TITGEMEYER, 2007).

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A medida que o pH ruminal decresce, ocorre a inibição da população de

microorganismos consumidores de lactato e realizadores da biohidrogenação

(WEIMER et al., 2010). Como resultados ocorrem reduções do consumo de

matéria seca, diminuição da digestibilidade da fibra, decréscimos da síntese de

proteína microbiana e depressão da gordura do leite (LECHARTIER & PEYRAUD,

2010).

O rúmen possui três mecanismos de regulação do pH que são a

absorção dos ácidos oriundos do processo de fermentação, a salivação e a

passagem de ácidos e outros produtos para o abomaso (ALLEN, 1997). De acordo

com MAEKAWA et al. (2002) a produção de saliva é estimulada pela atividade de

mastigação, esta por sua vez é influenciada pela concentração de fibra do

alimento, pelo tamanho de partícula da dieta e pela degradabilidade ruminal da

fibra.

Levando em consideração esses fatores, MERTENS (1997) propôs que

são necessários pelo menos 22% de fibra efetiva (FDNe) na dieta de vacas

leiteiras para que se mantenha a atividade de mastigação e pH ruminal acima de

6,0. Além disso, segundo o NRC (2001), é necessário que pelo menos 19% de

fibra total da dieta de vacas lactantes sejam provenientes das forragens.

De acordo com ANTUNES & RODRIGUEZ (2006) algumas medidas

devem ser tomadas para controlar o pH ruminal, entre elas, o balanceamento de

carboidratos na dieta, o monitoramento do tamanho de partícula das forragens

fornecidas, a adaptação gradativa do rúmen ao aumento de concentrado na dieta

e até mesmo o controle do fornecimento de concentrado. CHRISTENSEN et al.

(1994) não observaram efeito de dietas suplementadas com óleo de milho e sebo

bovino sobre o pH ruminal, mas as concentrações de amônia e de isovalerato

reduziram.

O pH ruminal reflete diretamente as características da dieta, além de

afetar não só produtos finais da fermentação, mas também a taxa de crescimento

das bactérias e dos protozoários, podendo, dessa forma, ocorrer variações nos

microrganismos predominantes no rúmen (LAVEZZO et al., 1998). Segundo

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HOOVER (1986) a faixa de pH ideal para a ótima digestão da fibra varia de 6,2 a

7,0.

2.6 Efeito de lipídios sobre a ingestão de matéria seca

A ingestão de matéria seca (IMS) é o principal fator que afeta o

desempenho animal e é de fundamental importância em nutrição, porque

determina a quantidade de nutrientes disponíveis para manutenção da vida e a

produção de um animal. Com o acréscimo da IMS há o aumento da taxa de

passagem ruminal e o tempo de permanência do alimento no rúmen é reduzido,

de modo que a extensão da lipólise e biohidrogenação são diminuídas. Desse

modo pode afetar a forma da gordura que flui para o duodeno e o padrão de

ácidos graxos de cadeia longa (MOATE et al. 2004).

De acordo com MERTENS (1992), a IMS é regulada por três

mecanismos: o psicogênico, que envolve a resposta do animal a fatores inibidores

ou estimuladores (alimento e/ou ao ambiente); fisiológico, onde a regulação é

fornecida pelo balanço nutricional; e o físico, relacionado à capacidade de

distensão do rúmen. Segundo ALLEN (2000) e BARLETTA (2010) há evidências

de que a ingestão de matéria seca é afetada pela presença de gordura, tendo em

vista que influencia a fermentação ruminal, a motilidade intestinal, a aceitabilidade

da dieta com suplemento, a liberação de peptídeos e os mecanismos que

controlam a ingestão de alimentos.

Fontes de óleos vegetais ricas em ácidos graxos poliinsaturados

(oléico, linoléico e linolênico) foram avaliadas na dieta de vacas leiteiras e

verificaram que a ingestão de matéria seca não foi alterada pela fonte de gordura

(KELLY et al., 1998). Entretanto, HARVATINE & ALLEN (2006) verificaram

redução na IMS quando foram incluídos 2,5% de ácidos graxos (saturados e

insaturados) na dieta de vacas leiteiras (8% de ácidos graxos na MS).

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17

Em estudo com GIM para vacas lactantes, ABDELQADER et al. (2009)

verificaram efeito quadrático sobre a IMS com inclusões de 7, 14 e 21%. Esses

autores observaram aumento da IMS com a inclusão de até 14% do gérmen de

milho na dieta dos animais.

2.7 Efeito de lipídios sobre a produção do leite de vacas lactantes

No Brasil a produção, a porcentagem de gordura e da proteína do leite

são as características produtivas mais enfatizadas pelos serviços de controle

leiteiro, considerando os sistemas de pagamento do leite com base no volume e

nos teores de gordura (CARVALHO et al., 1995).

A utilização de gordura dietética suplementar para vacas leiteiras pode

resultar em acréscimos na produção de leite de até 2,0 a 2,5 kg/vaca/dia,

condicionando esses resultados a adaptação dos animais as dietas contendo

gordura e ao tempo suficiente de avaliação para responderem as dietas ricas em

energia (STAPLES et al., 2001). De acordo com ABDELQADER et al. (2009) a

inclusão na dieta de até 2,3% de gordura suplementar, proveniente do gérmen de

milho, não tem efeito algum na produção e composição do leite.

Segundo DePETERS & CANT (1992) fontes de alimento rico em

lipídios, adicionadas à ração, provocam aumento da energia líquida consumida, o

que resulta em aumento na produção de leite, uma vez que o incremento da

energia consumida permite melhorar a eficiência de produção.

2.8 Efeito de lipídios sobre a composição do leite de vacas lactantes

Uma das fontes da gordura do leite são os lipídios circulantes na

corrente sanguínea, provenientes da absorção intestinal dos lipídios da dieta e da

mobilização do ácido graxo do tecido adiposo. Estima-se que 50% da gordura do

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18

leite têm origem nos ácidos graxos circulantes, sendo que 88% destes são de

origem dietética e os outros 12% de origem endógena (GRUMMER, 1991).

Valores esses que podem ser reduzidos, de acordo com GRINARI et al.

(1998) verificaram aumento na concentração do isômero C18:1 trans-10 em dietas

com fontes de gordura que provocaram depressão na gordura do leite, indicando

este isômero como responsável. CHOUINARD et al. (1999) e BAUMGARD et al.

(2000) que observaram decréscimo na síntese de ácidos graxos de cadeia curta

(C4:0 a C14:0) em condições de depressão da síntese de gordura do leite e

sugeriram que o ácido linoléico conjugado (CLA) poderia exercer algum efeito

inibidor nas enzimas relacionadas com a síntese de novo de ácidos graxos na

glândula mamária.

O mecanismo pelo qual o CLA reduz a síntese de gordura do leite está

associado à inibição da síntese de novo ácido graxo, através da presença de

trans-10, cis-12, (BAUMGARD et al, 2000; BAUMGARD et al, 2002), que reduz a

atividade de enzimas envolvidas na síntese de gordura do leite, a Δ9-desaturase e

a estearoil-CoA (CHOUINARD et al. 1999).

Dessa forma, a depressão da concentração e produção de gordura do

leite é afetada pela incompleta biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados no

ambiente ruminal, promovendo a passagem dos isômeros C18:2 trans-10, cis-12 e

de C18:1 trans-10, que na glândula mamária reduz a expressão do gene lipogênico

e a atividade da enzima acyl transferase, responsáveis pela redução da síntese de

novo de ácidos graxos (BAUMAN & GRINARI, 2003).

Quanto ao teor de proteína do leite, sua redução pode ser decorrente

do simples efeito de diluição, promovido pelo aumento da produção de leite

quando são fornecidas rações para vacas com adição de gordura

(GARNSWORTHY, 2002) ou por variação nas concentrações das frações

protéicas no leite, como a concentração de caseína, ou de alguns hormônios (WU

& HUBER, 1994) como a progesterona, que suprime a ação da prolactina,

responsável pela síntese do leite, descrita por GONZÁLEZ (2001).

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Têm sido reportadas na literatura outras teorias como: “deficiência de

glicose” descrita por CANALE et al. (1990) onde a redução da síntese de proteína

do leite ocorre devido à redução da produção de proteína microbiana, assim o

número de aminoácidos no animal seria reduzido devido os mesmos serem

utilizados na gliconeogênese; a “resistência a insulina”, descrita por PALMQUIST

& MOSER (1981) demonstram ocorrer altas taxas de insulina em vacas leiteiras

que receberam altas quantidades de gordura nas dietas, estas gorduras poderiam

causar resistência à insulina a qual poderia reduzir o fluxo de aminoácidos na

glândula mamária para a síntese de proteína do leite; a “eficiência energética para

a produção de leite”, relatada por BARLETTA (2010), onde haveria aumento do

aproveitamento de glicose para a síntese de lactose, acarretando acréscimo na

produção de leite e diminuição do fluxo sanguíneo mamário, o que levaria a

redução do fornecimento de aminoácidos para a síntese de proteína do leite e por

consequência a redução da concentração de proteína no leite.

Assim, a inclusão do gérmen de milho integral na dieta de vacas

lactantes como fonte alternativa de ingrediente com alta disponibilidade

energética, deve-se dar atenção, à sua composição nutricional, a disponibilidade

regional e ao custo. Uma vez que, trata-se de um ingrediente rico em extrato

etéreo, a sua inclusão em excesso pode proporcionar alterações no desempenho

e metabolismo de vacas lactantes.

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biohydrogenation and digestibility of fatty acids by dairy cows. Journal of Dairy Science, v. 74, n.9, p.3025-3034, 1991.

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CAPÍTULO 2

LIPÍDIOS NA PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE VACAS MESTIÇAS

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do milho grão pelo gérmen integral de milho na dieta de vacas lactantes, sobre as variáveis consumo, matéria seca, fibra em detergente neutro, proteína bruta, carboidrato não fibroso além da produção de leite corrigida, porcentagem de proteína, lactose, nitrogênio uréico do leite, quantidade de gordura, eficiência alimentar corrigida e energia líquida da lactação. Utilizou-se cinco vacas lactantes mestiças canuladas no rúmen, com aproximadamente 100 dias de lactação e peso médio de 490 kg de peso vivo. Os tratamentos foram (0,0; 6,7; 13,5; 20,1 e 26,9%) de GIM em substituição ao milho grão moído. Foi utilizado o delineamento em quadrado latino 5 x 5, totalizando 105 dias, subdividido em cinco períodos de 21 dias cada, sendo 13 dias de adaptação e oito dias de colheita de dados. As variáveis consumo de: matéria seca, fibra em detergente neutro, proteína bruta, carboidrato não fibroso da produção de leite corrigida, porcentagem de proteína, lactose, nitrogênio uréico do leite, quantidade de gordura, eficiência alimentar corrigida e energia líquida da lactação não apresentaram diferenças. O consumo de nutriente digestível total e extrato etéreo, NDT das dietas, produção de leite, porcentagem de gordura, quantidade de proteína, lactose, relação proteína:gordura, eficiência alimentar e concentração energética do leite apresentaram comportamento linear crescente (P<0,05) com a inclusão do gérmen integral de milho. A inclusão de GIM em até 26,9% na matéria seca da dieta não afetou o desempenho dos animais. Palavras-chave: digestibilidade, lipídios, substituição, vacas leiteiras

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FAT IN THE PRODUCTION AND COMPOSITION OF MILK FROM CROSSBRED

COWS

ABSTRACT

The purpose of this study was to evaluate the effect of replacing corn grain by integral corn germen in the diet for lactating cows on the variables consumption, dry matter, neutral detergent fiber, crude protein, non-fibrous carbohydrate besides corrected milk yield, percentage of protein, lactose, milk urea nitrogen, fat content, corrected feed efficiency and net energy of lactation. Five lactating cows cannulated in the rumen, at 100 days of lactation, weighing 490 kg, approximately, were tested. Treatments consisted of five levels of whole corn germ intake (0.0; 6.7; 13.5; 20.1 and 26.9 %), based on the dry matter. The experimental design was a 5 x 5 Latin square, totaling 105 days subdivided in five periods of 21 days each: 13 days for adaptation and eight days for data collection. Dry matter ingestion was evaluated on the days of data recording in each experimental period (EP) and milk production and composition on days 15, 17, 19, and 21 of the (EP) digestibility was evaluated using titanium dioxide on days 9 and 18, with seven days for adaptation and three days for feaces collection. Variables ingestion, dry matter, FDN, CP and NFC, DM digestibility, FDN and NFC, besides PLC, percentage of protein, lactose, NUL, amount of fat, corrected feeding efficiency and lactation energy did not show any difference (P>0.05). The ingestion of NDT, EE, NDT of diets, ether extract digestibility, milk production, percentage of fat, amount of protein, lactose, protein:fat ratio, feeding efficiency and energy concentration showed linear increasing performance (P<0.05) with the addition of whole corn germ. The inclusion of whole corn germ up to 26.9% to replace corn in the diet of lactating cows can be carried out without compromising the productive performance of these animals. Key words: digestibility, lipids, milking cows, replacement

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1. INTRODUÇÃO

A intensificação dos sistemas de produção de leite demanda o uso da

suplementação concentrada de forma mais expressiva buscando, juntamente com

outras tecnologias, a obtenção de maior eficiência produtiva. Vacas de alto

potencial leiteiro apresentam elevada exigência de energia. A adição de lipídios na

dieta de vacas lactantes tem o objetivo de atender essa alta demanda energética,

principalmente, no começo do período de lactação.

A adição de gordura à dieta surge como alternativa para elevar o nível

energético da dieta, sem aumentar a ingestão de carboidratos não estruturais e

sem diminuir a ingestão de fibra (SALLA et al., 2003). No entanto, alguns tipos de

gorduras suplementares podem alterar a composição e as características físico-

químicas do leite, como no caso daquelas com elevado teor de ácidos graxos

insaturados (SANTOS et al., 2001). A seleção da fonte de gordura para uso em

dietas de vacas lactantes é baseada na capacidade de melhorar a produção

leiteira em relação ao seu custo de aquisição (MILLER et al., 2009).

O gérmen integral de milho (GIM) é um coproduto interessante,

considerando seu alto teor de gordura (ARAÚJO, 2012). Por ser usado na

formulação de rações é indicado para bovinos com aptidão de leite e carne, em

comparação ao milho grão por sua maior concentração de energia, devido ao

maior teor de lipídios, reduzido teor de amido além de maior teor de proteína e

fibras em comparação ao milho grão (ABDELQADER, 2009).

O GIM possui baixos teores de carboidratos não fibrosos,

principalmente amido, conferindo característica energética com potencial para

maximizar a ingestão calórica e minimizar a predisposição das vacas lactantes às

variações bruscas do pH ruminal (ARAÚJO, 2012).

A substituição de alimentos energéticos tradicionais como o milho, por

coprodutos como o GIM se torna uma opção, tendo em vista, que este é resultante

da moagem do milho, contendo o gérmen (com ou sem óleo), tegumento (fibras) e

parte do endosperma do grão de milho, cuja composição química é em média:

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9,31% proteína bruta (PB); 7,23% extrato etéreo (EE); 32,39% fibra em detergente

neutro (FDN) e 85,30% de nutrientes digestíveis totais (NDT) (ROCHA Jr. et al.,

2003).

Este trabalho foi desenvolvido com objetivo de avaliar efeito do

aumento da inclusão de lipídios da dieta com inclusão do GIM em substituição ao

milho moído, sobre o consumo de matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo,

fibra em detergente neutro, carboidrato não fibroso, nutrientes digestíveis totais,

produção e composição do leite, eficiência alimentar, concentração energética do

leite e energia líquida da lactação de vacas lactantes no início da lactação.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Local, animais e instalações

O experimento foi conduzido no Setor de Bovinocultura do Instituto

Federal Goiano - Câmpus Ceres, no município de Ceres-GO, a 15º 21’02,5” S e

49º 35’53,8” W Gr, no período de junho a outubro de 2011 e aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa Animal do Instituto Federal Goiano (003/2011).

Foram utilizadas cinco vacas mestiças, multíparas, com peso médio de

490 kg de peso vivo e aproximadamente 100 dias de lactação, canuladas no

rúmen, e distribuídas em um quadrado latino 5 x 5.

Os animais receberam injeções subcutâneas na prega da cauda de 500

mg de somatropina bovina sintética (bST) a cada 14 dias durante o experimento,

sendo a primeira dose aplicada uma semana antes do início do primeiro período

experimental.

As vacas foram mantidas confinadas em baias individuais, com

comedouros e bebedouros e área de 48 m², cobertas por telha de barro na linha

central do comedouro e sombrite na área de descanso. As baias possuíam 50%

do piso de bloquete, sobre o qual foi colocado areia, com a finalidade de servir de

cama e o restante do piso era de chão batido.

A temperatura ambiente foi mensurada diariamente com auxílio de um

termômetro digital localizado na baia do centro e a umidade relativa do ar com o

auxílio da estação meteorológica localizada no IF Goiano - Câmpus Ceres. Ao

longo do experimento foram encontrados os seguintes valores para temperatura:

mínima 15,6ºC; média de 25,7ºC e máxima de 35,9ºC e umidade relativa do ar

média de 55,4%.

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2.2. Tratamentos e dietas experimentais

O período experimental foi de 105 dias com cinco subperíodos de 21

dias, sendo 13 dias de adaptação e oito de coleta de dados. Os tratamentos

consistiram da inclusão de gérmen integral de milho (GIM) em substituição ao

milho moído, com base na matéria seca das dietas da seguinte forma: GIM 0 dieta

com 0,0% de inclusão do GIM; GIM 6,7 dieta com 6,7% de inclusão do GIM; GIM

13,5 dieta com 13,5% de inclusão do GIM; GIM 20,1 dieta com 20,1% de inclusão

do GIM e GIM 26,9 dieta com 26,9% de inclusão do GIM.

As dietas experimentais foram formuladas utilizando como referência o

NRC (2001) para atender as necessidades de vacas com 490 kg de peso corporal,

100 dias de lactação, 26 kg de leite/dia, com 3,8% de gordura e 3,3% de proteína

no leite de forma que fossem isoprotéica e isofibrosa. As composições químicas

dos ingredientes das dietas estão na Tabela 1.

Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes das dietas com base na

matéria seca

Ingrediente MS MO MM PB EE FDN CT CNF

Silagem milho 30,9 95,3 4,7 6,7 2,7 57,8 85,9 28,1

Farelo de soja 88,8 94,1 5,9 46,7 2,8 15,7 44,6 28,9

Milho moído 89,8 94,2 5,8 9,1 3,6 12,7 81,5 68,8

Gérmen milho 90,2 96,8 3,2 10,5 11,0 15,7 75,3 59,6

Casca de soja 91,9 94,4 5,6 10,7 1,8 69,3 81,9 12,6

MS: Matéria Seca; MO: Matéria orgânica, MM: Matéria Mineral; PB: Proteína Bruta; EE: Extrato Etéreo; FDN: Fibra em Detergente Neutro; CT: Carboidratos Totais; CNF: Carboidrato não Fibroso.

As dietas foram fornecidas duas vezes por dia às 8h00m e 16h00m na

forma de dieta total, tendo como volumoso a silagem de milho, sendo oferecidas

40% pela manhã e 60% à tarde, em quantidade que assegurasse consumo à

vontade com sobras de no máximo 10% do total oferecido. A proporção dos

ingredientes e composição química das dietas experimentais está descrita na

Tabela 2.

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Tabela 2. Percentual dos ingredientes e composição química das dietas experimentais com base na matéria seca

Ingredientes Tratamentos (Dietas - % de inclusão do GIM na MS)

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9

Silagem de milho 58,9 58,9 58,9 58,9 58,9

Milho moído 17,3 12,3 8,3 3,9 0,0

Farelo de soja 11,5 11,5 11,5 11,5 11,5

Gérmen integral de milho 0,0 6,7 13,5 20,1 26,9

Uréia+Sulfato de Amônio 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6

Casca de soja 9,5 7,8 5,2 2,9 0,0

NaCl 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Calcário calcítico 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6

Núcleo1 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3

Composição química (%MS) Matéria Seca 55,3 55,8 55,3 55,7 55,5

Matéria Orgânica 94,3 94,5 94,5 94,3 94,0

Matéria Mineral 5,7 5,5 5,5 5,6 5,9

Proteína Bruta 14,2 14,2 14,1 14,2 14,1

Extrato Etéreo 2,9 3,5 4,0 4,5 5,1

FDN 43,6 43,6 42,6 42,6 42,7

Carboidrato Total 77,2 76,8 76,4 75,7 74,9

CNF 34,5 34,1 34,5 34,0 32,9 1 Composição por kg/produto, Vitamina A (min) 350.000 UI, Vitamina D3 (min) 87.500 UI,Vitamina E (min) 350 UI, Ferro (min) 3.500 mg, Cobre (min) 1.050 mg, Manganês (min) 2.100 mg, Zinco (min) 3.500 mg, Iodo (min) 28 mg, Cobalto (min) 17,5 mg, Selênio (min) 21 mg, Magnésio (min) 2.100 mg, Enxofre (min) 5.600 mg, BHT 140 mg, FDA (max) 1.000 mg, Cálcio (max) 270 g, Cálcio (min) 220g, Fósforo (min) 50g, Umidade (máx) 80g, Matéria Mineral (max) 950 g, Fibra Bruta (máx) 40g. FDN: Fibra em detergente neutro; CNF: Carboidrato não fibroso.

Amostras de silagem de milho foram coletadas quinzenalmente para

ajuste da quantidade da matéria seca fornecida. Durante o período de coletas, em

cada refeição, foram colhidas alíquotas da silagem, da dieta total e da sobra, ao

final de 24h. Em seguida as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos

devidamente identificados e armazenados em freezer a aproximadamente - 20ºC.

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Ao término de cada período experimental as amostras foram

descongeladas em temperatura ambiente,misturadas por tratamento, em

recipiente plástico e homogeneizadas. Dessa mistura foi retirada uma alíquota e

colocada em estufa de ventilação forçada a 60ºC por 72 h. Após a secagem essas

amostras foram moídas em moinho do tipo Willey com peneira de crivos de 1 mm

e armazenadas em frascos plásticos hermeticamente fechados para posterior

determinação da matéria seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE),

proteína bruta (PB), matéria orgânica (MO) e Fibra em Detergente Neutro (FDN)

segundo SILVA & QUEIROZ (2002).

O carboidrato total (CT) e não-fibroso (CNF) foram calculados usando

as equações CT= 100 - (%PB +%EE + % MM) descrita por SNIFFEN et al. (1992),

e CNF= 100 – [(%PB - %PB derivada da uréia + %uréia) + % FDN + %EE + %MM]

adaptado de HALL (2000).

2.3. Consumo voluntário dos nutrientes

2.3.1 Matéria seca

Para o cálculo dessa variável foram pesadas as dietas oferecidas e

descontadas as sobras ao final de 24 h durante todo período de coleta de dados

de cada período experimental, e calculada a média por tratamento.

2.3.2 Consumo de nutrientes digestíveis totais, extrato etéreo, fibra em detergente

neutro, proteína bruta e carboidrato não fibroso

Para o cálculo dessas variáveis adotou-se a multiplicação do consumo

de matéria seca (CMS) pelo percentual de cada nutriente determinado na matéria

seca da dieta dividido por 100.

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2.4 Nutrientes Digestíveis Totais

O cálculo de nutrientes digestíveis totais %NDT corrigido foi realizado

segundo a metodologia de SNIFFEN et al. (1992) onde, inicialmente, calculou-se o

consumo de NDT = (PB ingerida - PB fecal) + 2,25 *(EE ingerido - EE fecal) + (CT ingerido -

CT fecal) e posteriormente a concentração de NDT usando a fórmula:

% de NDT = (Consumo de NDT/Consumo de MS) * 100, em que:

NDT = nutrientes digestíveis totais; PB ingerida = proteína bruta consumida; PB fecal =

proteína bruta eliminada nas fezes; EE ingerido = extrato etéreo consumido; EE fecal =

extrato etéreo eliminado nas fezes; CT ingerido = carboidrato total ingerido; CT fecal=

carboidrato total eliminado nas fezes; MS = matéria seca.

2.5 Concentração energética do leite e energia líquida da lactação

A concentração energética do leite (Mcal/kg) de leite produzido foi

estimada a partir da equação (Mcal/kg) = (0,0929*%G) + (0,0547*%P) +

(0,0395*%L), em que G, P e L são as porcentagens de gordura, proteína e lactose

do leite, respectivamente. Os valores encontrados foram multiplicados pela

produção de leite (kg/dia), obtendo-se a energia líquida da lactação expressa em

Mcal/dia (NRC, 2001).

2.6 Eficiência Alimentar

Os cálculos para eficiência alimentar e eficiência alimentar corrigida

foram realizados segundo EIFERT et al. (2005) de acordo com a equação:

EA = PL (kg/dia)/CMS (kg/dia) e a EA corrigida= PLC (kg/dia)/CMS (kg/dia), em

que:

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EA = eficiência alimentar; PL = produção de leite; CMS = consumo de matéria

seca; EA corrigida = eficiência alimentar corrigida; PLC = produção de leite

corrigida.

2.7 Produção e composição do leite

A ordenha mecânica das vacas foi realizada duas vezes ao dia, às

7h00m e 15h00m. A produção, assim como as amostragens do leite para análise

de composição, foram realizadas durante as duas ordenhas no 15°, 17°, 19° e 21°

dia de cada subperíodo experimental.

A produção de leite foi avaliada durante as ordenhas com o auxílio de

um medidor automático de leite acoplado no sistema de ordenha, da marca True

Test®, fracionado em intervalos de 0,500 kg, com capacidade de estimar até 31 kg

de leite por vaca. As anotações foram realizadas em fichas individuais e, para o

cálculo da produção de leite corrigida para 3,5% de gordura, utilizou-se a fórmula

citada por LEIVA et al. (2000), PLcorr = (12,82*Pgord) + (7,13*Pptn) + (0,323*PL),

em que: PL = produção de leite, kg/dia; Pgord = produção de gordura, kg/dia; e

Pptn = produção de proteína, kg/dia.

Para análise de proteína, gordura, lactose e nitrogênio uréico do leite

foram obtidas amostras de uma ordenha completa, em um período de 24 h. Foram

coletadas amostras pela manhã e a tarde, colocadas em frasco branco com o

conservante Bronopol®. Para a homogeneização do Bronopol® foi realizada a

inversão dos frascos das amostras por 25 vezes até obter uma coloração

homogênea. As amostras foram encaminhadas para o Laboratório de Qualidade

do Leite (LQL) do Centro de Pesquisa de Alimentos da Universidade Federal de

Goiás.

O cálculo dos componentes do leite (proteína, gordura, lactose e

nitrogênio uréico) em kg foi realizado pela multiplicação da produção de leite pela

respectiva porcentagem do componente no leite, dividido por 100. A relação

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proteína:gordura foi obtida pela divisão da porcentagem de proteína pela de

gordura no leite.

A temperatura ambiente foi mensurada diariamente com auxílio de um

termômetro digital localizado na baia do centro e a umidade relativa do ar da

estação meteorológica localizada no IF Goiano - Câmpus Ceres.

2.8 Análises estatística

O experimento instalado foi delineado em quadrado latino, com o

modelo estatístico: Yijk = µ + Ti + Aj + Pk + eijk, em que:

Yijk = valor observado no tratamento i, animal j e período k; µ = média geral do

experimento; Ti = efeito do tratamento i; Aj = efeito do animal j; Pk = efeito do

período k; eijk = efeito do erro aleatório associado a observação Y/ijk.

As variáveis, consumo, nutrientes digestíveis totais, concentração

energética do leite, energia líquida da lactação, eficiência alimentar, produção e

composição do leite e relação proteína:gordura do leite, foram avaliadas através

da regressão polinomial, tendo os tratamentos quantitativo (GIM 0, GIM 6,7;

GIM13,5; GIM 20,1 e GIM 26,9%) como variável resposta. Os modelos de

regressão foram submetidos à análise de variância considerando o delineamento

em quadrado latino, com teste para a falta de ajuste. Foram selecionados os

modelos onde os regressores foram significativos e a falta de ajuste não

significativa, adotando-se o nível de significância de 5%. Todas as análises foram

realizadas com auxílio do software R (R Development Core Team, 2013) version

2.15.3 (2013-03-01).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A inclusão do gérmen integral de milho (GIM) nas dietas de vacas

lactantes não afetou (P>0,05) o consumo da matéria seca (CMS), proteína bruta,

fibra em detergente neutro e carboidrato não fibroso (Tabela 3).

Esses resultados estão de acordo com a literatura, visto que, com o

maior teor de GIM, o valor lipídico (5,1%) não excedeu os valores considerados

pela literatura (PALMQUIST & MATTOS, 2006; PEDROSO & MACEDO, 2011),

como sendo responsável pela redução do CMS por ruminantes.

Resultados semelhantes foram reportados por ARAÚJO (2012), quando

avaliou a inclusão de GIM na dieta de vacas lactantes com teores de 0, 50 e 100%

de inclusão do GIM em substituição ao milho grão com percentual lipídico de

3,0%; 3,6% e 4,2%, respectivamente, sem comprometer (P>0,05) o CMS.

Entretanto, MONTGOMERY et al. (2005) observaram redução linear

(P<0,05) do consumo de MS à medida que foi incluído o GIM na alimentação de

bovinos em terminação, quando testaram as dietas controle (3,1% EE), sebo

(6,9% EE) e gérmen de milho (7,2 e 9,3% de EE). Assim como, ABDELQUADER

et al. (2009) que verificaram, em estudo com GIM para dieta de vacas lactantes,

efeito quadrático sobre o CMS com 0, 7, 14 e 21% de GIM, contendo 4,8; 5,9; 7,1

e 8,2% de EE na MS, numa relação 55:45 de volumoso:concentrado. Estes

pesquisadores identificaram aumento no CMS com níveis de inclusão de até 14%

do GIM, tendo seu ponto de máxima com 9,08% de GIM.

Observou-se aumento (P<0,05) do consumo de nutrientes digestíveis

totais (CNDT), consumo de extrato etéreo (CEE) e nutrientes digestíveis totais

(NDT) a medida em que ocorreu aumento da inclusão de GIM nas dietas (Tabela

3).

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Tabela 3. Consumo de nutrientes por vacas lactantes ingerindo dietas com diferentes níveis de gérmen integral de milho

Variável

Tratamento (% de inclusão GIM na MS) Regressão

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2 Modelo R2

CMS (kg/dia) 19,68 19,35 19,80 20,49 19,76 3,69 0,197 0,175 ns -

CNDT (kg/dia) 12,69 12,43 12,97 13,82 13,43 5,94 0,020 0,336 y=11,00+0,516x 0,66

CFDN (kg/dia) 8,59 8,44 8,44 8,74 8,44 3,53 0,927 0,278 ns -

CEE (kg/dia) 0,57 0,68 0,80 0,92 1,00 4,36 <0,001 0,363 y= -0,0315+0,2068x 0,99

CPB (kg/dia) 2,79 2,76 2,79 2,90 2,78 4,03 0,488 0,226 ns -

CCNF (kg/dia) 6,61 6,40 6,68 6,78 6,36 4,59 0,754 0,047 ns -

NDT (%) 64,30 64,21 65,48 67,24 67,76 3,30 0,011 0,844 y=58,521+1,819x 0,92

CMS: Consumo de matéria seca, CNTD: Consumo de nutrientes digestíveis totais, CFDN: Consumo de Fibra em Detergente Neutro, CEE: Consumo de Extrato Etéreo, CPB: Consumo de proteína bruta; CCNF: Consumo de carboidrato não-fibroso; NDT: Nutrientes digestíveis totais, CV: coeficiente de variação, ns: não significativo, P1: Probabilidade para efeito do modelo linear, P2: probabilidade para falta de ajuste, R2: Coeficiente de determinação.

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Esses resultados foram semelhantes, aos citados na literatura, tendo

em vista que, o aumento do teor de lipídios da dieta de vacas lactantes promovido

pela substituição do milho grão pelo GIM, não reduziu o CMS e ainda promoveu

maior densidade energética, uma vez que os lipídios concentram 2,25 vezes mais

energia do que o carboidrato (BARLETTA, 2010). Assim, à medida que, ocorreu

aumento na inclusão de GIM nas dietas, observou-se aumento da porcentagem de

NDT, com CMS semelhante, proporcionando aumento no CEE e CNDT.

A elevação dos teores de GIM promoveu aumento (P<0,05) no

consumo de extrato etéreo pelos animais de 0,57 para 1,00 kg/animal/dia,

situação esta relatada por diversos autores quando avaliaram a inclusão de fontes

de gordura na dieta de bovinos (COSTA, 2001; DUARTE et al., 2005; BORBA et

al., 2006; MILLER et al., 2009; ARAÚJO, 2012), maior consumo de energia é

verificado à medida em que há aumento da densidade energética das dietas.

Esses resultados são positivos, pois há aumento da concentração de energia das

dietas que tiveram a inclusão do GIM, sem os efeitos negativos associados ao

aumento do amido nas dietas.

Verificou-se aumento (P<0,05) na produção de leite, proteína e lactose

e da relação proteína: gordura e redução (P<0,05) da porcentagem de gordura

(Tabela 4). Este fato pode ser verificado pelo aumento de glicose, energia para

lactação, pois, a glicose na corrente sanguínea de vacas lactantes é o precursor

direto da lactose, e o aumento da quantidade de lactose promove acréscimo na

produção de leite, fato esse que pode ser observado com os dados do presente

estudo (Figura 3). Para LUCENA (2003), a lactose é um osmorregulador e o

aumento na produção de leite deve ser acompanhado pelo aumento da

quantidade desse carboidrato, o que foi observado no presente estudo (Tabela 4).

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42

Figura 3 - Produção de leite em função da quantidade de lactose produzida por vacas lactantes alimentadas com dietas contendo diferentes níveis de inclusão do gérmen integral de milho.

Observou-se acréscimo na produção de leite, em decorrência do

aumento do teor de GIM da dieta, o que pode ser atribuído ao maior consumo de

energia nas dietas. O aumento da energia consumida resulta em aumento na

produção de leite, uma vez que há incremento na fonte de energia (glicose)

aumentando a eficiência de produção (DEPETERS & CANT, 1992). A maior

disponibilização de glicose para o animal em lactação melhora o balanço

energético e consequentemente, a produção de leite (HAYES et al., 1996).

Resultados semelhantes foram observados por PEREIRA et al. (2011),

quando trabalharam com a inclusão da torta de girassol na dieta de vacas

lactantes e observaram efeito linear positivo na produção de leite. FERNANDES et

al. (2002) verificaram efeito quadrático na produção de leite (P<0,05), com o

aumento de caroço de algodão na dieta de vacas lactantes.

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Tabela 4. Produção e composição do leite de vacas lactantes alimentadas com diferentes níveis de gérmen integral de milho

Variável Tratamento (% de inclusão GIM na MS)

Regressão

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2 Modelo R2

PL (kg/dia) 23,84 23,94 24,88 25,63 26,15 5,31 0,011 0,944 y=23,624+0,094x 0,96

PLC 3,5% (kg/dia) 25,73 26,19 26,61 26,88 27,22 4,82 0,094 0,998 ns -

Gordura (%) 4,03 4,16 3,98 3,84 3,75 3,89 < 0,001 0,144 y= 4,131-0,0132x 0,76

Proteína (%) 3,42 3,37 3,32 3,32 3,38 2,89 0,446 0,406 ns -

Lactose (%) 4,57 4,55 4,58 4,70 4,71 3,33 0,101 0,827 ns -

NUL (mg/dL) 9,87 11,58 11,71 11,58 10,87 15,00 0,400 0,334 ns -

Gordura (kg/dia) 0,96 0,99 0,99 0,98 0,97 5,34 0,764 0,713 ns -

Proteína (kg/dia) 0,81 0,80 0,82 0,84 0,88 5,91 0,029 0,283 y=0,796+0,003x 0,82

Lactose (kg/dia) 1,09 1,09 1,15 1,20 1,23 6,49 0,005 0,902 y=1,075+0,006x 0,95

Proteína:Gordura 0,85 0,81 0,83 0,86 0,91 5,28 0,012 0,155 y=0,818+0,003x 0,58

PL; Produção de leite, PLC; Produção de leite corrigida, NUL; nitrogênio uréico do leite, R2; Coeficiente de determinação, CV:

coeficiente de variação, P1: Probabilidade do modelo linear e P2: Probabilidade para falta de ajuste; R2: Coeficiente de determinação,

ns: não significativo.

43

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A inclusão de GIM afetou a produção de leite corrigida (P<0,10).

Possivelmente, mesmo não ocorrendo efeito sob a quantidade de gordura

produzida, verificou-se efeito (P<0,05) para a produção de leite e na quantidade

de proteína produzida, componentes esses que influenciam no cálculo da variável

produção de leite corrigida (Tabela 4).

Para a composição do leite, verificou-se redução (P<0,05) na

porcentagem da gordura do leite à medida em que houve aumento do teor de GIM

na dieta (Tabela 4).

Essa redução pode ser explicada pelo aumento do teor lipídico das

dietas, possibilitando a ocorrência da formação de isômero trans-10 C18:1 e seu

ácido linoléico conjugado (CLA) correlato, durante a biohidrogenação dos ácidos

graxos no rúmen (EIFERT et al., 2006). Uma vez que, a gordura presente no GIM

é altamente insaturada (MILLER et al., 2009), há maior probabilidade de formação

deste isômero por biohidrogenação incompleta, conforme descrito por

(CHOUINARD et al., 1999). Para GERVARIS et al., 2009; BAUMGARD et al.,

2002 & BAUMGARD et al., 2000, o CLA trans-10, cis-12 promove inibição da

síntese de novo de ácidos graxos de cadeia curta reduzindo a síntese de gordura

no leite.

ABDELQADER et al. (2009) testaram diferentes dietas para vacas

lactantes e relataram que a inclusão de 2,3% de extrato etéreo proveniente do

GIM, não afetou (P>0,05) a produção e composição do leite, o que também foi

reportado por ARAÚJO (2012), quando avaliou a substituição total do milho grão,

pelo GIM na dieta de vacas lactantes, atingindo teores de 4,2% de extrato etéreo.

MILLER et al. (2009) observaram redução da porcentagem de gordura

do leite em vacas lactantes (3,42% versus 3,25%), cujas dietas continham 5,3%

de EE, sendo 1,6% provenientes do gérmen de milho.

A produção de proteína do leite (kg/dia), aumentou (P<0,05) à medida

em que foi incluído GIM na dieta, fato esse que pode ser explicado pelo aumento

verificado na produção de leite (Tabela 4).

Em função da alteração da porcentagem de gordura, a relação

proteína:gordura apresentou efeito linear crescente (P<0,05) na medida que foi

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adicionado o GIM nas dietas experimentais. Essa relação se encontra na faixa

estabelecida por MUHLBACH (2003) de 0,80 até 1,0.

As porcentagens de proteína e lactose, nitrogênio uréico do leite (NUL,

mg/dL) e produção de gordura do leite (kg/dia) não foram afetados (P>0,05) pelos

tratamentos. Possivelmente, devido o aumento de leite (kg/dia) verificado com a

maior inclusão de GIM na dieta (Tabela 4).

ARAÚJO (2012) trabalhou com a inclusão do GIM em substituição ao

milho grão na dieta de vacas lactantes, analisando efeito sobre a variável

produção de leite corrigida para 3,5% de gordura, porcentagem de proteína e

lactose além da gordura produzida (kg/dia) não encontrou efeito (P>0,05).

Os valores de nitrogênio uréico do leite (NUL mg/dL) estão de acordo

com os valores estabelecidos por JONKER et al. (1998) de 10 a 16 mg/dL para

vacas lactantes. FIGUEIROA (2010) trabalhando com diferentes formas do grão

de girassol na dieta de vacas lactantes, encontrou teores de NUL de 13,85 mg/dL.

O mesmo foi relatado por BARLETTA (2010), trabalhando com diferentes

porcentagens de inclusão de grão de soja integral cru na dieta de vacas leiteiras,

não encontrou diferenças (P>0,05), na produção de leite corrigida, produção de

gordura, porcentagem de proteína, lactose e NUL de 13,89 mg/dL.

Para as dietas com GIM, observou redução na porcentagem de gordura

do leite acompanhada por acréscimo (P<0,05) na produção de leite (23,84 kg/dia

versus 26,15 kg/dia), o que permitiu semelhante produção de gordura no leite

(kg/dia) nos tratamentos.

O uso do GIM na dieta de vacas lactantes promoveu melhoria (P<0,05)

da eficiência alimentar e concentração energética do leite (Tabela 5). A eficiência

alimentar apresentou efeito linear crescente (P<0,05) nos tratamentos, com maior

inclusão do GIM, provavelmente, devido ao aumento da produção de leite

(P<0,05) e a manutenção do CMS, confirmando que a maior densidade energética

da dieta promove aumento da eficiência produtiva de vacas leiteiras (DEPETERS

& CANT, 1992). Esses valores foram semelhantes aos observados por ARAÚJO

(2012) quando trabalhou com a substituição total do milho grão, pelo GIM na dieta

de vacas lactantes, atingindo teores de 4,2% de extrato etéreo.

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Tabela 5. Eficiência alimentar, concentração energética do leite e energia da lactação de vacas lactantes alimentadas

com diferentes teores de gérmen integral de milho na dieta

Variável Tratamento (% de inclusão do GIM MS)

Regressão

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2 Modelo R2

Eficiência Alimentar (EA) 1,21 1,24 1,25 1,25 1,32 5,44 0,040 0,699 y=1,207+0,003x 0,78

EA corrigida 1,30 1,35 1,34 1,31 1,38 5,39 0,309 0,509 ns -

Conc. de energia (Mcal/kg) 0,74 0,75 0,73 0,73 0,72 1,87 0,002 0,362 y=0,786-0,013x 0,81

Energia da lactação (Mcal/dia) 17,63 17,94 18,26 18,50 18,75 4,96 0,071 0,907 ns -

EA = PL/CMS; EA corrigida= PLC/CMS. R2; Coeficiente de determinação, CV: coeficiente de variação, P1: Probabilidade do modelo linear e P2:

Probabilidade para falta de ajuste; R2: Coeficiente de determinação, ns: não significativo.

46

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Para a concentração energética do leite produzido verificou-se redução

linear (P<0,05), o que provavelmente esteja relacionado à redução da

porcentagem de gordura do leite (Tabela 5). Os resultados obtidos para a

concentração energética e a porcentagem de gordura do leite são semelhantes

aos encontrados por EIFERT et al. (2006), trabalhando com óleo de soja e

diferentes fontes de carboidratos na dieta de vacas lactantes.

Observou-se menor concentração de gordura no leite das vacas com

maior teor de GIM, proporcionando leite com menor concentração calórica,

embora não tenham diferido entre si na energia líquida de lactação (Mcal/dia). Há

com isso efeito da diluição, pois, apesar da pequena resposta, a redução na

concentração energética foi compensada pela maior produção de leite.

Mesmo em razão das diferentes proporções dos constituintes do leite, a

energia da lactação (Mcal/dia) apresentou aumento (P>0,10), devido à maior PL

(kg/dia) (P<0,05). Tal fato sugere que há efeito de diluição e que, apesar da

pequena resposta, a redução na concentração energética foi compensada pela

maior produção de leite, seguindo comportamento semelhante com a produção de

leite corrigida e a eficiência alimentar corrigida (Tabela 5).

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4. CONCLUSÃO

A inclusão de GIM na dieta até alcançar nível de 5,1% de extrato etéreo

na matéria seca da dieta, não afetou a produção e composição do leite.

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raça e da alimentação sobre a produção e a qualidade do leite de cabra na região nordeste do Brasil. 2003. 118f. Tese (Departamento de Nutrição), Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE.

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CAPÍTULO 3

METABOLISMO RUMINAL DE VACAS LACTANTES SUPLEMENTADAS COM

LIPÍDIOS

RESUMO

Objetivou-se avaliar o efeito da substituição do milho grão pelo gérmen integral de milho na dieta de vacas lactantes, sobre as variáveis digestibilidade da matéria seca, extrato etéreo, proteína bruta, fibra em detergente neutro e carboidrato não fibroso além dos parâmetros ruminais. Utilizou-se cinco vacas leiteiras, mestiças, canuladas no rúmen, com aproximadamente 100 dias de lactação e peso médio de 490 kg de peso vivo. Os tratamentos foram (0,0; 6,7; 13,5; 20,1 e 26,9%) de GIM em substituição ao milho grão moído. Foi utilizado o delineamento em quadrado latino 5 x 5, totalizando 105 dias, subdividido em cinco períodos de 21 dias cada, sendo 13 dias de adaptação e oito dias de colheita de dados. Avaliou-se a digestibilidade da matéria seca, extrato etéreo, proteína bruta, fibra em detergente neutro e carboidrato não fibroso utilizando o dióxido de titânio nos dias 9 a 18 do período experimental (PE), sendo sete dias para adaptação e três dias para coleta das fezes, além dos parâmetros ruminais colhidos no último dia de cada (PE). Para as variáveis da digestibilidade o coeficiente de digestibilidade do extrato etéreo apresentou diferença (P<0,05). Para a concentração de AGCC, pH e nitrogênio amoniacal não foram verificadas diferenças significativas (P>0,05). A inclusão de gérmen integral de milho em até 26,9% substituindo o milho grão da dieta de vacas lactantes, não afeta o metabolismo ruminal. Palavras-chave: digestibilidade, gordura, parâmetros, rúmen

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RUMINAL METABOLISM OF LACTATING COWS SUPPLEMENTED WITH FAT

ABSTRACT This study aimed to evaluate the effect of replacing corn grain by corn germ meal in the diet of lactating cows on variables digestibility of dry matter, ether extract, crude protein, neutral detergent fiber and non-fiber carbohydrate in addition to ruminal fermentation. Five multiparous dairy cows, cannulated in the rumen, at 100 days of lactation, weighing 490 kg, approximately, were tested.. Treatments were consisted of 0; 6.70; 13.50; 20.10 and 26.90 % of lipid, from whole corn germ, to replace corn meal. The experimental design was a 5 X 5 Latin square, totaling 105 days, sub divided in five periods of 21 days each: 13 days for adaptation and eight days for data collection. DM digestibility and nutrients were evaluated using titanium dioxide from the ninth to the 18 day of the experimental period, being seven days for adaptation and three days for feaces collection and ruminal parameters were recorded on the last day of each period. For the variables digestibility, the coefficient of digestibility of ether extract showed difference (P<0.05). For AGCC concentration, pH and ammoniacal nitrogen significant differences were not observed (P>0.05). Based on the data obtained, the inclusion of up to 26.9% whole corn germen to the diet of lactating cows to replace corn can occur without affecting the ruminal metabolism of these animals. Key words: digestibility, fat, parameters, rumen

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1. INTRODUÇÃO

Modificações nas características da dieta podem ser responsáveis por

várias alterações no metabolismo ruminal, nos processos digestivos e,

consequentemente, dos nutrientes que chegam ao duodeno. Apesar dessas

alterações, a inclusão de produtos com lipídios na dieta de ruminantes é uma

alternativa para o atendimento às exigências de energia, especialmente de vacas de

alta produção leiteira.

O uso de fontes de lipídios, tanto de origem animal quanto vegetal, em

dietas para ruminantes ainda é motivo de muitas divergências, sendo os fatores com

ação potencial a aceitabilidade das dietas, o efeito sobre a fermentação ruminal, a

fonte usada, sua quantidade na dieta e a digestibilidade intestinal.

A adição de gordura á dieta surge como alternativa para aumentar a

densidade energética da dieta, sem alterar a ingestão de carboidratos não estruturais

e sem diminuir a ingestão da fibra (SALLA et al., 2003). No entanto, alguns tipos de

gorduras suplementares podem alterar a composição e as características físico-

químicas do leite, como no caso daquelas com elevado teor de ácidos graxos

insaturados (SANTOS et al., 2001). A seleção da fonte de gordura para uso em

dietas de vacas lactantes é baseada na capacidade de melhorar a produção leiteira

em relação ao seu custo de aquisição (MILLER et al., 2009).

O gérmen integral de milho (GIM) é um coproduto de interesse, tendo em

vista seu alto teor de gordura (ARAÚJO, 2012). Por ser usado na formulação de

rações é indicado para bovinos com aptidão de leite e carne devido à energia,

proteína, fibras e baixo teor de amido em comparação ao milho grão

(ABDELQADER, 2009). A principal vantagem do uso de GIM é a maximização da

ingestão calórica, essencial para manutenção da produção e da condição corporal

dos animais.

O GIM possui baixos teores de carboidratos não fibrosos, principalmente

amido, conferindo característica energética com potencial para maximizar a ingestão

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calórica e minimizar a predisposição das vacas lactantes às variações bruscas do pH

ruminal (ARAÚJO, 2012).

A inclusão de coprodutos da industrialização do milho em dietas de

bovinos vem se tornando realidade na suplementação alimentar, pois apresenta

valores nutritivos potenciais para garantir bom desempenho dos animais (SILVA et

al., 2004), reduzir os custos de produção e, aumentar a disponibilidade de grãos para

alimentação humana.

O GIM coproduto da industrialização do milho é uma opção interessante

para substituição dos grãos de cereais na alimentação de ruminantes e não

ruminantes. Este coproduto apresenta elevados teores de extrato etéreo, fibra e

níveis adequados de proteína (ARAÚJO, 2012) e sua utilização na formulação de

dietas para bovinos, possibilita aumentar a densidade energética da dieta e melhorar

a eficiência alimentar dos animais.

O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o efeito do

aumento do teor de lipídios da dieta através da inclusão do gérmen em substituição

ao milho moído, sobre a digestibilidade aparente da: matéria seca, proteína bruta,

extrato etéreo, fibra em detergente neutro e carboidrato não fibroso.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Local, animais e instalações

O experimento foi conduzido no Setor de Bovinocultura do Instituto

Federal Goiano - Câmpus Ceres, no município de Ceres-GO, a 15º 21’02,5” S e 49º

35’53,8” W Gr, no período de junho a outubro de 2011 e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa Animal do Instituto Federal Goiano (003/2011).

Foram utilizadas cinco vacas mestiças, multíparas, com peso médio de

490 kg de peso vivo e aproximadamente 100 dias de lactação, canuladas no rúmen,

e distribuídas em um quadrado latino 5 x 5. Os animais receberam injeções

subcutâneas na prega da cauda de 500 mg de somatropina bovina sintética (bST) a

cada 14 dias durante o experimento, sendo a primeira dose aplicada uma semana

antes do início do primeiro período experimental.

As vacas foram mantidas confinadas em baias individuais, com

comedouros e bebedouros e área de 48 m², cobertas por telha de barro na linha

central do comedouro e sombrite na área de descanso. As baias possuíam 50% do

piso de bloquete, sobre o qual foi colocado areia, com a finalidade de servir de cama

e o restante do piso era de chão batido.

A temperatura ambiente foi mensurada diariamente com auxílio de um

termômetro digital localizado na baia do centro e a umidade relativa do ar com o

auxílio da estação meteorológica localizada no IF Goiano - Câmpus Ceres. Ao longo

do experimento foram encontrados os seguintes valores para temperatura: mínima

15,6ºC; média de 25,7ºC e máxima de 35,9ºC e umidade relativa do ar média de

55,4%.

2.2. Tratamentos e dietas experimentais

O período experimental foi de 105 dias com cinco subperíodos de 21 dias,

sendo 13 dias de adaptação e oito de coleta de dados. Os tratamentos consistiram

da inclusão de gérmen integral de milho (GIM) em substituição ao milho moído, com

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base na matéria seca das dietas da seguinte forma: GIM 0 dieta com 0,0% de

inclusão do GIM; GIM 6,7 dieta com 6,7% de inclusão do GIM; GIM 13,5 dieta com

13,5% de inclusão do GIM; GIM 20,1 dieta com 20,1% de inclusão do GIM e GIM

26,9 dieta com 26,9% de inclusão do GIM.

As dietas experimentais foram formuladas utilizando como referência o

NRC (2001) para atender as necessidades de vacas com 490 kg de peso corporal,

100 dias de lactação, 26 kg de leite/dia, com 3,8% de gordura e 3,3% de proteína no

leite de forma que fossem isoprotéica e isofibrosa. As composições químicas dos

ingredientes das dietas estão na Tabela 1.

Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes das dietas com base na matéria

seca

Ingrediente MS MO MM PB EE FDN CT CNF

Silagem milho 30,9 95,3 4,7 6,7 2,7 57,8 85,9 28,1

Farelo de soja 88,8 94,1 5,9 46,7 2,8 15,7 44,6 28,9

Milho moído 89,8 94,2 5,8 9,1 3,6 12,7 81,5 68,8

Gérmen milho 90,2 96,8 3,2 10,5 11,0 15,7 75,3 59,6

Casca de soja 91,9 94,4 5,6 10,7 1,8 69,3 81,9 12,6

MS: Matéria Seca; MO: Matéria orgânica, MM: Matéria Mineral; PB: Proteína Bruta; EE: Extrato Etéreo; FDN: Fibra em Detergente Neutro; CT: Carboidratos Totais; CNF: Carboidrato não Fibroso.

As dietas foram fornecidas duas vezes por dia às 8h00m e 16h00m na

forma de dieta total, tendo como volumoso a silagem de milho, sendo oferecidas 40%

pela manhã e 60% à tarde, em quantidade que assegurasse consumo à vontade com

sobras de no máximo 10% do total oferecido. A proporção dos ingredientes e

composição química das dietas experimentais está descrita na Tabela 2.

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Tabela 2. Percentual dos ingredientes e composição química das dietas experimentais com base na matéria seca

Ingredientes Tratamentos (Dietas - % de inclusão do GIM na MS)

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9

Silagem de milho 58,9 58,9 58,9 58,9 58,9

Milho moído 17,3 12,3 8,3 3,9 0,0

Farelo de soja 11,5 11,5 11,5 11,5 11,5

Gérmen integral de milho 0,0 6,7 13,5 20,1 26,9

Uréia+Sulfato de Amônio 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6

Casca de soja 9,5 7,8 5,2 2,9 0,0

NaCl 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Calcário calcítico 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6

Núcleo1 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3

Composição química (%MS) Matéria Seca 55,3 55,8 55,3 55,7 55,5

Matéria Orgânica 94,3 94,5 94,5 94,3 94,0

Matéria Mineral 5,7 5,5 5,5 5,6 5,9

Proteína Bruta 14,2 14,2 14,1 14,2 14,1

Extrato Etéreo 2,9 3,5 4,0 4,5 5,1

FDN 43,6 43,6 42,6 42,6 42,7

Carboidrato Total 77,2 76,8 76,4 75,7 74,9

CNF 34,5 34,1 34,5 34,0 32,9 1 Composição por kg/produto, Vitamina A (min) 350.000 UI, Vitamina D3 (min) 87.500 UI,Vitamina E (min) 350 UI, Ferro (min) 3.500 mg, Cobre (min) 1.050 mg, Manganês (min) 2.100 mg, Zinco (min) 3.500 mg, Iodo (min) 28 mg, Cobalto (min) 17,5 mg, Selênio (min) 21 mg, Magnésio (min) 2.100 mg, Enxofre (min) 5.600 mg, BHT 140 mg, FDA (max) 1.000 mg, Cálcio (max) 270 g, Cálcio (min) 220g, Fósforo (min) 50g, Umidade (máx) 80g, Matéria Mineral (max) 950 g, Fibra Bruta (máx) 40g. FDN: Fibra em detergente neutro; CNF: Carboidrato não fibroso.

Amostras de silagem de milho foram coletadas quinzenalmente para

ajuste da quantidade da matéria seca fornecida. Durante o período de coletas, em

cada refeição, foram colhidas alíquotas da silagem, da dieta total e da sobra, ao final

de 24 h. Em seguida as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos

devidamente identificados e armazenados em freezer a aproximadamente - 20ºC.

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Ao término de cada período experimental as amostras foram

descongeladas em temperatura ambiente,misturadas por tratamento, em recipiente

plástico e homogeneizadas. Dessa mistura foi retirada uma alíquota e colocada em

estufa de ventilação forçada a 60ºC por 72h. Após a secagem essas amostras foram

moídas em moinho do tipo Willey com peneira de crivos de 1 mm e armazenadas em

frascos plásticos hermeticamente fechados para posterior determinação da matéria

seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), matéria

orgânica (MO) e Fibra em Detergente Neutro (FDN) segundo SILVA & QUEIROZ

(2002).

O carboidrato total (CT) e não-fibroso (CNF) foram calculados usando as

equações CT= 100 - (%PB +%EE + % MM) descrita por SNIFFEN et al. (1992), e

CNF= 100 – [(%PB - %PB derivada da uréia + %uréia) + % FDN + %EE + %MM]

adaptado de HALL (2000).

2.3 Ensaio de Digestibilidade

Para determinação do coeficiente de digestibilidade da MS das dietas foi

utilizado como indicador externo o dióxido de titânio (TiO2), colocado diretamente no

rúmen através da cânula ruminal. Os envelopes com o TiO2 foram colocados no

rúmen as 8h00m, na dosagem de 10 g/animal/dia (FERREIRA et al., 2009a), do 9º

ao 18º dia de experimentação.

O período compreendido entre o 9º e 15º dia de cada período

experimental foi usado para adaptação dos animais. Do 16° ao 18º dia (FERREIRA

et al., 2009a; INCT-CA, 2009) foram coletadas 300 g de fezes diretamente do reto do

animal, nos seguintes horários (FERREIRA et al., 2009b):

16° dia – 6h00m e 10h00m.

17°dia – 8h00m e 12h00m.

18° dia – 10h00m e 14h00m.

Em seguida as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos

devidamente identificados e armazenados em freezer a - 20ºC.

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Ao final de cada período experimental amostras de fezes foram

transportadas para o Laboratório de Bovinocultura do IFGoiano - Câmpus Ceres o

descongeladas em temperatura ambiente, misturadas e homogeneizadas para

formação de uma amostra composta por tratamento. Posteriormente, foram secadas

a 60ºC por 72h, em estufa de ventilação forçada e em seguida moídas em moinho do

tipo Willey, com peneira de crivo de 1 mm, e colocadas em recipientes plástico

hermeticamente fechados, devidamente identificados para determinação do teor de

dióxido de titânio segundo (MYERS et al., 2004).

As quantidades de TiO2 foram determinadas utilizando espectrofotômetro

de absorvância, ajustado ao comprimento de onda de 410 nm com curva padrão

preparada nas concentrações de 0, 2, 4, 6, 8 e 10 mg de TiO2. Com os valores

encontrados foi calculada a produção fecal de acordo com BERCHIELLI et al. (2006),

para posterior cálculo da digestibilidade das dietas, foi usada a seguinte equação.

Produção Fecal (g/dia) = quantidade de marcador ingerido (g) concentração do marcador nas fezes (g)

Na determinação da digestibilidade aparente (DA, %) dos nutrientes (PB,

EE, FDN, CNF e MS) foi utilizada a equação proposta por SILVA & LEÃO (1979) em

que:

DA % = {(nutriente ingerido – nutriente nas fezes) / nutriente ingerido} * 100.

2.4 Parâmetros de fermentação ruminal

As coletas de líquido ruminal para determinação dos parâmetros ruminais

pH, N-NH3 e ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), foram realizadas no 21° dia de

cada subperíodo experimental, onde amostras foram coletadas em quatro pontos do

rúmen nos horários: 0, 2, 4, 6, 8 h, após as refeições da manhã e tarde. O material

coletado foi filtrado em camadas de gaze a fim de se obter duas alíquotas de 40 mL

de líquido ruminal, procedendo-se à imediata determinação do pH, em potenciômetro

digital de bancada, marca HANNA®, calibrado com soluções tampão de pH 4,0 e 7,0.

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Em seguida foi adicionado 1 mL de ácido sulfúrico (50% v/v) à alíquota de 40 mL

para determinação de N-NH3 e em outra alíquota 10mL de ácido fosfórico para

AGCC, e acondicionadas em recipientes hermeticamente fechados, identificados e

congelados a -20ºC para posterior determinação de N-NH3 (nitrogênio amoniacal) e

AGCC.

A determinação do N-NH3 foi realizada pela destilação de 20 mL do líquido

ruminal, adicionado a 10 mL de solução CaCl2 a 25% e 1 g de óxido de magnésio

(PA) em aparelho de destilação micro Kjeldahl, e titulado com ácido clorídrico a 0,1N

conforme técnica de VIEIRA (1980).

As análises de AGCC do fluído ruminal, foram transportadas para o

Laboratório de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) da ESALQ em Piracicaba-

SP, onde, após serem descongeladas, foi amostrado 1,6 mL do fluído ruminal de

cada amostra e adicionado 0,4 mL de solução 3:1 de ácido metafosfórico a 25% e

ácido fórmico a 98-100% e mais 0,2 mL de solução de ácido 2-etil-butírico a 100 mM

(padrão interno) centrifugadas por 15 minutos a 4ºC. Após a centrifugação em média

1,2 mL foi transferido para o vial cromatógrafo e posteriormente foram encaminhadas

até o Laboratório de Reprodução Animal da ESALQ para leitura em cromatógrafo

gasoso. As concentrações dos AGCC foram determinadas seguindo as condições

cromatográficas do fabricante (HEWLETT PACKARD, 1998) com modificações.

Injetou-se 1µL de amostra em cromatógrafo gasoso (CG HP 7890A; Injetor HP

7683B, Agilent Technologies, Palo Alto, CA, EUA), equipado com coluna capilar de

sílica fundida (J & W 112-88A7, Agilent Tecnologies), de 100 m de comprimento e

250 µm de diâmetro interno, contendo 0,20 µm de cianopropil policiloxano. A injeção

foi realizada de maneira automática, com o gás H2, mantido em fluxo de 31,35

mL/min. A temperatura do injetor e detector foi de 260ºC.

A curva de calibração externa foi feita com padrões cromatográficos

(Chem Service, West Chester, PA, EUA) de ácido acético (99,5%; CAS 64-19-97),

propiônico (99%; CAS 79-09-4), isobutírico (99%; CAS 79-31-2), butírico (98,7%;

CAS 107-92-6), isovalérico (99%; CAS 503-74-2) e valérico (99%; CAS 109-52-4). A

solução-padrão de maior concentração (denominada “super-alta”) continha 200 mM

de ácido acético, 54 mM de ácido propiônico, 6 mM de ácido isobutírico, 45 mM de

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ácido butírico, 9 mM de ácido isovalérico e 9 mM de ácido valérico. As soluções –

padrão subseqüentes foram obtidas diluindo-se a solução “super alta”por ½ (“alta”),

¼ (“média), 1/8 (“baixa”) e 1/16 (“super-baixa”).

Os dados se deram por meio do software Chem Station (Agilent

Tecnologies). O gás N2 foi utilizado como compensador, com fluxo de 30 mL/min. A

identificação dos ácidos graxos das amostras foi realizada com base no tempo de

retenção dos ésteres metílicos dos ácidos graxos dos padrões.

2.5 Análises estatística

O experimento instalado foi delineado em quadrado latino, com o modelo

estatístico: Yijk = µ + Ti + Aj + Pk + eijk, em que:

Yijk = valor observado no tratamento i, animal j e período k; µ = média geral do

experimento; Ti = efeito do tratamento i; Aj = efeito do animal j; Pk = efeito do período

k; eijk = efeito do erro aleatório associado a observação Y/ijk.

A digestibilidade e os parâmetros ruminais, foram avaliados através da

regressão polinomial, tendo os tratamentos quantitativos (GIM 0,0; GIM 6,7;

GIM13,5; GIM 20,1 e GIM 26,9%) como variável resposta. Os modelos de regressão

foram submetidos à análise de variância considerando o delineamento em quadrado

latino, com teste para a falta de ajuste. Foram selecionados os modelos onde os

regressores foram significativos e a falta de ajuste não significativa, adotando-se o

nível de significância de 5%. Todas as análises foram realizadas com auxílio do

software R (R Development Core Team, 2013) version 2.15.3 (2013-03-01).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A inclusão do GIM nas dietas de vacas lactantes afetou (P<0,05) a

digestibilidade do EE (Tabela 3). Observou-se que, aumentando os teores de GIM

das dietas, há aumento linear na digestibilidade do EE, possivelmente, devido o GIM

ser rico em lipídios insaturados, proporcionando no intestino delgado uma

digestibilidade maior.

Para MAIA et al. (2006) o aumento da digestibilidade é atribuída à fonte

lipídica utilizada. MILLER et al. (2009) considera que em dietas com alimentos ricos

em ácidos graxos insaturados, como o GIM, há aumento da digestibilidade dos

lipídios, pois ocorre a formação de monoglicerídios no intestino, que atuariam como

agente emulsificante, facilitando a formação de micelas e, consequente melhor

absorção o que poderia justificar o aumento da digestibilidade do EE neste estudo.

ARAÚJO (2012) quando trabalhou com a inclusão do GIM em substituição

ao milho grão na dieta de vacas lactantes, sobre a variável digestibilidade da

proteína, também encontrou efeito crescente (P<10) na medida em que ocorreu o

aumento de GIM na dieta de vacas lactantes.

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Tabela 3. Digestibilidade dos nutrientes por vacas lactantes ingerindo dietas com diferentes níveis de gérmen integral de milho

Variável

Tratamentos (% de inclusão GIM na MS) Regressão

0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2 Modelo R2

Matéria Seca 65,05 63,36 62,72 64,85 64,05 4,07 0,880 0,439 y=ns -

Proteína Bruta 69,08 69,23 68,64 71,19 71,19 3,27 0,090 0,588 y= ns -

Extrato Etéreo 78,34 81,83 80,33 84,36 84,86 2,36 <0,001 0,029 y=70,396+2,887x 0,81

FDN 53,56 53,14 53,31 53,03 53,81 5,28 0,931 0,977 y=ns -

CNF 75,10 72,29 73,55 75,91 74,74 3,21 0,331 0,077 y=ns -

FDN: fibra em detergente neutro, CNF: Carboidrato não-fibroso, CV: coeficiente de variação, 1P: Probabilidade para efeito do modelo linear, P2: Probabilidade para falta de ajuste, R2: Coeficiente de determinação, ns: não significativo.

51 65

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Os parâmetros ruminais (pH, N-NH3 e AGCC) analisados não

apresentaram diferenças (P>0,05) na interação tratamento versus tempo de

coleta. A concentração e proporção do AGCC total, acetato, propionato, butirato,

isobutirato, isovalerato e valerato, proporção do acetato, isovalerato, valerato, pH

e nitrogênio amoniacal não apresentaram efeito (P>0,05) com aumento de GIM

nas dietas (Tabela 4).

As concentrações de AGCC total obtidas neste estudo estão de acordo

com GOULARTE et al. (2011) que encontraram valores entre 60 e 150mM/mL de

líquido ruminal. Entretanto, está acima dos valores reportados por ARAÚJO

(2012), trabalhando com GIM na alimentação de vacas lactantes em três dietas

(0% GIM; 80,69 mM/mL, 50% GIM; 78,22 mM/mL e 100% GIM; 80,04 mM/mL).

Possivelmente, os valores para AGCC total foram menores, pois os animais

apresentaram consumo de matéria seca (17,77 kg de MS/ dia) inferiores, aos do

presente estudo (19,82 kg de MS/dia).

A porcentagem do butirato teve redução (P<0,05), provavelmente em

função dos lipídios presentes no GIM terem efeito tóxico sobre os protozoários,

que atuam como agentes defaunadores especialmente sobre bactérias amilolíticas

e proteolíticas (MOSS et al., 2000). Para NAGARAJA et al. (1997), este efeito

deve-se principalmente a toxicidade de ácidos graxos livres no meio aos

protozoários.

Desta forma, bactérias amilolíticas e proteolíticas podem ter sido

beneficiadas e as celulolíticas e metanogênicas prejudicadas, resultando em

aumento de ácido propiônico e redução de acético e butírico (BALIEIRO-NETO &

MELIOTI, 2007)

Verificou-se aumento (P<0,10) sobre a concentração e a porcentagem

do AGCC propionato. Esse aumento ocorreu provavelmente, devido à redução na

concentração do butirato e porcentagem do acetato. Sendo a redução do butirato

em decorrência do efeito defaunador e a redução do acetato atribuída à maior

presença de lipídios insaturados nos tratamentos com maior inclusão do GIM,

ocasionado maior inibição das bactérias ruminais gram-positivas e promovendo

maior estímulo às produtoras de propionato (NAGARAJA et al., 1997).

59

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67

Tabela 4. Concentração e proporção molar de ácidos graxos de cadeia curta e valores de pH e amônia ruminal em função de dietas com diferentes teores de gérmen de milho

Variável

Tratamento Tratamentos (% de inclusão GIM na MS) Regressão

0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2

Modelo R2

Total AGCC (mM1) 96,33 100,70 97,92 105,20 99,53 8,75 0,424 0,591 y=ns -

Acetato C2 (mM) 63,65 65,86 64,12 68,20 65,35 8,48 0,507 0,719 y=ns -

Propionato C3(mM) 18,54 19,45 19,77 21,79 20,48 11,19 0,098 0,512 y=ns -

RelaçãoC2:C3(mM) 3,51 3,43 3,27 3,16 3,25 9,25 0,125 0,837 y=ns -

Butirato (mM) 10,33 11,64 10,26 11,15 9,82 14,83 0,512 0,278 y=ns -

Isobutirato (mM) 0,80 0,78 0,76 0,87 0,76 11,84 0,941 0,180 y=ns -

Isovalerato (mM) 1,75 1,68 1,75 1,79 1,75 13,62 0,734 0,941 y=ns -

Valerato (mM) 1,27 1,30 1,24 1,40 1,36 13,67 0,318 0,725 y=ns -

Acetato C2 (%) 66,18 65,50 65,50 64,83 65,68 21,60 0,530 0,453 y=ns -

Propionato C3 (%) 19,13 19,23 20,15 20,72 20,00 7,32 0,068 0,900 y=ns -

Butirato (%) 10,70 11,49 10,51 10,58 9,86 7,84 0,042 0,227 y=11,156–0,003x 0,51

Isobutirato (%) 0,83 0,78 0,78 0,83 0,77 6,92 0,245 0,126 y=ns -

Isovalerato (%) 1,83 1,71 1,79 1,71 1,76 14,18 0,743 0,892 y=ns -

Valerato (%) 1,31 1,29 1,27 1,33 1,37 10,06 0,451 0,795 y=ns -

pH 6,20 6,09 6,11 6,06 6,10 2,54 0,330 0,429 y=ns -

N-NH3 (mg/dL) 20,49 18,99 18,21 18,90 16,96 15,25 0,116 0,845 y=ns -

1mM: milimol, CV: coeficiente de variação, P1 (MOD): probabilidade para efeito do modelo linear, e P2 (FA): probabilidade para falta de ajuste,

R2: Coeficiente de Determinação, ns: não significativo.

67

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68

Na Figura 1, encontram-se os valores do pH ruminal em função dos

tempos de coleta. Observou redução nos valores de pH logo após a ingestão das

refeições 8h00m e 16h00m. De acordo com ØRSKOV (1986) a redução do pH

ruminal, ocorre principalmente, após a rápida digestão do alimento, em virtude de

elevadas taxas de degradação, atingindo seu menor valor entre 0,5 e 4 horas após

a alimentação.

Figura 1 - Variação do pH ruminal em função do tempo após a alimentação matinal.

Os valores encontrados para o pH (Tabela 4) não afetaram a

digestibilidade da FDN, pois, mesmo tendo ocorrido valores abaixo de 6,2, não

houve intervalo suficiente para comprometer a digestibilidade da FDN. De acordo

com VAN SOEST (1994) as bactérias fibrolíticas têm seu máximo desempenho

em pH na faixa de 6,7 ± 0,5, pois em pH abaixo de 6,2 há aumento do tempo de

colonização da fibra inibindo a sua degradação. Para de VETH & KOLVER (2001),

a digestibilidade da FDN é reduzida quando o pH ruminal permanece por mais de

quatro horas em valores abaixo de 6,0, indicando que a média do pH, como

também suas flutuações diárias, influenciam a atividade microbiana.

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69

Na Figura 2, encontram-se os valores médios de nitrogênio amoniacal

em função dos tempos de coleta. A inclusão de GIM na alimentação das vacas

lactantes não afetou (P>0,05) a concentração de nitrogênio amoniacal (N-NH3).

Figura 2 - Variação do nitrogênio amoniacal em função do tempo após a alimentação matinal.

As maiores concentrações de nitrogênio amoniacal foram registradas

em todos os tratamentos por volta de 2 h, após as refeições, com média de 28,15

mg/dL e as menores concentrações em torno de 6 e 16 h após as refeições, com

média de 15,54 mg/dL. Resultados semelhantes quanto ao pico de produção do

nitrogênio amoniacal foram relatados por VASCONCELOS et al. (2010), em

trabalho com três tempos de coleta (0, 2 e 4) conduzido com dietas utilizando

farelo de soja (9,39 mg/dL; 23,51 mg/dL; 8,32 mg/dL respectivamente), soja crua

(8,34 mg/dL; 16,26 mg/dL; 6,68 mg/dL respectivamente), soja tostada (7,57 mg/dL;

10,33 mg/dL; 5,84 mg/dL respectivamente) e farelo de soja + uréia (5,61 mg/dL;

34,82 mg/dL; 12,90 mg/dL respectivamente).

As concentrações de nitrogênio amoniacal apresentaram valores

(P>0,05), variando para o tratamento GIM 0 e GIM 26,9; 20,68 mg/dL e 18,97

mg/dL respectivamente. Segundo COLLINS & PRITCHARD (1992), o valor

limitante da fermentação ruminal se encontra entre 5 a 8 mg de N-NH3/100 mL de

GIM 0,0

GIM 6,7

GIM 13,5

GIM 20,1

GIM 26,9

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líquido ruminal, e que de acordo com LENG & NORLAN (1984) os valores de N-

NH3 sofrem variação em função da dieta, devendo estar entre 15 a 20 mg/dL.

62

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71

4. CONCLUSÃO

O aumento da % EE da dieta até 5,1% da MS através da inclusão de

26,9% GIM não afetou os parâmetros ruminais e a digestibilidade.

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CAPÍTULO 4

COMPORTAMENTO INGESTIVO DE VACAS MESTIÇAS ALIMENTADAS COM

LIPÍDIOS

RESUMO

Avaliou-se a inclusão do gérmen integral de milho (GIM) em substituição ao milho grão moído na dieta de vacas lactantes, sobre o comportamento ingestivo, o tamanho médio das partículas e da fração não degradável. Foram utilizadas cinco vacas leiteiras mestiças, canuladas no rúmen, multíparas, com aproximadamente 100 dias de lactação, com peso médio de 490 kg de peso vivo. Os tratamentos foram (0,0; 6,7; 13,5; 20,1 e 26,9%) de GIM em substituição ao milho grão moído. Foi utilizado o delineamento em quadrado latino 5 x 5, totalizando 105 dias, subdividido em cinco períodos de 21 dias cada, sendo 13 dias de adaptação e oito dias de colheita de dados. Os tratamentos foram definidos de acordo com a inclusão de GIM nas dietas. Avaliou-se comportamento ingestivo nos dias 14 e 15 do período experimental (PE), o tamanho médio das partículas no dia 17 do PE, fração não degradável da MS e FDN do feno de tifton 85 a fim de verificar o padrão de fermentação nos dias 18 a 20 do PE. Não foram encontradas diferenças (P>0,05) para as variáveis analisadas. A inclusão de gérmen integral de milho substituindo o milho grão em até 26,9% na dieta de vacas lactantes, possa ocorrer sem afetar o comportamento desses animais. Palavras-chave: ingestão, ócio, ruminação, vacas leiteiras

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PERFORMANCE OF LACTATING CROSSBRED COWS FEEDING

ABSTRACT

We evaluated the effect of including corn germ meal (CGM) replacing ground corn grain in the diet of lactating cows on feeding behavior, average particle size and non-degradable fraction. Five multiparous dairy cows, cannulated in the rumen, at 100 days of lactation, weighing 490 kg, approximately, were tested... Treatments were consisted of 0; 6.70; 13.50; 20.10 and 26.90 % of lipid, from whole corn germ, to replace corn meal. The experimental design was a 5 X 5 Latin square, totaling 105 days, sub divided in five periods of 21 days each: 13 days for adaptation and eight days for data collection. Treatments were selected following the inclusion of CGM to the diets. The following evaluations were performed: ingestive performance on the 14 and 15 days of the experimental period, particles average size on the 17 day, and nondegradable fraction of DM and FDN of Tifton 85 hay to check the fermentation pattern on the 16 and 18 days. There were no differences (P>0.05) for any of the variables tested. Based on the analyzed data, the inclusion of up to 26.9% whole corn germ to replace corn meal in the diet of lactating cows can occur without affecting the performance of these animals. Key words: dairy cows, ingestion, leisure, rumination

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77

1. INTRODUÇÃO

O conhecimento sobre o comportamento ingestivo de vacas lactantes

pode ser uma ferramenta para a implantação de uma estratégia de manejo alimentar

do rebanho que promova aumento da produtividade animal.

A caracterização do comportamento ingestivo se dá através da

distribuição desuniforme de uma sucessão de padrões definidos e discretos de

atividades, comumente classificadas como ingestão, ruminação e descanso ou ócio

(PENNING et al., 1991). Para BEZERRA et al. (2002), esses padrões pode sofrer

influência de diversos fatores de natureza alimentar, como a composição dos

alimentos e a forma física com que estes são fornecidos. Segundo MERTENS

(1994), a palatabilidade, textura e aparência visual além das interações podem

influenciar na ingestão do alimento.

A observação das diferenças no comportamento ingestivo dos animais em

função dos períodos do dia servem de subsídio para se adotar práticas de manejo

que favoreçam o melhor desempenho dos animais em função do seu comportamento

e ainda tem como finalidade estudar os efeitos dos alimentos ingeridos ou

quantidade e qualidade dos nutrientes, em que, através do mesmo pode-se obter

melhor desempenho dos animais.

Os ruminantes possuem elevada capacidade de utilização de resíduos e

coprodutos, entretanto as propriedades físicas e químicas dos coprodutos diferem

das plantas forrageiras, o que torna sua degradação e passagem pelo trato

gastrintestinal diferente, podendo afetar o comportamento ingestivo, que é

influenciado pela estrutura física e pela composição química das dietas (CARVALHO

et al., 2004).

A intensificação dos sistemas de produção de leite demanda cada vez

mais, o uso da suplementação concentrada, buscando juntamente com a genética, a

obtenção de maior eficiência produtiva. Vacas com potencial leiteiro apresentam

elevada exigência de energia. Logo, a adição de lipídios na ração de vacas lactantes

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tem recebido atenção, principalmente pelo fato do aumento da produção de leite e

consequentemente aumento da exigência de energia.

A adição de gordura á dieta surge como alternativa para elevar o nível

energético da dieta, sem aumentar a ingestão de carboidratos não estruturais e sem

diminuir a ingestão de fibra (SALLA et al., 2003). No entanto, alguns tipos de

gorduras suplementares podem alterar a composição e as características físico-

químicas do leite, como no caso daquelas com elevado teor de ácidos graxos

insaturados (SANTOS et al., 2001). A seleção da fonte de gordura para uso em

dietas de vacas lactantes é baseada na capacidade de melhorar a produção leiteira

em relação ao seu custo de aquisição (MILLER et al., 2009).

O gérmen integral de milho (GIM) é um coproduto interessante, tendo em

vista seu alto teor de gordura (ARAÚJO, 2012). Por ser usado na formulação de

rações é indicado para bovinos com aptidão de leite e carne devido à energia,

proteína, fibras e baixo teor de amido em comparação ao milho grão

(ABDELQADER, 2009). A principal vantagem do uso de GIM é a maximização da

ingestão calórica, essencial para manutenção da produção e da condição corporal

dos animais.

O GIM possui baixos teores de carboidratos não fibrosos, principalmente

amido, conferindo característica energética com potencial para maximizar a ingestão

calórica e minimizar a predisposição das vacas lactantes às variações bruscas do pH

ruminal (ARAÚJO, 2012).

O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar os efeitos

da inclusão do GIM em substituição ao milho moído, sobre o comportamento

ingestivo dos animais, tamanho médio da partícula das dietas e a fração não

degradável do feno de tifton nos diferentes ambientes ruminais.

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79

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Local, animais e instalações

O experimento foi conduzido no Setor de Bovinocultura do Instituto

Federal Goiano - Câmpus Ceres, no município de Ceres-GO, a 15º 21’02,5” S e 49º

35’53,8” W Gr, no período de junho a outubro de 2011 e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa Animal do Instituto Federal Goiano (003/2011).

Foram utilizadas cinco vacas mestiças, multíparas, com peso médio de

490 kg de peso vivo e aproximadamente 100 dias de lactação, canuladas no rúmen,

e distribuídas em um quadrado latino 5 x 5.

As vacas foram mantidas confinadas em baias individuais, com

comedouros e bebedouros e área de 48 m², cobertas por telha de barro na linha

central do comedouro e sombrite na área de descanso. As baias possuíam 50% do

piso de bloquete, sobre o qual foi colocado areia, com a finalidade de servir de cama

e o restante do piso era de chão batido.

A temperatura ambiente foi mensurada diariamente com auxílio de um

termômetro digital localizado na baia do centro e a umidade relativa do ar com o

auxílio da estação meteorológica localizada no IF Goiano - Câmpus Ceres. Ao longo

do experimento foram encontrados os seguintes valores para temperatura: mínima

15,6ºC; média de 25,7ºC e máxima de 35,9ºC e umidade relativa do ar média de

55,4%.

2.2. Tratamentos e dietas experimentais

O período experimental foi de 105 dias com cinco subperíodos de 21 dias,

sendo 13 dias de adaptação e oito de coleta de dados. Os tratamentos consistiram

da inclusão de gérmen integral de milho (GIM) em substituição ao milho moído, com

base na matéria seca das dietas da seguinte forma: GIM 0 dieta com 0,0% de

inclusão do GIM; GIM 6,7 dieta com 6,7% de inclusão do GIM; GIM 13,5 dieta com

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13,5% de inclusão do GIM; GIM 20,1dieta com 20,1% de inclusão do GIM e GIM

26,9. dieta com 26,9% de inclusão do GIM.

As dietas experimentais foram formuladas utilizando como referência o

NRC (2001) para atender as necessidades de vacas com 490 kg de peso corporal,

100 dias de lactação, 26 kg de leite/dia, com 3,8% de gordura e 3,3% de proteína no

leite de forma que fossem isoprotéica e isofibrosa. As composições químicas dos

ingredientes das dietas estão na Tabela 1.

Tabela 1. Composição percentual dos ingredientes das dietas com base na matéria

seca

Ingrediente MS MO MM PB EE FDN CT CNF

Silagem milho 30,9 95,3 4,7 6,7 2,7 57,8 85,9 28,1

Farelo de soja 88,8 94,1 5,9 46,7 2,8 15,7 44,6 28,9

Milho moído 89,8 94,2 5,8 9,1 3,6 12,7 81,5 68,8

Gérmen milho 90,2 96,8 3,2 10,5 11,0 15,7 75,3 59,6

Casca de soja 91,9 94,4 5,6 10,7 1,8 69,3 81,9 12,6

MS: Matéria Seca; MO: Matéria orgânica, MM: Matéria Mineral; PB: Proteína Bruta; EE: Extrato Etéreo; FDN: Fibra em Detergente Neutro; CT: Carboidratos Totais; CNF: Carboidrato não Fibroso.

As dietas foram fornecidas duas vezes por dia às 8h00m e 16h00m na

forma de dieta total, tendo como volumoso a silagem de milho, sendo oferecidas 40%

pela manhã e 60% à tarde, em quantidade que assegurasse consumo à vontade com

sobras de no máximo 10% do total oferecido. A proporção dos ingredientes e

composição química das dietas experimentais está descrita na Tabela 2.

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81

Tabela 2. Percentual dos ingredientes e composição química das dietas experimentais com base na matéria seca

Ingredientes Tratamentos (Dietas - % de inclusão do GIM na MS)

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9

Silagem de milho 58,9 58,9 58,9 58,9 58,9

Milho moído 17,3 12,3 8,3 3,9 0,0

Farelo de soja 11,5 11,5 11,5 11,5 11,5

Gérmen integral de milho 0,0 6,7 13,5 20,1 26,9

Uréia+Sulfato de Amônio 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6

Casca de soja 9,5 7,8 5,2 2,9 0,0

NaCl 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3

Calcário calcítico 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6

Núcleo1 1,3 1,3 1,3 1,3 1,3

Composição química (%MS) Matéria Seca 55,3 55,8 55,3 55,7 55,5

Matéria Orgânica 94,3 94,5 94,5 94,3 94,0

Matéria Mineral 5,7 5,5 5,5 5,6 5,9

Proteína Bruta 14,2 14,2 14,1 14,2 14,1

Extrato Etéreo 2,9 3,5 4,0 4,5 5,1

FDN 43,6 43,6 42,6 42,6 42,7

Carboidrato Total 77,2 76,8 76,4 75,7 74,9

CNF 34,5 34,1 34,5 34,0 32,9 1 Composição por kg/produto, Vitamina A (min) 350.000 UI, Vitamina D3 (min) 87.500 UI,Vitamina E (min) 350 UI, Ferro (min) 3.500 mg, Cobre (min) 1.050 mg, Manganês (min) 2.100 mg, Zinco (min) 3.500 mg, Iodo (min) 28 mg, Cobalto (min) 17,5 mg, Selênio (min) 21 mg, Magnésio (min) 2.100 mg, Enxofre (min) 5.600 mg, BHT 140 mg, FDA (max) 1.000 mg, Cálcio (max) 270 g, Cálcio (min) 220g, Fósforo (min) 50g, Umidade (máx) 80g, Matéria Mineral (max) 950 g, Fibra Bruta (máx) 40g. FDN: Fibra em detergente neutro; CNF: Carboidrato não fibroso.

Amostras de silagem de milho foram coletadas quinzenalmente para

ajuste da quantidade da matéria seca fornecida. Durante o período de coletas, em

cada refeição, foram colhidas alíquotas da silagem, da dieta total e da sobra, ao final

de 24h. Em seguida as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos

devidamente identificados e armazenados em freezer a aproximadamente - 20ºC.

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Ao término de cada período experimental as amostras foram

descongeladas em temperatura ambiente,misturadas por tratamento, em recipiente

plástico e homogeneizadas. Dessa mistura foi retirada uma alíquota e colocada em

estufa de ventilação forçada a 60ºC por 72h. Após a secagem essas amostras foram

moídas em moinho do tipo Willey com peneira de crivos de 1 mm e armazenadas em

frascos plásticos hermeticamente fechados para posterior determinação da matéria

seca (MS), matéria mineral (MM), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), matéria

orgânica (MO) e Fibra em Detergente Neutro (FDN) segundo SILVA & QUEIROZ

(2002).

O carboidrato total (CT) e não-fibroso (CNF) foram calculados usando as

equações CT= 100 - (%PB +%EE + % MM) descrita por SNIFFEN et al. (1992), e

CNF= 100 – [(%PB - %PB derivada da uréia + %uréia) + % FDN + %EE + %MM]

adaptado de HALL (2000).

2.3 Comportamento ingestivo

Os dados de comportamento ingestivo foram coletados durante dois

períodos consecutivos de 24 horas, no 14° e 15° dias de cada subperíodo

experimental, com intervalos de cinco minutos para o registro dos tempos

despendidos com ócio, ingestão e ruminação. No período noturno, as avaliações

foram realizadas com o auxílio de lanterna para iluminação do animal e anotação do

evento. Para efeito de cálculo foi realizada a média aritmética dos eventos e

multiplicado por cinco minutos, assegurando que o tempo decorrido nas análises

fosse representado por 1440 minutos, e foram analisados os seguintes eventos:

ingestão – medida pela seleção, apreensão e manipulação do bolo alimentar;

ruminação – medida pela regurgitação, ressalivação, remastigação e

redeglutição;

ócio - referente ao tempo das demais atividades, deste que não configure

ingestão ou ruminação.

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83

As eficiências de alimentação, ruminação e o tempo de mastigação total

por dia foram obtidos segundo BÜRGER et al. (2000), cujos resultados referentes

aos fatores do comportamento ingestivo foram obtidos pelas relações:

EAL = CMS/TAL; ERU = CMS/TRU e TMT = TAL+TRU, em que: EAL= eficiência de

alimentação, ERU= eficiência de ruminação, TMT= tempo de mastigação total por

dia, CMS= consumo de matéria seca; TAL = tempo de alimentação e TRU = tempo

de ruminação.

2.4 Tamanho médio das partículas

A avaliação do tamanho médio das partículas das sobras das dietas se

deu em função do tempo de alimentação. No 17⁰ dia de cada subperíodo

experimental nos tempos 0, 4 e 8h após a refeição matinal foram coletadas 500 g

das dietas (KONONOFF et al., 2003). Logo em seguida, essas alíquotas foram

acondicionadas em sacos plásticos identificados e posteriormente congeladas.

Quando das análises, as amostras foram descongeladas em temperatura ambiente e

avaliadas utilizando separador de partículas modelo Penn State (Particle Size

Separador, University Park, PA). As amostras foram colocadas individualmente sobre

a peneira de maior diâmetro, e submetida a sequências de cinco movimentos

horizontais, em que a cada sequência de movimentos, as peneiras foram submetidas

à rotação de 90º. As frações retidas nas peneiras acima de (19 mm), (8 mm), (1,18

mm) e menor que (1,18 mm) foram transferidas para bandejas e pesadas para

determinação do tamanho médio das partículas com auxílio do software Particle Size

Analysis da Universidade Estadual da Pensilvânia – EUA, (2012).

2.5 Fração não degradável

A fração não degradada da matéria seca (MS) e da fibra em detergente

neutro (FDN) foram determinadas a fim de verificar alterações sofridas pela inclusão

do GIM nas dietas experimentais, cuja determinação foi adaptada de RUIZ et al.

(2002), sendo utilizado como padrão o feno de Tifton 85, com a seguinte composição

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química da MS: 89,20 % de MS, 7,20% de PB, 9,60% de MM, 80,80% de FDN. O

feno foi incubado no rúmen de cada animal utilizando a técnica das sacolas de

náilon, confeccionadas segundo as recomendações propostas por NOCEK (1988),

entre os dias 18° ao 20° de cada subperíodo experimental.

As amostras foram acondicionadas em saquinhos de náilon 20 x 12,5 cm,

com porosidade média de 50 μm, selados em máquina seladora contendo 5 g de

feno, mantendo a relação de 20 mg/cm2, moído em peneira de 5 mm, sendo

incubadas em triplicata, em ordem decrescente nos tempos 48 e 24h. Todos os

saquinhos foram colocados em uma sacola de náilon de 40 x 25 cm, com zíper e

presa a uma corrente e posteriormente colocadas no rúmen via cânula, estando,

pressas a um fio de náilon com 50 cm para fora do rúmen encaixado na tampa da

cânula.

Ao final de cada tempo de incubação, todas as amostras foram retiradas e

imediatamente colocadas em um recipiente contendo água fria a fim de interromper o

ataque microbiano frente ao substrato. Em seguida, os saquinhos contendo as

amostras de 0 h foram colocados juntamente com os saquinhos dos demais tempos

em um recipiente de plástico para serem lavados em água corrente para retirada de

fragmentos de conteúdo ruminal até que a água da lavagem fluísse de forma incolor.

Assim, os mesmos foram colocados em sacos plásticos devidamente identificados e

congelados para posterior análise da MS e FDN.

Ao final do experimento as amostras foram descongeladas em

temperatura ambiente e colocadas em estufa de ventilação forçada a 60°C por 72h.

Após a secagem, as amostras foram pesadas e formadas uma amostra composta no

tempo e tratamento, e moídas em moinho do tipo Willey, em peneiras com crivo de 1

mm e utilizadas para determinação da MS e FDN. Os dados para a média da fração

não degradável da MS e FDN foram calculados com base na média da razão entre o

peso do resíduo após a incubação e o peso do resíduo incubado *100 e o resultado

dividido pela fração não degradável no tempo 0h *100.

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2.6 Análises estatística

O experimento instalado foi delineado em quadrado latino, com o modelo

estatístico: Yijk = µ + Ti + Aj + Pk + eijk, em que:

Yijk = valor observado no tratamento i, animal j e período k; µ = média geral do

experimento; Ti = efeito do tratamento i; Aj = efeito do animal j; Pk = efeito do período

k; eijk = efeito do erro aleatório associado a observação Y/ijk.

As variáveis, comportamento ingestivo dos animais e da fração não

degradável do feno de tifton foram avaliadas através da regressão polinomial, tendo

os tratamentos quantitativo (GIM 0, GIM 6,7; GIM13,5; GIM 20,1 e GIM 26,9%) como

variável resposta. Os modelos de regressão foram submetidos à análise de variância

considerando o delineamento em quadrado latino, com teste para a falta de ajuste.

Selecionou-se modelos onde os regressores foram significativos e a falta de ajuste

não significativa, adotando-se o nível de significância de 5%. Todas as análises

foram realizadas com auxílio do software R (R Development Core Team, 2013)

version 2.15.3 (2013-03-01).

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Não houve efeito (P>0,05) na substituição do milho grão pelo GIM, sobre a

ruminação, ingestão, ócio, tempo de mastigação total (TMT), eficiência alimentar

(EA) e eficiência da ruminação (ERU) (Tabela 3).

É possível que, a ausência do efeito dos lipídios sobre essas variáveis

tenha sido em decorrência de que os níveis de GIM não propuseram teores de

lipídios capazes de afetar a digestibilidade da fibra em detergente neutro (FDN), fato

esse que não comprometeu o consumo e a digestibilidade da FDN. Segundo

CAMPBELL et al. (1992) o teor da FDN e o tamanho médio de partícula são um dos

fatores mais importante ligado ao alimento relacionado ao comportamento ingestivo

dos ruminantes.

O tempo médio de nove horas destinado à ruminação foi semelhante ao

relatado por ARAÚJO (2012), que trabalhou com a substituição total do milho grão

pelo GIM na dieta de vacas lactantes, atingindo teores de 4,2% de extrato etéreo.

No presente estudo as dietas foram isofibrosas, o que para WELCH &

HOOPER (1988) explica o tempo despendido com a ruminação, pois a mesma é

altamente correlacionada com a FDN na dieta de bovinos. Isto ocorre devido à

mastigação estar relacionada com a quantidade de material indigestível ou pouco

digestível consumida e com a resistência do material à redução do tamanho de

partículas (FISCHER, 1996).

Para os valores das variáveis ócio, TMT, EAL e ERU resultados

semelhantes foram observados por SALLA et al. (2003), que trabalhando com vacas

lactantes divididas em quatro tratamentos, controle, sebo bovino, gordura protegida e

grão de soja, com 2,08; 5,90; 5,17 e 5,24% de EE respectivamente não encontraram

diferenças (P>0,05) entre os tratamentos para estas variáveis.

Nas Figuras 1, 2 e 3 observa-se o tempo em minutos ligado ao

comportamento ingestivo dos tratamentos ao longo dos períodos manhã (7h00m ás

12h00m), tarde (12h01m ás 18h00m) e noite (18h01m ás 06h59m) sobre os eventos

(ócio, ruminação e ingestão).

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Tabela 3. Comportamento ingestivo de vacas lactantes alimentadas com diferentes níveis de gérmen integral de milho

Variável Tratamento Regressão

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2 Modelo R2

Ingestão (h/dia) 5,10 4,87 4,96 4,92 5,06 7,12 0,968 0,713 ns -

Ócio (h/dia) 9,83 10,51 10,09 9,76 9,85 7,10 0,494 0,383 ns -

Ruminação (h/dia) 9,07 8,62 8,95 9,32 9,08 6,21 0,373 0,376 ns -

TMT (h/dia) 14,17 13,49 13,91 14,22 14,15 5,08 0,494 0,383 ns -

EAL (kg de MS/h) 3,96 4,00 4,13 4,28 3,93 8,93 0,702 0,431 ns -

ERU (kg de MS/h) 2,18 2,26 2,24 2,21 2,19 5,45 0,923 0,742 ns -

TMT: Tempo de mastigação total, EAL: Eficiência de alimentação, ERU: Eficiência de ruminação, CV: coeficiente de variação, P1: Probabilidade para efeito do modelo linear e P2: Probabilidade para falta de ajuste,ns; não significativo, R2: Coeficiente de determinação.

87

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Figura 1. Tempo em minutos do evento ócio nos tratamentos ao longo de 24 h.

88

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Figura 2. Tempo em minutos do evento ruminação nos tratamentos ao longo de 24 h.

89

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Figura 3. Tempo em minutos do evento ingestão nos tratamentos ao longo de 24 h.

90

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Apesar de verificar diferenças numéricas entre o tempo decorrido nos

eventos, não houve diferenças (P>0,05) entre os tratamentos (Tabela 3).

Observa-se nas Figuras (1, 2 e 3), que os eventos são realizados

desuniformemente ao longo das 24 h, caracterizando que os eventos ligados ao

comportamento são cíclicos. Entretanto é possível observar, que em determinados

períodos há maior concentração de tempo e frequência desses eventos. De

acordo com FISCHER et al. (2002), existem diferenças individuais quanto à

duração e à repartição das atividades de ingestão e ruminação, que parecem estar

relacionadas ao apetite, às diferenças anatômicas e ao suprimento das exigências

energéticas ou repleção ruminal.

Na Figura 1, observou-se que a maior frequência do ócio ocorreu após

as refeições, ao passo que se concentrou mais uniformemente ao longo dos

períodos em relação aos demais eventos. Para FISCHER et al. (1997), o ócio é

considerado o tempo que o animal fica sem atividade física, podendo estar deitado

ou em pé e relatam que os períodos de ruminação e ócio entre as refeições, tem

duração e padrão de distribuição influenciados pelas atividades de ingestão.

Já na Figura 2 verificou uma maior concentração da ruminação

aproximadamente 3 h após as refeições e com maior frequência no período

noturno. O tempo gasto em ruminação é normalmente mais prolongado à noite,

mas os períodos de ruminação são ritmados também pelo fornecimento de

alimento (PAZDIORA et al., 2011).

Pela Figura 3 verifica-se que, a ingestão é promovida com maior

concentração após as dietas serem fornecida. Tendo sua concentração, mais

evidenciada em até duas horas após o fornecimento das refeições. Para

(PAZDIORA et al., 2011) a frequência do fornecimento da dieta, promove maior

intensificação na ingestão no momento do fornecimento, mas isso não altera o

tempo de ingestão do alimento ao longo do dia.

O tamanho médio das partículas das dietas oferecidas pela manhã, em

função do tempo 0, 4 e 8 h após a alimentação das vacas está representado na

Figura 4. Verificou-se que a inclusão do GIM não interferiu no tamanho médio das

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partículas das dietas até 8 h após o fornecimento da refeição matinal, o que

possivelmente contribuiu para não afetar o comportamento ingestivo.

6.00

6.50

7.00

7.50

8.00

8.50

9.00

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Ta

man

ho

Méd

io d

as P

art

ícu

las (

mm

)

Tempo (h)

LIP 2,90

LIP 3,50

LIP 4,00

LIP 4,50

LIP 5,10

Figura 4 - Tamanho médio das partículas oferecidas na dieta de vacas lactantes, em função do tempo de alimentação.

O tamanho médio das partículas pode sofrer seleção dos animais ao

longo do tempo de alimentação. De acordo com LEONARDI & ARMENTANO

(2003), as vacas selecionam os ingredientes presentes na dieta total, tendo

preferências pelos grãos em detrimento ao volumoso. No comportamento

ingestivo de vacas, DEVRIES et al. (2007) relataram que os bovinos podem ingerir

partículas menores em detrimento da partículas longas, o que poderia reduzir a

ingestão de FDN fisicamente efetiva e aumentar a ingestão da fração de

carboidratos não estruturais. Esta situação proporcionaria alteração na função do

rúmen e aumento do risco de deslocamento de abomaso, flutuações na ingestão

de alimentos, redução do teor de gordura do leite e na atividade de ruminação.

A inclusão do GIM não interferiu (P>0,05) na fração não degradável da

fibra em detergente neutro (FDN) e matéria seca (MS) do feno de tifton 85, como

observado (Tabelas 4 e 5). Estes resultados estão de acordo com os observados

por JOBIM et al. (2011) em estudo sobre a cinética de degradação ruminal in situ

para a MS e a FDN do feno de tifton 85, nos tempos de 24 e 48h após a

incubação. Os resultados do presente estudo demonstraram que, aumentando o

59

58

GIM 0,0

GIM 6,7

GIM 13,5

GIM 20,1

GIM 26,9

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teor de lipídio provindo do GIM na dieta de vacas lactantes, não há efeito (P>0,05)

sobre a fração não degradável da FDN e da MS do feno de tifton 85.

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Tabela 4. Percentual da fração não degradável da fibra em detergente neutro do feno de tifton 85

Tempo (h)

Tratamento (% de inclusão GIM na MS) Regressão

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2 Modelo R2

24 72,02 80,40 79,70 77,48 77,00 13,18 0,649 0,651 ns -

48 50,36 55,94 60,04 58,40 55,32 17,68 0,412 0,621 ns -

P1 - probabilidade do modelo linear; P2 : probabilidade para a falta de ajuste; R2: Coeficiente de determinação, ns: não significativo.

Tabela 5. Percentual da fração não degradável da matéria seca do feno de tifton 85

Tempo (h)

Tratamento (% de inclusão GIM na MS) Regressão

0,0 6,7 13,5 20,1 26,9 CV% P1 P2 (FA) Modelo R2

24 71,21 74,87 78,47 77,77 79,90 8,22 0,061 0,981 ns -

48 52,04 57,65 58,70 59,45 57,68 12,83 0,256 0,703 ns -

P1 - probabilidade do modelo linear; P2 - probabilidade para a falta de ajuste; R2: Coeficiente de determinação, ns: não significativo.

93

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Provavelmente, a inclusão do GIM não promoveu teor de lipídios

suficiente para promover efeito sobre o ambiente ruminal e consequentemente

não comprometer a digestibilidade da FDN e MS. Uma vez que, o aumento dos

teores de lipídios insaturados provoca efeito sobre a taxa de degradação, em

especial ao desaparecimento da fibra. Pois, ácidos graxos são tóxicos aos

microorganismos ruminais e podem diminuir a degradação de fibra. Todavia,

PALMQUIST & MATTOS (2006), relatam que valores próximo de 5% de EE na MS

de dietas para bovinos, não causa efeito (P>0,05) sobre a degradação, o que

pôde ser observado neste estudo.

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4. CONCLUSÃO

O aumento da % EE da dieta até 5,1% da MS através da inclusão de

26,9% GIM não afetou o comportamento ingestivo das vacas.

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