Revista [B+] ed.12

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1 www.revistabmais.com março e abril 2012 Revista [B+]

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A [B+] é a principal publicação de negócios da Bahia. Nela, você encontra reportagens exclusivas de Negócios, Sustentabilidade, Lifestyle e Arte & Entretimento. Na edição 12, apresentamos o cenário da força da economia no interior do estado da Bahia. Aproveite a leitura.

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SUM ÁRIO

CAPAUm exemplo de empreen-dedorismo vindo do sul da Bahia. Entrevista com Mônica Burgos, sócia da Avatim – Cheiro da Terra.

ESPECIALNovos polos no interior do estado fortalecem a economia da Bahia. Veja um panorama que traça-mos de cada região.

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12 ON-LINE E MURAL

14 ZOOM+

18BLOCO DE NOTAS

22IMÓVEIS+

26EXPERIÊNCIAS

114CONTE AÍ

EDUCAÇÃO 40EXPORTAÇÃO 36 COMÉRCIO 44

NEGÓCIOS 33

ENTREVISTA 58TENDÊNCIAS 52 PRO BEM 60

SUSTENTABILIDADE 51

GASTRONOMIA 88TURISMO 86 PLANO+ 94

LIFESTYLE 85

CULTURA 104ILUSTRAÇÃO 100 APLAUSOS 108

ARTE E ENTRETENIMENTO 99

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histórias e perfis de empresários que, de uma forma ou de outra, estimulam a economia baiana, geram empregos e são referências no mercado.

Um novo mapaEm março, mês de aniversário da cidade de Salvador - porta de entrada da Bahia - decidimos conhecer os negócios gerados para dentro do continente. Fomos entender o cenário da economia baiana a partir das cidades do interior. A repórter Andréa Castro traçou um panorama das principais regiões do estado, nos apresentando os novos investimentos previstos ainda para este ano, o que faz sucesso e como toda essa movimentação do mercado influencia nossa sociedade. Afinal, de que forma as exportações baianas tiveram o melhor resultado da história?

Buscamos saber também como anda o desenvolvimento da cultura nessas cidades; onde é possível aliar conforto, bem-estar e negócios ao mesmo tempo; além de escutar de moradores e empresários do Recôncavo baiano o que mudou na rotina a partir da interiorização de universidades públicas e privadas.

Boa leitura! E aproveite para visitar nosso novo site.A Redação.

A REVISTA [B+] TEM COMO PROPÓSITO “ESTIMULAR UMA NOVA GERAÇÃO DE EMPREENDEDORES QUE TENHA CRIATIVIDADE EM UMA ECONOMIA CADA DIA MAIS COMPLEXA E GLOBAL, E QUE POSSA VIVER EM UM MUNDO COM UM AMBIENTE DE NEGÓCIOS FAVORÁVEL”.

Como fazer isso? Mostrando exemplos, traçando panoramas, informando constantemente.

Essa premissa é o que nos animou a trazer para a capa da edição 12 um exemplo de empreendedorismo e inovação presente no estado da Bahia. A história de Mônica Burgos, sócia de César Fávero na Avatim, parece até ter um roteiro, pois inclui dúvida, mudança de rota, persistência, estudos, busca pela qualidade, coragem e visão para o futuro. Ingredientes, nesse caso, de uma gestão que se mostra bem-sucedida, pois alcança um crescimento da empresa de 40% ao ano e que também alimenta desejos de alçar voos ainda mais altos.

Assim como Mônica, as terras baianas revelam outros importantes nomes nos negócios, em diversos segmentos. Um outro vem da cidade de Feira de Santana, onde nasceu Cláudio Marcelo, ilustrador e designer, que seguiu a vocação e hoje trabalha para os principais estúdios de filmes em Hollywood.

É pelo valor dessas pessoas e pela inspiração que elas nos provocam que lançamos também, a partir desta edição, a área de “Experiências”, onde você encontrará

EDITO R IAL

(01) Kiko Medeiros, diretor de mercado da Rede Bahia, foi um dos colaboradores da matéria A Força da Economia no Interior.

(02) Cenários do potencial de negócios em cidades baianas. (03) Cláudio Marcelo reforça a criatividade de nossa terra.

(04) Bastidores das fotos de Mônica Burgos para esta edição.

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Conselho EditorialCésar Souza, Cristiane Olivieri, Fábio Góis, Geraldo Machado, Ines Carvalho, Isaac Edington, Jack London, Jorge Portugal, José Carlos Barcellos, José Roberto Mussnich, Luiz Marques Filho, Maurício Magalhães, Marcos Dvoskin, Reginaldo Souza Santos, Rubem Passos Segundo e Sérgio Nogueira

Conselho InstitucionalAldo Ramon (Júnior Achievement)Antônio Coradinho (Câmara Portuguesa)Antoine Tawil (CDL)Jorge Cajazeira (Sindipacel)José Manoel Garrido Gambese Filho (ABIH-BA)Mário Bruni (ADVB)Mauricio Castro (Fieb)Paulo Coelho (Sinapro)Pedro Dourado (ABMP)Renato Tourinho (Abap) Wilson Andrade (Abaf)

Diretor ExecutivoClaudio Vinagre [email protected]

Editor ChefeFábio Góis [email protected]

Repórteres Murilo Gitel e Vanessa Aragão

Projeto Gráfico e DiagramaçãoPerson Design

FotografiaStúdio Rômulo Portela

RevisãoRogério Paiva

ColaboradoresAna Paula Paixão, Andréa Castro, Danilo Lima, Emilio Le Roux, Felipe Arcoverde, Felipe Zamarioli, Larissa Seixas, Milena Miranda, Núbia Passos, Suzana Rezende, Vinícius Silva

ColunistasCésar Souza, Cristiane Olivieri, Fernando Passos, Isaac Edington, José de Freitas Mascarenhas, Luiz Marques Filho, Núbia Cristina

PortalEnigma.net

Redes Sociais Person Mkt

EXPEDIENTE

Realização Editora Sopa de Letras Ltda.

CNPJ 13.805.573/0001-34

Redação [B+][email protected]

www.revistabmais.com

[email protected]

Cidinha Collet - gerente [email protected]

Itamara [email protected]

SALVADOR71 3012-7477

Av. ACM,2671, Ed. Bahia Center, sala 1102, Loteamento Cidadela,

Brotas CEP: 40.280-000

SÃO PAULO11 3438-4473

Rua José Maria Lisboa. 860/83 CEP: 01.423-001

A edição 12 traz na capa a fotografia do Stúdio Rômulo Portela e a produção do escritório Person Design.

A cada edição, uma nova equipe é convidada para produzir a capa da Revista [B+]. Uma iniciativa que visa dar destaque aos profissionais do nosso mercado.

Tiragem: 10 mil exemplaresPeriodicidade: BimestralImpressão: Grasb

Capa impressa em papel Couché Suzano® Gloss 170g/m2 e miolo impresso em papel Couché Suzano® Gloss, 95g/m2, da Suzano Papel e Celulose, produzidos a partir de florestas renováveis de eucalipto. Cada árvore utilizada foi plantada para este fim.

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ON-L INE E MU RAL

Sitewww.revistabmais.com

Facebookwww.facebook.com/revistabmais

Twitterwww.twitter.com/revista_bmais

O novo site, assim como a revista, traz as seções Negócios, Sustentabilidade, LifeStyle e Arte&Entretenimento

Veja a versão on-line, no iPad, assine e

confira as edições anteriores

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baiano que pode mudar o seu dia a dia

Negócios: Aqui você encontra tudo sobre inovação, empreendedorismo, economia e carreira

Sustentabilidade: Saiba das últimas novidades sobre soluções sustentáveis, responsabilidade social, tendências verdes e muito mais

LifeStyle: confira o que é destaque na arquitetura, gastronomia, tecnologia e comportamento

Arte&Entretenimento: Saiba tudo sobre o universo de quem desenvolve e leva arte e entretenimento até você

Curta a página da revista, saiba as

tendências, participe de promoções e compartilhe

as potencialidades da Bahia

Veja os últimos tweets postados, siga a

revista e veja as notícias de última hora

EDIÇÃO NOVA E SITE NOVO

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Listamos 11 motivos para você acessar o novo site da [B+] www.revistabmais.com

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Entre em contato com a redação para comentar, tirar suas dúvidas e deixar sugestões através do e-mail: redaçã[email protected]

COMENTÁRIOS E REDES SOCIAIS

“Fiquei conhecendo a [B+] pelo iPad, quando procurei na loja da Apple conteúdos locais sobre negócios na Bahia. Me surpreendeu muito a qualidade editorial e o ineditismo do aplicativo”Marcos Peixoto, gerente de vendas Business da TIM no Norte e Nordeste

“Eu quero paz na Bahia”

Leitores da revista usaram a criatividade para completar a frase “Eu quero paz na Bahia”. Veja quem ganhou a assinatura da [B+].

EU QUERO PAZ NA BAHIA, quero misturar, quero encontrar a alegria, quero fazer parte do novo, quero [B+]! Bernardo Macedo de Souza EU QUERO PAZ NA BAHIA, pois aqui quem reina é a Alegria!! Flávia Gusmão

EU QUERO PAZ NA BAHIA, criado com muito zelo e muito amor, a Bahia do meu Salvador. Thayse Lovatto

“A [B+] tem o poder de antecipar o que o seu público-alvo deseja saber. Funciona como um instrumento de informação, atualização e aprendizado. Uma revista feita sob medida. Ela pode trazer desde uma piada até uma dica culinária. Entretanto, não perde o foco de ser uma revista inteligente e moderna de business e de representatividade na Bahia, suprindo uma necessidade do mercado”Rosa Maria Machado, professora de administração e consultora

“Se eu vi? Todos lá viram. Ficou muito boa a matéria e a revista como um todo está bem profissional”João Ciaco, diretor de marketing da Fiat e presidente da ABA, quando perguntado sobre a edição 10 da [B+]

“Parabéns ao apoio que a [B+] está dando aos segmentos de inovação e da economia criativa, como o design. São mídias como esta que contribuem com o desenvolvimento de nosso estado”Mario Bestetti Costa, diretor da Overbrand, via Facebook

“A [B+] hoje possui o melhor conteúdo especializado em economia baiana, tendo como diferencial indispensável o acompanhamento das tendências dos negócios sustentáveis”Lara Machado, consultora da Brain, Brasil Inovação

“A revista é um veículo moderno que preza por informações inteligentes e contextualizadas que despertam o senso crítico do leitor e ampliam o olhar sobre a realidade”Fernando Arcoverde Cavalcanti, estudante de administração da Ufba

“Muito inteligente e conteúdo legal. Postei logo a matéria da BR 116 no meu Facebook”Ricardo Bitencourt, ator, participou da edição 11 da revista

“A galera do surfe, em sua maioria empresários e profissionais liberais, viu a matéria com Alfredo no Peru e elogiou a revista”Antônio Assis, diretor de propaganda da Secom, referindo-se à matéria com Alfredo Tavares, da Tempo Propaganda, na edição 11 da [B+]

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O secretário extraordinário da Indústria Naval e Portuária, Carlos Costa, explica que o governo do estado está se esforçando para iniciar as obras do Porto Sul e quer conciliar a construção do empreendimento com os investimentos em turismo na região, ao adotar uma política de conservação da natureza.

Para a empresa Bahia Mineração (Bamin), responsável pela administração da área privada do porto e da Fiol, as obras devem andar em ritmos iguais para o escoamento da produção mineral. A construção do primeiro trecho da ferrovia, que ligará Caetité a Ilhéus, já está em andamento. As outras etapas necessitam de ajustes no Plano Básico Ambiental, apresentado ao Ibama.

Organizações sociais, empresas, profissionais liberais e lideranças comunitárias passaram a questionar o projeto do Porto Sul, sobretudo, a manipulação do minério de ferro na área costeira de Ilhéus. Desse conjunto de entidades que visam discutir com profundidade a questão socioambiental do sul baiano, surgiu a Rede Sul da Bahia Justa e Sustentável. O movimento cresceu, uniu ambientalistas e pesquisadores de outras partes do Brasil e hoje trabalha para esclarecer a população sobre os projetos.

“Chega a ser contraditório que um investimento público para a construção do Porto Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, envolvendo tantos bilhões de reais, seja destinado de maneira a eliminar uma área considerável de mata atlântica, quando, nos últimos anos, vultosos recursos de origem pública e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tenham sido direcionados para recuperar o ecossistema da região de Ilhéus e estimular o desenvolvimento da indústria do turismo ecológico”, questiona Rui Rocha, do Instituto Floresta Viva.

“O minério de ferro será manipulado no meio do paraíso ecológico, haverá avanço do mar em até 100 metros, e a bacia do Almada e Lagoa Encantada, uma área de proteção ambiental, ainda bucólica, será sacudida por essa obra. A área é povoada por trabalhadores das roças de cacau, comunidades tradicionais, pescadores, ribeirinhos, pequenos agricultores, assentados, empreendedores de turismo e possui muitos condomínios”, alerta o ambientalista e produtor de vídeo Paulo Sérgio Paiva.

C onsideradas duas das mais importantes obras para a Bahia nos últimos anos, o Porto Sul e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) vão se tornar, juntos,

um dos principais corredores de escoamento da produção agrícola e mineral da Bahia e da região Centro-Oeste do Brasil. Porém todo esse desenvolvimento aguardado pela iniciativa privada e pelo setor público ainda precisa de respostas para questões econômicas, ambientais, legais e políticas. Os dois empreendimentos aquecem os debates entre moradores, autoridades e entidades da sociedade civil organizada, principalmente em Ilhéus.

ZOOM+

O QUE ACONTECE COM O PORTO SUL E A FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE?

FOTO: Divulgação

por FELIPE ZAMARIOLI

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Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol)Idealizada há mais de 60 anos pelo professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Vasco Neto, a Fiol está incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e ligará a cidade de Ilhéus a Caetité e Barreiras, na Bahia, até Figueirópolis, no Tocantins. Destinada ao escoamento do minério de ferro extraído da região de Caetité, a ferrovia terá 1.527 quilômetros de extensão, investimento estimado em R$ 7,43 bilhões, e passará por 32 municípios baianos.

A Valec Engenharia, empresa vinculada ao Ministério dos Transportes, é a responsável pela construção da ferrovia. Segundo a empresa, a Fiol promoverá a dinamização das economias locais, alavancando novos empreendimentos na região, com aumento da arrecadação de impostos, além de geração de cerca de 30 mil empregos diretos. A Fiol deve fomentar ainda mais o desenvolvimento agrícola da região oeste do estado, cuja previsão é de uma produção de 6,7 milhões de toneladas em 2015. Os principais produtos a serem transportados são soja, farelo de soja e milho, além de fertilizantes, combustíveis e minério de ferro.

Porto SulO empreendimento será o quarto grande porto no estado da Bahia, com um investimento estimado em R$ 3,5 bilhões. Ele será construído no litoral norte de Ilhéus, entre Aritaguá e Sambaituba. O sítio de Aritaguá está localizado próximo à margem esquerda do rio Almada, local que apresenta 35% de área de preservação permanente (APP).

O porto estará situado em mar aberto (off shore), dividido em um terminal de uso privativo (TUP) para escoamento de minério de ferro (destino final da Ferrovia de Integração Oeste-Leste), sob responsabilidade da empresa Bahia Mineração (Bamin), e o complexo intermodal composto por um terminal portuário público, que terá a responsabilidade administrativa do governo do estado.

A obra aguarda a realização da análise final do Ibama com os estudos conclusivos. O governo do estado entregou o projeto inicial ao Ibama, que em seguida elaborou o parecer da Diretoria de Licenciamento Ambiental – Dilic Nº 09/2012, de 1º de fevereiro de 2012. Segundo o documento, as obras do porto privado e do porto público terão licenças

de instalação distintas. A conclusão resultou em inúmeras considerações emitidas pela equipe técnica deste órgão.

Sociedade civil se mobilizaO projeto do Porto Sul gerou uma forte reação da sociedade. Um movimento que envolveu não apenas os ambientalistas, mas diversos setores da sociedade, atraiu os jovens, os assentados, a Comissão Pastoral da Terra, a Igreja Católica e a imprensa alternativa. Diversos grupos independentes foram formados para avaliar os estudos ambientais realizados, procurando aprofundar o entendimento sobre os seus riscos, o que trouxe à tona pontos críticos relacionados aos impactos socioambientais. “Como a maior parte da população de Ilhéus tem uma noção vaga sobre os impactos do projeto, apostamos na comunicação e na informação para aumentar a conscientização sobre o projeto”, justifica o ambientalista Paulo Sérgio Paiva.

O engajamento das associações tem mostrado resultados significativos, como o reconhecimento das autoridades sobre a localização inicial de implantação do Porto Sul. A série de reivindicações fizeram com que o Ibama elaborasse, no ano passado, parecer negativo, considerando que a instalação do empreendimento no local proposto causaria impactos, que não haviam sido previamente analisados, sobre a sub-bacia do rio do Mangue e de sua planície de inundação, além de prejudicar variedades endêmicas de recifes de coral. Porém, segundo informações da Rede Sul, a nova área apontada pelo governo também apresenta riscos elevados para a região.

Atualmente, a Valec realiza obras da Fiol em um trecho de 537 quilômetros entre Jequié e Ilhéus. A previsão é que o trajeto que vai de Ilhéus até Caetité, que começou a ser construída em 2011, fique pronto em 2014. O trecho que

Ilhéus (BA)Caetité (BA)Barreiras/São Desidério (BA)Figueirópolis (TO)

A Fiol terá sua implantação dividida em três trechos

530 km413 km547 km (conclusão no final de 2012)

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Vista aérea da região que receberá o Porto

Sul. Área é rica em biodiversidade

Audiências públicas sobre o Porto Sul são marcadas por protestos da sociedade civil organizada, contrária à obra

Observações relevantes do parecer da Diretoria de Licenciamento Ambiental

Isso quer dizer que o local onde seria implantado primeiramente o porto teve que ser alterado. O projeto previa a construção do

empreendimento na Ponta da Tulha e agora será construído entre as localidades de Aritaguá e Sambaituba. Esse ajuste

precisa ser reenviado para avaliação do órgão;

Não foi verificado pelo órgão comprovação de suficiência no fornecimento de energia elétrica durante a operação dos portos;

Sugeriu-se a elaboração de um plano básico ambiental que contemple melhor a destinação final de resíduos sólidos,

seguindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS);

No diagnóstico ambiental foram levantados questionamentos quanto ao estudo para determinação do impacto das obras na

mata atlântica original. Será preciso rever a amostragem.

compreende Caetité a Barreiras, contudo, é alvo de recomendações do Ministério Público Federal na Bahia (MPF-BA) tanto à Valec quanto ao Ibama, ambas expedidas em fevereiro.

Segundo as recomendações, emitidas pelos procuradores da República Fernando Túlio da Silva e Vladimir Aras, a empresa prestou informações sobre a existência de “indefinições de traçados que podem alterar as análises dos impactos ambientais apresentadas ao órgão licenciador na fase de obtenção de Licença Prévia, diante da própria imprecisão da área de influência”.

Para o MPF, a licença de instalação das atividades só deve ser emitida pelo Ibama quando a Valec concluir estudos que apresentem informações precisas e completas, principalmente quanto aos impactos socioeconômicos e ambientais decorrentes da implementação do empreendimento. Os estudos devem levantar informações como dados sobre uso e ocupação do solo, uso da água, sítios arqueológicos, históricos e culturais das comunidades afetadas, relação de dependência entre as comunidades, recursos ambientais e potencial utilização destes no futuro, além de dados sobre o modo de vida e subsistência das comunidades afetadas com o empreendimento.

Já a data para o início das obras do Porto Sul é uma incógnita. Até o fechamento desta edição, a Bamin esperava a licença de instalação do Terminal de Uso Privativo (TUP) por parte do Ibama, o que só deverá ser feito após a empresa apresentar os esclarecimentos necessários ao órgão ambiental (a previsão é que isso seja feito até abril). O início da construção do TPU, com uma ponte compartilhada de 3,5 quilômetros, é encarado pela companhia como o começo das obras do porto público, pois a obra será dividida com o governo – esta é uma das contrapartidas da Bamin para compensar a concessão do uso da área. [B+]

FOTOS: Divulgação

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TIM busca ampliar presença no segmento corporativo

Operadora líder na regional Norte/Nordeste, a TIM pretende investir em pequenas e médias empresas em 2012, no sentido de atender a esse mercado crescente, ampliar o portfólio e buscar novos parceiros no setor corporati-vo. Para atingir tais objetivos, a companhia planeja firmar parceria com novos investido-res regionais. “Estamos buscando parceiros alinhados com a estratégia de expansão da TIM. Empreendedores ousados, capacitados e com boa força de vendas”, adianta o gerente regional de vendas da TIM no Nordeste, Eral-do Lins. Em 2011 foi registrado um incremen-to de 20% no faturamento de suas empresas parceiras. Para incentivar o uso de dados nas micro, pequenas e médias empresas, a opera-dora lança um novo portfólio de planos para acesso à internet móvel através de tablets e modens 3G.

Maior franquia mundial da McDonald’s fatura US$ 3,65 bilhões em 2011

A Arcos Dorados, maior franquia da McDonald’s no mundo e maior operadora de restaurantes da América Latina, faturou US$ 3,65 bi-lhões em 2011, o que significa um crescimento de 21,2% sobre o ano anterior. O resultado manteve-se positivo como os anteriores, que apresentaram crescimentos anuais consecutivos desde a criação da empresa, em 2007. A companhia conta com 80 mil funcionários dis-tribuídos por 1.840 restaurantes da região. Na Bahia, a Arcos Dora-dos conta com 19 unidades: 15 em Salvador e Região Metropolitana e quatro unidades em outras cidades (Porto Seguro, Vitória da Con-quista, Feira de Santana e Itabuna).

BLOC O DE N OTAS

MERCADO

Banco do Nordeste: Seminário Internacional de Microfinanças será realizado em Salvador

O Seminário Internacional de Microfinanças, que será realizado nos próximos dias 30, 31 de maio e 1º de junho, promoverá um espaço de interação entre diversos atores do segmento para o compartilha-mento de experiências e realização de debates que contribuam para o desenvolvimento do setor. O evento reunirá instituições de microfi-nanças do Brasil e do exterior, entidades de fomento e apoio, parcei-ros institucionais do BNB, estudiosos do tema e demais interessados no assunto. Lançado em 2005, é o maior programa de microcrédito da América do Sul, com mais de um milhão de clientes ativos, mais de R$ 1 bilhão de carteira ativa, com mais de 10,1 milhões de ope-rações realizadas e R$ 11,1 bilhões investidos em operações que vão de R$ 100 a R$ 15 mil.

FOTO: Divulgação

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BTG Pactual compra rede da Farmácia Santana

A rede Farmácia Santana foi vendida ao grupo BTG Pactual, que já havia adquirido a rede Estrela Galdino em 2011 por R$ 18 milhões e a Big Bem por R$ 293 milhões. O martelo foi batido no dia 10 de fe-vereiro e o negócio ficou em torno de R$ 200 milhões em dinheiro e R$100 milhões em ações da holding Brazil Pharma. A rede Santana conta com cerca de 100 lojas em operação, o que elevaria o total sob o guarda-chuva da Brazil Pharma a aproximadamente 972 unidades.

MERCADO

PIB baiano deve atingir 3,7% em 2012

O Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia cresceu 2,0% em 2011, em comparação ao ano anterior, e a estimativa para 2012 é alcançar a marca de 3,7%. Os setores de serviços (3,6%) e agropecuária (9,8%) foram os destaques positivos, mas a indústria teve percentual ne-gativo (-2,9%). As informações são da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).

FOTO: Divulgação

Person Design comemora cinco anos com exposição e nova marca

Profissionais de design, clientes, estudantes e amigos marcaram presença no aniversário de cinco anos da Person Design, realizado em 28 de janeiro no Bahvna Espaço Cultural, no Rio Vermelho. Na ocasião, o aconchegante lu-gar recebeu uma exposição cronológica que relatou as principais conquistas da empresa sediada em Vilas do Atlântico (Lauro de Frei-tas), e capitaneada pelos sócios-diretores Fe-lipe Arcoverde, Ana Paula Paixão e Roberto Arcoverde. Durante o evento, a Person Design aproveitou para apresentar sua nova marca, considerada pelos sócios como “mais madura, equilibrada, simples e inspiradora”. Entre os clientes da empresa estão a Audium, Gráfica Luripress, Dona Empreendimentos, Instituto EcoDesenvolvimento, E ditora Sopa de Letras, entre outros. O interesse dos sócios é continu-ar projetando soluções adequadas às necessi-dades das pessoas e das organizações. Para au-mentar a cartela de clientes e o faturamento, a empresa pretende investir ainda mais em uma prestação de serviço cada vez mais humana, especializada e profissional, além de continu-ar divulgando e valorizando o design.

Cervejaria Petrópolis: expansão para o Nordeste

A cervejaria Petrópolis, que detém as marcas Itaipava e Crystal, quer consolidar a vice-liderança no mercado nacional. A empresa acredita que sua marca, o portfólio de produtos e sua capacidade de distribuição podem sustentar a segunda posição. A companhia aposta que agora está madura para expansão no Nordeste, em no máximo dois anos, e pode até abrir uma fábrica na Bahia. A Petrópo-lis vem para a região para competir diretamente com a Schincariol, que tem aqui seu maior mercado.

Fieb investe R$ 78 milhões em Cimatecs

O presidente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), José Mascarenhas, assinou no dia 13 de fevereiro um contrato no valor de R$ 51 milhões com a construtora GMEC Projetos e Obras para a construção dos prédios das unidades 3 e 4 do Centro Integrado de Manu-fatura e Tecnologia (Cimatec) do Senai-Bahia. Outros R$ 37 milhões serão aplicados na ca-pacitação de profissionais e aquisição de má-quinas e equipamentos, o que consolida um investimento total de R$ 78 milhões. “Estamos fazendo um esforço muito grande para formar na Bahia um novo ramo industrial, bem assis-tido (tecnicamente) e envolvido com as indús-trias mecânica e naval”, destaca Mascarenhas.

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BLOC O DE N OTAS

13º Agrocafé vai abordar os vários cafés do Brasil

O 13° Simpósio Nacional do Agro-negócio Café (Agrocafé) elegeu como tema central do evento as várias nuances do café. “Cafés do Brasil” diz respeito à multiplicida-de de resultados que um país de di-mensões continentais proporciona para a produção do grão. O evento acontece na Bahia Farm Show que é a maior vitrine do agronegócio do estado, considerada uma das mais importantes feiras de tecno-logia agrícola e negócios do país. A temática será debatida entre 29 de maio e 2 de junho de 2012 no município baiano de Luís Eduardo Magalhães.

Maior fábrica de fertilizantes chega a Candeias

O grupo chileno-francês SQM Vitas inaugurou em Candeias, na Região Me-tropolitana de Salvador, no dia 7 de março, a maior fábrica de fertilizantes hidrossolúveis do Norte e Nordeste do país. A implantação do complexo industrial de fertilizantes é uma parceria dos grupos SQM (Chile) e Roullier (França). Os investimentos atingem US$ 10 milhões, e, até o final de 2012, serão gerados mais de 120 empregos diretos.

Mineradora australiana investe R$ 2,2 bilhões em Brumado

Um protocolo para exploração de minério de ferro na região de Brumado foi assinado no dia 12 de março pela empresa Cabral Mineração, no mu-nicípio de Livramento de Nossa Senhora, a 722 km de Salvador (região de Brumado). A mineradora deve gerar 850 empregos diretos até o início da produção, no final de 2015. A Cabral Mineração é uma subsidiária da empresa australiana Cabral Resources e deve investir US$ 2,2 bilhões para a instalação da mineradora, que vai ter capacidade de produção de 15 mi-lhões de toneladas/ano.

JAC Motors inicia obras na Bahia até junho

A fábrica da montadora chinesa JAC Motors em Camaçari começará a ser construída entre maio e junho deste ano. A informação foi confirmada pelo secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia. Segundo ele, o decreto que autoriza a redução do Imposto sobre Produtos Industrializa-dos (IPI) para empresas automobilísticas que vão construir fábricas no país, como a JAC, BMW e Land Rover já está pronto e aprovado, aguardando apenas o aval da Casa Civil do governo federal. A unidade da montadora no Polo vai gerar 3.500 empregos diretos e cerca de dez mil indiretos. O início da operação está previsto para março de 2014.

HOTELAR IA

AGRICULTURA

IN DÚST R I A

Bahia puxa avanço da indústria do Nordeste

Com a ajuda dos setores têxtil, de vestuário e acessórios, produtos químicos e de refino de petróleo e álcool, a indústria nordestina cresceu 5,7% entre dezembro e janeiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado contrasta com a queda de 2,1% registrada na produção industrial nacional no período. O avanço no Nordes-te foi puxado pela Bahia, onde a produção industrial aumentou 12,6% entre dezembro e janeiro, já com os ajustes sazonais. Dados do IBGE mostram que quatro setores levantaram a produção industrial da Bahia entre dezembro e janeiro (sem ajuste sazonal): refino de petróleo e álcool (19,3%), produtos químicos (42,5%), borracha e plástico (6%) e veículos (34%).

Grupo vai inaugurar sete hotéis na Bahia até 2014

A rede hoteleira Accor planeja construir sete hotéis na Bahia até 2014. As unidades serão instaladas em Feira de Santana, Vitória da Conquista e em Salvador – a capi-tal baiana vai abrigar cinco hotéis. Os investimentos somam quase R$ 290 milhões. As bandeiras serão do Mercure, Ibis e um Novotel Salva-dor Hangar, que ficará na Avenida Paralela, além da Mondial, marca da Adágio City Aparthotel. Destes, o primeiro empreendimento que deve entrar em operação é o Ibis de Feira de Santana, previsto para agosto deste ano. Os de Salvador começam a ser inaugurados em dezembro de 2012, com o Mercu-re Salvador Boulevard. Em todo o país, a perspectiva é construir 80 hotéis nos próximos três anos, an-tes da realização da Copa do Mun-do de futebol.

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COMÉRCIO

Liquida Salvador 2012 bate recorde em vendas

Com mais de sete mil pontos de vendas cadastrados, a 14ª Liqui-da Salvador gerou um resultado positivo para o setor varejista, de acordo com Bernardo Carvalho, autor e coordenador da campanha, realizada entre os dias 1° e 11 de março. O volume de vendas foi superior a 450 milhões de cupons (R$ 25 cada um) e ultrapassou 16% de crescimento médio das lojas. “Foi recorde de movimento em todos os shoppings e no comércio de rua”, afirmou Carvalho. Para 2013, a campanha já fechou parceria com Redecard e Hipercard. A Consil (que sorteou um apartamento) também firmou parceria para o próximo ano. Para Antoine Tawil, presidente da Federação das Câ-maras de Dirigentes Lojistas, a Liquida Salvador é um evento de grande dimensão, que cresce e supera os próprios números a cada edição. “Ela já está incorporada ao calendário do varejo. A Liquida é uma marca tão exitosa que tem se multiplicado em outras cidades, não só da Bahia, como em diversas capitais do país”, reforça Tawil.

(01) Antoine Tawil, presidente da FCDL, espera bons resultados da Liquida em cidades do interior. (02) Bernado Carvalho com o consultor empresarial Alberto Serrentino e

Geraldo Cordeiro, presidente em exercício da CDL Salvador

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FOTOS: Divulgação

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IMÓVE IS +

POR NÚBIA CRISTINA

IPTU Verde

Camaçari deve ser o primeiro município baiano a adotar o IPTU Verde, a exemplo de Belo Horizonte, São Paulo, Guarulhos e Sorocaba. A expectativa é que ainda no primeiro trimestre deste ano a Câmara de Vereadores aprove o projeto que prevê redução de até 20% no pagamento do imposto para os pro-prietários de imóveis sustentáveis, que utilizem sis-temas para redução do consumo de água e energia ou qualquer outro equipamento que contribua de forma eficaz para a preservação do meio ambiente. Em Lauro de Freitas e Mata de São João, o projeto tem o apoio da Câmara e do Executivo Municipal e deve ser implementado no máximo até abril. O projeto foi apresentado às prefeituras de Salvador e Região Metropolitana em novembro do ano passado.

Complexo empresarial e residencial em Camaçari

Começou a ser construído em março o sistema viário do primeiro complexo residencial e empresarial de Camaçari, que será instalado em uma área de 760 mil m2 entre a via Parafuso (BA-535) e a Avenida Jorge Amado. O empreendimento que deve mudar o per-fil urbanístico da cidade foi anunciado pelo prefeito Luiz Caetano. Inicialmente, serão investidos cerca de R$ 300 milhões para a implantação do sistema viário, a construção do Shopping Boulevard Camaçari, um hotel de bandeira Ibis e um conjunto residencial do Programa Minha Casa, Minha Vida. Os três empreendimentos devem ser construídos a partir de agosto. De acordo com o prefeito, os novos empreendimentos representarão a oferta de cerca de quatro mil novas vagas de emprego, entre diretos e indiretos, sendo dois mil durante a construção dos empreendimentos e as demais depois da inauguração do shopping, do hotel e do conjunto residencial. O shopping será administrado pela Aliansce Shopping Centers.

AlphaVille Feira, etapa comercial

Os lotes residenciais foram vendidos três horas após o lança-mento do AlphaVille Feira de Santana, mas ainda há oportu-nidade para os interessados em unidades da área comercial. O loteamento terá mais de 44 mil m2 de área comercial (25 lotes) e destinará cerca de 167 mil m2 (397 lotes) para o setor residencial. O diretor de marketing e vendas, Fábio Valle, não esconde o entusiasmado com o sucesso do empreendimento e não descarta a possibilidade de a AlphaVille Urbanismo investir em outros projetos no interior da Bahia. O AlphaVille Feira foi concebido em uma das áreas mais belas da cidade, no km 430 da BR-116 Sul, a cerca de cinco minutos do centro. O empreendimento terá mais de 440 mil metros quadrados, com segurança, privacidade e contato privilegiado com a na-tureza, por meio de uma área verde de aproximadamente 115 mil metros quadrados, além de amplo espaço de lazer.

Interior é prioridade

Estimular o crescimento do mercado imobiliário no interior do esta-do, reforçando as ações de apoio às construtoras e incorporadoras localizadas nas cidades de maior potencial econômico. Essa é uma das prioridades do presidente da Associação de Dirigentes de Em-presas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Nilson Sarti, reeleito para o biênio 2012/14, em assembleia geral da entidade, re-alizada dia 1o de março. A nova diretoria pretende atrair novos asso-ciados nas cidades de Feira de Santana, Vitória da Conquista, Jequié, Ilhéus, Itabuna, Luís Eduardo Magalhães e Juazeiro. A estratégia é estimular parcerias de negócios entre as empresas da capital e do interior, além de oferecer o suporte da instituição nas áreas jurídica, de gestão, marketing, sustentabilidade e novas tecnologias. “Nosso projeto de interiorização e as ações na área de sustentabilidade me motivaram a disputar a reeleição”, afirma Sarti.

FOTO: Divulgação

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Crescimento sustentável

Diretor da Odebrecht Realizações Imobiliária, Franklin Mira assume a liderança de uma nova diretoria da Ademi, para o biênio 2012-2014, voltada para o desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador e Litoral Norte. De acordo com a entidade, essa área responde hoje por 30% das unidades vendidas no estado. Até 2023, serão lança-das 600 mil novas unidades na região. “Com a nova dire-toria, poderemos estimular o desenvolvimento de forma responsável e sustentável”, afirma Mira.

Quatro lançamentos no Aquarius

A Fator Realty lançou simultaneamente quatro produtos de alto padrão no Aquarius, os residenciais Duo, Capri, Seasons – devem ser os últimos as serem oferecidos na região - e o Metropolitan, centro empresarial e hotel. “São pouco mais de 400 unidades, totalizando um VGV de R$ 260 milhões”, disse o presidente da incorporadora, Pau-lo Fabbriani, que, juntamente com toda a equipe da Fa-tor Realty, recebeu corretores e convidados. O meeting aconteceu no dia 29 de março, no Espaço Unique, e foi marcado por muitas surpresas, como a apresentação do musical Aquarius e premiações. Os corretores ficaram im-pressionados com a revitalização da Praça Aquarius e o novo sistema de segurança com monitoramento 24 horas das principais entradas e saídas do bairro e que começa a ser implantado, transformando o Aquarius no primeiro bairro com esse dispositivo.

Creci em Jequié

O combate ao exercício ilegal da profissão no interior do estado é uma das prioridades do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-9ª Região BA). Em 2012, o órgão fiscalizador pretende abrir novas delegacias em Jequié e Santo Antônio de Jesus. Hoje, o Conselho tem atuação em nove cidades (Feira de Santana, Alagoinhas, Juazeiro, Vitória da Conquista, Teixeira de Freitas, Porto Seguro, Barreiras, Ilhéus e Itabuna). De acordo com o pre-sidente do Creci-Bahia, Samuel Prado, no interior a luta é mais árdua para combater o exercício ilegal da profis-são de corretor, um crime que prevê sanções pelas leis brasileiras, e esclarecer ao consumidor que é preciso ter a assessoria de um profissional habilitado para realizar transações imobiliárias. “Nosso trabalho tem foco na va-lorização do corretor e no zelo pela segurança de quem compra ou vende imóveis”, reforça Prado.

QUEM LIDERA O CRESCIMENTO NA REGIÃO SUDOESTE

Em pouco mais de uma década, o diretor executivo da E2 Engenharia e Empreendimentos, Luiz Edmundo Souza, 43 anos, conseguiu estruturar sua empresa para aproveitar as oportunidades oriundas da expansão do mercado imobiliário de Vitória da Conquista e região. A partir de março, ele se dedica ainda mais ao trabalho pelo fortalecimento da indústria da construção no interior do estado, quando assume o papel de conselheiro diretor da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA) para o biênio 2012-2014.

Integrante da chapa vencedora, que manteve Nilson Sarti na presidência para o biênio 2012-2014, na Assembleia de 1o de marco, Souza faz uma promessa: “Terei como prioridades aproximar a Ademi-BA do interior e ampliar o número de empresas filiadas, em especial nas cidades da região sudoeste”, ressalta. Engenheiro civil, mestre em engenharia de avaliações pela Universidade Politécnica de Valencia (Espanha), Souza dirige uma empresa com 900 empregados. Está construindo em Conquista 2.200 unidades habitacionais do segmento econômico (Minha Casa, Minha Vida) além de uma torre com 44 apartamentos (destinados à classe média), e um condomínio residencial com 230 unidades (Minha Casa, Minha Vida), em Jequié.

“Estamos investindo ainda em Jaguaquara e Brumado. Além disso, prospectamos terrenos em diversas cidades”. O segmento econômico é o principal mercado alvo da E2 Engenharia, mas a empresa também investe na construção de empreendimentos verticais de alto padrão. “Lançamos o Recreio Residence (comercial e residencial), localizado na Pracinha Dr. Gil, ícone de nossa cidade”. A localização é privilegiada, a exemplo da posição de Vitória da Conquista no ranking das cidades com maior potencial de crescimento do mercado imobiliário.

FOTO: Divulgação

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MER C ADO DA C O MU N IC AÇÃO

Eu fico pasmo quando constato a indiferença ou a desinformação que o mercado tem com essa tal de regionalização da propaganda. É impressionante como os empresários e profissionais desses mercados fora do eixo Rio-São Paulo absorvem o papo das grandes agências de publicidade e focalizam a discussão unicamente na questão cultural e na linguagem.

É lógico que pensar local e agir local, e com isso criar intimidade com o consumidor, é o pano de fundo da questão da regionalização da propaganda, mas é preciso que esses publicitários, empresários e lideranças compreendam que a briga é econômica. Há uma injustiça a ser corrigida e rapidamente. Há que se ter uma correspondência de dinheiro publicitário proporcional ao índice de consumo das regiões. Se a indústria do biscoito de São Paulo tira o dinheiro de Pernambuco, é justo e lógico que ela coloque o dinheiro da comunicação nas agências, veículos e fornecedores de Recife.

Não é por acaso que na indústria de comunicação no Brasil, São Paulo responda por uma fatia de 80% do faturamento e empregue somente 20% da mão de obra. É um brutal desequilíbrio. Se somente o governo federal regionalizar 30% de sua verba publicitária, isso dá a bagatela de mais de R$ 300 milhões para os mercados fora do eixo. São gráficas, produtoras de áudio, vídeo, agências, fotógrafos, profissionais de design, e por aí adiante. Todo o mundo crescendo e empregando mão de obra. Aí, os empresários do eixo, movidos pelos argumentos culturais e econômicos, aparecem com a história jurídica – não dá para regionalizar sem mudar a lei. Uma balela.

No último congresso de propaganda, a bancada da Bahia levou uma proposta que caiu como uma bomba no colo deles. Um simples acréscimo no item capacidade de atendimento, apresentando representações regionais com pontuações específicas,

já contemplaria a regionalização – seria, pois, uma decisão meramente política e administrativa no âmbito exclusivo da comissão de licitação. Essa proposta foi tão retumbante que, depois do cochilo da comissão de regionalização do congresso ter aprovado, eles ficaram feito baratas tontas, tentando desaprovar no plenário final. Mas já era tarde. Preferiram omitir posteriormente, retirando da resolução final nos anais do congresso o que foi denunciado. A Abap nacional preferiu, então, partir para a tática da sedução e do encolhimento, cedendo aos estados nordestinos um encontro regional denominado “Nordeste, a bola da vez”, que discutiu tudo, menos regionalização.

Assim, ficaram nossos irmãos nordestinos mais uma vez extasiados pelas palestras vazias. Vazias porque não atacaram diretamente o cerne da questão. Preferiram mais uma vez aceitar os cuidados com as diferenças entre ‘uai ‘ e ‘oxente’.

No último encontro da ABA, o departamento de marketing da Coca-Cola apresentou o case do Guaraná Jesus do Maranhão – quem apresentou a campanha foi uma agência de São Paulo. Resultado: o material era cheio de clichês folclóricos e turísticos em uma alusão piegas de como vivem os moradores de São Luís.

Experiências vitoriosas estão sendo praticadas em todo o país. A indústria automobilística, em particular as quatro maiores montadoras, já regionalizam suas ações de varejo da marca. Os supermercados com bandeira nacional como Carrefour e Extra fazem isso há muito tempo. Nestlé, O Boticário, Centauro e muitas outras empresas privadas fazem o mesmo.

A luta pela regionalização das verbas publicitárias é dura porque se trata de algumas agências abrirem mão de parte de seu faturamento, o que não é nada fácil. Mas é a única forma de tornar esse mercado mais justo e mais democrático como, aliás, toda a sociedade brasileira.

AS DIFERENÇAS ENTRE “UAI” E “OXENTE”

FERNANDOPASSOS

Sócio-presidente da agência Engenhonovo

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EXPE R IÊN C IAS

Não é todo dia que um armarinho se transforma

em uma rede de varejo em expansão. Mas a Le Biscuit

conseguiu este feito, após ter nascido em Feira de

Santana, em 1968, e hoje ser um dos principais

grupos do segmento, com 19 lojas em três estados

“U ma administração empreendedora e constantes investimentos em setores como tecnologia, marketing

e recursos humanos, que a transformaram em exemplo de profissionalização para o mercado”. É dessa forma que o diretor-presidente da Le Biscuit, Álvaro Sant’Anna, justifica o sucesso da rede de varejo que começou como um armarinho em Feira de Santana, em 1968, e que atualmente conta com 19 lojas em três estados (Bahia, Sergipe e São Paulo).

O empreendedorismo do grupo teve como mentor o empresário Aristóteles Sant‘Anna, pai de Álvaro. Ele ainda atua na empresa, mas legou o comando para o filho. A primeira loja em Salvador nasceu no bairro da Mouraria, em 1992. A partir de 2009, a rede passou por uma reformulação no conceito de atuação e, desde então, só faz crescer.

A rede aposta em estratégias de vendas diferenciadas e em uma linha diversa de produtos para conquistar os clientes nos novos mercados em que passa a atuar. No total, o mix contempla mais de 60 mil produtos disponíveis em seções que vão desde decoração, a utilidades para o lar, brinquedos, papelaria, festa, armarinho e bazar.

A Le Biscuit tem hoje cerca de 1.300 funcionários espalhados em 14 lojas nas cidades baianas de Camaçari, Salvador, Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista e Itabuna. Em Sergipe, está em Aracaju e Nossa Senhora do Socorro. Já em São Paulo, possui três lojas no bairro da Mooca, em Campinas e em Indaiatuba.

LE BISCUIT EM NÚMEROSFaturamento de R$ 200 milhões em 2011Investimento de R$ 30 milhões para abertura de lojas em 2011Previsão de faturamento de R$ 300 milhões em 201219 lojas em três estados (Bahia, Sergipe e São Paulo)Meta de inaugurar 12 lojas em 2012 e 20 em 20131.300 funcionários

APOSTA É NA DIVERSIDADE

FOTO: Divulgação

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LEITE BAIANO, GENÉTICA ESTRANGEIRA

FOTO: Divulgação

Em Nova Jaborandi, no sudoeste do estado, a fazenda Leite Verde produz o Leitíssimo por meio de moderna tecnologia e do cruzamento das raças jersey e holandesa. A projeção do grupo da Nova Zelândia para 2012 é faturar R$ 14,4 milhões

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O s investidores vieram da Nova Zelândia e apostaram na Bahia, há pouco mais de dois anos, como o lugar ideal para produzir leite de alta qualidade

- e não se arrependeram. Em Nova Jaborandi, município situado no sudoeste baiano (a 1.031 km de Salvador), a fazenda Leite Verde emprega alta tecnologia na fabricação do produto Leitíssimo, além de desenvolver uma nova raça bovina: a kiwicross, um cruzamento das raças jersey e holandesa, mais adaptada ao regime de pasto, considerada boa de leite, além de ser fértil e de fácil manejo. O sêmen usado para reprodução é proveniente de touros da Nova Zelândia.

“Pesquisamos todo o Brasil antes de escolhermos a Bahia. Um dos fatores foi o clima propenso ao nosso sistema, voltado para as vacas viverem livremente no pasto. O outro fator é demográfico: no Sul sobra leite, já no Norte-Nordeste o produto costuma ser mais escasso, então vimos uma oportunidade aqui”, destaca o neozelandês Dave Broad, gerente comercial da Leite Verde S.A.

A fábrica para a produção do Leitíssimo foi inaugurada em outubro de 2009. Os neozelandeses chegam a produzir na Bahia três vezes mais leite por hectare do que em seu país de origem. A Nova Zelândia, em sistema a pasto, produz 15.000 litros/ha por ano. Nessa fazenda, está sendo produzido, em média, 35.000 litros/ha por ano, com resultados de até 50.000 litros/ha por ano.

Para o diretor do grupo, o engenheiro químico Craig Bell, a Bahia propicia um perfil regular de produção durante todo o ano, sem necessidade de fazer silagem ou empregar outros suplementos durante o inverno. O leite premium UHT integral, que é distribuído para diversos estados brasileiros, é engarrafado na própria fazenda, o que reduz os riscos de contaminação, segundo Broad, que também ressalta: “O leite vem exclusivamente da nossa fazenda, do nosso rebanho, não o compramos de terceiros, o que nos dá segurança sobre a qualidade do produto”.

Atualmente, a fazenda conta com cinco pivôs dotados de 425 metros de raio de ação. Cada um deles cobre 56 hectares de área, além de comportar uma sala de ordenha com capacidade para 450 a 550 vacas por hora. A meta, de acordo com o gerente comercial da empresa, é ampliar para sete pivôs até o final de 2012. Sobre o fato de os animais da fazenda serem baianos, porém com hereditariedade neozelandesa, Broad explica: “Nosso objetivo é trabalhar com 100% de genética europeia, jersey e holandesa, porque a produtividade é muito maior. É um cruzamento que tem um conceito de vigor híbrido, de alta produção. É o 1+1 que é igual a três. Se usássemos somente uma dessas raças de forma pura, não obteríamos os mesmos resultados. É um animal menor, mais rústico, extremamente fértil”.

NOVA JABORANDIMunicípio com cerca de dez mil habitantes. As principais atividades econômicas são a produção agrícola (soja e mamão) e a bovinocultura.

NEGÓCIO LUCRATIVORECEITA EM 2010: R$ 4,3 milhões RECEITA EM 2011: R$ 8,6 milhõesPROJEÇÃO PARA 2012: R$ 14,4 milhões

LEITÍSSIMO EM NÚMEROSEstimativa de produzir oito milhões de litros de leite em 2012

Existem cinco pivôs na fazenda. O objetivo é chegar a sete até o final do anoRebanho tem mais de três mil animais

Cerca de 70 funcionários, a maioria da própria região e que mora na fazendaA fazenda está em uma área de 17.800 hectares

Há uma escola bilíngue na fazenda para as crianças da região (uma professora brasileira e duas neozelandesas)

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Em 1982, o Grupo Brandão fez seu primeiro investimento no ramo de concessionárias ao inaugurar a Tropical Motos em Senhor do Bonfim, que cresceu rapidamente com filiais em Jacobina e Irecê.

“Em 1990, inauguramos a primeira loja de carros, em Irecê. Hoje somos o maior fornecedor Chevrolet da Bahia e o segundo do Nordeste (atrás apenas da Grande Bahia/Codisman, que também atua no Ceará)”, destaca João Brandão, neto de João Porfírio. Atualmente, o grupo possui concessionárias nas cidades de Jacobina, Irecê, Senhor do Bonfim, Barreiras, Luís Eduardo, Guanambi, Bom Jesus da Lapa, Brumado, Vitória da Conquista, Itapetinga, Jequié, Ipiaú, Itabuna, Eunápolis e Teixeira de Freitas.

João Brandão observa que o grupo também passou a atuar com operações da Ford em 2005. Hoje são quatro concessionárias nas cidades de Barreiras, Luís Eduardo, Teixeira de Freitas e Eunápolis.

Sobre o sucesso dos negócios do grupo, que atua exclusivamente no interior, o empresário exalta o fator honestidade. “Muito trabalho, muita transparência e muita credibilidade. Procuramos agir de forma leal. Atuamos em pequenos mercados, onde as operações costumam ser

É difícil deixar de se impressionar com os números quando o assunto são os negócios

do Grupo Brandão: são 12 empresas, 21 lojas e uma fazenda distribuídas por 16 cidades do interior da Bahia. Tudo começou no início do século 20 com José Porfírio Brandão, que abriu um armarinho no município de Mundo Novo. Posteriormente, o primeiro negócio da família deu lugar a uma farmácia que, por sua vez, foi substituída por uma papelaria – existente até hoje, com matriz em Jacobina e filial em Senhor do Bonfim.

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O INTERIOR NOS SUSTENTA

O leque de negócios do Grupo Brandão faz de João Brandão o primeiro empreendedor do interior a conquistar o prêmio “Empresário do Ano”, promovido pela Faceb

FOTO: Divulgação

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individualizadas. Precisamos passar confiança para o consumidor, pontua. A gama de empreendimentos do Grupo Brandão ainda inclui uma

empresa de reflorestamento, a Florão da América Silvicultura Ltda (Florama Florão), situada na fazenda da família, em Barreiras, uma locadora de veículos e uma corretora de seguros. “Temos planos para crescer na área de automóveis e caminhões. Investir em posto de gasolina também faz parte da nossa estratégia”, projeta João Brandão.

Dirigido pelos irmãos João e José Brandão, o grupo vem tendo sua manutenção garantida pela terceira geração da família nos negócios. “Meus filhos João Luciano e João Roberto, e o meu sobrinho Thomas também já atuam no ramo”, comemora João Brandão, reconhecido em 2009 como “Empresário do Ano” pela Federação do Comércio do Estado da Bahia (Faceb). Foi a primeira vez que um empreendedor do interior conquistou o prêmio.

GRUPO BRANDÃO EM NÚMEROSEmprega 952 funcionáriosMeta de vender dez mil carros novos em 20122.500 usados8.500 motos novas

FOTO: Rômulo Portela

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J uarez Canejo já tinha expertise na área de áudio e vídeo, com gravações de

casamentos e aniversários, quando morava na cidade pernambucana de Salgueiro em 1983. Um ano depois, o então pequeno empreendedor migrou para Petrolina (PE), na divisa com Juazeiro (BA), para fazer os negócios prosperarem.

“Comprando um equipamento daqui e outro dali”, Canejo teve na inovação seu diferencial, como mesmo explica: “Depois de uns quatro anos, quando eu já estava com o sistema U-Matic completo, foi que as TVs locais chegaram com o VHS. Quando elas passaram para o U-Matic eu já passei para Beta. E hoje eu já estou no sistema digital – agora que elas estão saindo da Beta para o digital.”

A agência de publicidade comandada por Canejo é a Criação Original, que completa 22 anos em 2012. Dela já nasceram duas outras empresas, para suprir a necessidade do mercado local: uma produtora de áudio e vídeo e uma de entretenimento. “Produzimos eventos, fazemos a locação de equipamentos, temos um trio elétrico (Nave da Alegria)”, comemora o empresário. Hoje são eles que fazem eventos da Presidência da República na região.

A chave do sucesso, na opinião de Juarez Canejo, é o comprometimento: “É preciso corresponder e ir além das expectativas do cliente”. Mas se engana quem pensa que ele está conformado. Em abril nasce a Base Empreendimentos Imobiliários, uma aposta em um novo ramo em ascensão.

DESTAQUES DOS NEGÓCIOSA Criação Original tem um recorde nacional como trunfo. A agência fez a campanha (em três meses) e as ações de marketing do empreendimento Nova Petrolina, que vendeu 9.200 lotes em apenas um dia – marca única no país em se tratando de lotes populares

(01) Juarez em atividade fazendo a cobertura de campanha política, (02) Atento aos detalhes, Juarez Canejo conduz a equipe em ação, (03) Em 1994, com o instrumento de trabalho em mãos, (04) Sede da agência Criação Original

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FOTOS: Acervo pessoal

Juarez Canejo começou com um pequeno negócio na área de áudio e vídeo, na década

de 1980. Hoje, o cearense radicado na região do São Francisco tem uma agência publicitária, produtora, empresa de entretenimento e já dá

os primeiros passos no ramo imobiliário

INOVANDO COM O MERCADO

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NEGÓCIOS

O CHOCOLATE BAIANO

EXPORTAÇÕES NO AZUL

ESTUDAR MAIS PERTO DE CASA

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COMÉRCIO 44 | INDÚSTRIA 46 | GESTÃO 48 | ECONOMIA 50

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NEG Ó C IO S | s ta r t u p

O DESENVOLVIMENTO DO CHOCOLATE BAIANO

A depender do terreno e do clima onde for plantada, a uva oferece sabor, aroma e qualidade diferentes para cada safra de

vinho. O mesmo acontece com o chocolate. O cacau plantado nas diferentes terras das fazendas de Ilhéus adquirem sabor e aroma próprios, desde que fabricados de forma artesanal. Para esse modelo de produção dá-se o nome “origem controlada” e, como resultado, o chocolate ganha status de grife.

Os ganhos na qualidade do produto refletem-se no preço vendido. Hoje a arroba do “cacau de origem” pode chegar a até R$ 150. Enquanto isso, o cacau padrão ensacado e exportado para virar chocolate industrializado (pouco reconhecido no mercado mundial) vale a metade do preço.

Um mercado tão promissor só pôde ser desenvolvido com a queda do cacau na década de 1990, provocada pela vassoura-de-bruxa. Com a quebra, os cacauicultores tiveram que buscar alternativas para continuar em suas fazendas e agregar valor ao produto.

“Não existia demanda pelo cacau fino brasileiro. Como, por lei, é preciso ter apenas 25% de cacau nas fórmulas industrializadas, o chocolate comum leva adição de gorduras e produtos artificiais, que tornam qualquer tipo de cacau utilizável”, afirma o cacauicultor e chocolateiro Diego Badaró.

Quinta geração de uma família produtora de cacau, um dia Badaró resolveu visitar as fazendas falidas que havia herdado e começou a buscar no chocolate orgânico um meio de reerguer a produtividade das terras. Com a marca Amma, Badaró já exporta para países como Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, Austrália e Kuwait, além de 12 estados brasileiros. Para a primeira semana de julho, nos dias 6, 7 e 8, ele está preparando a versão brasileira do Salon du Chocolat, um dos mais importantes eventos internacionais do chocolate de origem, em Salvador.

por LARISSA SEIXAS

FOTO: Divulgação

Diego Badaró vende para o

exterior, além de 12 estados brasileiros

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O início do “cacau de origem”Nos anos 2000, enquanto Badaró buscava um novo caminho para as suas fazendas, o Worldwide Institute, uma organização não-governamental que realiza pesquisas para o desenvolvimento sustentável, viu grande potencial de mercado para o chocolate da Bahia. Em uma pesquisa ligada às metas de preservação do milênio, a ONG viu no sistema de produção cabruca, em que o cacau cresce à sombra da mata atlântica e não utiliza mão de obra mecanizada, que a plantação cacaueira poderia se tornar um incentivo para a preservação da floresta local. Mas, para isso, era preciso desenvolver o mercado.

Já com a ideia do cacau de origem, a WWI precisou sensibilizar os fazendeiros e mostrá-lhes como tornar a prática rentável. O diretor da organização no Brasil, Eduardo Athayde, conta que, na época, a ONG trouxe até o chocolateiro italiano produtor de cacau fino Eugenio Guarducci para mostrar que a técnica artesanal poderia ser feita com a matéria-prima baiana.

Em uma encenação, Guarducci colocou chocolate baiano em embalagens italianas e deu para os fazendeiros provarem. Convencidos da qualidade do chocolate, eles só souberam da real origem do cacau no final do evento, quando a troca foi revelada. O resultado da ação não poderia ter sido melhor. Impressionados com a qualidade, muitos empresários do cacau quiseram investir nas fazendas e criaram suas próprias marcas.

A rota do chocolatePor si só, a produção de chocolate de origem se mostra como um potencial motivo econômico para se desenvolver em Ilhéus, mas como a região possui tantos atributos naturais, a indústria chocolateira recebeu outro aliado: o turismo. Com

praias, florestas de mata atlântica e clima tropical, os fazendeiros querem aproveitar a diversidade da região e montar uma rota do doce na Bahia.

A ideia é fazer com que a fazenda crie o seu próprio plano de turismo, com trilhas, passeios pelas praias, banhos de chocolate, degustação e até preparo do chocolate de origem. Assim, a renda investida retornará para a região de outra forma e desenvolverá ainda mais a economia local, como defende Eduardo Athayde.

Um empresário que tem planos de expandir os negócios para o ramo turístico é João Tavares. O cacau que leva o nome dele foi duas vezes vencedor do Cocoa of Excellence. Por isso, Tavares quer usar a sua fama internacional para chamar a atenção do público consumidor de chocolate, realizando tours.

“É um projeto nosso receber turistas pelo menos uma ou duas vezes por ano. Poucas semanas antes do Salon du Chocolat, nós vamos receber um grupo de dez chefes de cozinha para conhecer o nosso produto”, informou.

Viagens, negócios, sustentabilidade e chocolate. Assim, o sul da Bahia recria a cultura do cacau, tornando-se uma área de inovação e novos empreendedores. Um ambiente de geração de negócios e renda ao estilo boas start ups. [B+]

FOTOS: Divulgação

O sistema cabruca não permite o uso de máquinas para a colheita do cacau

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NEG Ó C IO S | e x p or tação

O s setores de petróleo e derivados, papel e celulose e químico/petroquímico foram os principais responsáveis pelo melhor resultado da história

do comércio exterior baiano, que acumulou em 2011 um saldo comercial de US$ 3,2 bilhões. Juntos, os três segmentos tiveram mais de 50% de participação nas exportações do estado, que somaram no total US$ 11 bilhões e crescimento de 24% comparado a 2010. Com relação aos destinos das exportações, os maiores mercados para os produtos baianos foram, até novembro de 2011, a Argentina, que com compras de US$ 1,36 bilhão e crescimento de 35,6% assumiu a liderança de forma inédita, seguida pela China, com 23,2% de incremento, e os EUA com 0,5%.

O setor de papel e celulose é o segundo maior exportador do estado da Bahia, ao responder por 16,3% do total estadual, sendo que os embarques internacionais alcançaram US$ 1,802 bilhão. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias do Papel, Celulose, Papelão, Pasta de Madeira de Papel e Artefatos de Papel e Papelão no Estado da Bahia (Sindpacel), Jorge Cajazeira, o ótimo desempenho se deve a presença, no sul da Bahia, de empresas que possuem avançada tecnologia florestal na produção do eucalipto. Ressalta também a alta produtividade das florestas plantadas no estado devido às excelentes condições para plantio da região.

“Enquanto trabalhamos com um tempo de seis anos e meio para o corte da madeira para a produção da celulose, na Europa o tempo médio é de 30 anos. Temos vocação natural para a produção da celulose”, destaca Cajazeira. Nos últimos meses, os preços da commodity no mercado internacional estão com tendência de alta. “Estamos próximos do ideal do preço da tonelada de celulose, que é US$ 900”, acrescenta. Atualmente o preço da tonelada de celulose de eucalipto está em US$ 700.

FOTO: Rafael Martins/Secom

por MILENA MIRANDA

RECORDE EM EXPORTAÇÃOBahia comemora o melhor resultado da história em exportações, mas infraestrutura portuária é um dos maiores entraves na opinião dos exportadores

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Oeste baiano lidera exportação de grãosOs dados da balança comercial baiana apontam diversidades entre as cidades exportadoras. Em Camaçari, destacam-se os produtos com maior valor agregado, que vão de produtos químicos a automóveis. Já em Luís Eduardo Magalhães, no oeste baiano, a cadeia do agronegócio é altamente explorada, com grãos e demais produtos primários no topo das vendas. No ano passado, as exportações no setor de soja e seus derivados alcançaram cerca de US$ 1,281 bilhão, apresentando um crescimento de 38% comparado a 2010. Segundo o analista de mercado da Assessoria em Mercado de Grãos (Asmeg), Luiz Carlos Fagundes, esse crescimento se deve às ampliações no Porto de Aratu, em Candeias, e à chegada de grandes tradings que abriram escritórios de comercialização da soja in natura em Luís Eduardo Magalhães.

Bahia responde por 80% da exportação de sisal e derivadosA exploração sisaleira destaca-se em 20 cidades que fazem parte do Território do Sisal, dos quais sete respondem por mais da metade da área total plantada. Entres elas estão Santaluz, Conceição do Coité e Valente, na região de Serrinha. O diretor da Cresal, Walter Perrucho, acredita que o setor está vivendo uma ótima fase, semelhante à de 2008, quando o PIB do sisal na Bahia foi de US$ 150 milhões, sendo que US$ 100 milhões vinham da exportação da fibra, fios e cordas. “Hoje a Bahia responde por 85% da produção de sisal e seus derivados no país e por 80% da exportação nacional. Depois da crise dos Estados Unidos, já estamos exportando cerca de 30 mil toneladas de fibra por ano e mais 40 mil toneladas dos outros derivados do sisal”, destaca Perrucho, que representa com exclusividade no país a empresa londrina Wigglesworth, considerada uma das maiores importadoras de fibras e fios de sisal do mundo.

Vale do São Francisco sente efeitos da crise O Vale do São Francisco é o principal polo de exportações de uvas e mangas do Brasil, responsável por mais de 90% do total embarcado pelo país. O setor de frutas e suas preparações ocupa o 13º lugar no ranking das exportações, respondendo por 1,27% de participação das vendas baianas ao exterior. No entanto, com a instabilidade nas vendas no exterior causada pela crise na Europa e a oscilação do câmbio, boa parte dos produtores baianos de frutas resolveram apostar no mercado interno. Um exemplo são os embarques de uva para o exterior, que caíram quase 30% nos últimos quatro anos, o que acabou

FOTO: Ag. Petrobras

FOTO: Alberto Coutinho/AGECOM

FOTO: Divulgação

Sul do estado com avançada tecnologia florestal na produção do eucalipto

A área dePetróleo e seus derivados é líder na exportação

“Setor de sisal vive ótima fase”, diz Walter Perrucho, diretor da Cresal

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desencadeando uma reestruturação da produção. “O que se fala é que o mercado interno cresceu, enquanto a exportação

continuou com o mesmo fluxo nos últimos três anos. Mesmo assim, o volume continua sendo bastante interessante, mais de 18.300 contêineres de manga e uva exportados em 2011”, destaca Juliana Brant, supervisora de vendas da filial da Kuehne+Nagel em Salvador, multinacional alemã presente no mercado logístico brasileiro desde 1962.

No ano passado, a Bahia exportou 100 mil toneladas de manga e 80 mil toneladas de uva e os principais destinos foram os Estados Unidos e a Europa. “O mercado interno ainda não tem capacidade de absorver tudo o que é produzido no Vale do São Francisco, mas com a melhoria na qualidade do produto e investimentos em embalagens, como é feito na exportação, o mercado tem dado um retorno melhor para o produtor, que não fica dependente apenas da exportação”, explica Juliana.

GargalosDe janeiro a novembro de 2011, o porto de Pecém, que fica na Região Metropolitana de Fortaleza, teve participação de 45% na movimentação de frutas entre todos os portos brasileiros, segundo dados divulgados pela Ceará Portos. “O custo portuário no Brasil é alto em comparação com outros países e existe um estrangulamento e limitação dos portos. Salvador é um porto vital para a exportação de frutas e fica 400 quilômetros mais perto de Petrolina e Juazeiro do que o porto de Pecém. No entanto, o espaço ainda é limitado e não permite que as vendas para o exterior sejam maiores”, afirma Juliana Brant.

O presidente do Sindpacel, Jorge Cajazeira, enfatiza também que a falta

Exportações baianas de janeiro a dezembro

2011

1.958.6771.802.7701.792.0151.281.473

891.007669.968481.805412.396318.097284.571187.268166.965140.391129.33685.47081.18380.96131.55415.132

205.261

11.016.229

2010

1.349.8931.674.8001.748.595

927.637649.419298.797545.344304.406223.645296.245133.58735.266

132.398109.81865.34678.47193.86326.33213.130

184.977

8.886.017

de infraestrutura portuária prejudica as grandes empresas do setor de papel e celulose, como Suzano e Veracel, que atualmente exportam pelo porto de Barra do Riacho, no Espírito Santo, o que encarece o preço da commodity no mercado internacional.

O administrador Roberto Aschenberger, diretor da Aschenberger Consultoria, empresa que promove análises de mercado na área de exportação de produtos refrigerados, acrescenta como um gargalo à exportação a questão cambial. “Com o dólar em baixa, o equilíbrio entre custo de produção e o preço alcançado no mercado externo é cada vez mais difícil. Várias empresas fecharam por causa da receita baixa”, enfantiza.

A esperança dos exportadores está mesmo reservada ao projeto do Porto Sul, em Ilhéus, para garantir à Bahia competitividade na disputa entre os estados brasileiros.

Bom início em 2012Com um crescimento de 35,3%, as exportações baianas atingiram US$ 813,5 milhões, em janeiro de 2012, demonstrando que as empresas exportadoras continuam a consolidar posições no mercado externo, apesar da crise financeira na Europa, das restrições impostas às importações na Argentina e da volatilidade do câmbio.

“O bom desempenho das exportações frente a janeiro de 2011 decorreu, sobretudo, da expansão do volume total embarcado em 33,6%. Derivados de petróleo (127,2%), produtos metalúrgicos (109,4%), metais preciosos (198%) e algodão (145%) foram os itens com maior crescimento. Juntos, esses setores foram responsáveis por 50% do total das receitas de exportação do mês”, diz Arthur Souza Cruz, coordenador de comércio exterior da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). [B+]

SEGMENTO

Petróleo e derivadosPapel e celuloseQuímicos e petroquímicosSoja e derivadosMetalúrgicosAlgodão e seus subprodutosAutomotivoMetais preciososBorracha e suas obrasCacau e derivadosCafé e especiariasMineraisFrutas e suas preparaçõesCouros e pelesSisal e derivadosMáqs., apars. e mat. elétricosCalçados e suas partesFumo e derivadosMóveis e semelhantesDemais segmentos

TOTAL

Fonte: MDIC/Secex, dados coletados em 09/01/2012 Elaboração: SEI

VALOR (US$ 1000 FOB) VAR.%

45,067,642,48

38,1437,20

128,082-11,65

3,4842,23-3,9440,18

373,986,04

17,7730,803,46

-13,7519,8315,2510,97

23,97

PART.%

17,7816,3616,2711,638,096,084,373,742,892,581,701,521,271,170,780,740,730,290,141,86

100,00

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F icou no passado o tempo em que, para se ter um diploma de nível superior, era necessário se deslocar para a capital. Na Bahia, isso foi possível devido à interiorização de universidades e faculdades,

que começou a ganhar impulso no final década de 70, mesmo que de forma tímida. As primeiras foram a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) em 1976, a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em 1980, e a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), em 1991.

De lá para cá, esses centros acadêmicos cresceram e com eles mudou também o ritmo de vida dos moradores. O fato contribuiu significativamente para o desenvolvimento social e econômico de cidades como Itapetinga, Jequié, Itabuna, Ilhéus, Feira de Santana e Vitória da Conquista. O município de Cruz das Almas também se encontra nessa lista.

Desde 1943, a cidade do Recôncavo Baiano é sede da Escola Agrícola da Bahia, que mais tarde se integrou à Universidade Federal da Bahia (Ufba). Em 2003, a partir de uma reunião entre o conselho universitário da Ufba, foi debatida a proposta de desmembramento da Escola de Agronomia (Agrufba), para constituição do núcleo inicial da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Em 2005, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.151, que definitivamente criou a UFRB e, em 2006, o professor Paulo Gabriel Soledade Nacif assumiu a Reitoria pro tempore.

A universidade criou unidades de ensino em Amargosa, Cachoeira, Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus, atraindo alunos, profissionais e, de uma

NEG Ó C IO S | ed u cação

ENSINO SUPERIOR MAIS PERTO DE CASA

Em seis anos, a Universidade Federal

do Recôncavo da Bahia formou diversos

profissionais ao mesmo tempo em que

cria um novo cenário socioeconômico na região

por NÚBIA

PASSOS

fotos RÔMULO PORTELA

Instalações da UFRB na cidade de Cachoeira

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forma ou de outra, movimentando a economia local. Luiz Antônio Fávero Filho, diretor do Centro de Ciências da Saúde da UFRB, explica que a universidade não foi criada para causar impacto econômico, mas reconhece que um dos objetivos da instituição é contribuir com a formação de cidadãos conscientes do papel deles na sociedade.

Para Carlos Ribeiro, professor do curso de jornalismo, a chegada de universidades e faculdades ao interior do estado representa, antes de tudo, a possibilidade de ingresso de um grande contingente de jovens estudantes no ensino superior, além de pessoas que já estão no mercado de trabalho e buscam uma melhor qualificação. “Grande parte dos alunos que ingressam na UFRB não teriam condições financeiras para ir estudar na capital, o que implica em recursos econômicos que as famílias muitas vezes não dispõem. Muitos são oriundos da zona rural, filhos de agricultores e pequenos comerciantes, que pela primeira vez têm a oportunidade de chegar a uma universidade. De realizar o grande sonho de ascensão social”, descreve o professor.

O estudante de agronomia Rodrigo Carvalho é um exemplo. Ele conta que optou por estudar em Cruz das Almas por causa da economia e também por estar próximo de Conceição do Almeida, cidade natal dele. “Caso fosse para a capital, talvez não tivesse como me manter”, acredita Rodrigo. Ana Paula Farias, estudante de enfermagem da Faculdade Maria Milza (Famam) - instituição particular fundada em 2004 em Cruz das Almas, diz que o reconhecimento dos profissionais que estão se formando no interior está quebrando um tabu de anos, de que para se formar era necessário ir para a capital. “Aqui nós temos pesquisa

e extensão, cursos, seminários, estágios em hospitais de grande porte e ao lado de excelentes profissionais”, opina Ana Paula.

Já Catarina Silveira, secretária executiva, fez o caminho de volta para casa: “Assim que me formei em Salvador, voltei para Cruz e comecei a trabalhar em uma faculdade, na minha área de formação, pois queria continuar na minha cidade”.

Para a professora e pró-reitora de extensão da UFRB, Ana Rita Santiago, não há dúvidas de que a chegada de universidades contribui para o desenvolvimento das cidades. Segundo ela, trata-se de um desenvolvimento econômico, político, cultural e educacional. “Temos uma série de atividades acadêmicas que, sem dúvida, impulsionam uma valorização e participação da comunidade civil nas atividades, muitas vezes em parceria com a própria comunidade local”, afirma.

“Precisamos nos espelhar em cidades, do mesmo porte, que com a vinda de uma

universidade federal criaram condições fantásticas de vida para a população”

Luiz Antônio Fávero Filho, diretor do Centro de Ciências da Saúde da UFRB

Muitos estudantes são oriundos da zona rural, filhos de agricultores e pequenos comerciantes

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Impactos socioeconômicosA 192 quilômetros de Salvador, está o município de Santo Antônio de Jesus (SAJ), importante centro comercial e de serviços para todo o Recôncavo. Com população de 90.949 habitantes, segundo o Censo 2010, é sede do campus da UFRB, com cursos na área de saúde, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), com o Departamento de Humanidades, e de mais quatro faculdades particulares.

André Gustavo Barbosa, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de SAJ, ressalta a importância das instituições por trazerem renda para o município. “Elas atraem moradores, sejam alunos ou professores, que se estabelecem por aqui com suas famílias, e passam a adotar a cidade como seus locais de vida, sendo clientes do comércio local. Nos eventos que realizam, atraem visitantes que ficam hospedados nos hotéis e pousadas locais e também movimentam o comércio”, afirma Barbosa.

De acordo com o presidente da CDL da cidade, o comércio cresce 10% ao ano (dados da empresa de pesquisa Intr3nds – Soluções para o Futuro). “Este resultado deve-se principalmente ao crescimento econômico do país, mas também aos novos investimentos na região, aliados à chegada da URFB e do Hospital Regional”, avalia André Barbosa.

O diretor da UFRB, Luiz Antônio Fávero Filho, é cauteloso em relação ao impacto econômico. Ele acredita que, se por um lado alguns poucos estão obtendo lucros imensos, outros muitos acabam ainda mais pobres. “Obviamente que essa movimentação na economia gera a criação de oportunidades de negócios e de empregos, mas por outro lado gerou em Santo Antônio um aumento absurdo do custo de vida. Aí me pergunto: seria esse o desenvolvimento que a cidade almeja?”, questiona Fávero Filho.

Ele ainda alerta para o crescimento desordenado que atinge muitas cidades baianas, assim como brasileiras. “É o

Luiz Gustavo Fraga Lobo, empresário de Cachoeira, apostou no negócio de hospedagens e teve um retorno financeiro imediato

Ana Rita Santiago, pró-reitora de extensão da UFRB em Cruz das Almas, diz que não há dúvidas de que as universidades contribuíram para o desenvolvimento das cidades

Catarina Silveira fez o caminho inverso,

formou-se em Salvador e voltou para trabalhar

na Famam, em Cruz das Almas

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velho problema do modelo econômico do nosso país. Não existe um plano diretor para o município e o Legislativo Municipal não se debruçou sobre essa temática, urgente para o desenvolvimento sustentável de SAJ. Precisamos nos espelhar em cidades do mesmo porte, que com a vinda de uma universidade federal criaram condições fantásticas de vida para a popula-ção”, pontua.

A preocupação de Fávero Filho é também o questionamento do estudante de jornalismo Diogo de Oliveira, morador de Cachoeira. Para ele, os projetos universitários não incluem uma preparação maior, do ponto de vista de estruturas, para receber um público, que vem de diversos lugares do Brasil. “Logo, cria-se uma contradição entre as necessidades do novo público, as possibilidades e anseios dos nativos, e tudo fica mediado apenas pelo mercado. Como, por exemplo, em Cachoeira, existe uma forte taxa de aluguéis de casas. Até a implantação das residências universitárias, estudantes com uma renda mínima não conseguiam se

sustentar ou tinham que dividir casas entre oito pessoas”, lembra o universitário.

Luiz Gustavo Fraga Lobo, empresário de Cachoeira, percebeu a oportunidade de negócio e decidiu investir em hospedagens. “Cachoeira é uma cidade pequena, os estudantes chegam aqui e encontram grande dificuldade para encontrar moradia, principalmente para os que preferem morar sozinhos. Quando fiz os quartos, pensei em pousada, mas, mesmo sem qualquer propaganda, os estudantes, funcionários e professores da universidade chegaram até a mim e praticamente imploraram pelo aluguel, e assim ficou”, relata.

Para o empresário, as expectativas são as melhores devido ao retorno financeiro imediato, principalmente nas áreas de alimentação e hospedagem. “Tenho projetos de ampliar a quantidade de quartos. Sem dúvida, essa é uma boa forma de garantir a minha aposentadoria, afinal de contas a universidade vai estar sempre aí, e alunos, professores e funcionários vão estar sempre indo e vindo”, comemora Luiz Lobo. [B+]

Estudante de agronomia, Rodrigo Carvalho diz que optou por estudar em Cruz das Almas por estar próximo de Conceição do Almeida, cidade natal dele

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H á um novo fluxo da capital para o interior. O crescimento econômico do Nordeste, em especial da Bahia, aliado ao poder de consumo do brasileiro, vem estimulando grandes redes de varejo e atacado

a investir em cidades de pequeno e médio portes do interior do estado. Além disso, o acentuado crescimento das classes C e D também dinamizou a economia baiana.

O aumento do poder de compra da classe C tornou-se alvo preferencial de muitos segmentos, especialmente aqueles que trabalham com o gênero alimentício, o que também explica o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste nos últimos anos. De acordo com dados do Banco Central (BC), ele cresceu 37,1% entre 2003 e 2010, desempenho superior à média nacional, que ficou em 32,2%.

NEG Ó C IO S | comérc i o

GIGANTES DO VAREJO E DO ATACADO MUDAM O CENÁRIO

EM CIDADES BAIANAS

por VINÍCIUS

SILVA

FOTO: Divulgação

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comerciante, pois oferecemos um preço barato e justo”, explica Mussnich.

Mas não apenas as redes Atacadão e Walmart estão investindo no interior do estado. O GBarbosa, que nasceu no Nordeste (na cidade de Aracaju), se desenvolveu rapidamente para a Bahia e Alagoas. Desde 2007, passou a ser comandada pela rede de varejo chilena Cencosud.

No início de 2012, o GBarbosa abriu uma nova loja na cidade de Juazeiro, no norte da Bahia. Com uma área total de 3.200 m2, a rede de hipermercados ampliou seu investimento no interior do estado, já que possui diversas lojas espalhadas pela Bahia - somente em Feira de Santana, são nove hipermercados.

O novo cenário desponta como uma tendência, destacada pelos próprios empresários. Resta acompanhar para ver os novos investidores e resultados. [B+]

FOTOS: Divulgação

O avanço do PIB no Nordeste também pode ser explicado pelo crescimento do comércio na região. De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio, realizada pelo IBGE, os sete primeiros meses de 2011 apresentaram um volume de vendas que deu ao setor um crescimento de 8,9%, sendo que, no acumulado dos últimos 12 meses, a expansão chega a 9,1%.

A Walmart, responsável pelas redes do Bompreço e Hiper Bompreço na capital baiana, tem expandido os negócios para o interior, levando o supermercado Todo Dia, lojas voltadas para o público de baixa renda. Segundo Eduardo Laranja, vice-presidente de supermercados do Walmart Brasil, a tendência de interiorizar a rede ganha força a partir do momento em que surge uma boa oportunidade de negócio tanto para o próprio Walmart quanto para as empresas de varejo.

No Brasil, o Walmart opera mais de 500 estabelecimentos, sendo 220 no Nordeste e 81 na Bahia, distribuídos em 23 municípios, como Feira de Santana, Vitória da Conquista, Itabuna, Alagoinhas, Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Santo Amaro, Serrinha, Santo Estêvão, Valença, Amargosa, Esplanada, Castro Alves e Entre Rios.

“As cidades com potencial para receber esses investimentos (novas lojas) são analisadas levando em consideração o perfil da população, a distância de grandes centros comerciais e, é claro, analisando também a concorrência nessas cidades”, explica Eduardo Laranja. Em 2011, oito novas lojas da rede Todo Dia foram abertas na Bahia, o que representa um investimento de R$ 32 milhões e a geração de 320 empregos diretos, de acordo com o vice-presidente.

O Atacadão, comprado pelo grupo francês Carrefour em 2007 por R$ 2,2 bilhões, é outro grande supermercado que está cada vez mais se interiorizando. Com a expansão pelos municípios baianos, o diretor-geral da rede, Roberto Mussnich diz que a estratégia usada para esses investimentos é a de analisar o potencial do desenvolvimento econômico de cada cidade pretendida.

Essa manobra começou há cinco anos, quando um estudo do Atacadão elegeu algumas cidades para receberem as lojas. Foi o pontapé inicial para que a rede de hipermercados pudesse expandir os negócios para o interior da Bahia, estando atualmente em Barreiras, Eunápolis, Feira de Santana, Ilhéus, Juazeiro, Lauro de Freitas e Vitória da Conquista – além de Salvador.

“Nós priorizamos as cidades com um bom Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e boa geração de riqueza. Adotamos o mesmo modelo para todas as cidades em que investimos porque o nosso foco está no pequeno

Dentro do mercado Todo Dia, da rede Walmart, presente em 23 municípios baianos

O prefeito de São Luís (Maranhão), João Castelo, participa da inauguração de uma loja Atacadão ao lado de Roberto Mussnich

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NEG Ó C IO S | i n d ús t r i a

A Bahia tem um lugar cativo no imaginário nacional pela sua história, cultura e belezas naturais, que a tornam uma eterna fonte de entretenimento para os que aqui chegam. Cantada em verso e prosa, a Boa Terra ocupa posição de destaque quando o assunto é turismo e lazer. Entretanto, em uma área que muito interessa à população pelos benefícios que irradia, o estado ocupa uma posição aquém do seu potencial, como o 6º PIB brasileiro e o 19º PIB per capita. Podemos mais.

Entendo que um dos caminhos para o desenvolvimento sustentável do estado está na industrialização e em seu efeito multiplicador. Responsável por 28,7% da formação do PIB baiano, em 2009, a indústria é o setor mais dinâmico da economia local. Basta atentar para os ciclos de desenvolvimento que se seguiram a partir de 1950, com a instalação da Refinaria Landulpho Alves.

Os 30 municípios que formam a Região Metropolitana de Salvador e o Recôncavo respondem por 64,7% do Valor Adicionado Bruto industrial (VAB), segundo o IBGE/2009. Note-se a grande disparidade, com os 387 municípios restantes respondendo por apenas 35,3% do VAB. Essa assimetria é um dos principais desafios para o crescimento econômico da Bahia.

Prover as condições para a implantação de polos regionais, a partir da consolidação de cidades de porte médio no interior, é uma alternativa correta. A transformação industrial agrega valor e seus efeitos multiplicadores, no interior, são ainda maiores, pois fortalecem o mercado consumidor local e contribuem para formar uma economia regional com dinamismo próprio, por vários motivos: oferta de

emprego, retenção das famílias em suas cidades, distribuição de renda e elevação da qualificação profissional.

A interiorização da indústria em um estado com as dimensões da Bahia (564.273 km2), portanto, requer um esforço conjunto, envolvendo o poder público, empresários, sindicatos e outras entidades representativas. Alguns fatores estruturantes, a exemplo de infraestrutura, logística e qualificação de mão de obra, precisam estar assegurados para que os novos vetores do desenvolvimento industrial da Bahia – construção, mineração, celulose, agroindústria, metal-mecânica – cumpram a sua função. Ventos sopram a favor. Projetos em execução, como a Ferrovia Oeste-Leste e o complexo Porto Sul, dentre outros, apontam para um reordenamento do crescimento econômico.

Por outro lado, em condições favoráveis os setores produtivos farão a sua parte nesse esforço pelo desenvolvimento. Evidencio a iniciativa da Federação das Indústrias do Estado da Bahia em favor da melhor distribuição espacial da indústria, o Programa de Interiorização do Sistema Fieb, presente nas regiões oeste (Barreiras e Luís Eduardo Magalhães) e sul (Ilhéus e Itabuna) desde o ano passado e com meta de chegar ao Recôncavo (Feira de Santana), sudoeste (Vitória da Conquista) e norte (Juazeiro), em 2012. As regiões escolhidas para a atuação do Sistema Fieb atenderam a critérios como o notório crescimento do PIB industrial em período recente, a densidade industrial e a possibilidade de sua irradiação.

O programa está sustentado em pilares como a construção de uma agenda de defesa de interesses da indústria em diferentes áreas, na qual utilizará sua representatividade para desenvolver ações de influência; e na promoção da atividade industrial nas regiões atendidas, baseada na oferta de serviços de educação, qualificação, capacitação empresarial, apoio à inovação, além de segurança e saúde do trabalhador. Para isso, prevê a instalação de unidades do Sistema Fieb, que abrange Sesi, Senai, IEL e Cieb, nos municípios escolhidos.

Essa é a contribuição da indústria para a interiorização do desenvolvimento, bem como para a competividade do setor, aumentando o potencial de atração das cidades do interior para a instalação de novos empreendimentos.

A DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA PELA INTERIORIZAÇÃO

JOSÉ DE FREITASMASCARENHAS

Presidente do Sistema Federação das Indústrias do Estado da Bahia

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NEGÓ C IO S | g es tão

O mundo empresarial já não é mais o mesmo e os instrumentos gerenciais de que dispomos para medir essa nova realidade também já não são tão adequados. Não podemos mais dirigir empresas, governos e instituições amarrados ao passado. Os princípios e as ferramentas de gestão do management contemporâneo foram criados para um ambiente corporativo antigo, portanto, estão se tornando imprecisos para a nova e mutante realidade.

Eles não evoluíram tanto quanto deveriam e agora já não são mais tão eficazes, tendo em vista as profundas modificações impostas às empresas pelos novos tipos de clientes, pelas aspirações e valores das novas pessoas que nelas trabalham e pelo conjunto de novas expectativas das demais partes interessadas na vida de uma empresa – acionistas, parceiros, distribuidores, fornecedores, comunidades, formadores de opinião e órgãos regulatórios.

A obsolescência do management se faz notar no cotidiano de todos os tipos de instituição: privada, pública, não-governamental. Não há necessidade de instrumento sofisticado para diagnosticar as doenças organizacionais contemporâneas. Alguns dos sinais desse descompasso no universo empresarial são perceptíveis a olho nu:- Estratégias brilhantemente arquitetadas mal conseguem sair do papel e raramente funcionam quando começam a ser implementadas;- Clientes insatisfeitos com suas expectativas frustradas devido à baixa qualidade do atendimento na hora da verdade, quando compram ou usam os produtos e serviços anunciados como voltados para solucionar necessidades dos usuários;- Pessoas infelizes por não conseguirem desenvolver seu potencial nas empresas e pela falta de significado do dia a dia do trabalho nas suas vidas;- Parceiros e sócios desconfiados,

negociando na base dos medos e receios;- Acionistas apreensivos pelos riscos que não conseguem antever nem controlar;- Comunidades que não aceitam mais, de forma passiva, o impacto das empresas no seu ambiente;- Empresas engessadas com modelos de governança que não se adaptam aos jovens talentos inquietos que fazem parte da chamada “geração Y”;- Empresas que insistem nos tradicionais planos de carreira, na surrada ideia da escada com vários degraus até chegar ao topo, enquanto os jovens têm pressa e preferem subir bem mais rápido. Ou caem fora, movendo-se em uma velocidade proporcional ao talento.

Todas essas situações têm um denominador comum: as práticas de gestão ainda presas a princípios da era industrial, com dogmas e paradigmas que precisam ser questionados e reinventados.

Já sabemos que determinadas características são eternas na vida de uma empresa de sucesso, tais como (1) estratégia bem definida e um processo disciplinado de planejamento estratégico; (2) líderes inspiradores e equipes motivadas; (3) clientes leais; (4) parceiros e fornecedores eficientes; (5) estrutura organizacional adequada. E sempre será fundamental a produção de resultados que garantam a sobrevivência e o investimento necessário para o crescimento sustentável do negócio.

Pois bem, a era do management nos ajudou a chegar até este ponto. O que precisamos agora – diante das novas circunstâncias e de clientes, pessoas e parceiros com novos sonhos e demandas – é repensar e enriquecer alguns dos seus princípios e dar o próximo passo, vislumbrando as características da empresa moderna do século XXI, a Neoempresa.

NEOEMPRESA

CÉSAR SOUZA

Consultor, palestrante e presidente da Empreenda

A resposta para um mundo empresarial em transe

Saiba mais: www.neoempresa.com.br

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NEG Ó C IO S | econ omia

Alguns modelos econômicos tentam explicar o comportamento humano e algumas formas de conflitos sociais. Um deles é o Duopólio de Cournot. Nele é provado matematicamente que – em um jogo em que dois contendores que disputam mercado, buscando a maior taxa de lucro possível (bem-estar) e tendo a quantidade produzida de seus bens como a variável de decisão – é impossível que ambos os jogadores atinjam o máximo de seu bem-estar simultaneamente.

Desenvolvido pelo matemático e filósofo francês Antoine Cournot, este modelo explicou quase cem anos antes da famosa formulação do equilíbrio de Nash, e da Teoria dos Jogos, o equilíbrio subótimo, tão bem modelado pelo dilema dos prisioneiros.

No dilema, dois prisioneiros são acusados de um crime e são interrogados separadamente pela polícia (eles não podem combinar a estratégia de ação). Assim, se ambos não confessarem o crime cada um terá uma pena de apenas um mês de prisão; mas se um jogador confessar enquanto o segundo não confessar, o primeiro será livre de imediato enquanto que o segundo encarará nove meses de prisão. Se pudessem combinar a estratégia, a melhor decisão seria ambos não confessarem, mas como eles não podem combinar, ambos (racionalmente) vão decidir confessar e ambos ficarão seis meses na prisão. O equilíbrio ótimo seria encontrado com ambos não confessando, mas isto é um risco (se eu não confesso, mas ele confessa, eu danço com nove meses de prisão e ele ficará livre). Assim se encontra um equilíbrio subótimo, um equilíbrio de Nash: quando é impossível um jogador melhorar seu resultado agindo unilateralmente.

Em Cournot, duas empresas possuem a escolha de produzir individualmente 1/3 da quantidade total de monopólio ou 1/4 desta quantidade. O melhor resultado simultâneo é encontrado quando ambas produzirem individualmente 1/4 da quantidade, mas o equilíbrio subótimo se dá com ambas produzindo individualmente 1/3 da quantidade: em idêntica solução encontrada pelo dilema dos prisioneiros.

Em termos macroeconômicos, por exemplo, a relação de embate entre as duas políticas cambiais das superpotências EUA e China, que buscam - mediante a manipulação de sua taxa de câmbio por um lado (China) e o aumento da oferta de moeda por outro (EUA) - a desvalorização de suas moedas para favorecer o incremento de suas exportações, implica em um equilíbrio subótimo, pois a desvalorização chinesa que ajuda seus gigantescos superávits comerciais força os EUA, no embalo da busca da saída da crise que começou em 2008, a também desvalorizar ainda mais o dólar. Caso combinassem o grau de desvalorização, talvez fosse possível atingir um resultado simultâneo melhor para ambos.

Nos últimos meses entraram no jogo também o Banco da Inglaterra, o BC Japonês e o Banco Central Europeu: todos buscam melhorar seus resultados, mesmo em detrimento das demais economias, como citou no ano passado nosso ministro Mantega sobre a guerra cambial e agora fala a presidente Dilma sobre o tsunami cambial (cada um olha para seu quintal; temos que também olhar para o nosso).

Tais modelos são muito utilizados também em tomada de decisão. Vejam o caso clássico de uma greve de uma categoria essencial de funcionários públicos: governo e grevistas são dois jogadores rivais que tomam decisões estratégicas isoladamente, mas seus resultados são fruto da interação destas estratégias. Neste caso, o equilíbrio deverá ocorrer com um dos lados cedendo. Lutar eternamente não levará a qualquer solução.

O formulador do equilíbrio de Nash, o matemático e economista John Nash, foi imortalizado em Hollywood através do filme Uma mente brilhante (A beautiful mind). Neste filme, a vida de Nash é mostrada, em particular sua diagnosticada esquizofrenia e sua intensa relação com sua esposa.

Já Cournot ficou para trás, mas seu trabalho foi a base de desdobramentos importantes posteriores. Muito da estratégia empresarial pode ser compreendida trabalhando-se modelos de Teoria dos Jogos. Às vezes as relações humanas podem ser clareadas através de modelos simples. Contudo o que os modelos não explicam nunca é o imponderável, a manha, o irracional, a sorte e o blefe do jogador.

QUAL EQUILÍBRIO?

LUIZ MARQUESFILHO

Economista, superintendente da FEA-Ufba, diretor da ADVB-BA e professor da Faculdade Baiana de Direito

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PROGRAMAS DE COLETA SELETIVA

Listamos os exemplos de cinco cidades que desenvolvem projetos de gestão

dos resíduos sólidos. Porém ainda são poucos os casos que temos para contar - menos de 7% das cidades separam os

materiais recicláveis.

60

TENDÊNCIAS | 52

MARLUCE BARBOSA | 54

BRÁULIO DIAS | 58

INCLUSÃO SOCIAL | 64

SUSTENTABILIDADE

Apoio:

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SUSTENTAB IL IDADE | t en dênc ia s

Contagem regressiva para a Rio+20

Diante da proximidade da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável(Rio+20), a ser realizada entre os dias 20 e 22 de junho, a ONU alerta para que governos, empresas e sociedade civil sejam mais ambiciosos em seus projetos. O objetivo é que o evento alcance um resultado mais eficaz no que diz respeito a soluções sustentáveis para problemas urgentes do planeta. Apesar da magnitude do evento, o secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, alertou: “Ainda não conseguimos nos livrar da sombra das crises financeiras. A transição para uma economia verde, principalmente para os países em dificuldade, vai precisar de um compromisso maior, muito forte, e mais ajuda dos desenvolvidos”.

Tecnologia à base de energia solar elimina poluentes industriais

Pesquisadores da Unicamp (Universidade de Campinas) criaram uma nova tecnologia que utiliza energia solar para destruir os poluentes presentes na água. Para os realizadores do projeto, a alternativa é considerada sus-tentável, viável economicamente e altamente eficiente, além de representar uma solução adequada para as áreas mais carentes, não apenas do país, mas de todo o mundo. O equipamento, que utiliza energia solar e na-nopartículas de dióxido de titânio (TiO

2), já está sendo

patenteado para ser desenvolvido em escala industrial. Com a possibilidade de ampliação dos testes e aperfeiço-amento do sistema, o trabalho pode ser aplicado na eta-pa final do tratamento de efluentes. O alvo principal se-rão as estações de tratamento de efluentes de indústrias têxteis, de papel e celulose, petroquímicas e de agrotó-xicos, como também as companhias de água e esgoto e estações de tratamento de efluentes em shoppings.

Quer casar? Plante uma árvore!

A mais nova lei ambiental da Indonésia muçulmana afeta os noivos do país. A partir de março, para ter au-torização para casar, o casal deverá plantar duas mudas de árvore de alguma espécie nativa. Após o plantio, a li-cença para o casamento é concedida e, então, os noivos estão autorizados a realizar a cerimônia. Intitulado de “ambientalmente amigável”, a iniciativa foi anunciada pelo Escritório de Assuntos Religiosos na capital de Su-matra. Um oficial estimou que a cidade de Medan, na Indonésia, terá pelo menos 2.000 novas árvores a cada mês, como resultado do plano. Iwan Zulhami, um fun-cionário do Escritório de Assuntos Religiosos, contou à BBC que os casais vão receber duas mudas no momento do registro. “A política tem um propósito nobre, e é ne-cessária para apoiar o programa do governo de plantio de árvores”, acrescentou Zulhami, explicando que as árvores serão plantadas na casa do casal.

FOTO: Divulgação

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McDonald’s quer acabar com confinamento de suínos

A rede anunciou que vai pressionar seus fornecedores de carne suína dos Estados Unidos para definir planos de eliminação gradual do confinamento de porcas repro-dutoras em celas de gestação, uma mudan-ça feita em resposta aos problemas levanta-dos pelos defensores dos direitos animais, que comemoraram a notícia.

Edifícios verdes ainda são minoria no país

O Brasil está em quarto lugar entre os 120 países com maior número de empreendimentos que podem receber o Selo Verde, nome pelo qual é conhecido o Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), um protocolo de avaliação e certificação internacional de edi-fícios ecologicamente sustentáveis. Mesmo assim, apenas 1% do que é construído no país se encaixa no conceito de sustentabilidade am-biental. De acordo com o gerente da Green Building Council (GBC) Brasil, Felipe Faria, o país está à frente de nações como Canadá e Índia em número de certificados e a demanda de mercado por cons-truções sustentáveis não para de crescer. Mas os desafios ainda são grandes, segundo Felipe, sobretudo devido ao preconceito e à falta de informação. “Os custos operacionais da edificação são baixos e, para os governos, é muito mais fácil investir em eficiência energética do que em aumento de produção de energia.”, explicou o gerente.

Sustentabilidade no verão baiano

Pelo terceiro ano consecutivo, o badalado YachtDay, realizado no dia 4 de fevereiro, promoveu a conscientização ambiental dos visitantes da pequena ilha Refúgio das Garças, na Baía de Todos os Santos. O empresário Eduardo Valente, anfitrião da festa e representante da marca YachtBrasil na Bahia, recebeu os mais de 700 convidados com uma intensa campanha pela coleta seletiva dos resíduos gera-dos durante toda a confraternização. A mobilização, promovida em parceria com o Instituto EcoD e a ONG Paciência Viva, teve como propósito estimular a conservação das belezas de um paraíso tropi-cal e evitar problemas ambientais como a poluição marinha. Assim foram instalados cestos coletores por toda a área da festa. Ao todo, 1.180 kg de resíduos foram retirados da ilha e encaminhados para cooperativas de reciclagem.

Lista dos países mais sustentáveis

O nível de sustentabilidade dos países foi listado por especialistas das universidades americanas de Yale e de Columbia e o re-sultado foi o Environmental Performance Index (EPI). O ranking mede o desempenho ambiental de 132 países utilizando 22 in-dicadores distribuídos em dez categorias, entre elas: critérios de saúde ambiental; recursos de água, florestas e alterações climáticas. O Brasil ficou em 30º, graças à biodiversidade e investimento em energia renovável, abaixo da Colômbia, Eslovênia e Taiwan. Veja os dez primeiros:

01o Suíça 76.69 pontos

02o Letônia 70.37 pontos

03o Noruega 69.92 pontos

04o Luxemburgo 69.2 pontos

05o Costa Rica 69.03 pontos

06o França 69.03 pontos

07o Áustria 68.92 pontos

08o Itália 68.9 pontos

09o Reino Unido 68.82 pontos

10o Suécia 68.82 pontos

FOTO: Divulgação

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SUSTENTAB IL IDADE | t en dênc ia s

M arluce Barbosa, 46 anos, é carioca de nascimento, mas criada em Maragogipe,

no Recôncavo baiano. Profissional atuante no mercado publicitário desde a década de 1980 e ex-apresentadora de programas de rádio voltados para o público feminino em emissoras como a Sociedade e a Cultura, ela atualmente é gerente comercial da Record Bahia, onde atua há 15 anos. O trabalho desenvolvido por ela, que busca tornar a mídia aliada na divulgação de projetos de responsabilidade social, foi o responsável pela sua indicação ao prêmio.

No dia 9 de março, Marluce foi agraciada nos Estados Unidos com o prêmio “Mulheres em Destaque”, promovido pela Organização Internacional Brazilian Women in Power. A honraria (já na quinta edição) foi criada para homenagear as lideranças femininas que realizam trabalhos de desenvolvimento social, em suas respectivas áreas de competência.

Marluce já conquistou menções honrosas no mercado baiano como o prêmio Maria Felipa 2009, que homenageia mulheres negras que realizam trabalhos significativos e alcançaram posições importantes, em 2010 prêmio ABMP como melhor profissional de veículo de comunicação da Bahia, além de fazer parte da diretoria da ADVB-BA (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil - Seção Bahia) desde 2007. Atualmente faz parte da diretoria da ABMP (Associação Baiana do Mercado Publicitário).

Como recebeu a notícia desse reconhecimento?Foi uma grande satisfação, porque todo o mundo sabe as dificuldades que nós, mulheres, temos de estarmos divididas entre tantas obrigações. Quando eu ganho um prêmio desses, não acho que ele é só meu. Não é demagogia, é de dentro mesmo. É um prêmio de todas nós, que somos batalhadoras, guerreiras. É um valor imensurável, ainda mais em se tratando de uma mulher negra – e nós sabemos que é sempre mais difícil nessas condições.

Qual é a importância da responsabilidade social na mídia? Os donos das empresas já têm a consciência de que ou mudamos, ou dançamos. É preciso investir em criações inovadoras, pensando no próximo, na sustentabilidade. Mesmo eu sendo um grãozinho em uma grande empresa, tento sempre me alinhar a projetos relacionados a essas questões.

E a emoção de ter sido aclamada no Hilton Hotel, em Hartford?Muito bom. Ministrei uma palestra sobre o papel das mídias brasileiras, visando valorizar e reconhecer os trabalhos socioculturais das ONGs e comunidades brasileiras no exterior. Fico muito contente com esse tipo de reconhecimento.

POR RESPONSABILIDADE SOCIAL, GERENTE DA RECORD BAHIA GANHA PRÊMIO NOS EUA

FOTO: Divulgação

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SUSTENTAB IL IDADE | t en dênc ia s

Máscara converte respiração em energia O designer brasileiro João Paulo Lammoglia, interessado em sustentabilidade, criou um conceito de máscara respi-ratória que converte a respiração do usuário em energia para a recarga de aparelhos. Intitulada de Aire Mask, a novidade faz parte de uma das muitas soluções sustentáveis que já foram criadas para recarregar a bateria dos nos-sos aparelhos eletrônicos. Para recarregar um smartphone, a Aire Mask utiliza minúsculas turbinas de vento para captar a energia produzida pela respiração do usuário e transformá-la em energia elétrica. Ela pode ser utilizada em qualquer situação, dentro ou fora de casa. Lammoglia pretende disponibilizá-la futuramente no mercado. A criação ainda recebeu o prêmio Red Dot Design Awards 2011, na categoria Best of the Best.

FOTO: Divulgação

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Xingu - preferido pelo público em Berlim A produtora O2 Filmes leva às telonas a história de Orlando, Cláudio e Leonardo Villas-Bôas, ser-tanistas que tomaram parte das primeiras expe-dições rumo ao norte do Brasil. O filme Xingu é dirigido por Cao Hamburguer e foi premiado dia 18 de fevereiro, na votação do público, para me-lhor filme da Mostra Panorama, no Festival de Berlim, entre os 33 filmes de ficção apresentados aos espectadores. Ele é estrelado por João Miguel, Caio Blat, Felipe Camargo e Maria Flor. A direção de fotografia é de Adriano Goldman e a direção de arte de Cassio Amarante.

Bike elétrica da Farm Os passeios de bicicleta podem ficar ainda mais charmosos com o lançamento da grife carioca Farm. Em parceria com a fabricante de bicicletas elétricas LEV, chegam ao mercado as e-bikes com estampas exclusivas. Os desenhos são os mesmos impressos nas roupas da Farm e acompanham o clima leve e delicado da coleção. Com autonomia de 35 km, as bikes conseguem atingir até 30 km/h e levam de seis a oito horas para recarregar. São quatro modelos diferentes e cada uma custa R$ 2.990.

Escritório brasileiro reforma espaço com materiais reciclados No intuito de fornecer aos funcionários um espaço mais agradável para relaxar no ambiente de trabalho, uma empresa de marketing es-portivo de São Paulo, a Latin Sports, encomendou um projeto de refor-ma à arquiteta Simone Tasca, que em apenas dois meses transformou um depósito abandonado, úmido e escuro em uma sala encantadora, luminosa e sustentável. Os destaques são uma parede coberta com ladrilhos recuperados de demolições, colocados de forma assimétrica, que permite uma sensação aconchegante ao ambiente. No centro do espaço, existe um grande sofá, construído com tablados reciclados de diferentes alturas. As suas laterais oferecem espaços para guardar livros e revistas. Todo o ambiente foi iluminado com lâmpadas LEDs de baixo consumo energético. A arquiteta utilizou também objetos feitos de materiais reciclados, a exemplo de bancos feitos com galões de tinta velhos e uma pia feita com um balde usado.

FOTO: Divulgação

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FOTO: Wilson Dias/ABr

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SUSTENTAB IL IDADE | t en dênc ia s

É em meio a um cenário preocupante, no qual um terço das espécies poderá estar extinto nas

próximas décadas, em razão da degradação do meio ambiente, que o brasileiro Bráulio Ferreira de Souza Dias, 58 anos, assumiu a Secretaria da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, em Montreal (Canadá). Em entrevista, o especialista adianta as principais metas do novo desafio.

Como vê a situação do Brasil, atualmente, em relação à biodiversidade?Um país como o Brasil, que ainda tem dois terços de seu território cobertos por vegetação nativa (metade do país coberto por florestas), tem que ser entendido como um ativo ambiental importante, que deve ser usado com juízo para gerar benefícios à sociedade como um todo, em vez de ficar dilapidando rapidamente, de forma predatória e sem responsabilidade. A alta da demanda e o consequente consumo acabam pressionando demais a biodiversidade.

O cenário é pessimista, portanto?Estudos mostram que até agora não temos conseguido reverter esse processo. Em Nagoya (Japão), nós aprovamos um plano ambicioso, de 20 metas globais para serem atingidas até 2020, mas é incerto que iremos atingi-las. Nós precisamos fazer uma mobilização muito forte em todos os setores da sociedade.

A ratificação do Protocolo de Nagoya é a sua principal prioridade?É uma de minhas principais prioridades ao assumir em Montreal. Continuar apoiando e capacitando os países para que o processo de ratificação avance o mais rápido possível. Mais de 90 governos de países já assinaram o compromisso de ratificar, mas a ratificação depende dos Congressos Nacionais de cada país – é um processo mais demorado. São necessárias 50 ratificações para que o protocolo vire lei. Apesar da complexidade, porque depende de cada país, projetamos fechar este processo até 2013.

Quais são suas metas?A ratificação do Protocolo de Nagoya. Fazer todo um trabalho de mobilização de recursos financeiros, de apoio aos países, para a implementação dos compromissos firmados em Nagoya. A adoção de compras públicas sustentáveis é outra meta. No mundo inteiro, os governos (federal, estadual e municipal) são responsáveis por entre 1/4 e 1/3 das aquisições. Mas essas compras, geralmente, deixam de estabelecer critérios sustentáveis junto aos fornecedores. O terceiro eixo que eu gostaria de ressaltar é a questão da transversalidade da biodiversidade em relação aos outros setores. Cada setor precisa fazer sua parte.

“CADA SETOR TEM DE FAZER SUA PARTE”

Saiba mais: www.ecodesenvolvimento.org

FOTO: Martim Garcia/MMA

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S eparar corretamente os resíduos sólidos de acordo com os diversos tipos de materiais, por meio da coleta seletiva, é um desafio em

todo o Brasil, onde 43% dos municípios ainda deixam de fazer a segregação, segundo dados do Ministério das Cidades. Na Bahia, estado em que apenas 29 dos 417 municípios (6,95%) adotam a coleta seletiva, a situação é preocupante, levando-se em conta que o processo recomendado ainda inclui o tratamento e a destinação adequada dos resíduos sólidos, no sentido de evitar a degradação do meio ambiente.

No interior baiano, Vitória da Conquista (sudoeste), Luís Eduardo Magalhães (oeste), Caculé (sudoeste) e Ilhéus (sul) destacam-se quando o assunto é coleta seletiva, assim como Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Esses municípios já cumprem, portanto, um dos itens obrigatórios da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionada em agosto de 2010. Detalhe: conforme estabelece a nova lei, quem demorar a se adequar vai perder recursos do governo federal.

Em Vitória da Conquista, o Projeto Recicla Conquista existe desde 2004 e atende, atualmente, a 60% da cidade, segundo informou o coordenador da organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) Pangea, Reginaldo Lopes, responsável por executar a iniciativa. “São 70 cooperados que coletam, mensalmente, 98 toneladas de resíduos sólidos, sendo que 90% desse material é vendido para a indústria recicladora”, destaca.

Lopes afirma que a coleta em Conquista é feita tanto porta a porta como com caminhões. A renda média dos cooperados chega a R$ 430. Entre os parceiros do setor privado estão Hiper Bompreço,

SUSTENTAB IL IDADE | p ro bem

APESAR DE POUCOS, MUNICÍPIOS BAIANOS SE DESTACAM NA IMPLANTAÇÃO DA COLETA SELETIVA

por MURILO GITEL

Vitória da Conquista, Luís Eduardo Magalhães, Caculé, Ilhéus e Camaçari desenvolvem iniciativas interessantes na área da gestão dos resíduos sólidos. No entanto, em toda a Bahia, menos de 7% das cidades separam os materiais recicláveis

Em Vitória da Conquista, a renda média dos cooperados

chega a R$ 430

FOTO: Divulgação

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Norsa (Coca-Cola), Comercial Ramos, Shopping Conquista Sul, PMVC, Teiú e ZAB. O projeto foi instituído pelo governo federal, em parceria com a prefeitura municipal, a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e o Pangea.

Outro exemplo que vem do sudoeste é o de Caculé, onde o projeto de coleta seletiva implantado pela prefeitura completa cinco anos em 2012. A iniciativa possibilitou a organização de uma cooperativa de catadores que sobreviva dos resíduos da cidade. A entidade conta hoje com 22 cooperados, responsáveis pelo processo de coleta, triagem e reciclagem no município.

A prefeitura disponibiliza equipamentos de coleta, prensagem e maquinário para produção de vassouras com tiras de plástico retiradas de garrafas PET - são produzidas em média 50 vassouras com material reciclado por dia, que são vendidas para o comércio local. Além disso, todo o material reciclável é separado, prensado e vendido separadamente.

Em Luís Eduardo Magalhães, o projeto Coleta Seletiva Solidária começou em maio de 2011, mas já colhe bons frutos. Lá, os catadores de materiais recicláveis, que antes trabalhavam no lixão, percorrem agora as ruas da cidade do oeste para coletar e separar materiais como garrafa PET, papelão e plástico. Quando o caminhão enche, o material é descarregado em um terreno onde parte dos profissionais aguarda para fazer a triagem. Até o momento, mais de mil quilos já foram coletados.

Já em Camaçari, o programa Coleta da Gente busca reduzir o volume de resíduos sólidos destinados ao aterro do município da Região Metropolitana de Salvador – cerca de 200 toneladas diárias. A ação iniciou como “Projeto

Dos 417 municípios baianos:416 fazem coleta domiciliar regular de lixo

415 fazem coleta regular de vias e logradouros públicos

29 fazem coleta seletiva de resíduos sólidos recicláveis

30 fazem triagem de resíduos sólidos recicláveis

384 fazem coleta de resíduos de construção e demolição

329 fazem coleta de resíduos sólidos especiais (de saúde e industriais)

29 fazem tratamento de resíduos sólidos (em locais como aterros)

381 dispõem os resíduos sólidos no solo (em locais como lixões)

A massa de resíduos sólidos gerada nos municípios baianos é de 9.704 t/dia

51,53% (5.525 t/dia) dos resíduos sólidos na Bahia são destinados aos lixões, enquanto 39,98% (4.179 t/dia) seguem para aterros sanitários.

FONTE: UFC Engenharia, 2010 com base em PNSB, 2008. Link para o estudo da Sedur: www.sedur.ba.gov.br/cadsemregrs

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(01) População descarta os resíduos em contentores instalados na orla de Arembepe. (02) A coleta de Camaçari é feita com caminhão equipado com quatro compartimentos. (03) Projeto Recicla Conquista existe desde 2004 e atende, atualmente, a 60% da cidade. (04) 90% dos resíduos coletados em Conquista são vendidos para a indústria recicladora. (05) O Eco-Móvel em Camaçari é uma unidade móvel de educação ambiental com informações sobre reaproveitamento de resíduos

FOTOS: Divulgação

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Piloto” implantado em cinco empreendimentos residenciais da cidade, totalizando 1.840 unidades residenciais e beneficiando cerca de 6.500 moradores desses condomínios.

“Posteriormente, os contentores foram instalados também em três PEVs (pontos de entrega voluntária) na sede administrativa e cinco na orla do município”, explica Luiz Fernando Angeloni, coordenador da Limpeza Pública de Camaçari (Limpec), idealizadora do programa, juntamente com a Secretaria dos Serviços Públicos (Sesp) e a Braskem.

Para operacionalização do programa, contentores foram dispostos em áreas predeterminadas e, em uma frequência estabelecida, os resíduos sólidos recicláveis são coletados por um caminhão equipado com quatro compartimentos. Após a coleta, os materiais recicláveis são

transportados até a Cooperativa de Materiais Recicláveis de Camaçari (Coopmarc), onde são prensados, enfardados e comercializados diretamente com indústrias de reciclagem.

Ilhéus, por sua vez, também conta com seu programa de coleta seletiva, realizado desde março de 2011, por meio de uma Microaliança Público-Privada (Micro APP) entre o poder público, a iniciativa privada e organizações de catadores, como a Cooperativa de Catadores do Itariri (Coolimpa).

Essa é uma das ações voltadas à requalificação do aterro do Itariri, local para onde são encaminhados todos os resíduos gerados nos municípios de Ilhéus e Uruçuca, onde atuam mais de 100 catadores que separam e comercializam a parcela reciclável do lixo.

Em Camaçari, o programa Coleta da Gente tem contentores em áreas predeterminadas e os resíduos sólidos recicláveis são coletados por um caminhão equipado com quatro compartimentos

A prefeitura de Caculé disponibiliza equipamentos de coleta, prensagem e maquinário para produção de vassouras com tiras de plástico retiradas de garrafas PET

Ilhéus aposta em aliança entre poder público, iniciativa privada e organizações de catadores para promover a coleta seletiva

Política estadualComo a PNRS estabelece a gestão integrada dos resíduos sólidos por meio das três esferas de governo, a Bahia procura se organizar para ter direito aos recursos federais volta-dos ao cumprimento da nova lei, no sentido de viabilizar o fim dos lixões até 2014, instalar aterros controlados e promover a coleta seletiva, por exemplo.

A aprovação da Política Estadual de Resíduos Sólidos integra a pauta governamental de 2012. “O anteprojeto referente à lei estadual foi disponibilizado para consulta pública entre fevereiro e abril de 2011. Recebemos 189 contribuições, que originaram uma nova minuta. Depois de passar pela Casa Civil, o documento será enviado, em breve, à Assembleia Legislativa”, projeta a diretora de resíduos sólidos e saneamento rural da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), Valéria Gaspar.

A Sedur organizou, recentemente, o estudo mais amplo sobre a situação dos resíduos sólidos na Bahia, intitulado “Estudo de Regionalização da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos”, no qual o objetivo é apoiar os municípios no planejamento e na implantação dos sistemas de limpeza urbana e manejo, no contexto da regionalização e da gestão associada.

O estudo conclui que, para os municípios baianos viabilizarem uma gestão com escala sustentável, é necessário buscar soluções pautadas na cooperação e inovação, “bem como na adoção de um modelo tecnológico que privilegie a destinação ambientalmente adequada com valorização de resíduos sólidos, inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais recicláveis e operação de aterros sanitários em escala otimizada”. [B+]

A Bahia procura se organizar para ter direito aos recursos federais voltados ao cumprimento da nova lei (PNRS), no sentido de viabilizar o fim dos lixões até 2014

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SUSTENTAB IL IDADE | i n c lusã o soc ia l

Tecnologias móveis fazem a alegria de muitos, conectam as pessoas, encurtam distâncias e criam extraordinárias oportunidades de negócios. Hoje, difícil imaginar a nossa vida e de nossas organizações sem as facilidades do mundo mobile. Pois bem, em várias partes do mundo surgem diversas iniciativas que demonstram os avanços das tecnologias móveis também a serviço do bem comum e, nesse caso, no apoio a situações extremas.

Uma delas que me chamou a atenção aconteceu no Haiti. Famílias haitianas afetadas pelo terremoto ocorrido em 2010 começaram a receber recursos financeiros por meio de transferências de dinheiro feitas via telefone celular. Este é o primeiro mecanismo de repasse de recursos desse tipo a apoiar a reconstrução pós-desastre no país. Mais de dois mil transferências de dinheiro via celular estão planejadas para os próximos três meses, beneficiando mil famílias de baixa renda. O subsídio total chega a US$ 500 por família e será utilizado na compra de materiais de construção, como cimento, ferro e madeira.

A iniciativa faz parte dos Centros Comunitários de Apoio para Reparos em Habitações, uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o governo do Haiti. Desenvolvida pela Digicel, uma das maiores companhias de telefonia celular do Haiti, a transferência de dinheiro por telefone móvel está ajudando a impulsionar a inclusão financeira no país, onde quase dois terços da população têm acesso a telefones móveis, mas apenas 10% têm contas bancárias.

Segundo o Pnud, os beneficiários podem acessar uma conta corrente do telefone

móvel de forma segura, com uma redução significativa de custos de transações financeiras, além de melhorar a forma de guardar o dinheiro e ajudar a incluir mais pessoas no setor financeiro formal. As condições mais seguras de habitação irão também incentivar o retorno permanente dos residentes de acampamentos aos seus bairros e casas reformadas.

Dados apontam que 90% dos 2,5 bilhões de pessoas no mundo que vivem com menos de US$ 2 por dia não têm acesso a contas de poupança e outros serviços financeiros, de acordo com um estudo recente do Banco Mundial. Enquanto isso, mais de 80% da população mundial tem acesso à cobertura de telefonia móvel, aumentando a capacidade das pessoas de enviar, receber e guardar dinheiro usando telefones celulares, potencializando a melhoria das condições de vida das pessoas e oferecendo alternativas mais acessíveis aos modelos bancários convencionais. A pesquisa mostra que as famílias pobres com acesso a serviços financeiros formais são mais propensas a investir em educação, aumentar a produtividade e a renda e a se prevenir contra doenças.

Um ponto importante dessa cidadania mobile é que se o Haiti, que tem um PIB menor do que Salvador, consegue desenvolver uma iniciativa como essa, imagine o que o nosso país, que tem uma dos mais desenvolvidos sistemas bancários e de telefonia móvel do mundo, pode fazer. Seja na defesa civil, saúde, educação, combate a pobreza, não há limites para a construção de soluções que possam ser utilizadas no sentido de fazer do Brasil, realmente, um país de todos.

CIDADANIA MOBILE

ISAAC EDINGTON

Empresário e diretor presidente do Instituto EcoDesenvolvimento.org

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A FORÇA DA ECONOMIA

NO INTERIOR

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C om uma economia forte e diversificada, a Bahia é uma das principais potências econômicas do país e mostra que tem fôlego para muito mais. A tradicional

terra do cacau, do sisal e das frutas tropicais apresenta resultados promissores em diversas áreas, como mineração, processamento de soja e indústria automotiva. O estado transforma seu mapa econômico com a força dos municípios do interior, mostrando uma economia cada vez mais descentralizada.

Segundo estimativa do governo do estado, nos próximos cinco anos, haverá a consolidação de mais de R$ 70 bilhões em iniciativas públicas e privadas, sendo que 60% desses recursos serão aplicados fora da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Quinto maior estado brasileiro em extensão, a Bahia tem revelado novos polos econômicos. “A política de descentralização criou condições de sustentabilidade

Ao revelar novos polos econômicos em cidades fora da Região Metropolitana de Salvador, a Bahia se fortalece no lugar de maior economia do Nordeste e desponta como a grande aposta do agronegócio e da mineração

por ANDRÉA CASTRO

FOTO: Manu Dias/AGECOM

FOTO: Alberto Coutinho/AGECOM

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nas regiões de todo o estado, dando segurança ao investidor. Dos investimentos realizados entre 2007 e 2011, 49% foram na RMS e 51% no interior. Dos novos empregos gerados no período, 67% se concentraram fora da capital”, declarou o secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração, James Correia.

“De acordo com relatório do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a Bahia foi o quarto estado em atração de projetos privados em 2011. Ficou atrás de Minas Gerais, São Paulo e do Rio de Janeiro. É também o destino número um do Brasil nas intenções de investimento das empresas chinesas, com volume anunciado de R$ 3,2 bilhões.

O secretário James Correia destaca que os investimentos na Bahia, nos próximos anos,

devem gerar 80 mil empregos. Dentre os projetos previstos, está a instalação de uma usina de álcool, no município de Pilão Arcado, com investimento de R$ 4 bilhões. O protocolo para instalação da unidade já foi assinado e as negociações entre o consórcio responsável pela usina e a Petrobras, que irá comprar a produção total da indústria, estão bastante adiantadas. O nome do grupo responsável pelo investimento é mantido ainda em segredo, porém já adquiriu um terreno de 400 mil hectares para instalação da usina.

Outros investimentos previstos são a ampliação do Moinho Dias Branco, que prevê aumentar a sua produção baiana de alimentos, e a instalação da JAC Motors, que vai construir uma fábrica em Camaçari. “A economia baiana vai muito bem. Só a Petrobras tem previsão de investir, na Bahia, R$ 15 bilhões nos próximos dois anos e a Basf está direcionando, em Camaçari, cerca de R$ 1,2 bilhão para a construção de sua primeira fábrica de ácido acrílico na América do Sul. A mineradora Rio Tinto/Alcan manifestou interesse em explorar a produção baiana e projeta investir R$ 4,5 bilhões na extração de bauxita”, informou Correia.

Para Geraldo Reis, diretor geral da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o surgimento de novas ocorrências minerais pode apontar para uma nova dinâmica na rede de cidades baianas. Itabuna e Ilhéus, Jequié, Brumado, Guanambi e Barreiras deverão ser potencializadas do ponto de vista econômico e demográfico. Esse cenário colabora para o fortalecimento das cidades médias na Bahia. “Diferente de outros estados ricos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, onde há grande número de cidades médias, a Bahia tem um número pequeno. Por isso, acredito que um dos grandes desafios do governo do estado está em consolidar cidades-polo que possam ser equipadas, ter melhorias de infraestrutura, para tornarem-se cidades mais competitivas do ponto de vista da atração de investimentos”, opina Reis.

Um dos principais desafios no estado hoje é o escoamento da produção. Existem projetos

“A política de descentralização criou condições de sustentabilidade nas regiões de todo o estado, dando segurança ao investidor”James Correia, secretério de Indústria, Comércio e Mineração

FOTO: Divulgação

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estruturantes em curso, como a construção da Ferrovia Oeste-Leste e o Porto Sul, que devem servir de alento aos empreendedores baianos e investidores externos. A expectativa é de que essas obras promovam a redução de custos do transporte de insumos e produtos diversos, o aumento da competitividade dos produtos do agronegócio e a possibilidade de implantação de novos polos agroindustriais e de exploração de minérios, aproveitando sua conexão com a malha ferroviária nacional.

Os meios de comunicação são considerados termômetros da atividade econômica, sobretudo no que se refere ao varejo. Com o desenvolvimento das regiões, o crescimento das emissoras de rádio, TV, veículos impressos e digitais acaba sendo diretamente impactado. Segundo o diretor de mercado da Rede Bahia, Kiko Medeiros, as regionais da rede têm crescido em média, nos últimos anos, muito mais que a emissora da capital, a TV Bahia, registrando um aumento constante acima de 10%. “Nos últimos anos algumas regionais chegaram a crescer cerca de 20% ao ano, enquanto a emissora de Salvador atingia uma média de 8% a 9%”, destaca o executivo.

Seja na área de energia e gás nas regiões de Campo Formoso, Candeias, Eunápolis, Morro do Chapéu, Sento Sé e Sobradinho; ou na produção de petróleo e biocombustíveis em regiões como Barra, Camaçari, Candeias, Catu, Feira de Santana e São Francisco do Conde; ou na indústria naval; no setor calçadista; na produção de hortaliças na Chapada Diamantina e em Irecê; no comércio de Feira de Santana, maior que o de algumas capitais do Nordeste; ou mesmo na produção de vinhos do Vale do São Francisco; a Bahia está bem posicionada nos principais rankings de produção.

Com um crescimento de 9,8%, a agricultura foi o principal setor responsável pelo resultado do Produto Interno Bruto da Bahia, que apresentou índice positivo de 2%, em 2011. “Do ponto de vista agrícola, estamos extremamente animados com as possibilidades competitivas da Bahia. Novos empreendimentos nacionais, a exemplo do projeto de ovinocultura em Xique-Xique, e outros megaprojetos estão sendo pensados para o estado, que se tornou objeto de desejo da área agrícola. Alguns dizem que a China é a fabrica do mundo e, nesse caso, o Brasil, a fazenda do planeta. A Bahia está superando estados tradicionais, como São Paulo e Mato Grosso do Sul, e se aproximando de uma elite econômica brasileira”, diz o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) e vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Júnior.

Algumas regiões baianas ganham destaque nesse contexto, como a oeste, grande expoente do agronegócio. Um dos carros-chefes da região é a produção de grãos, sobretudo soja, milho e algodão. Em 2011, a Bahia registrou a maior safra de grãos de todos os tempos, com 7,73 milhões de toneladas de grãos colhidos. Em comparação a 2010, houve um crescimento de 13% na produção, enquanto a área colhida permaneceu inalterada, 2,78 milhões de hectares. “Ou seja, houve um grande aumento de produtividade, cerca de 2.800 kg por hectare. Diversos fatores influenciaram esse crescimento, como tecnologia e clima favoráveis. Choveu e secou na hora certa”, explica o secretário de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia, o engenheiro agrônomo Eduardo Salles.

REGIÃO OESTE

A FORÇA DO AGRONEGÓCIO

FOTO: Manu Dias/AGECOM

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Uma atividade que vem chamando a atenção de investidores é o beneficiamento da soja. A Bunge Alimentos, maior processadora da América Latina, possui uma unidade localizada no município de Luís Eduardo Magalhães. Em Barreiras, já existe uma esmagadora, a Cargill, e está chegando uma nova, do Chong Qing Grain Group, com um investimento de R$ 4 bilhões para implantação do polo industrial no município. O polo terá capacidade inicial de armazenar 400 mil toneladas de grãos, beneficiar 1,5 milhão de toneladas de soja e refinar 300 mil toneladas de óleo.

Tabuleiro de opçõesO setor agrícola é responsável por 43% das exportações e 24% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia, um montante de R$ 4,6 bilhões. Cerca

de 30% dos empregos são ligados ao setor agropecuário do estado, que possui a maior população rural do país. Com toda essa importância, o setor tem sido um dos focos do governo.

No tabuleiro da economia baiana há uma diversidade de produtos que poucos estados possuem. Cacau, coco, algodão, sisal, soja, sorgo, mamona, café, manga, entre tantos outros, compõem uma variedade que garante a produção em alta durante todo o ano. Mas além da variedade, a Bahia se destaca também pela qualidade. O estado é o segundo maior produtor de algodão do país, por exemplo, e tem um algodão de qualidade comparada ao algodão egípcio.

A Bahia possui mais de 400 mil hectares de algodão plantados. Beneficiada por esta produção, a atividade têxtil na Bahia representa cerca de 30% da produção nacional com, aproximadamente, 500 empresas de pequeno porte - acompanhando os padrões mundial e nacional. No entanto, essa quantidade ainda é bastante incipiente, diante da nossa produção de matéria-prima. Nos municípios de Urandi, Jequié, Itabuna e Feira de Santana existem polos têxteis. “Brigamos hoje pela indústria têxtil, estamos trabalhando para trazer os chineses e implantar uma joint venture com os produtores”, destaca o secretário de Agricultura.

Já na região do semiárido, o governo está priorizando a cadeia do sisal. A Bahia é o maior produtor do país, tendo produzido cerca de 220 mil toneladas ao ano nos últimos dez anos, mas essa produção vem decaindo. A fibra é utilizada para a produção de fios agrícolas e em 2012 se estima a produção de 100 mil toneladas. Recentemente, um grupo de mexicanos visitou a região e pretende investir na agroindústria do sisal.

Verticalização das cadeias produtivas Nos últimos sete anos, a Bahia cresceu a uma taxa anual superior à média do país. Enquanto o Brasil teve uma de média 3,5%, o estado expandiu 4,2%. Boa parte desse sucesso se deve a uma modernização da

“Nos tornamos grandes exportadores de produtos in natura, matéria bruta. Precisamos da verticalização das nossas cadeias produtivas”Eduardo Salles, secretério de Agricultura

FOTO: Divulgação

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O Vale do São Francisco é o segundo maior produtor e o maior exportador de frutas do país. Nos anos 90, o Vale já era polo exportador, principalmente de manga e uva, codinominado de “Califórnia Brasileira”. A principal região produtora é o submédio São Francisco, que tem Juazeiro como um dos principais centros de produção.

E foi no município de Juazeiro que, em 1982, a empresa Special Fruits, maior produtora e exportadora de uvas e mangas do Vale do São Francisco, se instalou. Iniciada pelo japonês Suemi Koshiyama com apenas cinco hectares, atualmente conta com uma área plantada de 210 ha de uva e 400 de manga, exportando mais de dez mil toneladas de manga e mais de cinco mil toneladas de uvas por ano.

Recentemente, a japonesa Special Fruits firmou uma parceria com a italiana Casa Valduga para criar a Sumus, fábrica de sucos e polpas concentradas. De acordo com o diretor administrativo da Special Fruits Juazeiro, Ivanildo Barbosa, a inauguração está prevista para dezembro de 2012, mas a estimativa de produção já é grande, dez mil toneladas de polpa concentrada por ano.

produção baiana, com a verticalização das cadeias produtivas. “Pouco a pouco a Bahia passa de fornecedor de matéria-prima para uma etapa superior, a de agregar valor aos produtos e dispor de unidades de processamento de ultima geração. E se estão chegando em grande velocidade, deve-se à excelência de matéria-prima que já é produzida na Bahia, a exemplo de indústrias ligadas a soja, processamento de sucos, chocolate, fábrica de rações etc. O casamento da indústria e da agricultura é o que vai representar o grande salto da Bahia para poder figurar entre os três maiores estados produtores do Brasil”, ressalta João Martins.

Um bom exemplo está no beneficiamento do coco. A Bahia lidera a produção de coco no país, com destaque para a região do Litoral Norte. Em São Francisco do Conde, está sendo construída uma indústria holandesa, que irá produzir fibra de coco, óleo de coco e água de coco. A indústria começa a produzir no final do ano.

Também tem se destacado no interior, sobretudo na região oeste, o abate de frango. O estado produz 50% da carne do frango que consome. Em Luís Eduardo Magalhães, foi inaugurada a Mauricéa Alimentos em 2011, com a geração de 2.500 empregos diretos. Pretende-se produzir lá o equivalente a 20% do consumo baiano. São iniciativas que começam a despontar e tendem a crescer em alguns municípios. O estado da Bahia é o segundo maior produtor de frango do Nordeste, com a produção de 100 milhões de frangos por ano.

Agricultores familiares - pequenos, mas nem tanto O Plano Safra 2011/2012 é de R$ 4,2 bilhões, sendo que R$ 900 milhões estão sendo destinados para a agricultura familiar. São 665 mil famílias que correspondem a 15% dos agricultores familiares de todo o país. A contribuição da agricultura familiar para o PIB baiano está em torno de 11%. Os pequenos produtores ocupam 34% da área total dos estabelecimentos agropecuários e são responsáveis por 81% do pessoal ocupado no meio rural (1,8 milhão de pessoas). Na Bahia, a agricultura familiar responde por 91% da produção de mandioca, 83% do feijão, 76% dos suínos, 60% de aves e 52% da produção de leite.

REGIÃO BAIXO MÉDIO SÃO FRANCISCO

PERTO DO VELHO CHICO

FOTO: Divulgação

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Na região Sul, sobretudo no município de Ilhéus, o cacau continua sendo um dos principais produtos geradores de renda. Os empresários já despertaram para o grande filão que é o seu beneficiamento. A cada ano, novas fábricas vêm sendo implantadas na região e o chocolate tornou-se produto de comercialização em grande escala. Em 2005, só havia uma fábrica. Hoje, já existem seis fábricas de chocolate e há previsão de implantação de mais seis para os próximos dois anos.

Um empresário local que aposta no ramo é o publicitário Marco Lessa. Com a empresa Chor - Chocolate de Origem, ele pretende produzir, só no primeiro ano, 15 toneladas de chocolate. O novo empreendimento será lançado no mercado em julho. Segundo Lessa, a fabricação do produto aumentou em 500% nos últimos cinco anos. “A verticalização é a grande saída dessa região. Um quilo de cacau custa em torno de R$ 5, enquanto o quilo de chocolate pode custar até R$ 300, dependendo da marca”, explica Lessa.

Outra fábrica de chocolates também tem movimentado a economia da região. Inaugurada no fim de 2010, no

REGIÃO LITORAL SUL

A SALVAÇÃO DA LAVOURA

município de Ibicaraí, a Bahia Cacau - Chocolate Fino da Bahia é a primeira da agricultura familiar no país. A matéria-prima é fornecida por 138 famílias de pequenos agricultores dos municípios de Ibicaraí, Coaraci, Buerarema, Itajuípe, Uruçuca e Floresta Azul.

Uma década depois da grande crise da vassoura-de-bruxa, Itabuna se transformou em um importante polo comercial e de serviços. Hoje é uma cidade de negócios. E toda a movimentação gerada em torno das suas atividades faz surgirem demandas por novos investimentos. Antenado nessas tendências, o presidente da Associação Comercial de Itabuna Eduardo Fontes, dono do Tarik Fontes Plaza Hotel, decidiu ampliar o empreendimento hoteleiro, além de construir um centro de convenções, o Tarik Business.

O novo empreendimento terá 100 apartamentos, um auditório com capacidade para 400 pessoas, 50 vagas para carros, boa localização e vai atender parte da demanda de uma das cidades com maior fluxo turístico de negócios do estado. “Acreditamos que a concretização de projetos como o Porto Sul, o aeroporto internacional, a duplicação da BR-415, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, entre outros, vai aumentar bastante o fluxo na região”, afirma Eduardo Fontes.

Itabuna possui uma população de, aproximadamente, 210 mil habitantes, mas em sua cidade circulam cerca de dois milhões de pessoas que vêm de municípios vizinhos em busca de serviços, sobretudo, na área de saúde. Próximo ao município, estão sendo instalados empreendimentos importantes, como mercados de grande porte, faculdades, shopping, emissoras de TV e rádio e um instituto tecnológico, que deve atender a uma carência de mão de obra qualificada no município.

A crise abre portas para as oportunidadesEntre muitas histórias de sucesso, uma que se destacou no município de Itabuna foi a da família Chaves. Eles iniciaram uma trajetória de vida bastante simples, como vendedores de tecidos em Ipiaú, depois como

FOTO: Mateus Pereira/Secom

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O município de Vitória da Conquista é um dos mais bem-sucedidos do estado. Terceira maior economia da Bahia, Conquista tem no setor de serviços seu diferencial. A necessidade de empreendimentos que atendam a essa demanda crescente se faz cada vez mais notória. Alguns projetos já se tornaram realidade, como a ampliação do Shopping Conquista Sul, o maior shopping do interior do Norte e Nordeste do país, considerando-se a área bruta construída, e outros ainda não saíram do papel, como o novo aeroporto, que gera grandes expectativas para o desenvolvimento da região.

Apesar do crescimento do setor de serviços e comércio, há uma expansão da indústria na região. Atualmente, existem mais de 100 estabelecimentos industriais em Conquista. A produção de alimentos e bebidas compõe o gênero com maior número de estabelecimentos. O setor industrial emprega cerca de três mil pessoas, sendo o ramo da construção civil o mais representativo.

A agricultura ainda é uma importante atividade econômica. Os principais produtos agrícolas são o café, que é responsável por 74% do valor da produção das lavouras, a banana e o urucum. Outro setor importante é a produção de flores e a horticultura, que estão nos distritos, e em bairros como a Lagoa das Flores, onde há propriedades tecnificadas, que utilizam estufas, irrigação e hidroponia.

Já na atividade pecuária, o destaque vai para a criação de bovinos, com um efetivo de 92 mil cabeças de gado, aproximadamente. A produção leiteira diária, de 44 mil litros, é muito significativa, para os padrões da pecuária baiana. A produção de carne é o foco da bovinocultura do município.

agentes exclusivos de compra de cacau para uma empresa e mais tarde se tornaram compradores e exportadores de cacau, chegando a deter um market share de 25% do mercado nacional de comercialização do produto. Até que um dia, a crise bateu na porta. A opção foi diversificar.

“Diversificamos tanto no segmento da exportação, como na indústria, em serviços, varejo, com muitos momentos de dificuldades, mas nunca perdemos a capacidade de acreditar na força do trabalho e de reverter problemas em oportunidades”, declara Manoel Chaves Neto, que aprendeu com o avô Manoel e o pai Helenilson a dar a volta por cima. Hoje o grupo Chaves possui um conglomerado de empresas com projetos dentro e fora do estado, que vão da construção civil à indústria de alimentos. Um dos empreendimentos do grupo é o Shopping Jequitibá, administrado pelo Grupo Aliansce, que levou para Itabuna lojas como C&A, Riachuelo, Centauro e Lojas Americanas, além de mais de 40 lojas satélites, sendo 85% delas franquias conhecidas em todo o país, como Arezzo e O Boticário. Para os próximos quatro anos, o grupo planeja implantar mais três shoppings no interior da Bahia: um em Teixeira de Freitas, um em Alagoinhas e outro em Barreiras.

REGIÃO SUDOESTE

CONQUISTA – O VALOR VEM NO NOME

FOTOS: Divulgação

FOTO: Prefeitura Vitória da Conquista

Shopping Jequitibá em Itabuna

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A Bahia hoje é o estado com o maior número de requisições de áreas para pesquisa mineral, com mais de 350 mineradoras em atuação em seu território. Atualmente, é o quinto maior produtor de bens minerais do país, e teve sua produção mineral comercializada dobrada nos últimos três anos, passando de R$ 850 milhões em 2007 para RS 1,7 bilhão em 2010. Municípios como Caetité, Ilhéus, Jaguaquara, Jequié, Laje, Maracás, Santaluz, São Desidério, Jaguarari e Itajibá fazem com que a mineração baiana gere o equivalente a 2,7% do PIB estadual.

A tendência desses números é só crescer. “A previsão de investimentos na mineração até 2014 é de R$ 19,1 bilhões, que deverão gerar cerca de 6.685 empregos diretos. Há ainda outros projetos em fase embrionária para os quais ainda não há valores definidos, porém pode-se

REGIÃO SERRA GERAL

MINERAÇÃO: A BOLA DA VEZ

afirmar que estes trarão investimentos bastante significativos para o estado”, destaca o secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia.

Um deles é o Projeto Pedra de Ferro, da Bahia Mineração (Bamin), que deve atingir R$ 5 bilhões. Com o projeto, a Bahia pretende passar da quinta para a terceira posição no ranking dos estados produtores de minério de ferro, ficando atrás apenas de Minas Gerais e Pará. A produção anual projetada para a mina da Bahia Mineração é de 20 milhões de toneladas por ano de minério de ferro. Outros investimentos menores também estão sendo projetados, como o de R$ 400 milhões que deve ser feito pela empresa Magnesita, e o de R$ 600 milhões, planejado pela Ferbasa.

FOTO: Manu Dias/AGECOM

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Desenvolvida principalmente no extremo sul do estado, a produção de celulose e papel também tem sido uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento regional. A Bahia possui atualmente nove indústrias, algumas especializadas na produção de celulose, como a Veracel, outras integradas, produzindo celulose e papel, como a Suzano, além das dedicadas exclusivamente à produção de papel, a exemplo da Fofex, Penha, OL, Santex, Sapelb.

A produção industrial do setor tende a se expandir e já estão sendo anunciados investimentos da ordem de R$ 8 bilhões até 2015, com a construção de três novas fábricas da Suzano Papel e Celulose. A Veracel, que hoje gera 3.643 empregos diretos, sendo 745 próprios e 2.898 parceiros permanentes, tem uma taxa de crescimento de 3% ao ano, desde 2006, quando se instalou na região. “Esse é um marco histórico para o extremo sul da Bahia e para o Brasil, pois a Veracel é uma das mais modernas empresas do setor no mundo, utilizando o conceito de produção mais limpa”, afirma o diretor-presidente da empresa, Antonio Sergio Alipio.

Além dessas, merece destaque a Bahia Specialty Cellulose (BSC), empresa do Grupo Sateri Internacional, com sede em Camaçari, que é a única produtora de celulose solúvel com alto teor de pureza da América Latina. Os investimentos, ao longo dos últimos seis anos, superam a marca de US$ 1 bilhão, incluindo a ampliação da fábrica e da área florestal.

REGIÃO EXTREMO SUL

PRODUÇÃO DE CELULOSE E PAPEL

Interiorização de serviços Com um movimento positivo da economia, as entidades representativas do empresariado também estão se movimentando para o interior. De acordo com , gerente-geral do Centro das Indústrias do Estado da Bahia (Cieb), integrada ao Sistema Fieb, uma das prioridades da entidade em 2012 é fortalecer e ampliar a atuação no interior, construindo novas unidades em cinco regiões e qualificando as que já existem.

O Cieb vai promover cursos profissionalizantes, palestras, formação básica e fundamental. Os profissionais vão apontar caminhos e orientar os produtores para que eles possam atender às as demandas da forma mais adequada e rentável. “Nosso foco é garantir a competitividade das empresas e a sustentabilidade dos investimentos”, diz Mazo. Em 2012, será iniciada a construção das unidades integradas em Luís Eduardo Magalhães e Barreiras e será ampliada a qualificação em Ilhéus e Feira de Santana.

Os maiores desafios para os empreendedores apontados por Mazo são a formação de mão de obra qualificada, apoio à infraestrutura e logística, o fomento da cultura associativa nas micro e pequenas empresas, o ganho de competitividade, o acesso a transportes com custos mais adequados, uma rede de energia elétrica de qualidade e de transmissão de dados e telefone, além da garantia de um ambiente propício para atração de investimentos. [B+]

FOTO: Divulgação

FOTO: João Alvarez/Sistema FIEB

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de um professor historiador de moda que prestava consultoria a shoppings de todo o Brasil. “Ele trabalhava os cinco sentidos dentro das loja, aperfeiçoando o nível de apresentação dos produtos e o conceito da marca. Rodei diversos estados dando palestras durante o dia, e à noite fazendo a parte prática”, conta.

Mônica, então, foi apresentada ao “mundo encantador do cheiro”. Mergulhou em pesquisas para entender melhor o marketing olfativo, mas pouco encontrou. Aprendeu com a prática. “Dez anos atrás não tinha uma nota em revista e poucos tratavam de marketing olfativo. O visual sempre foi bem explorado. Também já se falava em degustação com o exemplo da bala da TAM”, lembra.

Porém, segundo Mônica, o que antes se resumia apenas a bom ar e incenso é um universo bem mais amplo. “O cheiro fideliza”, destaca ao falar do potencial desse tipo de marketing. Ao fim do curso, teve que decidir: ficar no Rio ou voltar para a Bahia. Retornou às origens, em 2001, com 50 litros de aromatizantes fabricados por um turco que morava em Teresópolis.

Um novo início na vida de Mônica. Agora era consultora de moda, especializada em marketing olfativo. O resultado: tornou-se, em seis meses, a maior cliente do turco.

Mônica cresceu como vendedora que “passinho a passinho”, como mesmo descreve, criou uma rede de 600 revendedores por todo o Brasil e 16 lojas franqueadas em sete estados. Junto com o sócio César Fávero, com quem diz ter um “casamento de sociedade perfeito”, Mônica segue desbravando novos mercados e em busca do objetivo de estar presente em cada município do país.

D ebaixo de uma barcaça em meio a uma reserva de mata atlântica entre Ilhéus e Itabuna, surgiu uma fragrância de sucesso que vem se fixando em cada um dos

estados brasileiros. Se essa história teve início a partir de uma dúvida, hoje a certeza dos sócios Mônica Burgos e César Fávero é de que querem seguir a expansão da Avatim – Cheiro da Terra, empresa baiana que cresce 40% ao ano e exala exemplos de empreendedorismo, responsabilidade social, criatividade nos negócios e de um modelo eficiente em vendas.

Ao entrar no hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e se encantar com o cheiro do hall, quartos, roupas de cama, lembre-se que ali tem um toque vindo de terras baianas. A lista de clientes da Avatim é grande e inclui nomes como Ellus do Brasil, Água de Coco, Second Flor, Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Chevrolet, Odebrecht, Gafisa, H. Stern, Arezzo, Fórum, Coucci, Victor Hugo, Bebesh, Any Any, IBGE, Peugeot, Embraed, Ana Import, Planeta Bebê.

Mas toda essa história começou no fim da década de 90. Criada em Itabuna, mãe de três filhos, Mônica Burgos, 45 anos, descreve-se como uma ex-militante da advocacia, profissão que exerceu durante oito anos. E, após um ano e meio depois do fim do casamento, decidiu que era hora de uma mudança: “Se eu tenho que mudar, mudo agora”, disse para si própria. Arrumou as malas e foi respirar novos ares na cidade do Rio de Janeiro.

Novos ares, novos aromas, novos sentimentos. Na “Cidade Maravilhosa”, estudou dois anos o curso de produção de moda, no Senac. Lá, fez parte da equipe

AVATIM: AROMA QUE VEM DA BAHIA PARA O BRASIL Mônica Burgos conta a história da marca baiana presente em todos os estados do país e revela como faz para alcançar as próximas metaspor FÁBIO GÓIS

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CRESCIMENTO DE

40%HÁ TRÊS ANOS, A MÉDIA ERA ENTRE 30% E 35%

FOTO: Rômulo Portela

“Eu aprendi a vender marketing e não aromatizante. Vendo a marca, a lembrança olfativa, uma história”

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A sua primeira encomenda foi um momento particular. Pode nos contar?Eu estava encantada com o mundo do cheiro. Queria voltar para a Bahia, ser consultora de moda e ter o produto para minhas clientes comprarem. Então, soube de um turco que morava em Teresópolis, que há 15 anos fabricava perfumes variados de forma artesanal no quintal da casa dele. Quando eu o localizei, disse: pronto, já é um começo.

E como foi esse encontro?Estava com um pouco de medo (risos). Me encontrei no estacionamento do shopping. Ele abriu a mala do Opala e me mostrou as fragrâncias. O turco embalava em um plástico bem mole, inferior ao PET, que era tampado com uma rolha e uma tampa branca. No rótulo, escrevia o nome da fragrância com máquina de datilografar daquelas bem antigas. Quando errava, colocava um monte de X para corrigir e escrevia embaixo. Isso me irritava muito (risos). Em compensação tinha cheiros maravilhosos e uma ótima fixação. Minha primeira encomenda foi 50 litros de aromatizantes.

Foi quando você voltou para Itabuna?Sim. Fiz a encomenda e depois de uma semana as caixas chegaram à casa da minha mãe. Quando olhei as caixas, criei coragem de recomeçar minha vida. Comprei um talão de pedido e fui às ruas de Itabuna. Visitei as lojas de todas as minhas amigas. Passei o dia na rua. Na hora do jantar, minha mãe perguntou se tinha dado certo. Respondi de imediato: “Ou esse negócio é mesmo bom de vender, ou minhas amigas morreram de pena de mim”. Eu tinha vendido 30 litros dos 50. No dia seguinte liguei para o turco e encomendei mais 50 litros. Logo depois, fui para Salvador e não teve um dia sequer que eu não fui à rua vender.

Você tinha alguma estratégia?Sempre foi marketing olfativo. Eu vendia marketing, não aromatizante. Nunca ninguém me contratou para fazer consultoria de loja, apesar de eu dar de graça.

Fazia tudo sozinha?Em menos de seis meses me tornei a melhor cliente do turco. Eu vendia tanto que não dava mais conta de entregar ou vender. Comecei, então, a captar pessoas que estavam perto de mim, outras que eu ia conhecendo. Elas ficavam encantadas com o trabalho.

FOTOS: Divulgação

César Fávero (ao centro) durante ação do programa “Amigos da Escola”, promovido pela empresa

Todos os funcionários da produção são moradores da Vila Cachoeira,

comunidade em frente à fábrica

Com a inauguração das lojas, a Avatim criou novos formatos e apresentações dos produtos

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Como isso passou a ser a Avatim?Iniciamos nossos trabalhos em 2001, mas abrimos oficialmente a empresa em 2002. Depois de seis meses vendendo a marca do turco, César, que sempre foi um grande amigo, me fez uma visita. Ele sempre me aconselhou, deu dicas e viu todo meu trabalho com os aromatizantes. Acompanhou também minhas chateações com o turco, que mudava a cor da fragrância toda hora... (risos)

Nesse dia, me perguntou se poderia ter uma conversa séria comigo. Foi quando me deu uma aula. Disse que eu nunca fui consultora de moda, mas sim uma grande vendedora, com uma rede de outras vendedoras conectadas, além de um sistema fantástico de vendas porta a porta, e um atendimento impecável. César me mostrou tudo o que eu fazia. Ele é assim até hoje – o oposto de mim. Digo que é o “cabeça pensante”.

César, que queria entrar no ramo de indústria, me fez a proposta de a gente criar nossos próprios aromatizantes. Me disse que faria o produto do jeito que eu quisesse no prazo de seis meses. E, para começar, precisaríamos investir R$ 4 mil, cada um. A Avatim surgiu assim, no susto e com total confiança entre os sócios. Até hoje estamos trabalhando nessa sociedade, e passinho a passinho conquistando novos desafios. Não foi preciso pedir mais dinheiro a ninguém. Só vamos até onde nosso abraço alcança. Por exemplo, tem pessoas que correm logo para pegar um financiamento. Nós não.

Mas vocês tinham algum tipo de experiência em produzir aromas?Depois dessa conversa com César, fomos falar com minha irmã que é bioquímica. Ela topou participar e foi nossa química durante dois anos. César, que é formado em marketing e nunca tinha tido nenhuma relação com química, procurou cursos e consultorias. Fizemos diversos testes e chegamos ao padrão que queríamos. No dia 6 de abril de 2002, eu fiz o primeiro workshop da Avatim com toda a rede de vendedores, inclusive de fora da Bahia.

E o que significa o nome Avatim? Foi a mãe de César que nos sugeriu. Ela é paraguaia e falava fluentemente tupi-guarani. Primeiro gostei da sonoridade. Depois ela nos explicou que significa “cheiro da terra”. Gostamos!

Como você começou a divulgar os produtos fora da Bahia? A minha primeira viagem que fiz foi a São Paulo. Peguei uma lista de marcas que queria atender. Estabeleci uma meta de vender dez litros por dia. A cada visita era uma surpresa para mim. Quase ninguém sabia o que era marketing olfativo, até o nome soava estranho. Fui muito bem atendida. Vendi em todas as empresas que visitei. Fiquei impressionada, me perguntando se esse mundo era mesmo tão novo. Voltei feliz da vida e senti que estava no ramo certo.

Você sente que a Avatim está em um rápido crescimento? A gente sempre fez as coisas sem sermos afoitos. O crescimento da Avatim está sendo rápido, mas dentro do que podemos fazer. Definimos em nosso plano de negócio trabalhar com um público classe A, ênfase em empresas e sermos uma referência de marca de aromatizante no ramo de ambiência. Essa é a meta que trabalhamos todos os dias. Volta e meia olhamos novamente para nosso plano e refazemos o que for necessário, mas sempre seguindo nossas diretrizes.

E como começou em hotelaria?Entrei em hotelaria desde cedo. O primeiro hotel de nome que fiz, há oito anos, foi o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro - nosso maior cliente exclusivo até hoje. E a ideia de ter um cheiro exclusivo também já nasceu conosco. Hoje, já fornecemos para eles velas (com o mesmo cheiro do hotel), perfumes para lençóis, e já estão querendo entrar na linha dos sabonetes.

Além dos aromas exclusivos, existem também os personalizados. Como surgiu isso?Essa história é interessante. Certa vez, recebi um telefonema de uma pessoa que comprou nosso produto e usava no boxe dele no Mercado Modelo. Ele gostaria de vender o nosso produto. Eu não disse não - eu nunca digo não. O fato de ele querer vender o meu produto era um motivo de orgulho. E pensava que todo o mundo tem o direito de usar e também ganhar dinheiro vendendo. Marquei uma reunião pessoalmente. Eu e César analisamos essa nova oportunidade. Então, como solução, criamos uma marca para ele. O meu mundo do

“O que eu busco e luto diariamente é por qualidade.

Não só de produto, mas sim do atendimento. Para mim, o

sucesso de qualquer empresa está no atendimento.”

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Como você avalia o potencial de uma cidade?Faço uma análise do PIB e do PIB de serviços, da população e da densidade. Usamos um cálculo padrão que estabelecemos de capacidade de venda. Assim dou metas para nossos revendedores, distribuidores e lojas franqueadas.

Há algum diferencial no seu modelo de revenda?O diferencial do meu porta a porta é que, em cidades do interior, eu tenho apenas um revendedor. São poucos que fazem muito. Queremos ensinar o menor a crescer. Não importa o local para vender Avatim. A gente tenta identificar o perfil da pessoa e o trabalho que ela vai realizar, mantendo a qualidade que esperamos.

Minha franqueada de Feira de Santana, por exemplo, ganhou exclusividade da área dela porque começou como revendedora, virou distribuidora e conseguiu bater todas as minhas metas. O que faz para seguir crescendo? Vai para outra cidade e assim segue batendo metas. A minha maior distribuidora de interior tem todas as cidades do interior do Espírito Santo. Hoje ela tem uma revendedora dela em cada cidade.

Qual é o maior desafio que encontra na expansão da Avatim?Cada momento novo é um desafio. Para acompanhar esse crescimento a gente tem que mudar. E mudar rápido. A história das franquias é um exemplo. Primeiro abrimos uma loja para fazer um teste e, em seis meses, estávamos fraqueando. Então tudo é muito rápido. Agora, o que eu busco e luto diariamente é por qualidade. Não só de produto, que já temos controle, mas sim do atendimento. Para mim, o sucesso de qualquer empresa está no atendimento.

De que forma é o treinamento de suas consultoras?É constante. Damos uma cartilha de treinamento de vendas e um suporte on-line. No começou eu fazia os treinamentos. Hoje não consigo estar com todas. Como ainda não consegui formar uma pessoa que me substitua, faço grupos por regiões e atendo a esses grupos junto com minha equipe. E uma coisa é fato, sempre que a gente termina um treinamento o número de vendas aumenta. Então precisamos sempre capacitar.

Qual é o crescimento anual da Avatim?Nós crescemos 40% ao ano. Há três anos, a média estava entre 30% e 35%.

personalizado começou assim. Quando sentamos para nos reunir, apresentei essa solução com muito cuidado para que ele entendesse essa questão de segmentação de mercado, já que a marca Avatim tem como definição trabalhar com o mercado classe A. Dessa conversa também surgiu uma nova marca nossa, com toda a qualidade Avatim, que é para atender um público mais popular e se chama Tato e Olfato.

Por um tempo, seus produtos só eram encontrados por meio de revendedores e distribuidores. Como surgiram as lojas Avatim?A loja conceito do Shopping Boulevard 161, no Itaigara, foi inaugurada em dezembro de 2009. Ela foi criada por causa da cobrança de nossos clientes. Eles queriam ir à Avatim, mas nós só tínhamos escritórios de revenda. Tinha vezes que eu chegava ao escritório de Salvador e não tinha espaço para mim por conta dos clientes nos visitando.

Mas seria um universo diferente para vocês, não é?Loja é um outro mundo. O tipo de produto que eu vendo em loja não é o mesmo que vendo porta a porta. Percebemos que tínhamos que ter outros tamanhos e visuais. Os lançamentos também funcionam de maneira diferente. As lojas vendem muito mais produtos de corpo, a linha pessoal e as coisas com o menor custo. Nós estávamos acostumados a vendas empresariais, que são quantidades maiores. Tudo isso tem mexido com nossa forma de interpretar as duas vendas.

Quantas lojas tem no Brasil?Nós temos quatro lojas próprias. Três em Salvador e uma em Ilhéus. Ao todo são 16 lojas, somando com as franqueadas. Para este ano, fiz uma lista de dez novas lojas que serão abertas. Se eu pudesse, eu abriria todas que nos pedem.

O que impede?Por causa do nosso jeito de trabalhar, meu e de César. Não tem a necessidade de abrir 100 lojas ao ano. Nós vamos aprendendo com cada uma. É uma responsabilidade grande. Esse mundo que criamos é nossa responsabilidade e temos que ser parceiros. Em um processo de franquia, nós aprovamos até a escolha do ponto. Ou seja, dividimos responsabilidades com nossos parceiros. Fazemos uma análise da cidade, do mercado para ver se comporta uma loja Avatim, para ver se vai ter o retorno esperado. Não é uma loja barata. Está dando certo, mas ainda acho que precisamos amadurecer.

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A Avatim já está no exterior?Há cinco anos vendemos para a Holanda. Mas senti que é um mercado que ia tirar muito da minha energia, pela quantidade de pedidos. Então voltei minha atenção para dentro, para conquistar esse mercado Brasil. Nosso próximo passo será colocar uma loja no exterior, mas será uma segunda etapa.

O que vem antes?Estamos em todos os estados e minha meta é estar em todas as cidades.

Tem algum prazo?(Risos) Não. Eu nunca me dei prazo, mas também nunca demorei a chegar.

Responsabilidade socioambiental

A produção da Avatim segue instalada na mesma área da antiga barcaça, em meio a uma reserva de mata atlântica, tombada pelo patrimônio histórico e arquitetônico, no município de Ilhéus, mas agora está abrigada em uma fábrica de 1600.000 m2. O equilíbrio com a natureza é uma das premissas da empresa que, segundo os sócios Mônica e César, não explora nem degrada os recursos naturais e ainda promove ações de coleta seletiva e reuso da água de chuva em toda a fábrica.

No âmbito social, a Avatim ganhou o prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho (PSQT), em 2007 e 2008, por conta dos programas sociais realizados. “Um exemplo é que nós só contratamos moradores da Vila Cachoeira para trabalhar na produção da fábrica”, diz Mônica Burgos, explicando que é uma maneira encontrada de acompanhar e capacitar as pessoas que vivem na vila, em frente à fábrica.

O projeto “Amigos da Escola” dá um suporte para a escola municipal da vila, promovendo desde festas comemorativas a reformas. O programa “Casa dos Sonhos” subsidia a construção da casa própria e o programa “Seja Universitário” contribui com 30% a 100% da mensalidade da graduação ou cursos de aprimoramento dos funcionários da empresa. Além do programa de inclusão social “Ser Down”, o qual Mônica deseja ampliar ainda este ano: “Além de perfeccionistas, a gente aprende muito com eles”. [B+]

FOTOS: Divulgação

Programas sociais da Avatim: “Ser Down” promove a inclusão social e o “Casa dos Sonhos” subsidia a construção e reforma das residência dos funcionários

O caminho até a fábrica da Avatim, na estrada entre Ilhéus e Itabuna

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LIFESTYLE

PLANO +

TURISMO

SABOR

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CHEIRINHO DE CAFÉA Bahia produz uma média de 2,5 milhões de sacas anuais e oscila entre o quarto e quinto lugar entre os maiores produtores de café do Brasil.

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Na ilha de Comandatuba, o capricho da natureza aliado a infraestrutura de hotel atrai majoritariamente empresas da capital paulista. A realização de encontros empresarias em espaços alternativos como no coqueiral, piscina, praia e “Terra de Gabriela” (área ao lado da praia particular do hotel) torna esses eventos ainda mais exclusivos e diferenciados, como afirma a gerente de eventos do Hotel Transamérica, Vânia Dezordi: “Isto atrai as empresas, fazendo com que elas saiam dos grandes centros e de dentro das salas para buscar espaços alternativos no resort”.

Com uma equipe comercial focada na prospecção de empresas de diversos segmentos que realizam eventos em resorts, Vânia diz que a maior dificuldade é com a malha aérea, “entretanto, hoje, é muito melhor que anos atrás, pois temos voos regulares diários para Ilhéus saindo de diversas cidades do Brasil, e, para eventos específicos, há voos fretados que pousam em nosso aeroporto particular”.

Entre a lista de eventos realizados estão os Encontros de Empresários da América Latina e o Fórum de Comandatuba, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), de João Doria Jr, que reúne ministros, governadores, prefeitos das principais capitais, parlamentares, empresários e personalidades.

O mexicano Carlos Slim, o homem mais rico do mundo segundo a revista Forbes, o bilionário brasileiro Eike Batista e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva são alguns dos nomes que já estiveram dialogando em Comandatuba.

G randes empresários reunidos para debater política econômica, gestão empresarial, responsabilidade social e ações sustentáveis

são acontecimentos corriqueiros no universo dos negócios. Mas, após reuniões, encontrar toda a beleza de paraísos secretos com infraestruturas luxuosas que aliam prazer e conforto para um grupo seleto de pessoas pode tornar o momento ainda mais satisfatório.

Por isso selecionamos três lugares na Bahia que exemplificam essa conexão. Eles são o Transamérica Comandatuba, o ClubMed e o Txai Resort. O porquê dessa escolha você encontra a seguir.

L IFESTYLE | t u r i s mo

Saiba onde encontrar luxo, beleza e conforto

nos eventos exclusivos de empresários realizados

em território baiano

O PRAZERNOS NEGÓCIOS

HOTEL TRANSAMÉRICA COMANDATUBA

Coqueiros, brisa e mar são atrativos à parte do Club

Transamérica Comandatuba

FOTOS: Divulgação

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“O Club Med tem por natureza a capacidade de reinventar seu produto anualmente. O reconhecimento dos nossos clientes também é um fator importante. Acompanhamos de perto cada evento, gerando um índice de satisfação igual a 85%”, afirma Tiago Varalli, gerente de vendas do Club Med, que possui villages em Itaparica e Trancoso.

Como cada village tem um Centro de Convenções, com salas modulares, que permitem atender diversos grupos ao mesmo tempo, e capacidade para até 700 pessoas, o complexo já recebeu encontros de empresas como Procter & Gamble, Bradesco, White Martins, L’Oreal, Globo, Som Livre, Souza Cruz, Philip Morris, entre outros.

Voltada ao público empresarial, os destaques são as equipes Club Med Business e a flexibilidade do all inclusive, de acordo com a proposta do cliente. Segundo o gerente de vendas da rede, a taxa de fidelização nesse segmento é de 40% dos participantes e a meta de crescimento para o ano de 2012 é de 6%. O Club Med tem a previsão de receber mais de 300 grupos nos villages do Brasil e exterior este ano. [B+]

Inserido em uma área de proteção ambiental (APA) de mata atlântica, o Txai Resort, localizado na praia de Itacarezinho, em Itacaré, foi eleito um dos dez melhores destinos turísticos pelo jornal The New York Times, consagrado como “Most Excellent Resort in The Americas, Atlantic, Caribbean & Pacific Islands” pela Condé Nast Johansens Luxury Hotel Guide 2008, além de ter sido premiado como o Hotel Mais Sustentável do Brasil, também em 2008, pelo Guia 4 Rodas (Editora Abril).

Segundo José Romeu Ferraz Neto, presidente do resort, há um grande fluxo de hóspedes da Bahia, São Paulo, Minas Gerais e Brasília e a região foi favorecida com novos voos. “Para conforto dos hóspedes, o hotel disponibiliza sala VIP no aeroporto de Ilhéus e heliporto homologado. A região foi beneficiada com os novos voos da TAM, Gol, Avianca, Azul e Trip partindo de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Vitória, Campinas, Belo Horizonte e Salvador”, acrescenta Neto.

O empreendimento, que usa do vocabulário indígena kaxinawa a palavra “Txai”, que significa “companheiro”, foi inaugurado há 11 anos e tem no ponto mais alto do terreno o SPA Shamash, com inúmeros tratamentos e terapias para o relaxamento, além de biblioteca e business center para as horas de trabalho.

“Temos tido ótimos resultados com o ‘Praticando o Bem Viver’, evento promovido por Márcia de Luca, fundadora do Centro Integrado de Yoga, Meditação e Ayurveda, e Filippo Pedrinola, diretor-médico do SPA Cidade Jardim, que está na terceira edição e tem conquistado novos adeptos”, destaca o presidente do Txai.

TXAI RESORT ITACARÉ

www.transamerica.com.br/br/ilhadecomandatuba

www.txai.com.br

www.clubmed.com.br

CLUB MED ITAPARICA E TRANCOSO

Estrutura do Club Med na Ilha de Itaparica. A rede ainda tem villages em Trancoso

SPA no Txai Resort, que se destaca no guia de hotéis luxuosos da Condé Nast

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C heiro e sabor inigualáveis. Trinta e duas nuances. Após refeições, para despertar, acompanhar uma leitura, uma conversa

ou apenas para apreciá-lo. Ele foi o segundo produto de destaque trazido pelos europeus e totalmente adaptado em terras nacionais e - o próprio - contribuiu para o desenvolvimento econômico, político e social do Brasil. Assim o café faz parte da herança e da vida brasileiras, desde sua produção, distribuição e consumo, ficando em segundo lugar nesse quesito, perdendo apenas para os Estados Unidos.

“Hoje os cafeicultores baianos têm orgulho de dizer: ‘Meu café é o melhor’. Está bastante valorizado no mercado por conta dos campeonatos de café. Os especialistas dizem que a região de Piatã, pela altitude versus distância da Linha do Equador, é a melhor região do mundo para se produzir café. A Bahia hoje é o estado mais produtivo, onde a planta dá mais café por hectare no mundo”, afirma Anderson Pinto, proprietário da Casa Café.

A Bahia produz uma média de 2,5 milhões de sacas anuais e oscila entre o quarto e quinto lugar entre os maiores produtores de café do Brasil. Como o mercado baiano de café é marcado por pequenos produtores e pelo método da coleta seletiva (onde a colheita é recolhida de grão em grão), semelhante ao que é feito na Colômbia, isso se reflete no valor final e diferencia a qualidade do produto. “Por ser barista, ouvia falar muito dos cafés da Bahia. Eles começaram a ganhar premiações e a ser procurados para exportação; pessoas de todos os lugares do mundo vinham atrás dos cafés daqui, e a área do barismo cresceu”, destaca o paulista Fernando Santos.

A crença de que não existia público para consumir cafés finos e especiais no estado já foi por água – ou melhor – xícara abaixo. “Na nossa experiência, vemos que, na verdade, o público baiano está cada vez mais sofisticado e exigente em termos da qualidade do café e está disposto a pagar um pouco mais por isso”, avalia Luca Allegro, um dos donos da Café Orgânico Natura Gourmet, proveniente da Chapada Diamantina.

L IFESTYLE | g as t ron omia

Oportunidades de crescimento e estabilidade maiores do que no exterior. Esse é o atual cenário encontrado pelos produtores de café no estado. Conheça quais são os cafés finos e especiais que

estão conquistando o paladar baiano

EXPRESSO BEM BAIANO

por VANESSA ARAGÃO

“Pessoas de todos os lugares do mundo vêm atrás dos cafés

daqui”, exalta o barista Fernando Santos

FOTO: Rômulo Portela

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Isso também provocou surpresa em Alexandre Queiroz, que planejava ampliar sua rede de cafeterias, a Seven Wonders, de cinco espaços para dez em três anos, e agora afirma que vai conseguir tal feito em apenas dois. “Não imaginava que tinha uma demanda tão grande. Vamos dobrar a empresa, ampliando para as cidades do Nordeste, como Recife, Aracaju e Fortaleza. Vemos em Salvador um mercado em ascensão, mas a gente não quer parar por aqui”, enfatiza Queiroz.

Quem é responsável pela produção também vê no mercado interno e, sobretudo, baiano, as melhores oportunidades de comercialização nos dias de hoje. “Quando eu comecei a torrar o café, não ficou mais interessante a exportação, porque eu tenho hoje uma indústria. Agrego valor ao produto igual ou um pouco mais do que se eu exportasse. A questão é que exportamos para torradores e como a produção é pequena, de 400 a 600 sacas por ano, eu consigo absorver minha própria produção dentro da minha torrefação”, explica Michael Freitas, da Café Gourmet Piatã, que ficou entre os cincos primeiros colocados de 2002 a 2008 no Concurso de Qualidade Cafés da Bahia, realizado pela Associação dos Produtores de Café do estado.

Diante desse cenário, listamos os cafés que estão conquistando os paladares baianos seja pela qualidade, modo de preparo ou novidades nos drinques.

PRODUÇÃO: Fazenda São Judas Tadeu, desde 1978TIPO: ArábicoONDE ENCONTRAR: Casa dos Biscoitos Asa Sul (Brasília); Cafeteria São Benedito (Chapada Diamantina/ Lençóis); Dist. Gibasa (São Paulo); cafeterias na Austrália, Inglaterra e Estados Unidos.BAHIA: Lançado dia 20 de março em Salvador, Itaberaba, Seabra, Boninal, Piatã, Caetité, Guanambi e Vitória da Conquista.Ganhador do 1º lugar do Cup of Excellence como Melhor Café do Brasil Safra 2009/10 pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o mais importante prêmio da cafeicultura brasileira.

PRODUÇÃO: Divino Espírito SantoTIPO: ArábicoONDE ENCONTRAR: Abuela Goye, Seven Wonders, Botequim Café (Ondina Apart e Shopping Paralela), Café com Leite (Salvador Trade Center), Vanila (Vilas do Atlântico), Doces Sonhos.

CAFÉ RIGNO TODO DIA

CASA CAFÉ

A Bahia produz café em três regiões: Cerrado, Planalto e Atlântico. Tanto o Cerrado como o Planalto produzem o café arábico, o que possui maior aroma e sabor, bastante comercializado no mercado interno. A região do Atlântico produz o café conilon ou robusta, mais utilizado para ligas de café solúvel.

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PRODUÇÃO: Torrado na Sweet Bahia CaféTIPO: ArábicoONDE ENCONTRAR: Chez Café e Marieta Café (Salvador Shopping); Café Gourmet e Jardim Gourmet (Shopping Barra); vendas na cafeteria Grão Supremo (Shopping Iguatemi) e no Posto Select do Itaigara.

PRODUÇÃO: Fazenda Aranquan e Fazenda FlorestaTIPO: Cultivado em manejo orgânico e sombreado, em sistema agroflorestalONDE ENCONTRAR: Rede Perini; Sushi e Deli&Cia (Graça); Maricota Café, Couvert, (Salvador Shopping), Espresso Expressão (Shopping Itaigara); John John Café (Comércio). Restaurantes: Diliana (Ondina), Rama (Barra e Pelourinho), Orgânico Azeite Doce (Shoppping Barra), Apipão (Apipema); Solar Café (Museu Rodin e Solar do Unhão). Supermercado Adonai (Guarajuba); Pão e Mais Delicatessen (Pituba); CGC Café Gourmet (Pelourinho); Grão de Arroz (Pituba e Barris). [B+]

BAHIABOURBONCAFÉ

CAFÉ ORGÂNICO NATURA GOURMET

“A Bahia hoje é o estado mais produtivo, onde a planta produz mais café por hectare no mundo”Anderson Pinto, proprietário da marca Casa Café

Michael Freitas, da Café Gourmet Piatã, aposta na comercialização

do produto no mercado interno

Entusiasmado com o mercado de café, Alexandre Queiroz quer ampliar sua

rede para capitais do Nordeste

FOTOS: Rômulo Portela

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P ublicitário, diretor de filmes e dono da Mosca Films, nasci em Lima, mas moro em Salva-dor há 13 anos. Admiro muito todas as cozinhas do mundo, mas as minhas favoritas são a francesa, a chinesa e, inevitavelmente, a comida peruana. Quando morava em Peru, eu era

rodeado de alta gastronomia e não reparava. O peruano valoriza muito o sabor. Dificilmente come hoje o mesmo de ontem. Foi a saudade de casa o que me motivou a começar a cozinhar.

Para mim, não só as artes, como tudo o que fazemos na nossa vida, gira em torno das emoções. A comida pode, ao mesmo tempo, ser uma das artes mais próximas do ser humano e com a maior paleta sensorial, portanto, emocional: cheiros, sabores, texturas, cores, formas, temperaturas, e ainda sons, atmosferas. Relaciono muito a culinária com a música. Gosto de experimentar os ingredientes como se fossem notas que formam acordes. Ao mesmo tempo, acredito que uma alimentação saudável e saborosa nos faz pessoas melhores, mais felizes. Por isso gosto também de conhecer os alimentos e suas propriedades, pelo menos de forma essencial.

L IFESTYLE | s ab or

FOTO: Divulgação

CAUSA RELLENApor EMILIO LE ROUX

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INGREDIENTESRecomendado para quatro porções

MASSA- 500g de batatas - 3 limões- Pimenta dedo-de-moça ou outra da sua preferência, moída- Azeite ou óleo vegetal da sua preferência- Sal e pimenta-do-reino a gosto

RECHEIO- 300g de carne de frango, cozida e desfiada- 1 abacate maduro- 3 tomates maduros- 2 ovos cozidos e fatiados- Maionese

MODO DE PREPARO

Cozinhe as batatas na água ou, de preferência, no vapor. Descasque e deixe esfriar. Num bol grande de vidro ou metal, amasse as batatas junto com o suco de limão, a pasta de pimenta, sal, pimenta-do-reino e fios de azeite ou óleo vegetal de boa qualida-de, até formar uma massa levemente brilhante e compacta que não grude. Coloque na geladeira por 20 minutos. Misture a carne de frango com um pouco de maionese. Monte as “causas” em camadas, utilizando uma forma de metal apropriada. Comece com uma camada de massa de batata, seguida por fatias de tomate, ovo e abacate e o frango com maionese. Cubra com outra camada de massa. Decore com folhas de coentro, fatias de pimenta ou de azeitonas, ovo picado ou com outros ingredientes da sua escolha. Este é um prato que convida a ser criativo, tanto no visual como nos recheios.

DICA IMPERDÍVEL

É difícil dar uma única dica em Salvador. Um restaurante a quilo imperdível é o Ao-gobom, restaurante chinês com pratos originais no Rio Vermelho. Se estiver no Santo Antônio, não pode esquecer do cachorro quente do bar na Travessa dos Perdões. E um programa imperdível de domingo é atravessar de barco da Ribeira até o restaurante

Boca de Galinha, em Plataforma. [B+]

A RECEITA

Receita peruana. Uma massa de batata cozida e temperada que, como tantos ou-tros pratos, surgiu da necessidade. Hoje se serve em restaurantes de todo nível e se capricha nos recheios. Mas o verdadeiro protagonista é a massa, que requer saber misturar sabores fortes com equilíbrio para conseguir um resultado sutil. No Brasil, não existem as batatas e as pimentas que se utilizam na receita origi-nal, por isso a receita foi adaptada aos ingredientes locais.

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S uzana Rezende tem um currículo respeitável no campo da publicidade, área em que atua há 25 anos. Atualmente ela é executiva de atendimento

na Objectiva Comunicação, onde coordena algumas contas públicas do governo do estado e da prefeitura de São Francisco do Conde. O que nem todos sabem é que a vida dela não se limita à trajetória de sucesso após passar por agências como Propeg, Ideia 3 e Link. Nutrida por criativi-dade, a profissional também expressa seu dom artístico de outras formas, como revela este Plano+.

Como iniciou sua trajetória profissional?Sou publicitária há 25 anos. Formei-me em artes plásticas e, em seguida, estudei propaganda na ESPM/SP, por meio de cursos de especialização com foco em criação. Comecei a trabalhar na Propeg fazendo leiautes em papel schoeller (alemão) e papel fotográfico com tintas ecoline e manchas com stabilayout. Era uma festa e um grande aprendizado. A partir do estúdio, eu sonhava em ser diretora de arte e trabalhar na criação. Meus primeiros mestres foram Arthur de Negri e Luiz

POTENCIAL CRIATIVO LIVRE E DESIMPEDIDO

Suzana e suas paletas de tinta acrílica,

técnica que utiliza

FOTOS: Acervo pessoal

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que buscar diariamente. Sem pintar e realizar exposições seria uma profissional menor e mais apática, tenho certeza.

Qual é a mensagem que você deixa para publicitários, artistas e demais profissionais?O que eu digo é que no mundo cabe tudo. São infinitas possibilidades de viver dentro da profissão escolhida. E que você muda, sua profissão muda, o mercado muda. Estar atento para si mesmo é a melhor forma de estar atuando positivamente, eficientemente e sempre com uma visão de futuro, novas e imprevisíveis realizações. Buscar, estudar, aprender, para mim, só acontece de verdade se você estiver inteiro no tema, no assunto que lhe interessa de fato. Isso cada um só pode descobrir sozinho, olhando para além do umbigo, para dentro dele. Olhar só para o umbigo é perda de tempo. E é mais do que necessário respeitar o TEMPO. Ele rege tudo, ele está caminhando. Olhar para o umbigo é estéril e improdutivo. Quando você se mobiliza, involuntariamente mobiliza o entorno da existência e a coletividade. Quando produzo uma exposição, envolvo pessoas, histórias, crio outros movimentos que não envolvem só a mim. Isso dá frutos, dá sentido, cria proporções. [B+]

Gonzaga Saraiva. Comecei como diretora de arte júnior na Ideia 3, com Guido Kopp. Depois, fui promovida a sênior por Gui Bamberg, na Mark Propaganda, e trabalhei nesta função em outras agências. Fui diretora de criação na Objectiva e na SLA. Em 2004, segui para Angola, com Sérgio Guerra, na Link, e lá comecei a exercer o atendimento. Mudei de lado. Comecei a desenvolver uma forma de atuação profissional que priorizava a comunicação entre a criação e o cliente. Pratico isso todos os dias, ou melhor, persigo esse ideal. Minha atividade está diretamente ligada à informação diária interna e externa. É um cotidiano de leituras e diálogos com o objetivo de cumprir um planejamento de comunicação e uma operação afinada com toda a equipe envolvida.

Mas o que você faria caso não fosse publicitária?Estaria dentro de um ateliê pintando e criando projetos para exposição. Voltei a pintar em 2001, quando fui pela primeira vez para Angola. Inspirada pela cultura banto, comecei a pintar os Nkisis, divindades do panteão Angola. Pintava e elaborava exposições paralelamente à minha atuação em publicidade. A necessidade da criação autoral sempre foi latente e, apesar de trabalhar com a criatividade, faltava algo mais, que eu sentia que poderia realizar. Quando retornei à pintura, não parei mais. Estreei na Casa de Angola, aqui em Salvador, com uma grande exposição planejada: 23 telas, com catálogo impresso em capa dura, bem acabado, com as obras publicadas e uma direção de arte que era uma extensão do meu trabalho nas telas. Realizei a exposição ao mesmo tempo em que atuava na agência. Trabalhava em três turnos e nos fins de semana, mas valia a pena. Depois foram mais duas mostras em Angola (uma com pintura ao vivo) e este ano fiz outras duas exposições aqui em Salvador.

A atividade artística (pintura) contribui no teu trabalho como publicitária?Não considero a arte um hobby. Faço tudo com muito profissionalismo. Vendo os quadros. É um estilo de vida alternativo. É a atividade que proporciona um encontro com o meu potencial criativo, livre e desimpedido. Coisa que na publicidade nem sempre conseguimos. Como essa atividade não se restringe às pinturas em telas, posso exercer multifunções que colaboram com meu outro lado profissional. Desde elaboração de projeto, planejamento, captação de recursos, direção de arte em tudo, na parte impressa e na instalação. Todos os diferenciais que a publicidade precisa hoje tenho

Obra “Árvore”, na

exposição Divindades

nos Ásanas

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L IFESTYLE | n o tas d e t ec

LG apresenta novo telefone, misto de celular e tablet

A sul-coreana LG, terceira maior fabricante mundial de telefones celulares, lançou o Optimus Vu, um smartphone que tem uma grande tela semelhante à dos tablets. Segundo a LG, o aparelho tem uma espessura de 8,5 milímetros, quatro vezes menos do que a de um tablet clássico e apresenta uma tela tátil de cinco polegadas, maior do que a maior parte dos smartphones. Além disso, o modelo é equipado com uma pequena caneta e também possui conexão WiFi e 4G (internet de altíssima velocidade).

Ford B-MAX: tem carro no meio dos smartphones

A Ford lançou um carro durante o Mobile World Congress 2012, primeiro veículo a ser vendido na Europa com a tecnologia Sync, para sincronizar ligações e músicas do smartphone, entre outras ferramentas. O Sync se conecta via Bluetooth ao celular e permi-te usar comandos de voz em inglês, francês, espanhol, português (de Portugal), alemão, italiano, turco, holandês e russo. Dá para atender ligações enquanto dirige no viva-voz do carro. Até en-tão, existem mais de quatro milhões de veículos com o Sync nos Estados Unidos, mas é a primeira vez que o recurso é lançado na Europa – a meta da Ford é atingir 13 milhões de usuários do sistema até 2015 em seus carros.Nokia anuncia smartphone com

câmera de 41 megapixels

A Nokia lançou o aparelho PureView 808, equipa-do com um sensor de 41 megapixels. Mas isso não significa que as imagens capturadas serão regis-tradas com essa resolução. Depois de registradas, as imagens serão reduzidas para 5 megapixels, porém de qualidade superior ao que se tem hoje disponível no mercado. Fora os atributos fotográ-ficos, outro ponto que chama a atenção no 808 é seu sistema operacional. O aparelho rodará com a versão atual do sistema operacional Symbian, cha-mado Belle. O aparelho começa a ser vendido em maio na Europa pelo preço sugerido de 450 euros.

Os fabricantes anunciaram muitas novidades na área de smartphones e tablets para o ano de 2012. A Mobile World Congress, realizada entre os dias 27 de fevereiro a 1o de março em Barcelona, foi um dos destaques do início do ano. Veja o que de melhor foi apresentado:

Asus mostra um smartphone que vira tablet e netbook

A empresa também relançou o Transformer Prime TF700T - visto na CES - como Asus Transformer Pad Infinity, um tablet com resolução 1920 x 1200. O Asus Padfone tem tela Super Amoled de 4,3 po-legadas e resolução qHD (960 x 540), novo chip dual-core Qualcomm S4, chip gráfico Adreno 225, câmera traseira de 8MP com flash LED e f/2.2 e câmera frontal VGA. Ele também tem opções de 16 a 64GB de espaço interno (expansível via mi-croSD), saída HDMI e roda Ice Cream Sandwich.

FOTOS: Divulgação

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Dropbox aquece batalha na nuvem com recurso de upload de fotos

O Dropbox anunciou novo recurso de upload de fotos para smartphones Android, o que pode ampliar sua concorrência com Google, Apple e outros rivais que disputam o crescente mercado de soluções on-line de armazenamento de arqui-vos. Com um clique, o novo serviço permitirá que o usuário suba fotos de alta resolução de seu smartphone para a nuvem, de onde os ar-quivos poderão ser acessados por meio de qual-quer computador ou aparelho móvel com acesso à internet.

Telefónica e Mozilla fazem aliança para desenvolver celular

O objetivo inicial é desenvolver aparelhos mais baratos do que os modelos mais simples basea-dos em Android, que hoje custam cerca de 100 euros, e encontrar uma alternativa para os sis-temas operacionais Android, do Google, e iOS, da Apple. Com isso a Telefónica anunciou uma parceria com a fundação Mozilla e a desenvolve-dora de chips Qualcomm para criar um telefone móvel baseado no sistema operacional Firefox. A expectativa é de que os primeiros modelos es-tejam no mercado até o fim deste ano.

Google investe mais em lobby do que Microsoft, Apple e Facebook juntas

A Google investiu, só nos Estados Unidos, US$ 11,4 milhões em lobby no ano de 2011, enquan-to a Microsoft gastou US$ 7,3 milhões, a Apple US$ 2,2 milhões e o Facebook US$ 1,3 milhão, segundo o site IDG Now. O gigante de buscas gastou mais com práticas anticompetitivas do que as três concorrentes, que somados seus investimentos em lobby, chegaram à marca de US$ 10,8 milhões

O QUE TEM NO SEU TABLET

1. Year of the Cat – Al Stewart2. Diamonds on the Inside – Ben Harper3. All my Loving – The Beatles4. More Than a Woman – Bee Gees 5. Copacabana – Barry Manillow6. Don´t go Breaking my Heart – Elton Jonh & Kiki Dee7. Por Você - Sorriso Maroto8. Morango do Nordeste - Karametade9. O Pai Coruja – Zeca Pagodinho10. Vale Mais (Ft. Saulo Fernandes) – Ivete Sangalo

TOP 10 MÚSICAS

CALENDÁRIO E CONTATOS: sincronizo minha agenda com o Outlook e estou sempre “conectado”.

SKYPE: falo com meu filho que mora em Londres e com meus gerentes por todo o Brasil.

ITUNES: Utilizo muito para compra, aluguel de filmes e download de músicas.

BC READER: com ele digitalizo os cartões de visita que recebo. Os dados vão direto para o Outlook

FLIGHTTRACK PRO: Como viajo muito, posso estar on-line com os horários e situação dos meus voos.

TOP 5 APPS

POR QUE USA UM TABLET? Porque substituo o notebook em reuniões de trabalho e é bem mais cômodo de carregar. Não preciso mais ter assinatura de jornais e revistas em papel, leio nele. Compro e alugo filmes com o iTunes e assisto via Apple TV. Além de tocar minhas músicas preferidas no final de semana.

NOME:LUÍS EDUARDO CHAMADOIRO

CARGO:VICE-PRESIDENTE DE OPERAÇÕES LOGÍSTICAS DO GRUPO TPC

TABLET:IPAD2 64GB 3G

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ARTE &ENTRETENIMENTO

ILUSTRAÇÃODe Feira de Santana saiu

Cláudio Marcelo, designer que faz sucesso hoje em Hollywood

CULTURAProfissionais debatem o desenvolvimento da cultura no estado

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APLAUSOS 108 | PRODUÇÃO 112

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D e Feira de Santana para Salvador, escala em São Paulo até a aterrissagem em Los Angeles. Essa foi a trajetória do ilustrador e designer

Cláudio Marcelo Reis, 37 anos, graduado em desenho industrial com habilitação em programação visual pela Universidade Federal da Bahia, que já desenvolveu campanhas internacionais para filmes da Disney como Toy Story 3, The Muppets, Enrolados, Carros 2, Bolt, Nárnia, Príncipe Caspian, Encantada, Alvin e os Esquilos, Wall-e (França), Ratatouille (França e Japão) e Tron (Japão). Hoje, com nome e respeito profissional, trabalha independente na terra do Tio Sam.

Essa história teve sua guinada em 2005, quando a passeio pelos Estados Unidos, Cláudio recebeu uma proposta inesperada para trabalhar em Los Angeles, para onde mudou-se em 2006 e começou a ser ilustrador digital e logo depois diretor de arte na agência The Arterie, onde ficou até 2009. Ele conta que desenhar sempre foi uma atividade cotidiana como escovar os dentes. “Desde pequeno criava meus próprios quadrinhos. Minha mãe achava que eu estava decalcando”, lembra sorrindo.

A segunda agência em que trabalhou foi a Five33, com a carteira de grande clientes a exemplo da Walt Disney Studios, Disney Pixar e Animation, Universal Pictures, Liongates, Dreamworks, Warner Brothers, MGM, entre tantos outros. Lá passou de diretor de arte para diretor de criação, “o topo na área”, onde ficou até 2011, quando partiu para ser um profissional independente, já com a carta de residência permanente nos EUA.

“A transição veio de uma necessidade de precisar de mais tempo. Lá o ritmo de trabalho é muito frenético. Do que adianta trabalhar tanto, ganhar tanto dinheiro e não poder usufruir de nada? Eu adoro trabalhar, mas para mim é muito importante também ter qualidade de vida, até para eu poder reciclar minha criatividade. Em Los Angeles, as pessoas às vezes se consomem muito com o trabalho e misturam sua vida com ele”, explica Marcelo. Com mais liberdade nas escolhas dos trabalhos, o designer baiano tem três projetos pessoais em vista - todos ligados à direção de arte para cinema.

ARTE & ENTRETEN IMENTO | i l us t ra çã o

Nascido em Feira de Santana, Cláudio Marcelo Reis desenha seu

futuro na capital cinematográfica do mundo, Los Angeles

TALENTO BAIANO EMHOLYWOOD

FOTOS: Acervo Pessoal

por VANESSA ARAGÃO

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estereotipada da mulher”, explica. Um dos desafios propostos era atrair o público masculino, então a equipe de Cláudio criou a imagem de Rapunzel aventureira, enfrentando o Flynn, “que não era nenhum príncipe, e sim um ladrão”.

Los Angeles: onde os sonhos se tornam realidade (ou não)“Los Angeles tem um coisa que às vezes me lembra lugares como Brasília. Quando você conhece alguém em Brasília, a pessoa geralmente trabalha para o governo ou ligado a ele. Em L.A., as pessoas trabalham para o cinema ou em algo relacionado ao cinema. Eu até tomo um susto quando conheço alguém que me diz que é dentista. A cidade respira cinema”, brinca Cláudio.

De acordo com o ilustrador, o mercado do cinema tem muita competição por causa das diversas agências, entre as convencionais e as voltadas para publicidade específica. “Coisas que só existem em Los Angeles mesmo”, suspira. Quando ainda estava na Five33,

Cláudio Marcelo desfila no tapete vermelho no lançamento do filme Capitão América

Rotina de trabalho Como diretor de campanhas publicitárias internacionais para as produções de Hollywood, o trabalho de Reis consiste em perceber quais são os aspectos do filme que serão mais atraentes para o consumidor em determinado país. Análise do script, das cenas do filme, entender o processo de seleção de atores, reunião com a equipe de marketing, aliar as solicitações específicas do estúdio, do filmmaker e das equipes locais são algumas das atividades do ilustrador.

Trabalhando principalmente para a Disney, Cláudio afirma que precisa estar antenado com o que acontece no mundo. “Cada região ou país tem interesses diferentes. No Japão, às vezes, eles querem mostrar tudo do filme, até se o personagem morreu, enquanto no Brasil a gente esconde o máximo para criar suspense”. Ele desabafa que é muito complicada a questão das diferenças culturais, “porque algumas coisas podem ser ofensivas para determinadas culturas e em outras as pessoas questionam o porquê daquilo ser ofensivo”.

Ter ideias, estabelecer tarefas para a equipe e discutir leiautes conectando os aspectos micro e macro que envolvem os filmes para atrair públicos de diferentes faixas etárias e gêneros são os maiores desafios encontrados pelo baiano. “Um exemplo é a tarefa de pegar um filme de ação, que geralmente é um público masculino, e encontrar elementos que também vão atrair o público feminino, despertando o interesse do máximo de pessoas possíveis”. Assim foi a campanha desenvolvida para o filme Enrolados, que mostra a história de Rapunzel, fugindo do estereótipo da princesa frágil e indefesa. “Há todo um movimento agora nos EUA para não se fazer mais filmes, principalmente voltado para crianças, que criem essa imagem

“Hoje, quando eu falo do Brasil, eles falam: a economia de vocês está tão boa, hein? Como é que a gente dá um jeito de ganhar um pouco daquele dinheiro?”

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Cláudio Marcelo procurava estimular bastante a chegada de estrangeiros, porque, como mesmo descreve, “eles têm um olhar diferente, podem acrescentar com novas percepções, coisas que o trabalho de criação sempre precisa”.

Entre o glamour do tapete vermelho e os famosos, Cláudio tem muitas histórias para contar. Questionado pelos colegas de trabalho sobre quem ele gostaria de conhecer entre os atores hollywoodianos, ele mostrava-se mais interessado no “pessoal das antigas”. Uma delas foi Lynda Carter, protagonista do seriado televisivo Mulher-Maravilha.

“Ela estava fazendo um show, estilo cabaré em L.A., e eu fui assistir ansiosíssimo pra poder conhecê-la. Tive oportunidade de falar com ela depois e foi quando me disse: ‘Los Angeles é a cidade onde os sonhos se tornam realidade ou não’. Aquilo me marcou muito. Hoje morando lá há praticamente seis anos, eu vejo que isso é mesmo Los Angeles. Por toda essa concentração de Hollywood, todo mundo que ser famoso. Mas tem o lado cruel também, das pessoas que se perdem no tempo, e que ainda ficam esperando a grande oportunidade. L.A. é uma cidade onde tem muito sonho, mas também muita ilusão”, explica.

Outro fato ocorrido que o baiano recorda com bom humor foi quando estava em uma festa e começou a conversar com uma pessoa que não sabia quem era. “Depois um amigo passou e perguntou: ‘Mas o que você estava conversando tanto com Bryan Adams?’ Nossa! Aquele era o Bryan Adams. Foi divertido. E eu ainda perguntei a ele o que é que ele fazia”, ri.

Nos EUA, existe um nível de profissionalismo muito bem definido. Eu adoro a Bahia, adoro o Brasil, mas a gente ainda tem esse ranço de ou se é médico, engenheiro ou advogado”

Realizando um sonho de infância de conhecer Lynda Carter, a Mulher-Maravilha

(esq.) O Brasil ganha destaque no filme Carros 2. (meio)Atento às demandas do mercado, Cláudio faz uma

Rapunzel aventureira. (dir.) Por motivos culturais, o ratinho de Ratatouille não teve o rabo desenhado no cartaz

FOTOS: Acervo Pessoal

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“Ainda temos um ranço”, mas o momento é bomAo acompanhar as notícias do país de origem pela internet, o baiano fala que Brasil é sinônimo de progresso nos Estados Unidos. Como a economia brasileira vem se destacando no cenário internacional, ela atrai não só a indústria cinematográfica como todas as outras, opina Cláudio. Depois de trabalhar quase seis anos com produtos Disney para França, Japão, Rússia, Espanha e México, ele não tinha feito nada específico para o Brasil e, apenas no filme Carros 2 isso aconteceu.

“No filme tem uma personagem chamada Carla, um carro brasileiro, então a gente fez as campanhas publicitárias com ‘ela’ e com um carro americano que é dentuço, brincando com a figura de Ronaldinho Gaúcho. Eu falei que a gente podia associar ambos e eles acharam ótimo. O pessoal da Disney aprovou e ficou divertido no final”, conta.

Cláudio Marcelo vem pelo menos uma vez por ano ao Brasil, mas não tem planos de voltar a morar no país. Porém ainda quer criar projetos futuros quem façam um paralelo entre EUA e Brasil. Ele acredita que tem que ficar em um lugar onde se sinta bem profissionalmente e pessoalmente. Apesar de sentir falta do astral e da descontração

“Se existe algum problema nessa coisa do axé, não é o axé em si. Mas a Bahia pode oferecer muito mais, não só na música mas em todas as expressões de arte”

características do Brasil, ele destaca a questão da valorização profissional existente em ambas localidades: “Nos EUA, existe um nível de profissionalismo muito bem definido. Eu adoro a Bahia, adoro o Brasil, mas quanto ao respeito profissional e financeiro a gente precisa melhorar muito. Acho que a gente ainda tem esse ranço de que só se pode ser médico, engenheiro ou advogado”.

Em relação à Bahia, ele compactua da opinião de que o estado é muito além do axé. “Se existe algum problema nessa coisa do axé, não é o axé em si. A Bahia pode oferecer muito mais, não só na música, mas em todas as expressões de arte. Eu acho que esse é o problema, como em qualquer lugar do mundo, quando as

coisas se limitam a um único veículo de comunicação e expressão artística - tudo se torna meio bitolado”, enfatiza.

A exemplo do resultado do seu trabalho, Cláudio Marcelo ressalta para os artistas nunca perderem a determinação e vontade de criar o que se quer criar, afinal esse baiano nunca imaginou, mas sua arte o levou a outras fronteiras.

“Eu sempre fiz um tipo de ilustração que mesmo na faculdade de Belas Artes eu tive críticas. Tinha um professor que criticava muito o meu estilo de ilustração, dizendo ‘pra que desenhar ilustrações tão reais se existem as fotografias?’. Bem, foi na verdade esse estilo que fez estar onde estou hoje nos Estados Unidos”. [B+]

Memória dos primeiros traços.

Thor, em 8/9/1983, por Cláudio Marcelo

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ARTE & ENTRETEN IMENTO | p roduçã o cu l tu ra l

CULTURAALÉM DA CAPITAL

Centro de Cultura Antônio Carlos Magalhães é o

mais bem equipado e com a maior quantidade de

assentos do interior

E stabelecer um panorama cultural dos 417 municípios da Bahia, que abrange desde regiões com população de dez mil habitantes até municípios com mais de 500 mil, é tarefa difícil até para os

experts no assunto. Problemáticas se apresentam em forma de dimensão territorial, diversidade de identidades, dificuldades de financiamento e até acesso logístico.

No âmbito governamental, é a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) a responsável por distribuir arte e entretenimento para o interior do estado. Assim, a divisão da Bahia em 27 “territórios de identidade” tem o objetivo de permitir o diálogo e a troca de experiências entre as regiões, seus gestores e representantes, ampliando a produção cultural e promoção de eventos nos munícipios.

No campo artístico, a atriz e produtora Selma Santos, que atua há 25 anos no cenário de cultura na Bahia, apoia as recentes políticas culturais de voltar os olhos para o interior. “Isso estimula a criação de grupos de teatro, de dança, valoriza o artesanato, os costumes e levanta a autoestima dos cidadãos e artistas”. Selma acrescenta: “No interior, as pessoas são mais

Os desafios de uma cultura diversa em um estado de dimensões continentais.

Profissionais da área traçam os caminhos que

a cultura do interior da Bahia pode tomar para o

desenvolvimento

por VANESSA ARAGÃO

FOTO: Tiago Lima

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Conferência Territorial do Litoral Sul, em Ilhéus, realizada em 2011

discutiu o planejamento da cultura

receptivas, são mais carentes de ações culturais e particularmente me satisfaz muito vê-los interagindo”.

Entre as superintendências que integram a Secretaria de Cultura, a de Desenvolvimento Territorial da Cultura atua, entre outras ações, no campo da institucionalização cultural. Ela é dividida em três diretorias – Diretoria dos Espaços Culturais, Diretoria de Gestão e Diretoria de Territorialização da Cultura – e busca desmistificar a secretaria como mera fazedora de evento, profissionalizando a cultura e auxiliando os municípios a se desenvolver.

Com caráter federativo e sem fins lucrativos, a Associação de Dirigentes Municipais de Cultura da Bahia (ADIMCBA) também opera na defesa e representação dos municípios e órgãos de gestão cultural. Maurício Corso, presidente da associação e da Fundação Cultural de Ilhéus, explica o papel que essas entidades têm nesse campo: “Não somos ‘gerentes’ dos outros ou ‘mandatários’ das manifestações artísticas. Devemos, sim, fomentar e assegurar os meios para que a cultura aconteça de forma efetiva, viva e pulsante”.

Aberto ao públicoIlhéus, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Jequié reúnem os maiores e mais importantes equipamentos culturais do estado, assim como público consumidor mais assíduo, depois da capital Salvador. Com 17 centros culturais, sendo 12 espalhados pelo interior e cinco na capital, a diretora dos espaços culturais da Secult, Giuliana Kauark, age na manutenção e modernização desses locais e contabiliza mais de sete mil eventos realizados, com público aproximado de 1,5 milhão de pessoas ao longo dos últimos 5 anos.

Um desses espaços é o Centro de Cultura Antônio Carlos Magalhães,

“Os municípios gastam 90% do recurso em grandes festas que realizam em detrimento de um programa de ações para fomentar a

cultura local durante todo o ano” Cleber Meneses, produtor cultural

FOTO: Ronaldo Silva/Secult

FOTO: Edgar de Souza

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uma das principais instalações voltadas à cultura no interior do estado, localizado em Jequié. Depois do Teatro Castro Alves, em Salvador, é o centro mais bem equipado e com a maior quantidade de assentos, dispondo de 515 lugares.

O Teatro Municipal – que completa 80 anos em 2012 –, a Casa Aberta, a Casa dos Artistas e a Casa de Cultura Jorge Amado, em Ilhéus, são alguns dos pontos mais visitados na cidade, no litoral baiano, recebendo mais de 40 mil pessoas por ano. Assim como as casas, os espetáculos locais também são destaques no cenário estadual e nacional.

A diretora Giuliana Kauark enxerga a importância da cultura também como um estímulo à economia local. “Em cinco anos, a gente movimentou cerca de R$ 3 milhões em bilheteria nesses espaços. Além do papel de difusão, de ser um lócus da área artística, é também um lugar de movimentação da economia”.

Porém, para o produtor cultural, Cleber Meneses, a gestão municipal ainda precisa dinamizar esse tipo de economia: “Se realmente formos fazer uma filtragem do que os municípios indicam gastar com a cultura, pode se considerar de forma grosseira que 90% deste recurso é destinado às grandes festas que realizam em detrimento de um programa de ações que poderiam desenvolver para fomentar a cultura local durante o ano”.

Além de articular os representantes regionais com as dinâmicas dos seus territórios e do estado como um todo, a diretora de Territorialização da Cultura da Secult, Rosangela Lyra, ainda encontra dificuldades na infraestrutura de transporte para chegar aos municípios. “Tem lugares que você só consegue chegar com transporte clandestino e tem as próprias dificuldades políticas. Estamos chegando em um ano eleitoral, então nós vamos ter muito mais dificuldades para nos relacionar em alguns casos, porque fica todo o mundo voltado para as questões políticas partidárias e a questão cultural fica muito contaminada”, conclui.

Outro obstáculo é o déficit em relação a profissionais qualificados para a área, como aponta o ex-superintendente da Secult Adalberto Santos: “Temos um problema no Brasil e na Bahia que é gravíssimo, que é o problema da formação profissional. É preciso melhorar a qualificação dos gestores no campo cultural”, defende Santos. O produtor cultural Cleber Meneses concorda com a ideia e percebe que grande parte da produção no interior é formada por “grupos amadores, autodidatas e um número reduzido de profissionais capacitados para o desenvolvimento de tais atividades”.

FOTOS: Divulgação

“Em cinco anos, a gente movimentou cerca de R$ 3

milhões em bilheteria nesses espaços. Além do papel de

difusão, de ser um lócus da área artística, é também um lugar de

movimentação da economia”Giuliana Kauark, diretora da Secult

Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, recebe Maurício Corso para tratar do projeto de revitalização

da Casa de Cultura Jorge Amado, em Ilhéus

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FOTO: Secom/BA

Produção local com metas nacionaisA peça O Inspetor Geral, do grupo Teatro Popular de Ilhéus, já circulou por São Paulo, Salvador e participa do Festival de Teatro de Curitiba. O destaque foi tanto que ela está concorrendo ao prêmio Shell de Teatro, sendo a primeira produção de Ilhéus indicada a um prêmio nacional.

“Em fevereiro, a temporada da peça foi um sucesso absoluto. O Teatro Municipal de Ilhéus ainda apresentou, em seu relatório anual, mais de 500 mil espectadores somente no ano passado, sendo a maior parte dos espetáculos produções locais ou regionais”, comemora o presidente da Fundação Cultural de Ilhéus, Maurício Corso.

Dentre os 417 municípios baianos, Ilhéus desponta como uma cidade que vive hoje um momento de renovação, descortinando um cenário mais próspero e promissor,

segundo Corso. “A cidade vem sendo repensada com inovadoras propostas de políticas públicas nas quais a cultura ocupa um lugar importante, unindo todas as áreas, valorizando as mais diversas expressões e manifestações artísticas e se consolidando como um histórico polo cultural da Bahia e do Brasil”.

Essa, que pode ser uma das grandes homenagens à memória daquele que divulgou e imortalizou as ruelas de Ilhéus, Jorge Amado, pode esboçar um exemplo a ser seguido. Será que estamos no caminho certo para a manutenção e valorização do que cada localidade tem a oferecer e a receber? [B+]

“A cidade vem sendo repensada com inovadoras propostas de políticas públicas nas

quais a cultura ocupa um lugar importante” Maurício Corso

A cidade de Ilhéus inova ao incentivar produções locais e já colhe resultados

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ARTE & ENTRETEN IMENTO | a p l a usos

Biblioteca do Ipac muda de endereço

Considerada a melhor e mais bem equipada biblioteca do Pelourinho, a Manuel Querino sai do Solar Ferrão, mas continuará na mesma rua, a Gregório de Mattos, agora já na casa nº 29, um casarão colonial. Por motivos técnicos e para receber melhor os seus visitantes, a biblioteca, que é administrada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cul-tural da Bahia (Ipac) – autarquia da Secretaria de Cultura do Estado (Secult) –, está de portas fechadas para mudança de casa até 13 de abril. O novo ambiente que receberá a biblioteca tem quatro pavimentos, detém estilo arquitetônico barroco-colonial e também é do Ipac. O acervo da biblioteca é especializado em história da Bahia, antropologia, arquitetura, urbanismo, arte, artesanato e sociologia. É composto por cerca de 80 livros antigos que são solicitados até por especialistas de outros estados do Brasil.

Cultura Viva lança edital para vídeos de curta duração

O Laboratório Cultura Viva está com edital aberto para a seleção de víde-os de curta duração, que comporão a grade da revista eletrônica LabCul-turaViva. O objetivo da iniciativa é estimular a produção dos Pontos e Pontões de Cultura, com a valorização da diversidade de linguagens e temáti-cas, contribuindo com a pesquisa uni-versitária. Podem participar obras de qualquer gênero, de todos os estados do Brasil. Os filmes deverão ter entre 2 a 4 minutos de duração, podendo ser captados em qualquer formato, desde que finalizados em janela 16x9 com definição de imagem igual ou superior ao formato HDV. Ao todo, 39 vídeos se-rão selecionados com a premiação de R$ 800,00 cada. Podem se inscrever pessoas físicas vinculadas a Pontos de Cultura, ou jurídicas gestoras de Pontos de Cultura. Cada participante pode inscrever até quatro vídeos. As inscrições seguem até o dia 02 de abril e o edital está disponível no endereço: www.labculturaviva.org.

Projeto Start Bahia

O músico Bruno Nunes levará para Milão e Londres o projeto Start Bahia, durante o mês de julho. Além da música, o projeto quer levar para a Itália e a Inglaterra produtos da Bahia como polpas de frutas, chocolates, cachaças, artesanatos, roupas, joias, bijuterias, artefatos e charutos. Os espetáculos con-tam a história da música da Bahia desde o samba até Raul Seixas.

Sucessos dos Beatles são disponibilizados como ringtones

Cerca de 20 sucessos dos Beatles já estão disponíveis como ringtones de te-lefones celulares do iTunes, a loja on-line da Apple. Trechos de Can’t buy me love, Let it be ou Love me do, de uma duração de cerca de 30 segundos, custam US$ 1,29 cada um.

Cinema: Salvador ocupa quarta posição no ranking de espectadores

De acordo com o Filme B, site especializado em dados cinematográficos, Sal-vador ocupa hoje a quarta posição do ranking nacional em público, atrás ape-nas de São Paulo, Rio e Belo Horizonte. A informação se torna mais relevante quando se leva em conta a quantidade de salas existentes: 57, contra 290 de São Paulo, 181 do Rio e 75 de BH, o que fez com que a cidade tivesse uma média de público de 14.443 espectadores por sala. O dado é superior ao de São Paulo, que ficou em 13.392.

FOTO: Divulgação

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Exposição: “A arte de ser diferente”

Até o dia 17 de maio, o Museu Udo Knoff apresenta a expo-sição “A Arte de ser diferente”. A mostra, realizada pela As-sociação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae Salvador) com o apoio da Dimus/Ipac, reúne quadros e objetos confec-cionados com papel reciclado utilizando a técnica do mosaico. Com peças criadas por 27 aprendizes do Centro de Formação e Acompanhamento Profissional (Cefap), a mostra surgiu como resultado do Projeto Reciclando com Arte e Cidadania, onde foram trabalhados temas ligados à educação ambiental.

Feira de São Joaquim vira documentário com participação de Antônio Pitanga

Espaço emblemático da cultura popular baiana, a Feira de São Joaquim está prestes a ser totalmente revitalizada e irá ganhar um documentário em que é personagem principal. “Água de Meninos – a Feira do Cinema Novo“, dirigida e produzida pela cineasta baiana Fabíola Aquino, contará com a participação especial de Antônio Pitanga. A proposta é contar a história do lugar, das pessoas e dos profissionais que ocupam cotidiana-mente o espaço.

Projeto Conexões Ibram

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC) está percorren-do os estados discutindo novas políticas, instrumentos de ges-tão e estratégias de financiamento para os museus brasileiros no projeto Conexões Ibram. A Bahia sediou o primeiro evento do projeto, promovido pelo instituto em parceria com a Direto-ria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Dimus/Ipac), unidade da Secretaria de Cultura do Estado.

Documentário de Bel Borba integra festivais internacionais de cinema

Bel Borba há 35 anos tem marcado a paisagem de Salvador com sua arte. E é justamente a partir dessa relação que se desenvolve o documentário Bel Borba Aqui – O Homem e a Cidade, de Burt Sun e Andre Costanini. O longa será exibido no Festival de Cinema de Phoenix, nos dias 30 e 31 de março, e no Festival de Cinema Internacional de Boston, no dia 17 de abril. A estreia mundial de O Homem e a Cidade foi na Competição de Documentários do Ci-nequest Film Festival, em Sao Jose, na Califórnia (EUA), que foi de 28 de fevereiro a 11 de março.

Making Of

Responsável pelo documentário Lavagem do Bonfim da Bahia a Nova York, o cineasta Ivy Goulart foi convidado pelo cineasta Nel-son Pereira dos Santos para fazer o making of do filme A Música Segundo Tom. Também participou do trabalho o cineasta Marcelo Nigri. A obra teve estreia oficial em Nova York no 49th New York Film Festival. “A melhor maneira de ter esse frescor era estar com a câmera ligada depois da sessão oficial no lançamento. E foi isso que aconteceu. Temos depoimentos sinceros e muito emocionan-tes”, afirma Goulart. Nigri ainda completa: “Quando o Nelson veio com essa proposta e com esse convite para nós, fiquei linsojeado. Fazer parte da história desse filme sobre Tom Jobim, dirigido pelo consagrado mestre do cinema brasileiro, é uma honra, uma expe-riência impar.”

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ARTE & ENTRETEN IMENTO | a p l a usos

Mídia Étnica: tudo por uma causa

Paulo Rogério Nunes tem 30 anos e nasceu no Alto da Terezinha, subúrbio ferro-viário de Salvador. Hoje estuda novas mídias na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, por conta da bolsa da Fullbright, prêmio dado pela organização Ashoka que o considerou um dos 25 líderes do continente. Tal reconhecimento é por conta do trabalho que Paulo Rogério desenvolveu, a partir de 2005, quando estudava publicidade e propaganda na Ucsal, com um grupo de amigos. Eles cria-ram o Instituto de Mídia Étnica e projetos como o Correio Nagô, que formou uma rede de jornalismo colaborativo com a presença de mais de cinco mil membros cadastrados, além de oficinas para formar jovens comunicadores em bairros peri-féricos, dando voz a essas comunidades por meio das novas tecnologias. Os próxi-mos planos de Paulo são voltar à Bahia e expandir o Correio Nagô para os estados do Nordeste, ampliando a inclusão social e a luta do movimento negro do país.

Fotografias assinadas por Zelia Gattai são lançadas em livro

O ano de 2012 é especial para a Fundação Casa de Jorge Amado: marca os 100 anos de Jorge e, ao mes-mo tempo, assinala os 25 anos de inauguração da fundação. Como parte das comemorações, foi lança-do o Catálogo Fotográfico Zelia Gattai Volume I – A Casa do Rio Vermelho: A Família. Trata-se de uma publicação com mais de 600 fotografias, todas de autoria de Zélia Gattai, registrando momentos de Jorge Amado e sua família na famosa residência do autor em Salvador, no Rio Vermelho. Mais conheci-da como escritora, Zélia Gattai também foi uma ex-celente fotógrafa e todo o seu acervo de negativos encontra-se guardado na Fundação Casa de Jorge Amado. São cerca de 30 mil fotografias que podem ser consultadas pelo o público.

O Rappa retorna a Salvador em maio

Depois de quase dois anos fora dos palcos, a banda O Rappa apre-senta o show do CD e DVD O Rappa - Ao Vivo no dia 5 de maio, em Salvador.

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Leonel Mattos comemora 40 anos de arte com exposição na Caixa Cultural

Leonel Mattos em Três Linguagens é o título da exposição do artista plástico Leonel Mattos, aberta ao público de 6 de março a 22 de abril no espaço da Caixa Cultural. A mostra, que conta com objetos, escul-turas e desenhos, apresenta alguns elementos extraídos do cotidiano, como o papel higiênico, mangueira de plástico, entre outros. São ao todo 40 obras inéditas e contemporâneas, questionadoras e revelado-ras. “Vejo nas formas e nas cores a possibilidade de ampliar meu mun-do através da arte. São reflexos vivenciados, extraídos de um olhar diferenciado, para uma leitura universal. Nesta mostra existe um elo de comunicação entre os objetos com um discurso minimalista onde as formas expressam por si só”, conta o artista.

Orquestra de pagode

A Sanbone Orquestra de Pagode surgiu a partir da ideia do músico sergipano Hugo Sanbone, em 2009. Multiinstrumentista, Hugo, 34 anos, percebeu a riqueza vibrante na célula musical do pagode, princi-palmente quando foi músico das bandas Psirico e GuigGueto. Decidiu então unir o suingue da música baiana com a sonoridade da orquestra sinfônica. Em 2012, a Sanbone prepara o primeiro álbum e conta com um timaço de músicos que tocam com estrelas como Ivete Sangalo, Daniela Mercury, Harmonia do Samba, Ara Ketu e Rumpilez.

Artistas plásticos lançam museu virtual de cartões-postais

A iniciativa de um grupo de artistas plásticos do Rio de Janeiro revive, em plena era virtual, uma forma de difun-dir a arte que remete às primeiras dé-cadas do século 20: os cartões-postais. O Museu de Arte Postal, lançado este mês na internet (www.museudear-tepostal.com.br), tem como proposta básica fazer a arte circular na rede mundial de computadores, e, ao mes-mo tempo, difundir o colecionismo em público que não tem poder aquisitivo para comprar obras no mercado de arte. Cada edição com quatro postais, numerados e assinados, pode ser ad-quirida por R$ 20.

Fortalecendo a cultura do interior da Bahia

Músicas, danças, artesanato, reisados, repentes, capoeira, exibição pública de videodocumentário, apresentações populares e folclóricas compõem o 1º Festival de Arte Popular e Folclórica do Médio Rio de Contas e Vale do Jiquiriçá, que acontece dia 30 de março e 27 de abril. O objetivo do evento é divulgar as diferentes manifestações culturais e artísticas do interior da Bahia. Esta primeira edição tem como foco a musicalidade e as tradições folcló-ricas, incluindo a música dos cantadores e o ritmo típico de gaitas, triângulos, tambores e forró pé-de-serra, com atrações oriundas de diversas cidades baianas.

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ARTE & ENTRETEN IMENTO | p roduçã o

Os grandes festivais e turnês internacionais são, em regra, realizados nas grandes capitais que oferecem, entre outras coisas, estrutura, serviços especializados, espaços adequados, além de condições de receber públicos de várias regiões do país, ou seja, oferecem capital físico. Contudo, a produção cultural e os processos criativos não dependem nem deste capital nem dos grandes centros para que se realizem com conteúdo, sucesso e profissionalismo. Ao contrário, quase sempre o diferente vem de fora.

Talvez, o mais conhecido exemplo de grande evento fora de Salvador seja o São João, que acontece todos os anos em vários municípios do estado, alcançando um número de pessoas muito maior do que o Carnaval. Mas fato é que, além deste evento anual de proporções gigantescas, milhares de processos criativos e de produções de qualidade, muitas vezes invisíveis para o mainstream, são realizadas fora das capitais. A invisibilidade está, em grande parte, ligada à dificuldade de acesso aos canais de distribuição e de divulgação para o artista e produtor, que deve ser driblado com competência e com os recursos da modernidade.

Hoje, mais do que em qualquer época, pelo acesso tecnológico, o produtor ou o artista pode, de um ponto solitário e em qualquer lugar do mundo, aderir ao formato digital de produção e distribuição. As características desta nova economia demonstram que profissionais liberais ou

“O progresso econômico não é mais atribuído ao acúmulo de capital físico, mas ao capital humano e social. Em outras palavras, ao nível

do conhecimento cultural acumulado por povos e sociedades que, ao longo do tempo, dependem da taxa de sua criação. Desta nova

perspectiva de cultura em geral, e da economia em particular, a mais importante, apesar de menos estudada, é a criação.” (Creative

Industrie and Economic Competitiveness - José Ramón Lasuén, in www.compete-eu.org)

de produção independente, e que atuem no processo criativo, podem se viabilizar e ter um espaço importante na sociedade e na economia, apenas com o uso otimizado das ferramentas de tecnologia e de conectividade. Distribuem, assim, o que realmente tem valor - seu capital social e humano.

A inclusão dos produtores culturais pelo potencial criativo e acesso tecnológico permite que seja estabelecida competitividade assimétrica, na qual o microempresário compete de fora do eixo (e muitas vezes com vantagem) com grandes conglomerados. A propriedade da logística, a localização, e a distribuição eficiente, que eram diferenciais decisivos para validar as grandes empresas, ficaram minimizadas com a distribuição on-line e em tempo real, com o uso de tecnologia que, cada vez, é mais acessível e barata.

Ademais, os grandes centros, por vezes, não permitem que o processo criativo tome seu tempo para a reflexão, para o amadurecimento das ideias, para a criação do particular e da inovação. Alguns teóricos defendem que a revolução vem sempre da periferia. E, olhando para a história das artes brasileiras (ou baianas), vemos que muitos de nosso ilustres conhecidos de hoje (e atuais moradores de grandes centros - inevitável!) vieram de cidades que só entraram no mapa graças a esses sujeitos criativos! Afinal, o que seria dos grandes centros sem a presença genial e revolucionária de Bethânia, Caetano Veloso, Glauber Rocha, Ivete Sangalo, João Gilberto, Jorge Amado, Moraes Moreira, Othon Bastos, Tom Zé ... e tantos outros que vieram de fora!

BETHÂNIA E CAETANO VELOSO Santo Amaro da Purificação

GLAUBER ROCHAVitória da Conquista

IVETE SANGALO E JOÃO GILBERTOJuazeiro

JORGE AMADOItabuna

OTHON BASTOS Tucano

MORAES MOREIRAItuaçu

TOM ZÉIrará

O DIFERENTE VEM DE FORA

CRISTIANE GARCIA OLIVIERI

Advogada, master em administração das artes e mestre em política cultural (USP- ECA)

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Comecei a vida de vendedor aos 16 anos, como castigo imposto pelo meu pai, um representante de grandes indústrias de embalagens, à época. Passei um tempo acompanhando-o em visitas aos clientes, grande parte das maiores empresas da Bahia. Fiquei fascinado com a simplicidade com que ele entrava nas salas dos diretores, fechava negócios, almoçava com eles, jogava tênis. Pensei: “M O L E Z A”. Essa eu tiro de letra!

Findo o estágio e escuto dele: “O que você conheceu são os MEUS clientes. Faça os SEUS!” Desapontado e preocupado, pensei: “O que fazer?”

Na época, representávamos também a divisão de papel celofane da Votorantim e, apesar de grandes clientes industriais como a Suerdieck, havia os revendedores de miudezas que eram clientes naturais para o produto. Era por ali que iria começar.

Primeira visitaDezesseis anos, paletó de ombreiras e gravata. Fui a uma transversal da Rua Chile visitar uma firma que vendia artigos para festas. Duas horas depois fui atendido pelo proprietário. Quando, finalmente, ele me perguntou o que eu queria, gelei, gaguejei e apenas consegui pronunciar a palavra “celofane”. Ele me pediu o mostruário e detonou: “ANOTE AÍ O PEDIDO!”

Foi um senhor pedido, pois o cliente havia assumido algum compromisso grande e precisava comprar. Em seguida me perguntou:

- O que você é do Sr. Passos?- Vendedor.- Diga a ele para arranjar um lugar para você de

datilógrafo na firma e da próxima vez me mande um VENDEDOR!

Fiquei encharcado de tanto suor. Lógico que não fiz nada disso. Voltei ao escritório “na maior pose” e entreguei a meu pai o pedido, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele também fingiu (soube depois por minha mãe que ele ficou orgulhoso) e me disse: “Continue seu trabalho e só volte no final da tarde, e não a cada pedido.”

Foi aí que tive que, de datilógrafo, me tornar um vendedor. Na Bahia!

CONTE A Í

RUBEM PASSOS Consultor, presidente da ADVB-BA e conselheiro da Revista [B+]

PROFISSÃO: VENDEDOR (NA BAHIA!)

O clima, a música, a culinária, o futebol, o mar, os interesses, a forma de ser das pessoas me pareceram componentes básicos para que eu desenvolvesse habilidades de vendedor, estabelecendo a cada contato um “momento da verdade”, ponto-chave na arte de vender e estabelecer uma completa interação com o cliente (Richard Norman).

Comecei a ajudar os clientes a resolver seus problemas. Um deles não sabia calcular os preços de venda, outro tinha uma marca esteticamente horrível, aquele precisava de equipamentos ou até informações que não sabia onde nem como obter. Além dos que precisavam de alguém como eu, torcedor do Bahia, para esculhambar. Esses eram, muitas vezes, os clientes das casas de materiais de construção – na maioria torcedores do Galícia. A técnica era: se o Galícia ganhava, eu os visitava no dia seguinte. Eles me esculachavam e compravam alegremente os meus produtos. Quando o Bahia ganhava, esperava dois dias para visitá-los. E aí nem tocava no assunto.

A parte menos difícil era mesmo a venda. Não esquecia um aniversário, uma lembrança, um recorte de jornal do interesse de determinado cliente. Ia de batizado a enterro de parentes. Isso sem falar nas vezes em que chegava em casa de madrugada, cheio de cana, comemorando uma grande venda (com o próprio cliente) que, às vezes, já comprava pensando na comemoração. Viva a Bahia!

Um dia, após ter fechado um grande negócio, o cliente sentenciou: “Você é o melhor marqueteiro que conheço, mas também o pior vendedor. Se fosse outro, eu não pagaria esse preço nem por um decreto!” Acho que ali estava concluída a minha graduação.

Histórias ou estórias à parte, vender na Bahia é dispor do cenário ideal para exercer a competência, habilidade, franqueza, cumplicidade e amizade.

FOTO: Rômulo Portela

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