PNEP Básico2 - O Ensino da Escrita - A Dimensão Textual

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    A Dlimensio Tex.ual

    P EP

    o Enslno da Escrli:a:

    Luis Filipe BarbeiroLuisa Alvares Pereira

    ColeborecsoConceicao Aleixo

    Mariana Oliveira Pinto

    Direccao-Geral de Inovacao e de Desenvolvimento CurricularLisboa/2007

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    Biblioteca Nacional de Portugal - Catalcqacao na PublicacaoBARBEIRO, LUIS Filipe, 1960 - , e outroo Ensino da Escrita: A Dirnensao Textual! LUIs FilipeBarbeiro, LUisaAlvares PereiraISBN 978-972-742-268-5I- PEREIRA, LUisaAlvares, 1954-CDU 37

    371373

    Flicha 1:6cnlica1.a Edi

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    /I n d ~ c eIn1:roduciio

    Secciio 1Modos de accao no ensino da escrita

    Prindpios orientadoresEstrategiasAccao sobre 0 processoAccao sobre 0 contexto

    Criacao de actividades de escritaFactores cognitivos, emotivos e sociais

    Secciio :!Complexidade do processo de escrita

    Componentes da producao textualPianificacaoTextualizacaoRevlsaoColocar em pratica

    Secciio :]Praticas integradoras

    Contexto - TurmaCicio de EscritaSequencia DidacticaCaderno de Escrita

    Contexto - Escolae ComunidadeHist6ria em epis6diosApetrechamento do recreio

    Pasjnas elec1:ronjcas relevan1:es

    5

    7

    89101 11214

    15

    1718181920

    31

    32323844474748

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    o ensino da escrita: a dimensao textualIntrodutao

    In1:rodutio

    A capacidade de produzir textos escritos constitui hoje uma exiqenciageneralizada da vida em sociedade. Longe de ter caminhado no sentido depedir apenas a alguns a tarefa de producao textual, a sociedadeconternporanea reforca cada vez mais a necessidade de os seus membrosdemonstrarem capacidades de escrita, segundo um leque alargado deqeneros.A escola deve tornar os alunos capazes de criar documentos que Ihes deemacesso as multiples funcoes que a escrita desempenha na nossa sociedade.1550 implica que 0 trabalho a realizar devera incidir sobre as competenciesque sao activadas para a producao de um documento escrito ':

    competencla compositiva, ou seja, a cornpetencia relativa aforma de combinar express5es lingufsticas para formar umtexto;

    competencla ortogratica, ou seja, a cornpetencia relativa asnormas que estabelecem a representacao escrita das palavrasda lingua;

    competencla gratica, ou seja, a cornpetencia relativa acapacidade de inscrever num suporte material os sinais em queassenta a representacao escrita.

    Esta brochura, centrada na cornpetencla compositiva, aborda acomplexidade do processo subjacente a pratica de producao textual, bemcomo os diversos modos de accao que podem ser adoptados pelo professorno ensino da escrita e a diversidade de praticas integradoras que devemestar presentes logo no 1.0 Cicio do Ensino Basico,

    1Ver a brochura 0 Ensino da Escrita: As dimensi5es qrettce e ortoqretice.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualIntrodutao

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    SEctA.Nodos de actio no ensino da escrii:a

    o desenvolvimento da escrita deve combinar a aquisicao de competenciesespedficas, a aplicar pelo aluno no momenta da producao textual, com 0acesso as funcoes desempenhadas pela diversidade de textos, no seio deuma comunidade. Estas duas vertentes tern irnplicacoes para a accao quedeve ser realizada pelo professor e portoda a escola:

    accao sobre 0 processo de escrita - para proporcionar 0desenvolvimento das competencies e dos conhecimentosimplicados na escrita;

    accao sobre 0contexto dos escritos - para facultar 0 contactocom textos social e culturalmente relevantes e 0 acesso as suasmultiples funcoes,

    A turma constitui um espaco de descoberta, de valorizacao e dereconhecimento desta dupla relacao com a escrita. Sao inumeras asoportunidades para, por meio da escrita, explicar, persuadir, dar a conheceropini5es, expressar sentimentos e ernocoes, relatar eventos, reais ouimaginados.Para alern da turma, a intervencao pode alargar-se a escola e a comunidadeenvolvente, na forma de projectos de divulqacao dos textos dos alunos. Astecnologias de inforrnacao e cornunlcacao, atraves da Internet, facultamnovos meios e alargam as possibilidades de participacao, Esse alargamentopode ser feito para uma comunidade virtual ou para uma comunidadeconstitufda horizontalmente, por exemplo, entre os alunos de diversasescolas do mesmo ou de varies Aqruparnentos",Com vista a proporcionar aos alunos 0 domfnio da escrita, a accao doprofessor e da escola deve ser orientada por principles, que sirvam dereferencia para as estrateqias e actividades que sao postas em pratica,

    2Ver a brochura As implicecoes das TIC no ensino da Ifngua.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualModos de actao no ensjno da escrU:a

    ~ Principios orientadores

    ~ Ensino precoce da produ~ao textualA aprendizagem da escrita e reconhecidamente um processo lento e longo.A complexidade da escrita e a multiplicidade dos seus usos e finalidadestornam imperioso que constitua objecto de ensino desde 0 inicio daescolaridade.

    ~ Ensino que proporcione urnapretice intensivaA aprendizagem da escrita beneficia de uma escrita pessoal frequente, daresolucao de exerdcios modulares e sistematizados a que se associemmomentos de producao inventiva e crltica.

    ~ Ensino doprocesso (planificar, porern texto, rever)A aprendizagem da escrita implica 0 conhecimento de um reportorloalargado de accoes associadas as suas componentes de planificacao, detextualizacao e de revisao,

    ~ Ensino sobre textos de g{meros diversificados, social eescolarrnente relevantesA aprendizagem da escrita deve enquadrar 0 contacto com a diversidade deqeneros textuais relevantes, de modo a que os alunos possam apreender asua especificidade em termos de forma e conteudo e para que possamaceder a realizacao de funcoes por meio dos produtos escritos.

    ~ Ensino sequencial das actividades de escritaA aprendizagem da escrita ganha consistencia quando os alunos ternoportunidade de se envolver em actividades sequenciais que Ihespermitam ganhar progressiva autonomia na producao textual, a fim deacederem cada vez mais as potencialidades da escrita para expressarsentimentos, ideias e opinices, para formular conceitos e conhecimentos,para registar vivencias e projectos pessoais.

    ~ Ensino que perrnita urna regula~ao externa e interna da produ~aotextualA aprendizagem da escrita enriquece-se pelo confronto de lnterpretacoesacerca de um mesmo texto, uma vez que esse confronto sustenta aneqociacao de criterios de avaliacao dos textos produzidos e facilita adecisao acerca dos modos de resolucao dos problemas detectados.

    ~ Ensino que assegure urna gradual comptextttceciio da produ~aotextualA aprendizagem da escrita exige tempo de rnaturacao que permita uma

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    Facilita~aoprocessual

    o ensino da escrita: a dimensao textualModos de actao no ensjno da escrU:a

    inteqracao plena do conhecimento e a sua mobilizacao, face aexiqencias de gradual complexidade, nos varies anos de um ciclo deensino e ao longo de toda a escolaridade.

    ~ Estrateg iasPara concretizar os principles enunciados, privilegiaram-se algumasestrateqias que estao presentes nas actividades propostas e quepodem ser seguidas pelo professor para criar novas actividades ou paratransformar actividades anteriormente realizadas ou encontradas nosmanuais e em outros materiais didacticos. As estrateqias encontramaplicacao privilegiada em cada uma das vertentes de accaoanteriormente referidas: 0 processo de escrita e os contextos deescrita.

    ESTRATEGIAS

    I Ac~aosobre 0 processo I

    , .Escrita

    colaborativaReflexaosobrea escrita

    Integra~ao desaberes Realiza~aodefun~oes

    Em relacao ao processo, sao colocadas em relevo as estrateqias de: f'acllltacao processual escrita colaborativa reflexao sobre aescrita

    Em relacao aos contextos, 0 relevo e atribufdo as estrateqias de: integra~ao de saberes reallzacao de fun~oes

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    o ensino da escrita: a dimensao textualModos de actao no ensjno da escrU:a

    Aq;:ao sobre 0processo

    Facilita~aoprocessual

    ~ Dominar 0processoA complexidade do processo de escrita resulta da diversidade decompetencies, actividades e dorninios de decisao que nele estaopresentes. Durante 0 processo, 0 aluno e chamado a tomardecis5es sobre 0 conteudo que devera incluir no seu texto esobre a linguagem que devera utilizar para 0 expressar.Para proporcionar 0 dorninio do processo de escrita, 0 professorpode par em pratica actividades facilitadoras. 0 seu objectivo eo de desencadear e apoiar a realizacao das tarefas ligadas ascomponentes de planificacao, textualizacao e revisao,

    Escritacolaborativa

    ~ Escrever em conjunto para aprender a escrevero encontro com os outros, proporcionado pela escrita, nao temde acontecer apenas por meio do produto escrito, quando este elido pelo destinatario.A consideracao da perspectiva e do conhecimento dos outrospode ocorrer ainda durante 0 processo, transformando acolaboracao num instrumento de aprendizagem.A interaccao que ocorre na escrita colaborativa permiteapresentar propostas, obter reaccoes, confrontar opini5es,procurar alternativas, solicitar explicacoes, apresentarargumentos, tomar decis5es em conjunto. Quando ocorre entrepares, permite colocar em relacao, no interior do processo deescrita, alunos com desempenhos diferenciados, 0 quepossibilita a observacao da forma como os companheirosresolvem os problemas que vao surgindo. A colaboracaoreflecte-se, por outro lado, na vertente emocional- igualmenteimportante no estabelecimento da relacao com a escrita - e noreforco do sentimento de partlclpacao,A escrita colaborativa pode ser posta em pratica segundomodalidades diferenciadas, desde a co-escrita ou escrita emconjunto ate a cooperacao em componentes e momentosespecificos, articulada com 0 desempenho individual de outrastarefas. A cotaboracao pode envolver quer os alunos, quer 0professor. Ela permite obter reaccoes ainda durante 0 processo,quando quem escreve procura resolver um problema e ainda epossivel alterar 0 rumo do texto e da tarefa.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualModos de actao no ensjno da escrU:a

    Reflexao sobrea escrita

    ~ Faiar ou escrever sobre a escritaA escrita colaborativa ja integra em alguma medida e de formaespontanea uma componente metadiscursiva, ou seja, umacomponente de reflexao e de explicitacao acerca da propriaescrita. Essa componente pode ser aprofundada em actividadesespedficas, que mobilizem a capacidade de os alunosreflectirem e falarem sobre os seus textos e sobre 0 processoque conduziu a sua construcao,A dirnensao metadiscursiva, ao mobilizar a capacidade deexplicitacao, constitui um instrumento de consciencializacao emrelacao as caracterfsticas dos textos produzidos e em relacao aalternativas possfveis. Constitui, por conseguinte, uminstrumento de aprendizagem da propria escrita.

    Aq;:ao sobre 0contexto

    Integra~ao desaberes

    ~ Construir eexpressar conhecimentoA linguagem faculta modos de representacao do conhecimentoque se tem do mundo. A escrita apresenta potencialidadesespedficas, derivadas de dois facto res:

    1 0 processo da sua producao decorre antes de 0 textocumprir as suas funcoes junto do leitor, 0 que da tempoao aluno para pensar, para reflectir, para procurar novaselementos, para experimentar, para colher opini5es, paraalterar;

    2 por outro lado, a escrita da origem a um produtoautonorno (texto) que, registando 0 conhecimento,permanece para alern da situacao em que foi escrito,podendo ser consultado e alvo de novas eta pas dereescrita.

    Devido as caracterfsticas do processo e devido a perrnanenciado produto criado, a escrita constitui um instrumento deconstrucao do conhecimento.A inteqracao de saberes da-se, desde logo, entre a escrita e 0conhecimento que e expresso. Como 0 texto a produzir exige arnobilizacao de conhecimentos previos e a sua seleccao, vai sernecessario tomar decis5es, quer quanto ao conteudo, querquanto as palavras e a sua orqanizacao,o 1.0 ciclo constitui um contexto privilegiado para efectuar a

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    o ensino da escrita: a dimensao textualModos de actao no ensjno da escrU:a

    inteqracao de saberes, pelo facto de 0 mesmo professorleccionar as diversas areas disciplinares. 0 ensino da escrita naose limita as horas dedicadas a Lingua Portuguesa. Porconseguinte, ele pode e deve efectuar-se tarnbern emarticulacao com a producao de textos nas outras areasdisciplinares. As estrateqias anteriormente consideradaspodem intervir igualmente nas actividades de producao de textoassociadas a essas areas. Ao ligar-se as restantes areasdisciplinares, a escrita aproxima-se da realizacao de funcoes,

    Realiza~ao defuncoes ~ Conquistar 0poder da escritaAprender a escrever e tarnbern aprender a usar a escrita para a

    reallzacao de funcoes. Estas poderao ter um alcanceintrapessoal ou interpessoal.No contexto de aprendizagem em que 0 aluno se encontra,muitas das funcoes realizadas pela escrita poderao ligar-se apr6pria aprendizagem, como acontece com as funcoes deregistar, de expressar ou organizar 0 conhecimento segundolntencoes espedficas.Estas diferentes estrateqias - facilitac;ao processual, escritacolaborativa, retlexiio sobre a escrita, integrac;ao de saberes erealizac;ao de tuncoes - podem surgir conjugadas entre si,correspondendo a diferentes vertentes ou a diferentesmomentos de uma actividade de escrita que efectue 0 percursoentre 0 momenta inicial, onde esta presente apenas a intencaoou a indicacao da tarefa, e a existencia de um texto escrito querealiza determinadas funcoes.

    ~ Criac;aode actividades de escritao professor tem 0 poder de desencadear as diversas situacoes em quese recorre a escrita. As actividades de escrita podem ser idealizadas erecriadas a partir dos diversos elementos que constituem 0 acto deescrever:, quem escreve?

    um ou varies autores?

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    o ensino da escrita: a dimensao textualModos de actao no ensjno da escrU:a, para quem escreve?

    quem e desttnatarlo>. 0 pr6prio?, outro(s)?, como cheqara 0documento escrito ate ele(s)?;, sobre 0que escreve?que conhecimento do mundo e activado?, que conhecimentoesta ja disponivel e que conhecimento deve ser procurado?;, comque objectivos?que funcoes da escrita poe em pratlca>:, como escreve?como e colocado em pratica 0 processo?, que instrumentos deescrita utiliza (lapis e borracha, quadro e giz, computador,etc.)?, que recursos mobiliza durante 0 processo (dicionarios,enciclopedias, Internet, etc. )?, que colaboracoes pode obter?,em que momentos do processo?;, em que meios ou suporte perrnanecera 0texto produzido?caderno, jornal escolar, jornal local, paqina da escola naInternet?, blogue?;, que resposta pode obter?os escritos podem obter efeitos diversos e podem ser fonte denovas escritos, como acontece com as respostas a cartas,questionarios, etc., ou com as apreciacoes, cornentarios oureflexoes que um texto desencadeia.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualModos de actao no ensjno da escrU:a

    recria~aodeactividades

    A criacao das actividades de escrita assume frequentemente a naturezade recriacao, ou seja, de modificacao de tarefas, no sentido de asadequar a determinada situacao ou ao desenvolvimento decompetencies que, em determinado momento, se quer trabalhar. Faceao instrumento que 0 manual constitui, a necessidade de recriacaotorna-se evidente, pois e ao professor que cabe adaptar a tarefaproposta, para a adequar ao contexto em que desenvolve a sua accao,Nesse contexto, podera encontrar especificidades ligadas ao tema,destinatarios concretos, formas de divulqacao, maneiras de realizacaodo processo de escrita que se revelem mais proveitosas para 0 grupo dealunos com que trabalha. Os manuais tern de adoptar forrnulacoesqenericas, validas para uma grande diversidade de contextos. Cabe aoprofessor adaptar as tarefas para que se tornem significativas para osseus alunos.

    ~ Factores cognitivos, emotivos e sociaisAs ernocoes e sentimentos vividos pelos alunos nas actividades de escritasao cruciais para construir a relacao com esta cornpetencia. Essas ernocoes esentimentos podem ser construidos durante 0 processo de escrita e por meioda participacao em projectos que atribuem funcoes aos textos produzidos.Em relacao ao processo, a criacao de um ambiente favoravel a superacaodos problemas encontrados na escrita, tanto pela colaboracao do professor edos colegas, como pela valorizacao das conquistas efectuadas, perrnitira quecada aluno vivencie recompensas emocionais, ou seja, obtenha umasatisfacao que 0 incentive a escrever os seus textos.A escrita e muitas outras actividades poderao ser um convite a pr6priaescrita. Para alern das tarefas realizadas por iniciativa do professor, abre-seainda um campo muito vasto para a escrita por iniciativa dos alunos, se asexperiencias de escrita forem gratificantes. Ao lado da sensacao de domfnioda escrita e da capacidade de criar textos, a escrita livre, os cadernos deescrita (cf. Praticas Integradoras), nos quais os alunos podem escrever apartir da vivencia escolar e fora dela, constituem instrumentos poderosospara fu nda r a relacao com a escrita.Em relacao ao produto escrito, as experiencias gratificantes estao ligadassobretudo a partilha e a realizacao de funcoes. Para essas partilha erealizacao de funcoes, e necessario que 0 texto do aluno esteja integradonum contexto no qual adquira valor. Deste modo, os factores emocionaisligam-se aos factores socia is. Os contextos sociais constituem fontes deernocoes gratificantes ligadas a escrita, quando permitem a participacao dosalunos na sua comunidade.

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    Complexidade do Processo de EscritaA escrita exige a capacidade de seleccionar e combinar as express5eslinguisticas, organizando-as numa unidade de nivel superior, paraconstruir uma representacao do conhecimento, correspondente aosconteudos que se quer expressar. A escrita encontra no texto a formamais relevante de representacao do conhecimento. Escrever e , emgrande parte das situacoes, escrever um texto.Com 0 avancar no nivel de escolaridade e com 0 desenvolvimento dodorninio da escrita, os aspectos rnecanicos (desenho das letras) econvencionais (designadamente a forma ortogrMica) saoautomatizados, sem necessidade, a cada passo, de um processamentoou decisao consciente '. Essa necessidade de reflexao acerca das formasdas letras ou da ortografia das palavras s6 ocorre quando aparece umproblema, desencadeado por uma duvida ou por uma falha durante aproducao,A autornatizacao destas competencies deve ser alcancada tao cedoquanto possivel, para que 0 aluno dedique a sua capacidade deprocessamento as tarefas que devera realizar por meio dacompetencla compositiva. Ao contrario das anteriores, esta nuncasera uma cornpetencia completamente automatizada, pois cada textocoloca desafios novos e apresenta possibilidades alternativas quanto asua construcao,Para dar origem ao texto, a cornpetencia compositiva implica:

    1 activar conteudos:Competericlacompositiva 2 decidir sobre a sua inteqracao ou nao:

    3Ver a brochura 0 Ensino da Escrita: As dimensi5es qrettce e ortoqretice.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualComplexjdade do Processo de EscrU:a

    3 em caso afirmativo, articula-los com os outros elementosdo texto;

    4 dar-Ihes uma expressao lingufstica para figurarem notexto, respeitando as exiqencias de coesao e decoerencia.

    A cornpetencla compositiva e mobilizada em diferentes nfveis: nlvel global, ou seja, 0 nfvel correspondente a

    orqanizacao das grandes unidades do texto (macro--estrutu ra) ;

    nlvel especifico, 0 nivel correspondente a cornbinacao deexpress5es lingufsticas (micro-estrutura).

    Durante 0 processo de escrita, quem escreve tem ao seu alcance apossibilidade de tomar decis5es nesses nfveis: desde a forma como vaiorganizar a inforrnacao no texto, segundo uma determinada estrateqiade desenvolvimento, ate a escolha entre duas ou mais palavras ouexpress5es que pode utilizar numa determinada passagem do texto. Aaprendizagem da escrita devera garantir que 0 aluno desenvolve acapacidade de tomar decis5es em qualquer desses nfveis.Ao contra rio do que acontece, geralmente, com as competenciesqrafica e ortoqrafica, a cornpetencia compositiva constitui um campoaberto para a tomada de decis5es, ao longo de todo 0 processo deescrita. No caso da cornpetencia compositiva, os objectivos a alcancarconsistem em:

    desenvolver a capacidade de gerar diferentespossibilidades para a construcao do texto;

    aprofundar a capacidade de tomar declsoes que semostrem adequadas as funcoes que 0 texto vira adesempenhar.

    Para alcancar esses objectivos, 0 aluno deve ser chamado, desde cedo,a gerar e a gerir a variedade de possibilidades que e capaz de construirpara a producao do texto.o processo de escrita constitui um processo aberto em diversos nfveisde decisao, Mesmo quando ja se parte com uma estrutura textualdefinida (uma carta, uma historia, etc.), nao conhecemos todas e cadauma das palavras que forrnarao 0 texto. Deste modo, longe de ser umamera transcricao de algo pre-definido, 0 processo de escrita de um

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    texto constitui um processo complexo: mobiliza uma variedade decomponentes para formular as express5es lingufsticas que fiqurarao notexto e e condicionado por uma variedade de factores, cognitivos,emocionais e socia is, quando e levado a pratica.Por outro lado, 0 pr6prio processo de escrita nao e uniforme e apresentavariacao conforme a situacao em que se insere e conforme a pessoa queescreve, designadamente quanto ao grau de domfnio da escrita. Destemodo, os desafios no percurso de aprendizagem nao se limitam a dominarum modelo (fixo) do processo para dar origem a um texto, mas emtransformar 0 pr6prio processo de escrita, por forma a colocar ao alcance doaluno todas as potencialidades da escrita.

    ~ Componentes da producao textual

    PlanlflcacaoTextuallzacaoRevisao

    Quem escreve realiza diferentes actividades no decurso do processo. Essasactividades incluem:

    1 activar conhecimentos sobre 0 t6pico e sobre 0 qenero detexto, programar a forma como se vai realizar a tarefa,sobretudo se decorrer num periodo temporal longo,efectuar pesquisas e consultas, tomar notas paraposterior utilizacao, seleccionar e organizar ainforrnacao, elaborar pianos que projectem aorqanizacao do texto, ou de unidades como capitulos,seccoes, paraqrafos ou grupos de frases;

    2 redigir 0 texto, procurando as palavras que 0 forrnarao ecolocando-as no papel ou no ecra:

    3 avaliar 0 que se escreveu, relendo, riscando, apagando,corrigindo, reformulando.

    Estas actividades presentes no processo de escrita podem seragrupadas segundo tres componentes: planlflcacao, textuallzacao erevlsao, As actividades ligadas a cada uma destas componentespodem surgir em diferentes momentos do processo. Por exemplo, aolongo do processo, acontecem momentos de pausa em que quemescreve procura planificar 0 que ainda falta escrever. Por seu lado, arevisao pode ir sendo realizada ao longo do pr6prio processo, a medidaque se vai redigindo e relendo 0 que ja se encontra escrito.

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    Planifica~aoA componente de pleniticeceo do processo de escrita e mobilizada paraestabelecer objectivos e antecipar efeitos, para activar e seleccionarconteudos, para organizar a inforrnacao em liga

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    permanece aberto a uma diversidade de solucoes, a aprendizagemdevera desenvolver a capacidade de activar possibilidades e de tomardecis5es entre diversas solucoes. As sugest5es de actividadesapresentadas na seccao "Colocar em Pratica" pretendem que essaactivacao proporcione a descoberta de muitas outras possibilidades.

    RevisaoA componente de revisiio processa-se atraves da leitura, avaliacao eeventual correccao ou reforrnulacao do que foi escrito. Estacomponente pode actuar ao longo de todo 0 processo, por exemplo, emarticulacao com a textuallzacao, 0 que nao retira 0 lugar e 0 papel darevisao final.o alcance da revisao, incidindo apenas sobre aspectos qraficos ouortoqraficos ou tendo um alcance mais profundo, por desencadear areorqanizacao e reescrita de partes do texto, depende da avaliacao quefor feita, da reflexao realizada, do tempo disponfvel e da existencia dealternativas.A revisao surge, por conseguinte, ligada a planificacao inicial, peloconfronto com os objectivos e orqanizacao entao estabelecidos, masnao se encontra necessariamente limitada ao plano inicial, devido aocaracter tra nsformador do pr6prio processo.A revisao e marcada sobretudo pela reflexao em relacao ao textoproduzido. Esta dirnensao de reflexao acerca do que se escreveu deveser aproveitada para tomar decis5es respeitantes a correccao ereforrnulacao do texto. Deve ainda ser aproveitada para reforcar adescoberta e a consciencializacao de outras possibilidades, susceptfveisde serem exploradas em processos de reescrita ou na construcao denovos textos.

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    Facilita~aop r o c e s s u a l n aplanlflcacao

    activida des

    Colocar em praticaPlanificac;ao

    Dar tempo para a planificacao inicial significa tomar consciencia de queo processo de escrita se inicia antes de se cornecar a redigir 0 texto. Astarefas de activacao do conteudo que se vai colocar no texto, da suaseleccao e orqanizacao constituem instrumentos indispensaveis parase passar de uma escrita marcada pelo mero acrescento de ideias amedida que se vai escrevendo, para uma escrita em que as decis5esquanto a inteqracao ou nao de determinada inforrnacao e quanto aorqanlzacao do texto constituem aspectos fundamentais.Diversas a c t i v i d a d e s podem ser postas em pratica para apoiar 0desempenho das tarefas de activacao, seleccao e orqanizacao deconteudo,

    Activa~ao de conteudoregistar no papel as ideias ou inforrnacoes para colocar no texto,tendo por base a chuva de ideias ou brainstorming, a realizacao depesquisas, a memoria do que se leu num determinado texto, etc.comparar, para um texto expositivo, ligado a um tema estudado, 0conteudo activado a partir da memoria com 0 que 0 texto ou textosestudados apresentam; decidir da importancia ou nao de integrardeterminados elementos em falta.

    Selec~ao de conteudosublinhar, na lista resultante da chuva de ideias ou da pesquisa, ostermos considerados mais importantes para figurarem no texto.

    Organiza~ao de conteudoagrupar por categorias os elementos listados, numa actividade deactivacao de conteudo, para a producao de um texto de caracterinfo rmativo-expositivo;elaborar esquemas e mapas de ideias, relativos ao tratamento dedeterminado topico:

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    Escritacolaborativa naplanlflcacao

    actividades

    o ensino da escrita: a dimensao textualComplexjdade do Processo de EscrU:a

    realizar 0 plano-guia de um texto segundo 0 tratamento que seraseguido, desde a introducao a conclusao,

    As possibilidades para par em pratica a colaboracao entre os alunos, emrelacao a componente de planificacao sao variadas. Para alern damodalidade em que todo 0 processo, incluindo a planificacao, erealizado em conjunto, algumas actividades podem fazer incidir acolaboracao especificamente sobre esta componente e sobre algumasdas tarefas que nela tern lugar.

    Elabora~ao do plano do textoplanificar colectivamente um texto, com a participacao de toda aturma; desta forma, todos sao chamados, neste momento, a dar 0seu contributo; em seguida, a redaccao podera ser feita por umgrupo mais restrito, que apresentara a sua proposta de texto aturma; ap6s essa apresentacao, abre-se novamente a toda turma apossibilidade de se pronunciar e de apresentar sugest5es paraaperfeicoarnento; 0 facto de todos terem estado envolvidos naplanificacao inicial cria expectativas em relacao ao texto elaboradoe facilita a construcao de uma apreciacao, quando se e chamado apronunciar-se acerca desse texto;elaborar 0 plano do texto em conjunto, em pares ou em pequenogrupo, a que devera seguir-se a redaccao individual do texto,procedendo-se posteriormente a cornparacao das vers5es.

    Comparacao de listascomparar, em pares ou em pequeno grupo, 0 resultado de uma listade palavras, obtida por chuva de ideias, relativa a determinadotema sobre 0 qual se ira escrever 0 texto; cada aluno deveraescolher tres palavras da lista do colega, para acrescentar a suapr6pria lista; de uma forma mais aberta, seleccionar na lista det6picos de um colega, resultante da chuva de ideias, aspectos quetarnbern poderao ser integrados no seu pr6prio texto;a partir de listas individuais, discutir e seleccionar em pequenogrupo os aspectos que deverao ser integrados num texto (decaracter informativo-expositivo ou relativo a vivencias conjuntas daturma).

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    Reflexao sobre aescrita naplanlflcacao

    actividades

    Facilicita~aoprocessual natextuallzacao

    Elabora~ao de esquemaselaborar em conjunto um esquema organizativo ou um mapa deideias, que integre as palavras presentes em listas elaboradasindividualmente.

    Algumas das actividades apresentadas, designadamente as queimplicam trabalho conjunto, ja activam a componente metadiscursiva emetatextual, ou seja, a capacidade dos alunos tomarem 0 texto comoobjecto de reflexao, de tomada de decisao consciente e de explicitacaode caracterfsticas. Essa componente pode ser reforcada atraves dodesenvolvimento de outras actividades que conduzam a explicitacao doque se pretende vir a escrever.Conferencia com 0professor

    realizacao de pequenas "conversas" com 0 professor para Ihe darconta, antes de cornecar a redigir, do que se pensa colocar no textoe da forma como se pretende orqaniza-lo ; estes pequenos"dialoqos" poderao estar presentes tarnbern ao longo do processo,nao apenas para resolver problemas que surjam, mas tarnbern paradesenvolver a capacidade de explicitacao do trabalho ja realizado edo que se projecta realizar, para alern de servirem ao professor paracolocar novos desafios e para fazer descobrir possibilidades derumos textuais a que 0 aluno por si s6 nao chegaria, mas a quepodera chega r com essa orientacao do professor.

    Apresenta~ao do plano a turmaapresentacao a turma, antes da redaccao, do que se planificou, ouseja, do que se pensa vir a escrever no texto, das decis5es jatomadas e respectiva justificacao, desde a escolha do tema aoconteudo que se projectou vir a colocar no texto; na sequencia daapresentacao, 0 aluno ou alunos pcderao receber sugest5es porparte dos colegas, activando tarnbern a estrateqia colaborativa.

    Nas fases iniciais da aprendizagem, os alunos mostram-se sobretudopreocupados em resolver os problemas formais, designadamenteortoqraficos e em dar continuidade ao fio textual para atingir 0 fim. Porisso, a sua escrita e sobretudo marcada pela adicao de novas ideias, 0

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    que na escrita de relatos e narrativas adquire frequentemente a formade "e depois". Com a finalidade de desencadear a revisao do que ja foiescrito e a planificacao do que se vai escrever a seguir, podera serefectuada uma intervencao no processo. A expectativa e que, realizadainicialmente a partir do exterior, essa activacao venha a ser integradanos modos de realizacao da tarefa por parte do aluno.

    activida des Banco de palavrasUma das exiqencias a que 0 aluno devera dar resposta durante atextualizacao e encontrar as palavras ou unidades lingufsticas queconstituirao 0 texto, ligadas ao conteudo especifico que nele deveraser expresso. Para chegar a essa forrnulacao, poderao retomar-seas palavras que foram activadas sobre 0 tema durante aplanificacao inicial.

    em vez de ser apenas elaborada uma lista, durante a chuva deideias que ocorra na planificacao inicial, os alunos deveraoescrever cada palavra num pequeno pedaco de papel;

    0 conjunto dos pedacos de papel e colocado num saco, que estaradisponfvel durante a redaccao do texto;

    a medida que avancarn na construcao do texto, os alunos retiramao acaso os papers do saco e decidem se a palavra retirada serveou nao para ser integrada na pr6xima frase; se sim, utilizam-na;se nao, colocam-na novamente no saco, ou deixam-na ao lado,na carteira, a fim de poder ser utilizada em momenta posterior,caso se mostre adequada.

    Exposi~ao oral previaAntes de procederem a redaccao de um texto, os alunos seraochamados a expor oralmente 0 conteudo que irao tratar no texto,tendo por base esquemas, mapas conceptuais, roteiros com osacontecimentos-chave de uma narrativa, etc.; terminada aexposlcao, poderao receber a apreciacao e suqestoes por parte doscolegas e do professor; de seguida, rediqirao 0 seu texto.

    Transforrnacao de respostas a questlonarlos em textoUm exerdcio muito frequente no ambito da area de Estudo do Meioconsiste na resposta a questionarios sobre a materia em estudo; em

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    Escritacolaborativa natextuallzacao

    actividades

    vez de a actividade ficar finalizada com 0 registo escrito dasrespostas, os alunos poderao ser chamados a construir um textocom base nas respostas dadas ao questionario, Deste modo, deforma apoiada no conteudo j a expresso, cheqarao a escritacompositiva, confrontando-se com a exiqencia de articulacao deconteudo,

    Ao elaborarem em pequeno grupo um unlco texto, da responsabilidadede todos os participantes, os alunos tern de gerir a diversidade depropostas que vao sendo feitas, a articulacao entre as diversasperspectivas, a escolha, neqociacao e conciliacao entre os diferentespontos de vista.

    Versao conjunta, a partir de textos individuaisA escrita colaborativa pode ser levada a pratica por meio de diversasmodalidades e em diferentes momentos do processo. Uma dasmodalidades que activa, de forma relevante, as competencies detextualizacao e a construcao de um texto unlco, a partir de duasversoes elaboradas previamente de forma individual.

    Projeq;:ao da continuacao do textoo processo de escrita nao tem de constituir um bloco indivisfvel eimpenetravel, Este processo decorre num determinado periodo detempo e, durante esse tempo, quem escreve pode apresentar aoutros 0 que j a escreveu e 0 que tenciona escrever a seguir, podereceber opinioes, suqestoes de reforrnulacao ou propostas para acontinuacao do texto.

    interromper a actividade de textualizacao, quando esta j a seencontra em pleno curso (perante 0 risco de se apagar damem6ria 0 que se tencionava continuar a escrever, pode-seindicar aos alunos para tomarem nota dessas ideias numa folha aparte; quando exista um plano-guia previamente elaborado esserisco e menor);

    chamar diversos alunos a ler para a turma a parte do texto j aescrito; a partir dai, deverao apresentar aos colegas 0 quetencionam continuar a escrever ate ao final do texto; estespassos j a obrigam quem escreve a ter um outro olhar, maisdistanciado, sobre 0 seu texto, ainda no decurso do processo;esse distanciamento pode ainda ser reforcado por meio dospassos seguintes:

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    Reflexao sobre aescrita natextuallzacao

    actividades

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    abrir 0 debate para a recolha de opini5es e de sugest5es por partedos colegas e do professor;

    terminar 0 texto, podendo reformular-se passagens e integrar-seas sugest5es recebidas.

    Ao longo do processo de escrita, vao acontecendo pequenos eventos:sao tomadas decis5es, procede-se a correccoes e reforrnulacoes,tern-se novas ideias, surgem duvidas, hesita-se, consultam-semateria is, fazem-se pausas, escrevem-se algumas frases bastanterapidamente, em contraste com outras; sente-se dificuldade emavancar, experimentam-se sentimentos de satisfacao ou insatisfacaoem relacao as forrnulacoes encontradas, projectam-se os seus efeitossobre 0 professor ou sobre outros destinatarios, etc. Habitualmente,esses acontecimentos e vivencias ficam encerrados no pr6prio processoe sao rapidamente esquecidos com a obtencao do produto final. Noentanto, eles podem ser trazidos para a explicitacao e transformar-seem instrumentos de aprendizagem, em relacao a escrita e ao pr6prioprocesso.

    Rascunhos e memoria do processoAp6s a elaboracao de um primeiro rascunho do texto, os alunosserao chamados a apresentar e a explicar, 0 que podera ser feito empequenos grupos, 0 que aconteceu durante 0 processo, a partir dasmarcas que ficaram nesse rascunho: rasuras e emendas ou outrasalteracoes. Essa apresentacao devera incluir as dificuldadessentidas, a forma como foram superadas e as raz5es justificativasdas decis5es tomadas. Os colegas poderao ainda colocar perguntasrespeitantes ao que aconteceu em determinadas passagens.

    Palavras em relevo

    Uma vez concluida a redaccao do texto, os alunos deverao escreverno seu caderno aquelas que consideram as palavras maisimportantes do seu texto. De seguida, procede-se a troca dos textose cada aluno, em relacao ao texto do colega, vai tarnbern indicaraquelas que considera serem as palavras mais importantes oupalavras-chave do texto.Num segundo momento, os alunos confrontam as palavrasseleccionadas, verificam a sua coincidencia ou diverqencia ejustificam as escolhas efectuadas.

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    Facilita~aop ro ce ss ual narevlsao

    actividades

    Enquanto no inicio do processo, a preocupacao sentida pelos alunos osleva a cornecar a escrever 0 mais rapidamente possivel, na etapa finaldo processo a preocupacao consiste em terminar 0 texto para 0 poderpassar a limpo e entregar, se for caso disso. Dar 0 produto comofinalizado constitui um objectivo de quem escreve, sobretudo quandose tem um limite temporal para a realizacao da tarefa. A revisao finalfica, assim, frequentemente, limitada a releitura para correccao defalhas ortoqraficas ou outras, tarnbern superficiais, sem que se dediqueo tempo necessario a revisao nesta etapa do processo e as suaspotencialidades para a aprendizagem da escrita.

    Revisao no final do processoAntes de passar 0 texto a limpo, 0 aluno deve ganhar 0 habito dereler 0 seu texto, para proceder a correccoes, mas tarnbern paraproceder a reforrnulacoes. Estas poderao ter um alcance maior oumenor. 0 aluno deve desenvolver a capacidade de se questionaracerca da necessidade de desenvolver mais determinadoselementos ou de reduzir a inforrnacao colocada no texto e acapacidade de reformular a expressao, alterando a ordem doselementos, decidindo entre 0 que fica implicito ou deve serexplicitado, procurando alternativas para repetlcoes de termos emlocais proxirnos e ao longo do texto, etc. Deste modo, nao estaraoem causa apenas os aspectos formais, mas os alunos habituar-se--ao a prestar atencao tarnbern ao conteudo e a forma como seencontra expresso.A focalizacao nestes aspectos pode conseguir-se numa segundaleitura, apos uma primeira procura de falhas e lncorreccoes formaise de construcao linguistica. Nessa segunda leitura, 0 aluno pode serorientado pela tarefa de encontrar frases ou passagens que possamser reformuladas.

    Voltar ao texto: revlsao distanciadao distanciamento no tempo, procurado na escrita profissional parase voltar ao texto a fim de efectuar nova revisao, pode tarnbernocorrer na sala de aula. Assim, os textos podem ser guardados,apos a existencia de uma primeira versao, e a revisao pode serefectuada algum tempo depois, com indicacoes expressas de que os

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    Escritacolaborativa narevlsao

    activida des

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    de que os alunos poderao nao so corrigir, mas tarnbern alterar 0texto com vista ao seu melhoramento. A utilizacao do processadorde texto vem facilitaresse trabalho de reforrnulacao",

    Listas de verlflcacao ou correccaoA realizacao da revisao final do texto pode ser auxiliada por guiasque activem a verificacao de determinados aspectos, desde osligados a correccao formal, como a ortografia e a pontuacao, ate aextensao da construcao frasica ou a orqanizacao do texto. No quediz respeito a verificacao das caracterfsticas textuais de qenerosespedficos, essas fichas deverao retomar as caracterfsticas queforam explicitadas como proprlas do qenero em causa.A construcao dessas listas ou guias de correccao com a participacaodos proprios alunos revela-se um poderoso instrumento deconsciencializacao das caracterfsticas que 0 texto deve apresentar.Deste modo, como veremos adiante, a sequencia didacticadedicada a aprendizagem de um determinado qenero de textodevera tarnbern fornecer criterios de avaliacao que permitam aoaluno pronunciar-se acerca da conformidade do texto com 0 qeneroem causa.

    A revisao constitui a componente do processo em que mais e solicitadaa colaboracao dos outros. Essa colaboracao pode tomar a forma deheterocorreccao ou hetero-revisao, mas tarnbern pode seguir outrasmodalidades que promovam a reforrnulacao, por meio da lntervencaodos outros.

    Hetero-revlsaoo distanciamento face ao texto pode ser procurado atraves do olhardos outros. Os colegas poderao, em relacao aos textos uns dosoutros, efectuar a revisao, directa ou indirecta, quer em relacao aaspectos formais, quer em relacao a aspectos de conteudo,Na revisao indirecta considera-se a situacao em que 0 aluno-autorIe 0 seu texto a turma para que seja comentado. Dessescomentarios, para alern de uma apreciacao global, resultam

    4 Ver a brochura As implicecoes das TIC no ensino da Ifngua.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualComplexjdade do Processo de EscrU:a

    sugest5es de reforrnulacao decorrentes de eventuais aspectos amelhorar, tanto a nivel de forma como de conteudo,Na revisao directa considera-se a atribuicao da funcao de revisor adiversos alunos. Ap6s a revisao, sequir-se-a a apresentacao aosautores ou a toda a turma do trabalho de revisao, com eventuaispropostas de reforrnulacao.o professor nao fica a margem deste processo, pois pcdera integrara discussao e reflexao e sera chamado a confirmar 0 rumo dealgumas propostas.

    Opera~oes de reforrnulacaoA actividade de revisao pode ser formatada no sentido de colocarem foco determinadas vertentes. A dimensao de reforrnulacaoconstitui uma das que podem beneficiar de uma lntervencaoespecifica sobre 0 texto, quer por parte do pr6prio, quer, comoagora propomos, por parte dos colegas.

    Uma vez elaborada uma primeira versao do texto, ele devera serobjecto de revisao, indirecta ou directa, por parte de outroscolegas;

    Cada aluno-revisor tera a indicacao de apresentar umdeterminado nurnero de propostas de reforrnulacao que poderaoconsistir em: adicoes, supress5es, deslocamentos ousubstituicoes de palavras ou express5es;

    As propostas de operacoes de reforrnulacao serao depoisapresentadas aos autores para discussao e decisao quanto a suaadopcao ou nao,

    Se for utilizado um processador de texto, as propostas de reforrnulacaopcderao ser realizadas por meio da ferramenta de registo de alteracoes,sendo depois realizada a reflexao com 0 autor acerca de qual aalternativa a adoptar",

    5Ver a brochura As implicecoes das TIC no ensino da Ifngua.

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    Reflexao sobre aescrita narevlsao

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    Entre 0 momenta em que, na planificacao inicial, primeiro se pensousobre 0 que escrever eo momenta de revisao final, ha dois elementosque colocam em realce uma transforrnacao: 0 processo vivido e 0produto escrito a que se chegou. Eles podem constituir a base para seprojectar 0 que fazer no futuro, em novas tarefas de escrita. Acomponente metadiscursiva pode explorar esses aspectos, dandoorigem a um discurso sobre 0 texto, sobre 0 processo e sobre osensinamentos colhidos dessa experiencia de escrita, tornando-se numinstru mento de aprend izagem.

    Apreciac;ao pessoalLogo ap6s a redaccao do texto, como muitas vezes acontece deforma espontanea, no momenta da entrega, durante 0 dialoqo como professor, os alunos sao chamados a dizer 0 que pensam sobre 0texto que construfram, se estao satisfeitos com 0 que escreveram,etc. Esta conversa pode acontecer com 0 professor ou ser alargadaaos outros alunos, ocorrendo de uma forma mais organizada esistematizada na turma. Ela tem lugar antes de 0 professor e oscolegas terem lido 0 texto, 0 que obriga 0 aluno a explicitar emmaior grau as suas posicoes e as referencias ao texto que estasacarretam. A conversa pode explorar outros aspectos, como aspassagens de que 0 pr6prio autor gosta mais, as passagens queainda poderiam sertrabalhadas, etc.

    Porta aberta para a reescritaQuando se chega ao final do processo de elaboracao de um texto, haelementos que nele foram colocados mesmo sem terem sidoprevistos e ha outros em que se havia pensado inicialmente e quefica ram diluidos no processo, acabando por ser abandonados ou porterem tido muito menor expressao do que a inicialmenteprojectada. Por outro lado, ao longo do processo, transformamos anossa visao do que poderia ser 0 texto. Por vezes, ao atingir 0 final,chegamos a conclusao de que, se recomecassernos a escrita dotexto, farfamos de forma diferente.Estes aspectos, caracterfsticos de uma escrita reflexiva, podem jaencontrar-se presentes em alguns alunos do 1.0 ciclo, ainda que de

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    o ensino da escrita: a dimensao textualComplexjdade do Processo de EscrU:a

    forma incipiente. Podem, por outro lado, ser estimulados peloprofessor, com vista a alimentar 0 processo de planificacao e dedecisao, na escrita de novos textos ou na tarefa de reescrita dotexto. Esta reflexao, no ambito do dialoqo, pode ser desencadeadapela pergunta "Se cornecasses agora, 0 que e que poderias fazer deforma diferente?", ou pela procura de aspectos que poderiam serreformulados, ao efectuar-se a leitura em conjunto com 0 professorou para os colegas da turma.o nivel e a capacidade de explicitacao podem cornecar por serreduzidos, cabendo ao professor, atraves de perguntasexploratorias, ir proporcionando 0seu desenvolvimento.

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    SEctA.,PRATICAS INTEGRADORAS

    o ensino da escrita deve contemplar uma dlmensao integradora quereune a acc;:aosobre 0 processo de escrita e a acc;:aosobre 0 contexto dosescritos.Anteriormente, apresentaram-se actividades mais centradas no processo deescrita, desta parte constam propostas, de caracter mais global esequencial, para uma inteqracao contextualizada.A accao sobre 0 contexto deve atender as diferentes funcoes da escritaimplicitas no escrever para produzir diferentes textos (para modificar algoou alquern, para mobilizar a accao, para recordar, para satisfazer pedidos,para convencer ...), escrever para aprender (para tirar apontamentos, pararesumir, para sintetizar, para explicar, para informar), escrever para criar(para registar e comunicar vivencias, experiencias ou expectativas pessoais,

    FlinaUdade CeraIodos deAc,ao Dlid;U:lica

    Desenvolvimento de uma relacaopositiva e pessoal com a escrita

    Escrever para produzirdiferentes textos Sequencia Didactica

    Apr opri acao de criterios deconstrucao de diferentes qenerostextuais

    Escreverpara aprender Cicio de Escrita Autonomia na construcao de umtexto apartir de um tema

    Caderno de Escritascrever para criar

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    o ensino da escrita: a dimensao textualPIlATICAS ItlTEGRADORAS

    Ac~ao sobre 0contexte

    Contexto:~ "urma

    Nas propostas seleccionadas, incluem-se exemplos quecontemplam actividades centradas na lntervencao com a turma, aque se seguem outras que consideram um ambito mais alargado: 0da escola e 0 da comunidade em que a escola se encontra inserida.

    Cicio de Escrii:ao Cicio de escrita possibilita 0 recurso sistematizado ascomponentes do processo de escrita. Desenvolve-se ao longo devarias fases: mobilizeceo do conhecimento previo, recolha eseteccso da intormecso, orqenizeceo da intormeceo em funcao dainstrucao de escrita, redecceo do texto solicitado e correspondenterevisiio de acordo com as tuncoes atribuidas ao texto produzido.A componente de planificacao, no inicio do ciclo, encontra-sesubdividida nas fases de rnobilizacao ou activacao do conhecimentoprevio, recolha e seleccao de inforrnacao e respectiva orqanizacao,Este entendimento da planificacao enfatiza a liga

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    o ensino da escrita: a dimensao textualPIlATICAS ItlTEGRADORAS

    Mobiliza~ao do conhecimentoNesta fase, 0 aluno utiliza 0 conhecimento de que dispoe sobre umtopico (tema). Durante um periodo de tempo, variavel em funcao deaspectos como a complexidade do tema ou a aquisicao ecornpreensao dos mecanismos de concretizacao da tarefa, escrevenum papel palavras soltas (chuva de ideias). A estrateqia pode serdesencadeada por lnstrucoes do tipo: escreve 0 que sabes sobre ...Nos momentos iniciais de irnplernentacao da estrateqia (que deveraser feita em conjunto pelos alunos e professor), 0 topico devera sermuito simples e do conhecimento da maioria das criancas, Ex.: diz 0que sabes sobre os anima is, agua, plantas, ...

    Recolha e seleccao de inforrnacaoUma vez que ao conhecimento previo dos alunos e necessario juntarnova inforrnacao para que se transforme, posteriormente, em maisconhecimento, e util distribuir textos (inicialmente apenas um) quecontenham inforrnacoes sobre 0 topico em analise.Nesses textos serao identificados os conceitos relacionados com 0assunto em estudo. Este momenta tem um objectivo duplo: por umlado criar nos alunos habitos de pesquisa orientada e, por outro,ensinar-Ihes a seleccionar inforrnacao com base numa reflexaosobre a importancia das palavras em cada toplco",Orqanizacao da inforrnacaoNa medida em que a inforrnacao "desorganizada" nao funcionacomo instrumento de aprendizagem, os alunos devemexperimentar estrateqias que Ihes permitam aglutinar a inforrnacaoem categorias, por exemplo por recurso a listagens ou mapassernanticos. Nestes momentos iniciais, 0 papel do professor efundamental, exemplificando as tarefas que solicita.

    Redac~ao do textoA producao de um texto com base na orqanizacao da inforrnacaopode acontecer de imediato, partindo da listagem das palavrasseleccionadas ou pode ser precedida pela construcao de mapassemsnticos. A opcao por uma destas possibilidades prende-se coma escolha do tipo de procedimento a proporcionar: a aprendizagem

    6Ver a brochura 0 ensino da leitura: A compreensiio de textos.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualPIlATICAS ItlTEGRADORAS

    da hierarquizacao da inforrnacao ou 0 exerdcio centrado natextualizacao, com rea Ice para a construcao de frases.A utilizacao de mapas sementicos facilita a cornplexificacao doprocesso, ou seja, do pr6prio ciclo de escrita. Numa confiquracaoinicial do mapa, os alunos cornecarn por colocar as palavras-chave,de acordo com as categorias que definiram no esquema,completando posteriormente 0 mapa com os conceitosrelacionados. E a partir desta versao enriquecida do mapa inicialque redigem 0 texto. Esse texto pode cornecar por ser formado, noambito da textualizacao, atraves da juncao de frases.Posteriormente, devera ser objecto de um processo deaperfeicoarnento colectivo ou em grupo.Revisao do textoSe 0 texto foi construido atraves da juncao de frases, torna-senecessaria uma revisao que verifique a sua articulacao ecornblnacao, que introduza conectores, etc. Se essas operacoes dearticulacao de palavras e express5es lingufsticas e da procura damelhor forrnulacao foi realizada ao longo da textualizacao, torna-seainda assim necessario rever 0 texto para corrigir eventuais falhas,mas tarnbern para avaliar se esta completo, se podera serenriquecido com inforrnacao adicional ou com a explicacao determos, ou se, pelo contra rio, contern inforrnacao desnecessaria,por esta r implicita para 0 leitor.Quando concluido 0 texto, pode ser colocado num suporte que 0disponibilize para a turma ou para um publico mais alargado. Na suaedicao, sera tarnbern necessario tomar decis5es quanto aconfiquracao qrafica que tornara.

    Atribui~ao de funcoes ao produto escritoEmbora a aprendizagem ja tenha estado em relevo ao longo doprocesso da producao do texto, este pode ficar disponfvel para 0estudo por parte dos alunos, quando se trate de rnateriascurricula res, ou pode ser objecto de divulqacao, por exemplo, nojornal escolar ou na paqina da escola na Internee. Para possibilitar 0estudo, 0 texto produzido pode ser colocado num dossie pr6prio,destinado aos textos do mesmo qenero produzidos pela turma,pode ser afixado num cartaz ou pode ser impresso para distribuirum exemplar a cada aluno.

    7Ver a brochura As implicecoes das TIC no ensino da Ifngua.

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    I Cicio de escri'tao ensino da escrita: a dimensao textual

    PIlATICAS ItlTEGRADORAS

    Trabalhar a producao de um texto, assegurando arnobilizacao de conhecimentos previos e a sua articulacaocom novas informacoes.Estrutura TrE3Sess5es

    Objectivo

    Ano de escolaridade 2. ana

    M:obiliza~aodo conhecimentoNeste exemplo, cada aluno utilizou 0conhecimento de que dispunha sobre 0 temaem estudo: Os Animais. Durante um periodode tempo inicial, registou numa folha 0 queIhe ocorreu (chuva de ideias) sobre 0 tema. Aestrateqia foi desencadeada pela lnstrucao:escreve 0 que sabes sobre ...

    Recolha e seleccao de inforrnacaoA partir da analise de um texto, distribufdopelo professor, com inforrnacao sobre 0tema, cada aluno identificou os conceitospresentes nesse texto, sublinhando avermelho os conceitos conhecidos e a verdeos novas conceitos.

    Os Animais

    H a m uitos an im als u a n atu re za e to do s sao diferentesOs animais 'est~o a da pta do s a o a mb ie nte em que vi ve III, pela forma

    do COl]}O, p ela te an eira c om o se d es lo ca m, p ela 2!_ illle r:ta ,a o e p elo s lu ga re sonde se abrigam.

    U n s x 0 am . ._ (. lu C r- os n a dam , - C. Q ff ~m J !s t~ ja m . ..Os que vivem ao IlOSSO lado sa o doceis e oarinhcsos: an, i!)1_a~s.me5ti~. Outrcs vivem escondidos nos montes e nas f lorestas : ani l l l~:selvazens. . . . . . . . . . _ _ . o P.a~ sobreviverem todos precisam de se ~!imentar_ HA animais quecomem outros animals , as carnivoros. Ha aunuais que so comem plantas,SaO herbfvoros. Outros oom~n1ani;nais e plantas, os omnivores. Os que sealimentam de insecros saO insect ivoros e os que se a l i m e n r n m de graos sao.- . -. -~- -"granivoros. _ , ..-- A1gutls animais nascem de gys~~> CDmO 0 pardal, sao animarsoviparos. Outros nascem do ventre da mae, como 0 9!'Olo, chamam-se~--...--vivrparos.--- Os at1i__m ajsque te rn 9sS0S e 11m esqueletc jntemc ( esp in ha a u c olu nave rte bral) ch am am -se ve rte brad os. O s q ue na o tern osso s ne m e sq ue le to saoG ; ve T te b ra do s, c om o 0 caracol. ---- -

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    o ensino da escrita: a dimensao textualPIlATICAS ItlTEGRADORAS

    Organiza~ao da inf'ormacaoEm seguida, 0 professor escreveu as categorias no quadro em forma de quest5es COndevivem? Como se deslocam? Como se alimentam? .. ), cabendo aos alunos a tarefa de asrelacionar com as palavras registadas inicialmente (chuve de ideias) e as sublinhadas notexto distribufdo.

    A producao do texto iniciou-se pela construcao do mapa sernantico que reunia todas aspalavrasjexpress5es recolhidas. Este mapa permitiu antever a relacao que cada aluno foiestabelecendo entre os conceitos que registou.A confiquracao inicial do mapa permitiu que os alunos observassem diferentes solucoesalcancadas na colocacao das palavras-chave e no estabelecimento das respectivasrelacoes/associacoes.

    ~-)~~~

    Foi a partir deste mapa que redigiram um texto. Inicialmente, muitos textos correspondiama juncao de frases resultantes directamente da cornbinacao das palavras apresentadas nomapa sernantico.

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    co. m . .. 'n+O~ ~Pr o, ~ Ik ." ... ."

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    Posteriormente, e de acordo com 0 destino em vista - neste exemplo, cartaz - mas quepoderia serfolha individual, album ternatico, ou outro, 0 texto foi objecto de um processo deaperfeicoarnento atraves da sua reescrita em grupo.

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    Sequ6ncnia DlldaaaicaPor sequencia didactica entende-se um conjunto de actividadesescolares, organizado de forma sistematica com 0 objectivo deajudar 0 aluno a dominar um qenero de texto para que possaescrever de modo mais adequado numa determinada situacao decornunlcacao.A nocao de sequencia didactica implica que 0 professor estrutureo seu trabalho num conjunto coerente de sess5es, organizadasem torno de projectos de accao clara mente definidos.o trabalho com sequencias didacticas devera incidir nos qenerosque os alunos nao dominam ou em que manifestam um domfnioinsuficiente e em qeneros dificilmente acessfveis para a maioriados alunos. Este trabalho deve facilitar 0 acesso dos alunos apratlcas de linguagem novas e de relativa complexidade. Aestrutura de uma sequencia didactica pode ser representada peloesquema seguinte:

    I 888IProdu~ao Produ~aoinicial finalI IApresenta~ao Na Apresenta~ao e fundamental expor, de forma pormenorizada,

    uma tarefa que os alunos terao de realizar. E no decorrer destaapresentacao que os alunos elaboram um primeiro textocorrespondente ao qenero a trabalhar. E esse texto que se consideracomo "producao inicial" dos alunos .

    A Producao inicial e muito importante para professor e alunos. Eela que permite ao professor avaliar as capacidades actuais paraajustar as actividades e exerdcios previstos na sequencia didacticaaos conhecimentos e dificuldades reais da turma. Em sirnultaneo,esta producao inicial facilita 0 entendimento do aluno acerca dosentido da pr6pria sequencia, relativamente as competenciesenvolvidas no qenero de texto em causa.

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    Os M6dulos a realizar em seguida sao constituidos por actividadesou exerdcios, que podem ser em nurnero variavel, e reger-se pordois principles : dlverslflcacao dos modos de trabalho - actividades de

    analise de textos do mesmo tipo e em circulacao real ou escritospor autores de referenda: tarefas simplificadas de escrita;exerdcios gramaticais e de vocabulario:

    trabalho a diferentes niveis da actividade de escrita -representacao da situacao de cornunicacao, conhecimento detecnicas e rnetodos para a definicao de conteudos, etaboracaode um plano, textualizacao e revisao,

    A participacao nessas actividades faculta aos alunos 0conhecimento dos instrumentos necessaries para a producao dedeterminado qenero de texto, na medida em que os problemascolocados por esse qenero sao trabalhados de forma sistematica eaprofundada .

    A Producao final, constitufda pelo texto que os alunos constroemapos a realizacao dos modules, permite que 0 aluno ponha empratica os conhecimentos adquiridos e possa, com 0 professor,avaliar os progressos alcancados, Por este motivo, e esta producaofinal que deve ser objecto de uma avaliacao sumativa, embora aavaliacao deva incluir uma componente de processo, tendo emconta 0 percurso efectuado pelo aluno.

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    Sequencia didac.icaObjectivo Trabalhar 0 texto de divulqacao cientffica paracompreender a seleccao e orqanizacao de conteudos aintegrar, considerando aspectos discursivos e lingufsticos.Estrutura Quatro sess5es, de duas horas, organizando a turma emgrupos de dois elementosAno de escolaridade 4. ana

    Este exemplo de sequencia didactica integrou-se num projecto de lingua,numa turma de 4., em que, a partirdo estudo dos animais existentes na Riade Aveiro, reqiao dos alunos, se propunha a construcao de um livro de duplaface. Esta natureza "dupla" resultava desse livro ter, numa das faces, asfotografias das especies existentes e os respectivos textos expositivos decaracter cientffico e, na outra, os desenhos dos mesmos animais, elaboradospelos pr6prios alunos, acompanhados de textos narrativos de caracterliterario.

    Sessao 1Inicia-se a sequencia com a apresentacao de fotografias de animaisexistentes na Ria de Aveiro e de mapas com a localizacao das zonashabitadas por cada uma das especies, Cada grupo escolhe um dosanimais por que fica ria responsavel ao longo do trabalho. A partir dasimagens observadas, cada um dos grupos lista as caracterfsticas queidentifica no seu animal, a partir, sobretudo, das imagens observadas,se bem que tarnbern possam partir de conhecimentos previos,Com a leitura em voz alta de alguns dos textos produzidos e decorrentedialoqo, e possfvellevar os alunos a identificar nao 56 eventuais falhasnos seus textos, como tarnbern a diferenca entre os textos "que ja eramtextos" e os textos que se assemelhavam muito a uma "colagem" dasinforrnacoes incluidas na lista inicial com caracterfsticas identificadasem cada animal. Apresenta-se um exemplo de um texto inicialproduzido a partir da respectiva lista de caracterfsticas.

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    Llisi:ade caraci:erisi:licas Pre-i:exi:o

    - Vi que os pardais andamsempre emgrupo

    as pardais andam sempre em grupo, quando um se aleija 0grupo ajuda.

    - Os pardais gostam debagos de uvas

    as pardais gostam de bagos de uvas e amoras.

    -0 ninho e feito demusgo epenas

    a ninho dos pardais sao feitos de musgo e penas e os filhotesesperam que a mama pardal venha dar bagos de uvas.- No veriio toma banho ebebe eque No verao os pardais tomam uma bela banhoca e bebem aqua,

    - H a muitos pardais emPortugal

    H a muitos pardais em Portugal na ria de Aveiro.

    as pardais sao pequeninos e sao brancos, pretos, castanhos ecinzentos.Os pardais saopequeninos e sao pretos,cinzentos, castanhos ebran cos. E um animal selvagem e e da familia das aves.

    A identificacao pelo professor das principais dificuldades evidenciadaspela turma permite que se seleccione quais os aspectos a seremtrabalhados nas sess5es seguintes.

    Sessao 2Numa segunda sessao, os alunos recebem um texto que funciona comomodelo, ou seja, semelhante ao que se pretende que venham aproduzir. Neste caso recorrem-se de um texto expositivo de naturezacientffica sobre a gaivota arqentea, animal da Ria de Aveiro quenenhum grupo seleccionara. De seguida, procedeu-se a exploracao dovocabulario desconhecido pela turma e a identificacao da natureza dasinforrnacoes expostas, preenchendo-se tarnbern uma ficha com osseguintes elementos: nome do animal em causa, cia sse, habitat,caracterizacao fisica, alirnentacao, reproducao e comportamentos. Osalunos podem assim treinar nao s6 a cateqorlzacao das inforrnacoesapresentadas, como tarnbern a diversidade de aspectos a seremseleccionados para integrar um texto do qenero conslderado",

    8Ver a brochura 0 ensino da leitura: A compreensiio de textos.

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    NOME: A qaivota-arqenteaClasse: das avesFamilia: LaridaeHabitat: Noruega, America do Norte, ilhas do AtlanticoDescri~ao fisica: tem a cabeca, a zona ventral e a cauda brancas e azona dorsal cinzenta. 0 bico e brilhante e as patas rosasAlimenta~ao: Comem tudo que encontramReproducao :Comportamentos:

    E possivel entao trabalhar 0 vocabulario tecnico, solicitando-se aos alunos queestabelecarn a correspondencia entre determinados conceitos teoricos (como,por exemplo, "colonia") e as respectivas definicoes. A terminar esta sessao,apela-se para que os alunos continuem a pesquisa sobre as especiesseleccionadas, atraves da consulta dos livros existentes na biblioteca. Essapesquisa deve levar ao preenchimento de uma ficha de leitura por obraconsultada".

    sessao 3A dificuldade dos alunos em escrever frases de maior extensao pode conduzir 0professor a solicitar que classifiquem as varias frases apresentadas, depois deas terem recortado, como sendo simples ou cornplexas'",Identifica as frases e cola-as nas respectivas colunas

    Frases simples-0 sapo mede entre 8a 15cm de comprimento e pesa entre20a30g.- Este animal nocturno e um bom trepador e durante 0 diapode esconder-se num local escuro.- 0 sapo comum tem olhos salientes e apresenta glfmdulaspor ires dos olhos que segregam uma toxina amarga.

    Frases complexas-0 sapo comum cece.- Este animal nao temdentes.-0 sapo alimenta-se demoscas, aranhas, formigas,larvas, minhocas e lesmas.-0 sapo comum salta.-0 jovem sapo abandona aagua pela primeira vez nofinal do s/eriio.

    9Ver a brochura 0 Conhecimento daLIngua: Desenvolvera consciencie lexical.10Ver a brochura 0 Conhecimento daLIngua: Desenvolver aconsciencie lingufstica.

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    Para os alunos poderem experimentar diferentes formas de ordenacaode inforrnacoes e compreenderem que nao ha, em rigor, uma ordemunica para dispor essas mesmas inforrnacoes, pode propor-se areconstrucao de um texto sobre um animal. Depois de cada gruporecortar, ordenar e colar as varias partes facultadas, podem comparar-se os textos obtidos.

    sessao 4Ainda antes de se pedir aos alunos a producao do texto final, devesistematizar-se 0 conteudo a ser integrado em cada texto. Essasisternatizacao deve partir da pesquisa realizada pelos alunos sobre 0animal escolhido.Cada grupo pode assim comparar as inforrnacoes do texto inicial com asque recolheu. A terminar, cada grupo elabora 0 respectivo texto final,com base nas aprendizagens ate ai efectuadas.

    o pardal dos telhados e da familia Passeridae, do qenero Passerda especie Passerdomesticus.o pardal dos telhados estava confinado a Eurasia e Norte de Africa, mas foiintroduzido na maior parte do mundo, incluindo na America do Norte e do Sui,Australia e Africa subsariana.No seu habitat natural pode viver em zonas de montanhas ou em espacos abertoscom arvores,Os machos tern uma plumagem com padroes fortes com a nuca castanha e umamancha negra no olho e peito. As ferneas sao castanhas palidas,Tern um bico curto e poderoso, perfeito para apanhar sementes de plantas.o pardal come sementes, bagas de uvas, amoras e insectos.o pardal poe 3-5 ovos e os ovos chocam entre 21-14 dias.Eles andam sempre em grupo.

    Conclui-se, solicitando uma avaliacao do trabalho desenvolvido por parte decada aluno.

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    Caderno de Escrii:a

    o uso do Caderno de escrita facilita a definicao de circuitos deautoria e a apreciacao de textos escritos e insere-se numaperspectiva rnetodoloqica de claro incentivo a producao textualpor iniciativa propria, que sustente 0 desenvolvimento de umarelacao positiva e pessoal com a escrita.A existencia de cadernos individuais de escrita encontra-sepreconizada no Programa do 1.0 ciclo do ensino basico econtempla os quatro anos de escolaridade. Para alern dointeresse em que cada aluno tenha "um caderno onde possaescrever como souber, 0 que quiser, quando quiser", tal como seafirma nesse normativo, e importante que existam momentos deapreciacao conjunta. Essa apreciacao conjunta facilita 0distanciamento necessario a deteccao de problemas existentesna escrita e a construcao de criterios de apreciacao de textos,aspectos essenciais nos processos de revisao da escrita.A abordagem sequencial proposta para 0 uso dos cadernos deescrita pode ser apresentada em esq uema .

    . . . . . . . . . . . . . . . . ] [ J [ : [ " ] [ ] , . , . . .Produ~aoindividual

    Apresenta~ao Produ~aoindividual

    Apresenta~ao (. . . )em turma evisao

    (eventual)em turma evisao

    (eventual)Em termos globais, e importante nao so que os alunos disponhamde um caderno onde possam registar as suas producces, mas queessas producoes sejam partilhadas em turma, de acordo com aqestao dos tempos lectivos e a rnanifestacao de interesse de cadaum dos alunos. Os textos apresentados deverao assim sercomentados em turma, 0 que permite que todos beneficiem doconhecimento das producoes individuais e facilita a deteccao deeventuais problemas na escrita dos textos e a recolha desugest5es para a sua revisao,

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    I Caderno de escri'tao ensino da escrita: a dimensao textual

    PIlATICAS ItlTEGRADORAS

    Objectivo Trabalhar a revisao textual a partir da apreciacao conjunta detextos individuais com vista a deteccao e resolucao de aspectos amelhorarEstrutura Trt3Ssess5esAno de escolaridade 4. ana

    Apresencacao a curmaExemplifica-se 0 uso do caderno de escrita de acordo com uma metodologiasequencial, evidenciando 0 seu forte potencial no incentivo aos processos derevisao,Considere-se a apreciacao em turma de um texto de um aluno de 4. ano,durante 0 tempo diario para leitura de textos. Ao texto, juntam-se oscornentarios apresentados pela turma. E interessante analisar a naturezadiversa desses cornentarios.Texto

    A minha ida ao magusto na igreijaNo, dia 11 de Novembro, foi ao magustona igreija com a minha madrinha,o meu irrnao e a minha amigachamada Vanessa Alexandra. Quan-do la chegai vi 0 meu primo fomospara 0 regreio mas a minha ma-drinha teve de pagar mas n6s os3 nao pagamos porque era ate aos15 anos foi as rifas e saiu-me 0livro de uma aventura entre douro eminho, dopois vi 0 Sergio brincamos:a apanhada e a luta a brincar emquan-to a minha madrinha ia buscar 0meu padrinho depois 0 meu padri-nho esteve convercar com 0 chefedela nos escoteiros logo depoisfomos para casa. Jantei vi televisaoe foi para a cama.Gostei muito destedia!

    ... tire "chamada"Vanessa. Basta0 nome.

    Qual e a igreja? Falta0 nome ... Assim56 n6s eque percebemos ...

    Onde dizes "cheguei liY' e "cheqemos" porquenao ies 56 tu...Ate aos 15?Ah! Entao explica que e gratis ateaos 15anos

    "0 chefe dela nos escuteiros" de quem? ... tensque dizer que e datuaprima.A tua prima tembem foi? Nao dizes isso 1 2 1 emcima... Te bern, e por ser a filha da tuamadrinha? Eu nao sabia que a filha da tuamadrinha era tuaprima ... podem nao ser.

    Acabamsempre igual "Adorei este die" Adoramtodos osdias? Devias mudar af no final e dizerporque e queadoras 0dia...

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    A turma, como se percebe pelos cornentarios dos alunos, detecta aspectosque visam (I) apelar a uma maior precisao, em termos da inforrnacaofornecida (nome da igreja) e em termos de seleccao de vocabulario (gratis:pa/avra que designa 0 que nao se paga); (ii) evitar situacoes de redundancia(chamada Vanessa); (iii) assegurar a consistencia dos processos deconcordancia (cheguei / chegamos) e de referencia (0 chefe? de/a? nosescuteiros)

    Revisao individualNo exemplo apresentado, a revrsao decorreu durante duas sess5esdestinadas ao estudo autonorno dos alunos. Nessas duas sess5es, 0 autorefectuou a revisao do texto e decidiu se integrava os cornentarios da turma eo modo como os integrava.A revisao foi realizada individualmente, em computador, com recurso a umatranscricao no processador de texto (Word). Essa transcricao, com 0

    corrector ortoqrafico activado, assegurou adeteccao dos erros como "*igreija", mas naoresolveu a confusao entre "fui" e "foi" ouexto

    Aminha ida ao magusto na igrejaNo dia 11 de Novembro, fui com aminha madrinha, 0 meu irrnao e aminha amiga Vanessa Alexandra aomagusto da Igreja de Sao Domingos deBenfica.Quando la cheqarnos, encontrei 0 meuprimo. A minha madrinha teve de pagarmas n6s os tres nao paqarnos porqueera gratis ate aos 15 anos. Descemos efomos brincar para 0 recreio.Fui as rifas e saiu-me 0 livro "UmaAventura entre Douro e Minho". Depoisvi 0 Sergio e brincarnos a apanhada ea luta a brincar. Passadopouco tempofomos jantar.A minha madrinha foi buscar 0 meupadrinho e ele esteve a conversar como chefe da minha prima nosescuteiros.Logo depois fomos para casa.Vitelevlsao e fui para a cama.

    entre "cheguei" e "chegai", uma vez queestas formas tarnbern correspondem apalavras correctamente escritas.Curiosa mente, 0 distanciamento entre aproducao inicial e a sua revisao, a par dassucessivas leituras do texto, permitiram queo proprio autor se interrogasse e acabassepor detectar 0 erro e registar a palavraadequada "fui".A versao final do texto mostra como foramintegradas algumas das sugest5es daturma.As diversas reformulacoes permitiram que,mantendo uma extensao identica a daversao inicial, passasse a apresentar umaorqanizacao mais estruturada, ao passar dedois para cinco par aqrafos. numaaproxirnacao a diversidade e sucessao dosacontecimentos relatados.

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    o ensino da escrita: a dimensao textualPIlATICAS IIITE .....

    Ac~ao sobre 0contexte

    Contexto: Apresentam-se dois exemplos de situacoes facilitadoras deproducao textual contextualizada num ambito mais geral: 0 daescola eo da comunidade.Escola

    Comunjdade Na primeira sltuacao, considera-se que as turmas de 4.0 ana seenvolvem num projecto de construcao de uma hist6ria, escritaem epis6dios, para apresentacao gradual as turmas de 1.a ano.Na segunda situacao, uma turma responsabiliza-se pela melhoriado apetrechamento do recreio.

    Hisi:oria em episodios

    Como situacao contrastante, referimos 0 envolvimento de varias turmas de4.0 ana num projecto de escrita de uma hist6ria em epis6dios para ir sendoapresentada as turmas de 1.0ano.Esta situacao implica a tomada de decisao sobre as diversas componentes deuma hist6ria (personagens, tempo, local, problema, resolucao, ...) e conduz auma necessaria planificacao, acordada entre as turmas envolvidas. A pardestas decis5es, ha que definir a calendarizacao da entrega dos variesepis6dios de forma a assegurar as eta pas de producao e de revisao, previas aapresentacao nas turmas de 1.0ano.Conclufda a apresentacao, pode ponderar-se a construcao de um livro com ahist6ria produzida e ilustrada pelos alunos. Seria uma oportunidade paramobilizar todos os conhecimentos acerca do objecto livro, livro esse quepoderia integrar a biblioteca da escola ou, ate mesmo nas das turmas, casofosse viavel a reprcducao de varies exemplares.Em qualquer das situacoes apresentadas e em tantas outras vividas nasescolas, os textos escritos encontram uma finalidade, uma funcao, ligadas aum projecto em que os alunos se empenham. Nos casas descritos, essafuncao tem um caracter interpessoal e comunicativo, em que osdestinatarios sao encontrados para alern da turma.Ja delxarnos expresso que as funcoes a desempenhar podem terpredominantemente um caracter intrapessoal, designadamente quandoligadas ao estudo ou ao registo por meio da escrita das vlvencias pessoaisnum diario. Por outro lado, os destinatarios da funcao interpessoal,

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    comunicativa ou organizativa, podem tarnbern encontrar-se na comunidadeque a turma constitui.Em qualquer situacao criada, e importante que a accao seja guiada por umaintencionalidade, que atribua uma funcao ao texto do aluno e que de sentidoao esforco de rnobilizacao de competencies e de inteqracao de saberesexigido pelo processo de escrita. A realizacao da funcao surqira como 0culminar sequencial dos passos postos em pratica para a producao do texto.

    I Apetrechamento do recreioEsta situacao pode enquadrar 0 debate em torno do interesse em envolver 0responsavel autarquico atraves da escrita de uma carta.Previamente ha que decidir qual a estrateqia a escolher. E posslvel optar poruma carta-convite para que visite a escola ou por uma carta-exposicaoacerca dos problemas e necessidades sentidas. E esta decisao previa que iracondicionar 0 conteudo da missiva, a respectiva planificacao e as accoes adesenvolver. Ja 0 seu formato sera sempre 0 de uma carta de solicitacao. Aeste nivel, mais convencional, sera oportuno assegurar 0 conhecimentosobre a especificidade do qenero carta e sobre os aspectos formais a que 0estatuto do destinatario obriga.Sobre as accoes a desenvolver, note-se que, no caso de se optar pelo convitepara visitar a escola, se torna necessario agendar a visita, organizar as suaseta pas e distribuir funcoes e tarefas. Se a escolha recair sobre a exposlcaodos problemas e necessidades, importa proceder a uma pesquisa (Internet,cataloqos e livros) sobre equipamentos existentes no mercado para seprojectar, e eventualmente esquematizar, a solucao a propor pelos alunos aautarquia.

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    aginas electronlcasrecomendadas

    http://www.dgidc.min-edu.pt/recursos_multimedia/recursos_cd.aspVamos Escrever!Aplicacao informatica com propostas para escrever de forma interactiva

    http://www.instituto-camoes.pt/cvc/aprender.htmlInumeras propostas na zona "Aprender Portuques" do Sftio do Centro Virtual doInstituto Cam5es

    http://www.app.pt/dosmaisnovos @.I

    Sftio "dos mais novos" da APP

    http://www.casadaleitura.orgNazona "Praticas" encontram-se sugest5es de trabalho apartir da leitura de obras de literatura infantil

    G\!LJ.(iI~NI~CASADALE ITURA

    http://www.dgidc.min-edu.pt/recursos_multimedia/recursos_cd.asphttp://www.instituto-camoes.pt/cvc/aprender.htmlhttp://www.app.pt/dosmaisnovoshttp://www.casadaleitura.org/http://www.casadaleitura.org/http://www.app.pt/dosmaisnovoshttp://www.instituto-camoes.pt/cvc/aprender.htmlhttp://www.dgidc.min-edu.pt/recursos_multimedia/recursos_cd.asp
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    http://letrinha-Ietrinha .blogspot.com

    Blogue Letrinha aberto a cornentarios das criancas (e nao so), que conta com aparticipacao destas (e nao so) para se ir desenvolvendo

    http://www.nonio.uminho.pt/netescrita/Netescrit@Espaco que pretende contribuir para 0 desenvolvimento das competencies deleitura e de escrita de criancas e jovens. Entre outras actividades, possibilita acooperacao em exerdcios de esc rita colaborativa com os autores,a participacao em concursos de escrita, a publicacao dos textos dos participantes.

    http://www.nonio.uminho.pt/netescrita/http://www.nonio.uminho.pt/netescrita/
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    ibliografia

    Aleixo, C.(2005). A Vez ea Voz da Escrita. Col. Desenvolvimento Curricular, 7. Lisboa: DGIDC.Barbeiro, L. (2003). Escrita: Construira Aprendizagem. Braga: Universidade doMinho.Barbeiro, L. (1999). Jogos de Escrita. Lisboa: Instituto de lnovacao Educacional.Bereiter, C. e Scardamalia, M. (1987). The Psychology of Written Composition. Hillsdale, NJ:Lawrence Erlbaum.Camps. A. (2005). Pontos de Vista sobre 0 ensino-aprendizagem da expressao escrita, in J. A. B.Carvalho et alii (org.), Actas do II Encontro de Retlexiio sobre 0Ensino da Escrita. Escrita na EscolaHoje: Problemas edesafios. Braga: Universidade Minho, 11-27.Cassany, D. (2003). Describir el escribir: Como seaprende a escribir. Barcelona: Paid6s.Pereira, L. A. e Azevedo, F.(2005). Como abordar ... A escrita no 1. cicIo do ensino besico. Porto:Areal.Pereira, L.A., Graca, L. (2005). Interaccao eMedia

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