Metodologia do Ensino Cientifico Parte 1

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  • METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTFICA

  • CURSOS DE GRADUAO - EADMetodologia da Pesquisa Cientfica Prof. Dr. Angelo Piva Biagini

    Meu nome Angelo Piva Biagini. Sou graduado em Fisioterapia pelo Centro Universitrio Claretiano de Batatais. Sou especialista em Educao / Processo de Ensino-Aprendizagem pelo Centro Universitrio Claretiano, Mestre em Cincias Nutricionais pela Universidade do Estado de So Paulo UNESP/Araraquara e Doutor em Cincias Mdicas pela Universidade de So Paulo USP/Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto. Desde minha graduao, estou no Centro Universitrio, o que me possibilitou desenvolver vrias funes, tais como docente, supervisor de estgios, coordenador de graduao e participaes em rgos diretivos. Atualmente, leciono nos cursos de Fisioterapia e Educao Fsica, sou Coordenador Geral de Pesquisa e Iniciao

    Cientfica, Coordenador do Comit de tica em Pesquisa e Diretor da Clnica e Residencial Geritrico Domus Claret. Atuei, tambm, em outras instituies, colaborando para a implantao de cursos de Fisioterapia, dentre elas a Universidade Paulista UNIP e a Universidade de Franca UNIFRAN. Coordenei o programa de mestrado acadmico em Fisioterapia do Centro Universitrio do Tringulo UNITRI/Uberlndia. No contexto da investigao cientfica, desenvolvo minhas aes relacionadas ao processo de envelhecimento e metodologia da pesquisa cientfica. e-mail: [email protected]

    Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educao

  • METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTFICA

    Angelo Piva Biagini

    BatataisClaretiano

    2013

  • Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educao

    Ao Educacional Claretiana, 2012 Batatais (SP)Verso: dez./2013

    001.42 B471m Biagini, Angelo Piva

    Metodologia da pesquisa cientfica / Angelo Piva Biagini Batatais, SP : Claretiano, 2013. 62 p.

    ISBN: 978-85-8377-016-9

    1. Projeto de pesquisa. 2. Mtodos e tcnicas de pesquisa. 3. Redao do trabalho cientfico. I. Metodologia da pesquisa cientfica.

    CDD 001.42

    Corpo Tcnico Editorial do Material Didtico MediacionalCoordenador de Material Didtico Mediacional: J. Alves

    Preparao Aline de Ftima Guedes

    Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera

    Ctia Aparecida RibeiroDandara Louise Vieira Matavelli

    Elaine Aparecida de Lima MoraesJosiane Marchiori Martins

    Lidiane Maria MagaliniLuciana A. Mani Adami

    Luciana dos Santos Sanana de MeloLuis Henrique de Souza

    Patrcia Alves Veronez MonteraRita Cristina Bartolomeu

    Rosemeire Cristina Astolphi BuzzelliSimone Rodrigues de Oliveira

    Bibliotecria Ana Carolina Guimares CRB7: 64/11

    RevisoCeclia Beatriz Alves TeixeiraFelipe AleixoFilipi Andrade de Deus SilveiraPaulo Roberto F. M. Sposati OrtizRodrigo Ferreira DaverniSnia Galindo MeloTalita Cristina BartolomeuVanessa Vergani Machado

    Projeto grfico, diagramao e capa Eduardo de Oliveira AzevedoJoice Cristina Micai Lcia Maria de Sousa FerroLuis Antnio Guimares Toloi Raphael Fantacini de OliveiraTamires Botta Murakami de SouzaWagner Segato dos Santos

    Todos os direitos reservados. proibida a reproduo, a transmisso total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia, gravao e distribuio na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permisso por escrito do autor e da Ao Educacional Claretiana.

    Claretiano - Centro UniversitrioRua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo Batatais SP CEP 14.300-000

    [email protected]: (16) 3660-1777 Fax: (16) 3660-1780 0800 941 0006

    www.claretianobt.com.br

  • SUMRIO

    CADERNO DE REFERNCIA DE CONTEDO

    1 INTRODUO ................................................................................................... 72 ORIENTAES PARA ESTUDO .......................................................................... 93 E-REFERNCIAS ................................................................................................ 21

    UNIDADE1 MTODOS DE PESQUISA CIENTFICA

    1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 232 CONTEDOS ..................................................................................................... 233 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 244 INTRODUO UNIDADE ............................................................................... 245 CONSIDERAES GERAIS SOBRE MTODOS

    DE PESQUISA CIENTFICA ............................................................................... 256 A LGICA DA PESQUISA: OS PROCESSOS

    DO MTODO CIENTFICO (FORMAS DE PENSAMENTO)............................... 287 QUESTES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 328 CONSIDERAES .............................................................................................. 339 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 33

    UNIDADE2 TCNICAS DE PESQUISA CIENTFICA E TIPOS DE PESQUISA

    1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 352 CONTEDOS ..................................................................................................... 353 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 354 INTRODUO UNIDADE ............................................................................... 365 CONSIDERAES GERAIS SOBRE OS TIPOS DE PESQUISA CIENTFICA ...... 366 TIPOS DE PESQUISA ......................................................................................... 397 QUESTES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 438 CONSIDERAES .............................................................................................. 449 E-REFERNCIAS ................................................................................................ 4410 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 44

    UNIDADE3 PROJETO DE PESQUISA CIENTFICA

    1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 472 CONTEDOS ..................................................................................................... 473 ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 484 INTRODUO UNIDADE ............................................................................... 485 CONSIDERAES GERAIS SOBRE O TRABALHO

    DE CONCLUSO DE CURSO ADOTADO NO CENTRO UNIVERSITRIO CLARETIANO ................................................... 49

  • 6 PROCESSO DE CONSTRUO DO PROJETO DE PESQUISA ETAPAS DO PROJETO ............................................................................................................ 53

    7 QUESTES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 618 CONSIDERAES ............................................................................................. 619 E-REFERNCIA .................................................................................................. 6210 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................... 62

  • CRC

    Caderno de Referncia de Contedo

    Ementa Projeto de pesquisa. Mtodos e tcnicas de pesquisa. Redao do trabalho cien-tfico.

    1. INTRODUO

    A Metodologia da Pesquisa Cientfica fundamental para a formao acadmica de qualquer estudante universitrio. No con-texto Claretiano, este caderno oferecido em ambiente virtual por meio do Sistema Gerenciador de Aprendizagem Sala de Aula Vir-tual (SGA SAV).

    Caro aluno, o Caderno de Referncia de Contedo, aqui apre-sentado, contemplar os contedos bsicos necessrios ao desen-volvimento de nosso estudo. A fim de propiciarmos um melhor aproveitamento didtico-pedaggico, o contedo ser dividido e, consequentemente, trabalhado em trs unidades.

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    Inicialmente, a temtica central de nossos estudos ser "a metodologia da pesquisa cientfica no contexto universitrio"; entretanto, uma abordagem referente sua conceituao, s suas vertentes, sua importncia e aos objetivos especficos alicera-ro nossa caminhada. Discutiremos, por conseguinte, as bases estruturais para a construo de um projeto de pesquisa. Neste momento, uma dvida poder surgir: por que fazer um projeto?

    Como universitrio e ciente de que ter de elaborar e de entregar um trabalho de concluso de curso, voc deve ter em vis-ta uma pesquisa a fazer! Assim, antes de tudo, deve-se pensar em elaborar um projeto que garanta a viabilidade da pesquisa. Trata--se, pois, de um planejamento.

    O projeto faz a previso e a proviso dos recursos necessrios para se atingir o objetivo proposto de solucionar um problema e estru-tura-se de tal modo que estabelece a ordem e a natureza das di-versas tarefas a serem executadas dentro de um cronograma, que dever ser observado com rigor (MARINHEIRO, 2008, p. 5).

    Sequencialmente, sero discutidos os mtodos e as tcni-cas referentes ao desenvolvimento de uma pesquisa cientfica.

    Em um ltimo momento, a redao cientfica ser aborda-da, pois todo conhecimento construdo pela investigao cientfica deve ser compartilhado. Cabe aqui relembr-lo de que o Centro Universitrio Claretiano adota como regra para a apresentao dos trabalhos de concluso de seus cursos a elaborao de um ar-tigo cientfico.

    Desse modo, voc ter plena condio de refletir e interpre-tar a necessidade e, principalmente, a importncia da pesquisa cientfica para a formao acadmica. Esperamos, ainda, que este programa atenda s suas expectativas em relao ao tema deste Caderno de Referncia de Contedo.

    Bom estudo!

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    Claretiano - Centro Universitrio

    Caderno de Referncia de Contedo

    2. ORIENTAES PARA ESTUDO

    Abordagem Geral

    Aqui, voc entrar em contato com os assuntos principais deste contedo de forma breve e geral e ter a oportunidade de aprofundar essas questes no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento bsico necessrio a partir do qual voc possa construir um refe-rencial terico com base slida cientfica e cultural para que, no futuro exerccio de sua profisso, voc a exera com competncia cognitiva, tica e responsabilidade social. Vamos comear nosso caminho pela apresentao contextualizada da metodologia da pesquisa cientfica e a formao universitria.

    Nossos estudos podem ser iniciados com algumas indaga-es: o que metodologia? H relao entre cincia e metodolo-gia cientfica? Qual a aplicabilidade da metodologia cientfica para o universitrio?

    A experincia nos permite dizer que muitos indivduos quan-do ingressam na vida universitria esperam quase que imediata-mente obterem conhecimento referente a disciplinas e contedos que julgam (ingenuamente) serem pertinentes e necessrios sua formao acadmico-profissional. Expectativa muitas vezes no relacionada Metodologia da Pesquisa Cientfica. Por que isso ocorre? Esta questo dever ser levada adiante, pois voc mesmo quem ir respond-la! Lembre-se de que a metodologia da pes-quisa cientfica mostrar os caminhos necessrios aprendizagem, os quais o conduziro como o sujeito do processo, habilitando-o a pesquisar, conhecer e difundir (apresentar) o conhecimento obti-do.

    Estudar e avaliar os mtodos disponveis para uma inves-tigao, com rigor metodolgico, ir conduzi-lo captao e ao processamento de informaes direcionadas resoluo de pro-

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    blemas. Metodologia corresponde ao conjunto de procedimentos que sero utilizados por uma tcnica ou disciplina, em que o m-todo pode ser considerado como uma viso abstrata da ao e a viso concreta do processo de operacionalizao. possvel con-siderarmos a metodologia da pesquisa cientfica atravs de uma ampla viso, em que esta considerada uma "metacincia", pois a metodologia se caracteriza por um estudo que tem como objeto a prpria cincia, bem como as tcnicas especficas de cada cincia. Portanto, quando abordamos um processo cientfico (desenvolve um projeto de investigao cientfica), a metodologia da pesquisa cientfica possibilita-nos descrever os mtodos, bem como incluir outros procedimentos que direcionem a formulao de hipteses, explicaes e teorias conjuntamente com uma anlise crtica des-tas.

    Nesta linha de pensamento, verifica-se que a metodologia da pesquisa cientfica a melhor forma para abordar um proble-ma, ou seja, a forma disciplinada e sistematizada de investigar um problema levantado. A metodologia no procura solues, mas escolhe maneiras de encontr-las. Assim, o mtodo caracte-riza os passos a serem dados na busca do conhecimento, ou seja, o caminho planejado sistematicamente para se chegar a um fim.

    Esperamos que esteja claro para voc que nosso foco no contexto cientfico o conhecimento, conforme demonstra o es-quema a seguir, que representa nossas etapas conceituais:

    Cincia

    Metodologia

    Mtodos

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    Claretiano - Centro Universitrio

    Caderno de Referncia de Contedo

    Processos e Tcnicas

    Conhecer agir e intervir na realidade fato que a Metodologia da Pesquisa Cientfica tem funda-

    mental importncia para a vida acadmica, pois instrumentaliza o universitrio na busca do conhecimento. Dentre os vrios obje-tivos da universidade (ensino superior), esto o ensino e a divul-gao de procedimentos cientficos, a formao de cientistas e o desenvolvimento do conhecimento. Para tanto, torna-se crucial o estmulo do pensamento produtivo relacionado ao conhecimento sistemtico, criatividade e ao esprito crtico.

    Seu compromisso, neste momento, assumir a responsabili-dade de estudar, concentrando os recursos pessoais para captar e assimilar dados, relaes e tcnicas que o conduziro ao domnio de um "problema". Portanto, aprender significa obter resultado diante da atitude de estudar.

    Em nosso contexto, a metodologia o auxiliar durante o processo de investigao, pois, nesta etapa, tomar decises ade-quadas na busca do saber e na construo de um esprito crtico, bem como adquirir hbitos necessrios ao desenvolvimento e consolidao do conhecimento so cruciais para a formao aca-dmico-profissional.

    Em sntese:Estudo

    Busca de Informaes

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    Conhecimento Sistemtico e Resoluo de Problemas

    Segundo Severino: toda atividade desenvolvida no contex-to da vida de estudos universitrios deve fundar-se numa disci-plina lgica e rigorosa. Desse modo, devemos considerar que a metodologia nos conduza :

    1) Anlise das caractersticas que permitam distinguir cin-cia de outras formas de conhecimento, enfatizando o mtodo cientfico e no apenas o resultado.

    2) Anlise das condies em que o conhecimento cientfico construdo.

    3) Criao de oportunidades especiais para que voc (alu-no) se comporte cientificamente, levantando e formu-lando problemas, coletando dados para responder aos questionamentos, analisando, interpretando e comuni-cando resultados.

    4) Desenvolver hbitos de leitura crtica e produo de co-nhecimentos.

    5) Desenvolver competncias e referncias para elabora-o formal de trabalhos cientficos.

    Assim, seguindo o grupo de premissas anteriormente apon-tado, podemos, ainda, visualizar a metodologia subdividida em partes que conduziro sua formao.

    Metodologia relacionada ao modo de conhecer. Metodologia relacionada ao modo de planejar e de agir. Metodologia relacionada ao modo de fazer.

    A subdiviso proposta para a metodologia relaciona-se dire-tamente com o caminho que percorreremos juntos. Inicialmente, em sua vida acadmica voc desenvolveu competncias para bus-car o conhecimento, principalmente, pela leitura e anlise crtica de textos e artigos. Consideraremos esta como uma primeira eta-pa, j vencida.

    Em nosso estudo, iniciaremos com discusses relacionadas aos mtodos de pesquisa cientfica. Estes podem ser caracteriza-

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    Caderno de Referncia de Contedo

    dos como a ordem que se deve impor aos diferentes processos necessrios para se atingir um resultado desejado. No caminho que percorreremos no contexto cientfico para "buscar" conhe-cimento, voc deve entender por mtodo o conjunto de proces-sos empregados na investigao e na demonstrao da verdade. Contudo, o mtodo no inventado, ele depende do objeto de pesquisa. Para tanto, deve-se disciplinar o esprito, eliminar das investigaes o capricho e o acaso, adaptar o esforo empregado s exigncias do objeto a ser estudado e selecionar os meios e processos mais adequados.

    Pode ser que isso tudo parea muito complexo neste mo-mento; entretanto, reflita com muita calma e perceba que o mto-do de investigao possibilitar tudo isso, pois um bom e adequa-do mtodo torna-se fator de segurana e "economia" na cincia.

    Mtodos cientficos so as formas mais seguras inventadas para controlar o movimento das coisas que se relacionam com um fato e para montar formas de compreenso adequadas dos fen-menos. Bem, importante explicar fato e fenmeno no contexto da aplicao dos mtodos cientficos como forma de abordagem e estudo. Fatos acontecem na realidade independentemente de ha-ver ou no quem os conhea, mas, quando existe um observador, a percepo que ele tem dos fatos denominada fenmeno. Ainda em relao ao mtodo cientfico, possvel consider-lo como a expresso lgica do raciocnio associada formulao de argumentos que convenam os futuros leitores quando os resulta-dos encontrados forem apresentados. Portanto, uma vez apresen-tados os argumentos, estes tm a finalidade de informar, descre-ver ou persuadir sobre um fato. Para tanto, so utilizados termos, conceitos e definies.

    Neste momento, acreditamos que voc j tenha consigo que mtodo o conjunto das diversas etapas que devem ser rigoro-samente seguidas para a realizao da investigao, em que es-to implcitas as tcnicas. Podemos, portanto, chamar de tcnicas aqueles procedimentos que so utilizados por uma cincia.

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    Assim, h tcnicas associadas ao uso de certos testes em labora-trios, ao levantamento de opinies de massa, coleta de dados estatsticos, h tcnicas para conduzir uma entrevista, para deter-minar a idade por medies de carbono, para decifrar inscries desconhecidas, etc. (LIMA, 2012, n.p).

    As tcnicas em uma cincia so os meios adequados para executar as investigaes de interesse, em uma determinada cin-cia. Um bom pesquisador aquele que domina as tcnicas relacio-nadas cincia na qual est inserido.

    Em contrapartida, h um mtodo composto por suas tcni-cas que se torna fundamentalmente idntico para todas as cin-cias, compreendendo certo nmero de procedimentos (tcnicas), aplicaes cientficas levadas a efeito em qualquer tipo de pesqui-sa. Estes so: a observao, a descrio, a comparao, a anlise e a sntese. Os procedimentos citados possibilitam os seguintes propsitos:

    formular questes ou propor problemas e levantar hip-teses;

    efetuar observaes e medidas; registrar, cuidadosamente, possveis dados observados

    com intuito de responder as perguntas formuladas ou comprovar a hiptese levantada;

    elaborar explicaes ou rever concluses, ideias ou opi-nies que estejam em desacordo com as observaes ou com as respostas resultantes;

    generalizar e estender as concluses obtidas a todos os casos que envolvem condies similares. A generalizao tarefa do processo chamado induo;

    prever ou predizer, isto , antecipar que, dadas certas condies, de esperar que surjam certas relaes (CER-VO; BERVIAN, 1996, p. 46-47).

    Para finalizar nossos estudos, abordaremos um assunto im-portantssimo e ao mesmo tempo complexo, a Redao Cientfica.

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    Claretiano - Centro Universitrio

    Caderno de Referncia de Contedo

    Esta etapa de nossa jornada pode ser fundamentada nas palavras do professor Volpato (2007, p. 10):

    [...] a cincia e a escrita so duas formas singularmente humanas de inscrio no mundo. Fazer cincia, hoje, inclui o ato de escre-ver. Escrever cincia implica em comunicar idias, descobertas e suas interpretaes que traduzem uma novidade interpretativa do universo estudado, atravs de uma narrativa que tem como base a metodologia para a produo do conhecimento cientfico.

    Assim, a escrita cientfica uma etapa fundamental e indissocivel do fazer cincia.

    Temos certeza de que voc tem conhecimento sobre a ne-cessidade e a obrigatoriedade para produo e apresentao de seu respectivo trabalho de concluso de curso. Desse modo, o ca-minho planejado em nosso Caderno de Referncia de Contedo longo e, para chegarmos ao final (trabalho de concluso de cur-so), deveremos passar por trs etapas que, quando conquistadas e compreendidas, em uma sequncia lgica, possibilitaro o fazer cincia.

    Eis um belo e prazeroso desafio!

    Glossrio de Conceitos

    Este Glossrio permite a voc uma consulta rpida e preci-sa das definies conceituais, possibilitando-lhe um bom domnio dos termos tcnico-cientficos utilizados na rea de conhecimento dos temas tratados em Metodologia da Pesquisa Cientfica.

    Segundo Cervo e Bervian (2002, p. 23) [...] mtodo o con-junto de processos empregados na investigao e na demonstra-o da verdade.

    1) Tcnica: procedimentos cientficos utilizados por uma determinada cincia. Assim, representam a maneira para atingir um propsito bem definido, a partir de uma orientao bsica dada pelo mtodo.

    2) Processo: corresponde s etapas de operaes limita-das, ligadas a elementos prticos, concretos e adaptados a um objetivo definido.

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    3) Planejar: processo que leva ao estabelecimento de um conjunto coordenado de aes, visando consecuo de determinados objetivos.

    4) Projeto: ideia que se forma de executar ou realizar algo no futuro; plano, intento, desgnio.

    5) Termos: so palavras, declaraes, significaes conven-cionais que se referem a um objeto.

    6) Conceito: a representao, expresso e interiorizao daquilo que a coisa (compreenso). Trata-se da idea-lizao do objeto. uma atividade mental que conduz um conhecimento, tornando no apenas inteligvel essa pessoa ou essa coisa, mas todas as pessoas e coisas da mesma poca.

    7) Definio: a manifestao e a apreenso dos elemen-tos contidos no conceito, tratando de decidir em torno do que se duvida e/ou do que ambivalente.

    8) Comit de tica em Pesquisa: rgo vinculado ao Con-selho Nacional de Sade (CNS/MS) e que segue orien-taes da Comisso Nacional de tica em Pesquisa (CONEP), que o define como um colegiado de "mnus pblico" que deve existir nas instituies que realizam pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil. Foi cria-do para defender os interesses dos sujeitos da pesqui-sa em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro dos padres ticos (Normas e Diretrizes Regulamentadoras da Pesquisa En-volvendo Seres Humanos Res. CNS 196/96, II. 4).

    Esquema dos conceitos-chave

    Para que voc tenha uma viso geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 2), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhvel que voc mesmo faa o seu esquema de conceitos-chave ou at mesmo o seu mapa mental. Esse exerccio uma forma de voc construir o seu conhecimento, ressignificando as informaes a partir de suas prprias percepes.

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    Caderno de Referncia de Contedo

    importante ressaltar que o propsito desse Esquema dos Conceitos-chave representar, de maneira grfica, as relaes en-tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar voc na ordenao e na sequenciao hierarquizada dos contedos de ensino.

    Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende--se que, por meio da organizao das ideias e dos princpios em esquemas e mapas mentais, o indivduo pode construir o seu co-nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe-daggicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza-gem.

    Aplicado a diversas reas do ensino e da aprendizagem es-colar (tais como planejamentos de currculo, sistemas e pesquisas em Educao), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilao de novos conceitos e de proposies na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informaes so aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem.

    Tem-se de destacar que aprendizagem no significa, ape-nas, realizar acrscimos na estrutura cognitiva do aluno; preci-so, sobretudo, estabelecer modificaes para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, importante con-siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Alm disso, as novas ideias e os novos concei-tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas j existentes estruturas cog-nitivas, outros sero tambm relembrados.

    Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que voc o principal agente da construo do prprio conhecimento, por meio de sua predisposio afetiva e de suas motivaes internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor-

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    nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe-cimento sistematizado em contedo curricular, ou seja, estabele-cendo uma relao entre aquilo que voc acabou de conhecer com o que j faz parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponvel em: . Acesso em: 10 out. 2011).

    . Acesso em: 10 out. 2011).

    Figura1 Esquema de Conceitos Chaves do Caderno de Referncia de Contedo Metodologia da Pesquisa Cientfica

    Como possvel observar, o esquema anterior apresenta uma viso geral dos conceitos mais importantes do estudo relacio-

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    Claretiano - Centro Universitrio

    Caderno de Referncia de Contedo

    nado Metodologia da Pesquisa Cientfica. Seguindo esse mapa, voc poder transitar entre um e outro conceito e descobrir o ca-minho para construir seu processo ensino-aprendizagem.

    Note, inicialmente, que o mapa conceitual construdo com esferas. A escolha dessa forma geomtrica deve-se ao fato de que elas so mais adequadas para transmitir a ideia de totalidade, de interao e de relao com o todo. Foram evitadas as figuras geo-mtricas que tenham lados e ngulos, pois estas transmitem a ideia de compartimentos separados e independentes.

    Observamos que o Esquema de Conceitos-chave mais um dos recursos de aprendizagem que vem somar-se queles dispo-nveis no ambiente virtual com suas ferramentas interativas, bem como as atividades didtico-pedaggicas realizadas presencial-mente no polo. Lembre-se de que voc como aluno na modalidade a distncia, pode valer-se de sua autonomia na construo de seu prprio conhecimento.

    Questes Autoavaliativas

    No final de cada unidade, voc encontrar algumas questes autoavaliativas sobre os contedos ali tratados.

    Responder, discutir e comentar estas questes e relacion--las com a Pesquisa Cientfica pode ser uma forma de voc medir o seu conhecimento, ter contato com questes pertinentes ao as-sunto tratado e de lhe ajudar na preparao para a prova final, que ser dissertativa. Mais ainda: uma maneira privilegiada de voc adquirir uma formao slida para a sua prtica profissional.

    Bibliografia Bsica

    fundamental que voc use a Bibliografia Bsica em seus estudos, mas no se prenda s a ela. Consulte, tambm, as biblio-grafias complementares.

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    Figuras (Ilustraes, Quadros...)

    As ilustraes neste material instrucional fazem parte inte-grante dos contedos; no so meramente ilustrativas. Elas esque-matizam e resumem contedos explicitados no texto. No deixe de observar a relao dessas figuras com os contedos, pois rela-cionar aquilo que est no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formao intelectual.

    Dicas (Motivacionais)

    Este estudo far que voc participe ativamente da edu-cao como um processo de crescimento e de amadurecimento acadmico profissional, bem como na reflexo intelectual. Far, tambm, que voc se qualifique a produzir conhecimento. Procu-re manter-se concentrado nas explicaes tericas, nas questes relacionadas s prticas e compartilhe com seus colegas suas refle-xes e consideraes sobre as temticas discutidas. Ao comparti-lhar o que observamos com outras pessoas, temos a oportunidade de perceber o que ns e os outros ainda no sabemos. Observar, portanto, uma capacidade ou ainda uma competncia que nos remete maturidade.

    Voc, como aluno na modalidade EaD e futuro profissional, necessita de uma slida e consistente formao. Para a formao intelectual, voc contar com a ajuda do tutor a distncia, do tu-tor presencial e, principalmente, da interao com seus colegas. Sugerimos que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. importante que voc anote suas reflexes em seu caderno ou Bloco de Anotaes, pois, no futuro, poder utiliz-las na elaborao de seu Trabalho de Concluso de Curso ou futuras produes cientficas. Mesmo que suas reflexes no tenham uma utilizao imediata, elas o ajudaro a fixar os con-tedos na memria, a aprofundar as questes em sua mente e a guardar suas intuies no corao.

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    Claretiano - Centro Universitrio

    Caderno de Referncia de Contedo

    Leia os livros da bibliografia indicada, para que voc amplie seu conhecimento, corrija seus preconceitos e se lance a horizon-tes mais amplos. Coteje com o material didtico, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista s videoaulas.

    No final de cada unidade, voc encontrar algumas questes autoavaliativas que so importantes para a assimilao pessoal dos contedos apresentados e para que voc descubra a impor-tncia e o significado para sua formao. Indague, reflita, conteste, elabore resenhas, construa suas prprias opinies. Lembre-se de que: o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distncia participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e cola-borar com seus colegas e tutores.

    Caso voc precise de ajuda sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referncia de Contedo, entre em contato com seu tutor. Ele estar pronto a ajudar voc.

    3. E-REFERNCIAS

    UNIVERSIDADE PAULISTA. Noes gerais, conceito e etapas do projeto de pesquisa. Disponvel em: . Acesso em: 04 abr. 2012.URCAMP. Metodologia do Trabalho Cientfico I. Disponvel em: . Acesso em: 04 abr. 2012.

  • Claretiano - Centro Universitrio

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    EAD

    Mtodos de Pesquisa Cientfica

    1. OBJETIVOS

    Identificar os principais mtodos de pesquisa cientfica. Reconhecer a importncia do mtodo cientfico para a

    produo do conhecimento. Interpretar os vrios mtodos de pesquisa cientfica. Desenvolver o pensamento crtico.

    2. CONTEDOS

    Consideraes gerais sobre mtodos de pesquisa cient-fica.

    A Lgica da pesquisa: os processos do mtodo cientfico (formas de pensamento).

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    3. ORIENTAES PARA O ESTUDO DA UNIDADE

    Antes de iniciar o estudo desta unidade, importante que voc leia as orientaes a seguir:

    1) No se esquea de que nosso principal foco o conhe-cimento, e a metodologia o conduzir a ele de maneira disciplinada e duradoura.

    2) Utilize o Esquema de conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste Caderno de referncia de con-tedo. Isso poder facilitar sua aprendizagem e seu de-sempenho.

    3) Leia com frequncia as bibliografias recomendadas, pois, deste modo, sua viso em relao aos temas abordados ir se tornar cada vez mais ampla.

    4) Recomendamos a releitura dos textos deste material para melhor fixar seus contedos. Para isso, recomen-damos que faa pequenos apontamos com a finalidade de comparar e aprofundar pontos de destaque utilizan-do-se das fontes aqui elencadas e das que j indicamos como indispensveis para o estudo deste tema.

    4. INTRODUO UNIDADE

    Nesta unidade, convidamos voc a refletir sobre os princi-pais mtodos de pesquisa cientfica, bem como compreender a importncia de cada um deles para a produo do conhecimento e do pensamento crtico.

    Antes de iniciarmos nossos estudos acerca da Metodologia da Pesquisa Cientfica, sugerimos um breve retorno conceitual a uma das principais fundamentaes relacionada a este prazeroso caminho.

    Como voc pode notar, est presente em nosso contexto o conhecimento, palavra derivada do latim cognoscere, com signi-ficado etimolgico de "conhecer junto", "procurar saber", a qual mantm relao com a palavra grega gnosis, cuja traduo decorre

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    do prprio sentido de conhecimento. Podemos adquirir conheci-mento por vrias maneiras, como, por exemplo, utilizando direta-mente os rgos dos sentidos, os livros, as observaes, a internet e por muitas outras formas, visto que estamos na era do conheci-mento.

    Nesse sentido, trabalhar com disciplina e de modo siste-matizado permitir a voc indagar, levantar hipteses, trilhar um caminho para resolver problemas e, por fim, conhecer!

    Para chegarmos a este fim, precisamos de mtodo (lo-gia).

    Vamos l!

    5. CONSIDERAES GERAIS SOBRE MTODOS DE PESQUISA CIENTFICA

    Como exposto anteriormente, a busca do conhecimento deve ser sistematizada, deve-se trabalhar com rigor metodolgico. Esta forma de trabalhar (estudar) conduzir voc a conhecer e a interpretar a realidade na qual deseja mergulhar. Uma vez inseri-do no contexto, voc ter possibilidades de intervir; entretanto, dever estar fundamentado nos problemas levantados, os quais, por sua vez, devem sempre sustentar regras e aes adequadas construo do conhecimento.

    Vejamos algumas questes para posterior esclarecimento: o que devo fazer para percorrer este caminho? Como chegar ao co-nhecimento almejado?

    importante observar que, de modo geral, o mtodo possi-bilitar uma trajetria tranquila, direcionada e planejada. Assim, ele pode ser descrito como a ordem que se impe aos diferentes processos necessrios para se obter os resultados desejados. No entanto, tenha conscincia de que o mtodo no substituir o ta-lento, a inteligncia do pesquisador (sugerimos aqui uma autorre-

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    flexo: como est seu conhecimento? Voc tem realizado leituras frequentes relacionadas ao assunto que pretende desenvolver em seu trabalho de concluso de curso?), pois ele tambm tem seus limites. O mtodo, portanto, no ensina a encontrar grandes hip-teses, as ideias novas. Descobrir, encontrar respostas depende das competncias e da capacidade de reflexo do pesquisador.

    Um equvoco considerar que o mtodo cientfico possui virtudes milagrosas, pois ele no um modelo, uma frmula ou re-ceita que, quando aplicada, gera, sem margem de erro, resultados desejados. Mtodo um conjunto ordenado de procedimentos que se mostram eficazes na busca do conhecimento. fundamen-tal que voc entenda que o mtodo cientfico um instrumento de trabalho e que o resultado depender exclusivamente de seu empenho.

    No temos a pretenso de discorrer sobre a histria dos mtodos cientficos, mas cabe ressaltar que modificaes foram feitas com o passar do tempo e, consequentemente, outros mto-dos so propostos. Abordaremos aqui a viso moderna do mtodo com base nas consideraes de Bunge (2007, p. 84), segundo o qual: o mtodo cientfico a teoria da investigao. Assim, de acordo com Marconi e Lakatos (2009, n.p), o mtodo [...] alcana seus objetivos de forma cientfica, quando cumpre ou se prope a cumprir as seguintes etapas.

    So elas: a. descobrimento do problema ou lacuna em um conjunto de co-

    nhecimentos;

    b. colocao precisa do problema ou, ainda, a recolocao de um velho problema, luz de novos conhecimentos;

    c. procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema, ou seja, exame do conhecido para tentar resolver o problema;

    d. tentativa de soluo do problema com auxlio dos meios iden-tificados;

    e. inveno de novas ideias ou produo de novos dados empri-cos que prometam resolver o problema;

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    f. obteno de uma soluo (exata ou aproximada) do problema com auxlio do instrumental conceitual ou emprico disponvel;

    g. investigao das consequncias da soluo obtida em se tra-tando de uma teoria, a busca de prognsticos que possam ser feitos com seu auxlio. Em se tratando de novos dados, o exame das consequncias que possam ter para teorias re-levantes;

    h. prova (comprovao) da soluo e confronto da soluo com a totalidade das teorias e da informao emprica pertinente. Se o resultado satisfatrio, a pesquisa dada como concluda;

    i. correo das hipteses, teorias, procedimentos ou dados em-pregados na obteno da soluo incorreta. Este natural-mente o comeo de um novo ciclo de investigao (MARCONI; LAKATOS apud BUNGE, 2007, p. 84).

    Portanto, seguindo as autoras supracitadas: [...] o mtodo o conjunto das atividades sistemticas e racionais que com maior segurana e economia, permite alcanar o objetivo (proposto na investigao) conhecimentos vlidos e verdadeiros, traando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decises do cientista (MARCONI; LAKATOS apud BUNGE, 2007, p. 83).

    Diante deste contexto, podemos salientar que o mtodo pode ser visto como mtodo racional e mtodo cientfico, segundo Cervo et. al. (2007). Nesta linha, muitos autores identificam cin-cia com o mtodo, em que o objetivo descobrir a realidade dos fatos, que, ao serem descobertos, devem por sua vez, guiar o uso do mtodo.

    Considerando o mtodo cientfico, sabe-se que este con-duzido pela dvida sistemtica, metdica, e no se confunde com a dvida universal dos cticos, na qual uma soluo impossvel. Um bom pesquisador deve sempre ter ao seu lado a evidncia; caso contrrio, dever questionar e interrogar a realidade.

    No campo das cincias sociais, o mtodo deve ser aplicado de modo positivo, e no de modo normativo, o que significa que a pesquisa positiva deve se preocupar com o que , e no com o que se pensa que deve ser. condio essencial para qualquer in-

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    vestigao de carter cientfico que exista um problema observado ou sentido. O passo seguinte selecionar a matria a ser tratada, em que haja a necessidade de hiptese ou pressuposio que ir orientar, bem como possibilitar a delimitao do assunto que ser investigado. Nesse sentido, voc deve perceber e entender que h um conjunto de processos ou etapas que subsidiam o mtodo cientfico, como por exemplo:

    observao; coleta de dados; hiptese.

    A hiptese procura explicar provisoriamente as observaes de maneira simples e vivel, a experimentao que d ao mtodo, tambm, o nome de mtodo experimental, a induo da lei que fornece explicao ou resultado de todo o trabalho de investiga-o realizado e, por fim, a teoria que insere o assunto tratado em um contexto mais amplo.

    Como voc poder perceber, o mtodo cientfico possibilita observar, descrever, comparar, analisar e sintetizar, alm de opor-tunizar a utilizao de processos mentais de deduo e induo, ambos comuns a todo tipo de investigao, quer experimental ou racional. Segundo Nagel apud Cervo (2007, p. 29) [...] mtodo cientfico a lgica geral, tcita ou explicitamente empregada para apreciar os mritos de uma pesquisa.

    6. A LGICA DA PESQUISA: OS PROCESSOS DO M-TODO CIENTFICO (FORMAS DE PENSAMENTO)

    As distines entre mtodos e tcnicas sero expostas gra-dativamente. Entretanto, neste momento, necessrio estabele-cermos a distino entre induo, deduo, intuio e inferncia, uma vez que a escolha de um ou outro est diretamente relacio-nada escolha do mtodo e das respectivas tcnicas. Seguindo esse raciocnio, importante salientar que induo e deduo so formas de raciocnio ou argumentao, isto , formas de reflexo.

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    Tenha conscincia de que o pensamento alimentado pela realidade externa e torna-se produto da experincia. Todo pen-samento dispersivo, natural e espontneo. Em contrapartida, a reflexo requer esforo e concentrao voluntria e caracteriza-se por ser dirigida e planificada.

    No contexto da investigao cientfica, a observao re-curso ou estratgia crucial para o adequado desenvolvimento da pesquisa. Observar significa aplicar os sentidos a um objeto, a fim de obter conhecimento. Fica, portanto, claro que observar implica examinar, entender e auscultar os fatos.

    A observao na vida cotidiana caracteriza-se como vulgar ou espontnea e pode, ainda, ser caracterizada como observao cientfica, quando surge para complementar a observao comum (vulgar).

    A observao cientfica, ao contrrio, classificada segundo critrios de estruturao, participao do observador, nmero de observadores e local de observao. Seguindo critrios de estrutu-rao, temos:

    Observao assistemtica ou observao no estruturada, sem controle elaborado anteriormente e sem instrumental apropriado. Observao sistemtica ou observao planejada (controlada) es-truturada e realizada em condies controladas, pois os objetivos e propsitos da investigao so predefinidos (BARROS; LEHFELD, 1986, n.p.).

    Diante desse contexto, fundamental que, em ambas as observaes, o observador tenha competncia para notar e obter dados com imparcialidade, controlando suas opinies e interpre-taes. Seguindo critrios de participao do observador, temos:

    Observao no participante: tipo de observao em que o observador permanece fora da realidade a estudar. No h interferncia ou envolvimento do observador, o pes-quisador tem papel de espectador.

    Observao participante: o pesquisador participa da si-tuao estudada. Ele incorpora-se naturalmente ao grupo ou comunidade a ser estudada.

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    Ainda em relao observao, temos: observao individual, quando realizada por um nico

    pesquisador; observao em equipe, ou seja, vrios pesquisadores vo

    a campo com o mesmo objetivo.

    A observao pode ser feita em relao aos fenmenos en-contrados na realidade social, isto , feita no local onde se d o fenmeno. H, tambm, as situaes-problema criadas e observa-das em laboratrios.

    Por fim, sugerimos que voc se atente em relao ao proces-so de observao e tenha cuidado em no criar impresses subje-tivas (favorveis ou desfavorveis) em relao ao que se observa. Na lgica da pesquisa cientfica, temos a possibilidade de trabalhar ou utilizar alguns mtodos.

    Seguindo a linha de pensamento de Marconi e Lakatos (2007, p. 86), o mtodo indutivo caracterizado por um processo men-tal que parte de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, no contida nas partes examinadas. Tal mtodo fundamenta-se em premissas.

    Vejamos algumas premissas para posterior esclarecimento:1) O professor 1 competente.2) O professor 2 competente.3) O professor 3 competente.4) O professor N competente.5) Logo, todo professor competente.

    O argumento indutivo baseia-se na generalizao de pro-priedades comuns a certo nmero de casos at agora observados e a todas as ocorrncias de fatos similares que podero ser veri-ficados no futuro. Marconi e Lakatos (2007, p. 87) apontam que, em um trabalho que conduzido pela tica da induo, devemos considerar trs elementos fundamentais:

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    1) observao dos fenmenos nessa etapa observamos os fenmenos e os analisamos com a finalidade de desco-brir as causas de sua manifestao;

    2) descoberta da relao entre eles na segunda etapa, procuramos, por intermdio da comparao, aproximar os fatos ou fenmenos com a finalidade de descobrir a relao constante e existente entre eles;

    3) generalizao da relao nessa ltima etapa generaliza-mos a relao encontrada na precedente entre os fen-menos e os fatos semelhantes, muitos dos quais ainda no observamos (e muitos inclusive inobservveis).

    J o mtodo dedutivo caracterizado por um recurso meto-dolgico, no qual a racionalizao ou a combinao de ideias inter-pretativas vale mais que a experimentao de caso por caso. De forma prtica, podemos considerar que o raciocnio caminha do geral para o particular. As caractersticas bsicas que distinguem argumentos dedutivos dos indutivos so:

    Dedutivos:

    I. Se todas as premissas so verdadeiras, a concluso deve ser verdadeira.

    II. Toda a informao do contedo factual da concluso j estava pelo menos implicitamente nas premissas.

    Indutivos:

    I. Se todas as premissas so verdadeiras, a concluso provavel-mente verdadeira.

    II. A concluso encerra informaes que no estavam implicita-mente nas premissas (MARCONI; LAKATOS, 2007, p. 92).

    Diante deste contexto, podemos salientar que um ponto- chave nesta etapa de seus estudos, em relao aos dois mtodos apresenta-dos, que cada forma tem suas finalidades especficas. Portanto, o dedutivo tem o propsito de explicitar o contedo das premissas e o indutivo tem a finalidade de ampliar o alcance dos conheci-mentos.

    Ainda no contexto da investigao, temos a possibilidade da experimentao, que caracterizada por um conjunto de procedi-

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    mentos previamente estabelecidos para a verificao de hipte-ses. Este mtodo sempre utilizado em situaes de laboratrio, onde h controle de circunstncias e variveis que possam interfe-rir na relao da causa e do efeito que est em estudo.

    importante observar que hiptese comumente enuncia uma relao de antecedncia (varivel independente) e conse-quncia (varivel dependente) entre dois fenmenos. Assim, na experimentao, o foco descobrir a relao existente e qual a proporo de variao encontrada nesta relao.

    Por fim, dentro do contexto da investigao experimental, necessrio se utilizar de dois ou mais grupos. O grupo em que se aplica ou se retira a varivel experimental, ou varivel indepen-dente, denomina-se "grupo experimental", ao passo que o outro grupo constitui o grupo controle e, neste grupo, no se aplica o fator experimental. Desse modo, sob condies controladas rela-cionam-se os resultados, comparando-os com os do grupo experi-mental.

    Voc aluno das cincias sociais, tenha conscincia de que, em seu contexto, h muita restrio quanto aplicabilidade deste tipo de procedimento. Cientistas sociais argumentam que os experimentos intencionalmente controlados (programados) podem trazer desvios em seus resultados.

    7. QUESTES AUTOAVALIATIVAS

    Sugerimos, neste tpico, que voc procure responder s questes a seguir, que tratam da temtica desenvolvida nesta uni-dade, bem como que as discuta e as comente.

    A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante para testar seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder a essas questes, procure revisar os contedos estudados para sanar suas dvidas. Este o momento ideal para voc fazer uma

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    reviso do estudo desta unidade. Lembre-se de que, na Educao a Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma coo-perativa e colaborativa. Portanto, compartilhe com seus colegas de curso suas descobertas.

    Confira, na sequncia, as questes propostas para verificar seu desempenho no estudo desta unidade:

    1) Defina mtodo cientfico e discuta a importncia deste para sua formao acadmica.

    2) Discuta as etapas essenciais para que o mtodo atinja seus objetivos cient-ficos necessrios a uma investigao.

    3) Qual a importncia da observao no contexto da investigao cientfica?

    4) Diferencie mtodo indutivo de mtodo dedutivo.

    5) Fiquei com dvidas? Quais? Como posso elimin-las?

    8. CONSIDERAES

    Chegamos ao final da primeira unidade com a qual voc pde estudar os principais mtodos de pesquisa cientfica.

    Assim, por meio dos contedos abordados nesta etapa, voc dever ter adquirido competncias que o habilite a escolher qual o mtodo mais adequado sua investigao.

    A prxima unidade vai abordar conceitos relacionados s tcnicas de pesquisa cientfica, completando um ciclo fundamen-tal para a construo do projeto de pesquisa.

    At l!

    9. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BARROS, A. J. S.; LEHFELD N. A. S. Fundamentos de metodologia cientfica. 3. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.______. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciao cientfica. So Paulo: McGraw-Hill, 1986.

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    BOAVENTURA, E. M. Metodologia da pesquisa: monografia, dissertao e tese. So Paulo: Atlas, 2004. BOOTH, W. C.; COLOMB, G. G.; WILLIAMS, J. M. A arte da pesquisa. Traduo de Henrique A. Rego Monteiro. So Paulo: Martins Fontes, 2005. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; DA SILVA, R. Metodologia cientfica. 6. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: mtodos qualitativo, quantitativo e misto. Traduo de Luciana de Oliveira da Rocha. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. DEMO, P. Metodologia cientfica em cincias sociais. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1995.DONOFRIO, S. Metodologia do trabalho intelectual. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2000. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. So Paulo: Atlas, 2006. GONSALVES, E. P. Iniciao pesquisa cientfica. 4. ed. Campinas: Alnea, 2007. HULLEY, S. B. et al. Delineando a pesquisa clnica: uma abordagem epidemiolgica. Traduo Michael Schmidt Duncan e Ana Rita Peres. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. MAGALHES, G. Introduo metodologia da pesquisa: caminhos da cincia e tecnologia. So Paulo: tica, 2005. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia cientfica. 6. ed. So Paulo: Atlas, 2009. ______. Metodologia do trabalho cientfico. 6. ed. So Paulo: Atlas, 2006. MEDEIROS, J. B. Redao cientfica: a prtica de fichamentos, resumos e resenhas. 10. ed. So Paulo: Atlas, 2008. MOREIRA, D. A. O mtodo fenomenolgico na pesquisa. So Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. NAGEL, E. La estructura de la ciencia: problemas de la lgica de la investigacin cientfica. Buenos Aires: Paids, 1978. SEVERINO, J. A. Metodologia do trabalho cientfico. 22. ed. So Paulo: Cortez, 2002. VOLPATO, G. Publicao cientfica. 3. ed. So Paulo: Cultura Acadmica, 2008. ______. Bases tericas para redao cientfica: por que seu artigo foi negado? So Paulo: Cultura Acadmica, 2007. ______. Dicas para redao cientfica: por que no somos citados? 2. ed. Botucatu: Joarte Grfica & Editora, 2006.