Lima (2012) - Capítulo 3

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      o n c e i ~ a o

    Lima

    Copyright ©2012 Todos os direitos reservados a:

    o n c e i ~ a o

    Lima

    ISBN: 978-85-4160-283-9

    1• Ediyiio

    Novembro

    2012

    Direitos exclusivos

    para

    Lingua Portuguesa cedidos

    Biblioteca24horas, Seven System International Ltda.

    Rua Luis Coelho 320/

    3

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    z

    criminais e ~ civis.

    2

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    Conceic;:ao ima

    ACABOU SE 0 TEMPO DE ESPERA ..

    LINGUAGEM APRENDIZAGEM NA ERA DIGITAL

    N a O N t i P ~ d i C W e h h ~ m . M i b Q d r t ~ o m p u t a d o r l

    0¥6cl .-dl Rilhldo

    Ill

    Fonte:

    A tecnologia nos consti

    tu

    i, e inseparavel de n6s, de nossa

    cognic;:ao

    . Sendo assim , a tecnologia condiciona o nosso

    modo de conhecer e, portanto, a nossa

    educac;:ao

    Quando

    conseguiu par-se de pe , o novo ser humane (agora

    bipede

    deu ao seu cerebra

    as condic;:6es

    de crescer, trazendo, co

    mo consequencia, o incremento tambem

    de

    sua inteligencia.

    Foi a partir daf que conseguiu desenvolver a sua primeira

    grande tecnologia: a fala, a

    linguagem.

    3

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    Ciber

    Cultura

    iberLinguagem

    CiberE

    duc

    ac ao

    0 aparecimento da linguagem

    no

    homem condicionou to

    da a hist6ria de seu formidavel progresso em relac ao as

    demais especies animais. Eis porque, para bem entender o

    alcance das mudanc;as civilizat6rias, e precise abordar, an

    tes, a questao hist6rica fundamental do

    processamento da

    informac;ao e

    d

    comunicac;ao 

    por ser este o centro gera

    dor de toda a mutac;ao. Lucia Santaella nos fala de seis eta

    pas culturais, sendo que, em cada uma delas,

    os

    meios de

    comunicac ao tornaram-se inseparaveis dos modos de vida e

    de produc;ao dessa epoca:

    • Civilizac;ao oral ;

    • Civilizac;ao escrita;

    • Civilizac;ao impressa;

    • Cultura de massa;

    • Cultura das m fdias

    • Cultura digital (cibercultura).

    Esse processo de sucessao

    cultural costuma ser cumula

    tive: uma nova formac;ao comunicativa e cultural vai se inte

    grando na anterior, provocando nela reajustamentos e

    re-

    funcionalizac;oes. Nao

    ha

    duvidas de que alguns elementos

    sempre desaparecem (por exemplo, a substituic;ao do papiro

    pelo papel, da maquina de escrever pelo computador). En

    tretanto, embora em cada perfodo hist6rico a cultura fique

    sob o domfnio da tecnica mais recente, as formac;oes cultu

    rais anteriores nao morrem asfixiadas pela nova tecnologia.

    Tudo acontece gradualmente.

    0 que nao

    Se

    pode ignorar e que OS tipos de signos, de

    mensagens e de comuni

    cac ao

    que circulam num determina

    do meio acabam nao somente por moldar o pensamento e a

    criatividade dos seres humanos, mas tambem por propiciar

    o surgimento de novos ambientes socioculturais, visto que

    quaisquer mfdias sao inseparaveis das formas de socializa

    c ao e cultura que lograram criar. Assim , o advento de cada

    novo meio de comunicac;ao traz consigo um ciclo cultural

    que lhe e proprio.

    33

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      o n c e i ~ a o

    ima

    Da cultura de massa cultura das mldias

    A ultima metade dessas seis culturas civilizat6rias acima

    (a cultura das massas, a cultura das midias e a cultura digi

    tal) apareceu muito recentemente, a partir do seculo XX

    Mas elas vieram com

    tal

    forc;a (como

    se

    fora uma avalan

    che) que atropelaram e feriram   a milenar e tradicional so

    ci edade da era da escrita Dessa forma, a

    cultura de massa

    inaugurou a modernidade, trazendo em seu bojo o cinema, o

    radio e a televisao.

    Por volta dos anos 1980 (SANTAELLA, 2003b), intensifi

    caram-se cada vez mais os casamentos entre a linguagem e

    os meios de comunicac;ao de massa, produzindo-se

    as

    mensagens hibridas ou multimldias . Ao mesmo tempo,

    houve o surgimento de equipamentos e dispositivos que

    possibilitaram o aparecimento de uma cultura do disponlvel

    e do transit6rio: fotocopiadoras, videocassetes, gravadores

    de videos, equipamentos do tipo

    walkman

    e

    walktalk ,

    tudo

    isso acompanhado de uma florescente industria de filmes

    em video,

    videoclips

    e

    videogames,

    culm inando com a TV a

    cabo.

    Essas novidades inauguraram o consumo individualizado,

    em oposic;ao ao consumo massivo do processo comunicati

    vo anterior, vindo a constituir a nova cultura das mldias.

    Seu papel fundamental foi ode nos arrancar da inercia e da

    passividade diante das mensagens massivas impostas de

    fora e nos preparar para a nova era da interatividade digi

    tal que ja se prenunciava. Sua marca principal esta na bus

    ca dispersa, alinear, fragmentada (mas certamente individu

    alizada) da mensagem e da in form ac;ao . No dizer de Castel

    ls

    apud SANTAELLA, 2003b, p. 27) , a nova midia e a diver

    sificac;ao da audiemcia de massas.

    Dessa forma, a cultura das m idias instaurou, no inicio dos

    anos 1990, a p6s-modernidade. Ate entao, os estudiosos da

    linguagem nao se haviam apercebido da enorme ruptura

    estabelecida entre as novas tecnologias da comunicac;ao e

    da

    informac;ao e a velha pragmatica da com unicac;ao escrita

    impressa. Nao havia mais apenas uma linguagem a ver-

     4

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    CiberCultura CiberLinguagem i r E d u c a ~ a o

    bal , mas uma pluralidade de linguagens intersemi6ticas,

    ou seja, imagem, som , texto, design animac;:ao , simulac;:ao

    para realizar a comunicac;:ao e estabelecer a

    informac;:ao.

    Essa multimfdia, esse novo texto multimodal formam a

    base para o que chamamos de cultura das mfdias. Antes de

    1990, ninguem usara ainda a palavra mfdia. Agora, a midi

    amania esta af , empurrando a palavra para a marginalidade

    do texto e cobrando dos novos usuaries uma alfabetizac;ao

    semi6tica urgente.

    A tecnologia da multim fdia logo

    comec;:ou

    a ser gerada

    nos computadores, trazendo, pelo menos, tres novidades

    inesperadas ao mundo da comunicac;:ao e da

    informac;:ao

    :

    interatividade entre a informac;:ao e o usuario (impossfvel

    na comunicac;:ao de massa) , virtualidade (considerada co

    mo sin6nimo de variabilidade infinita) e

    digitabilidade

    (ar

    mazenamento das

    informac;:oes

    sob a forma de numeros, o

    que permite a essas

    informac;:6es

    uma recuperabilidade e

    uma reorganicidade infinitas).

    Segundo Santaella

    {http://www.arte.unb .br/6art/textos/lucia.pdf), 0

    passe

    seguinte foi dado pela tecnologia das telecomunicac;:6es em

    rede digitais e interativas, que introduziram a telerrob6tica e

    a telepresenc;:a, propiciando a que os signos desmaterializa

    dos passassem , entao, a viajar pelo

    espac;:o

    e pelo tempo,

    abrindo as portas para uma nova era: a civilizac;:ao digital.

    0 advento do digital

    0 aspecto sem duvida mais espetacular da era digital es

    ta no poder dos dfgitos para manipular toda e qualquer in

    formac;:ao

    (som, imagem, texto etc.)

    com um

    mesmo trata

    mento universal , uma especie de esperanto das maquinas.

    Grac;:as a digitalizac;:ao e compressao dos dados, todo e

    qualquer tipo de signo pode ser recebido, estocado, tratado

    e difundido via computador. Tendo na multimfdia sua lingua

    gem e na

    hi

    perm

    fdia

    sua estrutura, esses signos tornam-se,

    entao, disponfveis ao mais leve dos toques um simples

    click

    de

    um

    mouse 

    o

    roc;:ar

    dos dedos

    ou

    ate mesmo

    um

    prosaico

    gesto). Eis que, aliada a telecomunicac;:ao, a informatica

    35

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    C o n c e i ~ a o ima

    permite que esses dados cruzem oceanos, continentes, he

    misferios, conectando potencialmente, numa mesma rede

    gigantesca de transmissao e acesso, qualquer ser humano

    do globo.

    Como vimos, no limiar do terceiro milenio, coube

    ao

    ad

    vente da Internet marcar a nova

    mudanc;;a

    de paradigma

    acima mencionada: a sociedade

    m

    rede e a cultura digi-

    tal A todo o memento, novos computadores se interconec

    tam

    a

    rede.

    E cada novo n6 dessa rede pode gerar novas

    redes,

    em

    constante extensao, podendo tornar-se produtor

    ou em issor de informac;;6es novas e imprevisfveis, reorgani

    zando, por conta propria, toda a conectividade global.

    A prop6sito, a popularizac;;ao do termo c i e r e s p ~ o

     

    coube a Pierre Levy (2003a), que o utilizou para designar o

    novo ambiente cultural nao mais circunscrito aos livros ou

    aos meios de comunicac;;ao de massa,

    ou

    seja, o

    espar;o de

    comunicar;ao aberto pe/a interconexao mundial

    dos

    compu-

    tadores e das mem6rias dos computadores ( .. ) (p. 92, grifo

    do autor). importante e que o

    ciberespac;;o

    vem permitir a

    combinac;;ao de varios modos de comunicac;;ao,

    em

    graus de

    complexidade crescente: o correio eletr6nico, as conferen

    cias eletr6nicas, o hiperdocumento compartilhado, os siste

    mas avanc;;ados de aprendizagem

    ou

    de trabalho cooperati

    ve, enfim,

    os

    mundos virtuais multiusuarios.

    A existencia do ciberespac;;o trouxe a tona

    um

    novo tipo

    de realidade, a realidade virtual. Para Levy (p. 47, grifo do

    autor),

    E virtual toda entidade 'desterritorializada',

    capaz de gerar diversas manifestac;:6es con

    cretas em diferentes mementos e locais de

    terminados , sem contudo estar ela mesma

    presa a algum Iugar ou tempo em particular.

    2

    Segundo Pierre

    Levy

    (2003a,

    p.

    92), a palavra ci

    berespac;:o

      foi inventada

    em

    1984 par William Gibson, em seu romance de

    fic

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    CiberCultura

    berLin

    guagem & d u c a ~ a o

    Por sua vez, o neologismo cibercultura tambem foi cu

    nhado por Levy, para exprimir essa grande mutac;ao da es

    sencie

    c l = ~

    cultura,

    em

    func;ao do ambiente virtual que se de

    senvolve no ciberespac;o,

    em

    que a informac;ao certamente

    se encontra fisicamente situada em algum Iugar, em deter

    minado suporte, mas ela tambem esta virtualmente presente

    em cada ponto d rede onde seja pedida  (ibid., p. 48, grifos

    do autor).

    Tres princfpios basicos orientaram o funcionamento do l

    ciberespac;o e da cibercultura: a interconexao generalizada,

    a criac;ao de comunidades virtuais e a

    inteligencia c61etiva.

    Este ultimo, no dizer de Levy, representa a dimensao mais

    importante do ciberespac;o e da cibercultura, pois seria sua

    perspectiva espiritual , sua final

    id

    ade ultima, movida por dois

    valores  essenciais: a autonomia e a abertura para a alter

    i-

    dade:

    0 papel da informati

    ca

    e das te cnicas de co

    municac;:ao com base digital nao seria substi

    tuir o homem

     ,

    nem aproxi

      r

    -se de uma hi

    potetica inteligemcia artificial

     ,

    mas promover

    a construc;:ao de coletivos intel igentes , nos

    quais as potencialidades sociais e cognitivas

    de cada

    um

    poderao desenvolver-se e ampli

    ar-se de maneira recfproca (...)

    [e)

    servirao

    para filtrar o fluxo de conhecimentos , para

    navegar

    no

    saber e no pensar juntos (

    .

    .

    (LEVY, 2003b , p. 25 - 26, grifos do autor

    ).

    A participac;ao nesse espac;o funda-se num direito e sua

    construc;ao se aparenta com uma especie de imperative

    moral, porque somente esse novo universal e que

    da

    acesso

    atual inteligencia coletiva da especie humana.

    A cibercultura

    o

    p6s humano

    As novas tecnologias digitais da informac;ao e comunica

    c;ao mudaram tudo: nao apenas as formas do entretenimen

    to e do lazer, mas todas as esferas da sociedade: o traba

    lho, o gerenciamento politico, administrative e financeiro, s

    37

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    C

     

    cei

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    CiberCult

    ur

    CiberLingu gem & Cibe rE

    du

    cac; ao

    Levando em conta o impacto dessas mudanc;as no corpo

    humano, o desenvolvimento tecnol6gico aponta para as

    possibilidades de formas de existencia p6s-humanas que

    outro artista e te6rico, Roy Ascott

    apud

    Santaella, 2003b, p.

    32) , no seu visionarismo, vem chamando de p6s-biol6gicas,

    ou seja, a junc;ao do ser humano com o silfcio, a partir do

    desenvolvimento das nanotecnologias que, abaixo da pele,

    passarao silenciosamente a

    in

    teragir com as moleculas do

    corpo humano.

    Santaella (2003b,

    p

    32) confessa que a expressao p6s

    humano  e perturbadora e pode ate trazer muifos mal

    entendidos. Entretanto, esse termo vem sendo empregado

    por artistas ou te6ricos da arte e da cultura desde o infcio

    dos anos 1990. A expressao tem sido usada para sinalizar

    as grandes transformac;6es que as novas tecnologias da

    com unicac;ao estao trazendo para tudo o que diz respeito a

    vida humana, tanto no nfvel psfquico quanto social e antro

    pol6gico. Ha alguns autores que ate defendem a ideia de

    que se trata de um passo evolutivo da especie.

    De qualquer forma, nao podemos mais nos furtar a refle

    xao sobre

    as

    modificac;6es pelas quais o ser humano vem

    passando nessa era digital, nao somente mentais, mas tam

    bern corporais e ate moleculares. Estejamos, pois, alertas:

    os

    seres mutantes,

    os

    cyborgs

    nao sao mais mera

    ficc;ao

    cientffica.

    s sin is dos novos tempos

    Exagero? Nem tanto. Bil l Gates,

    em

    um artigo

    depoimento publicado na separata especial

    Tecnologia ,

    edi

    tada pela revista

    Veja

    em agosto de 2007, anuncia a chega

    da ao mercado dos aparelhos que complementam o teclado

    com recursos de reconhecimento de voz, visao, tato e escri

    ta manual e acabam com a fronteira entre os idiomas  (p.

    69).

    Respondendo aos que lhe perguntam

    se

    revoluc;ao digi

    tal

    esta desacelerando, Bill Gates declara que, muito pe lo

    contrario, essa revoluc;ao somente agora esta tomand o cor-

    39

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    Conceic; ao

    ima

    po: transforma

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    12/18

    Ci erCul tura  

    Ci

    berLingu gem

    &

    e r E d u c a ~ a o

    vamos correndo o risco de nos tornarmos novamente anal

    fabetos, desta vez

    em

    linguagem digital.

    Na era da cibercultura, o portador direto

    do

    saber nao

    seria mais a comunidade ffsica e sua memoria carnal, mas o

    ciberespac;:o  (LEVY. 2003a, p. 164). 0 que

    e

    necessaria

    aprender nao pode mais ser planejado nem definido com

    precisao e com antecedencia: sao conhecimentos emer

    gentes, abertos, continuos,

    em

    fluxo, nao lineares ( ..) (ibid. ,

    p. 158). A fluidez dos saberes implica outro aspecto preocu

    pante e fundamental: a rapida perecibilidade dos conheci

    mentos. Eis porque hoje, a maioria dos saberes adquiridos

    no infcio de uma carreira ficam obsoletes no final de um per

    curse profissional, ou mesmo antes  (LEVY, 2003a, p. 173).

    0 que nos resta a nos, pensadores, pesquisadores e

    mestres perante essa sociedade

    em mutac;:ao

    que nos desa

    fia? Antes de tudo e fundamental

    compreender a fundo a

    complexa tecnologia digital que nos envolve. Nao podemos

    continuar nos dando ao luxo de permanecermos analfaby-

    tes na era da cibercultura. A escola nao pode continuar

    ignorando a realidade digital , na qual

    os

    alunos j se acham

    imersos desde o nascimento.

    Conforme nos adverte Santaella

    (http://www. pucsp/br/pos/cos/epe/mostra/santaell. htm ), des

    de o advento da cultura de massa que,

    fora e alem do livro, h8 uma multiplicidade de

    modalidades de leitores. Ha o leitor da ima

    gem , desenho, pintura , gravura , fotografia .

    Ha

    o leitor do jornal , revistas . Ha o leitor de grati

    cos , mapas, sistemas de nota

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      o n c e i ~ a o Lima

    pel , saltou para a superffcie das telas eletr6-

    nicas, enfim, o leiter das arquiteturas lfquidas

    da hipermfdia , navegando no ciberespa

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    Cib erCul tura CiberLinguagem Cibe rEdu a

    c

    o

    do autor para se tornar um processo colaborativo de leitura

    e escrita simultaneas.

    Em se

    tratando de conteudos educacionais, o enfoque se

    desloca da simples leitura ocasional e descompromissada

    para a leitura como instrumento do processo de ens

    in o-

    aprend izagem . Eis o cerne de novas e graves complica

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    Conceic;ao Lim

    c;ao industrial

    em

    massa, no qual

    as

    crianc;as passam de

    uma serie a outra, numa sequencia de materias padroniza

    das como se fosse uma linha de montagem industrial. Tam

    bem , a fluidez dos saberes implica outro aspecto preocupan

    te e fundamental que resulta na rapida perecibilidade dos

    conhecimentos. Eis porque hoje, a maioria dos saberes

    adquiridos no inicio de uma carreira ficam obsoletes no final

    de urn pe rcurso profissional , ou mesmo antes  (LEVY,

    2003a, p. 173).

    que muda, pois, na alfabetizac;ao, no letramento, nos

    processes educacionais de internal izac;ao das formas comu

    nicacionais nesta cultura digital? Parece-nos que

    as

    rupturas

    sao tao radicais que exigirao urn repensar de alguns dos

    elementos basicos da escola. Em primeiro Iugar, deveremos

    rever nossos referenciais te6ricos. Piaget (1983) , Vygotski

    1

    993) e tantos outros ilum inaram a reconstruc;ao dos meto

    dos e processes de

    al

    fabeti

    zac;ao

    na escola, visando garan

    tir ao aluno urn papel mais ativo.

    Grac;as

    a eles, pudemos

    saber um pouco mais sobre como o aluno pensa e como

    constr6i o conhecimento. Hoje, mudando as formas de cons

    truc;ao do saber, teremos que voltar a pensar esses pressu

    postos. Para comec;ar, e precise verificar quem e o sujeito

    da educac;ao hoje. Ja sabemos, logo de saida, que e alguem

    que interage com uma maquina, urn dispositive mediador a

    partir do qual (re)conhece o mundo.

    Tambem , deveremos rever nossos curriculos. A escola

    estruturalista dos saberes prontos, definidos, acabados e

    descontextualizados sera desestabilizada pelo descentra

    mento, pela continua produc;ao e negociac;ao de sentidos e

    de novos discursos, pelas con

    st ruc;

    6es abert

    as

    e

    as

    pa isa

    gens inusitadas. Os conteudos deixarao de se percorrer

    como paginas de urn livro a fim de se tornar janelas de urn

    hipertexto, em multiplas dimens6es, que se interconectam e

    interpenetram. Essas janelas deixarao entrar luzes imprevis

    tas.

    Outro ponto fundamental : ~ e que § r-

      n a escola, a partir do

    s_i

    nstrumeQLos t ~ c n o l g i c o s sao

    ~

    o t ~ m n ~

     

    novas. Pela primeira vez na hist6ria, a tecnologla

    44

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 3

    16/18

      berCu

      u

    ra berLinguagem

    &

    lb rEdu a o

    da domina9ao e mais conhecida pelo domina

      o

    do que pelo

    dominador. Ou seja, o professor, que ate pouco tempo trazia

    o saber, a norma culta, a escrita correta para os nao letra

    dos perdeu a corrida tecnol6gica e arrisca-se a tornar-se

    novamente um analfabeto (melhor dizer analfabyte ). Hoje o

    educando parece ser o que melhor domina os instrumentos

    simb61icos do poder, o aparato de maior prestfgio: as tecno

    logias virtuais.

    0 quarto ponto e a necessidade de se reinventar a profis

    sao de professor.

    0

    novo estilo de ensino-aprendizagem

    requer um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mes

    mo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendiza

    gem coletiva em rede, na qual o professor e incentivado a

    tornar-se um animador da inteligemcia coletiva de seus gru

    pos de alunos

    em

    vez de um fornecedor direto de conheci

    mentos  (Levy, 2003a, p. 158).

    Assim , neste terceiro milenio, talvez fosse melhor reca

    racterizar o professor como um engenheiro ou arquiteto do

    saber, numa nftida referenda

    a

    nova arquitetura cognitiva a

    ser exigida dos aprendentes: o ensinar a aprender, a Mateti

    ca

    ,

    em

    vez da simples Didatica, do puramente ensinar. Em

    termos comportamentais , pensa-se agora no

    dinamizador

    de grupos

    dedicado a ajudar

    os

    estudantes a descobrir

    as

    formas pelas quais se chega ao saber, os processes mais

    eficazes e o dialogo possfvel entre

    as

    disciplinas.

    0 grande problema do Brasil e que, na area polftico

    pedag6gica, nao se pode ignorar a proverbial parcimonia

    (melhor seria dizer avareza ou ate descaso) de nossos go

    vernantes quando se trata de investir

    em

    educa9ao. Tam- '

    bem

    ha

    q

    ue

    se pensar na desconfian9a para com a aprendi

    zagem

    online 

    principalmente se se trata de realiza-la

    a

    dis-

     

    tancia (o que representa um contrassenso num pafs de pro-'

    por96es continentais como o nosso) .

    /

    Na escola brasileira atual , a maioria dos educadores sa-

    be  por ouvir dizer das

    e,

    nao raro torce o nariz  para as)

    novas tecnologias digitais aplicadas

    a

    educa9ao, sem jamais

    se dar ao trabalho de explora-las seriamente. Uma parcela

    consideravel, alias, nunca botou a mao num computador,

    45

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 3

    17/18

    Conceir;:ii o Lima

    emoora e1es Ja

    seJam

    uma pec;a comum

    em

    nossas pr6prias

    casas e ate nas nossas pr6prias maos. 0 que dizer, entao,

    das novas compet€mcias tecnol6gicas e cognitivas que o

    uso da parafernalia virtual exige?

    Alem disso, temos a velha acomodac;ao docente que, en-

    castelada

    em seu

    pseudo saber, nao pretende facilmente

    ceder espac;o para inovac;6es tecnol6gicas que nao conhece

    ou nao domina e na qual finge matreiramente nao acreditar.

    Por ultimo, a propria condic;ao dos discentes ainda nao afei

    tos

    as

    tecnologias digitais uma boa parcela de nossa popu

    lac;ao

    ainda se acha social e digitalmente nao inclufda) e ja

    instrumentalizados pelas velhas competencias do texto im

    pressa, que salvo raras excec;6es) sentem-se altamente

    incomodados com

    as

    barreiras da nao linearidade e da

    fragmentac;ao do texto virtual , alem de se sentirem amedron

    tados com dinamica que os processes digitais demandam .

    Somando-se tudo isso, percebe-se que nao sera facil ao

    paradigma digital impor-se como uma necessidade impres

    cindfvel na atual conjuntura educacional brasileira.

    0 enfrentamento dessa batalha tem de ser realizado em

    tres frentes simultaneas: a primeira diz respeito as pesqui

    sas para se adequar a nova realidade virtual as exigencias

    o

    processo de ensino-aprendizagem . A segunda e a mais

    complicada), consiste na sensibilizac;ao das varias instan

    cias escolares quanta a necessidade da implementac;ao

    urgente das tecnologias digitais

    em

    todos nfveis de escolari

    zac;ao

    Como se sabe, nao e facil falar de computadores, de

    ciberespac;o e de cibercultura para pessoas que nao tem

    que comer, nem onde morar e nao conseguem ainda aces

    sar

    ou

    assim ilar nem mesmo a escola da era da escrita. A

    terceira e exatamente informatizar rapidamente o espac;o

    educacional e legislar para que a nova escola virtual se es

    tabelec;a na pratica, vista que ~ e tijolo, areia, ci

    mento e cal

    ~ t o

    se tornando demasiado caras para abrigar

    todos os que

    af

    estao a clamar por

    e f f i i ~

    especialmente

    na area de formac;ao e atualizac;ao profissional.

    6

  • 8/19/2019 Lima (2012) - Capítulo 3

    18/18

     ibe r ul tu ra   ibe r ingu  gem CiberEduca.;ao

    ASCOTT, Roy.

    Telematic embrace:

    visionary theories

    o

    art  technology 

    and consciousness. Berkeley: Un iversity of

    a

    li

    ornia Press, 2003.

    GATES, B. A hora

    da

    co lheita.

    n : Veja Especial TECNOLOGIA.

    Ago.

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    A inteligencia coletiva:

    por uma antropologia do ciberes

    pa