IV COLÓQUIO OSMAN LINS - Departamento de Teoria...

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IV COLÓQUIO OSMAN LINS nove novena noventa CADERNO DE RESUMOS 21 a 23 de outubro de 2014 FFLCH IEB USP

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IV COLÓQUIO OSMAN LINS

novenovena

n o v e n t aC A D ER N O D E R E S U M O S

2 1 a 2 3 d e o u t u b r o d e 2 0 1 4

F F L C H I E B U S P

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

Reitor: Prof. Dr. Marco Antonio Zago

Vice-reitor: Prof. Dr. Vahan Agopyan

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

Diretor: Prof. Dr. Sérgio França Adorno de Abreu

Vice-diretor: Prof. Dr. João Roberto Gomes de Faria

INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS

Diretora: Prof.a Dr.a Sandra Margarida Nitrini

Vice-diretora: Prof.a Dr.a Marina de Mello e Souza

DEPARTAMENTO DE TEORIA LITERÁRIA E LITERATURA COMPARADA

Chefe: Prof. Dr. Fábio de Souza Andrade

DTLLC

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APOIO :

Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada

Instituto de Estudos Brasileiros

CAPES

CNPq

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Prof.ª Dr.ª Sandra Margarida Nitrini - FFLCH/USP

Prof.ª Dr.ª Marisa Balthasar Soares

Prof.ª Dr.ª Maria Teresa Dias

Dr. Nelson Luiz Barbosa - Pós-doutorando IEB/USP

Dr. Hugo Almeida

Dr. Francisco José Rocha - Pós-doutorando IEB/USP

Darcy Attanasio Taboada Ramos - FFLCH/USP

Eder Rodrigues Pereira - FFLCH/USP

Elisabete Marin Ribas - IEB/USP

Fabíola Moura

Rosângela Felício dos Santos

Thais de Nazaré Sarmento - FFLCH/USP

COMISSÃO CIENTÍFICA

Prof.ª Dr.ª Ana Luiza Andrade - UFSC

Prof.ª Dr.ª Cleusa Rios Pinheiro Passos - FFLCH/USP

Prof.ª Dr.ª Telê Ancona Lopez - IEB/USP

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Relendo o gesto crítico-criativo de Osman Lins: a dobra da linguagem

Ana Luiza Andrade - UFSC

Na releitura de Osman Lins de Missa do Galo de Machado de Assis a cumplicidade entre a casa e o relógio está para a ordem do quadrado assim como a desordem se revela de um texto secreto de “informações confidenciais”, entre a visão e a leitura que se desdobra, acrescentada, em espiral. Este gesto crítico-criativo do texto, ao se desdobrar de Guerra sem testemunhas a Avalovara através de espelhamentos, de jogos de luz e sombra, de fendas, interrelaciona-se e legitima-se no gesto calculado e construtivo que caracteriza o ato de escrever de Osman Lins. O barroco da imagem e da palavra se tecem, portanto, em suas polaridades (des)ordenadas. Por isso a palavra em meio à transformação, princípio de linguagem do drama trágico lutuoso, de acordo com Walter Benjamin, é a mesma palavra em seus dois nascimentos (em síntese: entre a ameaça de petrificação trágica e a criação sentimental) tanto no texto-retábulo como no Avalovara de Osman Lins, para citar dois exemplos. Pretende-se dar continuidade neste estudo, a uma releitura já esboçada desde um gesto brechtiano de Lins iniciada em artigo de dez anos atrás. Aqui, a proposta é a de que este gesto se funda na linguagem barroca benjaminiana.

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A questão do sagrado no Retábulo de Santa Joana Carolina, de Osman Lins

Antônio Máximo Ferraz - UFPA

Na comunicação serão apresentadas as estratégias compositivas que propiciam a irrupção do sagrado no Retábulo de Santa Joana Carolina, narrativa integrante do livro Nove, novena (1966), de Osman Lins. Paralelamente, refletir-se-á sobre a dimensão crítica que anima o texto, demonstrando que a hierofania ali encenada vai de encontro tanto à fragmentação do conhecimento, típica do mundo contemporâneo, quanto à instrumentalização da vida, da natureza e da linguagem.

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Loucura e representação literária em A rainha dos cárceres da Grécia, de Osman Lins

Carolina Duarte Damasceno - UFU

Em “Os futuros inquisidores”, Osman Lins observa: “Pessoalmente, acho que uma visão não naturalista é muito mais rica e abre mais vias de acesso ao real que a visão naturalista”. De fato, a premissa de que uma representação menos filiada a uma matriz realista-naturalista permite uma visão mais ampla e aprofundada do “real” perpassa grande parte da obra ficcional do escritor pernambucano. Este estudo se propõe a discutir como a reflexão presente nesse importante artigo de 1973 encontra ecos em A rainha dos cárceres da Grécia, vinculando-se aos desdobramentos do tratamento dado à temática da loucura. Assim, a partir da análise do suposto desequilíbrio mental de Maria de França, será mostrado como a ideia de loucura, bastante relativizada nesse livro de 1976, desencadeia discussões sobre os alcances da representação literária e assinala uma desconfiança face à pretensão de representar de forma objetiva a realidade convencional.

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Prolongamentos de Avalovara: relações de Zila Mamede, Gilvan Lemos, Esdras do Nascimento e Sílvio Fiorani com o romance de Osman Lins

Eder Rodrigues Pereira - FFLCH/USP

O romance Avalovara sistematiza em sua tessitura uma ampla rede intertextual, permitindo assim a recomposição dos seus elementos de continuidade, seus prolongamentos e rupturas com a tradição literária. As inovações feitas por Osman Lins marcam uma renovação no gênero romanesco e diante disso seria possível pensar qual a contribuição da obra para a Literatura Brasileira. Nessa direção, esta comunicação faz algumas considerações sobre os livros Navegos, de Zila Mamede, Cecília entre os leões, de Gilvan Lemos, Variante Gotemburgo, de Esdras do Nascimento e Investigação sobre Ariel, de Sílvio Fiorani, investigando a partir de relações temáticas e estruturais como estas obras dialogam ou se aproximam de Avalovara.

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Refletindo o rio: imaginá(rio), misté(rio), equilíb(rio), territó(rio), murmú(rio)

Elizabeth Hazin - UnB

Entre os textos escritos pelo personagem Abel e dados ao conhecimento do leitor nas páginas de Avalovara, encontram-se os fragmentos de A Viagem e o Rio, por ele próprio denominado ensaio. A Viagem e o Rio integra a linha temática e Abel: Encontros, Percursos, Revelações e emerge - pela primeira vez - na sétima passagem da espiral sobre a letra R da frase de Loreius. Os fragmentos, todos em itálico, aparecem no romance em número de onze (além das duas passagens referenciais, em que tece comentários com Abel sobre o manuscrito) e têm como assunto “o tempo mítico e suas relações com a narrativa”, conforme as palavras de seu autor. Partindo da leitura de texto de Mircea Eliade, o trabalho que aqui se anuncia pretende refletir sobre as relações entre Mito e Tempo, entre Sagrado e Profano e, sobretudo, entre Reversibilidade e Irreversibilidade Temporal, na tentativa de demonstrar como os fragmentos dispostos no romance espelham as ideias que se encontram disseminadas ao longo das quatrocentas páginas do texto, aspecto significativo em obra que constantemente alude à parte e ao todo, ao microcosmo e ao macrocosmo.

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A cabeça levada em triunfo - O último romance de Osman Lins fora dos arquivos

Francisco José Rocha - IEB/USP

O objetivo da comunicação é apresentar o último e inacabado romance de Osman Lins, A cabeça levada em triunfo. O estabelecimento do texto do romance foi fruto de um trabalho de pesquisa nos arquivos do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB - USP) e da Fundação Casa de Rui Barbosa. Também por meio da análise dos manuscritos, propôs-se uma interpretação do processo de criação da obra, bem como de seu fundo simbólico.

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O voo da criação literária: procura, verdade e ser; ser verdade e procura em Avalovara, de Osman Lins

Harley Farias Dolzane - UFPA

Procura-se uma abertura na compreensão do sentido da literatura imbricada no mistério da criação artística a partir das figurações em Avalovara (1973), de Osman Lins. Interpretar tal romance é um percorrer questões fundamentais subjacentes ao revestimento conceitual instaurado ao longo da modernidade. Ao resgatar a instância poética da narrativa, Avalovara projeta o fazer artístico na dimensão mítica que é Linguagem acontecendo em seu silêncio. Trata-se de uma narrativa que já não apenas representa, mas encena questões, realizando-as na tessitura de seus elementos. O romance procura sentido para realidade questionando a tradição mimética essencialista e subjetivista e, nesse procurar, desvela-se o seu sentido de ser, o seu ser-obra de arte. Reaviva-se a referência essencial entre arte (Tekhne) e verdade (Aletheia), pois se esta é a dinâmica de re-velação do real retraindo sua realidade em tudo o que se manifesta, a obra de arte é o que dinamiza, pondo em ação (Poiesis) o vir a ser das coisas. Nelas e por elas, quer dizer, nas coisas fenomenologicamente consideradas a pro-cura se dá revelando-se em cada palavra. Procurando pela verdade, o homem, coisas entre coisas, pode se reintegrar com a realidade de ser, é pro-curado; Abel, o humano, o artista, o escritor pode reingressar no paraíso pelo exercício do amor pleno que há no cuidado (Cura em latim) para com as coisas em seu silêncio: Linguagem que acolhe não só o poder criativo da literatura, mas também da própria existência humana.

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Osman Lins, professor de romance

Hugo Almeida

Os romances Avalovara e A rainha dos cárceres da Grécia, os ensaios Guerra sem testemunhas e Lima Barreto e o espaço romanesco e os artigos e entrevistas reunidos em Evangelho na taba podem ser lidos como aulas de literatura, principalmente de romance. Osman Lins foi não apenas um escritor magistral, mas também um grande professor de romance, como pode-se perceber nas lições sobre o gênero (como escrever e como ler) presentes sobretudo em seus dois últimos livros. Para mim, o doutorado em Letras de Osman Lins vai além da tese sobre Lima Barreto - ele se materializa ainda no romance A rainha dos cárceres da Grécia, escrito e publicado pouco depois.

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Corpos-mundo: a composição da personagem em Avalovara

João Vianey Cavalcanti Nuto - UnB

Em entrevista, Osman Lins afirma sobre suas personagens: “Nas narrativas de Nove, novena, elas começam a fugir à pura carnalidade. Vistas a partir de um enfoque não naturalista, passam a ser compostas de “materiais” novos, como a Z.I. de 'Perdidos e achados', que é feita “de bichos ajustados”: pássaros noturnos, besouros etc. Isto prefigura soluções ainda menos convencionais, como a Anneliese Roos, de Avalovara, que é feita de carne e de cidades. Ao fazer isso, contribuo para uma nova concepção de personagem romanesca. Creio que enriqueço, assim, o campo do imaginário. Induzo a mente do leitor a adaptações insólitas, liberando-o de uma interpretação mecânica, hirta, das coisas.”

Este trabalho tem como objetivo analisar e interpretar as personagens protagonistas femininas de Avalovara, com base na teoria de grotesco de Mikhail Bakhtin. Pretende-se demonstrar, na análise, que o autor combina alguns elementos do estilo grotesco para a construção de corpos cósmicos, cada personagem trazendo uma imagem mundo específica inscrita em seu corpo. A análise também pretende interpretar as possíveis implicações ideológicas da composição de cada personagem.

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Das partes e do todo - considerações sobre a composição de Avalovara

Leny da Silva Gomes - UniRitter

À primeira vista um padrão razoável na composição de Avalovara é a progressão aritmética dos capítulos com variações entre as bases de 10, 12 e 20 linhas. O giro da espiral sobre cada letra do quadrado mágico que dá a sequência dos temas e de seus respectivos capítulos é apenas uma das ordens possíveis; é uma ordem da superfície na forma mais ampla do romance. As epígrafes, algumas afirmativas do autor e as possibilidades de ordenação segundo a Divisão Áurea, que gera uma proporção harmônica, sugerem que Avalovara tenha seu princípio composicional não apenas na aritmética, mas na matemática relacional, geométrica. Essa linguagem matemática diz respeito à analogia entre as partes e o todo, de modo que as partes estejam relacionadas entre si e, da mesma forma, com o todo. Dessa maneira, representa-se a integração do físico com o metafísico, do homem com o Cosmo, da cultura brasileira com a europeia, do erudito com o popular, das inovações com a tradição, num infindável movimento espiralado. Propõe-se demonstrar que há, além da ordem aritmética de linhas e de disposição dos temas conforme a incidência da espiral sobre as letras do palíndromo, uma outra ordem (ou outras ordens) na composição da narrativa.

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Sinuosos trajetos: considerações sobre Um ponto no círculo

Loide da Silva Chaves - UnB

A narrativa 'Um ponto no círculo', reunida na obra Nove, novena, de 1966, apresenta-se como uma espécie de súmula da busca estética de Osman Lins. Povoada de referências oblíquas ao fazer artístico e de recursos formais que ensaiam uma inovação da maneira de narrar, a obra põe em discussão um permanente questionamento sobre o fazer literário que se imbrica com a própria ação narrada. Por entre essa dupla articulação, de simultaneamente narrar e questionar os meios e a matéria, irrompe uma prosa poética que se declara como artifício sem, no entanto, se descuidar de seu ritmo e do movimento dançante próprio da poesia. Esse movimento, para além da construção formal, afigura-se no apoteótico percurso da personagem feminina na ação narrada, cujo transitar pelos degraus, pelo quarto e pelas variadas passagens da história da humanidade remete a uma errância não estranha à atmosfera de busca. Aproxima-se essa rota da de Ulisses, na Odisseia, em direção ao canto insólito das sereias, cuja cena também arrasta consigo narrativa e ação, conforme descreve Maurice Blanchot em O livro por vir. A comunicação busca, então, aproximar esses dois percursos e assinalar suas possíveis ressonâncias, tendo como norte o trajeto de natureza sinuosa em busca de um fenômeno inumano, que é o do canto das sereis e o da descoberta do quadro no quarto de pensão para o qual se lança a personagem osmaniana.

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Cecília e Guernica, uma aproximação possível

Luciana Barreto - UnB

É notório que Osman Lins incorpora em Avalovara diversos recursos da estética medieval, como o aperspectivismo, signos bíblicos, simultaneidade espaço-temporal. Mas é possível identificar na escrita osmaniana também um diálogo com a arte moderna, a partir da incorporação à narrativa de artifícios expressivos dos movimentos das vanguardas artísticas do início do século, como o Cubismo. Caracterizado pela desestruturação da obra em seus elementos e a sua posterior reorganização, o Cubismo recusa a ideia da arte como imitação da natureza e representação imediata do real. Pelo uso de perspectivas múltiplas e entrecruzamento de narrativas, tempos e espaços, este trabalho pretende aproximar a cena final que susta o idílio entre Abel e Cecília, culminando com a morte dramática de sua amante e a dispersão dos seres socialmente oprimidos que nela habitam, bem como as figuras do cavalo agonizante e da aflitiva Pietá, ao mural Guernica, ícone da arte antifascista, pintado por Pablo Picasso para ilustrar o bombardeamento da cidade espanhola pelo governo franquista.

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O edifício Martinelli em Avalovara, de Osman Lins

Margot Caruccio - Unisino/UniRitter

Este trabalho reflete sobre a representação do edifício Martinelli em Avalovara como moradia de , personagem feminina principal do romance e último amor de Abel, também protagonista. Símbolo de ascensão urbana o edifício arranha-céu invade as cidades na virada do século XIX para o XX. Em São Paulo, é exemplar o edifício Martinelli, inaugurado com toda pompa no final dos anos vinte. Após um período de quarenta anos de glórias, o edifício entra em decadência. A escuridão dos corredores do Martinelli, vivenciada pela personagem , o mau cheiro que exala de certos andares, a violência dentro do edifício e os elevadores constantemente estragados são indícios da decadência e estagnação que inundou o país nestes “anos de Chumbo.” Escrito na época da ditadura militar, Avalovara questiona o que significa criar em um país sufocado pela opressão política e as conseqüências nefastas da ditadura militar.

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Entre o diálogo e o fluxo - Os confundidos, de Osman Lins

Maria Aracy Bomfin - UFMA/UnB

Análise da narrativa 'Os confundidos', integrante de Nove, novena, de Osman Lins, com enfoque no jogo dialógico do texto e no encadeamento circular que lhe confere ideia de confusão, demonstrada nos desentendimentos dos personagens e em seus monólogos interiores e que ilustram seu relacionamento deteriorado, emaranhado, confuso.

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A rainha dos cárceres da Grécia: dialógo com o moderno cinema brasileiro

Maria Teresa Dias e Joel Yamaji

A transposição do romance A rainha dos cárceres da Grécia, de Osman Lins, para o cinema acaba de concluir uma de suas mais difíceis etapas: a criação de uma escaleta - resumo das cenas do filme, em sua totalidade. Esse trabalho nos servirá de parâmetro para o desenvolvimento das cenas.

Toda adaptação é um recorte e selecionar o que há de essencial num romance da densidade como o último de Osman Lins foi trabalho meticuloso e demorado. Procuramos observar o que era essencial em relação aos temas e à trama construídos pelo autor, buscando, na medida do possível, soluções correspondentes às do projeto original.

Com o desenho do filme em mãos, iniciaremos a inserção de diálogos e detalhes da história, até a conclusão do roteiro propriamente dito, quando o apresentaremos a uma produtora - possivelmente em 2015. Nos próximos encontros, falaremos sobre locações e pesquisa musical, essenciais para a atmosfera das cenas em desenvolvimento, assim como o perfil ideal dos atores que participarão do projeto.

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O piano e o cravo no universo de sons de Avalovara, de Osman Lins

Martha Guterres Paz - UFRGS/UniRitter

Impregnam as cenas do romance Avalovara um sortido leque de sonoridades, muitas das quais revelam intensos simbolismos associados a personagens, a contextos dramáticos e a aspectos estruturais da obra de Osman Lins. Mesclam-se sons musicais, sons naturais e ruídos oriundos da sociedade tecnológica, dando forma e vitalidade às inúmeras paisagens sonoras. Este trabalho sublinha o papel do piano como representação de agregação familiar e de alegria nos momentos em que suas notas reverberam em diferentes períodos da vida dos protagonistas, enquanto que o seu silêncio remete a situações de decadência e de infortúnio. O cravo surge como um marco sonoro essencial do romance no sofisticado relógio musical do personagem Julius Heckethorn no qual soam, nas horas cheias, trechos aparentemente desconexos da Sonata em Fá menor (K462), para cravo, de Scarlatti. No mesmo cenário dos encontros amorosos entre Abel e a , onde se ouvem, por meio do relógio, os fragmentos da música de Scarlatti, toca um long play com a cantata Catulli Carmina, de Carl Orff, em que quatro pianos, juntamente com instrumentos de percussão, executam acordes de sonoridades ásperas e intensamente ritmadas. Os instrumentos de teclado expressam o convívio do sagrado com o profano, do erudito com o popular, do festivo com o soturno, tornando-se o piano, sonoro ou silente, um elo simbólico entre situações opostas ocorrendo em tempos distintos.

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Osman Lins por suas cartas

Nelson Luís Barbosa - IEB/USP

A comunicação versa sobre os elementos constituintes da correspondência epistolar havida entre Osman Lins e Hermilo Borba Filho, bem como com demais escritores brasileiros contemporâneos. A leitura das cartas estabelece um cruzamento dos temas caros aos autores e que são recorrentes e de repercussão na obra poética de Osman Lins. Essa abordagem procura contemplar o estudo das cartas como “arquivos de criação” e recuperação dos ambientes criativos do autor na constituição de sua produção literário/romanesca, ensaística, dramatúrgica etc.

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Prelúdio em Pentágono de Hahn: pequena serenata circense

Poliana Queiroz Borges - UFG

Em 'Pentágono de Hahn' Osman Lins inicia o texto com dois parágrafos que se diferem da estrutura geral da narrativa, por propor um exercício que, simultaneamente, se revela verbal e visual. Os sinais-personagens, característica de sua escritura, alternam e sobrepõem suas vozes para narrarem o espetáculo circense da personagem que dá nome à narrativa, Hahn. A partir de analogias musicais, considera-se a hipótese de que existe uma relação de musicalidade no texto osmaniano, dada por fatores como o ritmo polifônico, a prosódia e o caráter de “abertura” que possuem esses dois primeiros parágrafos. Justamente essa é a característica de um prelúdio. Na música, corresponde à introdução a um trabalho musical e se configura como uma peça destinada a anteceder uma ópera, uma suíte ou uma sinfonia, podendo se apresentar ainda como uma peça independente, como uma forma mais livre e imaginativa. O objetivo desta pesquisa é verificar como o “prelúdio” de “Pentágono de Hahn”, se apresenta como um índice de musicalidade que irá reverberar em todo o texto. Esse objetivo será buscado, metodologicamente, por meio dos estudos de R. Murray Schafer e de Mikhail Bakhtin.

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O desvanecimento da forma: A rainha dos cárceres da Grécia

Renata Requião - UFPel

Do que é feita a leitura? Do embate com o texto. Do que é feita a escritura? Do embate com a vida. A leitura dos dois volumes de A preparação do romance, de Roland Barthes, permite essa formulação. Lê-se tomando o texto em primeiro plano, e tendo a experiência vital como horizonte. Enquanto o escritor, transformando em textualidade sua experiência com a vida, escreve. Para sair da vida e entrar na escritura, qual é o primeiro movimento do escritor; em prol do "registro" textual, qual é a primeira anotação? Como para Osman Lins, Barthes busca perceber amplamente a narratividade, a possibilidade do narrar. O que se passa com o escritor que vai se descolando da vida, e, impregnado por ela, vai construindo seu "romance"? Em busca daquela que é a "verdadeira Narrativa", ele reconhece a força "autonímica do querer-escrever": advinda do embate com a própria palavra e não com seu referente. Emergem daí questões em torno do "tempo, do desvanecimento das formas, e da cintilação de algumas fantasias". Entre análise e síntese, a narrativa se aproximaria da formulação do haicai. No haicai, registra-se a vida que passa. E assim se venceria o tempo. A hipótese deste trabalho: o romance A rainha dos cárceres da Grécia é Exemplar do "querer-escrever": livro de narrativa mítica, escrito para "vencer a Morte [...] daqueles que se ama".

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Pastoral: “narrativa” osmaniana do “eu” dividido

Roberto Medina e Valéria Brisolara - UniRitter

A obra Nove, novena (1966) traz novidades inventivas no panorama da arte da ficção brasileira nos anos 60, em especial, a narrativa Pastoral. Com base em estruturas sempre renovadas para a escritura literária, Osman Lins expõe sua poética de criação textual e suas reflexões críticas em Guerra sem testemunhas, sendo a obra literária uma constante tensão entre a frase e o significado, com infinita oscilação entre o texto e o mundo. Dessa forma, o mundo da linguagem deve ser o da palavra articulada e do processo sígnico verbal. Assim, o escritor apresenta na estrutura da narrativa variados narradores para organizar o tecido escritural, os quais são os condutores da leitura no ato de reconstrução do sentido a partir dos mecanismos pelos quais são estabelecidas as relações entre personagem e mundo e entre narrador(es) e receptor. A narrativa osmaniana aponta para a representação dos narradores (Baltasar) enquanto um “eu bifurcado” (segundo Sandra Nitrini) que narra e se narra no universo representacional que constrói como realidade criada pela palavra. Em Pastoral, apresentam-se inovações estilístico-estruturais que compõem o ponto de vista e a noção de autoria na fabricação do tecido literário, que apresenta “o osso do mundo”.

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O legado de Osman Lins para a Literatura Brasileira

Sandra Nitrini - FFLCH/USP

Como desdobramento de sua colaboração com obras inovadoras para a Literatura Brasileira, propõe-se investigar os influxos de Osman Lins em escritores contemporâneos. Esta comunicação tratará de Vale das ameixas, romance ainda inédito de Hugo Almeida, admirador confesso do autor pernambucano. Centrar-se-á no diálogo de Vale das ameixas com A rainha dos cárceres da Grécia, no que se refere às referências explícitas, à exploração do “ tempo” e à engenhosa estrutura narrativa do romance.

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ANOTAÇÕES

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