INSTITUTO DE INFECTOLOGIA EMÍLIO RIBAS PROGRAMA DE ...
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INSTITUTO DE INFECTOLOGIA EMÍLIO RIBAS
PROGRAMA DE RESIDENCIA MÉDICA EM INFECTOLOGIA
MARIO RODRIGUES SETUBAL VIEIRA MARTINS
Síndrome da Angústia Respiratória Aguda: Revisão sistemática de guidelines e
proposição de protocolo institucional para o Instituto de Infectologia Emílio Ribas
São Paulo
2020
MARIO RODRIGUES SETUBAL VIEIRA MARTINS
Síndrome da Angústia Respiratória Aguda: Revisão sistemática de guidelines e
proposição de protocolo institucional para o Instituto de Infectologia Emílio Ribas
Dissertação apresentada ao Programa de Residência
Médica em Infectologia do Instituto de Infectologia
Emílio Ribas, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Especialista em Infectologia.
Orientador: Dr. Roberto Muniz Júnior
São Paulo
2020
Ficha catalográfica
SETUBAL, Mario Rodrigues. Síndrome da Angústia Respiratória Aguda: Revisão
sistemática de guidelines e proposição de protocolo institucional para o Instituto de Infectologia
Emílio Ribas. Dissertação apresentada ao Programa de Residência Médica em Infectologia do
Instituto de Infectologia Emílio Ribas, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Especialista em Infectologia.
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________
Julgamento____________________________ Assinatura__________________________
Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________
Julgamento____________________________ Assinatura__________________________
Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________
Julgamento____________________________ Assinatura__________________________
Prof. Dr. ______________________________ Instituição_________________________
Julgamento____________________________ Assinatura__________________________
A todos que me ouviram falar horas sobre
ventilação mecânica.
AGRADECIMENTOS
À Prof.ª Juçara, que nos anos de convivência, muito me ensinou, contribuindo para
meu crescimento científico e intelectual.
Ao Prof. Roberto, pela atenção e apoio durante o processo de definição e orientação.
Ao Instituto de infectologia Emílio Ribas, pela oportunidade de realização do curso.
Não há saber mais ou saber menos: há saberes
diferentes.
(FREIRE, Paulo, 1987)
RESUMO
SETUBAL, Mario Rodrigues. Síndrome da Angústia Respiratória Aguda: Revisão
sistemática de guidelines e proposição de protocolo institucional para o Instituto de Infectologia
Emílio Ribas. Dissertação apresentada ao Programa de Residência Médica em Infectologia do
Instituto de Infectologia Emílio Ribas, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Especialista em Infectologia.
A síndrome da angústia respiratória do adulto (SDRA, ARDS ou SARA) é uma
forma grave de insuficiência respiratória hipoxêmica aguda, onde há um
extravasamento importante de fluidos para o espaço extravascular pulmonar, grande
perda de complacência pulmonar e comprometimento severo da oxigenação. Dados
do estudo LUNG SAFE estimam mundialmente que a SARA representa 10,4 % de
todas as internações em UTI e 23,4% de todos os pacientes intubados. O mesmo
estudo estima que, 40% dos casos ficam sem diagnóstico e 60 % dos pacientes não
recebem tratamento adequado. Neste contexto foi proposta a realização de uma
revisão sistemática dos guidelines existentes sobre esta síndrome, com objetivo da
elaboração e proposição de um protocolo institucional para o atendimento dos
pacientes com SARA no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Dos 210 artigos
inicialmente identificados, todos tiveram seus resumos avaliados e foram encontrados
9 guidelines pertinentes sendo, 3 que mencionavam o tema “As recomendações
brasileiras de ventilação mecânica”, “O consenso internacional da sociedade de
suporte extra corpóreo” e “O guideline da campanha surviving sepsis”, e seis que
tratavam especificamente do tema os consensos britânico, americano, francês,
japonês, coreano e escandinavo. Foi observada grande similaridade entre os
guidelines existentes, havendo pequenas divergências quanto ao momento de
indicação das diferentes intervenções e foi elaborado um protocolo clínico que se
adapta às recomendações da maioria.
Palavras-chave: SARA, ARDS, Síndrome da angústia respiratória aguda, protocolo clínico.
ABSTRACT
SETUBAL, Mario Rodrigues. Síndrome da Angústia Respiratória Aguda: Revisão sistemática
de guidelines e proposição de protocolo institucional para o Instituto de Infectologia Emílio
Ribas. Dissertação apresentada ao Programa de Residência Médica em Infectologia do Instituto
de Infectologia Emílio Ribas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista
em Infectologia.
The Acute Respiratory Distress Syndrome or ARDS is a severe form of acute
hypoxic respiratory faillure, where large quantities of fluid overflows to the
extravascular space of the lungs accompanied with loss of complacency and
oxygenation compromise. Data from the LUNG SAFE study estimates that worldwide
10.4% of all patients admitted to the ICU have ARDS. ARDS occurs in 23.4% of all the
intubated patients, 40% of cases go undiagnosed and 60% don’t receive adequate
treatment.
In this context, we did a systematic review of all existing guidelines in this
subject with a proposition of creating an institutional guideline for the Emilio Ribas
Infectious Diseases Institute. From 210 abstracts initially identified, we found and
selected 9 guidelines (3 with other subjects: The Brazilian guideline on mechanical
ventilation, the international consensus on extra-corporeal support and the surviving
sepsis campaign) and 6 that were in the subject, the British, American, French,
Japanese, Korean and Scandinavian consensus.
Great similarity was observed within existing guidelines, with few divergences
of timing in initiating different interventions, and a protocol that adapts itself with the
majority of recommendations was devised.
Keywords: Academic work. Presentation. ARDS. Guideline.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Diagrama demostrando diversos momentos durante os quais diferentes
condutas podem afetar o desfecho final do paciente com SARA (10). ....................... 17
Figura 2: Comparação da autopsia de pulmão de animais de estudo com lesão
pulmonar leve e severa com e sem esforço respiratório (33). ....................................... 27
Figura 3: Curva de Kaplan-Meier de pacientes com SARA tratados com ECMO
segundo score PRESERVE (73) ......................................................................................... 52
Figura 4: Comparação tomográfica entre 2 pacientes classificados como SARA leve
pelos criterios de Berlim em diferentes níveis de PEEP. ................................................ 73
Figura 5: Diagrama das pressões resultantes no sistema respiratório em pacientes
curarizados ou não. (89) ....................................................................................................... 76
Figura 6: Diagrama da distribuição intrapulmonar das pressões diafragmáticas em
pacientes com SARA em comparação a pacientes sem lesões pulmonares (90). .... 77
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Folha para o cálculo do score LIPS. Citação direta de (13) ......................... 21
Tabela 2. Folha para cálculo do Score EALI Adaptado de (17) ..................................... 22
Tabela 3: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação
de ferramentas de triagem para pacientes com risco de SARA. ................................... 24
Tabela 4: Folha para o cálculo do score HACOR. (44) ................................................... 30
Tabela 5: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação
de ventilação não invasiva na SARA. ................................................................................. 32
Tabela 6 Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação de
ventilação protetora na SARA. ............................................................................................ 35
Tabela 7: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação
de estratégia restritiva de fluidos. ....................................................................................... 37
Tabela 8 Tabela PEEP FiO2 do estudo Alveoli (57) ........................................................ 39
Tabela 9 Tabela PEEP FiO2 do estudo LOVs (58) .......................................................... 40
Tabela 10: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto ao uso de PEEP
elevada. ................................................................................................................................... 42
Tabela 11: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação
de bloqueio neuromuscular. ................................................................................................. 44
Tabela 12: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação
de ventilação em posição prona. ......................................................................................... 47
Tabela 13: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto ao uso de
manobras de recrutamento alveolar. .................................................................................. 50
Tabela 14: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto ao uso de ECMO.
.................................................................................................................................................. 54
Tabela 15 Estimativa de Shunt pulmonar segundo a relação PaO2-FiO2 realizada
com FiO2 de 100% (85) ........................................................................................................ 75
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AECC
ALI
AMIB
ARDS
ARDSnet
ART
ATS
Bic
CPAP
Distúrbio V/Q
EALI
ECMO
ESICM
etCO2
FiO2
FR
Glasgow
HACOR score
HC
IOT
KgPP
Kpa
LIPS
LOVs
LPA
Ml
Ml/KgPP
MRM
American European Consensus Conference
Acute lung injury
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
Acute respiratory distress syndrome
Ards network
Alveolar recruitment for acute respiratory distress syndrome trial
American Thoracic Society
Bicarbonato
Continuous positive airway pressure
Disturbio ventilação perfusão
Early acute lung injury
Extracorporeal membrane oxygenation
European society of intensive care medicine
Dióxido de carbono expirado
Fração inspirada de oxigênio
Frequência respiratória
Escala de coma de Glasgow
Heart rate, acidosis, consciousness, oxygenation, and
respiratory rate score
Hospital das clínicas da faculdade de medicina da universidade
de são Paulo
Intubação orotraqueal
Quilograma de peso predito
Kilopascal
Lung injury prediction score
Lung open ventilation strategy
Lesão pulmonar aguda
Mililitro
Mililitro por quilograma de peso predito
Manobra de recrutamento alveolar máximo
PaO2
PEEP
Pplat
p-SILI
Relação INS-ES
Relação PF
SARA
SDRA
SUS
AOI
UTI
Vc
VNI
Pressão parcial de o2 do sangue arterial
Positive end-expiratory pressure
Pressão de plateau
Patient self-induced lung injury
Relação tempo inspiratório / tempo expiratório
Relação pao2/fio2
Síndrome da angústia respiratória aguda (ou do adulto)
Síndrome do distress respiratório agudo (ou do adulto)
Sistema único de saúde
Age ajusted oxigenation index
Unidade de terapia intensiva
Volume corrente
Ventilação mecânica não invasiva
14
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 15
2 METODOLOGIA 19
2.1 MATERIAIS E MÉTODOS: 19
3. DESENVOLVIMENTO 21
3.1 INCLUSÃO NO PROTOCOLO 21
3.2 VENTILAÇÃO NÃO INVASIVA. 25
3.3 VENTILAÇÃO PROTETORA. 33
3.4 ESTRATÉGIA DE FLUIDOS RESTRITIVA. 36
3.4 USO DE PEEP ELEVADA 38
3.5 BLOQUEIO NEUROMUSCULAR. 43
3.6 VENTILAÇÃO EM POSIÇÃO PRONA. 45
3.7 MANOBRAS DE RECRUTAMENTO ALVEOLAR 48
3.8 USO DE ECMO 51
4 RESULTADO: PROTOCOLO PROPOSTO PARA O ATENDIMENTO
SISTEMATIZADO DE PACIENTES COM SARA NO IIER 56
5. CRÍTICAS AO PROTOCOLO PROPOSTO. 72
• PADRONIZAÇÃO DA COLETA DA GASOMETRIA DIAGNÓSTICA 72
• Padronização da PEEP 72
• Padronização da FiO2 74
• Padronização de curarização 75
• DURAÇÃO EMPÍRICA DE 48 HORAS DA CURARIZAÇÃO 78
6. CONCLUSÃO. 80
7. REFERÊNCIAS 81
ANEXO A – FOLHA DE CÁLCULO DO ESCORE PRESERVE 91
ANEXO B – FOLHA DE CÁLCULO DO ESCORE DE MURRAY 92
ANEXO C – FOLHA DE CÁLCULO DO ESCORE APSS 93
ANEXO D – FOLHA DE CÁLCULO DO RESP SCORE 94
ANEXO E – FOLHA DE CÁLCULO DO SCORE HACOR 95
ANEXO F – FOLHA DE CLASSIFICAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE BERLIM. 96
15
1 INTRODUÇÃO
A Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto (SDRA, ARDS ou SARA) é
uma forma grave de insuficiência respiratória hipoxêmica aguda, na qual há um
importante extravasamento de fluidos para o pulmão, grande perda da complacência
pulmonar e comprometimento severo da oxigenação. Quando não adequadamente
tratada a mesma tende a uma evolução fatal. (1).
A síndrome foi observada pela primeira vez nos anos 60 e 70 quando se
percebeu que esta forma de insuficiência respiratória hipoxêmica poderia ser uma
complicação de diversos fatores causais (infecções, trauma e pancreatite) (2). Com o
passar das décadas, o avanço do entendimento e das tecnologias de suporte
ventilatório tornou-se necessário que se designassem padrões para o diagnóstico,
terapêutica e estudo desta entidade.
A Conferência Europeia Americana para o Consenso (3) (AECC American
European Consensus Conference) padronizou em 1994 as definições de Lesão
Pulmonar Aguda (termo em desuso) nas situações em que após uma injúria aguda
inespecífica ocorre uma diminuição da relação PaO2/FiO2 para valores menores que
300 mmHg, associada a infiltrado pulmonar bilateral, e não houvesse elevação da
pressão atrial esquerda.
Padronizou também a definição de Síndrome do Desconforto Respiratório
Agudo, nas situações em que após uma injúria aguda inespecífica ocorre uma
diminuição da relação PaO2/FiO2 para um valor menor que 200 mmHg sempre que
associada a infiltrado pulmonar bilateral, sempre e quando não houvesse elevação da
pressão atrial esquerda. (3)
Ditas definições mantiveram-se válidas por um período aproximado de 10
anos, neste período houve importantes avanços no estudo e manejo destes pacientes.
Com o tempo foram necessárias atualizações da padronização proposta. Por exemplo,
somente eram incluídos quadros agudos, sem definir qual o critério temporal para a
definição de “agudo”. Não havia nas definições, uma padronização nos níveis de
PEEP aplicados no momento da classificação do paciente. Assim, poderia haver
pacientes classificados de forma arbitraria como mais ou menos graves pela ausência
de recrutamento alveolar mediado por PEEP no instante da classificação. (4)
Tendo isso em conta, a Sociedade Europeia de Medicina Intensiva (ESICM)
convocou um painel de especialistas em 2012 para reavaliarem as definições para a
síndrome.
16
Nestas definições o termo Lesão Pulmonar Aguda foi abandonado, e os
pacientes passaram a ser classificados pela PaO2/FiO2 em SARA leve (<300),
moderada (<200) e grave (<100) sempre e quando o quadro fosse agudo (menos de
7 dias de evolução), com comprometimento radiográfico bilateral, a hipoxemia não
fosse cardiogênica ou explicada por nódulos ou derrame pulmonar e a classificação
fosse realizada com o paciente submetido a uma PEEP mínima de 5 cm de H20. Esta
PEEP poderia ser fornecida como CPAP para pacientes não intubados com SARA
leve. Para pacientes com SARA moderada e grave a PEEP deve ser fornecida por
meio de ventilação mecânica Invasiva.(5).
Atualmente as definições de Berlim são vigentes para o diagnóstico e
classificação dos pacientes com SARA. A existência destas múltiplas definições nos
últimos anos leva a um paradigma importante, muitos dos estudos relevantes para o
tema foram realizados durante a vigência da classificação da AECC, e nos dias de
hoje temos de aplicar seus resultados em pacientes classificados de maneira distinta.
Dados do “Large Observational Study to Understand the Global Impact of
Severe Acute Respiratory Failure (LUNG SAFE)” estimam mundialmente que a SARA
representa 10,4 % de todas as internações em UTI, 23,4% de todos os pacientes
intubados, 40% dos casos não são diagnosticados pelos médicos assistentes e 60 %
dos pacientes não recebem tratamento adequado. A mortalidade neste estudo
observacional foi de 31,4 a 38% para SARA leve, 37,7 a 43% nos pacientes com
SARA moderada e 41,9 a 50% nos pacientes com SARA grave. (6)
No Brasil existem poucos estudos demostrando o impacto e mortalidade da
SARA. O estudo de Oliveira e colaboradores na UTI do Pronto Socorro do Hospital
das Clínicas de Ribeirão Preto, realizado em 2006 demostrou, naquela unidade, uma
prevalência de SARA de 6,3% e LPA de 2,3% com uma mortalidade de 84% e 50%
respectivamente. (7) Mais recentemente, dados do estudo ART capitaneado no Brasil
e onde a maior parte dos centros recrutadores também se encontrava em território
nacional também mostrou uma maior mortalidade em relação aos estudos mundiais
(59,9% no grupo controle e 65% no grupo intervenção). (8) Estes dados evidenciam
que estamos diante a uma entidade com incidência e mortalidade importantes, que
não recebe a devida atenção sendo pouco reconhecida e pouco tratada.
Neste contexto propomos a realização de uma revisão sistemática dos
guidelines existentes sobre a síndrome, para a sugestão de um protocolo institucional
17
para o atendimento dos pacientes com a síndrome no Instituto de Infectologia Emílio
Ribas.
Cabe ressaltar que o Instituto de Infectologia Emílio Ribas é referência no
atendimento a pacientes com a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, população
que em estudos dos anos 1990 foi descrita como mais afetada pela Síndrome de
Angústia Respiratória do Adulto.
Tendo em vista a história natural das doenças conforme Levell e Clark,
existem momentos pré e pós-patogênicos para a prevenção de doenças(9). Neste
sentido diversas estratégias poderiam ser compreendidas no escopo deste trabalho,
desde a vacinação antipneumocóccica, o tratamento antirretroviral dos pacientes que
vivem com HIV, uso de estratégia transfusional restritiva entre outros. Para um
adequado recorte do tema proposto, optou-se pelo enfoque neste trabalho somente
de estratégias a partir da prevenção secundária, ou seja, direcionado no diagnóstico
precoce e tratamento oportuno como forma de evitar desfechos desfavoráveis.
Figura 1: Diagrama demostrando diversos momentos durante os quais diferentes
condutas podem afetar o desfecho final do paciente com SARA (10).
18
O desenvolvimento do trabalho dar-se-á pela realização de uma revisão
sistemática dos guidelines existentes para o diagnóstico e tratamento de SARA com
avaliação sequencial das diferentes abordagens propostas e defendidas ao longo dos
anos, com análise da bibliografia que abona ou desabona seu uso na abordagem
terapêutica destes pacientes. Resumiremos quais guidelines estão ou não em
consonância com as recomendações das diferentes estratégias ventilatórias. Ao final
da revisão bibliográfica será elaborado um documento resumindo as recomendações
propostas pelos diferentes guidelines na forma de um protocolo clínico para a
identificação precoce de casos e tratamento adequado e padronizado deles no
Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Este documento será entregue aos chefes dos
setores responsáveis pelo atendimento destes pacientes para que avaliem a
pertinência da adoção das recomendações e realizem quaisquer ajustes que
considerem necessários.
19
2 Metodologia
2.1 Materiais e métodos:
A abordagem metodológica utilizada consistiu em uma revisão sistemática dos
guidelines existentes sobre a Síndrome da Angústia Respiratória do Aguda. Neste
sentido foram utilizadas pesquisas na base de dados científica Pubmed, no período
de 2005 a 2019.
Foram selecionadas publicações em periódicos indexados, em português, inglês
ou espanhol, utilizando as seguintes palavras-chave:
Síndrome do desconforto respiratório do adulto ou SARA ou ARDS ou Acute
Respiratory Distress Syndrome, Sindrome de la Dificultad Respiratoria Aguda,
Síndrome da Angústia Respiratoria Aguda (MeSH term), recomendações,
recomendaciones ou recommendations ou guideline ou guidelines.
Dos 210 artigos inicialmente identificados, todos tiveram seus resumos
examinados e após uma avaliação criteriosa de seus resumos foram encontrados 9
guidelines, 3 que tratavam do tema entre outros temas: As recomendações brasileiras
de ventilação mecânica(11), o consenso internacional da sociedade de suporte extra
corpóreo (12) e guideline da campanha surviving sepsis de 2016(13), e seis que
tratavam especificamente do tema os consensos britânico(14), americano(15), francês
(16), japonês(17), coreano(18) e escandinavo(19)).
Os artigos duplicados foram contabilizados apenas uma vez. Os resultados desta
revisão foram expressos em tabelas nas quais se organizaram todas as
recomendações dos diferentes guidelines quanto a cada subtema de análise.
Para tornar o desenvolvimento do trabalho acessível para profissionais da saúde
não familiarizados com o tema, optou-se pela associação durante o desenvolvimento
do trabalho de uma pequena revisão livre de cada subtema abordado.
Ao final da avaliação de cada subtema propõe-se uma recomendação a ser
avaliada pelo corpo clínico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas para a introdução
em um protocolo clínico de diretrizes terapêuticas da instituição. Dito protocolo será
formulado em forma de fluxograma associado a resumo das recomendações feitas
para a melhor compreensão e aplicação.
Este protocolo será entregue aos coordenadores do pronto-socorro e da UTI do
serviço para que eles avaliem a pertinência de sua implementação na rotina dos
serviços e para a realização de quaisquer ajustes que creiam necessários.
20
2.2 Objetivo primário:
Resumir as principais recomendações propostas nos diferentes guidelines para o
tratamento padronizado dos pacientes portadores da síndrome da angústia
respiratória aguda.
2.3 Objetivo secundário:
Desenvolver um protocolo clínico compatível com as recomendações dos
diferentes guidelines para o diagnóstico precoce e tratamento padronizado dos
pacientes portadores da Síndrome da Angústia Respiratória Aguda no Instituto de
Infectologia Emílio Ribas.
21
3. Desenvolvimento
Abordaremos sequencialmente os subtemas existentes nos guidelines conforme a
sequência lógica no documento proposto de sistematização terapêutica. Ou seja, na
seguinte ordem: critérios de inclusão no protocolo, uso de ventilação mecânica não
invasiva, ventilação protetora, manejo hídrico, uso de PEEP elevada, uso de
bloqueadores neuromusculares, ventilação em posição prona, manobras de
recrutamento alveolar máximo e uso de oxigenação extracorpórea por ECMO. (vide
seção 4)
3.1 Inclusão no protocolo
Para o desenvolvimento de protocolo institucional para a busca ativa e diagnóstico
precoce de SARA, há de se compreender quais são os pacientes sob risco o
desenvolvimento da doença. Em 2010 pesquisadores americanos desenvolveram um
score diagnóstico para determinar a probabilidade de um paciente inicialmente sem
SARA a desenvolver. O denominado LIPS “Lung Injury Prediction Score” se baseava
na pontuação de cada fator de risco com uma quantidade determinada de pontos.
(vide Tabela 1). (20)
Tabela 1: Folha para o cálculo do score LIPS. Citação direta de (13)
22
O escore LIPS maior ou igual a 4, demostrou em sua população de estudo uma
sensibilidade de 69% e uma especificidade de 78%.
Diversos outros estudos criaram outros scores, alguns também denominados LIPS,
entretanto nenhum destes estudos gerou de fato uma ferramenta confiável para a
definição de pacientes com probabilidade de desenvolvimento de SARA. (21,22)
Nos guidelines avaliados o único que menciona scores para definição de pacientes
sob risco de desenvolvimento de SARA é o da British Thoracic Society, e menciona
que sua acurácia tem sido bastante questionada. Neste guideline não há orientações
sobre sua utilização. (14) As recomendações brasileiras de ventilação mecânica
recomendam a utilização de um sistema rotineiro para identificação de pacientes com
SARA nos pacientes com sepse, sem definição clara de como organizar este sistema.
(11)
Também mencionado no guideline britânico o escore EALI “Early Acute Lung Injury”
toma em conta também a população de imunossuprimidos. Neste escore se avalia
apenas a pacientes com infiltrados bilaterais no raio X:
Tabela 2. Folha para cálculo do Score EALI Adaptado de (17)
EALI:
infiltrados bilaterais na radiografia de tórax póstero-anterior
Critério sine qua non
imunossupressão graves 1 ponto
FR > de 30 irpm 1 ponto
>2 L O2 por minuto 1 ponto
>6L O2 por minuto 2 pontos
Pacientes com 2 pontos ou são considerados como pacientes com rastreio positivo
e portadores de “Early Acute Lung Injury”. A sensibilidade observada para a evolução
a SARA foi de 89% e a especificidade de 75 %. (23) Não há, entretanto, estudos
subsequentes para a validação deste escore em outras populações. As
recomendações brasileiras de ventilação mecânica recomendam que nos pacientes
sépticos, os sinais clínicos como aumento da necessidade de O2 e aumentos de
frequência respiratória sejam utilizados como sinais de alerta precoce em um sistema
de diagnóstico sistemático para SARA. (11)
Não há na literatura pesquisada e nos guidelines avaliados, quaisquer
mecanismos validados comprovadamente sensíveis e específicos para triar
precocemente estes pacientes.
23
Para a criação de um protocolo de padronização terapêutica e diagnóstico precoce
é necessário que haja alguma forma de introdução dos pacientes para rastreamento.
Neste contexto as únicas possibilidades são o estabelecimento de níveis mais ou
menos arbitrários de oxigenação ou a busca do critério mais validado possível .Tendo
o anteposto em conta, a despeito do mesmo não estar validado em grandes coortes,
optou-se pela utilização do protocolo EALI para a triagem destes pacientes. Tendo em
conta que a população atendida pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas é composta
principalmente de pacientes imunossuprimidos, o score EALI possivelmente resulte
em ferramenta extremamente sensível e pouco específica.
A utilização do protocolo EALI encontra consonância parcial com as
recomendações brasileiras de ventilação mecânica que recomendam que os sinais
clínicos como aumento da necessidade de O2 e aumentos de frequência respiratória
sejam utilizados como sinais de alerta precoce em um sistema de diagnóstico
sistemático para SARA. (11), estas são as variáveis avaliadas pelo score EALI.
Cabe ressaltar que a única alteração à prática clínica habitual proposta pelo
protocolo em questão nesta seção é a anotação sistemática dos dados clínicos e
busca ativa dos critérios clínicos para SARA. Neste contexto o documento em questão
encontra consonância parcial com os guidelines da ATS (15) e AMIB (11).
Também serão incluídos no protocolo vigente, os pacientes que já se encontrarem
intubados por qualquer motivo ou em VNI a critério clínico. Esta recomendação
também encontra em consonância com a recomendação do protocolo brasileiro do
estabelecimento de um sistema rotineiro de identificação de pacientes com SARA (11)
e com o guideline francês que recomenda a busca sistemática dos critérios de SARA
entre pacientes intubados (16).
24
Tabela 3: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação de
ferramentas de triagem para pacientes com risco de SARA.
Sociedade
Referência Ano Recomendação
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 Menciona os scores LIPS e EALI, refere que o score LIPS falhou na identificação de uma população em alto risco para SARA em um ensaio clínico multicêntrico recente, menciona a necessidade de validação do score EALI em grandes coortes.
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16) 2019 Não menciona. “Pacientes intubados sem SARA devem receber ventilação protetora se não contraindicado e ser submetidos a screening sistemático para critérios diagnósticos de SARA.” (não mencionado no texto, citação direta da figura 1 de dito documento)
Surviving Sepsis Campaign
(13) 2017 Não menciona.
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17) 2017 Não menciona.
Sociedade Torácica Americana
(15) 2017 Não menciona. “É importante mencionar que a SARA parece ser pouco reconhecida pelos médicos e que as intervenções baseadas em evidências são pouco utilizadas. Portanto, existe um potencial para melhores desfechos através de um melhor reconhecimento de casos e implementação de intervenções baseadas em evidências (citação direta)
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 Não menciona.
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19) 2015 Não menciona.
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 Não menciona. “Empregar um sistema rotineiro de identificação de pacientes com SDRA nos pacientes com sepse, particularmente entre pacientes com sepse grave e choque séptico, possivelmente usando a queda da relação PaO2/FiO2 e infiltrado bilateral na radiografia de tórax como diagnósticos para SDRA e sinais clínicos (FR aumentada, dessaturação e necessidade de uso de O2) como alertas precoces.” Citação direta
25
3.2 Ventilação não invasiva.
O uso da ventilação não invasiva para pacientes que evoluem com
insuficiência respiratória hipoxêmica aguda é bastante questionado na
literatura.(24,25)
Na maioria dos consensos existentes não existe indicação de sua aplicação
nessa população. Os consensos de SARA que recomendam esta estratégia no
manejo inicial destes pacientes são o consenso japonês (17) e o consenso brasileiro
(11) ambos recomendam para sua aplicação a associação de estratégias que evitem
a intubação tardia.
Estudos iniciais nos anos 80 e 90 demostraram uma importante diminuição da
necessidade de intubação e nas taxas de óbitos, nos pacientes com SARA manejados
com ventilação mecânica não invasiva. Os pacientes imunossuprimidos eram os que
apresentavam maior benefício quando submetidos a esta estratégia. Entretanto, cabe
ressaltar que os avanços no entendimento e no uso da ventilação mecânica invasiva
reduziram de forma importante a morbimortalidade associada à intubação orotraqueal
e ventilação mecânica invasiva. (24)
Trabalhos mais recentes questionam a eficácia da ventilação não invasiva nas
populações com insuficiência respiratória hipoxêmica e alguns chegam a demostrar
um maior risco de óbito nos pacientes que receberam VNI. (6,26)
Não temos informações sobre a existência ou não de um protocolo para uso
da ventilação não invasiva no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. No entanto, os
pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica são em geral submetidos a um
manejo inicial com VNI na instituição.
Para a utilização da ventilação não invasiva o paciente tem de manter via
aérea patente e protegida, ter drive respiratório espontâneo e condições de
acoplamento com a interface não invasiva.
É interessante observar quanto ao drive respiratório espontâneo, que
trabalhos recentes demostraram a existência do fenômeno de Pendelluft em pulmões
gravemente afetados pela síndrome quando se mantem a respiração espontânea, isso
é, a existência de um padrão de insuflação e desinflação assimétrica das diferentes
zonas pulmonares durante o ciclo respiratório. (27)
Estudos fisiológicos em animais com SARA induzida demostram que este
fenômeno está associado a maiores volumes correntes nas regiões basais dos
pulmões e que isto posteriormente leva à piora da gravidade da síndrome. (28,29)
26
Dito fenômeno recebeu o nome de p-SILI (patient Self Induced Lung Injury) ou lesão
pulmonar auto induzida em tradução livre.(30)
Laurent Brochard, um dos principais pesquisadores do tópico propôs o
seguinte fluxograma para o entendimento fisiológico do papel da respiração
espontânea na gênese e piora da síndrome:
Fluxograma 1: Modelo de explicação da fisiopatogenia da lesão pulmonar auto induzida.
Fonte:(31)
O autor em questão chega a sugerir uma estratégia de intubação profilática:
“Over the last 20 years, we have learned to minimize VILI during MV. It is possible that,
by applying the same principles, MV can be used “prophylactically or early” to protect the lung from
P-SILI. As such, underdefined conditions, MV, far from being just supportive or even
damaging,becomes a true preventive measure to stop the progression of lung injury and perhaps
prevent ARDS.”(31)
Tendo em conta o anteposto pareceria ilógica a indicação de ventilação não
invasiva e manutenção do drive respiratório nestes pacientes. No entanto, existem
27
evidencias em estudos clínicos (32) e em animais(33) que demostram que a piora
associada ao drive respiratório somente se apresenta em pacientes com lesão
pulmonar inicial mais grave (vide figura 2). Esta figura mostra lâminas de pulmão de
autopsia de animais de estudo com lesão pulmonar leve acima e severa abaixo. A
imagem mostra que o esforço respiratório (SB) teve um efeito protetor nos animais
com lesão leve e um efeito deletério nos animais com lesão inicial grave.
Não há, no entanto, ferramentas clínicas que possam separar os pacientes
que podem ou não apresentar maleficio com a estratégia de ventilação espontânea.
Neste contexto o uso da ventilação não invasiva deve ser realizado de forma
absolutamente criteriosa.
Figura 2: Comparação da autopsia de pulmão de animais de estudo com lesão
pulmonar leve e severa com e sem esforço respiratório (33).
Nos pacientes imunossuprimidos, tendo em vista maiores complicações
relacionadas com a intubação e a ventilação mecânica observados em estudos das
28
décadas passadas, a VNI tornou-se terapia inicial preferencial segundo o consenso
brasileiro de ventilação mecânica. (11)
No consenso conjunto da American Thoracic Society e da European
Respiratory Society para a ventilação não invasiva, a mesma é apontada como
primeira escolha para pacientes imunossuprimidos com qualquer forma de
insuficiência respiratória aguda. (34)
Dito guideline, no entanto, utiliza uma bibliografia bastante antiquada para
estabelecer esta recomendação. Avaliou 4 ensaios clínicos randomizados:
Um ensaio clínico atual sem grandes vieses metodológicos e que não mostrou
qualquer diferença estatística entre os grupos. (35).
Dois ensaios clínicos randomizados cuja randomização ocorreu na década de
90 (anterior à publicação dos estudos de ventilação mecânica protetora), em um
destes os pacientes eram intubados tardiamente em ambos os grupos, somente caso
a relação PaO2-FiO2 fosse menor que 85 o que é incompatível com o manejo clínico
atual. (36) No outro estudo os pacientes somente eram intubados se a relação PaO2-
FiO2 fosse menor que 65 e após a intubação os pacientes eram submetidos a
ventilação com 10 ml de gases por kg de peso estimado, estratégia sabidamente
iatrogênica à luz das evidencias atuais. (37).
Por fim, um ensaio clínico randomizado que, a despeito de mais recente,
também não se aplica à ciência atual tendo em vista a intubação absolutamente tardia
dos grupos (38).
Tendo estes dados em conta o guideline em questão deve ser analisado com
cuidado considerando as evidencias mais recentes. Uma metanálise mais atual
apenas com pacientes imunossuprimidos, não mostrou benefício em mortalidade do
uso de ventilação não invasiva, mostrou apenas diminuição de intubação (OR 53% IC
0,26 a 0,91). (39)
Em estudo recente para avaliação de estratégias para evitar a intubação de
pacientes imunossuprimidos os autores optaram pela não utilização da ventilação não
invasiva com o seguinte argumento:
“Noninvasive ventilation has been found either nonbeneficial or harmful and was therefore
used only when, and as long as, hypercapnia or pulmonar edema were present.” (40)
29
Era necessário que se fizesse esta introdução para que ficasse evidente a
necessidade de mais estudos para validar a utilização da ventilação não invasiva em
pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica sejam os mesmos
imunossuprimidos ou não.
Na população para a qual se sugere este protocolo institucional, existe um
ponto que é necessário ser tomado em conta. A obrigatoriedade segundo os critérios
de Berlim da coleta de uma gasometria em vigência de PEEP mínima de 5 cmH2O
para o diagnóstico da SARA. (5) Por este motivo, se faz necessário o uso da ventilação
não invasiva para possibilitar o diagnóstico precoce da síndrome prévio à intubação.
PO uso da ventilação não invasiva é recomendado nos pacientes com SARA
nos guidelines japonês e brasileiro, em ambos de forma precoce associado uma
estratégia para evitar retardar a intubação nos casos em que a mesma é necessária.
(11,17)
Um dos principais fatores associados com o desenvolvimento de p-SILI e com
a piora do prognóstico dos pacientes submetidos à VNI é a intubação tardia. Estudos
demostraram que os pacientes que são intubados após falência de ventilação não
invasiva apresentam maior mortalidade OR 3,24 (IC 1,6 – 6,53). (41)
Uma das grandes discussões atuais na literatura tem sido a de qual o
protocolo ideal para identificar precocemente os pacientes com maiores riscos de
falha da terapia com VNI. O fator mais associado na literatura com um maior índice
de falha é a presença de Volumes correntes expiratórios elevados (>9-11 ml por Kg
de peso predito). (42,43)
Recentemente foi proposto por pesquisadores chineses um score para a
determinação da probabilidade de falha da Ventilação não invasiva baseado em
critérios clínicos obtidos a beira leito após uma hora de estratégia não invasiva. Este
score quando com uma pontuação maior que 5 apresentou boa capacidade de
detecção de pacientes que evoluiriam para falência (vide tabela 2). A sensibilidade foi
72,6% e a especificidade 81,8%, numa coorte de validação esses resultados foram
confirmados e houve diferença de mortalidade entre os pacientes com score >5 que
foram intubados precocemente em relação aos que foram intubados a critério clínico.
(44).
30
Tabela 4: Folha para o cálculo do score HACOR. (44)
Em suma e tendo em vista todo o previamente mencionado, a ventilação não
invasiva tem um papel importante no atendimento dos pacientes em insuficiência
respiratória hipoxêmica. Esse papel é mais relevante no atendimento inicial, nas
primeiras horas do atendimento médico até a possibilidade do adequado diagnóstico
etiológico e sindrômico e tomada de decisão da conduta definitiva.
Tendo em vista a possibilidade de falha desta estratégia e a piora do
prognóstico com que a mesma se associa, se faz necessária a aplicação de critérios
padronizados para a definição de pacientes em falha e em risco de falha. Ainda não
há critérios globalmente aceitos para esta definição.
31
É de suma importância que estas definições sejam padronizadas para todo o
corpo clínico do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, somente assim ao longo do
tempo avaliar sua efetividade e realizar ajustes nas medmas. Neste contexto
recomendamos na sugestão de protocolo, a utilização do escore HACOR associado
à avaliação sequencial e anotação sistemática de fatores sabidamente associados a
falhas (uso de musculatura acessória, volumes correntes, presença de fugas de ar,
saturação de O2 e relação PaO2-FiO2). Tendo em vista o nível de evidência baixo do
protocolo HACOR, não é possível recomendar a intubação baseada neste somente
neste protocolo.
Não há nos guidelines avaliados, recomendações dos níveis pressóricos
recomendados para a ventilação não invasiva nos pacientes hipoxêmicos. O
consenso brasileiro de ventilação mecânica recomenda tão somente a utilização de
estratégias com 2 níveis pressóricos (BIPAP) em detrimento de estratégias com
pressão positiva contínua em via aérea (CPAP). Por este motivo nossa recomendação
será o estabelecimento de estratégia com dois níveis de pressão associada a uma
pressão basal (PEEP ou EPAP) de no mínimo 5 cmH2O para uma aplicação
adequada dos critérios de Berlim. As sugestões do protocolo proposto estão em
consonância portanto com o recomendado no consenso brasileiro de ventilação
mecânica e no guideline japonês para o atendimento de pacientes com SARA.
Em pacientes nos quais se confirme a hipótese de SARA em VNI a
recomendação estabelecida em nosso protocolo será de intubação orotraqueal e
ventilação mecânica nos pacientes com SARA moderada ou grave (PaO2-FiO2 <140).
Esta recomendação encontra consonância no consenso brasileiro de ventilação
mecânica e vai no mesmo sentido do maior estudo observacional em pacientes com
SARA que se produziu até hoje que demostrou maior mortalidade em pacientes que
receberam VNI e apresentavam relação PF <150 (45) .
32
Tabela 5: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação de
ventilação não invasiva na SARA.
Sociedade
Referência Ano Recomendações
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 Sem recomendação
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16) 2019 Sem Recomendação
Surviving Sepsis Campaign
(13) 2017 “Não fazemos nenhuma recomendação sobre o uso de ventilação não invasiva (NIV) para pacientes com SARA induzida por sepse.”
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17) 2017 “Sugerimos utilização da Ventilação não invasiva para o tratamento respiratório inicial de adultos com SARA. Respeitando-se as condições: Monitorizar a melhora do paciente 1 ou 2 horas após o início. Estabelecer uma meta da melhora esperada nas primeiras 4 a 6 horas de VNI. Se o paciente não estiver melhorando após 1 hora ou não atinge as metas predeterminadas após 4 horas o mesmo deve ser intubado.”
Sociedade Torácica Americana
(15) 2017 Sem recomendações
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 Sem recomendações
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19) 2015 “Decidimos não realizar quaisquer recomendações para essa questão tendo em vista não havermos encontrado dados clínicos o suficiente para dar suporte a recomendações firmes.” tradução direta
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 Pode-se utilizar a VNI na síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA), especialmente nos casos de SDRA leve, com os cuidados de se observarem as metas de sucesso de 0,5 a 2 horas. No caso de não sucesso, evitar retardar a intubação. Na SDRA grave, evitar utilizar VNI, devido à alta taxa de falência respiratória e à necessidade de IOT, especialmente em pacientes com PaO2/FIO2 <140 e Simplified Acute Physiology Score (SAPS) II >35
33
3.3 Ventilação protetora.
No princípio dos anos 70, quando começaram os estudos sobre SARA, os
pesquisadores acreditavam que o problema se tratava de uma perda da complacência
global do sistema respiratório. Nos anos 80 com a maior acessibilidade da tecnologia
da tomografia axial computadorizada, observou-se que na realidade o pulmão de
SARA é um pulmão bastante heterogêneo com porções com atelectasia, porções
normoaeradas e porções hiperdistendidas.
Com a capacidade de medir as imagens da CT foi observado que a área
normalmente aerada de um pulmão de SARA quando medida no final da expiração
era de ao redor de 200 a 500 ml esta área é comparável com o pulmão de uma criança
de 5 a 6 anos. Assim surgiu o conceito de “Baby Lung”. (46)
Tendo em vista este conceito, um grupo de estudo da Universidade de São
Paulo, realizou o primeiro estudo clínico que foi capaz de demostrar uma diminuição
da mortalidade nos pacientes. Este estudo se baseava na divisão dos pacientes em
dois grupos. Um grupo que receberia a ventilação mecânica convencional à época (Vc
12ml/kg) e um outro grupo que receberia ventilação protetora Vc <6ml/kg associado a
manobra de recrutamento alveolar com CPAP de 40 por 40 segundos com posterior
estabelecimento de PEEP 2 cm acima do ponto de inflexão inferior da curva de
complacência pulmonar calculada após o recrutamento. Este estudo demostrou
importante diminuição da mortalidade em 28 dias, e da incidência de barotrauma no
grupo ventilação protetora. Também foi observada maior probabilidade de desmame
ventilatório neste grupo. Não houve, no entanto, significância estatística da diferença
de mortalidade intra-hospitalar. (47).
Esta tese foi testada novamente por diversos outros trabalhos que em geral
mostraram resultados similares (48,49).
Todos os guidelines avaliados recomendam que esses pacientes sejam
ventilados com limitações de volume corrente (Vc) e pressão de platô. Há, no entanto,
pequenas divergências quanto às estratégias sugeridas.
O guideline britânico da Faculty of Intensive Care Medicine subscrito pela
British thoracic Society recomenda ventilação Vc ≤ 6ml Kgpp com pressão de plateau
≤ 30. (14). Dita recomendação é igualmente sugerida pelo guideline da Sociedade
Coreana de medicina Intensiva (18) e pela Sociedade Francesa de medicina Intensiva
(16).
34
Em um guideline conjunto, a American Thoracic Society e a Sociedade
Europeia de Medicina Intensiva recomendam Vc 4 – 8 ml KgPP com pressão de
plateau < 30. (15)
As recomendações do consenso brasileiro de ventilação mecânica da
Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) recomendam nos casos de SARA
leve Vc de 6 ml KgPP e nos casos de SARA moderada a grave Vc de 3 a 6 ml KgPP.
Recomendam também a limitação da pressão de plateau a 30, 40 nos casos de
gravidade extrema que estejam sendo tratados com estratégias de PEEP elevada. (11)
Finalmente, tendo em vista estudos realizados pelo Dr. Marcelo Amato, que
demostraram de forma retrospectiva uma associação entre a pressão de distensão e
a mortalidade dos pacientes com SARA recomendam que a pressão de distensão
(driving pressure) seja mantido sempre que possível menor do que 15 cm de H2O
(11,50).
O Guideline da Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva recomenda Vc 6
– 8 ml Kgpp com limitação da pressão de plateau até 30.(17) As recomendações
escandinavas recomendam Vc entre 5 – 8 ml Kgpp com pressão de plateau ≤ 30 cm
H2O (19)
A tabela 3 traz um resumo das recomendações propostas pelos diferentes
guidelines.
Tendo as recomendações dos diferentes guidelines em conta, a
recomendação de protocolo clínico para o IIER é de que os pacientes em ventilação
mecânica por SARA ou insuficiência respiratória hipoxêmica recebam ventilação
protetora com volume corrente de no máximo 6ml por Kg de peso predito associada a
limitação da pressão de plateau a no máximo 29 cm H2O.
Tendo em vista que o consenso brasileiro diverge de todos os outros
consensos no que diz respeito à pressão de distensão, recomendaremos também
avaliar a possibilidade de “driving preassure” menor que 15 cm de H2O.
Posto desta maneira a recomendação em questão apresenta consonância
com todos os guidelines pesquisados quanto à limitação da pressão de plateau e
volume corrente.
35
Tabela 6 Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação de ventilação
protetora na SARA.
Sociedade Referência Ano Adicional Pressão plateau
Volume corrente
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 Menciona pressão de distensão, porém não realiza quaisquer recomendações
≤ 30 cm H2O
≤ 6 ml KgPP
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16) 2019 As evidências atuais não permitem a realização de recomendações de protocolos de ventilação baseados somente na pressão de distensão.
< 30 cm H2O
≤ 6 ml KgPP
Surviving Sepsis Campaign
(13) 2017 Menciona pressão de distensão porem informa necessidade de mais estudos para fazer recomendações
≤ 30 cm H2O
6 ml KgPP
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17) 2017 Parâmetros como a pressão de distensão e a pressão trans pulmonar podem precisar ser utilizados para determinar o volume corrente mais adequado.
≤ 30 cm H2O
6 – 8 ml KgPP
Sociedade Torácica Americana
(15) 2017 Mais estudos são necessários para realizar recomendações quanto à limitação da pressão de distensão
<30 cm H20 4 – 8 ml KgPP
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 Mais estudos são necessários para confirmar os efeitos da pressão de distensão na prática clínica
≤ 30 cm H2O
≤ 6 ml KgPP
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19) 2015 Não menciona. <30 cm H20 5 – 8 ml KgPP
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 Recomenda pressões de distensão < 15 cm H2O
≤ 30 cm H2O
SARA leve ≤ 6 ml KgPP SARA moderada ou grave 3 – 6 ml KgPP
36
3.4 Estratégia de fluidos restritiva.
Nos últimos anos diversos estudos associaram a existência de balanços
hídricos muito positivos com maiores mortalidades em pacientes críticos. (51–53).
Nos pacientes com SARA, o aparecimento de edema pulmonar não cardiogênico
está intimamente ligado com a fisiopatogenia da doença. Por este motivo, há
muitos anos se propõe a associação de pacientes com SARA e balanços hídricos
positivos com piores desfechos. Em metanálises recentes houve a descrição de
menores tempos de ventilação em pacientes com manejo hídrico restritivo porém
sem alterações na mortalidade entre os grupos. (54,55)
Um grande estudo observacional retrospectivo recente demostrou que o
balanço hídrico acumulado no sétimo dia de internação em cuidados intensivos foi
um preditor independente de mortalidade nesta coorte.
Dos guidelines avaliados 3 não fazem quaisquer recomendações neste
tema. Os 5 restantes, recomendam que após fazes iniciais da doença os pacientes
devem ser submetidos a estratégias com restrição de fluidos. Somente as
recomendações brasileiras recomendam uma estratégia específica (vide tabela 7),
não menciona entretanto, o nível de evidencia da recomendação desta estratégia
e os estudos que abonam o seus uso. Nenhum dos guidelines restantes menciona
qual a estratégia a ser utilizada, somente como alvo o balanço hídrico zerado ou
negativo.
Tendo em vista a grande concordância dos guidelines quanto ao tema
analisado e a pobreza das recomendações fornecidas, optou-se pela inclusão de
recomendação simples no protocolo de “avaliar possibilidade de balanço hídrico
zerado ou negativo após fases iniciais de ressuscitação”.
37
Tabela 7: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação de estratégia
restritiva de fluidos.
Sociedade Referência Ano Recomendação
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 A despeito da baixa qualidade de evidência e da maior parte dos resultados serem de um único ensaio clínico, o manejo hídrico conservador pode ser benéfico sem evidência de malefícios. Sugerimos que em pacientes com SARA o uso de uma estratégia restritiva de fluidos que associe restrição hídrica, diuréticos e possivelmente até albumina hiperoncótica EV seja utilizada para evitar balanços hídricos positivos.
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16)
2019 Não avaliado
Surviving Sepsis Campaign
(13)
2017 Recomendamos uma estratégia conservadora de fluidos para pacientes com SARA induzida por sepse estabelecida que não apresentam evidência de hipoperfusão tecidual
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17)
2017 Recomendamos restrição de fluidos no manejo de pacientes com SARA.
Sociedade Torácica Americana
(15)
2017 Não avaliado
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18)
2016 Não avaliado
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19)
2015 Sugerimos restrição de fluidos em pacientes com SARA.
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 A ressuscitação da perfusão tecidual se inicia com a fase aguda precoce, na qual se deve realizar a ressuscitação o mais rápido possível objetivando saturação venosa mista de O2 (SvO2) >65%, ou saturação venosa central (SvcO2) >70%, lactato arterial <2mmol/L (18mg/dL) e adequação da DO2/VO2. O processo deve seguir na fase pós-ressuscitação (quando se atingir perfusão tecidual adequada), sendo que se deve realizar restrição hídrica para manter balanço hídrico menor ou igual a zero.
38
3.4 Uso de PEEP elevada
Após o estudo da ARDSnet com baixo Vc, três grandes estudos compararam
as estratégias com PEEP elevada e moderada e uso de baixos volumes correntes em
ambos os grupos. Nenhum dos estudos mostrou diferença de mortalidade. Entretanto,
uma metanálise destes estudos sugeriu benefício em termos de sobrevivência com a
estratégia que utilizou PEEP elevada no subgrupo de pacientes com uma proporção
entre pressão positiva e fração inspirada de oxigênio (PaO2:FiO2) inferior a 200.
Estratégias com PEEP elevada levaram também a significantemente menos episódios
de hipoxemia refratária e demandaram menos terapias de resgate. (56)
Para o estabelecimento de PEEPs elevadas, existem dois tipos de estratégias.
Fluxograma 2 estratégias para o ajuste de PEEP elevada
Até este momento não existem estudos clínicos que comprovem a
superioridade de uma estratégia sobre as outras. (11)
Entre as estratégias padronizadas, existem diversas tabelas nas quais se
selecionam diferentes níveis de PEEP a serem utilizadas em relação à necessidade
de FiO2 do paciente para a manutenção de saturação periférica de O2 adequada.
Entre os estudos que determinam o uso dessas estratégias padrão foram
desenvolvidas diversas tabelas. Qual tabela é a mais adequada a qual paciente
continua sendo motivo de dúvida.
Ajuste de PEEP
Individualizada
Associada a MRM
Não associada a MRM
Modo ExPRESSPEEP titulada por curva de
complacencia
Associada a aferição de
pressáo esofagica
Padronizada
LOVS ALVEOLI
39
Os principais estudos com essa metodologia são o estudo ALVEOLI do
ARDSnetwork (57) e o estudo canadense LOVs (58).
O estudo ALVEOLI desenvolveu 2 tabelas nas quais se padronizavam os
pacientes para a realização de PEEP elevadas ou PEEP baixa durante a ventilação
por SARA. Ao final do protocolo não houve diferença estatística de mortalidade ou
desfechos secundários entre os grupos. Algo interessante sobre o estudo em questão
é que aproximadamente no meio (quando houve a randomização de 171 do total de
548 pacientes randomizados no estudo) foi percebido que não havia diferença
estatisticamente significativa de PEEP entre os grupos, motivo pelo qual houve a
criação de uma terceira tabela de PEEP, a tabela na qual seriam manejados os
pacientes do grupo PEEP elevada após aquele momento do estudo. (57) Qual das
duas tabelas é a mais adequada é questão de debate na literatura, o consenso
brasileiro de ventilação mecânica recomenda a utilização da tabela após troca de
protocolo. (11)
Tabela 8 Tabela PEEP FiO2 do estudo Alveoli (57)
Outro estudo que também realizou uma tentativa de padronização de
estratégia de PEEP elevada foi estudo internacional LOVs (Lung Open Ventilation
Strategy), Neste estudo foi realizada ventilação com PEEP elevada associada a
manobras de recrutamento alveolares a cada desconecção do ventilador.
Interessantemente, durante a evolução do estudo optou-se pela criação de um novo
protocolo para aumentar ainda mais a diferença de PEEP entre os grupos. A
explicação fornecida pelos autores foi a de que a intenção do estudo era o
fornecimento de estratégias ventilatórias as mais diferentes possíveis e que após o
início do estudo os médicos que forneciam o atendimento aos pacientes do estudo
estavam cada vez mais confortáveis com o uso de níveis de PEEP mais elevados.
40
Neste estudo não houve diferença estatística entre a mortalidade entre os
grupos. Houve, entretanto, diferença em desfechos secundários, principalmente no
uso de terapias de resgates para hipoxemia refrataria. (58).
Novamente não há qualquer evidencia que recomende o uso da primeiro ou
do segundo protocolo do estudo como preferencial para a utilização de PEEP elevada.
O consenso brasileiro recomenda o uso do protocolo após alteração e aumento dos
níveis de PEEP empíricos como observados na tabela 9. (11)
Tabela 9 Tabela PEEP FiO2 do estudo LOVs (58)
As estratégias individualizadas de estabelecimento de níveis de PEEP se
dividem em manobras associadas ou não às manobras de recrutamento máximo.
As estratégias associadas à manobra de recrutamento máximo serão
avaliadas no subtema de manobra de recrutamento máximo.
Existem estratégias de estabelecimento de PEEP elevada associadas à
aferição da pressão esofágica avaliadas nos estudos EPVent e EPVent 2, tendo em
vista a não existência dos cateteres necessários para o estabelecimento destas
estratégias no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, e a não existência de menção
clara desta estratégia nos diferentes guidelines, não há razões para a inclusão destas
estratégias neste documento.
A estratégia restante para o estabelecimento de PEEP elevada de forma
individualizada é a técnica de PEEP – COMPLACENCIA após busca bibliográfica
extensa não encontramos ensaios clínicos avaliando sua eficácia. Nas
recomendações brasileiras e ventilação mecânica a técnica se descreve da seguinte
maneira:
“Em paciente sedado, sem drive ventilatório ativo, fixar o VC em 6mL/kg/peso predito e
variar os valores de PEEP em alíquotas de 2 ou 3cmH2O, aguardando três ventilações para
registrar a Pplatô. Anotar os valores em uma tabela PEEP versus complacência estática do
sistema respiratório, visando encontrar o ponto de PEEP que proporcionou melhor Cst. Fixar a
41
PEEP 2,0cm acima desse ponto. Em situação de se encontrarem dois valores melhores de Cst
iguais, considerar como a PEEP ideal a de valor maior.” Citação direta de (11).
Todos os guidelines pesquisados reforçam a recomendação do uso de PEEP
elevada nos pacientes com SARA moderada e grave. No documento formulado,
recomendaremos a utilização de PEEP elevada em todos os pacientes com relação
PF < 200. Como as diferentes estratégias de manutenção de PEEP elevada se
encontram neste momento em equipoise optou-se pela não realização de orientações
de qual forma de escalonamento utilizar. Explicações sobre a realização de cada
método e orientações sobre o seguimento sistemático dos pacientes nestas
estratégias serão fornecidos.
As recomendações brasileiras de ventilação mecânica recomendam o uso
empírico de manobras de recrutamento máximo associadas a determinação de
estratégias de PEEP elevada por manobra de PEEP decremental. O estudo ART
avaliou especificamente esta estratégia com demonstração de uma maior mortalidade
no grupo que realizou esta intervenção. (8) Tendo o anterior em conta, optou-se pela
não introdução desta recomendação na sugestão de protocolo de institucional para o
Instituto de Infectologia Emílio Ribas, sendo a mesma guardada para situações de
refratariedade.
42
Tabela 10: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto ao uso de PEEP elevada.
Sociedade Referência Ano Quem Como
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 Pacientes com PF < 27 kpa (202 mmHg)
Não informa. Menciona estudos Alveoli, LOVS e ExPRESS.
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16) 2019 Pacientes com PF < 200. Somente para pacientes que tiverem melhora de oxigenação sem piora hemodinâmica
De maneira individualizada. Menciona 12 como início da consideração de PEEP alta.
Surviving Sepsis Campaign
(13) 2017 Pacientes com PF <200
Menciona estratégia empírica de PEEP decremental pós recrutamento, estratégia ExPRESS, e tabelas PEEP-FiO2.
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17) 2017 Pacientes com PF <200
Mínimo 5 cmH2O. Manter peep alta que mantenha P. Plateau <30
Sociedade Torácica Americana
(15) 2017 Pacientes com PF < 200
Conforme estudos Alveoli, LOVS e ExPRESS
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 Pacientes com PF <200
Não informa. Menciona o estudo Alveoli e o estudo ExPRESS.
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19) 2015 Pacientes com PF <200
Não informa.
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 Pacientes com PF <200
Conforme tabelas Alveoli ou LOVS OU Individualizada segundo tabela de PEEP complacência OU Decremental associada a MRM*
.
43
3.5 Bloqueio neuromuscular.
Em pacientes submetidos à ventilação mecânica para a Síndrome da Angústia
Respiratória Aguda, agentes bloqueadores neuromusculares podem melhorar a
oxigenação e diminuição lesão pulmonar induzida por ventilador, mas também podem
facilitar o desenvolvimento da neuropatia do doente crítico.
Diversos estudos avaliaram o tratamento com agentes bloqueadores
neuromusculares em pacientes com SARA, com resultados conflitantes, entretanto,
uma metanálise que avaliou os três maiores ensaios que examinaram o papel do uso
da curarização na SARA, apresentou benefício em diminuição de mortalidade (RR,
0,72; 95% CI, 0,58-0,91) e uma diminuição do número de casos de barotrauma (RR,
0,43; 95% CI, 0,20-0,90) naqueles que receberam curarização nas primeiras 48 horas
de ventilação mecânica. (59). Esta alteração de desfecho se encontra em
consonância com a explicação proposta pelos novos estudos sobre a lesão pulmonar
auto induzida explicitados na seção de ventilação não invasiva desta revisão
sistemática.
Cabe ressaltar, entretanto, que o último estudo que abordou o tema da
curarização não apresentou qualquer diferença entre os grupos do estudo e foi
finalizado precocemente. (60)
Todos os guidelines pesquisados apresentam a recomendação da
curarização precoce nos pacientes com SARA moderada e grave. Todos concordam
numa duração de curarização menor ou igual a 48 horas da intervenção para prevenir
complicações desta estratégia. Os guidelines diferem no critério de início desta
curarização, com recomendações da realização em pacientes com uma PF de 200
nos mais liberais até a realização somente em pacientes com PF< 100 nos mais
conservadores.
No documento formulado, a utilização de curarização será recomendada em
todos os pacientes com relação PF < 150, deste modo haverá consonância com 5 dos
7 guidelines pesquisados e consonância parcial com o guideline brasileiro. Cabe
ressaltar, que o guideline brasileiro a despeito de parecer mais restritivo quanto à
curarização, recomenda a utilização precoce de manobras de recrutamento máximo
para o estabelecimento de PEEP elevada, dita estratégia pode alterar a relação PF
observada para cima e necessita do bloqueio neuromuscular para sua realização.
44
Tabela 11: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação de
bloqueio neuromuscular.
Sociedade Referência Ano Quem Como
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 Pacientes com PF < 20 kpa (150) mmHg
Uso de cisatracurio em infusão continua por período máximo de 48 horas.
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16) 2019 Pacientes com PF < 150
Deve ser administrado por infusão continua, nas primeiras 48 horas do diagnóstico, por não mais de 48 horas.
Surviving Sepsis Campaign
(13) 2017 Pacientes com PF <150
Uso empírico de curare por um período menor ou igual a 48 horas em pacientes com SARA induzida por sepse
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17) 2017 Pacientes com PF < 200
Período < 48 h, no início do quadro sem definição temporal clara. Preferência a mivacurio, atracurio e cisatracurio
Sociedade Torácica Americana
(15) 2017 Não avaliado por falta de recursos.
Não avaliado por falta de recursos
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 Pacientes SARA empiricamente após o início da ventilação mecânica
Período empírico de 48 horas após intubação. Preferência pelo uso de Pancurônio em pacientes sem disfunções orgânicas, Atracurio ou cisatracurio se insuficiência renal ou hepática. Vecurônio na disfunção cardiovascular.
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19) 2015 Pacientes com PF <100
No início do quadro. Sem definição temporal clara.
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 Pacientes com PF <120
Utilizar curare nas primeiras 48 horas de suporte ventilatório. Dar preferência ao Vecurônio e Rocurônio por menor possibilidade de síndrome de liberação de histamina.
45
3.6 Ventilação em posição prona.
A ventilação em posição prona é uma manobra utilizada para combater a
hipoxemia e garantir a ventilação protetora nos pacientes com SARA. A manobra se
baseia na mudança do decúbito do paciente em ventilação mecânica invasiva de
decúbito dorsal (de barriga para cima) para decúbito ventral (de barriga para baixo)
com manutenção desta posição por períodos prolongados. Quando se utiliza a
posição prona, a melhora da oxigenação é seu efeito fisiológico mais importante
devido à diminuição das áreas de atelectasia, redistribuição da ventilação alveolar e
da perfusão sanguínea com redução importante do distúrbio V/Q (ventilação /
perfusão). (61) Com a diminuição do distúrbio V/Q ocorre a diminuição também da
resistência vascular pulmonar melhorando assim a função do ventrículo direito, motivo
pelo qual as recomendações brasileiras de ventilação mecânica sugerem seu uso na
suspeita de disfunção de ventrículo direito aguda secundarias a causas pulmonares.
(11)
Diversos estudos avaliaram a utilização da posição prona em pacientes com
SARA moderada ou grave, em geral estes estudos não mostraram qualquer diferença
estatística em mortalidade, e em geral apresentavam diferenças estatísticas na
relação PF pré e pós prona com alterações de oxigenação. (62–65)
Esse panorama sofreu mudanças substanciais mediante a publicação do
estudo PROSEVA, um ensaio clínico randomizado multicêntrico somente com UTIs
de centros de alta expertise. Este estudo avaliou 466 indivíduos, portadores de SARA
com relação P/F <150 mm/Hg, em suporte ventilatório invasivo com PEEP ≥5 cmH2O
e FIO2 ≥ 0.6. Os resultados apontaram que a utilização precoce (entre 12 e 24 horas
após o diagnóstico de SARA) e por tempo prolongado de posição prona reduziu
significativamente a mortalidade no grupo intervenção. A mortalidade em 28 dias foi
de 16% no grupo prona e de 32,8% no grupo controle (P < 0,001), e em 90 dias 23,6%
no grupo intervenção contra 41,0% no grupo supina (P < 0,001). (66). Cabe ressaltar
que para a realização da manobra de ventilação em posição prona, é necessária a
sedação profunda e em alguns casos até a curarização dos pacientes. Os pacientes
do grupo de ventilação prona deste estudo apresentaram uma média de 5,7 ± 4,7
dias de curarização e 10,1 ± 7,2 dias de sedação profunda.
Tendo em consideração a grande alteração que o estudo PROSEVA trouxe
ao panorama da utilização da posição prona nos pacientes com SARA, ele é o
46
principal estudo citado nos guidelines lançados de maneira posterior à sua publicação
(após 2013). Metanálises sobre o tema demostraram que o estudo PROSEVA é o
estudo que causa maior alteração na análise desta intervenção, demostrando que
sem sua existência a intervenção talvez não estivesse recomendada. (67)
Como grande parte da evidência de relevância da posição prona parte de um
único estudo, alguns dos guidelines pesquisados optam pela realização de
recomendação condicional ou recomendação com nível de evidência baixa. Não
obstante, todos os guidelines pesquisados que avaliaram o tema recomendam sua
utilização. Os guidelines japonês e coreano recomendam sua utilização com SARA
moderada, ou seja, com PF < 200. Quanto à duração da posição prona, existem
recomendações de guidelines pelo seu uso entre 10 e 16 horas por sessão.
Metanálises recentes demostraram que o efeito benéfico da posição prona é
observado apenas nos pacientes em ventilação mecânica protetora.
No documento elaborado a recomendação será da realização de ventilação
em posição prona, de maneira precoce em pacientes com relação PaO2-FiO2 menor
ou igual a 150 por período não inferior a 16 horas por dia.
Com esta formulação, a recomendação encontra consonância com todos os
guidelines em relação à duração das sessões, ao início das sessões com o estudo
PROSEVA e com a maioria dos guidelines que avaliaram esse critério (4/5) e quanto
à indicação da terapia apresentará consonância com a maioria dos guidelines, sendo
a sugestão referida um pouco mais restritiva do que é sugerido pelos guidelines
escandinavo, coreano e japonês e mais liberal do que sugerido pelo guideline
americano. Vide tabela 12:
47
Tabela 12: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto à recomendação de
ventilação em posição prona.
Sociedade Referência Ano Quem Quando Quanto tempo e como.
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14)
2019 Pacientes com PF < 20 kpa (150) mmHg
Não informa. Por período > 12 horas por dia, associado a ventilação protetora.
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16)
2019 Pacientes com PF < 150
Não informa, porém menciona o estudo PROSEVA.
Por período > 16 horas por dia.
Surviving Sepsis Campaign
(13)
2017 Pacientes com PF <150
Primeiras 36 horas de intubação orotraqueal
Por período > 16 horas por dia.
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17)
2017 Pacientes com SARA moderada e grave
Não informa. Não informa
Sociedade Torácica Americana
(15)
2017 Pacientes com SARA grave.
Não informa. Por período > 12 horas por dia.
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 Pacientes com SARA moderada ou grave.
Quando não há melhora da oxigenação após a intubação orotraqueal.
Por período > 10 horas por dia. Associado à ventilação protetora.
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19)
2015 Pacientes com SARA moderada ou grave.
Primeiros 7 dias de ventilação mecânica
Por período > 16 horas por dia por pelo menos 7 dias.
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11)
2014 Pacientes com PF <150 e/ou disfunção ventricular direita e/ou impossibilidade de manutenção de parâmetros protetores de ventilação mecânica incluindo pressão de distensão < 15 cm H2O
Primeiras 48 horas de intubação orotraqueal
Por período ≥ 16 horas por dia. Deixar de realizar nos pacientes que mantiverem relação P/F ≥150 com PEEP ≤ 10 em ventilação protetora. considerar o paciente como respondedor se a relação P/F aumentar em 20 ou PaO2 aumentar em 10 mmHg em caso de não resposta não continuar.
48
3.7 Manobras de recrutamento alveolar
As manobras de recrutamento máximo (MRM) são técnicas que utilizam o
aumento sustentado da pressão na via aérea com o objetivo de “recrutar” ou abrir
unidades alveolares colapsadas. Neste contexto, ocorre o aumento da área pulmonar
disponível para a troca gasosa e, consequentemente, da oxigenação arterial. A MRM
tem como objetivo melhorar as trocas gasosas através de uma ventilação mais
homogênea do parênquima pulmonar.
O conceito da ventilação do pulmão com níveis de colapso heterogêneo da
SARA após uma “abertura” por MRM ficou conhecido na literatura como Open Lung
Approach.
Vários métodos são descritos como MRMs:
-Aplicação de pressão sustentada por um único ou múltiplos períodos. (57)
-Aumento progressivo da PEEP com baixo VC.
-Aumento progressivo da PEEP sem modificação do VC
-Entre outros...
Também são descritos vários modos de avaliação do recrutamento alveolar,
para determinar se houve ou não a “abertura” das áreas pulmonares previamente
colapsadas:
-Avaliação da recrutabilidade e recrutamento guiado por tomografia axial
computadorizada.
- Avaliação da recrutabilidade e recrutamento guiado por tomografia de
impedância elétrica.
-Avaliação da recrutabilidade e recrutamento guiado por ultrassonografia
pulmonar real-time.
-Avaliação da recrutabilidade e recrutamento empírico.
Não existe consenso entre qual manobra deve ser utilizada, qual método
utilizar para guiar a realização da manobra nem de quando deva ser realizada.
Diversos estudos foram realizados com manobras diferentes, demostrando resultados
diversos, alguns com benefício e outros não. (58,68,69)
Até 2017 não havia quaisquer estudos grandes onde se avaliasse esta
manobra e esta se recomendava de maneira rotineira principalmente em pacientes
com SARA moderada e grave. (11,13,18)
No ano de 2017 foi publicado o estudo ART, trata-se de estudo clínico,
randomizado e multicêntrico que envolveu diversas instituições brasileiras e de outros
49
países (Itália, Portugal, Argentina, Colômbia, Espanha), cujo o objetivo primário
era avaliar a mortalidade em 28 dias de pacientes com SARA moderada a grave que
eram submetidos a manobras de recrutamento alveolar com PEEP incremental
realizada empiricamente.
Após seis anos de estudo e em comparação com a estratégia de baixa PEEP,
a de recrutamento pulmonar e ajuste da PEEP aumentou as mortalidades de 28 dias
(55,3% vs. 49,3% com baixa PEEP; p = 0,041; NNH = 16) e de 6 meses (65,3% vs.
59,9% com baixa PEEP; p = 0,04; NNH = 18).
Eventos adversos também foram mais comuns no grupo da MRM: a
necessidade de iniciar ou aumentar vasopressores ou uma queda na pressão arterial
média para <65 mmHg em 1 hora ocorreram em 34,8% vs. 28,3% no grupo da baixa
PEEP (p = 0,03; NNH = 15); os barotraumas (pneumotórax, pneumomediastino,
enfisema subcutâneo ou pneumatocele > 2 cm) em 7 dias ocorreram em 5,6% vs. 1,6%
com a baixa PEEP (p = 0,001; NNH = 25); os pneumotórax que necessitaram de
drenagem ocorreram em 3,2% vs. 1,2% com a baixa PEEP (p = 0,03; NNH = 50). A
diferença máxima na PEEP entre os dois grupos durante os primeiros 7 dias foi de 4,2
cmH2O no dia 1 (PEEP média de 16,2 cmH2O com o recrutamento versus 12 cmH2O
com a baixa PEEP; p <0,001). (8)
Existem controvérsias na literatura sobre os motivos do resultado negativo
deste estudo, entretanto, esta discussão foge do enfoque deste estudo.
As recomendações brasileiras de ventilação mecânica foram escritas em 2013,
anteriormente à publicação do estudo ART e por consequência não levam em
consideração seus resultados. Neste documento recomendava-se a utilização
empírica de MRM para todos os pacientes com SARA moderada ou grave e associado
à utilização, sempre que possível de métodos de imagem.
Somente foram encontrados na literatura em nossa revisão sistemática 2
guidelines publicados após a publicação do estudo ART, o guideline da sociedade
britânica de medicina intensiva e da sociedade francesa de medicina intensiva. O
guideline bretão não traz qualquer recomendação sobre o tema. O guideline francês,
mencionando o resultado francamente negativo do estudo ART, recomenda o uso das
MRM como manobras de resgate (mais detalhes na tabela 6), sendo o único guideline
formulado após a publicação do estudo ART a abordar o tema.
No contexto presente, considerando que a maioria dos guidelines foram
publicados antes do surgimento da evidência mais importante sobre o tema analisado,
50
optou-se pela utilização da recomendação do guideline francês no documento de
padronização terapêutica a ser proposto.
Tabela 13: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto ao uso de manobras de
recrutamento alveolar.
Sociedade Referência Ano Recomendação
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 “Sentimos que as evidências dando suporte ao uso das manobras de recrutamento máximo são tão fracas e o conceito tão mal definido que não nos sentimos capazes de realizar qualquer recomendação” (tradução direta)
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16) 2019 “Não devem ser realizadas rotineiramente. Em casos de derrecrutamento evidente, (extubação ou desconecção acidental, broncoaspiração...) pode ser realizada uma manobra cuidadosa de recrutamento. Em casos de hipoxemia refrataria (PF<100) a despeito do restante da terapia otimizada e não houver contraindicações uma manobra de recrutamento máximo pode ser realizada” (tradução direta)
Surviving Sepsis Campaign
(13)
2017 Sugerimos o uso de manobras de recrutamento máximo em pacientes com SARA grave induzida por sepse.
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17) 2017 Sem recomendações
Sociedade Torácica Americana
(15)
2017 “Sugerimos que pacientes adultos com SARA recebam manobras de recrutamento máximo.” (tradução direta)
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 “Sugerimos que manobras de recrutamento podem ser utilizadas em pacientes com SARA para reduzir a mortalidade” Pacientes em uma fase inicial “exsudativa” da doença tem maior probabilidade de resposta à manobra que pacientes em uma fase posterior “fibrosante”. (tradução direta)
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19) 2015 “Sugerimos a utilização das manobras de recrutamento máximo no caso de hipoxemias catastróficas (quando a própria hipoxemia é considerada um imediato à vida)” (tradução direta)
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 Nos casos de SDRA moderada e grave utilizar manobras de recrutamento máximo como parte da estratégia protetora, com o objetivo de reduzir a pressão de distensão inspiratória. (citação direta)
51
3.8 Uso de ECMO
Em 1954, houve a descrição do uso de uma máquina coração e pulmão para
suporte durante cirurgia cardíaca. O uso da máquina por mais de algumas horas
levava a hemólise, plaquetopenia e sangramento intenso. Em 1972, a circulação
extracorpórea saiu do bloco cirúrgico e passou a ser usada na UTI. Assim surgiu a
ECMO (Extra Corporeal Membrane Oxygenation). Nesta estratégia, o sangue do
paciente é retirado por um acesso venoso central calibroso e bombeado para uma
membrana de oxigenação e devolvido já seja em uma artéria ou veia calibrosa para
promover suporte cardiopulmonar ou pulmonar respectivamente.
O uso deste suporte mecânico em falência respiratória foi testado num estudo
randomizado em 1979. Nesse estudo, 90 adultos com SARA foram randomizados em
dois grupos: um grupo recebeu ECMO e outro ventilação mecânica convencional,
ambos os grupos tiveram 90% de mortalidade e ECMO foi rotulado como uma
intervenção que não melhorava a sobrevida(70).
O estudo CESAR foi um estudo realizado no ano de 2009 com o objetivo de
avaliar o benefício da transferência de pacientes com SARA grave e refrataria para
centros de referência em ECMO, bem como avaliar a necessidade da utilização da
técnica. O desfecho principal deste estudo era a sobrevida ao final de 6 meses que foi
de 63 % nos pacientes transferidos e de 47% nos pacientes não transferidos (RR 0·69;
95% CI 0·05–0·97, p=0·03). Este estudo é bastante criticado tendo em vista que 25 %
dos pacientes transferidos para centros de ECMO não apresentaram a necessidade
da utilização de ECMO e os pacientes apresentaram melhora importante após a
transferência e otimização da terapia ventilatória. (71)
Neste contexto, foi publicado em 2018 o estudo EOLIA que também realizava
a divisão dos pacientes com SARA grave para a realização ou não de terapia com
ECMO, entretanto, diferentemente do estudo CESAR, neste estudo os pacientes eram
submetidos a um protocolo estrito de ventilação protetora. Os pacientes deste estudo
tinham no momento da randomização uma relação PaO2/FiO2 média de 73 mmHG e
59 % havia feito uso de ventilação em posição prona, 94% estavam sob curarização,
53% estavam em uso de óxido nítrico inalatório. Neste estudo foi encontrada uma
diferença absoluta de mortalidade aos 60 dias de 11% em favor do grupo que fez uso
de ECMO (35% contra 46% P=0,07)
Outro dado interessante do estudo, é que pacientes do grupo controle
poderiam realizar ECMO se fosse considerado absolutamente necessário pelos
52
médicos que realizavam o atendimento destes pacientes. 28 % dos pacientes no
grupo controle acabou recebendo ECMO A mortalidade em 60 dias dos pacientes que
iniciaram ventilação protetora e receberam ECMO dias após a randomização, após a
falha completa da ventilação protetora foi de 57%. Estes pacientes receberam ECMO
em média 6.5±9.7 dias após o diagnóstico. Os pacientes originalmente no grupo
ECMO iniciaram o tratamento em média 34 horas após a intubação. Estes resultados
sugerem uma vantagem da ECMO precoce em relação à ECMO tardia.(72)
Tendo em vista estes estudos e as dúvidas relacionadas à sua aplicação
foram propostos diversos escores para avaliar a probabilidade de sobrevida de um
paciente com SARA submetido a esta intervenção. Neste contexto se encontra o
respSCORE (explicado em momento posterior) e o PRESERVE score. O escore
PRESERVE foi elaborado em 2013 avaliando critérios clínicos de 140 pacientes com
SARA no momento da decisão pelo uso da ECMO. Foi observado que existe grande
diferença de mortalidade entre os pacientes conforme a pontuação no escore recebida.
(73) A sobrevivência em 6 meses foi de 97% em pacientes com PRESERVE até 2
pontos, 79% com 3 e 4 pontos, 54% com 5 e 6 pontos e finalmente, 16% em pacientes
com preserve >7. (folha de cálculo do escore no anexo A) (73)
Figura 3: Curva de Kaplan-Meier de pacientes com SARA tratados com ECMO
segundo score PRESERVE (73)
53
O uso da ECMO é avaliado por 7 dos 9 guidelines analisados sobre o tema.
Dos guidelines avaliados 1 não realiza quaisquer recomendações sobre o tema, 1
recomenda seu uso a critério clínico em centros especializados. Dos guidelines
subsequentes, 1 recomenda avaliar seu uso em pacientes com SARA moderada
(PF<150) e recomenda seu uso em pacientes com SARA grave. Os 5 guidelines
restantes recomendam seu uso em pacientes com SARA grave em situações
específicas demostradas na tabela a seguir.
No contexto brasileiro, entretanto, cabe ressaltar que a Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no SUS avaliou a incorporação da ECMO no tratamento
de pacientes com insuficiência respiratória grave no Sistema Único de Saúde em 2014
e recomendou sua não inclusão.
“Após apresentação das contribuições recebidas na consulta pública sobre o tema na 32ª
reunião da CONITEC, o plenário da CONITEC decidiu solicitar a elaboração de protocolo de pesquisa
do ECMO. Os estudos serão implementados pela equipe da Estado da Saúde de São Paulo.
Assim, os membros da CONITEC presentes, diante do desenvolvimento de protocolo de
pesquisa sobre o tema, deliberaram por unanimidade recomendar a não incorporação da oxigenação
extracorpórea no suporte de pacientes com insuficiência respiratória grave. Foi assinado o Registro de
Deliberação n ̊118/2015. A recomendação será encaminhada para decisão do Secretário da SCTIE.”
(74) (Citação direta conforme documento oficial.)
Em consonância com a recomendação da CONITEC foi publicada pelo
Ministério da Saúde a portaria 31 de 30 de junho de 2015 onde se lê:
“Art. 1º Fica não incorporada a oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) no suporte
de pacientes com insuficiência respiratória grave no âmbito do Sistema Único de Saúde -SUS.” (75)
Tendo em consideração o fato do Instituto de Infectologia Emílio Ribas ser um
hospital do Sistema Único de Saúde, não pode haver quaisquer recomendações no
sentido do uso indiscriminado desta tecnologia para os pacientes com SARA, mesmo
existindo a recomendação condicional de seu uso por 6 dos 9 guidelines mundiais
pesquisados e nas recomendações brasileiras de ventilação mecânica
(recomendações vigentes nos dias atuais em todo o território nacional).
54
Neste contexto, o protocolo a ser entregue será limitado a reiterar as
recomendações brasileiras sobre o tema.
Tabela 14: Resumo dos diferentes guidelines pesquisados quanto ao uso de ECMO.
Sociedade Referência Ano Recomendação
Sociedade de Medicina Intensiva (britânica)
(14) 2019 Não recomendamos o uso rotineiro para SARA (GRADE fracamente contra) Recomendamos o uso associado à ventilação protetora em pacientes selecionados com SARA grave. (pacientes com escore de Murray1 >3 ou pH < 7,2 devido a hipercapnia descompensada)
Sociedade Francesa de Medicina Intensiva
(16) 2019 SARA com Relação P/F < 80 e/OU quando a ventilação mecânica protetora se torna perigosa devido a altos níveis de pressão de plateau a despeito de medidas de otimização (peep alta, bloqueadores neuromusculares e posição prona) A decisão do uso da ECMO deve ser realizada precocemente por meio do contato com um centro especializado.
Surviving Sepsis Campaign
(13) 2017 Em pacientes com hipóxia refratária, estratégias alternativas, incluindo oxigenação da membrana extracorpórea, podem ser consideradas como terapias de resgate em centros experientes.
Organização do suporte de vida extracorpóreo. (internacional) ELSO
(12) “1: A ECMO deve estar considerada na falência respiratória de qualquer causa em que o risco de mortalidade é maior que 50 % e deve ser indicada quando o risco de mortalidade é maior que 80%. Pacientes com relação PF < 150 com FiO2 > 90% e/ou escore de Murray1 2-3, score e/ou AOI2 60 apresentam 50 % de mortalidade. Pacientes com PF <100 com FiO2 >90% e/ou escore de Murray1 3-4, e/ou score AOI2 60 e/ou APSS3 8-9 a despeito de tratamento otimizado apresentam 80 % de mortalidade. Os melhores resultados com ECMO em pacientes com insuficiência respiratória ocorre quando o paciente é submetido ao tratamento nas primeiras 48 h de doença. 2: Retenção de CO2 a despeito de altas pressões de plateau >30cmH20 3 Síndromes de vazamento aéreo graves 4 Necessidade de intubação de paciente em lista de transplante.” (tradução direta)
Sociedade Japonesa de Medicina Intensiva
(17) 2017 Sem recomendações.
Sociedade Torácica Americana
(15)
2017 Mais evidencias são necessárias para realizar recomendação definitiva a favor ou contra o uso de ECMO em pacientes com SARA.
Sociedade Coreana de medicina Intensiva
(18) 2016 Em pacientes com SARA com impossibilidade de ventilação mecânica devido a hipóxia ou hipercapnia intolerável a ECMO pode ser tentada como terapia de resgate. O paciente não pode apresentar câncer terminal, ou falência multiorgânica terminal.
55
O uso do Respiratory ECMO Survival Prediction Score (RESP-score)4 pode ser considerado, entretanto, são necessários estudos para validar sua aplicação no país.
Sociedade Escandinava de Anestesiologia e Medicina Intensiva
(19) 2015 Sem recomendações.
Associação de Medicina Intensiva Brasileira
(11) 2014 SDRA com PEEP≥ 10cmH2O São critérios complementares (há a necessidade pelo menos um): relacionado à hipoxemia - relação PaO2/FiO2≤80 com FiO2≥0,8 por pelo menos 3 horas, apesar da realização de manobras de resgate; relacionado à hipercapnia - hipercapnia com manutenção do pH≤7,20 com f de 35rpm e VC entre 4 a 6mL/kg de peso predito, obrigatoriamente com pressão de distensão ≤15cmH2O.
1 Escore de Murray (também chamado LIS Lung Injury Score), escore
baseado em dados clínicos para avaliar gravidade da SARA. (folha de cálculo
apresentada no anexo B) (76)
2 “Age Ajusted Oxigenation Index”, o resultado do cálculo:
𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 + (𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑃𝑙𝑎𝑡𝑒𝑎𝑢 × 𝐹𝑖𝑂2
𝑃𝑎𝑂2) = 𝐴𝑂𝐼
Proposto em 2014 como escore de gravidade para SARA e validado
retrospectivamente nas populações dos estudos Alveoli e FACCT. (77)
3 APSS escore baseado em dados clínicos após 24 horas de Intubação
orotraqueal para avaliar gravidade da SARA. (folha de cálculo apresentada no anexo
C) (78)
4 RESP-score (Respiratory ECMO Survival Prediction Score) escore baseado
em dados clínicos para avaliar probabilidade de sobrevivência intra-hospitalar de
pacientes respiratórios após instituição de ECMO. (folha de cálculo apresentada no
anexo D, disponível também em www.respscore.com) (79)
56
4 Resultado: Protocolo proposto para o atendimento sistematizado de
pacientes com SARA no IIER
EALI:
infiltrados bilaterais no raio X ( )
imunossuprimidos graves, 1 pt
FR > de 30 irpm, 1 pt
>2 L O2 por minuto 1 pt
>6L O2 por minuto 2 pt
Se 2 ou mais pontos inclusão no protocolo
A critério clínico, necessita
IOT de urgência?
Avaliar Intubação Orotraqueal e
realização de ventilação
mecânica protetora
Realização de teste de VNI
por 1 hora
Após 1 hora em VNI:
HACOR > 5
PaO2-FiO2 < 150
Uso de musculatura
acessória em VNI
VC > 9 ml por kg de peso
predito
Não acoplamento
SIM
SIM
Não
Avaliar manutenção em
estratégia não invasiva
conforme necessidade com
reavaliações periódicas a
cada 4 horas.
Melhora progressiva
do quadro?
Não
SIM
Alta do protocolo se
EALI <2
NÃO
A critério clínico, necessita
VNI?
SIM
Seguimento sistemático
por 7 dias. Rx e avaliação
clínica (gasometria s/n)
NÃO
57
Folha de sistematização do atendimento do paciente com alto risco de evolução
para SARA.
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução:
Glasgow
Uso de musculatura acessória:
FR: : FC:
O2: : Pa
Relação PaO2/FiO2:
Gasometria:
pH: Lactato:
PaO2: Bic:
PCO2: Sat O2:
Conduta:
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução:
Glasgow
Uso de musculatura acessória:
FR: : FC:
O2: : Pa:
Relação PaO2/FiO2:
Gasometria:
pH: Lactato:
PaO2: Bic:
PCO2: Sat O2:
Conduta:
Etiqueta
58
(verso)
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução:
Glasgow
Uso de musculatura acessória:
FR: FC
O2: Pa
Relação PaO2/FiO2:
Gasometria:
pH: Lactato:
PaO2: Bic:
PCO2: Sat O2:
Conduta:
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução:
Glasgow
Uso de musculatura acessória:
FR: Fc:
O2: Pa
Relação PaO2/FiO2:
Gasometria:
pH: Lactato:
PaO2: Bic:
PCO2: Sat O2:
Conduta:
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução:
Glasgow
Uso de musculatura acessória:
FR: Fc
O2: Pa
Relação PaO2/FiO2:
Gasometria:
pH: Lactato:
PaO2: Bic:
PCO2: Sat O2:
Conduta:
59
Folha de sistematização do atendimento do paciente em Ventilação não invasiva.
Altura
Peso predito:
6 ml/kgPP ________ 7 ml/kgPP _______ 8 ml/kgPP _______ 9 ml/kgPP _______
10 ml/kgPP _______ 11ml/kgPP _______12 ml/kgPP ______ 13ml/kgPP _______
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução: Tempo de VNI:
Glasgow Fc:
Uso de musculatura acessória: Pa:
Acoplamento? Fuga excessiva?
HACOR:
Relação P-F
Ventilador:
Ventilador: Modo:
Pressão Insp: Sensibilidade ()Fluxo ()pressão
Tempo Insp: (se pressão de suporte) %fluxo:
FiO2:
PEEP:
Frequência Programada: Relação INS-ES: (se PS ignorar)
Ventilador, parâmetros reais:
Vc: Vmin:
Freq. observada:
Gasometria:
Gasometria:
pH:
PaO2:
PCO2: com quando de VMIN:
Bic:
Sat O2:
Conduta:
Etiqueta
60
(verso)
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução: Tempo de VNI:
Glasgow: Fc:
Uso de musculatura acessória: PA:
Acoplamento? Fuga excessiva?
HACOR:
Relação P-F:
Ventilador:
Ventilador: Modo:
Pressão Insp: Sensibilidade ()Fluxo ()pressão
Tempo Insp: (se pressão de suporte) %fluxo:
PEEP: FIO2
Frequência Programada: Relação INS-ES: (se PS ignorar)
Ventilador, parâmetros reais:
Vc: Vmin: FR observada:
Gasometria:
pH: Lactato:
PaO2: Bic:
PCO2: Sat O2:
Conduta:
Avaliação # __ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução: Tempo de VNI:
Glasgow Fc
Uso de musculatura acessória: Pa
Acoplamento? Fuga excessiva?
HACOR:
Relação P-F
Ventilador:
Ventilador: Modo:
Pressão Insp: Sensibilidade ()Fluxo ()pressão
Tempo Insp: (se pressão de suporte) %fluxo:
PEEP: FIO2
Frequência Programada: Relação INS-ES: (se PS ignorar)
Ventilador, parâmetros reais:
Vc: Vmin: FR observada:
Gasometria:
pH: Lactato:
PaO2: Bic:
PCO2: Sat O2:
Conduta:
61
1
* Para pacientes com drive respiratório ΔP = ΔP + P Musc (vide discussão)
Paciente intubado Paciente em VNI
Alvo de ventilação protetora com VC <6 ml/KgPP, pressão
de plateau <30 (Se não houver necessidade de ventilação
específica para doença de base)
Avaliar diariamente na primeira semana,
ou no caso de qualquer piora respiratória:
Cumpre critérios de ARDS?
SIM
Não
Não por 1 semana:
Alta do protocolo.
Reiniciar seguimento
no caso de piora
respiratória
Ventilação protetora com VC <6 ml KgPP, Pplat <30 e pH >7,2.
(avaliar ΔP <15 *) Se impossibilidade, avaliar escalonar
medidas independentemente da PF. Após ressuscitação volêmica
manutenção de estratégia restritiva de fluidos.
PF >200 PF entre100 e 200 PF <100
Curarização 48h
Prona
primeiras 48h
PEEP elevada
PF < 150
PF < 80 ou
impossibilidade
de manter
ventilação
protetora
S N
N
Contato com plantão controlador HC p/
ECMO (primeiras 72h). Avaliar MRM
Manter condutas durante as próximas 24 horas e avaliar possibilidade de descalonamento
Pte em VNI
N
S
Estável e
em melhora
progressiva
N
IOT
S S
PEEP elevada
Cumpre critérios de
Berlim?
Manter
seguimento
sistemático
62
Folha de sistematização do atendimento do paciente em Ventilação mecânica
invasiva.
Altura
Peso predito:
6 ml/kgPP ________ 7 ml/kgPP _______ 8 ml/kgPP _______ 9 ml/kgPP _______
10 ml/kgPP _______ 11ml/kgPP _______12 ml/kgPP ______ 13ml/kgPP _______
Avaliação # ____ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução: Tempo de VMI:
Sincronia: FC
Uso de musculatura acessória: PA
Paciente curarizado? Quantas horas?
Paciente pronado? Quantas horas? Sessão #
Relação P-F
Ventilador:
Ventilador: Parâmetros Programados:
Pressão Insp:
Tempo Insp:
FiO2: Ajustado por: () Alveoli () LOVs ()Empírico
PEEP: Ajustado por: () Alveoli () LOVs ()Titulação ()Empírico
Frequência Programada: Relação INS-ES:
Ventilador, parâmetros reais:
Vc: Vmin:
Freq. observada: Pressão média de via aérea:
Complacência pulmonar: (somente paciente curarizado):
Gasometria:
Gasometria: Lactato:
pH:
PaO2:
PCO2: com quando de VMIN: etCO2:
Bic:
Sat O2:
Conduta:
Etiqueta
63
(verso)
Avaliação # ____ Data: ___________ Hora __________
Paciente:
Tempo de evolução: Tempo de VMI:
Sincronia: Fc
Uso de musculatura acessória: Pa
Paciente curarizado? Quantas horas?
Paciente pronado? Quantas horas?
Relação P-F
Ventilador:
Ventilador: Parâmetros Programados:
Pressão Insp:
Tempo Insp:
FiO2: Ajustado por: () Alveoli () LOVs ()Empírico
PEEP: Ajustado por: () Alveoli () LOVs ()Titulação ()Empírico
Frequência Programada: Relação INS-ES:
Ventilador, parâmetros reais:
Vc: Vmin:
Freq. observada: Pressão média de via aérea:
Complacência pulmonar: (somente paciente curarizado):
Gasometria:
Gasometria: Lactato:
pH:
PaO2:
PCO2: com quando de VMIN: etCO2:
Bic:
Sat O2:
Conduta:
64
Definição
A Síndrome da Angústia Respiratória Aguda é uma forma de insuficiência
respiratória hipoxêmica que pode cursar em sua forma grave com mortalidades de até
68%(8), em pacientes adequadamente tratados há relatos de queda desta mortalidade
para até 16%.(66)
O adequado manejo desta síndrome se baseia no diagnóstico e
estabelecimento de medidas de controle o mais precocemente possível.
Este protocolo deverá nortear o atendimento dos pacientes com alto risco de
desenvolvimento da síndrome e dos pacientes portadores da mesma.
Objetivo:
- Aperfeiçoar o diagnóstico e tratamento da SARA no âmbito do Instituto de
Infectologia Emílio Ribas.
- Identificar precocemente os pacientes com risco de SARA e possibilitar a
instituição precoce da terapia adequada.
- Otimizar o fluxo de atendimento dos pacientes com SARA
Abrangência
- Todos os pacientes atendidos no PS e na UTI do Instituto de Infectologia
Emílio Ribas.
Inclusão:
Devem ser incluídos neste protocolo:
- Pacientes intubados a critério clínico. (fluxograma 2)
- Pacientes em uso de ventilação não invasiva a critério clínico.
(Fluxograma 1)
- Pacientes com escore EALI ≥ 2 (Fluxograma 1)
Manejo:
Todos os pacientes incluídos no protocolo devem realizar diariamente
radiografia de tórax póstero-anterior ou no leito e avaliação clínica para avaliar a
necessidade de gasometria arterial.
65
Fluxograma 1:
Pacientes com EALI ≥ a 2 devem ser avaliados clinicamente para avaliar a
presença de SARA com realização de gasometria arterial e radiografia de Tórax
PA.(23) Na avaliação clínica deve ser decidido a critério clínico a necessidade ou não
da realização de Ventilação não invasiva ou Intubação Orotraqueal com ventilação
mecânica.
Pacientes que não apresentarem indicação clínica para VNI ou IOT devem
receber seguimento diário para avaliar a presença de SARA. Se após 7 dias o paciente
se mantiver em melhora sem o desenvolvimento de SARA o mesmo deve receber alta
do protocolo.
Pacientes em VNI:
Pacientes em VNI devem ser ventilados com PEEP mínima de 5 para
possibilidade de avaliação conforme os critérios de Berlim. (5)
Os pacientes devem ser avaliados antes e durante a VNI, preferencialmente
30 min a 2 horas após a instituição da mesma. No caso de não sucesso da terapia,
evitar retardar a intubação. (11,17)
Os pacientes devem ser avaliados quanto à existência de fatores clínicos que
sugiram uma maior probabilidade de falência de VNI conforme descritos: HACOR > 5,
(44) (vide anexo E) PaO2-FiO2 < 150, uso de musculatura acessória em VNI, VC > 9
ml por kg de peso predito, mal acoplamento à interface.(11) Nestes casos deve ser
avaliada a necessidade de intubação orotraqueal a critério clínico.
Pacientes com resposta adequada à VNI, principalmente pacientes com
quadro leve, podem ser mantidos a critério clínico em ventilação não invasiva,
mantendo avaliação e registro clínico sistemáticos.(5,17,45,80)
A determinação de níveis pressóricos deve ser realizada a critério clínico,
preferencialmente utilizando estratégias com 2 níveis de pressão com PEEP ≥ 5
cmH2O e a FiO2 deve ser determinada como a menor possível na qual o paciente
mantenha saturação periférica de O2 ≥ 92%(11).
Pacientes em intubação orotraqueal:
Pacientes em intubação orotraqueal devem ser preferencialmente manejados
em UTI.
66
Pacientes sem SARA em ventilação mecânica invasiva.
Pacientes em ventilação mecânica invasiva que não necessitarem de manejo
ventilatório específico por sua doença de base (exemplos, asmáticos, DPOC,
cardiopatias...) devem ser ventilados com alvo de ventilação mecânica protetora (VC
≤ 6 ml KgPP, pressão de plateau ≤30).(11,13,14,18)
Estes pacientes devem ser submetidos diariamente a avaliação sobre a
existência ou não de SARA, realizando diariamente raio x de tórax no leito e
gasometria arterial. No caso da não evolução destes pacientes para SARA nos
primeiros 7 dias de intubação orotraqueal estes deverão receber alta do protocolo e
seguimento clínico. Devendo retornar ao seguimento protocolizado no caso de
qualquer piora respiratória. A avaliação da presença ou não de SARA deve ser
realizada conforme critérios de Berlim (vide anexo F)
Pacientes com SARA em ventilação mecânica invasiva:
1. Ventilação mecânica protetora:
A principal intervenção nos pacientes com SARA que apresenta importante
redução de mortalidade é o estabelecimento da ventilação mecânica protetora, isso é,
uma ventilação com volume corrente de no máximo 6ml por Kg de peso predito
associada a limitação da pressão de plateau a no máximo 29 cm H2O.
Preferencialmente com a manutenção de “driving preassure” menor que 15 cm de
H2O.(11,13–19)
Após o estabelecimento de ventilação protetora, deve ser realizada a coleta
de gasometria arterial para determinar o pH e recalcular a relação PaO2 FiO2.
Nos casos de grande hipercapnia secundaria à ventilação protetora deve ser
realizada tentativa de incremento da frequência respiratória. Em cada avaliação clínica
deve ser buscada ativamente a existência de fenômeno de auto-peep.
2. PEEP elevada.
Pacientes em ventilação mecânica protetora com SARA moderada ou grave
devem receber de maneira empírica ventilação com altos níveis de PEEP. A
determinação do nível da PEEP deve ser realizada por um de três métodos:
67
1 Tabela PEEP – FiO2 do estudo Alveoli (57)
2 Tabela PEEP – FiO2 do estudo LOVS (utilizar linha “after protocol change”)
(58)
3Titulação empírica da PEEP
“Em paciente sedado, sem drive ventilatório ativo, iniciar ventilação em modo
VCV, fixar o VC em 6mL/kg/peso predito e variar os valores de PEEP em alíquotas de
2 ou 3cmH2O, aguardando três ventilações para registrar a Pressão de plateau.
Anotar os valores em uma tabela PEEP versus complacência estática do sistema
respiratório, visando encontrar o ponto de PEEP que proporcionou melhor
complacência estática. Fixar a PEEP 2,0cmH2O acima desse ponto. Em situação de
se encontrarem dois valores melhores de Cst iguais, considerar como a PEEP ideal a
de valor maior.”(11)
Após a definição do método de estabelecimento da estratégia de PEEP
elevada, este método deve ser anotado na folha de seguimento do paciente em
ventilação mecânica invasiva e seguido durante todo o tratamento do doente. Nos
casos de pacientes ventilados com tabelas de PEEP – FiO2 o paciente deve sempre
ser ventilado na com a menor associação PEEP-FiO2 possível que o mantenha com
saturação ≥ 92%. (57,58)
Com o estabelecimento de estratégias de PEEP elevada, deve ser pôr
especial atenção na manutenção da ventilação protetora. Com o aumento progressivo
da PEEP ocorre o aumento da pressão de plateau que deve ser obrigatoriamente
mantida abaixo de 30 para que se considere o paciente adequadamente ventilado em
ventilação protetora. (11,13–19)
68
Pacientes nos quais não se conseguir o estabelecimento de ventilação
protetora (seja por hipóxia ou hipercapnia com pH<7,2) devem ser submetidos aos
passos subsequentes do protocolo independentemente da relação PaO2/FiO2. (11)
3. Uso de Bloqueador neuromuscular
Os pacientes com relação PaO2 – FiO2 < 150 devem receber curarização
empírica pelas primeiras 48 horas do quadro. Antes da curarização deve haver a
confirmação de paciente em RASS – 5 e com uso de medicação analgésica. Dar
preferência a vecurônio e rocurônio por menor possibilidade de síndrome de liberação
de histamina.(11) Em sua impossibilidade dar preferência pelo uso de pancurônio em
pacientes sem disfunções orgânicas, atracurio ou cisatracurio se insuficiência renal
ou hepática.(18) Realizar curarização em infusão continua ou em bolus programados
a critério médico.
4. Ventilação em posição prona
Pacientes que não conseguem a manutenção de parâmetros protetores de
ventilação mecânica e pacientes que mantem relação PF menor ou igual a 150 mmHg,
devem realizar ventilação em posição prona de maneira precoce em seu manejo
terapêutico (14,15,17) (primeiras 48 horas) (11,13,18,19). Os pacientes
respondedores à manobra devem ser mantidos em posição prona por 16 horas a cada
sessão. Somente é observado beneficio da estratégia de ventilação em posição prona
em pacientes que mantem ventilação protetora, motivo pelo qual deve manter-se
especial atenção para manutenção de parâmetros protetores. (11,67)
O paciente com indicação, deve receber ventilação em posição prona
diariamente até que mantiverem relação P/F ≥150 com PEEP ≤ 10 em ventilação
protetora. (11,67)
São necessários alguns cuidados para a preparação e cuidados dos pacientes
manejados em posição prona: (adaptados de (11)):
Preparação:
- Instituir acesso venoso central e PAI.
- Instituir sedação e analgesia adequados.
69
Durante a rotação
- Elevar FiO2 para 100 %
- Deve se envolver de três a cinco pessoas para efetuar a rotação;
Exemplos: (PROSEVA - três pessoas - http://
www.youtube.com/watch?v=E_6jT9R7WJs e William Harvey Hospital - cinco pessoas
- http://www.youtube. com/watch? v=Hd5o4ldp3c0);
- Monitorar resposta à rotação com SpO2, se houver dessaturação <90%
mantida após 10 minutos da rotação, retornar para supina; retornar à posição supina
se parada cardiorrespiratória (PCR), piora hemodinâmica grave, arritmias malignas ou
suspeita de deslocamento da prótese ventilatória;
- Coletar gasometria após 1 hora de prona, considerar o paciente como
respondedor se a relação PaO2/FiO2 aumentar em 20 ou PaO2 aumentar em
10mmHg.
Cuidados com o paciente em posição prona
- Colocar travesseiros na frente do paciente distribuídos de modo a aliviar os
pontos de apoio anatômicos principais; colocar coxins na cintura pélvica e escapular
para alívio da compressão sobre o abdome; usar proteção para testa, face, joelhos e
ombros (placas hidrocoloides);
- Monitorizar eletrocardiograma pelas costas
- Movimentar cabeça do paciente, principalmente modificando pontos de
apoio na face, pelo menos a cada 2 horas; mudar posição de braços, acima e abaixo
da linha interescapular pelo menos a cada 2 horas; (posição do nadador)
- Manter dieta enteral com volume menor
- Certificar-se de que os olhos estão fechados
- Manter o posicionamento pelo tempo necessário desde que não existam
sinais atribuídos à posição prona, de sofrimento cutâneo ou outro órgão.
5. Manobra de Recrutamento Máximo.
Dados do estudo ART demostraram aumento de mortalidade com o uso
rotineiro de manobras de recrutamento alveolar.(8)
Nos dias atuais seu uso é compreensível a critério clínico em casos de
derrecrutamento evidente, (extubação ou desconecção acidental, bronco aspiração...),
em casos de hipoxemia refrataria (PF<100) a despeito do restante da terapia
70
otimizada (16) e em situações de hipoxemias catastróficas (quando a própria
hipoxemia é considerada um imediato à vida). (19)
Realização: (adaptado de (11))
Preparação:
- Monitorização de PAI,
- Iniciar vasopressor a critério clínico.
Como realizar:
• Técnica incremental
Com o paciente sedado e curarizado, no modo ventilatório PCV, com pressão
de distensão de 15cmH2O. Iniciar com PEEP=10cmH2O, aumentando o valor da
PEEP em incrementos de 5cmH2O a cada 2 minutos, até atingir um valor de
25cmH2O, após o qual aumenta-se o incremento para 10cm de H2O, atingindo 35 e,
no máximo, 45cmH2O. Na sequência, baixar a PEEP para 25cmH2O e iniciar de
manobra de titulação decremental da PEEP.
• Técnica de recrutamento por CPAP
Pode ser realizada manobra de passo único associada a CPAP de 40 cm H2O
por 40 segundos conforme descrita nos estudos LOVs e Amato, entretanto, esta
manobra é mais associada a Instabilização hemodinâmica.
Após qualquer manobra de recrutamento deve ser realizada uma manobra de
titulação da PEEP de maneira decremental conforme descrita abaixo:
“Após a manobra de recrutamento máximo mede-se a complacência estática
do sistema respiratório em valores decrementais de PEEP, a partir de valores de 23 a
26cmH2O, até valores mínimos ao redor de 8 a 12cmH2O. Os passos decrementais
de PEEP são tipicamente de 2 ou 3cmH2O a cada 4 minutos. Após identificação da
PEEP que produz a melhor complacência, ou de dois ou mais passos de PEEP com
complacência equivalentes, escolhe-se uma PEEP 2 a 3cmH2O acima desse valor.
Antes de finalmente ajustar o valor da PEEP para o obtido como adequado, procede-
se a uma nova manobra de recrutamento máximo, após a qual a PEEP pode ser
ajustada diretamente para 2 a 3cmH2O acima do valor encontrado na titulação
decremental.” (11)
71
6. ECMO
Os pacientes com SDRA com PEEP≥10cmH2O tem indicação da realização
da ECMO veno-venosa em centro com experiência se houver a presença de critérios
complementares.
São critérios complementares (há a necessidade pelo menos um):
Relacionado à hipoxemia - relação PaO2/FiO2≤80 com FiO2≥0,8 por
pelo menos 3 horas, apesar da realização de manobras de resgate;
Relacionado à hipercapnia - hipercapnia com manutenção do
pH≤7,20 com f de 35rpm e VC entre 4 a 6mL/kg de peso predito,
obrigatoriamente com pressão de distensão ≤15cmH2O.
Citação direta de (11)
Dito procedimento não tem sua aplicação liberada pelo Ministério da Saúde
no âmbito do Sistema Único de Saúde (74,75), existe entretanto, grupo de estudo para
a avaliação desta tecnologia em pacientes com SARA no Hospital das Clinicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Por este motivo, deve ser
realizado contato com o plantão controlador desta instituição para solicitar avaliação
para os pacientes que apresentarem a critério clínico indicação desta intervenção.
Para pacientes em que se solicite avaliação do centro de referência sobre a
possibilidade da instituição, é válida a avaliação dos escore PRESERVE(73) e
RESPscore(79) para avaliar a possibilidade de sobrevida com esta estratégia. (vide
anexos A e D)
7. Desmame ventilatório
Pacientes que mantiverem relações PaO2-FiO2 > 150 com PEEP < 10 por 24
horas devem deixar de receber sessões de posição prona. (11,66)
Pacientes que mantiverem relações PaO2-FiO2 > 200 por 24 horas devem
apresentar descalonamento progressivo da terapia com avaliação diária da
necessidade da manutenção de sedação continua. (11,13–19)
A necessidade de traqueostomia deve ser determinada individualmente
conforme protocolos institucionais vigentes. (17)
Pacientes estáveis, com melhora do quadro devem ser manejados para
desmame conforme os protocolos institucionais vigentes.
72
5. Críticas ao protocolo proposto.
• Padronização da coleta da gasometria diagnóstica
Durante a elaboração do consenso de Berlim foi discutida a utilização de
diferentes níveis de PEEP basais para o diagnóstico das diferentes gravidades de
SARA. Entretanto, optou-se naquele momento pelo estabelecimento da relação
PaO2-FiO2 como único parâmetro de gravidade para diferenciar os quadros leves dos
quadros graves. (5)
Todos os estudos clínicos randomizados realizados para avaliação de
pacientes com SARA se basearam na definição de Berlim ou na definição do AECC,
ambas apresentam a mesma limitação: O estabelecimento como único critério de
gravidade da síndrome como a alteração da relação PaO2-FiO2.
Os guidelines pesquisados que embasaram todas as intervenções propostas
avaliam estes estudos para realizar suas recomendações. Neste contexto, a
metodologia proposta pelo estudo limita a inclusão de quaisquer intervenções não
avaliadas pelos diferentes guidelines, ou seja, intervenções que não estejam
completamente concordantes com as definições de Berlim.
Nenhuma das diferentes diretrizes aborda uma questão mantida na literatura
desde a publicação do consenso da AECC: em que momento e com quais parâmetros
ventilatórios deve ser realizada a coleta da gasometria para o diagnóstico e
classificação da SARA? (81–88). A falta desta padronização pode afetar o diagnóstico
por três mecanismos principais: alterações de PEEP, alterações devido à não
curarização e alterações de FiO2.
• Padronização da PEEP
O aumento dos níveis de PEEP utilizados durante a ventilação mecânica
proporcionam uma diminuição na porcentagem de pulmão colapsado e na
porcentagem de pulmão ventilando com distúrbio V-Q. Estas alterações levam a um
aumento da PaO2 com consequente aumento da relação PaO2-FiO2.
Assim, conforme o nível de PEEP estabelecido, pode haver diferentes
classificações da severidade da SARA se o critério de gravidade utilizado for apenas
a relação PaO2-FiO2 (como recomendado pela definição de Berlim).
Estas diferenças não se limitam aos parâmetros ventilatórios. Do ponto de
vista tomográfico, também podem-se observar diferentes padrões de acometimento.
(vide figura 4) Nesta, observa-se claramente os diferentes padrões de imagem de 2
73
pacientes diagnosticados com SARA leve, um paciente diagnosticado com PEEP de
5 e PF de 270 e o outro com PEEP de 18 e PF 209. São facilmente identificaveis
diferenças importantes na quantidade edema e shunt pulmonar entre os pacientes.
Pela avaliação bruta da relação PaO2 – FiO2 entretanto, os pacientes apresentam o
mesmo grau de gravidade.
Os guidelines avaliados não apresentam sugestões de padronização de
PEEP no momento do diagnóstico. Todos os guidelines recomendam suas
intervenções baseando-se na relação PF apresentada pelo paciente. Claramente o
paciente representado pela linha inferior da figura apresenta indicação de ventilação
em posição prona e curarização conforme todos os guidelines e conforme o protocolo
proposto quando avaliado em PEEP de 5 e PF de 55, quando avaliado com PEEP de
18 e a PF sobe para 209 esta indicação desaparece? Não há na literatura consenso
quanto a esta indicação ou não.
Em nenhum dos guidelines existe orientação clara sobre este tema e neste
contexto não é possível sua abordagem no estudo presente. Qualquer tomada de
decisão sobre esta controvérsia deve ser abordada no momento da possivel
implementação da sugestão de protocolo clínico.
Figura 4: Comparação tomográfica entre 2 pacientes classificados como SARA leve
pelos criterios de Berlim em diferentes níveis de PEEP. (87)
74
• Padronização da FiO2
O pulmão dos pacientes com SARA é um pulmão francamente heterogêneo.
Nele coexistem áreas de hiperdistenção, áreas de colapso parcial que apresentam
fluxo sanguíneo abundante e pouca ventilação (distúrbio V-Q) e áreas de colapso
pulmonar completo com atelectasia (shunt). (46) A diminuição da PaO2 observada
nestes pacientes se dá pela mistura de três fatores: o sangue oxigenado proveniente
das áreas normoaeradas e hiperdistendidas, o sangue pouco oxigenado proveniente
das áreas de distúrbio V-Q e o sangue venoso proveniente das áreas de shunt
pulmonar. (86)
Quanto aos efeitos de diferentes níveis de FiO2 no momento da coleta da
gasometria, quando existe uma FiO2 baixa, ocorre uma grande influência do distúrbio
V/Q na PaO2 resultante. Isto é, o sangue proveniente das áreas pouco ventiladas do
pulmão apresenta uma saturação mais baixa no momento em que se mistura com o
sangue oxigenado das áreas ventiladas. Este sangue misto se junta com o sangue
venoso proveniente das áreas de shunt pulmonar e a resultante é uma PaO2 baixa
com consequente menor relação PaO2-FiO2. (85)
Quando há uma ventilação com FiO2 de 100 %, o sangue proveniente das
áreas pouco ventiladas obtém uma saturação normal no momento de sua mistura com
o sangue das áreas aeradas. Com esta menor influência do distúrbio V/Q a hipoxemia
observada será apenas a resultante da mistura sanguínea do sangue venoso
proveniente das áreas de shunt com o sangue das áreas aeradas. Observando-se
nestes pacientes uma classificação menos grave de SARA quando tomado em conta
a PaO2 – FiO2 como único critério de gravidade. (85)
Assim, com uma padronização de 100% da FiO2 no momento da coleta da
gasometria para a classificação da gravidade da SARA, seria possível uma mais
acurada predição da quantidade de shunt pulmonar real apresentada pelo paciente.
Neste sentido foi proposta até uma ferramenta de predição do grau de shunt pela
relação PaO2 – FiO2 coletada com 100% de FiO2. (vide tabela 15) (85) Com esta
padronização além deste poder de predição, diminuiríamos a heterogeneidade das
PaO2 observadas pelo mecanismo previamente mencionado.
Não existe qualquer recomendação nos guidelines avaliados sobre
padronização de FiO2 no momento da coleta da gasometria diagnóstica. Tendo em
conta a metodologia proposta não existe a possibilidade da realização de quaisquer
recomendações sobre o tema e qualquer tomada de decisão sobre esta controvérsia
75
deve ser abordada no momento da possível implementação da sugestão de protocolo
clínico.
Tabela 15 Estimativa de Shunt pulmonar segundo a relação PaO2-FiO2 realizada com FiO2 de
100% (85)
• Padronização de curarização
O uso de bloqueadores neuromusculares se associa a uma perda da força
inspiratória levando o paciente a apresentar uma ventilação mecânica completamente
passiva. É importante notar que os valores observados nas curvas ventilatórias de
pressão são somente as pressões positivas geradas pelo ventilador mecânico.
76
Em pacientes curarizados as pressões transpulmonares (somatória das
pressões que interagem no sistema respiratório) são aproximadamente as pressões
positivas do ventilador sem quaisquer outras intervenções.
Para o entendimento do efeito da curarização nos pacientes com SARA é
necessária a compreensão de que esforços inspiratórios são movimentações
diafragmáticas com geração de pressões pleurais negativas. Esta pressão pleural
negativa se soma às pressões positivas do ventilador para gerar a pressão
transpulmonar real (não aferível de maneira não invasiva). (vide figura 5)
Figura 5: Diagrama das pressões resultantes no sistema respiratório em pacientes
curarizados (à esquerda) ou não. Pl = Pressão transpulmonar, Paw = Pressão positiva em via
aérea, Ppl = Pressão pleural. (89)
Para a compreensão do exemplo da figura, suponhamos um paciente
hipotético com a mesma complacência e quadro clínico:
Exemplo: Paciente de 30 anos no segundo dia de tratamento por pneumonia
adquirida na comunidade evoluindo com SARA moderada em VM, com relação
PaO2/FiO2 de 200.
Em PCV com PEEP 15 cmH20, Pressão inspiratória de 30 cmH20, tempo
inspiratório de 1 segundo, fazendo volume protetor de 450 ml (6 ml/Kg PP), FiO2 de
50% com ajuste conforme tabela ARDSnet. Mantendo gasometria com PaO2 100
mmHg, PCO2 50 mmHg, Bic 24 mmol/L e pH 7,3.
Na primeira situação clínica apresentada segundo a equação do movimento
no sistema respiratório o paciente apresentaria:
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑎𝑐𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 = (𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛çã𝑜)
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑎𝑐𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 = (450
(30 − 15 − 5))
77
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑎𝑐𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 = (450
10) = 45 𝑚𝑙/𝐶𝑚𝐻2𝑂
Na segunda situação clínica o paciente apresentaria:
𝐶𝑜𝑚𝑝𝑙𝑎𝑐𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎 = (𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑒𝑛çã𝑜 + 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑚𝑢𝑠𝑐𝑢𝑙𝑎𝑟)
(x
15 + 20 ) = 45
𝑚𝑙
𝑐𝑚𝐻2𝑂
𝑉𝑐 = 1545 ml
Com os mesmos parâmetros ventilatórios e a mesma complacência pulmonar
o paciente não curarizado não se encontra em ventilação protetora. Apresenta
pressão de distenção de 35 cmH2O, uma pressão de plateau de 50 cmH2O e um
volume corrente de aproximadamente 1545 ml.
Figura 6: Diagrama da distribuição intrapulmonar das pressões diafragmáticas em
pacientes com SARA em comparação a pacientes sem lesões pulmonares (90).
Cabe ressaltar também que a transmissão da pressão diafragmática no
pulmão afetado pela síndrome não se realiza de forma normal. Existe uma
concentração da pressão diafragmática nas áreas mais afetadas pela doença. (vide
figura 6) O que favorece o aparecimento de ventilação assimétrica (pendelluft) e
recrutamento cíclico de áreas pulmonares dependentes da contração diafragmática.
O recrutamento cíclico de zonas dependentes leva à diminuição das áreas de shunt
pulmonar e consequente melhoria importante da PaO2. Estas alterações
fisiopatológicas levariam o paciente a apresentar uma gasometria melhor do que se
78
estivesse curarizado, considerando uma avaliação de gravidade baseada apenas na
relação PaO2/FiO2. (27,90). Podemos perceber desta forma, a importância da
curarização como parâmetro de padronização para a avaliação da gravidade pelos
critérios de Berlim.
Não existe qualquer recomendação nos guidelines avaliados sobre
padronização de curarização no momento da coleta da gasometria diagnóstica.
Quaisquer alterações no protocolo proposto para aliviar os problemas ocasionados
pela não padronização da curarização no momento do diagnóstico, não podem ser
resolvidos na vigência da metodologia proposta. Cabe ressaltar entretanto, que a
adoção da recomendação do guideline brasileiro e francês, de escalonamento
empírico da terapia em pacientes que não conseguem realizar ventilação mecânica
protetora, mitiga o viés existente na não curarização empírica no momento do
diagnóstico como explicitado no exemplo acima.
Estudos recentes demostraram entretanto, a possibilidade da manutenção de
pressões transpulmonares extremas em vigência de volumes correntes protetores,
(28,90) existindo assim neste subgrupo de pacientes, um grupo de pacientes de alto
risco, não detectados pelo protocolo em questão na ausência de curarização
mandatória.
• Duração empírica de 48 horas da curarização
Outro ponto que merece discussão no protocolo mencionado é o uso do
curare por um período padronizado. Dados do estudo PROSEVA mostram que os
pacientes randomizados neste estudo apresentaram um período de curarização de
5,5 ± 5 dias no grupo de pacientes ventilados em posição supina e 5,7 ± 4,7 dias no
grupo de pacientes ventilados em posição prona. (66) A retirada do uso do curare se
deu neste estudo tendo em conta critérios clínicos, não um período predeterminado.
Tendo em vista a teoria da fisiopatogenia da doença proposta por Laurent Brochard
(vide Figura 1) (31) esta estratégia encontra plausibilidade clínica. Ou seja, realiza-se
o bloqueio neuromuscular durante o período no qual a complacência pulmonar do
paciente se encontra tão diminuida e o drive respiratório tão aumentado que estes
fatores levam à piora da lesão inicial através da p-SILI.
Todos os guidelines avaliados recomendam a retirada empírica do bloqueio
neuromuscular após um período de tempo predeterminado. Dentro da metodologia
79
proposta não há, portanto, a possibilidade da realização de qualquer recomendação
que contrarie este paradigma.
Tendo em vista que o protocolo criado é uma sugestão de uniformização de
conduta a ser avaliada pelo corpo clínico, quaisquer alterações que possam ser
necessárias e são impossibilitadas pela metodologia podem ser realizadas a posteriori
pelo corpo clínico da instituição. Neste contexto, a existência desta seção onde se
explicam estas considerações baseadas em estudos fisiológicos contribui a mitigar os
vieses da metodologia proposta.
80
6. Conclusão.
Os guidelines pesquisados apresentam importante semelhança nas
intervenções propostas. A ventilação protetora apresenta mínimas diferenças de
definição entre os guidelines avaliados, sendo uniforme sua recomendação.
Todos os guidelines recomendam o uso de PEEP elevada nos pacientes com
PF<200, assim como recomendam o uso precoce da ventilação mecânica em posição
prona e da curarização empírica havendo pequenas diferenças no momento de sua
recomendação inicial. Os guidelines que avaliaram o manejo hídrico, recomendam o
estratégia restritiva de fluidos sem definição clara da operacionalização recomendada.
A maioria dos guidelines recomenda a utilização da ECMO em subgrupos de
pacientes graves com SARA, com importantes diferenças no momento de sua
indicação. Quando há a completa impossibilidade da realização de ventilação
protetora devido à gravidade do quadro, seja por hipóxia ou hipercapnia, esta
estratégia é indicada pela maioria dos guidelines avaliados.
Houve importante divergência entre os guidelines avaliados no que diz
respeito ao uso das manobras de recrutamento alveolar máximo. Há a recomendação
de sua realização empírica em todos os guidelines anteriores à publicação do estudo
ART. Não existe esta recomendação nos guidelines publicados posteriormente a este
estudo.
Conforme a metodologia proposta, este estudo foi capaz de identificar e
produzir um protocolo consonante com as recomendações existentes. A metodologia
somente fornece a possibilidade da recomendação de intervenções baseadas em
guidelines.
O protocolo institucional elaborado, está em consonância importante com
todos os guidelines pesquisados. Quando avaliado em comparação às
recomendações brasileiras de ventilação mecânica, existem divergências apenas
quanto ao uso empírico de manobras de recrutamento alveolar e quanto à relação PF
que indica o uso de curarização empírica.
Em respeito à portaria 31 de 30 de junho de 2015 do Ministério da Saúde que
não incorpora o uso de ECMO ao SUS, o protocolo sugerido se limitou a reproduzir
as orientações das Recomendações Brasileiras de Ventilação Mecânica no tocante
ao uso de ECMO.
81
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0083-6
91
ANEXO A – Folha de cálculo do escore PRESERVE
Fonte: (73)
92
ANEXO B – Folha de cálculo do escore de Murray
Fonte: (76)
93
ANEXO C – Folha de cálculo do escore APSS
Fonte: (78)
94
ANEXO D – Folha de cálculo do RESP score
Fonte: (79)
95
ANEXO E – Folha de cálculo do score HACOR
96
ANEXO F – Folha de classificação dos critérios de Berlim.
Fonte: (11)