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Germina~ao de especies arb6reas de floresta estacional decidual do vale do rio Parana em Goias ap6s tres tipos de armazenamento por ate 15 meses Anderson Cassio Sevilha J & Antonieta Nassif Salomiio 3 /Laborat6rio deEcologiaeConserva~iio, Embrapa Recursos Geneticos e Biotecnologia, CP 02372, CEP 70770-900, Brasilia, DF,Brasil, e-mail:victorlima@cenargen.embrapa.br.sevilha@cenargen.embrapa.br 2 Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, Jardins, CEP 49025-040, Aracaju, SE, Brasil 3Laborat6rio de Fisiologia de Sementes, Embrapa Recursos Geneticos eBiotecnologia, CP 02372, CEP 70770-900, Brasilia, DF, Brasil, e-mail: [email protected]rapa.br 4Autorpara correspondencia: Daniel Luis Mascia Vieira, e-mail: dvieira@cpatc.embrapa.br LIMA, V.Y.F., VIEIRA, D.L.M., SEVILHA, A.C. & SALOMAO A.N. 2008. Germination of tropical dry forest tree species of Parana river basin, Goias state, after three types of storage and up to 15 months. Biota Neotrop. 8(3): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/en/abstract?article+bnO 1008032008. Abstract: Seed dispersal in tropical deciduous forests occurs mostly in the dry season and germination at the onset of the rainy season. The delay of the first rains and dry spells are major mortality factors in dry forest regions. Storing seeds to plant during the constant rains could increase germination and seedling survival. We investigated the germination percentage of deciduous forest tree species after being stored i) at -20°C and -196°C (liquid nitrogen), and ii) at natural conditions for three and 15 months. Seeds of 19 tree species of deciduous forests of Parana river basin, Goias state, were collected from August to October 2005. Two experimentswere run: i) storage for three and 15 months in brown bags at environmental temperature, ii) storage for 72 hours at -20°C cameras, liquid nitrogen (-196°C) and a control. Storage at environmental temperature decreased germination of only two species after three months, Cordia trichotoma (73 to 38%) and Copaijera langsdorffii (85 to 65%). Three species decreased germination after 15 months (Cordia trichotoma, 73 to 5%; Cavanillesia arborea, 77% to 12%; and Anadenanthera colubrina, 93% to 76%) and two species, Aspidosperma pyrijolium and Tabebuia impetiginosa, lost completely their germination. Temperatures -20 and -196°C decreased germination of only one species each, Tabebuia impetiginosa (90 to 70%) and Aspidosperma pyrijolium (90 to 43%), respectively. In general, environmental temperature storage up to 15 months and -20 and -196°C storage wereefficient to preserve seed germinability of many dry forest tree species from Parana river basin. These are feasible options to ex situ conservation and to increase germination for direct seeding strategies of restoration. Keywords: tropical deciduous forests, ex situ conservation, criopreservation, forest seeds, direct seeding. LIMA, V. V.F., VIEIRA, D.L.M., SEVILHA, A.c. & SALOMAO A.N. 2008. Germina~o de especies arbOreas de floresta estacional decidual do vale do rio Parana em Goias apos tres tipos de armazenamento por ate 15 meses. Biota Neotrop. 8(3): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/pt/abstract?article+bnOl008032008. Resumo: Em florestas deciduais a dispersao de sementes ocorre principalmente na esta,<ao seca e a germina,<aono infcio da esta,<aochuvosa. 0 atraso das primeiras chuvas e a ocorrencia de veranicos sao importantes causas de mortalidade de sementes e plantulas. Armazenar sementes e plantli-las na esta,<ao chuvosa poderia aumentar a gerrnina,<ao e a sobrevivencia de plantulas. Para isso e necessario verificar se as sementes mantem sua germinabilidade ap6s armazenamento. No presente estudo, investigamos se sementes de especies arbOreas de floresta decidual a1teram sua gerrninabilidade ap6s i) serem armazenadas em condi,<Oesnaturais por tres e 15meses, e ii) em banco de germoplasma a-20 e-196°C. Coletamos sementes de 19espeeies de f10restasestacionais deciduais do vale do rio Parana, Goias, nos meses de agosto a outubro de 2005. Urn lote foi separado para a realiza,<aodo teste de gerrninar;ao, logo ap6s a coleta. Uma quantidade deste lote permaneceu em camaras a -20°C e outra foi imersa em nitrogenio liquido por 72 horas. Outros dois lotes foram armazenados em condir;Oesnaturais por tres e 15meses antes do teste de gerrninar;ao. Ap6s tres meses de armazenamento, apenas duas espeeies, Cordia trichotoma (73 para 38%)e Copaijera langsdorffii (85 para 65%), reduziram sua germinabilidade. Ap6s 15 meses, tres especies reduziram significativamente sua germinabilidade, Cordia trichotoma (73 para 5%), Cavanillesia arborea (77 para 12%)e Anadenanthera colubrina (93 para 76%), e duas espeeies, Aspidosperma pyrifolium e Tabebuiaimpetiginosa, perderam completamente sua gerrninabilidade. As temperaturas -20 e -196°C reduziram a gerrninabilidade de uma espeeie cada, Tabebuiaimpetiginosa (90 para 70%) eAspidosperma pyrijolium (90 para 43%), respectivamente. 0 ambiente natural eo armazenamento a -20 e -196°C se mostrarameficazes quanto a preservar;ao das qualidades fisiol6gicas de sementes de grande parte das especies arbOreas de f10restas estacionais deciduais do vale do rio Parana, sendo a1temativas para a conserva,<ao ex situ e para aumentar a gerrninar;ao em campo em projetos de restaurar;ao via semeadura direta. Pahlvras-chave: floresta estacional decidual, conserva~iio exsitu, criopreserva~iio, sementes florestais, semeadura direta.

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Germina~ao de especies arb6reas de floresta estacional decidual do vale dorio Parana em Goias ap6s tres tipos de armazenamento por ate 15 meses

Anderson Cassio SevilhaJ & Antonieta Nassif Salomiio3

/Laborat6rio de Ecologia e Conserva~iio, Embrapa Recursos Geneticos e Biotecnologia,CP 02372, CEP 70770-900, Brasilia, DF, Brasil,

e-mail: [email protected]@cenargen.embrapa.br2 Embrapa Tabuleiros Costeiros, Av. Beira Mar, 3250, Jardins, CEP 49025-040, Aracaju, SE, Brasil

3Laborat6rio de Fisiologia de Sementes, Embrapa Recursos Geneticos e Biotecnologia,CP 02372, CEP 70770-900, Brasilia, DF, Brasil, e-mail: [email protected] para correspondencia: Daniel Luis Mascia Vieira, e-mail: [email protected]

LIMA, V.Y.F., VIEIRA, D.L.M., SEVILHA, A.C. & SALOMAO A.N. 2008. Germination of tropical dryforest tree species of Parana river basin, Goias state, after three types of storage and up to 15 months.Biota Neotrop. 8(3): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/en/abstract?article+bnO 1008032008.

Abstract: Seed dispersal in tropical deciduous forests occurs mostly in the dry season and germination at the onsetof the rainy season. The delay of the first rains and dry spells are major mortality factors in dry forest regions.Storing seeds to plant during the constant rains could increase germination and seedling survival. We investigatedthe germination percentage of deciduous forest tree species after being stored i) at -20°C and -196°C (liquidnitrogen), and ii) at natural conditions for three and 15 months. Seeds of 19 tree species of deciduous forestsof Parana river basin, Goias state, were collected from August to October 2005. Two experiments were run: i)storage for three and 15 months in brown bags at environmental temperature, ii) storage for 72 hours at -20°Ccameras, liquid nitrogen (-196°C) and a control. Storage at environmental temperature decreased germinationof only two species after three months, Cordia trichotoma (73 to 38%) and Copaijera langsdorffii (85 to 65%).Three species decreased germination after 15 months (Cordia trichotoma, 73 to 5%; Cavanillesia arborea, 77%to 12%; and Anadenanthera colubrina, 93% to 76%) and two species, Aspidosperma pyrijolium and Tabebuiaimpetiginosa, lost completely their germination. Temperatures -20 and -196°C decreased germination of onlyone species each, Tabebuia impetiginosa (90 to 70%) and Aspidosperma pyrijolium (90 to 43%), respectively.In general, environmental temperature storage up to 15 months and -20 and -196°C storage were efficient topreserve seed germinability of many dry forest tree species from Parana river basin. These are feasible optionsto ex situ conservation and to increase germination for direct seeding strategies of restoration.Keywords: tropical deciduous forests, ex situ conservation, criopreservation, forest seeds, direct seeding.

LIMA, V.V.F.,VIEIRA, D.L.M., SEVILHA, A.c. & SALOMAO A.N. 2008. Germina~o de especies arbOreasde floresta estacional decidual do vale do rio Parana em Goias apos tres tipos de armazenamento por ate15 meses. Biota Neotrop. 8(3): http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/pt/abstract?article+bnOl008032008.

Resumo: Em florestas deciduais a dispersao de sementes ocorre principalmente na esta,<aoseca e a germina,<aono infcioda esta,<aochuvosa. 0 atraso das primeiras chuvas e a ocorrencia de veranicos sao importantes causas de mortalidadede sementes e plantulas. Armazenar sementes e plantli-las na esta,<aochuvosa poderia aumentar a gerrnina,<ao ea sobrevivencia de plantulas. Para isso e necessario verificar se as sementes mantem sua germinabilidade ap6sarmazenamento. No presente estudo, investigamos se sementes de especies arbOreas de floresta decidual a1teram suagerrninabilidade ap6s i) serem armazenadas em condi,<Oesnaturais por tres e 15meses, e ii) em banco de germoplasmaa -20 e -196°C. Coletamos sementes de 19espeeies de f10restasestacionais deciduais do vale do rio Parana, Goias, nosmeses de agosto a outubro de 2005. Urn lote foi separado para a realiza,<aodo teste de gerrninar;ao, logo ap6s a coleta.Uma quantidade deste lote permaneceu em camaras a -20°C e outra foi imersa em nitrogenio liquido por 72 horas.Outros dois lotes foram armazenados em condir;Oesnaturais por tres e 15meses antes do teste de gerrninar;ao.Ap6s tresmeses de armazenamento, apenas duas espeeies, Cordia trichotoma (73 para 38%) e Copaijera langsdorffii (85 para65%), reduziram sua germinabilidade. Ap6s 15 meses, tres especies reduziram significativamente sua germinabilidade,Cordia trichotoma (73 para 5%), Cavanillesia arborea (77 para 12%) e Anadenanthera colubrina (93 para 76%), eduas espeeies, Aspidosperma pyrifolium e Tabebuia impetiginosa, perderam completamente sua gerrninabilidade. Astemperaturas -20 e -196°C reduziram a gerrninabilidade de uma espeeie cada, Tabebuia impetiginosa (90 para 70%)eAspidosperma pyrijolium (90 para 43%), respectivamente. 0 ambiente natural eo armazenamento a -20 e -196°Cse mostraram eficazes quanto a preservar;ao das qualidades fisiol6gicas de sementes de grande parte das especiesarbOreas de f10restas estacionais deciduais do vale do rio Parana, sendo a1temativas para a conserva,<aoex situ e paraaumentar a gerrninar;ao em campo em projetos de restaurar;ao via semeadura direta.Pahlvras-chave: floresta estacional decidual, conserva~iio ex situ, criopreserva~iio, sementes florestais, semeaduradireta.

As florestas estacionais ocorrem onde a media anual de tempe-ratura e maior que 17°C, a media anual de precipita<;ao e de 250 a2000 mm e 0 potencial de evapotranspira<;ao e maior que a preci-pita<;ao anual (Holdridge 1967). Cabe ressaltar que a precipita<;aoe urn fator significante para a estrutura e 0 funcionamento desseecossistema (Murphy & Lugo 1986). Durante a esta<;aoseca, as flo-restas deciduais apresentam urn forte grau de deciduidade foliar docomponente arooreo, sendo que mais de 90% dos indivfduos perdemcompletamente as folhas.

o perfodo de dispersao de sementes anemoc6ricas em florestasestacionais deciduais ocorre principal mente na esta<;ao seca e desementes zooc6ricas no infcio da esta<;aochuvosa (Figueiredo 2002,Vieira & Scariot 2oo6a). As sementes dispersas durante a esta<;aoseca e no infcio da esta<;aochuvosa gerrninam imediatamente ap6s asprimeiras chuvas (Garwood 1983). A concentra<;ao da gerrnina<;aonoinfcio da esta<;ao chuvosa parece ser uma caracterfstica selecionadaevolutivamente em florestas estacionais deciduais, por maximizaro aproveitamento da esta<;ao chuvosa pela plantula, que resulta emmaior probabilidade de estabelecimento e desenvolvimento (Garwood1983). Contudo, 0 atraso nas primeiras chuvas e a ocorrencia de vera-nicos (perfodos secos durante a esta<;ao chuvosa) sao freqiientes emregioes onde ocorrem florestas estacionais (Blain & Kellman 1991,Murphy & Lugo 1995, Sampaio 1995). A ocorrencia de veranicos eurn importante fator de mortalidade devido a desseca<;aode sementes ede plantulas recentemente gerrninadas (Garwood 1983, Ray & Brown1995, McLaren & McDonald 2003, Engelbrecht et al. 2006).

Coletar sementes em sua epoca de dispersao, armazemi-Ias eplantli-Ias quando 0 solo apresenta umidade suficiente na esta<;aochuvosa poderia, portanto, aumentar a gerrnina<;ao de sementes e 0estabelecimento de plantulas (Vieira & Scariot 2006a). Este metodaseria particularmente importante para a restaura<;ao de areas abertas,onde a desseca<;ao de sementes e plantulas e mais crftica (Ray &Brown 1995, McLaren & McDonald 2003, Vieira & Scariot 2oo6b).Outra vantagem da dispersao atrasada e a redu<;ao do tempo em queas sementes estao disponfveis para predadores, que e outro grandeobstliculo para a germina<;ao de sementes e conseqiientemente paraa regenera<;ao da floresta (Nepstad et al. 1996, Holl & Lulow 1997,Guarino 2004).

Florestas estacionais estao entre os ecossistemas tropicaismais amea<;ados e degradados devido sua conversao em pastagens,agricultura e florestas secundarias (Janzen 1988, Khurana & Singh2001). No vale do rio Parana, nordeste do estado de Goilis, a situa<;aonao e diferente, uma vez que ha hoje uma paisagem com matriz depastagem com fragmentos florestais, que ainda assim, sao cons tan-temente amea<;ados por explora<;ao madeireira e pastoreio de gada(Scariot & Sevilha 2000). As especies de alto valor comercial sao asmais amea<;adas, principalmenteMyracrodruon urundeuva (Fr. All.),Schinopsis brasiliensis (Engl.), Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC)Stand, Cedrelafissilis (Veil),Hymenaea courbaril (L.), Aspidospermapyrifolium (Mart.), Amburana cearensis (Fr. Allem) A.C. Smithe Enterolobium contortisiliquum (Veil) (Scariot & Sevilha 2005).Portanto, a restaura<;ao dessas areas, assim como tecnicas de coletae conserva<;ao de germoplasma ex situ para posterior re-introdu<;aosac importantes estrategias para sua conserva<;ao.

A coleta de germoplasma para assegurar a conserva<;ao de se-mentes e de extrema import1incia, uma vez que tern como fun<;aopreservar a qualidade fisiol6gica das mesmas, manter a variabilidadegenetica de especies amea<;adas e subsidiar programas de reintrodu-<;aode popula<;oes extintas (Degan et al. 2001, Randon et al. 2001,Cabral et al. 2003, Salomao & Sousa-Silva 2003). Considerando-se 0armazenamento de sementes, ha especies que podem ser desidratadas

e posteriormente armazenadas a baixas temperaturas (Medeiros &Cavallari 1992). Roberts (1973) definiu 0 terrno ortodoxo para se-mentes capazes de manter sua viabilidade ap6s serem desidratadase expostas a baixas temperaturas e recalcitrantes para aquelas quenao suportam a desidrata<;ao e a exposi<;ao a baixas temperaturas. 0armazenamento de sementes em banco de gerrnoplasma convencionala-20 e a-196°C (nitrogenio liquido) tern como objetivo prolongar aviabilidade das sementes em longo prazo (Stanwood 1984, Salomao2002, Wetzel et al. 2003). Temperaturas abaixo de zero perrnitem quegrande parte dessas atividades metab6licas seja significativamentereduzida, proporcionando a paralisa<;ao da deteriora<;ao biol6gica.Tecnicas de criopreserva<;ao, conserva<;ao de material biol6gico emtemperaturas ultra baixas, tern side muito utilizadas para a conser-va<;aoem longo prazo de sementes em bancos de germoplasma. Noentanto, poucos estudos tern side realizados com sementes de especiesde clima tropical.

Este trabalho e urn passe preliminar no desenvolvimento deestrategias de restaura<;aode florestas estacionais deciduais por seme-adura direta. Dessa forma 0 seu objetivo foi testar a viabilidade dassementes de 19 especies arb6reas armazenadas por dois perfodos detempo. No primeiro, as sementes foram armazenadas por tres meses,situa<;aoque evitaria que as plantulas sofressem desidrata<;ao devidoa veranicos e atrasos na precipita<;ao. No segundo, as sementes foramarmazenadas por 15 meses, para testar a viabilidade das sementesquando estocadas ate 0 perfodo chuvoso do ana seguinte. Foramtestadas condi<;oes de armazenamento simples, em temperaturaambiente e em sacos de papel, uma vez que 0 metodo pode vir a serrealizado por proprietarios rurais.

Outra estrategia para a conserva<;ao das especies selecionadasseria arrnazenar suas sementes por longo prazo (ex situ), afim dereintroduzi-Ias em campo quando houver areas destinadas a conser-va<;aodestas especies e das florestas estacionais deciduais. Portanto,outro objetivo deste trabalho foi deterrninar se as sementes podemser armazenadas em banco de germoplasma convencional a -20°Ce em nitrogenio liquido -196°C.

I. Area de estudo: as florestas estacionais deciduaisdo vale do Rio Paranii

Localizado no nordeste do estado de Goias e sudeste doestado de Tocantins, entre as coordenadas 13° 20' -15° 40' S e46° 35'-47° 35' W, 0 vale do rio Parana possui uma das principaismanchas de floresta estacional decidual do Brasil (Ratter 1992). Asflorestas ocupam 0 fundo do vale, caracterizado de planfcies comaltitude de cerca de 500 m, com morros de afloramento calcario(IBGE 1995). A geologia e de rochas calcarias e 0 solo dominante eo Nitossolo, com aha fertilidade. 0 clima e do tipo Aw (Kopen) comvaria<;aopara CWa. A pluviosidade media anual e de 1236 ± 255 mm(1969-1994) com 89% da precipita<;ao ocorrendo entre outubro e mar-<;0(compilado de www.hidroweb.ana.gov.br). A temperatura mediaanual e superior a 23°C, constante durante 0 ano (IBGE 1995).

A vegeta<;ao da regiao e composta principalmente de cerradosensu strictu, florestas deciduais e semideciduais. As florestasdeciduais do vale do Parana apresentam urn dossel de 17-23 m dealtura e area basal media de 23-28 m2.ha-l• Levantamentos florfsticosencontraram 128 especies de arvores (44 especieslha), muitas dasquais encontradas tambem nos biomas Caatinga, Amazonia e da MataAtlantica. A fann1ia mais representativa foi Leguminosae (subfann1iaMimosoideae, 11 generos e 14 especies; Faboideae, 10 generos e18 especies e; Caesalpinoideae, sete generos e oito especies), que re-presenta 31% dos generos de especies arb6reas amostrados na regiao

(Scariot & Sevilha 2005). Na regiao do vale do Parana, a propon;:aode especies anemoc6ricas e zooc6ricas e praticamente a mesma,45 e 44% respectivamente (Figueiredo 2002).

2. Mitodos

Foram utilizadas sementes de 19 esp6cies arb6reas (Tabela I), querepresentam quase metade das especies encontradas em estudos defitossociologia e a maior parte dos indivfduos em florestas deciduaisdo vale do Parana (Scariot & Sevilha 2005). Objetivou-se coletar todas

as especies em dispersao no perfodo de coleta. As coletas de semen-tes foram realizadas nas primeiras quinzenas dos meses de agosto,setembro e outubro, do ano de 2005, na esta~ao seca e na transi~aopara a esta~ao chuvosa. As sementes elou frutos foram coletados emarvores presentes nas pastagens, com podao ou embaixo da plantamae, e acondicionados em sacos de papel para transporte ate 0 laoo-rat6rio de Fisiologia de Sementes da Embrapa Recursos Genetico eBiotecnologia em Brasflia. Num raio de aproximadamente 100 kmforam coletadas de 3 a 10 matrizes por esp6cie (nao georeferencia-

Tabela 1. Caracteristicas das especies estudadas de arvores de ftoresta estacional decidual do vale do rio Parana, GO e TO. Anemo = anemoc6rica,zoo = zooc6rica e auto = autoc6rica. a) Sementes pesadas com tegumento. b) Sementes medidas com ala. c) Fonte: Salomao et al. (2003). e d) Sementes naoestudadas em setembro de 2005.

Table 1. Characteristics of studied species from tropical deciduous forests of Parana river basin, Goias and Tocantins states. Anemo = anemochorous,zoo = zoochorous and auto = autochorous. a) Seeds weighted with tegument. b) Seeds measured with wing. c) Source: Salomao et al. (2003). and d) Seedswere not studied in September 2005.

Acacia polyphylla (DC)

Amburana cearensis(Fr. All.) A.C. SmithAnadenanthera colubrina(L.) SpegAspidosperma pyrifoliumMart.Astronium fraxinifoliumSchott.

Myracrodruon urundeuvaFr. All.Schinopsis brasiliensisEngl.

Sterculia striataA. St. Hil. & Naud.Tabebuia aurea (Manso)Benth e HookTabebuia impetiginosa(Mart.) StandI.

MIMOSACEAEFABACEAE

MELIACEAECAESALPINIACEAEBORAGINACEAE

~ ~4.1 - -§ 6. Q

Z £ ~Priquiteira 0,25Amburana 0,56

4.1

"I Q._ leeOJ ••••= "I("I OJ

t ~=- {I) •••••

~~ri:ToleranteTolerante

Q."1'"<'l 100

(j 4.1Q =-C. .r:a

'~ Qjul.lago.ago.lset.

Ql<'li:4.1

Q =-.eo .~E-oQ

auto 9,4 - 10,2-12,08,9 - 7,7 - 10,0

1,25/0,821,67/1,15

CedroCopaIbaC6rdia

0,03 2,90/1,04' Tolerante jul.lago. anemo 8,0 - 7,2 - 12,80,66 1,25/0,95 Tolerante ago.lset. zoo 5,9 - 6,2 - 9,10,04 0,6010,20 Tolerante ago.lset. zoo 7,3 - 10,4 -15,5

IpeAmareloIpe Roxo

Cavanillesia arboreaKSchum.Cedrelafissilis Veil.Copaifera langsdorffii Desf.Cordia trichotoma(Veil) Arrab. ex Steud.Enterolobium contortisiliquum MIMOSACEAE(Veil.) Morong.Hymenaea courbaril var.stilbocarpa (H) Lee & L.Jacararukl brasiliana(Lam.) Pers.Lonchocarpus montanusTozziMachaerium scleroxylonTull.

das), dependendo da disponibilidade de individuos, buscando 0 maiornumero possfvel para aumentar a variabilidade genetica.

No laborat6rio as sementes foram retiradas do fruto, contadas, ho-mogeneizadas entre as matrizes e armazenadas em sacos de papel, quesaDpermeaveis e deixam as sementes expostas, pennitindo a troca deumidade entre 0 ambiente e a semente (Gonzales & Torres 2003). Osfrutos de C. fissilis, J. brasiliana, H. courbaril e E. contortisiliquumforam colocados para seear em pleno sol, e ap6s sua maturayao eabertura (c. fissilis e J. brasiliana) as sementes foram beneficiadas.As sementes que apresentavam sinais de danos por insetos e/ou maformayao foram descartadas. Para caracterizar as sementes, estasforam pesadas com balanya de preeisao (Marte AS 200c) e medidascom paqufmetro digital (Starret Digital Caliper 0-150 mm). Forammedidas e pesadas 30 sementes para cada especie.

De acordo com a disponibilidade de sementes coletadas, estasforam subdivididas em tres lotes. Urn lote foi separado para a reali-zayao do teste de germinayao, logo ap6s a coleta e 0 beneficiamento,em setembro de 2005. Este teste serviu como referencia, sendoconsiderado tempo zero (TO). Outro lote de sementes permaneceuarmazenado por urn perfodo de 60 a 90 dias, de acordo com 0 tempode coleta de cada especie, e foi colocado para genninar no meio daestayao chuvosa, em novembro de 2005, tempo urn (Tl). 0 terceirolote permaneeeu armazenado por urn perfodo de 14 a 15 meses, sendocolocado para genninar em novembro de 2006, tempo dois (T2).Uma nota tecnica previa foi publicada comparando apenas TO x Tl(Lima et al. 2007).

Para 0 lote TO, uma quantidade das sementes foi acondicionadaem embalagens hermeticas constitufdas por papel alurninizado,fechadas com selagem a calor e levada em seguida para camaras a-20°C ou imersa em nitrogenio liquido a -196°C. As sementes per-maneeeram expostas as temperaturas de -20 e -196°C por 72 horas.Ap6s 0 perfodo de armazenamento as sementes foram descongeladasem temperatura ambiente, e posteriormente submetidas ao teste degenninayao.

o conteudo de urnidade das amostras foi avaliado de acordo comas Regras de Analise de Sementes (Brasil, 1992). Tres repetiyoes decinco, 10, 15 ou 20 sementes por especie, dependendo da disponibili-dade, foram colocadas em estufa (Teenal com renovayao e circulayaode ar), a 105 ± 3 °C por 24 horas, sendo 0 peso das sementes avaliadoantes e depois desse perfodo.

Antes dos testes de genninayao as sementes foram lavadas comdetergente neutro, seguindo-se com sucessivos enxagiies. Os testesforam conduzidos em substrato de papel Germtest, a temperaturade incubayao de 25°C constante e fotoperfodo de 16/8 horas. Fo-ram utilizadas quatro repetiyoes de numero variado de sementes,conforme a disponibilidade (Tabela 1). Sementes de H. courbaril,E. contortisiliquum e M. scleroxylon, por apresentarem dormenciaffsica (Eira et al. 1993, Melo et al. 2004, Moreira et al. 2005) fo-ram submetidas aos tratamentos pre-germinativos de escarificayaomecanica, escarificayao qufmica (10 minutos no acido sulfUrico) edesponte, respectivamente.

A contagem de sementes genninadas foi efetuada diariamentea partir do segundo dia ate no maximo 11 dias, are que todas as se-mentes germinassem ou ficassem deterioradas. Foram consideradasgenninadas aquelas sementes que ernitiram radfcula e/ou parte aerea.A durayao do teste variou de acordo com a velocidade de genninayaode cada especie.

o procedimento adotado para detenninar a porcentagem de ger-rninayao (genninabilidade ou capacidade gerrninativa) das sementesarmazenadas em condiyoes naturais por urn perfodo de 60 a 90 dias(Tl) e posteriormente por 15 meses (T2), foi 0 mesmo descrito parao tratamento testemunha (TO).

As sementes de C. arborea saD dispersas nos meses de outubroe novembro, portanto nao foi possfvel avaliara genninayao inicialjunto com as demais especies (TO).

Foram utilizadas ANOVAs para cada especie para comparar asporcentagens de genninayao entre TO,Tl e T2, e testes posteriores deTukey. Para comparar a porcentagem de genninayao inicial (TO)comos tratamentos de armazenamento -20 e a -196°C foram utilizadasANOVAs e testes posteriores de Tukey para cada especie.

A media no teor de urnidade inicial das 19 especies estudadas,determinado em setembro de 2005, foi de 7,47%. As sementes commenor teor de urnidade foram J. brasiliana (5,7%), L. montanus(5,3%) e H. courbaril (5,8), enquanto as sementes com maior toorforam M. urundeuva (12%), S. striata (10,9%) e A. poly phyla (9,4).Ap6s 0 perfodo de armazenamento de setembro a novembro de 2005,10 especies tiveram aumento no teor de urnidade (em ate 3,1) e setetiveram dirninuiyao (em ate 3,5%). Ja 0 teor de urnidade das sementes,detenninado em novembro de 2006, 16 especies aumentaram (em ate8,2%) e tres dirninufram (em ate 2,2%), em relayao ao detenninadoem setembro de 2005. Em ambos os perfodos de armazenamento,o maior aumento e a maior diminuiyao no teor de urnidade foramvistos para sementes de C. trichotoma e S. striata, respeetivamente(Tabela 1).

Apenas duas especies C. trichotoma e C. langsdorfji, tiveramdiminuiyao significativa na porcentagem de germinayao de TO paraTl (Figura 1). No entanto, cinco especies C. trichotoma, C. arborea,A. colubrina, A. pyrifolium e T. impetiginosa, tiveram perda emsua capacidade germinativa de TO para TI. Destas, A. pyrifolium eT. impetiginosa tiveram perda total de sua viabilidade ap6s 0 perfodode armazenamento (Figura 1).

o armazenamento em sacos de papel e temperatura ambiente per-rnitiu que grande parte das sementes mantivesse viavel, apresentandovalores de genninayao acima de 60% ap6s 0 armazenamento de trese 15 meses. Sementes de A. polyphila, A. cearensis, A. colubrina,A. fraxinifolium, C. lansdorjfi, J. brasiliana, E. contortisiliquum,L. montanus, S. brasiliensis, S. striata e T. aurea tiveram genninayaosuperior a 70% em TO,Tl e T2 (Figura 1). Sementes de H. courbariltiveram maior gerninayao ap6s 0 armazenamento (Tl e TI) que logoap6s a coleta (TO; Figura 1).M. scleroxylon teve valores inexpressivos de genninayao, nao

atingindo mais do que 10% para todos os perfodos de semeadura(Figura 1). Estes valores podem ser atribufdos a baixa qualidadesanitaria dos diasporos, seja pelo alto fndice de incidencia fungica,seja pel a predayao por insetos, que nem sempre pode ser observadasem abrir as sementes; ou pel a possibilidade do tratamento de esca-rificayao utilizado nao ter sido eficiente.

A grande maioria das sementes tolerou as condiyoes de arma-zenamento em banco de germoplasma convencional a -20°C (di-mera fria) e a -196°C (nitrogenio liquido; Figura 2). Sementes deT. impetiginosa tiveram genninayao menor ap6s armazenamentoem -20°C que ap6s 0 armazenamento em -196°C e a testemunha.Sementes de H. courbaril tiveram genninayao maior em -20°C doque em -196°C. A. pyrifolium teve genninayao maior no tratamentotestemunha e em -20°C do que em -196°C. Portanto, das 19 espe-cies apenas H. courbaril e A. pyryfolium nao responderam de formapositiva ao armazenamento em nitrogenio lfquido.

Quando comparados 0 teor de urnidade em setembro e novembrode 2005, 10 especies tiveram aumento do teor de urnidade e sete tive-ram dirninuiyao. Em novembro de 2006, 16 especies tiveram aumento

Acacia

100

75

50

25

0

Amburana100

75

~ 500.~ 25<Uc:'§

0Gl~Anadenanthera

100

75

50

25

0

ASpidospenna

100 aa

75

50

25

0

Figura 1. Porcentagens de germina<;aode 19 especies de arvores de t10restaestacional decidual do vale do rio Parana. GO. apas a coleta (TO. setembro de2005). tres meses de armazenamento(T!, novembrode 2005) e 15 meses ap6s armazenamento(1'2, novembrode 2006). Valoressao Media +EP.Figure 1. Germinationpercentages of 19tree species from tropical deciduousforests of the Parana riverbasin, Goias state, immediatelyafter seed collection(TO. September2005), three months stored (T!, November2005) and 15 months stored (1'2, November2006). Valuesare Mean +SE.

no teor de umidade e Ires tiveram diminui"iio, quando comparados aosvalores de setembro de 2005 (Tabela I). Dois fatores siio decisivospara a viabilidade das sementes durante 0 perfodo de armazenamento:conteudo de umidade e temperatura de exposi"iio (Salomiio & Sousa-Silva 2003, Sautu et al. 2006). 0 teor de umidade e de fundamentalimportiincia porque ele pode indicar 0 grau de matura"iio da sementee influenciar na manuten"iio de sua qualidade fisiol6gica durante 0

armazenamento (Salomiio & Sousa-Silva 2003, Fonseca et al. 2005).Ele influencia diretamente os processos metab61icos das sementes,sendo que 0 aumento no teor de umidade aumenta a velocidaderespirat6ria e, conseqiientemente, a atividade metab6lica (Popinigis1977, Gentil 2001, Corletti et al. 2007). 0 baixo teor de umidadeem sementes ortodoxas e uma das principais caracterfsticas que Ihes

confere grande viabilidade (Fowler 2000). Sementes quando disper-sas na esta"iio seca tern urn conteudo de umidade menor do que asdispersas na esta"iio chuvosa (Sautu et al. 2006).

Os baixos valores de umidade das espeeies estudadas favorecema manuten"iio da viabilidade das mesmas. Os altos valores de ger-mina"iio para algumas especies sugerem que as sementes i) haviamatingido sua matura"iio fisiol6gica na epoca de coleta, ii) conseguirammanter a viabilidade durante 0 perfodo de armazenamento, e iii)responderam positivamente II temperatura de incuba"iio de 25°C, aluz e ao substrato utilizado no teste de germina"iio. Alguns trabalhosabordaram a conserva"iio ex situ por meio de banco germoplasmade sementes, descrevendo as caracterfsticas ffsicas e fisiologiase 0 comportamento de sementes de especies nativas do bioma

100

75

50

25

0

100

75

~ 500,m0-m 25c:.~.,(!) 0

100

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50

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0Myracrodruon Copaifera T impetiginosa Machaerium

100

75

50

25

0T NL -20 T NL -20 T NL -20 T NL -20

Figura 2. Porcentagens de germinalj:ao de 19 especies de arvores de f10resta estacional decidual do vale do rio Parana, GO, ap6s a coleta (Testemunha), ap6sarmazenamento por 72 horas em nitrogenio liquido (NL) e a -20°C (-20). Valores sao Media +EP.

Figure 2. Germination percentages of 19 tree species from tropical deciduous forests of the Parana river basin, Goias state, immediately after seed collection(Control), stored for 72 hours in liquid nitrogen (N2L) and at -20°C (-20). Values are Mean +SE.

Cerrado, quanto a tolerancia ao dessecamento (diminui~ao no teor deumidade) e ao arrnazenamento em condi~5es ambiente (Medeiros &zanon 1998, Salomao et a1. 2003, Sousa et a1. 2005, Scalon et a1.2006, Carvalho et al. 2006). Esses estudos verificaram que e comumespecies de Cerrado, como por exempl0, Schinus terebinthifolius(Anacardiaceae), Jacaranda cuspidifolia (Bignoniaceae), Tabebuiaserratifolia (Bignoniaceae), Tabebuia roseo-alba (Bignoniaceae),Anadenanthera colubrina (Mimosaceae), Styphnodendronadstringens (Leguminosae - Mimosoideae), suportarem 0 desseca-mento e/ou 0 arrnazenamento, por urn perfodo superior a dois mesesem condi~5es naturais.

o aumento na porcentagem de germina~ao de H. courbaril ap6so arrnazenamento sugere que as sementes recem coletadas ainda naotinham atingido maturidade fisiol6gica, a qual foi atingida durante 0arrnazenamento. Outro aspecto relacionado Iisemente de H. courbarilcom rela~ao a presen~a de dormencia, esta pede ter side superada, par-cialmente, durante 0 arrnazenamento. Melo et a1.(2004) observaramdificuldade na semeadura de Hymenaea intermedia var. adenotricha(Ducke) Lee e Lang mesmo quando utilizaram metodos para quebrade dormencia. Portanto, 0 fato da semente apresentar dormencia einicialmente nao apresentar sua maturidade fisiol6gica maxima podeter resultado em uma menor germina~ao em TO (setembro).

C. trichotoma, C. arboreaa, C. Jissilis, e principalmenteA. pyrifolium e T. impetiginosa, nao responderam de forma positiva ascondi~oes de armazenamento ap6s 0 perfodo de 15 meses (Figura I),apesar de algumas dessas especies serem consideradas ortodoxas(Melo & Eira 1995, Salomao 2(02). Portanto, 0 armazenamento emtemperatura ambiente em sacos de papel por urn perfodo de urn anonao e indicado para essas especies. Destas especies, A. pyrifoliume C. arborea jii foram estudadas e descritas como nao dormentes(Barbosa et al. 1989, Ferreira & Cunha 2(00). Assim, a redu~ao dagerrninabilidade ao longo do tempo pode ser considerada normalpela pr6pria caracterfstica fisiol6gica da semente dessas especies,uma vez que com tegumento e endocarpo menos resistentes, per-dem sua viabilidade com mais facilidade e saDmais susceptfveis aoataque de pat6genos (Barbosa et al. 1989, Ferreira & Cunha 2000,Daws et al. 2005).

A causa para a diminui~ao consideriivel na germinabilidade dealgumas especies ap6s 0 armazenamento em condi~oes naturaispode estar relacionada a viirios fatores, como i) 0 envelhecimentonatural das mesmas, que aumenta a susceptibilidade as adversidadesambientais e causa danos aos mecanismos bioqufmicos (Popinigis1977, Ferreira et al. 2004); ii) varia~ao na temperatura, no ambiente dearmazenamento e 0 aumento do teor de umidade, que pode ocasionarurn decrescimo no seu poder gerrninativo, visto que prejudicam todoo processo metab6lico, como respira~ao e transpira~ao da semente,alem de favorecer 0 desenvolvimento de fungos que podem causar de-teriora~ao das sementes (Borges & Rena 1993, Degan et al. 2(01); iii)elevado teor de 61eo em sua composi~ao qufmica, sementes ricas em61eoperdem a viabilidade com mais facilidade, devido a instabilidadequfmica das moleculas lipfdicas, quando comparadas as de amidomais estiiveis (Harrington 1972); iiii) a presen~a de alguns fungosem sementes, que causam patogenicidade, prejudicam a qualidadefisiol6gica e conseqtientemente perda de sua viabilidade e longevidade(Araujo & Rossetto 1987, Carneiro 1990, Santos et al. 1992). A con-tamina~ao de sementes florestais se dii predominantemente no solo,incluindo sapr6fitos e parasitas facultativos (Medeiros et al. 1992).Como grande parte destas sementes foi coletada diretamente do soloe proviivel que muitas dessas jii estivessem contaminadas por fungos.Medeiros et al. (1992) detectou a presen~a de 25 diferentes generos defungos associ ados a sementes de M. urundeuva. Fungos encontradosem sementes se reproduzem muito riipido, facilitando a contamina~aode outras sementes durante 0 armazenamento (Wetzel 1987).

A manuten~ao da germinabilidade ap6s 0 armazenamento a-20 e -196°C indica que a maioria das especies estudadas tende terncomportamento ortodoxo. Sementes ortodoxas podem ser levadasa urn baixo teor de umidade e expostas a baixas temperaturas semque sofram danos (Roberts 1973, Melo & Eiras 1995, Salomao &Fujichima 2002, Fonseca & Freire 2(03). 0 baixo conteudo deumidade e as principais reservas de armazenamento como amidos,lipfdios, algumas protefnas e a~ucares especfficos saD sintetizadosde forma tardia no desenvolvimento da semente ortodoxa e podemestar relacionados a sua tolerancia a desseca~ao e exposi~ao abaixode zero (Castro et al. 2004). 0 baixo teor de umidade de sementesortodoxas impede a forma~ao de cristais de gelo durante 0 perfodo dearmazenamento, 0 que poderia causar danos e declfnio na viabilidadedas sementes (Medeiros & Cavallari 1992). Sementes ortodoxas,quando dispersas, apresentam conteudo de iigua em tomo de 5 a 10%de seu peso fresco, enquanto sementes recalcitrantes, geralmente,ao final de seu desenvolvimento, apresentam elevado conteudo deiigua, cerca de 60 a 75% do seu peso fresco (Castro et al. 2004).A diminui~ao significativa no poder germinativo de A. pyrifoliume H. courbaril, ap6s a exposi~ao ao nitrogenio Ifquido (-196 0q ede T. impetiginosa (Figura 2), ap6s a exposi~ao a -20°C pode serdevido a fatores individuais como, conteudo de umidade inadequado,

contamina~ao fUngica e efeito prejudicial do riipido congelamento(Salomao 2(02).

Das 19 especies estudadas, apenas A. pyrifolium e H. courbarilnao responderam de forma positiva ao armazenamento em nitroge-nio lfquido, 0 que indica ser a conserva~ao ex situ uma importanteestrategia de conserva~ao a ser adotada para a maioria das especiesde florestas secas do Brasil Central, para auxiliar sua conserva~ao insitu. Salomao (2002) e Wetzel et al. (2003) descreveram 0 compor-tamento de sementes de especies tropicais quanta ao armazenamentoem condi~6es criogenicas a -20°C e ao nitrogenio lfquido (-196 0q,concluindo que a criopreserva~ao pode ser uma altemativa promissorapara a conserva~ao de varias especies do bioma Cerrado. Salomao(2002) estudando 66 especies tropicais verificou que apenas seisapresentaram diminui~ao significativa no seu poder germinativoap6s imersao no nitrogenio liquido. Wetzel et al. (2003), estudandoo armazenamento a -20 e a -196°C, de sementes de 13 especies deCerrado, verificou diminui~ao significativa no poder germinativo deapenas uma especie.

o armazenamento em sacos de papel em temperatura ambientemostrou-se eficaz para conservar a qualidade fisiol6gica de sementesde especies arb6reas fitossociologicamente importantes de florestaestacional decidual por tres e 15 meses. Dessa forma, a estratt5giade coletar sementes em sua epoca de dispersao, armazenii-Ias eplantii-Ias no perfodo em que as chuvas se tomam constantes, poderiafavorecer a gerrnina~ao de sementes e 0 estabelecimento de plantulasem floresta estacional decidual, evitando que estas sofressem desse-ca~ao devido aos veranicos. Para as especies que nao mantiveram agerrninabilidade, como T. impetiginosa, A. pyrifolium, C. arborea eC. trichotoma 0 armazenamento a -20 e a -196°C se mostrou umaestrategia eficaz. Em condi~oes de campo, devem-se investir esfor-~os nas especies mais tolerantes como, por exemplo, A. cearensis,S. striata, L. montanus e J. brasiliana.

AgradecimentosA Nilton Barbosa e Helder Consolaro pelo auxflio na coleta de

sementes. A Rosangela Mundim e Glauciana dos Santos pelo auxfliocom os testes de gerrnina~ao. A Mauricio Sampaio, Emestino Guarinoe Isabel Figueiredo pelas sugestoes constantes no desenvolvimentodo trabalho. A dois revisores anonimos pelas sugest6es. A EmbrapaRecursos Geneticos e Biotecnologia e Fundo Nacional do MeioAm-biente pelo auxilio financeiro no desenvolvimento do trabalho.

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Recebido em 17110107Versiio Rejormulada recebida em 01107108

Publicado em 01108108

neotropica

Gennina<;ao de especies arboreas de floresta estacionaldecidual do vale do rio Parana em Goias apos tres

tipos de annazenamento por ate 15 meses

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