Espiral do Tempo n.º 20

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Edição 20 da revista de quase todos os relógios

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EDITORIAL

PARABÉNS À ESPIRAL DO TEMPO

DIRECTOR• Hubert de Haro > [email protected]

DIRECTOR ADJUNTO • Paulo Costa Dias > [email protected]

EDITORA• Vanda Jorge > [email protected]• Helena de Sacadura Cabral• Fernando Campos Ferreira• Leonardo Mathias• Rui Cardoso Martins

COLOBORADORES • Paula Moura Pinheiro • Fernando Correia de Oliveira • Miguel Seabra > [email protected]

TRADUÇÕES • Maria Vieira > [email protected] GRÁFICO • Paulo Pires > [email protected]

FOTOGRAFIA• Ana Baião • Hamish Brown • Nuno Correia

CONTABILIDADE • Elsa Filipe > [email protected]

REVISÃO Letrário – Serviços de Consultoria e Revisão de Textos, [email protected] > www.letrario.com

COORDENAÇÃO DE PUBLICIDADE E ASSINATURAS • Paulo Costa Dias > Tel.: 21 811 08 90 PARCEIROSAir France • Ass. Jog. Praia d’El Rey • Belas Clube de Campo• Beloura Golfe • Casa da Calçada • Casa Velha do Palheiro• Clube de Golf Pinta/Gramacho • Clube de Golfe Miramar • ClubeVII • Clube de Golfe de Vilamoura • Estalagem Melo Alvim • GolfeAroeira • Golfe Paço do Lumiar • Golfe Quinta da Barca • HotelCarlton de Lisboa • Hotel Convento de São Paulo • Hotel Fortalezado Guincho • Hotel Golfe Quinta da Marinha • Hotel Melia – Gaia• Hotel Méridien Lisboa • Hotel Méridien Porto • Hotel PalácioEstoril • Hotel Quinta das Lágrimas • Hotéis Tivoli • Lisbon SportsClub • Morgado do Reguengo Golfe • Museu do Relógio de Serpa• Palácio Belmonte • Penha Longa Golf Club • Portugália Airlines• Quinta do Brinçal, Clube de Golfe • TAP-Air Portugal • Tróia Golf• Vidago Palace Hotel, Conference & Golf Resort • Vila MonteResort • Vintage House

FICHA TÉCNICACorrespondência: Espiral do Tempo, Av. Almirante Reis, 391169-039 Lisboa > Fax: 21 811 08 92 > [email protected]: todos os artigos, desenhos e fotografias estão sobre a pro-tecção do código de direitos de autor e não podem ser total ou parcial-mente reproduzidos sem a permissão prévia por escrito da empresa editora da revista: Company One, Lda sito na Av. Almirante Reis, 39 -1169-039 Lisboa. A revista não assume, necessariamente, as opiniões expressas pelos colaboradores. Digitalização: ZL - Zonelab > Distribuição: VASP > Impressão: SoctipPeriodicidade: trimestral > Tiragem: 50.000 exemplares Registo pessoa colectiva: 502964332 > Registo no ICS: 123890Depósito legal Nº 167784/01

ESPIRAL DO TEMPO > 3

Sempre achei o uso abusivo de citações literárias um acto de profunda preguiça editorial. No entan-

to, quem nunca citou Fernando Pessoa poderá mandar a primeira pedra!

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a minha

vida é a maior empresa do mundo. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos

os desafios, incompreensões e períodos de crise. Pedras no caminho? Guardo todas e um dia vou

construir um castelo…”

No ano em que a revista de ‘quase todos os relógios’ celebra cinco anos (e com muitos mais cabe-

los brancos), resolvemos visitar, em Milão, um dos mais emblemáticos embaixadores de Portugal:

Luís Figo. Numa tarde de frio intenso, e a seguir a mais um treino praticado num terreno comple-

tamente gelado, trocámos impressões como velhos amigos que se reencontram após uma longa

separação: a mudança para Milão, as saudades da luz ibérica, a dedicação à família – agora com

três meninas, os negócios da bola… e claro, a perspectiva muito pessoal do Luís sobre a passagem

do tempo. Todos nós sabemos que a vida profissional de um futebolista acaba aos trinta e poucos

anos. O que poucos de nós sabem, é a dificuldade emocional que uma mega estrela do desporto

tem em lidar com o fim desta ‘primeira vida’, marcada pela abundância de dinheiro e um dia-a-dia

condicionado pela extrema notoriedade pública. O ponto de vista do número 10 da selecção por-

tuguesa é, a respeito, único. Claro, com a ajuda tonificante da jornalista Paula Moura Pinheiro!

Celebramos, ainda, este aniversário, com duas grandes reportagens conduzidas com brilho e muito

profissionalismo pelo jornalista Fernando Correia Oliveira: a primeira em Inglaterra, e a segunda…

na Índia. Em ambos os casos, a Espiral do Tempo assistiu às apresentações de novas colecções

de relógios. Mais adiante fazemos a ante-estreia das duas maiores feira mundiais do sector: a feira

de Basileia (de 30 de Março a 5 de Abril) e o Salon International de Haute Horlogerie (S.I.H.H) em

Genebra (de 3 a 9 de Abril).

Por fim, é com imenso orgulho que desejamos as boas vindas a Vanda Jorge, colaboradora da re-

vista desde o ano passado. Esta experiente jornalista aceitou desempenhar as funções de editora

da mais bela revista de relógios do país (modéstia à parte, claro).

É toda esta equipa de jornalistas, fotógrafos e gráficos que vos deseja uma óptima leitura.

Hubert de Haro

CAPA: Luís Figo fotografado por Hamish Brown, no centro de estágio do Inter de Milão.

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas

vezes, mas não esqueço que a minha vida é a maior

empresa do mundo.

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BREVES > 32Enquanto se aguarda pela apresen-

tação oficial das grandes novidades

do ano, nas feiras de Basileia e de

Genebra, conheça as mais variadas

propostas de produtos que incluí-

mos na nossa secção. Todos esco-

lhidos a pensar em si.

Filho único de um casal dos arredores de Lisboa, Luís Figo fez-se um dos dois portugueses mais

famosos do mundo. Não sendo o outro Luís de Camões. Aos 34 anos, Luís Figo conta aqui muito do

que sente sobre a sua extraordinária vida que, como glória activa nos campos de futebol, está no

seu penúltimo tempo. E na eminência de um grande final.

Entrevista em Milão de Paula Moura Pinheiro com fotografias de Hamish Brown.

LUÍS FIGOO CREPÚSCULO DE UM DEUS > 20

SUMÁRIO EDIÇÃO # 20 - PRIMAVERA 2006

NOVIDADES TAG HEUER > 50Não cheira a óleo, não há peças pelo chão, não há barulho. Está-se numa

das oficinas de mecânica automóvel mais sofisticada do mundo e faz-se jus

a uma das mais antigas alianças da Fórmula 1. A TAG Heuer apresentou no

McLaren Technology Centre os seus novos cronógrafos.

Reportagem em Surrey de Fernando Correia de Oliveira.

PLANETÁRIO DE LISBOA > 62Tal como os relógios, também os calendário medem o tempo que passa.

Sentados frente ao renovado sistema de projecção do Planetário de Lisboa,

olhamos para o céu à procura de orientação...

Reportagem de Vanda Jorge com fotografias de Ana Baião.

O REVERSO FAZ 75 ANOS > 68A arte de mostrar e esconder, o rectângulo transformado em quadrado, a

aliança perfeita entre forma e função: o Reverso está de parabéns. A ‘incrí-

vel’ Índia, com os seus contrastes de cores, serviu de palco ao lançamento

de novos modelos do grande clássico, que leva 75 anos de vida.

Reportagem em Jodhpur, na Índia, de Fernando Correia de Oliveira.

ISABEL SILVEIRA GODINHO > 76D. Maria Pia é a única Rainha portuguesa sepultada fora do país. Isabel

Silveira Godinho assume como coroa de glória a conclusão do processo de

trasladação da soberana para o Panteão da Casa de Bragança, em S. Vicente

de Fora. É no Palácio da Monarca que a directora se sente em casa.

Reportagem de Vanda Jorge com fotografias de Ana Baião.

DOSSIER CRONÓGRAFOS > 100Não há outro instrumento do tempo que expresse tão bem a era moderna:

o cronógrafo é a variante relojoeira mais popular e há muito que assume o

papel de brinquedo favorito do homem. A recente apresentação do novo cro-

nógrafo da Jaeger-LeCoultre preconiza uma revolução no sector.

Texto de Miguel Seabra.

6 < ESPIRAL DO TEMPO

CORREIO DO LEITOR > 16Um espaço interactivo entre a revis-

ta e os seus leitores e que é dedi-

cado a sugestões, críticas, dúvidas,

agradecimentos e curiosidades di-

versas. Um desafio para que os

amantes do tempo e da bela relo-

joaria possam contribuir pessoal-

mente para a melhoria de uma pu-

blicação que se lhes dirige.

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EM FOCO

Começa a vislumbrar-se a America’s Cup de 2007

no horizonte e os preparativos do sindicato deten-

tor do troféu já estão em marcha – facto que se

pode comprovar pela apresentação de mais um

fabuloso instrumento do tempo assinado pela Au-

demars Piguet.

ROYAL OAK OFFSHORE ALINGHI POLARIS > 84

Na sequência da parceria estabelecida entre a

Chopard e o rally nostálgico que reedita a lendária

corrida transalpina de mil milhas, a colecção Mille

Miglia não tem parado de crescer – não só em

número, mas também em tamanho... como se

pode constatar pelo novo Gran Turismo XL.

MILLE MIGLIA GRAN TURISMO XL > 86

Franck Muller sempre mostrou apreço pelos cronó-

grafos vincadamente masculinos; a colecção com

a sua assinatura tem reflectido essa tendência e os

cronógrafos declinados no emblemático formato

tonneau continuam a ser os principais clássicos

da marca.

CRONÓGRAFO MASTER CALENDAR > 88SABOREAR O TEMPO

VÍTOR HIPÓLITO > 126

Restaurante Verbasco - Clubhouse do Quinta da Marinha Oitavos Golfe

VINCENTE DELESALLE > 128

Restaurante AD LIB - Hotel Sofitel, Lisboa

HENRIQUE SÁ PESSOA > 130

Restaurante Flores - Bairro Alto Hotel, Lisboa

A provar toda a mestria técnica e estética alardea-

da pela Glashütte Original está o PanoMatic Tour-

billon, um fabuloso instrumento do tempo enobre-

cido por essa suprema complicação relojoeira que

é o turbilhão.

PANOMATIC TOUBILLON > 90

Idealizada pela designer Magali Métrailler com ins-

piração nos modelos Geophysic dos anos 50, a

linha Master Compressor permitiu à Jaeger-LeCoul-

tre dotar a sua elegante colecção de um segmen-

to vincadamente desportivo.

MASTER COMPRESSOR CHRONOGRAPH > 92

Nos últimos anos, a Raymond Weil apostou nas

suas duas vertentes mais carismáticas (Don Gio-

vanni e Parsifal) – mas nos últimos meses apresen-

tou propostas consecutivas em múltiplos quadran-

tes e a nova interpretação desportiva da gama

Tango é particularmente feliz.

TANGO COLLECTION > 94

TÉCNICA > 112Na rubrica dedicada à técnica relojoeira, as

atenções viram-se para o estudo do escape.

No coração de um relógio mecânico, o escape

é o mecanismo que acerta o movimento das

engrenagens, por forma a que o ponteiro dos

segundos complete uma rotação inteira do

mostrador num minuto preciso.

PERFIL > 120Nem demasiado tradicional, nem demasiado

contemporâneo. O compromisso de ser ‘o seu

joalheiro particular’ foi assumido e é válido

para a vida. Na Manuel dos Santos Jóias o

cliente tem um nome próprio.

Reportagem de Vanda Jorge com fotografias de

Nuno Correia.

ESPIRAL DO TEMPO > 7

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Grande Plano

Grande et petite sonnerieFP Journe - Música para os nossos ouvidos

No seu atelier em Genebra o mestre

relojoeiro François-Paul Journe, dedica toda

a atenção à sua mais recente inovação: um

grande et petite sonnerie com ‘apenas’ dez

patentes exclusivas! Cada passagem de hora e

de quarto de hora é assinalada com toques de

sonoridades distintas. Fazendo as contas o

relógio marca o tempo 96 vezes por dia, isto é,

diariamente escutamos 812 toques. Tudo isto

num relógio mecânico, em aço, para privilegiar

a qualidade da ressonância sonora.

ESPIRAL DO TEMPO > 9

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Grande Plano

Rolex Ice Campaign

A mística feminina invade os territó-

rios gélidos. Às primeiras horas de luz, uma

equipa vinda de todo o mundo enfrenta as

temperaturas negativas da Islândia. A imagem

das quatro manequins de renome interna-

cional é captada pelas objectivas de Mario

Sorrenti, que assina a nova campanha de pu-

blicidade da Rolex. A expedição durou sete

dias, uma aventura que conquistou locais ins-

piradores como Jokulsarlon, na Islândia, e

Llulissat, na Gronelândia.

ESPIRAL DO TEMPO > 11

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Grande Plano

GyrotourbillonUma das sete maravilhas da alta-relojoaria

Os movimentos são do magnífico

Gyrotourbillon, vencedor do prémio da inova-

ção técnica e da complicação no Grand Prix

d’Horlogerie de Genève de 2004. Esta obra-

-prima da Jaeger-LeCoultre apresenta um tur-

bilhão esférico com indicação das horas, dos

minutos, dos segundos, reserva de marcha,

equação do tempo, data perpétua através de

dois indicadores retrógrados, indicação perpé-

tua dos meses retrógrada e indicação do ano

bissexto no fundo do relógio. O nível de com-

plicação torna-o uma peça rara, a lista de

coleccionadores à espera desta que é consi-

derada uma das sete maravilhas da alta-relo-

joaria é infindável.

ESPIRAL DO TEMPO > 13

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16 < ESPIRAL DO TEMPO

CORREIO DO LEITOR

Nas minhas incursões pela net descobri um novo cronógrafo daJaeger-LeCoultre dotado de um sistema que me pareceu sensacional –

não tem botões e acciona-se tocando na caixa. É um sistema aparenta-

do com o que a Tissot já utiliza? E porque é que o relógio ainda não está

à venda?

Basílio Morais, Lisboa

ET - O relógio que menciona no seu e-mail é o Jaeger-LeCoultre AMVOX-2, cujas

funções cronográficas são accionadas pelo pressionar da caixa. Trata-se de um

inédito sistema mecânico assente num calibre automático que não tem nada a ver

com o sistema de toque alimentado por um circuito electrónico de quartzo utiliza-

do no Tissot T-Touch; o dossier sobre cronógrafos que apresentamos nesta edição

da Espiral do Tempo desvela um pouco mais esse prodigioso sistema idealizado

pela Jaeger-LeCoultre: o AMVOX-2 não necessita dos tradicionais botões laterais

porque a cronometragem é accionada e travada mediante uma pressão vertical

sobre a caixa do relógio. O revolucionário cronógrafo já foi oficialmente apresen-

tado à imprensa numa acção que decorreu nas instalações da Aston Martin em

finais de 2005, mas ainda não está em fase de comercialização e só lá para o final

do ano deverá chegar às lojas.

POR MOTIVOS DE LIMITAÇÃO DE ESPAÇO NÃO PODEMOS PUBLICAR TODAS AS QUESTÕES QUE OS NOSSOS LEITORES TÊM A AMABILIDADE DE NOS COLOCAR. NO ENTANTO, NÃO DEIXEM

DE NOS ENVIAR AS VOSSAS DÚVIDAS; PESSOALMENTE E DENTRO DOS NOSSOS CONHECIMENTOS, NÃO DEIXAREMOS DE RESPONDER, COMO O TEMOS FEITO. ESCREVA-NOS OU ENVIE UMA

MENSAGEM DE EMAIL PARA: ESPIRAL DO TEMPO > Av. Almirante Reis, 39 > 1169-039 LISBOA • Tel.: 21 811 08 90 > Fax: 21 811 08 92 > [email protected]

Um cronógrafo singular>

Quais as marcas de relógios que são produzidas em Glashütte?Já me apercebi que são várias, mas gostaria que me ajudassem a dis-

trinçar quais são as de maior nomeada e a razão da existência de um

pólo relojoeiro no local.

Bernardo Tavares de Almeida, Cascais

ET - Tem razão. A localidade germânica de Glashütte é um autêntico pólo relo-

joeiro: as manufacturas Lange & Söhne e a Glashütte Original são incontestada-

mente as marcas mais prestigiadas, mas também a Union Glashütte, a Assmann

e a Dürrstein (associadas à Glashütte Original), a Tutima, a Nomos e a Mühle são

companhias sérias que fazem a apologia da relojoaria tradicional – embora algu-

mas delas utilizem componentes ou mesmo calibres de origem suíça. A história é

fascinante e começa na vizinha metrópole de Dresden, onde a mais celebrada

dinastia relojoeira alemã começou em 1758 com o relojoeiro da corte saxónica

Johann Friedrich Schumann, sucedido no posto pelo seu genro Johann Christian

Friedrich Gutkaes, que por sua vez também cederia o lugar ao seu genro,

Ferdinand Adolph Lange – fundador da primeira companhia relojoeira na vizinha

localidade de Glashütte em 1845. Até então, a zona estava apenas associada à

extracção da prata (a própria palavra glashütte significa cabana de metal); a prata

acabou e a pobreza instalou-se até que Lange optou por combater o desemprego

da zona, recrutando os mineiros para o ofício da relojoaria. Mais do que uma

empresa, Ferdinand Adolph Lange fundou uma indústria e lançou os sólidos

alicerces da Meca da relojoaria alemã, que sobreviveu a duas guerras mundiais e

recuperou a sua glória após a queda do Muro de Berlim.

O berço da relojoaria alemã>

ET - Parabéns pela qualidade da vossa revista, embora preferisse

que se centrassem mais em temas exclusivamente relojoeiros em vez de

apresentarem por vezes assuntos e reportagens que poderiam perfeita-

mente ser tratados noutro tipo de publicações. O meu pedido é simples:

gostaria que me apresentassem uma justificação pertinente para o eleva-

do preço das revisões dos relógios mecânicos.

José Vale, por e-mail

ET - Caro leitor: aceitamos a sua opinião, mas a nossa missão é tentar fazer uma

revista tão eclética quanto possível dentro da temática do tempo e da relojoaria.

Quanto ao preço das revisões, deverá partir do princípio que a mecânica de um

relógio é semelhante à de um veículo automóvel – com a agravante de se tratar

de um mecanismo que, ao contrário do que sucede com o motor de um automó-

vel, está continuamente em funcionamento. Daí precisar de assistência periódica

para que se assegure a boa lubrificação dos componentes, a capacidade vedante

das juntas e a eliminação de pós, sujidade e humidade. A especificidade da tare-

fa implica que só possa ser concretizada por profissionais altamente qualificados.

O preço a pagar>

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Questões

1 - Crie um novo slogan para a marca.

2 - Qual o embaixador(a) da marca em Portugal?

3 - Como conheceu a Sector e os seus relógios?

4 - Indique uma relojoaria que comercialize este modelo.

Dados pessoais

Nome:

Morada:

C. Postal: –

Localidade:

Tel: Tm:

Email:

A Espiral do Tempo e a Sector criaram um passatempo que

lhe permitirá ganhar um Sector Slim 400.

Para tal, terá que responder às questões colocadas e enviar

esta ficha ou uma fotocópia devidamente preenchida para:

Company One, Publicações Lda

Av. Almirante Reis, 39

1169-039 Lisboa.

Pode também enviar as suas respostas por email, indicando

os seus dados pessoais para:

[email protected]

Das respostas recebidas até 10/05/2006

será seleccionado o vencedor.

Passatempo

SECTOR SLIM 400

Movimento: cronógrafo quartzo.

Funções: H, M, S, cronógrafo, data

e escala taquimétrica.

Caixa: aço, estanque a 50 metros.

Bracelete: cauchu.

Preço: € 240

Ganhe um Sector Slim 400

Page 18: Espiral do Tempo n.º 20

Assinaturas

Nome:

Data de Nascimento:

Profissão:

Como se vê no mundo dos relógios?

Coleccionador Apaixonado Curioso

Outro:

Onde viu a Espiral do Tempo?

Banca TAP Relojoaria Hotel/Golfe

Outro:

De que tipo de artigos mais gosta?

E neste número de que mais gostou?

Sugestões para melhorar a revista:

A assinatura deverá ser feita em nome de:

Morada:

C.Postal: - Localidade:

Cont.:

E-mail:

Tel.: Tm.:

Pretendo assinar a partir da edição n.º: (inclusive)

Cheque n.º: Banco:

Assinatura para 8 edições (dois anos):

> Portugal € 28 > Europa € 60 > Resto do mundo € 80

Fotocopie este questionário, preencha, junte um cheque

emitido/endereçado a: Company One, Publicações Lda

Av. Almirante Reis, 39 1169-039 - Lisboa - Portugal

N.º 1 > € 5

ReportagemF.P. Journe.

Searacer da TAG Heuer.

Franck Muller.

N.º 2 > € 5

ReportagemAudemars Piguet.

Master RéveilJaeger-LeCoultre.

Mauboussin.

N.º 3 > € 5

ReportagemTurbilhão.

AtmosJaeger-LeCoultre.

Aerodyn Date.

N.º 4 > € 5

ReportagemReserva de Marcha.

Retro SportGerald Genta.

TAG Heuer Classics.

N.º 5 > € 5

ReportagemPierre Kunz.

Royal OakAudemars Piguet.

Tendências.

N.º 6 > € 5

ReportagemGravação.

DiamantesTempo de eternidade.

Data grande.

N.º 7 > € 5

EntrevistaJosé Miguel Júdice.

GreenwichA génese do tempo.

British Masters.

N.º 8 > € 7,45

EntrevistaCarlos Monjardino.

Alarmes mecânicosSom tradicional.

Link Calibre 36.

N.º 9 > € 7,45

EntrevistaPedro Abrunhosa.

ECW Panhard Ganador.

Porsche Design.

N.º 10 > € 7,45

EntrevistaHelena Roseta.

Royal Oak T3Audemars Piguet.

Chopard.

N.º 11 > € 7,45

ReportagemDaniel Roth.

Tourbillon RevolutionFranck Muller.

Glashütte.

N.º 12 > € 7,45

ReportagemFranck Muller: Watchland.

Novo calibre AutotractorJaeger-LeCoultre.

Moda.

N.º 13 > € 7,45

ReportagemRaymond Weil.

Royal Oak ChronoAudemars Piguet.

Museu Patek Philippe.

N.º 14 > € 7,45

ReportagemGlashütte.

EntrevistaJasmine Audemars.

Mito Carrera.

N.º 15 > € 7,45

ReportagemFortis.

EntrevistaMarisa.

Portfolio Rolex.

N.º 16 > € 3,5

ReportagemEmbaixadores TAG Heuer.

RolexÍcone rejuvenescido.

Saborear o tempo.

N.º 17 > € 3,5

ReportagemTapada de Mafra.

EntrevistaFrançois-Paul Journe.

Gyrotourbillon.

N.º 18 > € 3,5

ReportagemCarlos Paredes.

EntrevistaVartan Sirmakes.

Relógios & Automóveis.

N.º 19 > € 3,5

ReportagemJúlio Pomar.

EntrevistaJean-Christophe Babin.

Franck Muller-Sporting 100.

Caso queira encomendar

um número anterior da

Espiral do tempo, envie-nos

uma carta para:

Av. Almirante Reis, 39

1169-039 Lisboa,

juntando a quantia

respectiva em cheque.

Não esquecer de colocar

remetente.

O cheque deverá ser

emitido em nome de:

Company One, Lda.

ESGOTADO

ESGOTADO

ESGOTADO

ESGOTADO

ESGOTADO

Page 19: Espiral do Tempo n.º 20
Page 20: Espiral do Tempo n.º 20

O crepúsculo de um deusFilho único de um casal dos arredores de lisboa, Luís Figo fez-se

um dos dois portugueses mais famosos no mundo. Não sendo

o outro Luís de Camões. Aos 34 anos, Luís Figo conta aqui muito

do que sente sobre a sua extraordinária vida que, como glória

activa nos campos de futebol, está no seu penúltimo tempo.

E na eminência de um grande final…

entrev ista de Paula Moura Pinhei ro em Mi lão > fo tos Hamish Brown

GRANDE ENTREVISTA

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Paula Moura Pinheiro - Quando é que se lembra de si a ter consciên-

cia da velocidade a que o tempo passa?

Luís Figo - Quando se dá conta de que o tempo passou a correr équando se está prestes a terminar um ano de competição ouprestes a terminar o ciclo de um contrato que se teve com umclube ou, claro, quando se está prestes a terminar a carreiradesportiva.

PMP - Sim, mas eu pergunto quando é que começou a ter a percepção

de que a ampulheta estava a correr contra si… Quando é que começou

a sentir a pressão de que a sua vida como futebolista estava em con-

tra-relógio?

LF – Bom, quando se tem 13 anos, que foi quando comecei ajogar no Sporting, não se tem nunca a percepção de que a vidapassa a correr. Aos 13 anos estamos completamente tomadospelo presente. Com 13 anos eu só queria jogar futebol. Nessaaltura, não me passava pela cabeça que a minha profissão viria aser futebolista. Era um sonho que eu não acreditava possível deser realizado. Claro que com o tempo, não muito tempo, foi-setornando um objectivo e um objectivo cada vez mais forte – deacordo com os patamares que ia atingindo. Mas não havia, nesseperíodo inicial, qualquer espaço para a percepção de que, casoviesse a ser futebolista profissional, teria, forçosamente, uma car-reira curta – os atletas têm-na sempre. Creio que foi só aos 17anos, quando comecei como profissional, que fui confrontadocom essa ideia pela primeira vez. Porque comecei a trabalhar, atreinar, a lidar com companheiros mais velhos e a aprender comos seus casos.

PMP – Foi aí que compreendeu que, por exemplo, com 34 anos, que é

hoje a sua idade, é-se quase demasiado velho para futebolista.

LF – Sim. Compreendi racionalmente, mas não era algo que euvivesse como uma percepção aguda, condicionadora. Quando setem 17 anos ainda se está completamente no presente, a ideia dofuturo permanece abstracta. Não é como agora, que gostava queo dia tivesse 48 horas… aos 17 anos não sentia que me faltavaou haveria de faltar o tempo: era feliz simplesmente a praticardesporto. Com o tempo, as responsabilidades aumentaram e asnecessidades também – tudo se tornou mais complicado…

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PMP - Hoje, a sua relação com a ideia do tempo é

angustiada?

LF - De certa forma é. A consciência aguda deque não vou poder jogar para sempre, não éfácil… mas tento preparar-me o melhor possí-vel para quando chegar o momento em que tiverde fazer outra coisa – não digo retirar-me, digofazer outra coisa – não tenha tanta… dor.

PMP - Há quem diga que no Inter de Milão voltou a

jogar com a intensidade de um garoto. Ao Zidane

parece que está a acontecer a mesma coisa. É uma

espécie de canto do cisne?

LF - Não sei. Acho que nunca me limitei em ter-mos de esforço, sempre tentei dar o meu máximoem todas as situações – estivesse ou não emcampeonatos do mundo. Não sei limitar o meuesforço. Vir esta temporada para o Inter de Milãofoi um desafio muito bom: eu sentia que tinhacondições para jogar ainda a um alto nível e tinhade o demonstrar a mim mesmo. Uma coisa é oque os outros dizem – e pode ser importante,dependendo de quem são os outros – outra coisaé o que eu sei sobre mim. Demonstrar-me a mim

mesmo que o que sentia era verdade – que possoainda jogar a um alto nível – é da maior impor-tância. Além disso, tendo tido uma carreira posi-tiva quero acabá-la o melhor possível.

PMP - Dá-se ainda o caso de praticamente não ter

podido jogar nos seus últimos tempos de Madrid…

LF - Sim, de não ter podido jogar como desejavae como sabia que poderia jogar. Nos últimostrês, quatro meses de Real Madrid aconteceu-meo que pode acontecer a qualquer profissional: aescolha do treinador não recaiu sobre mim.

PMP - É sempre duro quando isso acontece, mas

quando se tem já pouco tempo de vida profissional

deve ser desesperante.

LF - Foi muito frustrante, sim. A verdade é que po-dia ter continuado em Madrid se quisesse ter umavida tranquila – tinha um bom contrato, podiadeixar-me estar sossegado. Mas não sou assim.Quero acabar a minha carreira com a máximadignidade possível: jogando, como tenho feitoestes anos todos. Por isso optei pelo Inter, onde,de facto, posso jogar como tenho jogado.

PMP - E Milão? Depois de Lisboa, Barcelona, Madrid -

um pouco frio, não?

LF - Sim, mas o frio eu aguento bem. Aquilo deque sinto mais falta, mais que do bom clima, éda luz – da luz do Sul. Milão parece que temsempre uma camada que paira sobre a cidade eque não deixa passar a luz. Barcelona, Madrid,Lisboa são cidades muito luminosas. Aqui, àssete da manhã é de noite e às quatro da tarde éde noite. O espaço de tempo para viver com luzé pouco – é isto que mais me custa em Milão.

PMP - Tenho a ideia de que os italianos conseguem

ser ainda mais radicais que os espanhóis a viver a

paixão pelo futebol. É assim?

LF - Não. A forma de viver o futebol, a paixãopelo futebol, é igual em toda a parte. Pelo menosentre latinos. Nesse aspecto, não vejo diferençaentre espanhóis e italianos.

PMP - O Rui Costa já cá estava quando chegou a

Milão. São da mesma geração de ouro do futebol

português. Ele ajudou-o a adaptar-se à cidade?

LF - O Rui pôs-se à disposição para o que eu

Luis Figo

22 < ESPIRAL DO TEMPO

,

Page 23: Espiral do Tempo n.º 20

necessitasse e eu tenho-o como um irmão. Fala-mos bastante ao telefone, mas a verdade é quenos vemos pouco por termos vidas muito desen-contradas. Jogamos nas equipas rivais de umacidade que só tem um estádio e, portanto, quan-do eu jogo em casa, ele joga fora e vice-versa; eutreino de manhã, ele treina à tarde; eu vivo emMilão, ele vive em Varese – não temos disponi-bilidade para estarmos juntos com frequência.Mas falamos muito ao telefone e cada um de nósacompanha de perto o que se passa com o outro.

PMP - Quem são os seus grandes amigos? São pes-

soas que traz da sua juventude portuguesa ou são

estrelas do futebol mundial como o Luís?

LF - Com o meu nível de vida profissional eeconómico é sempre difícil fazer amizades comgente com uma vida diferente. Nós, futebolistas,tendemos a ser casos atípicos: a constituir famíliamuito cedo, por exemplo, como aconteceu co-migo. Logo por aí é difícil encontrar pessoas forado futebol que, tendo a minha idade, estejam namesma situação familiar que eu, que fui pai aos25 anos. O meu ritmo de vida, as minhas respon-

sabilidades são muito diferentes das da maioriados homens da minha geração. O nível económi-co, é escusado negá-lo, é um factor que tem tam-bém influência – é difícil manter relações estrei-tas com pessoas que não vivem como eu e aminha família. A maioria dos meus amigos sãopessoas do meu meio profissional.

PMP - E os egos das estrelas não tendem a entrar em

colisão?

LF - Isso acontece em todas as actividades. Hásempre egos desproporcionados, rivalidades, masé perfeitamente possível, também, ter bons ami-gos entre pares.

PMP - O Ronaldo e o Zidane, por exemplo?

LF - Sim, por exemplo. São ambos pessoas comum enorme prestígio, o que não impede umaboa amizade entre nós todos. Profissionalmentetento sempre relacionar-me bem com todos osmeus colegas, depois há factores que fazem comque se levem, ou não, os colegas para a nossavida pessoal. Factores como o relacionamentoentre as nossas famílias, se têm crianças ou não,

Diversos momentos na vida de um craque: dentro e fora do

relvado, ao serviço da selecção nacional ou do clube.

1

ESPIRAL DO TEMPO > 23

Luis Figo,

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por exemplo. Isso aconteceu-me em todo o lado– é mais fácil ligarmo-nos a quem tem o mesmoritmo de vida que nós.

PMP - Custa mudar de cidade? Os amigos, as escolas

para as crianças…

LF - É muito mais complicado para a minha mu-lher e para as minhas filhas que para mim, quevivo dentro do campo e que, onde quer que este-ja, mantenho o mesmo tipo de vida. Aquilo deque senti mais receio nesta opção pelo Inter deMilão foi da instabilidade que isso causaria àminha família, porque elas estão aqui por mim,não estão por mais nenhuma razão. E a instabi-lidade emocional, social pode causar problemasdentro de casa. E, de facto, passámos momentosdifíceis quando chegámos aqui, mas consegui-mos ultrapassá-los.

PMP - O divórcio profissional mais duro que já teve

não foi de Madrid, foi de Barcelona. O que é que uma

experiência tão violenta como a que viveu nesse pro-

cesso – passar de deus a demónio, de um momento

para o outro – mudou em si?

LF - Muito poucas pessoas sabem o verdadeiromotivo porque mudei do Barça para o RealMadrid. Em Barcelona eu tinha tudo o que sepode desejar em termos pessoais e profissionais.É verdade que o contrato que me ofereceram emMadrid era melhor, não vou negar isso, não vounegar que foi financeiramente vantajoso mudarpara Madrid. Mas isso não teria sido suficientepara me fazer sair de Barcelona, que era umacidade que eu adorava e que, com o tempo, mehaveria de dar o que Madrid me estava a ofere-cer. O facto é que aquilo foi um processo de

negociações complicado, que envolveu váriaspessoas, e eu não quis defraudá-las – senti-meobrigado a honrar os compromisos que tinhaassumido, quis ser correcto. Felizmente, o meubalanço da ida para o Real Madrid é positivo,mas podia não ter sido: passei um ano difícílimoe acabei por apostar a minha vida profissional epessoal nas mãos de pessoas que, com o passardo tempo, revelaram não ser merecedoras daconfiança que eu depositara nelas. É assim a vida.Mas eu tento manter-me correcto, tanto dentrocomo fora do campo.

PMP - O que é que mudou em si com essa experiên-

cia? Sofreu, inclusive, ameaças de morte…

LF - Fez-me mais forte. Cada vez que ia, que voujogar a Barcelona eu sei que por detrás de todoaquele sentimento existe…

PMP - … desculpe, mas quando fala de ‘sentimento’

está a ser muito suave. O que há são manifestações

de raiva, para não dizer de ódio…

LF - … mas eu compreendo isso. Claro que sesou estimado num sítio e me passo para o seurival – ainda mais com uma campanha mediáti-ca contra mim, como a que existiu – a reacçãodos adeptos só pode ser a que foi. Não levo amal. Enquanto forem só insultos, não levo amal. O futebol é assim. Agora se me acontecealguma coisa, a conversa é outra…

PMP - Visivelmente, considera que os insultos não

entram na categoria das coisas más que podem

acontecer-lhe.

LF - Tenho de considerar, senão dava em maluco.Em qualquer jogo, mesmo que não seja em

Barcelona, há sempre um tonto que implicaconnosco.

PMP - Pode compreender-se a imunidade que é

necessário desenvolver em relação a certas coisas

para poder sobreviver. Mas há outras situações que

podiam ser evitadas. Por exemplo, por que razão fez

questão de marcar todos os cantos assim que foi para

o Real Madrid?

LF - Não sei. Esse foi um ano muito difícil. Tinhaos olhos todos postos em mim, sentia a imensapressão de ter de demonstrar, de ter de ganhar.Acontece que vivo bem sob pressão, porque, decerta forma, mantém-me alerta, mantém-medesperto. Claro que é desgastante, mas mantém--me ainda mais concentrado, ainda mais disci-plinado – o que me faz abstrair do que está aacontecer fora do campo. A jogar nessas con-dições, por mais próximo que esteja alguém ainsultar-me, nem ouço.

PMP - No texto de apresentação que escreve no livro

que saiu sobre si em 2005, diz uma coisa curiosa: diz

que conheceu atletas melhores, mas que aquilo que

o distingue a si, Luís, é a sua determinação. Determi-

nação que, segundo escreve, deve ao Sporting.

LF - Eu nasci e cresci como jogador com o lemado Sporting, lema que nunca me abandonou aolongo da minha carreira: Esforço, Dedicação,Devoção e Glória. Isto acompanha-me desdepequeno, porque foi desde pequeno que tive defazer um esforço para ir treinar. Eu morava namargem Sul do Tejo e vinha todos os dias para oEstádio de Alvalade. Com doze anos, a seguir àescola, apanhava o autocarro do sítio onde vivia,para lá de Almada, depois o barco, depois o

É difícil encontrar pessoas fora do futebol que, tendo a minha

idade, estejam na mesma situação familiar que eu, que fui pai

aos 25 anos. O meu ritmo de vida e as minhas responsabilidades

são muito diferentes das da maioria dos homens da minha geração.

ESPIRAL DO TEMPO > 25

Luis Figo,

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metro – tudo para chegar ao treino. Todos osdias, fizesse chuva ou Sol, fazia isto, primeirocom amigos, depois sozinho. E não podiachumbar na escola porque senão os meus paisnão me deixavam continuar no futebol. Isto éesforço e dedicação.

PMP - Sem querer diminuir a importância do Sporting

na sua formação, se calhar essa capacidade de

esforço e de dedicação trazia-a já de casa e o mérito

do Sporting foi ter reconhecido em si essas quali-

dades. O que fizeram de especial os seus pais por si?

LF - Agradecerei para sempre aos meus pais aforma como me educaram para a responsabili-dade. Desde muito cedo transferiram para mima responsabilidade de não os desapontar na con-fiança que depositavam em mim.

PMP - Sendo filho único, imagino que todas as expec-

tativas dos seus pais estavam centradas em si.

LF - Sim. Mas não era tanto no sentido de quere-rem que eu fosse o melhor. Eles não ligavammuito ao facto de eu estar a fazer futebol, porexemplo. O que eu sentia era que não devia, nãopodia defraudá-los. Não podia fazer porcaria…

PMP - O seu pai era do Sporting?

LF - Não, o meu pai era do Benfica. Mas naque-la altura dizia-se que o Benfica só aceitava gentegrande e eu era pequenino – como é que ia lá?…Foi por isso e por ter amigos que jogavam nascamadas jovens do Sporting que fui treinar parao Sporting.

PMP - O Sporting foi circunstancial.

LF - Calhou, sim.

PMP - Uma das coisas extraordinárias consigo é que,

ao longo de vinte anos de futebol, nunca se lesionou.

É uma espécie de Aquiles. Qual é o seu calcanhar? O

que é que o vulnerabiliza?

LF - O que me deita abaixo é perder (risos)…

PMP - E os críticos nos media?

LF - Nos meus primeiros anos de carreira irritava--me com o desplante das críticas de pessoas quenão fazem a mínima ideia do que é o futebol

profissional. Não compreendia como era possívelque se opinasse com tanta ignorância sobre onosso trabalho. Falar no café da esquina está certo,todos devem poder fazê-lo. Mas ter um espaço deinfluência na opinião pública sobre profissionais,quando o próprio crítico não é, ele mesmo, umprofissional desta área, isso é que já tenho maisdificuldade em entender. Seria o mesmo que eu,que sou futebolista e nunca me dediquei a estudaroutro assunto, tivesse uma coluna de opiniãosobre arquitectura. Mas até isso, com o tempo, jánão me incomoda. Olhe, preciso de dormir. Nãodormir o suficiente é algo que me fragiliza.

PMP - Os valores pagos a estrelas de futebol como o

Luís Figo são muitas vezes objecto de críticas, mas

nem sempre se diz que os clubes, bem geridos,

podem ir buscar isso e muito mais convosco.

LF - Não vou queixar-me, porque faço aquilo deque gosto e sou muito bem pago para isso.Também acrescento que só ganho aquilo que mequerem pagar – se há quem acha que é demais,que fale com quem nos paga e averigue se nós,futebolistas, não geramos também muito dinhei-ro. A vida de um futebolista profissional é puxa-da. Para mim, pessoalmente, são cerca de 60 jogospor ano e, muitas vezes, jogados em condiçõesdifíceis: depois de longas viagens, noutros fusoshorários, noutros climas, sob imensa pressão. Nãome queixo, mas não são tudo rosas.

PMP - Esta sua participação no Mundial é tudo aqui-

lo com que sempre disse ter sonhado. Acontecer

nesta fase da sua carreira é particularmente emocio-

nante. Tem o carácter de ‘agora ou nunca’.

LF - Sim, mas não se pense que estou mais ner-voso do que estaria se estivesse noutro campe-onato qualquer. Não estou. Não vejo as com-petições dessa forma: agora ou nunca.

PMP - Bom, mesmo que prolongue a sua carreira por

mais uns anos é evidente que esta é a sua última

oportunidade num Mundial.

LF - Não vejo isto como uma coisa de vida ou demorte, ou como uma última oportunidade,como diziam de mim no Europeu. Tento desfru-tar o momento. Sei que é único poder jogar

Chama-lhes um figo

A colecção de instrumentos do tempo de Luís

Figo é deliciosa e revela um maduro conheci-

mento da relojoaria. O primeiro a ser destaca-

do tem de ser o TAG Heuer ‘Luís Figo’, um

modelo de edição limitada personalizado e

assinado pelo astro português que coloca em

destaque no mostrador o número 7; para

além desse relógio que lhe é dedicado (numa

feliz adaptação especial da série 6000), Figo

tem ainda dois históricos modelos da linha

Classics da TAG Heuer: o Carrera e o Monaco.

Mas a sua grande paixão são as criações da

autoria de Franck Muller: o próprio jogador

conhece o genial mestre genebrino e já visitou

a sede da marca em Watchland, nos arredores

de Genebra; tem um Long Island em ouro

branco e fundo preto de uma série limitada

encomendada pelo ex-presidente merengue

Florentino Perez para comemorar a vitória na

final da Liga dos Campeões em Glasgow

(2002), um Long Island em ouro branco com

diamantes que lhe foi oferecido por um sheik

do Dubai e ainda um Transamerica. Entre ou-

tras preciosidades, possui igualmente um IWC

Português Calendário Perpétuo em ouro bran-

co e um espampanante Jacob & Co. cravejado

de diamantes com mostrador dividido em cin-

co fusos horários.

MIGUEL SEABRA

26 < ESPIRAL DO TEMPO

Luis Figo,

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Ela fez sacrifícios por mim de que eu não me esqueço nunca.

Prescindiu de ter uma carreira própria para me acompanhar

na minha carreira e educar as nossas filhas – não há nada

que possa expressar a gratidão que lhe tenho por isso.

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num Europeu ou num Mundial, mas não trans-cendo essa abordagem do facto. Sempre fui mui-to contido nos sentimentos relativamente a estassituações.

PMP - É uma boa estratégia emocional para conter a

ansiedade. Mas não sentir a pressão da expectativa dos

três mil milhões de espectadores que terá no Mundial de

Futebol é quase do foro do sobre-humano.

LF - Tento sentir o prazer. Gozar o facto de estaraqui, a participar nisto. Mas não posso nem vouestar a pensar nesses três mil milhões de pessoas.Quero apenas concentrar-me para fazer as coisasbem feitas, muito bem feitas. Quero ganhar.

PMP - Nós, os portugueses, queremos que ganhe.

LF - (risos) Pois, imagino. Vou dar o meu melhor,é só o que posso prometer.

PMP - E se lhe correr muito bem o Mundial pode

ainda fazer novos contratos como futebolista de

primeira linha.

LF - Já não estou a pensar nisso.

PMP - Quer jogar mais quanto tempo?

LF - Terminava este contrato com o Inter deMilão e, em princípio, acabava.

PMP - E se lhe oferecessem um contrato milionário

para a Arábia Saudita? Aceitava?

LF - Isso dependeria da minha mulher. Deixava--lhe a ela a decisão. Ela e as minhas filhas já fi-zeram tantos sacrifícios por mim que eu não asfaria passar por mais uma mudança contra a suavontade. Para dizer a verdade, gostaria de ir umano para os Estados Unidos da América – paraacabar a minha carreira na Liga Americana deFutebol. Gostava disso. Ficava um ano fora, aspessoas esqueciam-me e depois voltava e poderiafazer aquilo que quero fazer a seguir…

PMP - Que é…

LF - (risos) Isso agora…

PMP - Muito bem, não quer falar nisso. Falemos da

sua família nuclear. Gostava de ter um filho rapaz?

LF - Antes de ter filhos sempre me imaginei a

jogar à bola com o meu rapaz, mas agora sinto--me tão preenchido com as minhas três filhasque nem penso mais nisso. Não me faz falta nen-huma um rapaz. Estou encantado com elas. E damos na mesma uns toques de futebol lá em casa.

PMP - Teve o mérito de ter sabido construir uma

família que parece ser o seu castelo. Muito provavel-

mente, a sua casa é a sua família.

LF - É verdade. Desde que eu esteja bem com aminha família, com a minha casa, estou bem emqualquer parte do mundo.

PMP - E a sua mulher parece ser mais que a sua rai-

nha. Parece ter tido uma influência importante na

construção da imagem da ‘marca’ Figo. Era mane-

quim, trabalhava com a imagem.

LF - Antes de mais, ela fez sacrifícios por mim deque eu não me esqueço nunca. Prescindiu de teruma carreira própria para me acompanhar naminha carreira e educar as nossas filhas – nãohá nada que possa expressar a gratidão que lhe

tenho por isso. Ela é importante em todas asfrentes na minha vida. E, claro, ter uma famíliabonita ajuda a ter uma boa imagem.

PMP - Eu falava da sua imagem pessoal, da imagem

de moda que construiu com a ajuda da sua mulher –

ou seja, de como ela terá arranjado lenha para se

queimar… Parece que o Luís tem hoje mais fãs mu-

lheres que homens.

LF - (risos) Bom, ela também tem muitos fãs…Por aí, somos muito equivalentes.

PMP - Quanto tempo gasta em autopromoção?

LF - Há sempre uma ou duas coisas por mês queconvém aceitar fazer. Já aprendi a seleccionarapenas o que me interessa.

PMP - Agora, por exemplo, vai ser capa da Marie

Claire espanhola. Já conhece os truques todos? Sabe

qual é o seu melhor ângulo nas fotografias?

LF - O truque é o mesmo para tudo na vida: sóaceitar trabalhar com bons profissionais. O queme ensinou a experiência é que os bons fotó-grafos fazem milagres…(risos)

PMP - Tem a noção de que é um homem com muita

sorte?

LF - Sim. Mas também tenho consciência de quetrabalho muito para a sorte que tenho. Ainda queseja verdade que, nas encruzilhadas da vida, es-colhi sempre o caminho certo. E isso, sim, agra-deço à sorte.

PMP - Foi por querer devolver a outros alguma da

sorte que teve que criou a sua fundação?

LF - Para ser sincero, criei-a porque fui aconselha-do a fazê-lo pelos meus gestores de carreira. Sen-do uma instituição sem fins lucrativos, podia tervantagens fiscais. Mas como continua sem lhe seratribuído o estatuto de utilidade pública, nemesse benefício colho. Estou à espera há três anos,é um dos problemas do nosso país: mesmo quan-do se quer fazer uma coisa boa como esta, osentraves são tantos, é tão cansativo, que a tendên-cia é deixar cair. Mas a fundação vai continuar.Começou, vai continuar.

PMP - Imagina-se como o rosto de uma candidatura

portuguesa ao Mundial de 2018?

LF - Não sei. Estarei sempre associado ao futebol,isso é certo.

PMP - Imagine este cenário: o Luís é o rosto da candi-

datura portuguesa ao Mundial e o José Mourinho é o

seleccionador nacional. Seria uma candidatura com

grandes hipóteses, não acha?

LF - (risos) Depende de como estivermos os doisem 2018… Mas sendo em prol do nosso paísestou sempre disponível.

PMP - Dar-se-iam bem, o Luís e o José Mourinho?

LF - Acho que sim. Trabalhei com o Zé em Bar-celona, quando ele ainda era segundo treinador, etenho um bom relacionamento com ele.

PMP - Observando de longe, há mais coisas em co-

mum entre vós do que o facto de serem ambos gran-

des vencedores: são os dois filhos únicos, da margem

Sul do Tejo, de carácter contido e muito ligados à fa-

mília. E, claro, ninguém ganha tanto sem querer

muito ganhar. Isso também terão em comum.

LF - Claro, esse é o espírito. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 29

Luis Figo,

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BREVES

REVERSO À ÈCLIPSESUm segredo a revelarO Reverso Éclipse contém um ‘segredo’: um mostrador em esmalte que aparece ou desaparece

mediante um sofisticado sistema de persianas comandado por uma coroa, colocada às 2 horas.

O processo foi pela primeira vez testado pela Jaeger-LeCoultre em 1910, mas numa peça muito

maior, um relógio de bolso. A Jaeger-LeCoultre é a única manufactura relojoeira que mantém

ainda hoje em casa (com dois mestres esmaltadores) o saber de miniaturização e esmaltagem,

e o Reverso tem sido declinado ao longo dos seus 75 anos com este savoir-faire muito espe-

cial. Mas o Éclipse é uma peça muito especial, pois com um simples movimento do dedo, ora

se mostra, ora se esconde – tornando um relógio de pulso num pequeno teatro de marionetas

– a miniatura, que pode vir em quatro temas: viagens de descoberta, signos do Zodíaco chinês,

nus famosos (de Ingres a Renoir, passando por Klimt ou as ilustrações anónimas do Kama-Sutra)

e Grand Feu (esmaltagem que se consegue acima dos 800 graus). No interior, o Reverso Éclipse

vem equipado com um movimento extra-plano, o Calibre JLC 849, de corda manual. A caixa pode

ser em platina ou em ouro. Novidades 2006.

Enquanto se aguarda pela apresentação

oficial das grandes novidades do ano, nas

feiras de Basileia e de Genebra, conheça as

mais variadas propostas de produtos que

incluímos na nossa secção. Todos escolhidos

a pensar em si.

t e x t o s Vand a Jo rg e

32 < ESPIRAL DO TEMPO

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Page 33: Espiral do Tempo n.º 20

IWCEdição Antoine de Saint-Exupéry

Por ocasião dos 75 anos da publicação de ‘Voo da Noite’, romance de Saint-Exupéry, a Inter-

national Watch Co., que constrói relógios aviador profissionais desde meados dos anos 30, apre-

senta uma edição especial do seu novo cronógrafo aviador mecânico. Serão 1931 exemplares da

edição Antoine de Saint-Exupéry, com mostrador em cor de tabaco, protecção especial do campo

magnético, movimento automático, cronometragem de adição até 12 horas e uma gravura no

verso com o perfil do herói da aviação e eterno pai do ‘Principezinho’. Do total, 1630 exemplares

são em aço inoxidável, 250 em ouro rosa, 50 em ouro branco e apenas um em caixa de platina.

Novidades 2006.

VACHERONCONSTANTINEdição Limitada em Platina

Expoente da perfeição, o novo Vacheron Cons-

tantin Patrimony Contemporaine herda toda a

classe a que a marca já nos habituou. Inserido

na pureza da linha Vacheron Constantin Collec-

tion Excellence Platine, este Platinum Patrimony

Contemporaine está disponível numa edição li-

mitada apenas a 150 peças. A caixa de 40 milí-

metros é em platina, o movimento é mecânico

e o remate final é dado pelo Calibre 1400.

Novidade 2006.

RELÓGIO OFICIAL FORTIS Swiss International Airlines

Serão poucos os produtos que traduzem tão bem

o espírito e os valores suíços de confiança, quali-

dade e hospitalidade quanto os relógios. Assumin-

do a ideia, a Swiss International Airlines e a Fortis

criaram uma nova máquina do tempo exclusiva-

mente dedicada à companhia aérea. Inspirado na

aviação actual e na experiência dos pilotos, fazen-

do da funcionalidade, confiança e utilização de ma-

teriais de alta qualidade requisitos essenciais, o

grupo suíço e a marca relojoeira criaram o Swiss

UTC. Um relógio de pulso que incorpora toda a filo-

sofia da Fortis. A caixa quadrada em aço de 38 por

38 milímetros prova que também o design não foi

deixado ao acaso neste novo produto.

Venda exclusiva na Swiss Airlines.

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Page 34: Espiral do Tempo n.º 20

BREVES

PERFUMES CRIADOS À MEDIDASalão de perfumes na renovada Cartier em Paris

Entrar e escolher uma fragrância personalizada, cria-

da ao gosto e à medida das aspirações de cada um

é o sonho tornado realidade, graças ao savoir-faire

da Cartier. A extravagância de comprar um perfume

exclusivo é a grande novidade revelada pela marca

na reabertura do renovado número XIII da Rue de

la Paix. No salão do perfume, Mathilde Laurent, de-

signer e perfumista da Cartier, dá largas à imagina-

ção e ao nariz de cada um, fazendo combinações

perfeitas de fragrâncias, fórmulas secretas que fi-

cam arquivadas para que possam ser recreadas,

caso o cliente o deseje. Para homem ou mulher ou

até para perfumar a casa, todas as poções são

acompanhadas por uma caixa de cristal Baccarat

com os cantos diagonalmente cortados, esboçados

em ouro e carimbados com o brasão do ‘13 Rue de

la Paix’. Preço sob consulta.

AUDEMARS PIGUETA descoberta do tempo Oval

Com o mostrador oval inspirado no famoso Coliseu

de Roma, números volumosos e a capacidade de

converter diferentes estilos num único e muito

próprio, a colecção Millenary da Audemars Piguet é

um convite à descoberta de uma nova concepção

de tempo: o ‘Le Temps Ovale’. Dias inteiros a

sonhar, simples minutos de alegria ou mesmo

segundos de intimidade; todo o tempo é precioso

e deve ser vivido com uma elegância aliada a uma

alta performance relojoeira e sinónimo de moder-

nidade – assim se define a nova colecção compos-

ta por duas linhas distintas, para homem e para

mulher. O estilo marcadamente neoclássico na

colecção masculina, é acompanhado da exclusivi-

dade do mecanismo de corda automática (calibre

3120) responsável pela fiabilidade e precisão da

marcha, enquanto a linha feminina conjuga a sen-

sualidade das formas com os movimentos do cali-

bre 2325. Guardiões do tempo de dias dinâmi-

cos ou cúmplices de instantes mágicos, a colecção

Millenary quer ocupar um lugar privilegiado no quo-

tidiano de homens e mulheres, e ser uma teste-

munha de instantes preciosos. Novidades 2006.

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TAG HEUER MONACO JEANSO casual chique

Fiel aos valores que a TAG Heuer tem imprimido à

colecção Monaco ao longo dos anos, o novo Mo-

naco Jeans assume-se como um digno herdeiro do

carisma do mais famoso relógio quadrado de pulso

na história da relojoaria. Provando que a qualidade

e o requinte não são deixados ao acaso, mesmo

quando se pretende um look mais informal, a nova

edição limitada Monaco Jeans conjuga de forma

surpreendente uma bracelete em Jeans com um

elegante mostrador em madrepérola.

Preço: € 2.990

MONTBLANC Marca celebra o primeiro centenário

Exclusividade e luxo: é desta forma que a Mont-

blanc celebra o seu primeiro centenário. Para assi-

nalar esse momento único na história da empresa,

foram criadas apenas três canetas de uma rara be-

leza: em ouro branco de 18 quilates, a Montblanc

100 Years Solitaire Mountain Massif Skeleton é dec-

orada com 1277 diamantes brancos em contraste

com outros 123 diamantes azuis. Uma peça de luxo

dotada de um design sublime, onde a transparên-

cia da sua tampa permite admirar o diamante

esculpido com a forma da estrela Montblanc. Du-

rante anos em desenvolvimento, a estrela diaman-

te foi criada e patenteada especificamente para co-

memorar o primeiro século de vida da marca.

Preço: € 120.000

LADY JEWELLERYUma jóia de relógio

Ainda na linha feminina e dos relógios-jóias, o Re-

verso declina-se agora com caixa decorada com dia-

mantes e interior com movimento de corda manual

Calibre JLC 846 ou com movimento de quartzo. A

caixa do Reverso Lady Jewellery pode vir em ouro

amarelo e aço ou só em aço. As braceletes podem

ser em pele, ouro e aço ou só em aço.

Novidade 2006.

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BREVES

36 < ESPIRAL DO TEMPO

REVERSO DUETTO DUODuas faces, dois fusos

Esta nova declinação da linha feminina Duetto vem

com a função de segundo fuso horário – o primeiro

tempo é dado no mostrador da frente, o segundo

no mostrador traseiro, onde está ainda um indica-

dor de dia/noite. Com caixa em ouro rosa, amarelo

ou branco, e duas fileiras de diamantes, este reló-

gio-jóia vem equipado com o famoso Calibre JLC

854, um movimento de corda manual com 45 horas

de reserva de corda. Novidades 2006.

GRAHAMNovos modelos cronográficos

Quando todos diziam que era impossível os cro-

nógrafos tornarem-se maiores e mais poderosos,

a Graham surpreendeu com a apresentação do

Chronofighter Oversize Overlord Mark II – a prova

de que, quando se trata de pensar em grande, o

céu é o limite da Graham. A edição limitada a 250

relógios dispõe do calibre G1732, sendo a caixa em

aço estanque a 100 metros de profundidade. A fun-

cionalidade e a durabilidade são os princípios de

base deste novo cronógrafo que bem poderia vir

com a palavra ‘aventura’ inscrita. No seguimento

das novidades da marca, surge também o novo

Swordfish Yellow. Os característicos ‘olhos’ deste

modelo a negro com as ‘pupilas’ a amarelo criam

um jogo de contraste que privilegia a legibilidade

reforçada pelo uso de Superluminova nos números

e nos marcadores das horas. Novidades 2006.

GLASHÜTTE ORIGINALPanoMatic Chrono

Saído dos ateliers da ‘manufactura transparente’ se-

deada em Glashütte, o novo cronógrafo de movi-

mento mecânico de corda automática da Glashütte

Original surpreende pela elegância. Com funções

de horas, minutos, segundos e data panorâmica, o

PanoMatic Chrono é enobrecido por uma caixa em

ouro de 18 quilates estanque a 30 metros; o meca-

nismo ricamente decorado à moda de Glashütte

pode ser admirado através do fundo em vidro de

safira. A correia em pele de jacaré contribui para dar

o toque de classe final a um relógio excepcional.

Preço: € 37.560

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BREVES

TAG HEUER COM BRILHOFórmula 1 Glamour Diamonds

O design deste novo Fórmula 1 Glamour Diamonds

foi pensado para as mulheres que levam o despor-

to e o lazer muito a sério. A caixa em aço estanque

a 200 metros e vidro de safira foi cuidadosamente

estudada para que os seus 120 brilhantes consigam

resistir no pulso de mulheres activas em desportos

radicais – seja na montanha, no surf ou no ski. O

movimento de quartzo alimenta as funções das ho-

ras, minutos, segundos e data; a bracelete em ce-

tim e os brilhantes também fazem deste TAG Heuer

um companheiro ideal para uma festa à noite.

Preço (aprox.): € 2.000

JAEGER-LECOULTREMaster Calendar Aço

O novo Master Calendar da Jaeger-LeCoultre remete para a tradição com que, desde 1940,

se fazem os modelos dotados de calendário na conhecida manufactura relojoeira suíça da

Valée de Joux. Horas, minutos, segundos, data, dia da semana, mês, fases da lua e indi-

cador de reserva de corda (de 45 horas) convivem num mostrador dotado de um design

pouco convencional. A elegante caixa em aço estanque a 50 metros alberga o movimento

mecânico de corda automática JLC 924. O vidro e o fundo são em safira e a correia em

pele de jacaré surge equipada de um fecho de báscula em aço. Preço: € 6.040

38 < ESPIRAL DO TEMPO

TAG HEUER MONACO O branco total feminino

Glamoroso e sensual, mas também forte e

marcadamente moderno, o novo modelo

Absolute White da TAG Heuer – que inte-

gra a linha Monaco – é especialmente

dedicado a um segmento mais atento à

moda e às últimas tendências. O mostra-

dor, executado num branco total, apela

ao estilo retro e a bracelete em pele recu-

pera o que de mais clássico tiveram os

anos setenta. De Hollywood a Tokyo, este

ultra-glamoroso marcador do tempo dota-

do de um mecanismo cronográfico de corda

automática, tornou-se num dos acessórios mais

cobiçados da estação no mundo da moda.

Preço: € 2.900

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Page 39: Espiral do Tempo n.º 20

NOVO PORSCHE GT3Pura adrenalina

Na gama 911, a abreviação GT3 significa puro e

autêntico prazer de condução. Com uma dinâmica

inequivocamente Porsche, este modelo impressio-

na não só na condução de dia-a-dia mas também

nas pistas de competição. Os 415 cvs do motor de

3.6 litros produzem uma resposta específica de

115.3 cvs por cada litro disponível. Esta perform-

ance coloca a nova geração GT3 no topo das pos-

sibilidades existentes no que diz respeito a limita-

ções legais para motores aspirados naturalmente.

O motor de seis cilindros atinge a sua potência

máxima às 7,600 rpm colocando o limite nas 8,400

rpm. Este facto torna-o líder mundial na sua classe

de motores. Em Portugal, este modelo estará dis-

ponível a partir de 140,998 Euros, incluindo impos-

tos e transporte.

ASTON MARTINREGRESSA AO CINEMAUm novo modelo para o famoso 007

Como é tradição, a Aston Martin mantém em total

secretismo os pormenores do novo modelo desen-

volvido para ‘Casino Royale’ – a nova aventura de

James Bond, com estreia prevista para Novembro

deste ano. Até agora, a empresa limitou-se a confir-

mar que Daniel Craig, o agente secreto que substi-

tui Pierce Brosnan no filme, se irá sentar ao volan-

te de um Aston Martin DBS. Na área da relojoaria e

celebrando o regresso da Aston Martin à competi-

ção ‘24 Horas de Le Mans’, a Jaeger-LeCoultre tor-

nou-se o parceiro técnico oficial da marca inglesa.

Uma associação celebrada com o lançamento do

AMVOX1R-Alarm. Preço: € 9.950

DO GARRANO AO LUSITANOAprender a montar a cavalo

Os adultos e os jovens que nunca ousaram

montar a cavalo – mas também todos os que

dominam a arte equestre – tiveram a possibili-

dade de conhecer a vida de um Centro Eques-

tre, as rotinas e toda a azáfama típica dos dias

passados junto dos cavalos. O Programa ‘Do

Garrano ao Lusitano’ decorreu no Centro Eques-

tre do Vale do Lima, na região de Ponte de

Lima. Tratou-se de uma das primeiras vivências

da iniciativa ‘Vivências nos Solares de Portu-

gal’, um projecto idealizado pelos Solares de

Portugal que irá decorrer de Norte a Sul do país

com um programa de visitas no qual a história,

a arte, a cultura e a etnografia da casa e da re-

gião serão apresentadas pelos proprietários de

casas da rede Solares de Portugal.

MUSEU DO RELÓGIO250 anos de relógios mecânicos no Alentejo

Os relógios usados ao tempo dos nossos trisa-

vós, bisavós, avós e pais – desde meados do

século XVIII até ao século XX – podem ser apre-

ciados até dia 15 de Julho, no Museu do Reló-

gio, em Serpa. As peças doadas e colecciona-

das pelo fundador do Museu, António Tavares

d’Almeida, ao longo dos últimos trinta anos fo-

ram restauradas pelos mestres relojoeiros Antó-

nio Silva e João Vinhas na Oficina do Museu do

Relógio. Entre as várias preciosidades contam-

-se mecanismos antigos de marcas como Ome-

ga, Longines, Tissot, Cortebert e Roskopf, des-

cobertos em várias cidades alentejanas e per-

tencentes a famílias de Évora, Beja, Portalegre,

Estremoz, Moura e também de Serpa.

Museu do Relógio

Convento do Mosteirinho - Serpa

Telefone: 284 543 194

www.museudorelogio.com

DEEP COLLECTIONJ. Grelot acompanha as últimastendências da moda

‘Deep Collection’ é a nova colecção de jóias da

J. Grelot, uma marca nacional dedicada ao segmen-

to da alta-joalharia. As peças únicas, de extrema

elegância e requinte, dividem-se em quatro temas:

Desire, Passion, Energy e Endless. O pendente em

ouro branco em forma de corno, cravejado de dia-

mantes, é uma das novidades da colecção marcada

pelo design, exclusividade e qualidade das peças.

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Page 40: Espiral do Tempo n.º 20

BREVES

REVERSO GRAN’ SPORT DAMEA elegância no feminino

O Reverso Gran’ Sport Dame é um fiel companheiro das mulheres do

século XXI, tanto de dia como de noite, conseguindo reunir diferentes

funções numa peça de extremo requinte. A energia mecânica reside no

calibre 864 da Jaeger-LeCoultre, o recto dá a hora presente e o verso,

um segundo fuso horário, no mesmo instante. Reflexo de um universo

de múltiplas facetas, vem equipado com um duplo fuso horário com

indicação dia/noite, sendo possível estar em sincronia com os quatro

cantos do mundo. Preço: € 6.350

MASTER COMPRESSOR CHRONOGRAPH LADYDesportivamente feminino

A elegância inerente à condição feminina e a robustez exi-

gida a um modelo mais desportivo, aliam-se de forma sin-

gular no novo cronógrafo que a Jaeger-LeCoultre dedica

exclusivamente aos pulsos das senhoras. A caixa em aço de

é cravejada com 68 diamantes; a indicação da hora, dos minu-

tos, dos segundos e dos dias é reforçada com as funções indispensáveis

a um cronógrafo: contadores das horas e dos minutos em submostradores, pon-

teiro dos segundos do cronógrafo ao centro. O remate da bracelete em pele é

feito por um fecho de báscula. Mas a grande novidade consiste num mecanis-

mo mecaquartz híbrido que associa as melhores qualidades dos movimentos

mecânicos e de quartzo. À singular técnica do Calibre 631 junta-se a tradicional

arte com que a manufactura de Le Sentier trabalha todos os instrumentos de

medir o tempo. Preço: € 6.600

40 < ESPIRAL DO TEMPO

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Page 41: Espiral do Tempo n.º 20

GRAHAM ‘OVERSIZED’O cronógrafo que pensa em grande

Apontado como ‘o cronógrafo supremo’, o novo

modelo da linha Chronofighter Oversize da

Graham justifica bem o epíteto, tendo sido conce-

bido a pensar nos homens apaixonados por gran-

des marcadores do tempo. A poderosa caixa em

aço resiste até aos 330 metros, mede 46 milíme-

tros de diâmetro e o novo calibre G1732 Bicompax

Chronograph confere-lhe um aspecto tecnicamente

sofisticado. A grande originalidade do relógio é o

emblemático gatilho da linha Chronofighter, colo-

cado à esquerda e idealizado para evitar deslizes

ao toque do polegar.

Preço: € 5.500

JAEGER-LECOULTRE Uma peça Idéale

Não é difícil perceber o que faz deste novo mode-

lo da Jaeger-LeCoultre um relógio ideal. Com 24

diamantes que acentuam as linhas elegantes da

caixa em aço, a bracelete é em pele e a coroa

apresenta acabamentos em safira. Com indicação

de horas e minutos, o movimento é mecânico e de

corda manual com um Calibre 846.

Preço: € 3.400

BREITLING CHRONO-MATIC 24HUm regresso às origens

A linha Chrono-Matic, criada no final dos anos 60,

está de volta à Breitling que apresenta agora

o novo Crono-Matic 24H. À exclusividade do

design, a marca junta a originalidade da indica-

ção das 24 horas, uma especialidade da Breitling

resultante da sua experiência na exploração

espacial. Neste cronógrafo, a agulha das horas

dá uma volta ao mostrador em 24 horas, em vez

das 12 horas de um relógio com indicação tradi-

cional. O Chrono-Matic apresenta também um

mecanismo flyback, uma função suplementar

que permite iniciar cronometragens sucessivas

sem exigir a paragem, retorno a zero e posterior

reinicio do cronógrafo.

SONDAGEM NOSESTADOS UNIDOS Coração dos americanos bate por um Franck Muller

Um estudo realizado nos Estados Unidos mos-

tra que o coração dos norte-americanos mais

afortunados bate por um relógio Franck Muller.

Segundo os resultados divulgados pelo Luxury

Institute of New York, no segmento da alta-relo-

joaria, 80 por cento dos inquiridos votou na

marca fundada pelo genial mestre genebrino.

Em segundo lugar no ranking dos nomes mais

cobiçados da alta-relojoaria ficou a conceituada

Patek Philippe – seguida de três marcas que

partilharam o terceiro lugar: a Vacheron Cons-

tantin, a Audemars Piguet e a Breguet.

1 1

Page 42: Espiral do Tempo n.º 20
Page 43: Espiral do Tempo n.º 20
Page 44: Espiral do Tempo n.º 20

Na altura em que escrevo esta crónica,o ano de 2005 já constituirá, para a maioria de

nós, apenas uma lembrança. Que terá apagado,

espero, o cansaço decorrente dos sucessivos pe-

ríodos eleitorais que nele tiveram lugar… Aguarda-

-se, apenas, a tomada de posse do novo Presi-

dente da República, para podermos entrar, de

novo, num período de tranquilidade democrática.

Porém, do meu ponto de vista, os aconteci-

mentos do ano findo, terão criado uma oportuni-

dade para repensar alguns aspectos da vida na-

cional. Um deles refere-se à necessidade de dis-

correr sobre a real eficácia das campanhas eleito-

rais. Outro respeita a análise do modo como elas

têm decorrido entre nós. E um terceiro será discu-

tir o actual papel da comunicação social.

Quanto ao primeiro aspecto, tenho as maiores

dúvidas quanto à sua real eficácia. De facto, quem

tem filiação partidária, não necessita de campa-

nhas. Vota de acordo com a ideologia que o levou

à sua integração política. Se, depois, obedece ou

não a esse dever de consciência, já é outra ques-

tão. Para os chamados simpatizantes, elas pode-

riam ser, de facto, proveitosas se os esclarecessem

nas suas dúvidas. Do mesmo modo, para os inde-

cisos, a sua existência deveria ser primordial. Con-

tudo, tal não tem acontecido.

O que nos conduz ao segundo aspecto, isto é,

ao modo como as campanhas têm vindo a decor-

rer. E aqui, o mínimo que posso dizer, é que elas

foram, a muitos títulos, um espectáculo lamentável,

mais esclarecedor da ambição pessoal ou partidária

dos vários intervenientes, do que daquilo que cada

um deles tinha para oferecer ao país. A manifesta

ausência de programas por parte de alguns candi-

datos foi demasiado evidente. Houve, felizmente,

honrosas excepções. Pena é que elas não tenham

constituído a maioria… A eleição presidencial, en-

tão, por ser nominativa, atingiu, em certas alturas,

as raias da mais primária falta de civismo. Final-

mente, um terceiro aspecto, este de natureza mais

generalista, merece referência especial, porque

parece ser algo que veio para ficar. Trata-se da

comunicação social e do seu indispensável papel

de difusora de informação. E, apesar do que vou

referir respeitar particularmente à televisão, tal

não quer dizer que os restantes meios estejam

isentos. De há uns anos para cá, o fenómeno da

tabloidização televisiva não pára de crescer. Já não

falo, sequer, dos programas de entretenimento

porque, esses, só vê quem quer. Falo do noticiá-

rio, da difusão da notícia considerada de interesse

formativo e informativo. Não há, nos dias de hoje,

telejornal que não abra com uma qualquer tragé-

dia. Tudo são desgraças. Tudo são mortes. Tudo é

violência. E se a verbalização destes fenómenos já

é, em si, deprimente, a sua exploração pela ima-

gem atinge-nos no que temos de mais essencial –

a esperança.

Não é possível fazer um país crescer e sair

duma crise profunda, explorando os lados mais la-

mentáveis e perversos da vida de todos nós.

Informar não é, sistematicamente, vender angús-

tia, tragédia, sexo, a qualquer hora e a qualquer

preço. Os telejornais são vistos por pessoas de

idades e classes sociais muito variadas. Que,

naturalmente, são influenciáveis. Se é o lado me-

díocre que mais prende e fixa o telespectador,

então, quem dirige esses órgãos e quem os tutela

deve tirar, do facto, as necessárias ilações. Não se

trata de censura nem tão pouco de moral. Mais do

que uma questão ética, trata-se de uma questão

de bom senso e de saúde mental que urge ser

pensada. Não apenas por quem decide, mas tam-

bém por quem assiste, visto que todos somos

responsáveis!

Helena Sacadura Cabral

CRÓNICA

TEMPO DE PENSAR

44 < ESPIRAL DO TEMPO

Não é possível fazer

um país crescer e sair

duma crise profunda

explorando os lados

mais lamentáveis e

perversos da vida de

todos nós.

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Page 46: Espiral do Tempo n.º 20

A descoberta duns papéis velhos num guarda-loiças inglês, revelada em Fevereiro deste ano,

poderá alterar ideias antigas — e criar novas contro-

vérsias — sobre o nascimento da ciência moderna e

os seus génios pioneiros. E também sobre uma das

belas invenções da humanidade: o relógio de bolso.

Segundo a revista Nature, o volume de 520 pági-

nas, rabiscado em linhas encavalitadas, formigueiros

de letras, são as actas da Royal Society de Londres,

escritas pela mão de Robert Hooke (1635-1703).

Quem? O homem que é famoso por ser o mais esque-

cido e desprezado génio da humanidade. Tão injusta-

mente esquecido que nem um retrato seu existe. Os

ingleses andam agora à procura do crânio, para recriar

o aspecto da sua cara. Só que ninguém sabe onde

Hooke foi enterrado, ou se sobra algum osso dele. O

currículo é extraordinário (os grandes currículos são

curtos): descobriu as primeiras células, observando

cortiça ao microscópio; criou, aliás, o termo ‘célula’; foi

o primeiro homem a ver os espermatozóides a nadar

no seu fluido vital; inventou o diafragma das lentes

das câmaras; inventou a junta da cabeça que ainda

hoje é utilizada nos motores dos automóveis; cons-

truiu o primeiro telescópio com espelho reflector e de-

senhou as crateras de Marte; explicou a cintilação das

estrelas, a elasticidade e a teoria cinética dos gases.

E diz-se também que, cinco anos antes de Chris-

tiaan Huyghens, construiu a primeira mola de balanço

dos relógios, uma invenção que permitia manter os re-

lógios certos mais tempo e a bordo de navios no mar,

sem os inconvenientes e erros dos pêndulos, depen-

dentes da gravidade. Por falar nisso, até morrer Hooke

acusou Isaac Newton de lhe ter copiado a maior parte

das ideias sobre as leis universais da gravidade...

Quando se fala de Robert Hooke, no entanto, as

pessoas não se lembram de nada ou, com cómica in-

felicidade, lembram-se duma pulga: da magnífica re-

produção aumentada duma pulga que ele imprimiu na

obra ‘Micrographia’, a única glória pública que alguma

vez experimentou.

O aspecto físico não ajudava. Um colega que o

conheceu na velhice, escreveu: «Como pessoa era des-

prezível, pois era muito corcunda, embora eu tenha

ouvido dizer, por si próprio e por outros, que fora

direito até mais ou menos aos 16 anos». E acres-

centava, com evidente repugnância, «estava sempre

muito pálido e magro, e ultimamente só pele e osso,

com um aspecto desagradável, os olhos de cor cinza

e encovados...» e por aí adiante, o nariz muito fino...

o lábio de cima estreito... o cabelo muito longo sobre

a cara, e mal cortado...

Durante muitos anos foi o secretário da Royal So-

ciety, encarregue de fazer experimentações, receben-

do um salário, mas impedido de casar. Quem tratava

dele era uma ‘empregada’ a quem também chamavam

‘sobrinha’, para não dizer amante.

Misteriosa como o seu apagamento da história,

foi a descoberta dos manuscritos, em 2006. Estavam

há décadas no fundo de um guarda-loiças que uma

família de Hampshire quis vender em leilão. O manus-

crito, que vale mais de um milhão de euros, vai agora

ser vendido e estudado.

Eis umas notas inéditas, meio crípticas, e num

tom invulgarmente pessoal, que eu decifrei por curio-

sidade na reprodução duma das últimas páginas, já

divulgada pelos jornais e Internet. Estão num canti-

nho, por baixo da ilustração duma mola em espiral, e

das suas leis matemáticas. Ut tensio, sic vis. «A ex-

tensão duma mola é proporcional ao peso que ela

suporta.» Hooke estava a morrer de coração e diabe-

tes, com as pernas inchadas. Era um homem terrivel-

mente amargurado e azedo. A caligrafia é péssima e,

para dizer a verdade, não tenho a certeza absoluta se

é isto que lá está:

«Mal posso desenhar ou escrever, é a cegueira to-

tal que se aproxima. Roubaram-me sempre na vida:

quase todas as minhas invenções e descobertas foram

atribuídas a outros. Os cometas vão para o Halley, a

gravidade para o Newton. E o seu ‘discurso da cor’

já estava todo na minha ‘Micrographia’! Talvez

eu devesse ter sido mais teimoso e levado as coisas

até ao fim. E devia ter registar o que era meu. O

Huyghens, esse holandês mentiroso, sabe perfeita-

mente que eu fiz uma mola para os relógios de bolso

muito antes dele, e ele é que fez fortuna! Quem é que

sabe que fui eu que medi as vibrações de cada nota

musical? Que levei a cabo a primeira observação de

estrela à luz do sol, que inventei os mais perfeitos ba-

rómetros, bombas de ar e de água de todo o Mundo?

Ninguém tinha a habilidade das minhas mãos.

Fazia tudo bem. Mas preferiram olhar para a minhas

costas encurvadas, a figura desagradável, e riram-se

sobre o método de recolha dos irrequietos bichinhos

do sémen... Vão apagar-me da história, tal como o

grande incêndio de 1666 quase apagou a cidade de

Londres da face da Terra! E quem sabe que fui eu o

arquitecto que reconstruiu grande parte da capital?

Que terrível destino o de Robert Hook!

Os séculos passarão e o seu nome será como o

pó. Mas, tal como descrevi a pequena célula, e assi-

nalei a rotação do gigante Júpiter, sei que o meu nome

voltará: não se lembrarão só da maldita imagem da

pulga, porque Hooke sonhou que todos os homens

terão um dia uma arma pequena que domina ao cen-

tésimo, ao milésimo de segundo, o Tempo: um relógio

no pulso.»

Rui Cardoso Martins

CRÓNICA

O HOMEM ESPIRAL

46 < ESPIRAL DO TEMPO

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ReportagemNovidades TAG Heuer

50

ReportagemPlanetário de Lisboa

62

PerfilIsabel Silveira Godinho

76

Reportagem75 anos de Reverso

68

Page 50: Espiral do Tempo n.º 20

TAG Heuer lança três novos cronógrafos

Potência e precisãoNão cheira a óleo, não há peças pelo chão, não há barulho. Está-se numa das oficinas de mecânica automóvel mais

sofisticadas do mundo e faz-se jus a uma das mais antigas alianças do volátil ambiente da Fórmula 1. A manufactura

suíça TAG Heuer, líder mundial nos relógios desportivos, escolheu o cenário do McLaren Technology Centre, perto de

Londres, para apresentar os seus novos cronógrafos. Deu para acelerar no tempo, ao milésimo de segundo.

REPORTAGEM

50 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 51: Espiral do Tempo n.º 20

t e x t o Fe r n a n do C o r r e i a d e O l i v e i r a - Mc L a r e n Te c h n o l o g y C e n t r e - Wo k i n g , Su r r e y

Page 52: Espiral do Tempo n.º 20

Novidades TAG Heuer

52 < ESPIRAL DO TEMPO

O ambiente é de algum nervosismo

no McLaren Technology Centre, nos

arredores de Londres. No meio de

um silêncio quase clínico, operários

altamente especializados, vestidos com as suas

t-shirts Hugo Boss (um dos sponsors da escuderia),

debruçam-se sobre componentes de motores, ana-

lisam testes nos ecrãs dos computadores, trocam

olhares cúmplices num misto de incerteza e de sen-

tido do dever cumprido – está prestes a sair para

testes o novo Fórmula 1 da escuderia. No público,

ainda ninguém, até à data, o viu, e a expectativa é

grande. Dentro de horas, os novos carros seguirão

para a pista de Jerez de la Frontera, em Espanha,

para os primeiros testes em pista.

É neste ambiente verdadeiramente secreto, vi-

vido em atmosfera hi-tech, num edifício extraordi-

nário, concebido por Sir Norman Foster, que jorna-

listas vindos de todo o mundo ‘aterram’ no final

de Janeiro para a apresentação dos novos mode-

los TAG Heuer.

O local não podia ser mais apropriado – a TAG

Heuer e a McLaren estão aliados desde 1985,

num dos mais longos partenariados da história da

Fórmula 1. Com a chegada da Mercedes a esta

aliança, a manufactura relojoeira começou a fazer

modelos dedicados também à exclusiva marca

alemã. Sem poder fotografar o interior da fábrica

– é como se estivéssemos a visitar a NASA – so-

mos confrontados com a rica história da McLaren,

fundada em 1963 pelo piloto neo-zelandês Bruce

McLaren. Com a luz natural do invernoso e nostál-

gico country inglês a ser escoada para o piso

térreo, passamos em revista muitos dos bólides

que fizeram história no desporto automóvel mun-

dial nas últimas décadas, um museu com um acer-

vo ao alcance de muito poucos.

Ron Dennis, o carismático responsável pela

McLaren, dá as boas-vindas ao grupo, realçando o

espírito de inovação, qualidade e prestígio que

têm unido a escuderia à TAG Heuer. A visita passa

pela secção de moldes ou pela super-sofisticada

secção de fabrico da fibra de carbono, que equipa

a maior parte do chassis e de outros componentes

dos Fórmula 1. Num lugar de evidência, há um

espaço dedicado ao Mercedes-Benz SLR McLaren,

lançado em 2003 no mercado.

Trata-se de uma das viaturas mais potentes e

exclusivas do mundo. O conceito é, pela primeira

vez, ter um verdadeiro Fórmula 1 à disposição dos

privados, que possa andar na estrada ou conduzido

gentilmente até por uma senhora. Mas, quando se

quiser acelerar, que a alma de um bólide de com-

petição esteja à disposição dos felizes condutores.

Ainda a neblina mal tinha levantado já o grupo

partia de helicóptero, numa ponte aérea sincro-

nizada, para a pista de testes da McLaren, a umas

dezenas de quilómetros dali. Em tendas aqueci-

das, os novos modelos de cronógrafos TAG Heuer

iam sendo apreciados pelos representantes da im-

Fazem-se os últimos acertos nas máquinas que em breve

seguirão para Jerez de la Frontera para os testes em pista.

Ron Dennis e Jean-Christophe Babin apresentam aos jornalis-

tas a parceria entre a McLaren e a TAG Heuer que deu origem

a mais um modelo exclusivo.

1

1

a

Page 53: Espiral do Tempo n.º 20

Na primeira curva, julgamos

que vamos entregar a alma ao

Criador, na segunda já vamos

mais à-vontade, na terceira

começamos a apreciar

verdadeiramente a capacidade

do condutor e do veículo.

Page 54: Espiral do Tempo n.º 20

prensa especializada. De linhas ao mesmo tempo

inovadoras e tradicionais, os novos relógios

fazem respirar o ambiente exigente e sofisticado

das corridas de velocidade.

Cá fora, alinhados e prontos para provar as

suas capacidades, três Mercedes-Benz SLR

McLaren, conduzidos por pilotos de teste da escu-

deria. Um a um, os jornalistas são levados a dar

duas voltas à pista. Com aceleração de zero a 100

km/h em 3,8 segundos, não admira que as costas

se colem ao assento. A pista está molhada pelas

chuvas recorrentes nesta época do ano e os

slaloms pelo meio dos cones de plástico colocados

no alcatrão são feitos com muita derrapagem con-

trolada. Quem já andou nestas máquinas sabe que

o mais surpreendente não é a velocidade de pon-

ta, mas a capacidade de travagem e a estabilidade

do conjunto. Na primeira curva, julgamos que va-

mos entregar a alma ao Criador, na segunda já

vamos mais à-vontade, na terceira começamos a

apreciar verdadeiramente a capacidade do condu-

tor e do veículo. Até dá para ir conversando e tro-

cando impressões com o piloto de testes ao nos-

so lado. E ficamos a saber que já foram vendidos

para Portugal, até agora, três dos mil Mercedes-

-Benz SLR McLaren fabricados, num total de 5 mil

de série limitada.

Se é um dos felizardos possuidores, decerto

que também comprou o cronógrafo TAG Heuer

SLR, de linhas futuristas, e estritamente limitado a

possuidores da famigerada máquina. Abrindo ago-

ra um pouco essa exclusividade, a TAG Heuer lan-

ça um segundo cronógrafo SLR, limitado a 3.500

peças, mas que não obriga à compra do carro.

Catedral da modernidadeNas margens de um lago artificial, o edifício do

McLaren Technology Centre surgiu na mente do

construtor de Fórmula 1 Ron Dennis e foi materi-

alizado pelo arquitecto Sir Norman Foster.

No primeiro briefing que fez a Foster, Ron

Dennis, presidente do TAG McLaren Group, re-

sumia, de forma objectiva, as suas expectativas

sobre o McLaren Technology Centre: «90% Nasa e

10% Disney». Alguns dos conceitos aplicados no

desenvolvimento das máquinas da Fórmula 1 fo-

A chegada de helicóptero às tendas aquecidas

onde esperavam pelos convidados três super

máquinas Mercedes-Benz SLR McLaren.

1

Dentro da tenda, as mais recentes novidades TAG

Heuer inspiradas pelo mundo motorizado,

expostas ao lado da fonte de inspiração para

o TAG Heuer SLR.

1

54 < ESPIRAL DO TEMPO

a a

Page 55: Espiral do Tempo n.º 20

ram transportados para as especificações do pro-

jecto. O alto padrão em design e tecnologia apli-

cado na obra – uma exigência do proprietário – é

um dos destaques do conjunto de edifícios im-

plantado em Woking, no Surrey, a sudoeste de

Londres.

A nova sede do grupo McLaren depressa se

transformou em elemento de referência com o

qual os projectos de edifícios industriais deverão

confrontar-se no futuro. Essa ideia ambiciosa le-

vou à escolha, para o centro, do nome Paragon –

que, em inglês, significa modelo de perfeição e

protótipo, conceitos que norteiam o mundo do

automobilismo.

«O diferencial de desempenho das equipas de

Fórmula 1 equivale a 7% da sua base para o topo;

já nas equipas líderes, essa distância não passa

de 1%. Impor as máximas exigências, optimizar

factores produtivos e anular os efeitos de impre-

vistos – que em fracções de segundo decidem a

vitória ou a derrota – significam levar homem e

máquina ao limite de sua capacidade», afirma

Dennis. Essas premissas transferiram-se para o de-

senvolvimento do projecto.

Pela primeira vez, todos os sectores do TAG

McLaren Group estarão reunidos no mesmo edifí-

cio, que, nos seus dois andares, abriga estúdios

de design, oficinas, centros de pesquisa e desen-

volvimento, centro de visitas e museu. Também

funcionam nas novas instalações os sectores de

produção de fibra de carbono, de motores e pro-

tótipos e de fabrico de carros de corrida, incluin-

Novidades TAG Heuer

Era desejo de Dennis que

o edifício simbolizasse o alto

desempenho da empresa

e proporcionasse «um ambiente

de trabalho tão agradável, que

os funcionários preferissem

lá permanecer em vez de ir

para suas casas».

O McLaren Technology Centre é uma obra única de precisão,

funcionalidade e enquadramento ambiental.

1

ESPIRAL DO TEMPO > 55

a

Page 56: Espiral do Tempo n.º 20

Também funcionam nas novas instalações os sectores de produção

de fibra de carbono, de motores e protótipos e de fabrico de carros

de corrida, incluindo o novo e exclusivo Mercedes SLR. Para

desenvolver os testes de aerodinâmica nos modelos de Fórmula 1,

foi construído um gigantesco túnel de vento.

Page 57: Espiral do Tempo n.º 20

do o novo e exclusivo Mercedes SLR. Para desen-

volver os testes de aerodinâmica nos modelos de

Fórmula 1, foi construído um gigantesco túnel de

vento.

Era desejo de Dennis que o edifício simboli-

zasse o alto desempenho da empresa e propor-

cionasse «um ambiente de trabalho tão agradáv-

el, que os funcionários preferissem lá permanecer

em vez de ir para suas casas». Para desenvolver o

projecto, Norman Foster escolheu a forma de um

círculo, cortado ao meio por uma linha em forma

de S, que remete para as pistas de corridas. O tra-

çado marca o limite entre o edifício e um lago arti-

ficial, para o qual se abre a edificação. Juntos, eles

fecham o círculo. Os sectores do grupo ocupam

espaços distintos do prédio, separados por corre-

dores de seis metros de largura. A estrutura recebe

luz natural através da fachada de vidro, de 7,5

metros de altura, voltada para o lago.

O desenho da fachada acompanha a curva em

S que divide o círculo, favorecendo a incidência

ideal de luz solar e possibilitando que, de todos

os pontos do interior do prédio, possam ser avis-

tados o lago e a vegetação em redor. Um sistema

de luzes, desenvolvido por uma empresa italiana

e localizado 25 milímetros abaixo da superfície do

lago, ilumina a parte inferior da cobertura, que se

projecta além da linha da fachada. O efeito de luz

e sombra que ele produz, à noite, cria a ilusão de

que a cobertura se encontra suspensa no ar, acima

do edifício, enquanto o volume edificado ganha

vários matizes de cor, reflectindo-se no lago.

Conceitos das tecnologias aeronáutica e auto-

mobilística foram adoptados no projecto da facha-

da, desenvolvida com a participação de profission-

ais das equipes de Foster e do sector de engenharia

da McLaren. Para que ela fosse o mais transparente

possível, excluiu-se, desde o início, a utilização do

sistema stick (convencional), pois os perfis, por

mais esbeltos que fossem, constituiriam barreiras

visuais em determinados ângulos de visão. O vidro

curvo, originalmente previsto, pôde ser substituído

pelo plano, o que gerou economia na obra.

O sistema de contra-ventos horizontal da fa-

chada, chamado windblade, absorve e transmite

as pressões de sucção e obstrução das acções do

vento para as colunas internas de aço. Seguindo

a modulação básica do projecto, foram adequados

três windblades sobrepostos em espaçamento de

180 centímetros na vertical de cada módulo. As

peças esbeltas de 25 milímetros de espessura em

alumínio de liga especial, configuradas com corte

Novidades TAG Heuer

Ron Dennis, o patrão da McLaren Mercedes.

Ao lado uma vista interior do McLaren Technology Centre.

1

O refeitório com uma magnífica vista sobre o lago artificial e

a parte dos testes laboratoriais.

1

ESPIRAL DO TEMPO > 57

a a

Page 58: Espiral do Tempo n.º 20

computorizado a laser, têm envergadura de 12

metros. O seu desenho curvilíneo recria o suporte

do spoiler do carro que em 1995 venceu a corrida

de 24 Horas de Le Mans.

Os windblades, concebidos como vigas para

absorção das cargas horizontais, não estão aptos

para absorver as verticais. Para essa função, foram

projectadas hastes de aço inoxidável de cinco mi-

límetros de espessura, fixadas às lajes de betão,

semelhantes às que reforçam os McLaren Merce-

des da Fórmula 1. Juntos, os elementos de absor-

ção de cargas criam o esqueleto construtivo que

suporta 40 toneladas de vidro laminado. A cons-

trução é o resultado mais próximo daquele ideali-

zado por Ron Dennis para obter transparência má-

xima na sinuosa e longa fachada principal.

Com capacidade para 50 mil metros cúbicos, o

lago exerce papel importante no sistema de refri-

geração, pois o excesso de calor do edifício é

transferido para a água. O perímetro do lago, em

forma de cascata contínua, torna a água elemen-

to importante para o conceito integrado do sis-

tema de refrigeração do túnel de vento, onde são

feitos os testes de aerodinâmica nos modelos de

carros de Fórmula 1. Para complementar a pais-

agem em redor do edifício e criar um microclima,

foram plantadas 100 mil árvores nos 500 mil me-

tros quadrados do complexo. ET

Novidades TAG Heuer

Os convidados puderam visitar e usufruir do McLaren Centre.

Jean-Christophe Babin, CEO da TAG Heuer, sempre contagiante

na paixão com que apresenta as novidades da marca.

1

Os jornalistas convidados puderam experimentar a sensação

de conduzir um F1, mas em total segurança!

1

Juan Pablo Montoya é um

piloto TAG McLaren Mercedes

e um embaixador TAG Heuer,

o mesmo acontecendo com

o seu companheiro de equipa

Kimi Raikkonen. Esta equipa

única e invejável de

embaixadores defenderá

as cores da TAG Heuer

no Campeonato do Mundo

de Fórmula 1 de 2006.

58 < ESPIRAL DO TEMPO

a a

Page 59: Espiral do Tempo n.º 20

TAG Heuer SLR Mercedes-BenzUm cronógrafo excepcional

Depois do incrível sucesso registado na Feira de Basileia de 2004,

quando apareceu o primeiro ‘SLR Cronograph by TAG Heuer’,

equipado com o Calibre 36-R, peça exclusivamente dedicada aos

proprietários do coupé Mercedes-Benz SLR McLaren, a TAG Heuer

lança este ano outra peça de relojoaria excepcional, o novo cronó-

grafo ‘TAG Heuer SLR for Mercedes-Benz’.

Enquanto o primeiro cronógrafo TAG Heuer SLR, de linhas

futuristas, é exclusivo para os compradores do Mercedes-Benz SLR

McLaren, a edição de 2006, embora limitada a 3.500 peças, pode

ser adquirida por aqueles que não têm a possibilidade de aceder

a este carro de sonho.

Dedicado aos apaixonados por viaturas excepcionais e aos

conhecedores de peças relojoeiras topo de gama e inovadoras,

este novo cronógrafo SLR celebra a longa e frutuosa aliança entre

a TAG Heuer, a McLaren e a Mercedes-Benz. O primeiro cronógrafo

SLR produzido em 2004 marca a primeira etapa de um partena-

riato que liga desde 1996 a TAG Heuer e a Mercedes-Benz

McLaren (e desde 1985 com a McLaren). Estas duas marcas topo

de gama partilham os mesmos valores: performance, design e

prestígio, sem esquecer a inovação e a paixão pelo desporto

automóvel.

Quando, em 1955, Juan Manuel Fangio, ao volante do seu

primeiro ‘Silver Arrow’ Mercedes-Benz 300 SLR (Sports, Light,

Racing), fazia o sinuoso percurso das ‘Mille Miglia’, uma das corri-

das mais exigentes no domínio dos desportos motorizados, leva-

va no pulso um modelo Heuer. A marca TAG Heuer tem sido, desde

então, a preferida dos campeões de Fórmula 1.

Com linhas inspiradas, mais uma vez, no SLR, o novo cronó-

grafo tem os botões posicionados na parte da frente da caixa (de

43 mm de diâmetro), ergonomicamente inclinados a 45 graus, o

que permite uma mais fácil utilização. Uma segunda coroa, às 9

horas, acciona uma escala de cronometragem, montada num

disco mecânico unidireccional, no interior da caixa. A luneta exte-

rior, polida e com acabamentos a negro, tem gravadas as mági-

cas letras “SLR”, e acolhe um taquímetro.

Com acabamentos topo de gama, o mostrador tem dez

índices duplos facetados e dois anéis rodiados para os contadores

colocados às 3 e às 9 horas. Os ponteiros, tipo dauphines, são

polidos à mão. A aliança das duas marcas – TAG Heuer e Mercedes

Benz, aparecem discretamente, em prateado, às 12 horas.

O classicismo da elegante correia em pele de jacaré alia-

-se à modernidade de uma integração completa na caixa, o que

lhe permite seguir na perfeição o perfil do pulso. Um fecho de

segurança, com gravação “SLR” completa o conjunto.

PVP: a partir de Setembro de 2006.

PVP: aproximadamente € 3.850

Novidades TAG Heuer

ESPIRAL DO TEMPO > 59

Page 60: Espiral do Tempo n.º 20

Carrera Tachymètre RacingMais desportivo do que nunca

Desde a sua criação em 1964 por Jack Heuer, o cronógrafo Carrera

é um dos modelos emblemáticos da marca, tanto pelo seu design

como pelo seu prestígio tecnológico.

O relógio tem o seu nome a partir da Carrera Panamericana

Mexico, uma corrida automobilística trepidante dos anos 50 do

século passado, de que uma das figuras emblemáticas é o grande

piloto argentino Juan Manuel Fangio, que ganhou a última edição

da prova. Usado pela maior parte dos pilotos de Fórmula 1 dos

anos 70 do século passado, o Carrera passa a ser um must procu-

rado tanto pelos coleccionadores de relógios como pelos aficiona-

dos pelo mundo das corridas.

Desde o final de 2005, a TAG Heuer tem declinado este mo-

delo incontornável em várias versões, mantendo intacto o seu

estilo elegante, desportivo e autêntico. Dois modelos novos

acabam de ser lançados: um com mostrador, taquímetro e

bracelete em cor chocolate, e um com mostrador e taquímetro

azuis e bracelete em aço.

O novo cronógrafo Carrera Tachymètre Racing está destinado

aos amantes de sensações fortes. Munido de um taquímetro na

sua luneta fixa para cálculo de velocidades, presta homenagem

aos grandes pilotos e aos gentleman drivers.

A sua bracelete em cauchu, em parte perfurada, também ela

se inspira no universo mítico das corridas de automóveis dos anos

50, e os ponteiros vermelhos e os índices biselados em fundo

negro, fazem recordar o design dos instrumentos de bordo dos

bólides dessa época.

Este novo cronógrafo desportivo, mais do que uma nova de-

clinação de uma linha já objecto de culto, perpetua a herança

histórica e a paixão que a animam. Mais desportivo do que

nunca, o Carrera Tachymètre Racing é, como todos os cronógrafos

Carrera, ao mesmo tempo objecto de desejo e de audácia, intem-

poral e indispensável.

PVP: € 2.380 correia em cauchu • € 2.430 bracelete em aço.

Novidades TAG Heuer

60 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 61: Espiral do Tempo n.º 20

Monaco Vintage Edition LimitéeUma nova versão do ícone

Para festejar o 75º aniversário do nacimento de Steve McQueen,

a TAG Heuer lança agora o Monaco Vintage Edition Limitée, uma

nova declinação deste cronógrafo mundialmente célebre graças à

sua grande caixa quadrada, onde o mostrador branco é aqui orna-

mentado com as célebres faixas em vermelho, branco e azul,

lembrando a combinação usada pelo actor no inolvidável e míti-

co filme ‘Le Mans’, rodado em 1970.

Durante a rodagem de ‘Le Mans’, onde aparecia ao volante do

seu Porsche 917 Gulf, Steve McQueen exigiu aos aderecistas usar

tudo o que o piloto profissional Joe Siffert usava, incluindo ob-

viamente o cronógrafo Monaco. Piloto suíço de renome e herói das

24 Horas de Le Mans, Joe Siffert foi um dos primeiros embai-

xadores patrocinados pela marca, exibindo orgulhosamente reló-

gios Heuer. Se a presença do Monaco no punho do actor contribuiu

certamente para a sua lenda, é antes de mais o estilo avant-garde

deste cronógrafo e a sua ruptura com a tradição que lhe permiti-

ram desmarcar-se da concorrência e tornar-se num dos ícones mais

desejados e procurados da marca.

A caixa quadrada do TAG Heuer Monaco marca a história da

relojoaria. Com efeito, lançado em 1969, é o primeiro cronógrafo

no mundo equipado de um microrotor de corda automática, o

revolucionário ‘Chronomatic Calibre 11’. Com audácia do seu

mostrador azul, marcou uma nova era na estética e no design

relojoeiros.

Este ano, tanto para homem como para senhora, a TAG Heuer

lança o cronógrafo Monaco Vintage. Disponível em edição limita-

da a 4.000 exemplares, este cronógrafo automático de culto pres-

ta homenagem a uma figura lendária, conhecida por todos, e que

atravessou as várias gerações, para sensibilizar os nostálgicos de

um tempo agitado que não está assim tão distante…

Uma peça inspirada pela lenda e pelo espírito das corridas de

automóveis – daí o seu mostrador tricolor, o logótipo ‘Monaco’ às

6 horas, a bracelete azul, em pele de crocodilo, com fecho de

segurança – que se tornará certamente em objecto de colecção.

PVP: € 3.200

Novidades TAG Heuer

ESPIRAL DO TEMPO > 61

Page 62: Espiral do Tempo n.º 20

Planetário mecânico, um instrumento de relojoaria que representa o Sistema Solar, tal como era conhecido em 1924.

Na página do lado o director do Planetário o comandante Monteiro dos Santos.

Page 63: Espiral do Tempo n.º 20

Tal como os relógios, também os calendário medem o tempo que passa. Sentados,

frente ao renovado sistema de projecção do Planetário de Lisboa, olhamos para o céu

à procura de orientação.

REPORTAGEM

Subir as escadas do Planetário deLisboa é, para muitos, uma espéciede revisitação ao passado. Poucacoisa mudou, desde as décadas de

setenta e oitenta, quando integrávamos o grupode miúdos que saía da sessão em alvoroço depoisde sobreviver à trovoada, quase real. Ainda hoje,cerca de setenta por cento dos visitantes «sãoalunos, porque há programas de acordo com osanos escolares, que servem de complemento àteoria que aprendem nas aulas» explica o Co-mandante Monteiro dos Santos, director do Pla-netário. Pouca coisa mudou, mas só à primeiraimpressão. O cérebro das missões intra-galácti-cas dos últimos quarenta anos é hoje uma peçado Património Cultural da Marinha, sem espaço

a dúvidas uma das relíquias mais valiosa, agoraexposta no corredor principal. Foi um dos pro-jectores mais avançados do seu tempo: o filtroopaco com orifícios micro-perfurados, permitiasimular um céu estrelado com cerca de 7200 es-trelas. No seu posto, ao centro da sala cilíndrica,ergue-se agora o moderníssimo Modelo Univer-sárium IX, um projector topo de gama de fabri-co alemão que, com os projectores suplementa-res distribuídos pela sala, consegue criar umespectáculo ainda mais envolvente. «Já não exis-tem peças sobresselentes para o projector antigo»justifica o director, apontado para o históricoaparelho que mostrou o céu estrelado a mais detrês milhões de visitantes. «Foi aberto um con-curso internacional, tivemos o apoio do Minis-

t e x t o Vand a Jo r g e > f o t o s An a Ba i ã o

De olhos postos no céuPlanetário de Lisboa

ESPIRAL DO TEMPO > 63

Page 64: Espiral do Tempo n.º 20

tério da Ciência e do FEDER e substituiu-se oanterior sistema que tinha as limitações típicasde uma tecnologia dos anos sessenta» acrescenta.Apenas há três anos no cargo, o Comandantesente que a mudança surge no momento certo,até porque, «o público está mais esclarecido e exigente» diz. «Há muitos filmes e debates comquestões ligadas à astronomia que já não se com-padecem com a apresentação de um céu estrela-do; são necessários outros meios para tornar assessões interessantes» acrescenta.

Quando a luz se apagaNos vinte e três metros de diâmetro da Cúpula, océu está estrelado. A sensação de infinito faz otempo recuar. Na sala já não estão jornalista e en-trevistado, os papeis são novamente, o de aluna eo de conferencista, de outros tempos. De caneta

laser na mão, Jorge Farinha guia-nos pelasEstrelas, fá-lo quase diariamente, há mais de dezoitos anos. A experiência e a investigação le-vam-no a acreditar que há efeitos produzidospelos Astros que podem ser sentidos na Terra, «élícito perguntar, porque não influenciar a própriavida?» lança. «Há provas de que a vida é influen-ciada pela Fases da Lua, as desovas dos corais dão--se sempre em Lua Cheia, e em França, porexemplo, concluiu-se que o vinho de maior qual-idade era de anos de grande actividade do Sol»exemplifica. «Se os Astros influenciam os vegetaise os corais, porque não nos hão-de influenciartambém a nós? Até onde ninguém sabe!» brincao o conferencista. As certezas de hoje foram umasimples questão de sobrevivência para os povosantigos. No Egipto e na Mesopetânia, regiões doglobo onde floresceu a astrologia, é facto insofis-

Planetario de Lisboa

64 < ESPIRAL DO TEMPO

Há muitos filmes e debates com

questões ligadas à astronomia

que já não se compadecem

com a apresentação de um

céu estrelado, são necessários

outros meios para tornar

as sessões interessantes

Na galeria de acesso à sala de projecção, estão expostos

os instrumentos que fazem a história do Planetário.

1

Jorge Farinha conferencista do Planetário há 18 anos. Ao lado,

antigo projector Modelo UPP 23/4, da pioneira Carl Zeiss Jena,

é hoje uma das mais importantes relíquias exposta no

Planetário. O aparelho óptico-mecânico fisicamente constituído

por um corpo cilíndrico com duas grandes esferas, em ambas

as extremidades, projectava 7200 estrelas na cúpula da sala.

1

,

a a

Page 65: Espiral do Tempo n.º 20

mável que para os Sumérios, Acádios e Caldeus, oSol, a Lua e os Planetas eram Deuses que tinhaminfluência sobre a vida que levavam na Terra.

Na época dos primeiros calendáriosÉ impensável começar um novo ano sem olharpara a agenda pessoal e planear o Tempo. Osmeses, os números e os nomes dos dias da sema-na são referências actuais, organizadas numa es-cala de contagem do tempo, a que a sociedadeconvencionou dar o nome de Calendário. O quehoje usamos, foi aperfeiçoado ao longo de mi-lhares de anos e terá sido o conhecimento do mo-vimento da Terra e o aparecimento diário do Sole da Lua que levou à criação destas primeiras formas organizacionais. Numa fase primária se-riam construídos em dois ou mais discos perfura-dos e marcados que, quando na posição correcta,indicavam o dia ou o mês.

No Egipto, a primeira cronologia de 3000A.C. estabelecia um ano de 360 dias, determina-do pelo retorno do nascer Helíaco de Sirius –‘Sothis’. Com o laser apontado para a EstrelaSirius, Jorge Farinha recorda que «o mais impor-tante para o egípcios era o dia em que ela nasciaquase em simultâneo com o Sol, altura das inun-dações no Nilo e da fertilização dos campos quecultivavam». Tal como o povo das margens doNilo, ao longo de séculos, a humanidade desen-volveu calendários que serviram para prever asestações, determinar as épocas ideais para o plan-tio e colheitas e para assinalar as cerimónias religiosas. Faziam-no através da «observação deconstelações, e a partir do nascimento dos astrosmais importantes, como o Sol e a Lua. Por exem-plo, Stonehenge seria um monumento criadopara prever os solestícios, os equinócios e oseclipes da Lua» explica. Sem relógios ou outrosmeios de medição, os antigos assumiam umevento físico que se repetia sempre da mesmaforma e no mesmo intervalo de tempo, comoreferência: a luz dava a noção de ontem, hoje eamanhã; os 29,5 dias de uma nova Lua determi-nava o novo mês, e a sequência das estações dita-va os anos. Povos como os romanos, fizeram daLua uma máquina do tempo; em Atenas, Jeru-

Jorge Farinha dá as indicações ao novo projector, dando

início a mais uma sessão na sala de projecção.

1

Cerca de 1000 estudantes conhecem diariamente o céu,

as estrelas, as constelações, os movimentos da Terra e

da Lua numa viagem ao sistema solar conduzida pelo

novo projector.

1

ESPIRAL DO TEMPO > 65

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Page 66: Espiral do Tempo n.º 20

salém e na Babilónia, um novo mês era anuncia-do quando ao anoitecer surgia nos céus a LuaCrescente, e ainda hoje, cumprindo a tradição,para os judeus o dia começa ao pôr-do-sol. Oprincípio parecia simples: para ocorrer 12 luna-ções eram necessários 354 dias, o mês lunar me-dido com precisão tem 29,53059 dias, ou seja,um ano de 354,36708 dias, menos que o anosolar de 365,2422199 dias.

Mas quer nos calendários solares como noslunares, a fórmula ainda não era perfeita. O AnoTrópico corresponde a 365,242199 dias. Comonos calendários o ano é estabelecido em anosinteiros, surge a diferença de 0,242199 dias se ocalendário for de 365 dias, que acumulado aolongo de anos se transforma num erro de diasinteiros, ou mesmo semanas. Para corrigir a dife-rença foram criados os anos bissextos. «Há povos,como os árabes, que ainda hoje usam o calendá-rio Lunar, já os judeus organizam-se por umlunissolar. No mundo ocidental, usamos o calen-dário Solar», embora tenhamos herdado dos an-tigos calendários lunares, os 12 meses origináriosdas 12 lunações.

Quando Roma conquista o Egipto, os co-nhecimentos desse povo são usados na elabora-ção do novo calendário, caminhava-se para oscalendários dos nossos dias.

Calendae: O primeiro dia do mêsTerá sido Rómulo, fundador de Roma, o res-ponsável pelo primeiro calendário romano data-do de 753 a.c. Um calendário lunar de 10 meses:Martius, Aprilis, Maius, Junius, Quintilis, Sex-tilis, September, October, November e Decem-ber, que compreendia 304 dias. Segundo a histó-ria, só em 700 a.c., o rei de Roma, NumaPompilio, acrescenta Januarius e Februarius, oano cresce para 355 dias e perde-se o sentido ini-cial dos nomes dos meses – Setembro de sétimo;Outubro de oitavo, Novembro de nove e De-zembro de décimo mês. No calendário romano,o equinócio civil tinha três meses de dife-rença do astronómico, os meses de Inverno sur-giam no Outono e os de Outono no Verão, umdesvio que levou à intervenção de Júlio César.Com a ajuda do astrónomo Sosísgenes, o Impe-rador passou o primeiro dia do ano de Marçopara Janeiro e os dias foram aumentados para365, com um dia adicionado de 4 em 4 anos. OSenado Romano, em homenagem, mudou omês Quintilius para Julius (Julho) e Sextiliuspara Augustus (Agosto), toda a Europa Cristãadopta o calendário de Júlio César. Em 1582,passados 1627 anos desde a proclamação doCalendário de Júlio César, o Papa Gregório XIIIassina a bula do Calendário Gregoriano com

365 dias, 5 horas 48 minutos e 20 segundos,Calendário que ainda hoje é usado no mundoocidental. Com este Calendário admitiram-setrês anos de 365 dias, seguidos de um de 366 –os ano bissextos; só de 400 em 400 anos trêsanos bissextos são suprimidos e o Ano Novopassa para 1 de Janeiro. Para efeitos de acerto decalendário, foram suprimidos dez dias ao ca-lendário Juliano, o dia 5 de Outubro de 1582passou a ser dia 15 desse mês, eliminando-se oerro acumulado e o equinócio da Primaveravoltava a coincidir com o dia 21 de Março. Uni-versal e aperfeiçoado ao longo de décadas, per-siste um pequeno erro residual de 0,1204 diasem cada 400 anos, o mesmo será dizer, um diaem cada 3322 anos.

Perpétuos até quandoDos três calendários em vigor – Gregoriano,Muçulmano e Israelita – o primeiro é o mais«aperfeiçoado que existe, mas não é eterno e teráque ser mexido» adverte Jorge Farinha. A questãonão é fácil de explicar, mas o conferencistarecorre à Cúpula, que permanece estrelada, paramostrar duas linhas: A eclíptica, (que representaa trajectória aparente do Sol ao longo do ano) e ado Equador Celeste (projecção na Esfera Celestedo Equador na Terra), ambas envolvidas no errodo Calendário. «Estas duas linhas encontram-seinclinadas, uma em relação à outra, porque aTerra está inclinada em relação ao Sol. Por isso,elas encontram-se em dois pontos importan-tíssimos que são os pontos equinociais». Estesdois pontos que marcam o início da Primavera edo Outono não são fixos devido a um movimen-to da terra – conhecido pela comunidade cientí-fica como Movimento de Pressão da Terra – quesendo muito lento, nem se dá por ele. «Nestemomento o eixo da Terra aponta para uma zonapróxima da Estrela Alrrukaba (a última da caudada Ursa Menor) ou do Norte, por isso ela é, naactualidade, a nossa estrela Polar, pois está muitopróxima do actual Pólo Norte Celeste.

Na época dos egípcios, a Estrela Polar foi aEstrela Thuban (ou Alfa do Dragão), e no ano14 mil será Vega (da Constelação da Lira). Ao

Em 1582, passados 1627 anos desde a proclamação do Calendário

de Júlio César, o Papa Gregório XIII assina a bula do Calendário

Gregoriano com 365 dias, 5 horas 48 minutos e 20 segundos.

Planetario de Lisboa,66 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 67: Espiral do Tempo n.º 20

longo destes 25 mil e 600 anos, tempo que aTerra demora a completar este movimento depressão, o seu eixo faz com que balance, descre-vendo, muito lentamente, uma circunferênciaem torno do chamado Pólo da Eclíptica. Estemovimento do Eixo da Terra é responsável pelofacto do Equador Celeste baloiçar, o que, porsua vez, faz com que o ponto vernal vá escorre-gando sobre a Eclíptica e ao fim de um ano esteponto mude de posição» explica Jorge Farinha.Estes acontecimentos que se passam acima donosso campo de visão, e dos quais nem nos aper-cebemos, são os responsáveis pela variação que ocalendário não vai acompanhando. O ano side-ral (tempo que o Sol que nós vemos demoraentre duas passagens consecutivas por umaEstrela ou por outro ponto fixo da Esfera Celes-te, 365,226 dias) é ligeiramente maior que o anotrópico (tempo decorrido entre duas passagensconsecutivas do Sol Médio pelo ponto vernal,365,242 dias). Esta pequena diferença que o ca-lendário não acompanha, é consequência daretrogradação do ponto vernal 50,24 segundosde arco por ano. Valores quase insignificantesmas com efeitos a longo prazo. Desde a últimareforma em 1582, regista-se o atraso de um dia

em cada 3322 anos. Os astrónomos calculam,por isso, que no ano de 2100, 518 anos passa-dos, o calendário gregoriano terá que ser rea-justado três horas e trinta e seis minutos.

Calendários à medida de cada um Na antiguidade sempre foi difícil a comunicaçãoentre os povos, as distâncias e a inexistência detransportes atrasavam a troca de informação en-tre os sacerdotes das diferentes nações. Esse foium dos motivos para que cada povo desenvolve-se formas próprias de organizar o seu tempo,mas os Calendários eram também uma espéciede autoridade, e cada Rei ao chegar ao poder im-punha um Calendário. Entre os Calendáriosmais estudados está o Babilónico, com o ano di-vidido em 12 meses Lunares de 29 ou 30 dias,num total de 354 dias. Também o CalendárioEgípcio é um dos mais referenciados, baseado nomovimento do Sol, o ano tinha para o povo doNilo 365 dias, organizados em 12 meses de 30dias, somando 360 dias, mais cinco dias de festadepois das colheitas. O Calendário Grego seguiaos movimentos do Sol e da Lua e era semelhanteao Babilónico, já as civilizações Maias, Astecas eIncas baseavam-se no mês Lunar. ET

Uma complicação com várias soluções

O calendário perpétuo é uma das mais comple-

xas e elaboradas sofisticações relojoeiras. Um

relógio de pulso com calendário perpétuo está

dotado de um mecanismo composto por várias

centenas de peças – e que não só fornece a

indicação do ano, do mês, da data, do dia e das

fases da lua, mas também tem em conta os

meses de 28, 29, 30 e 31 dias sem que seja

necessário proceder-se ao acerto do calendário.

A peça essencial de um mecanismo relojoeiro

com calendário perpétuo é a ‘came’ dos meses,

sobre a qual são programadas as diferentes du-

rações mensais. As secções salientes da sua cir-

cunferência representam os meses de 31 dias,

enquanto as côncavas representam os de 30

dias; para além disso, apresenta uma reentrância

circular na qual a ‘came’ bissexta é deslocada 90

graus uma vez por ano pelo mecanismo do ca-

lendário – três lados desse ‘came’ definem os

anos não bissextos (mês de Fevereiro de 28

dias), enquanto o quarto, descentrado relativa-

mente ao eixo da peça, indica os meses de Fe-

vereiro de 29 dias dos anos bissextos. A estrela

dos meses dá uma volta por ano; o pequeno rec-

tângulo apenas uma de quatro em quatro.

Na esmagadora maioria dos casos, os calendá-

rios perpétuos mecânicos têm a possibilidade de

funcionar acertadamente até 28 de Fevereiro de

2100 – porque é nessa altura que o ciclo normal

de três anos, intercalados de um bissexto, se

quebra. Ou seja, os calendários perpétuos dos

relógios de pulso não podem ser tão perpétuos

assim e requerem esse tal acerto no ano 2100.

No entanto, há pelo menos um instrumento do

tempo que tem em conta todos os cálculos para

poder funcionar acertadamente como calendário

perpétuo (além de dar obviamente as horas, mi-

nutos e segundos) até ao ano 3000: o Atmos

Millenaire, o célebre relógio da Jaeger-LeCoultre.

Miguel Seabra

Relógio astronómico de Giovanni de Dondi, que demorou

16 anos a ser concluido (cerca de 1348).

1

ESPIRAL DO TEMPO > 67

Desde a última reforma em

1582, regista-se o atraso de

um dia em cada 3322 anos.

Os astrónomos calculam, por

isso, que no ano de 2100, 518

anos passados, o calendário

gregoriano terá que ser

reajustado três horas e trinta

e seis minutos.

Page 68: Espiral do Tempo n.º 20

A arte de mostrar e esconder, o rectângulo transformado em quadrado, o relógio-jóia

levado à aliança perfeita entre forma e função: o Reverso está de parabéns. A ‘incrível’

Índia, com os seus contrastes de cores, cheiros e ambientes, serviu de palco ao

lançamento de novos modelos do grande clássico, que leva 75 anos de vida. Jogou-se

pólo, andou-se pela ‘cidade azul’, onde o tempo parece ter parado. E descobriu-se que

Jodhpur esteve na rota dos primórdios da aviação portuguesa.

REPORTAGEM

t e x t o Fe r n a n do C o r r e i a d e O l i v e i r a em Jo d hpu r - I n d i a

O Reverso faz 75 anos

O palácio de Umaid Bhawan

Page 69: Espiral do Tempo n.º 20

Conta a lenda que foram oficiais britâ-nicos, a servirem na Índia, nos anos20 do século passado, que estiverampor detrás de um dos relógios mais

perenes e famosos do mundo: cansados deriscarem os vidros nos choques que tinham ajogar pólo, pediram à manufactura suíça Jaeger--LeCoultre que lhes resolvesse o problema.

E, em 1931, os engenheiros da prestigiadacasa apresentaram o Reverso – um relógio que,mediante um engenhoso esquema de calhas,tanto podia aparecer com mostrador à vista,como com o mostrador escondido e a parte de

trás à mostra. Estava criado um verdadeiro íconedo design do século XX, ainda hoje um dos reló-gios mais reconhecíveis do mundo, e que con-tinua a ser o modelo mais vendido da Jaeger--LeCoultre.

Declinado ao longo de 75 anos nas maisdiversas funções e tamanhos, o Reverso cedo seprestou a uma personalização – a face lisa come-çou por ser gravada com o monograma ou o bra-são do dono, também foi sendo decorada comesmalte, ganhou um segundo mostrador e per-mitiu funções relojoeiras de leitura fácil, dividi-das pelos dois lados.

75 anos do Reverso

Uma das sumptuosas festas oferecidas aos convidados, no forte de Merhangargh.

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Jodhpur, a famosa cidade azul.

1

O forte de Merhangargh

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O palácio de Bal Samande

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O palácio de Umaid Bhawan

é considerado o maior edifício

privado do mundo, com as

suas centenas de quartos.

ESPIRAL DO TEMPO > 69

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Agora, que se comemora o jubileu dos 75anos do Reverso, nada melhor do que voltar àsorigens, à Índia. E mais propriamente à terra dopólo por excelência, o Rajastão, ou terra dosMarajás (Maha – grande; Rajá, rei, em hindi).

O anfitrião foi o actual marajá de Jodhpur,Sua Alteza Real Gaj Singhji II de Marwar--Jodhpur, 38º senhor de Rathore, membro do clãde guerreiros Rajputs, que ascendeu ao trono em1952, com apenas 4 anos. Desde a fundação domoderno Estado da Índia, em 1947, que os ma-rajás deixaram de ter autonomia política nos seusterritórios, e desde 1971 que deixaram de ter pri-vilégios de rendas ou cobrança de impostos. Maseste marajá aproveitou o palácio mandado cons-truir pelo seu tio-avô, no início do século, trans-formando-o num hotel de luxo, e vivendo ‘ape-nas’ numa das suas alas. O palácio de UmaidBhawan é considerado o maior edifício privadodo mundo, com as suas centenas de quartos.

Jodhpur, a mais antiga cidade do Rajastão,foi fundada em meados do séc. XVI e é conheci-da como a ‘cidade azul’, porque a maioria dassuas casas estão pintadas dessa cor. O palácio do marajá, o Umaid Bhawan e a fortaleza deMehrangarh (iniciada em 1459 e acrescentadaao longo dos séculos) dominam a cidade, a par-tir de duas colinas.

Foi neste cenário de luxo, cor e cheiros inten-sos que a Jaeger-LeCoultre apresentou os quatronovos modelos Reverso – dois para homem, doispara senhora. O Reverso ganhou agora umalinha quadrada, o Squadra, e uma das outras pe-ças, evocando o eclipse, é um achado de enge-nho e arte. Em Nova Delhi, a Jaeger-LeCoultreassociou-se a uma das mais prestigiadas provas depólo do país, e o Reverso foi omnipresente.

Falando na ocasião, Jerôme Lambert, presi-dente da Jaeger-LeCoultre sublinhou que o des-porto, nomeadamente o pólo, «personifica a ima-gem e a vitalidade do Reverso».

As tradicionais artes indianas, do trabalho em metal e

pintura, ainda hoje motivo de inspiração e riqueza cultural.

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70 < ESPIRAL DO TEMPO

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«Fomos buscar desenhos de há 75 anos, quan-do o Reverso foi concebido, e que nunca tinhamsido utilizados», revelou. Já nessa altura se con-templou a hipótese de um Reverso quadrado, quesó agora vê a luz do dia. «É espantoso como amodernidade de linhas se mantém», diz Lambert.«Se possível, o relógio tornou-se ainda mais mar-cadamente masculino».

«O principal desafio do nosso trabalho é en-contrar o equilíbrio perfeito entre as nossas ca-pacidades e criatividade. Não podemos ter apenassonhos, temos que saber realizá-lo», diz o jovemresponsável da Jaeger-LeCoultre, de 35 anos eque está no cargo há dois. «Um relógio Jaeger--LeCoultre deve ser uma soberba peça de medi-ção do tempo, mas, ao mesmo tempo fiável».

Jerôme Lambert garante: «Não cedemos àspressões do tempo ou do mercado, não nosassustamos com limites técnicos. Mas os nossosrelógios têm que chegar verdadeiramente aomercado. Uma coisa é fazer um relógio turbi-lhão, peça única, para impressionar, outra é con-seguir entregar 500 peças, fiáveis, num períodode poucos anos».

A Jaeger-LeCoultre é hoje uma das poucasmanufacturas em todo o mundo que apenasemprega nos seus relógios movimentos feitos emcasa. «Os nossos relógios começam num pedaçode aço, que se vão transformando depois de mi-lhares de horas e horas de trabalho de especialis-tas relojoeiros e artistas em peças que inspiramemoções», disse o responsável da manufactura.

75 anos do Reverso

A realidade e o imaginário da cultura indiana,

confundem-se em pleno Século XXI.

1

Foi neste cenário de luxo, cor e cheiros intensos que a Jaeger-LeCoultre

apresentou os quatro novos modelos Reverso – dois para homem,

dois para senhora.

Dois portugueses na corte do marajá

Era um fim de tarde húmido e quente, o sol tingia de

vermelho o horizonte e dificultava a visão dos jogadores

de pólo que, naquele descampado de areia de Jodhpur,

no norte do Rajastão indiano, iam gritando entre si,

incentivando montadas, sacudindo dos olhos a poeira

levantada.

O Verão de 1924 estava a começar, as temperaturas já

atingiam facilmente os 40 graus, o vento do deserto de

Thur (a Morte) ia recordando a sua vizinhança. De

repente, um alvoroço – tinha caído um pequeno avião,

ali perto. A partida foi interrompida, e o marajá Sir Pratap

Singh, ele mesmo um praticante exímio, liderou as ope-

rações de salvamento.

Os majores Brito Pais e Sarmento de Beires tinham par-

tido de Vila Nova de Milfontes, no litoral alentejano, a 7

de Abril, a bordo do ‘Pátria’, um avião de bombardea-

mento nocturno, um Breguet, que tinha servido na I

Guerra Mundial e que eles tinham conseguido adquirir

por subscrição pública. Os dois pioneiros da aviação lusa

propunham-se ligar por via aérea Portugal e Macau. Na

escala de Tunes, o mecânico alferes Manuel Gouveia jun-

tou-se à equipa. A escala em Jodhpur estava programa-

da, mas o motor Renault de 300 cv não resistiu até lá,

ficando-se a escassas dezenas de quilómetros, no meio

do deserto. Na aterragem forçada, o ‘Pátria’ ficou total-

mente desfeito. Parecia que a viagem iria ficar por ali.

A escala em Jodhpur tinha sido programada, pois o

marajá local era conhecido no Ocidente pela paixão que

tinha pelos aviões – tinha feito construir um moderno

aeroporto e ele próprio pilotava. Nova Delhi ainda nem

sequer tinha aeroporto e todo o norte da Índia era servi-

do nessa altura pela escala de Jodhpur, seguindo depois

os viajantes por terra.

Contactada Lisboa, Brito Pais e Sarmento de Beires são

autorizados a comprar um novo avião. A 7 de Maio, um

Havilland Liberty, com motor de 400 cv, comprado em

Jodhpur por 4.700 libras, é baptizado com o nome de

‘Pátria II’. E os dois aventureiros portugueses, que terão

entusiasmado com as suas peripécias de voo o marajá

de Jodhpur, partem de novo ( mecânico ficou, mais uma

vez, em terra) rumo a Macau, onde chegam a 20 de

Junho. No total, percorreram 16.380 km, em 115 horas e

45 minutos de voo.

Ainda hoje, no Clube Lusitano de Hong Kong se encontra

um painel com partes do ‘Pátria II’, honrando estes pio-

neiros da aviação portuguesa.

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75 anos do Reverso

ESPIRAL DO TEMPO > 73

Regras e conceito básico do póloA sua origem perde-se na noite dos tempos, mashá quem diga que foi inventado há 2.500 anos,na Pérsia, e que o rei Dário foi um adepto fer-voroso. Conta a lenda que ele terá dado aojovem Alexandre, o Grande, uma bola, um tacoe um conselho: «Vá jogar e deixe a guerra para osadultos». A resposta de Alexandre terá sido: «Eusou o taco, e a bola é o mundo que irei domi-nar». Depois, já é História com H grande: Ale-xandre derrotou Dário e conquistou a Pérsia.

Diz-se também que o pólo, tal como hoje épraticado, é uma evolução de um outro pas-satempo, também praticado a cavalo, mas muitomais bárbaro: as tribos nómadas da Ásia central– mongóis, cazaques, uigures, uzebeques, tur-quemanos em geral – costumavam jogar com acabeça do inimigo a fazer de bola… Ainda hoje,a versão mongol do pólo é tradicionalmente jo-gada com o corpo de um cordeiro.

Quem diria que este substrato bárbaro dariaazo à criação de um dos desportos mais elitistasdo mundo. Praticado no norte da Índia desde hámuitos séculos, elevado à categoria ‘elegante’ apartir da ocupação do Grande Mogol (Akbaravaliava o mérito dos seus assessores através dahabilidade que tinham no pólo), foi no entantocom a ocupação inglesa – e a capa de fair playque os britânicos emprestam a tudo o que prati-cam – que o pólo passa a ser conhecido e admi-rado no Ocidente.

Hoje, o pólo tem grande popularidade entrebritânicos, indianos, paquistaneses…, mas agrande potência mundial do pólo equestre é aArgentina. Mesmo para um leigo, foi extraordi-nário assistir à final da Maharaj Sir Pratap SinghCup deste ano, em Nova Delhi, com cada umadas equipas a ter do seu lado um jogador argenti-

no – Santiago de Estrada e Gaston Moore. Osdois, com handicaps dos mais elevados do mun-do, fizeram a diferença, com passes e disparosespectaculares, corridas vertiginosas, fintas ines-peradas e galhardia muito ‘latina’.

Apadrinhado tradicionalmente pelos marajás,conhecido como ‘O Jogo dos Reis’, o pólo a cava-lo tem vindo a renascer na Índia (o Pólo Club deCalcutá é o mais antigo, fundado pelos britânicosem 1860), com o Exército a ter um papel essen-cial na criação das montadas e na formação dasequipas. Cada equipa é composta de quatrojogadores, cada um com uma missão especial:

O jogador nº 1, o striker, é o ‘oportunista’, evisa essencialmente marcar golos.

O jogador nº 2, o centre forward, é o ‘rapazdas entregas’, procurando sempre fazer avançar abola para o mais perto possível da baliza con-trária.

O jogador nº 3 é o central half, ou playmaker, dado que assume a posição de pivot, dis-tribuindo jogo.

Finalmente, o jogador nº 4, o full back, é o‘defesa’, pois é nele que reside a última linha dedefesa e é onde se iniciam os ataques.

Os cavalos próprios para a prática do pólo de-vem ter um misto de rapidez e paixão, e seremcontroláveis dentro da intensidade com que aspartidas se desenrolam. Os cavalos são treinadosdesde muito cedo para a modalidade, acompa-nhados de um regime que lhes aumenta a resis-tência e tempo de resposta às ordens do cavaleiro.

A principal regra do pólo, e que visa a segu-rança, é a ‘linha’. Quando um jogador disparauma bola, cria uma linha. Essa linha imaginárianão pode ser ultrapassada pelo adversário, maseste pode empurrar o oponente. Tal como nogolfe, o pólo pode ser praticado por principian-

tes a jogarem com veteranos – existe o sistema dehandicap, que é dado a cada jogador pela respec-tiva associação nacional de pólo. No pólo, ohandicap é ao contrário do golfe – os grandesjogadores são classificados com 10 e os principi-antes com menos 2. O handicap de uma equipaé o somatório dos seus jogadores e é comparadocom o da equipa adversária. Ao lado mais fracoé concedido o diferencial em golos no início dapartida, e que é visto no tradicional placard.

Um campo de pólo constitui a maior áreapara um desporto organizado – equivale a cincocampos de futebol.

Os remates são feitos com um stick longo esão near-side quando feitos do lado esquerdo damontada, ou off-side, quando feitos do lado di-reito. Cada um dos quatro remates básicos pode,pois ser near ou off side.

O forehand é quando se atira a bola para afrente ou lateralmente; o backhand, quando seatira para trás; o neck shot é o disparo para a fren-te, mas passando por cima do pescoço do cava-lo; o tall shot, quando se remata por cima do pes-coço do cavalo, mas para trás. Os dois últimossão os mais espectaculares.

Há dois árbitros a cavalo e um a pé. Este últi-mo, tem a última palavra, em caso de dúvida.

As faltas são punidas, mediante a gravidade,com remates livres a 45, 60 ou 90 metros dalinha de golo. As partidas têm 8 partes de 7 mi-nutos cada, e as montadas são substituídas nosintervalos.

A taça Maharaj Sir Pratap Singh tem o nomedo tio-avô do actual marajá de Jodhpur. Ele foium dos maiores jogadores de pólo do seu tempoe instituiu o torneio em 1921. Viciante, empol-gante, o pólo a cavalo – diz quem o pratica – é«a melhor coisa para se fazer, vestido». ET

A ligação ao pólo é marcante quando se fala

do Reverso. Como não podia deixar de ser,

os convidados puderam apreciar um jogo

em que o relógio usado pelos jogadores era...

1

Agora, que se comemora o jubileu dos 75 anos do Reverso, nada

melhor do que voltar às origens, à Índia. E mais propriamente

à terra do pólo por excelência.

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75 anos do Reverso

«Fomos buscar desenhos de há

75 anos, quando o Reverso foi

concebido, e que nunca tinham

sido utilizados e é espantoso

como a modernidade de linhas

se mantém».

Jerome Lambert^

74 < ESPIRAL DO TEMPO

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75 anos do Reverso

Reverso SquadraQuando os engenheiros da Jaeger-LeCoultre trabalha-

ram pela primeira vez o genial conceito Reverso, nos

anos 30 do século passado, fizeram-no em duas for-

mas. A rectangular, depois patenteada, entrou desde

logo para a história da relojoaria; mas a quadrada, per-

maneceu um segredo da manufactura. 75 anos depois,

baseando-se nos esquemas originais, surge o Squadra.

Evocando a forma quadrada e a filosofia do des-

porto de equipa (squadra, em italiano), equipado com

movimentos Jaeger-LeCoultre de nova geração, o Re-

verso Squadra é um dos grandes lançamentos do ano.

Os movimentos, todos automáticos, por exemplo, têm

o rotor montado em esferas de cerâmica (e não nas

habituais em aço), dispensando assim a lubrificação.

Com um aspecto fortemente masculino, o Squadra

vem em três versões: o Hometime (calibre JLC 977) e

o Chronograph GMT (Calibre JLC 754) podem ter caixa

em ouro rosa ou em aço, enquanto uma edição limita-

da do Squadra World Chronograph (Calibre JLC 753, mil

peças) vem em caixa de titânio.

ESPIRAL DO TEMPO > 75

«O principal desafio do nosso

trabalho é encontrar o equilíbrio

perfeito entre as nossas

capacidades e criatividade.

Não podemos ter apenas sonhos,

temos que saber realizá-los».

Jerome Lambert^

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Em tempo real

t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s An a Ba i ã o

PERFIL

D. Maria Pia é a única Rainha portuguesa sepultada fora do país. Isabel Silveira Godinho assume como coroa de glória concluir

o processo de trasladação da soberana do Panteão da Casa de Sabóia, em Turim, para o Panteão da Casa de Bragança, em S. Vicente

de Fora. É no Palácio da monarca que modernizou a corte portuguesa, que a directora se sente em casa.

Isabel Silveira Godinho

Nem sempre acontece mas aconte-ceu naquele dia. Isabel SilveiraGodinho acabara de descer peloelevador, junto à sala da música

cruza-se com um rosto familiar. Atónita pensa:«Onde é que estou? O que faço agora? Vem aí oRei D. Carlos!». São segundos que a directora doPalácio Nacional da Ajuda hoje recorda com alguma graça. «Mergulhada a 100%» na concep-ção de uma exposição, esquecera-se, por momen-tos, que nas salas do palácio uma equipa estran-geira rodava um filme sobre a vida do monarca.«O actor vestido com as roupas de época era

igual, foi um choque, eu não percebi o tempo, seestava no século XIX se no XX, foram segundosaflitivos em que deixei de perceber a realidade».

O tempo pode tornar-se uma incógnita quan-do se trabalha e se vive entre séculos. Esse é o riscomas também o charme dos palácios. A emoçãovem à parte. E Isabel Godinho chega «a darpulos» quando descobre aquilo a que chama«mais uma bengala» que ajuda a contar a história.«A diferença entre um museu e um palácio»começa por explicar «é que aqui há a vivência deuma família, nos arquivos encontro a conta deuma peça ou a carta da Rainha ao fornecedor das

pratas, o que está nestas paredes foi usado e vivi-do, num museu é tudo bonito e de valor mas aspeças estão desintegradas» justifica.

Nos últimos 25 anos habituou-se a conheceros passos e os cantos que atestam a história desteenorme e incompleto palácio, que, como descre-veu Clara Menéres, foi «construído na despro-porção entre o imaginário e o real e deu forma auma dinastia já decadente». Sabe de cor o quecomia D. Luís I, ainda se diverte com as malan-drices da corte e com os comentários que os nos-sos últimos monarcas teciam à sociedade bur-guesa da época. A conservadora está de tal forma

Átrio do Palácio Nacional da Ajuda, edificado entre os séculos XVIII e XIX.1 Relógio em bronze dourado do século XIX adquirido em Paris.1

ESPIRAL DO TEMPO > 77

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envolvida neste enredo que já não se surpreendequando, em conversas inocentes, dá por si a ex-clamar: «Ai, se a Rainha D. Maria Pia visse istoagora!»

Um estilo Made in America Costuma dizer que «a vida está cheia de coisasque acontecem sem estarem programadas». Foiassim quando o presidente francês François Mi-terrand visitou o palácio e o elevador da Rainhaavariou ou mesmo quando de madrugada saíade casa em Filadélfia, de mochila às costas, car-regada de tupperwares com pastéis de bacalhauacabados de fazer pela mulher do Console, e nasescolas americanas dissertava sobre a cultura e oestilo de vida portugueses.

Da mesma forma, também sem programar,há 25 anos, recém chegada dos Estados Unidos,Isabel Godinho é escolhida para a direcção deum Palácio que mal conhecia. De um momentopara o outro, percebe que o rol de virtudes quelhe apontavam no outro lado do Atlântico – apontualidade, a mania da perfeição e a exigência– em Lisboa tornam-se uma espécie de defeito.Gere a Casa Real e a colecção de arte de um pa-lácio que poderia ter o subtítulo de Museu deArtes Decorativa, os preceitos e a inspiração vêmdos Estados Unidos. Filadélfia foi a paragem

num mundo novo e numa realidade cultural dis-tinta da que conhecia na velha Europa. Enquan-to o marido concluía a pós-graduação, Isabeltraça o seu sonho americano. «Fui à Faculdadeonde o meu marido estudava e disse-lhes: Soumulher de um aluno e quero inscrever-me comovoluntária». O voluntariado na cultura, na alturasó existia na área da saúde em Portugal, faziaparte do quotidiano daquele país.

Como voluntária no Philadelphia Museumof Art conhece uma realidade museológica avan-çada; no Metropolitan Museum of Art trabalhaao lado de conceituados conservadores e o ins-tinto dizia-lhe que um dia «viria para Portugal epoderia aproveitar esse conhecimento». O FoundRaising na cultura é uma americanice que trouxepara Portugal.

O voluntariado na cultura portuguesa Diz com orgulho que em tudo o que faz põe umbocadinho do sistema americano. Quando aquichegou tinha «um edifício inteiro por minhaconta, havia seis empregadas de limpeza e noveguardas, a minha primeira campanha foi cativare tratar bem o pessoal melhorando-lhes as con-dições, se é com eles que vou trabalhar vamostornar-nos uma família» pensou na altura. Ànova família a habitar a Ajuda juntaram-se os

Isabel Silveira Godinho

O tempo passará sempre a

sua utilização é que varia

consoante aquilo que lhe

imprimirmos.

A decoração do quarto da Rainha foi orientada por D. Luís

que escolheu os tons de azul e dourado para contrastar

com os cabelos ruivos de D. Maria Pira.

1

Isabel Silveira Godinho

A casa de jantar da Rainha. Em baixo a família real numa

caçada no Palácio de Queluz e ao lado A sala do trono.

1

78 < ESPIRAL DO TEMPO

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voluntários. «Comecei a chamar as amigas paraajudar, Maria Cavaco Silva e anos mais tarde afilha Patrícia que vinha cá ajudar nas exposiçõestemporárias com uma amiga», faziam parte des-se grupo de voluntariado na cultura. Ao estiloque importara dos Estados Unidos, apareciamuma vez por semana e seguiam um Código deConduta e de Ética do Voluntário que Isabeltraduzira e adaptara a Portugal. «Eu dizia nabrincadeira que tudo isto era clandestino porquenão havia suporte legal», conta a directora que sóem 1986 veria promulgada a Lei do Mecenato.Tudo tem servido para cumprir o sonho de «vol-tar a pôr o Palácio Nacional da Ajuda no seu de-vido lugar» e no seu tempo.

Quando nos deixamos guiar pelo relógio «Se for ao quarto do Rei verá que em cima damesa de cabeceira está lá o relógio pequenino deD. Luís», adverte a conservadora. E tal como orelógio do monarca, toda a restante colecção de

relógios do Paço da Ajuda mantém-se hoje,exactamente onde estava, ao tempo da realeza«estamos a devolver a actualidade à história de1889» reforça Isabel Silveira Godinho.

Com Tempo Real, a exposição que após umano de sucesso na Ajuda, em 1997, tem sucessosemelhante no Musée de l'Horlogerie de Gene-bra, toda a colecção de relógios do Palácio foicuidadosamente investigada e, um a um, os ob-jectos que marcaram os dias da Corte regressa-ram aos locais de origem. Desses pontos estraté-gicos, os 80 relógios – de sala, de secretária, debolso, de transporte e até de sol - impunham ho-rários e ditavam as obrigações da monarquia.Fossem as horas de refeição, os momentos pró-prios para as audiências, mesmo a duração dasfestas, os ponteiros acompanharam sempre osdias de um tempo rotineiro, apenas perturbadopelo toque das campainhas.

«Para a exposição sobre o Tempo» conta aautora do projecto, «todos os relógios foram es-

tudados, muitos foram desmontados e restaura-dos, os mecanismos foram investigados, as pes-soas não imaginam as centenas de peças de queé feito um objecto destes». E também não ima-ginavam a riqueza dos mecanismos que, até en-tão, estavam escondidos no Palácio.

Para mostrar ao público a forma como aCorte vivia o tempo, foi fundamental o apoiodos mecenas, o trabalho da Escola de Relojoariada Casa Pia de Lisboa, da equipa de voluntáriosdo Palácio, de artesãos, professores e colec-cionadores, dois anos de trabalho para umaexposição que teve o relógio como fio condutor.Antes de se abrirem as portas, a colecção viajouaté à capital francesa para que, no Musée desArts Decoratifs de Paris, especialistas restauras-sem e estudassem os mecanismos balizados entreos finais do século XVII e os últimos anos doséculo XIX. E o Francês Bernard Pin, especia-lista em restauro de relojoaria antiga, deslocou--se a Lisboa para estudar alguns mecanismos «se

“Fiéis companheiros dos antigos residentes desta casa”, os relógios

aqui têm permanecido indiferentes à passagem do tempo.

80 < ESPIRAL DO TEMPO

Relógios de cartel francês com mísula do século

XVIII, estando ao centro o relógio de transporte de

D. Luís. Na página à direita, cartaz da exposição e

um pomenor do quarto do Rei.

1

Isabel Silveira Godinho

a

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não fosse o know-how parisiense eu não tinhaconseguido fazer esta exposição» acrescenta.

Entre candelabros e lustres, conjugados como mobiliário pesado e com as peças escolhidas adedo por D. Maria Pia de Sabóia, hoje estes reló-gios, tal como na segunda metade de Oitocen-tos, são um elemento decorativo. De caixa alta,de parede ou de cartel, estão espalhados pelasvárias divisões do Palácio, muitos tendo sido ad-quiridos e encomendados pela Rainha, nas suasviagens ao estrangeiro, em grandes Casas espe-cializadas como: L’Escalier de Cristal, Maquet,Boudet, ou em antiquários. «Mestra na arte de

escolher e comprar» D. Maria Pia ficou na histó-ria também pelo bom gosto e preferência pelaqualidade.

No arquivo amontoam-se documentos daaquisição da Rainha de mecanismos em cida-des europeias como Paris, Viena e Salzeburgo, etambém em Frankfurt e em Munique. Os reló-gios pontuavam a corte com um toque de prestí-gio e de modernidade. E as visitas eram frequen-tes. António Pedro da Silva, José da Cunha Pa-drão, Joaquim dos Santos Franco, são apenasalguns nomes de gerações de relojoeiros que to-das as semanas vinham ao Palácio dar corda aos

relógios, garantir a manutenção ou ocuparem-secom as reparações. Nos mais curiosos recantosda Ajuda sucedem-se os modelos originais defabricos suíço e francês e algumas imitações per-feitas bem ao gosto do século XIX, entre os relo-joeiros da colecção da Ajuda conta-se mestrescomo Gio Pietro Callin, Causard, Jean Le seyne,Patek Philippe e A.H. Rodanet. «Fieis compa-nheiros dos antigos residentes desta casa», os re-lógios aqui têm permanecido indiferentes à pas-sagem do tempo. Hoje estão parados, a aguardarque um especialista em relojoaria antiga seocupe deles. ET

Faltam especialistas em movimentos antigos

Desde 1976 que o mestre Américo Henriques é res-

ponsável pela única Escola de Relojoaria do país, na

Casa Pia em Lisboa. Nestes trinta anos formou e viu

partir alguns dos melhores alunos do Curso Técnico

de Relojoeiro, «é a história da minha vida!» diz quase

em jeito de desabafo, «quando temos jovens espe-

cializados no restauro de relojoaria antiga ficam pou-

co tempo em Portugal».

Cobiçados pelos grandes nomes da alta-relojoaria

suíça, que lhes acenam com condições de trabalho e

vencimentos muito acima dos praticados em

Portugal, os poucos especialistas nos movimentos do

século XVIII e XIX não hesitam e trocam Portugal pela

pátria da relojoaria.

«Há uns anos enviámos um jovem em formação para

a Suíça, para assegurar a continuidade da escola.

Teve seis anos de formação, e outros dois a aperfei-

çoar-se nas técnicas de restauro de relojoaria antiga

no conceituado Centro de Formação WOSTEP, mas

não o conseguimos segurar em Portugal. Hoje Pedro

Ribeiro é professor na Escola de Relojoaria de Locle»

recorda o mestre Américo. Mais recentemente, outro

jovem talentoso formado na Casa Pia e mais tarde na

Suíça, que prometia dar cartas no restauro de reló-

gios seculares, foi contratado pelo Grupo Vendôme.

Sem um único técnico habilitado a prestar a assistên-

cia que estas peças antigas exigem, património como

a colecção de relógios do Palácio da Ajuda continua

parado em muitas salas portuguesas. «Se fossem só

os Relógios da Ajuda... A verdade é que a relojoaria

de qualidade e de colecção não tem assistência téc-

nica no nosso país. São mais dois anos de formação

o que encarece o curso e, além disso, não há nin-

guém preparado em Portugal para ensinar. O progra-

ma está esquematizado mas falta investimento no

projecto e dinheiro para que os relojoeiros se sintam

aliciados a continuar a carreira cá, com as condições

que oferecemos não os conseguimos conservar na

Escola». Como Américo Henriques explica, o curso téc-

nico permite apenas trabalhar em Relojoaria Contem-

porânea, «a relojoaria antiga implica a manufactura de

peças que já não existem e é preciso conhecimento

de construção daquela época, cálculos e até materi-

ais. As matérias-primas de hoje são diferentes, os

latões, por exemplo, têm características diferentes das

do século XVIII e o que se faz muitas vezes é aprovei-

tar as peças velhas da estrutura, porque o restauro

implica usar matérias primas originais».

ESPIRAL DO TEMPO > 81

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Royal Oak Offshore Alinghi PolarisAudemars Piguet

84

Mille Miglia XLChopard

86

Cronógrafo Master CalendarFranck Muller

88

PanoMatic TourbillonGlashütte

90

Master Compressor ChronographJaeger-LeCoultre

92

Tango CollectionRaymond Weil

94

Monaco VintageTAG Heuer

96

Dossier CronógrafosO domínio do tempo

104

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Page 85: Espiral do Tempo n.º 20

Começa a vislumbrar-se a America’sCup de 2007 no horizonte e os preparativos do

sindicato detentor do troféu já estão em marcha –

facto que se pode comprovar pela apresentação de

mais um fabuloso instrumento do tempo assinado

pela Audemars Piguet.

A parceria helvética entre a manufactura relo-

joeira Audemars Piguet e o veleiro Alinghi tem sido

naturalmente celebrada com a criação de prestigia-

dos modelos comemorativos; o mais recente reló-

gio resultante da associação é o Royal Oak Offshore

Alinghi Polaris, um inovador cronógrafo fly-back

com função ‘regata’ que deve o seu nome à estrela

que tem servido para indicar o norte aos viajantes

desde os primórdios da navegação. O disco giratório

integrado em relevo no mostrador e manuseado

através da coroa suplementar (situada às 10 horas)

permite estabelecer a orientação em função da po-

sição do sol, mas também pode ser usado como es-

cala de medição de tempos devido à acção combi-

nada da sua minuteria decrescente e ponteiro dos

minutos.

Bem mais significativa é a complicação mecâni-

ca idealizada pelos mestres relojoeiros da célebre

manufactura de Le Brassus, adaptando a função cro-

nográfica às exigências particulares da partida de

uma regata graças ao inédito mecanismo automáti-

co 2326/2847. As regras da America’s Cup são pre-

cisas: um tiro de canhão anuncia o início dos proce-

dimentos; um minutos depois, um segundo tiro de

canhão indica que os concorrentes têm somente

mais dez minutos para colocar a embarcação na

linha de partida; e é na linha de partida que um

terceiro tiro de canhão significa o arranque da re-

gata. A dificuldade dos participantes consiste em,

no tal espaço de dez minutos, colocarem-se o mais

perto da linha sem a transpor (sob pena de pena-

lização).

O novo relógio da Audemars Piguet dedicado ao

Alinghi contempla todos esses procedimentos, faci-

litando a leitura da contagem decrescente através

de um ponteiro cronográfico suplementar dos mi-

nutos ao centro – que completa uma volta ao mos-

trador em precisamente dez minutos. Ao primeiro

tiro de canhão, o utilizador activa o cronógrafo; ao

segundo tiro de canhão, graças à função fly-back

(retorno instantâneo), uma segunda pressão no

botão inferior provoca a paragem, regresso ao zero

e partida instantânea do cronógrafo. O mostrador in-

clui uma outra indicação suplementar: o último

minuto dos dez é representado por um segmento

vermelho que surge progressivamente numa janela

localizada às 12 horas.

Limitado a 2.000 exemplares, o possante Royal

Oak Offshore Alinghi Polaris mantém o mostrador

negro em tapisserie dos anteriores modelos come-

morativos e o logótipo do Alinghi a vermelho; o

fundo da caixa, fixado por oito parafusos, tem gra-

vada uma rosa dos ventos e a inscrição ‘Royal Oak

Offshore Alinghi Polaris’. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 85

Na Rota da America’s CupRoyal Oak Offshore Alinghi Polaris > Audemars Piguet

De alma geométrica e coração de aço, o cronógrafo Royal Oak Offshore Alinghi

Polaris é um inovador instrumento do tempo destinado a celebrar a associação

da Audemars Piguet ao veleiro suíço Alinghi – que em 2007 defenderá o título

da mítica America’s Cup.

Os célebres parafusos de uma das mais famosas lunetas da

alta-relojoaria.

>

Contador parcial com logótipo do Alinghi.

>

Pormenor de um contador inédito.

>

EM FOCO

Page 86: Espiral do Tempo n.º 20
Page 87: Espiral do Tempo n.º 20

Criada em 1988 na sequência daparceria estabelecida entre a Chopard e o rallye

nostálgico que reedita a lendária corrida transal-

pina de mil milhas (Brescia–Roma–Brescia), a co-

lecção Mille Miglia não tem parado de crescer – não

só em número, mas também em tamanho... como

se pode constatar pelo novo Gran Turismo XL.

A edição anual de um relógio comemorativo

com a assinatura Mille Miglia gera sempre grande

entusiasmo entre os saudosistas das viaturas clássi-

cas e os aficionados da bela relojoaria tradicional;

afinal de contas, cronógrafos e automóveis despor-

tivos provocam paixões semelhantes nos adeptos

da bela mecânica, sobretudo quando existe uma

associação histórica entre ambos que lhe dá con-

tornos míticos.

É o que acontece com o Mille Miglia – conside-

rado o mais emblemático relógio masculino da

Chopard e que até já surge acompanhado de uma

linha de acessórios (canetas, botões de punho, ócu-

los, marroquinaria) inspirados na textura da incon-

fundível bracelete de borracha reminiscente dos

pneus Dunlop Racing dos anos 60. O fascínio exer-

cido pelos modelos Mille Miglia está directamen-

te relacionado com o facto de evocar a lendária

corrida transalpina dos primórdios do automobilis-

mo e que, de 1927 a 1957, atraiu os melhores pilo-

tos do mundo e juntou centenas de milhar de es-

pectadores ao longo das estradas do centro e norte

de Itália.

Infelizmente, a presença maciça dos entusiás-

ticos tifosi nas bermas, originou várias tragédias

mortais que determinaram a suspensão da prova

até à sua reabilitação duas décadas mais tarde,

sob um carácter mais lúdico: a ‘corsa più bella del

mondo’ passou a ser protagonizada por viaturas

clássicas e tornou-se num incontornável evento

social. Grande parte desse êxito é devido à Chopard

– que comemora cada edição com um cronógrafo

numerado oferecido aos famosos participantes. O

mesmo modelo é depois comercializado em produ-

ção restrita.

Nos últimos tempos, vários outros modelos

(Jacky Ickx, Vintage, Racing Colors, Gran Turismo)

surgiram a complementar o ‘modelo oficial’ de cada

corrida anual e a engrossar a colecção Mille Miglia.

Os exemplos mais recentes são o cronógrafo Split

Second e o Gran Turismo XL.

Um relógio de três ponteiros e data que con-

firma a outra tendência crescente da colecção:

ostenta um diâmetro de 44 milímetros e está

equipado com o novo calibre Valgranges A07.111,

que passa por ser o maior mecanismo automático

do mercado.

Ou seja, a designação XL não só corresponde ao

tamanho extra large mas também ao seu conteúdo

mecânico... e à dimensão do mito Mille Miglia. Um

mito assente na qualidade mecânica e no prestígio

no mundo do luxo, que só uma marca com perfil da

Chopard detém. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 87

Debaixo de um mostrador estilizado com elementos gráficos típicos da colecção

Mille Miglia funciona o maior calibre automático do mercado: o mecanismo

Valgranges, com 46 horas de reserva de marcha e certificado de precisão

atribuído pelo Controlo Oficial Suíço dos Cronómetros.

Sempre a CrescerMille Miglia Gran Turismo XL > Chopard

Pormenor da bracelete que reproduz os pneus Dunlop.

>

Pormenor da extremidade do ponteiro dos segundos.

>

Data com lupa.

>

EM FOCO

Page 88: Espiral do Tempo n.º 20
Page 89: Espiral do Tempo n.º 20

Franck Muller sempre mostrou parti-cular apreço pelos cronógrafos vincadamente

masculinos; a colecção com a sua assinatura tem

reflectido essa tendência desde o início e, apesar do

surgimento de outras formas de caixa ou de fasci-

nantes complicações múltiplas, os cronógrafos

declinados no emblemático formato tonneau con-

tinuam a ser os principais clássicos da marca fun-

dada pelo mestre genebrino – como se pode com-

provar pelo excelente Cronógrafo Master Calendar,

que tem a particularidade de complementar a fun-

ção cronográfica com um calendário triplo.

Caracterizada pela audácia e inovação, a casa

Franck Muller tem apresentado versões cronográ-

ficas que são autênticas folias – trocando as voltas

ao tradicional sistema de contagem com a concep-

ção de várias peças dotadas de funções retrógradas

que representam uma nova interpretação da arte

de medir parcelas de tempo, adulterando a tradi-

cional noção circular e oferecendo extravagância

ao mostrador.

Mas, apesar do sucesso granjeado por essas

geniais criações, os grandes modelos clássicos para

homem que estiveram na base da fama da marca

nunca foram esquecidos.

O Cronógrafo Master Calendar pertence a essa

casta, assentando num mostrador de sublime ele-

gância e no classicismo irreverente da caixa Cintrée

Curvex que se tornou indissociável da assinatura

Franck Muller. A função cronográfica, explanada

numa disposição tricompax (três totalizadores), está

acompanhada de janelas para o dia da semana e o

mês (às 12 horas) e de um ponteiro analógico que

indica a data numa escala circular.

O belo mostrador fica assim criteriosamente

preenchido para um produto final de grande teor

técnico, mas sem qualquer perda de equilíbrio; pelo

contrário: a superfície trabalhada em diversos pa-

drões de guilloché, os algarismos árabes estilizados

e a solução gráfica do conjunto oferecem ao relógio

um carácter verdadeiramente sumptuoso.

A caixa em ouro amarelo de 18 quilates tam-

bém é clássica e equipada com uma correia em

pele de jacaré com fivela personalizada. A coroa e

os botões que activam a função cronográfica fazem-

-se acompanhar de três discretos correctores para o

ajustar das três indicações de calendário.

O Cronógrafo Master Calendar surge com a habi-

tual indicação de horas e minutos ao centro, pontei-

ro de segundos cronográficos igualmente ao centro

e, nos três submostradores, apresenta um totaliza-

dor de 30 minutos do lado das 3 horas, um totaliza-

dor de 12 horas às 9 horas e pequenos segundos

(contínuos) às 6 horas.

O prestigiado conjunto é alimentado pelo

calibre automático FM11.88MC, com rotor de platina

e 42 horas de reserva de corda.

Mais um excelente relógio produzido pela casa

de Genthod que reafirma o seu brilhantismo através

destas peças superlativas. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 89

Pura ClasseCronógrafo Master Calendar > Franck Muller

Numa era em que existe uma cada vez maior extravagância técnica e estética

no universo da alta-relojoaria, os modelos clássicos como o Cronógrafo Master

Calendar mantêm um fascínio eterno adaptado a todas as circunstâncias.

Um relógio masculino de grande prestígio.

Pormenor da caixa onde se pode ver a coroa, um botão e um

corrector de calendário.

>

O ponteiro analógico indica a data numa escala circular.

>

Janela do dia da semana e dia do mês às 12 horas.

>

EM FOCO

Page 90: Espiral do Tempo n.º 20
Page 91: Espiral do Tempo n.º 20

Qualquer instrumento de precisãosaído de Glashütte tem a garantia de poder rivali-

zar com o que de melhor se faz na relojoaria suíça

e, de todas as marcas sedeadas na pequena locali-

dade dos arredores de Dresden, a Glashütte Original

é a que apresenta a maior autonomia – com uma

produção integrada a 98 por cento que a coloca

num patamar restrito onde, segundo os seus res-

ponsáveis, só se faz acompanhar por um punhado

de credenciadas manufacturas helvéticas.

A provar toda a mestria técnica e estética alar-

deada pela Glashütte Original está o PanoMatic

Tourbillon, um fabuloso instrumento do tempo eno-

brecido por essa suprema complicação relojoeira

que é o turbilhão. A invenção do turbilhão justificou-

-se para neutralizar os efeitos nefastos da força gra-

vitacional da terra sobre o rendimento do sistema

regulador dos relógios mecânicos (balanço e espi-

ral) no século XVIII; a solução para contrariar tama-

nhas variações foi encontrada por Abraham-Louis

Bréguet, que inventou o ‘régulateur à tourbillon’

em 1795 para depois obter a patente a 26 de Junho

de 1801.

Desde então e até aos dias de hoje, o número

de turbilhões concebidos mantém-se escasso devi-

do à sua difícil execução: o mecanismo turbilhão

consiste num dispositivo (balanço, espiral, âncora e

roda de escape) montado numa gaiola rotativa que,

à volta de um mesmo eixo, completa uma volta de

360 graus no espaço de um minuto, permitindo – ao

repartir os tais efeitos nocivos da gravidade sobre o

balanço – anular quaisquer erros de marcha.

A Glashütte Original apresenta um rico historial

na concepção de turbilhões e o PanoMatic Tour-

billon surge na linhagem dos excepcionais exem-

plares dedicados aos mestres Alfred Helwig e Julius

Hassmann, embora apresente características muito

próprias e mais contemporãneas da linha Pano-

Matic: o turbilhão volante (ou seja, sem qualquer

ponte a obstruir a visão) surge descentrado no mos-

trador, acompanhado da emblemática janela sobre-

dimensionada para a data (panorama date) e de

um mecanismo de corda automática (o calibre 93,

de 46 rubis e dois diamantes) com 48 horas de

reserva de marcha. Produzido numa edição limitada

a 100 exemplares, o excepcional PanoMatic Tour-

billon em ouro rosa é embelezado por um mostra-

dor picotado Clous de Paris em ouro amarelo; os

efeitos assimétricos do mostrador fazem ressaltar a

espectacularidade do turbilhão, mas também o

próprio mecanismo merece ser apreciado pela sua

estética: decoração efectuada manualmente segun-

do a secular tradição germânica com platina de

três/quartos, ponte do balanço gravada, ângulos

aparados, chatons de ouro aparafusados, parafusos

azulados, balanço giratório com parafusos de com-

pensação, rodas de escape polidas e rotor esquele-

tizado em ouro de 21 quilates.

Um fantástico relógio alemão a que a nobreza

do turbilhão obriga. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 91

Dotado do famoso turbilhão volante idealizado pelo célebre mestre relojoeiro

Alfred Helwig, o PanoMatic Tourbillon é uma fabulosa obra-prima que prova que

a alta-relojoaria germânica atinge os mesmos níveis elevados das melhores

manufacturas suíças.

Noblesse ObligePanoMatic Tourbillon > Glashütte

Pormenor do mostrador onde sobressai a data panorâmica…

>

Calibre 93 com 46 rubis, diamantes e rotor esqueletizado.

>

… e o sistema de turbilhão.

>

EM FOCO

Page 92: Espiral do Tempo n.º 20
Page 93: Espiral do Tempo n.º 20

Idealizada pela designer Magali Métraillercom inspiração nos modelos Geophysic dos anos

50, a linha Master Compressor permitiu à Jaeger-

-LeCoultre dotar a sua elegante colecção de um

segmento vincadamente desportivo. Marcada pela

tradição estética da marca, mas com soluções técni-

cas de vanguarda, a mais radical família da manu-

factura não tem parado de crescer nos últimos anos

e em 2005 foram apresentados dois modelos cro-

nográficos que só agora começam a chegar ao

mercado – o Master Compressor Chronograph e o

Master Compressor World Extreme Chronograph.

O primeiro a ser comercializado é o Master Com-

pressor Chronograph, dotado do primeiro calibre cro-

nográfico de corda automática jamais concebido

pela Jaeger-LeCoultre. A casa de Le Sentier foi espe-

cialmente cuidadosa na concepção do suporte me-

cânico de base que passa a equipar os seus cronó-

grafos automáticos e o resultado não podia ser

melhor: o calibre 751, assente numa roda de colunas

e que funciona à elevada frequência de 28.800

alternâncias/hora com uma generosa autonomia

de 72 horas.

Alimentado por dois tambores, o mecanismo

mantém a tensão de corda ideal durante mais tem-

po para uma precisão absoluta e está dotado de

uma complexa embraiagem vertical que permite

que a partida do ponteiro dos segundos do cronó-

grafo seja efectuada sem o sobressalto típico de

muitos outros calibres cronográficos.

O grafismo é bem característico da linha Com-

pressor e ostenta duas particularidades. A primeira

tem a ver com uma disposição ‘tricompax’ purista

que situa o submostrador dos pequenos segundos

contínuos às seis horas, libertando os restantes dois

totalizadores para posições simétricas às três (acu-

mulador dos minutos) e nove horas (acumulador

das horas); a segunda está relacionada precisamen-

te com o acumulador das horas, que funciona num

sistema de disco em vez do habitual ponteiro. A ja-

nela da data central e a escala taquimétrica em

declive ajudam a embelezar o mostrador.

Na parte exterior da generosa caixa de 41,5

mm de diâmetro, os botões relacionados com as

funções do cronógrafo constituem novidade e são

aparentados com a emblemática chave de com-

pressão da coroa.

A designação Compressor refere-se ao sistema

revolucionário adoptado para a coroa e consiste

numa espécie de válvula externa que pressiona

uma das juntas vedantes contra a junta interior, me-

diante uma rotação manual de 180 graus.

O original sistema foi concebido para assegurar

uma perfeita estanquicidade até aos 100 metros,

já que o mecanismo de compressão está dentro

da carrosseria e por isso protegido de areias,

poeira e humidade. O vidro é de safira anti-risco

e o fundo ostenta o característico selo em ouro rosa

que assegura que o relógio foi testado durante

1000 horas. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 93

O Elo que FaltavaMaster Compressor Chronograph > Jaeger-LeCoultre

De personalidade desportiva e contemporânea, o Master Compressor

Chronograph veio finalmente preencher o hiato existente na já de si muito

completa colecção da Jaeger-LeCoultre – o de um cronógrafo de prestígio

que fosse equipado com um calibre automático de elevado tecnicismo.

EM FOCO

Totalizador de horas do cronógrafo localizado às 9 horas.

>

Totalizador de minutos do cronógrafo localizado às 3 horas.

>

Pormenor onde se pode visualizar o revolucionário sistema

adoptado para a coroa.

>

Page 94: Espiral do Tempo n.º 20

(ref: 48951 SR 05200)

(ref: 55951 SR 05207)

Page 95: Espiral do Tempo n.º 20

Nos últimos anos, a Raymond Weilostentou um carácter vincadamente bicéfalo graças

à aposta declarada nas suas duas vertentes mais

carismáticas (Don Giovanni e Parsifal) – mas essa

tendência de grande reconhecimento popular não

fez a marca genebrina adormecer sobre os seus lou-

ros. Pelo contrário: nos meses mais recentes tem

apresentado propostas consecutivas em múltiplos

quadrantes e a nova interpretação desportiva da

gama Tango é particularmente feliz.

A Raymond Weil surgiu em 1976 para dar uma

nova dimensão à relojoaria que então se fazia,

insistindo particularmente na elegância de linhas

declinadas em modelos com mecanismos tradicio-

nais ou de quartzo. E porque a filha do próprio fun-

dador, Raymond Weil, era uma pianista profissional,

desde o início que a marca buscou inspiração na

música para designar o nome das diversas linhas

que foram surgindo ao longo das suas três décadas

de vida.

O reposicionamento da marca num patamar

superior originou a reestruturação da colecção;

primeiro foram as gamas Don Giovanni, Parsifal e

Othello; agora foi a vez da gama Tango ser dotada

de uma surpreendente variante desportiva que in-

clui quatro modelos sob a etiqueta Tango Sport.

Mantendo o inconfundível DNA da linha Tango

(a espécie de parafusos na luneta), os novos mode-

los distinguem-se pelo casamento perfeito entre

desporto e tecnologia.

Esteticamente, apresentam-se modernos e di-

nâmicos graças aos contrastes entre aço polido e

acetinado ou à robusta bracelete de borracha preta

vulcanizada que se conjuga perfeitamente com o

mostrador negro de índicadores vermelhos.

São quatro os modelos, todos eles dotados de

um mecanismo de quartzo suíço de elevada

qualidade e estanques até 50 metros de profundi-

dade: relógio redondo de três ponteiros e data

panorâmica; relógio redondo com função de alarme

(com marcação num submostrador), pequenos se-

gundos (noutro submostrador), dois ponteiros ao

centro e data panorâmica; cronógrafo redondo com

data grande e três totalizadores; e cronógrafo rec-

tangular com data panorâmica e três totalizadores.

A Raymond Weil sempre procurou embrulhar a per-

feição tecnológica com muita elegância – seja através

de relógios clássicos, desportivos ou de moda. As

criações saídas dos ateliers da marca genebrina

regem-se por critérios criativos, inovadores e evoluti-

vos que estão constantemente presentes no código

deontológico da marca e que se conjugam para que

os modelos com a assinatura Raymond Weil possam

surpreender e emocionar todos aqueles que os es-

colhem para partilhar os momentos preciosos de

uma vida. Especialmente os novos relógios Tango

Sport, vocacionados para uma vida mais informal e

até radical! Uma marca de enorme notoriedade em

Portugal que reforça a sua posição no mercado com

uma nova linha desportiva. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 95

A Raymond Weil deu uma nova dimensão a uma das mais emblemáticas

linhas da sua colecção, dotando-a de quatro modelos de personalidade

vincadamente desportiva: o quarteto Tango Sport apresenta modelos para

todas as circunstâcias de uma vida activa.

Dimensao DesportivaTango Collection > Raymond Weil

O Tango Sport com alarme e data panorâmica.

(ref: 47951 SR 05207)

>

O Tango Sport cronógrafo rectangular com data panorâmica.

(ref: 48811 SR 05200)

>

~

EM FOCO

Page 96: Espiral do Tempo n.º 20
Page 97: Espiral do Tempo n.º 20

um dos primeiros embaixadores da TAG Heuer,

Michael Delaney (o personagem interpretado por

McQueen) também usou o Monaco no écrã e, por

volta dos 24 minutos do filme, segura no capacete

e o possante relógio quadrilátero torna-se bem

visível aos olhos do espectador. Nascia um mito...

Não há dúvida de que o Monaco estabeleceu

então um marco na história da relojoaria; não só

pelo seu design arrojado, mas também pelo facto

de incluir um dos dois primeiros mecanismos crono-

gráficos automáticos (o Calibre 11 modular, vulgo

‘Chronomatic’) na primeira caixa quadrada à prova

de água.

A TAG Heuer ressuscitou o carismático cronó-

grafo em 1998, numa edição limitada com mostra-

dor preto de dois totalizadores que se tornou num

de ponteiros vermelhos, para além de uma grava-

ção especial no fundo da caixa e da respectiva nu-

meração: tudo pormenores que tornam o relógio

num artigo de grande potencial para coleccionistas!

Actualmente, a linha Classics integra igualmen-

te três outras reedições de cronógrafos célebres no

laureado historial da TAG Heuer: o Carrera, o Monza

e o Autavia – para gáudio dos amantes de valores

intemporais e do desporto motorizado.

Mais de um quarto de século passado sobre a

realização do filme, esta máquina reinventa-se man-

tendo tudo o que é fundamental; desde o espírito

pioneiro até a um conceito de liberdade que só a ve-

locidade permite. Uma capacidade que cada modelo

tem de conseguir cativar os apaixonados tornando-

-se obrigatório para bons coleccionadores. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 97

Concebido em edição restrita pela TAG Heuer, o novo Monaco Vintage Limited

Edition comemora o 75º aniversário de Steve McQueen e promete ser um

relógio de culto especialmente apreciado por nostálgicos e coleccionistas.

Happy Birthday to YouMONACO VINTAGE LIMITED EDITION > TAG HEUER

O logo ‘Monaco’ sobressai no mostrador.

>

Célebre imagem de Steve McQueen no filme ‘Le Mans’.

>

EM FOCO

Para comemorar o 75.º aniversário deSteve McQueen, a TAG Heuer apresenta uma

versão especial do mais famoso relógio quadrado

de pulso de todos os tempos – o cronógrafo auto-

mático Monaco, que o lendário actor americano

usou no filme Le Mans.

O Monaco original surgiu em 1969 como um

produto avant-garde. Aliando design e técnica,

rapidamente se tornou num objecto de culto; para

além disso, o seu inconfundível perfil ficou imor-

talizado na longa-metragem de 1970 sobre as 24

horas de Le Mans.

Nas filmagens, Steve McQueen insistiu em usar

como adereço o fato de corrida do seu amigo Jo

Siffert; como o malogrado piloto suíço era na altura

êxito à escala mundial e ‘forçou’ a marca a decidir-

se pela sua reactualização com um novo lançamen-

to em 1999 para comercialização regular – primeiro

com um mostrador preto ou prateado com três

totalizadores, depois numa versão ‘Steve McQueen’

cujo mostrador azul de dois totalizadores contras-

tantes se aproxima mais das opções cromáticas do

original.

A essas versões junta-se-lhes agora o Monaco

Vintage Limited Edition, numa nostálgica edição li-

mitada a 4000 exemplares e caracterizada pelo

mostrador branco com as riscas vermelha, branca e

azul reminiscentes do fato de corrida que o actor

envergou no filme. As riscas tricolores são acom-

panhadas de um logótipo Monaco no mostrador e

Page 98: Espiral do Tempo n.º 20

CARACTERÍSTICAS

Referência

Diâmetro

Espessura

Caixa

Coroa

Vidro

Movimento

Decoração do movimento

Funções e indicadores

Estanquicidade

Bracelete

Fecho

Série limitada

Preço

98 < ESPIRAL DO TEMPO

Audemars Piguet

Royal Oak Offshore Alinghi Polaris

26040ST.01

42 mm

14,65 mm

Aço

Personalizada com as inicias da marca

Safira

Cronógrafo mecânico de corda automáticaAP2326/2847, 28,800 alternâncias por hora,48 horas de reserva de corda

54 Rubis, decoração manual de todas as peças:rhodiage, anglage, perlage e côtes de Genève

H, M, S, cronógrafo flyback, regata e bússola

100 metros

Cauchu

Fecho com báscula em aço

2000 exemplares

€ 19,300

Chopard

Mille Miglia XL

16/8997

44 mm

14,25 mm

Aço

Personalizada com o logótipo da marca

Convexo em safira anti-reflexos

Calibre Valgranges A07.111, movimentoautomático, 28,800 alternâncias por hora, 46horas de reserva de marcha

Côtes de Genève

H, M, S e data ás 3 horas, índex e ponteirosdas horas em superluminova

50 metros

Cauchu com padrão pneus Dunlop

Fecho de báscula em aço personalizado como logotipo da marca

€ 3030

Franck Muller

Cronógrafo Master Calendar

6850 CC MC AT

48,7 mm x 35,3 mm

13 mm

Ouro amarelo 18 ql.

Personalizada com o logótipo da marca

Safira

Cronógrafo mecânico de corda automáticacom rotor em platina 950

H, M, S, cronógrafo, dia da semana, dia domês e mês

30 metros

Pele de jacaré

Fivela ouro amarelo 18 ql.

€ 33,490

Page 99: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 99

Glashütte

Panomatic Tourbillon

93-01-01-01-04

32,2 mm

7,65 mm

Ouro rosa 18 ql.

Personalizada com o logótipo da marca

Safira

Turbilhão mecânico de corda automática GH93, 21,600 alternâncias por hora, 48h dereserva de corda

46 Rubis, 2 Diamantes, massa oscilante emesqueleto em ouro 21 ql.

H, M e data panorâmica e índex lumines-centes

Pele de jacaré

Fecho duplo de báscula em ouro rosa 18 ql.

100 exemplares

€ 81,370

Jaeger-LeCoultre

Master Compressor Chronograph

175 24 40

41,5 mm

6,14 mm

Ouro rosa 18 ql.e fundo com selo em ouro18 ql. Master 1000 Hours

Personalizada com o logótipo da marca

Safira

Cronógrafo mecânico de corda automáticaJLC 751, 272 peças, 28,800 alternâncias porhora, 72h de reserva de corda

41 Rubis, decorado à mão

H, M, pequeno contador dos segundos, data,cronógrafo: contador das horas, minutos,segundos, escala taquimétrica na lunetainterna, números e índex luminescentes

100 metros, chave de compressão nas 3horas, comandos de compressão nas 2 e 4horas

Pele de Jacaré

Fecho de báscula em ouro rosa 18 ql.

€ 15,350

Raymond Weil

Tango Sport

55951 SR 05207 47951 SR 05207 48951 SR 05200 48811 SR 05200

55951 SR 05207 - 39,50 mm 47951 SR 05207 - 39,50 mm 48951 SR 05200 - 41 mm 48811 SR 05200 - 36,2 x 34 mm

55951 SR 05207 - 8,65 mm 47951 SR 05207 - 9,10 mm 48951 SR 05200 - 9,65 mm 48811 SR 05200 - 9,75 mm

55951 SR 05207 - Aço polido e acetinado47951 SR 05207 - Aço polido e acetinado48951 SR 05200 - Aço polido e acetinado48811 SR 05200 - Aço polido e acetinado

Personalizada com o logótipo da marca

Safira

55951 SR 05207 - Quartzo 47951 SR 05207 - Quartzo 48951 SR 05200 - Cronógrafo de quartzo48811 SR 05200 - Cronógrafo de quartzo

55951 SR 05207 - H, M, S e data ás 12 horas47951 SR 05207 - H, M, S, data ás 12 horas ealarme 48951 SR 05200 - H, M, S, data ás 12horas pequenos contadores do cronógrafo48811 SR 05200 - H, M, S, data ás 12 horaspequenos contadores do cronógrafo

50 metros

Bracelete de borracha preta vulcanizada

Fecho duplo de segurança

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TAG Heuer

Monaco Vintage

CW2118.FC6207

40,4 mm

Aço polido e escovado com garvação "vintage" no verso da caixa

Plexiglas

Calibre 17 (ETA 2894), cronógrafo mecânicode corda automática

H, M, S, data e cronógrafo: pequenos segun-dos ás 3 horas, e pequenos minutos ás 9horas, índex e ponteiros das horas e minu-tos luminescentes

30 metros

Pele de jacaré

Fecho duplo de segurança

4000 exemplares

€ 3,200

Page 100: Espiral do Tempo n.º 20

Não há outro instrumento do tempo que expresse tão

bem a era moderna: o cronógrafo é a variante relojoeira

mais popular e, se há muito que assume o papel de

brinquedo favorito do homem, as mulheres parecem

sucumbir cada vez mais ao seu charme desportivo.

DOSSIER CRONÓGRAFOS

CronógrafosO dominio do tempo

100 < ESPIRAL DO TEMPO

A inimitável alavanca de activação do

Graham Chronofighter, apresentado aqui

na versão oversize.1

O novo AMVOX2 da Jaeger-LeCoultre, inaugura

uma nova maneira de pensar os cronógrafos.

1

t e x t o Mi g u e l S e a b r a

a a

Page 101: Espiral do Tempo n.º 20

O universo da relojoaria mecânicatem sido invadido por uma autêntica vaga de tur-bilhões nos últimos anos e tudo indica que apróxima grande tendência seja a proliferação deprodigiosos mecanismos acústicos como as gran-des sonneries, mas não restam dúvidas de que amais popular complicação relojoeira permane-cerá a mesma: o cronógrafo. Sobretudo porque aJaeger-LeCoultre acaba de desvelar um revolu-cionário modelo cronográfico que promete fo-mentar uma vaga experimental no sector – afinalde contas, a concorrência espicaça o engenho enenhuma das grandes casas relojoeiras quereráperder terreno numa área de negócio tão signi-ficativa. O cronógrafo que estabelece um corteepistemológico ao nível da activação de funçõesé o AMVOX-2; não necessita dos tradicionaisbotões laterais porque a cronometragem éaccionada e travada mediante uma pressão sobrea caixa do relógio: uma obra-prima carregada detecnologia tradicional interpretada de modoinovador e bem exemplificativa da sedução quea relojoaria exerce sobre o homem. A sua comer-cialização está prevista lá para o final do ano.

Controlo temporalUma das razões que alimentam o fascínio dohomem pelo relógio é a sensação de domínio dotempo; para essa impressão são necessárias duascondições: que possa funcionar sem qualquer in-tervenção artificial (a simples operação de subs-

tituição da pilha em modelos de quartzo é umdesvirtuar dessa premissa) e que apresente omaior número possível de funções que reforcema ideia de controlo temporal.

O cronógrafo mecânico satisfaz esses parâ-metros e personifica a mestria do tempo. Dá aconhecer as horas e possibilita a medição de in-tervalos temporários na vida diária ou na activi-dade desportiva – ou seja, permite dominar ostempos do nosso tempo. É útil para todos e in-dispensável para muitos, mas é sobretudo umsímbolo incontornável da era moderna e temescrito os progressos do homem nos últimos doisséculos... e escrever o tempo é transcrever a his-tória do mundo. Curiosamente, cronógrafo sig-nifica isso mesmo: escrever o tempo.

Confusão etimológicaApesar de o termo cronógrafo se ter instituciona-lizado e ser universalmente aceite, a designaçãonão é uma tradução fiel da origem grega da pa-lavra... que realmente significa algo como ‘cons-pirador do tempo’. Num sentido ainda mais lite-

ESPIRAL DO TEMPO > 101

O cronógrafo encerra uma veia poética: numa existência em que

o tempo voa, permite-nos agarrar um momento da eternidade

e congelá-lo para sempre.

Royal Oak Offshore Chrono da Audemars Piguet, Jaeger-LeCoultre Master Compressor Chronograph e o Octa Chronograph de François-Paul Journe; três estilos diferentes de

concretizar o ‘desafio’ cronógrafo.

1

O Chronofighter nas palavras de Éric Loth,

presidente da Graham:

«A maior dificuldade técnica que encontrámos na con-

cepção do Chronofighter está ligada à caixa estanque e

ao seu sistema complicado de alavanca de arranque e

paragem das funções cronográficas. O problema colo-

cou-se principalmente relativamente às peças mais pe-

quenas (alavanca, brides, coroa), mas a tecnologia exis-

tente no fabrico de braceletes e fechos de báscula em

aço forneceu-nos a melhor solução e empregamo-la ac-

tualmente no fabrico dos modelos Chronofighter Classic

e Chronofighter Oversize. A outra dificuldade teve a ver

com a compreensão dos utilizadores – é que se trata de

um cronógrafo para destros, mas com as funções colo-

cadas à esquerda da caixa! Efectivamente, concebemos

o primeiro cronógrafo de pulso da história com uma

acção de comando para o polegar e não para o indica-

dor (o polegar é o dedo mais rápido da mão)».

a

Page 102: Espiral do Tempo n.º 20

Cronografos

ral, a palavra composta chronograph (do gregographein, escrever, e chronos, tempo) indica amarcação do tempo com a inscrição de umamarca de tinta num mostrador ou folha de pa-pel. E tendo em conta que os relógios existemprecisamente para mostrar o tempo, a designa-ção mais correcta para cronógrafo seria chronos-cope (do grego skopein, olhar... o tempo) – ouseja, cronoscópio. No próprio Dicionário Pro-fissional Ilustrado da Relojoaria (de G.-A.Berner) é referido que «um cronoscópio mostraintervalos de tempo, ao passo que um cronógra-fo, em sentido estrito, deve registá-los».

O certo é que, depois de se abandonar o re-gisto gráfico do tempo no século XIX, o cronó-grafo evoluiu tecnicamente para cronoscópio –embora conserve a sua anterior designação, talvezmais simbólica e lírica. A confusão etimológicatambém inclui a expressão cronómetro, errada-mente utilizada na maior parte das vezes; um cro-

nómetro não é um cronógrafo: é simplesmenteum relógio (que pode ser cronógrafo ou não)cuja elevada precisão é certificada pelo ControloOficial Suíço dos Cronómetros. No entanto, overbo derivado ‘cronometrar’ indica precisamen-te o acto de medir o tempo com o recurso a umcronógrafo (que deveria chamar-se cronoscópio).

A sedução do tempoApesar de ganhar crescente popularidade entre as mulheres, o cronógrafo é essencialmente vistocomo um relógio masculino. E porque é que oshomens amam os cronógrafos? As razões para umtal fascínio vão desde a sua associação ao mundoda velocidade até à conotação aventureira – umavez que são usados e publicitados tanto por pilo-tos como astronautas. A função cronográfica tam-bém torna o relógio mais interactivo, e logo maisapelativo: o utilizador pode ‘brincar’ com ele, ac-cionando e parando o mecanismo; pode medir o

tempo do parquímetro, a cozedura de um ovo, aduração de uma viagem, a frequência da pulsação,a média de velocidade por quilómetro, a distânciade uma tempestade que se aproxima... mas, paraalém do pragmatismo funcional, há toda umavertente poética. Numa existência em que o tem-po voa, o cronógrafo permite-nos agarrar um mo-mento da eternidade e congelá-lo para sempre!

Os cronógrafos também podem ser acompa-nhados de outras complicações. Existem cronó-grafos com alarme, fusos horários suplementares,calendário triplo e fases da lua ou conjugados com calendários perpétuos ou turbilhões. A soloou acompanhado, o cronógrafo tem sido declina-do com enorme variedade; sobretudo, tem sidoenobrecido pelas marcas mais prestigiadas com acriação de modelos desportivos de grande luxo. O mais recente exemplo é o Jaeger-LeCoultreMaster Compressor World Extreme Chrono-graph, que foi eleito um dos relógios do ano!

Cerca de 1895: relógio de bolso com grande complicação, Calibre LeCoultre RMCSQ, repetição de minutos, cronógrafo

e calendário perpétuo.

1

George Graham, a quem se pode atribuir a invenção dos

primeiros cronógrafos.

1

102 < ESPIRAL DO TEMPO

Foi o inglês George Graham quem inventou o primeiro instrumento

capaz de medir tempos no século XVIII, cerca de 1720.

,

a a

Page 103: Espiral do Tempo n.º 20

Cronografos

Três séculos de históriaFoi o inglês George Graham quem inventou oprimeiro instrumento capaz de medir tempos noséculo XVIII, cerca de 1720; em 1776, o suíçoJean Moïse Pouzait patenteia um sistema com segundos mortos que permitia parar o ponteirodos segundos sem afectar a marcha dos minutos edas horas. Em 1821, o francês Nicolas-MathieuRieussec, relojoeiro do rei, concebeu um mecanis-mo que marcava espaços de tempo num papelcom a ajuda de tinta para medir os tempos deuma corrida de cavalos – melhorando um proces-so anteriormente idealizado por Frédéric-LouisFatton, um dos melhores pupilos do grandeAbraham-Louis Breguet. Mas o sistema ditoencreur era pouco prático, sendo necessário subs-tituir o mostrador e recarregar o tinteiro...

O primeiro cronoscópio com um ponteirode segundos que podia ser accionado para arran-car, parar e regressar a zero foi criado por Adolphe Nicole, relojoeiro suíço instalado emLondres que concebeu uma pequena roda emforma de coração capaz de permitir o retorno aozero do ponteiro do cronógrafo a partir de qual-quer posição. O engenhoso sistema cronográficoindependente activado à vontade do freguês foidesvelado numa exibição em Londres, no ano de

1862. A efeméride marcou o nascimento do cro-nógrafo dos tempos modernos...

Foi assim que se tornou realidade o instru-mento agora largamente divulgado sob o nomede cronógrafo, mas que deveria chamar-se cronos-cópio. O cronógrafo acompanhou a revoluçãoindustrial, ajudando a sistematizar os horários detrabalho e a controlar a produtividade; tornou-secompanheiro do patrão, do empregado, do en-genheiro, do astrónomo, do cientista, do médico,do militar, do explorador, do desportista e até aju-dou a salvar os astronautas do Apolo 13 – abran-gendo significativamente toda uma sociedade quegradualmente começou a ser avaliada ao segundo.Com o cronógrafo, o homem moderno agarrou oseu tempo, tornou-se dono da velocidade e datécnica ao longo do século XX.

Do bolso para o pulsoA Primeira Guerra Mundial popularizou os reló-gios de pulso e a firma Moeris foi a primeira aapresentar o cronógrafo de pulso – que não eramais do que a adaptação de um cronógrafo debolso. A partir de 1910, as manufacturas relojoei-ras começaram a miniaturizar os calibres crono-gráficos para melhor os acomodar às dimensõesdos modelos de pulso – que logo se tornaram

Jack Heuer recorda a demanda

do primeiro cronógrafo

automático: «A nossa produção

assentava basicamente nos

cronógrafos, por isso tornou-se

uma questão de sobrevivência».

O mecanismo El Primero da Zenith.

1

TAG Heuer Carrera Chrono: o primeiro cronógrafo automático.

1

O Calibre 11 da TAG Heuer,

coração do Carrera Chrono.1

,ESPIRAL DO TEMPO > 103

a a a

Page 104: Espiral do Tempo n.º 20

Concept Watch recordista

Apresentado este ano como concept watch, o cronógrafo

Calibre 360 da TAG Heuer funciona com dois mecanis-

mos distintos, um dos quais destinado exclusivamente

às funções cronográficas e dotado de um balanço que

oscila a 360 alternâncias/hora e um indicador de reserva

de corda; pode cronometrar com uma precisão até ao

centésimo de segundo durante 100 minutos! O outro

mecanismo, de corda automática, é destinado às horas,

minutos e segundos.

A grande dificuldade do Calibre 360? É como se pedisse a um sprinter

dos 100 metros que corresse uma maratona de 42 quilómetros ou a um

maratonista que corresse os 100 metros em menos de 10 segundos!

que corresse os 100 metros em menos de 10 segundos!

É impossível de encontrar um atleta capaz de ser simul-

taneamente excelente em ambas as disciplinas! Por essa

razão, tivemos de reflectir muito na optimização de cada

uma das funções (relógio e cronógrafo); a conclusão

tornou-se evidente após alguns cálculos teóricos: seria

impossível optimizar requisitos tão diferentes numa con-

cepção de cronógrafo tradicional. Assim, criámos dois

módulos independentes – um para o cronógrafo, com um

balanço que oscila a 360 mil alternâncias por hora e

dotado de uma fonte de energia (tambor de corda) carre-

gada manualmente para uma reserva de corda de 100

minutos; outro para o relógio (horas, minutos, segundos)

com um balanço que oscila a 28.800 alternâncias/hora,

dotado de um outro tambor e alimentado por um sistema

de corda automática (rotos) para uma reserva de corda

superior a 42 horas. A ideia permitiu-nos optimizar a fun-

ção do cronógrafo. Seguidamente, o desenvolvimento de

um balanço com uma frequência de 360 mil atlernân-

cias/hora também foi um grande desafio técnico: seria 10

vezes mais rápido do que o mais rápido dos cronógrafos

existentes no mercado. O diâmetro do balanço é 30 por

cento mais pequeno do que um balanço tradicional, com

uma inércia quatro vezes mais fiável; a mola da espiral

tem uma rigidez superior devido ao facto de estar duas

vezes menos enrolada e de receber uma lubrificação

especial. Uma inércia inferior e uma mola mais forte

permitem atingir a tal frequência inigualada de 360 mil

alternâncias/hora».

O 360 por Stéphane Linder,

director de produto da TAG Heuer:

«A grande dificuldade na concepção do Calibre 360 foi a

de o tornar capaz de responder a exigências extrema-

mente contraditórias: por um lado, poder oferecer uma

precisão de um centésimo de segundo para a função cro-

nográfica; por outro, o mesmo relógio teria de ser capaz

de dar as horas com uma reserva de corda que funcio-

nasse continuamente durante mais de 10 anos. É como

se pedisse a um sprinter dos 100 metros que corresse

uma maratona de 42 quilómetros ou a uma maratonista

Stephane Linder‘

104 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 105: Espiral do Tempo n.º 20

muito cobiçados nos cenários de guerra e sobre-tudo nas áreas da aviação e do automobilismo.

Os primeiros exemplares cronográficos erammonopulsantes, accionados a partir de um únicobotão que comanda todas as operações crono-gráficas. Esse botão único – que, através de umaúnica pressão, faz regressar os ponteiros crono-gráficos dos segundos e dos minutos ao ponto departida – apresenta-se integrado na coroa, asse-gurando assim a manutenção do equilíbrio esté-tico das linhas da caixa.

Por essa razão, ainda hoje é uma soluçãoadoptada em vários modelos de prestígio, embo-ra Léon Breitling tenha inventado, em 1934, osistema com dois botões colocados ao lado dacoroa (um para comandar o início e a paragem;o outro, para recolocar a zero) que se tornariamais comum.

Da corda manual à automáticaUm cronógrafo é um relógio capaz de medir de-terminados espaços de tempo com a ajuda deponteiros suplementares; tem um calibre de baseque proporciona energia e o sistema de roda decolunas ou de cames aproveita essa potência domecanismo para activar a função cronográfica –como no sistema de transmissão de um auto-móvel. Para além da contabilização dos segun-dos, a maior parte dos cronógrafos tem mais um

ou dois totalizadores que indicam a acumulaçãodo tempo em minutos e horas; a UniversalGenève granjeou fama com as primeiras dispo-sições tricompax (três submostradores – um paraos segundos contínuos, mais dois acumuladorespara os minutos e as horas).

Os cronógrafos continuaram a ser baseadosem mecanismos de corda manual até bem de-pois de surgirem os primeiros mecanismos auto-máticos; a presença do rotor dificultava a arqui-tectura de um cronógrafo automático. Só em1969, no final de uma corrida a dois que termi-nou praticamente empatada, a Zenith apresen-tou o seu calibre El Primero face ao Chronoma-tic de um consórcio de marcas que incluía aHeuer-Leonidas, a Breitling, a Büren-Hamiltone a Dubois-Dépraz. A Segunda Guerra Mundialtinha glorificado e popularizado o cronógrafo,mas logo depois surgiram as décadas da prolifer-ação dos modelos automáticos e a clientela daaltura deixou de querer dar corda manual aosrelógios – pelo que as vendas dos cronógrafos decorda manual baixaram drasticamente, forçandoas companhias especializadas a aguçar o engenhopara dar a volta à situação.

Jack Heuer, que então dirigia a companhiafundada pelo seu ancestral Edouard Heuer em1860, recorda a demanda do primeiro cronógra-fo automático: «A nossa produção assentava ba-

Novos calibres superlativos

Na presente década, duas grandes marcas relojoeiras cri-

aram os seus primeiros mecanismos cronográficos auto-

máticos após anos a fio de pesquisa e testes: a Rolex in-

vestiu muito para apresentar o calibre Cosmograph 4130,

um movimento cronográfico de roda de colunas estreado

em 2000 pela casa genebrina, com 72 horas de reserva

de corda e uma frequência de 28.800 alternâncias por

hora. Em 2005 foi a vez da Jaeger-LeCoultre lançar o

seu próprio calibre cronográfico de roda de colunas e

embraiagem vertical, com 272 peças e 72 horas de reser-

va de corda.

Um cronógrafo é um relógio

capaz de medir determinados

espaços de tempo com a ajuda

de ponteiros suplementares; tem

um calibre de base que propor-

ciona energia e o sistema de

roda de colunas ou de cames

aproveita essa potência do

mecanismo para activar a

função cronográfica.

ESPIRAL DO TEMPO > 105

Cronografos,

Page 106: Espiral do Tempo n.º 20

106 < ESPIRAL DO TEMPO

Engenharia alemã

A A. Lange & Söhne concebeu dois dos melhores cronó-

grafos de sempre: o Datograph (em baixo) com data pa-

norâmica e o incrível Double Split (em cima) – o primeiro

cronógrafo de pulso dotado de dois ponteiros rattra-

pante que são simultaneamente fly-back! A função rattra-

pante tem fascinado gerações de utilizadores, mas nunca

excedeu os 60 segundos; o Lange Double Split ultrapas-

sa esse limite temporal, estendendo o princípio do pon-

teiro dos segundos rattrapante (de eixo central) ao totali-

zador dos minutos (no contador situado às 3 horas e que

conta com dois ponteiros). O que significa que, pela pri-

meira vez na história, se torna possível efectuar medidas

comparativas de tempo desde 1/6 de segundo até 30 mi-

nutos num relógio clássico puramente mecânico.

sicamente nos cronógrafos, por isso tornou-seuma questão de sobrevivência. Fui até ao nossoprincipal concorrente, a Breitling, e associámo--nos a outras marcas para a concepção de umcronógrafo automático; juntos, investimos meiomilhão de francos suíços, que era uma enormesoma para a altura. Era um projecto secreto e nãosabíamos que a Zenith também estava embre-nhada numa missão semelhante.

Foi provavelmente a minha maior contribui-ção para a indústria relojoeira suíça: o mecanismocronográfico automático Chronomatic, com ummicrorrotor e coroa à esquerda para que fosse in-confundível. Curiosamente, agora temos alguns

relógios TAG Heuer com o mecanismo rival, o El Primero!».

Diferentes tiposPara além das diferenças de alimentação de ener-gia (corda manual ou automática), existe outrotipo de tipologia na categoria dos cronógrafos.Há os mecanismos cronográficos integrados: ca-libres concebidos de raiz para serem cronógrafos,com um desenho integrado – o mecanismo docronógrafo está inserido na arquitectura do cali-bre e pode funcionar à base de uma roda de co-lunas (como o El Primero) ou de cames (exemp-lo: o Valjoux). E há os cronógrafos modulares,

O Lange Double Split nas palavras de Anthonie

de Haas, responsável de desenvolvimento

de produto da A. Lange & Söhne:

«Um dos grandes desafios na construção do Lange

Double Split foi evitar a perda de amplitude durante a

cronometragem de um espaço de tempo. Para minimizar

a fricção mecânica dentro do movimento quando os pon-

teiros da função rattrapante são parados mas enquanto

o cronógrafo continua em funcionamento, desenvolve-

mos um novo mecanismo de desengrenar. Na solução

técnica que adoptámos, as perdas devido à fricção e as

flutuações da tensão da mola foram eliminadas porque

as rodas de desengajamento na roda central do ponteiro

rattrapante dos segundos e na roda do ponteiro rattra-

pante dos minutos separam as duas alavancas da função

rattrapante dos cames em forma de coração que perma-

necem em andamento. Essa solução tem uma influência

extremamente benéfica para a precisão do mecanismo».

Page 107: Espiral do Tempo n.º 20

assentes num módulo dotado de todas as peçassuplementares relacionadas com a função crono-gráfica e que é acoplado ao mecanismo de base(horas, minutos e segundos); pode ver-se se aconstrução é modular através do posicionamen-to dos botões do cronógrafo em relação à coroa:se não estão ao mesmo nível, é porque a con-strução do mecanismo é modular – os botõesestão alinhados com o mecanismo extra domódulo, enquanto a coroa (ligada ao ajuste dotempo e à data) está alinhada com o calibre debase. Os módulos também podem ser de rodade colunas ou de cames.

No cronógrafo de roda de colunas, que equi-pa calibres cronográficos de grande prestígio, éprecisamente uma pequena roda com colunas acontrolar o arranque, a paragem, o regresso azero e o reinício do cronógrafo; os custos de pro-dução são mais caros e o mecanismo só pode sermontado por um mestre relojoeiro altamenteespecializado.

O cronógrafo de cames, presente nos cronó-grafos de preço mais acessível, foi criado para seralternativa aos calibres com roda de colunas –uma peça que requeria muito trabalho à mão e que encarecia substancialmente a produção.

Quanto ao batimento, os mecanismos cro-nográficos actualmente vigentes funcionam auma frequência que vai desde as 18.800 alter-nâncias/hora (já dá para medir até ao 1/5 de se-gundo) dos mecanismos mais antigos até às36.000 (1/10 de segundo) do El Primero, mas onovo Calibre 360 da TAG Heuer decuplica esseíndice para 360.000 alternâncias/hora (1/100 desegundo) graças a um mecanismo duplo que in-tegra duas reservas de marcha! Aguarda-se que o

Calibre 360 passe de concept watch para a pro-dução regular.

Flyback e RattrapanteHá dois tipos de cronógrafos tecnicamente maisaperfeiçoados: os que são dotados de flyback(retour en vol, retorno instantâneo) e, sobretudo,de rattrapante (o chamado cronógrafo de recu-peração). Flyback: A função flyback destinava-se a facilitaro manuseamento por parte dos pilotos de avi-ação, que com um simples carregar de botão fa-ziam regressar o ponteiro do cronógrafo ao zeroe retomar instantaneamente uma nova conta-gem. Ou seja: em vez da tradicional paragemcom o botão de cima, retorno ao zero com o bo-tão de baixo e recomeço com o botão de cima,basta carregar no botão de baixo que o ponteirodos segundos retorna ao zero e instantaneamen-te começa uma nova contagem.Rattrapante: Um cronógrafo com rattrapante éo tipo de cronógrafo mecânico mais complicadoexistente. Tem um segundo ponteiro acoplado aoponteiro do cronógrafo; esse segundo ponteiroda contagem dos segundos, após ser travado,recupera (rattrape) instantaneamente o atraso demodo a juntar-se ao outro. Graças aos dois pon-teiros independentes, o sistema permite controlara duração de duas ou mais sequências iniciadasao mesmo tempo. Ao pressionar o botão de par-tida, os ponteiros arrancam em simultâneo e podem ser separados – ao carregar num botãoespecial, um ponteiro pára para se determinarum tempo intermédio enquanto o outro prosse-gue a sua marcha. Voltando a pressionar o mes-mo botão, o ponteiro que parou recupera instan-

Para minimizar a fricção mecânica dentro do movimento quando

os ponteiros da função rattrapante são parados mas enquanto o

cronógrafo continua em funcionamento.

Cronógrafos Globetrotters

Com o sucesso do Master Banker de três fusos horários,

Franck Muller pensou em juntar o conceito a um cronó-

grafo; essa conjugação não se afigurava nada fácil devi-

do à configuração das rodagens do módulo adicional do

Master Banker, que impossibilitava o despoletar das fun-

ções cronográficas – mas Franck Muller resolveu a situa-

ção com um engenhoso sistema de ferrolho que permite

accionar o sistema de cronógrafo.

Ponteiro fulminante

O Graham Foudroyante apresenta um totalizador de

segundos cujo ponteiro efectua uma rotação completa

de 360 graus em 1/8 de segundo; a função é apelidada

de foudroyante (fulminante) devido à extrema rapidez

desse ponteiro. O ponteiro fulminante e os outros pon-

teiros do relógio são separadamente alimentados por

dois tambores de corda distintos (o primeiro para dar

corda ao mecanismo e o segundo em paralelo para car-

regar o ponteiro fulminante) e duas rodas de colunas

gémeas, mas partilham a mesma rodagem – fazendo

com que todas as funções estejam completamente sin-

cronizadas.

Anthonie de Haas

ESPIRAL DO TEMPO > 107

Cronografos,

Page 108: Espiral do Tempo n.º 20

108 < ESPIRAL DO TEMPO

taneamente a sua posição colada ao outro pon-teiro, prosseguindo ambos a contagem até seremimobilizados e remetidos a zero.

Outra possibilidade de uso consiste em, apósse ter parado um primeiro ponteiro e medidouma primeira contagem, travar o segundo pon-teiro e então calcular a diferença de tempo entreambos.

Escalas e medidasÉ comum surgirem diferentes escalas nos mos-tradores ou nas lunetas de cronógrafos, mas tam-bém é frequente o desconhecimento sobre o quesignificam e como utilizá-las. Antigamente, ha-via cronógrafos com todo o tipo de escalas e ré-

guas que proporcionavam diversos cálculos e atépermitiam medir os períodos do telefone.

• A mais popular e frequente é a escala taquimé-trica, que permite medir a velocidade de um veí-culo cronometrando o tempo necessário para sepercorrer um quilómetro; acciona-se o cronógra-fo e, um quilómetro depois, o ponteiro cronográ-fico dos segundos indica a média da velocidadedesse quilómetro na escala taquimétrica circulargravada na luneta da caixa, localizada no perí-metro do mostrador ou em espiral no centro.

• A escala telemétrica permite medir uma distân-cia em quilómetros com base na velocidade do

som; exemplo: início da cronometragem quan-do se avista um relâmpago e paragem da crono-metragem quando se ouve o trovão; o ponteirodo cronógrafo indica, na escala telemétrica, adistância que separa o observador do local ondeocorreu o fenómeno.

• A escala pulsimétrica permite um rápido calcu-lar da pulsação de uma pessoa e era muito utili-zada em relógios de médicos. As maiores estãocalibradas de 15 a 30 pulsações. Quando se ini-cia a contagem do cronógrafo à primeira pulsa-ção, pára-se o cronógrafo à 15.ª ou 30.ª pulsaçãoe a indicação do ponteiro dos segundos calcularáa frequência cardíaca do paciente num minuto.

É comum surgirem diferentes escalas nos mostradores ou nas

lunetas de cronógrafos, mas também é frequente o desconhecimento

sobre o que significam e como utilizá-las.

Cronografos,

Page 109: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 109

Portentoso indicador

A função Indicator que dá nome ao poderoso cronógrafo

da Porsche Design está patente nas duas janelas aber-

tas no mostrador às 3 horas, com dois discos rotativos

a permitirem a apresentação das horas e dos minutos

decorridos; atingido o máximo de 9 horas e 59 minutos,

surge um aviso. A contagem dos segundos é efectuada

através do tradicional ponteiro analógico ao centro.

Localizado às 6 horas, o complexo indicador de reserva

de marcha verde e vermelho revela o nível da corda acu-

mulada nos quatro tambores. O pequeno mostrador dos

segundos contínuos surge às 9 horas.

quatro longos anos, mas para se ter uma ideia da tec-

nologia que o Indicator contém, basta-me afirmar que o

mecanismo que alimenta e recoloca a zero os três discos

da contagem cronográfica apresenta uma complexidade

equivalente à de três sonneries! E os discos representam

apenas 50 por cento da complicação do Indicator.

A técnica do Indicator representa uma das escassas

áreas da relojoaria mecânica que não foi inventada há

séculos, sinto que se trata de um relógio que permane-

cerá único em todos os aspectos. A patente não só cobre

as soluções técnicas, mas sobretudo a disposição da

contagem cronográfica através de discos digitais. Ou

seja, o que está protegido legalmente é a disposição

visual, independentemente das soluções técnicas uti-

lizadas por baixo do mostrador.

Claro que também patenteámos muitas das soluções

técnicas peculiares do mecanismo, mas esse tipo de

soluções podem sempre ser contornadas. Por todas as

razões, será extremamente difícil alguém conseguir fazer

algo de similar ao Indicator sem violar a minha patente.

Tendo isso em conta, sinto-me inclinado a afirmar que

não há maneira de o Indicator perder a sua hegemonia

num futuro próximo!

Como referi, não na mesma categoria do Indicator. Have-

rá certamente novas ideias sobre as funções cronográfi-

cas para relógios mecânicos – na minha opinião, trata-

-se mesmo de uma das áreas mais negligenciadas na

história da relojoaria mecânica! A TAG Heuer lançou-se

em prometedores projectos, mas ultimamente não tenho

ouvido falar da viabilidade ou produção das compli-

cações anunciadas.

Como curiosidade posso referir que foram necessários

quatro anos e um investimento superior a quatro milhões

de francos suíços para desenvolver o Indicator».

Ernst Seyr, director executivo da Porshe Design,

explica os segredos do Indicator:

«Quando nos lançámos no projecto, a principal dificul-

dade surgiu quando nos deparámos com a impossibili-

dade de um mecanismo normal conseguir alimentar os

três discos da contagem cronográfica – e como o Indi-

cator representa uma complicação mecânica totalmente

original, não pudemos inspirar-nos na história da relo-

joaria para resolver o problema. Então iniciámos exper-

iências com o recurso a uma fonte adicional de energia,

mas não tivemos êxito e acabámos por seguir a solução

dos três tambores de corda adicionais – ou seja, quatro

no total. Essa via tornou-se obrigatória devido à recolo-

cação dos indicadores a zero. É impossível descrever em

poucas palavras todas as ideias e soluções ou recordar

os avanços e recuos durante um processo que demorou

Sinto-me inclinado a afirmar que não há maneira de o Indicator

perder a sua hegemonia num futuro próximo.

Ernst Seyr

Cronografos,

Page 110: Espiral do Tempo n.º 20

110 < ESPIRAL DO TEMPO

O conceito do PanoRetroGraph por Christian

Schmiedchen, master movement designer,

projectos especiais Glashütte Original:

«Embora as origens sejam as de um cronógrafo clássico,

desde o início, a ideia era a de criar algo inédito. Para

nós, era dado assente que teria que incluir data panorâ-

mica, mas queríamos ir mais além. Ocorreu-nos “e se o

cronógrafo andasse para trás?”, era algo que ainda nin-

guém tinha feito, um relógio mecânico com os dois movi-

mentos. Depois houve a inclusão curiosa da contagem

decrescente, e considero curiosa porque termina com um

toque sonoro. Na Glashütte, nunca antes tinha sido cria-

do um repeater. Na altura, lembro-me que li algo sobre a

manufactura gong rods e, rapidamente, percebi que o

leitor era levado a nunca conseguir fazer um. Quando ter-

minámos o nosso gong signal, levei-o pessoalmente a

um mestre especialista em gong rods que ao primeiro

som, recordo-me que terá dito “Soa Bem!”. O PanoRetro-

Graph foi criado peça a peça, e já existe o registo de

seis patentes».

A ideia era a de criar algo inédito. Para nós, era dado assente que

teria que incluir data panorâmica, mas queríamos ir mais além.

Ocorreu-nos «e se o cronógrafo andasse para trás?»

Christian Schmiedchen

Excentricidades de Glashütte

A Glashütte Original concebeu duas especialidades crono-

gráficas. O PanoMaticChrono remete as horas e os minu-

tos para um submostrador na metade inferior, enquanto

o ponteiro dos segundos do cronógrafo surge em grande

destaque na metade superior – assente num círculo dis-

posto num plano elevado relativamente à base do mos-

trador. O PanoRetroGraph é o único cronógrafo mecânico

existente com contagem decrescente e toque sonoro –

countdown de 30 minutos numa escala tripla com pon-

teiro retráctil e som de aviso! Está dotado de um meca-

nismo de corda manual de 450 peças com data pano-

râmica no mostrador e função flyback.

Cronografos,

Page 111: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 111

Sistemas originaisDevido à sua grande popularidade, praticamentetodas as marcas relojoeiras apresentam modeloscronográficos nas respectivas colecções e ultima-mente tem havido a crescente preocupação deconceber cronógrafos com sistemas originais deleitura. Tradicionalmente, o cronógrafo mecânicoapresenta uma disposição horizontal (com doissubmostradores paralelos ou um terceiro totaliza-dor logo abaixo, como sucede nos calibres El Pri-mero, Lemania, Frederic Piguet e nos modulares)ou vertical (dois submostradores ou um terceirodo lado de esquerdo, como no calibre Valjoux).

Mas o experimentalismo dos fabricantes temproporcionado variantes bem curiosas – desde adisposição digital do tremendo Porsche Indicatoraos acumuladores descentrados da GlashütteOriginal, passando por totalizadores retrógrados e por ponteiros foudroyantes, sem esquecer as va-riantes aperfeiçoadas com flyback e rattrapante.

Claro que o advento dos mecanismos crono-gráficos de quartzo proporcionou diferentes so-luções (sendo as variantes ‘anadigi’ as mais inte-ressantes) e até conjugações híbridas com cali-bres mecânicos, como sucede no Monaco SixtyNine da TAG Heuer (dois relógios num só) ouno sistema meca-quartzo da Jaeger-LeCoultre(mecanismo base de quartzo e módulo crono-gráfico mecânico). Mas só alguns modelos dequartzo apresentam pedigree para poderem serconsiderados juntamente com os cronógrafosmecânicos tradicionais.

Seja como for, a oferta é grande – não só paratodos os gostos, mas também para todo o tipode situações! ET

Ultimamente tem havido a

crescente preocupação de

conceber cronógrafos com

sistemas originais de leitura.

O revolucionário sistema de activação do AMVOX-2 comentado por Jean Claude Meylan, da direcção de

produção da Jaeger-LeCoultre:

«O sistema de cronógrafo do modelo AMVOX-2 Chronograph Concept de activação vertical, patenteado pela Jaeger-

LeCoultre, é de um ineditismo absoluto no mundo da relojoaria. Não é um capricho; é sobretudo um prodígio sem

precedentes que garante uma facilidade e simplicidade de utilização geniais graças a um gesto simples e instintivo.

Quanto às dificuldades técnicas, foram numerosas: a concepção de uma estrutura revolucionária para a caixa do reló-

gio, a montagem com uma transmissão óptima da energia, garantir a necessária estanquicidade... é uma peça ino-

vadora que também apresenta uma grande sofisticação decorrente de aturadas análises estéticas. Efectivamente, na

Jaeger-LeCoultre temos paixão pelo detalhe e desejamos manter a identidade da linha Aston Martin, não apenas esta-

belecer uma revolução técnica».

Cronografos,

Page 112: Espiral do Tempo n.º 20

O escape

TÉCNICA

POR DODY GIUSSANI - DIRECTORA-ADJUNTA DA REVISTA L’OROLOGIO

No coração de um relógio mecânico, o escape é o mecanismo que acerta o movimento das engrenagens

(alimentado pela mola da corda) por forma a que o ponteiro dos segundos complete uma rotação inteira

do mostrador num minuto preciso (e naturalmente, o ponteiro dos minutos numa hora e o das horas em

doze horas). No caso de não haver escape, o movimento dos ponteiros, sob a acção da mola de corda do

relógio revelar-se-ia demasiado rápido e de nenhuma utilidade para a medição do tempo.

O escape com âncora, que é o mesmo utilizado em quase todos os relógios

de pulso, constitui-se de um balanço-espiral, de uma âncora e de uma roda

de escape. O balanço-espiral é o órgão que propriamente esconde o tempo

tal como o pêndulo nos relógios mecânicos de caixa alta: o verdadeiro bal-

anço é mesmo, uma argola metálica (1) equipado com dois ou mais tipos

de argolas (para unir a coroa da argola ao seu próprio centro) inserido num

eixo central que está também ligado a uma mola espiral plana (2), presa na

sua outra extremidade à ponte do balanço (6) por um elemento chamado

‘pitão’ (10).

O balanço e o espiral compõem um sistema oscilante que cumpre oscilações

isócronas em redor da sua posição de equilíbrio. Isto significa que tendo rece-

bido um primeiro impulso (no prática um impulso rápido) o balanço giraria

primeiro num sentido, e depois noutro, ainda sob a solicitação do espiral (2)

até parar por causa dos atritos, demorando sempre o mesmo tempo para

cumprir o movimento de ida e volta entre as duas posições extremas. Este

movimento alternado de uma lado para outro, recebeu o nome de movimen-

to oscilatório, por a posição de equilíbrio se encontrar no centro, onde o espi-

ral se encontra em posição de repouso, isto é, quando não exerce força algu-

ma (de resistência ou de solicitação) sobre o balanço. O balanço-espiral

cumpre uma determinada quantidade de oscilações no espaço de uma hora

ou seja, oscila a uma dada frequência (expressa em alternâncias por hora) que

determina a quantidade de passagens completas do ponteiro dos segundos

numa hora, ao ritmo de alguns arranques ao segundo. Torna-se importante o

número de passagens do ponteiro num segundo, sobretudo nos cronógrafos,

onde uma alta frequência de oscilação do balanço-espiral permite medir

fracções de segundos mais pequenas (por exemplo, antes o décimo de segun-

do que o 1/5 de segundo). É a interacção entre o balanço-espiral, a âncora

(3) e a roda de escape (4) que acertam o funcionamento do relógio.

1

112 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 113: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 113

A figura reproduz as quatro fases do funcionamento do escape com âncora. A

sequência representa a acção coordenada do balanço-espiral, âncora e roda do

escape durante uma alternância (ou seja durante a rotação do balanço de uma

posição extrema para outra, do arco de oscilação). A roda do escape, cujo mo-

vimento provém da mola de corda, gira no sentido indicado pela seta: a função

do balanço-espiral é bloquear e soltar a rotação da roda de escape por inter-

valos regulares de tempo, por forma a que o movimento desta última aconte-

ça por impulsos (de um dente por cada alternância do balanço-espiral). A se-

quência das quatro fases na ilustração, parte da posição de ‘repouso’ da roda

de escape (1) com o dente amarelo que se apoia contra o plano de repouso

da alavanca de entrada da âncora. Na fase seguinte (2), chamada de ‘desem-

penho’, o balanço (onde se representam apenas dois tipos), prosseguindo na

sua rotação, dá um impulso à âncora através do botão (um pequeno eixo ver-

tical, fixo na superfície inferior do balanço, que se vem inserir no garfo da ânco-

ra. Quanto à âncora, roda no sentido horário, no seu próprio eixo (A) sob a

batuta do balanço. Sobreleva a alavanca de entrada e solta, agora liberto o

dente amarelo, de modo que a roda de escape já não se encontra bloqueada

na sua rotação. Dá-se o nome de ‘levantamento’ à terceira fases (3): o dente

amarelo que já não se apoia no plano de repouso da alavanca de entrada,

avança no sentido de rotação da roda de escape, exercendo força contra o pla-

no de impulso da alavanca de entrada para sobrelevar posteriormente, o braço

esquerdo da âncora. A força exercida na roda do escape sobre a âncora, trans-

mite-se através da raqueta ao comando e só então, ao balanço-espiral no seu

sentido de rotação. A esta força ‘instantânea’, dá-se o nome de impulso e é

necessária para manter em movimento o balanço-espiral. Finalmente, na últi-

ma fase, da ‘recaída’ (4) o botão do balanço abandona o garfo enquanto a

haste da âncora se vá apoiar contra a saliência de limitação da direita e a ala-

vanca de saída se aloja entre dois dentes da roda de escape, bloqueando

agora, o dente verde. Por isso, e tal como pudemos observar, a cada alternân-

cia do balanço-espiral, a roda de escape avança no espaço de um dente. O

total de arranques completados pela roda de escape a cada segundo equivale

ao número de passos dados pelo ponteiros dos segundos no mostrador em

simultâneo, e depende directamente da frequência de oscilação do balanço-

espiral. Pois este dado fornecido em alternância/hora torna-se importante para

conhecer a resolução com a qual o relógio em questão escande o tempo.

2

Como a frequência nominal de um movimento (fornecida nos casos em

alternância/hora) sofre na realidade, variações durante o funcionamento do

relógio, estudaram-se sistemas de acerto da frequência, que agem directa-

mente sobre o balanço-espiral. Através do sistema de acerto, efectua-se um

ajuste da frequência de oscilação dos relógios em diversas posições, por

forma a que o funcionamento médio apresente diferenças aceitáveis. O sis-

tema de acerto mais comum e mais simples de procedimento consta na

raqueta (1) que age sobre a mola espiral (2) do balanço-espiral. De facto,

a frequência de oscilação do balanço-espiral depende de vários factores e

mais precisamente do comprimento activo do próprio espiral. Entenda-se

por comprimento activo, a parte do espiral que se enrola e se desenrola

em redor do eixo do balanço, sempre que existe uma alternância.

No caso de não haver raqueta, o comprimento activo coincide com o com-

primento inteiro do espiral, desde o ‘pitão’ (ponto de ligação à ponte do

balanço) até à virola (ponto ligação ao eixo do balanço). A raqueta insere-

-se na última parte do espiral fixo no ‘pitão’ para determinar o comprimen-

to activo, obviamente inferior ao do comprimento inteiro do espiral. A

raqueta é um braço horizontal (ao nível do balanço) equipado de dois eixos

verticais no interior das quais se insere o espiral. As hastes estão muito

próximas uma da outra, porém não se trata do espiral isto é, existe um

jogo mínimo entre as duas hastes, mas necessário para mover a raqueta.

No entanto, a presença deste pequeno jogo basta para o espiral tocar uma

das duas hastes da raqueta e para o seu comprimento activo se reduzir

da parte que se estende da virola (ou antes, do eixo) à própria raqueta.

Uma redução do comprimento activo do espiral equivale a um aumento da

3

O escape

Page 114: Espiral do Tempo n.º 20

O escapefrequência de oscilação enquanto um alongamento do comprimento activo

implica uma diminuição da frequência, isto é um abrandamento do fun-

cionamento do relógio. O acerto do comprimento activo do espiral realiza-

-se rodando a raqueta (com a ajuda de um parafuso micrométrico, 5) que

se encaixa na ponte do balanço (3), em redor da almofada do eixo do

próprio balanço, posicionando de tal modo os espigões para ficarem mais

ou menos perto do ‘pitão’. A raqueta é o sistema de acerto mais comum

pela facilidade de accionamento que permite conseguir sempre, o acerto

até mesmo na fase de revisão do movimento.

Outro tipo de acerto prende-se com o que vem realizado na coroa do ba-

lanço, por forma a reduzir ou aumentar o momento de inércia em relação

ao eixo de rotação. A frequência de oscilação do balanço-espiral é inversa-

mente, proporcional ao momento de inércia do balanço, o qual depende

da massa da coroa do próprio balanço (ou seja da quantidade e qualidade

do material utilizado para a coroa) e do seu raio.

Ao aumentar o momento de inércia do balanço em relação ao eixo, reduz-

-se a frequência de oscilação do balanço-espiral (o funcionamento do reló-

gio abranda). Pela variação do momento de inércia através da massa da

coroa, são utilizados os balanços com parafusos. Limando a cabeça dos

parafusos (4) consegue-se uma redução do momento de inércia enquanto

que, inserindo anilhas entre os parafusos e a coroa do balanço dá-se um

aumento do momento de inércia com redução consequente da frequência

de oscilação.

Este tipo de acerto é muito delicado até porque pode facilmente destruir

o equilíbrio do balanço já que apenas se realiza na fábrica, antes da dis-

tribuição dos relógios. Por esta mesma razão, costuma-se montar também

a raqueta de acerto nos relógios dotados de um balanço com parafusos,

para os eventuais e sucessivos acertos de funcionamento.

No fotografia da página anterior, o calibre A. Lange & Söhne L951.1 que

equipa o cronógrafo Double Split.

Outro género de acerto inercial também possível, no movimento já ‘encai-

xado’ é aquele previsto nalguns tipo de balanço que não apresentam

raqueta de acerto. O princípio sobre o qual se baseia o acerto consta num

patinador que cumpre uma pirueta e que vai rodando cada vez mais

depressa à medida que avizinha o braço do corpo: quando se aproxima o

braço reduz o próprio raio de rotação (o raio ideal em correspondência com

aquilo que se pode considerar concentrar a sua massa) e por conseguinte,

o próprio momento de inércia, aumentando ao contrário, a sua velocidade

angular. O acerto inercial oferece duas vantagens: a possibilidade de pre-

scindir da raqueta de acerto que tem um feito negativo sobre a regulari-

dade efectiva de funcionamento do movimento, e prescindir dos parafusos

radiais que nos movimentos de alta frequência (superior ou igual a 28.800

alternâncias/hora) podem determinar uma resistência maior por atrito vis-

coso, impossibilitando a aerodinâmica do balanço espiral.

Na forma característica com quatro partes, o balanço apresenta na coroa

interna quatro porcas Microstella em ouro, aparafusadas sobre dois exem-

plares de eixos filetados e colocados na extremidade de dois diâmetros. O

acerto da frequência de oscilação do sistema do balanço-espiral efectua-se

variando a posição das porcas Microstella para o interior ou exterior do

balanço. O acerto das porcas faz-se sempre aos pares (na extremidade de

um diâmetro) para não comprometer o equilíbrio do balanço. Uma vez as

porcas aparafusadas, na posição mais externa em relação ao eixo do bal-

anço, a frequência de oscilação vai baixando e o relógio acusa um atraso

máximo (está-se na situação idêntica ao patinador que efectua piruetas

com o braço tenso para o exterior). O contrário acontece na posição opos-

ta das porcas Microstella.

O sistema Microstella Rolex permite efectuar acertos do funcionamento do

relógio no mínimo de +1 segundo por dia para um máximo de +150 segun-

dos por dia.

4

114 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 115: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 115

O escape

No balanço Giromax da Patek Philippe (na foto: antiga e nova versão utiliza-

da no calibro 324 no ano 2004), oito ou quatro aurículas internas na coroa

recebem pequenos cilindros furados enfiados em eixos verticais. Coloca-se

cada par de massas nas extremidades de um diâmetro do balanço. Todas

estas massas cilíndricas caracterizam-se por um corte radial de forma a que

cada cilindro , na parte do corte fique mais leve. Rodando a parte mais leve

dos cilindros em direcção do eixo do balanço ou na direcção contrária, con-

segue-se uma variação do raio de rotação do próprio balanço. Os cilindros

têm de ser obviamente, rotativos por pares tal como as porcas Microstella do

balanço Rolex para não comprometer o equilíbrio do balanço.

5

O balanço tradicional da IWC apresenta um sistema de acerto fino consti-

tuindo-se por duas massas (A e B) fixas na extremidade das partes, na

proximidade da periferia do próprio balanço. Enfiam-se com pressão as

duas massas sobre outros tantos eixos verticais. Metade da cabeça dos

pesos é cortada obliquamente e depois de forma mais leve, no restante.

Rodando a parte mais pesada das cabeças para o interior ou para o exte-

rior do balanço altera-se o momento de inércia do próprio balanço e de-

pois, a sua própria frequência de oscilação: com este sistema podem-se

efectuar correcções do funcionamento do relógio até um máximo de + 5

segundos por dia. Dos três balanços examinados, o balanço IWC é o único

a poder também, dispor de parafusos na coroa externa (para a correcção

do equilíbrio).

6

Actualmente a Jaeger-LeCoultre também recorre a um balanço com acerto iner-

cial introduzido pela primeira vez no calibre 975 Autotractor. O novo balanço

com acerto inercial está equipado com quatro parafusos de compensação com

cabeça quadrada (A), sem raqueta de acerto e apresenta a vantagem de uma

precisão de funcionamento aperfeiçoada.

7

Page 116: Espiral do Tempo n.º 20

O escape

Tudo o que foi visto até agora, refere-se ao funcionamento do escape com ân-

cora desenvolvido pelo inglês Thomas Mudge no século XVIII e utilizado na

grande maioria dos relógios mecânicos modernos. O facto de permanecer no

auge nestes 250 anos, deixa supor que se trata de uma mecanismo bastante

fiável e preciso. No entanto também apresenta alguns inconvenientes cujo

maior, reside na dependência da lubrificação para as suas performances. Já em

1801, Abraham-Louis Breguet procurara remediar à imperfeição dos óleos lubri-

ficantes (que ao envelhecerem, tinham uma incidência negativa sobre os

desempenhos de um movimento mecânico), com a introdução do turbilhão

cujos fins, em parte, consistiam em oferecer uma melhor distribuição dos lubri-

ficantes no escape. Mais recentemente, tem-se estudado alternativas, e uma

delas conta numa solução da autoria da Omega que realizou industrialmente

um projecto do relojoeiro contemporâneo George Daniels: o escape coaxial

inspirado no antigo escape à détente (de gatilho) apresenta um atrito menos

importante entre as partes em movimento, para além de necessitar de menos

lubrificação. Tal como no escape à détente, no escape coaxial o impulso gera-

do pela roda de escape ao balanço-espiral acontece com atrito reduzido das

superfícies em contacto (num movimento de 30 milímetro de diâmetro com uma

roda de escape com um diâmetro de 5 milímetros, o atrito cobre menos de um

milímetro em cada rotação da roda do escape, contra os 14 milímetros de um

escape com âncora com as mesmas medidas. Porém, enquanto que no escape

à détente o sistema balanço-espiral recebe apenas uma vez um impulso, por

cada duas alternâncias, no escape coaxial existe um impulso a cada alternân-

cia como no escape com âncora e não existe problema de ‘galope’ que impede

o uso do escape à détente nos relógios de pulso.

Para além disso, a estrutura do novo escape coaxial aparenta-se sem dúvida

alguma, mais ao escape com âncora do que propriamente ao escape à dé-

tente. O sistema é formado pelo balanço-espiral (não assinalado por inteiro

no desenho, mas indicado só pela platina do próprio balanço ,I, fixa no eixo

deste último), âncora (E), rada do escape (D), e carrete do escape (C). Todos

eles formam a chamada ‘roda coaxial’.

O escape coaxial prevê a introdução de mais uma roda no sistema de

engrenagem (solidariamente formado por três rodas: roda central ou dos min-

utos, roda mediana e roda dos segundos) chamada roda intermediária (A) que

apresenta uma dentadura especial com dentes reduzidos a metade, assim

como o carrete do escape com o qual engrena (C).Os dentes destas duas

engrenagens (A e C) apresentam antes, apenas lados que entram em contac-

to durante a fase de engrenagem, astúcia possível pelo facto das duas rodas

se moverem e engrenarem num mesmo e único sentido de rotação. Deste

modo reduz-se a massa e o momento de inércia das duas rodas , recuperan-

do em parte a perda de energia devido à introdução de uma nova roda no

sistema de engrenagem do relógio.

Como já indicado, o carrete do escape (C) forma com a verdadeira e própria

roda de escape (D) a dupla roda coaxial (B), que dá o nome ao escape. A

8

116 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 117: Espiral do Tempo n.º 20

O escape

roda coaxial (B) interage com a âncora (E) equipada com três alavancas (F ,G,

H) e com o balanço (I), apresentando por sua vez, um comando (k) como no

escape com âncora e uma alavanca de impulso (J), através da qual recebe o

impulso directamente da roda do escape, como no escape à détente.

Carrete e roda de escape, com oito dentes interagem entre ambos com a

âncora para fornecer o impulso ao balanço-espiral em cujo platina estão fixos

quer seja o comando (K) tradicional que se insere não garfo da âncora, quer

seja uma alavanca de impulso (J) através da qual o balanço recebe o impul-

so directamente da roda de escape. No caso do escape Daniels, o impulso é

fornecido ao balanço, a cada alternância de duas formas diferentes, e sempre

com um atrito mínimo.

A quase total ausência de atrito na superfície de contacto na fase de impul-

so permitiu prescindir da lubrificação das alavancas da âncora e dos dentes

da roda de escape, favorecendo a precisão e estabilidade do desempenho do

escape coaxial, e também do movimento inteiro no qual se encontra mon-

tado, já que não se encontra influenciado pela deterioração dos óleos lu-

brificantes permitindo ainda, prolongar o tempo entre os períodos de revisão

do relógio.

Ludwig Oechslin foi outro projectista que se arrisco na realização de um

novo escape, com o seu Dual Direct Escapement, afinado por Ulysse

Nardin. O Dual Direct que segue a filosofia relojoeira já claramente expres-

sa na demais realizações de Oechslin, isto é utilizar ao máximo as vanta-

gens da transmissão através da engrenagem que apresenta um esbanja-

mento mínimo de energia relativamente ao uso de molas e alavancas. Pelo

que, querendo reduzir o atrito (do qual depende em grande parte, a perda

de energia que ‘foge’ sob a forma de calor desenvolvido no arrastamento

e só limitado em parte pelo uso de lubrificantes) no Dual Direct Esca-

pement erradicaram-se a âncora e roda de escape tradicionais agora sub-

stituídas por duas rodas especiais (2 e 3) e uma báscula de bloqueio/des-

bloqueio (9). Para além disso, apetrechou-se o balanço de Freak com uma

platina especial (o disco solidário do eixo do balanço onde no escape com

âncora, está fixo o comando que recebe o impulso da âncora) com dois

dentes semelhantes aos de uma roda dentada, utilizados para receberem

o impulso directo da duas rodas muito especiais do escape. As rodas são

invulgares pela forma dos dentes ocos no interior para aliviar o peso de

ambas. No esquema, pode-se observar o escape visto de cima: sem coroa

de balanço, e onde se representa apenas a platina (1) onde está preso um

dente (8) que interage com a báscula de bloqueio /desbloqueio (equipada

por sua vez de uma espécie de garfo) e num plano superior de um par de

dentes (6 e 7) que interagem quer com a báscula de bloqueio /desbloqueio

(a meio do corte vertical 10) quer com as duas rodas do escape (2 e 3).

As duas rodas do escape estão equipadas com vinte dentes truncados e

cinco dentes inteiros (4) cada uma, e engrenam entre elas quando recebem

o movimento do sistema de engrenagem através do carrete do escape (5).

9

ESPIRAL DO TEMPO > 117

Page 118: Espiral do Tempo n.º 20
Page 119: Espiral do Tempo n.º 20

PerfilManuel dos Santos Jóias

120

Saborear o Tempo

124

Acontecimentos

132

Online

142

Livros

144

Page 120: Espiral do Tempo n.º 20

Continuei aquilo que o meu pai fazia desde os 15 anos. A parte de

negócio é inata e desde sempre estive envolvido com esta área, se

calhar, era difícil ter por outro negócio a paixão que tenho por este.

Paulo dos Santos

...

...

Page 121: Espiral do Tempo n.º 20

O luxo contemporâneo

t e x t o Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a

PERFIL

Teria pouco mais de doze ou treze anos,Paulo dos Santos não consegue precisar, masainda se recorda bem da forma entusiasta comque trocava as brincadeiras propicias aos três me-ses de férias de verão pelo ambiente da já desa-parecida Joalharia Morais. O pai, sócio da lojaextinta em 1988 com o incêndio que arrasou ocentro histórico do Chiado, fazia-lhe a vontadee deixava-o dar uma mãozinha no negócio. Fossepelo brilho das jóias ou por aquele entra e sai declientela típica do Chiado, cedo a vocação ganha

contornes de paixão traçando-se «um processonatural na minha vida» afirma Paulo dos Santos.«Continuei aquilo que o meu pai fazia desde os15 anos. A parte de negócio é inata e desde sem-pre estive envolvido com esta área, se calhar, eradifícil ter por outro negócio a paixão que tenhopor este» diz cheio de certezas. A distância notempo permite-lhe hoje reconhecer que acimade tudo se deixava fascinar por aquele primeirocontacto com os clientes, é dessa vertente maisrelacional do negócio que fala, por vezes, recor-

Um contemporâneo na vida e nos relógios

O pai era apaixonado pelo brilho das jóias, mas Paulo dos

Santos prefere os mecanismos da alta-relojoaria. Todos

os dias não dispensa o prazer de olhar para o pulso e ir

seguindo o habitual curso das horas; admite, no entanto,

não ter perfil de coleccionador. «O último relógio que

comprei foi um Audemars Piguet Royal Oak Jumbo, sou

muito sentimental com os relógios e por isso não tenho

muitos, terei no máximo seis. São tantas as novidades

por ano que é difícil apaixonar-me só por um» confessa

Paulo dos Santos. Na relojoaria, tal como na vida, assu-

me-se um contemporâneo, o que é de imediato percep-

tível pelo ambiente de Loja que oferece. Linhas depura-

das, tons sóbrios e referências de design são a expe-

riência de Loja da Manuel dos Santos Jóias. «Gosto das

manufacturas suíças como a Audemars Piguet, a Jaeger-

-LeCoultre, a Vacheron, mas sou mais tentado a ir para as

marcas recentes» confessa o patrão da joalharia. Quanto

a marcas, Paulo dos Santos é peremptório: F.P. Journe e

Franck Muller. «São duas casas recentes na alta-relojoa-

ria, a Franck Muller há 12 anos lançou a sua marca e

rompeu com tudo o que era demasiado clássico e pouco

inovador, e F.P. Journe que admiro pela inovação, pela

qualidade que põe nos produtos. Neste momento são as

marcas que mais me tocam, me apaixonam e emocio-

nam em termos daquilo que é a alta-relojoaria».

ESPIRAL DO TEMPO > 121

Nem demasiado tradicional, nem demasiado contemporâneo.

O compromisso de ser «o seu joalheiro particular» foi assumido e é válido para a vida.

Na Manuel dos Santos Jóias o cliente tem um nome próprio.

Manuel dos Santos Jóias

Page 122: Espiral do Tempo n.º 20

Tentamos fazer com que os nossos clientes continuem a sonhar

e a desejar a peça pela exclusividade e pela raridade que tem,

nós ajudamos a perseguir o sonho.

Paulo dos Santos

...

...

Page 123: Espiral do Tempo n.º 20

rendo à saudade. A gestão das Lojas Manuel dosSantos Jóias, que herda do pai em 1994, deixa--lhe cada vez menos tempo para estar com osseus clientes. Mas nem por isso se altera a filoso-fia com que está no mercado. Rodeado de talen-tosos profissionais, as relações humanas conti-nuam a ser a base de tudo o que faz, habilmenteconseguindo triplicar as vendas da Manuel dosSantos Jóias nos últimos três anos, mantendo ospadrões originais como cartão de visita. Talvezpor isso, os dias pareçam ser vividos a contra-re-lógio e quem o conhece já não estranha o seupasso apressado. «Cada vez tenho menos tempo»confessa junto a uma das mesas de atendimentona Loja do Saldanha Residence, «o que mais gos-to de fazer, o atendimento ao cliente final, já ofaço raramente».

‘Manuel dos Santos Jóias, o seu Joalheiro par-ticular’ foi durante anos o slogan a acompanhar oespaço comercial; «conseguíamos estar muitopróximo do cliente e havia disponibilidade paraisso» recorda o proprietário a propósito dos pri-

meiros anos. Com a Loja do Saldanha Residencea servir como referência, Paulo dos Santos actua-liza o claim da marca: «A joalharia representa osonho. Aqui as pessoas compram sonhos e um diaque se mate o sonho, tudo acaba! Tentamos fazercom que os nossos clientes continuem a sonhar ea desejar a peça pela exclusividade e pela raridadeque tem, nós ajudamos a perseguir o sonho!» Osonho que começou nos escassos doze metrosquadrados num dos primeiros centros comerciaisde Lisboa, na Avenida Tomás Ribeiro, tambémtem sido perseguido. Depois do arranque difícilem 1989 com a Manuel dos Santos Jóias aindafocada essencialmente na joalharia, com «os co-nhecimentos do meu pai na área dos negócios, docliente final e das marcas conseguimos, lentamen-te, fazer um crescimento sustentado que nos temcorrido bem». Dois anos após a inauguração daprimeira Loja, Paulo dos Santos, agora já crescido,junta-se ao pai coincidindo com a expansão donegócio, com a abertura de novas Lojas e a vira-gem com a entrada no mundo da alta-relojoaria.

«A Manuel dos Santos Jóias enquanto retalhistamodificou-se. Com a Loja do Saldanha Residencemudámos para um conceito mais luxo, as marcasque temos são quase todas suíças e bicentenárias,depois temos marcas como a Franck Muller ouF.P. Journe que são contemporâneas». Anos de de-dicação a uma paixão quase congénita revelaram--se profícuos; Paulo dos Santos identifica à distân-cia os seus clientes, homens «altamente conhece-dores de relojoaria, fascinados pela parte técnica epor um design de excepção» e mulheres audazes«fascinadas pela raridade e exclusividade que pro-porcionam uma jóia». Mesmo com o crescimen-to do negócio e a entrada de novos players no mer-cado, orgulha-se de manter inabaláveis o espíritoe os valores presentes na fundação. Não hesita aoafirmar que «o que faz a diferença são as pessoasque trabalham na Manuel dos Santos Jóias, a for-ma como tratam, atendem e tentam satisfazer a vontade do cliente, isto é o nosso ADN». Ummarcador genético forte que permite que cadacliente seja recebido pelo seu nome próprio. ET

Manuel dos Santos Joias

ESPIRAL DO TEMPO > 123

Um negócio em crescimento

Longe vão os tempos em que a Manuel dos Santos Jóias era uma loja ‘minúscula’ de apenas 12 metros quadrados. Desde 1991

a marca não pára de crescer e como retalhista foi-se modificando. À primeira loja no Centro Comercial da Avenida Tomás Ribeiro

seguiu-se a abertura dos espaços no Hotel Sheraton e no Centro Comercial Colombo, encerrados após a abertura das portas no

Saldanha Residence em 1998. Nos últimos anos o nome tem-se alargado a outras áreas de negócio com uma incursão pelo mass

market com a aposta em três lojas no Picoas Plaza, nas Twin Towers e no Central Park. «Há cerca de um ano entrámos num

conceito novo de relojoaria que se chama Watch Me, uma cadeia de quiosques de relógios. Temos nove pontos de venda e vamos

continuar a crescer em 2006» anuncia Paulo dos Santos.

Manuel dos Santos Jóias • Av. Fontes Pereira de Melo • Galerias Saldanha Residence loja 1.32 • 1050-025 Lisboa,

Page 124: Espiral do Tempo n.º 20
Page 125: Espiral do Tempo n.º 20

SABOREAR O TEMPO

ESPIRAL DO TEMPO > 125

Sob o signo da modernidadeDa articulação entre a contemporaneidade de um sabor e a tradição de um espaço, nascem o

AD LIB, o Verbasco e o Flores. Três cozinhas em três prestigiados endereços – Avenida da Liberdade,

Quinta da Marinha e Praça Luís de Camões. A modernidade é o desafio actual de todos eles!

t e x t o s Vand a Jo rg e > f o t o s Nuno C o r r e i a

Page 126: Espiral do Tempo n.º 20

Restaurante VerbascoClubhouse do Quinta da Marinha Oitavos Golfe

Page 127: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 127

Saborear o TempoPor considerar que os portugueses conhecem mal o

atum, Vítor Hipólito preparou Atum Teriyaki com arroz de

algas e alfafa. Para sobremesa, o chefe faz um apelo aos

sentidos com a proposta de Chocolate em Texturas, um

gelado, um cremoso e um coulan numa única sobreme-

sa que junta percentagens de cacau diferentes.

Verbasco - Clubhouse Quinta da Marinha Oitavos Golfe

Quinta da Marinha - 2750-427 Cascais

Tel.: 21 486 06 06 - www.restauracao.quinta-da-marinha.pt

Horário: Das 12:00h às 00:00h, 2ª feira: das 12:00h

às 18:30h, Domingo: das 12:00h às 18:30h

Saborear o Tempo1

Royal Oak Offshore Crono, Audemars Piguet – € 16.050

Com o mar ao fundo

Num espaço aberto e com o mar no horizonte, o

peixe é, sem dúvida, o best-seller do restaurante

Verbasco, no Clubhouse do Quinta da Marinha

Oitavos Golfe. Vítor Hipólito trabalha «de forma

criteriosa e com uma série de metodologias» ape-

nas peixe de mar alto, porque «a personalidade é

uma componente importante em tudo o que é

apresentado ao cliente». Foi o prazer que se pode

proporcionar «aos outros», através da comida que

o levou, aos dezoito anos, a encarar a paixão de

criança como uma profissão de gente adulta. Nas-

cido numa família tradicional portuguesa, em que

as festas decorriam invariavelmente à volta da

mesa, o chefe do Verbasco cultivou, desde cedo,

o gosto das horas passadas na cozinha, ao lado

das mulheres que se «encarregavam dos prazeres

da mesa». São essas raízes alentejanas que joga

com a experiência adquirida em metrópoles como

Londres e Nova Iorque. O resultado identifica-se

com «este novo mundo e com o desafio de pro-

porcionar experiências através da introdução de

novos produtos e ingredientes». ET

«A maturidade e a personalidade deste Audemars Piguet são adjectivos

que fazem parte do meu dia-a-dia e com os quais me identifico. É uma

peça muito bonita e é o tipo de relógio com que me imagino a trabalhar,

mesmo em situações de stress e de choque. Enquadro-o perfeitamente no

meu ritmo de vida e no das cozinhas com a agitação, a exigência, a alta

tecnologia, a inovação e a procura de novos caminhos».

...

...Vitor Hipolito‘ ‘

a

Page 128: Espiral do Tempo n.º 20

AD LIB, Hotel Sofitel

Page 129: Espiral do Tempo n.º 20

Vincent Delesalle sugere para entrada Brandade de Ba-

calhau com batatas e ervas finas, salada algarvia em

vinagreta. Para prato principal preparou Filetes de Pre-

gado assado, confit de cenouras novas com cominhos

e perfume de laranjas.

AD LIB - Hotel Sofitel

Av. da Liberdade, 127 - 1269-038 Lisboa

Tel.: 21 322 83 50 - [email protected]

Aberto todos os dias das 12h30 às 15horas

e das 19h30 às 22h30

Saborear o Tempo

1

«Este TAG Heuer é um relógio muito bonito e sinónimo de qualidade.

Gosto especialmente dele por conseguir ser elegante e desportivo, ao

mesmo tempo. Confesso que é o tipo de relógio que uso habitualmente,

é um cronógrafo com um toque desportivo que não se torna demasiado

exuberante e mantém um ar clássico que me agrada».

Carrera Chrono, TAG Heuer - € 2.250

Vincent Delesalle

...

...

O savoir-faire francês

AD LIB deriva do latim ad libitum, ou seja ‘tanto

quanto desejado’. Significa também, o resultado

de um jogo de palavras à volta da localização des-

te restaurante: Avenida Da Liberdade. Fica ao crité-

rio de quem o visita. Para o chefe Vincent Delesa-

lle, este requintado restaurante da capital que re-

sulta da recente renovação do Hotel Sofitel é o lu-

gar onde se conjugam «os produtos portugueses

com as cozinhas francesa e internacional». Nascido

em Armentieres, no norte de França, o mundo

abriu-lhe as portas à sua «cozinha sem pátria».

Pelos restaurantes e hotéis dos países por onde

passou, de Marrocos à Polinésia Francesa, apren-

deu a «misturar os produtos locais e a guardar as

influências». A inspiração mediterrânica domina a

carta AD LIB, e não é por acaso, Vincent Delesalle

considera-a, sem hesitar, «a cozinha mais avança-

da». Com os produtos da bacia do mediterrâneo,

os paladares portugueses e o savoir-faire francês,

constrói a sua Cozinha Moderna. ET

ESPIRAL DO TEMPO > 129

a

Page 130: Espiral do Tempo n.º 20

Restaurante Flores, Bairro Alto Hotel

Page 131: Espiral do Tempo n.º 20

Uma fusão de estilos

No Palacete do século XVIII onde renasceu o romântico e ultra

moderno Bairro Alto Hotel, Henrique Sá Pessoa dá largas à

imaginação na sua ‘cozinha de fusão’. Os clientes, essencial-

mente mercado local, tal como o próprio Henrique, não se

regem por «um único estilo» e perdem-se com as suas pro-

postas de «comida contemporânea e moderna». Toda a for-

mação foi feita fora de Portugal, estudou na Pensilvânia,

Estados Unidos, trabalhou em Londres e durante três anos

partiu à conquista dos sabores australianos. Um percurso

relâmpago para um chefe de apenas 29 anos que, na cozi-

nha, se inspira «nos sítios» por onde passou e «nos chefes»

que aí conheceu. Da Austrália trouxe na bagagem o gosto

pelas texturas asiáticas e na capital britânica trabalhou essen-

cialmente em cozinhas italiana e francesa – paladares que no

Flores se encontram com personalidades nacionais como o

peixe, o azeite ou os enchidos. Há um ano como chefe de co-

zinha deste novo espaço em plena Praça Luís de Camões,

Henrique Sá Pessoa é, ainda hoje, um caso enigmático para a

família, que estranha a vocação e o sucesso da «criança

magríssima que odiava comer». ET

Saborear o Tempo

Casablanca, Franck Muller - € 7.070

«É um relógio muito bonito, um clássico da Franck Muller que

imagino acompanhado de um bom fato e de um bom jantar.

É o tipo de peça ideal para ocasiões à noite. Um homem ter um

bom relógio é importantíssimo, para mim é um dos acessórios

mais importantes».

Henrique Sa Pessoa

...

...

Henrique Sá Pessoa aconselha um dos maiores sucessos

do Restaurante Flores: Canellonni de Açorda de Marisco

sobre o seu molho, com azeite de coentros. Um prato

confeccionado com massa fresca, acompanhado de

miolo de vieiras e camarão. Para o chefe da cozinha do

Bairro Alto Hotel, esta forma de apresentação ajuda a

melhorar o aspecto, nem sempre apetitoso, da tradi-

cional Açorda.

Restaurante Flores - Bairro Alto Hotel

Praça Luís de Camões, 8-Bairro Alto, 1200-243 Lisboa

Tel.: 21 3408288 - www.bairroaltohotel.com

Aberto todos os dias das 12h30 às 15 e das 19h30 às 22h30.

1

ESPIRAL DO TEMPO > 131

a

Page 132: Espiral do Tempo n.º 20

ACONTECIMENTOS

Ao ritmo dos dias, os acontecimentos sucedem-se. Do brilho dos Óscares aos eventos da indústria, as estrelas e as

campanhas de publicidade, a inauguração de novos espaços e as aventuras no mundo da relojoaria, são muitas os

momentos, nacionais e internacionais, recuperados nesta edição.

Ourivesaria Camanga em Lisboa

GALA DE JET SKI SECTOR PRESENTE COM A CAMPEÃ INÊS PEREIRA

Mais de 250 ilustres convidados do desporto

nacional, da politica e da música estiveram pre-

sentes na 13ª Gala dos Campeões da Federação

Portuguesa de jet ski. A festa encerra o ano des-

portivo com a entrega aos campeões nacionais

de 2005, dos troféus, de cada classe em que

competiram. A cerimónia foi também o local es-

colhido pela Sector para homenagear a campeã

nacional de jet ski Inês Pereira, embaixadora da

marca em Portugal.

A MONTRA DE JÚLIO POMARARTE E RELOJOARIA NUMA UNIÃO DE PRESTÍGIO

A ourivesaria Camanga, em Alvalade, e a relo-

joaria Faria, no Penha Longa Hotel, foram os es-

paços a receber a montra com o primeiro exem-

plar da nova série Jaeger-LeCoultre/Escultura Por-

tuguesa – um relógio Master Control personaliza-

do e acompanhado de uma escultura resultante

da parceria entre a manufactura de Le Sentier e

Júlio Pomar. O artista plástico português estreou

o desafio lançado com uma escultura em que

reinterpreta a fábula da Lebre e da Tartaruga.

A escultura em bronze é reproduzida no atelier

parisiense de Daniel Pinoy e a saliência numa

das orelhas da Lebre foi criada para pendurar o

relógio. Na base está a reprodução da obra de

Cervantes, Dom Quixote de La Mancha. A escul-

tura e o relógio em ouro têm a assinatura de

Júlio Pomar e estão disponíveis apenas 30 con-

juntos, no valor de 19.750 Euros.

GRAND ET PETITE SONNERIE DE F.P. JOURNE ESTREIA MUNDIAL VENDIDA NA LOJA MANUEL DOS SANTOS JÓIAS

O primeiro Grand et Petit Sonnerie saído dos ateliers de F.P. Journe,

foi vendido num exclusivo mundial no passado dia 20 de Março na

loja Manuel dos Santos, no Saldanha Residence. Apresentado em

2005 em Genebra, é considerado um dos relógios mais compli-

cados da alta-relojoaria, estando a sua concepção original prote-

gida ‘unicamente’ por dez patentes. Para presenciar o momento, o

próprio François-Paul Journe, fundador da marca, viajou da Suíça

até Lisboa onde, acompanhado por Paulo dos Santos, assistiu à

venda do relógio mais caro comercializado em Portugal. Na próxi-

ma edição da Espiral do Tempo serão desvendados os segredos

desta obra-prima.

Relojoaria Faria em Sintra

132 < ESPIRAL DO TEMPO

Foto

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Page 133: Espiral do Tempo n.º 20

SEMINÁRIO INÉDITO TORRES DISTRIBUIÇÃOPROFISSIONAIS REUNIDOS NO FAROL DESIGN HOTEL

Em antecipação à BaselWorld deste ano, a Torres Distribuição organizou

um seminário dedicado aos profissionais do sector. Num encontro que de-

correu no ambiente de requinte do Farol Design Hotel, em Cascais.

Durante três dias, foram apresentados os resultados de 2005 de algumas

das marcas representadas em Portugal pela Torres Distribuição, casos da

TAG Heuer e a Raymond Weil. Foram também anunciadas as estratégias

para 2006 e desvendadas algumas novidades. As colecções para o próxi-

mo Verão de Roberto Cavalli, Moschino, Valentino e Sector, foram propos-

tas que os convidados tiveram o privilégio de conhecer em primeira mão.

TAG HEUER MIGUEL BARBOSA MELHOR ROOKIE DO LISBOA DAKAR

A dupla portuguesa Miguel Barbosa/Miguel Ramalho – ambos patrocinados

pela marca suíça TAG Heuer – superou as expectativas iniciais estabelecidas

para a edição de 2006. Os portugueses chegaram à capital do Senegal e

foram eleitos como os melhores rookie da mítica prova, para além de terem

sido a melhor dupla exclusivamente nacional – terminando na 21ª posição

da classificação geral. No final da prova, Miguel Barbosa não escondeu a

satisfação pelos resultados: «Estou muito contente por ter conseguido

atingir os objectivos a que me propus e também por conseguir honrar o

nome dos meus patrocinadores até ao final da prova. Sem o apoio deles

esta participação não tinha sido possível».

VISITA À MANUFACTURASÓ PARA APAIXONADOS

Visitar a Jaeger-LeCoultre é um sonho para qualquer amante da alta-relojoaria. Um sonho vivido por 18 clientes finais que, de seis a nove

de Março, conheceram de perto a arte com que se fabricam alguns dos mais preciosos mecanismos relojoeiros. Uma experiência inesquecível

para estes amantes de relojoaria, que pela primeira vez contactaram com o ambiente exclusivo desta que é uma das mais importantes

manufacturas. Esta visita inseriu-se numa promoção inédita que, no Natal 2005, oferecia na compra de um relógio Reverso da linha XGT,

uma vista à Manufactura.

ESPIRAL DO TEMPO > 133

Page 134: Espiral do Tempo n.º 20

ACONTECIMENTOS

FRANCK MULLER EM LISBOAAPRESENTAÇÃO DO LONG ISLAND SPORTING 100

O mestre genebrino Franck Muller, que nos últimos dois anos tem estado

ausente dos grandes eventos concentrando-se exclusivamente no traba-

lho de pesquisa, abriu uma excepção e apadrinhou o evento organizado

pela Torres Distribuição em que foi apresentado o relógio do centenário

do Sporting Clube de Portugal.

A apresentação do ‘Franck Muller Sporting 100’, a peça de alta-relojoaria

comemorativa do primeiro século do clube, foi o motivo da vinda a Lisboa

do fundador da marca com o seu nome. Além do genial mestre relojoeiro,

a mesa de honra da apresentação da edição limitada a 36 relógios contou

com Pedro Torres, responsável da Torres Distribuição, Filipe Soares Franco,

presidente do clube, e Ernesto Ferreira da Silva, presidente da comissão

do Centenário.

Dois exemplares do modelo comemorativo, que fica na história do clube

e da própria relojoaria pela inovadora caixa em ouro com reflexos verdes

em resultado de uma liga especial com cobre e prata, foram doados ao

Sporting. Para quem não teve a oportunidade de ver a raridade das pe-

ças, até porque a edição esgotou em poucas horas, está exposto um

exemplar no Museu do clube.

Filipe Soares Franco, Ernesto Ferreira da Silva, Pedro Torres e Franck Muller.

Isabel Trigo Mira, Filipe Soares Franco e Vitor Serpa.

O mestre relojoeiro marcou presença na apresentação deste modelo único.

134 < ESPIRAL DO TEMPO

Um evento memorável marcado pela boa disposição. Ernesto Ferreira da Silva, presidente da comissão do Centenário.Franck Muller e Carlos Barbosa admiram esta criação especial.

Page 135: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 135

À AVENTURA NO JURA EMMANUEL COINDRE VISITA JAEGER-LECOULTRE

Depois de ter completado com sucesso a travessia do Pacífico Norte num barco a remos comple-

tada em 129 dias, Emmanuel Coindre partiu para uma nova aventura que o levou a conquistar o

coração dos artesãos da Jaeger-LeCoultre. Na manufactura suíça, o aventureiro agradeceu aos 900

colaboradores da marca o apoio e o entusiasmo que demonstraram ao longo dos meses que pas-

sou no mar e fez, pessoalmente, o relato da sua aventura única. Desde a partida no Japão até à

chegada aos Estados Unidos, Coindre contou com a companhia de um Master Compressor Extreme

World Chronograph. Na visita, os relojoeiros analisaram o estado do relógio procurando garantir que

nenhum movimento foi alterado após uma aventura marítima que teve a duração de quatro meses.

AUDEMARS PIGUETMANUFACTURA ASSOCIA-SE AO CAMPEÃO GIORGIO ROCCA

Baseando-se nos valores de tradição e excelência, a

Audemars Piguet associou a sua imagem à do cam-

peão de ski Giorgio Rocca. Aos 30 anos, o atleta saiu

medalhado dos campeonatos mundiais de St. Moritz,

em 2003 e de Bornio em 2005. Na imagem, Giorgio

Rocca surge com um Royal Oak Offshore Chronograph,

materializando as ideias de perícia e mestria com que

esquia. A nova parceria estabelecida pela Audemars

Piguet permite à célebre manufactura de Le Brassus

restabelecer a sua associação ao ski Alpino, depois

de anos de patrocínio ao não menos famoso campeão

Alberto Tomba.

Henry-John Belmont

retira-se da indústria relojoeira

O grupo suíço Richemont anunciou re-

centemente a saída Henry-John Belmont

da empresa, onde até agora desempe-

nhava a função de director de alta-relo-

joaria. Reformado do cargo, Henry-John

Belmont irá, no entanto, permanecer li-

gado ao grupo como consultor do negó-

cio de desenvolvimento de relógios.

Em comunicado, o grupo de luxo suíço

destacou o «contributo importante de

Henry-John para o sucesso das opera-

ções» lembrando ainda o seu «trabalho

na presidência da Jaeger-LeCoultre e o

seu papel aquando da integração no

grupo de nomes como Jaeger-LeCoultre,

IWC e A. Lange & Söhne».

Nova Porsche Design Store

na Madison Avenue

A famosa Madison Avenue, em Nova

Iorque, foi o endereço escolhido para a

abertura de uma nova Porsche Design

Store. O espaço é o primeiro a ter a as-

sinatura do conceituado designer e ar-

quitecto Matteo Thun. Depois das inau-

gurações no Dubai, em Yokohama e em

Munique, o grupo alemão prepara a

abertura de mais uma loja ainda duran-

te a primavera de 2006, desta vez em

Dallas, no Texas.

Projecto da Franck Muller

para Les Bois aprovado

O grupo relojoeiro Franck Muller, sedea-

do em Genebra, irá em breve alargar as

suas actividades à região suíça do vale

do Jura, onde estão concentradas as

principais manufacturas. Por uma larga

maioria, os cidadãos aceitaram ceder

uma área de 23.400 metros quadrados,

local onde irá nascer um projecto mo-

derno que trará à região um investi-

mento avaliado entre 30 a 40 milhões

de francos, e dezenas de novos empre-

gos. O projecto prevê uma área de pro-

dução e um complexo que será alugado

a outras empresas. A Franck Muller em-

prega actualmente cerca de 650 cola-

boradores distribuídos pelos diferentes

espaços de produção.

Page 136: Espiral do Tempo n.º 20

ACONTECIMENTOS

Segundo a Chopard, a história fala por si. Em 2004 Charlize Theron usava

um magnífico par de brincos de diamantes quando recebeu o Óscar; um

ano depois, a actriz Hillary Swank segue-lhe o exemplo e sobe ao palco

para receber a estatueta dourada, também com jóias da Casa Chopard. A

joalharia parece continuar a ser o amuleto das estrelas de Hollywood e,

este ano, Rachel Weisz – distinguida com o Óscar de melhor actriz

secundária pelo seu papel em ‘O Fiel Jardineiro’ – elegeu para a noite de

todas as emoções o brilho dos diamantes esculpidos pela Chopard. Su-

perstição ou não, a verdade é que a marca continua a ser uma das eleitas

no mais importante acontecimento de cinema do mundo. Celebridades

como a actriz de ‘Memórias de uma Gueixa’ Ziyi Zhang, a multi-talentosa

Jane Seymour, as actrizes nomeadas Judi Dench e Bahar Soomekh, todas

elas foram fotografadas na red carpet do Kodak Theatre, em Los Angels,

com jóias assinadas pela Chopard.

ÓSCARES 2006 O BRILHO E A SORTE DAS JÓIAS CHOPARD

Morgan Freeman e Rachel Weisz

Hillary Swank Ziyi Zhang Judi Dench

Rachel Weisz Charlize Theron

136 < ESPIRAL DO TEMPO

Page 137: Espiral do Tempo n.º 20

ESPIRAL DO TEMPO > 137

SCARLETTJOHANSSONELEGE JÓIAS CHOPARD

Scarlett Johansson, a jovem actriz

norte-americana apontada como a

nova musa do cineasta Woody Allen,

já é considerada uma das celebrida-

des mais elegantes no mundo da sé-

tima arte. A provar o bom gosto, a

protagonista de ‘Match Point’ esteve

primeiro em Roma e depois na capi-

tal britânica para a apresentação do

novo filme — ostentando um ele-

gante conjunto de jóias assinado

pela Casa Chopard. Também no últi-

mo festival de cinema, em Cannes,

Scarlett Johansson foi fotografada

com jóias da prestigiada casa suíça.

À CONQUISTA DO CÉUJOHN TRAVOLTA NOS ATELIERS DA BREITLING

Embora tenha conquistado o reconhecimento internacional com a carreira

de actor, John Travolta é também um piloto profissional com mais de 5 mil

horas de voo na bagagem. A associação do norte-americano à Breitling –

marca que desde sempre tem acompanhado a história da aviação – afigura-

se como um casamento perfeito. O embaixador e rosto da publicidade da

marca esteve em La Chaux-de-Fonds para uma visita à Breitling Chrono-

métrie e conheceu de perto a arte com que fabricam os seus cronógrafos.

Apaixonado pelo espírito da aviação, nos ateliers da Breitling o actor

mostrou-se muito atento às explicações dos mestres relojoeiros sobre o

funcionamento dos relógios com que a marca tem conquistado o céu.

FORTIS B42CRONÓGRAFO OFICIAL DAS MISSÕES ESPACIAIS

Dez anos depois de a Fortis ter feito os primeiros testes de comportamento do cronó-

grafo automático no espaço, uma nova geração de cronógrafos acaba de ser lançada:

A Fortis B 42 Official Cosmonauts Chronograph Titanium Carbon. A edição limitada a

500 exemplares tem como grandes armas o uso de titânio e de fibras de carbono no

desempenho mecânico dos cronógrafos. A tripulação da International Space Station foi

a primeira a testar este novo modelo em condições de gravidade zero.

O relógio tem o contador de minutos bem visível, graças ao círculo de cores primárias

às 12 horas, e o reverso da caixa, também em titanium, tem gravado o logo da marca,

o número de série do relógio e o emblema oficial da Agência Espacial Russa e do

Centro de treinos de Cosmonautas Star City. Desde os primeiros momentos da Missão

Espacial Europeia/Russa EUROMIR 94, que os cronógrafos da Fortis fazem parte do

equipamento dos cosmonautas treinados no Centro Yuri Gagarin, a quem dão a con-

fiança necessária à missão.

Page 138: Espiral do Tempo n.º 20

MODA E ALTA-RELOJOARIAJAEGER-LECOULTRE NO DESFILE DE OSCAR DE LA RENTA

As novidades e as propostas de moda para as próximas estações não param de

chegar. Em Tents-Bryant Park, nos Estados Unidos, mais de 300 convidados assistiram

ao glamoroso desfile de Oscar de La Renta. Uma colecção que recebeu as melhores

críticas por parte da imprensa especializada e que conquistou a plateia ao conjugar

na perfeição a alta-costura com a alta-relojoaria. Em resultado de uma parceria feliz,

que tem crescido no mercado norte-americano, as 50 modelos desfilaram as propos-

tas de moda com relógios Jaeger-LeCoultre no pulso. Serena Williams, Debbie Harry

e Nicole Ritchie foram algumas das celebridades presentes neste evento exclusivo.

ACONTECIMENTOS

138 < ESPIRAL DO TEMPO

AUDEMARS PIGUET À CONQUISTA DO MERCADO RUSSO

A Audemars Piguet deu um passo importante

no mercado russo com a abertura da primeira

boutique da marca em Moscovo. Jasmine Aude-

mars, presidente do conselho de administração,

e Georges-Henri Meylan, CEO da manufactura

suíça, estiveram na capital russa para a inaugu-

ração, cumprindo o tradicional ritual de abertu-

ra das portas. A estratégia da empresa, de que-

rer estar presente nas principais cidades através

de lojas próprias, continua, e Milão faz já parte

desse roteiro. Num edifício histórico da famosa

Via Montenapoleone, ao lado de outros nomes

da alta relojoaria, a Audemars Piguet inaugurou

um novo espaço: a aposta na capital da moda

italiana não surge por acaso, já que as suas pe-

ças de alta-relojoaria granjeiam enorme popula-

ridade entre os italianos, sendo um mercado de

grande potencial para a marca.

Jasmine Audemars e Georges-Henri Meylan inauguram

a primeira boutique da marca na capital russa.

O novo espaço Audemars Piguet em Milão.

Page 139: Espiral do Tempo n.º 20

EVA HERZIGOVAROSTO DA NOVA CAMPANHA CHOPARD

Aproveitando o ambiente e o glamour da Semana de Moda de Paris, a Chopard lançou a mais

recente campanha de publicidade ‘Kind of Magic’. Para o momento foi organizada uma noite

especial a que não faltou o brilho e a magia de muitas estrelas internacionais. Entre os convidados,

a modelo Eva Herzigova, escolhida para embaixadora da campanha, deslumbrou com um visual

idêntico ao que aparecerá na nova comunicação da marca. Pelo segundo ano consecutivo, a

Chopard associa-se à Federação Francesa de Costura, criando um espaço onde os novos talentos

podem apresentar as suas propostas.

A UNIÃO DA MECÂNICA AUDEMARS PIGUET E MASERATI

A Audemars Piguet tornou-se o maior parceiro

do Troféu Maserati 2006. Karl-Heniz Kalbfell,

CEO da Maserati, e Georges-Henry Meylan, CEO

da Audemars Piguet, assinaram um contrato

que vem reforçar a parceria já existente entre a

manufactura suíça e a famosa marca do emble-

ma tridente. O patrocínio à prova acontece des-

de 2004 e a partilha de valores entre os dois

nomes deu origem ao Dualtime Millenary Mase-

rati, um relógio inspirado no design e no espí-

rito do fabricante italiano de automóveis. Para

2006 está previsto o lançamento de uma nova

série de relógios.

BRILHO DAS ESTRELASMADONNA E CHOPARD

Para a cerimónia dos Grammy Awards, Madonna

escolheu, como já vem sendo hábito, joalharia

da Casa Chopard. Durante a actuação, a diva da

pop brilhou com uns brincos de diamantes em

forma de coração e três originais pulseiras, tam-

bém de diamantes. Peças inseparáveis que a

cantora exibiu na festa que se seguiu à entrega

dos prémios.

COLECÇÃO MONDANI EM LEILÃOTRÊS CENTENAS DE ROLEX

Mais de 300 relógios de pulso vintage da Rolex vão ser leiloados pela Antiquorum, uma

das maiores empresas de leilões do mundo. As peças estão em condição excepcional

e serão leiloadas em duas fases diferentes: o primeiro leilão acontecerá no dia 1 de

Abril; o segundo será realizado dia 13 de Maio, em Genebra, no Mandarin Oriental Hotel

du Rhône. A Mondani Collection é a mais importante colecção particular de relógios

Rolex alguma vez a aparecer em leilão e reúne modelos desde os primeiros anos da

marca até aos dias de hoje. Pela diversidade e raridade das peças, algumas delas séries

limitadas, será uma oportunidade única de apreciar os numerosos exemplares vintage

que Guido Mondani coleccionou desde 1986.

ESPIRAL DO TEMPO > 139

Page 140: Espiral do Tempo n.º 20

ACONTECIMENTOS

140 < ESPIRAL DO TEMPO

ROYAL OAKTRÊS DÉCADAS AO LADO DO DESPORTO MUNDIAL

Há mais de trinta anos que o lendário Royal Oak seduz homens e mulheres do mundo pela sua força,

design intemporal e pelo carácter desportivo das suas linhas. Ao longo destas três décadas, muitos

adoptaram-no como peça indispensável, tornando-se inseparáveis do relógio identificado pela sua

moldura octagonal e pelos oito parafusos sextavados presos à caixa. A força deste objecto intemporal

tem acompanhado inúmeras figuras do desporto internacional em regatas, nos mais importantes

eventos de golfe, nos grandes circuitos de Fórmula 1 e, mais recentemente, no críquete. A importância

dos golfistas associados à marca suíça esteve mesmo na origem de um AP Ambassador Golf Team.

O estatuto do número dois mundial Vijay Singh, a audácia de Darren Clarke, a técnica de Graeme

MacDowell e a postura correcta de Thomas Levet nos greens fazem deles notáveis embaixadores da

Audemars Piguet. Mas a partilha de valores entre a manufactura e o desporto mundial vai para além

do golfe: o piloto de Fórmula 1 Rubens Barrichello e o recordista do críquete Sachin Tendulkar são

outros nomes associados às novidades da linha Sport Prestige de 2006.

HALLE BERRY A ESTRELA DA CASA VERSACE

Depois de Madonna e Demi Moore, a designer

Donatella Versace escolheu a sensual actriz Halle

Berry para assumir o papel de musa da griffe ita-

liana. A paixão pelas grandes estrelas internacio-

nais faz parte da história de sucesso da marca,

uma estratégia responsável pelos recordes de

vendas da Casa. A escultural ex-Bond Girl, e ven-

cedora de um Óscar, será assim a protagonista da

nova publicidade da Versace numa campanha as-

sinada por Mario Testino. «Escolho sempre mu-

lheres inspiradoras para representar a Versace e a

Halle representa bem a nova colecção – alguém

que ama cores, que tem uma sensualidade real,

que é forte e feminina ao mesmo tempo».

Page 141: Espiral do Tempo n.º 20

«O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel»PLATÃO, filósofo

VARIEDADES

NÚMERO: 20Na mais recente lista publicada pela Federação Relojoeira Suíça, Portugal

mantém o 20º lugar na lista de países importadores de relógios suíços –

com a particularidade de apresentar índices de maior vivacidade econó-

mica relativamente a igual periodo dos anos anteriores. Na tabela referen-

te ao mês de Janeiro, o primeiro lugar continua a ser ocupado pelos

Estados Unidos com um total de 137,3 milhões de francos suíços em

importações relojoeiras, baixando 5,8 por cento em relação a 2005. Hong

Kong (127,6 milhões), Japão (83), Alemanha (53,8) e Itália (51,5) ocupam

os restantes lugares do top 5. A China desceu surpreendentemente da

quarta para a oitava posição, mas mesmo assim apresenta valores 89

por cento superiores aos de 2004. Portugal importou 6,7 milhões de

francos suíços.

LÉXICO: FECHO DE BÁSCULA

O fecho de báscula é uma variante mais sofisticada e segura da fivela.

Constituído por uma estrutura desdobrável formada por diversas peças,

fecha-se por intermédio de pressão (em botões laterais ou em sistema de

encaixe) e não só protege a correia do desgaste proporcionado pela tradi-

cional fivela, como também proporciona maior segurança ao utilizador:

mesmo que o fecho se abra inopinadamente, não cai do pulso. Os fechos

de báscula foram adaptados das braceletes de aço para as pulseiras de

borracha e sobretudo para as correias de pele, compreensivelmente mais

frágeis e suficientemente caras para necessitarem de um sistema de fecho

mais sofisticado. O preço de um fecho de báscula é substancialmente

maior do que o de uma simples fivela, mas a longo prazo o investimento

é compensado pela poupança no número de correias utilizadas. Um bom

exemplo de um fecho de báscula com acabamento de luxo é aquele que

equipa os relógios Audemars Piguet: a dobradiça do fecho é concebida

com as iniciais AP!

MANUTENÇÃO DE UM BEM PRECIOSOÀ semelhança do que sucede com qualquer instrumento mecânico, todos

os calibres relojoeiros necessitam de um serviço de manutenção periódico

– que pode variar muito consoante as características do mecanismo. Os

relógios de quartzo devem ser verificados para substituição da pilha e

limpeza antes da colocação de uma nova bateria. Quanto aos relógios me-

cânicos, a fricção causada pelas peças em movimento produz pequenas

partículas de pó metálico que têm de ser devidamente retiradas mediante

uma limpeza periódica; para além disso, as peças têm de ser lubrificadas

e as juntas verificadas para que se mantenha o seu papel na calafetagem

e estanquicidade do relógio. O facto de todo o trabalho de pós-venda ser

efectuado por relojoeiros devidamente certificados e especializados

justifica o preço, sem esquecer que cada revisão implica a desmontagem

e montagem de todas as peças do relógio.

ESPIRAL DO TEMPO > 141

Page 142: Espiral do Tempo n.º 20

ONLINE

www.torresdistrib.comO site da Torres Distribuição pretende apresentar aos seus clientes e ao público em geral o acesso

facilitado a diversas áreas da empresa. É possível ler o sumário de cada uma das edições da

Espiral do Tempo, preencher uma ficha de assinatura ou adquirir um número isolado da revista.

Na secção ‘Eventos’ estão disponíveis acontecimentos organizados pela Torres. No coração deste

site está o ‘Catálogo’ onde estão disponíveis os modelos numa organização por marca e onde, por

sua vez, dentro de cada marca podem ser vistos por colecção ou pesquisados por palavras chave.

Pode-se escolher um dado modelo e ver os pormenores da peça e ler a ficha técnica detalhada.

Tudo isto ligado a ‘Onde Comprar’ onde mais uma vez por marca, zona do país ou palavra chave

se pode encontrar o representante mais próximo.

142 < ESPIRAL DO TEMPO

AUDEMARS PIGUET

www.audemarspiguet.com

BRITISH MASTERS

www.thebritishmasters.com

CHOPARD

www.chopard.com

DUBEY & SCHALDENBRAND

www.dubeywatch.com

FORTIS

www.fortis-watch.com

FRANCOIS-PAUL JOURNE

www.fpjourne.com

Page 143: Espiral do Tempo n.º 20

www.worldtempus.comTudo sobre o mundo da relojoaria

Este site reúne as últimas novidades da indústria relojoeira, os eventos mundiais e as

principais informações das marcas da alta-relojoaria. As moradas, os catálogos das

marcas, uma enciclopédia e até um dicionário são as opções disponíveis para consulta.

Rubricas como o ‘relógio do mês’ ou a ‘montra do mês’ são curiosidades que preenchem

este espaço que dá acesso directo a alguns dos principais nomes da alta-relojoaria.

ESPIRAL DO TEMPO > 143

portais

swisstime.ch: Novidades da relojoaria suíça

fhs.ch: Federação da Indústria Relojoeira Suíça

horology.com: Enciclopédia relojoeira

watchzone.net: Portal com áreas de discussão

watches-lexic.ch: Portal com especialistas

worldtempus.com: Portal suíço do relógio

equationoftime.com: Portal americano

timezone.com: Portal de informação diversa

watchuseek.com: Portal com áreas de debate

watchblvd.com: Portal americano

watchspace.com: Portal áreas de informação

sothis.net: Portal italiano do relógio

GLASHÜTTE ORIGINAL

www.glashuette-original.com

JAEGER-LECOULTRE

www.jaeger-lecoultre.com

PORSCHE DESIGN

www.porsche-design.com

RAYMOND WEIL

www.raymondweil.com

ROLEX

www.rolex.com

TAG HEUER

www.tagheuer.com

Page 144: Espiral do Tempo n.º 20

L er é sempre uma forma agradável de passar o tempo. Por isso, nesta edição são várias as propostas de leitura: à vertente

técnica com diferentes enciclopédias e dicionários, juntam-se obras sobre a tradição e a história da relojoaria, as colecções

do Museu do Louvre também podem proporcionar momentos descontraídos de leitura e para os mais curiosos, ficam sugestões

que desvendam alguns segredos de importantes nomes da relojoaria. Propostas não faltam!

LIVROS

144 < ESPIRAL DO TEMPO

ROLEX COLLECTING WRISTWATCHES

A referência sobre o mundo Rolex

São mais de 360 páginas para fanáticos de

uma das mais prestigiadas marcas de relógios

do mundo! Editado em inglês e italiano, é o

maior compêndio de relógios Rolex. Realizado

por um dos maiores peritos mundiais em

relojoaria, Osvaldo Patrizzi, presidente da

leiloeira Antiquorum, conta-lhe tudo o sobre

este gigante genebrino.

• Edições Nuova Edizione • Formato 25 x 32 cm • 490 páginas

• Capa dura • € 310

TAG HEUER: MASTERING TIME

A mestria do tempo

Graças ao design inovador, ao arrojo técni-

co e a uma comunicação brilhante, a TAG

Heuer tornou-se numa das marcas de culto

dos finais do século XX. Este livro conta a

história da marca e é, simultaneamente,

uma bela homenagem à relojoaria e à cro-

nometragem desportiva.

• Por Gilbert L. Brunner e Marc Sich • Texto em Inglês ou francês • Edições Assouline

• Formato 33,5 x 26,5 cm • 232 páginas • Capa dura • € 120

ENCYCLOPÉDIE DE DIDEROT ET D’ALEMBERT

(PARIS 1751-1772)

Horlogerie et Orfèvrerie

Uma obra de referência na cultura ocidental.

Dedicado aos amantes destas duas artes,

mas também a todos os profissionais, o livro

permite descobrir as primeiras etapas e os

ensinamentos das diferentes especialidades.

A dimensão, a cor e a paginação remetem o

leitor para os ambientes da obra original.

• Por Franco Maria Ricci • Edições Scriptar • Texto em francês

• Formato 26 x 41 cm • Capa dura • € 85

DICTIONNAIRE PROFESSIONEL

ILUSTRÉ DE L’HORLOGERIE

Conhecido como Dicionário Berner, é uma

verdadeira enciclopédia consagrada à me-

dição do tempo com 4800 termos técnicos

em francês, alemão, inglês e espanhol.

Um documento de referência único no mun-

do, indispensável tanto para os entendidos

como para os amantes da melhor relojoaria.

• Por G.-A. Berner • Edições Société du Journal La Suisse Horlogère SA.

• Texto em francês • Formato 15 x 21 cm • 1150 páginas • Capa dura • € 235

L’ ANNÉE HORLOGÈRE SUISSE 2005

O ano 2005 passado em revista ao longo de

288 páginas, esta é a obra indicada para

aqueles que gostam de guardar os melhores

momentos do mundo da relojoaria. As novi-

dades e os lançamentos que marcaram o

ano, as tendências, a comunicação das mar-

cas, os indicadores económicos e os novos

mercados, nem os eventos faltam a este

anuário editado em francês.

• Por Roland Ray • Texto em francês • Edições Promoédition • Formato 25 x 30 cm

• 288 páginas • Capa dura • € 50

MUSEU INTERNACIONAL DE RELOJOARIA

Catálogo de obras escolhidas

Uma obra que apresenta uma selecção de

relógios representados no museu. Inclui cen-

tenas de fotografias de relógios e mecanis-

mos do século XVI ao XX, acompanhadas de

uma extensa explicação sobre cada peça em

destaque.

• Por Catherine Cardinal e Jean-Michel Piguet • Texto em francês • Edições Institut

l’Homme et le Temps • Formato 29 x 21 cm • 386 páginas • Capa dura • € 65

Page 145: Espiral do Tempo n.º 20

Nome: Idade:

Endereço:

C. Postal: Localidade: País:

E-mail: Tel.: Tm.: Profissão:

Pretendo encomendar os livros n.º Cheque n.º Banco:

Fotocopie este questionário e preencha-o.

Junte um cheque endereçado à Company One no valor da encomenda e envie para:

Espiral do Tempo, Departamento de Livros e Catálogos > Av. Almirante Reis, 39 > 1169-039 Lisboa > Portugal

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Espiral do Tempo 20

100 MONTRES DE LÉGENDE

Relógios de excepção

Esta obra convida-nos a uma viagem no

tempo, desvendando alguns segredos das

mais prestigiadas manufacturas relojoeiras

através de 100 relógios de excepção. Eleitos

pela sua originalidade, raridade e compli-

cação de mecanismo, conheça melhor no-

mes de referência como Breguet, Rolex,

Jaeger-LeCoultre ou TAG Heuer.

• Edições Solar • Formato 29,5 x 24,5 cm • 146 páginas

• Capa dura • € 45

L’ENCYCLOPÉDIE DES MONTRES

Saber enciclopédico

Obra que pretende revelar todas as áreas do

saber relojoeiro, desde as reflexões sobre a

natureza do tempo até ao coleccionismo, pas-

sando pelas complicações relojoeiras. Pro-

fusamente ilustrada de leitura interessante,

oferece aos apreciadores de relógios um

acréscimo de conhecimentos.

• Edição ETAI • Texto em francês • Formato 28,5 x 25 cm • 196 páginas

• Capa dura • € 85

LA FOLIE DES MONTRES

Pequeno e divertido

Um pequeno livro quadrangular de leitura

simples e rápida, com vários capítulos refe-

rentes a diversos tipos de abordagem relo-

joeira e com a ilustração de um relógio por

página. Apresenta fotografias dos relógios de

pulso mais marcantes do século xx e de

alguns modelos de excepção verdadeira-

mente raros.

• Por René Pannier • Texto em francês • Edição Flammarion • Formato 14 x 14 cm

• 384 páginas • € 30

ENCYCLOPÉDIE ILLUSTRÉE

Enciclopéida relojoeira

Obra de referência para apaixonados da relo-

joaria antiga e tradicional, um trajecto da arte

relojoeira – desde os primeiros relógios so-

lares, clepsidras e ampulhetas, aos cronóme-

tros de marinha e relógios astronómicos.

Inclui selecção de mais de 300 fotos de reló-

gios do século XVI ao XX e um glossário.

• Por Radko Kyncl • Texto em francês • Edição Grund 2001

• Formato 17 x 24,5 cm • 256 páginas • Capa dura • € 30

AU COEUR DU TEMPS

História da Nivarox

A história da Nivarox-FAR, empresa incon-

tornável no fabrico das pequenas peças que

constituem o ‘coração’ dos relógios mecâni-

cos: espiral, balanço e constituintes do escape.

A obra inclui dados históricos da relojoaria

suíça, além de pormenores sobre a

indústria do sector na zona do Arc Jurassien.

• Por Georges Nicolet • Texto em francês • Edição Nivarox-FAR

• Formato 18 x 23 cm • 146 páginas • Capa de cartão plastificado • € 30

LES MONTRES ET HORLOGES DE TABLE

DU MUSÉE DU LOUVRE

Tome II

As mais de duas centenas de relógios de

bolso e de mesa, balizados entre os séculos

XVI a XIX, analisados pela conservadora

Catherine Cardinal, compõem este segundo

volume. O catálogo com peças de diferentes

colecções, permite descobrir mais os objectos

de arte guardados no Musée du Louvre.

• Por Catherine Cardinal • Texto em francês • Edição Réunion des Musées Nationaux

• Formato 26 x 27 cm • 239 páginas • Capa dura • € 65

Page 146: Espiral do Tempo n.º 20

Dezembro, 13.40h

Durante escassos minutos tive no pulso, a título

de empréstimo feito por mão amiga, um dos 60

exemplares do ‘Vagabondage’, magnífica peça re-

lojoeira (‘realização relojoeira’ como dizem os

cognoscenti) da autoria de F.P. Journe, um dos

grandes mestres relojoeiros da actualidade, pes-

soa singular mas acessível, bom garfo e aprecia-

dor de bom vinho, como tive a oportunidade de

constatar nos encontros que com ele tive em Lis-

boa a convite do meu Amigo PT.

Janeiro, 11.45h

Da minha Mãe herdei uma incapacidade atávica

para compreender os mais elementares princípios

do funcionamento mecânico de qualquer que seja

a maquineta e, sobretudo, uma aversão primária à

leitura de manuais de instruções que as acompan-

ham, hoje transformados em espécie de Novos

Testamentos. Afinal, se a coisa foi adquirida para

fazer café, cortar a relva ou descascar batatas e é

suposto fazê-lo, não basta que tenha um ‘On’ e

um ‘Off’?! Lembrei-me de tudo isto quando após

ter ligado à corrente o televisor acabado de adqui-

rir para substituir o velhinho cuja imagem se tinha

degradado para além do aceitável antes de causar

algum descolamento da retina – qual canal 18 não

descodificado... nada, absolutamente nada, para

além do ruído e imagem de ‘chuva’. Então não é

que era preciso ler o manual de instruções do

electrodoméstico... sintonizar canais... e sei lá

mais o quê, como se eu fosse algum Engenheiro

electrónico?! Resignado, que remédio, lá li umas

quantas páginas em diagonal, saltando selectiva-

mente os múltiplos avisos para mentecaptos...

«não coma os fios que lhe podem fazer mal»;

«não instale o televisor na banheira»; e outras

introduções ao princípio das coisas... «certifique-

-se primeiro que o televisor foi retirado da caixa e

que os plásticos de protecção foram removidos...

ligue a ficha (figura 1) à tomada da corrente...». No

processo devo ter saltado mais informação do que

deveria, porque ao cabo de uma hora e tal aquilo

não ficou propriamente bem, a RTP1 no Canal 21,

a RTP2 no 14 e os outros onde lhes apeteceu, e a

minha Mãe a sentenciar do alto dos seus 90 anos

que «para (eu) fazer aquele serviço mais valia ter

deixado ficar a TV antiga». O assunto resolveu-se

passadas semanas, com um técnico, que é para

isso que eles servem.

Há casos em que a leitura dos manuais é obriga-

tória, como aprendi literalmente à minha custa (e o

meu Amigo PT frequentemente se encarrega de mo

recordar), daquela vez que resolvi acertar um ‘com-

plicações’, calendário perpétuo com cronógrafo,

fora da ‘janela de oportunidade’ recomendada no

livrinho, donde resultou que o movimento da

máquina tenha entrado em coma profundo e dele

só tenha saído meses mais tarde, na Suíça, após

substituição das peças danificadas por outras que

tiveram de ser fabricadas de propósito. Espero não

voltar a contribuir financeiramente para a susten-

tação da micro-mecânica suíça de sobressalentes.

Fevereiro, 10.25h

Retirar o invólucro de celofane de um CD traduz-

-se invariavelmente num enervante exercício de

falta-de-unhas, de falta-de-ponta por onde se

lhe pegue... e o leitor à espera da introdução do

CD, que não sai da caixa porque ela não se abre

e que quando se abre por vezes se parte pelas

dobradiças que têm uma estranha propensão para

se desencaixarem. Pior, pior, só me ocorre o mo-

delo dos envelopes colados e picotados das noti-

ficações postais da nossa inefável Administração

Fiscal.

Depois há uma vastidão de produtos de consumo

diário equipados com uma panóplia de disposi-

tivos ‘click-clack’ e ‘puxa-rasga’, de abertura supos-

tamente fácil e que não raro nos ficam nas mãos,

negando o paradigma do user friendly. Muitas

embalagens do nosso dia-a-dia continuam com-

pletamente arcaicas, de um tempo que não é o

nosso, espécie de sub-produtos da post-revolução

industrial. Um bando de eurocratas que a esta

hora pode estar reunido a pensar como regu-

lamentar o tamanho das unhas que um Europeu

UE pode ostentar, bem poderia utilizar a massa

cinzenta na criação de mecanismos conducentes à

modernização das embalagens ou, pelo menos, à

sua normalização entre os Estados, na condição

que o nivelamento fosse feito por cima. Os consu-

midores agradeceriam.

Fernando Campos Ferreira

CRÓNICA

QUOTIDIANOS

146 < ESPIRAL DO TEMPO

«Há casos em que a leitura dos manuais é obrigatória, como aprendi literalmente

à minha custa (e o meu amigo PT frequentemente se encarrega de mo recordar)»

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