Epilepsias e Crises Epilépticas
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Adolfo Gabriel Ricardo da CostaAdolfo Gabriel Ricardo da CostaAcadêmico 4º ano – Medicina FamemaAcadêmico 4º ano – Medicina Famema
Ambulatório Neurovascular- Prof. Dr. Milton Ambulatório Neurovascular- Prof. Dr. Milton MarchioliMarchioli
Crises Epilépticas - Eventos clínicos que
refletem disfunção temporária de um conjunto de neurônios de parte do encéfalo (crises focais) ou de área mais extensa envolvendo os dois hemisférios cerebrais (crises generalizadas).
Epilepsia – Grupo de doenças que tem em comum crises epilépticas que recorrem na ausência de condição tóxico-metabólica ou febril.
CONCEITO
EPIDEMIOLOGIA
Aproximadamente 100 milhões de pessoas terão epilepsias em algum momento de suas vidas e 5% da humanidade terá pelo menos uma crise epiléptica durante a vida (o que também não é epilepsia).
Prevalência – 2% nos países em desenvolvimento, ou seja, supõe-se que no Brasil existam mais de 3 milhões de pessoas com epilepsia.
Nos países desenvolvidos, espera-se que 1% da população desenvolva epilepsia até os 20 anos de idade e mais de 3% deverão ter epilepsia aos 80 anos.
EPIDEMIOLOGIA
A incidência anual de epilepsia apresenta um comportamento bimodal, isto é, com dois picos, sendo um deles no início da vida e outro após os 55 anos (atingindo seu máximo aos 75 anos, 139/100.000 habitantes).
Nos países em desenvolvimento, a tendência dos últimos anos sugere que a frequência dos casos novos em crianças diminua e, na população idosa, aumente.
Faixa etária Prevalência
(anos) 1000/hab. IC 95%
0 a 4 4,9 3,9 – 6,0
5 a 14 11,7 10,0 – 13,3
15 a 64 20,3 18,2 – 24,4
65 ou mais 32,8 30,1 – 35,4
Total 18,6 16,6 – 20,6
*Valor de p<0,001
Prevalência da epilepsia segundo as faixas etárias na cidade de São José do Rio Preto, São Paulo.Tabela de Borges MA, et al (2004).
Descarga elétrica anormal excessiva e
transitória das células nervosas, resultante de correntes elétricas que são fruto da movimentação iônica através da membrana celular (Na e Cl extracelular, além de K intracelular).
As crises podem decorrer de membranas neuronais anormais ou de desequilíbrio entre influências excitatórias e inibitórias (proteínas nas membranas e ação de neurotransmissores, como os aminoácidos excitatórios).
FISIOPATOLOGIA
A marca registrada do neurônio epiléptico nos
modelos experimentais de epilepsia é a despolarização de membrana (PSD, paroxysmal depolarization shift).
Não se sabe como ocorre a interrupção da crise, havendo evidências de que agentes endógenos, como a noradrenalina ou adenosina, tenham propriedades anticonvulsivantes.
FISIOPATOLOGIA
Crises parciais ou focais são aquelas onde as
primeiras manifestações clínicas e eletroencefalográficas indicam ativação de um sistema neuronal limitado à parte de um hemisfério cerebral.
Consciência = capacidade de responsividade e percepção consciente.
O que distingue a crise parcial simples da complexa é o comprometimento da consciência na última, além de envolvimento hemisférico bilateral na crise parcial complexa.
DEFINIÇÕES
A classificação das epilepsias baseia-se em:
1. Semelhança em relação ao tipo de crise2. Idade de início3. Sinais clínicos ou neurológicos associados4. Histórico familiar5. Achados eletroencefalográficos6. Prognóstico
DEFINIÇÕES
Idiopática: epilepsias transmitidas geneticamente, com maior expressão em determinadas faixas etárias.
Sintomáticas: epilepsias cujas etiologias são identificadas.
Criptogênicas: epilepsias de base orgânica presumível, sem que se esclareça a etiologia.
DEFINIÇÕES
Crises parciais (ou focais)
I. Crises parciais simples (CPS)II. Crises parciais complexas (CPC)III. Secundariamente generalizada
Crises generalizadas (desde o início) Crises não classificáveis (informações
incompletas ou inadequadas)
CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES EPILÉPTICAS
Síndromes e epilepsias localizadas (locais,
focais, parciais)I. Idiopática (início relacionado à idade)II. SintomáticaIII. Criptogênica
Síndromes e epilepsias generalizadasI. Idiopática (início relacionado à idade)II. Criptogênica ou sintomática
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS EPILEPSIAS E SÍNDROMES
EPILÉPTICAS
Síndromes e epilepsias indeterminadas, focais
ou generalizadasI. Com crises focais e generalizadasII. Sem inequívocas características focais ou
generalizadas Síndromes especiais
I. Crises circunstanciais
CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS EPILEPSIAS E SÍNDROMES
EPILÉPTICAS
Crises agudas (doença ativa) ou remotas (anormalidade cerebral resultante de agressão prévia: quadro sequelar)
Fatores genéticos e perinataisDistúrbios do desenvolvimentoDoenças infecciosasFatores tóxicosTrauma ou agentes físicosDistúrbios vasculares, metabólicos e nutricionaisDoenças degenerativas e heredofamiliares
ETIOLOGIA
Diagnóstico é clínico (o EEG é o principal
armamentário diagnóstico, sendo um exame complementar muito informativo)
EletroencefalogramaI. O EEG deve dar apoio ao diagnóstico em
pacientes com histórico clínico sugestivo de crises epilépticas e ajudar na classificação das crises e epilepsias.
II. O EEG também serve para estabelecer o diagnóstico de epilepsias, diferenciando de outras condições, além de monitorar a evolução em algumas formas de epilepsias.
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Neuroimagem
I. Tomografia computadorizada (TC): pode detectar grande parte dos tumores, malformações arteriovenosas, malformações cerebrais extensas, acidentes vasculares, lesões infecciosas, lesões calcificadas (neurocisticercose) e lesões ósseas.
II. Ressonância nuclear magnética (RNM): permite o diagnóstico de muitas lesões não detectadas na TC, como atrofia hipocampal (esclerose mesial temporal) e malformações de desenvolvimento cortical (displasia cortical focal) --- exame de escolha!
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
O tratamento tem como normais gerais:
I. Ser prolongado (meses a anos)II. Uso inicial: monoterapiaIII. Deve ser aumenta de maneira lenta até atingir a
dose mínima eficaz ou surgirem efeitos adversos;
IV. Nunca deve ser retirada abruptamente uma droga antiepiléptica (DAE)
V. Efeitos adversos sistêmicos ou neurotóxicos, o que justifica monitoração clínica e laboratorial (controle hematológico-hepático 3 a 6m após o início do tratamento e anualmente, quando o indivíduo estiver assintomático)
TRATAMENTO
Critérios de seleção do DAE:
I. EficáciaII. Perfil de eventos adversosIII. Propriedades farmacocinéticasIV. Formulações disponíveisV. Custo
A característica das DAE de interferirem uma no metabolismo da outra (sistemas enzimáticos) é a principal responsável pela maior incidência de efeitos colaterais tóxicos e pouca eficácia do controle das crises com esquemas politerápicos.
TRATAMENTO
Tratamento com DAE
Bem controlado (70%)
Controle Insatisfatório (30%)
Tratamento com 2 ou 3 DAE
Controle insatisfatório 15 – 25%
Controle aceitável 5 – 15%
Novas DAE 5 – 10%
Refratário a todas 10%
Cirurgia de epilepsia 5 – 10%
Deve-se informar sobre condição, etiologia,
expectativa do tratamento, aspectos inerentes à qualidade de vida e importância da adesão ao tratamento proposto.
Impacto do diagnóstico depende, além das características de personalidade, da idade em que ocorre, sendo diferente em infância, adolescência, adultos jovens, sexo feminino e idosos.
PROGNÓSTICO