Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

27
Email para tirar dúvidas: [email protected] Dinâmica das pirâmides etárias I) Estrutura Etária 1. Introdução Jovens (do nascimento até 19 anos), adultos (de 20 até 59 anos) e idosos ou terceira idade (de 60 anos em diante) são as três faixas em que se costuma dividir a estrutura etária (por idades) de uma população. Podemos representar a estrutura etária de uma população por meio de um gráfico denominado pirâmide etária. Esse gráfico fornece informações das faixas etárias e da proporção dos sexos em cada faixa; um lado do gráfico representa as pessoas do sexo masculino e o outro, as do sexo feminino. Cada degrau da pirâmide representa uma geração ou uma faixa de idades, cujo intervalo pode ser de um, dois ou mais anos. Esse gráfico, portanto, representa as faixas de idade e os dois gêneros, masculino e feminino, de uma população. Nos países jovens, onde as taxas de natalidade e de mortalidade são elevadas, esse gráfico tem o formato de um triângulo ou uma pirâmide típica, com uma base bem larga (o que indica elevada proporção de crianças) e um topo estreito (por causa da pequena percentagem de idosos na população total). Nos Estados desenvolvidos, onde as taxas de natalidade e de mortalidade são baixas — além da elevada expectativa de vida —, esse gráfico já não se assemelha mais a uma pirâmide, mas a um retângulo na vertical, com uma proporção de idosos praticamente igual ou superior à de crianças. Com o tempo — mesmo que em alguns casos isso leve ainda algumas décadas —, praticamente todos os países deixarão de ser jovens, no sentido de predomínio da faixa etária com menos de 19 anos de idade. Isso porque, até mesmo nos Estados mais pobres, a tendência é haver diminuição das taxas de mortalidade e de natalidade e um aumento da expectativa de vida, o que leva a um progressivo envelhecimento da população. Por isso, a expressão "pirâmide etária" vai perdendo a razão de ser. Ela foi criada há cerca de um século, em uma época em GEO. HUMANA II – ESTRUTURA ETÁRIA-SETORIAL E MIGRAÇÕES 3ª EM PROFESSOR(A): SAUL ALUNO(A): DATA:___/____/_____ SÉRIE/ANO TURMA: As nações que possuem, há várias décadas, baixos índices de natalidade e mortalidade e uma expectativa de vida elevada — caso dos países capitalistas desenvolvidos e de uma parte dos ex–"socialistas" (Hungria, República Tcheca e outros) — têm a maioria de sua população na faixa etária dos adultos (entre 55% e 60% do total); a percentagem de idosos é relativamente alta (mais de 15%); e a faixa dos jovens geralmente está abaixo dos 30% do total da população. Os países subdesenvolvidos, especialmente aqueles com baixa expectativa de vida, apresentam uma maioria de população jovem (50% ou mais), e a faixa dos idosos é muito

Transcript of Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

Page 1: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

Email para tirar dúvidas: [email protected]

Dinâmica das pirâmides etárias

I) Estrutura Etária1. Introdução

Jovens (do nascimento até 19 anos), adultos (de 20 até 59 anos) e idosos ou terceira idade (de 60 anos em diante) são as três faixas em que se costuma dividir a estrutura etária (por idades) de uma população.

Podemos representar a estrutura etária de uma população por meio de um gráfico denominado pirâmide etária. Esse gráfico fornece informações das faixas etárias e da proporção dos sexos em cada faixa; um lado do gráfico representa as pessoas do sexo masculino e o outro, as do sexo feminino. Cada degrau da pirâmide representa uma geração ou uma faixa de idades, cujo intervalo pode ser de um, dois ou mais anos. Esse gráfico, portanto, representa as faixas de idade e os dois gêneros, masculino e feminino, de uma população.

Nos países jovens, onde as taxas de natalidade e de mortalidade são elevadas, esse gráfico tem o formato de um triângulo ou uma pirâmide típica, com uma base bem larga (o que indica elevada proporção de crianças) e um topo estreito (por causa da pequena percentagem de idosos na população total). Nos Estados desenvolvidos, onde as taxas de natalidade e de mortalidade são baixas — além da elevada expectativa de vida —, esse gráfico já não se assemelha mais a uma pirâmide, mas a um retângulo na vertical, com uma proporção de idosos praticamente igual ou superior à de crianças.

Com o tempo — mesmo que em alguns casos isso leve ainda algumas décadas —, praticamente todos os países deixarão de ser jovens, no sentido de predomínio da faixa etária com menos de 19 anos de idade. Isso porque, até mesmo nos Estados mais pobres, a tendência é haver diminuição das taxas de mortalidade e de natalidade e um aumento da expectativa de vida, o que leva a um progressivo envelhecimento da população. Por isso, a expressão "pirâmide etária" vai perdendo a razão de ser. Ela foi criada há cerca de um século, em uma época em que até os países desenvolvidos tinham grande proporção de jovens no seu efetivo demográfico — e, portanto, esse gráfico tinha formato piramidal para todas as nações, o que já deixou de ser verdadeiro para uma boa parte delas. 2. PIRÂMIDES ETÁRIAS – Elementos, faixas etárias, perfil, análise, comparação e

evoluçãoSão gráficos que representam a população de acordo com a idade e o sexo. Ao analisar

uma pirâmide etária, devemos observar o seguinte:

I. Elementos

GEO. HUMANA II – ESTRUTURA ETÁRIA-SETORIAL E MIGRAÇÕES

3ª EMPROFESSOR(A): SAUL

ALUNO(A):

DATA:___/____/_____SÉRIE/ANO

TURMA:

As nações que possuem, há várias décadas, baixos índices de natalidade e mortalidade e uma expectativa de vida elevada — caso dos países capitalistas desenvolvidos e de uma parte dos ex–"socialistas" (Hungria, República Tcheca e outros) — têm a maioria de sua população na faixa etária dos adultos (entre 55% e 60% do total); a percentagem de idosos é relativamente alta (mais de 15%); e a faixa dos jovens geralmente está abaixo dos 30% do total da população.

Os países subdesenvolvidos, especialmente aqueles com baixa expectativa de vida, apresentam uma maioria de população jovem (50% ou mais), e a faixa dos idosos é muito reduzida (nunca chega a 10% e, às vezes, nem a 5% do total).

Page 2: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

a base representa a população jovem; o corpo corresponde à população adulta; o ápice mostra a população senil; à direita são representadas as mulheres, e, à esquerda, os homens; no eixo vertical estão representadas as idades e no eixo horizontal, o número de

habitantes. II. Faixas etárias

ESTRUTURA ETÁRIA DA POPULAÇÃO (CLASSIFICAÇÕES MAIS UTILIZADAS)Faixa Etária Intervalos de idade

A B CJovens Adultos Velhos

0 a 1415 a 5960 e mais

0 a 1415 a 6465 a mais

0 a 1920 a 5960 e mais

III. Perfil O perfil de uma pirâmide etária pode ser alternado em função dos seguintes fatores:

Principais Secundários :

IV. AnáliseAlterações demográficas que podemos observar analisando a evolução de uma pirâmide

etária:a. volume total da população absoluta;b. proporção entre:

os sexos; as faixas etárias.

c. mão-de-obra disponível para o mercado de trabalho no futuro;d. evolução:

da expectativa de vida; do crescimento vegetativo.

e. encargos sócio-econômicos bancados pelos adultos em relação: aos jovens; aos velhos.

f. deformações causadas por guerras, epidemias etc.V. Comparação

Países

Países Crescimento vegetativo

Taxa de natalidade

Expectativa de vida

Base da pirâmide

Ápice da pirâmide

Desenvolvidos Baixo Baixa AltaMenos larga do que os subdesenvolvidos.

Menos estreita do que os subdesenvolvidos.

Subdesenvolvidos Alto Alta Baixa

Mais larga do que os desenvolvidos.

Mais estreita do que os desenvolvidos.

2

Os países desenvolvidos antigos tem um percentual de jovens menor ainda do que os desenvolvidos recentes. E um percentual de idosos maior do que os recentes.

Os países subdesenvolvidos não–industrializados tem um percentual de jovens maior do que os industrializados. E um percentual de idosos menor do que os países subdesenvolvidos industrializados.

Page 3: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

VI. Pirâmides mostrando as principais etapas na evolução demográfica

Evolução Relação jovens x adultosA: em expansão % J > % AB: em declínio % A > % JC: estável % J % AD: estável com efeito de guerra com deformação

3. PIRÂMIDES ETÁRIAS DO BRASIL O processo de modernização (urbanização – industrialização) ocorrido no Brasil ao longo

das quatro últimas décadas acarretou significativas alterações na estrutura etária da população brasileira. A principal alteração foi a diminuição do percentual de jovens, devido à redução das taxas de natalidade, e o aumento do percentual de adultos e idosos, devido ao aumento da expectativa de vida.

As modificações ocorridas na estrutura etária da população brasileira nas últimas décadas alteraram, de modo significativo, a pirâmide etária do Brasil. Ela se distanciou das pirâmides dos países subdesenvolvidos e se aproximou das pirâmides dos países desenvolvidos.

A pirâmide etária do Brasil vem perdendo largura na base (queda da taxa de natalidade) e ganhando largura no ápice (aumentando a expectativa de vida). No futuro poderemos ter uma carência de mão de obra (redução de jovens) e já temos maiores gastos com aposentadoria (aumento nos idosos).

O Brasil não é mais um país de população jovem. A maior parte da nossa população já e constituída de adultos.

Nas últimas décadas, aumentou o percentual de idosos e adultos e diminuiu a percentagem de jovens, pois, em 1950, a distribuição era a seguinte: idosos, 4,6%; adultos. 43,1%; e jovens, 52,3%. Essa mudança se deveu à diminuição das taxas de mortalidade e de natalidade e ao aumento da expectativa de vida, fatos já analisados anteriormente.

Dessa forma, podemos dizer que o Brasil se encontra no final do estágio de transição de país jovem para maduro. Ele ainda não pode ser considerado plenamente um "país maduro", como os países desenvolvidos, mas caminha a passos rápidos nessa direção. Todavia, a proporção de idosos no total população (8,9%) ainda é pequena em comparação a países como Japão (26,3%), Suécia (23,5%) ou Estados Unidos (16,9%); ela é mais semelhante à maioria dos Estados subdesenvolvidos.

Observe três pirâmides de idades do Brasil: uma de 1980, outra de 2000 e a de 2010. Elas demonstram um progressivo amadurecimento populacional nas últimas décadas: a de 1980 constitui uma típica pirâmide etária de país jovem; a de 2000 já sinaliza um avançado estágio de transição; e a de 2010 evidencia uma população não mais jovem, na qual há

3

Page 4: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

considerável percentagem de idosos e uma menor proporção de crianças.

Veja dados bem atuais do censo-2010

Os dados do Censo 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indicam que, no máximo 40 anos, a pirâmide etária brasileira será semelhante à da França atual. O país terá taxa de natalidade mais baixa e, com isso, média de idade maior. Há 50 anos, o país tinha o mesmo perfil etário do continente africano hoje: muitos jovens e crianças. Desde então, a população do país cresce em ritmo cada vez mais lento.

De acordo com o IBGE, a expansão demográfica média anual foi de apenas 1,17% nos últimos dez anos, ante 1,64% na década anterior. Nos anos 60, era de 2,89%.

A população do país deve continuar a crescer por mais duas gerações até os anos 2030. Depois, deve estacionar ou até diminuir.

O país deve começar a se preparar para as transformações que já acontecem em países como a França. Temos a oportunidade de antecipar discussões como a da reforma da Previdência. Com um número de pessoas em idade ativa menor do que o de idosos, a solvência do sistema ficará ameaçada. Porém, até atingir esse estágio, o país será beneficiado pelo chamado “bônus demográfico”, caracterizado pela maior presença de adultos na sociedade. O predomínio da população produtiva vai dar condições de minimizar o impacto do envelhecimento nas contas públicas.

A redução do número de crianças deve permitir ao país melhorar acesso e qualidade da educação sem aumentar muito os investimentos. Haverá também transformações no mercado de produtos e serviços. Com mais adultos e idosos, são esperadas mudanças nos serviços de saúde, na construção civil e até em lazer.

O país vai ter cada vez mais idosos levando vida ativa. A economia vai ter que se adaptar às novas necessidades de consumo dessa população.

4

Page 5: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

ATENÇÃO!!!! Envelhecimento da população do BrasilA tendência de envelhecimento da população brasileira reflete-se no sistema

previdenciário e na dinâmica do mercado de trabalho. Houve aumento da taxa de atividade(porcentagem da PEA em relação ao total de população) decorrente do aumento da população adulta. O tempo de contribuição era de 30 anos para os homens e 25 anos para as mulheres em 1991, e em 1998 passou para 35 anos homens e 30 para as mulheres, com diminuição de 5 anos para trabalhadores rurais nos casos de aposentadoria por idade e de aposentadoria por tempo de contribuição.

Estrutura ocupacional e setorial1. P.E.A P.E.I

Do ponto de vista ocupacional, a população de um país pode ser dividida em dois grandes grupos:

População economicamente ativa (PEA) – constituída pelas pessoas de 10 ou mais anos de idade que estão empregadas ou que estão à procura de emprego. Nos países desenvolvidos, a base para o cálculo da PEA é 15 anos de idade ou mais, pois nesses países as pessoas em geral frequentam a escola até os 15 anos.

População economicamente inativa (PEI) – representada pelas pessoas que não estão empregadas (crianças, estudantes, aposentados etc.) ou que não exercem atividade econômica remunerada (donas-de-casa etc.). Sob o ponto de vista econômico, a parcela da população, que é economicamente inativa requer grandes investimentos sociais (escolas, aposentadoria etc.).

2. SETORES DE PRODUÇÃO

As atividades econômicas geralmente são classificadas em três setores: Setor primário – que compreender a agricultura, a pecuária e o extrativismo; Setor secundário – que compreende as atividades industriais (indústria de

transformação, indústria mineradora e construção civil); Setor terciário ou de prestação de serviços – compreende o comércio, os

bancos, o funcionalismo público, os transportes, a educação, a propaganda etc. Esse setor complementa os dois primeiros, pois permite ou induz ao consumo dos produtos e exerce um papel fundamental no aumento da produtividade.

Nota: Em muitos países de grande tecnologia é usado o setor quaternário. O setor quaternário é o setor dos serviços relacionados à informação e à pesquisa. Abrange as atividades intelectuais da tecnologia, como geração e troca de informação, educação, pesquisa e desenvolvimento e a alta tecnologia em si, anteriormente incluídas no setor terciário como serviços. Este setor se destaca, principalmente, nos países desenvolvidos uma vez que necessita de mão de obra preparada tecnologicamente. Países como Coréia do Sul, Japão, EUA e Inglaterra estão nas mais altas posições.Atenção – Diferenças entre Primeiro Setor, Segundo Setor e Terceiro Setor

O primeiro setor é o governo, que é responsável pelas questões sociais. O segundo setor é o privado, responsável pelas questões individuais. Com a falência do Estado, o setor privado começou a ajudar nas questões sociais, através das inúmeras instituições que compõem o chamado terceiro setor. Ou seja, o terceiro setor é constituído por organizações sem fins

5

Page 6: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público. Em resumo:A organização de uma sociedade constituída comporta três âmbitos ou setores, a saber:1º) O Primeiro Setor corresponde à emanação da vontade popular, pelo voto, que confere o poder ao governo;2º) O Segundo Setor corresponde à livre iniciativa, que opera o mercado, define a agenda econômica usando o lucro como instrumento;3º) O Terceiro Setor corresponde às instituições com preocupações e práticas sociais, sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, tais como: ONGs, instituições religiosas, clubes de serviços, entidades beneficentes, centros sociais, organizações de voluntariado etc.

Seria enganoso achar que somente o primeiro e o segundo setores operam com dinheiro, como se o terceiro setor pudesse renunciar a este instrumento. O que caracteriza cada setor em face dos recursos financeiros é o seguinte:- Primeiro Setor: dinheiro público para fins públicos;- Segundo Setor: dinheiro privado para fins privados;-Terceiro Setor: dinheiro privado para fins públicos (nada impede, todavia, que o poder público destine verbas para o Terceiro Setor, pois é seu dever promover a solidariedade social). Este setor movimenta mais de um trilhão de dólares por ano, o que o coloca na posição de oitava economia mundial, se comparado ao PIB das nações mais ricas.

NOTAS DO PROFESSOR:I. Atualmente, com a revolução tecnocientífica, existe ume tendência em redividir os setores

de atividade econômica em quatro, incluindo, além dos três citados, o setor quaternário, que abrange a pesquisa de alto nível (biotecnologia, robótica, aerospacial etc.) desenvolvida em universidades, laboratórios e empresa.

II. Os setores Primário e Secundário compõem a esfera da produção de bens. O Setor Terciário compõe a esfera da circulação de bens, serviços e informações. O processo de desenvolvimento econômico, sob o impulso da expansão da produtividade, expressa–se nas contínuas transferências da PEA dos setores dedicados à produção para o setor dedicado à circulação.

III. A proporção da população ativa empregada no Setor Primário é um dos principais indicadores do estágio de desenvolvimento das economias nacionais. Nos países desenvolvidos, a parcela da PEA absorvida pela agropecuária é sempre inferior a 10%. No extremo oposto, a maior parte dos países da África e da Ásia meridional apresenta estruturas setoriais dominadas pelas atividades agropecuárias. Na América Latina, de modo geral, aparecem estruturas setoriais ainda marcadas pelo peso do emprego no Setor Primário.

IV.O setor secundário era considerado o mais importante pelo menos até os anos 1970, no auge da Segunda Revolução Industrial. Tradicionalmente, ele é considerado o que indica o peso da indústria na economia do país. Assim, todo país muito industrializado já chegou a ter um mínimo de 30% de sua população economicamente ativa no setor secundário. Com a Terceira Revolução Industrial em andamento, acompanhada por intensa robotização (substituição de mão de obra por robôs, algo muito mais intenso nas fábricas), essa percentagem vem diminuindo bastante nos países desenvolvidos. Muitas profissões importantes até os anos 1970 — como inúmeras do setor metalúrgico, por exemplo — hoje em dia estão em via de extinção, pois as máquinas já fazem o serviço melhor que os trabalhadores com nenhuma ou pouca especialização, e o produto final, na maioria dos casos, sai até mais barato.

V. O setor terciário é o mais complexo e problemático dos três, pois é muito amplo, engloba atividades muito diversas e, às vezes, até discrepantes, tanto atividades modernas (setor financeiro, firmas que elaboram programas para computadores, assessorias diversas, universidades, etc.) quanto atividades tradicionais (camelos, biscateiros, subempregados). Nos países desenvolvidos, esse setor é grande e vem crescendo cada vez mais: nos Estados Unidos, por exemplo, empregava 60% da população economicamente ativa em 1980 e 75,6% em 2005; no Reino Unido, empregava 57% da força de trabalho total em 1980 e 78% em 2005. O terciário é o setor do futuro (já do presente em muitos países), que deverá empregar a maioria da população mundial no decorrer do século XXI, pois o meio rural moderno necessita de pouca mão de obra e o setor industrial vem sendo robotizado. Mas o setor terciário é muito complexo e diversificado, abrangendo inúmeras atividades diferentes.

VI.Generalizando, podemos afirmar que, nos países desenvolvidos, o setor terciário é constituído por pessoas muito especializadas, geralmente com curso superior. Nos países subdesenvolvidos, coexistem um setor terciário moderno e um arcaico, fruto de intenso crescimento urbano sem a geração de empregos no mesmo ritmo. Isso ocasionou uma série

6

Page 7: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

de atividades denominadas subemprego, como os "guardadores de carro" nas ruas, os "vendedores de semáforos" (que fazem seus pontos nos semáforos), os diversos tipos de vendedores ambulantes, os camelos, os biscateiros, etc. Esse fato, denominado hipertrofia do setor terciário, vem aumentando consideravelmente no Brasil.

3. ALTERAÇÕES NOS SETORES DE PRODUÇÃOAs transformações de uma economia alteram a distribuição da população

economicamente ativa pelos setores primário, secundário e terciário. Seu estudo fornece uma “radiografia” da economia e, entre vários elementos, a mobilidade da força de trabalho de um setor para outro, permitindo uma análise da estrutura econômica e de suas tendências.

Entre os fatores que causam alterações na estrutura da população segundo os setores de produção, podem-se destacar: a industrialização; a urbanização; a modernização do setor primário, como, por exemplo, a mecanização da agricultura e as

mudanças nas relações de trabalho no campo; expansão no setor de serviços; avanço tecnológico (Terceira Revolução Industrial) no setor secundário (diminui a

necessidade de mão de obra); pressão demográfica no campo (péssima distribuição das terras no campo e muita mão de

obra ociosa no meio rural).4. DESEMPREGO: CONJUNTURAL ESTRUTURAL

O desemprego é classificado em duas categorias: conjuntural e estrutural. Quando a conjuntura econômica é desfavorável – recessão econômica, desemprego elevado, redução nos índices de consumo , muitos trabalhadores são dispensados de seus postos, mas os empregos podem ser recuperados, caso a situação econômica melhore, por meio de investimentos para a criação de novos postos de trabalho. Usando outro exemplo, uma seca prolongada, uma forte geada, ou qualquer outra adversidade que provoque redução da produção agrícola faz com que um número menor de pessoas seja empregado no setor. Caso a produção volte a crescer, o número de postos também aumentará. Esse é o desemprego conjuntural.

Já o desemprego estrutural é provocado pelo desenvolvimento de novas tecnologias, que extinguem definitivamente muitos postos de trabalho. A robotização e a informatização, por exemplo, substituem os trabalhadores por máquinas em indústrias e bancos. Nessas situações, os postos de trabalho estão estruturalmente extintos e determinadas funções deixam de existir.5. TERCEIRIZAÇÃO DA ECONOMIA

Consiste no repasse de atividades de produção consideradas não estratégicas pelas grandes corporações a outras empresas, que devem realizadas dentro dos padrões de qualidade impostos pela contratante, com a finalidade principal de baixar os custos e melhorar os serviços.Aspectos positivos:

a) gera a desburocratização;b)alivia a estrutura organizacional;c)proporciona melhor qualidade na prestação de serviços, contribuindo para a melhoria do produto final;d)traz mais especialização na prestação de serviços;e)proporciona mais eficácia empresarial;

f)aumenta a flexibilidade nas empresas;g)proporciona mais agilidade decisória e administrativa;h)simplifica a organização;i)incrementa a produtividade;j)tem como uma das suas consequências a economia de recursos: humanos, materiais, de instrumental, de equipamentos, econômicos e financeiros.

Aspectos negativos:a)aumento do risco a ser administrado; b)dificuldade no aproveitamento dos empregados já treinados; c)demissões na fase inicial; d)falta de parâmetros de preços nas contratações iniciais; e)desgaste na relação com sindicatos; f)má escolha de parceiros; g)má administração do processo; h)aumento da dependência de terceiros.

ATENÇÃO!!!!!! A Índia : destaque mundial em terceirização de serviçosNa década de 2000, nenhum país se destacou tanto como a Índia no campo da

7

Page 8: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

terceirização de serviços. Muitos serviços de telemarketing, agendamentos de passagens aéreas e informações de empresas que operam nos EUA são realizados por indianos, do outro lado do mundo. Para as empresas de informática e telecomunicações, os funcionários com perfil dos indianos apresentam grandes vantagens. Eles falam inglês com fluência, têm bom treinamento na área de tecnologia e, principalmente, aceitam salários muito baixos.ATENÇÃO!!! Relações de trabalho no mundo globalizado

- globalização da economia gera maior concorrência entre as empresas: disputa pelo mercado em escala global;- concorrência gera melhorias na qualidade do produto e queda do preço, porém pode provocar mudanças na relação de trabalho, que muitas vezes é prejudicial aos trabalhadores;- uma dessas mudanças é a necessidade de fazer uma reestruturação das empresas: mudanças – organização, gerenciamento e inovações tecnológicas;- reestruturação das empresas envolve:1)Reengenharia – reorganização da empresa: mudanças para torná-la mais competitiva, estabelecimento de metas e com o objetivo de reduzir custos e uma oferta mais eficiente de seus produtos;2)Terceirização a) uma empresa contra outra, denominada terceira;b) redução de custos:c) a empresa mantém o foco em sua atividade econômica principal; d) exemplos: empresas que prestam serviços no setor de limpeza e fornecimento de alimentos.- a reestruturação tem como objetivos principais tornar as empresas mais flexíveis e competitivas;- nesse processo as empresasse equipam para que possam manter e ampliar suas margens de lucros, o que tem contribuído para o aumento do desemprego e precarização das relações de trabalho. Veja algumas formas de precarização:a)subcontratação e subempregob)aumento do trabalho informal;c)aumento da rotatividade ou mobilidade de mão de obra;- de maneira geral, as mudanças decorrentes da reestruturação empresarial causaram a flexibilização das relações de trabalho e a redução de custos para a empresa, e se adequaram à globalização econômica. 6. ECONOMIA INFORMAL E SUBTERRÂNEA

A economia informal corresponde ao conjunto de atividades não regulamentadas, sem carteira assinada e muitas vezes sem acesso aos direitos trabalhistas. Fazem parte os trabalhadores que não participam do sistema tributário – não pagam impostos (economia subterrânea)

7. REALIDADE DO MUNDO DESENVOLVIDO: TERCIARIZAÇÃO DA ECONOMIA

Predomínio da PEA no Terciário: cresceu e desenvolveu8. DA INDÚSTRIA PARA OS SERVIÇOS

8

Page 9: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

Nos países desenvolvidos, a modernização da economia rural começou no século XIX, acompanhando a Revolução Industrial. A revolução nas técnicas agrícolas expeliu força de trabalho para as cidades, onde se constituíram os mercados consumidores que alicerçaram o desenvolvimento da indústria, do comércio e dos serviços. Os países desenvolvidos se encontram, em geral, nos níveis mais elevados de urbanização.

Atualmente, com raras exceções, a modernização da economia rural já se completou. O Setor Primário apresenta uma absorção mínima de força de trabalho. A estrutura setorial dos países desenvolvidos é típica: todos apresentam amplo predomínio do Setor Terciário na absorção da população ativa. Essa estrutura corresponde a economias pós-industriais estabelecidas em sociedades de consumo.

Nos países desenvolvidos, o predomínio do Setor Terciário reflete um estágio da economia marcado pela enorme importância das atividades financeiras e comerciais e pela prestação de serviços especializados. O elevado poder aquisitivo do mercado estimula e sustenta o conjunto dessas atividades, ligadas à circulação de mercadorias e de serviços. Nesses países, a expansão do Setor Terciário concentra-se em atividades baseadas na elevada qualificação do trabalho e em tecnologias modernas — e não no pequeno comércio nem nos serviços domésticos e pessoais tradicionais.

O percurso histórico até essa estrutura de distribuição setorial da PEA exigiu, antes de tudo, uma contínua transferência de força de trabalho do Setor Primário para os setores Secundário e Terciário.

Mais tarde, processou-se a transferência de força de trabalho do Setor Secundário para o Setor Terciário, que prossegue sob o impulso da revolução tecnocientífica.

9. REALIDADE DO MUNDO SUBDESENVOLVIDO: HIPERTROFIA DO TERCIÁRIO

10. BRASILBRASIL: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO ATIVA POR SETORES DE ATIVIDADE (%)Setor 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2012PrimárioSecundárioTerciário

70,210,019,8

60,713,126,2

54,012,733,3

44,217,838,0

29,025,046,0

22,523,054,5

24,219,356,5

14,2 22,7 63,1

Setor primário: por causa dos processos de mecanização das lavouras e da concentração fundiária, um grande número de trabalhadores rurais deixou o campo, dirigindo-se para as cidades em busca de emprego na indústria, no comércio e na prestação de serviços.

Setor secundário: cresceu substancialmente até o final da década de 1970, quando passou a perder trabalhadores, em especial para o setor terciário, devido principalmente à automação das linhas de produção e mais recentemente à concorrência com produtos industrializados importados, o que fez aumentar o desemprego no setor.

Setor terciário: é o que mais vem absorvendo a PEA tanto de trabalhadores rurais quanto de trabalhadores urbanos, principalmente nas atividades informais. É um setor hipertrofiado, subterrâneo (muitos não pagam impostos) e com excesso de mão de obra desqualificada.

11. EXPANSÃO DO SETOR INFORMAL DO BRASIL Uma das consequências do crescimento das taxas de desemprego no Brasil foi a

expansão do chamado setor informal da economia. Também as migrações rural-urbanas contribuíram para a expansão desse setor, que se concentra basicamente nas grandes e médias cidades. Denomina-se economia informal — geralmente situada no comércio e nos serviços, isto é, no setor terciário — aquela que se encontra à margem da legalidade: pessoas que não possuem carteira de trabalho assinada nem pagam a contribuição social do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social); firmas que não possuem os documentos necessários e não recolhem impostos. Isso não quer dizer que é um setor que pratica o crime, tal como o narcotráfico, que também é uma forma de economia informal, embora bastante diferente das

9

Page 10: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

demais.São pessoas ou famílias — e também pequenos grupos de pessoas que, em conjunto,

montam uma firma — que não conseguem ou não querem atividades ou empregos formais e vivem na informalidade, como vendedores de sanduíches ou doces nos seus carros utilitários, motoristas de vans que transportam grupos de pessoas, barracas de comércio nas ruas, prestadores de serviços diversos (eletricistas, encanadores, pedreiros, técnicos de computador, professores de idiomas, tradutores, etc.) sem registro nem recibo legal (isto é, com o número de inscrição no imposto de renda da pessoa ou firma), empregados domésticos não registrados, etc.

Segundo dados de 2005, cerca de 56% dos trabalhadores brasileiros — isto é, da população ocupada — não possuem registro em carteira de trabalho, o que significa que estão na informalidade. É uma percentagem assustadora, bem maior que no passado e que indica que eles também não contribuem para a Previdência Social. E o pior é que essa percentagem tende a aumentar cada vez mais: uma pesquisa de 2003 na Grande São Paulo, por exemplo, mostrou que para cada 100 novos empregos gerados, 77 deles eram na informalidade.

A expansão da economia informal no Brasil decorre de várias causas. Uma delas são as mudanças no mercado de trabalho, com a robotização, a informatização, a terceirização e a eliminação de uma boa parte dos empregos no setor formal. Outra é o medíocre desempenho da economia nacional, que não tem gerado empregos em número suficiente. Outra ainda é que uma grande parte dos empregos formais exige uma qualificação cada vez maior dos candidatos — certo grau de estudos ou alguma especialização. E, por fim, existe a questão do excesso de impostos que recai sobre as pessoas e as empresas formais no Brasil, algo que, indiretamente, estimula a informalidade.

Políticas migratórias

1. INTRODUÇÃOO crescimento demográfico de um país resulta do crescimento vegetativo acrescido do

contingente de imigração (pessoas que entram em outro país para nele viver) e com a subtração do contingente de emigração (pessoas que saem de seu país de origem para viver em outro país).

As razões que levam as pessoas a migrar são inúmeras, podendo ser determinadas por diversos fatores: políticos — por exemplo, problemas de fronteira, formação de novas nações (ex-

lugoslávia, Israel) ou terra civil (Afeganistão, Serra Leoa, Sudão), que geram divergências, perseguições (caso dos curdos) e até expulsão de populações inteiras de seu território;

conflitos religiosos ou étnicos — como a perseguição de judeus no século XX, no período das guerras mundiais, que provocou emigrações da Europa; ou os que ocorreram na Bósnia (1992) e na ex-Iugoslávia (1999);

10

Page 11: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

naturais — as emigrações provocadas por catástrofes naturais (enchentes, terremotos, erupções vulcânicas, secas);

econômicos — que são, sem dúvida, os fatores predominantes. As pessoas muitas vezes migram em busca de trabalho e de melhores condições de vida. Nas primeiras décadas do século XX, devido a uma crise econômica, o Japão tomou-se um país de emigração. Em poucas décadas, com a recuperação econômica, ele passou a ser um país de imigração.

As migrações costumam ser classificadas quanto ao tempo de duração e quanto ao espaço de deslocamento. Em relação ao tempo de duração, as migrações podem ser: migrações definitivas — quando o migrante se estabelece de forma permanente no local

de seu destino, como é o caso, no Brasil, dos imigrantes italianos, japoneses, e das emigrações de nordestinos para outras regiões do país;

migrações temporárias — podem ser diárias, sazonais (dependem da estação do ano) e por tempo indeterminado, ou seja, sem tempo certo para voltar, como no caso de migrantes que permanecem algum tempo no exterior e acabam voltando a seu país.

Em relação ao espaço de deslocamento, as migrações podem ser classificadas em migrações internas ou nacionais, quando ocorrem dentro de um mesmo país, e migrações externas ou internacionais, quando implicam a travessia de uma ou mais fronteiras internacionais.2. MIGRAÇÕES EXTERNASI. Introdução

O desenvolvimento do capitalismo acelerou os movimentos migratórios. Com a colonização dos séculos XVI e XVII, ocorreram migrações espontâneas de povoamento (resultado da política de expansão imperialista e da partilha dos impérios coloniais) e migrações forçadas, como foi o caso do comércio de escravizados africanos, atividade que transferiu milhares de pessoas de seu continente de origem para outros continentes. Outras migrações não exatamente forçadas, mas que resultam de constrangimentos, podiam ocorrer em consequência de guerras, perseguições políticas, falta de condições que satisfaçam as necessidades básicas (o desemprego, por exemplo) e negação do acesso à terra (no caso do êxodo rural).

A partir do século XVIII, em especial durante o século XIX e na primeira metade do século XX, o mundo conheceu um movimento migratório de grandes proporções. Nesse período, cerca de 60 milhões de europeus migraram para todas as partes do mundo, sobretudo para a América e para a Oceania. Milhões de asiáticos (chineses, indianos, japoneses e árabes) também migraram para a América (chineses para os EUA, indianos para as Guianas, japoneses para o Brasil) e outros continentes.

Podemos dizer, então, que durante muito tempo a Ásia e a Europa desempenharam um papel tipicamente emigratório ou de repulsão populacional, ao passo que a América e a Oceania foram imigratórios ou de atração. Na África, além das migrações forçadas relacionadas ao processo de colonização, um grande número de trabalhadores (marroquinos, argelinos etc.) tem se dirigido principalmente para a Europa.

A superação de um longo período marcado por constantes epidemias, fome, guerras, perseguições políticas e religiosas e a prosperidade alcançada no período pós- segunda Guerra Mundial fizeram com que a Europa passasse de áreas tradicionalmente repulsiva para uma das mais importantes áreas de atração populacional da atualidade.

As melhores condições estruturais dos países desenvolvidos ajudam a compreender que não foi por acaso que esses países se transformaram em áreas de atração, enquanto países subdesenvolvidos ou mercados emergentes como o Brasil e a Argentina, tradicionais áreas atrativas, são agora repulsivas (os dois países atravessam um longo período de estagnação e de crises econômicas).

Nas últimas décadas do século XX, presenciamos não somente a ida de milhares de pessoas em direção à Europa (principalmente Alemanha) e ao Japão, mas também o seu retorno.

Os Estados Unidos são um dos países que mais recebem imigrantes. Devido a problemas econômicos e à falta de oportunidades, uma grande escalada migratória tem se estabelecido do México para os Estados Unidos.

As migrações externas mais comuns são:1ª- dos países pobres para os países ricos;2ª- dos países pobres para outro pobre.

II. Fenômenos importantes observados no contexto das migrações externasa) as remessas de recursos – os imigrantes remetem para os seus países de origem

parte do que ganham;b) a fuga de talentos ou de cérebros – com a globalização da economia (e a

consequente expansão do comércio e das empresas transnacionais), os países 11

Page 12: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

desenvolvidos atualmente têm requisitado trabalhadores especializados (executivos, administradores, especialistas em informática e comércio, pesquisadores etc.), que saem dos países periféricos e se dirigem para os países centrais;

c) o racismo e a xenofobia – A retomada da imigração na Europa e nos Estados Unidos, a partir da década de 1980, coincidiu com um novo momento social e econômico dos países mais desenvolvidos. A diminuição no ritmo de crescimento econômico e mudanças tecnológicas ocasionaram um aumento do desemprego. Por isso, os imigrantes passaram a ser vistos como concorrentes, que poderiam ameaçar os empregos e os salários da população nativa. A constatação de que a população de origem estrangeira nesses países já era volumosa também ampliou o temor de que a cultura, os hábitos e o modo de vida local se modificassem. Disseminaram-se os movimentos xenófobos, que pregam o repatriamento dos estrangeiros, a negação da cidadania aos filhos desses estrangeiros nascidos na nova terra e a violência contra os diferentes grupos de imigrantes.

d) desterritorialização O caso de populações inteiras expulsas de seus territórios, o que ocorre em geral em países da Ásia e da África, constitui o processo de desterritorialização. Esses povos sem-território, minorias oprimidas, dispersos por outros países, procuram um lugar para chamar de pátria, palavra que significa o lugar de nascimento e com o qual as pessoas se identificam. Desenraizados, muitas vezes acuados, privados de seus direitos de cidadania, esses refugiados vivem em condições precárias.

Atualmente são cada vez mais constantes os processos de desterritorialização, nos quais as pessoas são brigadas a sair de seu Estado. Esse processo muitas vezes resulta no desenraizamento do antigo território, com a perda das raízes culturais e dos vínculos afetivos com o lugar. Nas décadas de 1990, ocorreu o processo inverso: 10 milhões de pessoas voltaram para seus países. A reterritorialização muitas vezes não representa a volta à mesma territorialidade, pois as pessoas retornam a seu país em condições muito mais precárias.Ex.: Afeganistão, Iraque, Uganda, Somália, Ruanda etc.

ATENÇÃO!!!! O Tratado de Schengen – estabelecido em 1985.

 Acordo de Schengen é uma convenção entre países europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas entre os países signatários. Um total de 30 países, incluindo todos os integrantes da União Europeia (exceto Irlanda e Reino Unido) e três países que não são membros da UE (Islândia, Noruega e Suíça), assinaram o acordo de Schengen. Liechenstein, Bulgária, Roménia e Chipre estão em fase implementação do acordo. A área criada em decorrência do acordo é conhecida como espaço Schengen e não deve ser confundida com a União Europeia. Trata-se de dois acordos diferentes, embora ambos envolvendo países da Europa.  De todo modo, em 02 de outubro de 1997 o acordo e a convenção de Schengen passaram a fazer parte do quadro institucional e jurídico da União Europeia, pela via do Tratado de Amsterdão. É condição para todos os estados que aderirem à UE aceitarem as condições estipuladas no Acordo e na Convenção de Schengen.

O acordo de Schengen foi assim denominado em alusão a Schengen, localidade luxemburguesa situada às margens do rio Mosela e próxima à tríplice fronteira entre Alemanha, França e Luxemburgo (este último representando o Benelux, onde já havia a livre circulação). Ali, em junho de 1985, foi firmado o acordo de livre circulação envolvendo cinco países, abolindo-se controles de fronteiras, de modo que os deslocamentos entre esses países passaram a ser tratados como viagens domésticas.

Posteriormente, o Tratado de Lisboa, assinado em 13 de dezembro de 2007, modificou as regras jurídicas do espaço Schengen, reforçando a noção de um "espaço de liberdade, segurança e justiça", que vai além da cooperação policial e judiciária e visa a implementação de políticas comuns no tocante a concessão de vistos, asilo e imigração, mediante substituição do método intergovernamental pelo método comunitário.

12

Page 13: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

Embora teoricamente não haja mais controles nas fronteiras internas ao espaço Schengen, esses controles podem ser reativados temporariamente caso sejam considerados necessários para a manutenção da ordem pública ou dasegurança nacional. Os países signatários reforçaram os controles das fronteiras externas ao espaço Schengen, mas, por outro lado, cidadãos estrangeiros que ingressem como turistas ou que obtenham um visto de longo prazo para qualquer um dos países membros podem circular livremente no interior do espaço.

O Espaço Schengen permite a livre circulação de pessoas dentro dos países signatários, sem a necessidade de apresentação de passaporte nas fronteiras. Mesmo que não haja controle nas fronteiras, os cidadãos residentes nos países signatários devem, por norma, portar um documento legal de identificação, como o bilhete de identidade. Para os turistas de países não signatários, a prova de identidade é sempre o passaporte ou, no caso de longa permanência, o documento legal substitutivo, emitido pelas autoridades de imigração de um dos países signatários.

O espaço Schengen não se relaciona com a livre circulação de mercadorias (embargos, etc.). Nesse caso, a entidade mediadora é a União Europeia, bem como os governos dos países membros que não participam do bloco econômico.

Notas do professor:1. A crise econômica que atingiu e atinge um grande grupo de países subdesenvolvidos, a

situação de extrema pobreza dos povos da África central e o fim do regime socialista nos países da Europa central e oriental originaram fluxos migratórios de ordem econômica em direção aos países que ofereciam melhores oportunidades de vida e de trabalho. Esses movimentos se mantêm até hoje.

2. Os principais polos de atrações de imigrantes correspondem aos países mais desenvolvidos da União Europeia, da América Anglo-Saxônica (Estados Unidos e Canadá) e da Oceania (Austrália e Nova Zelândia); os produtores de petróleo do Oriente Médio e o Japão (que só se inseriu no conjunto dos países de imigração no inicio dos anos 90).

3. Podemos classificar as migrações internacionais ou externas em três diferentes tipos. As migrações Sul-Norte referem-se às populações que deixam os países pobres,

esperando encontrar melhores condições de vida nos países mais ricos. Há quatro fluxos principais: da América Latina para a América do Norte, principalmente para os Estados Unidos; da África e da Ásia para a Europa Ocidental e para os países produtores de petróleo do Oriente Médio; de vários continentes para a Austrália.

As migrações Sul-Sul envolvem as populações que deixam seus países de origem e vão a um outro pais do Hemisfério Sul com melhores condições econômicas e sociais: africanos indo para a Costa do Marfim e África do Sul ou Indonésios dirigindo-se para a Malásia.

As migrações Norte-Norte ocorrem, por exemplo, da Europa para a América Na Anglo-Saxônica e são consequência da globalização que vem gradualmente integrando as economias nacionais ao mercado mundial.

4. Os Estados Unidos, pais que mais recebeu imigrantes no continente americano e nação que se constitui pela variedade de povos de origem europeia, asiática, africana e, posteriormente, latino-americana, têm, tomado medidas para estancar a entrada de novos grupos.Entre os imigrantes clandestinos, destacam-se os braceros, mexicanos que ingressam ilegalmente ao país em busca de trabalho pouco qualificado. Para conter esse fluxo, o policiamento da fronteira entre o México e os Estados Unidos, delimitada em parte pelo Rio Grande, foi reforçado desde a década de 80. Mesmo porque migrantes de outros países latino-americanos também costumavam utilizar a fronteira mexicana para entrar clandestinamente nos EUA.

5. A década de 90 obrigou os Estados Unidos receberam uma grande quantidade de imigrantes cubanos. A crise que envolveu a ex-URSS e os países do Leste europeu no final dos anos 70 teve reflexos imediatos na economia cubana. Cuba perdeu o mercado preferencial, representado pelos países socialistas, de seus produtos de exportação, como açúcar e fumo, além da ajuda financeira anual que recebia da antiga URSS. Por outro lado, a manutenção do embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos, desde o inicio dos anos 60, colocou a economia cubana num beco sem saída. Nos primeiros anos que se seguiram à Revolução de 1959, Cuba havia fornecido um grande número de refugiados

13

Page 14: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

políticos aos Estados Unidos. A partir da década de 90, passou a afugentar aqueles que não suportavam a escassez gerada pela crise econômica. Milhares de pessoas saíram da ilha, em pequenos barcos em direção à península da Flórida, Devido à precariedade das fugas em embarcações, muito não sobreviveram. Esses imigrantes surgidos da crise econômica cubana ficaram mundialmente conhecidos pela denominação de balseros.

6. Os descendentes dos japoneses que imigraram para o Brasil chamam-se nikkei, sendo os filhos nissei, os netos sansei e os bisnetos yonsei. Os nipo-brasileiros que foram ao Japão trabalhar a partir do fim dos anos 80 são denominados dekassegui.

III. BRASIL: PASSADO DE IMIGRAÇÃO, PRESENTE DE EMIGRAÇÃO1. Processo imigratório do BrasilDiversas causas contribuíram para a implantação do processo imigratório no país. As

principais foram: necessidade de povoar e ocupar o território, já que o mesmo era muito extenso e a

população escassa; necessidade de mão de obra e a dificuldade cada vez maior de se obter escravos, a

partir de 1815 (pressões da Inglaterra) e principalmente após 1850 (proibição definitiva do tráfico negreiro);

predomínio de negros no país, o que não era visto com bons olhos pela Corte, .A imigração brasileira pode ser dividida em três períodos principais:

1808. Corresponde à chegada da família real, à promulgação do decreto de concessão de terras e estrangeiros e à chegada dos açorianos;

1850. Proibição do tráfico de escravos (Lei Eusébio de Queirós); 1930-34. Corresponde à revolução brasileira (de 1930) e à criação das leis da

imigração (1934).No 1.º período (1808 – 1850), a imigração foi muito pequena, por causa principalmente

da facilidade de obtenção de escravos e, ao mesmo tempo, por causa do desinteresse e temor do europeu de emigrar para um país escravocrata. Durante todo este período o país recebeu menos de 10% do total de imigrantes.

No 2.º período (1850 – 1930) foi o mais importante de todos, por causa: da proibição do tráfico de escravos a partir de 1850; do desenvolvimento da cafeicultura, que exigia numerosa mão de obra; dos incentivos por parte do governo – que custeava as despesas com o transporte

dos imigrantes –, e também de alguns fazendeiros que assumiam as despesas dos imigrantes durante o primeiro ano de trabalho;

da abolição da escravidão (1888).Neste período, o Brasil recebeu quase 80% da população imigrada. Em toda a história da

imigração, a década mais importantes em termos numéricos foi a de 1890-1900, com 1.129.315 imigrantes (cerca de 20% do total), na maior parte italianos (678.761), por causa da crise econômica e do desemprego na Itália.

O 3.º período (após 1930) é caracterizado pela diminuição progressiva da imigração, em virtude de fatores como:

a crise econômica de 1929, provocada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque e a consequente crise econômica da cafeicultura no Brasil, além da crise política e social gerada pela revolução de 1930;

as leis de imigração criadas na Constituição de 1934, que dificultaram e restringiram a entrada de imigrantes. Exemplos:a) Lei de Cotas de Imigração – a partir de 1934 só poderia entrar no país 2% do

total de imigrantes entrados nos últimos 50 anos, por nacionalidade;b) 80% dos imigrantes de cada nacionalidade deveriam ser agricultores;c) seleção doutrinária ou ideológica do imigrante.

a 2.ª Guerra Mundial e a posterior recuperação econômica da Europa, que provocou uma reorientação dos fluxos imigratórios, isto é, a partir da década de 50 a maior parte dos migrantes europeus (portugueses, espanhóis, italianos etc.) passaram a dar preferência aos países europeus, notadamente aqueles de economias mais fortes, tais como a Alemanha, França e Inglaterra.

Assim, com a grande redução da imigração, o aumento da população brasileira passou a depender basicamente do crescimento vegetativo, e a demanda de mão de obra a ser suprimida pelos próprios brasileiros.Geograficamente, as regiões que mais receberam imigrantes foram as Sudeste e Sul.O Estado de São Paulo recebeu cerca da metade do total de imigrantes entrados no país.De acordo com a nacionalidade, os imigrantes mais numerosos entrados no Brasil foram,

pela ordem, os seguintes: portugueses, italianos, espanhóis, japoneses e alemães.Dentre os países americanos, os que mais receberam imigrantes foram os Estados Unidos, seguidos pela

Argentina, pelo Canadá e pelo Brasil.

14

Page 15: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

BRASIL – PRINCIPAIS GRUPOS DE IMIGRANTES E ÁREAS DE FIXAÇÃOImigrante Área de fixação

Portugueses Praticamente em todo o país, em especial no Rio de Janeiro, com preferência pelas cidades em relação ao campo.

ItalianosSão Paulo (capital e interior), Rio Grande do Sul (Bento Gonçalves, Garibaldi, Caxias do Sul) e Santa Catarina (Nova Trento, Uruçanga e Nova Veneza), principalmente.

Espanhóis Principalmente São Paulo (capital e interior), Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

JaponesesSão Paulo (capital e área do interior: Marília, Tupã, Presidente Prudente, Vale do Ribeira), Pará (região Bragantina), Paraná (Londrina, Maringá) e Mato Grosso do Sul.

AlemãesSanta Catarina (Vale do Itajaí), Rio Grande do Sul (Novo Hamburgo, Estrela, Lajeado, Vale dos Sinos), Paraná, São Paulo e Espírito Santo.

Eslavos Paraná (Curitiba, Ponta Grossa, Castro e Lapa), em especial.Sírio-libaneses Quase todo o país, em especial nos centros urbanos. Um certo

destaque para São Paul (capital e interior).2. Processo emigratório do Brasil

O Brasil já foi um país de imigração tendo recebido muitas pessoas de Portugal, Itália, Espanha, Japão e Alemanha. A partir da década de 30 (criação das leis de imigrações de Getúlio Vargas), das crises políticas (déc. 60-70) e das crises econômicas (déc. 80-90), a imigração teve uma queda muito grande. A partir da déc. 80, o Brasil passou a ser um país de emigração. Os lugares para onde os brasileiros mais emigram são: EUA, Europa Ocidental, Austrália, Japão e Paraguai (brasiguaios).

A emigração (saída de pessoas do Brasil para residirem no estrangeiro), apesar de pouco estudada, é atualmente tão importante quanto a imigração, talvez até mais. Do final dos anos 1960 até 2000, inclusive, o número de emigrantes foi superior ao de imigrantes, tanto por motivos políticos (a ditadura militar, que governou o país de 1964 a 1985, perseguiu muita gente), quanto, principalmente, por razões econômicas (os baixos salários pagos no Brasil em comparação aos padrões internacionais).

É muito difícil obter dados estatísticos seguros sobre o total de emigrantes porque muitos ingressaram clandestinamente nos países de destino; não é muito fácil obter visto de entrada como imigrante nos Estados Unidos ou nos países da Europa Ocidental. Não obstante, sabe-se que muitos brasileiros deixaram o país nestas últimas décadas. Calcula-se que mais de 1 milhão estejam residindo nos Estados Unidos, cerca de 500 mil no Paraguai (brasiguaios – terras disponíveis a preços baixos no Paraguai), por volta de 200 mil no Japão e um número um pouco menor em outros países, como França, Itália, Inglaterra, Canadá e Austrália.

ATUALIDADE: 27/04/2012 IBGE: número de imigrantes no Brasil sobe quase 87% em 10 anos

O Censo 2010 registrou um grande aumento no movimento de entrada no país em relação a 2000. Foram 286,5 mil imigrantes internacionais pelo critério de data-fixa, ou seja, indivíduos que residiam no Brasil na data de referência do Censo, mas que moravam em um país estrangeiro cinco anos antes. Esse número foi 86,7% maior do que em 2000 (143,6 mil). Os principais estados de destino desses imigrantes foram São Paulo, Paraná e Minas Gerais que, juntos, receberam mais da metade dos imigrantes internacionais do período. Do total de imigrantes internacionais, 174,6 mil (65,0%) nasceram no Brasil, portanto eram imigrantes internacionais de retorno. Em 2000, foram 87,9 mil imigrantes internacionais de retorno, 61,2% dos imigrantes do período. Os principais países de origem dos imigrantes foram os Estados Unidos (51,9 mil imigrantes), Japão (41,4 mil), Paraguai (24,7 mil), Portugal (21,4 mil) e Bolívia (15,8 mil). Em 2000, os principais países de origem eram o Paraguai (35,5 mil), Japão (19,7 mil), Estados Unidos (16,7 mil), Argentina (7,8 mil) e Bolívia (6,0 mil).

15

Page 16: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

Santa Catarina teve o maior crescimento de imigrantes do país de 2000 para 2010

O Censo 2010 detectou uma redução na migração interna da população. Entre 1995 e 2000, havia 30,6 migrantes para cada mil habitantes, enquanto que de 2005 a 2010, eram 26,3 migrantes para cada mil habitantes. O aumento do número de imigrantes em Santa Catarina, que foi de 59,1% entre os dois períodos, resultou em um saldo migratório (balanço entre entradas e saídas de pessoas) entre 2005/2010 de 174,1 mil pessoas, quase o triplo do saldo contabilizado em 1995/2000, que foi de 59,9 mil pessoas. Os estados da Região Nordeste continuam a perder população, a exceção dos estados do Rio Grande do Norte e Sergipe, que apresentaram saldo migratório positivo.Percentual de migrantes de retorno foi maior entre os estados do Nordeste

Em 2000, os migrantes de retorno representavam 22,0% do total de migrantes (1,1 milhão de pessoas) do Brasil. Em 2010, esse percentual subiu para 24,5% dos migrantes (1,23 milhão de pessoas). A “migração de retorno”, referente às pessoas que nasceram no mesmo estado em que residiam na data de referência do Censo, mas que moravam em outra unidade da Federação cinco anos antes representou mais de 40,0% entre os estados da Região Nordeste, com exceção do Rio Grande do Norte e Sergipe. O maior percentual de imigrantes de retorno do país, de 46,6%, foi encontrado no estado do Ceará e o segundo maior, 44,2%, no Rio Grande do Sul.3. MIGRAÇÕES INTERNASa) NOMADISMO

sem residência fixa; deslocamento de toda a população global.

Ex.: pastores nômades nas áreas periféricas do Saara.

Música: A vida do viajante (Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil) – CD: Luiz Gonzaga

b) TRANSUMÂNCIA: reversível, periódica e de acordo com as estações do ano (sazonal):Ex. 1:

Ex. 2:

Na Amazônia ocorre transumância entre as áreas de castanha-do-pará e as de extração de látex (borracha). Após o término da coleta da castanha (terra-firme: nunca é inundada), os trabalhadores aproveitam o período ocioso e se deslocam para os seringais (várzea: inundada no período das cheias dos rios). Realizam a extração do látex e depois retornam aos castanhais.

16

ÁREA I ÁREA II ÁREA III

“Minha vida é andar Por este paísPra ver se um dia Descanso feliz Guardando as recordaçõesDas terras onde passei....

SERTÃO ZONA DA MATA

seca

SERTANEJOchuvas

Trabalho sazonal: corte de cana

MONTANHA OUPLANALTO

PLANÍCIEinverno

PASTORES/REBANHO

verão

ÁREA DE PASTAGEMÁREA DE

PASTAGEM

Page 17: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

Música: Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) CD: Fagner

c) MIGRAÇÕES PENDULARES: fundamentalmente determinada pelo campo de trabalho. Alcança grande intensidade com a periferização e o crescimento horizontal das cidades. É um movimento populacional que é intensificado pelo êxodo rural.

Ex.: subúrbio, cidade-satélite Ex.: centro urbano, metrópoleMúsica: Cidadão (Lúcio Barbosa) – CD: Zé Geraldo

d) MIGRAÇÕES INTRA-REGIONAIS: praticadas dentro da própria macrorregião.Ex.1:

Ex.2:

Música: De Teresina a São Luís

Na Amazônia ocorre transumância entre as áreas de castanha-do-pará e as de extração de látex (borracha). Após o término da coleta da castanha (terra-firme: nunca é inundada), os trabalhadores aproveitam o período ocioso e se deslocam para os seringais (várzea: inundada no período das cheias dos rios). Realizam a extração do látex e depois retornam aos castanhais.e) MIGRAÇÕES INTER-REGIONAIS (entre regiões) e intra-regionais (em uma mesma região)

CICLO DA MINERAÇÃO

século XVIII

17

Quando oiei a terra ardendo Hoje, longe muitas léguasQual fogueira de São João, Numa triste solidão,Eu perguntei a Deus do céu, ai, Espero a chuva cair de novoPor que tamanha judiação... Pra mim vortá pro meu sertão...Que braseiro, que fornaia, Quando o verde dos teus óioNenhum pé de prantação, Se espaiá na prantaçãoPor farta d’água perdi meu Eu te asseguro, não choreGado Não, viuMorreu de sede meu alazão. Que eu vortarei, viu, meu

Coração...Inté mesmo a asa brancaBateu asa do sertãoEntonce eu disse adeusRosinha,

LOCAL DERESIDÊNCIA

LOCAL DETRABALHO

“Tá vendo aquele edifício, moço?Ajudai a levantarFoi um tempo de afliçãoEram quatro conduçõesDuas pra ir, duas pra voltar...

Região Nordeste

Maranhão Bahia

Região Sudeste

Minas Gerais São Paulo

Peguei o trem em Terezina O trem danou-sePra São Luís do Maranhão Naquelas brenhasAtravessei o Parnaíba Soltando brasaAi, ai que dor no coração Comendo lenha

Comendo lenhaE soltando brasaTanto queimaComo atrasa...................................

MG, MT, GONORDESTESP

Page 18: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

ciclo da borracha1860 – 1910

ciclo do café 1850 - 1930

Industrialização Desde a década de 1930 A partir da década de 1940

Projetos de colonização

A partir de década de 1950 Construção da rodovia Belém- Brasília e projetos minerais e

agropecuários

Música: Peguei um Ita no Norte (Dorival Caymmi) – CD: Nana Caymmi

AS MIGRAÇÕES INTER–REGIONAIS QUE PREDOMINARAM 1940 – 1970: grande fluxo de nordestino

estagnação do Nordeste; industrialização do Centro-Sul.

1970 – 1990: Amazônia – “A nova fronteira agrícola do Brasil”.A partir da década de 70, a Região Sul passou a ter importância como área de saída

populacional em direção à nova fronteira agrícola brasileira (MT, RO).O desenvolvimento da Região Sul, o aumento das culturas mecanizadas (como a soja),

a geada que atingiu a cafeicultura e o crescimento do tamanho médio das propriedades foram fatores que colaboraram para a expulsão dos trabalhadores rurais e dos pequenos proprietários. O Paraná registrou a maior saída de migrantes do Sul.

Hoje: A Atração dos Centros RegionaisNa década de 90, devido à crise econômica, têm ocorrido duas situações:a) Primeira: a migração de retorno, em que milhares de nordestinos, expulsos do

mercado de trabalho em contração, retornam a suas cidades de origem;b) Segunda: o crescimento nas áreas industriais e agroindustriais das capitais

regionais, cidades com forte atração dos migrantes brasileiros.A década de 90 registrou praticamente o fim das grandes correntes migratórias, como a

dos nordestinos ou dos paranaenses.Hoje, os movimentos migratórios são pequenos e bem localizados, em geral, em direção

a capitais regionais. Agora, em vez de mudar para São Paulo, os nordestinos preferem buscar empregos e oportunidades nas próprias capitais nordestinas ou em cidades médias da região sul, transferindo para o Nordeste problemas que antes eram típicos das grandes metrópoles do Centro-Sul.

EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA

AmbientaisEconômicas

18

Regiões Sudeste e Sul:decréscimo populacional (%)

Região Nordeste:decréscimo populacional (%)

Concentração fundiária.Mecanização agrícola. Concentração fundiária.

Migrações internas

Amazônia Expansão da fronteira agrícolaRegiões Norte e Centro-Oeste:

Acréscimo populacional (%)

Implicações

Ai, ai, ai Ai, ai, aiAdeus, Belém do Pará Adeus, Belém do ParáPeguei um Ita no Norte Ai, ai, aiE fui pro Rio morar Adeus Belém do ParáAdeus meu pai, minha mãeAdeus Belém do Pará

AMAZÔNIANORDESTE

SPPR

NORDESTEMG

SPRJ

NORDESTEMSES

CENTRO-OESTE

NORDESTESUDESTE

SULREGIÃO NORTE

(Amazônia)

Page 19: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

Sociais

Atualmente (desde a década de 90):A ATRAÇÃO DOS CENTROS REGIONAISNa década de 90, devido à crise econômica, têm ocorrido duas situações:1. Primeira: a migração de retorno, em que milhares de nordestinos, expulsos do

mercado de trabalho em contração, retornam as suas cidades de origem;2. Segunda: o crescimento nas áreas industriais e agroindústrias das capitais regionais,

cidades com forte atração dos migrantes brasileiros.A década de 90 registrou praticamente o fim das grandes correntes migratórias, como a

dos nordestinos ou dos paranaenses.Hoje, os movimentos migratórios são pequenos e bem localizados, em geral, em direção a

capitais regionais. Agora, em vez de mudar para São Paulo, os nordestinos preferem buscar empregos e oportunidades nas próprias capitais nordestinas ou em cidades médias da região sul, transferindo para o Nordeste problemas que antes eram típicos das grandes metrópoles do Centro-Sul.

f)ÊXODO RURALÉ um dos mais importantes exemplos de migrações internas. Em geral assume caráter

definitivo.

Música: Triste partida (Patativa do Assaré) – CD: Luís Gonzaga

MIGRAÇÕES CAMPO-CIDADEREGIÕES CAUSAS CONSEQÜÊNCIASDe expulsão De atração

Países desenvolvidos

Liberação de mão-de-obra pela mecanização

Oferta de empregos urbanos

Urbanização integrada; aumento de população secundária e terciária.

Países subdesenvolvidos

Pressão demográfica no campo Fascínio urbano

Urbanização anômala; cinturão marginal;

subemprego no terciário.

19

Zona urbana(cidade)

Zona rural(campo)

.................................................................... Chegaram em São Paulo sem cobre quebradoAgora pensando ele segue outra trilha E o pobre acanhado procura um padrãoChamando a família começa a dizer Só vê cara estranhaEu vendo meu burro, meu jegue e o cavalo Vê estranha genteNós vamos a São Paulo Tudo é diferente do caro torrão.Viver ou morrer. .............................................................................Nós vamos a São Paulo que a coisa ta feiaPor terra alheias nós vamos vagarSe o nosso destino não for tão mesquinhoPro mesmo cantinho nós torna a voltar.E vende seu burro, o jumento e o cavaloAté mesmo o galo venderam tambémPois logo aparece feliz fazendeiroPor pouco dinheiro me compra o que tenhoChegou triste dia já vai viajar.......................................................................

Page 20: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

ÊXODO RURALCausas: fatores de estagnação e da mudançaa) Os fatores de mudança constituem as transformações sofridas no meio rural pela

modernização e mecanização da agricultura. Essa modernização dispensa mão-de-obra, já que eleva a produtividade do trabalho pela introdução de máquinas ou técnicas modernas de cultivo. Esses fatores prevalecem nos países desenvolvidos e formam a principal causa das migrações rural-urbanas, juntamente com a Revolução Industrial. No caso do Brasil, esses fatores existem em algumas áreas, principalmente no Centro-Sul do país, mas não são os mais importantes para se explicar o êxodo rural.

b) Os fatores de estagnação constituem a pressão exercida pelo crescimento demográfico sobre a disponibilidade de áreas cultiváveis, que é limitada tanto pela insuficiência física de terras como pela monopolização por grandes proprietários. Esses fatores não estão ligados à industrialização, como ocorre como fatores de mudança, e sim com um crescimento populacional que não é absorvido no local, porque a oferta de trabalho é inferior à procura. E o principal motivo de a terra não sustentar o grande número de novos trabalhadores que surge a cada ano prende-se à estrutura social, isto é, ao monopólio de extensas áreas por grandes proprietários ou latifundiários. Esses fatores prevalecem nos países subdesenvolvidos. Aparecem no Brasil em grande escala, principalmente no Nordeste e também em algumas partes do Centro-Sul – Paraná, Rio Grande do Sul –, onde muitas vezes o tamanho da terra não é suficiente para todos os filhos do pequeno proprietário. Muitos, ao se casar, terão que migrar em busca de novas terras ou de centros urbanos.

g) MIGRAÇÕES INTRAMETROPOLITANAS – as pessoas se deslocam de uma cidade dentro da região metropolitana, em geral a cidade principal da região, para outra cidade próxima. Em geral, atinge a camada mais pobre da população, em razão do preço elevado dos terrenos nas cidades principais.ATUALIDADES: IBGE comprova queda da migração no Brasil - 15/07/2011

Ofertas de emprego espalhadas pelo Brasil desencorajam mudança de estado. RJ e SP deixaram de ser importadores e passam a exportadores de

moradoresEstudo divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) sobre o deslocamento da população brasileira indica a diminuição da migração interna e tendência de permanência ou de retorno de moradores a seus estados de origem. Em vez da corrida para o Sudeste, que marcou as décadas de 1960 a 1980, a tendência é de deslocamentos entre municípios de um mesmo estado e queda acentuada nas migrações entre regiões.

A última década aponta ainda para mudanças nas correntes migratórias, em que Rio de Janeiro e São Paulo deixam de ser "importadores" e passam a "exportadores" de moradores, enquanto o Espírito Santo desponta como foco de atração de novos habitantes.

Os principais fatores para a diminuição no número de migrantes são a saturação das metrópoles e a melhor distribuição da oferta de emprego. Os dados apontam a tendência de deslocamento para cidades de médio porte. "A principal motivação para a migração é a busca por trabalho. Qualidade de vida e menos violência podem ser complementares', diz o pesquisador do IBGE Antônio Tadeu Ribeiro de Oliveira. um dos autores do artigo "O panorama dos deslocamentos populacionais no Brasil: Pnads e Censos Demográficos."

Oliveira diz que dos anos 80 para cá, houve desconcentração da atividade econômica. O Nordeste, por exemplo, passou a segurar população e atrair a migração de

20

Page 21: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

retorno. "O país hoje se desenvolve em quase todas as áreas. Com essa mudança no modelo de desenvolvimento, os imigrantes tendem a diminuir", afirma.

A publicação tem como base o Censo 2000 e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (Pnads) de 2004 e 2009. O IBGE pergunta aos entrevistados onde moravam cinco anos antes da data da pesquisa. Também questiona o estado de nascimento do entrevistado. O Censo 2000 apontou a existência de 5,1 milhões migrantes no País. Estimativas com base na Pnad 2004 indicam 4,63 milhões migrantes naquele ano. Em 2009, o número caiu para 3,24 milhões.

Regiões e estados - O IBGE destaca a queda no deslocamento da população entre as regiões do Brasil. Em 2000, 3,36 milhões de pessoas viviam em regiões diferentes daquela de origem. Em 2004, esse número caiu para 2,86 milhões e chegou a 2,05 milhões em 2009. "Houve redução nessa migração em que a pessoa percorre muitos mil quilômetros movida pela oferta de trabalho. A tendência é continuar a diminuir", diz Antônio Tadeu.

Na mudança de perfil dos Estados, Rio de Janeiro e São Paulo viveram uma inversão no saldo de migrantes. Enquanto o Censo de 2000 apontava que São Paulo tinha 340.000 imigrantes (moradores vindos de fora do Estado) a mais que emigrantes (paulistas que viviam fora de São Paulo), a Pnad de 2004 apontou 155.000 emigrantes mais que imigrantes. A Pnad de 2009 ainda mostra a tendência de saída dos moradores, porém em menor intensidade: havia 53.000 emigrantes a mais que imigrantes em São Paulo. Os números do Censo 2010, mais precisos que da Pnad, indicarão se o estado continuou a exportar mais do que importar moradores.

O Espírito Santo vai ao sentido contrário. O fortalecimento da industrialização na área de minério e siderurgia nos anos 80 foi um fator decisivo para a atração de população, depois do esvaziamento da população nos anos de 1950 e 1960. A tendência é de que o Estado se consolide como atrativo de novos moradores nos próximos anos, graças à expansão do setor de petróleo. O Espírito Santo foi o único estado que não teve queda no número absoluto de imigrantes entre 2004 e 2009. Além disso, mostrou um forte movimento de permanência dos moradores, redução à metade do número de emigrantes, de 108.000 em 2004 para 54.000 em 2009.

Outros estados com altos índices de atração de migrantes, segundo a Pnad 2009, são Goiás, Amazonas, Amapá e Santa Catarina. O Censo 2010 trará números mais precisos que poderão confirmar ou não esta tendência. Entre os estados classificados como "expulsadores" de população, embora em intensidade menor que nos anos 60 e 70, estão Bahia e Alagoas.

De vota para casa - O Rio Grande do Sul foi o estado com maior taxa de retorno de migrantes, segundo dados da Pnad 2009, divulgados pelo IBGE. Estados do Nordeste como Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Norte, além de Minas Gerais e Paraná, também registraram grande número de moradores que tinham deixado a terra natal e voltaram, provavelmente movidos por oportunidades de emprego e alta atratividades de cidades de porte médio.

"Os deslocamento típicos da primeira fase da transição demográfica (décadas de 1960 e 70), quando as taxas de fecundidade eram altas e a mortalidade começava a declinar, gerando excedentes populacionais que favoreciam a migração do campo para a cidade, começaram a perder importância no Brasil a partir dos anos 80", informa o estudo. A publicação aponta a tendência de retorno da população de estados antes classificados como "áreas de expulsão", como a Região Nordeste, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A alta taxa de retorno já tinha sido detectada no Censo 2000, referente à década de 1990, em maior intensidade do que a registrada na Pnad 2009. Os dados do Censo 2010 indicarão com mais precisão os movimentos ocorridos na década passada. A Pnad 2009 indica que, do total de imigrantes do Rio Grande do Sul, 23,98% eram gaúchos que voltavam ao Estado de origem. Em Pernambuco, a taxa de retorno foi de 23,61%. No Paraná, foi de 23,44%.

21

Page 22: Aula geografia humana ii estrut etaria e setorial_migracoes

22