PANAM 2004 - Congresso Pan-americano de Engenharia de Trnsito e Transporte

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GASODUTO VIRTUAL: AVANANDO NOVOS MERCADOS ESTUDO DE CASO

1. Resumo

O grande desenvolvimento tecnolgico nas ltimas dcadas, aliado ao crescimento do mercado competitivo e as exigncias cada vez maiores por parte do consumidor, favorecem o crescimento de estudos logsticos em termos conceituais e tecnolgicos. As novas fontes de energias, como o gs natural, podem chegar atualmente em regies perifricas mesmo sem existir a malha ou o gasoduto devido s novas tecnologias de transportes. Com isso o mercado receber maior variedade de produtos, no caso em estudo - energias alternativas gs natural, fazendo com que o desenvolvimento comercial cresa trazendo para sua populao acesso a um energtico mais econmico e que atende s novas normas de emisses gasosas. Koser em seu artigo definiu o gasoduto virtual como sendo uma alternativa para os usurios de gs natural que se localizam em locais onde no existem redes de gasodutos. Trata-se de um sistema modular de compresso, transporte e descompresso de gs natural, que abastece comunidades, indstrias e postos automotivos. Este artigo tem como objetivo principal mostrar as novas tecnologias de transporte de gs natural que se encontram no mercado, as vantagens e benefcios gerados para a sociedade que no tem acesso ao gasoduto, como tambm os resultados encontrados pelo Centro de Tecnologias do Gs - CTGS aps estudos relacionados a este tema, contemplando a possibilidade de transporte de gs natural comprimido nos modais rodovirio, ferrovirio e hidrovirio para clientes da regio Norte e Nordeste do Brasil.

2. O Gasoduto Virtual

Para abastecer os mercados de gs natural, os postos, empresas e indstrias deveriam estar localizados perto do gasoduto, caso contrrio se tornaria invivel investir em um ramal com uma grande extenso. At mesmo grandes localidades com potencial significativo de consumo de gs no poderiam usufruir deste combustvel em funo de suas distncias em relao aos gasodutos existentes. Este era um grande problema encontrado pelas distribuidoras de gs. Com o objetivo de resolver este gargalo do mercado, algumas empresas desenvolveram uma nova opo tecnolgica: o fornecimento do gs natural atravs do gasoduto virtual que tem a grande virtude de permitir dispor do gs natural nas regies no atendidas pelos gasodutos convencionais.

O gasoduto virtual um sistema que permite o transporte de gs natural por meio de carretas e mdulos acoplados a plataformas mveis, onde este gs comprimido em cilindros que so transportados em caminhes, balsas ou plataformas ferrovirias. Quando o produto chega no local de destino, o mdulo conectado a uma estao de descompresso e, assim, o gs est pronto para ser consumido.

A grande vantagem que a quantidade de gs natural transportada varia de acordo com as necessidades pr-estabelecidas pelo cliente. Em suma, sistemas versteis so apoiados em comprimentos modulares de compresso de gs natural, estaes de regulagem de presso e no sistema de transporte propriamente dito.

Abaixo Figura 01 apresenta o esquema de uma carreta de transporte de gs natural comprimido - GNC:

Figura 01 Carreta para o transporte de gs natural.

Para cada projeto existe um estudo de dimensionamento especfico, onde devem ser estabelecidas previamente as quantidades de gs a serem consumidas pela regio. Este estudo consiste em uma anlise probabilstica de variveis como consumo, distncias entre os locais de abastecimento e entrega, tempo de viagem, tipo de rota, estrutura de estradas, atendimento s normas de transporte, meio-ambiente e segurana, condies climticas, alm de anlise de viabilidade tcnica e econmica em funo da condio tima encontrada.

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3. Tecnologias Atuais

Atualmente, podem ser encontradas no segmento de Gasodutos Virtuais algumas empresas, onde cada uma delas possui caractersticas particulares, como tipo de cilindro, capacidade de armazenamento e transporte, forma de compresso, forma de carregamento, descarregamento e abastecimento.

Entretanto, todas elas se prestam ao objetivo de fazer chegar ao cliente remoto a possibilidade de utilizao do gs natural antes da existncia de um gasoduto convencional.

4. Benefcios

medida que servios de transporte mais baratos vo-se disponibilizando, a estrutura econmica comea a assemelhar-se a uma economia desenvolvida: Grandes cidades resultam a partir de migrao para os centros urbanos, regies geogrficas limitam-se a produzir um leque menor de itens e o nvel de vida mdio comea a elevar-se. Especificamente melhor sistema de transporte contribui para (1) aumentar a competio no mercado, (2) garantir a economia de escala na produo e (3) reduzir preos de mercadorias. (BALLOU, 1993).

Nas localidades onde no existe o gs natural, o mercado fica limitado a trabalhar ou desenvolver produtos e servios com as fontes de energias encontradas na regio, no acompanhando assim as novas tecnologias. Estas que, por sua vez, podem ser mais econmicas, emitem nveis de emisses menores e possuem qualidade e confiabilidade maior. Com a possibilidade da utilizao do gs natural no mercado local, que uma fonte de energia alternativa, os empreendedores podem desenvolver produtos e servios mais competitivos em relao concorrncia interna e externa, alavancando desta forma a penetrao em novos mercados.

O Gasoduto Virtual gera a flexibilidade para escolha de localizao industrial mais adequada, possibilitando usufruir as vantagens geogrficas com a conseqente obteno de melhor relao custo-benefcio.

Alm de encorajar a concorrncia direta, o GN incentiva de forma indireta o aumento da competio, pois permite disponibilizar ao mercado bens que normalmente no viriam a ser desenvolvidos na regio.

Esta nova tecnologia pode permitir o aumento do nmero de postos de GNV no Pas, com um custo de investimento relativamente reduzido, sendo importante ressaltar que esta tecnologia se aplica tambm em outros seguimentos de mercado, cuja disperso da demanda no viabiliza o abastecimento de dutos (condomnios, centros comerciais e pequenas indstrias).

Os usurios de veculos movidos a GNV sero beneficiados com a maior autonomia durante as viagens pelo interior do Pas, com a disponibilidade do gs, mesmo em locais no servidos por gasodutos convencionais.

A utilizao do gasoduto virtual no deve ser encarada como uma alternativa fixa e definitiva, e sim, uma forma mais rpida de levar o gs natural para as localidades onde no existe viabilidade tcnica ou econmica para a chegada de um gasoduto convencional.

O Gasoduto Virtual deve cumprir o seu papel de Abridor de Fronteiras, consolidando o consumo do gs natural e preparando a regio para o futuro recebimento do gasoduto convencional, depois de comprovada a sua viabilidade. Atingido este objetivo, o sistema de Gasoduto Virtual poder ser deslocado para uma nova regio a ser desenvolvida.

5. Estudo de Caso Desenvolvido

O objetivo deste estudo de caso foi execuo do Estudo de Viabilidade Tcnica e Econmica EVTE, relativo ao transporte do GNC a partir de um ponto de recebimento de uma capital nordestina e entrega para a uma Cidade A, esta que ainda no abastecida de gs natural atravs de rede de transporte e distribuio convencional.

Para este estudo foram levados em considerao os modais rodovirio e ferrovirio, as alternativas disponveis no mercado para o transporte do gs natural sob a forma comprimida. O estudo envolveu as etapas de recebimento do gs a ser transportado, da logstica de transporte e entrega do gs.

As empresas fornecedoras de tecnologia de transporte de GNC, mostraram-se interessadas em abrir mercado no Brasil, que um pas com grande potencial para crescimento. Uma aplicao interessante do transporte de GNC o chamado avano de fronteira. Segundo esse conceito, o investimento feito em uma

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estao de entrega do gs (estao-filha) pode ser transferido para uma nova estao, quando o gasoduto alcanar a primeira.

Foram realizadas visitas tcnicas, para efeito de reconhecimento das vrias alternativas que o Estado dispe para transporte, definio de mercado, consumo mdio de gs natural, pontos de abastecimento indicados, etc.

Tabela 1 Distncias entre as cidades (km) e Tempos de viagem (h):

Modalidade

Rodoviria Ferroviria

Origem Destino Km horas Malha CFN

Cidade B Cidade A 570 12 711 km 47 h

Capital Cidade A 604 13 737 km 48 h Tabela 2 - Dimensionamento de material rodante e equipamentos do transporte rodovirio

6. Resultados Alcanados

O cenrio traado para este estudo de viabilidade tcnico-econmica, consiste em iniciar o transporte de 4.000 m3 /dia, aumentando at 10.000 m3 /dia na primeira etapa, carregando este GNC a partir de um posto existente na capital, at um posto definido na cidade A.

A partir do segundo ano, o GNC ser carregado no city gate localizado na cidade B, incrementando-se 10.000 m3 /dia por ano, at chegar aos 50.000 m3 /dia ao final do quinto ano.

Inicialmente foi traado um comparativo entre duas formas de transporte, ou seja, o rodovirio e o ferrovirio.

A Tabela 3 a seguir apresenta os resultados relativos tarifa (incluindo a margem) para as duas modalidades de transportes (rodovirio e ferrovirio) e para os trs fornecedores.

Tabela 3 - Tarifa para Posto no 1 Ano (R$/m3)

Rodovirio Ferrovirio Rodovirio FerrovirioTarifa MargemFornecedor

2,04

1,88

2,19

2,13

2,39

2,34 2,18

2,27

C

A

B

1,74

2,05

Tarifa Equilibrio

2,53

2,48

2003 2004 2005 2006 2007 2003 2004 2005 2006 2007

DEMANDAm3 dias 10000 20000 30000 40000 50000 10000 20000 30000 40000 50000CAVALO 5 8 11 16 19 5 3 3 5 3CARRETA 6 11 17 22 28 6 5 6 5 6DISPENSER 2 4 6 8 10 2 2 2 2 2COMPRESSORES ME 1 2 2 3 4 1 1 0 1 1HPU 1 2 3 4 5 1 1 1 1 1

CAVALO 5 8 11 16 19 5 3 3 5 3

CARRETA 6 11 17 22 28 6 5 6 5 6

DISPENSER 2 4 6 8 10 2 2 2 2 2

BOOSTER 2 4 6 8 10 2 2 2 2 2

COMPRESSORES ME 1 2 3 4 5 1 1 1 1 1CAVALO 5 8 11 16 19 5 3 3 5 3CARRETA 6 11 17 22 28 6 5 6 5 6DISPENSER 2 4 6 8 10 2 2 2 2 2BOOSTER 2 4 6 8 10 2 2 2 2 2COMPRESSORES ME 1 2 2 3 4 1 1 0 1 1

ANOS ANOS (Investimento)CIDADE - A

Dimensionamento Rodovirio

A

B

C

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A partir da tabela acima, verificamos que a modalidade ferroviria apresenta tarifas superiores s encontradas na modalidade rodoviria. Por exemplo, para o fornecedor A, a modalidade ferroviria 20% mais cara que a rodoviria.

Em funo dos resultados acima, o transporte ferrovirio se apresenta invivel, especialmente quando comparado ao transporte rodovirio.

Ao compararmos as tarifas para a modalidade rodoviria em funo do fornecedor, nota-se que h uma variao de aproximadamente 18 % entre o menor valor (Fornecedor A) o maior valor (Fornecedor B).

Portanto, conclui-se que o melhor investimento na condio de utilizao de posto no primeiro ano seria atravs do modal rodovirio com a empresa A.

7. Concluses

O gasoduto virtual pode ser utilizado estrategicamente para dar os primeiros contatos do novo produto, gs natural, com o mercado.Isso proporciona a antecipao de receitas a futuros clientes durante um curto espao de tempo e quando o gasoduto estiver implantado a tecnologia e todo o investimento em transporte no gasoduto virtual pode ser direcionado a outras novas regies que sero futuros centro de consumo com aproveitamento total dos equipamentos.

O Centro de Tecnologias do Gs - CTGS - realizou estudos contemplando a possibilidade de transporte de GNC nos modais rodovirio, ferrovirio e hidrovirio para clientes da regio Norte e Nordeste do Brasil.

Mesmo com o elevado investimento inicial nos equipamentos de transporte e produo para manipular o gs natural, o CTGS verificou que o projeto gera uma economia de escala na produo, por ser uma energia mais barata. Estudos revelam que o investimento rapidamente pago pela economia gerada na substituio da energia eltrica pelo gs natural, devido ao grande volume de GN utilizado.

8. Bibliografia

BALLOU, Ronald H. Logstica empresarial: transporte, administrao de materiais, distribuio fsica. 1. ed. So Paulo: Atlas, 1993.

ALVARENGA, Antnio Carlos. Logstica Aplicada: Suprimento e distribuio fsica. 3. ed. So Paulo: Edgard Blcher LTDA, 2000.

SOBRINHO, C. A., Uso de "Dispensers" e Carreta Feixe para Abastecimento de Veculos com Gs natural, 1. ed. IBP Instituto Brasileiro de Petrleo, Rio de Janeiro, RJ,1999.

ABNT, 1987, NBR 7500, Smbolos de Riscos e Manuseio para o Transporte e Armazenagem de Materiais, Simbologia.

ABNT, 1983, NBR 8285, Preenchimento da Ficha de Emergncia para o Transporte de Cargas Perigosas, Procedimento. ABNT, 1994, NBR 8286, Emprego Pblico / Outra Unidade de Abastecimento de GNV.

Folha do GNV, agosto de 2002, no. 17

KOSER, Luiz Fernando Mueller. Novos campos de petrleo e de gs natural na Bahia. Disponvel em: < http: // www.sei.ba.gov.br/publicacoes/bahia_analise/ analise_dados/pdf/energia/pag_45.pdf - Resultado Adicional. Acesso em 15.01.2003

9. Dados dos Autores

Luiz ngelo Aniceto (CTGS) langelo@ctgas.com.br Breno Peixoto Cortez (CTGS) - breno@ctgas.com.br Pedro Neto Nogueira Digenes (CTGS) - pnd@ctgas.com.br Autor indicado para correspondncia: Luiz Angelo Aniceto CTGAS Centro de Tecnologias do Gs Av. Cap. Mor Gouveia n 1480 Lagoa Nova Natal RN Brasil CEP 59063-400 www.ctgas.com.br - E-mail: ctgas@ctgas.com.br Phone: 55(0) 84 204.8162 Fax: 55(0) 84 206.2778