A Guerrilha Galega Anti-franquista

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Há que salvar a história; há que desempoá-la; há que resgatar a verdade. Um Povo que perde a sua história perde-se a si próprio, deixa de ser, é assimilado, perece".

Francisco Rei Belbis, "O Moncho"

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Foto portada: Pena Trevinca. Serra do Eixo. Território guerrilheiro. 1996.

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Limiar 3

Limiar

Desconfiemos, de entrada, das pretendidas sanas intençoes dalguns

pseudo-historiadores empenhados numha cruzada desmitificadora. Cruzada desmitificadora, objectivismo histórico, cientifismo, assepsia, neutralidade..., que encobrem, em muitos casos, umha nova proposta, autêntica mitologia ánti-nacionalista -como acunhou Anselmo López Carreira- mais perigosa e daniná por mais sibilina e arteira, da intelligentsia espanhola para sequestrar a nossa memória histórica, desorientar-nos e, em última instância, desarmar-nos espiritualmente.

"Para que qualquer razonamento ou teoria chegue ao Povo, para que

surja um movimento amplo, é necessária a utilizaçom ou criaçom de componhentes míticos. Mito mobilizador: motivando ao indivíduo à acçom, sustendo-o ante a adversidade, criando a moral de acçom ou combate. Mito e razom complementam-se, de facto, na praxe política. A funçom do Mito nom é a de server de vínculo de verdade, senom a de motivar aos indivíduos face umha verdade".

Escrevia certeiramente o galego M. Aiám: "A educaçom patriótica

deve, necessariamente, ter um grande conteúdo histórico-tradicional. Cada Povo necessita conhecer aos seus heróis e as suas façanhas, os seus devanceiros e as suas raíganhas, a sua praxe colectiva no devalar dos longos séculos de existência..." Pondal foi perfeitamente consciente disto e por isso se converteu no educador insuperável, cujo objectivo foi criar umha consciência colectiva a base de umha pedagogia estóica, bélica, épica, patriótica e de libertaçom nacional.

Acolhamos aos Mitos se nos permitem avançar; refuguemo-los

quando se convertam numha pesada rémora. Sempre é louvável a procura da verdade, das nossas verdades históricas. Sempre resulta um exercício sano procurar a "objectividade" dos sucessos que ocorrem na nossa terra e dos vultos que tanto incidírom no nosso pensamento e na nossa acçom. Mas, sem esquecer, que a "pura percepçom, quer dizer, a percepçom na que nom penetram as normas culturais do indivíduo é praticamente impossível".

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I

Os primeiros resistentes A guerrilha galega ánti-franquista tivo a sua origem no golpe de

Estado (falido) de Julho de 1936, fracasso que originou umha guerra que liquidaria a legalidade republicana. A Oligarquia, o exército, a Guarda Civil, a Falange e a Igreja, seriam a coluna vertebral de um regime que desenvolveu umha implacável e sistemática repressom sobre o Povo Trabalhador Galego. Esta feroz repressom determinaria a génese guerrilheira na Galiza. As condiçoes impostas aos vencidos só permitiam a fugida ao estrangeiro ou ao monte. Deste jeito, já desde Julho de 1936 as montanhas galegas vam ser o cenário de umha resistência singular (singularizada da que se dá noutras partes do Estado espanhol): em quantidade, em qualidade, por pioneira em tantos aspectos e em tempo de duraçom. Em palavras da própria Guarda Civil, "a guerrilha na Galiza tivo um carácter endémico, muito arraigada e combativa".

Banda oriental de Lugo, banda oriental de Ourense, comarcas galegas administrativamente asturianas (Íbias e Grandas de Salime), O Berço, A Cabreira e parte do Vai de Seabra, conca do Minho (banda ocidental de Ourense, Sul-Oeste de Lugo). (1936-1941)

Ao longo do território nacional e especialmente naquelas zonas que reuniam condiçoes geográficas de maior seguridade vam-se concentrando os primeiros resistentes galegos. Resistentes que vam estabelecendo comunicaçom entre eles, organizando-se em pequenas unidades armadas de auto-defesa e que num primeiro momento tinham, em geral, como máxima premissa salvar a vida e aguardar nos tobos até que amaina-se algo o temporal e se dilucidasse umha vitória republicana na contenda contra o fascismo.

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Durante este período e a medida que nom se vislumbra umha vitória

republicana produzem-se já por parte dalgumhas destas unidades, organizadas já propriamente em guerrilhas, importantes acçoes contra o regime e os seus colaboradores. O contingente de combatentes que chegou a operar por estes territórios alcançou umha cifra muito considerável. Em 1941 e 1942 o fascismo chegou a meter a artilharia e a infantaria polas serras orientais (Ancares, Courel) num intento de aplacar a operatividade das guerrilhas. Enormes casas-quarteis que ainda hoje podemos olhar por algum destes povinhos de montanha e que nos chamam a atençom polo desproporcionadas que som em relaçom com a importância políti-co-social do seu meio, adquirem todo o seu sentido nesta época de persecuçom e aniquilaçom do problema guerrilheiro galego nestas zonas.

Alguns dos guerrilheiros destas comarcas que ocupam um lugar na

memória colectiva do nosso Povo: António Ulhoa Regueiro "O toralho", Manuel Alvarez Árias "O bailarim", Alfredo Yánhez Domínguez "O Aguirre", José Veiga Seoane "O Animas", Manuel Girom Bazám "O Girom", Marcelino de la Parra Casas (oriundo da cidade de Leom), Abelardo Macias Femández "O lebre", José Losada Yánhez, Silvério Yebra Granja "O Atravessado", Eduardo Pérez Vega "O Tameirom", Abel Ares Pérez, Henrique Oviedo "O Chapa", Serafim Femández Ramom "O Santeiro", Os irmaos Vocês Canóniga: Salvador, Pedro e Demétrio "Os Pita-cegas" (assim chamados porque "jogavam" à pita-cega com os guardas civis), César Terrom, David Fuentes Alvarez "O Velasco", de Veiga de Valcarce, no monte com tam só 16 anos; Mário Rodríguez Losada "O Langulho", Manuel Garcia Rodríguez "O Porco" "O Verdugo" ou "O Sargento", Gervásio Cereixo Incógnito, Jesus Quiroga Árias "O Chucho", António Dosantos Ferreira "O Cuco", Manuel "O Liro", António Dosantos Veiga, Silvério Veiga, José Gomes Juniol, Albino Gómez Rodríguez "O Albino", Gumersindo Femández Incógnito, Manuel Alvarez Silva, Demétrio Garcia Alvarez "Pedro", Joam Garcia Salgado, Domingo "O Inca", os irmaos Rogélio, Sebastiám, Alfonso, Domingo "O Girolo", Consuelo e Antónia Rodríguez López "Os soulecins" ou "Os de Casaio", Manolo o do dente de ouro, Chaval de Ricosende, Miguel Cuenha "O Artilheiro", Evaristo González Pérez "O Rocesvinto", António López Núnhez "O objectivo", António Femández Crespo "Fuenteoliva", Manuel Castro Telhado,

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Sinforiano Alba Abelha "O Tato", Arturo Martínez "O Arturim", Joaquim Lage Fernández "O Xóqui", a família de Sam Miguel de Cervantes: Consuelo Alba Digom (mai); Domitila (filha), Jovino (filho), Abelardo (filho) e Baldomero (filho) Gutiérrez Alba; Manuel Álvarez Martínez "O Gaiteiro", Odilo Fernández Rodríguez "Blás", Manuel Gutiérrez Abelha, Vitorino Nieto Rodríguez, Germám Castro "O Chato", Marcelino "O Corço", Ramiro Franco Franco, Silvestre López, o "Grupo dos mascarados" (chamado assim porque actuavam com rosto coberto), integrado por cinco guerrilheiros e umha guerrilheira... Província da Corunha e Noroeste de Lugo (1936-1943)

Em 1936 centos de pessoas botam-se ao monte e aos boscos das

comarcas costeiras de Corunha e Lugo. Alguns dos mais conhecidos fôrom: Pola conca do Eume, José Vázquez Mauriz "Patitas" (com certo nível teórico e autoridade moral sobre os resistentes desta zona), Ramiro Martínez López "O Zapateiro", Manuel Pinheiro Antom "O Manolo do Menor", Manuel Eive Vilar, Evaristo Eive Vilar, Eugénio Vilar Pereira, António Vilar Pereira, Amador Bárcia, Manuel Vilar Paços, Jesus López Ardao "O de Soneiro", Manuel Rodríguez Pérez "O Galam", Rairiom Fraga Couceiro "O Saturno", António Ares Abelheira, Ramiro Carvom Fornos....; na banda norte da Província, nos termos de Cedeira e Ortigueira forma-se outro grupo arredor de Manuel Freire Garcia "O Cagalho"; no sul-leste, na zona que compreende os montes da Granha que abrange os termos de Curtis-Vilasantar e Messia existia desde os começos da guerra um pequeno núcleo constituído poios camponeses: Benigno Andrade Garcia "Foucelhas" (jornaleiro de 26 anos), Emílio Pérez Vilarinho "O Emílio", Manuel Pena Camino "O Flores", Jesus Lavandeira Pérez.... Nos termos de Arçua e Melide e nas comarcas de Palas de Rei e o Alto Ulha actuavam Ramom Rodríguez Varela "O Curujas", Benedito Fuentes Díaz, José Vázquez Otero... Nas comarcas do Ferrol e nas Pontes de Garcia Rodríguez, Moeche e Viveiro andava um dos grupos melhor organizados e mais numerosos encabeçado por José Neira Fernández: José António Franco Basanta "O Caudilho", Jesus Iglésias Escourido "O tizom",

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Francisco Gómez Núnhez "O Trotsky", Vicente Lage Fernández "O Chicharro", Plácido Rivera Coucinha, Jesus Iglésias Vázquez "O Muros", Ixonardo Gómez Pérez "O Trancas", os irmaos Alberto, Teodoro e Remígio Franco Lamela, António Molins Valle "O Noi", Angel Franco Evaristo... Mantinha contacto com o Grupo Neira, ainda que nom o integrasse, o guerrilheiro de mais renome na banda setentrional de Lugo: Luís Trigo Chao "O Guardamos" (botou-se ao monte com 45 anos), acompanhado habitualmente por Venâncio Seoane Rouso "Passos Largos" e Vítor Valinho. Poios montes do Pindo andam nesta primeira etapa quase um centenar de resistentes, a maioria ex-carabineiros de Muros e Noia. Entre 1936 e 1937 a Serra do Barbança ampara a um grupo de quarenta ánti-franquistas liderados por José Fernando Fernández Vázquez "José de Soutomaior".

A actividade destas guerrilhas que se fôrom conformando nesta primeira etapa nestas zonas nom foi muito intensa, limitando-se a uns mínimos operativos. Província de Ponte-Vedra (1936-1946)

A mai ori a das primeiras unidades de resistentes organizados já em guerrilhas surgem nas zonas próximas a Tui e em Vigo: A guerrilha de Azulméndi (aforas de Tui) no verao de 1936, formada entre outros por "Santiaguinho", "Os platilheiros" e "O comunista"; entre 1936 e 1938 actuou pola zona de O Rosal, Ponte-Áreas, O Condado, Tui, Faro de Aviom..., Manuel González Fresco. Em 1937 organiza-se a guerrilha denominada "O Grupo de Ponte-Areas" e a guerrilha de Manuel Pintado "O Lolito" (Comarca de Gondomar). A mediados de 1938 nas imediaçoes de Vigo opera a guerrilha comandada por Rogélio Garcia Molares "O Maletas" e com ele estavam o seu irmao José Garcia Molares, Ramom Pereira Antelo "O Parrilheiro", Manuel Simom Campos "O Xanote", Manuel Rodríguez Fernández "O Manolo de Cabral". Nestes primeiros anos organizam-se também aguerrilha do "Petrilfias" (proximidades de Vigo), a guerrilha do "Cachopas", a guerrilha de Severino Carreta Martínez "O Farrapilhas", a guerrilha de Benj amim Garcia Diéguez "O largo" (na serra do Faro, termo de Rodeiro-Lalim). Na parte de

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Vigo e O Porrinho actua desde o primeiro momento António Fresco "O Fotógrafo" e outros guerrilheiros unidos a ele. Nestes primeiros anos trascendem também os nomes dos guerrilheiros Guilhermo Santos Caride "O Quique", José Luís Quintas Figueroa, Edelmiro Barreiro Cubeiro, Júlio Guilhém "O Biell", José Castinheiras Alonso, António Fernández, Avelino Otero Moure "Avelino", Urbano Fernández Bastos "O Roque"...

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II

A primeira Organizaçom guerrilheira (1941-1947)

A chegada à zona de O Berço e o Leste de Ourense em 1940 de um

grupo de asturianos com preparaçom política, formaçom intelectual e dotes organizativas vai mudar em parte a dinâmica das guerrilhas destas comarcas, na medida em que acelera um processo organizativo que podia dilatar-se mais no tempo. Os mais conhecidos: Marcelino Fernández Villanueva "O Gafas" (PSOE), César Rios Rodríguez (PSOE), Guilhermo Moram Garcia (PCE), Arcádio Rios Rodríguez (PCE)...

Reunidos na "Cidade da Selva" dos montes de Casaio a mediados de

1941, os guerrilheiros galegos decidem repartir aos asturianos entre os seus diversos grupos, nom sem que se dessem certas tensoes motivadas polo receio que os galegos tinham da presença destes combatentes foráneos na sua zona. A "Cidade da Selva" era o nome que recebiam o grupo de campamentos guerrilheiros estabelecidos nos montes de Casaio-Serra do Eixo camuflados entre tojos e silvas. Acordou-se que o grupo de Gafas e Girom (cuja zona de actuaçom era a Cabreira) actuasse como um ha direcçom ambulante, viajando constantemente entre a banda oriental de Ourense, a Cabreira e o Berço para assessorar aos diversos núcleos e coordenar a sua actuaçom, imprimindo-lhemaior carácter político às suas actividades. Este acordo constiui a origem da futura Federaçom de Guerrilhas de Galiza-Leom. Estas medidas levadas a cabo a partir da primavera de 1941 vam modelando umha guerrilha embrionária e calha ao ano seguinte, quando em abril de 1942 ofícializa-sen umha reuniom-Congresso fundacional em Penas de Ferradilho (Priarança do Berço), à que assistírom 24 guerrilheiros, a 1ª organizaçom guerrilheira de pós-guerra de todo o Estado espanhol: a Federaçom de Guerrilhas de Galiza-Leom (com predomínio de socialistas e cenetistas), que puido chegar a controlar a uns 100 homes. Mal chamada "de Leom" pois esta organizaçom sempre tivo o seu rádio de acçom fundamentalmente na Gal iza e foi conformada na sua maioria por galegos e galegas. A sua zona de actuaçom seria a banda oriental da Província de Ourense (Valdeorras,

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Terra do Bolo, Terra de Trives), leste, nordeste e sudeste da província de Lugo (Fonsagrada, Becerrea, Quiroga..), as Serras dos Ancares e o Caurel, Comarca de Ibias, Grandas... e outras zonas galegas baixo administraçom asturiana, O Berço e a Cabreira. O que "oficialmente" é conhecido como as quatro províncias galegas, mais a bisbarra de O Berço, as zonas de Grandas de Salime, Ibias, Cangas de Narcea, a franja entre os rios Eo-Návia, A Cabreira e Póvoa de Seabra formam um conjunto geográfico inseparável. Histórica, étnica e linguisticamente isto é Galiza. Se hoje alguns deste territórios nom som administrativamente galegos é por mor do colonialismo espanhol que amputou parte da Naçom galega.

Nesta assembleia fundacional aprovaróm-se as linhas mestras da guerrilha, que vam ser revisadas e ampliadas em sucessivos congressos e assembleias. Aprovam-se uns estatutos, uns regulamentos, os princípios que deviam reger a sua conduta e elege-se o primeiro mando central integrado por "O Gafas", do PSOE, como o seu máximo responsável e Mário Moram Garcia (PSOE) e Marcelino de la Parra Casas (CNT) como ajudantes.

O 1 de Abril de 1943 a Federaçom imprime o primeiro número de "O

guerrilheiro" graças a um multicopiador facilitado por Alexander Easton "O inglês" ou "O amigo", responsável dos consulados britânicos de Vigo e A Corunha e desde 1942 enlace de grande importância para a Federaçom. Esta publicaçom vai ser o primeiro vozeiro editado por umha organizaçom guerrilheira, com umha tirada de 275 a 300 exemplares. Foi editado em Santalha, Povo em ascenso face o Lago de Carucedo, caminho do Barco de Valdeorras. Logo saiu um número em Cubilhines e depois na Cidade da Selva-Serra do Eixo. 01 de Abril de 1946 é a data do derradeiro número.

A vida organizativo-administrativa da Federaçom será bastante densa

e prolífica como o amostra o número de congressos celebrados. Em Abril de 1943 celebra-se o II Congresso nos montes de Ferradilho. Nele formaliza-se a fundaçom da Federaçom. O Estado Maior da Federaçom é ratificado, transforma-se o velho comité director em Estado Maior, introduzem-se trocos nos Estatu-tos, reforça-se a ideia militar da guerrilha, a Rede de enlaces

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enquadra-se no denominado Serviço de Informaçom Republicano (S.I.R) e o Comité de Disciplina transforma-se em Tribunal de Guerrilha. O III Congresso tem lugar novamente em Penas de Ferradilho em Setembro de 1943, abordando-se nele o início de umlia restruturaçom organizativa que nom vai entrar em vigor até o ano seguinte. O IV Congresso vai-se celebrar entre os dias 10 e 12 de Outubro de 1944 nos Montes de Casaio. No mesmo fôrom ratificados nas suas responsabilidades O Gafas, como chefe do Estado Maior e Mário Moram e Marcelino de la Parra como ajudantes de Estado Maior. Os comunistas, cujo peso específico era cada vez maior lográrom que Francisco Elvira Quadrado fosse nomeado Comissário adjunto do Estado Maior (carrego nom executivo) em representaçom da militância comunista. Nesta Assembleia decide-se transformar o SIR em Milícias Passivas ou do Chao, ainda que na prática o SIR continuou existindo como a elite da Organizaçom de apoio. Aprovou-se também a modificaçom da composiçom das guerrilhas, organizadas a partir de agora em Agrupaçoes formadas à sua vez por unidades guerrilheiras. A partir deste acordo chegárom-se a constituir de maneira efectiva três Agrupaçoes. Cada umha estava integrada por quatro guerrilhas e quatro companhias do SIR e actuava numha zona concreta. Cada guerrilha estava composta por dez guerrilheiros e contava com dous responsáveis. Este organigrama assim como a distribuiçom geográfica que se faz a nível teórico das guerrilhas iria-se concretando e reajustando na prática armada. Em quanto aos mandos e a composiçom dos grupos, nom eram imutáveis e de facto fôrom frequentes os trocos.

A I Agrupaçom foi a melhor organizada, integrando-a sobre quarenta homes armados. A sua zona de actuaçom era o Berço, A Cabreira e zonas limítrofes. O seu máximo responsável foi César Rios Rodríguez (socialista), que tinha como ajudantes a Abel Ares Pérez e Manuel Girom Bazám. Como dirigentes das quatro guerrilhas desta Agrupaçom figuram conhecidos homes da luita guerrilheira galega como Abelardo Macias Fernández "O Lebre", Vitorino Nieto, Edelmiro Alonso Garcia, Manuel Gutiérrez Abelha, Miguel Cuenha "O Artilheiro", Hilário Alvarez Méndez, Evaristo Gonçález Pérez "O Rocesvinto" (a partir de 1946 militante da II Agrupaçom da Federaçom) e Henrique Oviedo Blanco "O Chapa". A começos

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de 1945 ficará constituída a III Agrupaçom da Federaçom, comandada por Manuel Castro Telhado. Os lugartenentes de Telhado à frente desta Agrupaçom serám Abelardo Gutiérrez Alba (cenetista) e António Fernández Crespo "Fuenteoliva" (pró-socialista). Alguns dos guerrillheiros mais conhecidos desta Agrupaçom fôrom: António Campoamor "Pim", Leonardo Gómez Pérez "O Trancas", Arcádio, Os irmaos Prada Arroio, os irmaos de Abelardo, Jovino e Baldomero Gutiérrez Alba, os irmaos "Pitacegas", Salvador e Demétrio Vocês Canóniga, Amadeo "O Piloto"... Esta Agrupaçom actuará nos Ancares, parte oriental e nordeste (aqui com menos apoios) da Província de Lugo e territórios limítrofes face o leste. Há que ter em conta que a finais de 1945 vai surgir outra Agrupaçom que também vai levar o nome de III Agrupaçom. Será a III Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza, ainda que nom vai coincidir no espaço com a da Federaçom, pois a do Exército actuaria principalmente nas zonas de Viveiro, Ourol, Germade, Serra do Gístral, Serra da Loba, Palas de Rei, Antas de Ulha, Chantada, Monforte, Póvoa de Brolhom, Quiroga, Bôveda e Sárria.

A finais de 1944 começos de 1945 dam-se os primeiros passos face a constituiçom de umha II Agrupaçom na banda oriental da Província de Ourense. Mas a sua constituiçom definitiva nom vai ter lugar até pouco depois do V Congresso da Federaçom de guerrillhas celebrado nos montes de Casaio o 1 e 2 de Março de 1945. Neste encontro manifesta-se por primeira vez em toda a sua crueza um problema: as divisoes políticas entre os guerrilheiros (os comunistas vam adquirindo maior protagonismo), que irám fermen-tando umha situaçom de deterioro progressivo. Neste Congresso guerrilheiro é elegido Francisco Elvira Quadrado (comunista) como ajudante do Estado Maior em substituiçom de Mário Moram Garcia (socialista). Este vai ser nomeado agora responsável máximo da II Agrupaçom já em processo de formaçom e que vai ficar definitivamente constituída entre Abril e Maio deste ano. Anova direcçom da Federaçom estará conformada por Gafas, como máximo responsável e Marcelino de la Parra e Francisco Elvira como ajudantes. A II Agrupaçom, que manda Mário Moram desde o V Congresso, tem como ajudantes a Florêncio Pérez "O Andaluz" e Eduardo Pérez Vega "O Tameirom". Como chefes das quatro guerrilhas desta Agrupaçom estarám Domingo Rodríguez "O Inca", Antolim Múrias

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"Paciência", Roberto Fernández e Arcádio Rios. Outros guerrilheiros conhecidos fôrom: "O Animas", Guilhermo Moram, Marcelino de la Parra, Alfonso e Domingo "Os de Soulecim", Serim, Cunheira, António, Eulógio Alonso Palácios "O Gordo da Rua Petim", Odilo Fernández "Blás" "O Pássaro" "O Tranças", Silvério Yebra Granja "O Atravessado", Evaristo Gonçález Pérez "Rocesvinto"... A zona de actuaçom da II Agrupaçom compreendia a Serra do Eixo, Terra do Bolo até a Gudinha e Verim, comarca de Valdeorras e Terra de Trives. Igual que ocorrera no caso da III Agrupaçom, o 18 de Agosto de 1946 vai aparecer outra II Agrupaçom ourensana. Esta nova Agrupaçom ser á umha cisom promovida poios comunistas da II Agrupaçom da Federaçom, em especial por Guilhermo Moram e Rocesvinto, que constituem umha quinta guerrilha como gérmolo da II Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza. Deste jeito vam coexistir por um pequeno período de tempo duas Agrupaçoes chamadas do mesmo jeito actuando no mesmo território: umha da Federaçom de Guerrilhas de Galiza-Leom e outra do Exército Guerrilheiro de Galiza. Por pouco tempo, porque com a dissoluçom da Federaçom em 1947 ficaria na mesma zona unicamente a II Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza, organizaçom armada que já hegemoniza, nesta altura, a luita armada em toda a Naçom galega.

O VI Congresso da Federaçom de guerrilhas, chamado da

Reunificaçom, tem lugar a mediados do mês de Julho de 1946 na Cidade da Selva-Serra do Eixo. A este Congresso nom assistírom por problemas de distância os representantes da Província de Lugo. Neste pequeno território galego sémi-libertado reunírom-se uns vinte guerrilheiros em chousas bem dissimuladas pola vegetaçom, três na parte superior do vai e as restantes quilómetros mais abaixo. A Assembleia ratificou o Estado Maior vigente. Quando só faltava celebrar a sessom de clausura umha contra-partida atacou aos guerrilheiros matando a Francisco Elvira Quadrado e Arcádio Rios, comunistas. Este seria o último encontro. A finais de 1946 a Federaçom já está em pleno processo de descomposiçom, minada pola repressom, as divisoes internas e apolítica liquidacionista que já prevalece entre bastantes dos seus membros. Pola cabeça destes já anda a ideia da fugida.

O PSOE, que sempre se desentendeu da luita armada, que nunca

apoiou publicamente à guerrilha nem lhe prestou ajuda

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material nem apoio político, aconselha a começos de 1947 aos socialistas integrados na guerrilha que fujam ao estrangeiro, o que fôrom fazendo escalonadamente os seus máximos responsáveis e outros que seguírom os passos destes entre 1947 e 1948. Compre dizer que, ainda que a Federaçom estivo controlada nalgumha medida poios socialistas, estes sempre estivêrom desvencelhados do PSOE que, dito seja de passo, era, como organizaçom política, totalmente marginal na Galiza. Adiantárom-se à desvandada alguns guerrilheiros da federaçom aderidos à CNT, organizaçom política que já a finais de 1946 "aconselha" que os do monte abandonem a luita e fujam ao estrangeiro.

Ainda que em 1947 se dissolve a Federaçom, houvo guerrilheiros que seguírom luitando nas montanhas e que combateram pouco depois nas filas das Agrupaçoes do Exército Guerrilheiro de Galiza, como "O Girom", "O Rocesvinto" ou Alfonso Rodríguez López, colaboraram directamente com esta Organizaçom armada, como Mário de Langulho ou continuaram a luita de jeito autónoma como os casos de "O Lebre" e "O Chapa".

Do período de luita armada da Federaçom pode-se fazer o seguinte

breve balanço: O 6 de Agosto de 1942 produze-se a primeira caída importante, ao morrer num enfrentamento com as forças de ocupaçom fascistas, perto do Barco de Valdeorras, quatro guerrilheiros. O ano 1943 foi bastante adverso em quanto a baixas. Sete guerrilheiros morreram em combate neste ano. O período entre 1944 e parte de 1945 é o de maior projecçom da Federaçom e a de menos baixas, alcançando o seu máximo apogeu neste último ano. Será a partir de mediados de 1945 quando o regime lhe vai a assestar os golpes mais fortes. Especialmente duras fôrom as caídas de Columbrianos-Ponferrada o 4 de Junho de 1945 e a caída de Teixeira-Concelho de Balboa-Ancares o 9 de Abril de 1946. Umha agente traidora das Milícias do Chao foi a causante da desfeita de Columbrianos, onde um cerco da Guarda Civil fruto da delaçom acabou com ávida de três guerrilheiros agachados numha casa. Posteriormente produzíram-se até 550 detençoes em toda a zona, ficando gravemente danada a estrutura de enlaces. Os Estatutos da Federaçom condenavam aos traidores e delatores àmáxima pena. Dous anos mais tarde, no verao de 1947, um grupo de combatentes executou à traidora na sua própria casa.

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Neste período há que salientar como importantes acontecimentos repressivos do inimigo, nom exclusivos destas comarcas: a) Em 1942 aparece por primeira vez na Galiza o fenómeno das contra-guerrilhas, que tantíssimo dano farám ao Movimento guerrilheiro. Na sua maioria estavam integradas por Guardas Civis, falangistas, antigos soldados da divisom azul, guerrilheiros capturados, ex-presidiários... e baixo a supervisom de um guarda civil. Mais que causar a morte de guerrilheiros, as contra-partidas adicarám-se a eliminar enlaces e responsáveis de pontos de apoio, verdadeiro sustém dos combatentes armados do monte. Vestiam como os guerrilheiros, seguiam umha vida semelhante à dos guerrilheiros e cometiam toda classe de crimes baixo a carauta de guerrilheiros; b) Em 1945 geralizam-se os som aténs pola zona rural. Os somaténs eram paisanos (civis) armados para defender ao fascismo. Seriam definitivamente dissoltos em 1947.

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18 O Exército Guerrilheiro de Galiza

III

O Exército Guerrilheiro de Galiza (1944-1954)

Os primeiros passos concretos face a unificaçom dos grupos de

fugidos da Província da Corunha e do Norte da Província de Lugo numha organizaçom guerrilheira dêrom-se o ano 1943, pouco depois da batalha de Stalingrado (segunda guerra mundial), momento histórico que contribuiu poderosamente ao ressurgimento da oposiçom política ánti-franquista. Um homem foi o principal artífice: Marcelino Rodríguez Fernández "O Marrofer", mestre e militante comunista nado em Astúries, de grande capacidade organizativa e boa formaçom intelectual e política. Por iniciativa de Marrofer, que se incorpora aos do monte em 1942, reuníromse na primavera de 1943 os representantes de diversos grupos de resistentes da zona à beira do rio Sor, raia entre as províncias da Corunha e Lugo, para discutir a situaçom e a sua futura actuaçom. Como resultado deste trabalho organizativo a finais de 1944 é já um facto a criaçom da IV Agrupaçom de guerrilhas (baixo influência comunista), gérmolo do Exército de Libertaçom de Galiza e posteriormente Exército Guerrilheiro de Galiza, limitada principalmente à zona da Província da Corunha e cujo máximo responsável seria o próprio Marrofer (ajudado por Ramom Vivero e José Temblas). As primeiras guerrilhas da nova organizaçom assentam-se sobre os grupos que existiam já desde havia anos.

Enquadrados nesta IV Agrupaçom estám alguns dos guerrilheiros

que mais gravados ficárom na memória colectiva do nosso Povo: Benigno Andrade Garcia "O Foucelhas", Manuel Pena Camino, José Ramunhám Barreiro "O Ricardito", Joam Couto Sanjurjo "Simeom", Lisardo Freixo "Tenente Freixo", Manuel Ponte Pedreira "Xastre" "Negro" "Pintor" "Miracielos", Francisco Rei Belbis "Moncho" ou "Ramon de la Huerta", Amador Domínguez Pam "Pimentel", Segundo Vilaboi Fernández, Joam Pérez Dopico "Joam de Genaro" ou "Caravanha" (movendo-se a cavalo entre a IV e a III Agrupaçom do Exército).

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Face finais do ano 1945 cria-se a III Agrupaçom do Exército

Guerrilheiro de Galiza, cujo âmbito de actuaçom é a Província de Lugo. É quiçá a menos activa das quatro Agrupaçoes que chegarom a componher o Exército Guerrilheiro de Galiza. O Estado Maior desta III Agrupaçom estava composto também por alguns dos homes mais celebres do Movimento guerrilheiro galego: O Piloto, como máximo responsável de toda a Agrupaçom; José Árias Femández "Dapénci" ou "Cristo" e Elias López Armesto lugartenentes do Piloto e Leonardo Gómez Pérez "O Trancas” como responsável militar; o incombustível Leornado, veterano combatente das primeiras guerrilhas do Grupo Neira, integrado mais tarde nas filas da III Agrupaçom da Federaçom e agora comandando militarmente a III Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza. Nesta III Agrupaçom, por Palas de Rei e Antas de Ulha, também estava enquadrado outro velho conhecido: Ramom Rodríguez Varela "Corujas". Outros conhecidos guerrilheiros como "O Guardarrios", Roberto Alonso Díaz "O Barbas" e Perfecto Requeixo Rouco "O Tarrelo" luitárom de jeito autónomo sem integrar-se organicamente nem no Exército nem na Federaçom.

A finais de 1945 chegam a Galiza os galegos José Gómez Gayoso

"López", "Joam", nado em Maceda, mestre de profissom, militante comunista, António Seoane Sánchez "Juliám", nado em Corunha, Tipógrafo, militante comunista, Manuel Blanco Bueno (marinheiro republicano, militante comunista) e Manuel Fernández Soto "Coronel Benito" ou "Soutinho", nado em Mugardos, marinheiro, militante comunista. A chegada destes homes vai provocar profundos câmbios na evoluçom do P.C de Galiza e, portanto, na organizaçom guerrilheira que controlam. Configuraram o novo Comité galego do P.C: José Gómez Gayoso, o seu secretário geral; Manuel Blanco Bueno o seu ajudante e António Seoane Sánchez o responsável militar. Manuel Fernández Soto seria responsável de agitaçom e propaganda.

Gaioso e Seoane impulsam umha linha de maior politizaçom das

guerrilhas, com operaçoes armadas de maior calado político e maior tinte propagandístico (sabotagens), maior ideologizaçom e preparaçom política dos guerrilheiros, afortalamento do Partido como braço político da guerrilha... Iniciam umha militarizaçom

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paulatina dos grupos guerrilheiros. A primavera de 1948 introduzem o uniforme guerrilheiro, aos guerrilheiros entregam-se-lhes bilhetes de identidade no que figuram o seu nome e o da Agrupaçom à que pertencem... Se bem já anteriormente a esta data, "parece" registar-se a utilizaçom de uniformes, como se desprende do facto de Manuel Ponte Pedreira levar uniforme posto quando o matárom em Abril de 1947. Organizam novos quadros e aumentam consideravelmente o accionar armado.

Como consequência, de 1946 a 1948 (ano em que Gayoso e Seoane som detidos) e o período mais importante quantitativa e qualitativamente do Movimento Guerrilheiro Galego. As detençoes do máximo responsável político e do máximo responsável militar do Exército Guerrilheiro de Galiza, em Julho de 1948 a raiz de umha infiltraçom, indicam o começo de umha série de graves reveses sobre a organizaçom guerrilheira galega no seu conjunto. Essa data inaugura dalgum jeito um período de grandes redadas e caídas (caídas de guerrilhas inteiras).

Entre Maio e Junho de 1946, já instalada a nova direcçom político-

militar, procede-se a umha reorganizaçom da IV Agrupaçom, obra de Marrófer. Desta época data a reconversom das velhas guerrilhas em Destacamentos formados por um responsável militar, um responsável político e umha zona de actuaçom perfeitamente delimitada que, como ocorre na Federaçom, é um organigrama teórico sujeito a constantes câmbios e reajustes como consequência das contingências da própria luita.

O 25 de Dezembro de 1946 vê a luz o primeiro número de "O

Guerrilheiro", órgao do Exército Guerrilheiro de Galiza, que leva o mesmo nome que a folha da Federaçom de guerrilhas. O último número será publicado entre junho e julho de 1951.

A IV Agrupaçom (a mais importante de todas, a que levará o peso

político-militar do Exército Guerrilheiro de Galiza), reorganizada várias vezes e golpeada sucessivamente polo inimigo, vai mudando de responsáveis: Morto Marrófer o 24 de Junho de 1946, vai ser Manuel Ponte Pedreira (umha das figuras claves da guerrilha galega na Província de Corunha) o seu substituto à frente da IV Agrupaçom em Julho de 1946. Morto Manuel Ponte Pedreira em Abril de 1947,

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O Exército Guerrilheiro de Galiza 21

substitui-o no posto Francisco Rei Belbis "O Moncho" (compartindo a direcçom com Carlos Alhegue Caruncho, responsável político) até finais de 1949, data na que O Moncho deixa esta responsabilidade para situar-se na Direcçom do Exército Guerrilheiro de Galiza. Probavelmente tomasse o relevo da chefatura da IV Agrupaçom Francisco Martinez Leira "O Pancho".

Em Agosto de 1946 o Exército Guerrilheiro de Galiza constitui a II Agrupaçom nas bandas central e ocidental de Ourense, comandada militarmente por Samuel Mayo Mêndez (ex-chefe dum desta camento da IV Agrupaçom)

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22 O Exército Guerrilheiro de Galiza

e cujo responsável político era Benigno Fraga Pita "Alejandro". Esta Agrupaçom estendeu-se ate o Berço e A Cabreira e dispujo de pontos de apoio na franja fronteiriça portuguesa e de portugueses-galegos nas suas filas.

Em Outubro de 1946 a direcçom galega do PC emprende a criaçom

dum núcleo guerrilheiro na Província de Ponte-Vedra sobre os restos do grupo actuante nas imediaçoes de Vigo desde mediados de 1938 e desmantelado na sua maior parte a finais de 1940. Com os seus superviventes cria-se o Destacamento Paço Barreiro, comandado por "Xanote" e "Avelino Otero" e que actuaria nas imediaçoes de Vigo durante um espaço de tempo muito breve, até mediados de 1947. De novo, os guerrilheiros que dêrom sobrevivido a este novo desmantelamento seriam a base da nova organizaçom guerrilheira constituída polo Exército Guerrilheiro de Galiza a finais de 1947 no Norte da Província como a V Agrupaçom do Exército Guerrilheiro. Foi proposto para reforzar, reorganizar e relançar a luita no norte desta província baixo a denominaçom de V Agrupaçom Benigno Andrade Garcia "Foucelhas". Nom estám de todo aclaradas as responsabilidades político-militares que Foucelhas tivo na V Agrupaçom. Sabe-se que Foucelhas desprazou-se a esta província ao mando de um Destacamento guerrilheiro (chamado "Manolito Bello"), que operou formando parte da V Agrupaçom. Porém, o mando desta parece que recaiu em Miguel "O Corcheiro", como chefe militar e Rueda Perosám, como responsável político. A raiz da intensa acossa policial que se produziu trás a importante actividade armada desplegada poios destacamentos da V Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza e em especial polo comandado por Foucelhas, este (àfrente do seu destacamento) despraza-se temporalmente à zona sul de Compostela, na comarca de Teo. Estando nesta zona, o 18 de Maio de 1948 produze-se a destruiçom do seu destacamento numha cilada da Guarda Civil em Loureiro-Luou-Teò e na que morrêrom quatro guerrilheiros, dando fugido do cerco O Foucelhas e O Ricardito. Este golpe leva a Foucelhas a abandonar a província de Ponte-Vedra e refugiar-se na sua zona de origem, Curtis, onde passa umha tempada agachado. Este golpe vai supor ademais o início do esmorecimento da V Agrupaçom da que, sem dúvida, o combativo destacamento do Foucelhas era o seu principal activo. Gravemente tocada a V Agrupaçom significa que o Exército

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Guerrilheiro de Galiza fica gravemente desactivado na província de Ponte-Vedra. Nesta zona seguiram produzindo-se acçoes armadas, já dum jeito isolado e menos organizadamente, até 1949, destacando as incursoes esporádicas que realizam os reorganizados destacamentos da IV Agrupaçom e nos que Foucelhas volve a operar agora como militante de base. Estas incursoes som motivadas em parte para aliviar a terrível pressom que padece desde anos o tradicional cenário de operaçoes da IV Agrupaçom.

Foucelhas incorpora-se mais tarde ao Destacamento "Arturo

Cortiças", capitaneado agora por Adolfo Alhegue Alhegue "Riqueche". Neste Destacamento, que leva o nome de um guerrilheiro torturado até a morte pola Guarda Civil, vai luitar até finais de 1949. Apartir de 1950 e até a sua detençom em Março de 1952 Foucelhas luitaria num contexto de maior ilhamento, levando a cabo acçoes armadas esporádicas e muito medidas.

Igual sorte iram correndo o resto de Agrupaçoes. O golpe decisivo

sobre a III Agrupaçom inicia-se, como no caso de Gayoso e Seoane, a raiz de umha infiltraçom. Nesta ofensiva o próprio infiltrado assassinou a Elias López Armesto (lugartenente do Piloto), a Santiago Pájaro e ao Coronel Benito o 22 de Junho de 1949 na Pena de Remessar, ao pé de Remessar-Bôveda. Posteriormente produze-se umha redada massiva entre colaboradores do Movimento guerrilheiro nas principais comarcas de actuaçom desta Agrupaçom: Monforte, Póvoa de Brolhom, Bóveda, Chantada... O Piloto dá fugido e replega-se, apoiado por enlaces da sua inteira confiança e actuando "pouco e sempre -quando era possível- sobre seguro".

Os reveses mais mortíferos para a II Agrupaçom do Exército

Guerrilheiro de Galiza vam ter lugar em Abril de 1949. O dia 20, nas imediaçoes da aldeia de Chavaga, à beira da estrada Monforte-Póvoa de Brolhom, umha cilada da Guarda Civil mata a cinco guerrilheiros e a umha guerrilheira. Outra guerrilheira foi capturada ferida, mentresum oitavo, Fermim "O Segura", ainda que gravemente ferido, dá roto o cerco e alcança o monte. O responsável militar da Agrupaçom Samuel Mayo Mêndez "Saul" consegue fugir sano e salvo do ataque inimigo e reitegrar-se novamente à IV Agrupaçom na Província da Corunha. A ofensiva fecha-se oito dias depois. O dia

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24 O Exército Guerrilheiro de Galiza

28 cai em combate na Base de Edreira-Serra de Sao Mamede o responsável político da II Agrupaçom, Benigno Fraga Pita "Alejandro".

Em quanto à IV Agrupaçom a repressom sobre a mesma irá

intensificando-se a partir de mediados de 1946 e converterá-se em arrolhadora a partir de 1948. Pouco a pouco vam caindo em combate os melhores filhos do Povo galego, alguns tam emblemáticos e carismáticos como Manuel Ponte Pedreira ou Gayoso. A começos de 1948 o fascismo espanhol decide alternar a soluçom militar com métodos policíacos, empregando a investigaçom, as promessas de indulto e a chantagem para conseguir o mesmo objectivo. As guerrilhas cada vez som infiltradas com mais facilidade, o genocídio sistemático e implacável sobre o Povo galego faz que os paisanos e paisanas relêem cada vez mais a sua colaboraçom, numha situaçom que nom tém visos de melhorar para a causa do Povo.

António Seoane é detido o 10 de Julho de 1948 na cidade da

Corunha. Ao dia seguinte seria detido no mesmo lugar José Gómez Gayoso depois de intentar a fugida e sendo ferido de bala num olho pola "Brigadilha". Condenados a morte fôrom executados ambos os dous na cadeia de Corunha o 6 de Novembro de 1948. Mortos os responsáveis da organizaçom armada, ocupa a chefatura do Exército guerrilheiro de Galiza Manuel Fernández Soto "Coronel Benito", também secretário geral do PC de Galiza, em Julho de 1948. As linhas iniciadas por Gaioso e Seoane som continuadas polo Coronel Benito, ainda que imprimindo-lhe este um pulo mais militarizador aos Destacamentos armados. O Coronel Benito e dous companheiros mais morrem na madrugada do 22 de Junho de 1949 a maos de um infiltrado em Remessar-Bôveda. A chefatura militar da organizaçom armada seria ocupada agora por Francisco Rei Belbis "O Moncho". Melchor Diaz "Pepito" seria o Secretário de organizaçom do Comité Galego do PC e José Sevil "Ricardo" seria o novo Secretario Geral do partido, nado em Huesca e vido desde França para aplicar a linha liquidacionista já em marcha. Em Maio de 1951 O Moncho marcha para França e o verao desse mesmo ano fam-no José Sevil e Melchor Díaz. Em Outubro de 1948 a direcçom exilada do Partido Comunista tinha já tomada a decisom de abandonar a luita armada

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O Exército Guerrilheiro de Galiza 25

para concentrar a sua actividade principalmente no labor político dentro das organizaçoes de massas do régime.

O 30 de Outubro de 1949 é aniquilado um dos Destacamentos mais

importantes do Exército Guerrilheiro de Galiza, o chamado "Arturo Cortiças", inicialmente enquadrado na III Agrupaçom e incorporado à IV a finais do ano 1946. Sete guerrilheiros fôrom cercados perto de Paços-Monfero. Dous fôrom assassinados e os outros cinco pegárom-se um tiro antes de cair em maos do inimigo. Entre as baixas figura o responsável do Destacamento, Adolfo Alhegue Alhegue "Riqueche". Este golpe -somado às recentes derrotas sofridas poios Destacamentos da IV Agrupaçom "Manuel Eive-Ramiro Carvom" e "Segundo Vilaboi" em Março-Abril e Junho deste mesmo ano- seria de grande envergadura para esta Agrupaçom e para o Exército Guerrilheiro de Galiza, que entram num período de declive irreversível.

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26 O Exército Guerrilheiro de Galiza

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Os últimos guerrilheiros 27

IV

Os últimos guerrilheiros

A partir de agora iram caindo os últimos luitadores. De 1952 em idiante, com umha situaçom de grande acossa, os guerrilheiros retornam a umha condiçom de resistentes isolados:

O 31 de Maio de 1950 é assassinado numha cilada tendida pola

Guarda Civil perto de Mangonho-Cesuras Samuel Malho Nudez "Saul", ex-dirigente da II Agrupaçom. O 27 de novembro de 1950, delatados por algum vizinho ou familiar, vam morrer em Padela de Muces-Borrenes, perto de Carucedo, Henrique Oviedo Blanco "O Chapa" e Asunçom Macias Fernández "A pandereta". A ai na que se encontravam foi cercada por um forte contingente de Guardas Civis. Sem escapatória possível pegárom-se um tiro. Denunciado por um parente foi cercado e morto no nadal de 1950 Jesus Valero Gómez "O Calías".

O 5 de Janeiro de 1951 é cercado pola Guarda Civil em Bitá-Fisteus,

Curtis, Emílio Pérez Vilarinho "Cláudio Beas". Sem escapatória e antes de ser capturado vivo pega-se um tiro. O 2 de Maio de 1951 morria Manuel Girom Bazám (natural de Bárrios de Salas), homem clave para o Movimento Guerrilheiro Galego do Berço e a Cabreira. Girom, incorporado à II Agrupaçom do Ejercito Guerrilheiro de Galiza a partir de 1948, perdeu a vida a ros dum infiltrado em Molinaseca, aos 41 anos de idade. O 18 de Julho de 1951 eram descobertas as bases subterrâneas número 1 e número 2, ubicadas em Nós-Oleiros. Entre os que caem nos enfrentamentos com a Guarda Civil está José António Cortinhas Blas "M. Vega". Também em Julho deste mesmo ano é detido na Eaçom de Corunha José Blanco Núnhez "Ferreirim" "O Pepito", que foi "passeado" em 1952. A raiz desta detençom fôrom desmantélados um grande número de pontos de apoio. O 27 de Julho morre num tiroteio com a polícia armada Carlos Alhegue Caruncho, responsável político da IV Agrupaçom do Exército que se negara a marchar a França. Ao dia seguinte é detido José Varela (foi ceivado em 1967). O 30 de Agosto deste mesmo ano morre numha cilada da Guarda Civil António Veiga Mejuto "Cacharrom" e três

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28 Os últimos guerrilheiros

guerrilheiros mais. O 31 de agosto caem numha cilada da Guarda Civil em Puntal José António Castro López "O Tucho" e outro guerrilheiro. Também este ano de 1951 vam cair em combate Rosendo Sar (incorporado à guerrilha em 1948) e Ramom Garcia Rodríguez "Manteiga", principal responsável dos enlaces da zona do Eume, e será detido e condenado a 20 anos de cadeia Ramiro Martínez López "Zapateiro".

O 9 de Março de 1952 é detido ferido, depois dum tiroteio com a

Guarda Civil, a 200 metros da cova-campamento que habitava, em Costa-Rodeiro-Oça dos Rios, Benigno Andrade Garcia "Foucelhas", natural de Foucelhas, parróquia de Cabrui, concelho de Messia. Trás o tiroteio, Foucelhas apresenta 6 impactos de bala nas quatro extremidades, o que demonstra o interesse por colhê-lo vivo. No mesmo enfrentamento morre um guarda civil e outro resulta ferido. O guerrilheiro Manuel Vilar Arnoso "O Manolinho" (natural de Fene), que acompanhava a Foucelhas é apresado e assassinado no acto de dous disparos na caluga. Foucelhas é submetido a Conselho de Guerra e condenado a pena de morte. Foi executado a garrote vil o 7 de agosto de 1952 na cadeia de Corunha. Tinha 42 anos. Em Julho deste mesmo ano cai na Província de Corunha, num enfrentamento com a Guarda Civil Melchor Díaz "Pepito", que regressara da França havia pouco para assumir o carrego de Secretário Geral do tocado Comité galego do PC. Pode-se considerar, com bastantes reservas, o último responsável, mais simbólico que real, do Exército Guerrilheiro de Galiza. Em 1952 também vai ser capturado, vítima de umha delaçom, Joam Couto Sanjurjo "Simeom". Condenado a morte em Conselho de Guerra, foi-lhe comutada a pena máxima pola de reclusom a 30 anos.

O 27 de Maio de 1954 José Árias Fernández "Dapenci" ou "Cristo"

(natural de Castro de Rei) foi localizado pola Guarda Civil e assassinado em Paradela-Castro de Rei. O 31 de Dezembro de 1954 é assassinado nas imediaçoes de Home-Pontedeume, de onde era natural, Francisco Martínez Leira "O Pancho", quando se dispunha a recolher o dinheiro de umha multa imposta a um oligarca de Pontedeume. Pancho, incorporado tardiamente à guerrilha, em Janeiro de 1948, foi nomeado delegado do Comité galego do PC para a bisbarra de Ferrol a finais de 1949 começos de 1950.

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Os últimos guerrilheiros 29

Possivelmente fosse a partir desta data e até a sua morte o último

responsável da heróica IV Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza. Os "politiqueiros de arriba" chegárom-lhe a oferecer o abandono da luita e do País, mas ele sempre se negou a esta possibilidade. A Guarda Civil pugera preço à sua vida: 60.000 pesos. O 22 de Julho de 1955 foi detido, obra de umha infiltraçom, Gervásio Cereixo em Paradela-Manzaneda. Encadeado em Ourense, seria cei vado anos depois. O 7 de Novembro de 1958 foi capturado em Placim-Manzaneda Manuel Garcia Rodríguez "O Porco". Submetido em Ourense a um juízo sumaríssimo ditárom-se contra ele umha dúzia de penas de morte. Foi executado aos poucos dias.

O 10 de Março de 1965, graças à colaboraçom de um antigo enlace,

foi localizado no encoro de Belesar, Lugo, José Castro Veiga "O Piloto" ou "Luís" e assassinado pola Guarda Civil de um balaço. Este carpinteiro de Boelhe-Parróquia de Argemil-0 Corgo (Lugo), de família labrega, tinha 50 anos quando morreu. Persiste a interro-gante de se o Piloto entrara em 1964 em contactos com vistas a relançar a luita armada. A sua última acçom tivo lugar sete dias antes de que o matassem. O 3 de Março O Piloto exigiu-lhe a um vizinho de Lama Grande, do Concelho de Savinhao, Lugo, 10.000 ptas "que em conceito de multa lhe impugera o governo legítimo da República". Ramom Rodríguez Varela "Corujas", nado em Toques, morre de um infarto em 1967. O seu corpo aparece à beira da estrada, perto de Vilamor-Compostela, no remate do Natal desse ano, depositado ali poios enlaces que o tinham agachado. No monte desde 1936 praticamente deixara a militança guerrilheira activa a finais dos anos quarenta começos dos cinquenta. O último guerrilheiro galego foi Mário Rodríguez Losada "Langulho" ou "Pinche". Mário de Langulho, assim chamado por ser de Langulho-Manzaneda, marcha a França o 29 de Agosto de 1968, aos 55 anos de idade, depois de botar 32 anos como resistente armado nas montanhas galegas. Fugira ao monte aos 23 anos. Na sua zona principal de operaçoes do Maciço de Manzaneda comandou um grupo autónomo de resistentes anti-franquistas que nunca se integrárom organicamente primeiro na Federaçom de guerrilhas e depois no Exército Guerrilheiro de Galiza, ainda que com ambas as duas operou e adquiriu responsabilidades político-militares pontuais. A Guarda Civil chegou a tassar a sua cabeça em 200.000 pesos (em pesos daquele entom!).

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30 Os últimos guerrilheiros

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Táctica e organizaçom 31

VI

Táctica e organizaçom

Os destacamentos guerrilheiros melhor organizados contavam, como régua geral, com um mando militar e um mando político, sempre baixo um Estado Maior de Agrupaçom. A táctica de combate guerrilheiro enquadra-se na linha clássica de golpear e agachar-se: fazer-se invisíveis ao inimigo. Desgastar e desmoralizar às forças do regime e os seus colaboradores. Acçoes de propaganda armada e operaçoes económicas para manter a resistência. As zonas eram conhecidas à perfeiçom poios guerrilheiros galegos, naturais na sua imensa maioria, dos lugares onde operavam. O guerrilheiros acostumavam ter retaguardas onde nom actuavam. Soíam concentrar-se para levar a cabo algum ataque e um ha vez realizada a operaçom volviam a dispersar-se. Se podiam levar a iniciativa atacavam, em caso contrário mantinham-se inactivos e agachados. Polo geral sempre esquivavam o enfrentamento aberto e directo com as forças inimigas maiores em número. Os apoios-enlaces sempre fôrom vitais. As guerrilhas sempre construírom redes de colaboradores nas aldeias, vilas e cidades. Os campamentos mudavam-nos constantemente, ficando no mesmo sítio o menor tempo possível. Construía-nos em lugares bem camuflados e onde tivessem bom observatório. "Dim que o rato que nom sabe mais que de um burato deseguida o colhe o gato. Por isso... andei por muitos sítios, melhor dito, andei em todos os sítios e estivem em ningures (...) umha noite aqui e outra acolá. A cousa estava mui mal assim que nom te podias fiar..." (Mário de Langulho). Acostumavam a agachar-se polo dia e marchar e actuar pol a noite, desprazando-se normalmente a pé. Elegiam para as acçoes, polo geral, zonas apartadas e pouco povoadas ou comunicadas. Sempre mimavam as medidas de seguridade, pois qualquer falho podia resultar fatal. Os guerrilheiros tampouco descuidaram o aspecto da formaçom. Nos campamentos liam, discutiam, aprendiam... Os mais preparados impartiam classes aos demais guerrilheiros, etc. As guerrilhas tinham um código ético inapelável e ineludível. Umhas vezes este estava escrito, outras era tácito, mas tudos estavam submetidos a ele. Este foi um aspecto ao que sempre se lhe deu especial importância. Numha primeira etapa a guerrilha só contava cora duas ou três hierarquias para configurar

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32 Táctica e organizaçom

as responsabilidades de mando. Na etapa de maior militarizaçom dos destacamentos (obra essencialmente do "Coronel Benito") a guerrilha galega contou com grãos semelhantes ao do exército convencional, com as mesmas denominaçoes.

A IV Agrupaçom do Exército Guerrilheiro da Galiza nalguns

aspectos marcou a diferença em quanto a módus operándi original e vangardista. Destacam os refúgios e campamentos soterrados no campo ou como anexos às casas de enlaces, dos que foi pioneiro, já antes da constituiçom da IV Agrupaçom, José Neira Fernández "Neira". As bases construídas poios guerrilheiros galegos às beiras dos rios antecipárom-se em 20 anos aos célebres refúgios que construirom os Viet-Cong. Na Província da Corunha fôrom descobertos polas forças de ocupaçom fascistas mais de 30 campamentos subterrâneos, a maioria localizados na zona de A Capela-Monfero-Pontedeume. Igualmente extraordinária, feito que só se produz na Galiza nestas dimensoes, foi a capacidade de infiltrar-se entre os carregos políticos, o exército, a Polícia Armada e a Guarda Civil.

A nível militar um dos maiores rompedeiros de cabeça da guerrilha

galega foi o armamento, sempre escasso e de difícil aquisiçom. O armamento empregado foi variado, segundo a sua origem. Predominavam as armas procedentes da guerra civil, as que lhe tiravam ao próprio inimigo e as que expropriavam nas casas: fusís Máuser, mosquetons, pistolas, granadas de mao, rifles, escopetas, armas brancas... e explosivos em geral. Os guerrilheiros também contavam, ainda que em menor medida, com metralhetas e pistolas-ametralhadoras. Abundavam as granadas de mao. Estas e os explosivos eram armas ideiais para abrir-se passo umha vez cercados por forças inimigas. Os explosivos eram utilizados normalmente para acções de sabotagem: destruiçom de caminhos de ferro, linhas de alta tensom, linhas telefónicas, voaduras de pontes.

As acções económicas (imposto guerrilheiro, multas, detençoes para

imponher sançoes pecuniárias...), os actos de propaganda política (como a toma de povos e as charlas políticas à populaçom), osjustiçamentos (de falangistas, cregos fascistas, carregos públicos colaboradores do régimem e áditos ao Movimento, adinheirados,

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Táctica e organizaçom 33

chivatos...), as sabotagens (explosoes, incêndios...) e aeliminaçom de Guardas Civis e outras forças repressivas fôrom os principais objectivos militares da guerrilha galega. A estatística (Cap. V) é avondo ilustrativa. A modo de exemplo (podia-se fazer referência a muitas outras acçoes armadas igualmente importantes) destacamos as seguintes:

O 14 de Abril de 1939, coincidindo com o oitavo aniversário da

proclamaçom da II República, um grupo de resistentes entre os que possivelmente se encontrassem "O Lebre" e "O Gaiteiro" executa a oito pessoas em Lago de Carucedo. Também em Maio deste mesmo ano umha guerrilha executa em Eirigalba-O Íncio ao Tenente da Guarda Civil Manuel Castro Lebom. O 8 de Setembro de 1939 em Barjacoba-Pias umha guerrilha constituída por 6 combatentes leva a cabo umha acçom económica, com o resultado de duas execuçoes e duas pessoas detidas. Em Novembro deste mesmo ano umha guerrilha assalta o Banco Pastor da localidade de Chantada expropriando 6000 pesos e ferindo de gravidade ao Comandante da Guarda Civil do posto.

O 26 de Fevereiro de 1940 umha guerrilha ataca um carro militar

ocupado por um capitam de aviaçom. Resultarám feridos este e o condutor. O 4 de Maio deste mesmo ano, um grupo de guerrilheiros comandados polo jovem "Velasco" executa a três pedáneos do Concelho de Balboa-O Berço, e a um familiar dos mesmos. A noite do 19 ao 20 de Abril um grupo de guerrilheiros toma o povo de A Ponte-Galende, Póvoa de Seabra e executa ao párroco e a vários conhecidos simpatizantes do regime. O 4 de Junho um guerrilheiro disfarçado de sargento de artilharia trás alugar um táxi em Sárria leva a cabo umha acçom económica nas aforas de Lugo e desaparece.

O 22 de Março de 1942 a guerrilha liderada por "Santeiro" atranca

com vários troncos a estrada que vai desde Cangas de Narcea a Sam Antolim de íbias, interceptando umha camioneta na que viajam 30 pessoas entre as que se encontram um Guarda Civil e três soldados. Estes três últimos som executados. Umha operaçom económica realizada polo grupo de Mário de Langulho o 21 de Outubro de 1942 em Gándara-Monforte remata com um saldo de 5 mortos e dous feridos. Mário de Langulho sai ileso.

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34 Táctica e organizaçom

Guerrilhas da "Federaçom" levam a cabo estas acçoes: O 4 de

Setembro de 1942 doze guerrilheiros interceptam um autocarro de linha da empresa Fernández que fazia o percorrido Truchas-La Baneza, porque nele viajava o recaudador de impostos, objectivo frequente dos guerrilheiros. A altura do término de Morla o carro foi detido e trás um tiroteio morrêrom dous Guardas Civis, o párroco da Costa e dous labregos. Houvo também três feridos graves e um leve. O dia 23 de Outubro do mesmo ano, doze guerrilheiros ao mando do Santeiro, guerrilheiro sémi-autónomo que periodicamente se somava à quarta guerrilha da I Agrupaçom da Federaçom, ocupam a aldeia de Folgoso do Courel e executam ao crego párroco.

A mediados de Julho de 1944 umha guerrilha voa a via férrea entre

Cobas e Querenho (Ourense). No mês de Agosto deste mesmo ano guerrilheiros da Federaçom voam a via férrea perto de Monte-Furado, descarrilando umha máquina de comboio. O 8 de Março de 1945 homes da I Agrupaçom ao mando de Manuel Girom saírom ao encontro do recaudador de arbítrios e impostos, que ia protegido por dous Guardas Civis e um grupo de somatenistas, nos montes de Castrilho da Cabreira. No enfrentamento morrêrom os dous Guardas Civis, resultando feridos o recaudador e um somatenista. Aparte das armas recaudárom 5000 pesos. Em Julho de 1945 um encontro armado entre a Guarda Civil e guerrilheiros da I e II Agrupaçoes da Federaçom em Penas Brancas-SeTra de Corbaceira (Seabra) deixou um balanço de quatro Guardas Civis mortos. O guerrilheiro José Vega Seoane "O Animas" também perderia a vida neste choque ao explodir-lhe umha granada que ia lançar sobre a patrulha. O 16 de Abril de 1946 um camiom carregado de Guardas Civis foi tiroteado no Porto de Valdeorras poios guerrilheiros. O condutor perdeu o control e o camiom precipitou-se. Morrêrom no acto ou em dias posteriores uns 16 Guardas Civis. O mes de Setembro deste mesmo ano, membros da II Agrupaçom ourensana matárom a quatro integrantes de umha patrulha da polícia armada entre o Barco de Valdeorras e Vilamartim.

Guerrilhas do Exército Guerrilheiro de Galiza levam a cabo estas

acçoes: o 9 de Julho de 1945 um grupo da IV Agrupaçom assalta o Destacamento de Infantaria de Marinha de Caranza, em

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Táctica e organizaçom 35

Ferrol, e se apodera de quatro mosquetons, bastante muniçom e algumhas correagens. Em Formariz-A Capela, tendem umha cilada a umha patrulha da Guarda Civil e ferem a dous dos seus componhentes. Outro grupo da IV Agrupaçom executa ao delegado de Falange em Sao Mateo de Trasancos. O 19 de Maio de 1946 o moço de vinte anos Manuel Belho Parga "Luís Seixo Freire", combatente de um Destacamento da IV Agrupaçom executa, na cidade da Corunha, ao Director do "Ideal Gallego" Arcádio Vilela. Manuel Belho foi capturado e assassinado a garrote o 11 de Julho desse mesmo ano, trás umha farsa chamada "Conselho de Guerra" no que a defesa para o acusado nem sequer existia, posto que este devia eleger ao seu advogado defensor entre umha lista de oficiais do Exército espanhol que lhe era apresentada. O nome de Manuel Belho seria a bandeira de um Destacamento da Organizaçom Armada: Destacamento "Manolito Belho". Em Novembro de 1946 um Destacamento da IV Agrupaçom lança um ataque contra o quartel da Guarda Civil de Vimianço, dando morte ao Guarda Civil Rodríguez Paz. Outro Destacamento intenta voar "Radio Coruna". Um alcaide de Vilamaior e um concelhal de Narom som executados em diferentes momentos pola IV Agrupaçom. Resenhável é, igualmente, a acçom contra os camioes da Marinha de Guerra que trasportavam a Ferrol patacas requisadas a labregos de Valdovinho. Os camioes vam ser queimados e as patacas devoltas aos seus donos. Outras operaçoes levadas a cabo pola IV Agrupaçom entre o inverno de 1948 e o inverno de 1949 seriam a execuçom de um falangista em Mugardos, a morte de um tenente da Guarda Civil em Júbia, a queima de um camiom de subministros da empresa "Calvo Sotelo" de As Pontes, a voadura de postes do tendido eléctrico em Magalofes (Fene)... O 22 de Fevereiro de 1949 o Destacamento Arturo Cortiças, enquadrado na IV Agrupaçom, executa em Neda ao tenente da Guarda Civil José Torres Santiso, destacadíssimo repressor. Guerrilhas da II Agrupaçom do Exército Guerrilheiro de Galiza imponhem multas a mandos locais de Falange, ocupam o povo de Carbalhedo, voam um comboio militar e incendiam o Concelho de Paderne no período de recaudaçom de contribuçoes.

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36 Táctica e organizaçom

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Estatística 37

V

Estatística

Galiza (1943-1954)

Enfrentamentos armados com a G. Civil 229 Ajustiçados pola guerrilha 217 Sequestros de fascistas 59 Sabotagens 99 Guerrilheiros mortos em acçom 321 Guerrilheiros detidos 461 Guerrilheiros entregados 88 Golpes económicos 1.128 Enlaces detidos 5.381 Guardas civis mortos 61 Guardas civis feridos 62

(Fonte: B. Máiz)

Berço-Cabreira (1937-1951)

Populaçom civil 52 mortos Sacerdotes 7 mortos Exército espanhol 1 morto Guarda civil 13 mortos Polícia armada 3 mortos Guerrilheiros 60 mortos Enlaces 23 mortos Guerrilheiros apresados 9 Guerrilheiros entregados 7

(Fonte: Secundino Serrano)

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38 Estatística

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Estatística 39

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40 Estatística

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Consideraçoes 41

VII

Consideraçoes

A geografia montanhosa da Galiza, o seu ruralismo e subdesenvolvimento económico, o isolamento físico e político dos centros neurálgicos do poder fascista espanhol, o escasso desenvolvimento das comunicaçoes... foi fundamental para que se consolida-se a guerrilha galega e foi fundamental para que a resistência armada da nossa naçom adquirisse as peculiaridades e modalidades por todos conhecidas. A Guarda Civil é meridianamente clara a este respeito: "pola sua especial constituiçom geográfica, populaçom disseminada, terreno acidentado, grande quantidade de boscos e vegetaçom, réxime de chuvas... etc, o bandolerismo galego apresentou umhas características muito singulares que o diferenciam dos doutras regioes conflitivas". Porém, estas consideraçoes nunca nos devem fazer perder de vista que sempre é o factor humano o determinante em qualquer confrontaçom bélica. Foi a entrega, a tenacidade e o carácter racial d@s galeg@s o que em última instância fijo possível este episódio memorável de luita pola liberdade. Em muitas comarcas da Galiza, abofé, pode dizer-se que durante o período álgido da resistência armada, no que chegou a haver mais de 500 guerrilheiros medianamente armados em toda a naçom, existiu um autêntico contra-poder revolucionário: o poder guerrilheiro. Muitos povos fôrom declarados zona de guerra. Nas zonas mais problemáticas pugêrom-se à frente dos quartéis a oficiais especializados na luita ánti-guerrilheira. A impotência das autoridades espanholas na Galiza chegou a ser manifesta. Como sintoma desta frustraçom, a começos de 1947 o Governador Civil da Corunha ordenou que como represália se matassem em cada zona a duas pessoas, o mesmo dava que fossem homes ou mulheres. Lembramos alguns casos destacados como o de Figueiredo-Montefurado, onde toda a aldeia era cómplice dos guerrilheiros. Em 1947 todos os vizinhos fôrom transladados a Ourense carregados em camioes. Ou o caso da Cabreira, um espaço de montanha incomunicado e daquela quase inacessível, onde a guerrilha com o apoio da maioria da pouca populaçom existente campava às suas anchas e onde as forças espanholas temiam fazer incursoes.

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42 Consideraçoes

A Guarda Civil, expressom do franquismo mais descarnado,

suportou o peso principal da repressom da resistência armada galega, até o ponto de serem considerados estes anos "a época gloriosa da Guarda Civil". O "historiador" franquista Ricardo de la Cierva escreveu-no com claridade: "a Guarda Civil salvou à Espanha de Franco". Em 1941 criou-se o poderoso Estado Maior da Guarda Civil ao que só tinham acesso oficiais do Exército de terra. O outro braço executor importatíssimo do Estado fascista foi a Falange, "Falange española tradicionalista y de las Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalistas" (FET y de las JONS), partido único do regime e cujo chefe supremo foi o próprio Franco. "A Falange sempre foi o braço de Franco".

A guerrilha galega foi eminentemente ánti-franquista. Mas foi umha

guerrilha que falava galego e substancialmente galeguizada ou "nacionalizada", em termos políticos. Em numerosos escritos e vozeiros guerrilheiros da época é habitual ler consignas de "Viva Galiza ceive" e alusoes à libertaçom nacional galega e aos patriotas galegos, aum Estado confederal nom unitário e centralista espanhol... "Mantemos intangíveis o nosso juramento de luitar até a vitória pola República e as liberdades nacionais de Galiza", isto escrevia-se no nº 1 de "O Guerrilheiro", vozeiro do Exército Guerrilheiro de Galiza, o 25 de Dezembro de 1946. E sintomático, neste sentido, a denominaçom prirnigénia do Exército Guerrilheiro de Galiza como: Exército de libertaçom de Galiza. E há indícios razonaveis para crer que esta semântica "nacionalista" nom respondia a um oportunismo político mais ou menos folclorizante. B. Máiz escrevea-o assim de claro na Grande Enciclopédia Galega: "durante todo o período guerrilheiro existe um importante componhente galeguista que alcança a sua maior dimensom no âmbito propagandístico (panfletos e imprensa em galego ou bilíngue, chamamentos contínuos a umha Espanha Federal e a umha Galiza Ceive). Testemunhas escritas da necessária construçom de partidos e organizaçoes de âmbito galego que luitam polo Socialismo, a República e a Autonomia assim o confirmam. E este facto explica-o, por outra banda, umha guerrilha plenamente autóctone e de esquerdas". Manuel Astrai Rivas, curmao da companheira de Ponte, chegaria a afirmar que: "Grande parte dos guerrilheiros da Galiza integrárom-se nos grupos da guerrilha para luitarem pola Autonomia de Galiza, pola sua Autodeterminaçom.

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Consideraçoes 43

Tratrava-se dos “mais radicais do Partido Galeguista". Ainda que Astrai exagera um pouco quando fala de: "grande parte dos guerrilheiros de Galiza", há constância deles. Alguns dos mais conhecidos: José Velo Mosquera, de Celanova, membro das Mocidades galeguístas, militou na "Frente Libertadora Galega" em 1943, de curtas acçoes. Foi detido em 1945. Catorze anos depois seria o ideólogo do Directório Revolucionário Ibérico de Libertaçom, D.R.I.L (1959-1963), organizaçom armada galego-portuguesa comandada polo ex-guerrilheiro da Póvoa do Caraminhal José Fernando Femández Vázquez "José de Soutomaior". José Varela, concelhal do Partido Galeguista, botou-se ao monte em 1936 na sua terra, Vilamaior (Corunha) até 1941, conseguindo daquela reinte-grar-se à vida "normal". Enlace da IV Agrupaçom do Exercito Guerrilheiro de Galiza, era o nº 3 da Organizaçom estruturada por "Moncho". Outro caso, este bastante mais duvidoso, é o do guerrilheiro Manuel González Fresco, baptizado o rei das montanhas de Galiza e Portugal, e ao qual se lhe imputa certa adscriçom galeguista ou quando menos um ha relaçom estreita com o galeguismo organizado.

A guerrilha galega foi um Movimento político-militar indígena,

genuíno; um Movimento popular (no autentico sentido da palavra), autóctone, galego... As organizaçoes políticas e especialmente o P.C.E -que na Galiza nunca tivo muita implantaçom agás algumhas excepçoes- nom criárom a guerrilha, senom que transformam e organizam aos homens que já estavam no monte. Organizaçom que, nom devemos esquecer, nom passou inexoravelmente polo submetemento a umha estrutura partidária, como mostra o feito de existirem guerrilhas autónomas muito combativas e persistentes no tempo. A IV Agrupaçom, por exemplo, nom surge naquelas zonas onde existia já umha base organizada do PC senom que iniciou a sua existência naquelas zonas onde havia fortes núcleos guerrilheiros. Este facto sublinha o papel básico dos grupos de guerrilheiros na criaçom do Movimento guerrilheiro galego. Este facto também incidirá de jeito importante em que Galiza fosse onde mais perdurasse a resistência armada contra o fascismo espanhol. Um Foucelhas, um Piloto, um Mário de Langulho, um Girom, um Guardarrios...etc, que tivêrom a astúcia, a intuiçom e a versatilidade próprias dos nossos paisanos para nom ser caçados às primeiras de câmbio, e chegado o caso, quando as cousas se punham muito feias, desconfiar da sua

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44 Consideraçoes

própria sombra e como lagartixas escorregadiças entobar-se e amparar-se no seio dos seus. Guerrilheiros que actuárom fundamentalmente nos territórios de onde eram naturais e que conheciam como nós podemos conhecer a nossa habitaçom. Aqui eram conhecidos e queridos. No seu território estabeleciam a sua rede mais segura de enlaces (sem lugar a dúvidas o verdadeiro sustém do Movimento guerrilheiro galego), alguns dos quais incluso eram ocultados a dirigentes e combatentes doutras zonas para nom "queimá-los" e preservá-los para a sua própria seguridade nos momentos mais delicados. Guerrilheiros que, nalguns casos, como os mais conhecidos de Mário de Langulho ou o Guardarrios, nom casavam com ninguém (nessa atitude bastante típica do galego) e que colaboravam com as organizaçoes guerrilheiras mais estruturadas e organizadas sem perder nunca a sua autonomia. E esta classe de relaçom gerou nom poucas tensoes e receios entre os homes do monte. Mas também foi, em nom poucos casos, o módus operándi que os levou a perdurar mais tempo nas montanhas. Guerrilheiros galegos que eram labregos, trabalhadores, que conheciam ao seu Povo, pensavam como ele, estavam feitos da mesma matéria e da mesma alma, e isto era umha premissa fundamental para mover-se como peixe na auga em momentos tam difíceis. Por isso, como bons galegos (ou maus galegos), estes guerrilheiros nom era inabitual que desconfiassem das estruturas organizadas, dos "políticos de arriba" (fossem da cor que fosse), que chegavam a dar-lhes ordes, plantejar-lhes certas cousas ou implicá-los e comprometê-los organicamente e que ademais soíam carecer de um conhecimento prévio e directo do terreno e da realidade da zona de operaçoes.

Girom nom sabia ler (aprendeu no monte), nom tinha formaçom

intelectual... O alfaiate Manuel Ponte Pedreira nunca foi à escola... mas estes e outros luitadores do Povo eram autênticos "líderes naturais", referências inapeláveis, militantes carismáticos e aglutinadores.... Eram Povo galego! E se as organizaçoes políticas puidêrom mover-se com certo êxito poios nossos montes foi graças a eles. As palavras do último guerrilheiro, Mário de Langulho, som eloquentes: "Nom faltavam chefes da propaganda que chegavam cada semana para animar-nos e pedir-nos que colaborássemos com eles, mas eu sempre dizia à minha gente: 'olho, estade quietos que, se nom, aqui nom quedamos ningum'. Porque, que caralho!, eu fazia

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Consideraçoes 45

as cousas àminha maneira e tinha razom. As mais das vezes cumprias as ordes e ias para embaixo da terra. Lembro que umha das teimas do Coronel Benito era que pugêssemos o uniforme daquel Exército. Mandava caralho!... Eu dixem-lhe: 'Nom, senhor, nós nom imos levar nem esse uniforme nem qualquer outro'. Cumpria estar tolos! Viamo-nos negros para passar poios lugares sem levantar suspeitas tal e como íamos, para quanto mais se parecia que éramos a tropa de qualquer exército. Mas o coronel Benito era assim. Tampouco era mal home e nom havia que tomá-lo pola tremenda". "Eu figem o que puidem e até onde me pareceu que devia, e penso que figem bastante, nada mais. Fum onde me mandárom e quando me mandárom, prestei-me eu e mais a minha gente a todo aquilo que nos parecia razonável e, quando aqueles asturianos nom sabiam por onde pisavam metemo-los nas Serras, nos montes e nesses lugares a onde nom chegara Cristo. Neles iam ser carne de matadoiro se nom fosse por nós..."

Os partidos políticos, e especialmente o PCE, "utilizou" (no sentido mais pejorativo da palavra) a força humana resistente que havia nos montes da nossa Naçom. Desde finais de 1944 Carrilho e a sua camarilha fôrom-se fazendo com os resortes fundamentais do aparelho de organizaçom do PC, com o control dos seus meios de propaganda e com a direcçom da guerrilha. A guerrilha, apoiada ficticiamente por estes camaleoes espanhóis, foi utilizada com fins reformistas e para encobrir os seus planos liquidacionistas. O PC nunca prestou um verdadeiro apoio material à guerrilha galega quando havia que fazê-lo e nunca estivo à altura da sua força potencial. E em 1948 quando as guerrilhas galegas lhes resultam umha trava (os acordos de Outubro de 1948 obedeciam a um conselho dado por Stalim em 1948 numha entrevista entre Dolores Ibárruri, Francisco Antom e Carrillo), abandonam-na à sua sorte, incluso chegando a assassinar nalguns casos e delatando ao inimigo a outros que se negavam a abandonar a luita daquela maneira. Afirmava Dolores Ibárruri (responsável do PCE entre 1941 e 1956) em 1977: "Os máquis nom fôrom determinantes, porque eram pequenos grupos, incapaces de transformar a realidade interior do País. O Partido ajudou a que se desenvolvessem, ainda que houvo um momento em que tivo que pensar em acabar com eles, já que eram um obstáculo para as novas formas de luita e adem ais tomaram

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umha direcçom independente do Partido". Jesus Líster Forjam "Henrique Líster", galego de Calo-Teo, analisou a este respeito: "um dos ensinamentos mais negativos emais triste (...) é que as guerrilhas e a luita guerrilheira nom devem ser entregadas em aras da especulaçom política, nem para escalar postos políticos (...)"

Nom cabe dúvida, por outra parte, que há um facto transcendental que marcou o devir do nosso Movimento guerrilheiro: fazer depender em grande medida a viabilidade do Movimento armado galego de factores exógenos: a ajuda exterior, a intervençom do "Mundo democrático" contra o último bastiom do fascismo em Europa. Nom existiu umha autentica proposta estratégica de Guerra Popular Prolongada de Libertaçom Nacional baseada única e exclusivamente nas nossas próprias forças e na capacidade de auto-organizaçom do Povo galego. Esta hipoteca de raiz foi a que entre o período de 1936-1946 mantivo numha perversa ilusom umha luita tam encarniçada como a que livrou o Povo galego contra o fascismo espanhol. Em Abril de 1946 os Ministros de Assuntos Exteriores de EE.UU, Inglaterra e França declaram escuctamente que o estabelecimento dum Governo democrático no Estado espanhol era tarefa exclusiva dos mesmos espanhóis, na que nom pensavam intervir as potencias ocidentais. Em Outubro de 1950 a ONU levanta o seu "veto" contra o fascismo espanhol e o 17 de Novembro de 1952 Espanha era admitida na UNESCO. Para o "Mundo democrático" o fascismo. Franco, nom era o problema, o problema era um povo que com as armas na mao ia polo seu. Isto é o que havia que impedir.

Por último, recordar a cegueira e a torpeza dos responsáveis militares

da República ao nom ver a aposta táctico-estratégica que suporia volcar-se numha guerrilha galegagolpeando numha zona tam importante da retaguarda fascista no período de guerra aberta no Estado espanhol no período 1936-1939.

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Epílogo

A História foi como foi. O nosso Povo heróico volveu a padecer outra frustraçom mais. Hoje o medo ainda se pode tocar nas corredoiras de qualquer aldeia e se pode escuitar no ensurdecedor silêncio dos nossos paisanos já velhos que nos dim esquivos: "O que eu quero é esquecer tudo e que todos se esqueçam de mim".

E galgando com as suas botas de quatro léguas e brandindo as suas

espadas de letras e pontos finais, alguns historiadores disfarçados de luz e de vida acodem ansiosos a soterrar a dor, a emoçom, a coragem, o ódio, a lembrança..., a História, baixo um montom de palavras cobardes, reconciliadoras, confusas, negadoras, castradoras, alienantes..., culpáveis.

"Quiçá porque aqueles cruentos episódios estám já, -e o penso com

goço, com um sentimento ilimitado de libertaçom- onde devem estar: nos livros de História. Nos livros. No passado... E eu volvo a casa ditoso, mentres na rádio soa algo que me fijo lembrar os 'drums unlimited', do velho bateria de jazz Max Roach: o único tipo de baterias que deveria ouvir-se no futuro" (um desses disfarçados).

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Bibliografia * Galiza

– Livros – -HEINE, Hartmut: "A guerrilha antifranquista en Galicia".- Ed. Xerais de Galicia, 1980 (especialmente recomendado). -MÁIZ VÁZQUEZ, Bernardo:" Galicia na IIa República e baixo o franquismo". Ed. Xerais de Galicia, 1988. -MÁIZ V., Bernardo: "Guerrilla" en Gran Enciclopédia Gallega. -MÁIZ VÁZQUEZ, Bernardo: "Memoria-catálogo das publicacións galegas antifranquistas". Ed. do Castro, A Corunha. 1989. -SERRANO, Secundino: "La guerrilla antifranquista en León (1936-1951)". 2a ediçom, Madrid, Siglo XXI, 1988. -SERRANO, Secundino: "Crónica de los últimos guerrilleros leoneses (1947-1951)". Ambito Ediciones, 1989. -LAMAS GARCIA, V. Luís: "Foucellas, el riguroso relato de una lucha antifranquista (1936-1952)". Edicións do Castro, 1992, 2a ediçom. -DOMINGUEZ GONZÁLEZ, Xosé: "Mário de Langullo, o derradeiro fuxido". Sotelo Blanco edicións, 1993. -G. REIGOSA, Carlos: "Fuxidos de Sona". Edicións Xerais de Galicia, 1989. -G. REIGOSA, Carlos: "El regreso de los maquis". Ediciones Júcar, 1992. -G. REIGOSA, Carlos: "La agonia del León". Alianza Editorial, Madrid, 1995. -NEIRA VILAS, Xosé: "Guerrilleiros". Edicións do Castro, 1991. -NEIRA VILAS, Xosé: "Aqueles anos do Moncho". Madrid, Akal Editor, 1977. -ASTRAY RIVAS, Manuel: "Síndrome del 36. La IV Agrupación del ejército guerrillero de Galicia". Edicións do Castro, 1992. -F. FREIXANES, Vítor: "Manuel González Fresco, memória dun fuxido. 1936". Ed. Xerais de Galicia, Vigo 1980. -ALVAREZ, Santiago: "Memoria da guerrilla" Ed. Xerais de Galicia, Vigo 1991.

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-RIOS LAZCANO, Isabel: "Testimonio de la guerra civil". Ed. do Castro (2a ediçom). 1990. -COSTA CLAVELL, Xavier: "Las dos caras del franquismo en Galicia". Madrid, Cambio 16,1976. -COSTA CLAVELL, Xavier: "Perfil conflictivo de Galicia". Barcelona, Galba edicións, 1976. -NOYA GIL, Juan: "Fuxidos (memorias de un republicano gallego perseguido por el franquismo)". Caracas, Casuz Editores, 1976. -VALENZUELA, Ramón de: "Non agardei por ninguén". Madrid. Akal Editor,1976. -BROCOS, M e FERNÁNDEZ, S.: "Galicia Hoy" Ed. Ruedo Ibérico. 1966. -GRAN ENCICLOPÉDIA GALLEGA: Bibliografias de Foucelhas, Gómez Gayoso, Gardarrios, Gafas, Pancho e Soutomaior. -DOMINGUEZ, José: "A Cidade dos alemans". Biblioteca de autores galegos. Diário 16 de Galicia. -IGLESIAS ALVARELLOS, Henrique: "Botei 40 anos". Alvarellos, Lugo 1977. -PAÇOS GOMES, Manuel: "A resistencia ánti-franquista na Comarca de Ordes. Manuel Ponte Pedreira" Obradoiro da História. Apartado nº 42.15680-Ordes

– Artigos – -OSÓRIO IGLÉSIAS, Olga: "Un episodio de la guerrilla en Galicia. El asesinato de O Pinguelo". 1993 (?). Trabalho inédito. -RIOS, Irma (filha de César Rios): "Les guerrillas en León-Galicia de 1937 à 1948". Université de París-Sorbonne, 1977. Tesina. Texto mecanografiado. -RIOS, Isabel: "Isabel Rios condenada a morte". Em "O 36 en Galiza", especial de A Nosa Terra, Promocións culturais galegas, Vigo, 1986. -HEINE, Hartmut: "A guerrilla, umha resposta con forte base popular". Em "O 36 en Galiza", especial de ANosa Terra, Promocións culturais galegas, Vigo, 1986. - RIOS, César: "Galiza, terra de resistencia e insubmisión ao fascismo". Em "O 36 en Galiza", especial de A Nosa Terra, Promocións culturais galegas, Vigo, 1986.

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-FERNÁNDEZ, Carlos: "El franquismo en Galicia". Coleccionável da Voz de Galicia. Em vários números aborda aspectos da guerilha galega. -FORJAM, Líster: "Balance y experiencia del movimiento guerrillero en estos últimos meses (1946)". -"NOVA GALICIA". Publicaçom histórica que contém artigos sobre o tema e biografias dalguns guerrilheiros. -BARCIA MERAYO, Emílio: "Sobre la muerte de Manuel Girón Bazán". Berço 7, nº 74, Ponferrada, 13/III/1986, pp 19-20. -HERNANDEZ, Miguel: "Un año de guerrillas en Galicia". Tiempo de Historia, nº 34, Madrid, Setembro de 1977. -Agrupaçom cultural "LUMENOVO": "A ti Dapenci". Colecçom: Xosé Castro Veiga, 1987. ARTIGOS VÁRIOS NA IMPRENSA GALEGA: -"A Resistencia: O Curuxas". A Nosa Terra. -"Una vida, si; pero con tres leyendas". José António Durán, La Voz de Galicia, 31. Janeiro. 1993. Sobre o Curujas. -"O Piloto, entre a admiración e o medo. Lembranzas no vinte aniversário da morte do último guerrilleiro". A Nosa Terra, nº 264, 28.11.1984. -"Homenaxe ao último guerrilleiro". Afonso Eiré, A Nosa Terra. -"Cincuenta anos despois do seu asasinato. Homenaxe a Fresco, guerrilleiro". A Nosa Terra, 15.1.1987. -"Jesus Lavandeira, o último guerrilleiro de As Marinhas, enterrado en Betanços". La Voz de Galicia, 6.1.1991. "O Ladrillo. Crónica dun fuxido". A Nosa Terra, nº 305,5.XII.1986. -"Morreu Henriqueta Otero, guerrilleira galega". A Nosa Terra, nº 406,2.XI.1989. -"El último maquis". Carlos G. Reigosa, La Voz de Galicia, 3.VIII.1989. -Entrevista a Carlos Reigosa em A Nosa Terra, nº 411,7.XII.1989.

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*Estado espanhol (Bibliografia que também faz referência, em maior ou menor medida, à guerrilha galega. Só recolhemos a que nos parece mais significativa).

- Livros – -AGUADO SÁNCHEZ, Francisco: "El maquis en España". 2ª ed. Madrid, Editorial San Martín, 1975. O autor foi chefe da Guarda Civil. Versom franquista. -AGUADO SÁNCHEZ, Francisco: "El maquis en sus documentos". Madrid, ed. San Martin, 1976. -ARASA, Daniel: "Anos 40: los maquis y el PCE". Barcelona, Argos Vergara, 1984. -COSSIAS, Tomás: "La lucha contra el maquis en España". Madrid, ed. Nacional, 1956. -FERNÁNDEZ, Alberto E: "La España de los maquis". México, Ed. Era, 1971. -FERNÁNDEZ VARGAS, Valentina:"La resistencia interior en la España de Franco". Madrid, Itsmo, 1981. -GÓMEZ PARRA, Rafael: "La guerrilla antifranquista (1945-1949)". Madrid, Ed. Revolución, 1983. -KAISER, Carlos J.: "La guerrilla antifranquista". Madrid, Ediciones 99, 1976. -LIMIA PEREZ, Eugénio: "Reseña general del problema del bandolerismo después de la guerra de liberación". Madrid, Dirección General de la Guardia Civil, 1957. Texto mecanografiado. -PONS PRADES, Eduardo:" Guerrillas españolas (1936-1960)". Barcelona, Ed. Planeta, 1977. -SOREL, Andrés: "Búsqueda, reconstrucción e historia de la guerrilla española del siglo XX a través de sus documentos, relatos y protagonistas". Paris, Editions librairie du Globe, 1970, Colecçom Ebro. -DÍAZ-NOSTY Be SUEIRO, Daniel: "Historia del Franquismo.Un império en ruinas". Barcelona, Argos Vergara, 1985. -VIDAL SALES, J. A: "Despues del 39. La guerrilla antifranquista". Ed. ATE, 1976. -DÍAZ CARMONA, A: "Bandolerismo contemporáneo". Madrid, 1969.

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- Artigos - -MODESTO: "Logros y perspectivas del Movimiento guerrillero". Separata, 1947. -AAVV: "La guerrilla en los años cuarenta". Em Historia del Franquismo, 1a parte, cap. 17, Diário 16. -"Entorno al bandolerismo comunista. Hacia una interpretación del mismo". Revista de Estúdios Históricos de la Guardia Civil. Nº 9 y 10. Madrid, 1977. -CATALÁN DEUS, José: "La guerrilla antifranquista". Posible, nº 106, Madrid, Janeiro de 1977, pp 20-28. -AGUADO SÁNCHEZ, Francisco e CIERVA, Ricardo de la: "La aventura del maquis en España: análisis documental de una leyenda". Nueva Historia (monografia), nº 8 Barcelona, Setembro de 1977. -ENGEL, Carlos: "El maquis en España". Historia y Vida, nº 227, Barcelona, Fevereiro de 1987, pp 78-93. -MUNILLA GOMEZ, Eduardo: "Consecuencias de la lucha de la Guardia Civil contra el bandolerismo en el período 1943-1952". Revista de Estúdios Históricos de la Guardia Civil, nº 2, Madrid, 1968.

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Índice

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Limiar I. Os primeiros resistentes II. A 1a Organizaçom guerrilheira III. O Exército Guerrilheiro de Galiza IV. Os últimos guerrilheiros V. Táctica e Organizaçom VI. Estatística VII. Consideraçoes Epílogo Bibliografia

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