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    Um agente da CIA assassinado na Grcia. Motivo mais que

    suficiente para levar a agente Baby a qualquer parte do

    mundo. Com isso ela acaba descobrindo um plano dos

    rabes para lanar uma bomba atmica contra Israel.

    1973 - LOU CARRIGANPublicado no Brasil pela Editora Monterrey

    Ttulo original: Una Bomba a MenosTraduo de Luiz de Drummont Navarro

    Digitalizao e reviso:JVS - 400306 / 431025

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    Preldio

    Comeava o crepsculo quando Roy Powers, agente da

    CIA, recebeu os trs projteis nas costas.O primeiro derrubou-o, fazendo-o rolar violentamente

    pelo cho. Mas, por milagre, conseguiu levantar-se econtinuou correndo.

    Ento recebeu o segundo. E o terceiro.Sentiu-os, em plena conscincia, como pequenos golpes.

    E a cada um deles estremeceu... e continuou correndo.Claro, tinha uma pistola. Podia ter-se detido e enfrentado

    seus perseguidores. Mas sabia que se o fizesse no terianem sequer aquela precria oportunidade de chegar lancha; pr o motor em marcha e partir. Parar significavamorrer. Continuar correndo, mesmo com trs balas nas

    costas, podia significar a salvao.No era um pensamento, mas um conhecimento exato da

    realidade. Compreendia, sabia, no precisava pensar.Por isso continuava correndo, enquanto sentia nas costas

    o calor do sangue. Para ele s existia uma coisa no mundo,naquele momento: a lancha veloz em que chegara at ali,

    um pouco antes.J no ouvia nada atrs dele. Nem vozes, nem rudo de

    ps... Nada. Sabia que estavam atirando, mas alm de setratar de armas munidas de silenciador, seus ouvidosperdiam a acuidade. Seus ouvidos, suas pernas, seu corpo,seu corao... Tudo nele enfraquecia. S sua mente

    continuava funcionando e dando uma ordem quele corpoque praticamente j estava morto. A ordem de correr,correr, correr...

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    E correndo Roy Powers chegou lancha, saltou a ela,ligou o motor e partiu. Atrs dele, sabia-o com toda acerteza, chegavam precipitadamente vrios homens, que porsua vez dispunham de uma lancha. No to veloz como a

    dele, mas isto no os deteria: continuariam perseguindo-o,atirando...

    A lancha saiu do pequeno embarcadouro a mar aberto. Afrente de Roy, longe, viam-se j as luzes do Pireu e deAtenas.

    Bem. J estava na lancha. Portanto, aquela ordem de seu

    crebro fora obedecida. E ento o crebro deu outra aocorpo praticamente morto: chame pelo rdio, pea ajuda.

    Roy Powers retirou uma das mos do volante e abriu ordio. No esperou ouvir nada. Era ele quem tinha que falar,no seus companheiros.

    Fala Roy... arquejou. Estou... a caminho do

    Pireu... vindo de Kalamakion... na lancha pequena...Necessito ajuda... imediatamente... Pr Deus... me ajudem,me aju...

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    CAPTULO PRIMEIROPista micro fotogrfica

    No o pudemos ajudardisse o agente da CIA quemantinha levantada a ponta do lenol.Quando chegamosjunto a ele, j estava morto.

    A explicao era dirigida jovem que, ao lado docadver de Roy Powers, o contemplava gravemente, lbiosapertados, ruma expresso ao mesmo tempo dura e triste

    nos maravilhosos olhos intensamente azuis. Uma jovem debeleza extraordinria, graciosa, elegante, de pele douradapelo sol e sedosos cabelos negros, que lhe emolduravam orosto e caam, em ondulaes suaves, at os ombros.

    Para todo o mundo, tratava-se da jornalista americanaBrigitte Montfort. Para a CIA, era a agente Baby, capaz

    de resolver qualquer problema de espionagem em qualquerparte do mundo. Sua presena ali significava as maiorescalamidades para quem tivesse cometido a torpeza deassassinar um seu colega, um dos seus queridos Johnnies.Ela sempre os vingava.

    Isso sabiam perfeitamente os trs outros espies

    americanos que, em silncio, a contemplavam, enquanto elacontinuava fitando o Johnny morto.

    Est bemdisse ela, de sbito.J podem mand-lo para casa.

    O lenol baixou, ocultando o rosto de Roy Powers. Este,sem demora, seria enterrado no cemitrio de sua cidade

    natal, em qualquer lugar dos Estados Unidos. Dias maistarde, os moradores da localidade veriam um ramo de rosasvermelhas sobre sua tumba.

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    Enquanto dois dos agentes da CIA dispunham-se a levaro cadver, cujo destino inicial seria Washington, Babysentou-se sobre um caixote naquele armazm de vinhos eacendeu um cigarro. Johnny I, o que tinha ido esper-la no

    aeroporto de Atenas, continuava olhando-a fixamente. Sabiaque nada tinha a dizer, at que ela perguntasse.

    Viu-a estremecer quando ouviu o estalido da tampa doatade ao fechar-se. Mas foi s um instante. Ela continuoufumando, olhar perdido no ar. Depois ouviu-se o som daporta da camioneta. Finalmente, o ronco do motor,

    afastando-se, afastando-se...Brigitte apagou o cigarro e olhou para Johnny.Ouvirei agora essa explicaodisse.Vou lhe dizer o que sei desde que vi Roy pela ltima

    vez. Foi s quatro da tarde de anteontem, quando mesubstituiu na vigilncia do cais. Temos uma pequena lancha

    muito veloz e nela passeamos por todo o Pireu, sempre caa de algo interessante, principalmente desde que seagravou o conflito entre rabes e israelenses. Roy fazia oturno das quatro da tarde meia-noite. No uma vigilnciargida e vez por outra saltamos em terra, comemos algumacoisa, tornamos um trago... E o melhor modo de se mover

    sem chamar excessivamente a ateno. Bem, ele mesubstituiu e foi a ltima vez que o vi. Chamou-me ~ seis datarde pelo rdio...

    O rdio est aqui, neste armazm?Sim, claro.Ser preciso mud-lo de lugar.

    Faremos isso esta mesma noite. Como lhe dizia, Roychamou-me pelo rdio e disse-me que tinha visto um grupode rabes...

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    Quantos?No disse quantos. Um grupo, simplesmente. Viu-os

    no cais e decidiu vigi-los. Pura rotina, claro. Mas, poucodepois, os rabes abordaram uma lancha e partiram ao

    longo da costa. Roy foi atrs deles e tornou a chamar paradizer-nos que tinham desembarcado em Kalamakion... Euma pequena localidade a duas milhas do Pireu. Disse eleque, j que os rabes tinham desembarcado, ia fazer omesmo e segui-los. A prxima e ltima notcia que dele tivefoi s sete, quando chamou anunciando seu regresso e

    pedindo ajuda. Comuniquei-me com os outros dois e fomosa toda pressa na lancha grande rumo a Kalamakion, isto ,ao encontro de Roy. Ao avistarmos sua lanchinha, j eraquase noite fechada. J navegava com o motor parado,muito devagar... Chegamos a tempo de ver surgir a lanchaque sem dvida vinha atrs da dele. Ao dar conosco, os dois

    da outra lancha fizeram a volta e afastaram-se, suponho quepara Kalamakion. Saltei lancha pequena e encontrei Roymorto...

    J estava morto? No pde dizer nada?No, no pde falar, mas deixou-nos uma pista que

    vai satisfazer a voc, suponho: seu isqueiro.

    Baby assentiu, esperanada.Tinha conseguido fazer alguma foto interessante? Interessante? No sei... Fez algumas fotos, eis tudo.

    Quer v-las?Naturalmente.Johnny tirou um envelope do bolso e estendeu-o a

    Brigitte, que se apressou a extrair as fotos que continha.Arqueou as sobrancelhas, um tanto decepcionada, ao verque as fotos mostravam simplesmente uma casa. Sete fotos,

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    ao todo, mostrando a casa de diversos ngulos. Era grande,branca, tendo na frente um jardim no qual se viam figueiras.

    Bem... murmurou. Se esta pista vai satisfazer-me, ser porque vocs averiguaram alguma coisa sobre esta

    casa. Ou no?Sabemos quem a habita.Ah! Um rabe?No, um turco. Chama-se Akim Sidef.Para quem trabalha?No sabemos. Enviamos cpias dessas fotos a

    alguns... amigos, para que fizessem averiguaes. E tudoquanto apuramos foi isto; a casa pertence a um turcochamado Akim Sidef.

    Tm alguma foto dele?No. Sabamos que voc ia chegar e...Sabiam?

    Tnhamos certeza. Por isso, preferimos no afugentara caa. Por outro lado, pensamos que voc talvez fizesse amesma pergunta que ns.

    Por que atirar num homem que se limitou a seguiroutros?murmurou Baby.

    Exatamente. Nos dias que correm, tudo anda muito

    revolto, nos vigiamos uns aos outros com cem olhos. Unsseguem os outros... e no acontece nada, isto , nadarealmente lamentvel. Sim, foi esta a pergunta que nosfizemos: valia a pena matar um homem porque seguiaoutros? Que eu saiba, h muitos anos que isto j no se faz.

    Felizmente. A menos, claro, que a coisa possa

    resultar muito prejudicial aos que so seguidos. Voc disseque Akim Sidef turco?Sim.

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    Bem... Um turco e uns quantos rabes que o vo ver.No imagino nada especialmente importante nessaentrevista, to importante para justificar o risco de umconfronto com a CIA...

    No podiam saber que Roy era da CIA. Sim admitiu Baby. E talvez fosse to

    importante essa reunio de um turco com vrios rabes...Akim Sidef est sob vigilncia, Johnny, suponho.

    Naturalmente. Mataram Roy anteontem s sete,tnhamos as fotos j reveladas s doze e nessa mesma hora

    as distribumos entre os nossos amigos gregos. Pelas dez damanh, estes j haviam localizado a casa e desde ento avigiamos.

    Esses amigos no so maravilha nenhuma, alm dissotivemos que nos ocupar de tudo: comunicar a morte de Roy,providenciar seu transporte... E como nos disseram que

    voc viria, preferimos no nos deixar ver por l.Est bem. Que informaram seus amigos gregos nestasltimas vinte e quatro horas?

    Nada. Vigiam a casa, mas ningum entrou nem saiudela.

    Isso pode significar que, depois de matar Roy

    Powers, a abandonaram, no acha?Johnny I franziu a testa e sua expresso tornou-sesombria.

    Sim. Mas no temos nenhuma outra pista... Almdisso, parece que h algum na casa. Um de nossos amigosassegura ter visto por duas vezes gente numa janela.

    Ah! Isso melhora o assunto. Voc est em contatocom esses amigos gregos?

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    Estou. Um deles tem um rdio de bolso que alcanaquase quarenta quilmetros. Se houvesse alguma novidade,ele nos teria avisado.

    O que significa que tudo continua no mesmo.

    Sim, sim... Akim Sidef no trabalhar para algum servio

    secreto?No conhecemos. Nunca tnhamos ouvido seu nome.

    Claro que se o encontrssemos cara a cara talvez oreconhecssemos, mas por esse nome no o podemos

    identificar.Um nome no nada. Talvez fosse conveniente voc

    chamar esses gregos e... No. Ser melhor darmos umavolta por l.

    Agora?Baby olhou-o, surpreendida.

    Salvo se voc tiver algo de melhor a fazer condicionou. No, no! que... Bem, pensei que talvez fosse

    prefervel esperarmos Johnny II e Johnny III, no?Para qu? No vamos atacar, s dar uma olhada. Se

    Akim Sidef no abandonou essa casa depois que ele e seus

    amigos rabes atiraram contra Roy, porque nada temem;devem crer que Roy morreu, simplesmente, e que no nospde proporcionar nenhuma pista. E se continua l, porque talvez espera alguma coisa. Ns tambmesperaremos... um dia ou dois. Se nada ocorrer, faremos opossvel para... entrevistar Akim Sidef.

    Pensei que voc tivesse pressa em mat-lo e aos seusamigos rabes.

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    Matarei todos eles disse friamente Brigitte. Mas depois de aproveitarmos a ocasio para terminar algoque Roy tenha comeado.

    Johnny I sorriu levemente.

    J sabia que voc est sempre certa. Faremos suamaneira, naturalmente.

    Obrigada. Diga-me uma coisa, Johnny: voc bastante conhecido em Atenas e no Pireu?

    Parece-me que todos ns somos bastante conhecidospor aqui, entre os agentes secretos, compreende-se.

    Isso quer dizer que talvez o tenham seguido at oaeroporto, que o tenham visto receber-me...

    No. Voc sabe como quando matam um agente: osdos outros servios se eclipsam por uns dias. Em parte,temendo o mau humor dos companheiros do morto, e emparte por no quererem que esses companheiros possam

    pensar que tal ou qual servio foi o responsvel por suamorte. Assim, por alguns dias nos deixaro tranqilos.Principalmente os russos. Desde que os egpcios lanaramesse fulminante ataque contra a pennsula do Sinai,andamos todos na ponta dos ps. E j que estamos longe docampo de batalha, aproveitamos para no complicar muito

    nossa vida. A nossa, aqui, espionagem caseira, de rotina...Pelo menos tem sido assim at agora.Bem. De qualquer modo, ser melhor mo nos verem

    juntos em Kalamakion Pode me conseguir uma lancha queno seja conhecida de nossos colegas?

    No momento, no, Mas posso conseguir-lhe um carro

    em dois minutos. Voc ir por terra e eu por mar... ConheceAtenas?

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    O suficiente para chegar a Kalamakion semdificuldade. Aceito o carro.

    CAPITULO SEGUNDOUma estranha aliana

    Deteve o carro perto do embarcadouro e teve que esperaruns minutos at Johnny chegar com a lancha, procedente doPireu. No embarcadouro o aguardava um homem e Babyesteve olhando-os atentamente, enquanto eles conversavam.

    Em seguida, os dois tomaram um carro e ela partiu atrsdeles.

    Trs minutos mais tarde, o carro em que iam Johnny eseu amigo grego passava por diante da casa, que elaidentificou imediatamente como sendo a que vira nasfotografias. Portanto, a casa onde, tranqilo, devia

    permanecer o turco Akim Sidef.Trezentos metros mais alm, ela dobrou uma esquina e

    deteve o carro. Chamou pelo radinho de bolso:Johnny?Diga, Baby.Retire-se.

    Como?estranhou o espio.Mas se estamos... Estamos talvez assustando a caa. Vou lhe dizer

    como vejo a situao: Akim Sidef e seus amigos tm que tervisto esses inbeis gregos amigos de vocs. Se ficarem aqui,se saber que o turco foi localizado. Se partirem, depois devoc dar uma volta para ver os outros amigos gregos,

    possivelmente Akim pensar apenas que voc esteve emKalamakion em busca de alguma pista e, sem a terencontrado, voltou com o rabo entre as pernas a Atenas ou

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    ao Pireu. A partir deste momento, talvez ele se decida amover-se, a fazer alguma coisa. No lhe parece provvel?

    Baby, voc e genial! exclamou Johnny. Iremos agora mesmo.

    Agora mesmo, no. Dem umas voltas, troquemimpresses, faam caras aborrecidas... e, dentro de umahora, voltem a Atenas, frustrados.

    De acordo! Quando nos veremos?No sei. Mas no faam nada, est claro?Sim, sim, mas... Se voc vai ficar sozinha...

    Teme que tambm me metam trs balaos nas costas?Bom... Tambm voc de carne e osso, no?Digamos antes que sou um... osso duro de roer. V

    tranqilo. Mas se dentro de vinte e quatro horas no tivernotcias minhas, reuna todos os homens possveis, venham aesta casa e matem todos os seus ocupantes. Okay?

    Johnny engoliu em seco.Okay.Ela fechou o radinho e reps o carro em marcha,

    consultando seu relgio. Eram quatro e vinte da tarde. squatro e trinta parava entre um grupo de pinheiros, nocaminho que ligava Kalamakion a Komnena. Dentro do

    carro, sem ningum vista, procedeu simplesmetamorfose, utilizando material de sua maletinha. Deixoude ser uma morena de olhos azuis para transformar-se numaruiva de olhos castanhos. Tambm colocou duas diminutasalmofadas de espuma dentro na boca, de modo a arredondarmais as faces. Pequenos aros plsticos nas narinas

    dilataram-nas um pouco. Com isso, seu aspecto mudou osuficiente para que ningum a pudesse relacionar com

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    Brigitte Montfort. Depois virou seu casaco pelo avesso,com o que passou de azul a vermelho.

    s cinco menos cinco, a ruiva passava com o carrorelativamente perto da casa de Akim Sidef. As cinco e

    quinze, de uma distncia prudente, assistia retirada deJohnny e seus amigos gregos que estavam de vigia, uns emlanchas, outros num cano.

    s cinco e vinte e cinco, aparecia de novo perto da casa,agora a p, caminhando como quem d um passeio. Fez avolta quadra, afastou-se, voltou por outro lugar... Por fim,

    encontrou o ponto conveniente para ver sem ser vista:dentro do portal de uma casa situada defronte e um poucomais acima. L ficou, imvel. Se preciso, permaneceriaassim por horas e horas.

    Mas no teve que esperar muito, pois antes das seis emeia apareceu um homem. Seu fino instinto advertiu-a de

    que aquele no era um passante comum. Viu-o surgir desbito, caminhar pela frente da casa olhando-a sem virar acabea e, tambm, olhando a seu redor. Um sorrisinho,entre amvel e irnico, brincou nos lbios da espiinternacional.

    Quando o homem desapareceu na esquina seguinte, ela

    olhou o relgio e disse mentalmente:Dou-lhe cinco minutos.Quatro minutos depois, o mesmo homem tornou a

    aparecer. Desta vez por outra esquina e caminhando pelamesma calada em que ela estava. Tornou a passar pelacasa, olhando com menos dissimulao para esta. Parecia

    entre preocupado e indeciso. Baby o classificouimediatamente como um agente de quarta ou quintacategoria, quer dizer, dos que num momento de apuro se

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    afobam tanto que j no sabem mais qual sua mo direita,qual a esquerda. E isto a fez chegar a uma concluso:aquele homem no estava s, havia algum por perto ou emcontato com ele, dirigindo-o. Algum que podia ser um

    agente de segunda categoria, ou inclusive de primeira.Quando o homem tornou a se afastar da casa, foi atrs

    dele. Quatrocentos metros mais alm, viu-o dirigir-se emlinha reta para um carro preta estacionado sob umas rvoresda rua.

    Sem hesitar, ele entrou no carro, pela porta oposta do

    volante. Neste havia outro homem, mas no o podia verbem. O sol comeava a se pr rapidamente, dando ao aruma colorao vermelha intensa, produzindo sombras.Baby voltou para onde tinha deixado seu carro. Entrouneste e dirigiu-se a um ponto de onde podia ver o outro.Mesma cena: as mos do motorista descansando sobre o

    volante. Ele devia estar ouvindo o que lhe dizia o homem.Bem, l estava, ao volante daquele carro, o agente talvezde primeira categoria. Aps uns seis minutos de conversa, oagente de quarta ou quinta saltou e afastou-se. Brigitte nolhe concedeu sequer um olhar. Estava atenta as mos dooutro, firmes, tranqilas, sobre ovolante. A direita moveu-

    se, desapareceu reapareceu com um mao de cigarros. Estefoi sacudido nummovimento hbil, um cigarro destacou-see o homem acabou de retir-lo do mao com os lbios.Acendeu-o. Enquanto isso, a mo esquerda conservou-seimvel, sobre o volante. Primeira categoria, sem dvida.Nada de nervos, de impacincia, de movimentos inteis..

    Tanto melhorpensou Baby.Sim, sempre preferira enfrentar agentes categorizados,que no puxam uma pistola menor dificuldade, dispostos a

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    resolver tudo na base da ignorncia por carecer de outrosrecursos. Eles olham, escutam, sorriem... e s quandoabsolutamente necessrio cravam uma faca nas costas dooponente, ou ento mandam-lhe um balao.

    s sete, j escuro, acesas as luzes de Kalamakion,chegaram dois homens ao carro do agente de primeira.Nenhum deles era o anterior. Ambos ocuparam o assento detrs, l permaneceram por alguns minutos, depois saltaram eafastaram-se.

    Ento, sim, o agente de primeira acendeu os faris e deu

    a partida. Meio minuto mais tarde, Brigitte sabia queestavam regressando ao Pireu, talvez a Atenas, ainda nopodia determinar.

    Ao Pireu, pois, ao chegar a Neon, o agente de primeirano tomou a avenida para o norte, mas continuou costeando.Bordejaram toda a baa de Phaleron, chegaram ao Pireu e,

    finalmente, o carro do de primeira parou diante do HotelAkenon, perto do cais. Brigitte deteve-se e esperou. Notinha a menor dvida de que aquele homem se sabiaseguido.

    Viu-o descer, olhar para o hotel, hesitar... Era alto,atltico, de aspecto esportivo. Aps hesitar visivelmente

    entrada do hotel, ele virou-se e caminhou para o carro deBrigitte. Esta levou a mo direita coxa esquerda e de lsacou sua pistolinha de coronha de madreprola, presa poruma tira de esparadrapo cor de carne, colocando-a no colo.

    O homem chegou, inclinou-se um pouco para ela, porsobre a porta, e perguntou em russo:

    Posso lhe ser til em alguma coisa?Ela, aparentando surpresa, fingiu no compreender.Perdo?murmurou em ingls.

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    Americana? pareceu alegrar-se o homem, falandoagora em ingls.

    Sim. Esteve me seguindo desde Kalamakion. Se quer,

    podemos conversar.Brigitte sorriu. Sim: primeira categoria.Mas eu no tenho nada a lhe dizer.No da CIA?Da... que?Agora ele sorriu. Tinha um sorriso agradvel. E sua

    aparncia era excelente. Muito moreno, olhos escuros ebrilhantes, parecia um cigano... No, no. A revelaochegou-lhe quando o homem indicava o lugar junto a ela:era albans.

    Posso me sentar a seu lado?pediu ele.Se lhe parece conveniente, sente-se.

    Obrigado.O albans rodeou o carro e veio sentar-se junto a ela.Tornou a sorrir, ao ver e pistolinha firmemente apontadapara ele. Depois pareceu esquec-la.

    Vocs esto vigiando Akim Sidef?perguntou.Quem? Que est dizendo?

    Escute o albans franziu a testa , falemos asrio, seno retiro-me. Sair se eu permitir, no? Brigitte moveu

    significativamente a pistolinha.Ele resmungou alguma coisa, girou o corpo e disps-se a

    sair do carro.

    Estamos vigiando Akim Sidef, com efeito dissoBrigitte.

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    Comeamos a nos entender afirmou ele, tornandoa recostar-se no assento.CIA?

    Sim, naturalmente. Bem. Eu sou Haxi Renxo, do servio secreto da

    Albnia... Por favorele acrescentou rapidamente, nome pergunte se gosto do arroz que nossos amigos chinesesnos enviam.

    Mas a Albnia e a China no so boas amiguinhas?SoHaxi Renxo deu de ombros.Ah! Ento que voc no gosta de arroz.

    No muito ele sorriu, olhando-a com um poucomais de interesse.Como seu nome?

    Myrna Flowers.Haxi Renxo pareceu um pouco decepcionado.Flowers... Bem, de qualquer modo, j que voc da

    CIA, talvez possamos chegar a um acordo.

    Sobre qu? E por que diz isso...? Pensou que eu fossealguma pessoa determinada, talvez? No, no... que voc poderia ser a... Mas no

    importa. Poderemos nos entender de qualquer modo,Myrna.

    Isso no parece muito provvel entre o servio

    secreto albans e a CIA, mas nada temos a perderconversando.Nada. Por que vigiam Sidef?E vocs? Por que o vigiam?No confia em mim? Voc muito divertido... Por que diabo deveria

    confiar em voc?Talvez porque eu pudesse aludi-la.A mim? Em qu?

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    Bom... Se esto vigiando Sidef, tem que ser poralgum motivo, no?

    Tem. Mas, Haxi, se voc espera que eu lhe diga porque a CIA faz isto ou aquilo..

    Est bem, est bem. Vejo que o gigante orgulhosodemais para dar explicaes ao ano.

    Voc no me parece um ano.Refiro-me CIA e ao meu modesto servio secreto. No ser to modesto, se levarmos em conta que

    muitos de vocs esto sendo treinados pelos seus amigos

    chineses. Tenho a impresso de que os chineses no lhe

    agradam.Me encantam... quando esto na China. Entendo... o albans riu. Bem, vejamos: se a

    CIA est vigiando Akim Sidef, ser por algo importante.

    Certo? Certo. Muito importante disse Brigitte, ao azar,esperando obter informao.

    Ah! No pode me dar uma idia do que consideraimportante?

    Considero importante o direito de todo ser humano

    vida, felicidade, paz.Concluo que no gosta das guerras.Odeio-as.Tem certeza de que trabalha para a CIA?Comea a duvidar disto, no?Sim... Vejamos: essa coisa to importante pela qual

    esto vigiando Akim Sitiei, que poderia ser?

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    Quer que brinquemos de adivinhao? Sinto muito,mas no me sinto disposta a isso. E sabe por qu? Hquarenta e oito horas um companheiro meu foi assassinado.

    Assassinado? Isso quer dizer que...

    Que o mataram com trs balaos nas costas.Ah! Ento teve morte imediata... Pelo contrrio: ainda viveu algumas horas e sofreu

    bastante. Mas pelo menos essas horas de vida podem lhe ter

    dado oportunidade de dizer coisas teis CIA, suponho.

    Realmente mentiu Brigitte. Meu companheirodisse coisas muito teis, tinha estado rondando a casa deAkim Sidef e a informao que conseguiu importante.

    Bem, devo crer ento que sabe bastante a respeitodesse turco.

    Mas talvez voc saiba mais que eu. Que que sabe?

    Parece-megrunhiu Renxoque ambos sabemosmais ou menos a mesma coisa: o assunto da bomba.Brigitte conteve um sobressalto e, inclusive, conseguiu

    um sorrisinho de desconfiana muito convincente,parecendo saber mais do que dizia.

    Que bomba?perguntou.

    Ora, vamos... No sei como puderam encontrar apista de Sidef, mas no h dvida de que a CIA est aocorrente do fato de que ele espera uma bomba atmicavinda da Albnia.

    Ah! Da Albnia? Ignorava que vocs tivessembombas atmicas...

    Sabe muito bem, j que trabalha para a CIA, que aAlbnia construiu vrios silos secretos, onde guarda

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    algumas bombas atmicas fabricadas na China. Ou nosabia?

    Brigitte estava muito plida. Sou uma agente de pouca importncia e certas

    informaes no chegam a. mim. Agradeo-lhe esta. Que importa minha informao? A CIA sabe muito

    bem disso, portanto, fato de que voc o saiba tambm noprejudica, em nada, nem a Albnia nem a China.

    Falemos da bomba de Akim Sidef. Devo entenderque a Albnia lhe enviou uma bomba atmica?

    Que diabo est voc dizendo?! quase gritouRenxo.

    Eu? Foi voc quem disse que ele espera uma bombaprocedente da Albnia... Ou no disse?

    Sim, sim, desculpe... Olhe, esta parte justamente aque desejo tornar bem clara: a Albnia nada tem a ver com

    tal bomba, nem com o destino que lhe for dado, qualquerque seja...No creio que uma bomba sirva pata fazer sorvete

    disse secamente Baby. Que eu saiba, as bombas sservem para uma coisa. E continuo entendendo que AkimSidef espera uma procedente da Albnia. Como explica

    voc isso?Vou lhe explicar, mas espero ajuda da parte da CIA.Olhe, Myrna, se essa bomba chegar a explodir, as coisas secomplicaro tanto que... Nem bom pensar nisso. Vamosao que interessa: a CIA me ajudar e aos meuscompanheiros a recuperar essa bomba, ou pelo menos

    mand-la para o fundo do Mediterrneo?A segunda sugesto merece toda a minha simpatia.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Bem, o mesmo... Para a Albnia, seria melhorrecuper-la, pois do contrrio, no curso de uma inspeo, ostcnicos chineses daro por sua falta no silo correspondente.Isso nos traria complicaes, claro, mas penso que no seria

    to mau como se essa bomba chegasse a explodir. Sim. Talvez vocs se pudessem arranjar sem a

    amizade da China comentou Brigitte. Mas, decerto,muitos milhares de pessoas nunca mais se arranjariam navida, se essa bomba explodisse. Mas... vocs no souberamguardar as bombas fornecidas pela China?

    Bom, soubemos, mas como se pode lutar contra oinimigo externo, se temos traidores dentro de casa?

    Vocs s tm no exterior os inimigos que querem ter.Quanto aos traidores internos, creio que no estouentendendo. Eles conseguirem escamotear nada menos queuma bomba atmica?

    Foi o que aconteceu, realmente.Hum... Que dimenses tem a bomba em questo?Seu companheiro no lhe disse antes de morrer?Parece-me que no se inteirou de tantos detalhes

    disse Brigitte, disposta a continuar obtendo informaessobre o assunto Akim Sidef. O pobre rapaz fez o

    bastante avisando-nos de que chegaria uma bomba... Qual seu tamanho?Cinco metros.E roubaram... esse brinquedo?Por sees.Por sees? Escute, Haxi, estou disposta a conseguir-

    lhe toda a ajuda que precisar para localizar essa bomba eafund-la no Mediterrneo, mas quero informao concretae completa. Se no for assim, prefiro continuar trabalhando

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    sozinha. Vou lhe dizer o que j sei: Akim Sidef estesperando uma bomba atmica, mas no sabemos por onde,nem quando. Se voc e eu chegarmos a um acordo, melhorpara todos. Se no for assim, muito possvel que esta

    mesma noite a CIA tome decises drsticas, fazendo umavisita... de cortesia a esse turco. Voc me entende.

    Entendo. Mas no lhe posso dizer como nem quandochegar a bomba.. S sabemos que saiu da Albnia e viajaem trs sees. E, claro, que o destinatrio Akim Sidef.

    Como conseguiram essa informao parcial?

    Agarramos os dois traidores. Pensamos que foi umaoperao bem preparada, por grupos. O roubo das trssees foi realizado por trs grupos desligados um do outro,quer dizer, um sem saber dos outros, entende?

    Mas pelo menos, j que agarraram um dos grupos,devem saber que rota est percorrendo a seo da bomba

    por ele escamoteada. No. Seus dois integrantes s sabiam quem era odestinatrio. Quanto s diferentes sees da bomba, ao queparece cada grupo tinha ordem de lev-la a determinadoponto da costa e l deix-la. Claro, s soubemos de umdesses trs pontos e fomos l, mas a seo da bomba j no

    estava. Por terra, mar ou ar, est se aproximando aqui daGrcia... de Akim Sidef.E para que quer ele uma bomba? Ignoramos. Meus homens e eu chegamos ontem e

    fomos a Kalamakion. L nos demos conta de que a casa deSidef estava sob vigilncia, pelo que resolvemos esperar.

    Bom... Renxo baixou os olhos, meio sem jeito , averdade que no sabamos o que fazer. Isto , sei o quequero fazer, mas o momento no me pareceu oportuno.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    E o que quer fazer, exatamente? Agarrar Sidef, obrig-lo a dizer por onde e quando

    vo chegar as trs sees da bomba e recuper-las, ou atir-las no fundo do mar. Simultaneamente, conseguir dele os

    nomes dos traidores ainda no localizados na Albnia.E saber para que ele quer a bomba, no? Bem... Pare falar a verdade, isso no me interessa,

    contento que a recuperemos. Com o que ele no poderiarealizar seus planos. Se seus companheiros no estivessemvigiando Sidef, ns j teramos feito alguma coisa... e sem

    necessidade de ajuda. Mas, j que a CIA interveio, no seicomo, eu seria um idiota se, alm das complicaes quetenho, entrasse em luta contra vocs. O que quero abomba e no me importa colaborar com a CIA, o MVD ou oprprio demnio. Explico-me?

    Muito bem. E j que estamos de acordo, talvez fosse

    conveniente no esperar mais. Que acha? No sei. Afinal, se esperarmos, talvez apareamalguns amigos dele. No creio que esteja trabalhandosozinho numa coisa to importante.

    Tem amigos: uns quantos rabes.Haxi Renxo olhou-a vivamente.

    rabes? Voc os conhece? No. Mas sei que existem. Meu companheiro faloudeles.

    Ah! uma pena que no os conhea, poispoderamos...

    Lamento. Tudo quanto sabemos que era um grupo

    de rabes, mas no quantos, nem de onde procediamexatamente. Foram esses rabes que conduziram meucompanheiro at a casa de Sidef.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    E ele no os fotografou?surpreendeu-se o albans. No. Suponho que, de incio, no lhes tenha dado

    importncia. H muitos rabes por aqui atualmente. Vigiou-os, fotografou a casa, mas, quando j se interessava pelos

    rabes, suponho que o surpreenderam e ele no tevecondies de fazer fotografias.

    Claro. rabes, hem? No podem ser eles oscompradores da bomba de Akim Sidef?

    Para qu? O Egito tem msseis apontados para Israel.Para que compraria uma bomba atmica roubada na

    Albnia por traidores?Mas se alguns rabes esto intervindo...Esses rabes podem servir aos propsitos de qualquer

    outro pas, inclusive a propsitos particulares.Particulares? Que quer dizer?Bem... Objetivos alheios causa rabe.

    Objetivos particulares... com uma bomba atmica?pasmou o albans.Por que no?No sei... Nem quero complicar minha vida. S quero

    recuperar essa bomba para...Para lan-la ao fundo do marrecordou Brigitte.

    Faremos isso. No sei o que diro em Pequim...No diria nada.Voc muito otimista, no?Sou realista. Se a China j sabe que a CIA sabe dos

    silos existentes na Albnia, por que preocupar-se? Elaapenas perder uma bomba. E me parece que j tem muitas.

    Oh, sim!sorriu Renxo.Tem muitas.Suponho que voc no me diria o nmero exato.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Olhe, dadas as circunstncias, acho timo voc me terseguido e que tenhamos chegado a um acordo. Mas da ainform-la do pouco que sei.

    Est bem, est bem. Diga-me: de quantos homens

    dispe?Quatro. Quatro perto de mim, mas em dado momento

    posso reunir trinta em menos de uma hora. Ah, assim est melhor! No poderia acreditar que

    cinco homens sassem em busca de uma bomba atmica queest viajando em trs sees. Trinta homens... todos

    armados?Naturalmente. E voc? Quantos pode reunir?Sessenta ou setenta em menos de uma hora tomou

    a mentir Brigitte. Oh, o gigante e o ano! um pouco estranha esta

    nossa aliana, no lhe parece? De qualquer modo, que

    sugere voc?Quanto tempo fez que a bomba foi roubada?Seis dias. Ento tiveram tempo de sobra para transport-la

    inclusive ao Cairo!O destinatrio Akim Sidef.

    Mas seis dias... Essas trs sees j deveriam estaraqui. Como possvel que no tenham chegado? Ouchegaram?

    No sei pestanejou Renxo, perplexo. Claro, jhouve tempo de sobra para que chegassem a Atenas. TalvezSidef j as tenha recebido e estejam em sua casa...

    No diga tolices, Haxi. Seis dias... E se enganaramvocs? E se o destinatrio no Akim Sidef?No...empalideceu Renxo.No,

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Por que no? Se fizeram isso, vocs e ns estamosperdendo tempo, enquanto a bomba em trs sees estar,quem sabe onde, j montada. talvez pronta para olanamento... Santo Deus!

    Seja o que for tremeu a voz de Haxi Renxo ,penso que Akim Sidef tem que saber algo a respeito. E, domodo como voc exps as coisas, pergunto-me o queestamos espetando.

    No sei se compreendo... Pois est bem claro: reunamos todos os nossos e

    lancemos um ataque casa do turco.Suponho que voc esteja brincando.Brincando? Claro que no! Quanto antes chegarmos

    at Sidef, tanto mais cedo saberemos o que na verdade estocorrendo.

    Talvez seja esse o seu sistema disse friamente

    Brigittemas no o meu, colega. Oua, nosso objetivo recuperar uma bombaatmica, no esquea. No o momento de andar fazendotolices, Myrna!

    Parece-lhe que no uma tolice um ataque de cemhomens contra uma casa, num lugar habitado?

    Bom, foi um modo de expressar uma ao quesignifica tomar essa casa. No se trata de enviar cemhomens atirando, mas de...

    Eu posso fazer uma sugesto melhor que qualquerdas suas. No o pretendo humilhar: apenas fazer as coisasdo modo mais conveniente possvel...

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    CAPITULO TERCEIRO

    Os bons efeitos de uma cadeirada

    Pelas nove e meia da noite, Akim Sidef estavacontemplando a fotografia que um dos trs homens queocupavam a casa com ele acabava de entregar-lhe. Sentadono sof da sala, diante da televiso ligada, esqueceuimediatamente o programa que estivera vendo comindiferena, ao receber das mos de seu cmplice aquela

    foto.Era uma foto simples: mostrava a casa em que se

    encontrava. Disse que uma mulher a trouxe? perguntou por

    fim, erguendo o olhar. Sim. Kolka e Alham esto com ela, na saleta de

    entrada. Trazia isto mostrou a pistolinha de coronha demadreprola, mas no teve inconveniente em entregar.

    Mais nenhuma arma? Nenhuma. S uma pequena maleta, que revistamos

    bem. Parece russa, mas fala perfeitamente o ingls... Talvezseja americana.

    O rosto moreno do bigodudo, rolio e quase obeso AkimSidef empalideceu levemente.

    Tragam-na aqui.Segundos depois, podia contemplar vontade a ruiva de

    olhos castanhos que trouxera a fotografia. Achou-a muitobonita. Ela tambm o olhava com grande ateno. E Sidef

    compreendeu que devia mostrar-se precavido. Tratava-se deuma pessoa perigosa, considerando o olhar duro e frio comque sustentava o seu.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Que deseja de mim?perguntou ele, em ingls.Venho fazer-lhe uma oferta, Sidef.Que oferta?ele entrecerrou as plpebras..Cem mil dlares em troca da bomba atmica que est

    esperando da Albnia.Deve estar loucao turco empalideceu mais.Myrna Flowers sorriu desdenhosamente.O preo lhe parece baixo? De acordo: posso aument-

    lo para duzentos mil... pela bomba e pelo nome dos rabesque e esto usando como intermedirio.

    Sidef suspirou profundamente e disse, com voz apenasaudvel:

    Matem-na.Ela falou rapidamente, adiantando-se ao gesto dos trs

    comparsas, que j erguiam suas pistolas:H quarenta homens rodeando esta casa. Em minha

    maleta tenho um radinho camuflado num mao de cigarrose, se no o utilizar antes de decorridos trs minutos paradizer que tudo vai bem, eles a deixaro transformada emcinzas... com vocs dentro, naturalmente.

    Os comparsas olharam velozmente para seu chefe,lvidos. Embora o mais lvido fosse o prprio Akim Sidef.

    Est mentindodisse este.Se pensa que sou uma imbecil, pior para voc.Pode no ser imbecil, mas uma suicida.Quando jogo, arrisco tudo. Como o companheiro que

    vocs assassinaram h dois dias...Eu disse! exclamou o turco que passara a foto a

    Sidef. Ele no morreu logo... Devamos ter abandonadoesta casa imediatamente depois daquilo!Sidef olhou com hostilidade.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Nada disto estaria acontecendo, se vocs trstivessem melhor pontaria... e tivessem vigiado melhorenquanto eu conferenciava com os rabes.

    Estvamos vigiando bem, mas ele apareceu de

    repente, s o descobrimos quando j devia ter estado muitoperto da casa! Ento atiramos trs vezes contra ele eacertamos, como j lhe dissemos. Ele caiu, mas levantou-see continuou correndo... Depois outros homens o recolheramno mar, j noite. Pareceu-nos melhor voltar aqui, dizer avoc que ele talvez estivesse vivo e que...

    Parece-me cortou Myrna, que tinha olhadodetidamente cada um daqueles trs homens que osimbecis so vocs: esto deixando que passem os minutos eque esta casa seja arrasada por meus companheiros. Maspor muito imbecis que sejam, devem preferir duzentos mildlares, no?

    Akim interveio Kolka , eu lhe disse que nodevamos obedecer quela ordem de ficar nesta casa, quedevamos partir e dirigir a operao de outro lugar...

    Ordenaram-lhes que ficassem aqui depois que meucompanheiro foi morto? perguntou incredulamenteMyrna.

    Cale-se!gritou violentamente Kolka.Akim, ... Cale-se voc tambm! cortou Sidef. Tenhocerteza de que ela est mentindo. Ou, pelo menos, de queno atacaro enquanto a tivermos conosco...

    Myrna consultou seu reloginho e tornou a sorrir, comabsoluto desdm.

    Parece-me que s falta um minutodisse.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Dem uma olhada ordenou Sidef. Se hquarenta homens, no podem estar to ocultos que no osvejamos. No, voc fique aqui, Atuk. E no a perca de vista.

    Enquanto falava, Akim Sidef se levantara, aproximando-

    se da ruiva. Arrebatou-lhe a maletinha, colocou-a sobre amesa, abriu-a e viu de imediato o mao de ciganos. Myrna,que o olhava depois de ver sair Kolka e Alham, disse:

    Funciona puxando-se para cima o cigarro do meio.Sidef passou a lngua pelos lbios e puxou o cigarro. Ato

    contnuo, do mao, brotou uma voz em ingls:

    Diga, Baby. Tudo bem?Atuk sobressaltou-se, olhos fixos no mao de cigarros...

    E esta foi a ltima coisa que viu na vida. A ruiva deslocou-se para ele com um movimento giratrio e, com o impulsoassim adquirido mais sua prpria fora, golpeou-o noqueixo. Os ns de seus dedos ndex e mdio conseguiram o

    impacto justo, rompendo no s o queixo, mas por efeitoreflexo a base do crnio. Atuk caiu para trs, morto...E ainda no chegara ao cho quando ela, deslocando-se

    para Sidef, que tinha largado o rdio e dispunha-se a sacarsua pistola, desviou-lhe o brao com a canhota e, com adireita, aplicou-lhe um ura tsuki curto, calculado, no

    estmago. O rosto do turco ficou cor de leite. Ela limitou-sea empurr-lo com um dedo para o fazer cair, rgido comouma estaca.

    No mao de cigarros soava, metlica, a voz do mesmohomem, chamando Baby. Mas a ruiva no lhe fez omenor caso. Apanhou rapidamente a pistola de Sidef e,

    virando-se para a porta, ergueu a mo armada.Alham e Kolka apareceram de sbito, apressados,tensos.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Akim, no vimos...!Ela teve apenas que apertar o gatilho. O projtil cravou-

    se na testa de Alham, empurrando-o para fora da sala.Depois moveu um pouco a mo e tornou a atirar.

    A segunda bala atingiu Kolka tambm no centro datesta; quando ele crispava o dedo sobre o gatilho da armaque empunhava. No chegou a disparar. Como seucompanheiro, foi tambm impelido para trs. E pronto.

    A espi mais mortfera do mundo deixou cair a pistola,foi mesinha e tomou o rdio.

    Johnny, tudo bem: podem vir.Que acon...?Ela fechou o rdio, guardou-o na maletinha e saiu da

    sala para abrir a porta da casa. Feito isto, voltou-se einstalou-se no sof, olhos fixos em Akim Sidef.

    Assim a encontraram Johnny I e Haxi Renxo. O espio

    americano estava ainda um pouco alterado. O segundoparecia surpreendido. Entrou virando a cabea paracontinuar olhando os dois cadveres sobre os quais passara;depois olhou para Atuk, para Sidef...

    Como pde fazer tudo isso? perguntou. Elacontraiu as plpebras e seu olhar lhe pareceu perverso.

    Sou muito mdisse.O albans parecia incapaz de mover-se. Johnny revistourapidamente os trs cadveres, recuperou a pistolinha deBaby e atirou-a nas suas mos. Ela a guardou no decote.

    Este Akim Sidefindicou-o.Est vivo.Azar delecomentou Johnny.

    E tinha toda a razo do mundo.* * *

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Quando Akim Sidef recobrou os sentidos, estava tosolidamente atado a uma cadeira como se fizesse partedesta. A primeira coisa que viu foia ruiva, sentada diantedele no sof, fumando e olhando-o com uma indiferena to

    perfeita que lhe pareceu pior que qualquer ameaa.Moveu a cabea. No cho, agora juntos, deitados de

    costas, estavam seus trs companheiros mortos. Estremeceu.A ruiva levantou-se, veio a ele, levou o cigarro aos

    lbios e depois encostou a brasa no dorso de sua modireita. Grito de Sidef.

    Apareceram trs homens, correndo, pistola na mo,olhando para toda parte. Logo se tranqilizaram e um delesse aproximou da ruiva.

    Sim, h um rdiodisse.Normal. Onde est o albans?Ficou examinando-o. Disse...

    V um de vocs l: que no tente utiliz-lo. E no opercam de vista.Johnny III, que tinha ficado perto da porta, fez um gesto

    de assentimento o saiu. Johnny II aproximou-se de Sidef e,pura rotina, certificou-se de que estava bem amarrado.

    Comeamos com ele?perguntou.

    Baby fez um gesto de espera e voltou a sentar-se,cruzando as pernas sensacionais, olhos fixos no turco. Akim disse com voz neutra , no sou uma

    agente qualquer da CIA, mas Baby. Ouviu falar de mim?O turco engoliu em seco e afirmou com a cabea. Isso talvez facilite as coisas prosseguiu ela.

    Veja indicou os trs cadveres. Eles pagaram com avida a morte de meu companheiro. Mas, como entendo quevoc no atirou contra ele, j que estava dentro de casa com

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    alguns rabes, tem possibilidades de salvar a pele. Vaiaceitar minha oferta?

    Qual sua oferta... agora? Falemos antes dessa bomba atmica que est a

    caminho daqui, ou de outro lugar que voc sabe. Diga-metudo a respeito dela e se, devida sua informao, euconseguir meus propsitos, possvel que o deixe partir.

    Naquele momento, reapareceu na sala o agente da CIA,acompanhado de Haxi Renxo, que se mostravaentusiasmado.

    de longo alcance disse este. E est emperfeitas condies.

    Suponho que no o tenha tentado utilizar! perguntou Myrna.

    Claro que no. Conseguiu que ele dissesse algumacoisa?

    Est meditando sobre a convenincia de falar. Achaque esse rdio tem potncia suficiente para alcanar aAlbnia, Haxi?

    Mmm... Claro que tem! Daqui at Tirana so unsquinhentos e cinqenta quilmetros...

    Ento no podemos duvidar que Sidef recebia ordens

    diretas da Albnia. De algum lugar desse pas avisaram-noda chegada do grupo de rabes que chamaram a ateno domeu Johnny no Pireu. Suponho que da tenham eles tomadouma lancha que os trouxe a Kalamakion. Correto, Akim?Quem so esses rabes e de onde vieram? Qual exatamente a nacionalidade deles e quantos so?

    O turco apertou os lbios, enquanto suspiravaprofundamente. Ao que parecia, tinha meditado, mas adeciso que tomara no era inteligente, em absoluto.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    No quer responder s minhas perguntas? surpreendeu-se Baby. Vamos, seja sensato. Akim. Porpouca experincia que tenha destas questes, devecompreender que estamos dispostos a tudo. Pense melhor.

    Mas, evidentemente, Akim Sidef no parecia disposto apensar melhor. Permaneceu em silncio, plido, lbiosapertados. Baby deu de ombros, olhou para Johnny I eindicou-lhe uma cadeira, que ele apanhou, trazendo-a paraperto do turco. E golpeou-o com ela, violentamente,atingindo-o na cabea, no rosto, no peito. Sidef deu um

    grito, crispou-se e perdeu os sentidos, enquanto a cadeira sefazia em pedaos.

    Desperte-odisse Baby.Isto foi feito pelo desagradvel processo das bofetadas

    em srie. A cabea de Sidef era sacudida de um lado paraoutro.

    Chega, Johnny.Os olhos de Akim Sidef se arregalaram, quando a viramcolocar-se sua frente, brandindo uma das pernas dacadeira.

    Vou acabar com voc a pauladas, Akim!No! No, no... Eu lhe direi tudo o que queira. Juro!

    Ela balanou a cabea, desoladamente. Est vendo? Podia ter evitado a cadeirada... elatornou a sentar-se no sof, colocando no cho a perna dacadeira. Comecemos: quem so esses rabes, quantosso exatamente e de onde vieram?

    Eram cinco, mas no sei seus nomes nem de onde

    vieram... Juro!

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    No fique nervoso. Vejamos... Eles sabem quem voc, no? E vieram Grcia especialmente para v-lo,certo?

    Sim, sim...

    Bem. E voc quem ? Melhor dito: o que ? Queespcie de trabalho esteve fazendo at agora e para quem?

    Eu... estive trabalhando numa das bases americanasna Turquia. Quando os projteis nucleares foram retiradosde l, fiquei desempregado e... passei a dedicar-me apequenas coisas...

    Ah! Diga, Akim: voc se julga capaz de... manipularuma bomba atmica, no verdade?

    Refere-se a seu mecanismo? No, claro que no! Entretanto, esto lhe enviando uma bomba em trs

    sees. E algum deve unir essas trs sees para que elafique completa. Esse algum no deve ser voc?

    Sim, mas as trs sees j vm preparadas, serapenas necessrio sold-las.Que espcie de bomba ? Como se pode disparar e

    contra que objetivo?Eu... ainda no sei o objetivo...Mas deva saber que espcie de bomba e como se

    pode disparar, pois seria o encarregado disso, no?Sim... Comece do princpio e seja coerente, por favor.

    Quem se aproximou de voc e props-lhe...? Foi um rabe. Disse-me que me conheciam bem e

    sabiam a que me dedicava. Ofereceu-me duzentos e

    cinqenta mil dlares pelo trabalho. Arranjaram-me estacasa e um rdio por meio do qual me davam as ordens.Nesse caso, por que os cinco rabes vieram aqui?

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    No quiseram mencionar a bomba pelo rdio,temendo que algum pudesse ouvir. Vieram me dizer quelogo seria avisado da chegada da bomba, a data exata...Uma vez recebido o material, eu devia chamar pelo rdio e

    ento me diriam aonde tinha que lev-lo.Ou seja, voc ainda no sabe isso.No. Nem sabe quando vo chegar as trs sees da

    bomba?Estava esperando o aviso.

    Estava esperando... nesta casa. E isso depois de saberque por aqui estivera um homem, que tinha escapado ferido.No lhe parece absurdo? Devia ter sumido, levando o rdio.Por que no o fez?

    Chamei pelo rdio e disseram-me que dariam umaresposta dentro de uma hora. Assim foi: Disseram-me que

    no devia sair daqui e no me preocupasse por nada, que stinha que esperar. Obedeci.Onde est a pessoa com quem voc se comunica?No sei.Conhece-a? No. Alm disso, no sempre o mesmo homem.

    Falam-me em ingls, do-me instrues e isso tudo. Mas, enfim, a quem voc conhece com relao bomba?

    S o rabe que me contratou e que no tornei a ver. Eos cinco que vieram aqui h dois dias.

    No sabe se as comunicaes pelo rdio vm da

    Albnia?No.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Mas deve saber que a bomba pertence a esse pas,no?

    No. S sei que me sero enviadas essas trs sees,que devo estar preparado para mont-las e depois disparar a

    bomba contra o objetivo que me ser indicado. Nada sabiada Albnia, pensava que era coisa exclusiva dos rabes.Embora...

    Sim?Bom... Na verdade, pensei que a bomba procedesse

    da Albnia.

    Por qu?interveio Haxi Renxo.Por que pensousemelhante coisa?

    Estive considerando os pases que podiam dispor debombas atmicas... No me pareceu possvel que a Franaou a Inglaterra, por exemplo, vendessem uma. Entretanto,na Albnia poderia ocorrer algo mais ou menos estranho,

    dando lugar a que uma das bombas chinesas l armazenadassumisse... Perguntei isso aos rabes que aqui estiveramanteontem.

    E eles lhe disseram que a bomba viria da Albnia?perguntou Renxo.

    Disseram que no. Mas eu compreendi que sim e eles

    perceberam que no me enganavam. De qualquer modo,no quis insistir. Parece-me que tirar uma bomba de um pasno fcil, mas contive minha curiosidade. Voc albans?

    V para o inferno!resmungou Renxo.No seria melhor que lhe perguntasse os nomes dos

    traidores albaneses, Haxi?sorriu Baby.

    Ele j disse que s conhece seis rabes. Para queperder tempo?

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    verdadeconcordou ela.Diga-me, Akim: noconhece ningum na Albnia?

    Ningum.Mas l h pessoas que conhecem voc.

    No sei. No conheo as pessoas para quem trabalho.Podem ser de qualquer nacionalidade. Que sei eu? Aceitei otrabalho para ganhar meus duzentos e cinqenta mil dlares.

    Seguiu-se uma pausa. Baby, olhar perdido, pareciaabsorta em seus pensamentos. Todos a olhavamexpectantes.

    Muito bem disse ela, por fim.J que voc estesperando instrues, esperaremos todos. E quando asreceber, Akim, espero que voc saiba cumprir as instruesque lhe darei eu.

    Mas... estou me sentindo mal, devo ter algum ossoquebrado... Preciso de um mdico.

    Tipo asqueroso!xingou Renxo.Devamos t-lodespedaado e ainda se atreve a pedir um mdico!Calmapediu Brigitte.O fato que no momento

    precisamos dele, Haxi. De qualquer forma olhou para oturco , voc ter que passar sem mdico, sinto muito. Anica coisa que tem a fazer manter-se quieto, pois assim

    no sofrer muitas dores. Depois de que o tenham chamadoe tenha seguido minhas instrues, receber todos oscuidados de que necessitar.

    E poderei... ir embora? Cumprir sua palavra?Que palavra?ela arqueou as sobrancelhas.Voc disse que me deixaria partir!

    Disse que voc poderia sair bem deste assunto, Akim.E pode. Depende de como se comportar quando ochamarem para lhe dar instrues. Entende?

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    Sim, entendo... Farei o que voc disser.Tanto melhor. Bem, vamos considerar agora todas as

    ordens que lhe possam dar e sua resposta a cada uma delas.A ordem mais lgica que podemos esperar, dadas as

    circunstncias...

    CAPITULO QUARTOA neta de Kemal Ataturk

    O chamado no veio pelo rdio, mas pelo telefone. Eram

    ento onze horas da manh e Akim Sidef estavafrancamente mal. Os ferimentos no rosto, embora de feioaspecto, eram os que menos o incomodavam. Mas tinhauma clavcula e algumas costelas partidas, que doambastante. Baby resolvera desamarr-lo, de modo quesimplesmente jazia numa poltrona, cochilando s vezes,

    despertando com estremecimentos.Durante a noite, os agentes americanos e o albans Haxi

    Renxo tinham-se revezado na vigilncia. E s sete damanh, Baby se dedicara a preparar um desjejum, do qualo turco no pde participar. A um canto, cobertos com umamanta, estavam os trs asseclas mortos. Isto e a dor que

    sentia tiravam-lhe por completo o apetite.s onze, quando Baby certificava-se atravs de uma

    janela de que, fora, os homens de Renxo e alguns gregoscolaboradores da CIA permaneciam vigilantes, soou otelefone, que estava sobre uma mesinha encostada parede.Ela o indicou a Sidef.

    Atenda.

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    Johnny III ajudou o turco a chegar ao aparelho, olhandopara Baby, que lhe fez sinal de que tambm queria ouvir,pelo que ele colocou o auricular entre os dois.

    Alatendeu o ferido.

    Sidef?Sim. Quem fala? Voc j sabe. Vamos a agora para entregar-lhe as

    instrues finais.J as esperava, mas por outro meio. Entendo. que no dispomos aqui desse meio de

    comunicao com voc. Estamos em Atenas. Achegaremos dentro de uma hora, de acordo?

    Viro os cinco outra vez?Os cinco? Outra vez? havia estranheza na voz do

    homem que falava. No sei a que se refere: noestivemos a e somos s dois... Est acontecendo alguma

    coisa?Nada em absoluto. Mas de outra vez cinco de vocsme visitaram...

    Ah! J sei a quem me refere. No, esta vez novieram.

    Akim Sidef captou o sinal de Baby e perguntou

    rapidamente:Onde esto?Houve um silncio, antes que chegasse a resposta:Nem mesmo ns sabemos, Sidef. E, por outro lado, a

    voc no importa isso. Seu trabalho...S queria avisar-lhes que talvez no seja conveniente

    virem aqui resmungou o turco, quando Baby lhemostrou trs dedos, indicando-lhe que devia dar a terceiraresposta, de acordo com suas instrues. No h nada,

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    mas de acordo com o que ocorreu com o americano, daoutra vez, seria melhor que no viessem.

    Que americano?Brigitte desconsertou-se um instante, mas evidentemente

    no tanto quanto Sidef, pois falou-lhe ao ouvido:Diga que tiveram um atrito com um da CIA no Pireu,

    dias atrs. Nada de importncia. Tivemos um pequeno choque com um da CIA no

    Pireu, anteontem...repetiu Sidef.Estou certo de que odespistamos, mas seria melhor que vocs no viessem, por

    via das dvidas. muito mais prudente que eu enviealgum para receber essas instrues.

    Que envie algum? Por que no vem voc mesmo?. Oua, estou fazendo as coisas do melhor modo

    possvel. Enviarei uma pessoa, vocs lhe entregaro oudiro o que seja, essa pessoa se comunicar comigo e

    decidiremos o que melhor convenha. Se com efeitodespistamos o americano, ningum perde nada. Mas se, aosair eu desta casa, me estivessem vigiando, pelo menos seu cairia, no vocs com essas instrues. No creio que vacontecer nada, mas parece que minha prudncia e meuempenho em fazer bem as coisas aborrecem vocs.

    No...havia um tom de desculpa na voz. Claroque no. Est bem, Sidef. Pode mandar esse homem. Comose chama?

    Baby estava indicando a si mesma e Sidef respondeu: No um homem. J disse que quero fazer tudo o

    melhor possvel. Avisarei pelo telefone uma pessoa em

    quem confio e ela ir v-los. Onde esto?Hotel Stanley, apartamento 4-A. Como se identificaressa mulher?

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    Ela dir que neta de Kemal Ataturk. De acordo. Tem certeza de que podemos confiar

    nela? Completa. Vou telefonar-lhe agora mesmo. Mais

    alguma coisa? De nossa parte, no. Mas, escute, Sidef: se h algo

    que no vai bem, melhor que voc diga agora... Tudo vai bem, s que no quero correr riscos

    desnecessrios. Ela ir v-los o quanto antes.A um sinal de Baby, Sidef desligou o telefone e olhou-

    a, ansioso.Parece que voc se saiu bem, Akimaprovou ela.Johnny I, que tambm tinha ouvido a conversa,

    aproximando o mais possvel o ouvido ao auricular, moveunegativamente a cabea.

    Pois eu no estou gostando...murmurou.Como

    possvel que esse homem no soubesse do que ocorreuaqui com um americano? No forma sentido...Creio que forma contradisse Renxo. Est bem

    claro que muitas pessoas intervm neste assunto e quealgumas no sabem o que fazem outras... Tal comoacontecia com os trs grupos que roubaram a bomba na

    Albnia. Os dois que esto nesse hotel fazem uma parte dotrabalho e nada mais sabem. Haxi tem razo concordou Baby. Vocs

    fiquem aqui e tomem cuidado...Acho que voc no deveria iropinou Johnny. H uma bomba a caminho, querido. Uma bomba

    atmica... Eu iria l ainda que houvesse uma dzia de tigres minha, espera.

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    Apanhou a maletinha e abandonou a sala. Segundosdepois, entrava no carro e tirava a peruca ruiva. Damaletinha sacou um pequeno frasco com um lquido escuro,do qual derramou um pouco na mo; esfregou ambas e

    depois passou-as pelo rosto, que adquiriu um tombronzeado. Tambm aplicou o lquido ao dorso das mos.Olhou-se no espelho retrovisor e sorriu, satisfeita. Eramelhor deixar ficar as lentes de contato, que tornavam seusolhos escuros, mais de acordo com os cabelos negros.Pintou com certo exagero as extremidades das plpebras, o

    que lhe deu um aspecto algo extico. Podia passar muitobem por uma grega.

    Uma belssima grega, est claro.* * *

    s doze menos vinte, detinha o carro numa rua deAtenas, disposta a fazer a p o trajeto at o Hotel Stanley.

    s doze menos oito, batia na porta 4-A, que foiabertapor um homem de raa rabe. Atrs dele, a grega de olhospintados viu outro rabe, tambm impecavelmente vestido europia. Este tinha a mo direita metida no bolso dopalet.

    O que abrira a porta olhava-a atento. Ela sorriu

    deliciosamente. Entendo que desejam informao sobre o grandepatriota turco Kemal Ataturkdisse.

    Com efeito. Poderia nos dar essa informao?Melhor que ningum: sou sua neta.O rabe assentiu e afastou-se para um lado. Fechou a

    porta depois que ela entrou e indicou-lhe um pequeno sof.Sente-se, por favor.Obrigada. Posso saber seus nomes? Eu sou Dorika.

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    No gosto que me toquem...dissea menos quevalha a pena. Alm do que, no vim aqui para isso. Akimespera as informaes para recolher a bomba, assim como aindicao do lugar para onde dever lev-la.

    Bom Bey retirou a mo, subitamente srio ,primeiro nos ocuparemos desse assunto. Em primeiro lugar,houve uma pequena mudana de planos: Sidef j no temque recolher o... pacote. Ser levado ao local do qual eledever envi-lo ao seu ponto de destino.

    Quer dizer: lanar a bomba.

    Sim, falemos claro, Dorika: lanar a bomba.E o ponto de destino?Bey sorriu. Tirou um mapa do bolso, desdobrou-o e veio

    sentar-se ao lado de Dorika, no sof.Este o lugar aonde a bomba, em trs sees, dever

    chegar esta noite. uma ilhota ao sul do Mar Egeu, no

    Dodecaneso, duas milhas distante da ilha Sirna.H vrias ilhotas aobservou a grega. A duas milhas de Sirna, s h uma. muito

    pequena... Nunca ningum vai l. Nessa ilhota foicautelosamente montada uma rampa de lanamento, queficou sob a guarda de quatro homens. Akim Sidef l deve ir

    esta noite para examinar a rampa e fazer as perguntas queconsiderar oportunas, de modo que quando chegarem as trssees da bomba esteja tudo preparado. A bomba chegarantes das doze horas e ser disparada antes do amanhecer.

    Para onde?Tel Aviv.

    Baby conseguiu no se alterar em absoluto.Tel Aviv?arqueou as sobrancelhas.

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    No precisam preocupar-semurmurou a grega.Dem-me o resto das instrues, que irei embora e no osincomodarei mais.

    Ningum disse que voc est incomodando sorriu

    Bey.E creio que, no fundo, compreende qual a atitudemais conveniente para uma mulher, no?

    Sim...quase sorriu ela.Sim.A mo do rabe voltou ao joelho de Dorika, subindo

    pela coxa. Ela tentou afastar-se, mas, com a outra mo, Beya segurou pelos cabelos, imobilizando-a. Sbito, apareceu

    em seu rosto uma expresso de espanto e ele arrancou daparte superior da coxa de Dorika a pistolinha de coronha demadreprola, presa l por uma tira de esparadrapo cor decarne.

    Muhammad lanou uma exclamao, empunhando deimediato sua arma.

    Ah, traidora...!Espere cortou Bey. Que importncia tem umapistola? Embora possa parecer estranho que ela a use.

    S por precauo explicou Dorika. As vezesAkim me envia a lugares poucos seguros e...

    Oh, compreendo. Mas no precisava vir armada aqui.

    verdade que voc neta de Kemal Ataturk? No conheoAkim Sidef, mas sei que turco... No compreendo comoum turco possa complicar sua vida com uma s mulher.

    Matemo-la impacientou-se Muhammad. Evamos embora daqui.

    Nada de erros discordou Bey. Telefone outra

    vez para Sidef e pergunte se ele realmente enviou estamulher. Disse-nos que o estavam vigiando... E se os

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    americanos substituram sua enviada autntica por umaagente? Telefone.

    Est bemcedeu Muhammad, de m vontade.Aproximou-se do telefone, enquanto Bey sorria para

    Dorika. Voc no tem nada a temer, se realmente veio a

    mando de Sidef.Atirou a pistolinha para um lado e, sempre sorrindo,

    deslizou a mo pelo decote da grega ou turca, quepermanecia rgida, olhando para Muhammad, enquanto este

    discava um nmero. A mo do rabe, frentica, deu umpuxo brusco, rasgando o vestido, pondo a descoberto seuseio.

    Por Al!arquejou ele.Nunca vi nada to belo!Sidef? perguntava Muhammad naquele momento.

    Torno a cham-lo para uma confirmao. Enviou a

    mulher?...Ah, bem! Qual o nome dela?...Dorika... E como ? Descreva-a.Bey estava acariciando, as mos como garras, os olhos

    como chamas, o busto perfeito de Dorika. No via maisnada e no ouvia nada, mesmo porque o forte latejar doprprio sangue zumbia-lhe nos ouvidos. Por seu lado, aturca s prestava ateno a Muhammad, espera de queeste recebesse a informao pedida e tudo voltasse normalidade.

    Muhammad dirigiu-lhe de sbito um olhar agudo e,justamente ento, ela compreendeu seu erro: Sidef a estavadescrevendo como ruiva, no morena. Um erro. Um

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    pequeno erro que por mais experimentado um espiosempre pode cometer.

    Podia explicar aos rabes que estava de peruca, que...Podia tentar, mas, por sua expresso, viu que Muhammad

    no lhe daria tempo nem de abrir a boca. Entendido disse ele, tornando enganchar o

    telefone.E foi esse o seu pequeno erro.A mo esquerda de Dorika descreveu um arco, palma

    para cima, e atingiu a garganta de Bey com a borda do lado

    do polegar, num impecvel haito uchi. Com um grito rouco,ele dobrou-se sobre si mesmo, caindo de joelhos e cabeano cho, enquanto Dorika se apressava a saltar sobreMuhammad.

    Este, que acabava de reenganchar o telefone, de ladocom relao a ela, deu-se conta do que ocorria e girou

    rapidamente, levantando a pistola. Devido ao choque, o tiroque conseguiu disparar acertou o sof, diante do qual, aindade joelhos, Bey tossia, com os olho cheios de lgrimas, queno o deixavam ver o que estava ocorrendo.

    De qualquer modo, no foi um espetculo agradvel.A turca tinha passado s costas de Muhammad,

    abraando-se a ele com todas as foras, enquanto o rabegirava pelo cho, vrias vezes, na esperana de a forar asolt-lo... Precisou de mais dois segundos para compreenderque nada ia conseguir em tal sentido. Ento tentou dobrar obrao, de modo que a pistola apontasse para a diablicamulher que se aferrava agora sua garganta. Uns dedos

    finos, delicados, agarraram-lhe a mo armada, torcendo-abruscamente para trs. Um estalido... e ele caiu de bruos,

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    abafando um grito de dor. Ao mesmo tempo, recebia umatremenda cutilada na nuca.

    Fim.Ofegante, Dorika lanou-se sobre a pistola, empunhou-a

    e girou no cho, apontando para Bey, que ainda tossindo ecom os olhos cheios de lgrimas, estava tirando a dele dobolso do palet.

    Plop.

    CAPITULO QUINTO

    Uma reduzida operao de comando

    No tive mais remdio lamentou-se MyrnaFlowers, novamente de peruca ruiva.Bey nem sequer meteria escutado: atiraria to logo pudesse ver-me.

    Durante uns segundos, reinou silncio na sala da casa de

    Akim Sidef. Por fim, Johnny I encolheu os ombros emurmurou:

    Bom, no creio que valesse a pena correr o menorrisco. Alm disso, sabemos para onde vo levar as seesdessa maldita bomba.

    Simadmitiu ela.Mas no sabemos como, nem

    quantos homens chegaro, nem se esperam um sinalcombinado proveniente da ilhota... E l esto os quatro paradar instrues a Akim: tambm possvel que exista umasenha para eles. E, na falta desta, as coisas podero se tornardifceis.

    Difceis?grunhiu Haxi Renxo.J lhe disse que

    posso reunir trinta homens. E voc, sessenta, se estou bemlembrado. Noventa homens, ao todo... Que pode haver dedifcil para urna equipe tio numerosa?

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    que eu no gosto de operaes desse tipoopinouMyrna.Parecem-me... grossas.

    Grossas? pasmou Renxo. Bem, talvez lheocorra algo melhor. E gostaria de ouvir... Mas voc

    naturalmente compreende que no se trata de um simplespasseio, mas de recuperar uma bomba atmica. s o queimporta.

    Eu sei, mas... Que acontecer se encontrarem logo os cadveres

    desses dois rabes?perguntou Johnny II.

    No creio que os encontrem at amanh de manh,quando forem arrumar o apartamento. Pus na maaneta daporta o pedido para no incomodarem. Por esse lado nocreio que haja problemas, salvo se os dois, aps dar asinstrues, tivessem que fazer alguma comunicao arespeito.

    Eles no dispunham de rdio... refletiu Renxo.Talvez fossem simplesmente uma das peas de tudo isto,com a exclusiva incumbncia de passar as instrues edesaparecer.

    Assim seria timo disse Johnny III. Mas sealgum estava esperando notcias deles, possvel que, com

    a falta destas, a bomba seja desviada de sua rota para a talilhota do Dodecaneso.Azarresmungou Johnny I.Ainda h outro problemalembrou Baby. So

    trezentos quilmetros daqui a essa ilhota. Poderamosconseguir um meio de transporte rpido para noventa

    homens? Penso que no. Teremos que ir l apenas uns cincoou seis.

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    Cinco ou seis? exclamou Renxo. Voc estbrincando! Podemos ser noventa e voc quer...

    Nada de noventa. Nem quero utiliz-los e nem verdade que eu possa dispor de sessenta homens com a

    rapidez necessria.Mas voc disse...Sei muito bem o que disse. Faa o favor de calar-se

    para eu poder pensar.Haxi Renxo mordeu os lbios. Depois foi sentar-se numa

    poltrona, expresso sorumbtica. Brigitte olhou-o, franziu a

    testa e levantou-se. Vou mudar de roupa murmurou. Apanhou o

    pacote com as roupas que comprara quando de regresso casa e dirigiu-se a um dos quartos. Quando reapareceu, unsdez minutos mais tarde, ningum se tinha movido. OsJohnnies olhavam com certa indiferena o cada vez mais

    plido e prostrado Akim Sidef. E Haxi Renxo, sentado namesma poltrona, fumava. Parecia mal-humorado. Ela ps-lhe a mo no ombro.

    Sinto muito, colega. Desculpe-me.Est bem... o albans deu de ombros. Voc

    Baby, no? Pode gritar, quando quiser... mas resolva o

    problema.Est resolvido.Os Johnnies no pareceram surpresos em absoluto, mas

    Renxo ficou boquiaberto.Que foi que disse?exclamou.Que est resolvido... Bom, no exatamente. Digamos

    que aceitaremos os riscos com certa lgica.E isso que quer dizer?

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    de granadas de mo, bem como um quilo de explosivoplstico.

    O bote foi levado para a gua e os pacotes carregadoscom todo o cuidado. Depois os espies voltaram ao

    helicptero, contemplando Baby e Johnny I, o qualassentia repetidamente com a cabea.

    Por fim, ela o beijou em ambas as faces e, aproximando-se dos trs, perguntou a Renxo, que a olhava com certaperplexidade.

    Algo no vai bem?

    Oh, no isso! Eu imaginava voc muito diferente,eis tudo.

    Diferente? Compreendo: pelo que ouviu dizer demim, voc me imaginava uma espcie de monstro, no?

    O albans deu de ombros.Nem tanto... Mas fico muito alegre por ter conhecido

    voc. Muitssimo, Baby.Obrigadasorriu ela.Tudo preparado?* * *

    Quando quiser, podemos partir.Os quatro entraram no bote e empunharam os remos.

    Antes de mergulhar o seu na gua, Brigitte o levantou para

    Johnny I, que respondeu com o brao. Depois todos sepuseram a remar, lentamente, para o sul. Duas milhas maisalm, estava a ilhota que era meu objetivo e, j que sepropunham chegar depois do anoitecer, no convinhaimprimir muita velocidade pequena embarcao.

    Haxi Renxo, vez por outra, olhava de relance para

    Baby. No estava muito convencido de que o plano destafosse realizvel, mas a f demonstrada pelos trs agentesamericanos o levara a aceit-lo. Segundo ela, os quatro

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    podiam obter xito completo numa reduzida operao decomando, sem grande aparato de homens e de armas.

    Mas se no o obtivessem, atrs ficava Johnny I, com ohelicptero, esperando notcias. Se estas fossem boas, todo

    o seu trabalho consistiria em voar at a ilhota e recolh-los,quando tudo estivesse terminado. Se fossem ms, quandoBaby lhe comunicasse o fracasso pelo radinho, ele secomunicaria com Atenas, pelo rdio do helicptero. L seuscolaboradores tinham ficado espera de agentes da CIA quechegariam dos pontos mais prximos da Europa e que, uma

    vez reunidos, se deslocariam, j em plano de comandogrande, para arrasar a ilhota... Com isto, conseguiriamquando menos destruir a rampa de lanamento e, atocontinuo, se dedicariam a procurar a bomba atmica portodo o Egeu e o Mediterrneo, maciamente, sem descanso.

    Entretanto, Brigitte Montfort estava certa de que tudo ia

    sair bem para os quatro tripulantes daquele bote de borrachapreta.* * *

    Fazia mais de meia hora que anoitecera, quando o botetocou na areia da diminuta praia da ilhota. Sem trocar umas palavra, os quatro saltaram gua e o arrastaram para a

    margem, at deix-lo oculto entre a vegetao rasteira. Alua, em quarto minguante, parecia uma cimitarra de prata nocu azul profundo. Havia claridade suficiente para que sepudessem mover sem embarao.

    Vinte minutos no mnimo, trinta no mximo sussurrou Baby.

    No seria preciso mais. Pistola na mo, os quatrosepararam-se. Primeiro objetivo: percorrer sigilosamente ailhota, que, segundo o mapa conseguido em Atenas, no

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    media mais que 500 metros de comprimento por 300 delargura. De qualquer modo, este trabalho preliminar no iaser fcil, pois no parecia haver uma nica rvore e avegetao limitava-se a algumas touceiras.

    Estranho local para instalar uma rampa delanamento.

    CAPITULO SEXTOA luz vermelha

    Vinte e sete minutos mais tarde, Baby chegava, emltimo lugar, junto ao bote. E novamente reunidos, houveuma breve troca de informaes.

    Eu vi quatrodisse Renxo.Esto perto da praia,junto a um grupo de rochedos. No pude ver ningum mais.

    Nem eudisse Johnny II.

    Nem eudisse Johnny III.Ento foi o que todos vimos murmurou Brigitte.

    S h quatro homens em toda a ilha. Mas algum devocs viu a rampa de lanamento?

    Todos moveram negativamente a cabea. Um tantodesconsertados, pois uma rampa de envergadura suficiente

    para o propsito daqueles homens no podia ser escondidacom facilidade.

    Talvez os dois rabes do Hotel Stanley a tenhamenganadoaventou Renxo.

    No. O que eu penso que essa rampa estejacamuflada. No me surpreenderia que os rochedos junto aos

    quais esto os nossos quatro amigos sejam falsos e quedebaixo deles esteja a rampa.

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    possvel... admitiu o albans. Bem, quefazemos?

    J que realmente so s quatro e esto juntos, parece-me que esta parte da operao ser muito simples. Preparo

    tudo em dez segundos.Abriu a maletinha, tirou o secador de cabelo acionado a

    pilhas e o pequeno trip para cmara fotogrfica. Montou astrs sees deste e, na ltima, encaixou o secador, quepassou a ser a culatra daquele estranho fuzil de alumnio.Depois, de um pote de creme facial com duplo fundo,

    extraiu duas cpsulas de vidro, introduzindo-as no cano dofuzil.

    Vamosdisse.J conheciam o caminho, pelo que no tardaram a

    chegar outra prainha, situada a oeste da ilhota, ondetinham visto os quatro homens. Mas, antes de chegar,

    tornaram a ouvir suas vozes, em rabe, e Renxo murmurou:Esto falando de um pesqueiro...Voc sabe rabe?surpreendeu-se Baby. Um pouco. Ssst... ele ouviu mais as vozes, que

    soavam com toda a clareza. Sim, um pesqueiro grego,parece-me. E esto preocupados porque Akim Sidef ainda

    no veio. Dizem que, se o pesqueiro chegar antes, nosabero o que fazer com o material...Baby assentiu com a cabea.Fiquem aquiordenou.Foi rastejando pelo spero terreno, em completo

    silncio, levando o fuzil entre os cotovelos e a pistolinha na

    mo direita. Os rabes tinham deixado de falar.Em menos de dois minutos, ela chegou a quinze metrosdeles. Um tinha-se levantado e caminhava para a beira do

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    mar. L ficou um instante, olhando para o norte. Voltou,disse alguma coisa e sentou-se, com as pernas cruzadas,junto a seus companheiros.

    Baby comprimiu o gatilho e justamente o rabe que se

    levantara levou bruscamente a mo ao pescoo, caindo paraum lado. Seu companheiro mais prximo caiu de costas,suavemente.

    Os outros dois, que os defrontavam, pareceramdesmanchar-se em sua posio acocorada e ficaram inertesno cho, como trouxas. Homens de sorte: dormiriam por

    quarenta e oito horas, pelo menos.Brigitte moveu a cabea e lanou um assobio. Os trs

    espies correram para ela, que caminhava tranqilamenteem direo aos rabes. Estes foram desarmados e virados decara para o cu cheio de estrelas.

    Como voc conseguiu isto?perguntou Renxo.

    Gs narctico. Vejamos o que h por aqui. Havia umpossante flash-light, que, experimentado apontando para ocho, lanou uma luz vermelha. Ideal para sinais. Havia asarmas dos quatro homens... e mais nada. Mais nada, excetoa rampa de lanamento, que de fato se achava oculta sobaqueles falsos rochedos feitos de papelo, que formavam

    uma espcie de abbada, onde os quatro couberamperfeitamente, como se estivessem encerrados no lugar maisescuro do mundo. Baby acendeu a lanterna e a luzvermelha revelou a rampa de concreto, as trilhas metlicas,o leito para a bomba, uma polia manual, um contadorGeiger...

    Santo Deus! murmurou Johnny II. tudoverdade!

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    Escutema voz de Renxo soou tensa , quero quefique bem claro: a Albnia nada teve a ver...

    Calma, Haxi cortou Baby. Sabemos muitobem que seu pas no pode ser acusado de nada. S espero

    que, daqui por diante, vocs vigiem melhor os tais silos combombas chinesas. E agora saiamos daqui. Temos queesconder esses homens adormecidos e preparar-nos para achegada do pesqueiro.

    * * *Exatamente s onze e meia, Haxi Renxo, que olhava

    atento para o mar, estendeu o brao para oeste.Ali!Ao luar divisava-se a forma de uma embarcao e logo

    chegou a eles o rudo abafado de um motor. Babyapressou-se a pegar a lanterna de luz vermelha e seus olhosfixaram-se no pequeno pesqueiro... Pequeno mas, sem

    dvida, com capacidade suficiente para transportar uma dassees da bomba atmica, pelo menos.Um minuto, dois, trs... A embarcao aproximava-se

    com as luzes apagadas. Deteve-se a uns cem metros da praiae, paradas suas mquinas, tudo voltou ao silncio.

    Talvez estejam esperando algum sinal sussurrou

    Renxo.Baby no respondeu, nem se moveu, olhos semprefixos no pesqueiro. Sbito, brilhou neste uma luz vermelha,que se acendeu rapidamente duas vezes, depois duas vezesmais espaadamente e, por fim, trs vezes mais,rapidssimas. Sem hesitar, ela respondeu da mesma forma

    com oflash-light.Tomou-se a ouvir rudo de motor e o pesqueiro comeoua aproximar-se, lentamente.

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    Quantos homens sero?perguntou Johnny I. No muitos afirmou Brigitte. O barco

    pequeno, pelo que no devem ser mais de seis. O que nosabemos que nacionalidade tm. Vamos deixar que falem

    primeiro. Se falarem em grego, responda voc, Johnny: digaque somos Akim Sidef e seus homens. Se falarem em rabeou em albans, voc responder, Haxi.

    Est bem... Aonde voc vai?Ssst.Ela aproximou-se do mar e entrou nele. Renxo deu um

    passo em sua direo, mas Johnny II o reteve.Quieto!Mas...Cale-se!Todos ficaram olhando para o mar, porm j no podiam

    ver Baby: tinha desaparecido. Eenquanto isso o barco se

    aproximava cada vez mais... As mquinas tornaram a parare ele chegou, com o ltimo impulso, a menos de dois metrosda praia.

    Na borda havia dois homens bem visveis e um delescomeou a falar. Imediatamente, os espies americanosolharam para Renxo: a coisa era com ele, j que falavam em

    rabe. O albans respondeu com naturalidade e eles sentenderam duas palavras. Akim Sidef. Do pesqueirotornaram a falar, ao mesmo tempo em que outros doishomens apareciam junto borda.

    Quatrosussurrou Johnny III.Renxo continuava falando. Houve um gesto de

    assentimento daqueles homens e um pequeno bote a remosfoi baixado. Os quatro saltaram a ele e um empunhou osremos.

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    Deveramos criv-los de balas agora mesmo disseRenxo.Se os deixarmos chegar, tudo se complicar, poislogo percebero que vocs so americanos e...

    Calou-se de sbito, pois do bote que se aproximava

    chegou-lhes uma voz. Os Johnnies viram que o albanscomeava a levantar a pistola.

    Que h?perguntou Johnny III. Perguntaram por seus quatro companheiros rabes.

    Ao que parece, devem recolh-los e lev-los ao pesqueiro.Dizem...

    Do bote chegou de novo a voz, em rabe, maisperemptria. O dos remos tinha-se imobilizado. Umdaqueles homens gritou algo e do pesqueiro chegou umaresposta, ao mesmo tempo em que mais dois apareciamjunto borda...

    Atirem!gritou Renxo.Atirem!

    Ele j o estava fazendo, ao mesmo tempo em que dobote chegavam umas quantas balas e gritos. Os tiros dosrabes soaram no silncio da noite como canhonaos, emcontraste com os quase silenciosos efetuados pelos espies,que se haviam separado, jogando-se sobre a areia.

    Um dos homens do bote deu um grito e caiu de cabea

    na gua. Outro foi lanado para trs e chocou-se contra umcompanheiro, que o repeliu violentamente tambm para agua.

    Na areia, Johnny II gritou ao sentir o impacto de umabala na perna esquerda. Enfurecido, ps-se de joelhos epde ver melhor os dois homens que havia no bote...

    justamente quando um deles estremecia, ao receber umbalao no estmago. Atirou e o homem caiu para trs.

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    Imediatamente aps, Renxo e Johnny III baleavam o outro,que se dispunha a atirar-se na gua.

    Conseguiu-o, verdade, mas quando mergulhou nesta jestava morto.

    Durante uns segundos tornou a reinar o silncio, de ummodo estranho, inquietante, at que Johnny III comeou alevantar-se.

    Parece que...O matraquear de uma metralhadora, a bordo do

    pesqueiro, cortou suas palavras. Lanando um grito de dor,

    ele atirou-se de lado, rolando para uns rochedos prximos.Johnny II seguiu-o como pde, arrastando a perna ferida,enquanto Renxo, em dois saltos que produziram um dilviode balas, chegava primeiro l. Comeou a atirar para ondebrilhavam os clares da metralhadora, que durante ummomento silencioso... para em seguida concentrar seu fogo

    contra as pedras onde se refugiava o albans, obrigando-o aocultar-se completamente.Enquanto isso, devido sua breve interveno, que tinha

    distrado os da metralhadora, os dois americanosconseguiam tambm proteger-se, ficando os trs juntos,ofegantes.

    Diabo! Uma metralhadora!Por cima deles, o jorro de balas pulverizava os rochedosque os protegiam. Johnny II sentia dores atrozes na perna eJohnny III tentava livrar-se da areia que lhe enchia os olhos.

    Renxo olhou para eles e resmungou: Se continuarmos aqui, acabaro por nos fazer em

    pedaos. Temos que procurar outro refgio! Procure-o voc... arquejou Johnny II. Noposso dar nem mais um passo!

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    E eu quase no enxergo... Johnny III dava-setapas, tentando tirar a areia dos olhos.

    Faa o que puder voc mesmo, Renxo.Bem. Tentarei...

    Silncio.Os trs espies aguaram o ouvido. A metralhadora

    tinha deixado de matraquear. Devem estar recarregando-a disse Renxo.

    Aproveitemos para...Um gracioso assobio chegou a eles, proveniente do

    pesqueiro.Ah-ah! riu Johnny II. Parece que Baby est

    l. Avise-a de que j terminamos por aqui.Voc est louco?protestou Renxo.Se eu sair...No est entendendo? grunhiu Johnny. Ela se

    apoderou da metralhadora.

    Ela... qu?Soou outro assobio, mais forte.Estamos bem, Baby! gritou Johnny.Pode me ouvir?No grite tanto, Johnnychegou com surpreendente

    nitidez a voz dela , que assim podero ouvi-lo no Cairo.

    Venham a bordo me ajudar. V voc disse Johnny II a Renxo. E muitocuidado com o que lhe disser de nossos ferimentos,entende?

    Que quer dizer? Explique-lhe que sofremos apenas uns arranhes.

    Nada de importncia.Est bem.

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    No muito tranqilo, o albans levantou-se, mas claroque no sofreu ataque algum. Assim, foi at o pequeno bote,jogou ao mar o rabe que nele tinha ficado e remou para opesqueiro.

    Subiu a bordo e a primeira coisa que viu foram doishomens cados junto amurada. Um deles tinha umaestranha entorse no pescoo e o outro, cujos olhos estavammuito abertos, tinha a testa fendida, como se por efeito demachadada ou algo assim...

    Passou a lngua pelos lbios e olhou ao redor.

    Baby? chamou.Nenhuma resposta. Franziu a testa, empunhou com fora

    a pistola e aproximou-se da porta que levava ao interior dobarco.

    Baby? Estou aqui em baixo, Haxi... ouviu sua voz,

    tranqila.No se preocupe, venha.O albans entrou, desceu meia dzia de degraus eencontrou-se numa pea que era ao mesmo tempodormitrio, cozinha e refeitrio do pesqueiro. Tudo muitosujo e tresandando a peixe.

    L estava uma mulher completamente nua, que se virou

    para olh-lo e sorriu, enquanto apanhava um cobertor numdos beliches. Desconsertado, ele apontou sua pistola paraaquela criatura que no era Baby, nem Myrna Flowers,nem... Era muito mais formosa. Tinha cabelos negros,esplndidos olhos azuis e um corpo maravilhoso, dourado,que parecia irradiar luz,..

    Penso que no vai disparar contra mimdisse ela.

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    Renxo abriu a boca, fechou, tornou a abrir... Finalmente,sem ter pronunciado uma s palavra, foi sentar-se em outrobeliche, olhando-a com olhos arregalados.

    Brrr!fez a jovem.O mar est gelado! Os meus

    meninos como esto, Haxi?Hem? Oh, sim! Eles sofreram Uns arranhes...Arranhes?ela ficou tensa.S isso? Sim, s isso. Um deles nem sequer est ferido

    realmente: entrou-lhe areia nos olhos. O outro tem uma balana perna, creio. Mas pediram que lhe dissesse que esto

    bem.Brigitte olhou-o fixamente e ele sentiu-se incomodado.Voc no est me enganando, Haxi?No, no. De qualquer modo, irei v-los agora mesmo. Fique

    aqui e d uma olhadela. No deve precisar de ajuda para

    encontrar num barco to pequeno uma coisa to grande. Encontrarei afirmou o albans. Quer que euleve voc at a praia?

    Sei remar.Envolta no cobertor, subiu ao convs, passou indiferente

    pelos mortos da metralhadora e saltou ao bote. Em poucos

    segundos, com o cobertor cado em torno das cadeiras,chegava praia. Tornou a envolver-se.Johnny?chamou.Aqui, Baby.Atrs dos rochedos estavam os dois espies. Johnny III

    conseguira livrar-se da areia que entrara em seus olhos e,

    luz vermelha da lanterna, examinava o ferimento de seucompanheiro. Brigitte ajoelhou-se junto a eles, olhou aferida e deu um suspiro de alvio.

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    No parece grave... O osso foi atingido?Nosorriu Johnny II.apenas um arranho. De qualquer modo, voc ser retirado. Chamarei

    Johnny I para vir busc-lo com o helicptero.

    De maneira nenhuma!ops-se o espio.O quequero ...

    O que voc quer uma coisa, o que eu mando outra. E no se discute. Traga minha maletinha pediu aooutro.

    Johnny III assim fez e ela disps-se a desinfetar o

    ferimento, que depois foi habilmente protegido por umaatadura.

    Pronto para a viagemdisse. Mas se eu at seria capaz de danar... tentou

    convenc-la o ferido.Voc nos far uma demonstrao de sirtaki em outra

    oportunidadesorriu ela.Agora chamemos John...Baby ouviu-se a voz de Renxo, no pesqueiro.Encontrei-a! Estio aqui as trs sees... A bomba completa!

    Quero v-la!exclamou Johnny II.Diabo, vocno vai me enxotar daqui antes de ter visto uma bomba,Baby!

    Est bem. Creio que voc tem direito a isso... Ajude-me a lev-lo, Johnny.

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    CAPITULO STIMONada, nada, nada...

    Realmente.A bomba estava l, no depsito destinado aos peixes. E

    estivera coberta por estes. Mas Haxi Renxo j os retiraraquando os trs chegaram e via-se a superfcie brilhante dastrs sees, uma delas cnica. Ao brilho do metal, juntava-se o da escama das sardinhas, nas quais o albans

    mergulhava os ps, bem pouco se incomodando cheio dealegria.

    Aqui est.. repetiu. inteirinha! Encontrei,encontrei!

    Como vamos tir-la dai?perguntou Johnny III.Tir-la?estranhou Baby. Para qu?

    minha! exclamou Renxo, olhos reluzentes. Eu a encontrei e...!

    Haxi cortou Brigitte , est esquecendo nossotrato?

    Ele deixou de rir sozinho, de congratular-se consigomesmo, de lanar exclamaes de jbilo e olhou-a,

    desconsertado.Que trato?Nosso trato: esta bomba tem que ir para o fundo do

    mar.Mas... Ah, sim...ele pareceu de sbito abatido.

    Sim, verdade. Gostaria de devolv-la ao silo, mas voc

    tem razo. Bem, evitamos que fosse disparada e isso j suficiente para mim. De acordo: ir para o fundo do mar.Quero que compreenda aninha posio, Haxi.

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    Eu compreendo. Olhe: se voc quisesse apoderar-sedesta bomba e lev-la para os Estados Unidos, seriadiferente, mas como no se trata disso... olhou-a nosolhos.Fao questo de v-la afundar no Mediterrneo.

    Oua interveio Johnny III: que est querendoinsinuar a respeito de Baby? Quando ela diz uma coisa.

    Haxi tem razo, Johnnysorriu Brigitte.Por queh de confiar na CIA?

    Quando voc d sua palavra, todo o mundo sabe quea cumpreinsistiu Johnny III.

    Claro. Mas basta de discusses. Okay? Okay, Haxi?Okaysorriu o albans.Gostaria de saber como a trouxeram a este asqueroso

    barcomurmurou Johnny II, que se sustentava sobre umaperna. Alm disso, no disseram que devia chegar aquiem trs sees?

    O fato que aqui est e isso o que importa disseBaby. Tudo tem sempre uma explicao. Talvez atenham retirado da Albnia em trs sees, por meios detransporte diferentes, e depois, em alto-mar, as trs seesforam transferidas para este pesqueiro. Quem suspeitaria deum pequeno pesqueiro grego em guas gregas? ela

    virou-se subitamente para Haxi Renxo. Voc dir aosseus amiguinhos chineses o que aconteceu?No sei se estou entendendopestanejou ele. Se lhes disser que uma de suas bombas foi para o

    fundo do mar devido minha insistncia, creio que eles noficaro de bom humor. J lhes causei vrios aborrecimentos

    e, com este, ser como cutucar numa ferida.

  • 8/12/2019 212 Incomunicado

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    No sei... Vai me pedir que no lhes fale de suainterveno? Bom, poderia dizer-lhes que... que o pesqueirosubmergiu e eu no o pude evitar. Est bem assim?

    Est aceitou Baby. J suficiente que

    ofeream cinco milhes de dlares por minha cabecinha...Ou sero seis? No sei mais a quantas anda a minhacotao, mas deve ter subido, j que tudo aumenta de preo.Quer saber de uma coisa, Haxi? Diga aos chineses que abomba est no fundo do mar por minha causa. Talvez assimeles cheguem aos sete milhes!

    O albans olhava-a estupefato, mas os Johnnies riam eele acabou compreendendo a brincadeira da espiinternacional.

    De acordo riu tambm. Enviarei uma n