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0 ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO versículo por versículo Autor R. N. Champlin, Ph. D. HAGNOS

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0 ANTIGO TESTAMENTO

INTERPRETADOv e rs íc u lo por v e rs íc u lo

Autor R. N. Champlin, Ph. D.

HAGNOS

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uUCAL

No hebraico, sou forte. — De acordo com certas versões (mas não em nossa versão portuguesa), Ucal e Itiel seriam filhos, discípu­los ou contemporâneos de Agur, aos quais este teria dirigido suas declarações oraculares (Pro. 30:1). O nome Ucal não se encontra em qualquer outro trecho do Antigo Testamento. Já o nome Itiel aparece em Neemias 11:7, como um dos filhos de Jesaías, um benjamita. Nem a Septuaginta e nem a Vulgata Latina traduzem essas palavras— Ucal e Itiel—como nomes próprios. Por causa dessas e de outras considerações, alguns estudiosos eliminam, nesse trecho do livro de Provérbios, Ucal e Itiel como nomes próprios. Antes, rearranjam o texto hebraico sem alterar qualquer consoante, resultando naquilo que encontramos em nossa versão portuguesa, que acompanha ver­sões estrangeiras no tocante às três últimas palavras do texto hebraico: «Fatiguei-me , ó Deus; fatiguei-me, ó Deus, e estou exausto».

UELNo hebraico, vontade de Deus. Esse homem era filho (descen­

dente) de Bani, da classe sacerdotal, e que se casara com uma mulher estrangeira na Babilônia. Terminado o exílio, de volta à Terra Santa precisou separar-se dela (Esd. 10:34). No trecho paralelo de I Esdras 9:34, ele é chamado Joel. Viveu por volta de 445 A.C.

UFAZUma palavra que, segundo muitos estudiosos, é uma forma cor­

rompida de Ofir (vide). Trata-se de um nome que aparece por duas vezes no Antigo Testamento: Jer. 10:9 e Dan. 10:5.

Dali procedia ouro fino, certamente de origem aluvial. Um certo estudioso, D.J. Wiseman, pesquisando a etimologia dessa palavra, sugeriu que o termo nem mesmo indica um local geográfico, mas antes, seria uma palavra técnica para indicar ouro refinado (ver NDB, pág. 1304). Uma outra sugestão é que essa palavra é uma corruptela de Ofir, e, de fato, a Hexapla síria diz Ofir, na primeira daquelas duas referências. Com base nisso, pode-se deduzir que a questão está longe de ficar inteiramente resolvida, permanecendo algumas dúvi­das sobre o significado da palavra.

UGARITEI. IdentificaçãoII. DescobrimentoIII. Os Tabletes de UgariteIV. Revelações do IdiomaV. ReligiãoI. IdentificaçãoEssa era uma antiga localidade da Fenicia, a moderna Ras

Shamra, importante porto do norte da Síria, cerca de 90 km ao leste de Chipre. Essa antiga baía era chamada de Lukos Limen (o porto branco) pelos gregos. No início, era um centro de comércio na rota do Chipre à Mesopotâmia. Rigorosamente falando, a principal cidade na região localizava-se em Ras Shamra, mas havia outras habita­ções na área. Os tabletes encontrados contribuem para nosso co­nhecimento sobre a cultura da área, seu idioma, política, sistema jurídico, religião etc.

II. DescobrimentoEm 1928, um fazendeiro sírio acidentalmente descobriu as tum­

bas na região costeira do Mediterrâneo, na área diretamente oposta à ponta nordeste de Chipre. Os arqueólogos imediatamente suspeita­ram que poderia haver um importante sítio da antigüidade esperando ser descoberto. As primeiras escavações em Ras Shamra ocorreram entre 1929 e 1939, e logo uma das mais importantes descobertas arqueológicas do século 20 veio à tona. Evidências surgidas indica­

ram que o local havia sido habitado em períodos tão remotos quanto o quinto e o sexto milênio antes de Cristo. Cinco diferentes níveis de ocupação foram identificados: a. neolíticc- b. calcolítico; c. uma cida­de cobriu a área do nível 3; o nível 4 foi chamado de Strata II e era pré-ugarítico; o nível 5 foi chamado de Strata I e aquela foi a época do florescimento da cultura ugarítica e o nível do qual se originaram os famosos Tabletes de Ugarite, ou de Ras Shamra.

III. Os Tabletes de UgariteCentenas de tabletes de argila foram descobertos em Ras Shamra

durante o período de uma década inteira de escavações, iniciando em 1929. A maioria estava registrada em uma escrita alfabética de aparência cuneiforme que foi decifrada com sucesso sem a ajuda de um texto bilíngüe, sendo que o idioma era parecido com os idiomas cananeu, fenício e hebraico, do norte de Canaã. Os tabletes cobrem muitas áreas de conhecimento e cultura como épicos, textos litúrgicos, religiosos, mitologia e informações gerais sobre a cultura da época, em torno de 1400 A. C. Os tabletes têm grande valor para o entendi­mento dos povos ugaríticos da época e seus vizinhos, idioma, cultu­ra, crenças religiosas, leis e ocupações, mitologias etc. Os épicos incluíam os relativos ao rei Niqmade II, que pagou tributos ao rei hitita Supiluliumas (1375-1430 A. C.); o épico relacionado a Baal descreve suas guerras contra outros deuses como Yam (o mar) e contra Mote (a morte). Ele buscou liderança suprema nos céus e na terra. Nesse épico, são vistas muitas noções religiosas, algumas das quais fazem paralelos às idéias e conceitos religiosos dos hebreus. O épico Querete fornece detalhes sobre um rei que conseguiu ser prós­pero e divino ao mesmo tempo. Em uma época de medo, quando o rei temia por sua vida (ele havia perdido suas mulheres e não tinha herdeiro homem), El, o deus principal, apareceu e deu-lhe o conforto e as instruções necessárias para continuar sua vida. O homem então liderou campanhas militares dé sucesso, conseguiu por mulher uma princesa, a filha de outro rei, e teve um herdeiro, que não foi, a propósito, o mais velho de seus filhos, sendo que o mais velho foi rejeitado, como acontece na historia hebraica com Efraim, que rece­beu a parte do leão da bênção em vez de seu irmão, Manassés, Gen. 43.24. O épico relacionado ao rei Danei (uma variante do nome Daniel) informa-nos como o filho daquele homem acidentalmente con­seguiu um arco que de fato pertencia à deusa Anate. Ela apareceu e prometeu ao filho de Danei grandes riquezas, imortalidade e fama se ele entregasse o aro a ela. Ele deixou de reconhecê-la como deusa e recusou-so a entregar o arco, considerando suas promessas inúteis. Nãc desistindo, a deusa empregou um homem rude e violento para ir buscar o arco. Yatpun, o homem mau bateu tão violentamente no filho de Danei que, em vez de simplesmente derrubá-lo, o matou. A história pára aí, pois os tabletes que contavam o restante dela foram perdidos. Isso de'xa à nossa imaginação a continuação de um relato seguiria as veredas da vingança contra o homem mau por sua em­pregadora, a deusa. De maior interesse para os estudantes da Bíblia são as idéias sobre religião fornecida pelos tabletes, as quais resumo sob a seção V.

IV. Revelações do IdiomaO idioma dos Tabletes de Ugarite é o semita, desconhecido até o

momento dessa descoberta. Ele foi facilmente decifrado por ser pró­ximo à língua cananéia do norte da Palestina, e aos idiomas fenício, hebraico e aramaico. Esse grupo de idiomas pertence à família cha­mada de Semita do Noroeste. Foi desse ramo do idioma semita que surgiu nosso alfabeto. Ver o artigo separado sobre Alfabeto. Muitos usos e idéias hebraicas têm sido ilustrados a partir dos tabletes. Algumas porções da gramática e certas expressões hebraicas rece­beram iluminação. O idioma dos tabletes e o hebraico aparentemente compartilhavam as mesmas estruturas poéticas e dispositivos

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estilísticos. Algumas passagens anteriormente difíceis da Bíblia hebraica foram simplificadas através da comparação com o idioma dos tabletes. Um exemplo notável: a palavra bamot, que de modo geral significa “lugares altos” (valas sagradas nos montes), também podem significar as “costas” de um animal ou pessoa, mas isso não era sabido até a descoberta dos tabletes. Assim, em Deu. 33.29, que fala sobre os inimigos de Israel, “lugares altos” (bamot) provavelmente deve ser com­preendido como esses invasores que andam em suas “costas”. Há um número razoavelmente grande de outros auxílios no vocabulário que surgiram dessa descoberta.

V. ReligiãoPrimeiro, temos de reconhecer que a antiga sustentação da

religião semita passou por desenvolvimentos em cada cultura, de forma que o que queria se dizer por certo nome de um deus, ou idéia religiosa, com o passar do tempo, veio a significar coisas diferentes. El (o Poder) é um nome ugarítico comum para o princi­pal deus dessa literatura, e um dos nomes hebraicos favoritos para Deus, como Elohim (a forma plural). Então havia muitas combina­ções de El tanto em nomes divinos quanto humanos. Exemplos: Danie/ significa “Deus é meu juiz”; Rafael significa curador divino-, outros nomes de anjos também incorporam o el. como Gabriel, Uriel, Miguel, Izidauiel, Hanael e Quefarel, cada um dizendo algo diferente sobre El. Gabrie/, por exemplo, significa “homem de Deus” . Claro, o El dos tabletes e El o da Bíblia Hebraica são diferentes: o primeiro é o deus-chefe de um panteão; o El hebraico é o Deus único.

Os deuses dos tabletes muitas vezes são personificações das coisas que o povo ugarítico temia ou admirava, como Mote (a morte), Yam (o mar) que assumem status divino nas mitologias desse povo. Baal repre­senta a “vida” e, assim, está em conflito com Mote por supremacia. Na Bíblia, a morte é personificada, mas não ganha a estatura de um deus, apenas de uma circunstância que é comum à vida e com a qual se deve lidar, finalmente, para que a vida possa ser alcançada para o bem e para a vida etema (I Cor. 15.26, 55; Apo. 20.14).

Os deuses dos tabletes sãn representados em termos humanos, tendo habilidades e profissões parecidas com as dos humanos, mas também poderes sobre-humanos de destruição e bênção. Hadade ou Baal Hadade é o poder que causa as tempestades; Yam causa a íuria do oceano; Ktar-wa-K^asis era um deus artesão que supria os outros com ferramentas úteis para o prazer ou para guerrear com outros pcderes divinos. Yahweh na Bíblia, é o General dos Exérci­tos, portanto às vezes é retratado como um deus da guerra, o aue é verdade no caso das divindades ugaríticas. Yahweh também luta contra as forças caóticas da natureza como as enchentes (Sal. 29.10; 93.4; 98.8), ou as águas poderosas (Sal. 29.3; 77.19; Hab. 3.15). Então, o Monstro do Mar, o Levita (ver o artigo) não é concorrência para Yahweh, ou para aqueles favorecidos por ele. O nome ugarítico para ele é LTN. Teofanias (ver a respeito) de tempestades são co­muns às duas culturas. Talvez a metáfora de Isaías sobre a Estrela do Dia (Isa. 14.12-15) seja uma reflexão de antigos símbolos semitas cu entidades divinas. Nos mitos ugaríticos, a estrela cadente é uma personagem demoníaca, a deidade caída Athtar, por exemplo, tentou roubar o trono de Baal mas foi derrubado, algo semelhante à história de Lúcifer, e então Satã do Novo Testamento (Luc. 10.18). Dou ilustrações suficientes para provar o ponto de que havia um histórico semita comum para os tabletes do Ugarite e partes da Bíblia hebraica, mas os tratamentos resultantes são diferentes, pois estamos lidando com culturas diversas que desenvolveram linhas muito diferentes. O monoteísmo hebreu (ver a respeito) transforma as forças de deuses menores err forças naturais, em vez de entidades divinas ou demoní­aca? Ess°s tabletes, contudo, demonstram que as idéias dos hebreus não se desenvolveram em um vácuo. Havia influências culturais que eram tratadas de formas diferentes do que o que era feito por outras culturas. Tudo isso é para não esquecer da inspiração, que é um fato da vida humana e mais amplamente difundido do que nos atrevemos a acreditar. Há “poderes lá em cima” que podem e de fato inspiram a

mente dos homens em todos os campos de conhecimento, não mera­mente o teológico ou religioso. É provável que muitas de nossas me­lhores artes, composições musicais e idéias científicas e invenções têm sido auxiliadas pela inspiração divina. Um pouco disso opera, natural­mente, através de agentes de Deus, como os anjos, um tipo de palavra geral que significa poderes que não podemos ver com os olhos físicos, mas que são reais e às vezes se manifestam de alguma forma visível. Ver Inspiração e Revelação na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filo­sofia.

ULANo hebraico, «carga». Era um homem aserita, pai de Ara, Haniel

e Rizia. Seu nome aparece somente em I Crô. 7:39. Ele deve ter vivido por volta de 1452 A.C.

ULAINa Septuaginta, Oúlai. Esse era um rio, ou então mais provavel­

mente, um canal artificial de irrigação, perto de Susa, a capital da porção sudoeste da Pérsia, onde Daniel ouviu o som da voz de um homem, em uma visão (Dan. 8:2,16).

Atualmente, é muito difícil identificar esse lugar, devido às modifi­cações topográficas, que podem ser muito rápidas e drásticas em terrenos de aluvião. Há estudiosos que sugerem que o atual alto curso do Kherlhah e do baixo curso do Karun, nos tempos antigos, formavam uma única correnteza, que desaguava em um delta, no alto do golfo Pérsico. O Ulai aparece em gravuras em alto relevo representando o ataque desfechado pelas tropas de Assurbanipal contra Susa, em 640 A.C. Com um sentimento sangüinário, próprio dos antigos monarcas sírios, esse rei afirma que avermelhou o rio Ulai com tanto sangue de seus inimigos mortos. O nome desse rio, nos tempos clássicos, era Eulaeus.

ULÃONo hebraico, «primeiro», «líder». Alguns estudiosos também pen­

sam no sentido de «solitário». Há dois homens com esse nome, nas páginas do Antigo Testamento, a saber:

1. Um homem manassita, cabeça de um clã dessa tribo (I Crô. 7:16,17). Era filho de Perez e irmão de Requém. Ele viveu em torno de 1400 A.C.

2. Um dos três filhos de Ezeque, que era cabeça de uma família benjamita, descendente de Saul através de Jônatas (I Crô. 8:39,40). O último versículo ajunta que Ezeque teve muitos filhos valentes, ótimos arqueiros, os quais também tiveram muitos filhos, em um total de cento e cinqüenta. O trecho de II Crô 14:8 também menciona a existência de benjamitas arqueiros. Esse Ulão viveu por volta de 840A.C.

ULCEROSONo hebraico, yabbal. Esse vocábulo aparece somente per uma

vez em todo o Antigo Testamento, em Levítico 22:22, onde lemos: «O cego, ou aleijado, ou mutilado, ou ulceroso... não os oferecereis ao Senhor e deles não poreis oferta queimada ao Senhor sobre o altar». A úlcera, normalmente, é um tumor cutâneo benigno, mas o contexto daquela passagem refere-se a algum animal que estivesse com uma úlcera que supurasse, talvez uma forma de antraz. É que os animais oferecidos em sacrifício, ao Senhor Deus, não podiam ser defeituosos em qualquer sentido.

UMÁNo hebraico, «união», «parentela». Esse era o nome de uma

cidade do território de Aser, perto de Afeque ou Reobe. Atualmente ela ainda existe, com o nome de Alma, próxima de Ras Nakhura. No entanto alguns manuscritos gregos e, portanto, da Septuaginta, di­zem Aco, cidade que mais tarde mudou o nome para Ptolemaida, uma interpretação que tem sido aceita por muitos eruditos. O nome dessa cidade só figura em um trecho bíblico, Josué 19:30.

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U M B IG O — U N Ç Ã O 5409

UMBIGO (Cordão Umbilical)No hebraico, shor, cujo sentido básico é «torcido». Essa palavra

pode referir-se tanto ao umbigo quanto ao cordão umbilical. E tam­bém era usada no sentido comum de «cordão», «fio». Em Eze. 16:4, o sentido é o de «cordão umbilical», e, por extensão, indica o abdô­men, porquanto o cordão umbilical está ligado ao abdômen (umbigo) do feto (ver I Reis 7:33). No décimo capítulo de Ezequiel temos um uso metafórico dessa palavra. O povo de Israel, em sua miséria, assemelhava-se a uma criança recém-nascida, sujeita à morte, sem que seu cordão umbilical tivesse sido atado. Se o cordão umbilical não for atado, o sangue arterial começa a drenar para fora do corpo da criança, e esta morre. Portanto, Deus tomou Israel como um nascituro abandonado, lavou-o e cuidou dele.

Usos Metafóricos. O cordão umbilical é por onde os nutrientes chegam ao organismo do feto, podendo simbolizar essa idéia de transmissão de vida. Por outro lado, pode também ser emblema de uma dependência prolongada e exagerada de alguém a outra pes­soa, condição ou coisa.

UM-ROSTO-VOLVERÁEm nossa versão portuguesa, essas palavras aparecem exclusi­

vamente em Isaías 7:3, como tradução bastante boa das palavras hebraicas shear iashub, que ali figuram.

Esse era o nome simbólico do filho mais velho do profeta Isaías (Isa. 7:3; cf. Isa. 8:18). Ele estava presente quando Isaías confrontou o rei Acaz, segundo se vê em Isaías 7:3. Seu nome simbolizava a mensagem entregue pelo profeta. O juízo divino, sob a forma de um exílio do povo, era um aspecto essencial da mensagem de Isaías, embora também houvesse a promessa da restauração de um remanescente purificado. A doutrina de um remanescente, ensinada por esse profeta, aparentemente formou-se durante o período inicial de seu ministério, porquanto aquele filho mais velho nasceu quase no início de sua carreira profética, o que é indicado pelo fato de que por volta de 735 A.C., ele acompanhou seu pai àquele encontro com o rei Acaz. Ver sobre o Remanescente.

UNÇÃONo grego, chrísma. Esse substantivo aparece somente por três

vezes em todo o Novo Testamento, sempre na primeira Epístola de João 2:20,27. O verbo chrio, «ungir», ocorre por cinco vezes: Luc. 4:18 (citando Isa. 61:1); Atos 4:27; 10:38; II Cor. 1:21; Heb. 1:9 (citando Sal. 45:8). Mas o adjetivo christós, «ungido», é usado por mais de quinhentas e quarenta vezes, desde Mat. 1:1 até Apo. 22:21.

Em todas as três ocorrências do substantivo, «unção», está em pauta a presença permanente do Espírito Santo com os crentes. O Senhor Jesus foi «ungido» com a presença do Espírito, capacitando-0 a pregar o evangelho e a realizar prodígios e milagres (Luc. 4:18). De acordo com as profecias bíblicas, o Messias (nome que procede do hebraico, correspondente em tudo ao termo grego Cristo, ou «ungi­do») era Servo de Deus por motivo de sua unção. O pensamento é reiterado em Atos 10:38. Por termos recebido o Espírito, também somos «cristos», ou «ungidos», segundo se vê em II Cor. 1:21,22: «Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo, e nos ungiu, é Deus, que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nossos corações». Hebreus 1:9 mostra-nos que a unção de Jesus, entretanto, era de um nível todo especial: «...por isso Deus, o teu Deus te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus com­panheiros». Ver também João 3:34.

A idéia de unção vem desde o Antigo Testamento, quando reis e sacerdotes recebiam a unção com óleo, literalmente falando, para ocuparem suas respectivas funções. Ver Êxo. 40: 13-15; Juí. 9:8; I Sam. 9:16. Já a unção dos profetas era dada diretamente por Deus como uma operação espiritual. Ver I Reis 19:16 e, especialmente, Isa. 61:1. Essa é a base da unção tanto de Cristo quanto dos cren­tes, com o Espírito Santo, conforme já vimos. No Novo Testamento, a única menção à unção literal é a de Tia. 5:14,15, mas onde o autor

sagrado já usa uma palavra grega diferente, alepfíb, «untar», «besun­tar», quando diz, segundo a nossa versão portuguesa: «Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor».

Diversos vocábulos hebraicos são assim traduzidos, com raízes que significam «engordar», «esfregar», «derramar» e «ungir». No Novo Testamento temos xriein, «esfregar», «untar», e aleifein, «un­gir». A idéia básica é a de esfregar com óleo (usualmente azeite de oliveira). Óleos eram especialmente preparados com essa finalidade, sobretudo se algum uso sagrado estivesse em pauta.

Pano de fundo: A prática da unção é antiqüíssima, podendo ser acompanhada até de culturas pré-hebréias. A prática pode ter surgi­do nas práticas nomádicas de sacrifício, como a de untar de gordura os potes totens, como parte de alguma refeição comunitária. Ou pode ter surgido com base em unções para fins medicinais, quando se esperava a cura. Várias formas dessa prática foram bem averigua­das na Babilônia e no Egito, antes dos tempos bíblicos. A unção de reis, sacerdotes, etc., eram formas comuns. Além disso, tal prática estava associada ao exorcismo e às cerimônias que preparavam os jovens para sua entrada na sociedade dos adultos.

Costume hebreu. No período pré-monárquico, temos em Gên. 31:13 o relato sobre como Jacó ungiu a coluna que erigira em Betei, aparentemente uma forma de dedicação. Durante a época dos juizes, a prática era usada por ocasião da consagração de governantes (Juí. 9:8,15).

Tipos de unção:1. De coisas: Ver II Sam. 1:21 e Isa. 21:5, a unção de escudos,

talvez a fim de consagrá-los para a guerra. O tabernáculo e seus utensílios foram ungidos, incluindo todos os seus móveis (Êxo. 30:26-29; 40:9-11). O altar foi ungido (Êxo. 29:36), o que equivaleu à unção das colunas ou pilhas de pedras, que eram usadas como memoriais ou altares (Gên. 28:18; 35:14).

2. De pessoas:a. Reis. O azeite era derramado sobre as cabeças dos reis como

símbolo de sua consagração ao ofício. Sacerdotes ou profetas, como representantes de Deus, usualmente encarregavam-se do ato da un­ção. (I Sam. 10:1; I Reis 1:39,45; 19:16). A unção fazia do rei um servo de Deus. O rito da unção dos reis criou o termo «ungido do Senhor» que se tomnu virtual sinônimo de «rei». (I Sam. 12:3,5; II Sam. 1:14,16; Sal. 20:6).

b. Sacerdotes. A unção de um sacerdote lhe conferia um ofício vitalício (Lev. 7:3 s s .-10:7; 4:3; 8:12-30). Os sacerdotes eram consa­grados ao Senhor para cumprirem os seus serviços.

c. Profetas. Elias comissionou Eliseu como seu sucessor por meio de unção (I Reis 1916); embora o próprio ato não seja literalmente historiado. A comparação do Sal. 105:15 e I Crô. 16:22 parece indi­car que pelo menos alguns profetas foram ungidos, o que os consa­grou como representantes de Deus para a promoção da mensagem espiritual.

d. De hóspedes e estranhos. A mulher ungiu os pés de Jesus, como sinal de resDeito e hospitalidade (Luc. 7:38). Jesus frisou que Ele poderia ter sido assim honrado pelo Seu hospedeiro (Luc. 7:46), o que mostra que havia o costume de ungir os convidados. Seja como for, o costume era antigo, certamente não circunscrito à cultura dos hebreus. Trechos bíblicos como Sal. 23:5; Pro. 21:7; 27:9 e Sab. 2:7 podem ser alusões à prática.

e. Por razões estéticas e salutares. Os judeus ungiam-se quando saíam a visitar alguém, e também em muitas ocasiões ordinárias, talvez por higiene e para adornar a cútis, uma medida salutar e cosmética. (Deu. 28:40; Rute 3:3; II Sam. 14:2; Amós 6:6; Sal. 104:15). Os cabelos e a pele eram ungidos. Parece que a pele lustrosa era considerada bonita, e a crença dos antigos no valor medicinal do azeite indicava que tais unções eram medidas salutares, tal e qual se sucedia no caso da lavagem das mãos.

f. Dos mortos. Essa unção era feita após a lavagem do corpo. Talvez para refrear o processo da corrupção, mas o mais provável é

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que fosse um sinal de consagração do morto a Deus. (Núm. 5:22; Jer. 8:22; Mar. 14:1; Luc. 23:56).

Sentidos metafóricos:1. Da unção do Espirito (Sal. 28:8; Hab. 3:13; II Cor. 1:22; I João

2:20:27).2. Como termo técnico do Messias, pois Ele é, supremamente,

«o ungido». Esse é o sentido da palavra «Cristo». Messias é uma transliteração do vocábulo hebraico que significa «ungido». No plural, «ungidos», a palavra veio a indicar os sucessores da linhagem real de Davi (Sal. 2:2; 18:50; 132:10). O esperado Messias foi assim designado por ser o mais digno dos sucessores de Davi, em Salmos de Salomão 17:36 e 18:8.

A unção separa a pessoa ungida para o seu ofício, falando sobre o caráter sagrado de sua chamada e comissão. Há aquele «óleo de alegria» para aqueles que cumprem bem a sua missão (Heb. 1:9). Assim são separados os homens para servirem a Deus (Rom. 1:1). Mas, em seu lado negativo, a prática da unção pode simbolizar o excesso de luxo (Amós 6:6).

Significado sacramental: Alguns intérpretes vêom um uso sacra­mental na unção, em Tia. 5:14, nos termos de extrema unção (ver o artigo). As igrejas orientais continuam ungindo os enfermos em um rito formal, costume alicerçado sobre esse versiculo. E outros grupos cristãos fazem o mesmo. (B E JP LAS S Z)

UNGÜENTOEsboço:1. Termos Envolvidos2. A Preparação de Ungüentos3. Armazenamento4. Valor5. Usos dos Ungüentos6. Usos Simbólicos7. Cristo, o Ungido1. Termos Envolvidosa. Shemen, um termo hebraico que aparece em II Reis 20:13;

Sal. 133:2; Pro. 27:16; Ecl. 7:1; Isa. 1:6. Provavelmente, essa palavra indica vários tipos de óleo, embora usualmente esteja em foco o azeite de oliveira. Há outras referências veterotestamentárias, que as traduções têm traduzido de diversas maneiras, em um total de outras cento e oitenta menções.

b. Roqach, «composição», «ungüento». Êxo. 30:25, 35. Raqach, uma forma variante, aparece por oito vezes: Êxo. 30:25,33,35; 37:20; Ecl. 10:1; II Crô. 16:14; Eze. 24:10; I Crô. 9:30. Tratava-se de uma composição de elementos odoríferos.

c. Múron, «mirra». Uma palavra grega com freqüência traduzida como ungüento. Ver o artigo separado sobre Mirra. Esse termo grego foi usado por catorze vezes no Novo Testamento: Mat. 26:7,12; Mar. 14:3-5; Luc. 7:37,38,46; 23:56; João 11:2; 12:3,5; Apo. 18:13.

2. A Preparação de UngüentosA base oleosa de quase todos os ungüentos referidos no Antigo

Testamento era o azeite de oliveira. A isso adicionavam-se vários aromáticos, alguns deles importados (I Reis 10:10; Eze. 27:22). As principais especiarias assim utilizadas eram a mirra e o nardo (vide). Essas especiarias eram importadas da Fenícia em pequenos frascos de alabastro. A preparação de ungüentos era feita por profissionais que exerciam a atividade de farmacêuticos. Algumas pessoas envolvi­das nessa atividade dirigiam ativos e extensos negócios. Às vezes, mulheres é que se mostravam muito habilidosas nessas misturas químicas. A arqueologia tem demonstrado que certos aromas são capazes de reter o seu poder odorífero durante muitos séculos, quando guardados em frascos bem fechados. Vasos de alabastro, encontra­dos no castelo de Alanwick, além de outros achados no antigo Egito, quando abertos, mostraram que seu conteúdo havia retido seus per­fumes por mais de dois mil anos. Plínio informa-nos que a fórmula dos ungüentos requeria dois ingredientes principais: uma parte líqui­da e uma parte sólida. A parte líquida quase sempre era o azeite de

oliveira, embora os egípcios também usassem óleos como o de raba­nete, de colocíntidas, de sêsame, de amêndoas, e até mesmo gordu­ras animais. As pessoas mais pobres usavam o óleo de mamona. A esses óleos e produtos graxos eram adicionados os ingredientes sólidos, como amêndoas amargas, anis, cedro, cinamomo, gengibre, mentol, rosa, sândalo, etc. Os trecho de Can. 1:3 e 4:10 trazem referências a certas substâncias odoríferas.

Não temos conhecimento completo sobre o modo de proceder exato para tais preparos. O azeite de oliveira era útil porque não se evapora facilmente. Eram usados vários processos de esmagamen­to. O pó era aquecido e então recebia a forma de bolas ou cones. No Egito havia uma guilda dos cozedores de ungüentos que se associa­vam aos barbeiros, farmacêuticos, médicos e sacerdotes. Nos dias de Neemias, eles tinham sua própria guilda. Na época de Jesus, essa profissão, com freqüência, tornava-se hereditária e era mantida como segredo de família. Visto que os produtos usados nessa indús­tria com freqüência eram importados, o preço dos ungüentos era elevado. Plínio revela-nos que os ingredientes eram fervidos juntos (13:2), e podemos supor que essa era uma prática universal.

3. ArmazenamentoA fim de impedir a perda do odor, devido à exposição ao ar, e do

volume, por causa da evaporação, os ungüentos mais caros eram armazenados em frascos de alabastro e caixas de chumbo estan­ques, que eram então guardados em lugares frescos. A arqueologia tem descoberto muitos desses vasos decorativos. Algumas vezes, eram usadas jarras de vidro, um tanto mais baratas. As tampas dessas jarras eram hermeticamente fechadas. Assim, quando alguém queria usar o ungüento, o gargalo fino dessas jarras tinha de ser partido. Ver Mar. 14:3.

4. ValorSe alguém quiser saber algo sobre o valor dos perfumes, que

indague a uma mulher. É admirável o quanto as mulheres estão dispostas a pagar por um bom perfume. Na antigüidade, os ungüen­tos chegavam a fazer parte de tesouros. Ezequias exibiu ungüentos em sua casa de tesouros, aos embaixadores babilónicos (ver II Reis 20:13). Esses ungüentos eram usados em lugar de dinheiro, e assim podiam ser usados para pagar dívidas de tributos (Osé. 12:1). Eram contados entre os artigos de luxo que foram denunciados pelo profe­ta Amós (6:6). Esse texto pode ser comparado com o trecho de Ecl. 7:1. Grande comércio cresceu em torno dos ungüentos. Judas Iscariotes queixou-se que o ungüento «desperdiçado» na unção de Jesus poderia ter sido vendido por uma grande soma em dinheiro, que poderia ser distribuída entre os pobres (ver Mat. 26:9), circuns­tância essa que nos ajuda a entender o valor desse produto.

5. Usos dos Ungüentosa. Nas artes mágicas. Os homens sempre se deixaram impressio­

nar pelos ungüentos e seu grande valor, sendo natural que os mesmos estivessem associados a práticas mágicas. Os médicos egípcios usa­vam ungüentos em conexão com seus ritos de cura, declarações mági­cas e encantamentos. Um paralelo a esse costume era aquele de pintar o corpo dos pacientes. E nós, os cristãos, ungimos os enfermos com azeite, em consonância com o trecho de Tia. 5:14, embora sem imaginarmos que o azeite tenha qualquer propriedade mágica. Toda­via, mesmo no mundo moderno, os ungüentos continuam sendo subs­tâncias mágicas, pelo menos para certos povos mais primitivos. E na cristandade, o uso sacramentalista de líquidos retém um certo caráter mágico, de acordo com aqueles que rejeitam o sa- cramentalismo.

b. Nos ritos religiosos. Tal uso tanto era privado quanto formal (empregado pelos sacerdotes) entre os hebreus, até onde a história nos faz retroceder. Jacó consagrou uma pedra, em Betei, derraman­do azeite sobre ela (ver Gên. 28:18; 35:14). Era usado um azeite sagrado na consagração_ de sacerdotes, e do tabernáculo e seus móveis e utensílios (ver Êxo. 30:22-33). Certas regras foram ditadas a esse respeito (Êxo. 30:23-25,33). Profetas eram ungidos em reco­nhecimento de seu ofício divino, como se vê no caso de Eliseu (I Reis 19:16). Os reis de Israel também eram ungidos (I Sam. 10:1; II

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U N G Ü E N T O — U N IÃ O C O M D E U S 5411

Reis 9:1-3). Portanto, o ato de ungir envolvia profetas, sacerdotes e reis. Cristo, o Ungido, está investido em todos esses três ofícios. Escudos e paveses também eram ungidos, em um ato de consagra­ção, para proteção de seus usuários(ver II Sam. 1:21, Isa. 21:5). Algumas vezes, o processo da unção era acompanhado por alguma manifestação do Espírito Santo (I Sam. 16:13). O método de prepara­ção do óleo da santa unção é descrito em Éxo. 30:22-25.

c. Propósitos cosméticos. Os fortes raios solares do Oriente Pró­ximo e Médio inspiraram o uso de óleos para tratamento e proteção da pele humane. Os egípcios tinham práticas elaboradas quanto a isso, empregando cremes, pomadas, ruges, talcos, pintura de olhos, esmalte de unhas, além de vários tipos de óleo, os quais, sem qual­quer mistura, eram aplicados à pele. As pessoas mais idosas queri­am ficar mais jovens, e as pessoas jovens queriam preservar sua aparência juvenil, principalmente no caso de mulheres, naturalmente. O papiro cirúrgico Edwin Smith, que data de cerca de 1500 A.C., fornece-nos uma fórmula que seria garantida para rejuvenescer pes­soas idosas. Essa inverdade continua sendo pespegada às pessoas até hoje, mas as mulheres continuam acreditando nela. Plínio e Teofrasto escreveram ensaios referentes à manufatura de cosméti­cos. Ver o artigo separado intitulado Cosméticos.

d. Propósitos medicinais. A medicina antiga sempre esteve às voltas com itens mágicos e supersticiosos. Para muitos antigos, a unção com azeite não era apenas um ato simbólico. Assim, o azeite era usado para pensar ferimentos (ver Isa. 1:6 e Eze. 10:34), e, nos tempos modernos, óleos os mais variados têm sido usados à larga na medicina. Gileade era lugar conhecido por sua produção de um bálsamo com grande valor medicinal (Jer. 8:22). Também havia colírios (Apo. 3:18), e os enfermos eram ungidos com azeite (Tia. 5:14). Por conseguinte, parte de uma prática judaica foi transferida para a Igreja cristã, e assim nunca desapareceu.

e. Preparação para o sepuitamento. Os cadáveres eram ungidos, embalsamados e envoltos em tiras empapadas em óleos (Gên. 50:2,3,26; Mar. 16:1). Pessoas ricas gastavam muito dinheiro com esses ritos, enquanto que os pobres tinham de contentar-se com a mera unção com azeite de oliveira.

f. Ritos de hospitalidade. Os servos tinham por tarefa ungir os convivas de um banquete no Egito, na Assíria e na Babilônia. Além de óleos também era usada água perfumada para salpicar nas ves­tes dos convidados. Jesus repreendeu Simão, o fariseu, por ter dei­xado de prestar-Lhe essa cortesia tipicamente oriental (ver Luc. 7:46).

g. Pagamento de dívidas ou de tributo. Visto que os ungüentos eram geralmente tão valorizados, algumas vezes eram usados com essas finalidades (ver Osé. 12:1).

6. Usos Simbólicosa. Um sinal de alegria e satisfação (Sal. 45:7; Pro. 27:9; Isa.

61:3). b. Um sinal de hospitalidade (Sal. 23:5). c. Um sinal de prospe­ridade (Eze. 16:19). d. Um sinal de luxo e fausto (Pro. 21:17; Eze. 16:13). e. Um sinal de abundância (Deu. 32:13; 33:24). f. A ausência de unção simboliza tristeza e lamentação (II Sam 12:20,21; Dan. 10:3), ou, então, de jejum (Mat. 6:16;17) g. Nos sonhos e nas visões, o ato de ungir pode simbolizar a doação ou recebimento de autorida­de espiritual, reconhecimento, o estado de alegria, vitória, ou a ne­cessidade de curar ou ser curado.

7. Cristo, o UngidoA palavra hebraica messiah, bem como a palavra grega christós

significam, ambas, «ungido». Na qualidade de profeta, sacerdote e rei, Cristo é o maior de todos os ungidos, o Ungido por excelência. Ver os artigos Cristo e Messias.

UNINo hebraico, «respondendo com Yahweh». Há dois homens com

esse nome, nas páginas do Antigo Testamento, a saber:1. Um levita que dirigia os cânticos dos cultos do tabernáculo,

nos dias de Davi. Ele é mencionado em I Crô. 15:18,20. Viveu por volta de 1015 A.C.

2. Um levita que retornou do cativeiro babilónico para Jerusalém, em companhia de Zorobabel. Mencionado somente em Nee. 12:9. Viveu em torno de 536 A.C.

UNIÃO COM DEUSO objetivo da busca mística, dentro da fé cristã, é a união com

Deus. Há muitos subobjetivos, como a iluminação da alma. A Visão Beatífica (vide) é uma expressão tradicional da união ideal com Deus. Muitas religiões incorporam esse ideal, tanto no Oriente quanto no Ocidente. O neo-platonismo enfatizava a possibilidade, fazendo-a me­diada através do Logos. De acordo com a fé cristã e também com outras fés, a queda no pecado separou o homem de Deus. E a união é uma restauração, embora seja mais do que isso, visto que envolve o ideal de participação na natureza e nos atributos de Deus, sendo esse o nosso mais elevado conceito religioso. Deus é auto-existente, e tem uma vida que não pode deixar de existir. Deus é independente, porquanto não depende de qualquer outro ser ou força para existir. Mas a alma humana é dependente, não tendo capacidade de existir por si mesma e tendo de depender de Deus para continuar existindo. A vida do homem não é necessária, pois pode deixar de existir. Mas Deus tem uma vida que é necessária. Deus não pode deixar de existir. Ora, a união com Deus confere ao homem a vida independen­te e necessária de Deus. O homem remido vem a participar dessa vida de Deus, porquanto recebe a natureza divina (ver II Ped. 1:4) e a plenitude de Deus (ver Efé. 3:19), a natureza divina em todos os seus atributos e em todas as suas manifestações. Isso ocorre atra­vés da transformação do homem interior segundo a imagem de Cris­to, o Filho de Deus, o Logos encarnado (ver Rom. 8:29). E é o Espírito Santo quem transforma os remidos mediante uma interminá­vel série de estágios (ver II Cor. 3:18). Temos aí a glorificação (vide), que nunca chegará a estagnar e que nunca chegará ao fim, pois seu escopo é ir aumentando cada vez mais. Passagens bíblicas como Gên. 1:26,27; Jó 33:4; Sal. 8:4 e Isa. 64:8 enfatizam a dependência do homem. A imagem de Deus, embutida no homem, está destinada a expandir-se, e essa expansão é a concretização da salvação, que haverá de prolongar-se por toda a eternidade futura, nunca deixando de operar.

De acordo com a fé cristã, essa união é mediada pelo Logos, o princípio do Filho, dentro da deidade. Os remidos são identificados com Cristo, o Logos encarnado, processo pelo qual os filhos estão sendo conduzidos à glória do Filho de Deus (ver Heb. 2:10). A salva­ção tem por escopo a união com Deus, e não meramente o perdão dos pecados e a vida em um lugar melhor (celestial), isento de pro­blemas, e repleto de felicidaae. Ver o artigo geral sobre a Salvação. Não é verdade, conforme afirmam equivocadamente alguns, que os homens podem sei unidos a Deus eticamente, mas não metafi- sicamente. Os versículos acima sugeridos referem-se definidamente à união metafísica com Deus, mostrando que os remidos participarão da mesma essência de tipo de vida que Deus tem, posto que sempre em uma maneira finita. Contudo, essa finitude ir-se-á aproximando mais e mais da infinitude, a alma remida ir-se-á tornando cada vez mais parecida com Cristo, porquanto está em foco uma glorificação eterna e interminável.

Desde o presente há certa participação do crente na natureza divina, devido à união mística com ele; mas isso representa apenas os passos preliminares, aquele estágio que promete uma plena parti­cipação na natureza divina. Essa participação, posto que parcial, vai-nos transformando moral e espiritualmente. O artigo sobre o mis­ticismo (vide) aborda toda essa questão. Paulo teve experiência com o «terceiro céu», posto que não tenha estado na presença mesma de Deus, mas isso resultou para ele em efeitos admiráveis, e podemos ter a certeza de que nunca mais Paulo foi o mesmo homem. Escrito­res cristãos como Agostinho, Bernardo de Clairvaux, Boaventura, Meister Eckhardt, São João da Cruz, Santa Teresa, B. Ramon Lull e Jacó Boehme experimentaram todos, em um grau ou outro (embora em essência, a mesma coisa), uma profunda união com Deus, algu­

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mas vezes com resultados simplesmente espetaculares. A Igreja Orien­tal busca a iluminação através da meditação, o que, algumas vezes, produz a união preliminar com Deus. As religiões não-cristãs, natural­mente, também têm pensado que essa questão reveste-se de primária importância.

Várias pessoas têm sugerido diretrizes quanto à união com Deus, e essa é a mensagem central do misticismo, sobre o que este dicionário oferece um detalhado artigo. A tentativa quase sempre incorpora alguma forma de meditação e alguma busca por estados alterados de consciência. Sempre requer a pureza moral como condição fundamental, sem a qual qualquer busca espiritual séria é inútil, sem qualquer avanço. O êxtase mistico é procurado como veiculo aa transformação mística. Mas todos es­ses estados, quando conseguiaos pelo homem mortal, são lim ita­dos . A alma precisa libertar-se do corpo físico antes que uma autêntica união com Deus possa tornar-se realidade. Isso não acontece automaticamente, ante a morte Diológica do crente. De fato, isso faz parte da glorificação humana, que precisa atraves­sar muitas fases, durante um longo período de tempo (ver II Cor. 3:18). Na verdade, é mais correto dizermos que a glorificação é um processo eterno, e que a união com Deus é uma conseqüên­cia desse processo.

UNICÓRNIONo hebraico, reem. A nossa versão portuguesa prefere pensar

no «boi selvagem», e com toda a razão, conforme veremos. Essa palavra ocorre por dez vezes: Núm. 23:22; 24:8; Deu. 33:17; Jó 39:9,10; Sal. 22:21; 29:6; 92:10 e Isa. 34:7.

Sem dúvida, está em pauta aquela espécie de animal selvagem que, nas esculturas assírias, aparece com o nome de fíimu. Prova­velmente corresponde ao auroque, tambem conhecido como bisão europeu, uma espécie extinta.

Naquelas referências bíblicas, esse animal é descrito como forte, corpulento e feroz. Não era possível amansá-lo, para que ajudasse ao homem em seus labores agrícolas. Em vista de sua terocidade, até mesmo caçá-lo era uma empreitada perigosa. O unicórnio por sua vez, nunca existiu, senão nas lendas antigas. Ele era concebido como um animal bem menor que o touro, dotado de um único chifre no meio da testa. Portanto, a nossa versão portuguesa mostra-se correta ao preferir «boi selvagem», e não «unicórnio». Ver também o artigo sobre o Boi Selvagem.

URNo hebraico, «chama». Esse era o nome do pai de Elifal, um dos

trinta valentes guerreiros de Davi. Seu nome aparece somente em I Crô. 11:35. Viveu por volta de 1070 A.C, No trecho paralelo de II Sam. 23:34, quem figura como pai de Elifelete (que oeve ser o mesmo Elifal), é Aasbai. Ou Aasbai era o mesmo Ur, ou então devemos pensar que um desses dois trechos saltou por cima de alguma geração.

UR DOS CALDEUSI. TermosII. LocalidadeIII. Caracterização GeralIV. Arqueologia

I. TermosA palavra caldeus aparentemente deriva do nome próprio Quesede,

o homem do qual, presumivelmente, os caldeus descendem. O signifi­cado desta palavra não é conhecido. Ele foi o quarto filho de Naor, irmão de Abraão. Viveu por volta de 2088 A. C. A palavra caldeu tomou-se, logo cedo, um virtual sinônimo de “astrólogo”, sendo que os povos babilónicos eram adeptos dessa ciência. Mágicos profissionais também eram chamados assim, sendo que os babilónicos eram adep­tos de várias ciências do oculto. O termo caldeus é usado como virtuai sinônimo de babilónico. Caldéia (ver o artigo a respeito) era o nome de

um distrito do sul da Babilônia. Passou a significar toda a Babilônia, quanco essa parte do país se tornou dominante após o império neobabilônico de Nabucodonosor II (605-562 A. C.). Ver os detalhes no artigo sobre a Babilônia, 4. J. Ver também Caldéia.

II. Localidade1. Uma idéia mais antiga. Ur provavelmente foi a cidade na

Mesopotâmia de cnde primeiro migrou Abraão (Gên. 11.28, 31; 15.7; Nee. 9.7) depois de ter sido chamado pela instrução divina. Mas alguns estudiosos pensam que a Ur da Bíblia de fato era um lugar na Turquia, chamada de Urfa, próximo de outra Harã localizada no sul daquele país. Uma tradição local faz essa declaração, mas a maioria dos estudiosos modernos rejeita essa idéia.

2. Uma identificação mais provável é a de que Ur é Xamerina (a cidade da lua), que alguns chamaram de Urie. Arqueólogos encontra­ram inscrições em vários locais na cidade que diziam U-ri. O nome moderno desse local é Tell el-Muqayyar, no Sul do Iraque, cerca de10 km ao sudeste de Nasiriyah, no rio Eufrates.

O Antigo Testamento indica claramente que o lar de Abraão origi­nalmente ficava na Mesopotâmia infenor, na cidade chamada Ur, de onde ele emigrou a caminho de Canaã (Gên. 11.28-31; 12.1-4; 15.7; Nee. 9.7).

III. Caracterização Geral1. Ur era a terra natal de Abraão e o ponto inicial de sua migra­

ção a Canaã (Gên. 11.28, 31; 15.7).2. O local tradicional é marcado pela Tell el-Muqayyar moderna,

que se situa no rio Eufrates.3. Esse sítio foi escavado sistematicamente entre 1922 e 1934. Mui­

tos itens de interesse aos arqueólogos foram desenterrados, a incluir o Zigurate construído por Ur-nammu, o fundador da Dinastia UR III no terceiro milênio A. C. Outras descobertas são listadas sob a seção IV.

4. Um local alternativo, Urfa (Edessa) da Turquia, é sugerido mas não encontra muito apoio entre os estudiosos modernos. A Septuaginta diz “terra dos caldeus", o que dá uma localização gene­ralizada, não uma que seja específica. Àiguns supõem que ur era um nome generico, isto é “cidade”, e nenhum local específico era chama­do assim. Nesse caso, a leitura da Septuaginta é mais precisa do que a daquelas que tentam designar uma cidade específica.

5. Os caldeus formavam um grupo de cinco tribos que se tornaram dominantes na Babilônia no final do sexto século A. C., e cujo nome passou a ser sinônimo de “babilónio”. A frase “Ur dos caldeus” é ana­crônica, o autor chamando o local pelo nome que o designou em seus dias, mas não originalmente na época de Abraão. Possivelmente, “dos caldeus” fosse um brilho de escribas posteriores, não sendo indicativo da época em que foi escrito o relato original de Gênesis.

6. Os caldeus não chegaram ao sul da Babilônia até depois de 1000 A C., assim, na epoca de Abraão, o local não era designado pela frase adjetivada, preposicional “dos caldeus".

IV. Arqueologia1. As escavações iniciaram-se em 1854 e o local era chamado de

Monte de Betume (no árabe, al muqayyei). O Zigurate foi descrito juntamente com a área circundante.

2. O templo circular de Ninnursague foi descoberto em Ubaid, 7 km a nordeste da cidade. Sua oaia foi em torno de 4000 A. C.

3. Esta localidade foi escavada com maiores detalhes entre 1922 e 1934. Estima-se que cerca de 250 mil pessoas viveram na Ur Maior ou, em tempos modernos, na Ur metropolitana.

URINo hebraico, «iluminado». Há três homens com esse nome, nas

páginas do Novo Testamento:1. Um filho de Ur, pai de Bezalel, o principal construtor do

tabernáculo do deserto (Exo. 31:2; 35:30; 38:22; I Crô. 2:20; II Crô. 1:5). Ele viveu Dor volta de 1525 A.C.

2. O oai de Geber. um dos oficiais de Salomão em Gileade, encarregado do recolhimento de impostos (I Reis 4:19). Viveu em cerca de 1040 A.C.

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U R IA S — U R IM E T U M IM 5413

3. Um dos porteiros do templo, da época de Esdras (Esd. 10:24). Ele se divorciou de sua esposa estrangeira, que adquirira quando Israel ainda estava exilado na Babilônia. Viveu por volta de 445 A.C.

URIASNo hebraico, “Yahweh é luz”. O Antigo Testamento menciona

cinco pessoas que tinham esse nome, os quais listo em ordem cro­nológica:

1. O primeiro marido de Bate-Seba, que pertencia à elite de trinta guerreiros defensores especiais e guarda-costas do rei Davi. Ele era heteu. Ver II Sam. 23.23-30. Enquanto esse homem guerre­ava com Raba, Davi tirou proveito da situação para ter um caso com sua linda mulher. Quando ela descobriu que estava grávida, para livrar-se de seu marido, o rei deu um jeito de que ele fosse morto em batalha (II Sam. 11.15). Quando o homem foi morto, Davi assumiu sua mulher. O filho morreu pouco depois de nascer, mas essa mulher se tornou a mãe do rei Salomão. A combinação de adultério e assassinato foi o ponto mais baixo da existência de Davi e mostrou os defeitos berrantes de sua espiritualidade. O nome Urias aparece 23 vezes na Bíblia, nos seguintes exemplos: II Sam.11.3,6-12,14-17, 21, 24, 26; 12.15; 23.39; I Reis 15.5; I Crô. 11.41. Ele viveu em torno de 1000 A. C.

2. Um sumo sacerdote de Judá que viveu na época do rei Acaz. Esse homem, atendendo a uma solicitação do rei, projetou um altar a ser colocado no templo que duplicava aquele que o rei havia visto em Damasco. O rei vira o altar quando foi pagar tributos ao rei da Assíria, e ficou muito impressionado com ele; assim sendo, quis um como aquele no templo de Jerusalém. Sacrifícios eram então oferecidos no altar pagão que fazia parte da apostasia da época. Isaías denunciou a coisa toda e as condições de Jerusalém, no geral. Urias foi uma das testemunhas das profecias de temor de Isaías. Ver II Reis 16.10­16; Isa. 8.2. A época foi em torno do século 8 A. C.

3. Um filho de Semías, residente de Quiriate-Hearam, profeta que previu a destruição de Jerusalém na mesma época em que o fez Jeremias. Ele fugiu para o Egito a fim de escapar da ira do rei Jeoiaquim, mas foi trazido de volta por agentes especiais enviados para buscá-lo e acabou executado por ordem real (Jer. 26.20-23). Viveu no século 6 A. C.

4. Um levita que ficou do lado direito de Esdras quando ele fez a leitura da lei de Moisés ao povo quando o restante de Judá retornou a Jerusalém após o cativeiro babilónico (Nee. 8.4). Isso ocorreu no século 5 A. C.

5. O pai de Meremoto, um sacerdote, homem em quem Esdras confiou para liderar uma equipe de quatro líderes de Judá para pesar o ouro e a prata, além de vasos preciosos, que o remanes­cente trouxe de volta da Babilônia quando retornou a Jerusalém. Esse homem também ajudou a reparar os muros de Jerusalém sob a direção de Neemias. Ver Esd. 8.33 e Nee. 3.4. Ele viveu no século 5 A. C.

URIELNo hebraico, "El é luz”. El é um dos principais nomes de um dos

principais deuses dos semitas, e o mesmo nome foi emprestado pelos hebreus como um de seus nomes para o Deus de Israel. Ver sobre Deus, Nomes Bíblicos de neste Dicionário e na Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. El significa “o Poder” . Dois homens no Antigo Testamento eram chamados assim. No livro pseudepígrafo deI Enoque e Tobias (um livro apócrifo), esse é o nome de um arcanjo, um dos sete principais anjos da angeologia judaica.

1. Um filho de Taate, levita da família de Coate e ancestral do profeta Samuel (I Crô. 6.24). Viveu no século 13 A. C.

2. O chefe de uma família de levitas que havia descendido de Coate. Ministrou no tabernáculo na época do rei Davi, em torno de 1000 A. C. Estava entre o grupo de levitas que trouxe a arca da aliança da casa de Obede-Edom a Jerusalém. Do tabernáculo de Davi a arca foi finalmente transferida para o templo de Salomão. Isso

terminou a série de deslocamentos que a arca sofreu até desaparecer da história no cativeiro babilónico. Ver I Crô. 15.5,11.

3 .0 arcanjo, um dos sete principais anjos da coletânea angélica judaica, mencionado no livro pseudepígrafo chamado I Enoque 9.1 e em Tobias (um livro apócrifo). Tobias 12.15 fornece os nomes dos sete principais anjos, como Rafael, Gabriel, Uriel, Miguel, Izidquiel, Hanael e Quefarel. Observe que todos incorporam o nome divino El, o poder, e cada um diz algo diferente sobre esse poder que representavam. Urie/significa, “El é Luz"; Gabrie/significa “ho­mem de Deus”; Rafael significa “o poder cura” etc. Para outras informações, ver o artigo sobre Rafael. I Enoque menciona Uriel em diversas passagens. Uma de suas tarefas foi avisar Noé sobre a inundação por vir. Ele falou a Enoque sobre o julgamento que viria sobre os anjos caídos (Enoque 21.5 ss.) e disse que eles seriam condenados por 10 m il anos, sendo que, depois disso, presumivelmente, teriam outra chance. Esse anjo era especialmen­te sábio quanto à natureza e aos movimentos das estrelas (Enoque33.4) e da lua (75.3, 4; 78.10; 79.6; 80.1). II Esdras mostra esse anjo condenando Esdras por causa de seu questionamento das maneiras misteriosas de Deus. Ele presumivelmente ajudou Adão e Abel a entrar no Paraíso. É chamado de o anjo que lutou com Jacó (Gên. 32.25 ss.), mas não no próprio Antigo Testamento. Tais ma­teriais pertenciam à coletânea judaica no período entre o Antigo e o Novo Testamento.

URIM E TUMIMI. Nomes e SignificadosII. Adivinhações sobre Sua Natureza e UsoIII. DivinaçãoIV. Seu DesaparecimentoV. Significado EspiritualI. Nomes e SignificadosAs palavras Urim e Tumim quase sempre ocorrem juntas (Êxo.

28.30; Lev. 8.8; Deu. 33.8; Esd. 2.63; Nee. 7.65; I Esd. 45.40; Sir. 45.10). Em Núm. 27.21 e I Sam. 28.6 aparece apenas Urim. Ambas as palavras estão no plural, embora, aparentemente, se refiram a dois objetos apenas. Esse é um exemplo do aumentativo hebreu, que aumenta a estatura de algo ao tornar a palavra plural. Outra instância conspícua é a constituição da palavra El, Elohim (o plural), ainda que se referindo a um único Poder Divino. Os nomes são de origem incerta, o que é ilustrado pelo fato de que as versões (tradu­ções do hebraico) não as entendiam. Uma opinião comum é a de que signifiquem "luzes e perfeição” . Urim pode ser o plural de ur, que s ign ifica fogo. Tum im pode d e riva r de tom, que significa presumivelmente que a Luz traz a perfeição ou completa o conheci­mento quando os objetos são usados como forma de divinação.

II. Adivinnações sobre Sua Natureza e UsoNinguém realmente sabe o que esses objetos eram. É claro que

estavam às vestes sacerdotais do sumo sacerdote que os emprega­va, ou à placa do peito. É claro também que os objetos eram usados para divinação a fim de determinar a vontade de Yahweh ou respon­der a perguntas. Mas exatamente o que eram e como eram empre­gados continua um mistério. Algumas adivinhações são:

1. Josefo (Ant. iii.7.5) identificou os objetos com os quartzos do ombro do efode. Presumivelmente, essas pedras mudavam de cor ou de brilho, significando, quando brilhavam, “sim” ou "faça”, e, quando ficavam escuras, "não” ou “não faça”.

2. Ou, nas dobras da veste do sumo sacerdote, uma pedra (pe­dra preciosa) ou placa de ouro era colocada e manipulada em algu­ma forma de divinação, ou empregada para induzir um transe no qual a mente do sumo sacerdote era inspirada a dar respostas a proble­mas difíceis. Alguns incrementam essa adivinhação afirmando que o nome sagrado de Deus, Yahweh, estava gravado nesses objetos, o que ampliava o processo de divinação.

3. Alguns transformam o número desses objetos em três. Em um estaria escrito “sim”, em outro “não”, enquanto no terceiro não have­

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5414 U R IM E T U M IM ----- U S O D O A N T IG O T E S T A M E N T O P E L O S C R IS T Ã O S P R IM IT IV O S

ria nada escrito. Assim as respostas poderiam ser dadas como “sim”, “não” ou “não tenho opinião ou desejo a revelar” , se a pedra em branco fosse a que aparecesse. Possivelmente essas pedras eram manipuladas pela mão do sumo sacerdote, sendo mantidas em uma dobra de sua veste. Quando recebesse uma pergunta, ele colocaria a mão na dobra e tiraria uma. Presumivelmente, o espírito guiaria sua mão à pedra certa.

4. Ou as pedras eram lançadas, ou eram equivalentes a dados que tinnam gravações esculpidas nos lados, e os lados que apare­cessem após o lance determinariam as respostas.

5. Um era um diamante, o outro um tipo diferente de pedra precio­sa, e os dois juntos tinham o poder de induzir um estado de transe no qual o sumo sacerdote poderia dar respostas psíquicas ou espirituais que transcendiam seus poderes de razão. Ou as pedras brilhavam em alguma forma de brilho divino, influenciando a mente do sacerdote.

6. Eram duas pedras, uma branca, uma preta, que, quando retira­das da veste dc sacerdote, indicavam “sim” (branca) e “não” (preto)

Com base em Núm. 27.21; I Sam. 14.41; 28.6 o Esd 2.63, fica claro que as respostas buscadas não estavam sempre ao alcance, assim não sabemos (deixando de lado as adivinhações) como uma resposta neutra ou indefinida era obtida.

III. DivinaçãoQuando o pagão usava formas de divinação, os hebraicos judeus

os condenavam, mas, quando eles usavam as mesmas formas, a prática era “santificada” por serem eles os hebreus que eram, presumivelmente, liderados por Deus através da divinação. Mesmo os apóstolos usaram uma forma de divinação ao selecionar um novo apóstolo para tomar o lugar de Judas (Atos 1.26). Ver os artigos detalhados sobre Adivinhação e Magia e Feitiçaria. A maioria das divinações é inútil, mas há vezes quando divinações funcionam posi­tiva ou negativamente. A maioria das divinações que funciona é psí­quica, não espiritual, não sendo nem positiva nem negativa, mas podendo ser usada para qualquer dcs dois. Ver o artigo sobre Parapsicologia na Enciclopédia de Biblia, Teologia e Filosofia. Há uma ciência psíquica que é tão legítima quanto a biologia ou fisiolo­gia, e não está diretamente relaciknada à divinação.

IV. Seu DesaparecimentoCom o desaparecimento do templo de Salomão, Urim e Tumim

também deixaram de ser usados. Esd. 2.63 implica que, depois do retorno do remanescente do cativeiro babilónico, essa forma de divinação não era mais usada. Ben Sira não via necessidade da divinação se havia a lei a seguir (33.3). O Talmude fala sobre o Urim e sobre o Tumim, mas não prevê suas restaurações aos cultos de Israel. Não há registro sobre seu uso no Segundo Templo nem no templo de Herodes. De acordo com os registros, Abiatar foi o último sumo sacerdote a usar essa forma de divinação (I Sam. 23.6-9; 28.6; II Sam. 21.1). Alguns intérpretes dizem que uma revelação superior pelos profetas (após o período do reino de Davi) tornou obsoletos o Urim e Tumim. Mas acho que esse modo de determinar as coisas era essencialmente inútil, e se não inútil, não muito confiável. De que vale algo se ele não funciona? Se funcionava e continuava a funcio­nar, provavelmente teria durado até o período dos profetas e formado um importante paralelo àquele ministério.

V. Significado EspiritualMesmo para as pessoas envolvidas em divinação, é mais diverti­

do como jogo do que eficaz para determinar as respostas a proble­mas difíceis e sérios. I Ching, por exemplo, parece funcionar por poaer psíquico, de forma que uma pessoa é capaz de fazer aparecer nexagramas que estão de acordo com suas expectativas ou desejos, mas que podem ser inúteis para resolver um problema. Ver o artigo sobre essa forma de divinação sob o título Livro de Mudanças, na Enciclopédia de Biblia, Teologia e Filosofia. Ben Sira estava correto quando colocou o estudo da lei acima do Urim e do Tumim. Para os cristãos há modos superiores de determinar o que fazer em qualquer dada circunstância e de determinar o desejo de Deus, em questões espirituais, do que qualquer forma de divinação. Por outro lado, é

simplista atribuir a Satanás a questão da divinação, embora, às vezes, o mal entra em algo mesmo tão simples quanto isso. Ver o artigo sobre Vontade de Deus, Como DescoDri-la na Enciclopédia de Bíblia, Teolo­gia e Filosofia.

URSONo hebraico, dob. É palavra que aparece por treze vezes no

Antigo Testamento (I Sam. 17:34; Jó 37; II Sam. 17:8; II Reis 2:24; Pro. 17:12; 28:15; Isa. 11:7; 59:11; Lam. 3:10; Dan. 7:5; Osé. 13:8; Amós 5:19). No grego é árktos, vocábulo que figura apenas em Apo. 13:2. A palavra hebraica quer dizer «peludo».

Muitos naturalistas modernos têm duvidado da existência de ur­sos na Síria e na África em qualquer temoo. Porém, as muitas refe­rências a esse animal, no Antigo Testamento, asseguram-nos que uma espécie de urso, ou mesmo diversas, existiam na Palestina nos tempos bíblicos. Atualmente, o urso aparece na Síria somente mui raramente, sempre nas regiões elevadas do Líbano, do Antilíbano e de Amano. Também algumas raras vezes podem ser encontrados em Basã, Gileade e Moabe. No entanto, o urso nunca é visto na porção ocidental da Palestina. A espécie em foco é o Ursus syriacus, que tem um pêlo acinzentado. É evidente que essa espécie já foi abundante na Palestina.

Idéias Extraídas das Escrituras. O urso é astuto (Lam. 3:10). O urso defende ruriosamente suas crias (II Sam. 17:8; Pro. 17:12). Tem muita força em suas patas (I Sam. 17:37). Metaforicamente há um provérbio bíblico de que alguém pode fugir de um leão, somente para ter de enfrentar um urso, correspondente ao provérbio brasileiro: «Se ficar o bicho peqa; se fugir o bicho come». (Amós 5:19; I Sam. 17:36). Esse provérbio bíblico sugere que o urso representava o pior dos dois perigos.

Hábitos. Os ursos são classificados como carnívoros; mas, na verdade, eles são onívoros, isto é, alimentam-se de grande varie­dade de coisas, incluindo plantas das mais variadas espécies, pei­xe, pequenos animais, etc. Também comem formigas abelhas e suas colméias, e até mesmo carne putrefacta. Os ursos usualmen­te evitam o homem e seus animais domésticos; mas, no fim do inverno e começo da primavera, após saírem de sua hibernação parcial, os ursos, muito famintos, podem lançar-se contra cs reba­nhos ovinos, nas terras baixas, que se alimentam da relva que ressurge (I Sam. 17:34). As ursas só têm filhotes uma vez por ano, dando até quatro crias de cada vez. Quando acompanhada por seus filhotes, qualquer ursa é perigosa (II Sam. 17:8). Um único golpe da pata de um urso pode esmagar a caoeça de um homem ou animal. (ID ND UN)

USO DO ANTIGO TESTAMENTO PELOS CRISTÃOS PRIMITIVOSEsboço:1. Ilustrações Desse Uso2. A Autoridade do Antigo Testamento3. Variações e Adaptações4. Rejeição de Posições Antigas5. A Autoridade Primária do Novo Testamento1. Ilustrações Desse UsoVer o artigo sobre Antigo Testamento, em seu quinto ponto, que

alude a citações diretas do Antigo Testamento, no Novo Testamento. Isso ilustra até que ponto a Igreja cristã primitiva lançava mão do Antigo Testamento. Ver o artigo intitulado Profecias Messiânicas Cum­pridas em Jesus. Ver também o artigo sobre a fórmula: Está Escrito. Essa fórmula foi muito usada para introduzir citações extraídas do Antigo Testamento no texto do Novo Testamento.

2. A Autoridade do Antigo TestamentoOs autores do Novo Testamento eram judeus piedosos (com a

única exceçã’' de Lucas, autor do evangelho de seu nome e do livro de Atos), quase todos de persuasão farisaica. Isso significa que eles acei­tavam (sem dúvida, incondicionalmente) o cânon palestino dos trinta e nove livros do Antigo Testamento. E talvez também aceitassem alguns

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U S O D O A N T IG O T E S T A M E N T O P E L O S C R IS T Ã O S P R IM IT IV O S 5415

livros apócrifos e pseudepígrafes, honrados pelos judeus dos tempos helenistas. Seja como for, é claro, no Novo Testamento, com suas muitas citações do Antigo Testamento, que os autores neotestamentários anelavam por fazer a fé cristã alicerçar-se sobre os fundamentos do Antigo Testamento. Autores do Novo Testamento, como Paulo, sempre quiseram apoiar as suas doutrinas com citações tiradas do Antigo Testamento. Isso não significa, porém, que a autoridade das revela­ções que produziram novas idéias fosse secundária, e que o Antigo Testamento fosse primário, mas significa que os autores do Novo Tes­tamento estavam firmemente convictos na continuação da porção es­sencial do judaísmo revelado na fé cristã. Esses autores conside­ravam-se judeus piedosos da primeira linha, ao passo que a corrente principal do judaísmo havia apostatado, por ter rejeitado ao seu próprio Messias. A declaração que se acha em II Tim. 3:16: «Toda Escritura é inspirada por Deus...» reflete a atitude padrão dos autores sagrados do Novo Testamento, no tocante ao Antigo Testamento. Os artigos referi­dos no primeiro ponto, acima, demonstram a extensão em que os autores do Novo Testamento usaram o Antigo Testamento como um documento autoritário. Mas, se ansiavam por ter o Antigo Testamento como autoridade basilar, não temiam ultrapassá-lo quanto a várias categorias importantes, especialmente no que diz respeito à cristologia (vide). Seus escritos tornaram-se uma segunda grande autoridade, de onde surgiu a nossa Bíblia, composta por Antigo e Novo Testamentos. É muito difícil acreditar que isso sucedeu por mero acaso. Ver o artigo geral intitulado Autoridade.

3. Variações e AdaptaçõesQualquer leitor sem preconceitos do Antigo e do Novo Testamentos

descobre que o Novo Testamento ultrapassa o Antigo Testamento e che­ga a contradizê-lo quanto a alguns pontos fundamentais. Assim, no Antigo Testamento, a justificação é pela fé e pelas obras. Mas Paulo alterou esse conceito para o sistema da graça-fé. Apesar de o trecho de Isa. 9:6 dar-nos uma previsão da cristologia, é impossível dizermos que o Antigo Testamento antecipava o amplo desenvolvimento do conceito do Cristo divino do Novo Testamento. O desenvolvimento das doutrinas do céu e do inferno não eram conceitos bem formados no Antigo Testamento, mas estão mais alicerçados sobre desenvolvimentos que aparecem nos livros apócrifos e pseudepígrafes do Antigo Testamento. O Novo Testamento tirou proveito de alguns conceitos desses livros no tocante a essas ques­tões e no tocante ao Messias de origem celeste, com algumas adições; isso produziu algumas doutrinas distintivamente cristãs. Ver o artigo so­bre I Enoque quanto a uma demonstração sobre essas declarações.

Quando buscamos apoio no Antigo Testamento, no tocante à auto­ridade, ou à continuação do judaísmo sob formas novas e mais eleva­das, então verificamos que, algumas vezes, os autores do Novo Testa­mento tiveram de fazer adaptações, produzindo variações que, sem dúvida, não concordavam com a exegese dos rabinos quanto às suas próprias Escrituras. Modernamente, chamaríamos essa atividade de «citação fora do conceito», pois foram feitas aplicações dos textos sa­grados, e não tanto uma exposição exegética dos mesmos, em um bom número de casos. Ou, poderíamos dizer, algumas vezes os auto­res do Novo Testamento fizeram eisegese, em vez de exegese. Ver os artigos sobre ambos esses termos. Paulo, para exemplificar, em G il. 4:22 ss, produziu uma alegoria na qual Hagar e o monte Sinai são vinculados entre si, para então as duas coisas representarem Jerusa­lém em sua apostasia. Então, contrastada a essa cidade, temos a Jerusalém celestial, a verdadeira mãe dos espirituais. Sem ouvida, os rabinos chegaram a reclamar ao lerem essas manipulações de suas Escrituras Sagradas.

Quatro tipos de atividades participaram dessa questão do uso de textos de prova do Antigo Testamento, a saber:

a. Um uso perfeitamente legítimo, incluindo muitas profecias messiânicas.

b. Eisegese, que empresta aos textos sagrados novos significa­dos que nenhum rabino teria antecipado.

c. Alegorização, ou seja, conferir aos textos sagrados sentidos simbólicos.

d. Seleção de textos de prova, com exclusão de outros. Em outras palavras, partes do Antigo Testamento foram levadas avante, mas outras partes foram deixadas para trás. A Epístola aos Hebreus fornece-nos um exemplo clássico quanto a isso. O sistema sacrifical inteiro do Antigo Testamento foi descontinuado, sendo substituído por Cristo e seu sacrifício expiatório. Apesar de que isso representa um ABC para a doutrina cristã, podemos imaginar a consternação que isso deve ter causado aos judeus ortodoxos nos dias de Paulo.

Isso posto, apesar de que todos os livros do Antigo Testamento foram reconhecidos no Novo Testamento como autoritários, como na clássica declaração de II Tim. 3:16, contudo, na realidade, uma boa porção do Antigo Testamento foi deixada de lado, deixando de ter qualquer autoridade sobre os cristãos. A questão da lei mosaica, em contraste com o sistema da graça-fé é um sistema que fere a vista. O sacerdócio levítico foi rejeitado, e um novo sacerdócio foi criado. Na verdade, o Novo e o Antigo Testamentos são radicalmente diferentes quanto a muitos pontos, apesar de que a autoridade do Antigo Testa­mento continua a ser reconhecida. Sem essa atividade, o Novo Tes­tamento não teria podido sobreviver. De fato, o Novo Testamento é muito mais do que mera modificação do Antigo Testamento. Antes, trata-se de algo radicalmente novo.

4. Rejeição de Posições AntigasA transição do Antigo para o Novo Testamento ilustra um im­

portante fato acerca da idéia inteira da inspiração das Escrituras. Apesar de a inspiração do Antigo Testamento ser defendida pelos escritores do Novo Testamento, contudo, na realidade, eles tiveram de crer que novas revelações fazem com que certas antigas reve­lações se tornem obsoletas, podenao até mesmo contradizê-las em termos nada indefinidos. Portanto, não é um princípio verídico aquele que diz que uma nova revelação precisa concordar com uma antiga revelação, a fim de ser válida. Uma nova revelação pode fazer mais do que suplementar. Pode até contradizer e tornar o antigo cbscle- to. A medida que for crescendo o conhecimento espiritual, teremos aí um processo natural. E chego a af irmar que isso sucede até mesmo no corpo do Novo Testamento, não meramente no Novo Testamento em relação ao Antigo Testamento. Assim, parece que Paulo tinha uma visão mais clara e completa sobre a justificação do que Tiago E certamente o ponto de vista do julgamento que emer­ge do relato sobre a descida de Cristo ao hades é mais lógico, esperançoso e abrangente do que a doutrina que fala em condena­dos a queimar para sempre, segundo se vê em alguns versículos do Novo Testamento, um conceito tomado por empréstimo dos livros pseudepígrafes Assim também quando Paulo escreveu so­bre os seus mistérios, ele foi além de outros escritores do Novo Testamento quanto a auestão. Não-havia necessidade de Paulo concordar com o que fora dito antes dele, visto que a revelação anterior nem ao menos abordava a essência de seus mistérios. Por isso mesmo, os mistérios paulinos não precisavam concordar com idéias preliminares sobre o mesmo assunto. O mistério da vontade de Deus, de que Paulo fala em Efé. 1:9,10, certamente, ultrapassa todos os demais pontos de vista no tocante ao que Deus, finalmen­te fará na redenção e na restauração da humanidade. Quanto a ilustrações sobre essas questões, ver os artigos Descida de Cristo ao Hades; Restauração; e Mistério da Vontade de Deus.

Portanto, faremos bem em ter uma visão dinâmica da revelação, e não uma visão estagnada. Há muitas coisas por serem reveladas ain­da; algum dia (embora não saibamos dizer quando), uma terceira revelação pode ultrapassar o nosso Novo Testamento, da mesma maneira que este ultrapassou o Antigo Testamento.

5. A Autoridade Primária do Novo TestamentoJesus Cristo e Paulo são ali as autoridades primárias. De fato,

deles é que emergiu o cristianismo bíblico. O Antigo Testamento serviu de pedra fundamental para o Novo Templo, embora não fosse o seu verdadeiro alicerce. Quando o Novo Testamento veio à existên­cia, houve a tendência de rejeitar o Antigo Testamento, o que se vê no

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5416 U T A — U ZÁ

caso dos mestres gnósticos, que abandonaram totalmente a auto­ridade do Antigo Testamento. Isso foi um exagero que os escrito res do Novo Testamento e que os primeiros pais da Igreja (vide) rejeitaram, com toda a razão. Porém não há que duvidar que o Novo Pacto foi realmente novo, e não mera graduação sobre o Antigo Pacto.

UTANo grego da Septuaginta, Outá. Ele aparece em I Esdras 5:30

como um israelita cujos filhos retornaram à Palestina, terminado o cativeiro babilónico, em companhia de Zorobabel. No entanto, esse nome é emitido nas passagens paralelas dos livros canônicos de Esdras (2:45) e de Neemias (7:48).

UTAINo hebraico, «Yahweh é a ajuda». Nas páginas do Antigo Testa­

mento há dois homens com esse nome, e, nos livros apócrifos, tam­bém há menção a um homem com esse aoelativo, a saber:

1. Um membro da familia de Judá, que retornou do exílio babilónico, para residir em Jerusalém. Seu nome ocorre ern I Crô. 9:4. Eie era filho de Amiúde, descendente de Perez. Ele viveu por volta de 536 A.C.

2. Um filho de Bigvai (Esd. 8:14), que fazia parte do grupo que viajou em companhia de Esdras, da Babilônia para Jerusalém, nos dias do rei persa Artaxerxes (Esd. 8:1). A caravana estacou no rio perto de Aava pelo espaço de três dias, a fim de permitir que Esdras recrutasse alguns levitas para se juntarem ao grupo que retornava a Jerusalém. Isso sucedeu em torno de 457 A.C.

Na literatura apócrifa há menção a um Uta>, cujos filhos teriam retornaao do cativeiro babilónico juntamente com Zorobabel. Ver I Esaras 5:30.

UTENSÍLIOSNo hebraicc kelim. Essa palavra indica qualquer coisa ou obje­

to material que oode ser manuseado ou carregado, como um ins­trumento, uma arma, um implemento agrícola, um vaso, um recep­táculo, etc. A palavra é repetidamente empregada, em nossa ver­são ponuguesa, para indicar vários itens usados no tabernáculo armado por Israel, no deserto, ou no templo de Jerusalém. Por exemplo, Êxo. 25:39; 27: 3,19; 30:27,28; 31:8,9; I Crô. 9:28,29; II Crô. 24:14-19.

ÚTEROVer sobre Órgãos Vitais, sexto ponto.

UVAVer sobre Vinha, Vinhedo.

UVAS BRAVASNo hebraico, beushim. Esse vocábulo hebraico ocorre exclusi­

vamente no livro de Isaías (5:2,4). Lemos ali: «...meu amado teve uma vinha num outeiro fertilíssimo...Ele esperava que desse uvas boas, mas deu uvas bravas... como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas?» Naturalmente, a alusão é ao rebelde povo de Israel. A tradução daquela palavra hebraica tam­bém ficaria correta como «uvas más». Isso indica aue o profeta acreditava que tanto existe uma vinha boa (a Vitis vinefera, segun­do seu nome científico moderno), quanto há uma vinha brava (ou Vitis orientalis). Esta última espécie produz uvas de pouco valor econômico. As uvas são negras, secas, pequenas e extremamente ácidas. Tal planta pode ser encontrada em vánas regiões ao redor do mar Mediterrâneo.

Na linguagem metafórica do profeta, pois, Deus não tinha mais proveito e utilidade para o povo de Israel. De fato, não demorou muito pa-a que o povo judeu fosse rejeitado, tendo seguido para o exílio.

UVAS SECASNo hebraico, enab yabesh, que aparece somente em Núm. 6:3.

Esse item aparece na lista de alimentos que os nazireus não tinham permissão de comer. Naturalmente, uvas secas não eram proibidas para a população em geral. Todos os produtos derivados da uva entravam nessa lista, durante todo o tempo da separação do nazireado (vs. 4).

UZNo hebraico, “firmeza”, presumivelmente de Uz, filho de Arã, filho

de Sem, e assim o território onde ele e seus descendentes viviam. Alguns dizem que o nome significa “consulta”. O Antigo Testamento contém três pessoas chamadas assim, além de um território.

1. Um filho de Arã (Gên. 10.23; i Crô. 1.17), neto de Sem. Viveu em torno de 2200 A. C.

2. Um filho de Naor por sua mulher Milca (Gên. 22.21). Sua época foi em torno de 2000 A. C.

3. Um filho de Disom da família de Seir, ancestral distinto dos horeus (Gên. 36.28), que viveu em torno de 1700 A. C.

4. A terra de Uz, onde dizia-se que Jó vivia (Jó 1.1). A Bíblia fornece várias observações que nos aiudam a localizar essa terra: era um país (território) localizado próximo aos sabeus e caldeus (Jó 1.1, 1517). Era acessível aos temanitas e naamitas (Jó 2.11). Os buzitas estavam relacionados a ela (jó 32.2). Os edomitas governa­ram o lugar em épocas passadas (Jer. 24.20; Lam. 4.21). Ficava próxima a um deserto (Jó 1.19). Teve vários xeques, chefes de tri­bos, povos semitas (Jer. 25.20, 23). Na terra de Uz ficava a colônia de Edom, que é uma “filha” do local (Lam. 4.21).

Além das observações da Bíolia, temos o testemunho de Josefo, que situava o lugar no nordeste da Palestina, dizendo “Uz fundou Traconites e Damasco” (Ant. 1.6.4). As tradições árabes estão de acordo com isso. Talvez o wadi Sirhan moderno, ao sul de Jebel ed Druz, seja situado no antigo território. Essa é uma grande depres­são rasa, parecida com uma pianície. de cerca de 300 km de exten­são e com uma média de 30 km de largura. Possui terra pastoril abundante, o que se ajusta a Jó 1.3. Há água suficiente para su­portar animais silvestres e domesticados, além de uma população humana razoável, especialmente se os povos envolvidos fossem tribos nômades de números pequenos de indivíduos. Os mapas da Zondervar Pictorial Encyclopedia of the Bible localizam Uz próximo a Damasco, mas o wadi Sirhan, a leste do mar Morto, oe forma que contradiz os aspectos das informaçoes dadas acima. A localização a leste dc- nar Morto parece ser mais lógica. Ver as anotações sobre Jó 1.3 no Antigo Testamento Interpretado, que aumentam as informações.

5. Servos do templo (escravos) chamados netinins, eram repre­sentados entre os exilados que retornaram a Jerusalém após o cati­veiro babilónico. Um deles era chamado de Uz (Esd. 2.49; Nee. 7.51). Ele viveu em torno de 536 A. C.

UZÁNo hebraico, esse nome aparece com ouas grafias levemente

diferentes, mas ambas com o sentido de «força». Há quatro persona­gens com esse nome, nas páginas do Antigo Testamento:

1. Um filho de Abinadabe e irmão de Aiô. Seu nome aparece por oito vezes, em II Sam. 6:3,6-8; I Crô. 13:7-9-11. Uzá morreu quando tocou na arca da aliança, quando esta estava sendo trans­portada da casa de seu pai, Abinadabe, para Jerusalém. Davi, de­sejando aumentar o prestigio de Jerusalém, que ele escolhera como capital do seu reino, resolveu trazer para ali a arca da aliança, que tempos antes fora devolvida oelos filisteus e ficara na casa de Abinadabe. Os filhos deste, Uzá e Aiô, puseram a arca em um carro puxado por bois. Mas, a certa altura do trajeto, parece que os animais tropeçaram, a carroça balançou e a arca deve ter ameaça­do tombar. Uzá estendeu a mão para segurar a arca e no mesmo instante, foi morto misteriosamente. A morte dele foi atribuída à vio­

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U ZA I — U Z IA S , O REI 5417

lação do caráter sagrado da arca. O incidente deixou Davi profunda­mente abalado, e ele cancelou imediatamente o seu plano de levar a arca até Jerusalém. Em vez disso, a arca foi depositada na residência de Obede-Edom. E o rei apelidou o local de Perez-Uzá, «irrompimento contra Uzá», sem dúvida, devido ao fato de que o Senhor irrompera, em sua ira, contra Uzá, por causa da irreverência deste (II Sam. 6:7,8). E assim a arca da aliança ficou na casa de Obede-Edom por três meses, antes de ser, finalmente, levada pare Jerusalém (ver II Sam. 6:12 ss). Uzá, pois, era contemporâneo de Davi.

2. Um dos descendentes de Merari, filho de Levi, também se cha­mava Uzá (I Crô. 6:29). Uzá foi um dos homens a quem Davi encarre­gou do sen/iço dos cânticos da casa do Senhor, depois que a arca da aliança foi transportada para Jerusalém (I Crô. 6:31). Portanto, ele também foi um dos contemporâneos de Davi.

3. O proprietário de um jardim, onde Manassés e Amom, reis de Judá, pai e filho, foram sepultados (II Reis 21:18,26). Ao que parece, aquele jardim havia pertencido a esse homem, Uzá, acerca de quem só sabemos o nome. Ali encontrava-se a residência desses dois reis de Judá, provavelmente, adquirida por compra, embora não tenhamos informação alguma a esse respeito, nas Escrituras. Trata-se apenas de uma conjectura. Portanto, nada mais se pode dizer sobre esse Uzá, e nem sobre a época em que ele viveu, a não ser que deve ter sido da época de Manassés para trás, ou seja, antes de 680 A.C.

4. Um dos servos do templo, ou netinins, que retornou do exílio babilónico para Jerusalém. Seu nome aparece por duas vezes na Bíblia, em Esd. 2:49 e em Nee. 7:51. Viveu por volta de 536 A.C.

UZAINo hebraico, «esperado». Esse era o filho de um homem de

nome Palal, que ajudou Neemias no reparo das muralhas de Jerusa­lém (Nee. 3:25). Ele viveu por volta de 445 A.C.

UZALNo hebraico “andarilho”, embora alguns pensem que o nome seja

de significado incerto.1. Tabela das nações. Ver Gên. 10.27 e I Crô. 1.21. Em vista

está o sexto dos treze filhos de Joctã. Ele, por sua vez, era trineto de Sem, filho de Noé. Provavelmente Joctã foi um dos fundadores das tribos árabes. De qualquer forma, Uzal foi um líder de uma tribo do deserto, mas é impossível atribuir certa data a ele.

2. Uma tribo. Uma tradição árabe conta-nos que Uzal era o nome original de Sanaa, a capital do lêmen no sudoeste da Arábia.

3. Ou, talvez, Uzal seja Azala, que ficava na vizinhança de Medina. O nome desse local é mencionado nos registros do rei assírio Assurbanipal, quando eles falam sobre suas campanhas contra os nabateus. Junto com essas informações ele menciona duas cidades principais do território, larqui e Hurarina, que são nomes semelhantes aos de Joctã, mencionado em Gên. 10.26, 27, isto é, Jerá e Adorão. Ver sobre Nabateus neste Dicionário.

4 .0 local associado a Veda e Java, na versão revisada de Almeida da Imprensa Bíblica Brasileira em Eze. 27.19. Vedão, Java e Uzal eram três pontos de parada para romeiros a caminho de Meca e Medina.

5. Talvez Sanaã, da metrópole de lêmen, marque o local antigo.

UZÉM-SEERÁNo hebraico, «ponto de Seerá». Esse era o nome de uma das três

aldeias edificadas por Seerá. uma mulher que aparece como filha ou descendente de Efraim, filho de José (I Crô. 7:24). Alguns estudiosos pensam haver identificado a aldeia desse nome, que seria a moderna Beit Sira. Mas outros eruditos preferem pensar que não se sabe a localização de nenhuma das três vilas fundadas por Seerá. Além de Uzém-Seerá, ela também fundou a Bete-Horom de baixo e a Bete-Horom de cima. Uzém-Seerá ficaria a três quilômetros a sudoes­te de Bete-Horom. Ver os artigos sobre Seerá e sobre Bete-Horom.

UZINo hebraico, “minha força” ou “forte” , o nome de sete pessoas do

Antigo Testamento, que listo em ordem cronológica.1. Um filho de Tola e neto de Issacar. Ele, juntamente com seus

irmãos, liderava a tribo de Issacar e era conhecido por suas habilida­des militares, sendo um “poderoso guerreiro” (I Crô. 7.2). Viveu no século 16 A. C.

2. Um filho de Bela e neto de Benjamim. Foi líder da tribo de Benjamim, conhecido por suas habilidades de guerreiro (I Crô. 7.2). Sua época foi em torno de 1600 A. C.

3. Um filho de Buqui (o sacerdote) e pai de Zaraías, ancestral distante de Esdras (I Crô. 6.5, 6, 51; Esd. 7.4). É difícil localizá-lo no tempo.

4. Um filho de Micri e pai de Elá. Ele era da tribo de Benjamim e estava entre os exilados que conseguiram retornar a Jerusalém após o cativeiro babilónico (I Crô. 9.8). Sua época foi em tomo do século 6 A. C.

5. Um filho de Bani, líder dos levitas após o retorno dos exilados do cativeiro babilónico (Nee. 11.22). Viveu na época de Neemias, em torno de 445 A. C.

6. Líder de uma família de sacerdotes, descendente de Jedaías. Era um sacerdote importante quando Jeoaquim, o sumo sacerdote, tomou parte na cerimônia da dedicação da reconstrução dos muros de Jerusalém (Nee. 12.19, 42). Viveu em torno de 445 A. C.

7. Um levita que participou na cerimônia da rededicação dos muros de Jerusalém que haviam sido reconstruídos após o cativeiro babilónico (Nee. 12.42). A época era em torno de 445 A. C. É possí­vel que os números 6 e 7 se refiram à mesma pessoa.

II Esd. 1.2 menciona outro homem por esse nome, que era o pai de Ama e um ancestral de Esdras.

UZIANo hebraico, «minha força é Yahweh». Esse foi o nome de um

homem, da cidade de Astarote, alistado entre os «heróis guerreiros» de Davi (I Crô. 11:44). Viveu por volta de 1048 A.C.

UZIASNome de cinco personagens do Antigo Testamento. Esse nome

significa «Yahweh é forte» ou «a força de Yahweh». Um deles foi um dos reis de Judá.

1. Um filho de Uriel, um coatita. Seu nome figura somente em I Crô. 6:24. Viveu em cerca de 1100 A.C.

2. O pai de Jônatas, que tomava conta dos teso u ro s do rei, nos campos, nas cidades, nas aldeias e nos castelos, nos dias de Davi. Seu nome só figura Dor uma vez em toda a Bíblia, isto é, em I Crô. 27:25. Deve ter vivido p o r volta ae 1050 A.C.

3. Um dos sacerdotes que voltou do cativeiro babilónico e que sehavia casado no exílio com uma mulher estrangeira, tendo tido de divorciar-se dela, de acordo com o pacto firmado por todo o povo de Israel. Ver tsd . 10:21. Viveu em cerca de 445 A.C.

4. O Dai de Ataías, que veio residir em Jerusalém terminado ocativeiro babilónico. Ver Nee. 11:4. Viveu por volta de 445 A.C.

UZIAS. O REII. Nome e FamíliaII. CronologiaIII. Observações HistóricasIV. ArqueologiaV. Doença e MorteI. Nome e FamíliaSeu nome significa “Yahweh é força”, que alguns interpretam

como “Yahweh é minha força”. Em algumas passagens, ele é chama­do de Azarias, que pode ser uma forma longa da outra, ou um errode escriba. Ver II Reis 14.21; 15.1, 6, 8, 17, 27.

Ele era filho de Amazias, rei de Judá. Quando foi assassinado, Uzias tomou seu lugar, tornando-se o décimo rei daquela nação. Ele tinha apenas 16 anos de idade quando assumiu o poder. Sua

Page 14: 0 ANTIGO TESTAMENTO INTERPRETADO · 2017-11-11 · texto hebraico sem alterar qualquer consoante, resultando naquilo que encontramos em nossa versão portuguesa, que acompanha ver

5418 U Z IA S , O R E I — U Z IE L

época de reinado foi 781 A. C. a 740 A. C. Como se pode ver, ele ficou muito tempo no poder.

II. CronologiaHá problemas cronológicos, considerando-se que parece que esse

homem foi co-regente com seu pai durante um longo tempo antes de tomar-se rei. Isso dificilmente permitiria uma condição em que ele se tomaria rei em seus próprios direitos, aos 16 anos de idade. Os intérpre­tes caem em contorções ao tentar explicar as observações bíblicas e não posso fazer nada melhor do que informar ao leitor aquilo que diz a Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible sobre o assunto:

“Uzias provavelmente foi co-regente com Amazias por muitos anos. As evidências estão em II Reis: 1.) 14.23, que o reino de Jeroboão durou 41 anos; 2.) 15.1, que Uzias se tomou rei (implicando que seu pai morreu) no 27° ano de Jeroboão; 3.) 15.8, de que o reino Jeroboão terminou no 38° ano de Uzias. Da rebelião de Jeú em 841 A. C., através dos reinos de Atalia, Joás e Amazias, a data da morte do último pode ser determinada em 768-767 A. C. Com base nisso, Uzias começou a contar seus anos de 792-791 A. C. e morreu em 740-739.” Albright dá seu período de reina em torno de 783-742 A. C.

III. Observações HistóricasUm breve resumo:1. No início ele regeu com justiça (II Reis 15.3; II Crô. 26.4, 5).2. Ele derrotou com êxito os filisteus e os árabes (II Crô. 26.7).3. Ele fortificou e fortaleceu Judá significativamente (II Crô. 26.9,15).4. Seu orgulho o corrompeu (II Crô. 21.23).5. Por causa de sua atitude arrogante, ele foi julgado com “lepra”

e teve de viver isolado do povo até sua morte (II Reis 15.6, 7). O saraat hebraico, muitas vezes traduzido como lepra, de fato era um termo geral que incluía muitas doenças de pele e mesmo a verrugas que penetravam nas roupas. Sem dúvida, a lepra é um de seus significados.

Alguns detalhes:1. Depois oo assassinato de seu pai, o rei Amazias, Uzias assumiu

o trono (II Reis 14.21), cerca de 783 A. C. Ver o ponto 2. Cronologia.2. Ele teve sucesso em derrubar os inimigos de seu pai, come­

çando com os edomitas (II Reis 14.22; II Crô. 26.1).3. Outras guerras de sucesso foram realizadas no sui, especial­

mente com as tribos árabes e os filisteus (II Crô. 25.7). Ele fundou cidades fortificadas novas no território dos filisteus.

4. Ele fortificou Jerusalém; foi um sério promotor da agricultura; reteve seus cultos a Yahweh, sendo influenciado pelo profeta Zacarias (II Crô. 26.5, 9, 10).

5. Jerusalém e sua região sofreram poderoso terremoto em sua época, o que causou medo e distúrbios sociais (Amós 1.1; Zac. 15.4).

6. II Crô. 26 revela que ele foi um dos reis mais energéticos e bem- sucedidos de Judá.

7. Ele assumiu a liderança de uma coalizão de reis para bloquear o avanço assírio do norte sob Tiglate-Pileser III (ver o artigo). Esse esforço, contudo, não obteve êxito. O poder assírio derrotou Arã e Israel, e Judá teve de se contentar com guardar sua própria seguran­ça e independência. Os registros (anais) do rei assíric falam de seu ataque a Azriyau e Yauda, que alguns estudiosos pensam referir-se a Uzias (Azarias) e Judá, mas uma interpretação alternativa relacicna

esses nomes com o estado do norte da síria, Ydi, que é mencionado em inscrições aramaicas.

IV. ArqueologiaTalvez a questão de Tiglate-Pileser III, mencionada acima, qualifique

como confirmação arqueológica a relação de Uzias com aquele poder, mas isso foi questionado, como explicado. Uma pedra encontrada fala do reenterro de Uzias em Jerusalém. A inscrição está em aramaico, mas em letras como as comuns às inscrições hebraicas. O texto diz: “Para esse local os ossos de Uzias, o rei de Judá, foram trazidos. Não abra”. Sua data é o primeiro século, quando Jerusalém estava passando sob expan­são sob Herodes, e todos os túmulos, exceto as tumbas dos reis, foram movidas para fora dos muros da cidade. Como Uzias tinha lepra, seu corpo não foi enterrado nas tumbas reais.

V. Doença e MorteCom o orgulho elevado por causa de suas muitas vitórias que

deram a ele uma carreira distinta, Uzias decidiu celebrar e queimar incenso no altar no templo. O sumo sacerdote fazia oposição a ele e isso com a ajuda de vários outros. O rei ficou muito bravo com a resistência a ele, um grande hcmem, e seguiu adiante com sua idéia. Repentinamente foi atingido pela lepra. Sua condição exigia isola­mento, e assim acabou a carreira de um grande homem. Quando morreu, ele não foi enterrado nas tumbas dos reis (II Crô. 26.23). A história de sua enfermidade e morte é contada em II Reis 15.5-7 e II Crô. 26.16-23. Certamente, a palavra hebraica saraat, tão comumente traduzida por “lepra”, pode significar diversas doenças da pele e até mesmo fazer referência a verrugas que entram nas roupas. Portanto, nunca poderemos ter certeza se a lepra real é a o que o termo refere nesse caso, embora, sem dúvida, âs vezes seja.

UZIELNo hebraico, “Deus é força”, que alguns interpretem como “Deus

é minha força”. Seis pessoas do Antigo Testamento tinham esse nome. Listo essas pessoas em ordem cronológica:

1. Um filho de Bela e neto de Benjamim. Ele e seus irmãos eram líderes da tribo de Judá e poderosos guerreiros (I Crô. 7.7). Ele viveu em algum momento no século 16 A. C.

2. Um filho de Coate e neto de Levi. Um descendente dele, chamado pelo mesmo nome, foi tio de Moisés e Arão. Então outro homem com o mesmo nome foi proeminente na época de Davi, o rei. Ver as Escrituras a seguir, que falam dessas pessoas: Êxo. 6.18, 22; Lev. 10.4; Núm. 3.19, I Crô. 6.2; 15.10; 23.23, 30; 24.24. O primeiro desse grupo viveu no século 16 A. C.

3. Um músico, filho de Hemã, que cooperou com o ministério musicai de Davi (I Crô. 25.4). Esses músicos eram profissionais que desenvolveram habilidades com diversos instrumentos como a lira, a harpa, o címbalo, e alguns compunham música apropriada para os cultos no tabernáculo e, mais tarde, para o templo. A época desse homem foi em torno de 1000 A. C.

4. Um filho de Isi da tribo de Simeão. Ele e seus irmãos lideraram um grupo de 500 homens que afugentaram os amalequitas do monte Seir em uma batalha decisiva ali ocorrida. Com tal vitória, os simeonitas consegui­ram aumentar seu território. Eles habitaram a terra conquistada na época de Ezequias, o rei (I Crô. 4.42). A época foi em tomo de 700 A. C.