Download - Documento do Banco Mundial -  · Documento do Banco Mundial APENAS PARA USO OFICIAL Relatório nº. 62982-BR BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOCUMENTO DO

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Documento do

Banco Mundial

APENAS PARA USO OFICIAL

Relatório nº. 62982-BR

BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DOCUMENTO DO PROGRAMA PARA UM EMPRÉSTIMO PROPOSTO

NO MONTANTE DE US$ 700 MILHÕES

AO ESTADO DA BAHIA

COM GARANTIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

PARA O

DPL DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PARA O CRESCIMENTO INCLUSIVO

NA BAHIA

25 de maio de 2012

Unidade de Política Econômica

Unidade de Gestão de País – Brasil

Região da América Latina e do Caribe

Este documento é de distribuição restrita e só pode ser usado por quem recebê-lo no

desempenho de suas funções oficiais. O conteúdo deste documento não pode ser divulgado

sem a autorização do Banco Mundial.

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Brasil – Exercício

1 de janeiro – 31 de dezembro

EQUIVALÊNCIA MONETÁRIA

(Taxa de Câmbio em 18 de maio de 2012)

Unidade Monetária = Real (R$)

R$ 1,00 = US$ 0,4958

US$ 1,00 = R$ 2,0166

ABREVIATURAS E SIGLAS

ACP Apropriação de Custos Públicos Public Cost Administration System

AGE Auditoria Geral do Estado Internal Audit Department

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento Inter-American Development Bank

BIRD Banco Internacional para Reconstrução e

Desenvolvimento

International Bank for Reconstruction and

Development

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico

e Social

National Economic and Social Development

Bank

CEF Caixa Econômica Federal Caixa Econômica Federal

CFAA Avaliação do Sistema de Gerenciamento

Financeiro do País

Country Financial Accountability

Assessment

CPAR Relatório da Avaliação do Sistema de Aquisições

do País

Country Procurement Assessment Report

CPS Estratégia de Parceria com o País Country Partnership Strategy

CRA Centro de Referência de Assistência Social Social Assistance Reference Center

DERBA Departamento de Estradas de Rodagem do Estado

da Bahia

Bahia Road Agency

DPGE Deposito a prazo com garantia especial Certificates of Deposit Guaranteed by the

Deposit Guarantee Fund

DPL Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento Development Policy Loan

FEP Fundo de Estruturação de Projetos Project Structure Fund

FGC Fundo Garantidor de Créditos Deposits Guarantee Funds

FIPLAN Sistema Integrado de Gestão Financeira Government Financial Management Information

System

FMI Fundo Monetário Internacional International Monetary Fund

FPE Fundo de Participação dos Estados State’s Participation Fund

Fundeb Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da

Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação

Brazilian Campaign for the Right to Education

in the creation of the Basic Education Fund

GFP Gestão das finanças públicas Public Financial Management

GFS Estatísticas das Finanças Públicas Government Finance Statistics

HR Recursos Humanos Human Resources

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Brazilian Institute of Geography and Statistics

ICMS Impostos Sobre Circulação de Mercadorias e

Prestação de Serviços

Taxes on Goods and Services

IFC Corporação Financeira Internacional International Finance Corporation

IFRS Normas Internacionais de Informação Financeira International Financial Reporting Standards

IGD-M Índice de Gestão Descentralizada Municipal Index of Decentralized Management Efficiency

of the Municipalities for Bolsa Família and

CadÚnico

IGP-DI Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna General Price Index – Domestic Availability

i

IGP-M Índice Geral de Preços do Mercado General Market Prices Index

IOF Imposto sobre Operações Financeiras Taxes on financial transactions

IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Extended National Consumer Price Index

IPSAS Normas Internacionais de Contabilidade do Setor

Público

International Public Sector Accounting

Standards

IPVA Imposto Sobre a Propriedade de Veículos

Automotores

Motor Vehicle Tax

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal Fiscal Responsibility Law

PIB Produto interno bruto Gross Domestic Product

PMI Procedimento de Manifestação de Interesse Expression of Interest Process

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar National School Feeding Program

PPA Plano Plurianual Multi-year Plan

PPP Parcerias público-privadas Public-private Partnerships

PROMOSEFAZ Programa de Modernização da Secretaria da

Fazenda

Secretariat of Finance Modernization Program

PSF Programa Saúde da Família Family Health Program

PSF Programa Saúde da Família Family Health Program

PSIA Análise do Impacto Social e sobre a Pobreza Poverty and Social Impact

RLC Receita líquida corrente Net Current Revenue

RLL Receita líquida real Net Real Revenue

SEDIR Secretaria de Desenvolvimento e Integração

Regional do Estado da Bahia

State Secretariat for Development and Regional

Integration

SEFAZ Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia State Secretariat of Finance

SEPLAN Secretaria do Planejamento do Estado da Bahia Secretariat of Planning of the State of Bahia

SFC Secretaria Federal de Controle Interno Federal Secretariat of Internal Control

STN Secretaria do Tesouro Nacional National Treasury Secretariat

SUS Sistema Único de Saúde Unified Health Services

TAL Empréstimo de Assistência Técnica Technical Assistance Loan

TCU Tribunal de Contas da União Court of Accounts of the Nation

TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo Brazil Long-term Interest Rate

TMI Taxa de Mortalidade Infantil Infant Mortality Rate

TR Taxa Referencial Reference rate

UPR Unidade Padrão de Referência Standard Reference Unit

VAT Imposto sobre o valor agregado Value Added tax

Vice-Presidente:

Diretora para o País:

Diretor de Setor:

Gerente de Setor:

Líder de Setor:

Líder do Grupo de Trabalho:

Hasan A. Tuluy

Deborah L. Wetzel

Rodrigo A. Chaves

Auguste Tano Kouame

Pablo Fajnzylber

Yaye Seynabou Sakho

ii

BRASIL

DPL DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PARA O CRESCIMENTO INCLUSIVO NA BAHIA

SUMÁRIO

SÍNTESE DO EMPRÉSTIMO E DO PROGRAMA ............................................................................................... 1

I. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 4

II. CONTEXTO DO PAÍS ...................................................................................................................................... 6

EVOLUÇÃO ECONÔMICA RECENTE DO BRASIL ........................................................................................... 6

PANORAMA MACROECONÔMICO ATUAL .................................................................................................... 11

EVOLUÇÃO SOCIOECONÔMICA RECENTE NO ESTADO DA BAHIA ........................................................ 14

III. O PROGRAMA DO GOVERNO E OS PROCESSOS PARTICIPATIVOS ............................................. 22

O PROGRAMA DO GOVERNO .................................................................................................................................... 22

IV. APOIO DO BANCO AO PROGRAMA DO GOVERNO ............................................................................ 33

JUSTIFICATIVA PARA O ENVOLVIMENTO DO BANCO E CONEXÃO COM A ESTRATÉGIA DE

PARCERIA COM O PAÍS (CPS) ........................................................................................................................... 33

COLABORAÇÃO COM O FMI E OUTROS DOADORES .................................................................................. 33

ESCOLHA DO INSTRUMENTO E RELAÇÃO COM OUTRAS OPERAÇÕES DO BANCO ............................ 34

FUNDAMENTOS ANALÍTICOS .......................................................................................................................... 36

LIÇÕES EXTRAÍDAS ........................................................................................................................................... 39

V. O EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO PROPOSTO ................................. 40

DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO ............................................................................................................................. 40

ÁREAS DE POLÍTICA .......................................................................................................................................... 44

VI. IMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO ........................................................................................................ 62

IMPACTO SOCIAL E SOBRE A POBREZA ........................................................................................................ 62

ASPECTOS AMBIENTAIS ................................................................................................................................... 65

IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO ............................................................................. 67

ASPECTOS FIDUCIÁRIOS .................................................................................................................................. 68

DESEMBOLSO E AUDITORIA ............................................................................................................................ 70

RISCOS E MITIGAÇÃO DE RISCOS ................................................................................................................... 70

ANEXO 1: CARTA DE INTENÇÕES SOBRE A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO .................. ERROR!

BOOKMARK NOT DEFINED.

ANEXO 2: MATRIZ DE POLÍTICAS DO GOVERNO DA BAHIA – INDICADORES DE RESULTADO

...................................................................................................................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

ANEXO 3: VISÃO GERAL DO PAÍS ..................................................................................................................... 97

ANEXO 4: ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE FISCAL E DA DÍVIDA ...................................................... 95

ANEXO 5: ANÁLISE DO IMPACTO SOCIAL E SOBRE A POBREZA (PSIA)............................................ 117

ANEXO 6: MAPA ................................................................................................................................................... 141

iii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. BRASIL. PRINCIPAIS INDICADORES E PROJEÇÕES MACROECONÔMICOS, 2005–15 ............. 8

TABELA 2. COMPOSIÇÃO DAS RECEITAS DE TRANSFERÊNCIAS, 2004–10 ................................................ 20

TABELA 3. EVOLUÇÃO DOS INDICADORES DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL, 2004–10 ........... 21

TABELA 4. FUNDAMENTOS ANALÍTICOS .......................................................................................................... 38

TABELA 5. SÍNTESE DOS OBJETIVOS DA OPERAÇÃO PROPOSTA, ÁREAS DE POLÍTICAS E AÇÕES

PRÉVIAS ................................................................................................................................................... 42

TABELA 6. SÍNTESE DOS OBJETIVOS DA OPERAÇÃO PROPOSTA, ÁREAS DE POLÍTICAS E AÇÕES

PRÉVIAS – DESEMBOLSO DA SEGUNDA PARCELA ...................................................................... 43 TABELA 7. RISCOS RELACIONADOS AO SUBCOMPONENTE SETORIAL FORNECIDO PELO DPL ......... 73

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. CRESCIMENTO, POBREZA E COEFICIENTE DE GINI NA BAHIA ............................................... 15

FIGURA 2. TAXA DE CRESCIMENTO DO PIB DA BAHIA ................................................................................. 17

FIGURA 3. EVOLUÇÃO DAS RECEITAS, DESPESAS E SALDOS FISCAIS NO ESTADO DA BAHIA .......... 18

FIGURA 4. NÚMERO TOTAL DE DESASTRES POR ANO .................................................................................. 28

LISTA DE CAIXAS

CAIXA 1. O FEDERALISMO FISCAL BRASILEIRO E O CONTROLE DO DESEMPENHO FISCAL

SUBNACIONAL .......................................................................................................................................... 13

CAIXA 2. VÍNCULOS COM AS OPERAÇÕES EXISTENTES............................................................................... 39

CAIXA 3. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DE BOAS PRÁTICAS RELATIVAS À CONDICIONALIDADE

PARA O DPL DA BAHIA PROPOSTO ...................................................................................................... 40

O documento Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento: Desenvolvimento

Socioeconômico para o Crescimento Inclusivo no Estado da Bahia foi elaborado por uma equipe

do BIRD composta por Yaye Seynabou Sakho, Roland Clarke, Pablo Fajnzylber, Rafael Barroso,

Michael Drabble, Anna Fruttero, Maria Madalena dos Santos, Luis Felipe Lopez-Calva, Edward

Bresnyan, Erik Alda, Miriam Muller, Carlos Costa, Gregoire Gauthier, Sivan Tamir, Taimur

Samad, Arturo Herrera, Evelyn Levy, Joseph Kizito, Fernando Lavadenz, Edith Kikoni, Ezau

Pontes, Alberto Costa, Jorge Jatoba, Paulo Santos, Rogerio Santarrosa, Florencia Liporaci, Cindy

Audiguier, Antonio Velandia, Miguel Navarro Martin, Marcela Santacoloma, Andresa

Lagerborg, Patricia Miranda, Silvana Feitosa Hill, Patricia Chacon Holt, Miguel Santiago de

Oliveira e Ana Lucia Armijos.

1

SÍNTESE DO EMPRÉSTIMO E DO PROGRAMA

BRASIL

EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO: DESENVOLVIMENTO

SOCIOECONÔMICO PARA O CRESCIMENTO INCLUSIVO NA BAHIA

Mutuário Estado da Bahia

Executor do Projeto Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia

Dados do Financiamento US$ 700 milhões. Compromisso vinculado a um Empréstimo Flexível do BIRD com spread

variável, amortização em cotas iguais e 30 anos de vencimento final.

Tipo de Operação Duas parcelas de US$ 350 milhões.

Principais Áreas de

Política

A operação proposta apoiará medidas de política nas seguintes áreas:

• Melhoria da inclusão social e produtiva (equidade)

• Desenvolvimento da infraestrutura social, física e institucional para o desenvolvimento sustentável

(eficiência)

• Reforço do planejamento e gestão do setor público (governança)

Principais Indicadores de

Resultado Melhoria da inclusão social e produtiva (equidade)

Educação

O número de termos de cooperação assinados pelo Estado com os municípios sobe de 217 em

2011 para 329 em 2013.

Saúde

Aumento na proporção de gestantes registrada por equipes de atenção básica, de um valor de

referência de 46,67% em 2010 para uma meta de 50% até 2014.

Inclusão produtiva:

Aumento do número de produtores rurais que se beneficiam de assistência técnica no âmbito do

Programa Estadual de Inclusão Produtiva, de um valor de referência de zero para uma meta de

150 mil produtores até 2014.

Inclusão social:

Aumento de 20% no registro de famílias nos Centros de Referência de Assistência Social e no

Cadastro Único, nos 50 municípios mais vulneráveis (de IGD-M mais baixo) entre 2011 e 2014.

Criminalidade e violência:

Aumento do número de municípios prioritários que receberam programas/intervenções de

prevenção por meio de iniciativas do subcomitê para a prevenção da criminalidade e da violência

através do desenvolvimento social (CSPS), de um número de referência de 4 municípios em 2011

para uma meta de 20 municípios até 2014.

Gênero

O Grupo de Gestão Integrada para o Gênero está em plena operação, conforme indicado pelo

aumento do número de termos de cooperação setoriais firmados e implementados entre a

Secretaria de Políticas para as Mulheres e outras secretarias para incorporar as questões de gênero

nos programas do Estado, de um número de referência de “1” acordo com a Secretaria de

Agricultura para uma meta de pelo menos cinco termos de cooperação setoriais firmados até

dezembro de 2014.

Desenvolvimento da infraestrutura social, física e institucional para o desenvolvimento

sustentável (eficiência)

Gerenciamento de riscos e desastres

A política de gerenciamento de riscos e desastres do Estado da Bahia está em operação, conforme

indicado: (i) por cinco nós regionais estabelecidos e capacitados até dezembro de 2014; (ii) pela

realização do mapeamento de riscos em duas áreas-piloto e (iii) pelo treinamento de 10 brigadas

voluntárias estabelecidas por conta própria até dezembro de 2014.

Transportes

O Comitê Assessor publica três resoluções até 2014.

Reforço do planejamento e gestão do setor público (governança)

Planejamento e orçamento

Redução do número de modificações do orçamento dentro do exercício em pelo menos 75%, de

um valor de referência de 7000 modificações em 2010).

2

Gestão dos recursos financeiros e humanos

Elaboração e prestação de contas do orçamento feitas com base nas IPSAS;

Todo o pessoal das Secretarias de Saúde e de Segurança Pública está plenamente documentado no

novo sistema de RH.

Administração tributária

Arrecadação de tributos em atraso como porcentagem da receita tributária cresce de um valor de

referência de 1,02% em 2010 para uma meta de 1,8% em dezembro de 2014.

PPPs

Participação do setor privado em dois ou mais procedimentos de manifestação de interesse (PMI)

em estágios iniciais do projeto.

Objetivo(s) de

Desenvolvimento do

Programa e Contribuição

para a Estratégia de

Parceria com o País

(CPS)

O objetivo da operação proposta é apoiar o programa do Estado da Bahia para reduzir a

desigualdade social, tornar a infraestrutura institucional e a logística mais eficientes e fortalecer a

gestão do setor público. A operação proposta é plenamente compatível e está intimamente

relacionada com os objetivos da nova Estratégia de Parceria com o Brasil para o período 2012–15,

que enfatiza a redução da pobreza extrema, da vulnerabilidade e da exclusão, a promoção do

crescimento por meio do uso sustentável dos recursos e a melhoria da competitividade como pilares

centrais para alcançar o desenvolvimento sustentável e o crescimento inclusivo.

Riscos e Mitigação de

Riscos

A operação está sujeita a três riscos principais:

Os riscos econômicos e fiscais internos estão relacionados a várias fontes de variabilidade das

receitas e despesas. Esses riscos decorrem da forte dependência da receita do ICMS, a qual está

sujeita a flutuações macroeconômicas no Brasil e nos seus parceiros comerciais (Europa, EUA,

China). Além disso, a Bahia é vulnerável à redução das transferências do Fundo de Participação dos

Estados (FPE) — uma importante fonte de receita — em virtude de uma reforma na esfera federal.

A Bahia também é vulnerável a desastres naturais, como as atuais secas e enchentes que afetam as

plantações e, por extensão, as receitas. Os desafios no lado da despesa abrangem (i) a contenção das

despesas correntes — como a remuneração de empregados (salários e pensões) e o consumo de bens

e serviços — e (ii) o controle dos custos dos grandes projetos de investimento e dos grandes

programas sociais, inclusive os associados à resposta a desastres naturais. Os riscos associados à

variabilidade das receitas e despesas são atenuados (i) pelo quadro de responsabilidade fiscal, que

monitora o endividamento do Estado e estabelece as metas fiscais correspondentes; (ii) pelo

compromisso do Estado com a disciplina fiscal; (iii) pelo aumento da arrecadação do Estado nos

últimos quatro anos graças ao forte crescimento, às importantes reformas para aumentar a eficiência

e ao compromisso do Governo do Estado com a implementação de outras reformas fiscais; (iv) pelas

reformas apoiadas por esta operação para melhorar a eficiência do planejamento dos investimentos

públicos, a definição de custos, o sistema de gestão das finanças públicas e o desempenho das

receitas; e (v) pela reforma apoiada por este DPL para ampliar a capacidade institucional para

aumentar a eficácia da prevenção, gestão e resposta a desastres naturais.

Riscos externos: O Brasil poderia ser afetado por uma possível crise na zona do euro, que

impactaria seu crescimento, o setor externo, as contas fiscais, sua dívida e o setor financeiro.

Contudo, o país entraria na crise com uma forte posição externa, uma posição fiscal razoável e uma

sólida posição do setor financeiro. O país recuperou-se rapidamente da crise de 2009, alcançando,

em 2010, sua mais elevada taxa de crescimento (7,5%) dos últimos 20 anos. O Brasil está bem

posicionado para responder a uma possível crise, recorrendo ativamente a uma variada gama de

ferramentas de política. As primeiras intervenções nos últimos meses, com o relaxamento da política

monetária e a redução dos controles de capital, indicam que as autoridades estão prontas para

enfrentar qualquer ameaça externa ao crescimento interno.

Risco político e institucional: O principal risco institucional na esfera estadual é sua modesta

capacidade para implementar e levar a cabo os programas sociais e de investimento planejados, o

que poderia atrasar o desembolso da segunda parcela do empréstimo. Nesse sentido, é crucial

reformular a gestão do setor público para reforçar a integração do orçamento, da gestão e do

planejamento; rever e redesenhar os processos de negócios e modernizar a gestão dos recursos

humanos, medidas essas respaldadas por esta operação. O Estado também precisará melhorar a

coordenação das políticas no Governo, bem como nas demais esferas governamentais (federal e

municipal), de modo a alinhar as prioridades públicas com as despesas. Finalmente, o Estado precisa

melhorar a estrutura institucional para alavancar a cooperação com o setor privado por intermédio

de PPPs e da subcontratação, o que está se tornando cada vez mais importante para a eficiência na

prestação de serviços. Esses riscos são atenuados pela implementação de reformas apoiadas no

âmbito deste DPL e pela sua natureza irreversível. O Banco também apoiará a agenda de reformas

3

oferecendo, em um primeiro momento, assessoria e apoio por meio do diálogo sobre políticas

durante a elaboração e supervisão do DPL e, posteriormente, por meio de assistência técnica

complementar nas áreas de política apoiadas pelo DPL. Nesse contexto, o Banco discutiu com o

Governo a possibilidade de oferecer ao Estado da Bahia financiamento adicional além dos

empréstimos para investimento existentes, que serão reestruturados conforme necessário para esse

fim.

Número da Operação P126351

4

DOCUMENTO DO PROGRAMA PARA UMA

PROPOSTA DE DPL

PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO PARA O CRESCIMENTO

INCLUSIVO

PARA O ESTADO DA BAHIA

I. INTRODUÇÃO

1. Este documento apresenta o Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento (DPL)

de duas parcelas, no montante de US$ 700 milhões, proposto ao Estado da Bahia, Brasil. O

objetivo da operação proposta é apoiar o programa do Governo do Estado da Bahia para reduzir

a desigualdade social, tornar a infraestrutura institucional e a logística mais eficientes e fortalecer

a gestão do setor público.

2. O Estado da Bahia, com a quarta maior população entre os estados brasileiros, é a

sexta maior economia do país e a maior da região Nordeste. A Bahia responde por cerca de

4,2% do produto interno bruto (PIB) nacional, e seus 14 milhões de habitantes representam 7,5%

do total da população nacional. Assim como outros estados nordestinos, a Bahia há muito figura

abaixo do restante do Brasil em termos de desenvolvimento socioeconômico; seu PIB per capita

de R$ 9.364 em 2009 equivale a cerca de 56% da média nacional.

3. A Bahia testemunhou uma queda drástica da pobreza nos últimos anos. A

porcentagem da população vivendo abaixo da linha da pobreza1 caiu de 60% em 2003 para cerca

de 39% em 2009. As políticas sociais nacionais, combinadas com o forte crescimento econômico

na Bahia, de mais 5% ao ano, em média, desde 2003, elevaram uma boa parte dos pobres à classe

média.

4. A Bahia ainda figura entre os Estados com maior número absoluto de pessoas em

situação de extrema pobreza no Brasil. Em torno de 14% da população é extremamente pobre

e cerca de 60% da população recebe transferências de renda do Governo.

5. A Bahia precisa fazer face a muitos desafios para alcançar um crescimento

econômico que reduza a pobreza de maneira sustentável. O sucesso obtido nas décadas de

1960 e 1980 com a atração das indústrias petroquímica e automobilística impulsionou o

crescimento no Estado, que cresceu a um ritmo acima da média nacional. Contudo, esse

crescimento não foi inclusivo, pois o índice de pobreza absoluta da Bahia permaneceu em um

nível equivalente a quase o dobro da média nacional e o coeficiente de Gini do Estado se

manteve bem acima do verificado para o Brasil como um todo. Essa tendência foi revertida

apenas na última década, à medida que a pobreza começou finalmente a ser reduzida de forma

significativa na Bahia mediante uma combinação de políticas sociais nacionais e crescimento

vigoroso. No entanto, o Estado enfrenta um grande desafio: melhorar o capital humano por meio

1 A linha da pobreza é definida como o dobro da linha da pobreza extrema, que, por sua vez, é definida como o custo

de uma cesta de gêneros alimentícios básicos que supre as necessidades mínimas de calorias por pessoa. A linha da

pobreza varia entre regiões, estados e áreas urbanas, rurais e metropolitanas. As linhas da pobreza levam em conta

essas diferenças. Os índices de pobreza são obtidos do IBGE/IPEA.

5

da ampliação do acesso a serviços de saúde e educação de qualidade, de modo a promover a

geração de empregos mais bem remunerados e atrair empresas para o Estado.

6. As disparidades regionais têm profundas implicações socioeconômicas. O

crescimento permanece concentrado em termos geográficos. Assim, embora o PIB da Bahia

tenha crescido mais rapidamente do que o brasileiro na década de 2000, a maioria dos

municípios baianos mais pobres, sobretudo na região interiorana do semiárido, não cresceu no

mesmo ritmo.

7. A nova Visão Estratégica da Bahia tem como objetivo promover a aceleração do

crescimento inclusivo, de modo a estendê-lo às regiões mais defasadas e às populações mais

pobres. Assim, o plano estratégico do Estado apoia a inclusão produtiva e social mediante a

agricultura familiar, a economia social e solidária, a democratização do acesso aos serviços

públicos e à moradia, e a melhoria dos serviços sociais (saúde, educação) como elementos-chave

para o desenvolvimento sustentável. O Estado reconhece que essas políticas setoriais exigem

uma modernização geral do Estado e está trabalhando ativamente na implementação de um

programa de reforma da gestão do setor público de médio prazo para apoiar as reformas setoriais.

8. São três os motivos por que a operação proposta, o primeiro DPL com a Bahia,

representa uma inovação no envolvimento do Banco com administrações subnacionais de

baixa renda e baixa capacidade em países de renda média. Primeiro, a operação dá grande

ênfase ao apoio a um programa vigoroso de reforma social nas áreas da educação e saúde, bem

como nas áreas de inclusão social e produtiva, redução da desigualdade de gênero e prevenção da

criminalidade e da violência, as quais são essenciais para o crescimento inclusivo. Segundo, a

operação respalda um amplo conjunto de questões multissetoriais, além de mecanismos de

coordenação, os quais são fundamentais para o alinhamento das políticas dos diferentes setores.

Para tanto, a operação atribui grande importância aos resultados e ao uso do monitoramento e da

avaliação como insumo direto para a formulação e a implementação de políticas com base nas

evidências. Terceiro, o DPL proposto apoiará o alinhamento das políticas de diferentes níveis do

Governo. Em especial, ele apoia vários acordos voltados para resultados entre o Estado e seus

municípios para melhorar a prestação de serviços públicos nas áreas da saúde, educação,

proteção social e gerenciamento de riscos e desastres.

9. As políticas apoiadas pelo DPL proposto estão alinhadas com a Visão Estratégica da

Bahia, conforme apresentada no seu Plano Plurianual (PPA), e são parte integrante do

programa de reforma de médio prazo do Governo do Estado. O programa do Governo no

âmbito do PPA está organizado em torno de três eixos estratégicos: (i) inclusão social e

afirmação de direitos; (ii) desenvolvimento sustentável e infraestrutura para o desenvolvimento e

(iii) gestão democrática do Estado. Assim, a operação proposta enfocará três áreas de política

que constituem pilares centrais para alcançar o desenvolvimento sustentável e o crescimento

inclusivo: (i) melhoria da inclusão social e produtiva (equidade); (ii) desenvolvimento da

infraestrutura social, física e institucional para o desenvolvimento sustentável (eficiência) e (iii)

fortalecimento do planejamento e gestão do setor público (governança). A seleção das áreas de

política reflete as prioridades do Governo da Bahia e sua importância para o crescimento e o

desenvolvimento sustentáveis no longo prazo, conforme descrito na Visão Estratégica elaborada

6

pela Secretaria de Planejamento do Estado (SEPLAN).2 A operação proposta é um Empréstimo

para Políticas de Desenvolvimento em duas parcelas. A primeira parcela (US$ 350 milhões) será

desembolsada tão logo o empréstimo entre em vigor, enquanto a segunda parcela

(US$ 350 milhões) dependerá de o governo concluir ações de política adicionais.

10. O Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento proposto é plenamente

compatível e está intimamente relacionado com os objetivos da Estratégia de Parceria com

o Brasil (CPS) para o período 2005–11.3 A CPS está fundamentada nas estratégias regionais do

BIRD e da IFC, as quais visam criar oportunidades de crescimento e emprego, concentrar-se nos

pobres e vulneráveis, fortalecer a governança, promover a ação coletiva global e estimular a

inovação e a competitividade do setor privado.

II. CONTEXTO DO PAÍS

EVOLUÇÃO ECONÔMICA RECENTE DO BRASIL

11. A relativa resiliência do Brasil à crise financeira mundial foi reflexo da boa gestão

macroeconômica e de um sistema financeiro sólido. Na esteira da crise mundial, em setembro

de 2008, o Brasil sofreu uma redução brusca do crédito externo e interno, além de uma

considerável depreciação do real. A queda rápida da demanda externa e o declínio acentuado dos

investimentos levaram a uma contração de 4,2% do produto interno bruto (PIB) no terceiro

trimestre de 2008, seguido de um recuo de 2% no primeiro trimestre de 2009. Contudo, a

recessão durou apenas esses dois trimestres. A pronta resposta das autoridades evitou um arrocho

do crédito e mitigou o impacto da crise financeira mundial sobre a economia brasileira, que se

recuperou rapidamente. Em 2009, a política fiscal foi acertadamente anticíclica e manteve-se

expansionista em 2010, impulsionada pela forte rigidez das despesas correntes, pelo ciclo

político e pelas dificuldades em reverter as medidas anticíclicas aprovadas no ano anterior. Após

uma contração de 0,3% em 2009, a economia cresceu a uma taxa anual de 7,5% em 2010.

12. Até meados de 2011, pelo menos, grandes fluxos de entrada de investimentos de

carteira exerceram uma forte pressão altista sobre o real e foram acompanhados pela

elevação do endividamento externo do setor privado. A moeda já havia se valorizado 11,9%

em 2010, e chegou a ser negociada a R$ 1,59 por dólar no fim de agosto de 2011, uma

valorização de 44% desde o início de 2009. O Banco Central rapidamente acumulou reservas

internacionais, cujo saldo chegou a US$ 365,2 bilhões em março de 2012 (frente a

US$ 239,1 bilhões em dezembro de 2009). No entanto, isso foi acompanhado de um aumento de

50% na dívida externa brasileira, de US$ 198 bilhões para US$ 299,6 bilhões no fim de março de

2012, com 88% dela com vencimento superior a 360 dias. Porém, a dívida externa bruta em

sentido amplo, abrangendo os empréstimos entre empresas e os instrumentos de renda fixa

nacionais em poder de não residentes, também havia subido de forma considerável, passando de

US$ 373,4 bilhões para US$ 541,5 bilhões entre dezembro de 2009 e março de 2012. Em

especial, o endividamento externo bruto do setor privado crescera 70% nesse período,

2 Bahia: Visão Estratégica, Secretaria do Planejamento — Superintendência de Planejamento Estratégico, 2011.

3 Estratégia de Parceria do Grupo do Banco Mundial com o País (CPS) para 2012–15 (Relatório n° 6373-BR),

discutida pelos Diretores Executivos em 1 de novembro de 2011.

7

alcançando US$ 354,9 bilhões. O maior aumento ocorreu entre os bancos, cuja dívida externa

bruta chegou a US$ 139,5 bilhões em março de 2012, uma elevação de 119% em relação a

dezembro de 2009.

13. Ao mesmo tempo, a dívida externa pública vem sofrendo uma queda considerável

em relação ao PIB nos últimos anos, refletindo, em grande parte, a orientação prudente da

política fiscal. A dívida externa do setor público como parcela do PIB caiu acentuadamente, de

9,3% em 2005 para 2,7% em 2011, e deve estabilizar-se em torno desse nível nos próximos anos.

Outros indicadores da vulnerabilidade do setor externo tiveram comportamento semelhante. Por

exemplo, o total do serviço da dívida externa em termos de exportações caiu 40% entre 2007 e

março de 2012. Ainda mais notável foi o total da dívida externa como parcela das reservas

internacionais, que despencou de 557,1% em 2002 para estimados 82% em 2012. Além disso, a

parcela da dívida pública como um todo detida por não residentes permanece relativamente baixa

e estava estimada em 3,8% no fim de 2011, frente a uma média de 20,4% nos mercados

emergentes.

14. Para enfrentar os riscos de superaquecimento, em 2010 o Banco Central adotou

uma política monetária contracionista, complementada por uma política fiscal mais

restritiva em 2011. O índice de preços ao consumidor (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE), encerrou 2010 em 5,91%. Para controlar a inflação, a partir de

abril de 2010, o Banco Central aumentou a taxa Selic em 375 pontos-base, chegando a 12,5% em

junho de 2011. Além disso, em fevereiro de 2011, o Governo anunciou cortes nas despesas

orçamentárias no total de R$ 50 bilhões. Em combinação com o forte desempenho das receitas,

isso permitiu ao país obter um superávit primário projetado de 3,1% do PIB em 2011, frente a

2,4% em 2010 (os principais indicadores macroeconômicos estão na Tabela 1).

8

Tabela 1. Brasil. Principais Indicadores e Projeções Macroeconômicos, 2005–15

15. Embora a inflação tenha acelerado durante a maior parte de 2011, a partir de

agosto de 2011 o Banco Central começou a adotar uma política menos restritiva em

resposta à deterioração da conjuntura econômica interna e externa. Durante a maior parte de

2011, houve um aperto das condições do mercado de trabalho, com níveis sem precedentes de

geração de empregos, e a taxa de desemprego caiu a níveis históricos (4,7% em dezembro). A

inflação chegou a 6,5% em 2011, dentro do limite superior da faixa de tolerância da meta de

inflação. Contudo, desde 31 de agosto de 2011, em resposta à percepção de deterioração das

perspectivas para o crescimento da economia mundial e à expectativa de que haveria um impacto

desinflacionário no Brasil, o Banco Central baixou a taxa Selic em 350 pontos-base, para 9%.

Além disso, em novembro de 2011, a autoridade monetária reduziu de forma significativa o

capital mínimo exigido dos bancos sobre empréstimos à pessoa física, em até 50% no caso de

empréstimos com vencimento em mais de 60 meses. De maneira análoga, em janeiro de 2012 o

Banco Central permitiu que os grandes bancos usassem até 36% do compulsório sobre os

depósitos a prazo para oferecer liquidez aos bancos de pequeno e médio porte; em maio de 2012,

o Governo anunciou novas regras que reduziam o rendimento garantido da caderneta de

Indicador 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Contas nacionais

Crescimento do PIB real 3,2 4,0 6,1 5,2 -0,3 7,5 2,7 3,2 4,3 5,0 4,2

Investimento interno bruto 15,9 16,4 17,4 19,1 18,1 19,5 19,3 20,5 21,3 21,5 21,5

Setor externo

Conta corrente 14,0 13,6 1,6 -28,2 -24,3 -47,3 -52,5 -69,4 -75,8 -90,3 -99,6

Balança comercial 44,7 46,5 40,0 24,8 25,3 20,1 29,8 19,1 14,6 5,1 4,5

Exportações (FOB) 118,3 137,8 160,6 197,9 153,0 201,9 256,0 263,4 277,1 295,7 326,5

Importações (FOB) 73,6 91,4 120,6 173,1 127,7 181,8 226,2 244,3 262,5 290,6 322,0

Serviços não fatores, líquidos -8,3 -9,6 -13,2 -16,7 -19,2 -30,8 -38,0 -44,3 -51,1 -55,6 -59,5

Renda e transferências correntes, -22,4 -23,2 -25,3 -36,3 -30,3 -36,6 -44,3 -44,2 -39,4 -39,8 -44,5

Investimento direto, líquido 12,5 -9,4 27,5 24,6 36,0 36,9 67,7 56,7 56,4 67,3 71,7

Investimento de carteira, líquido 4,9 9,1 48,4 1,1 50,3 63,0 35,3 25,9 26,4 28,8 31,2

Reservas internacionais brutas 53,8 85,8 180,3 193,8 238,5 288,6 352,0 384,0 400,0 407,9 441,1

Conta corrente (% do PIB) 1,6 1,3 0,1 -1,7 -1,5 -2,2 -2,1 -2,9 -2,8 -3,1 -3,3

Governo geral

Total das receitas e doações 35,8 35,9 35,7 36,3 35,0 36,6 36,2 37,5 37,8 38,2 38,3

Total da despesa 39,3 39,5 38,3 37,7 38,1 39,4 38,6 39,9 40,4 40,5 40,7

Despesas correntes 37,2 37,4 36,4 35,3 35,6 35,1 35,8 36,7 37,2 37,1 37,3

das quais: pagamentos de juros 7,3 6,8 6,1 5,4 5,2 5,2 5,5 5,6 5,7 5,3 5,4

Despesas de capital 2,1 2,1 2,0 2,4 2,4 4,3 2,8 3,2 3,3 3,3 3,3

Saldo primário 3,8 3,2 3,4 4,0 2,1 2,4 3,1 3,1 3,1 3,0 3,0

Saldo global -3,5 -3,5 -2,7 -1,4 -3,1 -2,8 -2,4 -2,4 -2,6 -2,3 -2,4

Dívida bruta do setor público 69,2 66,7 65,2 63,5 66,9 66,8 62,9 60,2 57,6 54,6 52,3

Dívida interna 59,9 60,0 60,6 58,4 63,2 63,7 60,1 57,4 54,7 51,8 49,6

Dívida externa 9,3 6,7 4,6 5,1 3,7 3,1 2,7 2,8 2,8 2,8 2,7

Preços

Deflator do PIB 7,2 6,2 5,9 8,3 7,2 8,2 7,0 5,5 5,0 5,0 5,0

Índice de preços ao consumidor (fim do

período) 5,7 3,1 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,3 5,5 4,8 4,7

Preços ao produtor (fim do período) -1,0 4,3 9,3 9,8 -4,1 13,8 4,1 4,4 4,9 4,8 4,7

Por memória:

PIB nominal (em bilhões de R$) 2.147 2.369 2.661 3.032 3.239 3.770 4.143 4.396 4.814 5.307 5.807

Fonte: FMI, BCB, IBGE, EIU, cálculos do Banco Mundial.

(em bilhões de US$, salvo indicação em contrário)

(em porcentagem do PIB)

(variação percentual anual)

Projeções do RMSM-X

Projeções

(variação percentual real anual)

(em porcentagem do PIB)

9

poupança, a fim de abrir espaço para novos cortes da taxa de juros de referência. No campo da

política fiscal, porém, o Governo pretende manter a atual neutralidade da sua política. Em

especial, as autoridades se comprometeram a atingir uma meta de superávit primário de 3,1% do

PIB em 2012 e em 2013. Esse compromisso, corroborado pelo anúncio, em fevereiro de 2012, de

cortes de despesas do orçamento no montante de R$ 55 bilhões resultou em um superávit

primário de R$ 45,9 bilhões no primeiro trimestre de 2012, o que representa cerca de um terço da

meta para o ano e indica o aumento da probabilidade de o Governo cumprir sua meta.

16. A atividade econômica desacelerou bastante durante 2011, o que reflete fatores

internos e externos. Por um lado, a desaceleração decorreu da orientação mais restritiva das

políticas monetária e fiscal adotadas pelo Governo durante o primeiro semestre do ano. Por outro

lado, a crise fiscal na zona do euro levou a uma deterioração das perspectivas econômicas

mundiais, bem como a uma queda da confiança das empresas e dos consumidores. Nesse

contexto, o crescimento do PIB desacelerou para 2,7% em 2011. Após estagnar durante o

terceiro trimestre de 2011, o PIB teve uma modesta recuperação e cresceu 0,3% no último

trimestre do ano, porém abaixo da média observada nos quatro trimestres anteriores (0,5%). Do

lado da oferta, o crescimento foi liderado pela agricultura e pelo setor de serviços, que tiveram

uma expansão de 3,9% e 2,7% respectivamente. Em contrapartida, a indústria, atingida pela

evolução da economia mundial, registrou um crescimento anual de 1,6%. Do lado da demanda, o

crescimento foi impulsionado pelo consumo privado (4,1%) e pela formação bruta de capital fixo

(4,7%), enquanto o consumo do Governo cresceu 1,9%.

17. Dados mais recentes sugerem que a indústria continua a frear o ritmo da atividade

econômica, apesar do crescimento robusto do consumo. As vendas no varejo estritamente

falando cresceram 4,1% no primeiro trimestre de 2012 em relação ao último trimestre de 2011.

As vendas no varejo em sentido amplo (incluindo veículos e material de construção) cresceram

7,7% nos doze meses até março de 2012. Contudo, a recuperação da indústria permanece fraca:

no primeiro trimestre de 2012, a atividade industrial ficou 0,5% abaixo do nível do último

trimestre de 2011 (série dessazonalizada). Nesse contexto, o Índice de Atividade Econômica do

Banco Central (IBC-Br), que serve de prévia do PIB mensal, revelou uma contração de 0,35%

em março, após haver recuado 0,26% em janeiro e 0,38% em fevereiro. No primeiro trimestre de

2012, o IBC-Br indicou uma expansão de 0,15%. Contudo, a média móvel de três meses

continuou a deteriorar-se, contraindo 0,33% e pondo fim à tendência positiva observada desde

novembro.

18. Para reverter a recente desaceleração do crescimento, sobretudo no tocante à

produção industrial interna, o Governo agiu de modo a conter a valorização do câmbio e

também adotou políticas industriais para intervir de forma mais direta no setor.

Especificamente, as autoridades reforçaram as restrições aos fluxos de entrada de capitais ao

prorrogar a aplicação do imposto sobre transações financeiras aos fluxos internacionais, de modo

a abranger todos os empréstimos com vencimento nos próximos cinco anos. Mais recentemente,

o Banco Central passou a intervir mais no mercado de câmbio à vista. O resultado dessas ações,

em combinação com o relaxamento da política monetária, foi uma rápida desvalorização do real

frente ao dólar de mais de 12% nos últimos três meses, com a taxa de câmbio chegando a

R$ 2,02/US$ em meados de maio de 2012. Ademais, foi lançado em abril um novo pacote de

medidas de política industrial destinado a apoiar o setor manufatureiro. Entre as medidas,

10

destacam-se a redução dos impostos sobre a folha de pagamento das indústrias mais duramente

atingidas pela conjuntura interna e externa desfavorável e financiamento para o Banco Nacional

de Desenvolvimento Econômico e Social no montante de R$ 45 bilhões. Para compensar uma

possível queda das receitas, causada inclusive pela queda da arrecadação de impostos sobre a

folha de pagamento da indústria, atualmente estimada em R$ 7 bilhões, o Governo anunciou uma

elevação das alíquotas do PIS e da Cofins, dois tributos ligados à seguridade social.

19. O sistema financeiro permanece estável, suportando bem o aumento da turbulência

nos mercados mundiais. O estoque de crédito ao setor privado somou R$ 2,07 trilhões em

março de 2012, o equivalente a 49,3% do PIB brasileiro, um salto considerável de quatro pontos

percentuais em um ano. Os indicadores de inadimplência em estágio inicial (empréstimos entre

15 e 90 dias em atraso) subiram gradativamente, sobretudo no segmento de crédito ao

consumidor (de 6,0% em dezembro de 2011 para 6,8% em março de 2012). Embora essa

evolução prenuncie uma elevação dos índices de empréstimos improdutivos nos próximos meses,

os bancos aparentam estar bem preparados para fazer face a essa evolução negativa. O índice de

solvência do sistema como um todo está atualmente em cerca de 16%, pois os supervisores vêm

elevando o nível do capital mínimo exigido em preparação para a entrada em vigor do

Basileia III. Já os bancos obtiveram lucros vultosos e conseguiram tirar partido desse resultado.

Os empréstimos imobiliários tiveram forte crescimento: 42% nos doze meses até março de 2012,

respondendo por 18,7% da expansão de 18% do crédito bancário ao setor privado nesse período.

Entretanto, é baixo o risco de uma bolha de ativos se formar no mercado imobiliário brasileiro.

Na verdade, esses empréstimos ainda representam apenas 10% do total do crédito ao setor

privado e as taxas de inadimplência tiveram uma queda significativa graças à melhoria do

sistema de execução de hipotecas (por exemplo, os empréstimos em atraso há mais de 90 dias

caíram mais de 75% desde 2006).4 O sistema também conta com proteções não fiscais

importantes caso ocorra uma contração da liquidez: as reservas internacionais estão no nível

mais alto da história, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) tem R$ 19 bilhões em ativos

líquidos e as reservas obrigatórias somavam R$ 440 bilhões.

20. A conta corrente continuou praticamente estável durante 2011, enquanto o IDE teve

um sólido crescimento apesar da deterioração das perspectivas da economia mundial.

O déficit da conta corrente totalizou US$ 52,6 bilhões em 2011 (2,1% do PIB, frente a 2,2% em

2010). Contudo, o investimento direto líquido chegou a US$ 76 bilhões em 2011, em

comparação com US$ 36,9 bilhões em 2010. Esse déficit deve recuar em 2012, em virtude do

aumento menor dos preços das exportações e da redução do superávit comercial. Somando

US$ 14,9 bilhões até março de 2012, os fluxos de investimento direto estrangeiro devem

manter-se fortes no médio prazo, a despeito das incertezas centradas no cenário externo

desfavorável e da possibilidade de que alguns dos fluxos elevados de IDE em 2011 fossem

fluxos sensíveis aos juros e reversíveis para contornar o IOF sobre fluxos de capital para

aplicação em renda fixa. Devido à elevada liquidez nos mercados internacionais e à perspectiva

de aceleração do crescimento da economia nos próximos anos em comparação com a maioria das

economias desenvolvidas, os fluxos de IDE devem manter-se em um nível suficiente para

financiar a maior parte do déficit em conta corrente.

4 Além disso, a demanda por crédito imobiliário está sendo impulsionada por mutuários que estão realizando o

sonho da casa própria e não por compradores com fins especulativos.

11

21. A perspectiva de aumento dos investimentos de carteira estrangeiros é menos

positiva. Tendo como principal determinante os elevados juros reais internos em um momento

de juros excepcionalmente baixos nos demais países, esses fluxos de entrada de capital causaram

forte pressão altista sobre o real e obrigaram as autoridades a aumentar o imposto sobre

operações financeiras (IOF) aplicado a investimentos estrangeiros em renda fixa, de 2% para 6%

em outubro de 2010. Essa medida, combinada com o recente aumento da aversão mundial ao

risco associada à crise fiscal na Europa, já provocou uma desaceleração dos fluxos de carteira.

No futuro, esses fluxos de entrada poderiam ser afetados negativamente pelo aumento da

turbulência nos mercados internacionais. Ademais, embora os diferenciais de taxas de juros

devam manter-se elevados, as decisões recentes do Banco Central para cortar a taxa Selic

reduzirão o incentivo a operações de carry trade. Do lado positivo, a entrada de recursos de

carteira deve ser beneficiada pela suspensão da cobrança de IOF sobre investimentos

estrangeiros em aplicações de renda variável anunciada em dezembro de 2011. Apesar do recente

aumento dos investimentos de carteira, que montaram a US$ 7,5 bilhões no primeiro trimestre de

2012, os primeiros indícios sugerem que o efeito-composição (mais IDE, menos investimentos

de carteira) foi mais pronunciado do que a evolução do volume, em consequência das restrições

sobre os fluxos de entrada de capital.

22. No futuro, a persistência das taxas de juros internas mais altas deve provocar um

novo aumento das reservas, mas também deve levar o setor privado a continuar

aumentando seu endividamento externo. Nesse contexto, o Banco Central reforçou o

monitoramento dos riscos prudenciais e macroprudenciais associados a possíveis descasamentos

de moedas envolvendo empresas financeiras e não financeiras, ao aumentar as exigências de

prestação de informações sobre empréstimos em moeda estrangeira por empresas não

financeiras. Além disso, a autoridade monetária tomou medidas para atenuar esses riscos,

tornando mais rigorosa a regulamentação sobre as posições abertas líquidas dos bancos e

também, ao menos até recentemente, elevando o nível de capital mínimo exigido, a fim de

controlar a expansão do crédito.

PANORAMA MACROECONÔMICO ATUAL

23. O panorama macroeconômico no médio prazo aponta para uma taxa de

crescimento anual do PIB de 4% a 4,5%. No curto prazo, a previsão é de crescimento mais

baixo em comparação com períodos anteriores, à medida que a economia brasileira sofra as

consequências da deterioração das perspectivas da economia mundial. Além da previsão de

crescimento mais baixo, os desdobramentos negativos no resto do mundo podem ter um impacto

sobre as contas externas e fiscais do Brasil no curto prazo. No médio prazo, o crescimento deve

ser impulsionado pela forte demanda interna agregada. Em especial, o aumento dos

investimentos continuará a ser empurrado pelo desenvolvimento de novos campos de petróleo

offshore e pela preparação para os grandes eventos esportivos dos próximos anos.

24. No curto prazo, o setor externo é uma das principais fontes de vulnerabilidade do

Brasil a uma desaceleração da economia mundial, através dos possíveis impactos sobre os

volumes do comércio mundial, os preços das commodities e a flutuação da taxa de câmbio. A deterioração da economia mundial causada por uma crise da dívida de grandes proporções na

zona do euro e/ou por uma recessão nos EUA poderia se traduzir em uma redução da demanda

12

pelas exportações brasileiras,5 ao passo que um pouso forçado da economia chinesa atingiria as

relações de troca e a demanda por exportações, considerando a demanda significativa da China.6

O déficit em conta corrente deve recuar ligeiramente em 2012, em virtude do declínio dos

superávits comerciais, causado, sobretudo, pelo aumento menor dos preços das exportações.

À medida que o déficit em conta corrente aumente, o real pode desvalorizar-se ligeiramente em

termos nominas frente ao dólar, conforme observado durante o terceiro trimestre de 2011. Não

obstante, a vulnerabilidade do Brasil a eventos externos permanecerá baixa graças às suas

elevadas reservas e ao perfil favorável da dívida (ver a Tabela 1).

25. Segundo, o setor bancário está vulnerável à continuação da desaceleração da

economia mundial em virtude da exposição de alguns bancos de pequeno e médio porte ao

risco de liquidez. Esses bancos, que atualmente detêm entre 8% e 12% dos ativos do sistema

bancário, respectivamente, ainda dependem fortemente de fontes de recursos relativamente

voláteis. Contudo, a avaliação de instituições em todo o sistema indica que o sistema bancário

brasileiro conta atualmente com níveis de liquidez e reservas de capital bastante sólidos.

Ademais, embora os bancos possam ser afetados indiretamente por possíveis problemas das

empresas não financeiras para captar recursos externos, a exposição direta do sistema em moeda

estrangeira é limitada: 7,2% dos passivos e 4% dos ativos.

26. Uma deterioração ainda maior da conjuntura econômica mundial também põe em

risco as metas fiscais. A consecução das metas de superávit primário pode ser afetada pela

desaceleração da atividade econômica, pois a arrecadação federal pode recuar e as despesas

destinadas à proteção social devem aumentar. Ademais, apesar do atual compromisso do

Governo com o uso de mecanismos de política, sobretudo monetária, para enfrentar a atual

desaceleração da economia, as medidas de política recentes sugerem que as autoridades

continuam abertas a adotar, de maneira complementar, um estímulo fiscal e quase-fiscal caso a

atividade econômica tenha uma desaceleração ainda mais acentuada. Em especial, no início de

dezembro o Governo anunciou um conjunto de estímulos fiscais consistindo principalmente na

redução do imposto sobre eletrodomésticos da linha branca e sobre outros produtos e transações

financeiras selecionadas, perfazendo um impacto fiscal total ao redor de R$ 7,6 bilhões.

27. No médio prazo, o Brasil enfrenta desafios estruturais que limitam seu potencial de

crescimento no longo prazo. Uma breve lista desses desafios abrange o desenvolvimento de um

mercado privado para o financiamento de longo prazo e a melhoria do ambiente de negócios (em

especial, com a redução dos custos associados ao cumprimento das obrigações tributárias e à

obtenção de autorizações e alvarás de funcionamento). Outras questões importantes são a

necessidade de aumentar os investimentos públicos e privados, a fim de eliminar os crescentes

gargalos em termos de infraestrutura e acelerar o crescimento da produtividade, e também a

necessidade de aumentar a eficácia em função do custo e a eficiência dos gastos públicos.

28. Apesar dos riscos externos e desafios internos mencionados acima, o quadro

macroeconômico global do Governo é considerado adequado e sustentável no médio prazo.

5 Atualmente, as exportações para a zona do euro representam em torno de 20% do total das exportações, ao passo

que as exportações para os EUA perfazem 9,5% do total das exportações. 6 A China é o principal destino das exportações brasileiras, tendo absorvido uma parcela de 16,8% das exportações

do Brasil em outubro de 2011.

13

O quadro fiscal brasileiro (mais detalhes sobre o federalismo fiscal brasileiro podem ser

encontrados na Caixa 1, abaixo) deu ao Governo a flexibilidade para responder com êxito à crise

financeira mundial de 2008–09, valendo-se de um conjunto de medidas fiscais, monetárias e

externas para estimular a demanda interna. A dívida bruta do setor público deve recuar no futuro,

passando de 63,5% do PIB em 2011 para 58,3% do PIB em 2013, a despeito das dificuldades em

manter o saldo fiscal diante das grandes necessidades de investimento e da pressão exercida pelo

aumento das despesas correntes. Ademais, a flexibilidade do câmbio, o nível relativamente

elevado das reservas externas e um sistema bancário bem capitalizado devem ajudar o Brasil a

enfrentar as consequências de uma possível crise externa, inclusive da possibilidade de uma

mudança abrupta nas percepções do mercado e da consequente inversão dos fluxos de capital.

Caixa 1. O Federalismo Fiscal Brasileiro e o Controle do Desempenho Fiscal Subnacional

A orientação da política fiscal dos Estados brasileiros sempre foi um elemento importante da gestão macroeconômica

no Brasil. Até o fim da década de 1990, as políticas fiscais expansionistas adotadas pelos Estados e a falta de um

controle efetivo do endividamento resultaram em frequentes crises da dívida subnacionais. Em três diferentes

ocasiões (1989, 1993 e 1997), o Governo Federal foi obrigado a assumir e reescalonar as dívidas dos Estados. A

maior operação ocorreu em 1997, ao abrigo da Lei 9,496, quando a União reestruturou dívidas estaduais no montante

de R$ 200 bilhões (o equivalente a 12% do PIB do país).

Na operação de 1997, as dívidas foram refinanciadas em 30 anos. Essa dívida refinanciada, chamada de dívida

intralimite, paga uma taxa de juros real de 6%, com o valor nominal da dívida sendo corrigido pela inflação. O

serviço da dívida ficou limitado a 13% da receita líquida corrente dos Estados. Todo montante do serviço da dívida

acima desse teto é recapitalizado e acrescido ao saldo da dívida intralimite. Caso haja saldos residuais no fim do

período do acordo (2028), o Estado deve pagá-los no prazo de 10 anos.

O resgate de 1997 foi feito sob a condição de os Estados adotarem programas de ajuste fiscal e reformas estruturais

de médio prazo. Em contrapartida do pacote de resgate, os contratos de renegociação da dívida estabelecem a

implementação de Programas de Ajuste Fiscal (PAFs) em períodos móveis de três anos a serem acordados entre a

Secretaria do Tesouro Nacional e os 25 Estados cujas dívidas foram resgatadas pelo Tesouro durante o período do

contrato. Os PAFs estabeleciam metas anuais para o endividamento, saldos primários, gastos com pessoal, receita

tributária e investimentos públicos, a fim de garantir uma redução gradual do endividamento. Além disso, os PAFs

preveem reformas estruturais, como privatizações ou outras iniciativas de modernização do setor público.

Os controles sobre o desempenho fiscal subnacional foram reforçados ainda mais com a aprovação da Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF) em 2000. A LRF institucionalizou a disciplina fiscal em todos os níveis de governo,

com a adoção de fortes restrições orçamentárias no âmbito de um marco único. Ela proíbe terminantemente as

operações de refinanciamento de dívida entre diferentes níveis do governo, atacando assim o problema do risco moral

nas relações fiscais intergovernamentais decorrente de sucessivos resgates financeiros. Resoluções complementares

do Senado Federal também proíbem a obtenção de empréstimos se: i) a dívida consolidada líquida for duas vezes

maior que a receita líquida corrente (RLC) ii) as novas operações de financiamento ultrapassarem 16% da RLC e (iii)

o serviço da dívida ultrapassar 11,5% da RLC. Também é proibido tomar empréstimos caso isso vá contra os

cronogramas de redução da dívida definidos nos acordos de renegociação da dívida no âmbito da Lei 9.496. Por

último, a emissão de títulos pelos governos subnacionais está proibida, de modo geral, até 2016; contudo, os Estados

cuja dívida líquida seja inferior à receita líquida corrente podem emitir títulos após 2011, embora, mesmo nesses

casos, a União mantenha a opção de rever a decisão de emitir títulos.

Esse sistema de controles resultou em superávits estaduais e municipais sucessivos - um ajuste que continuou ao

longo de quatro mandatos federais. Além disso, esse sistema também favoreceu a adoção de programas de despesa

pelos governos subnacionais. Além dos controles sobre o endividamento, as exigências da LRF aumentaram a

transparência e fortaleceram as práticas orçamentárias.

Transparência: Informações sobre a execução do orçamento e o cumprimento da LRF — inclusive uma declaração

das medidas corretivas caso os dispositivos pertinentes tenham sido descumpridos — são prestadas regularmente. Os

municípios e os estados também são obrigados a informar os resultados da execução fiscal do ano anterior ao

14

EVOLUÇÃO SOCIOECONÔMICA RECENTE NO ESTADO DA BAHIA

29. O Estado da Bahia é, em grande parte, rural; contudo, a maior parte do PIB é

gerada em torno da região metropolitana de Salvador. A Bahia tem um dos mais baixos

índices de urbanização do país: 68%. Salvador, a capital do Estado e sua maior cidade, abriga

2,7 milhões de habitantes no município e 3,4 milhões na região metropolitana como um todo.

Além disso, 53% do PIB do Estado está concentrado na região metropolitana de Salvador.

A maioria dos 417 municípios baianos são pobres, sobretudo os da zona semiárida. Embora o

Estado esteja dividido em 26 Territórios de Identidade,7 eles podem ser agrupados em três

grandes regiões: litoral (leste do Estado, ao longo do Atlântico), semiárido (centro) e cerrado

(oeste do Estado). O semiárido, cobrindo 68,7% do território, é a região mais pobre e menos

desenvolvida da Bahia.

30. A Bahia é o Estado com o maior número absoluto de pessoas em situação de

pobreza extrema no Brasil. De uma população de aproximadamente 14 milhões de habitantes,

1,96 milhão são extremamente pobres e 8,2 milhões estão registrados no Cadastro Único

(CadÚnico) para receberem assistência social por meio de transferências de renda do Governo.

Assim, a Bahia é um dos principais alvos do programa recém-lançado pelo governo para

erradicar a pobreza extrema — Brasil Sem Miséria —, mediante programas de transferência de

renda, acesso a serviços públicos e inclusão produtiva.

31. No entanto, a pobreza caiu acentuadamente na última década. As políticas sociais e o

crescimento acelerado elevaram uma boa parte dos pobres à classe média nos anos 2000. De

fato, a porcentagem da população vivendo abaixo da linha da pobreza caiu de 60% em 2003 para

cerca de 39% em 2009. Isso também se reflete no forte crescimento da classe média: a chamada

Classe C, com renda mensal de R$ 1.125 a R$ 4.854, cresceu de 20% da população em 2003

para 35,7% em 2009. A redução da pobreza também teve uma forte contribuição de uma taxa de

crescimento média anual superior a 5% desde 2003, impulsionada pelo setor agropecuário. Os

anos 2000 marcaram uma virada para a Bahia. O êxito no desenvolvimento de polos

agropecuários vibrantes estimulou a atividade econômica para níveis acima da média nacional.

Trata-se de um rompimento com um longo passado de crescimento não inclusivo nas décadas de

1960 e 1980 e com a relativa estagnação na década seguinte (ver a Figura 1).

Figura 1. Crescimento, Pobreza e Coeficiente de Gini na Bahia

7 Os Territórios de Identidade têm interesses e realidades em comum, o que permite ao Governo implementar

políticas regionais coerentes em vez de políticas municipais isoladas.

Ministério da Fazenda. Cabe ao poder legislativo de cada esfera de governo, auxiliada pelo respectivo Tribunal de

Contas, monitorar a observância das metas e tetos fiscais.

Instituições orçamentárias: A LRF estipula metas fiscais obrigatórias mais rigorosas na elaboração da Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO), reforçando seu papel na preparação do orçamento e na gestão das finanças públicas

de modo geral. A LRF também prevê uma avaliação detalhada dos passivos contingentes do governo e reforça o

vínculo entre a Lei Orçamentária Anual (LOA) e a LDO. Existe também uma lei complementar sobre crimes fiscais

que se aplica a todas as esferas da administração pública, prevendo até a detenção das autoridades que deixarem de

cumprir a LRF.

15

Fonte: http://www.ipeadata.gov.br.

Fonte: Instituto de Estudo do Trabalho e Sociedade (IETS), 2011.

Nota: A linha da pobreza é definida como o dobro da linha da pobreza extrema, que, por sua vez, é definida como o custo

de uma cesta de gêneros alimentícios básicos que supre as necessidades mínimas de calorias por pessoa. A linha da

pobreza varia entre regiões, estados e áreas urbanas, rurais e metropolitanas.

32. A atividade econômica está geograficamente concentrada. As atividades industriais

estão geograficamente concentradas na região metropolitana de Salvador, com indústrias

petroquímicas e automobilísticas que fazem uso intensivo de capital,8 e nas porções sudeste

(Ilhéus), oeste (Luís Eduardo Magalhães) e norte (Juazeiro e Paulo Afonso). O setor agrícola está

representado por três polos principais: celulose e cacau no extremo sul, grãos (sobretudo soja) no

oeste (Luís Eduardo Magalhães) e frutas no norte (Juazeiro). A cultura do cacau, concentrada em

torno da cidade de Ilhéus, vem declinando, ao passo que a produção de soja na região oeste do

Estado tem se mostrado dinâmica. Outras atividades agrícolas estão concentradas em

agrupamentos regionais. A porção norte, ao longo do São Francisco, tem uma área irrigada de

8 O polo petroquímico está concentrado em São Francisco do Conde e Camaçari, onde estão localizadas uma

refinaria e indústrias petroquímicas da Petrobras e uma fábrica da Ford (todas em Camaçari).

16

produção de frutas e o maior rebanho caprino do país. Na porção sul, se encontra a maior criação

de gado bovino. Na região de planície de Vitória da Conquista, se concentra a produção de café

e, ao longo da costa, destacam-se a cultura do cacau, a silvicultura e a produção industrial de

celulose. A mineração está dispersa pela região central do Estado.

33. Essa concentração geográfica tem implicações tanto para a logística e o transporte,

como para o crescimento regional. Na verdade, as limitações em termos de logística e

transportes para levar um volume maior da produção para o porto ou para o mercado vêm

afetando o crescimento em alguns setores, como soja, e limitando o crescimento nas regiões do

interior, como o semiárido. Assim, embora o PIB da Bahia tenha crescido mais rapidamente do

que o brasileiro, a maioria dos municípios baianos mais pobres, sobretudo no semiárido, não

partilhou desse crescimento.

34. O fato de que, em média, os salários no Estado são baixos e pouco aumentaram

aponta para desafios na saúde e na educação. A economia vem conseguindo gerar um saldo

crescente de empregos formais. De 2008 a 2010, o número de novo empregos com carteira

assinada triplicou. No entanto, o salário médio aumentou muito pouco em comparação com os

demais Estados, o que indica que as vagas criadas são, em sua maioria, empregos de baixo

salário. Por exemplo, a média salarial do Estado é 30% inferior à do Rio de Janeiro. Assim, um

dos principais desafios da Bahia é melhorar o capital humano na saúde e na educação, de modo a

promover a geração de empregos com salários mais altos e atrair empresas para o Estado.

35. A cobertura dos serviços de saúde cresceu. Contudo, o desempenho da Bahia não foi

tão bom como o do resto do Brasil. Programas do Governo Federal como o Programa Saúde da

Família (PSF) e a reforma da saúde na esfera estadual ampliaram o atendimento primário

oferecido às populações rurais e pobres na Bahia. Entretanto, o Estado ainda enfrenta desafios

consideráveis nessa área, como uma elevada taxa de mortalidade infantil (TMI) — a sétima mais

alta entre os 26 estados do país — e uma elevada taxa de mortalidade materna (TMM). A

redução da mortalidade materna é essencial para diminuir a mortalidade infantil, sobretudo a

mortalidade neonatal, que está relacionada, em sua maior parte, a problemas que surgem durante

a gravidez.

36. A melhoria da qualidade dos serviços na área de educação continua a ser um

desafio. Embora o índice de matrícula no ensino fundamental tenha subido, ele continua baixo

no ensino médio. A taxa de analfabetismo entre pessoas com mais de 15 anos é 16% e a média

de escolaridade dos adultos com 25 anos ou mais é de apenas seis anos. A qualidade do ensino é

baixa. Apenas 20% dos alunos do quinto ano têm um desempenho satisfatório em português e

17% em matemática. No caso do ensino médio, apenas 26% dos alunos têm desempenho

satisfatório em português e 6% em matemática.

37. A atividade econômica no Estado da Bahia recuperou-se rapidamente da crise

financeira mundial de 2008–09. O PIB cresceu 7,5% em 2010, o segundo crescimento mais

alto na década de 2000 (ver a Figura 2). Todos os setores se recuperaram da crise: a agricultura

cresceu 8,5%, impulsionada por uma safra de grãos recorde; a indústria teve uma expansão de

8,4% graças ao crescimento vigoroso da construção civil, e o setor de serviços cresceu 6,9% em

virtude, sobretudo, do dinamismo do comércio varejista. Além disso, um aumento substancial do

17

investimento público e privado em infraestrutura e na capacidade de produção elevou a demanda

agregada. O investimento deve continuar crescendo, em vista da Copa do Mundo de 2014 e da

expansão da indústria. O aumento do consumo na Bahia, a despeito da crise financeira,

mostrou-se resiliente, apoiado por uma série de medidas anticíclicas do Governo e por programas

de transferência de renda. Também foram importantes o aumento do crédito ao consumidor no

último ano, o crescimento do emprego com carteira assinada e dos salários, e o aumento da

demanda por bens industriais e agrícolas produzidos pelo Estado.

Figura 2. Taxa de Crescimento do PIB da Bahia

Fonte: SEI – Secretaria do Planejamento da Bahia (estimativas no caso do PIB de 2009 e 2010).

38. A recuperação da produção industrial e agrícola beneficiou-se da demanda

mundial. A indústria manufatureira recuperou-se de maneira vigorosa, levando o Estado da

Bahia a um crescimento de 7,1% em 2010. Os principais impactos foram notados nos setores de

(i) refino de petróleo e produção de álcool (22,6%); (ii) alimentos e bebidas (8%), graças ao

aumento da produção de cerveja e óleo de soja, e (iii) metalurgia (9,3%). O desempenho da

indústria manufatureira na Bahia também foi beneficiado pela forte demanda mundial do setor de

extração de petróleo e minérios e da indústria de celulose. O agronegócio expandiu-se nos

últimos anos, apoiado por sucessivos recordes na produção de grãos, especialmente soja, milho e

algodão. Os altos preços dos grãos e a crescente demanda internacional por produtos primários

também impulsionou essas culturas.

39. Em 2010, o saldo comercial da Bahia registrou um superávit de US$ 2,26 bilhões,

embora esse saldo esteja recuando, em parte devido à valorização da moeda. As exportações

somaram US$ 8,9 bilhões, um aumento de 26,8% em relação ao ano anterior. As importações,

por sua vez, cresceram 41,8%, chegando a US$ 6,6 bilhões. A forte valorização do real nos

últimos anos resultou em um aumento de 16,7% nos preços relativos dos bens produzidos no

Estado, reduzindo ligeiramente o superávit. A Bahia também está tirando partido da ampliação

das vendas para países emergentes e da retomada das compras pelos EUA após a crise.

40. A forte recuperação da economia também se reflete no mercado de trabalho. Em

2010, o mercado de trabalho formal continuou a crescer, gerando 91.402 postos de trabalho,

frente a 71.170 no ano anterior. A geração de empregos traduziu-se em uma melhoria das

condições gerais de inserção produtiva das famílias sem renda e das famílias com renda inferior

ao salário mínimo. Um dos principais desafios da Bahia continua a ser a persistência dos baixos

níveis de emprego formal nas áreas rurais. Na agricultura, apenas 4,1% dos trabalhadores tinham

carteira assinada em 2009.

18

Evolução recente dos indicadores fiscais e da dívida do Estado da Bahia9

41. Os saldos fiscais foram beneficiados pelo forte crescimento da economia e pelo

aumento da eficiência na arrecadação no período de 2004 a 2008. Após a renegociação da

dívida com o Governo Federal e a adoção da Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000, a

estratégia do Governo foi de saldar rapidamente o estoque da dívida existente. Isso envolveu o

acúmulo de um saldo operacional líquido,10

com as receitas crescendo mais do que as despesas

correntes no contexto (i) da elevação da taxa de crescimento do PIB na Bahia a um nível superior

à média nacional, o que resultou em um aumento notável da base tributária do Estado (Figura 3);

(ii) da implementação de um programa de modernização da administração tributária, o

PROMOSEFAZ, entre 2001 e 2004, o que ampliou a capacidade arrecadatória do Estado, e

(iii) dos efeitos favoráveis dos índices inflacionários e da taxa de câmbio sobre a receita do

ICMS (em virtude da incidência do ICMS sobre as importações).

Figura 3. Evolução das Receitas, Despesas e Saldos Fiscais no Estado da Bahia

Receitas (esq.)

Despesas (esq.)

Saldo primário (dir.)

Saldo global (dir.)

9 Uma análise detalhada pode ser consultada no Anexo 4.

10 Receitas menos despesas correntes.

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

0.0

5.0

10.0

15.0

20.0

25.0

30.0

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Bil

es d

e R

$ d

e 2

01

0

Bil

es d

e R

$ d

e 2

01

0

Governo do Estado da Bahia – Saldos Fiscais

Revenues (left) Expenditures (left)

Primary balance (right) Overall balance (right)

19

Receitas

Despesas

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

42. As relações fiscais intergovernamentais do Estado da Bahia com os municípios e o

Governo Federal são consideradas adequadas. As despesas na forma de transferências para os

municípios se baseiam em regras e representam um montante fixo de 25% das receitas do ICMS

e 50% das receitas do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). As

transferências para os municípios continuaram estáveis, em torno de 20% da receita corrente

líquida da Bahia (Tabela 2). A Bahia é um contribuinte líquido do Fundeb: o Estado destinou até

R$ 2,7 bilhões e recebeu o montante de R$ 1,9 bilhão em 2010.

43. As transferências correntes do Governo Federal são altas e permaneceram estáveis

em termos da receita líquida corrente desde 2005. O Fundo de Participação dos Estados

(FPE), o principal componente das transferências federais, manteve-se estável, em torno de 28%

da RLC, de 2004 a 2010 (Tabela 2). Contudo, tem sido mais volátil a dependência da Bahia em

relação ao Governo Federal ou à parcela das transferência do FPE em decorrência da arrecadação

do ICMS. Embora as transferências do FPE representassem 34% da receita do ICMS em 2004,

essa participação subiu para 41% em 2010. De fato, a Bahia foi o maior beneficiário do FPE no

Brasil em 2010 (9,4%). A variação dessa porcentagem também refletiu o aumento das

transferências do FPB (em termos de receita líquida corrente) em 2008 e 2009. No médio prazo,

a regra da divisão do FPE pode vir a ser alterada. A diminuição da parcela destinada à Bahia

poderia pressionar as receitas públicas do Estado. As transferências do Sistema Único de Saúde

(SUS), financiadas pelo Governo Federal, subiram em virtude de aumentos por determinação

judicial. A rubrica outras receitas correntes teve um aumento de 17% no período de 2004 a 2010.

0.0%

2.0%

4.0%

6.0%

8.0%

10.0%

12.0%

14.0%

2005 2006 2007 2008 2009 2010

Crescimento das Receitas e das Despesas (%)

Revenue

Expenditure

20

Tabela 2. Composição das Receitas de Transferências, 2004–10

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

44. O orçamento de 2010 foi 12% maior do que o de 2009 graças ao desempenho mais

vigoroso das receitas. O aumento das despesas se deu, em sua maioria, nos investimentos em

bens e serviços (na categoria outras despesas correntes, na Tabela 3, abaixo). Em 2010, as

despesas com bens e serviços cresceram a uma taxa real de 23%, impulsionadas, em grande

parte, pela elevação dos investimentos. O aumento da contratação de serviços prestados por

terceiros também resultou em um incremento das despesas na categoria outras despesas

correntes. As contribuições sociais também subiram devido à determinação de aumento da

parcela custeada pelo empregador no Estado entre 2004 e 2005.

45. As despesas de investimento têm subido nos últimos anos. Após um declínio dos

investimentos como proporção das receitas entre 2004 e 2007, essa tendência foi revertida e os

investimentos passaram de 6,6% da receita em 2007 para 11,8% em 2010.

46. A dívida consolidada líquida da Bahia vem caindo desde 2004. Graças ao crescimento

das receitas fiscais e a ajustes fiscais corretos, essa dívida teve uma queda brusca, passando de

mais de 140% da RLC em 2004 para 52% em 2010, bem abaixo do limite de 200% estabelecido

na Lei de Responsabilidade Fiscal. O serviço da dívida11

vem caindo acentuadamente desde

2008, pressionado pela queda dos pagamentos de juros e da amortização. De fato, os pagamentos

de juros tiveram uma forte queda desde 2007, ao passo que a amortização passou a cair em 2009.

47. O quadro macroeconômico da Bahia é considerado adequado. A situação

macroeconômica e fiscal do Estado é sólida e está dentro dos limites prudenciais definidos na

LRF desde 2004. A Bahia está abaixo dos limites legais prescritos para todos os indicadores

monitorados pela Secretaria do Tesouro Nacional no âmbito da LRF. Esses limites dizem

respeito aos gastos com a folha salarial, ao endividamento e à arrecadação.

11

Em 2009, o reforço da consolidação fiscal permitiu ao Estado melhorar as condições de pagamento da dívida com

o Governo Federal (Lei 9.496/97), deixando para trás a regra de 13% da receita líquida real (RLR) e adotando as

condições de amortização da Tabela Price, o que reduziu seu compromisso para cerca de 8% da RLR.

Porcentagem da receita líquida corrente (RLC)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Receita de transferências 34,0% 42,7% 43,5% 42,2% 42,8% 44,5% 43,1%

Transferências correntes 32,1% 42,4% 42,8% 41,4% 42,0% 41,6% 39,7%FPE 24,8% 27,3% 28,9% 27,6% 29,6% 29,0% 26,4%

Outras 7,4% 15,2% 14,0% 13,8% 12,3% 12,7% 13,3%

Transferências de capital 1,9% 0,3% 0,7% 0,8% 0,8% 2,8% 3,4%

21

Tabela 3. Evolução dos Indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal, 2004–10

Riscos e desafios

48. O principal desafio para a Bahia é a criação de espaço fiscal para a expansão dos

serviços públicos e dos investimentos produtivos dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal.

O principal risco relacionado às receitas é a forte dependência da arrecadação do ICMS em

alguns poucos setores vulneráveis a flutuações macroeconômicas no Brasil e em seus parceiros

comerciais. Assim, as receitas da Bahia estão sujeitas ao agravamento da crise na zona do euro, à

desaceleração do crescimento nos EUA e a um possível pouso forçado da economia chinesa.

Além disso, a Bahia é vulnerável à redução das transferências do Fundo de Participação dos

Estados (FPE) — uma importante fonte de receita — em virtude de uma reforma no âmbito

federal. A Bahia atualmente enfrenta a pior seca dos últimos 47 anos e, em alguns casos,

acompanhada por enchentes; a seca afeta, em certa medida, a produção agrícola e, por extensão,

as receitas provenientes das áreas afetadas.

49. Os principais riscos do lado das despesas estão ligados ao crescimento das despesas

com pessoal e com bens e serviços. Os desafios no lado da despesa abrangem (i) a contenção

das despesas correntes — como a remuneração de empregados (salários e pensões) e o consumo

de bens e serviços — e (ii) o controle dos custos dos grandes projetos de investimento e dos

grandes programas sociais. Na verdade, os aumentos de salários, juntamente com os gastos em

bens e serviços, são os principais fatores a pressionar as despesas públicas e são de natureza não

discricionária. Isso sugere a importância de controlar as despesas correntes e os reajustes de

salário para manter o saldo fiscal. O Anexo 3 apresenta as projeções das receitas e despesas

fiscais, bem como os saldos fiscais resultantes para o período em questão.

50. Em um ambiente de concorrência fiscal entre os Estados brasileiros, o Governo da

Bahia enfrenta grandes desafios para aumentar a arrecadação do ICMS. O ICMS, um

imposto de valor agregado sobre a circulação de bens e serviços, representa aproximadamente

24% do total das receitas do Estado e 87% das receitas tributárias. O ICMS foi beneficiado pelo

rápido crescimento das vendas no atacado e no varejo. Dois aspectos principais ainda são fonte

de preocupação. O primeiro é a cobertura da base tributária da “velha economia”, que enfoca o

petróleo e a energia e pouco abrange o setor de serviços, que vem crescendo rapidamente.

A arrecadação dos impostos das pessoas jurídicas está altamente concentrada: 400 empresas são

responsáveis por 80% da arrecadação (só a Petrobras responde por 28%). O segundo aspecto,

relacionado a isso, diz respeito ao comércio eletrônico, no qual os produtos são tributados

exclusivamente onde o armazém varejista está localizado (normalmente, em um Estado do

Sudeste). O Governo Federal iniciou uma discussão com todos os Estados sobre a possibilidade

de mudanças institucionais para tratar dessas questões.

Valores em milhões de R$ correntes

LIMITE LEGAL

% da RLC VALOR % da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC

Despesas com Pessoal

Executivo 49% 3.747 41% 4.161 40% 4.809 42% 5.378 43% 6.136 43% 6.859 47% 7.501 43%

Global 60% 4.366 48% 5.028 49% 5.906 52% 6.601 52% 7.539 53% 8.391 57% 9.128 53%

Dívida consolidada líquida 200% 12.878 142% 12.048 117% 11.616 102% 10.371 82% 10.238 72% 9.235 63% 9.057 52%

Total das garantias 22% 263 3% 180 2% 129 1% 107 1% 105 1% 99 1% 95 1%

Receita de operações de crédito 16% 314 3% 254 2% 386 3% 160 1% 133 1% 988 7% 654 4%

9.075 10.329 11.360 12.585 14.238 14.671 17.373

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

2009 2010

Receita líquida corrente (RLC)

Indicadores

2004 2005 2006 2007 2008

22

51. O Estado da Bahia tem grandes necessidades de investimento e de um programa

ambicioso para supri-las. Primeiro, é preciso ampliar os serviços públicos básicos, como água e

eletricidade (por exemplo, por meio dos programas Luz para Todos e Água para Todos), o que

exige investimentos de capital. Segundo, o Estado tem um déficit substancial de infraestrutura

básica para promover a atividade econômica, como o transporte rodoviário, aéreo e hidroviário.

Terceiro, a Copa do Mundo de 2014 exigirá mais investimentos em mobilidade urbana

(construção e integração de modos de transporte público), bem como em segurança, a serem

financiados por PPPs. Atualmente, os projetos de investimento previstos abrangem: a Ferrovia

Oeste–Leste (construção em andamento), a ampliação dos portos (Porto Seguro e Barreiras) e a

construção/reforma dos aeroportos (sobretudo dos aeroportos regionais, com vistas a melhorar o

acesso a áreas isoladas), o transporte (frete) de soja e grãos e a construção de novos portos (Porto

Sul de Ilhéus, Porto de Aratu e Porto de Salvador).

52. As contas fiscais da Bahia e suas projeções para o médio prazo apontam para uma

evolução sustentável, e o quadro macroeconômico do Estado é considerado adequado para

os fins deste DPL. As receitas tributárias devem crescer a um ritmo regular durante o período

2011–16. Do lado das despesas, espera-se que o total dos gastos continue a crescer, em linha

com o aumento das receitas. Os pagamentos de juros devem cair a partir de 2011, na medida em

que a Bahia está pagando sua dívida a um ritmo bastante acelerado. Em consequência, o saldo

operacional bruto permanecerá estável, em torno de 15% da receita líquida corrente. A

expectativa é que os investimentos recuem em 2011 devido ao aumento dos pagamentos do

serviço da dívida. Contudo, eles devem recuperar-se em 2014, chegando a 9,4% da receita

líquida corrente da Bahia.

Análise de Sustentabilidade Fiscal e da Dívida

Pressupostos subjacentes

53. No cenário de referência, os saldos fiscais do Estado da Bahia evoluirão da seguinte

forma: de modo geral, as receitas e as despesas aumentarão em linha com o PIB nominal. Em

especial, do lado da receita, pressupomos que a receita proveniente das contribuições para a

seguridade social e as transferências privadas e de capital acompanharão o crescimento da

população e a inflação medida pelo IPCA. Do lado da despesa, pressupomos que o montante das

aquisições líquidas de ativos não financeiros será igual ao espaço fiscal definido como o saldo

operacional líquido de amortizações e de outros investimentos, ao passo que o perfil dos

pagamentos de juros é fornecido pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. A classificação

fiscal das contas adotada é o sistema das Estatísticas das Finanças Públicas – EFP (Government

Finance Statistics – GFS) recomendado pelo FMI. No tocante à dívida, o estoque pendente está

indexado à projeção da inflação medida pelo IGP. As variáveis macroeconômicas fundamentais

que afetam a trajetória das projeções fiscais e da dívida, como a taxa de inflação e taxa de

crescimento nominal do PIB, estão detalhadas no anexo sobre a sustentabilidade fiscal e da

dívida (Anexo 4).

Contas ficais e projeções da dívida

23

54. Usando a classificação fiscal das GFS e os pressupostos das projeções fiscais

apresentados na seção anterior, as projeções das contas fiscais do Estado da Bahia para o

período 2011–16 mostram uma tendência sustentável. Os saldos fiscais, ou seja, o saldo fiscal

primário, o saldo global e o saldo operacional bruto devem todos registrar superávits sem

precedentes no período projetado. O saldo primário deve chegar a 9,1% da receita líquida

corrente em 2011, para então cair nos anos seguintes.

55. A dívida consolidada líquida do Estado da Bahia está caindo gradativamente com o

passar do tempo, mantendo-se, de modo geral, abaixo do limite fixado pelo Governo

Federal. Considerando as informações sobre o cronograma de amortização e pagamento dos

juros para o período 2011–16, o estoque da dívida deve cair, chegando a 16% da receita líquida

corrente até 2016, enquanto os pagamentos de juros devem seguir uma trajetória de queda (ver

tabelas e figuras no Anexo 4).

Projeções dos indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal

56. A análise de sustentabilidade fiscal e da dívida mostra uma trajetória sustentável

para os principais indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal no período 2011–16. Portanto, a dívida consolidada líquida como porcentagem da RLC e o serviço da dívida como

parcela da RLC permanecerão abaixo dos limites fixados pelo Governo Federal. A relação dívida

consolidada liquida/RLC deve cair mais de 60% entre 2010 e 2016. Considerando as

amortizações e o perfil dos pagamentos de juros, o serviço da dívida como parcela da RLC segue

uma trajetória descendente de 2011 em diante.

III. O PROGRAMA DO GOVERNO E OS PROCESSOS PARTICIPATIVOS

O PROGRAMA DO GOVERNO

57. O Programa do Governo da Bahia se baseia na Visão Estratégica12

elaborada pela

Secretaria do Planejamento do Estado (SEPLAN). Essa visão estratégica visa tirar partido da

oportunidade de exportar produtos primários com o aumento da competitividade do Estado para

atrair novos investimentos em diferentes áreas (mineração, agronegócio, logística, energia, etc.),

no intuito de apoiar a diversificação e o crescimento da economia. Ao mesmo tempo, para

sustentar a competitividade da indústria baiana, a visão estratégica salienta a importância de

apoiar a inovação tecnológica para: (i) investir em novos nichos (economia verde); (ii) preparar

os estudantes para o mercado de trabalho (ensino técnico e superior); (iii) garantir a qualidade e

inovação; (iv) apoiar a inclusão produtiva e (v) tratar os serviços sociais (saúde, educação,

gerenciamento de riscos e desastres, defesa civil e segurança pública) como elementos

importantes para o crescimento e o desenvolvimento.

58. Os elementos da visão estratégica são incorporados a um Plano Plurianual

Participativo (PPA-P). Durante o ano de 2011, o PPA para o período 2012–15 foi elaborado por

meio de um processo consultivo com reuniões em 26 regiões do Estado da Bahia. A participação

foi aberta a todos os cidadãos, a organizações da sociedade civil e a ocupantes de cargos eletivos

12

Bahia: Visão Estratégica, Secretaria do Planejamento — Superintendência de Planejamento Estratégico, 2011.

24

das diferentes regiões e previa processos para indicar os temas prioritários por meio da Internet.

O PPA foi submetido à aprovação da Assembleia Legislativa em agosto de 2011.

59. O programa do Governo no âmbito do PPA-P está organizado em torno de três

eixos estratégicos: (i) inclusão social e afirmação de direitos; (ii) desenvolvimento sustentável e

infraestrutura para o desenvolvimento e (iii) gestão democrática do Estado. Algumas das

principais políticas e estratégias em cada um desses eixos estão apresentadas abaixo e estão

inteiramente alinhadas com o programa apoiado pelo DPL proposto.

Inclusão social e afirmação de direitos

Educação

60. O Estado da Bahia e seus municípios têm uma baixa eficiência interna na educação

e os resultados do aprendizado são fracos. Embora o número de matrículas em todos os níveis

do ensino fundamental tenha aumentado nos últimos anos, ele ainda está ligeiramente abaixo da

média nacional e abaixo da média regional do Nordeste. A responsabilidade pela educação

compete igualmente ao Estado e aos municípios — 83% de todas as escolas da Bahia são

municipais. Portanto, as autoridades educacionais do Estado estão empenhadas em aumentar a

responsabilização pelos resultados entre o Estado e os municípios mediante a criação de

parcerias no âmbito do Pacto com Municípios.13

61. A Secretaria da Educação criou o Todos pela Educação, um plano ambicioso para

garantir o direito de aprender a todos os estudantes das escolas públicas da Bahia. O plano

abrange todos os níveis de ensino e está organizado em torno de 10 prioridades que constituem

um roteiro para as intervenções do Estado no setor da educação. Trata-se também de um

instrumento para mobilizar mais recursos educacionais e conhecimento científico no Estado para

melhorar o desempenho acadêmico e a proficiência dos alunos nas escolas estaduais e

municipais. Os dois principais indicadores de efeito direto do plano são: (i) aumentar o índice de

aprovação para 90% dos alunos matriculados no primeiro ciclo do ensino fundamental, 85% no

segundo e 80% no ensino médio até 2014 e (ii) alcançar as metas fixadas pelo Ministério da

Educação em 2011 e 2013 no âmbito do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

(IDEB). No geral, o plano busca melhorar a qualidade da educação, aumentar a eficiência interna

e preparar os jovens do Estado para se tornarem cidadão ativos e ingressarem no mercado de

trabalho.

62. Uma das principais condições para o sucesso do Pacto com Municípios é o

monitoramento dos resultados do aprendizado. A Secretaria da Educação está desenvolvendo

instrumentos e protocolos de teste para fazer avaliações padronizadas dos resultados do

aprendizado de português e matemática pelos alunos matriculados no segundo ano (o programa

se chama Avalie Alfa). A primeira avaliação padronizada foi feita em 2012, envolvendo um

número estimado de 300 mil alunos nos 217 municípios que firmaram o Pacto com Municípios

em 2011. Os resultados da avaliação serão distribuídos a todos os estudantes. A Secretaria da

13

O Pacto com Municípios era anteriormente chamado de Pacto Pela Educação. A denominação mais recente foi

empregada no Decreto 12.972, de 28 de abril de 2011, publicado no Diário Oficial em 29 de abril de 2011.

25

Educação também compilará e distribuirá os resultados por classe, escola e municípios, a fim de

estabelecer um referencial para o desempenho por escola. Essa avaliação será repetida a cada ano

para acompanhar o progresso feito pelos municípios na melhoria dos resultados do aprendizado

pelos alunos do segundo ano. A Secretaria da Educação identificará 25% dos municípios

participantes que tenham avançado pouco e/ou que apareçam sistematicamente entre os 25%

mais fracos em termos de aprendizado. Esses municípios receberão um apoio mais direcionado e

intensivo na forma de (i) material didático e aprendizado extra; (ii) capacitação dos professores e

(iii) apoio pedagógico de consultores educacionais do Estado e do município. A Secretaria da

Educação e esses municípios concordarão em avaliar mais o que funciona e o que não funciona;

além disso, adaptarão as intervenções com base nas atividades mais bem-sucedidas apoiadas pelo

programa Pacto com Municípios. A avaliação padronizada dos estudantes do segundo ano, a

identificação dos municípios mais atrasados e a prestação de apoio adicional a esse grupo de

municípios constituirá uma condição para o desembolso da segunda parcela da operação.

Saúde

63. No setor da saúde, as principais intervenções são na área da atenção primária. As

iniciativas da Secretaria da Saúde Estado enfocaram as seguintes ações: (i) ampliar a cobertura

do Programa Saúde da Família; (ii) ampliar o acesso aos serviços de saúde em todos os

municípios, com base na reorganização do sistema de atenção primária; (iii) organizar o sistema

de saúde do Estado nas esferas municipal, microrregional, regional e estadual; (iv) promover a

capacitação e o treinamento de profissionais de saúde para desenvolverem uma nova prática — a

Estratégia de Saúde da Família (ESF); (v) oferecer apoio técnico, científico e tecnológico para o

desenvolvimento de atividades executadas pelos profissionais da ESF em todo o Estado;

(vi) monitorar e avaliar a implementação do modelo e (vii) oferecer informações melhores sobre

a atenção primária por meio da disseminação sistemática de dados e informações às equipes de

saúde da família, aos gestores setoriais de saúde e à sociedade civil. Essas intervenções

sistemáticas por parte da Secretaria da Saúde resultarão na publicação da Política Estadual para a

Atenção Primária em Saúde no início de 2012. Essa política visa promover a reorganização da

prática da saúde e novas abordagens, fomentando ações de saúde pública em todos os níveis do

sistema. O projeto visa melhorar a qualidade e expandir a cobertura da atenção primária em áreas

prioritárias, sobretudo no tocante ao atendimento materno.

64. Várias ações foram empreendidas para reduzir a mortalidade materna na Bahia, a

saber: (i) O Estado elaborou uma Política Estadual de Atenção à Saúde Materna e Infantil, a ser

aprovada e implementada em 2012; (ii) o Estado reestruturou as Diretrizes da Atenção à Saúde

Materna, tratando inclusive das vias clínicas para atacar as principais doenças; (iii) O Estado está

promovendo seminários sobre a atenção à saúde materna e infantil (Tecendo a Rede Cegonha),14

visando o lançamento do Programa Rede Cegonha no Estado, e (iv) O Estado criou o Fórum da

Rede Cegonha, que abrange secretarias municipais de saúde, profissionais da área, usuários do

sistema e provedores para discutir, analisar e propor opções para resolver as questões ligadas à

saúde materna e infantil.

14

A Rede Cegonha é uma estratégia do Ministério da Saúde que objetiva: (i) um novo modelo para a assistência

materna e infantil no parto; (ii) a melhoria da rede de atenção à saúde e (iii) a redução das taxas de mortalidade

materna e neonatal.

26

Inclusão social

65. Considerando os níveis de pobreza e de pobreza extrema, o Governo do Estado da

Estado da Bahia tem um ambicioso programa de redução da pobreza diferenciado por

renda e atividade econômica. Os programas do Estado partem da iniciativa Brasil sem Miséria,

do Governo Federal, que visa articular e fortalecer os programas de transferência de renda,

o acesso aos serviços públicos e a inclusão produtiva. A implementação do programa depende do

CadÚnico, o cadastro dos programas sociais criado em 2001. Ao longo da última década, o

CadÚnico tem sido usado exclusivamente como cadastro do Bolsa Família. Contudo, ele agora

cumpre a função mais ampla a que se destinava, a saber, de instrumento para todos os programas

sociais para identificar e caracterizar as pessoas e famílias em situação de pobreza em todos os

municípios brasileiros. De fato, o CadÚnico agora é visto como uma forma de promover a

convergência das iniciativas governamentais dirigidas às pessoas de baixa renda. Em vista da sua

função central como cadastro único dos beneficiários dos programas sociais específicos, a

qualidade e abrangência do CadÚnico são essenciais.

66. A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado da Bahia

(SEDES) está trabalhando com os municípios para identificar mecanismos para fortalecer

a rede dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), os quais serão o ponto focal

de todos os programas do Brasil sem Miséria. Esses centros, responsáveis por prestar e

coordenar os serviços de assistência social, também lidam com problemas de documentação e

ajudam as pessoas habilitadas a ter acesso ao Bolsa Família e aos demais programas de

assistência social. O Estado tem 552 CRAS em 412 municípios (de um total de 417 municípios

no Estado) e 184 CRAS localizados em 182 municípios.

67. Com respeito às atividades de transferência de renda, compete à SEDES

administrar e atualizar o Cadastro Único (CadÚnico) em cooperação com os municípios e a

Caixa Econômica Federal. Por meio do CadÚnico, a SEDES pode identificar os pobres e os

extremamente pobres, bem como apoiar outros órgão setoriais do Estado na atenção aos grupos

mais vulneráveis. A SEDES gerencia vários programas destinados a aumentar a oferta de

alimentos para os grupos vulneráveis. Além disso, é responsável pela gestão dos programas de

inclusão produtiva, como o Vida Melhor, que se concentra no empreendedorismo para as

famílias pobres urbanas, bem como por um programa para pescadores pobres e outro para

pequenos produtores rurais e outros grupos vulneráveis. A SEDES visa universalizar os

benefícios para os pobres e consolidar o Sistema Único de Assistência Social e o Sistema de

Segurança Alimentar na esfera estadual. Para alcançar esses objetivos, a ela está trabalhando em

estreita cooperação com os municípios para melhorar sua capacidade de gestão para fazer uma

busca ativa dos pobres e desenvolver os programas sociais conforme necessário.

68. Os incentivos oferecidos pelo Estado aos municípios são compatíveis com a iniciativa

do Governo Federal para reduzir a pobreza extrema. Recentemente, seguindo a estratégia do

Governo Federal, o Estado passou a assinar planos de cofinanciamento com os municípios para

ampliar a capacidade para implementar os programas de assistência social. Os municípios de

IGD-M mais baixo são os de menor capacidade para melhorar o CadÚnico e registrar a

população pobre. Os planos de cofinanciamento proporcionarão recursos e assistência técnica

aos municípios para que melhorem sua capacidade de gestão no setor de assistência social.

27

Os planos de cofinanciamento também se destinam a prestar apoio a esses municípios para que

façam a busca ativa, a fim de identificar as pessoas ainda não registradas no CadÚnico e

habilitadas a serem incluídas no programa Brasil sem Miséria.

Inclusão produtiva

69. O principal objetivo da política de inclusão produtiva do Estado é fomentar o

desenvolvimento e a integração regionais, sobretudo em prol das regiões mais atrasadas.

Desde 2006, a Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR), por meio da sua

Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), foi responsável, com apoio do Banco,

por mais de 2 mil investimentos comunitários determinados pela demanda em água e saneamento

no meio rural, além de iniciativas destinadas a aumentar a produtividade e a participação no

mercado de pequenos produtores em toda a zona rural da Bahia. As parcerias ora existentes com

o Governo Federal para apoiar esses objetivos abrangem o Programa Nacional de Fortalecimento

da Agricultura Familiar (PRONAF), um programa federal de saneamento (com a FUNASA) e o

Programa Nacional de Reforma Agrária (com o Incra). O PPA-P propõe apoio técnico aos

produtores rurais por meio de capital inicial, assistência técnica e extensão rural em cadeias de

produtores selecionadas, de modo a permitir uma maior participação no mercado,

especificamente de nichos institucionais, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar

(PNAE), mas também em mercados privados.

Segurança pública

70. Criminalidade e violência. O Governo do Estado pretende reforçar sua capacidade de

resposta à violência, ao implementar o Pacto pela Vida (PPV), uma política de combate ao crime

envolvendo vários setores. O PPV reconhece que o problema não é simplesmente de

policiamento, mas sim multissetorial; assim, criou-se uma unidade intersecretarial formada por

representantes das secretarias da Saúde, Educação e Emprego, além da Secretaria da Segurança

Pública. Contudo, a formulação de políticas e programas preventivos multissetoriais que sejam

eficazes exige uma estreita colaboração entre os diferentes setores e partes. O PPV reconhece

várias debilidades institucionais que precisam ser enfrentadas para efetivamente atacar o

problema da violência: (i) a deficiência geral na coordenação, formulação, implementação,

monitoramento e avaliação das políticas públicas; (ii) a adoção de novas políticas de maneira não

estruturada, sem apoio de estudos ou dados recentes e (iii) a desarticulação geral entre

planejamento, orçamento, monitoramento e execução.

71. Um comitê intersecretarial supervisionará o PPV, reunindo-se semanalmente para

analisar os mais recentes padrões da criminalidade, propor medidas de política e atacar o

problema por meio de múltiplos setores, de maneira eficaz e sustentável. Dentro desse

comitê, vários conselhos ou subcomitês tratarão de aspectos específicos da criminalidade para

identificar padrões e possíveis soluções. Para apoiar o trabalho dos comitês, uma série de fóruns

é organizada com a participação de organizações da sociedade civil e empresas locais para

identificar problemas e soluções. A estrutura de gestão do PPV está subordinada ao Governador

e tem autonomia para solicitar a atuação das secretarias sempre que necessário. No geral, o PPV

representa um modelo para a coordenação intersetorial, envolvendo o foco nos resultados e o uso

do monitoramento e da avaliação para alimentar diretamente a formulação e a implementação de

28

políticas. O subcomitê da prevenção da criminalidade e da violência por meio do

desenvolvimento social está encarregado de coordenar programas e intervenções sociais —

lideradas pelo Sistema de Defesa Social (SDS) — que complementarão outros programas e

intervenções implementadas por meio do PPV para efetivamente alcançar o objetivo geral de

reduzir e prevenir os crimes violentos letais intencionais (CVLI).15

Gênero, raça e etnia

72. Gênero. Um objetivo de desenvolvimento central do Governo da Bahia é promover a

igualdade de gênero por meio da inclusão social e econômica das mulheres. Para tanto, a criação

da Secretaria de Políticas para as Mulheres a partir do gabinete de um superintendente na

Secretaria de Promoção da Igualdade é uma ação concreta destinada a ampliar a capacidade do

Estado para formular e implementar políticas de igualdade de gênero. Em consequência, a

transformação em uma secretaria permanente melhorou a estrutura organizacional e os recursos

humanos e financeiros, o que resultou na destinação de verbas orçamentárias diretamente para

projetos específicos relacionados à inclusão produtiva e à prevenção da violência no âmbito das

políticas de igualdade do PPA.

73. A Secretaria de Políticas para as Mulheres tem dois temas setoriais mais amplos no

que respeita aos esforços para combater a desigualdade de gênero na Bahia: (i) reduzir os

níveis de todas as formas de violência contra as mulheres e melhorar os serviços prestados às

vítimas; e (ii) promover a autonomia econômica das mulheres em todo o Estado por meio de

programas de emprego.

74. Contudo, a Secretaria de Políticas para as Mulheres reconhece debilidades

institucionais que precisam ser sanadas para promover a igualdade de gênero de forma

mais eficaz: (i) deficiências gerais de caráter institucional e organizacional relacionadas ao

planejamento, monitoramento e execução de programas e políticas; e (ii) a necessidade premente

de incorporar as questões de gênero nos demais setores. Portanto, a Secretaria de Políticas para

as Mulheres elaborará uma Política Estadual de Igualdade de Gênero, a qual incorporará a

programação do gênero em setores cruciais. O Estado da Bahia está levando à frente várias

iniciativas para fortalecer a capacidade institucional da SecMulher e permitir que ela promova e

execute políticas de igualdade de gênero. Destacam-se: (i) a reformulação dos mecanismos

institucionais e organizacionais; (ii) o aumento da coordenação com as secretarias setoriais para

incorporar as questões de gênero nos programas estaduais; (iii) a adoção de um quadro de

política abrangente para promover políticas sustentáveis de igualdade de gênero e (iv) um plano

de ação estratégico para gestão, a fim de padronizar os serviços e o atendimento oferecido às

mulheres vítimas de violência.

15

Esse subcomitê será formado pelos seguintes setores: Secretaria da Cultura; Secretaria de Desenvolvimento Social

e Combate à Pobreza; Secretaria da Educação; Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos; Secretaria de

Políticas para Mulheres; Secretaria de Promoção da Igualdade Racial; Secretaria da Saúde; Secretaria de Segurança

Pública e Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esportes. Outros setores que atualmente não compõem o SDS

— a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Secretaria de Infraestrutura — serão convidados a participar do

subcomitê.

29

Desenvolvimento sustentável e infraestrutura para o desenvolvimento

Meio ambiente

75. Gerenciamento de riscos e desastres. Embora o Estado da Bahia não esteja sujeito a

catástrofes devastadoras, como terremotos ou furacões, ele enfrenta pequenos desastres com

frequência, normalmente associados a eventos climáticos extremos. As áreas rurais são afetadas

por secas e incêndios florestais, ao passo que as áreas urbanas sofrem com deslizamentos e

inundações. O efeito cumulativo desses eventos está retardando o desenvolvimento e os pobres

são os que mais sofrem, pois estão mais vulneráveis e mais expostos a esses riscos. Os desastres

informados pelos municípios durante os últimos 20 anos revelam uma média de mais de 140

desastres por ano na Bahia (Figura 4). Não existem informações sistematizadas sobre o impacto

dos desastres no Estado; contudo, apenas em Lauro de Freitas, um município com mais de 50 mil

agregados familiares, estão sendo construídas 3500 casas (o equivalente a 7% desses agregados)

para famílias pobres desalojadas pelos recentes desastres ou localizadas em áreas de alto risco.

Recentemente, a Bahia foi afetada por uma seca, a pior dos últimos 47 anos, segundo

informações, o que levou à decretação de estado de emergência em 235 municípios. Em alguns

municípios, a seca foi acompanhada de inundações, o que tornou ainda mais difícil responder aos

desafios.

Figura 4. Número Total de Desastres por Ano

Informados pelos Municípios do Estado da Bahia

Fonte: Relatório das Ocorrências de Desastres por Municípios – Estado da Bahia. DMD/SEDEC/MI. Brasília,

novembro de 2011.

76. A Defesa Civil, a principal instituição da Bahia para fazer face aos desastres

naturais depende bastante dos municípios, muitos dos quais, infelizmente, têm pouca

capacidade. O Sistema Estadual de Defesa Civil foi criado em 1991 e é coordenado pela

Coordenadoria de Defesa Civil (CORDEC), que, atualmente, faz parte da Secretaria de

Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado (SEDES). Ele conta com uma

Comissão Interinstitucional, que atua como órgão consultivo, e faz uso da estrutura de defesa

civil dos municípios para suas operações. O Governo da Bahia reconhece os riscos de desastres

(deslizamentos, secas, incêndios florestais, inundações) e está decidido a trabalhar para

reduzir-lhes o impacto por meio do fortalecimento do Sistema de Defesa Civil (SDC) para

aumentar sua eficiência e eficácia. O SDC está sendo reestruturado no âmbito do atual programa

30

do Governo para promover a incorporação do gerenciamento de desastres naturais. Um novo

órgão coordenador interinstitucional ficará encarregado de adotar uma política estadual e um

plano de ação sobre o assunto. Além disso, uma nova estrutura sub-regional será criada com 26

nós (correspondendo aos “Territórios de Identidade”) agrupando os municípios com riscos

semelhantes. Esses nós serão equipados e capacitados para oferecer apoio aos municípios locais.

Trata-se de uma opção mais factível e com melhor custo-benefício do que oferecer apoio a mais

de 400 municípios. Ao mesmo tempo, a CORDEC está empreendendo um programa de

capacitação para ajudar os municípios a manter Comissões de Defesa Civil em funcionamento e

capacitar os membros das comissões municipais em prevenção, preparação e resposta a

desastres. A intenção é que o programa chegue a todos os municípios do Estado e isso ocorrerá

durante todo o ano de 2012. Finalmente, também está sendo formulada uma estratégia para

apoiar a capacidade das brigadas voluntárias, para que estar possam melhorar o apoio ao SDC na

sensibilização do público e na prevenção e combate a incêndios.

Logística e comunicação

77. Transportes. O transporte rodoviário domina o setor, com 95% das cargas sendo

transportadas em uma malha viária de 143 mil quilômetros. Apesar de contar com uma rede

ferroviária (1500 km) e uma extensa costa (1200 km) com três grandes portos — Salvador, Aratu

e Ilhéus —, o transporte ferroviário e a navegação de cabotagem continuam em um nível

marginal. Essa situação pode mudar gradativamente nos próximos anos, com grandes obras de

infraestrutura sendo construídas no âmbito do PAC 2, como a Ferrovia Oeste–Leste e o novo

Porto Sul. Paralelamente, está sendo criada uma rede de centros logísticos. Em 2010, os setores

agropecuário e industrial representavam mais de 35% do PIB da Bahia; esses setores são

importantes consumidores dos serviços de transporte. Com vistas a tornar a matriz de transportes

mais ecológica e aumentar a sustentabilidade do setor no longo prazo, o Governo da Bahia visa

instalar um quadro de transportes e logística suficiente para desenvolver ainda mais os setores

agropecuário e industrial, impulsionando o crescimento econômico do Estado. Essa estratégia

prevê a melhoria da infraestrutura viária e, ao mesmo tempo, busca uma matriz modal de

transportes mais equilibrada, tirando máximo proveito das oportunidades em matéria de

navegação e transporte ferroviário. Essa estratégia exigirá uma forte coordenação entre as

diversas partes interessadas na logística, sejam elas públicas ou privadas, nas esferas federal,

estadual e municipal. Ademais, o Governo da Bahia manifestou interesse em melhorar a

estrutura logística e institucional dos transportes, de modo a apoiar o crescimento econômico,

integrando a logística, a coordenação dos transportes, o planejamento e a conectividades das

redes. Nesse sentido, a solução das questões logísticas urbanas e metropolitana, levando em

consideração as exigências em termos de mobilidade urbana, constitui um desafio em especial.

78. O BID e o Banco Mundial têm apoiado o Estado da Bahia na reabilitação de parte

de suas estradas. As mais recentes estimativas indicam que, em 2011, aproximadamente 70% da

malha viária do Estado, onde se concentram os principais fluxos de transporte, estão em

condições boas ou regulares; sobram 30% em más condições, o que provoca um impacto sobre o

custo do transporte rodoviário. A previsibilidade e a sustentabilidade da manutenção das estradas

e do financiamento das obras de reabilitação constituem questões cruciais para a oferta de um

nível de serviço adequado aos usuários das estradas. A solução dessa questão do financiamento

deve ser parte integrante da estratégia para os transportes e a logística.

31

79. O programa do Governo também prevê a modernização da estrutura

organizacional do DERBA, voltada para a gestão baseada em resultados. O Departamento

de Estradas de Rodagem do Estado da Bahia (DERBA) está subordinado à SEINFRA e é o órgão

do Governo encarregado de: (i) manter e desenvolver a malha viária estadual, com um total de

20 mil quilômetros em uma área de 560 mil km2; (ii) apoiar os municípios na manutenção das

suas malhas viárias e (iii) promover a construção e manutenção dos terminais rodoviários, aéreos

e hidroviários. Em 2011, os recursos humanos do DERBA somaram cerca de 1.200 funcionários

na sede, em Salvador, e nas 20 repartições regionais, com um orçamento total de cerca de R$ 380

milhões (aproximadamente 70% do orçamento da SEINFRA). A ação proposta tira partido do

atual empréstimo para investimento do Banco (Projeto de Gestão Integrada das Rodovias

Estaduais da Bahia – PREMAR). Essa modernização seria um importante passo à frente, rumo à

orientação pelos resultados na gestão do setor público das secretarias setoriais, e poderia ser

usada como experiência para a administração da Bahia como um todo.

Gestão democrática do Estado

Planejamento e gestão estratégica

80. O planejamento e a elaboração do orçamento no Estado da Bahia têm se caracterizado

por orçamentos anuais irrealistas, com receitas superestimadas, que não refletem as prioridades

das secretarias nem as do Governo como um todo. A coordenação entre os diferentes órgãos

também era fraca. O resultado é que os recursos não eram distribuídos de acordo com as

prioridades e que os recursos disponíveis eram gastos de forma ineficaz e ineficiente. Para

enfrentar esses problemas, o Governo lançou em 2007 o programa “Compromisso Bahia”, que

enfocava a melhoria da qualidade e o aumento da eficiência das despesas. Ele foi implementado

por meio da criação de um grupo intersecretarial conhecido como o Escritório da Qualidade do

Gasto Público, vinculado à Secretaria da Administração. Embora as medidas tomadas no âmbito

do programa Compromisso Bahia tenham sido eficazes na melhoria da gestão em áreas limitadas

e na redução de rubricas específicas das despesas, elas não trataram do problema mais amplo da

coordenação das políticas no Governo e da vinculação das despesas às prioridades.

81. Para resolver as ineficiências e a falta do foco estratégico do orçamento, o Governo

está levando a cabo uma profunda revisão e reestruturação dos processos de negócios no

coração do Governo. O objetivo dessa reestruturação é desenvolver instituições modernas que

permitam uma gestão integrada dos seus processos de forma transparente e reativa e fortaleçam a

capacidade de implementação para a prestação de serviços. O atual sistema de planejamento do

Estado será substituído por um novo sistema institucional, o Sistema Estadual de Planejamento e

Gestão Estratégica (SEPEGE). O programa resultará em um novo modelo de processos e

estruturas institucionais para alinhar os processos de planejamento, gestão e orçamento. As

reformas também estarão estreitamente vinculadas com as reformas nas áreas de informação,

contabilidade e gestão de recursos humanos. O programa de reforma já resultou na elaboração,

ora em andamento, de um diagnóstico detalhado do sistema de planejamento existente, e as

propostas para a reforma já estão em discussão entre as principais secretarias do Governo.

32

Modernização da gestão dos recursos financeiros e humanos

82. Gestão das finanças públicas e custos. Além da reestruturação dos processos de

planejamento e orçamento, o Estado também está modernizando os processos de execução do

orçamento e gestão financeira. Isso está sendo executado principalmente mediante o

desenvolvimento de um novo sistema de gestão financeira do Governo (FIPLAN) que integra os

atuais sistemas de contabilidade, planejamento e elaboração do orçamento. Um dos principais

benefícios do novo sistema será possibilitar ao Estado fazer sua contabilidade e prestar

informações de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público

(IPSAS). O Governo está preparando um roteiro detalhado para os novos processos de negócios,

capacitação e introdução dos requisitos tecnológicos (inclusive o novo sistema de gestão

financeira, FIPLAN) visando as IPSAS. No tocante a custos, embora a Bahia seja o único Estado

com um sistema de custos que abrange todo o Estado (ACP), atualmente esse sistema não é

adequado para a elaboração do orçamento nem oferece informações úteis para a tomada de

decisões administrativas e de planejamento nas secretarias. Como parte do processo de

modernização, o Governo está começando um processo de atualização do sistema, para que ele

possa fornecer informações úteis sobre os custos dos serviços públicos e permitir aos gestores do

setor público avaliar as vantagens e desvantagens entre os programas do Governo e criar marcos

de referência para os custos dos serviços públicos em todas as secretarias.

83. Gestão de recursos humanos (RH). O objetivo geral das reformas na gestão de RH é

desenvolver uma força de trabalho com a qualificação, capacidade e incentivos para gerar

resultados no setor público, bem como para que os gestores possam contar com a flexibilidade

para ter à sua disposição os funcionários apropriados. Desde 2007, como parte da modernização

da administração pública, o Estado vem lançando diversas reformas da sua política de RH, como

a retomada de concursos para cargos públicos, a renovação do registro de funcionários do setor

público e a adoção de elementos da gestão de desempenho na maioria das secretarias.

As reformas foram adotadas em carreiras do setor público abrangendo 60% do funcionalismo

(incluindo os funcionários da educação e da saúde). As reformas instituem o princípio e a prática

da meritocracia na nomeação e promoção de funcionários públicos e, no médio prazo, serão

combinadas com o planejamento, a gestão e a capacitação ativas da força de trabalho. Além

disso, o Governo planeja criar uma rede de servidores públicos capacitados como consultores e

assessores para difundir as boas práticas de gestão por todo o Estado. Por último, essas reformas

terão o respaldo de uma profunda reforma do sistema de recursos humanos, segundo o qual a

gestão de RH se concentrará em garantir que os princípios da meritocracia na nomeação e

promoção sejam combinados com o planejamento, a gestão e a capacitação ativas da força de

trabalho. O Estado articulou uma política de gestão dos recursos humanos16

em abril de 2010,

enfocando um modelo de gestão de RH concebido de modo a profissionalizar o serviço público e

orientá-lo na direção dos resultados e da prestação de serviços. Ademais, a ideia é oferecer uma

folha salarial administrada e melhorar a gestão de carreiras, a fim de estimular o

profissionalismo, o desenvolvimento de talentos, o trabalho de equipe e o intercâmbio de

experiências e conhecimento. A gestão do serviço público deverá ser um sistema baseado em

regras transparentes que promova a meritocracia e o bem-estar de cada servidor.

16

Minuta da Política de Gestão de Pessoas do Poder Executivo do Estado da Bahia, Secretaria de Administração,

abril 2010.

33

84. Administração tributária. A arrecadação de tributos na Bahia tem como característica

um elevado grau de concentração. As receitas do ICMS representam 87% das receitas tributárias

e os 50 maiores contribuintes desse imposto respondem por 50% da sua arrecadação. Além disso,

o maior contribuinte do ICMS é responsável por 28% de toda a receita do imposto. Outra

característica da administração tributária da Bahia é o uso constante de renúncias fiscais devido à

guerra fiscal entre os Estados brasileiros. A Bahia em especial se vê bastante afetada em virtude

da proximidade com os Estados do Espírito Santo e Pernambuco, bastante conhecidos pelo

desregramento no uso de renúncias fiscais.

85. A Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (SEFAZ) está reforçando a eficácia da

administração tributária por meio de medidas para recuperar tributos em atraso, reduzir

brechas na legislação, ampliar o cruzamento de informações com as autoridades federais e

aumentar as auditorias e a fiscalização. Por exemplo, a SEFAZ firmou acordos com a

Secretaria da Receita Federal e com o Ministério Público. Finalmente, a SEFAZ está trabalhando

para simplificar a legislação e o sistema de cadastramento de contribuintes e integrá-lo aos

sistemas federal e municipal para melhorar a fiscalização e reduzir o tempo de solução de

disputas por meio de ações judiciais. O Governo da Bahia está perseguindo uma estratégia de

duas vertentes: a primeira é aumentar a eficácia da administração tributária ao racionalizar e

agilizar os procedimentos de cobrança de tributos em atraso. A SEFAZ já estimou o custo da

recuperação de tributos não recolhidos e adotou métodos alternativos para cobrar atrasados com

valores abaixo do limite de custo. O Governo visa aumentar a fiscalização de pagamentos em

atraso, uma função que claramente precisa ser melhorada. A fiscalização leva um longo tempo e

não consegue baixar o volume excessivo de tributos em atraso. Atualmente, o montante de

tributos em atraso equivale à receita tributária de um ano inteiro. A reformulação completa do

sistema de fiscalização se baseará em uma avaliação completa das deficiências do sistema,

enfocando: (i) o arcabouço jurídico; (ii) a organização e a gestão; (iii) o processo de trabalho e

(iv) os sistemas de TI. O segundo elemento da estratégia é aprofundar a integração com a Receita

Federal e com outros órgãos do Governo envolvidos no cumprimento da legislação tributária. A

SEFAZ vem aderindo ao Sistema de Cadastro Sincronizado Nacional, sob a liderança da Receita

Federal, e estabeleceu uma parceria com o Ministério Público para estender a punição dos

contribuintes faltosos à esfera criminal.

86. Parcerias público-privadas. O Estado da Bahia é pioneiro na área de PPPs no Brasil e

está empenhado ativamente em atrair parcerias com o setor privado para investimentos públicos.

A lei estadual sobre PPPs foi aprovada em 2004 e uma lei complementar sobre o sistema de

pagamento das PPPs foi promulgada em 2009. A Bahia firmou o primeiro contrato de PPP no

setor de água e esgoto no Brasil e o segundo do país no geral. O programa de PPPs está muito

bem estruturado e gerenciado. Existe um procedimento claro e definido para avaliar as propostas

de PPP. Os contratos têm uma matriz de riscos com uma clara distribuição/divisão dos riscos

entre as duas partes. Existem mecanismos de garantia para os parceiros do setor privado,

diminuindo o risco de falta de pagamento. Todos os elementos a serem entregues são auditados

por um terceiro antes do pagamento pelo Governo. O Governo atualmente está em vias de

elaborar e adotar um manual de melhores práticas sobre o monitoramento de contratos de PPP.

Esse manual será oficializado por meio de um decreto do Governo e, assim, vinculará todos os

servidores públicos. O gargalo do monitoramento de contratos é a limitação geral enfrentada por

todos os órgãos públicos no Brasil e não apenas nos contratos de PPP. Essa dificuldade é

34

agravada nos contratos de PPP em virtude da sua complexidade e estrutura, que muitas vezes

preveem pagamentos vinculados ao desempenho. Algumas das desvantagens estão sendo

tratadas por meio da inclusão nos contratos de uma cláusula exigindo a contratação de

auditores/inspetores independentes para examinar as tarefas a cargo do parceiro privado.

87. O programa de PPP da Bahia está bastante ativo e, atualmente, três contratos estão

em vigor. O primeiro é um contrato de água e esgoto. O segundo é o de um hospital, com um

quadro bastante inovador orientado para resultados. O terceiro se destina à reconstrução,

operação e manutenção de um estádio de futebol a ser usado na Copa do Mundo. Outros cinco

projetos previstos estão em diferentes estágios de preparação na Bahia. Os projetos ora sob

avaliação abrangem linhas de metrô e corredores exclusivos para ônibus em Salvador, presídios,

centros de diagnóstico de saúde e uma plataforma de logística na região do São Francisco.

IV. APOIO DO BANCO AO PROGRAMA DO GOVERNO

JUSTIFICATIVA PARA O ENVOLVIMENTO DO BANCO E CONEXÃO COM A

ESTRATÉGIA DE PARCERIA COM O PAÍS (CPS)

88. O Brasil e o Grupo do Banco Mundial mantêm uma parceria de longa data. A

Estratégia de Parceria com o Brasil17

reconhece as realizações importantes na conquista dos

desafios do desenvolvimento, o uso de abordagens inovadoras e a contribuição para moldar a

agenda de políticas global. A CPS também atende à demanda por produtos mais flexíveis e

eficientes mais bem adaptados às necessidades em constante mudança do país, sem deixar de

perder o foco nas principais questões do desenvolvimento de longo prazo.

89. O Banco reconhece a natureza altamente descentralizada da Federação brasileira e,

portanto, do papel importantíssimo que os governos subnacionais desempenham na

conquista dos principais desafios ao desenvolvimento do país. A ampliação da capacidade dos

governos subnacionais para implementar políticas para o desenvolvimento nacional é crucial

para maximizar seu impacto, afinando sua concepção e reduzindo as desigualdades regionais.

90. O objetivo da operação proposta é apoiar o programa do Governo do Estado da

Bahia para reduzir a desigualdade social, desenvolver uma infraestrutura institucional e

uma logística mais eficientes e fortalecer a gestão do setor público. A operação proposta é

plenamente compatível e está intimamente relacionada com os objetivos da Estratégia de

Parceria com o Brasil para o período 2012-15, que enfatiza a redução da pobreza extrema, da

vulnerabilidade e da exclusão, a promoção do crescimento por meio do uso sustentável dos

recursos e a melhoria da competitividade como pilares centrais para alcançar o desenvolvimento

sustentável e do crescimento inclusivo. O foco do DPL proposto recairia sobre a inclusão social e

produtiva, o aumento da eficiência das infraestruturas sociais, físicas e institucionais e o

fortalecimento do planejamento da gestão do setor público, que constituem pilares fundamentais

da CPS para alcançar o desenvolvimento sustentável e o crescimento inclusivo.

91. O financiamento do Banco, bem como a sua capacidade técnica, podem apoiar a

Bahia nos seus esforços para tornar o crescimento mais inclusivo e reduzir a pobreza. De

17

CPS 2012–15 (Relatório nº 63731-BR), discutida pelos Diretores Executivos em 1 de novembro de 2011.

35

fato, com o financiamento do Banco, o Governo pretende aumentar sua capacidade para investir

em seus programas estratégicos, alavancando o espaço fiscal criado pelos crescentes saldos

operacionais brutos do Estado. A capacidade técnica nas áreas apoiadas pelo DPL oferecida por

meio da supervisão e de atividades de assistência técnica complementares reforçará ainda mais a

capacidade do Governo para estruturar e implementar seu programa de reforma, bem como para

alinhar as políticas dos diferentes níveis de Governo.

COLABORAÇÃO COM O FMI E OUTROS DOADORES

Colaboração com o FMI

92. Considerando que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não trabalha

diretamente com os governos estaduais, não houve uma colaboração direta com o Fundo

nesta operação específica. Contudo, as equipes do Banco e do Fundo cooperam intensamente

para o programa do Brasil como um todo. Isso é compatível com o Plano de Ação Conjunto do

FMI–Banco Mundial (JMAP), que, no intuito de melhorar a coordenação na esfera nacional,

preconiza que técnicos do Banco e do Fundo se consultem pelo menos uma vez por ano quando

da elaboração de seus planos de trabalho. As equipes do Fundo e do Banco ocupadas do Brasil

também têm se reunido regularmente.

Colaboração com outros parceiros nacionais e internacionais

93. As principais instituições de fomento que operam no Brasil são o Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Corporação Andina de Fomento (CAF) e o

Banco Mundial. O BID e a CAF trabalham para contribuir para o processo de desenvolvimento

econômico e social na América Latina e são atuantes na execução de projetos no Brasil. A CAF

concentrou seus esforços: (i) no apoio aos governos municipais; (ii) na integração regional;

(iii) no desenvolvimento socioeconômico; (iv) na infraestrutura e (v) no setor privado. O BID

tem trabalhando com Estados e municípios por meio de programas para apoiar a gestão do setor

público.

ESCOLHA DO INSTRUMENTO E RELAÇÃO COM OUTRAS OPERAÇÕES DO

BANCO

94. DPL ou Empréstimo para Investimento? A operação apoia uma série de reformas de

política consubstanciadas no Plano da Visão Estratégica do Estado da Bahia, com o qual o

Governo do Estado, ente jurídico autônomo, está comprometido. Um DPL é, pois, o instrumento

apropriado. O programa de reforma do Estado é robusto e consubstancia temas abrangentes e

inter-relacionados, como o fortalecimento da inclusão social e produtiva, o reforço da

infraestrutura social, física e institucional e a melhoria da governança e da gestão do setor

público. O programa e as prioridades do governo constituem um motivo sólido para a confiança

de que a operação contribuirá para a redução da pobreza.

95. Além disso, o BIRD já concedeu apoio ao Estado da Bahia, mas apenas na forma de

empréstimos de investimento, sobretudo em infraestrutura, com alguns componentes de

inclusão social e saúde. Em especial, o Banco mantém uma longa parceria com o Governo do

36

Estado nas áreas de desenvolvimento rural, transporte interurbano, gestão dos recursos hídricos,

infraestrutura urbana e saúde. Assim, um empréstimo para políticas viria a complementar o apoio

anterior do BIRD, ao fortalecer o quadro institucional e de políticas da Bahia, o que poderia

aumentar a eficácia dos empréstimos do Banco para investimento. A Caixa 2 apresenta os

vínculos com as operações existentes.

96. DPL não parcelado ou em duas parcelas? Concluiu-se que um DPL em duas parcelas

era mais adequado por dois motivos. Primeiro, permitiria ao Banco e ao Governo do Estado

estabelecer uma relação de prazo mais longo no tocante a um conjunto amplo de questões de

política, com vistas a apoiar elementos fundamentais do programa do Governo. Segundo, essa

consideração se reveste de ainda mais importância em vista da modesta capacidade do Governo,

o que exigiria apoio continuado do Banco.

97. DPL em duas parcelas ou DPLs programáticos? O rigoroso regime de controle fiscal

do Brasil, que tem contribuído bastante para a disciplina fiscal desde o fim da década de 1990,

impõe custos de transação relativamente altos ao processamento de empréstimos subnacionais.

Todo empréstimo tem de passar por um processo rigoroso de análise e aprovação pelos órgãos

federais. Esse processo pode levar meses ou mais e introduz um elevado grau de incerteza sobre

quando o empréstimo será aprovado. O Governo do Estado gostaria de reduzir o custo de

transação do empréstimo, de modo a concentrar-se na implementação do programa de reforma.

Assim, prefeririam um DPL programático em duas parcelas, pois isso permitiria apresentar um

processo de aprovação em vez de vários. Além disso, vários processos exigem um prazo mais

longo, o que pode atrasar o processamento do empréstimo e a implementação do programa de

reforma.

98. O perfil de duas parcelas tem duas vantagens principais: (a) proporciona incentivos

suficiente s para a implementação do programa de reforma apoiado (a primeira parcela apoia o

estágio inicial do plano de reformas, o qual será aprofundado com apoio do Banco com a

segunda parcela) e (b) evita o longo processo de aprovação, pelo Governo, das operações do

Banco que atrasa consideravelmente a preparação do empréstimo. Contudo, o principal risco é

que o desembolso da segunda parcela possa ser adiado caso o ritmo das reformas seja lento em

virtude da capacidade limitada do Governo.

99. A operação do Estado está vinculada a quatro empréstimos para investimento ora

ativos, em infraestrutura, inclusão social e saúde. Esses projetos são pertinentes para a

formulação do DPL proposto por vários motivos. Por estarem apoiando o Governo nas mesmas

áreas, a complementaridade e a continuidade foram fundamentais como insumo para a

concepção da nova operação. Isso foi alcançado com a garantia de que as mesmas equipes

estariam envolvidas na operação e permitir a melhoria do fluxo de informações, da coordenação

com o Governo e da própria concepção da operação. A Caixa 2 apresenta os vínculos com as

operações existentes.

100. Como os DPLs são mais eficazes quando acompanhados de atividades de assistência

técnica, o Banco está discutindo com o Governo a oferta de assistência técnica

complementar no âmbito dos empréstimos de investimento existentes, de modo a

aprofundar o apoio ao Governo na implementação de seu programa de reformas. O Banco

37

está discutindo com as autoridades uma forma de oferecer recursos adicionais ao Governo do

Estado da Bahia por meio de financiamento adicional e/ou da reestruturação dos componentes da

assistência técnica no âmbito das atuais operações de investimento. Isso permitiria contar com

um componente de assistência técnica eficaz durante a preparação e implementação que

atenuaria o risco de adiamento da segunda parcela em virtude de restrições de capacidade. O

Banco também está estudando a possibilidade de oferecer assistência técnica por meio de

supervisão e de parcerias com outros departamentos do banco, como o WBI, no tocante às PPPs.

FUNDAMENTOS ANALÍTICOS

101. Os resultados de estudos setoriais serviram para orientar o foco e a concepção do

DPL (a Tabela 4 apresenta uma síntese do trabalho analítico que embasa a operação). Por

exemplo, a avaliação da pobreza identifica a baixa produtividade agrícola como a causa

subjacente da elevada pobreza na área rural da Bahia. Ela decorre da falta de tecnologias de

produção modernas, de infraestrutura básica, de assistência técnica para aumentar a

produtividade e de estruturas de comercialização organizadas. Além disso, o Estudo sobre o

Setor de Saúde da Bahia, em linha com os Relatórios sobre a Saúde no Estado e a análise dos

dados dos sistemas de informação nacionais, identifica a mortalidade materna como o mais sério

desafio em matéria de saúde pública na Bahia e salienta a importância de apoio continuado para

ampliar a cobertura da atenção primária, pois estima-se que 90% dos óbitos maternos poderiam

ser evitados com atendimento de qualidade e em tempo hábil. No setor da educação, o relatório

do Banco Mundial Achieving World Class Education in Brazil [Para alcançar uma educação de

primeira classe no Brasil] destaca a necessidade de fortalecer o desempenho dos professores,

apoiar o desenvolvimento na primeira infância e reformar o ensino médio. Já o estudo sobre a

violência e a criminalidade no Brasil conclui que as atividades de prevenção costumam ter uma

melhor relação custo–benefício do que as medidas de controle. Essa será a principal área de

apoio no âmbito do DPL mediante ações de política estratégica para ampliar as intervenções

visando o desenvolvimento social.

102. A concepção do apoio ao Programa de Gênero do Governo está alinhada com as

constatações do WDR sobre gênero, com a avaliação Brazil Gender Review, e com a análise

feita pelo Banco Mundial na esfera estadual (consulte Gender and Poverty in the State of

Bahia, 2011 nos arquivos do projeto). O relatório Brazil Gender Review, que documenta as

constatações de uma avaliação sobre as questões de gênero no Brasil, reconhece o gênero como

uma questão importante para o aumento do bem-estar socioeconômico e a redução da pobreza,

ao passo que o outro relatório citado descreve os desafios relacionados ao gênero na Bahia e o

perfil da pobreza no Estado. Ademais, o DPL refletirá as constatações pertinentes do estudo

Gender and Agency in Brazil [Gênero e autonomia no Brasil] ora em andamento, bem como as

implicações decorrentes para o setor.

38

Tabela 4. Fundamentos Analíticos Área Estudo relacionado

Análise da pobreza Attacking Brazil’s Poverty, Banco Mundial, 2001 [Combate à Pobreza no Brasil]

Making the poor count takes more than counting the poor: A quick poverty assessment of

the State of Bahia, Banco Mundial, 2004 [Fazer com que os pobres sejam levados em

conta exige mais do que contar os pobres]

Inclusão produtiva Rural poverty alleviation in Brazil: toward an integrated strategy, Banco Mundial, 2003

[Alívio da pobreza rural no Brasil: rumo a uma estratégia integrada]

Rural development and poverty alleviation in Northeast Brazil, Banco Mundial, 2002

[Desenvolvimento rural e alívio da pobreza no Nordeste do Brasil]

Gênero Brazil Gender Review: issues and recommendations, Banco Mundial, 2002 [Análise do

gênero no Brasil: questões e recomendações]

Gender and Agency in Brazil (estudo em andamento) [Gênero e Autonomia no Brasil]

Criminalidade e

violência

Crime, violence and economic development in Brazil: elements for effective public

policy, Banco Mundial, 2006 [Criminalidade, violência e desenvolvimento econômico no

Brasil: elementos para uma política pública eficaz]

Crime and Violence in Central America: A development Challenge, estudo do Banco

Mundial, 2011 [Criminalidade e Violência na América Central: um desafio ao

desenvolvimento]

Parcerias

público-privadas

How Brazil's first public-private health partnership is transforming the country's health

system, Andrea Azeredo, in Health San Francisco (2010) [Como a primeira parceria

público-privada no Brasil está transformando o sistema de saúde do país]

Meio urbano Brazil – Inputs for a strategy for cities: a contribution with a focus on cities and

municipalities, Banco Mundial 2006 [Brasil – insumos para uma estratégia para cidades:

uma contribuição com foco nas cidades e municípios]

Determinants of city growth in Brazil, Banco Mundial, 2005, [Determinantes do

crescimento das cidades no Brasil]

Saúde Revista Saúde da Bahia, Diagnóstico da situação da saúde no estado da Bahia, 2008

(Documento elaborado para o Plano de Saúde do Estado, 2008–11)

Decentralization of health care in Brazil: A Case Study of Bahia, Banco Mundial 2003

Educação Plano de Desenvolvimento para a Educação: Todos pela Educação, Secretaria da

Educação do Estado da Bahia, 2011

Educação em números 2009

Anuário Estatístico 2009

Brazil: Secondary Education: Time to Move Forward, Banco Mundial, 2000 [Brasil:

ensino médio: hora de avançar]

Consórcio Bahia Maior, Avaliação de Impactos do Projeto de Educação da Bahia –

Relatório Final. 2006

Achieving World Class in Education: The Next Agenda. Estudo do Banco Mundial, 2011

[Para alcançar uma educação de primeira classe no Brasil: a próxima agenda]

Gestão do setor

público

Redesenho do Sistema Estadual de Planejamento do Estado da Bahia, Terceiro Produto

Diagnóstico, agosto de 2011, Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia

Minuta da Política de Gestão de Pessoas do Poder Executivo do Estado da Bahia, abril de

2010, Secretaria da Administração, Superintendência de Recursos Humanos

39

Caixa 2. Vínculos com as Operações Existentes

Transporte: Projeto de Gestão Integrada das Rodovias Estaduais da Bahia (P095460) – PREMAR

O Banco vem apoiando o programa do Estado da Bahia no setor de transportes desde 2006 mediante um Empréstimo para

Investimento e Manutenção Setoriais (SIM), no montante de US$ 186 milhões, para um projeto que enfoca a reabilitação

de estradas pavimentadas do Estado, com vistas a reduzir os custos logísticos e estimular a aceleração do crescimento

econômico. O objetivo está sendo alcançado mediante: (a) a reabilitação e manutenção de trechos importantes da malha

viária pavimentada do Estado e (b) o apoio a uma série de melhorias institucionais importantes no setor viário para

garantir a sustentabilidade das realizações físicas. As ações de política no âmbito do DPL proposto estão alinhadas com o

objetivo estratégico de melhorar a estrutura logística e institucional dos transportes para vencer o grande desafio do setor

de transportes — as más condições da malha viária — e enfocarão a modernização do quadro regulamentar da logística

dos transportes. O PREMAR prevê, em especial, uma série de atividades de fortalecimento institucional, como a

elaboração do plano diretor dos transportes e da logística da Bahia e do diagnóstico dos pontos fracos e fortes do DERBA,

que complementará as ações de política propostas neste DPL.

Saúde: Projeto de Gestão Integrada da Saúde e da Água na Bahia (P095171)

O DPL proposto complementa o apoio oferecido no âmbito do Projeto de Gestão Integrada da Saúde e da Água, com um

enfoque continuado na expansão da atenção primária à saúde, no intuito de atacar o problema da mortalidade materna —

amplamente reconhecida como um dos mais graves desafios de saúde pública na Bahia. Esse projeto apoia o objetivo

maior do Estado de melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), reduzindo a taxa de mortalidade infantil por

meio de uma estratégia que combine intervenções nos setores da saúde e dos recursos hídricos. O projeto, a um custo de

US$ 60 milhões, tem dois componentes. O componente 1 visa reduzir a mortalidade e a morbidade pós-neonatal mediante

a ampliação do acesso à água potável, saneamento e atenção à saúde básica nos municípios mais afetados por doenças

intestinais infecciosas, bem como intervenções correlatas para reduzir a mortalidade neonatal. O componente 2 oferece

apoio ao fortalecimento da capacidade institucional do Estado para gestão, monitoramento e avaliação nos setores de

recursos hídricos, saúde e planejamento.

Inclusão social e produtiva: Projeto Integrado do Estado da Bahia para a Pobreza Rural (P093787)

O Projeto Integrado do Estado da Bahia para a Pobreza Rural, também conhecido como Projeto de Combate à Pobreza no

Interior da Bahia “Produzir II”, visa ampliar as oportunidade sociais e econômicas para os pobres do meio rural na Bahia

ao: (a) melhorar o acesso a infraestruturas e serviços sociais e econômicos básicos; (b) fortalecer as atividades produtivas

dos agricultores de pequena escala e seus vínculos com os mercados nacionais e internacionais, usando técnicas de

desenvolvimento de inspiração comunitária e (c) aumentar o impacto dos investimentos públicos sobre a pobreza rural

usando as qualificações, o capital social e a experiência dos conselhos municipais, das associações comunitárias e das

organizações de produtores ligadas ao projeto, a fim de melhorar a pertinência, a eficiência, a sustentabilidade, o

direcionamento e os efeitos diretos dos investimentos estaduais e federais não vinculados ao projeto no meio rural baiano.

O DPL apoia, como condição para o desembolso da primeira parcela, a publicação de um decreto governamental

formalizando o Programa de Inclusão Produtiva do Estado, que financiará a infraestrutura socioeconômica e os

investimentos produtivos no âmbito de planos de negócios viáveis ao longo de cadeias de valor prioritárias. Além disso,

novas leis sobre assistência técnica complementarão as atividades de desenvolvimento institucional apoiadas pelo

Produzir II, especificamente atividades de assistência técnica e capacitação destinadas a reforçar as associações

comunitárias e organizações de produtores nas suas funções de identificação, preparação, operação e manutenção de

investimentos que promovam a inclusão produtiva, bem como de capacitar os conselhos municipais vinculados ao projeto

para exercer sua função de acompanhamento da implementação.

Meio urbano: Projeto de Desenvolvimento Integrado de Áreas Urbanas Pobres na Bahia – Viver Melhor II

(PO81436)

O presente DPL também complementa os investimentos para reduzir a pobreza urbana apoiados pelo Viver Melhor II.

A implementação das ações de políticas do DPL proposto nos componentes inclusão produtiva, transportes e

gerenciamento de riscos e desastres deve fortalecer os esforços empreendidos no âmbito do Viver Melhor II. Está previsto,

por exemplo, que o apoio do programa deste DPL aos esforços de mapeamento dos riscos no Estado promoverá a inclusão

desse mapeamento no planejamento urbano, o que deve levar à concepção e implementação de programas sólidos de

infraestrutura e moradia. As atividades financiadas no âmbito do apoio à inclusão produtiva devem possibilitar o acesso

sustentável à infraestrutura rural básica para aumentar a produtividade e ampliar o acesso dos produtores rurais de pequena

escala — diminuindo os fatores internos para a migração da zona rural para a zona urbana. O Viver Melhor II visa

enfrentar os desafios da rápida urbanização e do avanço das moradias informais causados, em parte, pela rápida migração

da zona rural para a zona urbana.

40

LIÇÕES EXTRAÍDAS

103. O Banco está bem posicionado para apoiar o Estado da Bahia nos seus esforços para

melhorar a equidade, eficiência e governança. Como um DPL subnacional em duas parcelas, a

operação se assemelha em concepção e natureza a outras operações do Banco com governos

estaduais brasileiros. Os projetos pertinentes são com Alagoas (Reforma Fiscal e do Setor

Público, 2009), com o Rio Grande do Sul (Sustentabilidade Fiscal para o Crescimento, 2008),

com Minas Gerais (Parceria para o Desenvolvimento, 2006), com o Município do Rio de Janeiro

(Consolidação Fiscal para a Eficiência e o Crescimento, 2010), com o Estado do Rio de Janeiro

(Eficiência Fiscal, Competitividade e Desenvolvimento Humano, 2010 e DPL Desenvolvimento

Urbano e Habitacional na Região Metropolitana, 2011) e com Pernambuco (Expandindo as

Oportunidades e Aumentando a Equidade, 2012). Essas experiências com governos subnacionais

propiciam sólidos fundamentos para esta operação de diversas maneiras. A preparação e a

supervisão dessas operações deram ao Banco uma experiência considerável no tipo de reformas

da gestão fiscal e do setor público subnacionais como as apoiadas pelo DPL proposto. O DPL

Consolidação Fiscal, Desenvolvimento Humano e Competitividade (com o Estado do Rio de

Janeiro) e o DPL Consolidação Fiscal para a Eficiência e o Crescimento (com o Município do

Rio de Janeiro) possibilitaram ao Banco apoiar o alinhamento de políticas para a saúde e a

educação em diferentes níveis de governo, a saber, Estado e municípios. Como parte da

preparação e supervisão, o Banco tem promovido um diálogo mais intenso sobre questões

técnicas entre servidores públicos desses governos subnacionais sobre gestão da dívida,

monitoramento de projetos e gestão de investimentos públicos. Essa iniciativa permite a troca de

experiências e oferece aos pares a possibilidade de aprender uns com os outros, o que pode ser

especialmente proveitoso para os novos reformadores.

104. A abordagem em duas parcelas em vez de uma abordagem programática foi

escolhida de modo a levar o Banco e o Governo do Estado a concordar sobre as condições

para ambos os desembolsos no início, em vez de deixar as reformas de longo prazo para

uma operação subsequente. A administração atual tem obtido avanços em áreas importantes,

entre as quais os serviços de saúde e educação e melhorias na disciplina fiscal, que criam

condições para um ambiente macroeconômico estável. O cronograma do projeto e os

mecanismos de desembolso foram concebidos de maneira a reduzir o risco de ausência de

compromisso político no futuro. O projeto faria os desembolsos durante o mandato do atual

governo. Ele se concentra nas reformas de procedimentos administrativos, reformas essas que

serão autossustentáveis.

105. Uma terceira lição da experiência recente diz respeito à necessidade de comunicação

intensa com o Estado durante a elaboração e execução da operação proposta. A equipe do

projeto vem trabalhando em estreita cooperação com o Governo da Bahia na definição das

medidas de reforma a serem apoiadas pelo DPL e no estabelecimento de maneiras de assistir na

realização dessas reformas no médio prazo. Ademais, o Estado tem prestado firme apoio ao

modelo de duas parcelas, tendo em vista um compromisso ainda mais firme a ser gerado pelas

condições para o desembolso da segunda parcela.

106. Finalmente, a experiência do Banco com DPLs para estados tem demonstrado a

importância da coordenação com o Governo Federal. A operação foi iniciada com a

41

participação do Tesouro Nacional e elaborada como DPL em plena coordenação entre o governo

estadual e o Tesouro Nacional. A Caixa 3 apresenta uma discussão dos princípios de boas

práticas.

V. O EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO PROPOSTO

DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO

107. O objetivo da operação proposta é apoiar o programa do Estado da Bahia para

reduzir a desigualdade social, desenvolver uma infraestrutura institucional e uma logística

mais eficientes e fortalecer a gestão do setor público com um empréstimo para políticas de

desenvolvimento (DPL) em duas parcelas. A primeira parcela de US$ 350 milhões será

desembolsada tão logo o empréstimo entre em vigor. Ela depende de o Governo concluir as

ações de política estipuladas no acordo do empréstimo. A segunda parcela de US$ 350 milhões

depende de o governo tomar ações de política adicionais, as quais também estarão estipuladas no

acordo do empréstimo. As três áreas de políticas apoiadas por este DPL são: (i) melhoria da

inclusão social e produtiva; (ii) desenvolvimento da infraestrutura social, física e institucional

para o desenvolvimento sustentável e (iii) fortalecimento da gestão do setor público. Essas áreas

de política estão descritas na seção seguinte e, de forma detalhada, nas Tabelas 5 e 6. O Banco

Mundial e o Governo da Bahia chegaram a um acordo provisório sobre as ações prévias listadas

como condições para a apresentação do DPL ao Conselho de Administração do Banco para

aprovação e para o desembolso da primeira parcela, bem como sobre as ações listadas como

condições para o desembolso da segunda parcela (Anexo 1).

108. Por meio do seu diálogo sobre políticas, o Banco apoiará um amplo conjunto de

ações de política que vai além das ações prévias e das condições da segunda parcela deste

DPL e abrange as três áreas visadas pela operação. Seguindo os bons princípios de boas

práticas relativas à condicionalidade, a matriz de políticas da operação usará um número limitado

Caixa 3. Aplicação dos Princípios de Boas Práticas relativas à Condicionalidade para o DPL da

Bahia Proposto

Princípio 1 - Reforçar o senso de propriedade: A operação se sustenta num forte senso de propriedade nas

mais altas esferas de governo estadual e federal. Todas as secretarias envolvidas no DPL têm demonstrado o

compromisso com o programa do governo para reformas de médio prazo e com as políticas apoiadas pelo DPL.

Princípio 2 – Concordar de antemão com o governo e outros parceiros a respeito de um esquema

coordenado de responsabilidade e transparência: O apoio do banco está resumido numa breve e bem

focalizada matriz de políticas, com os resultados alcançados e os esperados.

Princípio 3 – Adaptar o esquema de responsabilidade e transparência e as modalidades de apoio do Banco

às circunstâncias do país: O rigoroso regime de controle fiscal do Brasil tem contribuído bastante para fazer

vigorar a responsabilidade fiscal desde o fim da década de 1990 e propiciado uma forte estrutura para assegurar

que toda contratação de empréstimo, inclusive do BIRD, seja compatível com um ambiente fiscal sustentável.

Princípio 4 – Selecionar, como condições de desembolso, tão somente ações cruciais para alcançar

resultados: A matriz de política do Banco estipula um número limitado de ações prévias. Elas fazem parte de

uma política abrangente de reforma, com um histórico sólido.

Princípio 5: Proceder a avaliações transparentes do andamento do programa, que resultem em um apoio

financeiro previsível e baseado no desempenho.

42

de ações prévias escolhidas de acordo com sua importância para a consecução dos resultados

(ver a Caixa 3). Essas ações fazem parte de um plano de reformas abrangente com um sólido

histórico de implementação. O programa mais amplo do Governo apoiado por este DPL está

incluído no Anexo 2: Matriz de Políticas do Governo da Bahia para o DPL. A matriz de políticas

apoiadas por este DPL como condição para desembolso está apresentada nas Tabelas 5 e 6.

43

Tabela 5. Síntese dos Objetivos da Operação Proposta, Áreas de Políticas e Ações Prévias

Desembolso da Primeira Parcela

Esta tabela abrange apenas as condições para desembolso que aparecem em negrito no Anexo 2: Matriz de Políticas do Governo da Bahia para o DPL –

Indicadores de Resultado.

Objetivos Ações prévias para o desembolso do empréstimo

Área de política 1. Melhoria da inclusão social e produtiva (equidade)

Educação

Aumentar a responsabilidade

pelos resultados entre Estados e

municípios

Ação prévia 1. A Secretaria de Estado da Educação implementou o Pacto Pela

Educação (Decreto Estadual n° 12.792) ao firmar parcerias com os municípios

para melhorar a qualidade do ensino e a eficiência interna das escolas para alunos

no segundo ano do primeiro ciclo do ensino fundamental.

Saúde

Melhorar a qualidade e ampliar a

cobertura da saúde primária nas

áreas prioritárias voltadas, com

ênfase na redução da mortalidade

materna

Ação prévia 2. A Secretaria de Estado da Saúde publicou a Resolução da

Comissão Intergestores Bipartite (CIB) definindo estratégias, diretrizes e normas

para as atividades de saúde primária do Estado da Bahia.

Inclusão social e produtiva

Fomentar o desenvolvimento

econômico nas regiões mais

atrasadas e ampliar o acesso dos

extremamente pobres a serviços

sociais de melhor qualidade.

Ação prévia 3. O Estado da Bahia publicou um decreto formalizando o Programa

de Inclusão Produtiva do Estado e a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia

aprovou duas leis em apoio à inclusão produtiva, prevendo:

(i) Assistência técnica; e

(ii) A reestruturação da dívida dos produtores da agricultura familiar;

Ação prévia 4. A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do

Estado da Bahia (Sedes) publicou uma Resolução do Conselho de Assistência

Social que aprova os critérios para o cofinanciamento das atividades de

assistência social com os munic. A Sedes implementou planos de

cofinanciamento de assistência social com os 50 municípios de IGD-M* mais

baixo (Índice de Gestão Descentralizada Municipal).

* O IGD-M é um índice da eficiência da gestão descentralizada que mede a gestão institucional e programática do Bolsa Família e do CadÚnico.

44

Objetivos Ações prévias para o desembolso do empréstimo

Gênero

Promover a igualdade de gênero

como forma de aumentar a

inclusão social e o crescimento

equitativo no Estado da Bahia

Ação prévia 5. O Estado da Bahia criou a Secretaria de Políticas para as

Mulheres — Lei 12.212, de 4 de maio de 2011 — e incorporou à lei do PPA

programas no âmbito da referida Secretaria perfazendo um montante total de

R$ 13 milhões.

Área de política 2. Desenvolvimento da Infraestrutura Social, Física e Institucional para o Desenvolvimento

Sustentável (Eficiência)

Gerenciamento de riscos e

desastres

Reduzir o impacto de desastres

(deslizamentos, secas, incêndios

florestais, inundações).

Ação prévia 6. O Estado da Bahia criou um comitê de coordenação formado por

representantes da Casa Civil e de algumas secretarias para gerir ações

emergenciais de combate à seca no território do Estado, conforme comprovado

pelo Decreto Nº. 13.796, de 21 de março de 2012, publicado no Diário Oficial em

22 de março de 2012.

Área de política 3. Reforço do planejamento e gestão do setor público (governança)

PPPs

Melhorar a estrutura institucional

para a participação do setor

privado por meio de parcerias

público-privadas (PPPs)

Ação prévia 7. O Estado da Bahia publicou um decreto para regulamentar a

solicitação de participação do setor privado nas etapas iniciais de projetos.

45

Tabela 6. Síntese dos Objetivos da Operação Proposta, Áreas de Políticas e Ações Prévias

Desembolso da Segunda Parcela Esta tabela abrange apenas as condições para desembolso que aparecem em negrito no Anexo 2: Matriz de Políticas do Governo da Bahia para o DPL –

Indicadores de Resultado. Objetivo Condições para o desembolso da segunda parcela do empréstimo

Área de política 1. Melhoria da inclusão social e produtiva (equidade)

Educação

Aumentar a responsabilidade pelos

resultados entre Estados e municípios

Condição 1. A Secretaria de Estado da Educação:

(i) monitorou o impacto da implementação do Pacto Pela Educação nos

municípios participantes, avaliando os resultados dos exames padronizados de

língua portuguesa a que foram submetidos os alunos do segundo ano e

registrando o índice de aprovação dos alunos do referido ano;

(ii) divulgou a cada escola os respectivos resultados do monitoramento do

impacto da implementação do Pacto pela Educação;

(iii) identificou os municípios que ficaram entre os 25% de pior desempenho

com base nesses resultados e forneceu material didático e apoio pedagógico

adicional às escolas localizadas nesses municípios.

Saúde

Melhorar a qualidade e ampliar a

cobertura da saúde primária nas áreas

prioritárias voltadas, com ênfase na

redução da mortalidade materna

Condição 2. O Estado da Bahia publicou um decreto aprovando a Política

Estadual de Atenção Básica.

Prevenção da criminalidade e violência

Melhoras a capacidade do Governo para

responder à violência.

Condição 3. O Estado da Bahia adotou e implementou (i) um plano de ação

estratégico destinado a ampliar sua capacidade institucional para visar e

implementar programas sociais de prevenção da criminalidade e da violência

nos municípios priorizados pelo Pacto pela Vida e (ii) um plano estratégico para

fortalecer seu sistema de coleta, gestão e análise de dados sobre a violência e a

criminalidade.

Área de política 2. Desenvolvimento da Infraestrutura Social, Física e Institucional para o Desenvolvimento

Sustentável (Eficiência)

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Objetivo Condições para o desembolso da segunda parcela do empréstimo

Gerenciamento de riscos e desastres

Redução do impacto de desastres

(deslizamentos, secas, incêndios

florestais, inundações).

Condição 4. O Estado da Bahia: (i) (A) submeteu à aprovação da Assembleia

Legislativa um projeto de lei a ser adotado ou B) adotou, por meio do poder

executivo do mutuário, conforme o caso, um quadro regulamentar visando a

reestruturação do seu órgão de coordenação do gerenciamento de riscos e

desastres, abrangendo a criação de unidades regionais com pessoal capacitado e

equipamento, conforme comprovado por uma carta do Estado devidamente

recebida pela Assembleia Legislativa ou uma cópia do referido quadro

regulamentar criado pelo poder executivo, conforme o caso;

(ii) (A) concluiu o mapeamento dos riscos em caráter piloto em duas áreas

localizadas na região metropolitana da capital do Estado da Bahia, conforme

comprovado por um relatório publicado pelo órgão de coordenação do Estado

referido acima em (i)(A), o que deverá abranger os mapas produzidos como

parte desse mapeamento.

(B) Criou e pôs em prática um programa para apoiar a capacidade das brigadas

voluntárias estabelecidas por conta própria, conforme comprovado pelas

medidas necessárias adotadas pelo Estado da Bahia.

Transportes

Melhorar a logística e a estrutura

institucional para que os transportes

apoiem o crescimento econômico

Condição 5. O Estado da Bahia publicou um decreto que cria o Comitê

Assessor de Logística da Bahia e o comitê está em operação.

Área de política 3. Reforço do planejamento e gestão do setor público (governança)

Planejamento e orçamento

Reforçar a gestão voltada para resultados

Fortalecer as abordagens plurianuais e

multissetoriais das políticas públicas

Condição 6. O Estado da Bahia adotou mecanismos institucionais ou propôs à

Assembleia Legislativa a adoção de mecanismos legais para a formulação do

orçamento anual do Estado para garantir o alinhamento do orçamento anual

com as prioridades estratégicas do Governo do Estado e reduzir modificações

ad hoc do orçamento anual durante a execução.

Gestão dos recursos financeiros e

humanos

Gestão eficiente e transparente dos

recursos financeiros e humanos.

Condição 7. A Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia propôs emendas à

legislação estadual e adotou regulamentos para a adoção das Normas

Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS), baseadas no regime

de competência.

Condição 8. O Estado da Bahia apresentou à Assembleia Legislativa um projeto

de lei ou emenda, ou adotou um quadro regulamentar adequado, para

implementar processos de gestão de recursos humanos destinados a possibilitar

o planejamento da força de trabalho, a gestão de carreiras e a ampliação de

sistemas de gestão de desempenho e promoção baseados no mérito.

Administração tributária Condição 9. O Estado da Bahia fez um cruzamento de dados com base no

47

Objetivo Condições para o desembolso da segunda parcela do empréstimo

Aumentar o desempenho da arrecadação

do Estado

acesso às informações dos contribuintes sobre doações, heranças e bens, e

avaliou os contribuintes com declarações incongruentes e, como resultado dessa

apuração, foram tomadas medidas para cobrar o imposto em atraso.

ÁREAS DE POLÍTICA

Área de política 1. Melhoria da inclusão social e produtiva (equidade)

A. Educação

109. Objetivos de política do Governo. Os principais objetivos do Estado da Bahia são atacar o duplo problema da baixa

eficiência interna do setor educacional e os fracos resultados do aprendizado. O Estado também reconhece a necessidade de melhorar

a qualidade e a eficiência da educação dentro da estratégia do Governo do Estado e da estratégia geral do Brasil para alcançar, até

2021, os níveis de aprendizado da avaliação PISA, da OCDE. Além disso, há duas metas de curto prazo: (i) aumentar o índice de

aprovação para 90% dos alunos matriculados no primeiro ciclo do ensino fundamental, 85% no segundo e 80% no ensino médio até

2014 e (ii) alcançar as metas fixadas pelo Ministério da Educação em 2011 e 2013 no âmbito do Índice de Desenvolvimento da

Educação Básica (IDEB), com a implementação do programa Todos pela Educação.

Desafios

110. O número de matrículas em todos os níveis do ensino fundamental aumentou de forma constante nos últimos anos, mas

permanece ligeiramente abaixo das médias nacionais e da região Nordeste. Aproximadamente 90% das crianças entre 6 e 14 anos

havia concluído um ciclo de oito anos do ensino fundamental em 2008. No extremo mais baixo, 58% das crianças entre 4 e 5 anos

estavam matriculadas em um ciclo pré-escolar de dois anos — ainda distante da universalização do ensino determinada pela

Constituição de 1998. No outro extremo, os índices de matrícula líquidos mostram que a Bahia ainda fica abaixo das médias nacionais

e regionais no que tange ao acesso ao ensino médio e superior. Apenas 35,3% dos jovens entre 15 e 17 anos estão matriculados no

ensino médio, bem abaixo do índice nacional de 50,4%. Ademais, até 35% dos jovens entre 15 e 17 anos não estão matriculados em

escola alguma. Apenas 7,2% das pessoas entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior, frente a 13,7% em todo o Brasil.

Compete igualmente ao Estado e aos municípios a responsabilidade pela educação na Bahia, com a jurisdição sobre 83% de todas as

escolas cabendo aos municípios. Em termos de alunos, 61% estão matriculados em escolas municipais, porém essa porcentagem sobe

para 87% no primeiro ciclo do ensino fundamental e 74% ao fim de ciclo completo dessa etapa do ensino.

48

111. Uma distorção entre idade e ano escolar afeta todos os níveis do ensino fundamental, pois muitas crianças repetem o

ano ou deixam a escola antes de concluir essa etapa. O índice médio de aprovação no primeiro ciclo do fundamental é 66,8% nas

escolas estaduais e 75,3% nas municipais. Os índices de aprovação no segundo ciclo do fundamental e no ensino médio ficam na faixa

de 70% a 75%. A evasão escolar ultrapassa os 12% no ensino fundamental; no ensino médio, fica acima de 21% nas escolas estaduais

e 14% nas municipais. Em consequência, 20% das crianças matriculadas no ensino médio estão dois ou mais anos acima da idade

esperada.

112. Os resultados do aprendizado são baixos em todos os níveis de ensino, embora estejam melhorando lentamente. A

Bahia apresenta um dos piores desempenhos entre os 27 Estados brasileiros nos testes do IDEB.18

O Estado ficou na última

posição nas três edições mais recentes do IDEB — 2005, 2007 e 2009 — para os alunos do quarto ano. Entretanto, as pontuações do

IDEB melhoraram entre 2005 e 2009. A melhoria mais expressiva foi no primeiro ciclo do fundamental, com a pontuação no IDEB

subindo de 2,7 em 2005 para 3,8 em 2009. A qualidade da educação é prejudicada por várias limitações em termos do ambiente para o

aprendizado eficaz. Destacam-se a infraestrutura educacional abaixo do padrão, o grande número de professores sem formação, a

carga horária insuficiente, os métodos de ensino inadequados, a falta de material didático nas línguas locais e a falta de coordenação

entre as políticas federais, estaduais e municipais para melhorar o desempenho.

113. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará como ação prévia a implementação do Pacto Pela Educação por

intermédio da assinatura de termos de cooperação com municípios para melhorar a qualidade da educação e aumentar a eficiência

interna dos alunos no segundo ano do primeiro ciclo do ensino fundamental. Os termos de cooperação entre o Estado e os municípios

visam ampliar a cobertura e proporcionar um ambiente escolar propício ao aprendizado eficaz nos primeiros anos. Como condição da

segunda parcela, o DPL apoiará a implementação do Pacto, visando, em especial, (i) o monitoramento do impacto nos municípios

participantes, avaliando os resultados dos exames padronizados de língua portuguesa a que foram submetidos os alunos do segundo

ano e registrando o índice de aprovação dos alunos do referido ano; (ii) a divulgação, às respectivas escolas, dos resultados por escola

desse monitoramento e (iii) a identificação dos municípios participantes que ficaram entre os 25% de pior desempenho com base

nesses resultados. O DPL apoiará também a distribuição de material didático e apoio pedagógico adicional às escolas localizadas

nesses municípios.

114. O indicador do resultado esperado é um aumento do número de termos de cooperação firmados pelo Estado com os

municípios, de 217 em 2011 para 329 até 2013. O indicador de efeito direto esperado é que a porcentagem de respostas corretas nos

exames padronizados de língua portuguesa dos alunos do segundo ano de 329 municípios registrados no Pacto com Municípios e das

escolas estaduais que oferecem o segundo ano sobe de 59% em 2011, o valor de referência, para 64% em 2013. Um segundo indicador

18

Teste nacional padronizado dos estudantes do quarto, oitavo e décimo primeiro anos, combinado com uma medida do fluxo de estudantes.

49

de efeito direto é que a porcentagem de alunos que conclui o segundo ano nos 329 municípios registrados no Pacto com Municípios

sobe de 79,5% em 2010, o valor de referência, para 85% em 2013.

115. A política apoiará a melhoria da coordenação das políticas educacionais em todos os três esferas de governo: federal,

estadual e municipal. O Estado precisa trabalhar com os municípios por meio de termos de cooperação, pois 85% dos alunos do

primeiro ciclo estão matriculados em escolas municipais. No âmbito do Pacto com Municípios, o Estado mobilizará recursos

adicionais para os municípios. Além disso, distribuirá material didático, possibilitará o acesso dos municípios a uma nova plataforma

digital para aprendizado, oferecerá oportunidades de desenvolvimento profissional aos professores das escolas municipais e avaliará

os resultados do aprendizado dos alunos do segundo ano, zelando para que todos os alunos de oito anos de idade matriculados no

segundo ano das referidas escolas domine os conhecimentos básicos de matemática e português. A política apoiará a melhoria da

coordenação das políticas educacionais nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal. Os municípios criarão uma equipe

para supervisionar o acordo, fazer a atribuição de professores com perfil adequado aos primeiros dois anos, avaliar o desempenho dos

alunos para identificar quais correm risco de ficar para trás, oferecer atividades de reforço após o horário das aulas (estendendo o dia

letivo) aos alunos com dificuldades de aprendizado, criar espaços dedicados à leitura e cantinhos de leitura nas salas de aula e apoiar a

participação dos professores em atividades de capacitação no emprego oferecidas pelo Estado.

B. Saúde

116. Objetivos de política do Governo. O desempenho do Estado da Bahia no setor da saúde melhorou recentemente com a

implementação de ações direcionadas do Governo, como o Programa Saúde da Família (PSF). Em consequência, a cobertura da

atenção primária teve um aumento notável, sobretudo no caso das populações rurais e pobres. A Secretaria da Saúde vem aumentando

sistematicamente os recursos destinados aos serviços de atenção primária, que, em termos absolutos e proporcionalmente, alcançaram

14% do total do orçamento em 2010, o que significa dois pontos percentuais acima do patamar exigido na Constituição.

117. Desafios. Até o momento, a expansão do Programa Saúde da Família vem ocorrendo em locais onde a oferta de serviços de

saúde é insuficiente para suprir as necessidades da população. Nas maiores cidades, onde existe uma grande oferta de serviços de

saúde e grande concentração de pessoas, a adoção do Programa Saúde da Família não gerou impacto algum sobre a reorganização do

sistema de saúde do Estado. A maioria das unidades de saúde especializadas ainda funciona sem coordenação com as unidades de

atenção primária.

118. Nesse contexto, o desafio atual para o sistema de saúde do Estado é ampliar a cobertura da atenção primária nos

municípios e, ao mesmo tempo, reorganizar o sistema. Essa reorganização se daria por meio da redistribuição dos recursos físicos,

financeiros e humanos, bem como das atividades, para atender às prerrogativas do novo modelo. Para enfrentar esse desafio, é

necessário vencer obstáculos políticos e financeiros que envolvem mudanças nas práticas correntes relacionadas à gestão, assistência

50

médica, distribuição de recursos humanos, condições para renovação de unidades de saúde e adoção de procedimentos de gestão para

aumentar a eficácia e a eficiência.

119. Em 99% dos municípios da Bahia, o acesso a equipes de saúde da família (2.690 equipes) é insuficiente. No momento,

90% da população do Estado usa o Sistema Único de Saúde, do Governo Federal. A cobertura do Programa Saúde da Família era

de 60,35% da população em 2010 (aproximadamente 8,5 milhões de beneficiários). A cobertura cresceu 16,7% entre 2006 e 2010 e

deve chegar a 64% até 2014, se expandindo a uma taxa anual de 2,4%.

120. Ainda restam muitos obstáculos a vencer até que a melhoria da atenção primária se traduza em uma redução das taxas

de mortalidade materna e infantil. Em 2009, 31% dos óbitos de mulheres estavam associados à assistência durante a gravidez, o

parto ou o pós-parto. A taxa de mortalidade materna (TMM) revela um grave déficit que, apesar de todos os investimentos feitos,

teimou em manter-se no mesmo patamar entre 2003 e 2008. Em 2008, a TMM na Bahia era de 77,9/100 mil nascidos vivos, uma taxa

considerada excessivamente alta em comparação com as de estados brasileiros com bom desempenho, como São Paulo, Santa

Catarina e o Distrito Federal, onde a mortalidade materna gira em torno de 41/100 mil nascidos vivos.

121. Na Bahia, 54% das mortes maternas se devem a causas obstétricas diretas, na sua maioria mortes relacionadas à

hipertensão gestacional, o que aponta a importância da atenção materna e pré-natal. Quando se analisam as mortes obstétricas

indiretas, se verifica que as principais causas são doenças circulatórias e respiratórias, bem como a AIDS. Além disso, os abortos

inseguros são um grave problema de saúde pública na Bahia, com consequências negativas para o número de óbitos maternos. As mais

altas taxas de curetagem no Brasil estão nas regiões Norte e Nordeste (4,5/1000 e 5,5/1000 mulheres, respectivamente). Durante 2009,

23.867 mulheres foram deram entrada em hospitais em consequência de abortos mal feitos.

122. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará como ação prévia a publicação da Resolução da Comissão

Intergestores Bipartite (CIB) definindo estratégias, diretrizes e normas para as atividades de saúde primária, as quais são fundamentais

para a Política Estadual de Atenção Básica. Isso significa, entre outras iniciativas institucionais, a organização do sistema que

estabelece as regras e protocolos oficiais sobre a atenção médica oferecida durante a gravidez e o parto, com um enorme potencial

para reduzir a mortalidade infantil e materna. Pelo menos metade das mortes infantis e a maioria das mortes maternas se devem a

fatores relacionados à gravidez e ao parto, segundo dados do Sistema de Informações de Nascidos Vivos (SINASC;

http://www.datasus.gov.br).

123. A operação também apoiará, como condição da segunda parcela, a aprovação do decreto da Política Estadual de

Atenção Básica, dando prioridade a mecanismos sistemáticos para oferecer acesso a saúde de qualidade. Os efeitos diretos

esperados das ações apoiadas são a expansão da cobertura da atenção primária e o aumento da proporção de gestantes cadastradas por

51

equipes de saúde primária. Em especial, esses efeitos diretos abrangem a triagem inicial e a classificação dos riscos a que estão

sujeitas as gestantes, a qualidade da oferta de atenção pré-natal e durante o parto, e o aumento da oferta de testes de rotina básicos

durante o período gestacional. Uma redução de 2% da taxa de mortalidade materna por ano até 2014 é esperada como efeito direto.

C. Inclusão social e produtiva

Inclusão produtiva

124. Objetivos de política do Governo. Os objetivos do Governo da Bahia no tocante à inclusão produtiva são promover a

integração regional e o desenvolvimento econômico das regiões mais atrasadas do Estado. Isso seria alcançado com o aumento da

produtividade e da participação de produtores de pequena escala no mercado, bem como com a ampliação do acesso a infraestrutura

básica, como água e saneamento. O Governo tem se mostrado bastante ativo na resposta à demanda por iniciativas de inspiração

comunitária por meio de assistência técnica e apoio financeiro.

125. Desafios. A Bahia concentra até 20% da pobreza rural do Brasil. Mais especificamente, são famílias que respondem por 87%

das fazendas da Bahia, propriedades com menos de cinco hectares em média. Essas famílias, sobretudo no semiárido baiano, se

ocupam de uma agricultura de baixa produtividade, com níveis mínimos de processamento e valor agregado. O problema crônico da

escassez de água, combinado com o saneamento inadequado, perpetuam essa baixa produtividade e inibem uma participação maior

desses agricultores no mercado. Embora existam tecnologias para aumentar a produtividade, a escassez de serviços de extensão rural e

os obstáculos para obter crédito rural limitam a sua adoção. Por último, a participação da agricultura familiar nos mercados, seja o

institucional (por exemplo, o PNAE19

), seja o privado, vem sendo prejudicada por fatores como a fraca logística na zona rural, a falta

de conhecimento do mercado, o baixo nível de adoção de inovações e a incapacidade de atingir escala suficiente para atender às

demandas do mercado.

126. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL proposto apoiaria como ação prévia a formalização do Programa Estadual

de Inclusão Produtiva e a promulgação de duas leis em apoio a esse programa, prevendo a oferta de assistência técnica e a

reestruturação da dívida de agricultores familiares. O resultado esperado é um aumento do número de produtores rurais que se

beneficiam de assistência técnica no âmbito desse programa, de zero para 150 mil produtores até 2015. Um efeito direto esperado

dessa ação é o aumento da participação dos pequenos produtores rurais em mercados institucionais, como o Programa Nacional de

Alimentação Escolar (PNAE) ao longo das sete cadeias produtivas priorizadas pelo Programa Estadual de Inclusão Produtiva. Outro

efeito direto esperado é o aumento da média ponderada das vendas dos produtores rurais de todos os municípios para o PNAE (como

19

Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que permite que 30% dos produtos comprados para a merenda escolar venham da agricultura familiar.

52

porcentagem to total das vendas para o PNAE), subindo de um valor de referência de 5% em 2011 para uma meta de 20% em

dezembro de 2014.

Inclusão social

127. Objetivos de política do Governo. Um objetivo central da política social do Estado é a erradicação da pobreza extrema,

definida como uma renda per capita de até R$ 70 por mês, em linha com a iniciativa Brasil Sem Miséria, do Governo Federal. O

Governo da Bahia reconhece a importância de fortalecer a gestão dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e do

CadÚnico para alcançar esse objetivo.

128. Desafios. O grande número de pessoas em situação de pobreza extrema e o histórico de gestão fraca da assistência social são

questões importantes enfrentadas pelo Estado da Bahia. Com mais de 59% dos 16,2 milhões dos brasileiros em pobreza extrema

vivendo no Nordeste, a Bahia é o estado com o maior número de pessoas nessa situação. Mais de 50% da população do Estado está

incluída no CadÚnico e 14% da população está classificada como extremamente pobre (cerca de 1,4 milhão). A Bahia tem, grosso

modo, o mesmo número de pessoas em extrema pobreza que toda a região Sudeste e duas vezes o número de pessoas nessa situação

nas regiões Sul e Centro-oeste juntas. Obviamente, para ter sucesso, qualquer estratégia tendente a reduzir a pobreza extrema no Brasil

precisa funcionar bem na Bahia e em outros Estados da região Nordeste. Um dos desafios para que isso se concretize em um Estado

como a Bahia é a fraca capacidade de gestão. A forma descentralizada de gestão existente no Brasil implica que as esferas federal,

estadual e municipal dividem a responsabilidade pelas decisões e pela implementação de programas como o Bolsa Família. A

Constituição de 1988 estabeleceu a divisão de responsabilidades e de trabalho entre os entes da Federação com respeito às políticas

sociais. Por anos a fio, contudo, o papel dos Estados foi marginal. Ao longo do último ano, houve uma transição para o chamado

federalismo social,20

com o Brasil sem Miséria e a lei que criou o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) fortalecendo o papel

dos Estados na complementação das ações dos governos federal e municipal.

129. Medidas específicas a serem apoiadas pelo DPL. O DPL proposto apoiará como ação prévia a Resolução do Conselho de

Assistência Social publicada pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza do Estado da Bahia (SEDES) que

aprova os critérios para o cofinanciamento das atividades de assistência social com os municípios. Os planos de cofinanciamento

proporcionarão recursos e assistência técnica aos municípios para que melhorem sua capacidade de gestão no setor de assistência

social e também lhes oferecerão apoio para que busquem ativamente famílias pobres ainda não registradas no CadÚnico, mas que

preencham os requisitos. O efeito direto esperado é um aumento de 20% no registro de famílias nos Centros de Referência de

Assistência Social (CRAS) e no Cadastro Único, nos 50 municípios mais vulneráveis (de IGD-M21

mais baixo) entre 2011 e 2014.

20

Marcelo Neri, Valor Econômico, 27 de dezembro de 2011. 21

O IGD-M é um índice da eficiência da gestão descentralizada que mede a gestão institucional e programática do Bolsa Família e do CadÚnico.

53

Outro resultado do programa apoiado é um aumento de 5% nas informações disponíveis sobre a frequência escolar nesses 50

municípios. Um segundo efeito direto é o aumento do índice de cobertura do CadÚnico nesses municípios.

D. Prevenção da criminalidade e violência

130. Objetivos de política do Governo. O objetivo do Governo é ampliar sua capacidade para responder à violência e à

criminalidade, sobretudo à violência letal. Para alcançar esse objetivo, o Governo lançou o Pacto pela Vida, um programa transversal

que constitui o carro-chefe das suas ações e dá grande ênfase à prevenção da criminalidade e da violência por meio de intervenções

para o desenvolvimento social.

131. Desafios. A violência letal triplicou na última década, fazendo da Bahia o Estado nordestino onde os níveis de violência e

homicídios mais aumentaram nesse período, crescendo cerca de 400% desde 2000. Em termos de homicídios, a Bahia atualmente

figura como o terceiro pior Estado do Nordeste e o quinto do Brasil, com uma taxa de 70,1 homicídios por 100 mil habitantes. Para

efeito de comparação, a taxa de homicídio nacional era 26,4 por 100 mil em 2008. Os jovens de 15 a 24 anos são o grupo mais afetado

por esse agravamento da violência. Outras formas de crimes violentos cresceram nos últimos anos na Bahia. Por exemplo, o número

de estupros subiu cerca de 30% entre 2009 e 2010. As causas dos níveis elevados de crimes violentos na Bahia têm forte relação com

questões socioeconômicas: os altos níveis de desemprego, sobretudo entre os jovens, a pobreza e a desigualdade são os mais salientes.

132. O atual surto de violência letal pode ser atribuído ao rápido aumento do consumo e tráfico de crack na Bahia nos

últimos três anos. A droga está associada a 80% do total de homicídios.22

A violência associada ao crack é um fenômeno altamente

concentrado, tanto em termos demográficos como geográficos. Cerca de 80% de todos os homicídios estão concentrados em 20

municípios da Bahia. Os jovens são afetados de maneira desproporcional, sobretudo os de origem mais pobre, mas o uso da droga está

se estendendo rapidamente à classe média em virtude de seu baixo preço e da dependência que ela causa.23

133. O Governo do Estado respondeu ao problema reconhecendo que a redução da criminalidade e da violência é tanto uma

questão de gestão do setor público e de política social, em vez de apenas uma questão policial. Assim, a implementação de uma

política multissetorial de combate ao crime, com uma abordagem equilibrada envolvendo intervenções de prevenção e policiamento, o

Pacto pela Vida (PPV), deve ser mais eficaz do que apenas o policiamento. A ênfase na prevenção dos crimes violentos por meio de

políticas sociais direcionadas está voltada para a solução das causas fundamentais do problema. Mais importante, as intervenções

visando a prevenção garantirão a redução e a prevenção duradoura dos crimes violentos. Para tanto, o Governo está montando forças-

22

http://www.istoe.com.br/reportagens/74678_CIDADE+AMEDRONTADA; http://www.crimecongress2010.com.br/portal/site/80-dos-homicidios-na-bahia-

estao-ligados-ao-trafico-de-crack/. 23

http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=88424.

54

tarefa e criando um sistema de indicadores de monitoramento e de coordenação interna de todos os subcomitês que compõem a

estrutura do PPV. O planejamento dos programas e intervenções para a prevenção da criminalidade e da violência mediante o

desenvolvimento social se baseará: (i) na coleta e análise sistemática dos dados sobre a criminalidade e a violência e (ii) em reuniões

participativas com as comunidades nas áreas priorizadas pelo governo para reduzir e prevenir os crimes violentos letais intencionais

(CVLI). Até o momento, o PPV manteve reuniões com comunidades nas localidades de Calabar, Nordeste de Amaralina e Fazenda

Coutos.24

134. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará a adoção e implementação de planos de ação estratégicos em áreas

específicas do PPV diretamente relacionadas à prevenção, com uma condição para o desembolso da segunda parcela relacionada à

adoção e implementação de planos de ação estratégicos para: (i) ampliar sua capacidade institucional para visar e implementar

programas sociais de prevenção da criminalidade e da violência nos municípios priorizados pelo Pacto pela Vida e (ii) fortalecer seu

sistema de coleta, gestão e análise de dados sobre a violência e a criminalidade. Um dos indicadores de resultado é o aumento do

número de municípios prioritários que receberam programas/intervenções de prevenção por meio de iniciativas do subcomitê para a

prevenção da criminalidade e da violência através do desenvolvimento social (CSPS), de um número de referência de 4 municípios em

2011 para uma meta de 20 municípios até 2014. Em termos de efeitos diretos esperados, o DPL monitorará a melhoria da capacidade e

coordenação do PPV para a implementação das intervenções para a prevenção da criminalidade por meio do desenvolvimento social e

a melhoria do direcionamento das intervenções para prevenção em todos os 20 municípios priorizados pelo PPV.

E. Gênero

135. Objetivos de política do Governo. Um objetivo de desenvolvimento central do Governo da Bahia é promover a igualdade de

gênero por meio da inclusão social e econômica das mulheres. Para tanto, a criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres — Lei

12.212, de 4 de maio de 2011 — a partir do gabinete de um superintendente na Secretaria de Promoção da Igualdade é uma ação

concreta destinada a ampliar a capacidade do Estado para formular e implementar políticas de igualdade de gênero. A transformação

em uma secretaria permanente também melhorou consideravelmente a estrutura organizacional e os recursos humanos e financeiros, o

que resultou na destinação de verbas orçamentárias diretamente para projetos específicos relacionados à inclusão produtiva e à

prevenção da violência no Plano Plurianual 2012–15 (PPA).

136. Desafios. Os efeitos diretos em matéria de gênero podem ser agrupados em três dimensões interligadas: dotações,

oportunidades econômicas e autonomia. Embora os níveis de pobreza na Bahia tenham caído na última década, a pobreza entre as

famílias chefiadas por mulheres manteve-se mais alta do que nas famílias chefiadas por homens. Em 2009, o índice de pobreza entre

as mulheres chefes de família era de 13%, frente a 11% para os homens na mesma situação. Esses números são mais elevados no meio

24

A reunião com as comunidades de Fazenda Coutos ocorreu em dezembro de 2011.

55

rural. Ainda assim, na Bahia as mulheres têm um nível de escolaridade ligeiramente melhor do que o dos homens. Em 2009, o número

médio de anos de escolaridade das mulheres no Estado era 5,9, enquanto o dos homens era 5,1. Esses números são superiores às

médias do Nordeste — 5,7 e 5,1, respectivamente —, mas ficam bem abaixo das médias do Brasil como um todo — 6,4 e 5,9,

respectivamente. Há um contraste marcante entre as mulheres que vivem no meio rural e as que vivem no meio urbano. A

porcentagem de mulheres chefes de famílias que vivem em situação de pobreza no meio rural é quase o dobro da porcentagem das que

vivem no meio urbano. As mulheres nas áreas rurais têm apenas metade da escolaridade média das que vivem nas áreas urbanas, 3,5

anos e 6,5 anos, respectivamente. Entre as restrições mais salientes à autonomia das mulheres na Bahia, destacam-se: (i) a alta

incidência da gravidez de adolescentes25

— 23,2% dos nascidos vivos tinham mães entre os 15 e 19 anos em 2006 e (ii) níveis

bastante elevados de violência contra a mulher.

137. O fato de que as mulheres têm, em média, mais anos de escolaridade do que os homens não se reflete em efeitos diretos

comparáveis em termos de oportunidades econômicas. A participação da mulher na força de trabalho é consideravelmente mais

baixa do que a do homem: 41,7% e 58,3%, respectivamente;26

ademais, o nível de desemprego entre as mulheres é maior. Em 2009, a

porcentagem de mulheres desempregadas era duas vezes a de homens sem trabalho — 12,8% frente a 6,6%.27

Na região metropolitana

de Salvador, a taxa de desemprego das mulheres em novembro de 2011 era 19%, a mais alta, por ampla margem, entre as taxas de

todas as regiões metropolitanas do Brasil.28

Além disso, as mulheres ganham consideravelmente menos do que os homens — em

média, 80% da renda dos homens em 2009. Essa diferença de renda cresce à medida que aumenta o nível de escolaridade: entre as

pessoas com 12 anos ou mais de escolaridade, as mulheres ganham 61% do que ganham os homens.29

138. Os homicídios de mulheres na Bahia mais do que dobraram na última década, com o Estado figurando como o de

terceiro pior desempenho na região Nordeste e entre um dos piores do Brasil. Ademais, as mulheres na Bahia correm um risco

bem maior de serem vítimas de outras formas de violência física e psicológica causada por um parceiro íntimo ou por alguém que elas

conheçam. Mais de 800 mulheres foram estupradas nos últimos dois anos — de janeiro de 2009 a dezembro de 2010, cerca de 65 mil

foram ameaçadas e mais de 38 mil sofreram agressões físicas.30

A violência causa impactos profundos no bem-estar e no

desenvolvimento socioeconômico das mulheres. A prevenção e a proteção contra as várias formas de violência contra as mulheres

exige assistência eficaz e tempestiva, tanto da polícia e do judiciário, como dos serviços sociais e de saúde.

25

A gravidez antes dos 20 anos tem implicações para as oportunidades da mãe e da criança na sociedade, pois a gravidez em adolescentes muitas vezes está

correlacionada com índices de pobreza mais altos e oportunidades econômicas menores para a mãe, bem como com resultados escolares mais baixos da criança.

Contudo, há poucos indícios empíricos sobre essas correlações representarem relações causais ou sobre a direção da causalidade. 26

PNAD, 2009. 27

PNAD, 2009. 28

http://www.dieese.org.br/pedbd/DadosPed?acao=CONSULTA&tabela=5. 29

IBGE, Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008–2009 e PNAD 2009. 30

Dados da Secretaria da Segurança Pública e do Disque 180.

56

139. Os novos mecanismos institucionais permitirão oferecer serviços abrangentes para prevenir a violência baseada no

gênero e assistir as vítimas. No âmbito da antiga Superintendência para a Mulher, vários serviços haviam sido desenvolvidos para as

mulheres vítimas da violência — o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e o CRAS (Centro de

Referência de Assistência Social). Contudo, apenas serviços psicológicos são oferecidos nesses centros às mulheres vítimas de

violência física. Isso significa que as vítimas de outras formas de violência contra a mulher não conseguiriam obter assistência. Além

disso, atualmente o Estado tem 18 centros geograficamente restritos a 13 dos 27 distritos da Bahia. Portanto, as vítimas precisariam

viajar para outros distritos para serem assistidas. Para resolver esse problema, o Estado pretende estender o número de centros a todas

as regiões da Bahia e ampliar e melhorar os tipos e a qualidade dos serviços oferecidos com a implementação de um plano de ação de

gestão estratégica segundo as diretrizes da Lei Maria da Penha, a lei nacional contra a violência baseada no gênero.

140. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará como ação prévia a criação da Secretaria de Políticas para as

Mulheres (SecMulher) como uma secretaria permanente, com uma melhor estrutura organizacional e mais recursos humanos e

financeiros. Os efeitos diretos esperados do DPL são a melhoria da incorporação das questões de gênero e da execução da Política

Estadual sobre a Igualdade de Gênero nos diferentes setores e a ampliação da cobertura e da qualidade dos serviços oferecidos pelos

centros de referência para as mulheres vítimas de violência no Estado da Bahia.

Área de política 2. Desenvolvimento da infraestrutura social, física e institucional para o desenvolvimento sustentável

(eficiência)

A. Gerenciamento de riscos e desastres

141. Objetivos de política do Governo. O principal objetivo do Governo da Bahia é melhorar a coordenação institucional para a

prevenção, mitigação e resposta a desastres naturais. A estratégia do Estado é modernizar, reforçar e reestruturar o Sistema de Defesa

Civil (SDC); usar os recursos disponíveis de maneira eficaz e eficiente e envolver outras instituições públicas e o setor privado no

gerenciamento de riscos e desastres.

142. Desafios. É necessário melhorar a coordenação institucional e incorporar o gerenciamento de riscos e desastres às políticas, a

fim de reduzir a vulnerabilidade a desastres e o impacto desses eventos. Isso ficou bastante evidente durante a atual seca, a pior dos

últimos 47 anos, segundo informações, o que levou à declaração de estado de emergência em 235 municípios do Estado da Bahia e à

perda de 25% das plantações. As respostas a todos os tipos de desastre têm mais chance de serem melhores se o Governo como um

todo agir de forma coordenada. Contudo, essa coordenação tem sido um desafio há muitos anos, afetando a capacidade do Estado de

prevenir, gerenciar e responder a desastres naturais. Em especial, cabe aos setores de recursos hídricos e agropecuário prevenir secas;

cabe aos setores agropecuário e ambiental prevenir e combater incêndios florestais e cabe aos setores de infraestrutura, planejamento e

57

habitação mitigar os deslizamentos e inundações em áreas urbanas. Além dessa segmentação, a coleta limitada de informações sobre

desastres anteriores inibe as ações de resposta. Dados históricos sobre o impacto de eventos anteriores foram coletados pelos

municípios afetados, porém não em formato digital. Apenas a cidade de Salvador tem um mapa dos riscos de deslizamento, e a

Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) tem algumas informações sobre a suscetibilidade das principais cidades a

inundações. A gravidade do problema não é quantificada nem é feito um mapeamento dos riscos para orientar o desenvolvimento

urbano seguro ou os investimentos em mitigação com boa relação custo–benefício.

143. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará, na primeira parcela, a criação de um órgão coordenador formado

por representantes da Casa Civil e de algumas secretarias para gerir ações emergenciais de combate à seca no território do Estado. A

criação desse órgão coordenador fortalecerá a comunicação e a coordenação entre a Casa Civil e as secretarias envolvidas, a saber,

Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza; Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária; Desenvolvimento Urbano; Meio Ambiente;

Desenvolvimento Regional e Integração; e Relações Institucionais. Os objetivos desse novo comitê são, primeiro, identificar as obras

e serviços necessários para reduzir o impacto negativo da seca sobre as populações; segundo, acompanhar, controlar e avaliar a

qualidade da resposta e assistência do Estado às populações atingidas pela seca e, por último, coordenar a resposta do Estado à seca

com os entes municipais e federais. O reforço da coordenação acelerará a incorporação da prevenção e redução de desastres às

políticas, evitará a duplicidade de ações e promoverá economias de escala, além de melhorar a coordenação da resposta nas diferentes

esferas de governo (estadual, federal e municipal). Como uma das condições da segunda parcela, o DPL apoiará a reestruturação do

órgão de coordenação do Estado para o gerenciamento de riscos e desastres, o que abrangerá a criação de unidades regionais com

funcionários capacitados e equipamento. A segunda parcela também apoiará a conclusão de mapeamentos de riscos em caráter piloto

em duas áreas localizadas na região metropolitana de Salvador, bem como a oferta de treinamento e capacitação para apoiar as

brigadas voluntárias estabelecidas por conta própria.

144. Isso seria comprovado pela implementação do mapeamento de riscos em locais selecionados da região metropolitana;

pela implementação dos nós regionais iniciais, devidamente capacitados e equipados; e pelo apoio ao treinamento e

capacitação das brigadas voluntárias criadas por conta própria. Os indicadores de resultado estão vinculados à existência de uma

política de gerenciamento de riscos e desastres em vigor, conforme comprovado por cinco nós regionais criados e capacitados até

dezembro de 2014, pelo mapeamento de riscos em caráter piloto em duas áreas e por dez brigadas voluntárias treinadas até dezembro

de 2014. Os indicadores dos efeitos diretos esperados são a redução do impacto de desastres (deslizamentos, secas, incêndios

florestais, inundações), bem como a melhoria da capacidade e coordenação para a prevenção, mitigação, preparação e resposta a

desastres naturais. O Estado também se beneficiaria, durante a preparação do DPL e/ou através de atividades de assistência técnica

complementares, do acesso à experiência internacional para elaborar sua metodologia de mapeamento de riscos e a exemplos-piloto

para acelerar o mapeamento de riscos e aumentar sua qualidade. A padronização e o aumento da qualidade do mapeamento dos riscos

municipais serão fundamentais para a adoção de políticas e planos de ação municipais apropriados contra desastres, bem como para a

concepção e implementação de programas de infraestrutura, moradia e redução de desastres na esfera estadual. Por último, os esforços

58

públicos serão complementados com a criação por conta própria de brigadas voluntárias atuantes e capazes para assistir na prevenção

e resposta a desastres.

D. Transportes

145. Objetivos de política do Governo. Os objetivos de política do Governo visam estabelecer as condições para serviços de

transporte e logística eficientes e com boa relação custo–benefício, de modo a apoiar a competitividade do Estado e o

desenvolvimento regional. Nesse sentido, a estratégia do Estado se concentra na modernização da estrutura regulamentar dos

transportes e da logística, bem como na oferta de uma infraestrutura de transportes com serviços de boa qualidade. O fortalecimento

das conexões da rede e da estrutura de logística é crucial para aumentar a competitividade e o desenvolvimento regional, bem como

para fazer face aos desafios enfrentados pelo Estado. Assim, as prioridades do setor de transportes são: (i) desenvolver a infraestrutura

para apoiar o setor de logística necessária para o crescimento econômico do Estado; (ii) oferecer aos baianos acesso a serviços e

infraestrutura de transporte de qualidade e (iii) estimular a mobilidade urbana sustentável.

146. Desafios. O transporte público é uma área de especial importância para a coordenação e integração de toda a região

metropolitana, pois as responsabilidades por esse serviço são compartidas pelo Estado e municípios. Ademais, um vínculo livre de

problemas entre as jurisdições nas áreas de infraestrutura e serviços é fundamental para a qualidade dos serviços. A rede de transportes

cruza a Bahia na vertical e na horizontal — a produção e as mercadorias industriais são transportadas para o norte e para o sul do

Estado, enquanto o dinâmico setor do agronegócio leva seus produtos do oeste do Estado, onde se destaca a agricultura, para os portos

e a região metropolitana no leste. O principal desafio enfrentado pelo Estado em matéria de transportes e logística é a dependência

excessiva da rede viária. A maior parte do fluxo se concentra no setor viário (92% da carga no Estado flui por estradas, ao passo que a

média nacional é de 60%), o que resulta em uma forte dependência das estradas para o transporte (quase 50 vezes mais do que de

outras modalidades). A promoção de meios alternativos de transporte contribuiria para uma matriz de transportes mais verde e mais

sustentável, como ocorre na esfera federal com o Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT). Contudo, a malha viária está

sendo melhorada apesar dessas deficiências. Apesar de contar com uma das maiores malhas viárias do país, com cerca de 124 mil

quilômetros, 15% dos quais pavimentados, a malha ainda é considerada esparsa e mal conectada do ponto de vista intramodal

(conexão viária entre duas localidades). Atualmente, não existe uma plataforma de política que permita às diferentes partes envolvidas

na logística dos transportes oferecer assessoramento sobre a formulação de políticas relacionadas à logística. A finalidade do Comitê

será definir a visão e a agenda logística para o Estado da Bahia, propor ações para implementar essa agenda e monitorar os avanços. O

Comitê também proporá e defenderá medidas de logística de caráter físico, institucional e regulamentar para ajudar a integrar a

logística com os Estados vizinhos; assistir na geração de financiamento para esses projetos e monitorar a execução pelo Governo (e

pelo setor privado) das medidas propostas. O Comitê tratará, em particular, das questões transversais que prejudicam o

desenvolvimento e a eficácia da logística na Bahia.

59

147. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoia, como condição para o desembolso da segunda parcela, a criação e

implementação do Comitê Assessor de Logística da Bahia. Esse comitê de alto nível terá como objetivo fazer a coordenação entre as

diferentes partes envolvidas com os transportes e a logística no Estado, onde atualmente não existe uma plataforma para contribuir

para a formulação de políticas de logística. O indicador de resultado para essa ação é que o Comitê Assessor da Bahia publique três

resoluções. Um dos indicadores do efeito direto esperado é o reforço da capacidade institucional em logística para a gestão da

infraestrutura de transportes do Estado, além de cadeias logísticas com melhor custo–benefício.

148. O comitê abrangerá diversos órgãos do Governo estadual, especialmente do lado da demanda por transportes

(agricultura, indústria), e instâncias federais, além de representantes dos setores de transportes hidroviários, ferroviários e

aéreo, estarão associados. Participariam gestores de infraestrutura, operadores e clientes dos serviços de transportes e logística. O

comitê seria estruturado como duas unidades — a unidade executiva, responsável pelas decisões, planejamento, etc. e uma unidade

técnica, responsável pela elaboração das informações necessárias para a agenda do comitê. Essa unidade técnica executaria ou

terceirizaria, as atividades analíticas (levantamentos, estudos, redação de propostas, etc.) a fim de: (i) ajudar a embasar as resoluções

da unidade executiva e (ii) aumentar e disseminar o conhecimento sobre transportes e logística. A unidade técnica seria formada por

diversos especialistas em transportes e logística da Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) e complementada por outros peritos

conforme necessário. A expectativa é que a Superintendência de Transportes (SUPET), órgão da SEINFRA, atue como a unidade

técnica do comitê.

Área de política 3. Reforço do planejamento e gestão do setor público (governança)

A. Planejamento e orçamento

149. Objetivos de política do governo. O principal objetivo de política do Governo nesta área é reformular o processo de

planejamento, formulação de políticas e elaboração do orçamento para enfrentar o fato de que os orçamentos anuais tendem a ser

irrealistas (superestimando os recursos disponíveis) e não têm refletido as prioridades das secretarias, do Governo nem dos cidadãos

da Bahia, conforme descrito no PPA. Além disso, o objetivo do Governo é aumentar a coordenação entre os órgãos para promover a

eficácia e a eficiência dos gastos públicos.

150. Desafios. Embora as medidas tomadas no âmbito do programa Compromisso Bahia para melhorar a qualidade dos gastos

tenham sido eficazes na melhoria da gestão em áreas limitadas e na redução de rubricas específicas das despesas, elas não trataram dos

problemas mais amplos da coordenação das políticas no Governo e da vinculação das despesas às prioridades. Os principais desafios

reconhecidos agora são: (i) alinhar os processos orçamentários no coração do Governo com o planejamento e a definição de

60

prioridades; (ii) garantir a coordenação das políticas em todos os entes governamentais e (iii) assegurar o foco interno nos resultados

em cada secretaria.

151. Formalmente, o orçamento é orientado pelo plano plurianual (PPA). Contudo, o PPA é formulado de maneira

independente e antes da discussão sobre a disponibilidade de recursos. O PPA também tem uma estrutura diferente daquela do

orçamento. Isso reduz a eficácia da função de planejamento e torna mais difícil instituir mecanismos eficazes de monitoramento e

avaliação em todos os setores. O diagnóstico dos problemas do planejamento e elaboração do orçamento executado como parte da

avaliação dos processos de negócios31

nota que o orçamento anual e o grande número de modificações para lidar com itens urgentes,

na prática, prevalecem sobre as intenções do PPA.

152. No processo de alocação do orçamento anual, portanto, o volume de recursos é identificado, as despesas são vinculadas

juntamente com os empenhos de pessoal, e outras despesas, sobretudo investimentos, são financiados como um resíduo. Esse

processo ocorre durante a elaboração e a execução do orçamento, e inúmeros ajustes dentro do exercício são feitos no orçamento (o

Governador tem a autonomia para fazer alterações em qualquer rubrica orçamentária em até 30% sem a aprovação da Assembleia

Estadual). As organizações que dependem do orçamento nunca têm certeza sobre quanto estará disponível e quando, o que leva a

ineficiência e desperdício. A reação a isso é a prática geral de superestimar projetos, de modo a minimizar os efeitos de cortes gerais

de recursos durante o exercício orçamentário. Na prática, a execução do orçamento é movida por uma combinação de inércia histórica

e decisões ad hoc de curto prazo, e tem pouca credibilidade.

153. O diagnóstico dos problemas dos sistemas de orçamento e planejamento reconhece uma série de fatores inter-

relacionados que levaram à separação do orçamento, do planejamento e da formulação de políticas. Um fator importante foi a

compartimentalização da administração entre a SEPLAN e outros agentes do sistema, bem como a superposição e a definição

incompleta das responsabilidades. Por exemplo, algumas das funções de planejamento e de política da SEPLAN foram assumidas pela

Casa Civil, ao passo que a alocação efetiva dos recursos é determinada pela SEFAZ. O resultado é que a função geral de planejamento

caiu em descrédito — os agentes dentro do sistema não conseguem ver relação alguma entre os planos e a realidade e, assim, as

informações fornecidas para os exercícios de planejamento se enfraquecem com o passar do tempo e as funções de formulação de

políticas tendem a atrofiar-se. Ao mesmo tempo, o diagnóstico observa que os recursos humanos dedicados à coordenação foram

enfraquecidos e reduzidos, o que contribui ainda mais para a deterioração do sistema. O diagnóstico também reconhece que, além da

reestruturação das instituições responsáveis pelo orçamento e planejamento, são necessárias ações específicas na área de integração do

trabalho dos sistemas de orçamento e planejamento em um novo sistema (uma discussão detalhada pode ser consultada abaixo), bem

como a gestão ativa dos recursos humanos.

31

Redesenho do Sistema Estadual de Planejamento do Estado da Bahia, Terceiro Produto Diagnóstico, agosto de 2011.

61

154. A reestruturação dos processos de planejamento de políticas e elaboração do orçamento é reconhecida como um

processo de médio prazo. Atualmente, a consultoria que apoia o Governo produziu um diagnóstico e agora a administração discute

ativamente as mudanças institucionais necessárias para começar a fazer face aos problemas identificados. Embora essas mudanças

envolvam, sem dúvida alguma, a reorganização do processo e das instituições, a natureza exata delas ainda não foi identificada e

necessariamente decorrerá do processo de consultas e discussões ora em andamento.

155. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará, como condição para o desembolso da segunda parcela, a

apresentação à Assembleia Legislativa de um projeto de lei ou emenda, e/ou a adoção de uma estrutura regulamentar adequada, para a

formulação das propostas orçamentárias anuais em conformidade com procedimentos destinados a alinhar o orçamento anual do

mutuário com suas prioridades estratégicas no médio prazo, bem como a reduzir as modificações ad hoc do orçamento anual do

mutuário durante sua execução. O processo está sendo supervisionado por um comitê executivo formado por, entre outros, os

Secretários da Administração, do Planejamento e da Fazenda. Com base no diagnóstico, o Governo construirá um novo modelo de

processos de negócios e estruturas institucionais, a fim de alinhar os processos de planejamento, gestão e orçamento. Um resultado do

processo de reorganização deverá ser o aprofundamento da capacidade para formulação de políticas e planejamento em cada

secretaria, à medida que a credibilidade do processo de planejamento do orçamento seja restaurada e a compartimentalização das

secretarias seja rompida. Também existe a expectativa de que o processo orçamentário propriamente dito seja revisto para dar mais

flexibilidade (com a devida responsabilidade) a cada secretaria. O plano é que a implementação desse programa esteja concluída até o

fim de 2013 e isso será uma das condições para o desembolso da segunda parcela da operação. O efeito direto esperado da reforma

apoiada é o alinhamento da política orçamentária com o plano estratégico e com o PPA, além da redução da variabilidade da execução

do orçamento em comparação com o orçamento original.

B. Gestão dos Recursos Financeiros e Humanos

156. Objetivos de política do Governo. O Estado da Bahia busca desenvolver e implementar a organização estrutural e

institucional e os sistemas e procedimentos de gestão financeira necessários para a disciplina fiscal, alocação estratégica de recursos e

prestação de serviços com eficiência. Um dos principais objetivos nessa área é estabelecer a base institucional e técnica para a adoção

das Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS), baseadas no regime de competência. Essa reforma permitirá a

transparência das informações orçamentárias e a melhoria do controle interno e da transparência com respeito às despesas, ativos e

passivos, e o alinhamento com as melhores práticas contábeis por meio da aplicação de normas contábeis confiáveis e independentes.

Além disso, informações mais abrangentes sobre custos servirão para dar mais respaldo à gestão baseada nos resultados. Para alcançar

esses objetivos, a Secretaria da Fazenda (SEFAZ) concebeu um novo sistema (FIPLAN) que integra os sistemas de planejamento e

execução do orçamento (dois sistemas distintos atualmente) com o sistema de contabilidade.

62

157. Desafios. A adoção das IPSAS e o desenvolvimento de um sistema integrado de informação e gestão financeira faz parte de

uma reorganização mais ampla dos processos de planejamento e execução do orçamento descritos anteriormente. Ela envolve grandes

desafios institucionais e tecnológicos, na medida em que o planejamento e a elaboração do orçamento são geridos pela Secretaria do

Planejamento (SEPLAN), enquanto a execução do orçamento cabe à SEFAZ, usando o Sistema de Informações Contábeis e

Financeiras (SICOF). A integração entre os dois sistemas tem sido superficial e nem todas as informações contidas nos dois sistemas é

intercambiada. O Governo optou pelo estabelecimento do FIPLAN porque o SICOF já existe há 15 anos, não oferece informações

detalhadas o suficiente e, o que é crucial, não está integrado com os demais sistemas (principalmente com os sistemas de

contabilidade). O desafio será institucional e tecnológico, pois, uma vez que os novos sistemas tenham sido desenvolvidos, a gestão do

orçamento exigirá uma estreita integração entre a gestão das secretarias do Planejamento e da Fazenda, e isso pode ajudar a solucionar

o problema de que as prioridades do PPA tendem a ser postas de lado durante a execução do orçamento em virtude de necessidades de

curto prazo e emergências.

158. A adoção das novas normas de contabilidade e informação também implicará a necessidade de emendas à estrutura

jurídica atual (inclusive, em especial, à lei fundamental sobre a administração financeira do Estado — Lei 2.322/66, que disciplina a

administração financeira, patrimonial e de material do Estado), bem como de manuais de contabilidade e informação, e de ampla

capacitação dos funcionários encarregados da gestão financeira nas novas normas. O sucesso na implementação dos novos

mecanismos institucionais dependerá de uma mudança de cultura com respeito à execução do orçamento e da gestão financeira.

A previsão é que o sistema esteja implementado para a elaboração do orçamento em junho de 2012, de modo a permitir a execução do

orçamento de 2013 usando o novo sistema e mecanismos de informação. Contudo, reconhece-se que sempre existe o risco de que

problemas imprevistos durante a fase de testes em 2012 possam causar o adiamento da implementação em até um ano (uma vez que os

novos mecanismos só podem ser instituídos no início do exercício).

159. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará como uma das condições para o desembolso da segunda parcela a

proposta de emendas à legislação estadual e a adoção de regulamentos visando a instituição de novos mecanismos jurídicos,

institucionais e técnicos necessários para a implementação das Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS).

Entre essas emendas, destacam-se as revisões à lei 2.322/66 e as regulamentações e manuais de informação e contabilidade

necessários, bem como a capacitação exigida. Além disso, a operação apoiará a adoção do sistema FIPLAN, que servirá de base

tecnológica para os novos mecanismos. O novo sistema integrado também facilitará o método bottom-up de definição de custos dos

programas e ações do orçamento descrito na seção seguinte. Finalmente, a segunda parcela exigirá confirmação oficial de que foram

adotadas todas as emendas necessárias à legislação e regulamentação estaduais para a adoção das Normas Internacionais de

Contabilidade do Setor Público (IPSAS). Como indicador de resultado, a expectativa é que a elaboração e a prestação de contas do

orçamento sejam feitas com base nas IPSAS. Um efeito direto esperado é o aumento da eficiência no planejamento e na gestão

financeira.

63

160. Objetivos do Governo. O Governo reconhece que a eficácia da administração e da prestação de serviços dependerá da

disponibilidade de pessoal qualificado e motivado. O objetivo do Governo é fortalecer a gestão de recursos humanos (RH) para

melhorar a qualidade dos serviços públicos, manter o foco nos resultados e alinhar a prestação de serviços com as metas das políticas

públicas. As autoridades deram início a uma série de reformas na gestão de RH, como a exigência de concursos públicos para o

preenchimento de cargos no setor público (o que, até 2007, não ocorria havia 20 anos), a renovação do registro dos servidores públicos

e a adoção gradual da gestão de desempenho em uma série de secretarias. O objetivo dessas reformas é reforçar a meritocracia na

nomeação e promoção de servidores públicos. O novo sistema de RH garantirá a disponibilidade de informações completas sobre as

qualificações, realizações e progresso de todos os funcionários do setor público. O objetivo é oferecer ferramentas para o

planejamento e a capacitação da força de trabalho, bem como para um melhor controle da folha de pagamentos.

161. Desafios. Atualmente, as práticas de RH estão sobrecarregadas por processos burocráticos e administrativos. Não existem

informações centralizadas sobre as qualificações, experiência nem histórico dos servidores públicos, as quais permitiriam selecionar e

capacitar devidamente esses funcionários. Em consequência, boa parte da capacitação oferecida é inadequada ou dirigida às pessoas

erradas, o que resulta em desperdício. A análise que o Estado fez da sua política de RH concluiu que a estrutura organizacional da

força de trabalho é mal distribuída, consome muito tempo e não está alinhada com os resultados do Governo. Além disso, observa-se

que o sistema de gestão de pessoal é inflexível, com pouca coordenação horizontal, impedindo o fluxo de servidores entre os órgãos

públicos para suprir as necessidades, e que a seleção e promoção de pessoal ainda não se baseia inteiramente no mérito e na

capacidade de gestão, apesar da legislação e regulamentação aprovadas recentemente nesse sentido.

162. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. Como condição da segunda parcela, o DPL apoiará a apresentação à Assembleia

Legislativa de um projeto de lei ou emenda, ou a adoção de um quadro regulamentar adequado, para implementar processos de gestão

de recursos humanos destinados a possibilitar o planejamento da força de trabalho, a gestão de carreiras e a ampliação de sistemas de

gestão de desempenho e promoção baseados no mérito. Para alcançar isso, o novo sistema de RH incluiria informações completas

sobre as qualificações, realizações e progresso da maioria dos servidores públicos, além de mecanismos para que a contratação atenda

à provável demanda do serviço público no futuro e, ao mesmo tempo, ofereça flexibilidade aos gestores para remanejar funcionários

de acordo com as necessidades da administração pública. O novo sistema também possibilitará um melhor controle da folha de

pagamentos ao permitir o cruzamento com informações de outras bases de dados, como a dos aposentados do setor público. O novo

sistema de RH se basearia em novos mecanismos institucionais e forneceria a base de informações para promoções baseadas no

mérito, o planejamento da força de trabalho e a gestão do desempenho. Embora a adoção completa do sistema deva levar vários anos,

a expectativa é que, até dezembro de 2014, ao menos todos os servidores das áreas da saúde e segurança pública sejam incluídos no

novo sistema e geridos por ele. Os efeitos diretos esperados das reformas apoiadas são que o pessoal receba capacitação e incentivos

64

adequados e os gestores possam identificar o pessoal apropriado para as tarefas por meio do uso ativo de um sistema de planejamento

da força de trabalho.

163. Objetivos de política do Governo. Competem à Secretaria da Fazenda da Bahia as funções de administração tributária e

gestão financeira. Sua missão é prover e administrar os recursos financeiros necessários para viabilizar as políticas públicas, bem

como sensibilizar os cidadãos sobre a importância do pagamento de tributos e do controle do uso dos recursos públicos. Os dois

principais objetivos no processo de planejamento estratégico da SEFAZ são aumentar as receitas em termos reais e alcançar o

equilíbrio fiscal. Em especial, a Superintendência de Administração Tributária (SAT) tem como objetivo aumentar a arrecadação

melhorando a eficácia, pois a margem para a elevação de tributos é limitada.

164. Desafios. A administração tributária tem como características: (i) a alta volatilidade das receitas; (ii) a capacidade limitada

para administrar tributos; (iii) o acúmulo de tributos em atraso de diferentes tipos de contribuintes; (iv) a capacidade limitada para

cobrar tributos em atraso; (v) um sistema de controle interno deficiente; (vi) níveis reduzidos de cumprimento das obrigações

tributárias e (vii) um sistema de informação obsoleto formado por partes desconexas. Atualmente, a autoridade tributária está

passando por um amplo processo de reformulação. As autoridades estão pondo em prática diversas ações destinadas a reduzir a evasão

fiscal e facilitar o cumprimento das obrigações tributárias e estão criando novos procedimentos para a cobrança de tributos em atraso.

O grande desafio é implementar uma estrutura institucional que permita reduzir a evasão fiscal, aumentar a cobrança de tributos em

atraso e estimular o cumprimento das obrigações tributárias — ações que ajudarão a gerar o espaço fiscal necessário para investir em

setores essenciais. Ademais, a cobrança de tributos em atraso implica o desafio extra de coordenar as ações entre a SAT e a

Procuradoria do Estado.

165. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O Estado da Bahia celebrou recentemente um acordo de partilha de dados com a

Secretaria da Receita Federal para aumentar a eficiência na arrecadação da receita tributária no Estado, com a obtenção de acesso a

informações sobre as doações, heranças e bens de contribuintes para facilitar a identificação da evasão de impostos relacionados a

esses itens. O DPL apoiará, como condição para o desembolso da segunda que o Estado da Bahia tenha feito um cruzamento de dados

com base no acesso às informações dos contribuintes sobre doações, heranças e bens, tenha avaliado os contribuintes com declarações

incongruentes e, como resultado dessa apuração, tenha tomado medidas para cobrar os impostos em atraso. Como resultado da

reforma, deve ocorrer um aumento da cobrança de tributos em atraso como porcentagem da receita tributária, de um nível de

referência de 1,02% em 2010 para uma meta de 1,8% até dezembro de 2014.

E. Parcerias público-privadas (PPPs)

65

166. Objetivos do Governo. O Governo da Bahia obteve avanços recentes na estruturação de projetos de infraestrutura complexos.

A experiência da Bahia com contratos de PPP tem sido positiva e, assim, o Estado pretende ampliar a escala do seu programa de PPPs.

O objetivo do Governo é lançar mão de mais PPPs para suprir a carência em termos de infraestrutura e serviços públicos no Estado, a

fim de transformar em realidade o potencial de crescimento da Bahia. Outro objetivo do Governo é criar uma cultura de

monitoramento de contratos, em especial de contratos de PPP. Atualmente, as autoridades dão muito mais ênfase a todas as etapas que

levam a uma obra pública, tratando o monitoramento dos contratos e a fiscalização como atividades não prioritárias.

167. Desafios. Embora o programa seja bem administrado, ele enfrenta dois grandes desafios. Um é a dificuldade de elevar o

número de projetos avaliados e considerados na etapa de licitação; o outro diz respeito ao monitoramento de contratos.

168. Medidas específicas apoiadas pelo DPL. O DPL apoiará, como ação prévia, a publicação de um decreto criando o

Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), um mecanismo para convidar a iniciativa privada a participar das etapas iniciais do

processo. Um dos indicadores de resultado é que pelo menos dois PMIs relativos a PPPs sejam realizados e que todos os novos

contratos firmados contenham uma cláusula que exija a contratação de um auditor independente para examinar o contrato. Um efeito

direto esperado da reforma é o aumento do número de projetos estruturados por meio de parcerias público-privadas e melhor

monitoramento de contratos.

169. O Procedimento de Manifestação de Interesse tira partido da perícia, da agilidade e dos recursos do setor privado e, ao

mesmo tempo, controla os problemas herdados de propostas não solicitadas. Esses problemas são evitados mediante a exigência

de que o órgão público interessado em levar à frente um projeto de PPP primeiro submeta seu termo de compromisso a um comitê

formado pelos Secretários da Fazenda e do Planejamento, pelo Procurador-Geral do Estado e pelo Chefe da Casa Civil. O termo de

compromisso deve conter um comprovante do seu interesse público, os estudos preliminares realizados e as estimativas do impacto no

orçamento. O órgão público em questão só poderá publicar sua solicitação de propostas após ter passado por esse processo interno de

triagem. Esse órgão pode convocar audiências públicas sobre o projeto além das audiências obrigatórias por lei nas últimas etapas.

Logo após o recebimento das propostas, o Governo não as aceitaria nem seria obrigado a executar o projeto ou reembolsar o setor

privado. Por outro lado, os parceiros privados são obrigados a renunciar aos direitos autorais sobre o material entregue ao Governo. O

Governo também precisa publicar os critérios objetivos segundo os quais todas as propostas serão examinadas e pode recorrer ao

apoio do meio acadêmico para avaliar e julgar as propostas. Por último, cumpre ressaltar que, em contraposição ao caso de propostas

não solicitadas, o Governo da Bahia aceitará apenas propostas de operações estruturadas visando projetos de seu interesse, de modo a

garantir que os projetos que cheguem à etapa de licitação atendam às prioridades do Governo e não às do setor privado.

66

VI. IMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO

IMPACTO SOCIAL E SOBRE A POBREZA

170. A equipe do Banco Mundial fez uma análise do impacto social e sobre a pobreza (PSIA) para avaliar os impactos

esperados das políticas apoiadas por esta operação. A PSIA concentrou-se em uma revisão interna de dados secundários, bem

como de estudos primários baseados em entrevistas e grupos de discussão com partes interessadas e especialistas.32

Foram avaliados

os possíveis efeitos distributivos das políticas apoiadas por esta operação sobre diferentes grupos socioeconômicos, enfocando os

grupos sociais mais vulneráveis. A conclusão geral da PSIA é que essas políticas atacam algumas das causas e efeitos subjacentes das

desigualdades socioeconômicas que historicamente vêm impedindo o desenvolvimento sustentável do Estado da Bahia.

171. A pobreza e a pobreza extrema sofreram uma forte redução na Bahia, mas ainda permanecem altas e apresentam

diferenças inter-regionais, raciais e de gênero significativas. O índice de pobreza extrema do Estado é o dobro da média nacional.

As famílias pobres e extremamente pobres são maiores e têm, em média, mais filhos. Por faixa etária, a pobreza extrema afeta mais as

crianças e os jovens do que os idosos. As fontes de renda das pessoas extremamente pobres dependem bastante das transferências de

renda do Governo. A desigualdade da renda per capita das famílias não se alterou nos últimos anos e permanece alta.

É excessivamente grande a parcela de pobres e extremamente pobres nos municípios do semiárido, uma região em sua maior parte

rural e que está defasada em termos de atividade econômica e desenvolvimento, geração de empregos e contribuição para o

crescimento. O índice de pobreza extrema é de 17,1% nas áreas rurais e 6,4% nas áreas urbanas. Ele chega a 13% nos pequenos

municípios, frente a 4,4% nos de grande porte. Os agricultores familiares, as populações indígenas e as comunidades quilombolas

figuram entre os grupos sociais mais vulneráveis. As regras de gênero tradicionais que atribuem as tarefas domésticas às mulheres

contribuem para reduzir as oportunidades de acesso das mulheres ao mercado de trabalho e para tornar sua carga de trabalho mais

intensa do que a dos homens. Em consequência, os rendimentos do trabalho dos homens são 58% mais altos do que os das mulheres, o

que revela a persistência das graves desigualdades de gênero e do enorme desafio enfrentado por 32% das famílias chefiadas por

mulheres na Bahia. Por último, a pobreza e a pobreza extrema atingem a população não branca com muito mais intensidade e

apresentam uma correlação forte e significativa com o nível de escolaridade.

32

Dados secundários abrangem recenseamentos, estudos, relatórios de pesquisas e relatórios sobre consultas anteriores realizadas recentemente pelo Governo do

Estado com diferentes grupos sociais (organizações de mulheres, agricultores familiares pobres, comunidades quilombolas e populações indígenas). Os relatórios

sobre consultas abrangem documentos recentes como planos estaduais e políticas para as populações indígenas, comunidades quilombolas, mulheres e jovens, os

quais foram discutidos e definidos de forma participativa. Autoridades estaduais e municipais, estudiosos e especialistas participaram das consultas com as partes

interessadas. O documento completo da PSIA está no Anexo 5.

67

172. As reformas de política específicas apoiadas por este empréstimo visam as desigualdades socioeconômicas analisadas

anteriormente. Elas devem ter um impacto positivo significativo em termos de alívio da pobreza e inclusão social na Bahia. Os

grupos sociais pobres, extremamente pobres e mais vulneráveis provavelmente terão os ganhos mais positivos decorrentes das

reformas na prestação de serviços públicos e na infraestrutura. Os possíveis efeitos em favor dos pobres das reformas de política

apoiadas por este DPL serão sentidos, primeiramente, em função da melhoria no acesso e na qualidade dos serviços de educação e

saúde, bem como das políticas formuladas para promover a inclusão social, controlar a criminalidade e a violência, incorporar as

questões de gênero e combater a violência baseada no gênero.

173. A expectativa é que as mudanças na educação resultem em efeitos em favor dos pobres porque o programa Todos pela

Educação foi concebido para aumentar o nível do alfabetismo entre os alunos do primeiro e do segundo ano matriculados nas

escolas públicas. O programa trata do problema dos baixos níveis de alfabetização, a principal causa dos baixos resultados do

aprendizado e do fraco desempenho em todos os níveis do ensino nas escolas públicas. Quase todas as crianças do primeiro e do

segundo quintis da classificação por renda per capita e dos grupos sociais mais vulneráveis vão à escola pública; elas serão os

principais beneficiários do programa, pois este também visa os municípios mais pobres do Estado. Essas crianças se beneficiarão

diretamente da melhoria do nível de alfabetização dos alunos das escolas públicas, pois verão aumentar as chances de seguir adiante

rumo a níveis mais altos de escolaridade. A escolaridade apresenta forte correlação com melhores oportunidades de trabalho e níveis

de renda; assim, a expectativa é que os alunos pobres das escolas públicas terão a ganhar indiretamente com a ampliação do acesso a

melhores oportunidades de trabalho e terão mais chances de ter uma renda mais alta. No longo prazo, o Todos pela Educação deve

aumentar as chances de as crianças pobres deixarem a pobreza para trás.

174. As reformas de política promovidas no setor da saúde também geram os impactos mais positivos sobre os grupos sociais

mais desprovidos. A PSIA demonstrou os possíveis efeitos em favor dos pobres decorrentes da melhoria do acesso e da qualidade dos

serviços de saúde pública. A análise constatou que as taxas de mortalidade infantil e materna continuam acima das médias nacionais e

que a falta de assistência médica é a principal razão da mortalidade feminina na Bahia, o que reflete a baixa cobertura dos serviços de

saúde e o baixo acesso das mulheres a procedimentos preventivos simples e de baixo custo. Assim, a mortalidade materna afeta mais

as jovens pobres e afrodescendentes, que, em sua maioria, dependem dos serviços de saúde pública. A melhoria da qualidade, a

expansão da cobertura da atenção primária de saúde pública nas áreas prioritárias e o fortalecimento da rede de atendimento materno-

infantil do Estado são reformas de política essenciais para reduzir a mortalidade materna e obter um impacto claro em favor dos

pobres. Essas reformas também levam a uma queda da taxa de mortalidade infantil, sobretudo da mortalidade neonatal, que atinge

com mais intensidade as crianças dos grupos mais vulneráveis.

175. Os agricultores familiares pobres nas regiões mais atrasadas do semiárido — entre os quais se encontra a maior parte

da população quilombola e dos povos indígenas — e os trabalhadores informais das áreas urbanas terão mais a ganhar com as

mudanças nas políticas de inclusão produtiva. Os agricultores familiares pobres poderão se beneficiar mais das reformas de política

68

relacionadas à inclusão produtiva, que contribuirão para o aumento da produtividade e do acesso a tecnologia, a assistência técnica e

ao mercado. O efeito direto esperado dessas reformas de política é o aumento da renda e do bem-estar das populações rurais pobres.

As políticas de inclusão produtiva e social farão circular mais dinheiro nos mercados locais dos municípios pobres e mais atrasados, a

economia dessas regiões crescerá e os municípios se beneficiarão do aumento da arrecadação de tributos e do reforço da capacidade

para investimentos.33

A população urbana pobre, sobretudo as chefes de família, será beneficiada pelas políticas formuladas para

reduzir a informalidade e eliminar as barreiras ao acesso das mulheres ao mercado de trabalho formal, com o reforço dos direitos

trabalhistas e das políticas de seguridade social. Por último, as famílias em situação de extrema pobreza — com destaque para as

famílias chefiadas por mulheres e para a população não branca — também devem ser beneficiadas pelo alcance das políticas de

inclusão social, que aumentarão a cidadania e ampliarão o acesso a serviços sociais, redes de proteção social e programas de

transferência de renda. Assim, essas políticas têm potencial para promover o crescimento equitativo e reduzir a pobreza.

176. O programa Pacto pela Vida (PPV), criado para controlar a criminalidade e a violência, se concentra na redução da

violência letal, que afeta, em especial, os jovens pobres e afrodescendentes. Atualmente, a Bahia é o quinto Estado brasileiro com

o maior número de homicídios. Os jovens são o grupo mais afetado pelo agravamento da violência, que está associado principalmente

ao aumento do consumo e tráfico de crack e afeta os jovens não brancos de maneira desproporcional, sobretudo os de origem mais

pobre. As famílias pobres de assentamentos de baixa renda na região metropolitana e em outros municípios devem ser os mais

beneficiados pelas políticas formuladas para responder à violência e reduzir a dependência das drogas.

177. As reformas de política do Governo do Estado da Bahia fortaleceram sua estrutura institucional destinada a promover

a igualdade de gênero. A principal forma de atingir esse objetivo é a redução das barreiras que prejudicam o acesso das mulheres aos

resultados associados ao mercado de trabalho — mais oportunidades de emprego e aumento da renda do trabalho. O Estado criou a

Secretaria de Políticas para as Mulheres, que pode promover a incorporação das questões de gênero no setor público e ampliar suas

áreas de atuação para outras questões de gênero prementes na Bahia, como a violência contra as mulheres, a educação sobre gênero e a

saúde. O conteúdo dessas políticas tem uma forte tendência em prol dos pobres e devem aumentar as oportunidades econômicas,

sociais e culturais para as mulheres, estreitar a diferença ocupacional e de salário entre os gêneros, promover a cidadania das mulheres

e reforçar a autoestima desse grupo. Essas políticas também ajudarão a proteger as mulheres vítimas de violência em casa ou nas ruas

e torná-las mais cientes dos seus direitos.

178. O DPL apoiou reformas de política concebidas para desenvolver a infraestrutura social, física e institucional para o

gerenciamento de riscos e desastres (GRD). As famílias de baixa renda que vivem em assentamentos informais e em áreas urbanas

de risco podem beneficiar-se mais das políticas que visam a vulnerabilidade a riscos naturais. A população mais pobre deve

33

O Governo da Bahia também manifestou interesse em melhorar a estrutura logística e institucional dos transportes, de modo a apoiar o crescimento econômico,

integrando a logística, a coordenação dos transportes, o planejamento e a conectividades das redes, o que desenvolverá ainda mais os setores agropecuário e

industrial, fomentando o crescimento econômico do Estado e ampliando as oportunidades para os pobres.

69

beneficiar-se mais das políticas de GRD, pois, historicamente, trata-se do grupo social que vive nas áreas mais vulneráveis do Estado e

está mais exposto a eventos climáticos extremos, à perda de bens e à interrupção de serviços públicos. As políticas de GRD também

devem contribuir para a redução dos custos econômicos e humanos associados a secas na região semiárida do Estado, diminuindo a

vulnerabilidade da população pobre da zona rural a eventos climáticos adversos e a incêndios florestais.

179. O fortalecimento da gestão do setor público mediante a melhoria dos sistemas de planejamento e elaboração do

orçamento, da gestão financeira e dos recursos, e das parcerias público-privadas é essencial para que o Estado da Bahia possa

alcançar o crescimento equitativo, a inclusão social e uma economia mais eficiente. Ao adotar novas políticas de planejamento e

orçamento e ao melhorar a definição de custos e distribuição de recursos, o Governo do Estado se beneficiará: (a) da redução dos

custos de transação no setor público, (b) da diminuição dos custos dos serviços públicos e (c) da liberação de recursos para serem

desembolsados de acordo com suas prioridades estratégicas. Assim, a expectativa é que o Governo do Estado consiga aumentar a

eficiência na distribuição de recursos públicos, preste serviços com mais eficiência e direcione melhor os programas e projetos para

beneficiar os pobres. Além disso, há espaço considerável para que o sistema de administração tributária do Estado ganhe em eficácia e

eficiência, o que pode aumentar o cumprimento das obrigações tributárias, porém sem implicar uma elevação da carga tributária sobre

os pobres, pois as melhorias se basearão na modernização e automação de processos e mecanismos. Esse aumento do cumprimento

deve surtir efeitos redistributivos e favoráveis aos pobres, pois os segmentos mais ricos da população financiarão a melhoria dos

serviços públicos e mais receitas serão gastas de acordo com as prioridades. Ademais, as políticas propostas para reforçar a gestão dos

recursos humanos podem melhorar a qualidade dos serviços públicos e devem contribuir para a elevação do bem-estar. Por último, as

parcerias público-privadas (PPPs) propostas podem liberar recursos públicos para serem investidos em outras áreas sociais cruciais.

Esses investimentos servirão para melhorar a infraestrutura social e econômica e aumentar o bem-estar da população. No curto prazo,

a etapa de construção desses empreendimentos gerará empregos para pessoas com pouca qualificação, aumentando os rendimentos do

salário desses trabalhadores situados na faixa mais baixa do perfil de distribuição de renda.

180. Portanto, a conclusão geral da PSIA é extremamente positiva. Todas as políticas resultam claramente em benefícios para

os pobres, sobretudo no médio e longo prazo. Embora as pessoas entrevistadas tenham apontado alguns desafios, as consultas

indicaram que não há uma oposição significativa a nenhuma das políticas visadas.

ASPECTOS AMBIENTAIS

181. A análise dos efeitos da operação proposta sobre o meio ambiente indica que a o saldo dos efeitos ambientais da

operação no Estado da Bahia será positivo. Além disso, o quadro de políticas ambientais e a capacidade institucional do Estado têm

o mandato e a capacidade para fazer face aos efeitos ambientais nos setores apoiados pela operação. As políticas e reformas apoiadas

por esta operação são de grande importância para aumentar a eficiência das políticas para o desenvolvimento sustentável. Os desafios

70

ambientais na Bahia resultam dos elevados índices de urbanização, da ocupação sem um planejamento de longo prazo e da falta de

infraestrutura e monitoramento adequados. A operação atenuará os impactos ambientais atuais.

182. As políticas apoiadas por esta operação fortalecem o planejamento e a gestão do setor público (governança) e

promovem a inclusão social e produtiva nas regiões mais atrasadas. Cerca de 70% da área total da Bahia está na região do

semiárido, juntamente com outros biomas, como a caatinga, o cerrado e a mata atlântica. Os pequenos agricultores estão, em sua

maioria, localizados na região do semiárido e sofrem com a fraca logística rural. Os principais problemas ambientais identificados

estão relacionados ao crescimento desordenado da região metropolitana de Salvador, com a ocupação não planejada de áreas sensíveis

do ponto de vista ambiental, a incêndios florestais, ao desmatamento ilegal e a queimadas, sobretudo na região do semiárido. As

melhorias na governança e coordenação do setor social devem gerar efeitos regionais positivos, melhorando a fiscalização e o

cumprimento da regulamentação sobre o uso da terra.

183. O DPL apoia ações específicas para promover o desenvolvimento econômico nas regiões mais atrasadas por meio do

Programa de Inclusão Produtiva. O principal resultado desse programa é o aumento do número de produtores rurais que se

beneficiam de assistência técnica, a qual também pode promover práticas agrícolas sustentáveis. Isso se dará com a garantia de

diferentes mecanismos para promover o licenciamento ambiental de atividades empreendidas por pequenos produtores, conforme

determinado pela Lei 12.377/2011, que dispõe sobre a Política Estadual de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade e sobre a

Política Estadual de Recursos Hídricos. A Comissão Técnica de Garantia Ambiental (CTGA), vinculada ao Departamento de

Desenvolvimento e Integração Regional, foi criada com o propósito de coordenar e implementar o controle do meio ambiente e

monitorar o licenciamento ambiental das atividades produtivas.

184. A forma proativa de abordar o gerenciamento de riscos e desastres pode beneficiar a população que vive em áreas de

risco e ter um impacto positivo sobre a preservação do meio ambiente da região. O DPL também apoia ações para fortalecer o

Sistema de Defesa Civil (SDC), o que resulta na redução do impacto de desastres (deslizamentos, secas, incêndios florestais,

inundações). Entre essas ações também se destacam a apoio ao Estado em seus esforços para consolidar as iniciativas ora em

andamento para aumentar a eficiência na gestão e planejamento do uso da terra, o que pode ter impactos diretos positivos sobre as

condições do meio ambiente, inibindo a ocupação de áreas sensíveis do ponto de vista ambiental e retomando áreas preservadas

degradadas pela ocupação não planejada.

185. O DPL também apoia ações para melhorar a estrutura institucional para a participação do setor privado por meio de

parcerias público-privadas (PPPs). A Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia publicou um decreto que institui um manual sobre o

monitoramento dos contratos de PPPs, contendo inclusive condições para o processo licitatório das parcerias público-privadas com

71

relação ao cumprimento da legislação ambiental e ao processo de licenciamento ambiental de todo investimento, o que também está

em conformidade com a legislação federal (Lei 11.979/2004).

186. A gestão ambiental no Brasil é descentralizada nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal). As políticas

estaduais estão em conformidade com as leis ambientais federais e também com a Resolução 369/2006 do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), que estabelece as regras para a ocupação das áreas de proteção permanente (APPs). Cabe à Secretaria do

Meio Ambiente do Estado da Bahia fazer recomendações quanto à emissão de licenças ambientais pelo Conselho Estadual de Proteção

do Meio Ambiente (CEPRAM). A Lei 12.377/2011 estabelece os critérios de habilitação e as exigências para o licenciamento

ambiental.

187. A Bahia tem um quadro de políticas ambientais abrangente, que trata do licenciamento ambiental e do planejamento

do uso da terra em áreas sensíveis do ponto de vista ambiental. A Secretaria do Meio Ambiente conta com funcionários

qualificados encarregados da gestão e licenciamento ambiental e publica numerosas regulamentações sobre procedimentos de

licenciamento específicos para projetos de pequeno, médio e grande porte em áreas sensíveis. A nova legislação estadual sobre

questões ambientais foi aprovada em dezembro de 2011 e previa uma metodologia participativa que priorizava discussões com

conselhos estaduais responsáveis pelo meio ambiente e pelos recursos hídricos (CEPRAM e CONERH) e com grupos da sociedade

civil, ONGs, o governo e o setor empresarial. A modernização da legislação reforça, por exemplo, a qualidade do controle ambiental e

a intensificação da supervisão. Além disso, foi definido o Sistema Estadual de Informações Ambientais (SEIA), já em construção.

IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

Implementação

188. A preparação desta operação está sendo liderada pela Secretaria da Fazenda (SEFAZ), que também é responsável pela

consolidação fiscal; o trabalho está sendo feito em estreita colaboração com a Secretaria do Planejamento (SEPLAN). As secretarias

de coordenação, juntamente com a Casa Civil e com a Secretaria da Administração (SAEB), farão o acompanhamento e a

coordenação com as secretarias setoriais envolvidas na reforma, como a Secretaria da Saúde (SES), a Secretaria da Educação

(SEEDUC), a Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA), a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUUR), a Secretaria de

Desenvolvimento Socioeconômico (SEDES), a Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (SEDIR) e a Secretaria de

Políticas para as Mulheres.

72

Monitoramento e avaliação

189. A operação será supervisionada pelo Governo do Estado da Bahia por intermédio do Comitê de Implementação do

Projeto (CIP), criado especificamente com essa finalidade e composto por servidores dos órgãos diretamente envolvidos no

DPL. O CIP será responsável pela gestão e monitoramento das ações planejadas, com apoio técnico e gerencial de outras secretarias

do Estado, sobretudo das secretarias da Fazenda, Planejamento e Administração, além da Casa Civil. O CIP se encarregará de definir

as estruturas de gestão apropriadas para a implementação, monitoramento e supervisão da operação, inclusive todas as atividades de

assistência técnica.

ASPECTOS FIDUCIÁRIOS

Gestão das finanças públicas

190. A Constituição da República Federativa do Brasil e um arcabouço jurídico bem desenvolvido fundamentam a gestão

das finanças públicas em todos os níveis de governo do país. A Lei de Normas Gerais de Direito Financeiro (Lei 4,320, de 1964)

regulamenta os controles financeiros, o processo de elaboração do orçamento e a prestação de contas nos níveis federal, estadual e

municipal. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 2000, estabeleceu exigências específicas quanto à disciplina macroeconômica

e fiscal que definem muitos aspectos da gestão das finanças públicas. Essas leis ajudaram a fortalecer a responsabilidade e a

transparência na gestão das finanças públicas (GFP) no Brasil. Mais recentemente, o Governo Federal lançou uma iniciativa para

adotar as normas internacionais de contabilidade para o setor público (IPSAS), que melhorarão a prestação de informações financeiras

e a responsabilidade em todos os níveis no Brasil.

191. O sistema de GFP da Bahia contém regras e controles internos robustos e define claramente as responsabilidades e

mecanismos institucionais. Entre eles, a SEPLAN é responsável pelos processos a montante de planejamento e elaboração do

orçamento, ao passo que a SEFAZ é responsável pela gestão do Tesouro e dos processos a jusante de contabilidade e prestação de

contas. De modo geral, as informações financeiras no Brasil têm um elevado nível de transparência. Isso se dá em virtude do uso da

Internet e outras mídias para disseminar informações sobre planos, orçamentos, relatórios financeiros periódicos e demonstrações

financeiras anuais.

192. O compromisso do Governo com um sistema sólido de GFP está evidente na sua estratégia de desenvolvimento. Ela

reconhece a transparência, responsabilização e o aumento da eficiência dos gastos públicos como elementos fundamentais para

garantir o crescimento econômico equitativo no Estado. Para alcançar esses objetivos, o Governo realizou reformas para aumentar a

eficiência, transparência e responsabilidade no uso dos recursos públicos. Essas reformas visavam o fortalecimento dos vínculos entre

73

o planejamento estratégico e o processo de elaboração do orçamento, o reforço da capacidade das funções de contabilidade e auditoria

interna e a atualização de seus sistemas de informação.

193. O Estado vem constantemente conseguindo elaborar demonstrações financeiras detalhadas dentro dos prazos

estipulados. As obrigações relacionadas à elaboração dessas demonstrações financeiras estão claramente descritas na legislação e

regulamentação pertinentes, e os controles internos do Estado de modo geral garantem seu cumprimento. Contribuem para isso a

clareza com que a legislação descreve as obrigações relativas à elaboração dessas demonstrações e o zelo com que elas são aplicadas.

Os sistemas financeiros também possibilitam isso.

194. Conforme mencionado acima, o Brasil já definiu um cronograma para a adoção das normas internacionais de

contabilidade para o setor público (IPSAS) por todos os entes do Governo Federal até 2013. A intenção com a adoção das IPSAS

é melhorar a qualidade e pertinência das informações financeiras disponíveis para as decisões dos gestores do setor público. Isso

reforçaria a transparência e a responsabilidade na gestão dos recursos públicos e, ao mesmo tempo, apoiaria o objetivo do Estado de

aumentar a eficiência na gestão desses recursos. O Estado da Bahia está empreendendo uma série de ações para preparar-se para a

implementação das novas normas de contabilidade. Foi criado um comitê para coordenar as atividades nessas áreas e lançou-se um

programa de sensibilização de todos os servidores sobre as mudanças administrativas necessárias. O Estado está empreendendo um

programa de capacitação para garantir a disponibilidade das qualificações e conhecimentos necessários. Para apoiar a adoção do novo

regime contábil, o Estado definiu como prioritária a implementação do novo sistema integrado de gestão financeira (FIPLAN), cujo

software foi adquirido em um acordo com o Estado de Mato Grosso e está em processo de adaptação. Um comitê envolvendo várias

secretarias está encarregado da coordenação das necessidades dos usuários e do monitoramento dos avanços na implementação do

sistema. Esse novo sistema deve facilitar a adoção da nova regulamentação contábil e, ao mesmo tempo, reforçar a capacidade dos

sistemas de informação do Estado para coletar, manter e gerar os dados financeiros necessários para a elaboração das demonstrações

financeiras.

195. A função de auditoria interna fica a cargo da Auditoria Geral do Estado (AGE), um departamento da Secretaria da

Fazenda. O departamento tem acesso suficiente a outras secretarias do Governo para fazer suas auditorias. De modo geral, suas

recomendações são implementadas, em parte como resultado da estreita colaboração com o Tribunal de Contas do Estado – TCE (ver

abaixo). Um plano anterior de elevar essa função, atribuindo a ela o status de secretaria, reforçaria ainda mais a sua independência.

Contudo, esse plano ainda não foi aprovado pelo Legislativo do Estado. Outro desafio enfrentado é a falta de recursos humanos

suficientes. O trabalho de auditoria é planejado sistematicamente usando uma matriz de riscos.

196. O Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE) tem a incumbência de auditar todos os recursos do Estado. Ele é

considerado um dos mais sólidos órgãos de auditoria estadual no Brasil. Conta com o apoio do BID, do Banco Mundial e de outras

74

instituições internacionais há vários anos visando a adoção de práticas modernas de auditoria e o alinhamento dos seus métodos com

as normas internacionais. Nesse aspecto, vem desempenhando um papel de liderança no intercâmbio de conhecimento e experiência

com outros TCEs.

197. Em consequência da avaliação acima, o Banco está satisfeito que o ambiente de GFP no Estado da Bahia é adequado

para apoiar a operação proposta. Além disso, a estratégia de desenvolvimento do Governo e as ações empreendidas para

implementar a reforma refletem de maneira satisfatória seu compromisso com o aprimoramento do ambiente de GFP.

Ambiente de controle cambial

198. O FMI fez uma avaliação das salvaguardas do Banco Central do Brasil em outubro de 2002 e a atualizou em março de

2004. Concluiu-se que o Banco Central não apresentava vulnerabilidades generalizadas que poderiam comprometer a salvaguarda dos

recursos do Fundo. O Banco também examinou as demonstrações financeiras do Banco Central para avaliar se o ambiente de controle

cambial permanecia adequado. Como parte desse exame, avaliaram-se as demonstrações financeiras referentes aos exercícios findos

em 31 de dezembro de 2006 a 2010. As demonstrações continham notas explicativas às demonstrações financeiras e um relatório da

auditoria independente realizada por um escritório de auditoria internacional. Todos os relatórios de auditoria continham um parecer

sem ressalvas sobre as demonstrações financeiras de todos os anos. As notas explicativas, parte integrante das demonstrações

financeiras, apresentavam uma explicação detalhada das políticas de gestão de risco do Banco Central, inclusive as relacionadas aos

instrumentos financeiros adotados para administrar as reservas internacionais. Em relação aos riscos operacionais, as notas afirmam

que o Banco Central “usa sistemas de controle interno considerados adequados para suas atividades”. A conclusão do Banco com base

nesse exame foi que o ambiente de controle que rege as operações do Banco Central, através do qual as divisas do empréstimo

tramitariam, mantinha-se adequado.

DESEMBOLSO E AUDITORIA

199. Os recursos do empréstimo serão desembolsados com a condição de que o programa de empréstimo para políticas de

desenvolvimento seja implementado de maneira satisfatória e não estarão vinculados a compras específicas. Tão logo o

empréstimo entre em vigor, os desembolsos serão feitos pelo Banco em uma conta mantida pelo Estado no Banco do Brasil em Nova

Iorque. O Banco do Brasil é um banco comercial considerado aceitável pelo Banco Mundial. Trata-se de uma instituição financeira

aceita pelo Banco Mundial, pois: (a) é financeiramente sólida; (b) está autorizada a manter a conta na moeda acordada entre o Banco e

o mutuário; (c) é auditada regularmente e recebeu relatórios de auditoria satisfatórios (demonstrações financeiras auditadas referentes

a 31 de dezembro de 2010 auditadas pela KPMG); (d) está apta a executar um grande número de transações imediatamente; (e) está

apta a desempenhar uma variada gama de serviços bancários de maneira satisfatória; (f) está apta a fornecer demonstrativos detalhados

75

da conta; (g) faz parte de uma rede de correspondentes bancários satisfatória e (h) cobra taxas razoáveis por seus serviços. A conta

está denominada em moeda estrangeira e não faz parte das reservas internacionais. Contudo, o Banco Central será informado do

depósito desse montante. Tão logo os recursos sejam depositados na conta, o Banco do Brasil creditará um montante equivalente em

uma conta do Estado no mesmo banco que financia as despesas do orçamento. O Estado enviará confirmação ao Banco Mundial de

que: (i) os recursos do empréstimo foram recebidos na conta denominada em moeda estrangeira e (ii) um montante equivalente foi

creditado na conta que financia as despesas orçadas. Essa confirmação será enviada ao Banco Mundial no prazo de 30 dias após o

pagamento. Caso os recursos do empréstimo sejam usados para fins inaceitáveis, conforme definido no Acordo do Empréstimo de

Desenvolvimento, o Banco Mundial exigirá do Estado a restituição do montante. À luz das conclusões relacionadas à adequação do

ambiente de gestão das finanças públicas do Estado, não serão estabelecidas outras disposições fiduciárias para esta operação.

RISCOS E MITIGAÇÃO DE RISCOS

200. Considera-se que a operação proposta tem riscos de moderados a substanciais.

201. Riscos econômicos e fiscais estão relacionados à gestão prudente da posição fiscal da Bahia em meio à incerteza da

conjuntura mundial. Os agregados fiscais são bastante vulneráveis às receitas do ICMS, as quais estão concentradas em

pouquíssimas áreas e são altamente sensíveis às flutuações macroeconômicas no Brasil e nos países parceiros comerciais. Assim, as

receitas da Bahia são vulneráveis aos acontecimentos na Europa, à desaceleração do crescimento americano e a um possível pouso

forçado da economia chinesa. A Bahia também é vulnerável a desastres naturais, como a atual seca, o que pode afetar a produção e as

receitas nas áreas afetadas. O risco é atenuado pela reforma apoiada por este DPL para reforçar a coordenação institucional e a

capacidade para responder, gerenciar, e prevenir desastres naturais. Além disso, a Bahia é vulnerável à redução das transferências do

FPE em decorrência de mudanças nas regras sobre a distribuição das receitas de vários tributos federais entre os Estados. A regra de

divisão do FPE, juntamente com a reforma dos royalties e do ICMS, está sendo discutida nas esferas federal e subnacional. A reforma

dos royalties, a mais avançada das reformas, deve resultar em uma distribuição com uma vantagem em relação à situação atual. As

mudanças na fórmula de alocação dos royalties, conforme apresentada no respectivo projeto de lei,34

preveem um aumento da

distribuição para os Estados, possivelmente compensando a perda de receita decorrente da reforma tributária e do FPE. Ademais, a

implementação das mudanças será gradativa, minimizando o total dos efeitos líquidos sobre a arrecadação. O risco relacionado à

redução das transferências do FPE também é atenuado pelo fato de que a Bahia tem a liberdade de não concordar com qualquer

proposta que se traduza em prejuízo. O risco envolvendo o ICMS é mitigado pelo aumento significativo da arrecadação do Estado nos

últimos quatro anos graças ao crescimento econômico, às reformas para ganhar eficiência e ao compromisso do Governo Estadual

com a implementação de mais reformas da administração tributária, inclusive as apoiadas por este DPL. O aumento estrutural de

despesas relacionadas à saúde e à segurança (entre outros setores) e a elevação dos gastos associados à Copa do Mundo e de despesas

34

Uma revisão dos critérios de distribuição dos royalties já está em uma etapa bem avançada, tendo sido aprovada pelo Senado em outubro de 2011.

76

com pessoal em geral exercem uma pressão adicional sobre as finanças do Estado. As reformas da gestão do setor público apoiadas

por esta operação foram concebidas para mitigar esses riscos por meio do aumento da eficiência e da priorização das despesas.

Risco político e institucional

202. Em um ambiente de concorrência fiscal entre os Estados brasileiros, o Governo Federal iniciou uma discussão com

todos os Estados sobre a possibilidade de mudanças institucionais relacionadas ao ICMS. Esse imposto representa

aproximadamente 24% do total das receitas do Estado e 87% das receitas tributárias. O ICMS foi beneficiado pelo rápido crescimento

das vendas no atacado e no varejo. Dois aspectos principais ainda são fonte de preocupação. O primeiro é a cobertura da base

tributária da “velha economia”, que enfoca o petróleo e a energia e pouco abrange o setor de serviços, que vem crescendo

rapidamente; o segundo é o comércio eletrônico. O Governo Federal está cogitando a possibilidade de fazer mudanças institucionais

para resolver essa questão. É cedo demais para avaliar qualquer modelo de compensação possível. Como medida atenuante, os

Estados que podem vir a perder com a reforma fiscal serão compensados.

203. A modesta capacidade institucional e técnica do Governo da Bahia pode afetar a implementação e execução dos

investimentos e programas sociais planejados, bem como adiar o desembolso da segunda parcela. Nesse sentido, será crucial

empreender as reformas apoiadas pela operação para reformular a gestão do setor público com vistas a uma maior integração do

orçamento, da gestão e do planejamento, bem como para modernizar a gestão dos recursos humanos. Outro desafio institucional diz

respeito à fraca coordenação das políticas do Governo para alinhar suas prioridades com as despesas públicas, assim como para alinhar

as políticas de diferentes níveis de governo para aumentar a eficácia na prestação de serviços públicos, sobretudo no âmbito dos

programas nas áreas da saúde, educação, criminalidade e violência, inclusão social e produtiva, e gênero. Finalmente, o Estado precisa

estabelecer parcerias com o setor privado por intermédio de PPPs e da subcontratação, o que está se tornando cada vez mais

importante para a eficiência na prestação de serviços e exige a melhoria da estrutura institucional para PPPs. Esses riscos são

atenuados pela implementação de reformas apoiadas no âmbito deste DPL e pela sua natureza irreversível. O Banco também precisará

apoiar a agenda de reformas oferecendo, em um primeiro momento, assessoria e apoio por meio do diálogo sobre políticas durante a

elaboração e supervisão do DPL e, posteriormente, por meio de assistência técnica complementar nas áreas de política apoiadas pelo

DPL. Nesse contexto, o Banco está discutindo com o Governo a possibilidade de reestruturar os empréstimos de investimento

existentes, como também de usar a supervisão do DPL para esse fim.

Risco para a implementação das reformas setoriais apoiadas pelo DPL

204. A implementação do programa de reformas envolvendo vários setores com o apoio do DPL está sujeita a riscos de

moderados a substanciais. Além da capacidade, uma segunda questão diz respeito ao risco político. Várias ações estão relacionadas à

77

assinatura de acordos e planos com os municípios. Contudo, os municípios elegerão novos prefeitos em 2012 e, na medida em que os

novos governantes não tenham as mesmas prioridades dos seus antecessores, a implementação e/ou o financiamento do programa de

reformas apoiado pelo DPL podem ser afetados. Esse risco será atenuado pela garantia de que as reformas apoiadas são cruciais para

os municípios, a fim de reduzir sua vulnerabilidade a mudanças de liderança. Outra medida atenuante está nas reformas do setor

público apoiadas por este DPL que melhorarão o alinhamento entre as prioridades do Estado e a alocação orçamentária, de maneira

que o financiamento do lado do Estado seja estável no médio prazo. Uma terceira medida atenuante é o alinhamento completo entre o

programa apoiado e o PPA do Estado. A Tabela 7 abaixo apresenta de forma detalhada os riscos setoriais e as medidas para mitigar

esses riscos.

78

Tabela 7. Riscos Relacionados ao Subcomponente Setorial Fornecido pelo DPL

Risco Medida atenuante

Educação:

Pacto com Municípios – O Pacto não consegue melhorar os

resultados do aprendizado no prazo do projeto.

Garantir que a Secretaria da Educação faça uma avaliação anual padronizada dos resultados do

aprendizado de português pelos alunos do segundo ano nos municípios participantes. Essas avaliações

permitirão ao Estado estabelecer um padrão de referência para o desempenho das escolas e dos

municípios. O monitoramento e avaliações adicionais contribuirão para identificar as intervenções do

programa que tiveram mais impacto. Por último, a Secretaria da Educação aumentará e variará as

intervenções nos municípios mais atrasados para causar um impacto no desempenho dos seus alunos.

Saúde:

A capacidade insuficiente para implementar as reformas nos níveis

estadual e municipal poderia afetar os respectivos indicadores de

resultado.

A oferta de assistência técnica ao Estado e aos municípios atenuaria esse risco. Ela deveria ser

direcionada a municípios e instituições com capacidade mais baixa, a fim de melhorar a gestão e

ampliar a capacidade técnica.

A implementação do Programa Saúde da Família poderia ser

afetada caso os compromissos político e orçamentário com o

programa não fossem mantidos com o passar do tempo. Isso é de

especial importância porque o programa está configurado de forma

independente do sistema de saúde estadual e seu monitoramento

ainda não é plenamente satisfatório.

Até o momento, existe um forte compromisso das assembleias municipais e estadual, bem como de

partes interessadas institucionais e da sociedade civil fundamentais, com o Programa Saúde da

Família. São medidas atenuantes as reformas do Estado ora em andamento para fortalecer os vínculos

entre as prioridades do Estado e os orçamentos pertinentes no planejamento plurianual, bem como

para implementar um sistema de monitoramento e avaliação dos principais programas.

Diferenças políticas entre os municípios podem interferir no

processo de regionalização.

O trabalho contínuo e em estreita cooperação com os comitês de coordenação entre Estado e

municípios ajudará a minimizar o risco causado pela filiação a diferentes partidos e a estimular a

coordenação dentro do Estado.

Inclusão social e produtiva:

Inclusão social: Baixa capacidade dos Governos municipais para a

preparação dos planos de cofinanciamento para a assistência social.

Assistência técnica para fortalecer a capacidade do Estado para assistir e capacitar os municípios e

tirar partido das ações federais existentes para apoiar os municípios ajudará a atenuar esse risco.

Inclusão produtiva: Redução da eficiência dos investimentos

financiados no âmbito do Programa de Inclusão Produtiva do

Estado em virtude: (i) de análises econômicas e financeiras

tecnicamente deficientes e (ii) da fraca coordenação entre os

parceiros dos setores público e privado nas cadeias de valor.

As atividades no âmbito do TAL proposto ou do Projeto Integrado do Estado da Bahia para a Pobreza

Rural, implementado pela CAR, reforçariam a capacidade do Estado para fazer avaliações técnicas,

econômicas e de viabilidade financeira sólidas das cadeias de valor dentro do Programa de Inclusão

Produtiva. Essas atividades também beneficiariam o Comitê Gestor multissetorial do Programa.

Gênero:

A Secretaria de Políticas para as Mulheres é razoavelmente nova e

conta com uma capacidade institucional limitada e recursos

modestos apesar de haver se tornado uma secretaria permanente;

assim, sua capacidade para incorporar, de forma ambiciosa, as

prioridades de gênero às políticas dos diferentes setores ou para

alcançar os objetivos do PPA é limitada.

Seria crucial oferecer assistência técnica para fortalecer a capacidade institucional e a estrutura dessa

secretaria. Avaliações periódicas da capacidade institucional e cursos técnicos ajudarão a fortalecer a

capacidade gerencial e de organização para fazer face às demandas. A provisão de mecanismos

institucionais, como o Grupo de Gestão Integrada, e de incentivos ao aumento da coordenação entre

os principais setores como saúde, educação, segurança pública e trabalho, seria fundamental para

permitir à Secretaria promover a incorporação das questões de gênero.

79

Risco Medida atenuante

O compromisso político e orçamentário para incorporar as questões

de gênero nos setores e elaborar a Política Estadual sobre a

Igualdade de Gênero é limitado.

As questões de gênero foram objeto de firme compromisso político do Governador e constam do

PPA.

Prevenção da criminalidade e violência:

A falta de coordenação entre os diferentes setores e agentes

representados nos diferentes subcomitês poderia afetar os

programas multissetoriais de prevenção da criminalidade e da

violência.

O apoio da operação ao comitê multissetorial estimulará a coordenação no processo de tomada de

decisões.

O direcionamento das intervenções é fraco em função das

limitações na coleta e análise de dados.

A nova estrutura institucional do PPV apoiará políticas sustentáveis e baseadas em evidências para

enfrentar a criminalidade e a violência.

A criminalidade e a violência crescem devido a fatores exógenos

(como a expansão do tráfico de drogas de outras áreas).

A operação apoiará o fortalecimento do sistema atual de coleta e monitoramento de dados sobre a

criminalidade e a violência, assim como a capacidade para analisar e interpretar os dados de crimes.

Segundo, cursos técnicos e de capacitação também mitigarão esse risco. Terceiro, foram

encomendados estudos para orientar o fortalecimento da capacidade do PPV para coletar a analisar

dados sobre a criminalidade e a violência.

Gerenciamento de riscos e desastres:

As deficiências institucionais da CORDEC, que atende a mais de

400 municípios com apenas 30 funcionários, dos quais apenas cinco

são profissionais da área de desastres, poderia prejudicar a

reestruturação do sistema de defesa civil.

Um empréstimo de assistência técnica, além do aumento dos recursos alocados à CORDEC, ajudarão

a reforçar a capacidade da instituição.

Atrasos na construção da cartografia básica do Estado, que deve

estar pronta no início de 2013, poderiam afetar a elaboração dos

mapas de risco em caráter piloto.

A redução do escopo do mapeamento original de todo o Estado para algumas localidades

metropolitanas ajudou a mitigar esse risco.

Transportes:

Comitê Assessor de Logística da Bahia

O risco de que o Comitê Assessor de Logística da Bahia seja

englobado pela SEINFRA e não represente suficientemente a

totalidade do setor.

Começar as consultas com as partes interessadas em uma etapa inicial e conceber um sistema de

governança equilibrado que possa envolver o meio acadêmico.

Risco de atraso na preparação dos mecanismos institucionais do

Comitê e na sua entrada em operação.

Tomar como referência as melhores práticas; criar um pequeno grupo de trabalho com os

representantes das principais partes interessadas e, em uma etapa inicial, começar as consultas com as

partes interessadas para tratar do texto do decreto e ouvir suas opiniões.

Risco de que o Comitê Assessor de Logística da Bahia careça de

recursos humanos e orçamentários suficientes para funcionar.

Em uma etapa inicial, definir um plano de trabalho para orçar os recursos, visar a excelência dos

produtos analíticos e aumentar os recursos.

Risco de que as resoluções tomadas pela Bahia não surtam efeito

ou não sejam levadas em consideração.

Incluir mecanismos de acompanhamento na concepção do Comitê e divulgar informações e organizar

eventos de interesse jornalístico.

Planejamento e orçamento:

Sistema de planejamento e orçamento do Estado

Compromisso político insuficiente com os esforços de reforma

e/ou capacidade técnica insuficiente poderiam levar ao abandono.

O apoio do Banco por meio do DPL proposto e da assistência técnica complementar ajuda a reforçar

o compromisso com as reformas e oferece orientação técnica.

80

Risco Medida atenuante

Resistência interna à exigência de reorganização de instituições e

processos poderia bloquear novas reformas.

A operação apoia consultas e seminários em todos os níveis à medida que novas propostas sejam

formuladas.

Gestão dos recursos financeiros e humanos:

O FIPLAN e os novos sistemas de informação e contabilidade

A falta de capacidade e a complexidade das exigências do

treinamento poderiam levar ao adiamento da adoção do novo

sistema.

O apoio do Banco por meio do DPL proposto e da assistência técnica complementar oferece

orientação e ajuda a organizar a capacitação necessária.

Problemas tecnológicos ou contratuais poderiam retardar o

desenvolvimento do sistema FIPLAN.

O apoio do Banco oferece orientação e assistência técnica.

Adoção da nova gestão de recursos humanos

O sistema inteiramente meritocrático poderia ser bloqueado por

resistência política em algumas secretarias.

A operação apoia consultas e seminários em todos os níveis.

Problemas tecnológicos ou contratuais poderiam retardar o

desenvolvimento do sistema de RH.

O apoio do Banco oferece orientação e assistência técnica.

Administração tributária:

Falta de coordenação entre os órgãos governamentais e a

preparação na área de TI.

As ações de política apoiadas exigem a coordenação entre a Superintendência de Administração

Tributária (SAT) e a Secretaria da Receita Federal (SRF). O Banco apoiará os esforços do Estado

para melhorar essa coordenação.

PPPs:

Em virtude do pequeno porte da unidade dedicada às PPPs, ela

poderia não conseguir cumprir os cronogramas planejados e ter

dificuldades na melhoria do monitoramento dos contratos.

O Governo está planejando ampliar o programa das PPPs e buscar ajuda adicional do setor privado

nas etapas iniciais dos projetos.

81

ANEXO 1: CARTA DE INTENÇÕES SOBRE A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO

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90

ANEXO 2: MATRIZ DE POLÍTICAS DO GOVERNO DA BAHIA – INDICADORES DE RESULTADO

“As ações prévias e as condições da segunda parcela apoiadas por esta operação estão em negrito e relacionadas nas Tabelas 5

e 6. O conjunto de ações mais amplo incluído em fonte normal reflete o plano do governo, e essas ações NÃO constituem

condições de desembolso desta operação.”

Objetivos Estratégia Ações prévias para a

primeira parcela

Condições da segunda

parcela Indicadores de resultado

Resultados esperados no

médio prazo

Área de política 1. Melhoria da inclusão social e produtiva (equidade)

Educação

Aumentar a

responsabilidade

pelos resultados

entre Estados e

municípios.

Firmar termos de

cooperação (Regime de

Colaboração) entre o

Estado e os municípios

para a implementação

do programa do Estado.

A Secretaria de Estado da

Educação implementou o

Pacto pela Educação

(Decreto Estadual 12.792)

ao firmar parcerias com os

municípios para melhorar a

qualidade do ensino e a

eficiência interna dos alunos

no segundo ano do primeiro

ciclo do ensino fundamental.

A Secretaria de Estado da

Educação:

(i) monitorou o impacto da

implementação do Pacto

pela Educação nos

municípios participantes,

avaliando os resultados dos

exames padronizados de

língua portuguesa dos

alunos do segundo ano e

registrando o índice de

aprovação dos alunos desse

ano; (ii) divulgou a cada escola os

respectivos resultados do

monitoramento do impacto

da implementação do Pacto

pela Educação;

(iii) identificou os

municípios que ficaram

entre os 25% de pior

desempenho com base nesses

resultados e forneceu

material didático e apoio

pedagógico adicional às

escolas localizadas nesses

municípios.

O número de termos de

cooperação assinados pelo

Estado com os municípios

sobe de 217 em 2011 para

329 em 2013.

A porcentagem de

respostas corretas nos

exames padronizados de

língua portuguesa dos

alunos do segundo ano de

329 municípios

registrados no Pacto com

Municípios e das escolas

estaduais que oferecem o

segundo ano sobe de 59%

em 2011, o valor de

referência, para 64% em

2013;

A porcentagem de alunos

que conclui o segundo

ano nos 329 municípios

registrados no Pacto com

Municípios sobe de

79,5% em 2010, o valor

de referência, para 85%

em 2013.

91

Objetivos Estratégia Ações prévias para a

primeira parcela

Condições da segunda

parcela Indicadores de resultado

Resultados esperados no

médio prazo

Saúde

Melhorar a

qualidade e

ampliar a

cobertura da saúde

básica nas áreas

prioritárias, com

ênfase na redução

da mortalidade

materna.

Fortalecer a rede de

saúde básica no Estado

da Bahia, com ênfase na

qualificação da atenção

pré-natal em todos os

municípios.

Desenvolver a rede de

saúde materno-infantil

no Estado da Bahia.

A Secretaria de Estado da

Saúde publicou a Resolução

da Comissão Intergestores

Bipartite (CIB), definindo

estratégias, diretrizes e

normas para as atividades

de saúde básica do Estado

da Bahia.

O Estado da Bahia publicou

um decreto aprovando a

Política Estadual de Atenção

Básica.

Aumento na proporção de

gestantes registrada por

equipes de atenção básica;

Referência: 46,67% (2010).

Meta: 50% (2014).

Aumento da proporção de

gestantes recebendo atenção

pré-natal em tempo hábil.

Referência: 41,42% (2010).

Meta: 45% (2014).

Ampliação da cobertura da

atenção básica;

Referência: 60,35% (2010).

Meta: 64% (2014).

Redução de 2% na taxa

de mortalidade materna*

a cada ano a partir de

2014;

Referência: 77,9 óbitos

maternos por 100 mil

nascidos vivos.

* O indicador se refere à

mortalidade materna que

ocorre durante a gravidez e

o parto, excluindo os óbitos

causados pela violência ou

acidentes.

Inclusão social e

produtiva

Fomentar o

desenvolvimento

econômico nas

regiões mais

atrasadas e ampliar

o acesso dos

extremamente

pobres a serviços

sociais de melhor

qualidade.

Oferecer acesso

sustentável a

infraestrutura rural

básica para aumentar a

produtividade de

produtores rurais de

pequena escala e

ampliar-lhes o acesso ao

mercado.

Fortalecer a capacidade

da rede de Centros de

O Estado da Bahia publicou

um decreto formalizando o

Programa de Inclusão

Produtiva do Estado, e a

Assembleia Legislativa do

Estado da Bahia aprovou

duas leis em apoio à inclusão

produtiva, prevendo:

(i) Assistência técnica;

(ii) A reestruturação da

dívida dos produtores

ligados à agricultura

familiar.

A Secretaria de

Desenvolvimento Social e

Sistema de monitoramento da

assistência social

implementado.

Aumento do número de

produtores rurais que se

beneficiam de assistência

técnica no âmbito do

Programa Estadual de

Inclusão Produtiva:

Referência: zero

Meta: 150 mil produtores (até

2014).

Aumento de 20% no registro

de famílias nos Centros de

Aumento da participação

dos pequenos produtores

rurais nos mercados

institucionais,

especificamente o

Programa Nacional de

Alimentação Escolar

(PNAE) ao longo das sete

cadeias produtivas

prioritárias no âmbito do

Programa Estadual de

Inclusão Produtiva, com a

média ponderada das

vendas dos produtores

rurais de todos os

municípios para o PNAE

subindo de um valor de

referência de 5% do total

das vendas em 2011 para

uma meta de 20% em

dezembro de 2014.

* Programa Nacional de

Alimentação Escolar

(PNAE), que permite que

30% dos produtos comprados para a merenda

escolar venham da

agricultura familiar.

92

Objetivos Estratégia Ações prévias para a

primeira parcela

Condições da segunda

parcela Indicadores de resultado

Resultados esperados no

médio prazo

Referência de

Assistência Social

(CRAS) para identificar

e adicionar as famílias

ao Cadastro Único

(CadÚnico) nacional e

monitorar as

condicionalidades do

Bolsa Família.

Combate à Pobreza do

Estado da Bahia (Sedes)

publicou uma Resolução do

Conselho de Assistência

Social que aprova os

critérios para o

cofinanciamento das

atividades de assistência

social com os municípios. A

Sedes firmou planos de

cofinanciamento de

assistência social com os 50

municípios de IGD-M* mais

baixo.

(Índice de Gestão

Descentralizada Municipal)

* O IGD-M é um índice da

eficiência da gestão

descentralizada que mede a gestão institucional e

programática do Bolsa Família e

do CadÚnico.

Referência de Assistência

Social e no Cadastro Único,

nos 50 municípios mais

vulneráveis (de IGD-M mais

baixo) entre 2011 e 2014.

Mais informações disponíveis

sobre a frequência escolar

(monitoramento da

condicionalidade educacional)

nos 50 municípios de IGD-M

mais baixo.

Referência: média de 90% nos

municípios selecionados em

2011.

Meta: aumento de 5% nos 50

municípios de IGD-M mais

baixo.

Aumento de 20% no

índice de cobertura do

CadÚnico nos 50

municípios de IGD-M

mais baixo, entre 2011 e

2014.

Mais informações

disponíveis sobre a

frequência escolar nos 50

municípios de IGD-M

mais baixo.

Referência: média de 90%

nos municípios selecionados

em 2011.

Meta: aumento de 5% nos

50 municípios de IGD-M

mais baixo.

Prevenção da

criminalidade e

violência

Ampliar a

capacidade do

Governo do

Estado para

combater a

violência.

Implementar uma

política multissetorial de

combate ao crime

(Pacto pela Vida – PPV)

O Estado da Bahia criou um

subcomitê para a prevenção

da criminalidade e da

violência por meio do

desenvolvimento social por

meio da Lei Nº 12.357, de 26

de setembro de 2011, que

estabeleceu o Sistema de

Defesa Social (SDS) e o Pacto

pela Vida (PPV).

O Estado da Bahia adotou e

implementou (i) um plano

de ação estratégico

destinado a ampliar sua

capacidade institucional

para visar e implementar

programas sociais de

prevenção da criminalidade

e da violência nos

municípios priorizados pelo

Pacto pela Vida e (ii) um

plano estratégico para

fortalecer seu sistema de

coleta, gestão e análise de

dados sobre a violência e a

criminalidade.

Aumento do número de

municípios prioritários que

receberam

programas/intervenções de

prevenção por meio de

iniciativas do subcomitê

para a prevenção da

criminalidade e da

violência por meio do

desenvolvimento social.

Referência: 4 municípios em

2011

Meta: 20 municípios até 2014

Melhoria da capacidade e

coordenação do PPV para

a implementação das

intervenções para a

prevenção da

criminalidade por meio

do desenvolvimento

social.

Melhoria do

direcionamento das

intervenções para

prevenção em todos os 20

municípios priorizados

pelo PPV.

Gênero

Promover a

igualdade de

gênero como

forma de aumentar

a inclusão social e

o crescimento

Fortalecer a estrutura

institucional para a

concepção e

implementação de

políticas destinadas a

promover a igualdade

de gênero e reduzir a

O Estado da Bahia criou a

Secretaria de Políticas para

as Mulheres — Lei 12.212,

de 4 de maio de 2011 — e

incorporou à lei do PPA

programas no âmbito da

referida Secretaria

perfazendo um montante

A Secretaria de Políticas para

as Mulheres do Estado da

Bahia publicou um decreto

para criar e implementar seu

plano de ação para a questão

do gênero. Além disso,

implementou um grupo de

gestão integrada para facilitar

O Grupo de Gestão Integrada

para o Gênero está em plena

operação, conforme indicado

pelo aumento do número de

termos de cooperação

setoriais firmados e

implementados entre a

Secretaria de Políticas para as

Melhoria da incorporação

das questões de gênero e da

execução da Política

Estadual sobre a Igualdade

de Gênero nos diferentes

setores.

93

Objetivos Estratégia Ações prévias para a

primeira parcela

Condições da segunda

parcela Indicadores de resultado

Resultados esperados no

médio prazo

equitativo no

Estado da Bahia.

violência contra as

mulheres.

total de R$ 13 milhões.

O plano estratégico da

Secretaria de Políticas para as

Mulheres é implementado

com um plano de ação

inteiramente desenvolvido (as

minutas estão aprovadas) para

fortalecer e melhorar seu

funcionamento e organização.

a incorporação das questões

de gênero em múltiplos

setores, a elaboração de uma

política estadual sobre a

questão do gênero e a

implementação eficaz do III

Plano Estadual de Políticas

para as Mulheres.

O Estado da Bahia está

implementando a Lei Maria

da Penha, a lei federal para as

mulheres vítimas de violência,

com a publicação de um guia

técnico que rege o

funcionamento dos centros de

referência para as mulheres

vítimas de violência e os

serviços oferecidos por esses

centros.

Mulheres e outras secretarias

para incorporar as questões de

gênero nos programas do

Estado.

Referência: Um (acordo com

a Secretaria de Agricultura).

Meta para dezembro de 2014:

pelo menos 5 termos de

cooperação setoriais firmados.

Ampliação dos serviços

oferecidos pelos centros de

referência para as mulheres

vítimas de violência no

Estado da Bahia segundo o

guia técnico

(territorialização).

Referência: 13 jurisdições

(counties) em 2011.

Meta 2014: 27 jurisdições até

2014.

Ampliação da cobertura do

número e da qualidade dos

serviços oferecidos pelos

centros de referência para as

mulheres vítimas de

violência (territorialização)

Área de política 2. Desenvolvimento da infraestrutura social, física e institucional para o desenvolvimento sustentável (eficiência)

Gerenciamento

de riscos e

desastres

Reduzir o impacto

de desastres

(deslizamentos,

secas, incêndios

florestais,

inundações).

Fortalecer o Sistema de

Defesa Civil para

aumentar sua eficiência

e eficácia.

O Estado da Bahia criou um

comitê de coordenação

formado por representantes da

Casa Civil e de algumas

secretarias para gerir ações

emergenciais de combate à

seca no território do Estado,

conforme comprovado pelo

Decreto Nº. 13.796, de 21 de

março de 2012, publicado no

Diário Oficial em 22 de março

de 2012.

O Sistema de Defesa Civil

(SDC):

(i) A) Submeteu à

aprovação da Assembleia

Legislativa um projeto de

lei a ser adotado ou B)

adotou, por meio do poder

executivo do mutuário,

conforme o caso, um

quadro regulamentar

visando a reestruturação do

seu órgão de coordenação

do gerenciamento de riscos

e desastres, abrangendo a

criação de unidades

regionais com pessoal

capacitado e equipamento,

conforme comprovado por

uma carta do Governador

do Estado devidamente

recebida pela Assembleia

Legislativa ou uma cópia do

referido quadro

A política de gerenciamento

de riscos e desastres do

Estado da Bahia está em

operação, conforme

indicado:

Por cinco nós regionais

estabelecidos e capacitados

até dezembro de 2014;

Pela realização do

mapeamento de riscos em

duas áreas-piloto;

Treinamento de 10 brigadas

voluntárias estabelecidas

por conta própria até

dezembro de 2014.

Melhoria da capacidade e

coordenação para a

prevenção, mitigação,

preparação e resposta a

desastres naturais.

94

Objetivos Estratégia Ações prévias para a

primeira parcela

Condições da segunda

parcela Indicadores de resultado

Resultados esperados no

médio prazo

regulamentar criado pelo

poder executivo, conforme

o caso;

(ii) A) Concluiu o

mapeamento dos riscos em

caráter piloto em duas áreas

localizadas na região

metropolitana da capital do

Estado da Bahia, conforme

comprovado por um

relatório publicado pelo

órgão de coordenação do

Estado referido acima em

(i)A), o que deverá abranger

os mapas produzidos como

parte desse mapeamento;

Criou e pôs em prática um

programa para apoiar a

capacidade das brigadas

voluntárias, conforme

comprovado pelas medidas

necessárias adotadas pelo

Estado da Bahia.

Transportes

Melhorar a

logística e a

estrutura

institucional para

que os transportes

apoiem o

crescimento

econômico.

Integrar a logística, a

coordenação dos

transportes, o

planejamento e a

conectividade das redes.

A Secretaria de Infraestrutura

do Estado da Bahia elaborou a

minuta do decreto que cria o

Comitê Assessor de Logística

da Bahia.

O Estado da Bahia publicou

o decreto que cria o Comitê

Assessor de Logística da

Bahia, e o comitê está em

operação.

O Departamento de Estradas

de Rodagem do Estado da

Bahia (DERBA) concluiu o

teste-piloto da modernização

da sua estrutura orgânica,

baseada na gestão voltada para

resultados.

O Comitê Assessor publica

três resoluções;

A minuta do decreto que

reorganiza o DERBA e o

seu regimento interno estão

prontos.

Reforço da capacidade

institucional em matéria

de logística para a gestão

da infraestrutura de

transportes estadual.

Área de política 3. Reforço do planejamento e gestão do setor público (governança)

Planejamento e

orçamento

Reforçar a gestão

voltada para

resultados.

Reorganizar o sistema

de planejamento e

elaboração do

orçamento para

fortalecer a orientação

voltada para resultados

Estudo diagnóstico das

deficiências do sistema de

planejamento e orçamento

concluído; roteiro das

reformas do sistema

elaborado.

O Estado da Bahia adotou

mecanismos institucionais

ou propôs à Assembleia

Legislativa a adoção de

mecanismos legais para a

formulação do orçamento

Capacidade de

planejamento de políticas

estabelecida em pelo menos

seis secretarias setoriais;

As secretarias estão

Redução da variabilidade

dos resultados do

orçamento em

comparação com o

orçamento original.

95

Objetivos Estratégia Ações prévias para a

primeira parcela

Condições da segunda

parcela Indicadores de resultado

Resultados esperados no

médio prazo

Fortalecer as

abordagens

plurianuais e

multissetoriais das

políticas públicas.

e os vínculos entre

orçamentos e estratégia. anual do Estado para

garantir o alinhamento do

orçamento anual com as

prioridades estratégicas do

Governo do Estado e

reduzir modificações ad hoc

do orçamento anual durante

a execução.

diretamente envolvidas no

processo de planejamento

do orçamento anual;

Processo de revisão do

orçamento e planejamento

inteiramente documentado;

Redução do número de

modificações do orçamento

dentro do exercício em pelo

menos 75% (referência

2010: 7000).

Gestão dos

Recursos

Financeiros e

Humanos

Gerir os recursos

financeiros e

humanos de

maneira eficiente e

transparente.

Adoção das Normas

Internacionais de

Contabilidade do Setor

Público (IPSAS) para a

gestão financeira,

usando um moderno

sistema de planejamento

e execução do

orçamento (FIPLAN).

Roteiro detalhado para os

novos processos, a capacitação

e a adoção de exigências

tecnológicas (como o novo

sistema de gestão financeira

FIPLAN, com as IPSAS) é

formulado.

A Secretaria da Fazenda do

Estado da Bahia propôs

emendas à legislação

estadual e adotou

regulamentos para a adoção

das Normas Internacionais

de Contabilidade do Setor

Público (IPSAS), baseadas

no regime de competência.

Elaboração e prestação de

contas do orçamento feitas

com base nas IPSAS.

Aumento da eficiência no

planejamento e na gestão

financeira.

Implementar o novo

modelo de gestão de RH

em conjunto com o

novo sistema de RH.

Gestão do desempenho

estendida para 60% dos

servidores públicos.

O Estado da Bahia

apresentou à Assembleia

Legislativa um projeto de lei

ou emenda, ou adotou um

quadro regulamentar

adequado, para

implementar processos de

gestão de recursos humanos

destinados a possibilitar o

planejamento da força de

trabalho, a gestão de

carreiras e a ampliação de

sistemas de gestão de

desempenho e promoção

baseados no mérito.

Todo o pessoal das

Secretarias de Saúde e

Segurança Pública está

plenamente cadastrado no

novo sistema de RH;

Todas as promoções e

transferências das

Secretarias de Saúde e de

Segurança Pública são

feitas por meio de uma

seleção transparente

baseada no mérito.

O pessoal recebe a

capacitação e os

incentivos apropriados;

Os gestores estão aptos a

identificar o pessoal

apropriado para as tarefas

por meio do uso ativo de

um sistema de

planejamento da força de

trabalho.

Administração

tributária

Aumentar o

desempenho da

arrecadação do

Estado

Aumentar a eficácia da

administração tributária

O Estado da Bahia celebrou

um acordo de partilha de

dados com a Secretaria da

Receita Federal para aumentar

a eficiência na arrecadação da

receita tributária no Estado. O

acordo prevê o acesso a

informações sobre as doações,

heranças e bens de

contribuintes, no intuito de

O Estado da Bahia fez um

cruzamento de dados com

base no acesso às

informações dos

contribuintes sobre doações,

heranças e bens, e apurou o

imposto devido por

contribuintes com

declarações incongruentes;

Como resultado dessa

Arrecadação de tributos em

atraso como porcentagem

da receita tributária;

Referência em 2010:

1,02%.

Meta para dezembro de

2014: 1,8%.

Aumento da receita e

reforço do cumprimento das

obrigações tributárias.

96

Objetivos Estratégia Ações prévias para a

primeira parcela

Condições da segunda

parcela Indicadores de resultado

Resultados esperados no

médio prazo

facilitar a identificação da

evasão de impostos

relacionados às referidas

doações, heranças e bens.

A Secretaria da Fazenda do

Estado da Bahia definiu o

termo de referência de uma

apuração dos seus impostos

em atraso.

apuração, foram tomadas

medidas para cobrar os

impostos em atraso.

PPPs

Melhorar a

estrutura

institucional para a

participação do

setor privado por

meio de parcerias

público-privadas

(PPPs).

Implementar as

melhores práticas para

tirar partido da

participação do setor

privado nas etapas

iniciais de projetos

(procedimentos de

manifestação de

interesse – PMI) e no

acompanhamento

eficiente de contratos.

O Estado da Bahia publicou

um decreto para

regulamentar a solicitação

de participação do setor

privado nas etapas iniciais

de projetos.

O Estado da Bahia publicou

um decreto que institui um

manual sobre o

monitoramento de contratos

de PPPs.

Participação do setor

privado em pelo menos dois

procedimentos de

manifestação de interesse

(PMI) em estágios iniciais

do projeto;

Todos os novos contratos

firmados contêm uma

cláusula que exige a

contratação de um auditor

independente para examinar

o contrato.

Aumento do número de

projetos estruturados por

meio de parcerias

público-privadas e melhor

monitoramento de

contratos.

97

ANEXO 3: VISÃO GERAL DO PAÍS

98

Brasil: Visão Geral America Renda

P rincipais indicado res de desenvo lvimento Latina média

Brasil e Caribe superior

(2010)

População, meados do ano (milhões) 194,9 572 1.002

Área (milhares de km2) 8.515 20.394 48.659

Crescimento populacional (%) 0,9 1,1 0,9

População urbana (% da população to tal) 87 79 75

RNB (método Atlas, bilhões de US$) 1.856,5 4.011 7.515

RNB per capita (método Atlas, US$) 9.520 7.007 7.502

RNB per capita (PPC, US$ internacional) 10.160 10.286 12.440

Crescimento do PIB (%) 7,5 -1,9 -2,6

Crescimento do PIB per capita (%) 6,6 -3,0 -3,4

(est imativa mais recente, 2010-08)

Índice de incidência da pobreza a US$ 1,25 por dia (PPC, %) 4 8 ..

Índice de incidência da pobreza a US$ 2,00 por dia (PPC, %) 10 17 ..

Expectativa de vida ao nascer (anos) 73 74 72

M ortalidade infantil (por mil nascidos vivos) 17 19 19

Desnutrição infantil (% dos menores de cinco anos) 2 4 ..

A lfabetismo, homens (% da população com mais de 15 anos) 90 92 94

Alfabetismo, mulheres (% da população com mais de 15 anos) 90 90 91

Índice bruto de matrícula no ensino fundamental, homens (% da faixa etária) 132 118 111

Índice bruto de matrícula no ensino fundamental, mulheres (% da faixa etária) 123 114 110

Acesso a fontes de água tratada (% da população) 97 93 95

Acesso a melhores condições de saneamento (% da população) 80 79 84

F luxo s de ajuda f inanceira lí quido s 1980 1990 2000 2010 a

(milhões de US$)

AOD líquida e ajuda oficial 85 151 231 338

Três maiores doadores (em 2008):

A lemanha 48 31 49 196

Espanha 0 0 6 65

França 9 19 24 47

Ajuda financeira (% da RNB) 0,0 0,0 0,0 0,0

Ajuda financeira per capita (US$) 1 1 1 2

T endências eco nô micas de lo ngo prazo

Preços no consumidor (variação anual, .. 421,2 6,2 5,1

Deflator implícito do PIB 87,3 2.735,5 6,2 8,3

Taxa de câmbio (média anual, real/dó lar) 0,0 0,0 1,8 1,8

Relações de troca (índice, 2000 = 100) 78 88 100 113

1980–90 1990–2000 2000–10

População, meados do ano (milhões) 121,7 149,7 174,4 194,9 2,1 1,5 1,1

PIB (milhões de US$) 235.025 461.952 644.452 2.141.931 2,7 2,7 3,7

Agricultura 11,0 8,1 5,6 5,8 2,8 3,6 3,7

Indústria 43,8 38,7 27,7 26,8 2,0 2,4 2,8

M anufatura 33,5 25,3 17,2 16,7 .. 2,0 2,5

Serviços 45,2 53,2 66,7 67,4 3,5 2,5 3,9

Despesas de consumo final das famílias 69,7 59,3 64,3 59,6 1,2 3,7 3,9

Despesas de consumo final do governo geral 9,2 19,3 19,2 21,1 7,3 1,0 3,3

Formação bruta de capital 23,3 20,2 18,3 20,2 3,3 4,2 4,7

Exportações de bens e serviços 9,1 8,2 10,0 10,9 7,5 5,9 6,4

Importações de bens e serviços 11,3 7,0 11,7 11,9 0,5 11,6 8,5

Poupança bruta .. 18,9 14,0 17,5

a. Os dados sobre a ajuda financeira correspondem a 2009.

Base de dados Development Economics, Development Data Group (DECDG).

Nota: Os números em itálico correspondem a anos diferentes dos especificados. Os dados de 2010 são preliminares. Os dados do Grupo correspondem a 2009. ..

indica dados inexistentes.

(crescimento anual médio %)

(% do PIB)

10 5 0 5

0-4

15-19

30-34

45-49

60-64

75-79

porcentagem do total da população

Distribuição por idade, 2009

Homens Mulheres

0

10

20

30

40

50

60

70

1990 1995 2000 2009

Brasil América Latina e Caribe

Taxa de mortalidade de menores de cinco anos (por 1000)

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

95 05

PIB PIB per capita

Crescimento do PIB e PIB per capita

99

Brasil

B alança co mercial e co mércio 2000 2010

(milhões de US$)

Total das exportações de mercadorias (FOB) 55.086 201.915

Total das importações de mercadorias (CIF) 55.783 181.694

Comércio de bens e serviços, líquido -7.860 -10.586

Saldo da conta corrente -24.225 -47.365

% do PIB -3,8 -2,2

Remessas de trabalhadores e

remuneração de empregados (receita) 1.649 4.234

Reservas, incluindo ouro 33.011 288.575

F inanças do go verno central

(% do PIB)

Receitas correntes (incl. doações) 16,5 25,0

Receita tributária 14,7 19,2

Despesas correntes 18,7 20,4

T ecno lo gia e infraestrutura 2000 2009

Resultado global -2,1 -2,2

Estradas pavimentadas (% do to tal) do to tal) 5,5 ..

A líquota tributária marginal mais alta (%) Assinantes de telefonia fixa

Pessoa física 28 28 assinantes (por 100 pessoas) 31 111

Pessoa jurídica 37 34 Exportações de alta tecnologia

(% das exportações de manufaturados) 18,6 13,9

D í vida externa e f luxo s de recurso s

M eio ambiente

(milhões de US$)

Saldo to tal da dívida desembolsada 241.550 346.978 Solo para a agricultura (% da área to tal) 31 31

Total do serviço da dívida 64.843 45.806 Área florestal (% da área to tal) 64,5 61,4

Alívio da dívida (HIPC, M DRI) – – Áreas de proteção terrestres (% da área to tal) .. ..

Total da dívida (% do PIB) 37,5 16,2 Recursos em água doce per capita (m3) 30.247 28.498

Total do serviço da dívida (% das exportações) 93,5 18,8 Captação de água doce (bilhões de m3) 59,3 58,1

Investimento direto estrangeiro (fluxos de entrada líquidos) 32.779 25.949 Emissões de CO2 per capita (t) 1,9 1,9

Ações em carteira (fluxos de entrada líquidos) 3.076 37.071

PIB por unidade de energia consumida

(em dólares PPC de 2005 por kg de equivalente petró leo) 7,3 7,4

Uso de energia per capita (kg de equivalente petró leo) 1.086 1.295

C arteira do Grupo do B anco M undial 2000 2009

(milhões de US$)

BIRD

Saldo to tal da dívida desembolsada 7.377 10.065

Desembolsos 1.692 1.274

Pagamentos do principal 887 1.872

Pagamentos de juros 464 359

IDA

Saldo to tal da dívida desembolsada – –

Desembolsos – –

D esenvo lvimento do seto r privado 2000 2010 Total do serviço da dívida – –

Tempo exigido para abrir uma empresa (dias) – 120 IFC (no exercício)

Custo para abrir uma empresa (% da RNB per capita) – 7,3 Saldo to tal da carteira desembolsada 2.146 3.178

Tempo exigido para registrar um imóvel (dias) – 42 da qual: por conta própria da IFC 1.157 2.082

Desembolsos por conta própria da IFC 160 178

Classificação como grande entrave aos negócios 2000 2010 Vendas de carteira, pré-pagamentos e

(% dos gerentes pesquisados que concordam) pagamentos por conta própria da IFC 111 143

A líquotas tributárias 84,5 ..

Acesso/custo do financiamento 84,3 .. M IGA

Exposição bruta 706 248

Capitalização do mercado de ações (% do PIB) 35,1 72,2 Novas garantias 315 0

Relação capital/ativos bancários 12,1 9,1

Nota: Os números em itálico correspondem a anos diferentes dos especificados. Os dados de 2010 são preliminares. 1/0/00

.. indica dados inexistentes. – indica que a observação não se aplica.

Base de dados Development Economics, Development Data Group (DECDG).

0 25 50 75 100

Controle da corrupção

Estado de direito

Qualidade da regulação

Estabilidade política

Voz e responsabilidade

Classificação percentil do país (0–100)valores mais altos implicam classificação mais alta

2009

2000

Indicadores de governança, 2000 e 2009

Fonte: Kaufmann-Kraay-Mastruzzi, Banco Mundial.

BIRD, 10.065IDA, 0FMI, 0

Outros multilaterais,

14.688Bilaterais,

7.632

Privados, 204.736

Curto prazo, 39.789

Composição do total da dívida externa, 2009

Milhões de US$

100

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil

Com metas selecionadas a serem atingidas entre 1990 e 2015(estimativa mais próxima dos dados apresentados, +/- 2 anos)

Objet ivo 1: R eduzir pela metade o s í ndices de po breza extrema e desnutrição 1990 1995 2000 2009

Índice de incidência da pobreza a US$ 1,25 por dia (PPC, % da população) 15,5 12,0 11,0 3,8

População nacional que vive abaixo da linha de pobreza (% da população) 41,9 35,2 35,2 21,4

Percentual da renda ou do consumo detida pelo quintil mais pobre 2,4 2,6 2,7 3,3

Prevalência da desnutrição (% de crianças menores de cinco anos) .. 4,5 .. 2,2

Objet ivo 2: A ssegurar que as crianças po ssam co ncluir o ensino fundamental

Índice de matrícula no fundamental (líquido, %) .. .. 92 95

Índice de conclusão do fundamental (% da faixa etária pertinente) 93 90 108 106

M atrícula no ensino médio (bruta, %) .. .. 104 90

Índice de alfabetização juvenil (% da população entre 15 e 24 anos) .. .. 94 98

Objet ivo 3: Eliminar a desigualdade de gênero e pro mo ver a auto no mia das mulheres

Relação entre meninas e meninos nos ensinos fundamental e médio (%) .. .. 103 103

Proporção de mulheres empregadas no setor não agríco la (% do to tal do emprego não agríco la) 35 39 40 42

Proporção de cadeiras no parlamento nacional ocupadas por mulheres (%) 5 7 6 9

Objet ivo 4: R eduzir em do is terço s a mo rtalidade de crianças co m meno s de cinco

ano s

Taxa de mortalidade de menores de cinco anos (por 1000) 59 48 36 19

Taxa de mortalidade infantil (por 1000 nascidos vivos) 50 41 31 17

Imunização contra o sarampo (proporção de crianças de um ano imunizadas, %) 78 87 99 99

Objet ivo 5: R eduzir em três quarto s a mo rtalidade materna

Taxa de mortalidade materna (estimativa modelada, por 100 mil nascidos vivos) 120 98 79 58

Proporção de partos atendidos por profissionais de saúde (% do to tal) 72 88 96 97

Prevalência do uso de contraceptivos (% de mulheres de 15 a 49 anos) 59 77 .. 80

Objet ivo 6: F rear e co meçar a reverter a pro pagação do H IV/ A ID S e de o utras

do enças impo rtantes

Prevalência do HIV (% da população de 15 a 49 anos) .. .. .. ..

Incidência da tuberculose (por 100 mil pessoas) 84 71 60 45

Índice de detecção de casos de tuberculose (%, todas as formas) 60 79 74 86

Objet ivo 7: R eduzir pela metade a pro po rção da po pulação que carece de acesso

permanente a necessidades básicas

Acesso a fontes de água tratada (% da população) 88 91 93 97

Acesso a melhores condições de saneamento (% da população) 69 72 75 80

Área florestal (% da área to tal) 68,0 .. 64,5 61,4

Áreas de proteção terrestres (% da área to tal) .. .. .. ..

Emissões de CO2 (toneladas per capita) 1,4 1,7 1,9 1,9

PIB por unidade de energia consumida (em dólares PPC de 2005 constantes por kg de equivalente petró leo) 7,7 7,8 7,3 7,4

Objet ivo 8: C riar uma parceria mundial em pro l do desenvo lvimento

Linhas de telefonia fixa (por 100 pessoas) 6,3 8,2 17,8 21,4

Assinantes de telefonia móvel (por 100 pessoas) 0,0 0,8 13,3 89,8

Usuários da Internet (por 100 pessoas) 0,0 0,1 2,9 39,2

Computadores pessoais (por 100 pessoas) 0,3 1,7 4,9 16,1

Nota: Os números em itálico correspondem a anos diferentes dos especificados. .. indica dados inexistentes. 1/0/00

Base de dados Development Economics, Development Data Group (DECDG).

B rasil

0

25

50

75

100

125

2000 2005 2009

Índice de matrícula líquido no fundamental

Relação meninas/meninos no ensino fundamental e médio

Indicadores da educação (%)

0

20

40

60

80

100

120

2000 2005 2009

Assinantes de telefonia fixa + móvel

Usuários da Internet

Indicadores de TIC (por 100 pessoas)

0

25

50

75

100

1990 1995 2000 2009

Brasil América Latina e Caribe

Imunização contra o sarampo (% de crianças de um ano de idade)

101

ANEXO 4: ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE FISCAL E DA DÍVIDA

Introdução

1. A situação fiscal do Estado da Bahia foi beneficiada pelo ambiente econômico

favorável no Brasil e no resto do mundo nos anos que precederam a crise financeira

mundial. Os saldos fiscais foram então afetados negativamente pela crise financeira mundial em

2008, mas o total das receitas da Bahia se recuperou rapidamente desde então.

2. A Bahia vem conseguindo atingir as metas fiscais estipuladas pela Lei de

Responsabilidade Fiscal (LRF) desde 2004. O estoque da dívida existente vem caindo em

relação às receitas desde 2004 e está confortavelmente abaixo do limite fixado na LRF. A Bahia

vem gradativamente incorporando práticas sólidas de gestão do orçamento e das finanças

públicas no intuito de gerar saldos orçamentários sustentáveis.

3. As projeções para as trajetórias fiscal e da dívida do Estado da Bahia são

consideradas sustentáveis no médio prazo, mesmo nos cenários mais pessimistas. A previsão

é que os níveis de endividamento tenham um forte declínio entre 2010 e 2016, enquanto os

saldos orçamentários subam. A reestruturação da dívida apoiada pela operação do Banco

Mundial em 2012 reduzirá o serviço da dívida no médio prazo, o qual deverá permanecer bem

abaixo do limite estabelecido pelos indicadores da LRF.

A 4-1 Análise fiscal do Estado da Bahia

Evolução dos saldos fiscais, 2004–11

4. Os saldos fiscais foram beneficiados pelo forte crescimento da economia e pelo

aumento da eficiência na arrecadação no período de 2004 a 2008. Após a renegociação da

dívida com o Governo Federal e a adoção da Lei de Responsabilidade Fiscal em 2000, a

estratégia do Governo foi a de saldar rapidamente o estoque da dívida existente. Isso envolveu o

acúmulo de um saldo operacional líquido,35

com as receitas crescendo mais do que as despesas

no contexto (i) da elevação da taxa de crescimento do PIB na Bahia a um nível superior à média

nacional, o que resultou em um aumento notável da base tributária do Estado; (ii) da

implementação de um programa de modernização da administração tributária, o

PROMOSEFAZ, entre 2001 e 2004, o que ampliou a capacidade arrecadatória do Estado, e (iii)

dos efeitos favoráveis dos índices inflacionários e da taxa de câmbio sobre a receita do ICMS.

5. A crise financeira mundial de 2008 levou a uma redução dos saldos fiscais. Durante a

crise, a Bahia experimentou uma queda do saldo primário. As receitas globais tiveram uma

queda acentuada durante o período, ao passo que as despesas continuaram a crescer. Após a

turbulência financeira, o saldo primário da Bahia deixou de cair, mas permaneceu em um nível

mais baixo (Figura A4.1).

35

Receitas menos despesas correntes.

102

Figura A4.1: Evolução dos Saldos Fiscais, Bahia

Receitas (esq.)

Despesas (esq.)

Saldo primário (dir.)

Saldo global (dir.)

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

Evolução da receita fiscal, 2004–11

6. As receitas da Bahia são compostas, em sua maior parte, de impostos (48% em

2010), transferências (35%) e contribuições sociais (11%). As receitas tributárias vêm

principalmente do ICMS (um imposto semelhante a um IVA sobre bens e serviços), que

apresenta uma forte correlação com o crescimento do PIB nominal (Figura A4.2). As receitas de

transferências são sustentadas pelas transferências do Governo Federal (FPE) e convênios nas

áreas da saúde e educação. Praticamente metade das transferências intergovernamentais

recebidas vem do FPE, o Fundo de Participação dos Estados, baseado em uma regra de

distribuição das receitas federais (Figura A4.2). As receitas de transferências destinadas aos

serviços de saúde (Sistema Único de Saúde, SUS) representavam 14% do total das receitas de

transferências em 2010.

103

Figura A4.2: Composição das Receitas, 2010

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

7. O total das receitas da Bahia cresceu a uma média de 6,2% em termos reais no

período 2005–08 graças ao bom desempenho da arrecadação. A economia do Estado foi

bastante afetada pela crise financeira mundial em 2008, com o total das receitas caindo

acentuadamente após 2008, mas recuperando-se rapidamente em 2010 (Figura A4.3). O total das

receitas cresceu a uma média de 6,2% em termos reais no período 2005–08 em virtude do bom

desempenho da arrecadação. Após experimentar um crescimento da arrecadação próximo a zero

em 2009, o total das receitas cresceu 11,8% em 2010.

Figura A4.3: Evolução das Receitas e Despesas Fiscais, Bahia

Receitas

Despensas

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

8. As receitas tributárias cresceram rapidamente no período 2006–08 e recuperaram-

se rapidamente da crise, crescendo 12% em termos reais em 2010. As receitas tributárias

aumentaram rapidamente durante o período anterior à crise, impulsionadas por uma taxa de

crescimento anual do PIB de 8% (Figura A4.3, acima). Com a crise mundial, o declínio da

104

atividade econômica e da produção industrial levou a uma queda das receitas tributárias de 0,5%

em 2009. À medida que o PIB caiu (-0,6%) e o valor agregado pela indústria contraiu-se (-6,7%),

o ICMS recuou 4,5%. As receitas tributárias, porém, conseguiram recuperar-se rapidamente,

atingindo um crescimento de 12% em 2010. Em consequência do desempenho positivo da

economia baiana, assim como das medidas para aumentar a eficiência tributária, a receita do

ICMS cresceu 13% em 2010.

9. As relações fiscais intergovernamentais do Estado da Bahia com seus municípios e

com o Governo Federal são consideradas adequadas para os fins deste DPL. As despesas na

forma de transferências para os municípios se baseiam em regras e representam um montante

fixo de 25% das receitas do ICMS e 50% das receitas do Imposto sobre a Propriedade de

Veículos Automotores (IPVA). As transferências para os municípios continuaram estáveis, em

torno de 20% da receita líquida corrente da Bahia (Tabela A4.1). A Bahia é um contribuinte

líquido do Fundeb: o Estado destinou até R$ 2,7 bilhões e recebeu o montante de R$ 1,9 bilhão

em 2010.

10. As transferências correntes do Governo Federal permaneceram estáveis em termos

da receita líquida corrente desde 2005; contudo, a parcela do FPE em função da

arrecadação tributária tem se mostrado volátil. O Fundo de Participação dos Estados (FPE), o

principal componente das transferências federais (Figura A4.3, acima), manteve-se estável, em

torno de 28% da RLC, de 2004 a 2010 (Tabela A4.2). Contudo, a dependência da Bahia em

relação ao Governo Federal ver crescendo com o passar do tempo: embora as transferências do

FPE representassem 34% da receita do ICMS em 2004, essa participação subiu para 41% em

2010 e tem variado dependendo da arrecadação tributária. De fato, a Bahia foi o maior

beneficiário do FPE no Brasil em 2010 (9,4%). No médio prazo, a regra da divisão do FPE pode

vir a ser alterada. A diminuição da parcela destinada à Bahia poderia pressionar as receitas

públicas do Estado. As transferências do SUS subiram em virtude de aumentos por determinação

judicial. A rubrica outras receitas correntes teve um aumento de 17% no período de 2004 a 2010.

Tabela A4.1: Composição das Receitas de Transferências, 2004–10

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

11. De janeiro a agosto de 2011, a evolução das receitas correntes na Bahia foi

favorável. Elas subiram 10% em relação ao mesmo período de 2010 graças a um crescimento

significativo da arrecadação do ICMS da indústria (+347,7%) e da agropecuária (+85,2%). O

bom desempenho da receita foi impulsionado por um aumento das receitas do Imposto sobre

Transmissão Causa Mortis e por Doação – ITCD (+27%) e do Imposto sobre a Propriedade de

Porcentagem da receita líquida corrente (RLC)

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Receita de transferências 34,0% 42,7% 43,5% 42,2% 42,8% 44,5% 43,1%

Transferências correntes 32,1% 42,4% 42,8% 41,4% 42,0% 41,6% 39,7%FPE 24,8% 27,3% 28,9% 27,6% 29,6% 29,0% 26,4%

Outras 7,4% 15,2% 14,0% 13,8% 12,3% 12,7% 13,3%

Transferências de capital 1,9% 0,3% 0,7% 0,8% 0,8% 2,8% 3,4%

Despesas com transferências 21,1% 20,4% 20,3% 19,3% 19,5% 19,1% 19,3%Municípios 20,9% 20,2% 20,1% 19,1% 19,3% 18,4% 18,6%

Compensação Financ. entre Regimes Previd. 0,3% 0,2% 0,2% 0,2% 0,2% 0,7% 0,7%

105

Veículos Automotores – IPVA (+15%). A arrecadação do ICMS, representando 85% das receitas

tributárias, subiu 7,2% nos primeiros oito meses de 2011 frente ao mesmo período de 2010. O

aumento das transferências se deveu principalmente às transferências do IPI — de um fundo de

compensação pela exportação de produtos industrializados (+41,6%) —, do FPE (+28,4%) e de

royalties (+19,2%). Contudo, as receitas de capital caíram 44,1% nos primeiros oito meses de

2011 em comparação com o mesmo período de 2010, pressionadas por uma redução nas

operações de crédito (-63,1%) e nas transferências de capital (-39,2%). Em consequência do

crescimento das receitas correntes nos primeiros oito meses de 2011, o orçamento total foi 31,1%

maior em relação aos primeiros oito meses de 2010 (Tabela A4.2).

Tabela A4.2 Receitas e Despesas da Bahia, janeiro a agosto de 2011

Fonte: Secretaria da Fazenda

Evolução das despesas, 2004–11

12. As despesas correntes da Bahia são compostas principalmente pela remuneração de

empregados (53%), bens e serviços (29%) e transferências para os municípios

determinadas pela Constituição (15%). Assim, a maior parte das despesas não são

discricionárias,36

e as mais flexíveis são as com bens e serviços. No contexto da LRF, a Bahia

reduziu pela metade sua dívida consolidada líquida entre 2000 e 2010. Em consequência, os

pagamentos de juros representaram 3% das despesas em 2010 (Figura A4.4).

36

São pouquíssimas as situações em que a legislação brasileira prevê a demissão de servidores públicos pelo

Governo.

Milhares de R$ correntes

2010 2011

Total da receita 16.186.024,00 17.421.963,00 7,6%

Receita corrente 15.482.378 17.028.615 10,0%

Tributos 8.462.867 9.190.578 8,6%

Patrimonial 362.083 266.985 -26,3%

Transferências 5.790.593 6.795.810 17,4%

Outras receitas correntes 6.657.428 7.571.052 13,7%

Receitas de Capital 703.647 393.347 -44,1%

Total da despesa 15.265.964 16.215.813 6,2%

Despesas correntes 13.382.090 14.473.049 8,2%

Pessoal e contribuições sociais 7.214.918 7.947.957 10,2%

Outras despesas correntes 5.848.872 6.212.348 6,2%

Pagamentos de juros 312.745 317.299 1,5%

Despesas de capital 1.883.874 1.742.763 -7,5%

Investimentos 1.121.740 856.912 -23,6%

Investimentos financeiros 166.571 285.262 71,3%

Amortização da dívida 595.563 600.590 0,8%

Saldo operacional bruto 920.060 1.206.150 31,1%

Superávit primário 1.464.520 1.931.254 31,9%

Cifras acumuladas (jan–ago) Variação

nominal

106

Figura A4.4: Despesas Correntes da Bahia, 2010

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

13. O orçamento de 2010 foi 12% maior do que o de 2009 graças ao desempenho mais

vigoroso das receitas. O aumento das despesas se deu, em sua maioria, nos investimentos em

bens e serviços (na categoria outras despesas correntes, na Tabela A4.3, abaixo). Em 2010, as

despesas com bens e serviços cresceram a uma taxa real de 23%, impulsionadas, em grande

parte, pela elevação dos investimentos. O aumento da contratação de serviços prestados por

terceiros também resultou em um incremento das despesas na categoria outras despesas

correntes. As contribuições sociais também subiram devido à determinação de aumento da

parcela custeada pelo empregador no Estado entre 2004 e 2005. Os agregados fiscais do primeiro

semestre de 2011 indicam uma melhoria da situação, que tem como um dos fatores a redução dos

investimentos. A ampliação do espaço fiscal se deve a um aumento das receitas maior do que o

das despesas. O superávit primário cresceu 31,9% nos primeiros oito meses de 2011 em relação

ao ano anterior.

14. As despesas de investimento têm subido nos últimos anos. Após um declínio dos

investimentos como proporção das receitas entre 2004 e 2007, essa tendência descendente foi

revertida e os investimentos passaram de 6,6% da receita em 2007 para 11,8% em 2010 (Tabela

A4.3).

107

Tabela A4.3: Evolução das Contas Fiscais (EFP), Bahia, 2004–10

Fontes: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

Milhões de R$ de 2010 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

I. RECEITA 16.908 17.578 18.995 20.022 21.473 21.581 24.122

Tributos 9.671 9.643 10.533 11.066 12.027 11.481 12.877

ICMS 8.827 8.669 9.400 9.783 10.559 9.905 11.154

IPVA 281 324 361 419 483 527 549

OUTROS 564 650 772 864 984 1.050 1.174

ITCD - - - - - 26 27

IRRF - - - - - 595 675

Taxas - - - - - 428 472

Contribuições sociais 1.440 1.890 2.226 2.367 2.566 2.723 2.929

Transferências 3.221 4.545 4.899 5.239 5.779 6.235 6.734

Transferências correntes 2.996 4.512 4.809 5.123 5.647 5.793 6.148

Transferências de capital 225 33 90 115 132 442 585

Outras receitas correntes 2.576 1.500 1.337 1.351 1.101 1.142 1.582

Receitas de juros - - - - - - 238

Receitas de ativos não financeiros - - - - - - 239

Outras receitas correntes - - - - - - 1.106

- - - - - - -

II. DESPESA 14.816 15.611 16.693 17.291 18.783 19.630 21.502

Remuneração de funcionários 7.526 7.942 8.947 9.480 10.363 11.121 11.470

Pagamentos de juros 758 754 727 670 624 556 510

Outras despesas correntes 6.533 6.916 7.019 7.141 7.796 7.953 9.522

Transferências para os municípios - - - - - 2.827 3.225

Bens e serviços - - - - - 5.126 6.297

Contratação de serviços de terceiros - - - - - 2.961 3.493

Outros bens e serviços - - - - - 2.165 2.804

Transferências constitucionais e legais (a municípios) 2.524 2.635 2.795 2.816 3.038 2.859 3.225

Contrib. Prev. Assist. Social Servidor 1.539 1.863 2.201 1.024 1.102 1.188 1.256

Compensação Financ. entre Regimes Previd. 32 27 26 30 34 111 129

III. SALDO OPERACIONAL BRUTO (I - II) 2.092 1.966 2.303 2.731 2.690 1.951 2.620

% da RLC 17,3% 15,1% 16,6% 18,5% 17,1% 12,6% 15,1%

IV. TRANSAÇÕES EM ATIVOS NÃO FINANCEIROS 1.380 1.391 1.380 1.074 1.563 1.667 2.294

Investimentos em ativos não financeiros 1.147 1.273 1.279 965 1.345 1.408 2.046

% da RLC 9,5% 9,8% 9,2% 6,6% 8,5% 9,1% 11,8%

Investimentos em ativos financeiros 233 119 101 109 219 260 248

V. CAPACIDADE/NECESSIDADE LÍQUIDA DE FINANCIAMENTO (III - IV)712 575 923 1.656 1.127 283 326

% da RLC 5,9% 4,4% 6,6% 11,2% 7,2% 1,8% 1,9%

VI. SALDO PRIMÁRIO (V + Pagamentos de juros líquidos) 1.470 1.329 1.650 2.326 1.751 840 836

% da RLC 12,2% 10,2% 11,9% 15,8% 11,1% 5,4% 4,8%

VII. TRANSAÇÕES EM ATIVOS E PASSIVOS NÃO FINANCEIROS (596) (451) (810) (1.248) (1.375) (223) (131)

Novos empréstimos 419 320 472 188 147 1.046 652

Amortizações, líquidas (1.068) (1.080) (1.299) (1.439) (1.536) (1.274) (796)

Amortizações recebidas 3 3 3 3 75 67 76

Amortizações pagas 1.072 1.083 1.302 1.442 1.610 1.341 872

Alienação de ativos 53 309 18 3 14 5 13

VIII. NECESSIDADES BRUTAS DE FINANCIAMENTO (Serviço da dívida líquido - VI)356 505 376 (217) 409 990 470

% da RLC 2,9% 3,9% 2,7% -1,5% 2,6% 6,4% 2,7%

VIII. SALDO GLOBAL (VI + VII) 116 125 113 408 (248) 60 195

% da RLC 1,0% 1,0% 0,8% 2,8% -1,6% 0,4% 1,1%

Por memória:

Receita líquida corrente (RLC) 12.090 13.020 13.883 14.724 15.729 15.538 17.373

Investimentos não financeiros/RLC 9,5% 9,8% 9,2% 6,6% 8,5% 9,1% 11,8%

108

15. Nos primeiros oito meses de 2011, o total das despesas subiu 6%. O aumento de 8%

nas despesas correntes frente ao mesmo período de 2010 foi impulsionado principalmente pela

elevação dos gastos com a folha e de outras despesas correntes, que subiram 10,2% e 6,2%,

respectivamente. A elevação dos gastos com pessoal reflete o aumento dos salários de servidores

públicos em 2010. Os investimentos caíram 23,6% em relação ao ano anterior. Assim, o DPL

ajudará o Governo a manter as despesas prioritárias, especialmente nos setores sociais.

Evolução da dívida consolidada líquida, 2004–11

16. A dívida consolidada líquida da Bahia vem caindo desde 2004. Graças ao crescimento

das receitas fiscais e a ajustes fiscais corretos, a dívida consolidada líquida teve uma queda

brusca, de mais de 140% da RLC (Figura A4.5) em 2004 para 52% em 2010, bem abaixo do

limite de 200% estabelecido na LRF (Figura A4.5 e Tabela A4.4). A dívida continuou a cair em

relação às receitas correntes nos primeiros dez meses de 2011 em relação a 2010. A relação entre

a dívida consolidada líquida e a receita estava em 41% no fim de outubro de 2011. O serviço da

dívida37

vem caindo acentuadamente desde 2008, pressionado pela queda dos pagamentos de

juros e da amortização. De fato, os pagamentos de juros tiveram uma forte queda desde 2007, ao

passo que a amortização passou a cair em 2009. Durante os primeiros dez meses de 2011, os

pagamentos de amortização e de juros recuaram 0,9% e 1,5% respectivamente.

17. A dívida contratual é, em grande parte, de curto prazo e é composta principalmente

por obrigações indexadas pela inflação e denominadas em dólar. Ela totalizava R$ 9,8

bilhões em 31 de dezembro de 2010 e grande parte vence nos próximos três anos. Quatro quintos

do estoque da dívida baiana têm como credores o Tesouro Nacional e outras instituições

públicas, ao passo que os 20% restantes são devidos a instituições multilaterais. Uma grande

parcela da dívida pública (48%) está indexada pela inflação, usando o IGP-DI e o IGP-M,

índices de preços no atacado (Figura A4.5). Como esses índices de inflação subiram rapidamente

nas últimas décadas em virtude do seu vínculo com a taxa de câmbio, esse tipo de dívida se

mostrou cara. Aproximadamente 24% da divida do Estado está denominada em dólar. A Taxa

Referencial (TR) e a Unidade Padrão de Referência (UPR) juntas correspondem a quase 17% da

dívida. A dívida mais barata é a indexada pela TJLP, uma taxa de juros subsidiada oferecida pelo

BDNES.

37

Em 2009, a Bahia deixou de pagar sua dívida com o Governo Federal (Lei 9.496/97), limitada a 13% da receita

líquida real (RLR), e passou a pagar de acordo com a Tabela Price, o que reduziu seu compromisso para cerca de

8% da RLR.

109

Figura A4.5: Evolução da Dívida e do Serviço da Dívida em 2004–10

Dívida consolidada líquida (DCL)

Receita líquida corrente (RLC)

DCL/RLC

Pagamentos de juros (dir.)

Serviço da dívida (% da RLC) (esq.)

Amortização (dir.)

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

Figura A4.6: Composição da Dívida da Bahia, 31 de dezembro de 2011

Saldo da dívida em 31 de dezembro de 2010 Milhões de R$

Dívida consolidada 10.426

Dívida contratual 9.833

Interna 7.867

Externa 1.966

Dívida judicial desde 05/05/2000 – acumulada e a pagar 444

Outras dívidas 149

Deduções 1.369

Dívida consolidada líquida (DCL) 9.057

Receita líquida corrente (RLC) 17.373

DCL/RLC 52%

110

Pagamentos do principal (moeda nacional)

Pagamentos de juros (moeda nacional)

Fonte: SEFAZ.

Evolução dos indicadores de responsabilidade fiscal, 2004–10

19. Desde 2004, o Estado tem cumprido rigorosamente os limites prudenciais

estabelecidos na LRF. Os gastos com pessoal permaneceram estáveis, mas a dívida consolidada

líquida sofreu uma forte queda desde 2004, chegando a 52% das receitas liquidas correntes em

2010, o que indica uma situação sustentável do lado da dívida (Tabela A4.3). Os novos

empréstimos não passam de 7% da receita líquida corrente desde 2004, bem abaixo do limite de

16% imposto pela lei. O Estado também manteve a concessão de garantias abaixo do limite legal

de 22% da receita líquida corrente, caindo de 3% em 2004 para 1% em 2010.

Tabela A4.4: Evolução dos Indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal, 2004–10

A 4-2 Sustentabilidade Fiscal e da Dívida da Bahia

Pressupostos fiscais

20. A análise da sustentabilidade fiscal e da dívida se baseia: (i) na situação fiscal atual do

Estado da Bahia, (ii) no estoque da dívida a pagar e (iii) nos pressupostos que servem de base

para as projeções dos saldos fiscais descritos na Tabela A4.5.

Valores em milhões de R$ correntes

LIMITE

LEGAL

% da RLC VALOR % da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC VALOR

% da

RLC

Despesas com Pessoal

Executivo 49% 3.747 41% 4.161 40% 4.809 42% 5.378 43% 6.136 43% 6.859 47% 7.501 43%

Global 60% 4.366 48% 5.028 49% 5.906 52% 6.601 52% 7.539 53% 8.391 57% 9.128 53%

Dívida consolidada líquida 200% 12.878 142% 12.048 117% 11.616 102% 10.371 82% 10.238 72% 9.235 63% 9.057 52%

Total das garantias 22% 263 3% 180 2% 129 1% 107 1% 105 1% 99 1% 95 1%

Receita de operações de crédito 16% 314 3% 254 2% 386 3% 160 1% 133 1% 988 7% 654 4%

9.075 10.329 11.360 12.585 14.238 14.671 17.373

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

2009 2010

Receita líquida corrente (RLC)

Indicadores

2004 2005 2006 2007 2008

111

Tabela A4.5: Pressupostos para as Projeções Fiscais Variáveis Pressupostos

Valores do ano-base - 2010

Receitas

ICMS Aumento com crescimento do PIB e inflação

Imposto Sobre a Propriedade de Veículos

Automotores (IPVA)

Aumento com crescimento do PIB e inflação

Outros Aumento com crescimento do PIB e inflação

Contribuições sociais Aumento com crescimento da população e inflação.

Transferências

Transferências correntes

Fundo de Participação dos Estados (FPE) Aumento com crescimento do PIB e inflação

Convênios Aumento com crescimento do PIB e inflação

Transferências privadas Aumento com crescimento do PIB e inflação

Transferências de capital Aumento com crescimento da população e inflação

Outras receitas correntes

Ativos não financeiros Aumento com crescimento do PIB e inflação

Juros Aumento com a inflação

Diversos Aumento com crescimento do PIB e inflação

Despesas

Salários Aumento com crescimento do PIB, crescimento do pessoal e inflação

Bens e serviços Aumento com crescimento do PIB e inflação

Transferências para os municípios Aumento com crescimento do PIB e inflação

Pagamentos de juros Obtido do Departamento da Dívida da SEFAZ

Aquisição líquida de ativos não financeiros Espaço fiscal definido como o saldo operacional líquido menos

amortizações e outros investimentos

Amortizações Obtido do Departamento da Dívida da SEFAZ

Empréstimo do BIRD US$ 700 milhões desembolsados em duas parcelas

Fonte: SEFAZ, IBGE, cálculos do Banco Mundial.

21. No cenário de referência, os saldos fiscais do Estado da Bahia evoluirão da seguinte

forma: de modo geral, as receitas e as despesas aumentarão em linha com o PIB nominal. Em

especial, do lado da receita, pressupomos que a receita proveniente das contribuições para a

seguridade social e das transferências de capital acompanharão o crescimento da população e a

inflação medida pelo IPCA. Do lado da despesa, pressupomos que o montante das aquisições

líquidas de ativos não financeiros será igual ao espaço fiscal definido como o saldo operacional

líquido de amortizações e de outros investimentos, enquanto o perfil dos pagamentos de juros é

fornecido pela Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia. A classificação fiscal das contas

adotada é o sistema das Estatísticas das Finanças Públicas – EFP (Government Finance Statistics

– GFS) recomendado pelo FMI. No tocante à dívida, o estoque pendente está indexado à inflação

projetada medida pelo IGP. As variáveis macroeconômicas fundamentais que afetam a trajetória

das projeções fiscais e da dívida, como a taxa de inflação e taxa de crescimento nominal do PIB,

estão detalhadas abaixo na Tabela A5.6.

112

Tabela A4.6: Pressupostos para as Variáveis Macroeconômicas Fundamentais

Fonte: BCB, EIU, IBGE, cálculos do corpo técnico do Banco Mundial.

Contas ficais e projeções da dívida

22. As contas fiscais da Bahia e suas projeções para o médio prazo apontam para uma

evolução sustentável, e o quadro macroeconômico do Estado é adequado para os fins deste

DPL. As receitas tributárias devem crescer a um ritmo regular durante o período 2011–16. Do

lado das despesas, espera-se que o total dos gastos continue a crescer, em linha com o aumento

das receitas. Os pagamentos de juros devem cair a partir de 2011, na medida em que a Bahia está

pagando sua dívida a um ritmo bastante acelerado. Em consequência, o saldo operacional bruto

permanecerá estável, em torno de 15% da receita líquida corrente. A expectativa é que os

investimentos recuem em 2011 devido ao aumento dos pagamentos do serviço da dívida.

Contudo, os investimentos se recuperarão em 2014, chegando a 9,4% da receita líquida corrente

da Bahia (Tabela A4.7) Esse cenário de referência não considera o empréstimo do Banco.

23. Os principais riscos de deterioração dos saldos fiscais em um horizonte de médio

prazo estão relacionados à arrecadação do ICMS, às mudanças nas transferências do FPE

e ao crescimento das despesas com a folha e com bens e serviços. Do lado da receita, o Estado

da Bahia depende bastante do ICMS (um IVA sobre bens e serviços), imposto este que é

altamente dependente do crescimento nacional. Um declínio nas transferências do Governo

Federal (FPE), que representam uma elevada parcela das receitas da Bahia, também poderia

constituir um risco para as finanças públicas do Estado. O mais importante é que, do lado da

despesa, a manutenção da folha salarial e o equilíbrio das despesas com bens e serviços

representam um desafio para a Bahia nos próximos anos. Na verdade, os aumentos de salários,

juntamente com os gastos em bens e serviços, são os principais fatores a pressionar as despesas

públicas e são de natureza não discricionária. Isso sugere a importância de controlar as despesas

correntes e os reajustes de salário para manter o saldo fiscal. A Tabela A4.7 apresenta as

projeções das receitas e despesas fiscais, bem como os saldos fiscais resultantes para o período

em questão.

Ano

Referência

Alternativo

(mais

baixo)

ReferênciaAlternativo

(mais alta)Referência

Alternativo

(mais alta)Referência

Alternativo

(mais alta)Referência

Alternativo

(mais alto)

2010 7,5% 11,3% 5,9% 1,66 2,0% 3,0%

2011 3,0% 2,7% 5,7% 9,5% 6,5% 7,8% 1,75 1,93 2,0% 3,0%

2012 3,4% 2,3% 5,2% 9,0% 5,6% 6,9% 1,79 2,03 2,0% 3,0%

2013 4,2% 3,1% 5,0% 8,8% 5,0% 6,3% 1,87 2,09 2,0% 3,0%

2014 4,2% 3,1% 5,0% 8,8% 4,8% 6,1% 1,92 2,16 2,0% 3,0%

2015 4,2% 3,1% 5,0% 8,8% 4,7% 6,0% 1,97 2,25 2,0% 3,0%

2016 4,2% 3,1% 5,0% 8,8% 4,7% 6,0% 2,04 2,33 2,0% 3,0%

2017 4,5% 3,1% 5,0% 8,8% 4,7% 6,0% 2,10 2,43 2,0% 3,0%

2018 4,5% 3,1% 5,0% 8,8% 4,7% 6,0% 2,17 2,52 2,0% 3,0%

2019 4,5% 3,1% 5,0% 8,8% 4,7% 6,0% 2,24 2,62 2,0% 3,0%

2020 4,5% 3,1% 5,0% 8,8% 4,7% 6,0% 2,32 2,73 2,0% 3,0%

Crescimento do PIB real Inflação (IPCA) Taxa de câmbio (R$/US$)Crescimento do pessoal Inflação (IGP)

113

Tabela A4.7: Projeções Fiscais, Bahia, 2011–16

24. Usando a classificação fiscal das GFS e os pressupostos das projeções fiscais

apresentados na seção anterior, as projeções das contas fiscais do Estado da Bahia para o

período 2011–16 mostram uma tendência sustentável. Os saldos fiscais, ou seja, o saldo fiscal

primário, o saldo global e o saldo operacional bruto devem todos registrar superávits sem

precedentes no período projetado. O saldo primário deve chegar a 9,1% da receita líquida

corrente em 2011, para então cair nos anos seguintes.

25. A dívida consolidada líquida do Estado da Bahia está caindo gradativamente com o

passar do tempo, mantendo-se, de modo geral, abaixo do limite fixado pelo Governo

Federal. Considerando as informações sobre o cronograma de amortização e pagamento dos

juros para o período 2011–16 (Figura A4.7), o estoque da dívida deve cair, chegando a 17% da

receita líquida corrente até 2016, enquanto os pagamentos de juros estão seguindo uma trajetória

de queda.

Figura A4.7: Evolução da Dívida Consolidada Líquida e Cronograma de Amortização e Pagamento

de Juros, 2004–20

Milhões de R$ de 2010 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

I. Total da receita (I) 24.122,3 24.814,6 25.647,7 26.635,8 27.638,6 28.654,6 29.739,5Receitas tributárias 12.877,0 13.285,8 13.783,2 14.389,5 15.008,2 15.638,5 16.310,9

Contribuições sociais 2.929,3 2.993,0 3.063,0 3.130,2 3.195,9 3.259,8 3.328,2

Transferências 6.733,7 6.934,9 7.179,2 7.474,5 7.774,9 8.080,1 8.405,9

Transferências correntes 6.148,4 6.343,6 6.581,1 6.870,6 7.166,0 7.467,0 7.788,1

Total das transferências de capital 585,2 591,3 598,1 603,9 608,9 613,1 617,8

Outras receitas correntes 1.582,4 1.600,9 1.622,3 1.641,6 1.659,6 1.676,2 1.694,6

II. Total da despesa (II) 21.502,3 22.303,4 23.111,4 24.007,1 24.897,5 25.810,0 26.787,9Remuneração de empregados e pensões 11.470,4 11.836,8 12.234,8 12.628,4 13.022,2 13.415,4 13.833,8

Pagamentos de juros 510,1 579,5 553,4 532,6 490,4 455,3 421,1

Transferências 3.225,2 3.327,6 3.452,2 3.604,1 3.759,0 3.916,9 4.085,3

Bens e serviços 6.296,6 6.559,5 6.870,9 7.242,0 7.625,9 8.022,4 8.447,7

III. Saldo operacional bruto (I - II) 2.620,0 2.511,1 2.536,3 2.628,8 2.741,1 2.844,6 2.951,6% da RLC 15,1% 13,9% 13,5% 13,4% 13,4% 13,4% 13,3%

IV. Transações em ativos não financeiros 2.046,1 1.447,7 1.469,1 1.428,3 1.851,2 1.974,8 2.111,8% da RLC 11,8% 8,0% 7,8% 7,3% 9,1% 9,3% 9,5%

V. Saldo primário 836,4 1.642,9 1.620,6 1.733,1 1.380,3 1.325,1 1.261,0% da RLC 4,8% 9,1% 8,7% 8,9% 6,8% 6,2% 5,7%

VI. Capacidade/necessidade líquida de financiamento (III - IV)326,3 1.063,4 1.067,2 1.200,5 889,9 869,8 839,9% da RLC 1,9% 5,9% 5,7% 6,1% 4,4% 4,1% 3,8%

Por memória:Receita líquida corrente (RLC) 17.372,6 18.004,5 18.725,1 19.554,1 20.389,9 21.233,0 22.125,7

Projeções

114

Amortizações

Pagamentos de juros

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

Projeções dos indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal

26. A análise de sustentabilidade fiscal e da dívida mostra uma trajetória sustentável

para os principais indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal no período 2011–16. Portanto, a dívida consolidada líquida como porcentagem da RLC e o serviço da dívida como

parcela da RLC permanecerão abaixo dos limites fixados pelo Governo Federal (Figura A4.8). A

relação dívida consolidada liquida/RLC deve cair mais de 60% entre 2010 e 2016. Considerando

as amortizações e o perfil dos pagamentos de juros, o serviço da dívida como parcela da RLC

segue uma trajetória descendente de 2011 em diante.

Figura 5.8: Indicadores da Lei de Responsabilidade Fiscal

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

Dívida consolidada líquida (≤ 200% da RLC)

Serviço da dívida (≤ 11,5% da RLC)

Despesas com pessoal (executivo) (≤ 48,6% da RLC)

115

Análise de riscos

27. A análise de riscos examina o impacto da incerteza que cerca as variáveis

fundamentais do panorama fiscal da Bahia. Os principais riscos que poderiam levar a uma

deterioração dos saldos fiscais do estado estão relacionados (i) às flutuações das variáveis

macroeconômicas, como a taxa de câmbio, o IPCA, o IGP, o crescimento real do PIB e o

aumento dos custos com a folha salarial; (ii) à incerteza em torno das receitas do petróleo e gás

do pré-sal e (iii) à incerteza que cerca o impacto das reformas dos impostos e das doações

federais sobre as receitas. O objetivo da análise é determinar se um dado choque estocástico e

choques determinísticos conjuntos simultâneos poderiam ter um impacto negativo sobre as

receitas ou elevar as despesas, comprometendo a sustentabilidade fiscal e da dívida.

Choques Resultantes de Flutuações das Variáveis Macroeconômicas

28. A análise examina o impacto da flutuação das principais variáveis macroeconômicas

(taxa de câmbio, IPCA, IGP, crescimento real do PIB e crescimento do pessoal) nas

projeções dos agregados fiscais e da dívida. Foram modelados cenários pessimistas

alternativos para cada variável, cujo resultado combinado produz o choque conjunto analisado,

pintando um quadro extremamente pessimista da conjuntura macroeconômica. Os pressupostos

macroeconômicos que servem de base para os cenários alternativos estão relacionados na Tabela

A4.6. Os pressupostos de referência para as variáveis se baseiam em projeções do Banco Central

do Brasil, (BCB), da Economist Intelligence Unit (EIU) e do FMI (World Economic Outlook –

WEO).

29. Segundo as projeções, a evolução fiscal e a dívida são sustentáveis em todos os

cenários de choques macroeconômicos adversos conjuntos considerados. O cenário

pessimista causa uma elevação nominal tanto da receita como da despesa em virtude do

componente inflação. A redução das taxas de crescimento tem um grande impacto negativo sobre

as receitas correntes, que sobem mais lentamente do que as despesas correntes. Um crescimento

maior da força de trabalho tem reflexo no aumento das despesas com a remuneração de

funcionários, e a deterioração da taxa de câmbio leva a uma elevação dos pagamentos de juros.

Não obstante, apesar desses efeitos adversos, tanto os saldos primários como os globais mantêm-

se positivos ao longo do período e há espaço no orçamento para investimentos positivos do

Estado. Nesse cenário, a dívida consolidada líquida diminui lentamente para chegar a 21% da

receita líquida corrente em 2016, frente a 17% no cenário de referência (Figura A4.9).

116

Figura A4.9: Análise de Riscos do Impacto das Flutuações das Principais Variáveis

Macroeconômicas

Total da dívida consolidada líquida (% da RLC) Tempo Probabilidade

Total do serviço da dívida Tempo Probabilidade

Investimentos como parcela da RLC Tempo Probalidade

Remuneração de empregados como parcela da RLC Tempo Probabilidade

A incerteza em torno do FPE

30. Esta análise faz a modelagem dos riscos associados à incerteza das transferências do

FPE para o estado. A Bahia é bastante dependente das transferências do FPE, pois elas

representavam 43% da receita líquida corrente em 2010 (Figura A4.10). Contudo, uma grande

incerteza cerca o futuro dessa fonte de renda em virtude das possíveis mudanças na regra

aplicada para determinar os montantes específicos a serem transferidos para cada Estado.

Analisa-se um cenário alternativo em que se pressupõe uma redução de 20% na porcentagem

determinada pela regra de divisão das transferências em relação ao cenário de referência, com

aplicação em 2013. Esse cenário alternativo causa um declínio permanente da receita líquida

corrente. A redução das transferências para a Bahia é refletida em uma ligeira elevação do nível

da dívida, no aumento das despesas com a remuneração de funcionários e em uma queda dos

investimentos. Não obstante, apesar desses efeitos adversos, tanto o saldo primário como o

global mantêm-se positivos ao longo do período.

117

Figura A4.10: Análise de Riscos do Impacto da Incerteza em Torno das Receitas do FPE

Transferências correntes federais

Tempo

Choque no FPE

Status quo

Alternativo

Receita líquida corrente (RLC)

Tempo

Choque no FPE

Status quo

Alternativo

Total da dívida consolidada líquida (% da RLC)

Tempo

Choque no FPE

Status quo

Alternativo

Total do serviço da dívida (% da RLC)

Tempo

Choque no FPE

Status quo

Alternativo

Investimentos como parcela da RLC (% RLC)

Tempo

Choque no FPE

Status quo

Alternativo

Remuneração de empregados como parcela da RLC

Tempo

Choque no FPE

Status quo

Alternativo

Fonte: Estimativas do corpo técnico do Banco Mundial.

118

Impacto da reforma dos impostos e das doações federais sobre as receitas

31. Esta análise faz a modelagem dos riscos associados às mudanças na fórmula de

distribuição das transferências do FPE, aos royalties e à reforma tributária sobre as

receitas do Estado. A receita do ICMS representava 64% da receita corrente da Bahia em 2010.

Contudo, uma grande incerteza cerca o futuro dessa fonte de renda em virtude do processo de

reforma tributária ora em discussão. A adoção do princípio do destino na tributação do comércio

interestadual — um dos principais temas das discussões sobre a reforma tributária — provocaria

perdas na arrecadação de ICMS pela Bahia. As receitas correntes do Estado também devem ser

afetadas pela proposta de mudança da regra do FPE aplicada para determinar os montantes

específicos a serem transferidos para cada Estado. Em contrapartida, a reforma dos royalties, a

mais avançada das reformas, deve resultar em uma distribuição vantajosa em relação à situação

atual. As mudanças na fórmula de alocação dos royalties, conforme apresentada no respectivo

projeto de lei,38

preveem um aumento da distribuição para os Estados, compensando a perda de

receita decorrente da reforma tributária e do FPE. Ademais, a implementação das mudanças será

gradativa, minimizando o total dos efeitos líquidos sobre a arrecadação. Cumpre notar que o

plano é transferir as receitas dos royalties um ano antes das possíveis mudanças no FPE, o que

compensaria as distorções nas receitas e investimentos em 2012 criadas por essas receitas.

32. As projeções indicam trajetórias fiscais e da dívida sustentáveis no período

2010–20, com base na hipótese de que sejam implementadas as regras de distribuição das

receitas e as reformas tributárias. A implementação das reformas tributárias tem um impacto

significativo sobre as receitas líquidas correntes (Figura A4.11). Contudo, o espaço fiscal para

investimentos permanece positivo. A trajetória do coeficiente da dívida consolidada líquida

mantém uma curva negativa próxima ao cenário de referência.

Figura A4.11: Análise de Riscos do Impacto de uma Mudança nas Regras de Partilha das Receitas e

da Reforma Tributária

Receita líquida corrente

Tempo

Regra de divisão

Status quo

Alternativo

Total da dívida consolidada líquida

Tempo

Regra de divisão

Status quo

Alternativo

38

Uma revisão dos critérios para a distribuição de royalties está bem adiantada, tendo sido aprovada pelo Senado em

outubro de 2011.

119

Investimentos como parcela da RLC (% RLC)

Tempo

Regra de divisão

Status quo

Alternativo

Pessoal e seguridade social

Tempo

Regra de divisão

Status quo

Alternativo

Fonte: Estimativas do corpo técnico do Banco Mundial.

Impacto fiscal da Operação do Banco Mundial, 2010–14

33. Simulamos o impacto do Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento (DPL) de

duas parcelas, no montante de US$ 700 milhões, para o Estado da Bahia. Os pagamentos

sob medida do principal do empréstimo do Banco Mundial aumentarão gradativamente com o

passar do tempo (ver os pagamentos do principal e de juros na Figura A4.12).

Figura A4.12: Pagamentos do Principal e de Juros do Empréstimo do Banco Mundial

Principal

Juros

Fonte: SEFAZ, Banco Mundial.

120

34. Em um cenário em que o Estado usa parte dos recursos do empréstimo para

refinanciar duas dívidas anteriores no total de US$ 300 milhões, o perfil e a composição da

dívida total da Bahia se alterariam significativamente (Figuras A4.13, A4.14 e A4.15). O

refinanciamento de duas dívidas de curto prazo caras indexadas ao IGP-DI e IGP-M, índices de

preços no atacado altamente voláteis, reduziria a parcela da dívida da Bahia indexada à inflação

de 47% para 43%. O empréstimo do Banco Mundial no montante de US$ 700 milhões levaria a

uma elevação da parcela da dívida do Estado em dólares, que passaria de 25% para 35%,

segundo estimativas. Contudo, o total da dívida consolidada líquida cairia para menos de 20% da

receita líquida corrente (RLC) até 2016. Nesse cenário, o serviço da dívida seria reduzido como

porcentagem da RLC — bem como em termos absolutos no curto prazo — abrindo mais espaço

fiscal para investimentos. O uso planejado do restante dos recursos do empréstimo, no total de

US$ 400 milhões, para reforçar ainda mais os investimentos, ajudaria a garantir a implementação

completa dos programas estratégicos da Bahia: no cenário com a operação do Banco Mundial, a

relação entre os investimentos e a RLC subiria cerca de três pontos percentuais em 2012 e 2013

(Figura A4.15).

121

Figura A4.13: Impacto da Reestruturação da Dívida Pretendida pelo Governo

Composição da dívida em 30 de dezembro de

2011

Composição da dívida após o empréstimo do

Banco Mundial

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

122

Figura A4.14: Impacto da Operação do Banco Mundial sobre o Serviço da Dívida

Serviço da dívida antes

Serviço da dívida após DPL total (USD 700 milhões)

Fonte: SEFAZ, cálculos do Banco Mundial.

Figura A4.15: Análise do Impacto da Operação do Banco Mundial

Total da dívida consolidada líquisa (% da RLC) Total do serviço da dívida (% da RLC)

Tempo Tempo

Empréstimo do BM Empréstimo do BM

Sem o empréstimo do BM Sem o empréstimo do BM

Com o empréstimo do BM Com o empréstimo do BM

123

Investimentos como parcela da RLC

Tempo

Empréstimo do BM

Sem o empréstimo do BM

Com o empréstimo do BM

Fonte: Estimativas do corpo técnico do Banco Mundial.

Impactos de choques na taxa de câmbio no contexto do aumento da dívida externa

35. O empréstimo do Banco Mundial no montante de US$ 700 milhões reduziria a

dívida da Bahia denominada em reais de 73% para 63%, às custas de um aumento da

dívida em moeda estrangeira de 27% para 37%. A porcentagem de empréstimos em dólar

subiria de 25% para 35%. Em consequência, a operação do Banco Mundial aumentaria a

exposição ao risco cambial. Esse risco é atenuado pela estrutura de amortização gradual do

empréstimo do BIRD e pelo fato de que os preços no atacado no Brasil têm uma correlação

significativa com a taxa de câmbio.

36. Esta análise faz a modelagem dos riscos associados ao aumento da exposição

cambial da carteira da Bahia causado por um choque na taxa de câmbio. Na análise,

o cenário de referência se baseia em projeções do mercado até 2025 e, em seguida, aplica uma

depreciação anual de 2% daí em diante, ao passo que o cenário pessimista prevê uma

desvalorização de 30% do real frente ao dólar em julho de 2013. Com um choque negativo no

câmbio em 2013, calcula-se que a dívida da Bahia subiria de R$ 9 bilhões para R$ 10 bilhões

(ver figura abaixo). Como resultado, o serviço da dívida aumentaria R$ 52 milhões em 2013, R$

112 milhões em 2014 e R$ 114 milhões em 2015 caso ocorresse uma desvalorização

significativa do real.

Figura A4.16: Impacto de Choques na Taxa de Câmbio sobre a Dívida da Bahia

124

Fonte: SEFAZ, estimativas do Banco Mundial.

-

1.00

2.00

3.00

4.00

5.00

6.00

7.00

8.00

1-D

ec-1

1

1-F

eb-1

3

1-A

pr-

14

1-J

un

-15

1-A

ug-

16

1-O

ct-1

7

1-D

ec-1

8

1-F

eb-2

0

1-A

pr-

21

1-J

un

-22

1-A

ug-

23

1-O

ct-2

4

1-D

ec-2

5

1-F

eb-2

7

1-A

pr-

28

1-J

un

-29

1-A

ug-

30

1-O

ct-3

1

1-D

ec-3

2

1-F

eb-3

4

1-A

pr-

35

1-J

un

-36

1-A

ug-

37

1-O

ct-3

8

1-D

ec-3

9

1-F

eb-4

1

1-A

pr-

42

USD Baseline scenario (Market implied, after 2025 2% annual depreciation)

USD Baseline + 30% Shock July 2013

-

2,000,000

4,000,000

6,000,000

8,000,000

10,000,000

12,000,000

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

2020

2021

2022

2023

2024

2025

2026

2027

2028

2029

2030

2031

2032

2033

2034

2035

2036

2037

2038

2039

2040

2041

Outstanding Debt StocksBRL, Indexed

Outstanding Balance - After 700 DPL (Baseline) Outstanding Balance - After 700 DPL (Shock 30%)

0

200,000

400,000

600,000

800,000

1,000,000

1,200,000

1,400,000

1,600,000

1,800,000

Debt ServiceBRL, Indexed

Debt Service - After 700 DPL (Baseline) Debt Service - After 700 DPL (Shock 30%)

125

ANEXO 5: ANÁLISE DO IMPACTO SOCIAL E SOBRE A POBREZA (PSIA)

1. A equipe do Banco Mundial fez uma análise do impacto social e sobre a pobreza

(PSIA) para avaliar os impactos esperados das políticas apoiadas por esta operação. A

PSIA concentrou-se em uma revisão interna de dados secundários, bem como de estudos

primários baseados em entrevistas e grupos de discussão com partes interessadas e

especialistas.39

Foram avaliados os possíveis efeitos distributivos das políticas apoiadas por esta

operação sobre diferentes grupos socioeconômicos, enfocando os grupos sociais mais

vulneráveis. A conclusão geral da PSIA é que essas políticas atacam algumas das causas e efeitos

subjacentes das desigualdades socioeconômicas que historicamente vêm impedindo o

desenvolvimento sustentável do Estado da Bahia.

Condições originais

2. A pobreza e a pobreza extrema sofreram uma forte redução na Bahia. Em 2004, os

pobres representavam 27% da população do Estado e os extremamente pobres, 15,8%. Em 2009,

essas porcentagens haviam recuado para 17,1% e 9,6%, respectivamente. No mesmo período, a

renda per capita no Estado aumentou 46% e a diferença entre o Estado e o Brasil como um todo

nesse indicador foi reduzida de 43% para 35%.40

As condições socioeconômicas e a

infraestrutura nos meios rural e urbano melhoraram ao longo da década de 2000 e a pobreza

sofreu uma forte redução na última década (de 60% da população em 2003 para cerca de 39%

em 2009). A economia vem conseguindo gerar um número crescente de empregos formais; a

cobertura dos serviços de saúde e o índice de matrícula no ensino fundamental vêm melhorando.

A Bahia é a maior economia do Nordeste, representando em torno de 4,9% do produto interno

bruto (PIB) nacional. O Estado obteve avanços substanciais em matéria de infraestrutura urbana

e rural, e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) subiu de 0,688 para 0,767 entre 2000 e

2007.

3. Contudo, a Bahia continua caracterizada por enormes desigualdades

socioeconômicas. O PIB per capita equivale a cerca da metade da média nacional, as pessoas em

situação de pobreza extrema correspondem a praticamente 14% da população do Estado e as

vagas criadas são, em sua maioria, empregos de baixo salário. A renda média per capita equivale

a apenas 65% da média nacional e a Bahia é o sétimo pior entre todos os Estados nesse

indicador. A porcentagem da pobreza extrema no Estado é o dobro da média nacional (10,2%

frente a 5,2%).41

As famílias pobres e extremamente pobres têm, em média, mais pessoas e mais

39

Dados secundários abrangem recenseamentos, estudos, relatórios de pesquisas e relatórios sobre consultas

anteriores com diferentes grupos sociais (organizações de mulheres, agricultores familiares pobres, comunidades

quilombolas e populações indígenas) realizadas pelo Governo do Estado. Os relatórios sobre consultas abrangem

documentos recentes como planos estaduais e políticas para as populações indígenas, comunidades quilombolas,

mulheres e jovens, os quais foram discutidos e definidos de forma participativa. Autoridades estaduais e municipais,

estudiosos e especialistas participaram das consultas com as partes interessadas. 40

Jorge Abrahão de Castro, Dimensão e Mensuração da Pobreza na Bahia,

http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/110701_pobrezabahiaabrahao.pdf. 41

Dados do Censo de 2010 revelam que a situação de pobreza extrema (renda per capita inferior a um quarto do

salário mínimo) ainda atinge 21,1% das famílias, uma porcentagem equivalente a duas vezes a média nacional

(10,4%) e as famílias pobres, tomadas como as de renda per capita inferior a meio salário mínimo (linha da pobreza)

correspondiam a 44,9% do total, bem acima da média brasileira (27,6%).

126

crianças (Tabela A5.1, abaixo). Por faixa etária, a pobreza extrema abrange mais crianças e

jovens do que idosos. Enquanto 16,1% das crianças (0 a 14 anos) e 10,1% dos jovens (15 a 24

anos) são extremamente pobres, apenas 0,4% das pessoas com 65 anos ou mais estão nessa

situação. As fontes de renda das pessoas extremamente pobres dependem bastante das

transferências de renda do Governo (que perfazem 41,4% da sua renda). Entre as fontes de renda

das famílias, o trabalho e as aposentadorias correspondem a apenas 50,2% e 1,8% da renda,

respectivamente. Entretanto, apenas 66% dessas pessoas são beneficiadas pelo programa Bolsa

Família. A desigualdade da renda per capita das famílias não se alterou nos últimos anos e

permanece alta (índice de Gini = 056).42

Tabela A5.1: Perfil da Pobreza e da Pobreza Extrema – Indicadores Selecionados, Bahia, 2009

Estado da Bahia Número de

pessoas

por família

Porcentagem

de famílias

com quatro

filhos ou mais

Porcentage

m de

famílias sem

filhos

Porcentagem

de pessoas

com emprego

informal,

desocupada

ou inativa

Porcentagem

de produtores

e

trabalhadores

rurais

Porcentagem de

pessoas com

carteira assinada,

empreendedores

e empregadores

Extremamente

pobres

4,3 16% 24% 60% 34% 6%

Pobres 4,5 10% 18% 59% 23% 18%

Pessoas

vulneráveis

3,7 1% 40% 51% 11% 38%

Não pobres 2,4 0% 77% 33% 5% 62%

Abrahão de Castro, Dimensão e Mensuração da Pobreza na Bahia, op. cit.

4. A pobreza afeta duramente a população rural e a Bahia abriga até 20% da pobreza

rural do Brasil. A composição rural e urbana mostra que os trabalhadores rurais correspondem a

31,6% da força de trabalho da Bahia, quase duas vezes mais do que a média brasileira (16,5%). É

excessivamente grande a parcela de pobres e extremamente pobres nos municípios do semiárido,

uma região em sua maior parte rural e que está defasada em termos de atividades econômicas e

desenvolvimento, geração de empregos e contribuição para o crescimento. O índice de pobreza

extrema é de 17,1% nas áreas rurais e 6,4% nas áreas urbanas. Ele chega a 13% nos pequenos

municípios, frente a 4,4% nos de grande porte.43

5. A pobreza no meio rural afeta a agricultura familiar e decorre de múltiplos fatores. A Bahia abriga 13,1% dos brasileiros pobres que vivem na zona rural. A agricultura familiar

abrange trabalhadores rurais sem terra, meeiros e locatários, pequenos proprietários, populações

indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais. Existem 665.831 fazendas familiares

no Estado, representando 87% das propriedades familiares, mas elas cobrem apenas 34% da terra

cultivável, numa média de aproximadamente 15 hectares por propriedade.44

Essas famílias

representam grande parcela dos pobres e extremamente pobres que vivem na zona rural. Essa

pobreza se deve à escassez crônica de água e à falta de acesso a infraestruturas básicas. A

qualidade precária dos serviços públicos oferecidos na área rural, os elevados níveis de

analfabetismo e escolaridade, a precariedade dos direitos da terra, a alta concentração da terra, a

escassez de assistência técnica, a falta de acesso a crédito rural e tecnologia, e a dependência de

42

Abrahão de Castro, Dimensão e Mensuração da Pobreza na Bahia, op. cit. 43

Abrahão de Castro, Dimensão e Mensuração da Pobreza na Bahia, op. cit. 44

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Agropecuário 2006: Agricultura Familiar – Primeiros

Resultados – Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE, 2009.

127

atividades tradicionais baseadas na agricultura de subsistência são alguns dos fatores que levam à

baixa produtividade.

6. As populações indígenas e as comunidades quilombolas figuram entre os grupos

sociais mais vulneráveis. Os indígenas compreendem 15 diferentes grupos étnicos e quase 30

mil pessoas no Estado. Vivem em 26 terras indígenas regularizadas ou contestadas. As terras

regularizadas abrangem cerca de 137 mil hectares.45

Como é o caso de outras populações rurais

pobres, os meios de vida desses grupos indígenas se baseiam principalmente na agricultura de

subsistência e em atividades extrativas; suas terras são pequenas em face do crescimento

demográfico e eles carecem de assistência técnica. Além disso, a produtividade dessas terras é

baixa e os indígenas costumam enfrentar situações de insegurança alimentar. As populações

indígenas têm acesso a serviços especiais de saúde e educação, mas carecem de acesso a

infraestruturas básicas e sofrem com a falta de água. Consultas anteriores mantidas com

populações indígenas no Estado da Bahia mostram que suas principais preocupações dizem

respeito à posse da terra, falta de água, desenvolvimento étnico e sustentabilidade

socioambiental, fortalecimento de suas organizações representativas e acesso a serviços públicos

básicos de qualidade (educação, saúde, abastecimento de água, saneamento, estradas de

acesso).46

7. A pobreza e a pobreza extrema ainda são mais graves nas comunidades quilombolas

rurais (descendentes de escravos fugidos). Segundo as estatísticas do Governo, a Bahia tem

229 comunidades quilombolas; ONGs estimam que existam entre 300 e 500 dessas comunidades

no Estado.47

As terras de apenas cinco dessas comunidades estão regularizadas na Bahia. Outras

105 comunidades requisitaram a posse de suas terras, mas o processo ainda está em andamento.

A maioria delas está em áreas rurais isoladas e remotas. Elas estão entre as mais pobres e seus

meios de vida se baseiam na agricultura de subsistência, com níveis de produtividade bastante

baixos. Consequentemente, os níveis de pobreza e de insegurança alimentar são altos nessas

comunidades e os serviços públicos básicos prestados a elas são precários. Dados recentes

mostram que as crianças quilombolas têm grandes deficiências de peso e altura em relação à

idade (8,1% e 11,6, respectivamente), 91% dessas crianças vivem em famílias com renda mensal

inferior a US$ 200 e 58% delas vivem em famílias com renda mensal inferior a US$ 100. As

consultas anteriores com as comunidades quilombolas em áreas remotas da Bahia revelaram que,

do ponto de vista das comunidades, os principais obstáculos que lhes impede de ter acesso aos

serviços públicos e de melhorar seu padrão de vida estão relacionados à falta ou insuficiência das

organizações comunitárias locais, bem como à falta de acesso a informações que lhes permitam

aumentar sua autonomia, de assistência técnica adequada e participativa e de experiência na

preparação de iniciativas comunitárias para receber financiamento externo. Resultados

preliminares das avaliações participativas sobre as comunidades quilombolas revelam uma

45

Informações sobre essas 26 terras indígenas podem ser encontradas no website do Instituto SocioAmbiental

(http://pib.socioambiental.org/caracterizacao.php?uf=29). 46

Fontes: Coordenação de Políticas para os Povos Indígenas, Plano de Trabalho Operativo – Povos Indígenas da

Bahia. Salvador: Bahia/Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, 2009;

www.sjcdh.ba.gov.br/.../Plano_de_trabalho_operativo_para_povos_indigenas_na_bahia.pdf; CAR/SEDIR, Plano

de Participação dos Povos Indígenas – Projeto Integrado do Estado da Bahia – Produzir III. Salvador:

SEDIR/Bahia, Dezembro de 2008; http://www.car.ba.gov.br/publicacoes.asp?id=30. 47

Informações fornecidas pela Comissão Pró-Índio de São Paulo

(http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/i_brasil_ba.html).

128

enorme dependência de atividades produtivas tradicionais e de baixo nível tecnológico, bem

como o fraco acesso a infraestrutura básica e serviços públicos.48

8. A pobreza na Bahia também apresenta diferenças inter-regionais significativas.

Conforme mostrado nas Figuras A5.1 e A5.2, abaixo, o número absoluto e relativo de pobres

varia amplamente entre regiões e municípios. As diferenças regionais são expressas claramente

pelo coeficiente de desigualdade encontrado em diferentes indicadores entre as piores e melhores

regiões. Assim, os coeficientes de desigualdade são: 3,6 para o indicador da pobreza extrema e

2,0 para o indicador da pobreza; 2,0 para a mortalidade infantil e 3,9 para a taxa de mortalidade

por causas externas; 6,5 para a taxa de analfabetismo entre adultos, 2,0 para a taxa média de

aprovação escolar e 2,6 para as taxas de evasão escolar. A mesma variação regional é encontrada

nas porcentagens das residências com conexão às redes de água e esgoto e atendidas pelos

sistemas de coleta de lixo. O coeficiente de desigualdade entre as regiões com o melhor e o pior

indicador chegou a 0,64 para o abastecimento de água, 0,45 para a coleta de lixo e 0,05 para as

redes de coleta de esgoto.

Figura A5.1: Número de Pessoas extremamente Pobres, Bahia, 2009

48

Unidade Técnica do Estado da Bahia para o Empréstimo de Assistência Técnica Igualdade de Tratamento para as

Comunidades Quilombolas no Nordeste do Brasil, financiado pelo Fundo Japonês para o Desenvolvimento

Social/Banco Mundial.

129

Figura A5.2: Porcentagem de Pessoas extremamente Pobres, Bahia, 2009

Fonte: Abrahão de Castro, Dimensão e Mensuração da Pobreza na Bahia, op. cit.

9. A pobreza também tem dimensões de gênero e raça. A desigualdade de gênero tem

muitas dimensões e uma delas está relacionada aos resultados associados ao mercado de

trabalho. No Estado, o desemprego está caindo e os rendimentos do trabalho estão subindo.

Contudo, essas melhorias não atingem os trabalhadores e trabalhadoras da mesma maneira. Os

índices de ocupação de mulheres e homens são, respectivamente, 51,4% e 73,1%, ao passo que

as taxas de desemprego declarado são 12,5% para elas e 6,8% para eles. As regras de gênero

tradicionais que atribuem as tarefas domésticas às mulheres contribuem para reduzir as

oportunidades de acesso das mulheres ao mercado de trabalho, bem como para tornar sua carga

de trabalho mais intensa do que a dos homens. As mulheres gastaram apenas 62% da sua carga

de trabalho semanal em atividades laborais, enquanto os homens gastaram 89%. Por semana, as

mulheres passam 20% menos tempo no mercado de trabalho do que os homens, mas a carga de

trabalho doméstico das mulheres é quase quatro vezes maior do que a dos homens, e a carga de

trabalho total das mulheres é 15% maior do que a dos homens. Em consequência, os rendimentos

do trabalho dos homens são 58% mais altos do que os das mulheres, o que revela a persistência

das graves desigualdades de gênero e dos desafios brutais enfrentados por 32% das famílias

chefiadas por mulheres na Bahia.

130

Figura A5.3: Carga de Trabalho Semanal por Gênero – Horas por Semana em Atividades Laborais

e Domésticas, Bahia

Homens

Mulheres

Trabalho

Trabalho doméstico

Total

10. Existem também grandes diferenças nos rendimentos do trabalho por raça. Embora os

brancos recebam uma renda nominal 53,5% superior à média do Estado, os rendimentos do

trabalho dos não brancos era inferior a essa média. O coeficiente dos rendimentos do trabalho

entre brancos e afrodescendentes é 1,80 e, entre brancos e pardos, 1,81. Conforme mostrado na

Figura A5.4, abaixo, os fatores raça e gênero se combinam e o desemprego atinge mais

duramente as populações de homens e mulheres afrodescendentes.

Figura A5.4: Taxas de Desemprego Declarado por Gênero e Cor da Pele, Bahia

Homens

Mulheres

Brancos

Pardos

Negros

Fonte: Governo do Estado da Bahia, Secretaria de Promoção da Igualdade e Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da

Mulher, II Plano Estadual de Políticas para as Mulheres. Salvador: SEPROMI, 2009.

11. A pobreza e a pobreza extrema atingem mais duramente a população não branca. As populações afrodescendentes e indígenas respondem por 84% das pessoas em situação de

0.0

10.0

20.0

30.0

40.0

50.0

60.0

Labor Householdwork

Total

41.1

5.3

46.4

32.9

20.2

53.1

Male

Female

0.0%

5.0%

10.0%

15.0%

20.0%

White people Mixed colorpeople

Black people

4.4%

9.6%

6.7% 9.1%

17.5%

12.2%

Male

Female

131

extrema pobreza e 79% dos pobres; por outro lado, elas são apenas 71% dos não pobres.49

Na

região metropolitana de Salvador, a pobreza tem uma clara distribuição social e espacial, e está

fortemente relacionada com a raça e a escolaridade, conforme ilustrado na Figura A5.5. As

pessoas afrodescendentes, pobres e com baixa escolaridade estão bastante concentradas nas áreas

conhecidas como Miolo e Subúrbio Ferroviário, as mais desprovidas de infraestrutura básica e

serviços públicos, onde também está concentrado o enorme déficit habitacional da Bahia.50

49

Abrahão de Castro, Dimensão e Mensuração da Pobreza na Bahia, op. cit. 50

O déficit habitacional é discutido abaixo, no parágrafo 16.

132

Figura A5.5: Distribuição Social e Espacial da Pobreza na Região Metropolitana de Salvador Distribuição das famílias pobres (renda per capita inferior a

meio salário mínimo)

Distribuição da população afrodescendente

Distribuição dos analfabetos funcionais Distribuição das famílias chefiadas por pessoas com

15 anos ou mais de escolaridade

Fonte: Inaiá Maria Moreira de Carvalho e Gilberto Corsa Pereira (org.), Como Anda Salvador. Rio de Janeiro: Letra

Capital/Observatório de Metrópoles, 2009.

12. Por último, a pobreza mantém uma estreita e significativa correlação com a

educação. Diagnósticos preliminares mostram que níveis baixos de escolaridade são a principal

causa dos baixos resultados do aprendizado e do fraco desempenho em todos os níveis de ensino

133

nas escolas públicas. Mostram também a correlação positiva e significativa entre níveis de

escolaridade e educação com ocupação, renda e melhoria do padrão de vida. A Figura A5.6

mostra a correlação entre os anos de escolaridade e os níveis de pobreza, bem como a forte

representatividade dos analfabetos funcionais entre as camadas mais pobres da população do

Estado.

Figura A5.6: Educação e Pobreza na Bahia, 2009

Anos de escolaridade

(Pessoas entre 15 e 60 anos)

Taxa de analfabetismo funcional

(Pessoas entre 15 e 60 anos)

Fonte: Abrahão de Castro, Dimensão e Mensuração da Pobreza na Bahia, op. cit.

Extremamente pobres

Pobres

Vulneráveis

Não pobres

Principais desafios

13. O Governo da Bahia precisa fortalecer sua governança para enfrentar esses

desafios, e é necessário também promover a eficiência para desenvolver a infraestrutura

social, física e institucional onde ela possa contribuir para aumentar a igualdade. Para

alcançar o desenvolvimento sustentável e o crescimento inclusivo, são necessárias medidas como

a melhoria do planejamento e orçamento, o aumento das receitas do Estado e a melhoria da

gestão dos recursos financeiros e humanos. O planejamento e o orçamento não estão alinhados

com as prioridades estratégicas do Governo. A administração tributária no Estado da Bahia se

caracteriza por receitas altamente voláteis e uma capacidade relativamente baixa. Finalmente,

reconhece-se que a eficácia da administração e da prestação de serviços exige uma gestão eficaz

dos recursos humanos.

14. O Estado da Bahia também tem um baixo desempenho no setor da saúde e acaba

punindo principalmente os pobres que não têm nenhuma outra opção em matéria de

serviços de saúde. As taxas de mortalidade infantil e materna permanecem acima das médias

nacionais. Em 2010, a taxa de mortalidade infantil (TMI) equivalia a 17,8 óbitos por 1000

nascidos vivos, ao passo que a TMI no país como um todo era 13,9/1000. A taxa de mortalidade

materna (TMM) subiu na última década51

e quase um terço das mortes de mulheres está

51

Em 2000, a TMM na Bahia era 50,9/00. Em 2010, a TMM era 61,3/00.

0

2

4

6

8

10

4.3 4.9

6.3

9.7

Extremely Poor

Poor

Vulnerable

Non-Poor

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%43%

38%

27%

12%

Extremely Poor

Poor

Vulnerable

Non-Poor

134

associada à assistência durante a gravidez, o parto ou o pós-parto. O aborto é uma das mais

importantes causas dessas mortes. A mortalidade materna atinge principalmente as mulheres

pobres, e as jovens afrodescendentes pobres são um grupo especialmente vulnerável. Estudos

voltados para a região metropolitana de Salvador mostram que a parcela da população que faz

uso de serviços de saúde privados é baixa e que as famílias de renda mais baixa — sobretudo as

que vivem em assentamentos subnormais e as chefiadas apenas por mulheres — dependem, em

sua maioria, do sistema público de saúde.52

15. Os resultados do ensino no Estado da Bahia também são preocupantes e a baixa

qualidade da educação nas escolas públicas pune desproporcionalmente os pobres e os

grupos vulneráveis, os que mais precisam dessas escolas e os que mais recorrem a elas. O analfabetismo atinge 17% da população com 15 anos ou mais. Trata-se, sobretudo, de um

fenômeno rural: nessa faixa etária, o analfabetismo é encontrado em 11,6% da população urbana

e 30,3% da população rural. Uma grande proporção dos jovens permanece fora da escola.

Embora os índices de reprovação, evasão e defasagem entre idade e ano nas escolas

fundamentais tenham caído entre 2007 e 2010, eles permanecem acima das médias nacionais.53

A escolaridade continua a ser prejudicada pela baixa qualidade do ensino, elevada taxa de evasão

e defasagem entre idade e ano escolar. Além disso, os resultados da educação permanecem

fracos em todos os níveis de ensino. Assim, a Bahia aparece em último nas três edições mais

recentes do IDEB para os alunos do quarto ano. Conforme mostrado na Figura A5.7 (abaixo), os

dados do censo de 2010 referentes à Bahia mostram que o sistema de ensino fundamental

praticamente alcançou a cobertura universal. Em todo o Estado, 82,1% das crianças estão

matriculadas nas creches e nas escolas do fundamental. Ademais, o índice de matrícula nas

escolas públicas sobe à medida que a renda per capita das famílias desce. Por último, 59% de

todas as crianças matriculadas em escolas públicas pertencem a famílias situadas nos dois quintis

mais baixos da renda per capita.

Figura A5.7: Porcentagem das Crianças em Creches e Escolas Fundamentais Públicas por Quintil

de Renda Per Capita das Famílias

1o (mais alto)

2o

3o

4o

52

Haroldo Torres et al., Serviços Básicos de Educação e Saúde em Salvador: cobertura, acesso e avaliação da

população pobre, in. Bahia Análise & Dados, v. 17, n. 1, Salvador: Superintendência de Estudos Econômicos e

Sociais da Bahia, 2007, p. 721-737. 53

Os coeficientes estaduais são 15,7% para reprovações, 6,6% para a evasão escolar e 38,1% para a defasagem entre

idade e ano, enquanto as médias nacionais são 10,3%, 3,1% e 23,6%, respectivamente.

98% 94% 86% 72% 41% 0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

1st (lowest)

2nd

3rd

4th

5th (highest)

135

5o (mais baixo)

16. A infraestrutura urbana e rural melhorou, mas ainda são enormes os déficits em

matéria de habitação (concentrados na região metropolitana da capital) e de saneamento

nos municípios rurais mais atrasados. Ao longo da década passada, o Estado melhorou sua

infraestrutura básica. Contudo, a Bahia continua a enfrentar um enorme déficit qualitativo em

termos de infraestrutura, representado pela falta de acesso das residências a água (20% não estão

ligadas à rede geral de abastecimento), esgoto (55% não estão ligadas à rede geral) e coleta de

lixo (23,8% não têm o lixo coletado). A Bahia também tem um déficit de mais de 500 mil

moradias, com 70% das unidades localizadas em áreas urbanas e concentradas

desproporcionalmente na região metropolitana de Salvador (RMS). O déficit da Bahia equivale a

8% do déficit total do Brasil e aproximadamente 96% dele corresponde a famílias com renda

inferior a três salários mínimos. Esse déficit habitacional também tem dimensões raciais e de

gênero. As pessoas afrodescendentes e de famílias chefiadas por mulheres solteiras representam

grande parcela da população que vive em assentamentos informais precários. A população pobre

da Bahia é a mais exposta a riscos naturais pequenos, porém frequentes, e é a mais afetada por

eles. As áreas urbanas sofrem com deslizamentos localizados e inundações causadas pelo

excesso de chuvas. As áreas rurais na região semiárida são afetadas por secas e incêndios

florestais cíclicos.54

Principais impactos esperados

17. As reformas de política específicas apoiadas por este empréstimo visam as

desigualdades socioeconômicas analisadas previamente e podem contribuir para uma

resposta aos desafios enfrentados pelo Estado da Bahia para reduzir sua pobreza

característica e superar a desigualdade social. Elas devem ter um impacto positivo

significativo em termos de alívio da pobreza e inclusão social no Estado. Os grupos sociais

pobres, extremamente pobres e mais vulneráveis provavelmente terão os ganhos mais positivos

decorrentes das reformas na prestação de serviços públicos e na infraestrutura. Os possíveis

efeitos em favor dos pobres das reformas de política apoiadas por este DPL serão sentidos

primeiramente em função da melhoria no acesso e na qualidade dos serviços de educação e

saúde, bem como das políticas formuladas para promover a inclusão social, controlar a

criminalidade e a violência, incorporar as questões de gênero e combater a violência baseada no

gênero.

18. A expectativa é que as mudanças na educação resultem em efeitos em favor dos

pobres porque o programa Todos pela Educação foi concebido para aumentar a qualidade

do alfabetismo entre os alunos do primeiro e do segundo ano matriculados nas escolas

públicas. A intenção é que o programa supere as enormes dificuldades enfrentadas pelos

municípios, sobretudo os mais pobres, para oferecer um ensino fundamental de boa qualidade. O

programa trata do problema dos baixos níveis de alfabetização, a principal causa dos baixos

resultados do aprendizado e do fraco desempenho em todos os níveis do ensino nas escolas

54

Os desastres informados pelos municípios durante os últimos 20 anos revelam uma média de mais de 140

desastres por ano na Bahia. A coleta irregular de lixo e os sistemas de esgoto precários agravam os efeitos das fortes

chuvas e dos consequentes deslizamentos nas áreas urbanas onde as moradias e a infraestrutura urbana são

deficientes.

136

públicas. As crianças pobres podem beneficiar-se mais da melhoria das aulas de alfabetização

(primeiro e segundo anos). As crianças do primeiro e segundo quintis da classificação por renda

per capita e dos grupos sociais mais vulneráveis precisam da maioria das escolas públicas e

frequentam essas escolas; essas crianças serão os principais beneficiários do programa, pois ele

também visa os municípios mais pobres do Estado. Elas se beneficiarão diretamente da melhoria

do nível de alfabetização dos alunos das escolas públicas, pois verão aumentar as chances de

seguir adiante rumo a níveis mais altos de escolaridade, os quais são bem mais baixos no caso

das crianças pobres egressas da rede pública. A escolaridade apresenta forte correlação com

melhores oportunidades de trabalho e níveis de renda mais altos; assim, a expectativa é que, com

o aumento da probabilidade de os alunos pobres das escolas públicas atingirem níveis de

escolaridade mais altos, eles terão a ganhar indiretamente com a ampliação do acesso a melhores

oportunidades de trabalho e terão mais chance de ter uma renda mais alta. Portanto, no longo

prazo, o Todos pela Educação deve aumentar as chances de as crianças pobres deixarem a

pobreza para trás.55

19. As reformas de política promovidas no setor da saúde também geram os impactos

mais positivos sobre os grupos sociais mais desprovidos. A PSIA demonstrou os possíveis

efeitos em favor dos pobres decorrentes da melhoria do acesso e da qualidade dos serviços de

saúde pública. A PSIA constatou que: (a) as taxas de mortalidade infantil e materna (17,8 por mil

nascidos vivos e 61,3 por 100 mil nascidos vivos, respectivamente) continuam acima das médias

nacionais (13,9 e 55,3, respectivamente); e (b) a falta de assistência médica é a principal razão da

mortalidade feminina na Bahia, o que reflete a baixa cobertura dos serviços de saúde e o baixo

acesso das mulheres a procedimentos preventivos simples e de baixo custo.56

Assim, a

mortalidade materna afeta mais as jovens pobres e afrodescendentes, que, em sua maioria,

dependem dos serviços de saúde pública. A melhoria da qualidade, a expansão da cobertura da

atenção primária de saúde pública nas áreas prioritárias e o fortalecimento da rede de

atendimento materno-infantil do Estado são reformas de política essenciais para reduzir a

mortalidade materna (especialmente a relacionada ao aborto) e obter um impacto claro em favor

dos pobres, pois as mulheres mais vulneráveis são as que mais se beneficiarão das ações

propostas. Ao reduzir a mortalidade materna, essas reformas também levam a uma queda da taxa

de mortalidade infantil, sobretudo da mortalidade neonatal, que atinge com mais intensidade as

crianças dos grupos mais vulneráveis.57

20. Os agricultores familiares pobres nas regiões mais atrasadas do semiárido e os

trabalhadores urbanos inseridos em mercados de trabalho informal e precário terão mais a

55

Embora tenham manifestado todo o seu apoio a esta política, os entrevistados durante a elaboração da PSIA

salientaram — entre as várias restrições que prejudicam a qualidade da educação — o grande número de professores

mal qualificados, os métodos de ensino inadequados, a falta de material didático e a fraca coordenação entre as

esferas de governo (federal, estadual e municipal). O maior temor é que essa fraca coordenação envolvendo os

municípios possa prejudicar a sustentabilidade da política. A participação da sociedade civil e sistemas de

monitoramento adequados estão sendo empregados para atenuar esse risco. 56

Bahia, SEPROMI/CDDM, II Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, op. cit. 57

Bahia, SEPROMI/CDDM, II Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, op. cit. Esse plano estadual foi

construído com a ampla participação de mulheres de várias regiões da Bahia por meio de um conjunto de seminários

municipais, regionais e estaduais realizados em 2007. Os entrevistados manifestaram certa preocupação com a

coordenação horizontal no Governo do Estado e com as ações conjuntas empreendidas com os governos municipais,

as quais são exigidas por esta reforma de políticas e podem fracassar, sobretudo se dependerem da criação de

comitês intergovernamentais, uma experiência que não obteve sucesso no passado.

137

ganhar com as mudanças de política visando a inclusão social e produtiva. Nas referidas

regiões, os agricultores familiares pobres — entre os quais se encontra a maior parte da

população quilombola e dos povos indígenas — poderão se beneficiar mais das reformas de

política relacionadas à inclusão produtiva, as quais contribuirão para o aumento da produtividade

e do acesso a tecnologia, a assistência técnica e ao mercado. O efeito direto esperado dessas

reformas de política é o aumento da renda e do bem-estar de populações rurais pobres. Ademais,

uma vez que as políticas de inclusão produtiva e social poderão fazer circular mais dinheiro nos

mercados locais dos municípios pobres e mais atrasados, a economia dessas regiões também

poderá se beneficiar do aumento da arrecadação de tributos e do reforço da capacidade para

investimentos.58

Nas áreas urbanas, as políticas de inclusão produtiva estão centradas no setor

informal, em que muitos pobres tentam ganhar a vida. Elas também podem ajudar a atacar e

superar as desigualdades de gênero no acesso ao mercado de trabalho formal, as quais

prejudicam a autonomia econômica das mulheres. Por último, as famílias em situação de extrema

pobreza e, em especial, as famílias chefiadas por mulheres, também devem ser beneficiadas pelas

políticas de inclusão social voltadas para elas e ampliar o acesso a serviços sociais, redes de

proteção social e programas de transferência de renda. Assim, essas políticas têm potencial para

promover o crescimento equitativo e reduzir a pobreza.59

21. O programa Pacto pela Vida (PPV), criado para controlar a criminalidade e a

violência, se concentra na redução da violência letal, que afeta, em especial, a população

jovem e afrodescendente pobre. Atualmente, a Bahia é o terceiro pior Estado do Nordeste e o

quinto do Brasil em termos de homicídios. Os jovens (15 a 24 anos) são o grupo mais afetado

pelo agravamento da violência, que está associado principalmente ao aumento do consumo e

tráfico de crack na Bahia nos últimos três anos. A violência associada ao crack afeta os jovens e

os negros de maneira desproporcional, sobretudo os de origem mais pobre. As famílias pobres de

assentamentos de baixa renda na região metropolitana e em outros municípios e, em especial, os

jovens afrodescendentes devem ser os mais beneficiados pelas políticas formuladas para

responder à violência e reduzir a dependência das drogas.60

22. As reformas de política do Governo do Estado da Bahia fortaleceram sua estrutura

institucional destinada a promover a igualdade de gênero. A principal forma de atingir esse

objetivo é a redução das barreiras que prejudicam o acesso das mulheres aos resultados

associados ao mercado de trabalho — mais oportunidades de emprego e aumento da renda do

trabalho. O Estado criou a Secretaria de Políticas para as Mulheres, que pode promover a

incorporação das questões de gênero no setor público e ampliar suas áreas de atuação para outras

questões de gênero prementes na Bahia, como a violência contra as mulheres, a educação sobre

58

O Governo da Bahia também manifestou interesse em melhorar a estrutura logística e institucional dos

transportes, de modo a apoiar o crescimento econômico, integrando a logística, a coordenação dos transportes, o

planejamento e a conectividades das redes. Uma estrutura de transportes e logística adequada desenvolverá ainda

mais os setores agropecuário e industrial, impulsionando o crescimento econômico do Estado. Ao aumentar a

eficiência e a competitividade da economia do Estado, essas políticas fomentarão o crescimento econômico,

ampliando as oportunidades para os pobres. 59

Os entrevistados manifestaram certa preocupação com possíveis deficiências dos parceiros públicos (sobretudo

municípios) e privados para fazer face às exigências financeiras e técnicas do programa. 60

Os entrevistados manifestaram sua preocupação com o processo de coordenação exigido por um programa

multissetorial, bem como com a capacidade das principais entidades e atores para coletar informações suficientes

como insumo para as ações necessárias.

138

gênero e a saúde. O conteúdo dessas políticas tem uma forte tendência em prol dos pobres

porque elas buscam reduzir a desigualdade de gênero e ampliar as oportunidades para as

mulheres mediante a proteção social e o aumento da cidadania. Assim, essas políticas devem

ampliar as oportunidades econômicas, sociais e culturais para as mulheres e, ao mesmo tempo,

estreitar a diferença ocupacional e de salário entre os gêneros, promover a cidadania das

mulheres e reforçar a autoestima desse grupo. Por último, ajudarão a proteger as mulheres

vítimas de violência em casa ou nas ruas e torná-las mais cientes dos seus direitos,

proporcionando-lhes novas oportunidades.61

23. As reformas de política apoiadas pelo DPF foram concebidas para desenvolver a

infraestrutura social, física e institucional para o gerenciamento de riscos e desastres

(GRD). As famílias de baixa renda que vivem em assentamentos informais e em áreas urbanas

de risco podem beneficiar-se mais das políticas que visam a vulnerabilidade a riscos naturais. A

população mais pobre deve beneficiar-se mais das políticas de GRD, pois, historicamente, trata-

se do grupo social que vive nas áreas mais vulneráveis do Estado. A realização de perdas

decorrentes de eventos extremos tem se mostrado vinculada às condições socioeconômicas. A

população mais pobre está mais exposta a eventos climáticos extremos, à perda de bens e à

interrupção de serviços públicos, sobretudo educação e saúde. As políticas para o gerenciamento

de riscos e desastres também devem contribuir para a redução dos custos econômicos e humanos

associados com as secas na região semiárida do Estado. Isso diminiu a vulnerabilidade da

população pobre da zona rural a perdas relacionadas a eventos climáticos adversos e a incêndios

florestais. Assim, essas políticas tendem a proteger as populações mais pobres.62

24. O fortalecimento da gestão do setor público mediante a melhoria dos sistemas de

planejamento e elaboração do orçamento, da gestão financeira e dos recursos, e das

parcerias público-privadas é essencial para que o Estado da Bahia possa alcançar o

crescimento equitativo, a inclusão social e uma economia mais eficiente. Assim, essas

políticas contribuirão para a redução da pobreza e da desigualdade. Primeiro, como os

orçamentos anuais são irrealistas e desconectados das prioridades estratégicas do Governo, ao

adotar novas políticas de planejamento e orçamento e ao melhorar a definição de custos e

distribuição de recursos, o Governo do Estado se beneficiará: (a) da redução dos custos de

transação no setor público, (b) da diminuição dos custos dos serviços públicos e (c) da liberação

de recursos para serem desembolsados de acordo com suas prioridades estratégicas. Assim, a

expectativa é que o Governo do Estado consiga aumentar a eficiência na distribuição de recursos

públicos, preste serviços com mais eficiência e direcione melhor os programas e projetos que

possam beneficiar os pobres e reduzir a desigualdade. Ademais, a melhoria da prestação de

serviços públicos a custos mais baixos pode gerar efeitos distributivos positivos e aumentar o

bem-estar social.

61

Bahia, SEPROMI/CDDM, II Plano Estadual de Políticas para as Mulheres, op. cit. A fraca capacidade

institucional da recém-criada Secretaria de Políticas para as Mulheres é uma das principais preocupações dos

entrevistados. 62

Os entrevistados manifestaram sua preocupação com a capacidade da Coordenadoria de Defesa Civil (CORDEC)

para dar cabo da tarefa principal de promover a cooperação entre os governos municipais, pois ela tem funcionários

insuficientes e carece da maior parte do material cartográfico necessário.

139

25. Segundo, a sociedade se beneficia quando os serviços públicos melhoram e quando a

distribuição de recursos se torna mais eficiente por consequência da melhoria dos

procedimentos tributários. Apesar do crescimento das receitas, também há espaço considerável

para que o sistema de administração tributária do Estado ganhe em eficácia e eficiência. As

mudanças nos procedimentos de arrecadação de tributos seriam uma maneira indolor de alcançar

esse objetivo. Conforme proposto, o fortalecimento da capacidade da administração tributária

pode aumentar o cumprimento das obrigações pelos contribuintes e se baseia na modernização e

automação de processos e mecanismos, sem implicar um aumento da carga tributária sobre os

pobres. Esse aumento do cumprimento deve surtir efeitos redistributivos e favoráveis aos pobres,

pois os segmentos mais ricos da população financiam a melhoria dos serviços públicos e mais

receitas são gastas de acordo com as prioridades. Isso ajuda a fortalecer a governança sem

prejudicar os pobres nem ampliar as desigualdades existentes. Para a sociedade como um todo,

os novos procedimentos tributários criam um ambiente menos favorável à evasão fiscal.

26. A sociedade apoia toda política de gestão de recursos humanos do Estado quando

ela percebe melhorias na qualidade das despesas públicas e na prestação dos serviços

públicos essenciais. As políticas propostas para reforçar a gestão dos recursos humanos podem

melhorar a qualidade dos gastos e serviços públicos e devem contribuir para a elevação do bem-

estar. Para a sociedade como um todo, os benefícios advêm do fato de que a elevação da da

produtividade do funcionalismo público do Estado leva a melhorias na prestação de serviços

públicos estratégicos, aumentando, assim, o bem-estar.

27. Por último, as parcerias público-privadas (PPPs) propostas podem liberar recursos

públicos para serem investidos em outras áreas sociais cruciais. Os investimentos conjuntos

do setor público e privado não apenas garantem a viabilidade de empreendimentos de

infraestrutura econômica e social que beneficiam os pobres, como também liberam recursos

públicos que podem ser investidos para atender a outras demandas sociais cruciais. Esses

investimentos servirão para melhorar a infraestrutura social e econômica, e aumentar o bem-estar

da população. Estarão centrados em uma variada gama de investimentos em infraestrutura, como

estradas, portos, corredores logísticos, transporte de massa em áreas urbanas, além de outros

setores (um hospital, o estádio para a Copa do Mundo, um emissário submarino, uma rede

regional de laboratórios de saúde e centros de reabilitação de detentos). Esses investimentos

ampliarão a gama e melhorarão a qualidade dos bens e serviços públicos e privados,

proporcionando um aumento do bem-estar da população. Assim, o conteúdo dos investimentos

propostos na forma de PPPs contribuirá para a redução da pobreza e da desigualdade por meio da

diversificação e atualização da infraestrutura social e econômica que oferece transporte,

mobilidade, saúde, tratamento de esgoto e entretenimento. Além disso, a etapa de construção

desses empreendimentos gerará empregos para pessoas com pouca qualificação, aumentando os

rendimentos do salário desses trabalhadores situados na faixa mais baixa do perfil de distribuição

de renda. Assim, os projetos de PPPs têm um impacto em favor dos pobres e um efeito

distributivo positivo.

28. Portanto, a conclusão geral da PSIA é extremamente positiva. Todas as políticas

resultam claramente em benefícios para os pobres, sobretudo no médio e longo prazo. Embora as

pessoas entrevistadas tenham apontado alguns desafios, as consultas indicaram que não há uma

oposição significativa a nenhuma das políticas visadas.

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ANEXO 6: MAPA