TEXTO 2 - 6º Ano

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA COMBA DÃO Rede Concelhia de Bibliotecas de Santa Comba Dão Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos CONCURSO DE LEITURA CONCELHIO2012 2ª FASE TEXTO N.º 2 – 6º ANO E também ria quando olhava para o piano, mancha negra a transbordar da casa. - Enche a casa toda – dizia a mãe. - Raio de ideia – dizia o tio António. - Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si… - dizia o piano. Paulina recorda todos os momentos desse dia. Os homens tocaram à campainha logo de manhã cedo, ela sentia ainda os olhos piscos de sono por dormir. A mãe abriu a porta e disse: - É o piano. Só isso: - É o piano. Como se a chegada de um piano, às oito da manhã, a uma casa de três assoalhadas num terceiro andar, fosse a coisa mais natural deste mundo. Paulina olhou espantada para a mãe, mas esta continuava a sorrir e, mais uma vez, disse apenas: - É o piano. Como se dissesse: - É o merceeiro. Ou: - É o padeiro.

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2ª FASE TEXTO N.º 2 – 6º ANO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA COMBA DÃO Rede Concelhia de Bibliotecas de Santa Comba Dão Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos Ou outra coisa assim tão natural. - Qual piano? – perguntou Paulina, o sono dos olhos rapidamente substituído por uma curiosidade sem limites. VIEIRA, Alice, PAULINA AO PIANO, Caminho, Lisboa, 1987

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTA COMBA DÃO Rede Concelhia de Bibliotecas de Santa Comba Dão Biblioteca Escolar/Centro de Recursos Educativos

CONCURSO DE LEITURA CONCELHIO2012

2ª FASE TEXTO N.º 2 – 6º ANO

E também ria quando olhava para o piano, mancha negra a transbordar da

casa.

- Enche a casa toda – dizia a mãe.

- Raio de ideia – dizia o tio António.

- Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si… - dizia o piano.

Paulina recorda todos os momentos desse dia.

Os homens tocaram à campainha logo de manhã cedo, ela sentia ainda os

olhos piscos de sono por dormir.

A mãe abriu a porta e disse:

- É o piano.

Só isso:

- É o piano.

Como se a chegada de um piano, às oito da manhã, a uma casa de três

assoalhadas num terceiro andar, fosse a coisa mais natural deste mundo.

Paulina olhou espantada para a mãe, mas esta continuava a sorrir e, mais

uma vez, disse apenas:

- É o piano.

Como se dissesse:

- É o merceeiro.

Ou:

- É o padeiro.

Ou outra coisa assim tão natural.

- Qual piano? – perguntou Paulina, o sono dos olhos rapidamente substituído

por uma curiosidade sem limites.

VIEIRA, Alice, PAULINA AO PIANO, Caminho, Lisboa, 1987