Dia municipal da igualdade

O DRAGÃOLuísa Ducla Soares

O DRAGÃO

• Esta é uma história de amizade entre criaturas diferentes: uma menina e um dragão.• Ching-Ling, a menina que acreditava em dragões, acidentalmente,

encontrou uma pequena criatura no meio do chão…era um pequeno dragão! Um recém nascido .• Que haveria ela de fazer? Abandoná-lo? Protegê-lo?• Guardou-o em segredo num frasco de bolachas com furinhos e levou-

o para a sua coleção de répteis.

O DRAGÃO

• Ching-Ling adoeceu profundamente.• Foi hospitalizada, mas antes libertou os animais, exceto o dragão que

arrumou-o no bolso e levou-o para o hospital.• O dragão dormia debaixo dos lençóis e alimentava-se de restos e de

migalhas. • Certo dia houve uma grande confusão no hospital: tinham

desaparecido perigosos medicamentos – para fazer crescer anões, outros para desenvolver o cérebro e para acalmar os loucos.• Trinta polícias invadiram o hospital e nada encontraram.

O DRAGÃO

• Pouco tempo depois, Ching-Ling voltou a casa, levando o pequeno companheiro na algibeira.• O dragão cresceu abruptamente, quando abria a boca um bafo

quente enevoava o ar, compreendia todas as palavras, obedecia a todas as ordens, aprendeu a ler e o seu apetite tornou-se devorador.• Para evitar que os pais descobrissem a sua existência lá em casa,

Ching-Ling passou a arrumar o quarto, a estudar e a trazer boas notas para casa. Assim, despistava os pais.• Mas o inevitável aconteceu, encontrando a porta entreaberta, o

dragão saiu para a cozinha e foi descoberto pela mãe da menina.

O DRAGÃO

• O susto foi de tal forma grande que os pais de Ching-Ling ficaram pálidos. Enquanto a menina tentava acalmá-los, com uma chávena de chá, o dragão apagava o lume apenas com um sopro e abanava o berço do bebé com a cauda, deixando-o extasiado de contente.• Ching-Ling pediu aos pais que não tivessem medo e, enquanto

jantavam, contou-lhes a historia do animal.• Embora pouco convencidos, a verdade é que acharam a refeição

preparada pelo dragão deliciosa.

O DRAGÃO

• O pai ordenou que o animal teria que ir embora no dia seguinte, mas, ainda o sol não raiava, já o dragão estava a cavar os canteiros.• Num outro dia, precisando de ir à floresta apanhar lenha, levou o

animal até à “ Clareira dos Dentes de Dragão”, onde foi surpreendido com a rapidez com que o dragão deitava abaixo as árvores secas, cortando-as com a serra da sua cauda.• O pai começava a ficar convencido de que o dragão era mesmo útil.

Assim foi ficando, fazendo as suas melhores habilidades.• Quando levava Ching-Ling à escola, as crianças ficavam deliradas.

Todas queriam montar o animal.

O DRAGÃO• A professora, que não acreditava em dragões, assim que o viu,

desmaiou. Logo que acordou, ordenou, gaguejando, que o bicho tinha de ir para o jardim zoológico.• Mas as crianças gostavam dele. Diziam que servia de escorrega, de

aquecedor e que era lindo para desenhar.• Vendo a alegria dos alunos, a professora acabou por ceder, deixando-

o permanecer na escola naquele dia. Mas logo foi dizendo que iria para o jardim zoológico no dia seguinte.• A sua fama foi tanta entre as crianças que a República da China

considerou-o Património Nacional.

O DRAGÃO

• A notícia da sua existência alastrou-se por todo o mundo. Todos o queriam ver. Foi metido numa grande jaula, onde se cobravam 100 yuans por visitante.• O dragão deixou de fazer as suas habituais atividades. Ali fechado,

observava as caras de quem passava e, de vez em quando, vertia duas lágrimas pelo seu rosto.• Dada a sua fama, também Ching-Ling passou a ser reconhecida.• Muitos sábios tentaram saber mais acerca da sua descendência. Quando

o famoso Dr. Nabiça, da Universidade de Coimbra, procedeu a rigorosas análises clínicas, descobriu que nas suas veias corria uma enorme quantidade de vitaminas e produtos químicos. O bicho iria morrer intoxicado?

O DRAGÃO

• Depressa, o dietista francês Lagarton estudou a composição do lixo dos caixotes chineses.• Mas o dragão continuou a crescer, atingindo os 150 metros. Foi

necessário aumentar a jaula e a cerca.• Entretanto, Ching-Ling, sozinha no seu quarto, recordava aquela noite

no hospital em que o dragão se enfardou de pílulas, cápsulas e comprimidos. Claro que isso nunca iria contar a ninguém, pensava ela.• Os meses foram passando e em casa de Ching-Ling todo o trabalho

estava por fazer. Não havia dragão que ajudasse. Até para a escola a menina tinha de ir a pé. Estava triste.

O DRAGÃO

• Aproximava-se da cerca, mas não tinha dinheiro para entrar.• Certo domingo, conseguiu furar e correu até às grades. No meio de

tanta gente extasiada, o dragão não se movia. A pele estava baça e os olhos húmidos, parados e fundos.• Foi então que a menina se aproximou da cerca e chamou por ele. O

monstro levantou pesadamente a cabeça, procurando aquela voz.• Ching-Ling não hesitou e esgueirou-se por entre as barras de ferro,

abraçando o seu pobre amigo, deixando o público excitado.• A menina passou levemente os dedos pelas suas escamas e abraçou-o

novamente, pedindo-lhe que fugisse para se tornar livre.

O DRAGÃO• Nesse mesmo instante, um relâmpago de fogo derreteu a jaula e o

dragão abriu as suas enormes asas, voando alto e longe.• A partir desse dia, nunca mais ninguém o encontrou.

Trabalho elaborado por:Júlio Cabral, n.º 8, 5.º B