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8/7/2019 rodrigo silva et al 2006_socialistas utópicos http://slidepdf.com/reader/full/rodrigo-silva-et-al-2006socialistas-utopicos 1/7 FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS SOCIALISTAS UTÓPICOS RODRIGO SILVA ANDRÉ LUIS LUIZ KONSE ADRIANO NOELLI RIO GRANDE, 03 DE JULHO DE 2006

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDEDEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E

CONTÁBEIS

SOCIALISTAS UTÓPICOS

RODRIGO SILVAANDRÉ LUISLUIZ KONSE

ADRIANO NOELLI

RIO GRANDE, 03 DE JULHO DE 2006

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 para a progressiva modificação da sociedade econômica existente. Trata de transformá-lacorrigindo algumas de suas falhas essências como a instituição do lucro. Para Owen, olucro era um dos vícios mais graves e perniciosos da economia e simbolizava adesigualdade social. E quando o lucro se integrava ao preço de custo, tornava impossível aooperário a aquisição de seu produto de trabalho, e acarretando o subconsumo que para

Owen era a principal causa das crises. Então Owen elabora um plano que trocaria o salário por um bônus de trabalho (labour notes), estes bônus eram medidos em relação às horastrabalhadas pelo operário e de certo modo faria com que os produtos tivessem um preço justo. Mas o plano de Owen mais uma vez não vingou, porque os proprietários procuravamelevar o preço dos produtos. Além disso, os associados começaram carrear para a bolsa de produtos de difícil venda e a troca tornou-se impossível. Neste momento Owen conclui queera perigoso organizar as trocas pretendendo dispensar o mecanismo de preços e não levar em conta a lei da oferta e da procura. Logo, o lucro não tem relação com o instrumento detroca, de forma que a existência do lucro é natural. Neste momento Owen se abate pela primeira vez. Porém, não deixa de lutar e difunde suas idéias através de palestras e livroscomo “O catecismo moral” e artigos escritos em jornal.

Embora contenham as suas tentativas uma parte utópica, as idéias de Owengeraram efeito. Com toda essa luta junto aos empregadores e ao governo, foi Owen o  percussor de inúmeras realizações de iniciativas das instituições patronais e de umalegislação trabalhista como a atualmente introduzida em todos os grandes paises.

CHARLES FOURIER 

Fez a crítica à sociedade francesa e à “civilização”, concebendo um sistemaeconômico baseado na livre associação de indivíduos, capazes de se entregar ao jogoharmonioso das paixões como reação ao individualismo, produto do liberalismoeconômico. Suas idéias preconizavam que a libertação passional é a condição para o

 progresso material e intelectual. Deste modo, desprezava as idéias coletivistas, por valorizar que o talento individual poderia ser recompensado segundo um sistema complexo de “elossocietários” chamados de falange, que agrupados formariam os “falanstérios” – união da palavra falange e monastérios (Konder, 1998:12). Seriam edifícios societários com umaarquitetura adequada à diversidade de setores e trabalhos voltados para se produzir emharmonia.

Para o autor, sob os “falanstérios”, o homem estaria livre de contradições e plenamente integrado com a sociedade. O desencadeamento pacífico das paixões humanas – e não o aspecto doutrinário e religioso do associacionismo – é a condição primeira e oaspecto revolucionário do seu pensamento. Propunha mudanças sociais sutis etransformações humanas profundas, através de uma leitura do real, mesclando a sátira ao

racionalismo burguês com uma interpretação histórica e dialética.Em resumo, apresenta-se o Fourrierismo como uma doutrina socialista,

associacionista e liberal. Socialista, em virtude de transformar o regime da propriedade privada e ainda por afirmar o direito a subsistência e ao bem-estar a que faz jus ao nome.Associacionista, em razão do meio preconizado e buscado para fazer desaparecerem asfalhas de organização existente. E liberal pela sua constante apologia da liberdade sob todasas suas formas.

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SOCIALISMO ASSOCIACIONISTACORRENTE AUTORITÁRIA

A corrente associacionista Autoritária, Louis Blanc vai exigir a intervenção do

estado para que possa a associação modificar o ambiente econômico e social.Louis Blanc queria, de fato, o desaparecimento do regime de livre-concorrência,como meio de melhorar sorte, não apenas de uma das parte componentes da sociedade(osoperários), mas também da própria burguesia. Sem exceção na sociedade, iguais direitos avida, ao trabalho e a um bem estar cada vez maior. Mas, na verdade, para que cada um  pudesse desfrutar da liberdade, seria indispensável que o direito da propriedade privada(direito natural) coubesse naturalmente a todos.

O regime de concorrência tende a separar, no setor de produção, os detentoresdos instrumentos de produção dos que, com o seu trabalho, os põe em ação. Louis Blancvisualiza a criação de um meio no qual possa cada um ser co-proprietário dessesinstrumentos de produção, este ambiente seria a associação.

Esta associação seria feita sob a forma de uma “oficina social”. E estaasseguraria, através de seu desenvolvimento e expansão de associação e a vitória sobre oregime de livre concorrência.

ORGANIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO

Apresenta-se a “oficina social” como uma associação profissional; cada oficinacomporá de trabalhadores do mesmo ramo da produção. Todos serão admitidos sobcondições de apresentarem “garantias de moralidade”, não devendo ultrapassar o seunúmero de capacidade de aquisição de meios de produção, por parte das diferentes oficinas.Surge a necessidade de interferência do estado para a constituição da associação.

De inicio, adquirirão as oficinas os instrumentos necessários à produção, comoos capitais fornecidos pelo governo. Terá também capital privado investido, pois asoficinas, pois as oficinas podem trazer recebimentos ao investidor.

Mas a interferência do estado seria sempre obrigada, uma vez que lhe cabia falar   pelos cumprimentos dos estatutos da oficina, estatutos esse cujo fiel cumprimento éassegurado através de uma fiscalização.

  Na produção, seria possível remunerar-se, em uma só oficina, profissõesdiferentes, tendo em vista o melhor aproveitamento, no setor de técnica. A produção seria para venda.

EXPANSÃO DA ASSOCIAÇÃO

Lois Blanc não duvida por um momento sequer de sair a oficina social vitoriosana luta contra a oficina livre. Alias, a vitória deveria ser obtida sem demora, sem violênciade modo completo, dando ao estado o pleno domínio da produção.

Louis Blanc, na sua opinião, o desaparecimento das empresas privadas dar-se-ia  por si mesmo, pois, vencidas pelas oficinas, desapareceriam na luta a liberdade de  produção, ou então, voluntariamente quando, reconhecendo as empresas livres à

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superioridade de associação, exigissem a sua própria absorção. Como quer que fosse, aoficina seria vitoriosa, e isso em um período de tempo relativamente curto.

Mas o fato este não constitui o alvo definitivo, então apenas, um simplesinstrumento provisório, o qual serviria para apenas se assemelhar o estado da industria ou,em suma, para se criar uma sociedade comunista. Os argumentos apresentados por Louis

Blanc não são suficientes para que se possa admitir o êxito de sua oficina. Falta ao sistemaBlanquista precisão em vários pontos.

SOCIALISMO INDUSTRIALISTA OU SANSIMONISMO

Dentre as correntes “produtivas”, o Sansimonismo ou Socialismo Industrialista éa mais interessante e característica.

Saint Simon encabeça essa corrente doutrinária. Suas idéias são, no decorrer dotempo, reaproveitadas, revisionadas e, por vezes, alteradas. Suas idéias e as de seusdiscípulos às vezes confundem-se e devemos tratá-las em conjunto.

CONCEPÇÃO GERAL DE SANSIMONISMO

Saint Simon tomou como partida a obra de Condorcet e tentará realizar síntesesdos conhecimentos gerais alicerçados em uma moral positivista.

Esta observação histórica imprimirá ao Sansimonismo uma de suascaracterísticas fundamentais: “a doutrina não vai estudar os problemas econômicos esociais em função do homem tomado como indivíduo isolado, mas examiná-lo em seuquadro social, ou seja, como ser pertencente à determinada coletividade e subordinado àsleis de evolução e organização” ·

O Sansimonismo é uma ciência positiva, uma “física social”, que permitirá prever o futuro. Não vão à busca da liberdade, pois ela parece uma noção negativa.

A lei necessária a essa revolução é o industrialismo, sistema pelo qual eleentende fazer a distinção entre o Liberalismo e o seu sistema.Trata-se, pois, de uma regra de interesse geral e de justiça onde todo homem se

dedica à tarefa ou trabalho para o qual está mais apto. No desenvolvimento da indústriaconsiste a lei de organização da humanidade e seu aperfeiçoamento objetivo colimado atéque atinja a produção máxima, etapa que significará um novo mundo.

A OBRA CRÍTICA DO SANSIMONISMO

Formula a produção através: “a cada um segundo a sua capacidade, a cada umsegundo as suas obras”.

A causa da má organização reside na ordem jurídica, no direito de sucessãohereditária com todas as suas conseqüências prejudiciais nos campos da produção e darepartição. De modo algum se assegurará o reconhecimento da capacidade de cada um (ouos homens são capazes ou aptos).

A crítica sansimonista se decompõe na seguinte maneira: o direito de sucessãohereditário distribui ao acaso a propriedade dos meios de produção.

A OBRA CONSTRUTIVA DO SANSIMONISMO

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É autoritária pelo espírito; é coletivista pela forma à qual aderem seusdiscípulos. É autoritário por não achar que o liberalismo um remédio para a diminuição dos“ociosos”. E é coletivista por acrescentarem às idéias de restauração da autoridade e predomínio dos mais capazes a idéia de supressão da propriedade privada e abolição do

direito da sucessão hereditária.A INFLUÊNCIA DO SANSIMONISMO

A influência imediata atuou sobre as elites e estas responderam aos seus apelos.O Sansimonismo é um socialismo que não se dirige à classe proletária.

O reconhecimento vai, afinal, exercer influência sobre os fatos através do princípio que o anima, isto é, o industrialismo.

O Sansimonismo foi assim definido por GLIDE e RISTE: “Constitui o germe dequase todas as idéias críticas e construtivas, características do socialismo no decurso doséculo XIX”.

O SOCIALISMO DE TROCAS OU PROUDHONISMO

O Socialismo de trocas foi pensado por Proudhon, francês, nascido em 1809.Ele buscava uma sociedade baseada na justiça (sinônimo de igualdade e liberdade) eacreditava que o que deveria ser corrigido não mais a produção ou repartição, mas acirculação, ou seja, as trocas. Na sua obra ele criticava o Liberalismo, mas também aoSocialismo.

Ao criticar o Liberalismo, ele criticava a propriedade privada. Mas ele via essa propriedade tanto como um bem quanto como um mal, justa e injusta: o que ele chamou de paradoxo do liberalismo.

Para Proudhon a propriedade privada era justa, pois acreditava que era de direitodo homem as coisas que conseguisse com seu trabalho, como a propriedade. Assim, via,como os liberalistas (era um defensor extremo da liberdade), a propriedade como pedrafundamental da sociedade.

Mas ele também via a propriedade privada como um roubo. Isto porque, paraele, a propriedade total era finita, e depois que ela acabasse – toda ela já tivesse um proprietário – os que chegassem depois, sem direito à propriedade, teriam que alugá-la dosque a possuem. Nesse aluguel, teriam que pagar juros, e os donos das propriedadesganhariam sem trabalhar.

Ele achava que isso não tinha sido percebido até agora, e repudiado, por um errode percepção: as pessoas recebiam o valor de seu trabalho; mas o trabalho das pessoas

coletivamente gerava mais valor do que o trabalho individual. E esse valor a mais, que nãoera facilmente observado pelo povo, se destinava aos donos das propriedades. E é essevalor, o receber sem trabalhar, é que deve ser eliminado para Proudhon, e não a propriedade privada.

É nesse ponto que ele critica o socialismo, que defende o fim desta propriedade.Segundo ele, a propriedade privada é fundamental para o progresso da economia, viaincentivos. Assim, o socialismo substituiria um problema por outro, não alcançando, portanto, a justiça. “... la propriété, c’est l’exploitation du faible par le fort, la communauté,

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c’est exploitation du fort par le faible” (a propriedade é a exploração do fraco pelo forte, ocomunismo é a exploração do forte pelo fraco).

 Necessário seria, pois, conservar a propriedade privada no que ela tinha de bome corrigir seus problemas, chegando assim a um equilíbrio.

E para acabar com aquele rendimento sem trabalho primeiro argumentou que a

forma mais comum de capital é a moeda. E assim chegou à conclusão de que a chave é oempréstimo sem juros, o crédito gratuito. Realizar-se-ia o objetivo: o trabalho sem rendaseria eliminado e a propriedade privada assegurada (não explica como continua valendo oincentivo a esta). Propõe, assim, a criação do banco de trocas.

O BANCO DE TROCAS

Este banco seria uma associação, em que não entraria capital, mas circulariambônus, não conversíveis em moeda, mas em produtos dos associados. Quando alguémquisesse um empréstimo, lançaria esses bônus, sem juros, e pagaria com as mercadorias que produzisse.

Achava Proudhon que isso incentivaria a produção (mudança de ordemeconômica), pelo homem ter a satisfação de ter toda a indústria, sendo incentivado a produzir. Também acabaria com as lutas de classes (mudança de ordem social), com o fimdo rendimento sem trabalho. E com essa justiça nas trocas, com todos produzindo, toda arenda vinda do trabalho, e, mesmo assim, a manutenção da propriedade privada, osgovernos tornar-se-iam inúteis: não se precisa mais dos governos para garantir a justiça.Tem-se assim a mudança de ordem econômica, partindo da liberdade, daí para omutualismo, e, por fim, ao anarquismo.

Mas essa idéia de crédito gratuito generalizado de Proudhon é irrealizável na prática. Isso devido desde a estabilidade do preço dos bônus até que isso não iria realmenteacabar com o rendimento sem trabalho.

E o que mais se aproveitou do Proudhonismo foi seu lado espiritualista (buscade justiça).

CONCLUSÃO

Tendo como linha de raciocínio as teorias mostradas anteriormente, nota-se queesta escola, se é que pode ser assim chamada, não apresenta uma linha de pensamentocoesa entre todos os pensadores desse socialismo utópico.

Além disso, a teoria não se mostra inteiramente aplicável à realidade, por isso onome utópico. Mesmo com todas as tentativas de aplicação dessas idéias, como as

tentativas de Robert Owen, por exemplo.E como exemplo das divergências internas entre seus pensadores, temos Saint-Simon defendendo o autoritarismo e Proudhon a liberdade.

E é o espiritualismo que possibilita incluir todos em um mesmo grupo. Este está presente em Owen, Fourier, Luois Blanc, Saint-Simon e, mais completo, em Proudhon.

BIBLIOGRAFIA

HUGON, Paul. História das doutrinas econômicas. Atlas, 1984, 14ª ed.