Revista Petrópolis
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Vitral
[ ]+Tesouros da Arquitetura
Entrevista
Chef Barão
Carmelo de São José
Indicados
Prêmio Maestro
Guerra-Peixe
anosde cultura
produção cultural
espec
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Chopin e Mozart
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35 anos
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 2012 03
1º C
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et
investidora cultural
arte e entretenimentoclasse artística
artistas franceses
O ano começou com uma grande comemoração para
a Cultura. Dia 30 de janeiro, o Centro de Cultura Raul
de Leoni comemorou 35 anos levando arte e
entretenimento para petropolitanos e turistas.
Principal polo cultural da cidade e maior Centro
Cultural do interior do Estado, é o grande espaço de
divulgação e experimentação da classe artística
local. Ele abriga a Biblioteca Central Municipal
Gabriela Mistral – terceira maior biblioteca do Estado,
com acervo de 140 mil volumes. Para contar um
pouco sobre esta história, a REVISTA PETRÓPOLIS
deste mês apresenta aspectos do Centro de Cultura,
esta moderna construção dos arquitetos Césare
Migliari e Edmundo Lustosa, com todas as
contradições que envolvem o ousado complexo
cultural, cujo fluxo de usuários chega a 300 pessoas
por dia.
Já na entrevista desta edição, nossa equipe
conversou com o Chef Barão, um jovem
empreendedor que aos 17 anos de idade decidiu
enveredar pela gastronomia e logo conquistou vários
centros como Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre,
Montevidéu e até Paris. Seguindo com seu talento de
transformar novas ideias em apetitosos pratos, ele é
o coordenador em Petrópolis, do 1º Circuito Serrano
Bier Gourmet, que teve início em janeiro e vai até dia
29 de fevereiro. Realizado também em Teresópolis e
Nova Friburgo, o evento envolve cerca de 70
participantes entre, restaurantes, bistrôs, bares,
pousadas e hotéis.
Os chefs criaram pratos especiais que combinam
com os mais diferentes tipos de cerveja, tanto as
comuns quanto as artesanais. O objetivo do Circuito é
transformar o Circuito em um atrativo para o verão na
região serrana, atraindo mais turistas. O evento é
uma realização da Secretaria de Estado de Turismo e
a TurisRio, em parceria com as prefeituras e os
Conventions Bureau de cada cidade.
Em Tesouros da Arquitetura apresentamos o
Carmelo São José, Convento das Carmelitas,
construção que levou mais de 40 anos para ser
concluída e possui uma especial relíquia : a única
imagem de N.Sª da Saudade existente no mundo,
esculpida e ornada em ouro por artistas franceses.
Sua capela possui uma peça inteira de mármore
revestindo o interior, técnica considerada raríssima.
A REVISTA PETRÓPOLIS divulga também a lista dos
indicados ao Prêmio Maestro Guerra-Peixe de
Cultura. A produção cultural local em 2011 foi
bastante fértil e o destaque ficou para a categoria
Literatura que contou com 34 livros apreciados pela
comissão julgadora. Uma surpresa foi a indicação da
GE CELMA na Categoria Especial pela sua atuação
como investidora cultural; Myrian Dauelsberg será a
h o m e n a g e a d a n a c a t e g o r i a “ N o t ó r i o
Reconhecimento”. A novidade deste ano ficou por
conta da extinção da categoria Canto Coral e a
subdivisão da categoria Música, em Música Popular e
Música Erudita. Os coros, que não tiveram nenhuma
indicação este ano, passaram a concorrer nestes
dois segmentos musicais de acordo com o repertório
apresentado.
A Bisbilhoteca traz a história da pianista Magdalena
Tagliaferro, renomada pianista petropolitana que aos
nove anos de idade já executava Chopin e Mozart. A
Fundação Magda Tagliaferro, em São Paulo, mantém
viva sua memória, bem como o incentivo aos jovens
pianistas.
História, Cultura e muito mais
A REVISTA DA CULTURA E DO TURISMO
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da cidade em tempo real.
@revpetropolis@revpetropolis
Tesouros da Arquitetura
Texto: Marilízia de Azevedo
Fotos: Isabela Lisboa e Roberta L.P.Armelin
traz, pelo menos, três tipos da pedra. Ao centro está a estátua
de São José e nas laterais estão Santa Tereza de Jesus e São
João da Cruz, todas importadas da França.
Mas o que chama mais atenção é a imagem de Nossa
Senhora da Saudade que atrai pessoas de várias partes do
mundo. Esculpida em mármore de Carrara, a escultura da
Rainha dos Mártires mede 1,66 metros de altura, fora a sua
base; as joias que a ornamentam - sua coroa de saudades, o
gládio no peito (espada cravada) e o terço pendente na mão
direita, foram trabalhadas pelo joalheiro francês Armand
Rivier e confeccionadas em ouro. O monumento foi
inaugurado em 1929, dentro da clausura e pode ser visto
através de grades. Executada em Paris pelo
escultor Charles Desvergnes, “Grande Prêmio
de Roma”, ela é delgada, elegante e ao mesmo
tempo majestosa; sua expressão é mística e
também celeste com seu leve sorriso
melancólico. A bela imagem foi oferecida por
uma dama que obteve graças da Santa e preferiu
permanecer no anonimato.
Hoje o Carmelo de São José é uma relíquia
da Diocese de Petrópolis e da cidade, onde
se sabe que as irmãs carmelitas gozam de
plena liberdade em busca da perfeição
espiritual, separadas e ao mesmo tempo
unidas ao mundo inteiro.
Mas os tempos mudaram um pouco,
lembra a Irmã Pilar, administradora do
Carmelo de São José, que para
desempenhar suas funções precisa
ter contato com a sociedade. Quando
ela entrou para a vida religiosa, nem
telefone havia. Hoje a comunicação é
uma necessidade.
partadas do mundo para melhor se unirem a Cristo,
as Irmãs Carmelitas Descalças têm sua fé
abrigada num interessante mosteiro em
Petrópolis, o Carmelo de São José. Seu claustro é
motivo de curiosidade para muitos e sua capela
guarda a única imagem de Nossa Senhora da
Saudade existente no mundo. Trata-se de uma edificação
especial, cujas características arquitetônicas da fachada
mereceram, em 1998, o tombamento pelo INEPAC—Instituto
Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural.
Atualmente, com 17 Irmãs Carmelitas lideradas pela Madre
Superiora Maria de Jesus, o Carmelo de São José funciona
num imenso prédio, com cerca de 50 cômodos, entre
dormitórios e quartos de ofício. Trata-se de uma grandiosa
construção cujas obras transcorreram à custa de muito
trabalho e enormes sacrifícios das primeiras madres e irmãs.
O Carmelo de São José teve início na cidade de
Campanha—MG, em 1911 e, dois anos depois se transferiu
para Petrópolis. Aqui as irmãs instalaram-se em duas casas
e, em 1920, foi adquirido o terreno na Avenida Barão do Rio
Branco para a construção do mosteiro.
Em 04 de agosto de 1938, as Irmãs Carmelitas se mudaram
para o novo prédio, que seria concluído somente em 1961,
com o fechamento do claustro. O apostolado destas irmãs é a
oração e o silêncio e, para isso, a clausura é a característica
principal do Carmelo. Aí se insere uma curiosidade que
poucos conhecem: as portas que dão acesso à parte externa
do prédio possuem fechaduras apenas pelo lado de dentro,
de forma que ninguém possa entrar nas áreas reservadas
para a clausura das religiosas.
O público que desejar conhecer o Carmelo de São José irá ao
encontro de muito mais do que um templo de fé. A capela rica
em mármores possui, segundo o engenheiro Luis Antonio
Alves de Souza que, recentemente orientou alguns reparos,
uma peça inteira de mármore utilizada para o revestimento
das paredes, coisa raríssima, além do chão que
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 2012 05
Serviço:
Carmelo de São José - Convento das Carmelitas
Av. Barão do Rio Branco, 1164, Centro, tel: (24) 2242-3434
Capela aberta ao público, com missas:
de segunda a sexta-feira às 18h;
aos sábados e domingos, às 8h.
No lastro do sucesso do 1º Petrópolis Jazz e Blues Festival realizado
ano passado no Palácio de Cristal, a Promove Arte & Eventos realiza
de 02 a 05 de fevereiro no Theatro D. Pedro, o Festival MPB Petrópolis.
A ideia é proporcionar “encontros” inusitados como, por exemplo, da
japonesa Mako que interpretará músicas de alguns dos melhores
compositores brasileiros como Cartola, Noel Rosa, etc. O festival também
conta com homenagens a grandes nomes da MPB como Dorival Caymmi e
Baden Powel, com apresentações de Danilo Caymi e Marcel Powel
respectivamente. Os ingressos estão à venda no teatro e no site ingressorapido.com.br, a
R$ 30,00 inteira e meia R$ 15,00. O evento conta com o apoio da Fundação de Cultura e Turismo de
Petrópolis.
Biblioteca atualiza acervo com 3.500 livros novos
A rede hoteleira de Petrópolis conta agora com 4.354 leitos. Foi
inaugurado em janeiro, o Dom Pedro II Pousada e Hotel, com 12
quartos. Seu diferencial é o café da manhã, baseado num
cardápio mais natural. Suas suítes com camas king size contam
também com aparelhos de TV de Led, frigobar, e uma suíte com
hidromassagem.
Um coquetel para gestores públicos e agentes ligados ao turismo
na cidade abriu o novo hotel, que veio acrescentar para a cidade
mais 26 leitos e já conta com 50% de ocupação para o carnaval.
Bem localizado, o Dom Pedro II Pousada e Hotel fica na Av. D.
Pedro I, 152, no Centro Histórico de Petrópolis.
A Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral acaba de ser beneficiada pelo
Programa de Atualização e Ampliação de Acervos das bibliotecas de acesso
público, através do cadastro do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas.
Através do Cadastro Nacional de Livros de baixo custo de algumas editoras,
serão disponibilizados 10.800 títulos a R$ 10,00 cada, em áreas diversas. A
Biblioteca Municipal de Petrópolis poderá adquirir até 3.500 títulos, após ter
vencido dois editais. No total a verba destinada para a atualização do acervo
será de R$ 36 mil reais.
1º Festival de MPB Petrópolis
Inauguração do Dom Pedro II Pousada e Hotel
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 201206
Foto: Isabela Lisboa
Foto: Isabela Lisboa
Abertura da temporada hípicaEstá aberta a temporada hípica na Serra. O Cavaleiro Olímpico Luiz Felipe
de Azevedo promoverá uma clínica durante o período de férias escolares,
destinadas àqueles que pretendem se aperfeiçoar ou iniciar no esporte.
Será no FAPE Multisalto entre os dias 9 e 12 de fevereiro. As vagas são
limitadas e as reservas podem ser feitas através do tel: (24) 9236-5209,
com Débora ou pelo e-mail [email protected].
Já o tradicional concurso do Manège Sportiello acontece no dia 24 de
fevereiro, em Araras, na Estrada Bernardo Coutinho nº 8.150. Estão
programadas três provas abertas.
Projetos turísticos recebem verbas federaisA Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis captou para 2012, um total de R$ 4 milhões e
120 mil reais junto aos Ministérios da Cultura e do Turismo. As verbas serão aplicadas em
diversas melhorias distribuídas por todo o município e serão destinadas aos seguintes
projetos: construção da Praça do Esporte e da Cultura, na Posse, verba de mais de R$
2 milhões; sinalização turística, verba de R$ 300 mil; revitalização do Bosque do
Imperador e dos seis Centros de Informação Turística, verba de R$ 600 mil; Centro de
Convenções e Arena Multiuso em local a ser definido, verba de R$ 500 mil;
Estruturação de Circuitos Turísticos Ecorrurais, verba de R$ 500 mil; Requalificação
da Praça de Nogueira, verba de R$ 200 mil.
Carnaval faz homenagem ao cartunista LanDe 17 a 21 de fevereiro a Petrópolis Imperial entra no clima do samba, trazendo uma
intensa programação de Carnaval nos bairros e distritos da cidade. Na passarela
montada na Rua do Imperador a homenagem, este ano, será para o Cartunista Lan
que, completará no dia 18 deste mês, 87 anos de idade. Residente em Pedro do Rio há
36 anos, Lan nos presenteia há mais de 50 com seus desenhos cheios de curvas e
bem humorados. Com seu olhar único, eles retratam o nosso cotidiano e as paixões
que fizeram este italiano brasileiríssimo nunca mais deixar o Rio de Janeiro: o futebol,
o samba e as mulheres.
Foto: Isabela Lisboa
Um dos pontos altos da Serra Carioca é sua gastronomia. Desta forma, as Prefeituras de Petrópolis,
Teresópolis e Nova Friburgo, através de suas Secretarias e os Conventions Bureau locais, em parceria
com a Secretaria de Estado de Turismo e a TurisRio desenvolveram um atrativo especial para este
Verão: o 1º Circuito Serrano Bier Gourmet.
Restaurantes, Pousadas, Hotéis, Bares e Bistrôs vão oferecer até o dia 29 de fevereiro, pratos especiais harmonizados
com os mais variados tipos de cerveja e/ou que tenham cerveja no seu preparo.
Confira os restaurantes participantes em www.circuitoserrano.blogspot.com.
1º Circuito Serrano Bier Gourmet
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 2012 07
Foto: Isabela Lisboa
Foto: divulgação
rincipal polo cultural da cidade e maior centro
cultural do interior do estado, o Centro de Cultura
Raul de Leoni tem sido o grande laboratório da
classe artística petropolitana, abrigando as mais
variadas manifestações produzidas na Petrópolis
Imperial, além de ser o principal local de exposições de artes
visuais da cidade.
Inaugurado em 1977, até hoje o prédio construído em
concreto aparente e vidro fumê suscita polêmica, o que, em
última instância, tem tudo a ver com as artes: a discussão, o
questionamento, o inusitado de sua concepção levada a cabo
pelos arquitetos Césare Migliari e Edmundo Lustosa, o que
trouxe ao Centro Histórico o arrebatamento da arquitetura
moderna tão pouco comum a Petrópolis.
Para os atores, cantores, artistas plásticos, bailarinos,
artesãos, poetas e literatos da cidade e de fora de Petrópolis, o
Centro de Cultura tem sido o espaço de experimentação, de
aprendizado, de mostra e comunicação com o público. É em
seus palcos, salas, oficinas, galerias e espaços multiuso que
artistas amadores ou profissionais desenvolvem e
aperfeiçoam seus talentos.
Atualmente, o Centro de Cultura Raul de Leoni é sede da
Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis, abrigando
também a Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral –
terceira maior bliblioteca do Estado com acervo de 140 mil
volumes; a Academia Brasileira de Poesia; quatro espaços de
artes visuais: Galeria Aloísio Magalhães, Galeria Van Djik;
Espaço Alternativo e Galeria Djanira; o Teatro Afonso Arinos; a
Sala Guiomar Novaes para ensaios, oficinas e
apresentações; Sala Sylvia Orthof como Atelier de Cursos;
Cinema Humberto Mauro; Sala Multiuso – para cursos de
dança, teatro, música, etc. e sala de internet comunitária.
Ao longo das décadas que se sucederam à inauguração do
prédio, o Centro de Cultura sofreu inúmeras intervenções,
muitas ocupações nem sempre de cunho cultural, mas a
resistência artística trouxe de volta a vocação do moderno
prédio e hoje a cultura e as artes, bem como a administração
da Fundação de Cultura e Turismo, são todo o seu conteúdo.
O Teatro Afonso Arinos tem sido palco de exibição de
importantes artistas nacionais e internacionais. Foi, durante
anos, o principal espaço para exibições de música e teatro da
cidade. Com 150 lugares, além de atender à demanda dos
agentes locais, exibiu também os trabalhos de artistas
nacionais e internacionais como Denise Stoklos, Grande
Otelo, Arthur Moreira Lima, Natália Timberg, Cristina Pereira,
Boca Livre, Leo Gandelman, Henriqueta Brieba, João
Nogueira, Leni Andrade, Guinga e tantos outros. A Sociedade
Artística Villa-Lobos—SAV, manteve lá seu piano de cauda
por muitos anos, para espetáculos semanais dos mais
renomados nomes da música erudita.
O Cinema Humberto Mauro, com 56 lugares, prima por uma
programação voltada para públicos específicos de filmes cults
de produção europeia, raros acervos fora do circuito
comercial, sem deixar de atender à demanda de lazer do
público infantil de baixa renda.
Texto: Marilízia de Azevedo l Fotos: arquivo CCRL
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 201208
Vários festivais são promovidos durante o ano, muitos ligados
aos grandes eventos como Bauernfest, Serra Serata e Natal
de Luz, trazendo filmes com a temática cultural de cada um
deles.
Outro ponto alto do Centro de Cultura Raul de Leoni é a
Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral – a primeira
repartição a ocupar o prédio em 1977, cujo rico acervo em
quantidade e qualidade de obras raras atende a um imenso
número de estudantes, bem como pesquisadores e
historiadores.
As galerias de arte, com sua vocação diferenciada, atendem
às mais diversas demandas da produção artística, desde
telas, fotografias, passando pelas esculturas até instalações
que, a cada ano, contam com um número cada vez maior de
visitantes.
“Com a recente reforma da Galeria Djanira, a partir da
exposição Stefan Zweig Vive!, em 2011, o crescimento da
área de artes visuais se consolidou no Centro de Cultura Raul
de Leoni. Em breve teremos duas mostras em homenagem ao
centenário de nascimento do dramaturgo Nelson Rodrigues:
A Vida como ela é será uma exposição a partir de instalações
coletivas de artistas radicados em Petrópolis, com temáticas
baseadas em peças de Nelson. E O homem proibido, mostra
que vai enfocar a pessoa dele, o homem, o artista”; revela o
gerente do Centro de Cultura, Marco Aurêh.
Já o projeto Ciranda das Artes criado em 2006 atendeu,
somente no ano passado, cerca de 700 pessoas entre alunos
da rede municipal de ensino, crianças e jovens, além de
idosos. Eles desfrutam de aulas de música (violão,
cavaquinho e iniciação musical), dança (jazz, balé clássico,
dança de salão, dança do ventre e hip hop), teatro e artes
visuais (desenho, pintura, fotografia e artesanato).
UM POUCO DE HISTÓRIA
Tudo começou quando a diretora da Biblioteca Municipal na
época, Yedda Maria Lobo Xavier da Silva, preocupada com a
precariedade da casa onde estava instalada, recorreu ao
prefeito para a construção de um novo prédio. Com verbas
oriundas do Ministério da Educação e Cultura, o então prefeito
Paulo Rattes encomendou aos arquitetos
Césare Migliari e Edmundo Lustosa o
projeto que três anos depois viria a ser
inaugurado.
A equipe da Biblioteca transferiu-se
provisoriamente para a Casa Cláudio de
Souza. Funcionária mais antiga em
exercício na instituição, Leonor Xavier
Fernandes, vivenciou todo esse momento e
conta que a casa onde funcionava a
repartição estava em péssimo estado de
conservação, com fiação elétrica danificada
a ponto de terem que utilizar velas, além do
teto rebaixado que chegou a desabar.
Projeto original - Césare Migliari e Edmundo Lustosa l Arquitetos
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 2012 09
Em 30 de janeiro de 1977 nascia então, não só o novo prédio
da biblioteca, mas o Centro Cultural Alceu Amoroso Lima, com
inúmeros espaços para outras atividades. Não estava, porém,
concluído, e aí se iniciava a polêmica, com décadas de
questionamento a respeito do aspecto visual moderníssimo
em relação ao entorno e seu funcionamento. A partir da
inauguração a biblioteca foi se adequando aos espaços e, em
1978, foi instalado também o Departamento de Cultura,
dirigido por Hebe Machado Brasil.
O arquiteto Césare Migliari, italiano radicado em Petrópolis há
décadas, lembra que faltou a construção do teatro para três
mil espectadores, que ficaria à esquerda do prédio, na parte
de cima, cuja ligação com o interior seria um corredor de vidro.
Segundo ele, o conceito desse tipo de arquitetura, de concreto
aparente como se fosse pedra e com hera preenchendo
alguns trechos, era o de integrar-se à natureza. “Sem
qualquer pretensão elitista”, ele frisa. Ou seja, apenas um
modelo moderno de arquitetura. Enfim, o projeto original
sofreu alterações, mas o mais importante é que, hoje, o prédio
vem servindo integralmente à cultura.
Em 1983, foi criada a Secretaria Municipal de Cultura que
passou a funcionar no Centro de Cultura e à qual a biblioteca
passou a pertencer. A partir desta data atividades como
cinema, teatro, dança, música, artes plásticas e populares
passaram também a habitar os espaços que foram sendo
readaptados. Em 1991, o nome foi mudado para Centro de
Cultura Tristão de Athayde – uma vez que havia o Centro
Alceu Amoroso Lima na Mosela - para não provocar confusão
com os nomes. E oito anos depois foi rebatizado com o nome
atual de Centro de Cultura Raul de Leoni.
COMEMORAÇÃO
Para comemorar os 35 anos do Centro de Cultura Raul de
Leoni, o mês de janeiro deste ano contou com eventos que
marcaram a data. Como não poderia deixar de ser, estiveram
presentes as artes visuais, a música e o teatro, além do bolo
de aniversário em solenidade com a presença de gestores
públicos, agentes culturais e artistas. A exposição
comemorativa que vai até o dia 26 de fevereiro, na Galeria Van
Djik, mostra imagens desde a construção do prédio até os dias
atuais, com fotos de eventos, personagens ilustres e fatos
marcantes. Um bate-papo com artistas, gestores culturais,
funcionários e até ex-funcionários, foi promovido como forma
de relembrar fatos curiosos, histórias e momentos únicos –
que contou também com a participação do arquiteto Césare
Migliari, um dos autores do projeto de construção do prédio.
No Teatro Afonso Arinos a Cia Teatral Pessoal Aí apresentou o
espetáculo Vendedores de Ilusão abordando a crítica aos
charlatões que iludem o povo com muita lábia e criatividade; a
atriz Regina Guimarães apresentou o musical “Feliz Regina”,
sobre a vida e obra da saudosa cantora Elis Regina; e o
músico Bruno Garcia, cantor, compositor e violonista,
apresentou seu show recheado dos melhores sambas de raiz.
Além de laboratório para os mais variados
artistas da cidade, onde eles vêm exercendo
sua liberdade de criar, de se expressar e até
de protestar, o Centro de Cultura também
tem sido porto seguro para muitos,
garantindo ensaios e exibições. O Coral
Municipal de Petrópolis é um exemplo disso.
Criado em 1976, pelo maestro Ernani Aguiar,
desde a inauguração do prédio realiza seus
ensaios na sala de música. Durante algum
tempo sob a batuta do maestro Gilberto Bittencourt, há 10
anos o grupo está sob a direção e regência do maestro Paulo
Afonso Filho. Recentemente o coral foi agraciado com o
Prêmio Qualidade Brasil 2011, sendo o primeiro deste
segmento a receber a honraria.
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 201210
Texto: Marilízia de Azevedo
Fotos: Isabela Lisboa e Divulgação
Criado em 2009 para premiar os artistas da cidade, o Prêmio Guerra-
Peixe de Cultura lançou os indicados de sua terceira edição. Os
escolhidos entre os que se destacaram na área da Cultura em 2011
serão premiados no Theatro Dom Pedro, no dia 18 de março, dia
escolhido todos os anos por ser o aniversário do patrono do prêmio,
o reverenciado maestro e compositor petropolitano César Guerra-
Peixe.
Os indicados concorrem a uma estatueta em bronze artístico criada
pelo escultor Sérgio Cestari e estão divididos em 11 categorias:
Categoria Especial, Notório Reconhecimento, Teatro, Literatura,
Comunicação, Audiovisual, Produção Cultural, Dança, Artes
Visuais, Música Popular e Música Erudita – este ano a categoria de
Música foi dividida em duas e extinguiu-se o Canto Coral.
Na categoria Notório Reconhecimento, o Prêmio Guerra-Peixe de
Cultura considera o conjunto da obra. Este ano a estatueta será
conferida a Myriam Daulsberg, pianista e professora que durante
muitos anos dedicou-se a preparar grandes profissionais e a
descobrir talentos. Sempre com
os olhos voltados para a produção
cultural de qualidade, dirige a
Dell´Arte Soluções Culturais,
produzindo grandes eventos no
campo da arte.
O prêmio foi criado em 2009 pela
Prefeitura de Petrópolis por meio
da Fundação de Cultura e
Turismo, com o intuito de
promover o reconhecimento de
produtores, artistas, escritores e
todos aqueles que, durante o ano,
trabalharam para levar ao público
o melhor da cultura da cidade.
Música Popular – Alcantilado (Som & Cristal);
Bruno Garcia (Atuação 2011); Serra Velha Quarteto
(Atuação 2011); Trio Dubrá (Vai).
Música Erudita – Conjunto Anima e Cuore e Coro
de Câmara da UCP (Temporada 2011); Marcelo
Coutinho (Atuação 2011); Marco Aurélio Lisht
(Atuação 2011); Quinteto de Sopros de Petrópolis
(Som e Cristal).
Teatro – Fred Justen (Atuação 2011); Raquel Theo
(direção de arte por “Depois da Chuva”); Simone
Gonçalves (Atuação 2011).
Dança – Ballet Heloisa Schanuel (D. Quixote); Laell
Rocha (Dualidade); Maicon de Souza (Atuação
2011); Studio de dança Stela de Mello (Mostra
2011).
Artes Visuais – Denise Campinho (Natureza,
gênero feminino); J. Júnior (Cidade em Fragmentos
II); Marcelo Lago (Retrospectiva); Paulo Mendes
Faria (Paroxismo da cor).
Literatura – Cristiane Michelin (A ordem do caos);
Francisco Luiz Noel e Patrícia Souza Lima (Uma
casa muito Encantada); Joeusa de Medeiros Corrêa
Fortuna Salles Santos (Laços de Família); Luiz
Gonzaga de Souza Lima (A Refundação do Brasil).
Comunicação – Jornal Petrópolis em Cena; Marcio
Salerno (Atuação 2011); TVC 16 (Cobertura Cultural
2011); Nelson Kuster (Plataforma - Canal 10).
Audiovisual – Allen Motion (Conjunto da obra
2011); Daniel Mattos (Dia de preto); Gustavo Pizzi
(Riscado).
Produção Cultural – Circuito Cultural SESI;
Petrópolis em Cena; Petrópolis INC; Promove – Arte
e Eventos.
Categoria Especial – Estúdio S; GE CELMA
(Investimento cultural); Museu Imperial; Petrópolis
em Serenata (10 anos).
Notório Reconhecimento – Myrian Daulsberg.
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 2012 11
Concedida a: Isabela Lisboa l Fotos: Isabela Lisboa e Bruno Wanderley
e menino pobre a Chef badalado,
mesmo antes de ter seu nome oficial registrado. Apaixonado pela gastronomia,
botou o pé na estrada ainda adolescente em busca de seu sonho. Trabalhou em
grandes hotéis e restaurantes
nacionais e internacionais, passando por
cidades como Rio de Janeiro, Curitiba,
Porto Alegre, Montevidéu e Paris.
Após 21 anos dedicados à profissão, já
colhe os frutos de uma trajetória de
dedicação e talento nato. Em 2010, com
apenas cinco meses de casa aberta, seu
restaurante foi selecionado como o
melhor de Petrópolis, pelo Água na Boca
do jornal O Globo e já possui duas
estrelas no Guia de Danúzia Bárbara.
Alessandro Vieira, já era chamado Barão,
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 201212
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 2012 13
Revista Petrópolis - Você é o verdadeiro
exemplo de que, com força de vontade e
dedicação é possível realizar todos
nossos sonhos. Fale um pouco sobre sua
trajetória e o surgimento da paixão pela
gastronomia.
Chef Barão - Eu sou filho de caminhoneiro e
tenho o maior orgulho disso. Quando eu era
criança e ia para a casa da minha vó, me
despertava muito o fato dela criar tudo no
próprio quintal. Tinha criação de porcos,
ervas, verduras e legumes. Raramente se
comprava alguma coisa. Chamava-me muito
a atenção quando abatiam o porco. Os
pedaços de carne eram guardados em uma
lata de banha para conservá-la. E eu
pensava: “Isso não estraga?”
Quando tiravam aquele pedaço de pernil e
colocavam na frigideira, no fogão à lenha,
vinha um perfume. Acho que foi ali que
começou a despertar o meu gosto por
gastronomia. Assim comecei a ajudar minha
mãe na cozinha e descobri o que queria
fazer. Ainda não se falava sobre isso
(gastronomia) aqui no Brasil e eu não tinha o
apoio de ninguém. Então coloquei o pé na
estrada com 17 anos, com a meta de
trabalhar em grandes hotéis e aprender com
os grandes chefs de cozinha. Esta seria
minha faculdade.
Meu primeiro trabalho foi em um restaurante
muito badalado, com o Chef Danio Braga,
onde comecei lavando pratos. Quatro meses
depois eu já dominava todas as sobremesas
do restaurante.
Depois fui para o Enotria (no Rio de Janeiro)
montar o cardápio de sobremesa dele. Dois
anos depois, eu já estava dentro do
Copacabana Palace. Lá, todo mês de agosto
tinha um Chá do Hotel de Crillon, de Paris,
que vinha com toda sua equipe de pâtisserie
e executava, durante 30 dias, o Chá da
Tarde. De lá fui para a França com a equipe
do Crillon, onde permaneci quase um ano.
Quando retornei fui para o Sofitel trabalhar
com a equipe do Roland Vilar e do
Dominique Guerin. Anos depois, ainda no
Sofitel, fui convidado a fazer parte da equipe
do Claude Troisgros.
R.P. - E como foi a experiência em
trabalhar com um dos maiores Chefs do
nosso país?
C.B. - Aquilo foi o máximo para mim. Aquele
dia eu chorei de emoção, não acreditava que
ia trabalhar com ele, afinal, como todo
profissional que tem seu ídolo eu tinha o
Troisgros como o meu. Foi “the Best”. Ele me
ensinava muito e, além de trabalhar com ele
no Olympe, no Boteco 66 eu participava de
quase todos os eventos e dos festivais que
ele fazia. Então a gente viajava muito, pelo
Brasil e exterior.
A minha trajetória, do meu trabalho, foi toda
essa. Tudo que eu queria com o pé no chão,
fé em Deus e acreditando, acreditando
mesmo, eu realizei sabe?
R.P. - Hoje você ficou conhecido como o
Barão que trabalha com carnes exóticas e
com produtos regionais e orgânicos. Como
você chegou à sua cozinha de autor?
C.B. - Eu trabalhei em vários lugares, com
várias técnicas e coisas diferentes de uma
casa à outra para chegar ao final e unir tudo e
sair o Barão, o meu trabalho. Ou seja, fazer a
minha cozinha de autor. E ela surgiu de uma
maneira muito interessante. Eu não podia abrir
uma casa como as outras, eu tinha que ter um
diferencial. Não queria abrir um restaurante
para competir com outro. A ideia era estar
sempre inovando, afinal o diferente,
obv iamente , faz sucesso. Um d ia ,
conversando com uma critica de gastronomia,
ela me disse que se comia muito bem na região
serrana, mas ela sentia falta de encontrar
pratos típicos de montanha. Quando ela falou
isso eu tive um “clic” e comecei a fazer um
estudo. Eu estava em uma montanha então,
faria uma cozinha de montanha, com produtos
da região. Assim eu valorizaria o meu trabalho,
mas mais ainda, os produtores e todas as
coisas existentes aqui. E como aqui é um lugar
que tem muito turista e veranista, obviamente,
eles iriam querer provar as coisas locais.
Aí foi fantástico, pois encontrei desde cultivo
de cogumelos, trutários, minilegumes,
minibrotos, verduras, legumes, temperos
riquíssimos. Agreguei a esses produtos,
carnes como faizão, javali, avestruz, jacaré.
Lembrando que tudo é autorizado pelo
IBAMA.
Então se criou uma identidade valorizando
todos os produtores da região. Para se ter
ideia, quando eu estive no programa da Ana
Maria Braga, eu a presenteei com uma cesta
de produtos daqui. Nela continham
minilegumes orgânicos. Depois disso, nunca
mais consegui comprar com ele. Eu fiquei
super feliz, por indicar e hoje eles venderem
muito bem.
R.P. - O Barão gastronomia também faz
grandes eventos como casamentos.
Neste caso, o menu também é baseado
nas carnes exóticas?
Apenas quando o cliente pede, mas para
casamentos, eventos e confraternizações
existe outro menu mais flexível, mais
tradicional, mas muito bem elaborado,
sofisticado.
R.P. - - Enquanto muitos Chefs preferem
as cozinhas tradicionais, fechadas, você
preferiu montar a sua no meio de seu
restaurante, toda aberta. Por quê?
Porque eu não tenho nada a esconder.
Deixo bem claro isso. Às vezes tem
pessoas que perguntam como se faz um
prato e eu não escondo nada. Quando o
cliente pede, eu costumo dar quatro
receitas minhas, tipo duas entradas, prato
principal e uma sobremesa. Ele leva de
presente isso. Eu deixo à vontade para me
consultar pelo meu site, meu e-mail. O que
eu aprendi eu quero passar para o próximo.
Quero deixar para a próxima geração, para
os admiradores e apreciadores de
gastronomia.
R.P. - Até o dia 29 de fevereiro acontece o
1º Circuito Serrano Bier Gourmet,
evento em que você é coordenador.
Qual a importância deste Festival para a
região?
C.B. - Na minha visão a ideia do Circuito
Serrano Bier Gourmet é fantástica. É um
meio de atrairmos turistas na baixa
temporada. E a cerveja é nossa. É aqui da
nossa região.
Nós temos que valorizar isso porque este
evento pode se tornar uma coisa tão
grandiosa, tão importante, que nós vamos
ter mais à frente, em alguns anos, um
evento certo, consolidado, que ficará
automaticamente registrado e todos os
locais ficarão lotados. Mas para isso é
preciso todo um trabalho em conjunto.
R.P. Como é feita a harmonização da
cerveja?
C.B. - A harmonização pode ser feita desde
a cerveja pilsen que é a mais tradicional.
Mas em um restaurante badalado, de
nome, é feita com as cervejas especiais
que nós temos aqui. Que são cervejas de
malte claro de trigo e de pilsen e a de malte
escuro, as cervejas pretas.
Os restaurantes do Circuito estão com
cardápios bárbaros. Vale a pena vir e provar
o cardápio de cada estabelecimento
porque ficou muito interessante a
harmonização, como também pratos feitos
com a própria cerveja.
Então eu só posso dizer: Venham desfrutar
dessa novidade, dessa delícia.
http://www.baraogastronomia.com.br/
Texto: Isabela Lisboa Fotos: arquivo biblioteca Gabriela Mistral
PETRÓPOLIS - A Revista da Cultura e do Turismo l Fevereiro / 201214