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Trás -os- MonTes & ALTO DOURO notícias DE MARÇO 2012 A CAsA de Trás-os-MonTes e AlTo douro é A MAis AnTigA AssoCiAção regionAlisTA de lisboA (AlvArá de 23 de seTeMbro de 1905) – CondeCorAções: MeMbro Honorário dA ordeM do infAnTe doM Henrique (21 de Abril de 2005); ordeM de beneMerênCiA (5 de ouTubro de 1931); MedAlHA de HonrA dA CidAde de lisboA (20 de JulHo de 2005) PessoA ColeCTivA de uTilidAde PúbliCA (d.r. n.° 117, 11 série de 22-05-1990) CAMPo Pequeno, 50 3. 0 esq. – Tel. e fAx 21 793 93 11 – 1000-081 lisboA – e-MAil: [email protected] P róxiMAs ACTividAdes CTMAD 24 de Março: Dia de Montalegre na nossa sede(ver programa página 08) (inscri- ções para o almoço até 21 de Março) 1 de Abril: Festa do folar e do azeite (inscrições para o almoço até 28 de Março) no Campo Pequeno 11 de Abril: Visita à Fundação Champalimaud (ver notícia página 02), limitada às primeiras 15 inscrições recebidas na sede 12 de Abril: Visita ao artesão Albano silva (inscrições na sede até 9 de Abril) 20 de Abril: Jantar comemorativo do 25 de Abril (inscrições até 17 de Abril) 19 de Maio: Dia de Mirandela (2ª edição) Ver programa detalhado na próxima edição do NTMAD Reuniões de Direcção: 12 de Março e depois de 2 em 2 semanas às 2. as Feiras pág. 03 pág. 07 pág. 03 www.ctmad.pt PUBLICAÇÃO REGIONALISTA PROPRIEDADE DA CASA DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO 106ºANIVERSÁRIO DIRECTOR: JORGE VALADARES DIRECTOR-ADJUNTO: ANTÓNIO ARMANDO DA COSTA ANO XVI N.º 128 A ntes de terminar Janeiro, a Sede foi palco legítimo de mais uma actuação consagrada pelas normas legais em vigor. Realizou-se a Assembleia Geral Ordinária. Foi a prestação de provas escrita e oral, para avaliação de mais uma etapa do percurso em que os Órgãos Sociais se empenha- ram por cumprir e superar. Não foi isenta de obstáculos. Uns venceram-se apenas em alegres salticos de boa vontade; outros foram e continuam a ser compromissos exigentes. A requererem, além do balanço à distância para o salto em altura, também a paciente e esforçada peleia para ganhar o passo em comprimento… Aprovados que foram os pontos em Agenda do dia 27, ficou a pairar no espírito dos que estiveram presentes (mas porquê só umas três dezenas?) um pouco de cor verde ainda esbatida por dúvidas justificadas pela falta de ‘velocidade’ de quem empata só para adiar, sabe-se lá por que razão…, a partida para almejada meta … Mas, reforçar a esperança, com maior vigor, foi e é a conclusão que se pode e deve tirar de quanto se passou ao consagrar os atletas da etapa. 1.ª Sessão das I Jornadas de Reflexão/Acção: Um começo auspicioso Assembleia Geral Ordinária: Mais uma etapa vencida A representação do Auto da Criação do Mundo na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa a 14 de Janeiro, cons- titui um momento histórico de raro significa- do. Na verdade, a descida à Capital dum gru- po de cidadãs e cidadãos de Mogadouro deter- minados a dar notícia dos seus hábitos cultu- rais é motivo de regozijo para todos os trans- montanos e alto durienses. Esta organização da Reitoria e da Faculdade de Letras da Univer- sidade de Lisboa, dos Centros de Tradições Po- pulares Manuel Viegas Guerreiro, e de Estudos de Teatro da mesma Faculdade, com o apoio da Câmara Municipal de Mogadouro, e da nossa Casa, permitiu que a Universidade de Lisboa cumprisse o pensamento de Pedro Homem de Melo, e promovendo uma manifestação cul- tural popular, se elevasse ao nível do Povo, projectando-a na universalidade da Cultura. A I sessão das Jornadas de Reflexão-Acção deu início a esta importante actividade de avalia- ção e questionamento da actividade da nossa Casa, fazendo o ponto da actividade passada, e procurando encontrar motivações para a projectar no futuro. Contámos com a colaboração preciosa do Professor Adriano Moreira, que nos falou abertamente do tema proposto, o Regio- nalismo, e das suas implicações conexas. Uma sessão verdadeiramente magistral que muito nos enriqueceu. O Auto da Criação do Mundo: Um Grande Momento Histórico © Leonel Brito © Luis Carlos Meleiro

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REVISTA DE TRÁS OS MONTES

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Trás-os-MonTes&Alto Dourono

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A CAsA de Trás-os-MonTes e AlTo douro é A MAis AnTigA AssoCiAção regionAlisTA de lisboA (AlvArá de 23 de seTeMbro de 1905) – CondeCorAções: MeMbro Honorário dA ordeM do infAnTe doM Henrique (21 de Abril de 2005); ordeM de beneMerênCiA (5 de ouTubro de 1931); MedAlHA de HonrA dA CidAde de lisboA (20 de JulHo de 2005)

PessoA ColeCTivA de uTilidAde PúbliCA (d.r. n.° 117, 11 série de 22-05-1990) CAMPo Pequeno, 50 3.0 esq. – Tel. e fAx 21 793 93 11 – 1000-081 lisboA – e-MAil: [email protected]

PróxiMAs ACTividAdes ctMad24 de Março: Dia de Montalegre na nossa sede(ver programa página 08) (inscri-

ções para o almoço até 21 de Março)1 de abril: Festa do folar e do azeite (inscrições para o almoço até 28 de Março)

no Campo Pequeno11 de abril: Visita à Fundação Champalimaud (ver notícia página 02), limitada às

primeiras 15 inscrições recebidas na sede12 de abril: Visita ao artesão Albano silva (inscrições na sede até 9 de Abril)20 de abril: Jantar comemorativo do 25 de Abril (inscrições até 17 de Abril)19 de Maio: Dia de Mirandela (2ª edição) Ver programa detalhado na próxima

edição do NtMADreuniões de direcção: 12 de Março e depois de 2 em 2 semanas às 2.as Feiras

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www.ctmad.pt

publicação regionalista propriedade da casa de trás-os-Montes e alto douro

106ºaniversário

director: Jorge valadaresdirector-adJunto: antónio arMando da costa

ano Xvin.º 128

Antes de terminar Janeiro, a Sede foi palco legítimo de mais uma actuação consagrada pelas normas legais em vigor. Realizou-se a Assembleia Geral Ordinária. Foi a prestação de provas

escrita e oral, para avaliação de mais uma etapa do percurso em que os Órgãos Sociais se empenha-ram por cumprir e superar. Não foi isenta de obstáculos. Uns venceram-se apenas em alegres salticos de boa vontade; outros foram e continuam a ser compromissos exigentes. A requererem, além do balanço à distância para o salto em altura, também a paciente e esforçada peleia para ganhar o passo em comprimento… Aprovados que foram os pontos em Agenda do dia 27, ficou a pairar no espírito dos que estiveram presentes (mas porquê só umas três dezenas?) um pouco de cor verde ainda esbatida por dúvidas justificadas pela falta de ‘velocidade’ de quem empata só para adiar, sabe-se lá por que razão…, a partida para almejada meta … Mas, reforçar a esperança, com maior vigor, foi e é a conclusão que se pode e deve tirar de quanto se passou ao consagrar os atletas da etapa.

1.ª Sessão das I Jornadas de Reflexão/Acção: Um começo auspicioso

Assembleia Geral Ordinária:

Mais uma etapa vencida

A representação do Auto da Criação do Mundo na Aula Magna da Reitoria da

Universidade de Lisboa a 14 de Janeiro, cons-titui um momento histórico de raro significa-do. Na verdade, a descida à Capital dum gru-po de cidadãs e cidadãos de Mogadouro deter-minados a dar notícia dos seus hábitos cultu-rais é motivo de regozijo para todos os trans-montanos e alto durienses. Esta organização da Reitoria e da Faculdade de Letras da Univer-sidade de Lisboa, dos Centros de Tradições Po-pulares Manuel Viegas Guerreiro, e de Estudos de Teatro da mesma Faculdade, com o apoio da Câmara Municipal de Mogadouro, e da nossa Casa, permitiu que a Universidade de Lisboa cumprisse o pensamento de Pedro Homem de Melo, e promovendo uma manifestação cul-tural popular, se elevasse ao nível do Povo, projectando-a na universalidade da Cultura.

A I sessão das Jornadas de Reflexão-Acção deu início a esta importante actividade de avalia-ção e questionamento da actividade da nossa Casa, fazendo o ponto da actividade passada,

e procurando encontrar motivações para a projectar no futuro. Contámos com a colaboração preciosa do Professor Adriano Moreira, que nos falou abertamente do tema proposto, o Regio-nalismo, e das suas implicações conexas. Uma sessão verdadeiramente magistral que muito nos enriqueceu.

O Auto da Criação do Mundo: Um Grande Momento Histórico

© leonel Brito © luis Carlos Meleiro

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De02 Trás-os-MonTes&Alto Douro

Nestes primeiros dois meses do ano de 2012 a Direção da nossa institui-

ção prosseguiu a sua intensa atividade. Primeiro houve a necessidade de prepa-rar a Assembleia-Geral ordinária, com a finalização do Relatório e Contas e do Plano de atividades para este ano. En-quanto tal sucedia organizámos como é da tradição o jantar de Reis que decorreu bem, embora contássemos com uma maior participação de associados. Estes estão sempre no nosso pensamento e, como tal, não nos sentimos completa-mente satisfeitos quando não os vemos comparecer em elevado número nos eventos que vamos organizando. No dia e hora amplamente anunciados decor-reu a AG atrás referida e nela os associa-dos presentes tiveram a oportunidade de apreciar o elevado número de iniciativas em que a CTMAD esteve envolvida, na Sede ou no exterior e como de um ano anterior com saldo de gerência negativo se passou a um ano com o referido saldo positivo, contrariando factualmente as vozes pessimistas que se levantaram na Assembleia Geral do ano passado. Pude-ram também constatar (passe o galicis-mo) que a Direção tem estado em nego-ciações com a Câmara Municipal de Lisboa para resolver o intrincado proble-ma da Nova Sede e que tem a fundada esperança de o resolver a muito breve prazo (quando comparado com aquele que decorreu desde o início do proces-so), sem alienar o património que consti-tui a nossa atual Sede, como alguns de-fenderam para comprar um outro espaço para assim resolver o bloqueio que ela tem constituído ao progresso da nossa instituição. Depois da Assembleia Geral começámos a cumprir mais uma das nossas promes-sas, as Jornadas de Reflexão – Ação sobre a nossa instituição. E que excelente for-ma de as inaugurar com a magistral con-

ferência do nosso prezado e brilhante as-sociado Professor Adriano Moreira! A li-ção que nos deu sobre o regionalismo constitui um rationale precioso para o que se irá seguir e mostrou à evidência que num mundo cada vez mais global e desumanizado o regionalismo e a regio-nalização bem conduzida se tornam cada vez mais necessários. A CTMAD conti-nua e continuará cada vez mais a ter uma razão de existir, mas terá obviamente que se ir adaptando ao mundo de hoje. E se a juventude não vem ao nosso encontro, teremos nós de ir ao encontro da juventu-de. E esta afirmação leva-me a referir o terceiro importante evento já deste ano em que participámos: a Mostra de Cultu-ra Popular, na Escola Secundária José Gomes Ferreira em Benfica. Assim, foi com muita alegria que estive presente, juntamente com outros membros da di-reção, numa das escolas maiores e de maior sucesso educativo no país, colabo-rando para a valorização cultural dos seus jovens alunos. A CTMAD, acompanha-da por produtores e artesãos transmonta-nos e alto durienses por ela convidados, estiveram presentes com espaços de expo-sição e venda de livros, filmes e produtos provenientes da nossa região natural, ao lado de espaços de exposição e venda de produtos de outras regiões da metrópole e ilhas por grupos de jovens estudantes des-sa Escola. Que interessante e verdadeira-mente significativo este convívio com jo-vens que permitiu assistir a danças regio-nais por alunas e alunos da Escola e logo a seguir ouvir um grupo de concertinas de transmontanos e seus amigos e um grupo de cordofones da PT interpretar peças regionais também. Só não entendo como casas regionais que alguns associa-dos nossos dizem viver melhor do que nós não comparecem a iniciativas como esta, quando convidados como nós fomos. Será que vivem mesmo melhor?

A atividade da CTMAD continua a ser intensa

edito

rialJorge valadares

A presença da CTMAD numa Mostra de produtos e de tradições

das várias regiões do país

Decorreu na Escola Secundára José Gomes Ferreira, em Benfica, no dia 17, sexta-feira,

com início às 09:30 horas, uma Mostra de pro-dutos e de tradições das várias regiões do país. A CTMAD foi a única CASA representante de uma grande região natural que marcou presença nesse evento, prestando uma colaboração muito apreciada e agradecida à organização do evento. Para além da CTMAD, participaram também a Casa da Comarca de Arganil e a Associação dos Artesãos da Região de Lisboa. À nossa instituição foi destinado um espaço, logo à entrada para o evento, onde expusemos e vendemos livros, compotas, vinhos e outros pro-dutos. Propusemo-nos e criámos as condições para se poder assistir à exibição dos filmes “Um Reino Maravilhoso”, “Douro nos caminhos da literatura – “Miguel Torga” e “Douro nos cami-nhos da literatura – “Guerra Junqueiro”, mas as condições sonoras do espaço não permitiram que tais filmes fossem vistos e apreciados, sendo este um dos dois aspetos menos conseguidos pela organização, na minha perspetiva.Mas, além do que expôs e vendeu, a CTMAD proporcionou à Escola a presença do Mestre Al-bano Silva, natural de Vila Pouca de Aguiar, cujos modelos etnográficos em escala reduzida (da velha sala de aulas, do carro de bois com a dorna de uvas, etc.) foram muito apreciados. E proporcionou também as presenças de um fabri-cante/expositor de fumeiro de Vinhais, um ou-tro de folares de Valpaços e um terceiro com fo-lares e pastéis de Chaves, estes preparados na hora em forno trifásico. Foi ainda por nosso in-termédio que se tornou possível a presença de

um grupo de concertinas de uma escola dedica-da a esse instrumento dirigida por um transmon-tano e do Grupo de Cordofones Portugueses do Clube da Portugal Telecom, com cujas atuações se encerrou o evento.Ao longo de todo o dia houve um desfilar de tra-jes regonais nos corpos de alunas e alunos da Escola, que os usaram não só para os dar a co-nhecer melhor aos colegas citadinos, mas tam-bém para darem maior realismo a danças diver-sas que exibiram, tais como o Regadinho, do Norte do País, o Saraquité, da Estremadura, a Erva Cidreira, do Ribatejo e o Tacão e Bico do Alentejo. Estava também previsto no programa que uma turma exibisse uma dança de Paulitei-ros de Miranda, mas possivelmente porque não é fácil ensaiar uma tal dança de modo a não cor-rer riscos... os presentes não tiveram o prazer de apreciar tal dança espetacular. Apreciei a dedicação e entusiasmo com que os jovens expuseram e venderam diverso artesanato desde o Minho aos Açores, bem como deram a provar e venderam produtos gastronómicos de várias regiões do país, uns oferecidos por fabri-cantes das respetivas regiões e outros produzidos pelos próprios ou seus progenitores naturais de vários distritos do país.Se hoje em termos educacionais se defende que as escolas não se devem limitar aos conteúdos programátcos e seu ensino académico, como ou-trora, mas a abrir o espírito dos alunos à cultura nas suas mais diversas formas, este evento foi um contributo para esse objetivo formador numa das melhores escolas públicas portuguesas.

Jorge Valadares

n.º 128 /// Março 2012

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0035 0001 0001 3051 5305 6Precisamos de quotas pagas. Envie o talão de transferência para a CTMAD. Apoie a Nossa Casa

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Visita à Fundação ChampalimaudDe acordo com o plano de actividades para o

corrente ano, a CTMAD contactou a Fun-dação Champalimaud no sentido de ser propor-cionada uma visita guiada àquele prestigiado organismo de carácter científico.Após algumas diligências conseguiu-se uma visi-ta para um grupo de apenas 15 pessoas, já que as visitas estão muito restritivas, depois de ter sido aberto o centro clínico daquela instituição. Mas esse grupo terá oportunidade de, entre ou-tros aspectos, saber o que se faz de mais avança-do no mundo sobre a investigação da cura do cancro, de visitar os laboratórios de neurociên-cias, etc, para além de ver o belíssimo edifício sobre o Tejo, apreciar os seus jardins e tomar uma bebida no bar Darwin.Para essa visita deverá obrigatoriamente inscre-ver-se na CTMAD por telefone, pessoalmente ou email. As inscrições serão por ordem de che-gada, limitadas a 15 sócios com as quotas em dia (2012). Não podemos aceitar acompanhantes de sócios, a menos que (caso improvável) não haja 15 interessados.Atingido aquele número, far-se-á uma lista de espera. Pede-se por isso aos sócios que estejam

inscritos para a visita e que, por qualquer moti-vo, desistam o favor de o comunicar à secretaria da CTMAD, a fim de a sua vaga poder ser pre-enchida.A Fundação Champalimaud fica na Av. Brasília s/n.º (a Belém) e a melhor maneira de lá chegar é de automóvel, se bem que haja um autocarro da Carris (n.º 98) que parte de Algés de meia em meia hora.O ponto de encontro será na entrada da Funda-ção às 15:15 h.Caro consócio não deixe perder esta oportunida-de única desta visita!

Carlos Cordeiro

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De

Festa dos Reis na CTMADA Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro em Lisboa existe há

106 anos para promover o convívio e encontros permanen-tes com as pessoas das nossas terras. É um facto que todas as Direções têm levado muito a peito, desde que há cerca de 40 anos ali me filiei como sócio e à qual tenho dedicado todo o meu empenho e muito do meu esforço. Anteriormente também acontecia a mesma coisa.Foi exatamente no dia seis de Janeiro que celebramos os REIS na casa, à semelhança do que tem acontecido em todos os anos. Na consoada, para celebrarmos em conjunto o Natal, junta-se sempre muita gente, mas nos Reis aparece na maior parte das vezes relati-vamente pouca gente e isto faz-me alguma pena, porque há um esforço muito grande de todos, para bem receber e afinal poucos aproveitam. Não quero discutir, nem enumerar as razões porque tal acontece, mas factos são factos e contra isso não há argumentos. Desta vez sucedeu festa rija, como sempre, com todos os que com-pareceram e fizeram um esforço por dar o seu melhor. Estiveram os mais persistentes, corajosos e amigos. Já nem me lembro do menu, mas o mais importante é o convívio e o estarmos em família uns com os outros. Nesse ponto não se ficou nada por meias tintas. Desta vez registei com muito prazer e agrado a cooperação da Sra. D. Maria de Lurdes Amaro, que trazia um reportório de letras de Reis, cantados em diversos lugares, de fazer inveja a qualquer artis-ta. Depois o Serafim foi ajudando dentro daquilo que foi possível e

das músicas que também conhecia e fez-se festa até às 23 da noite e ainda um pouco mais esticada. Lamento só a ausência de tantos amigos de Vila Marim e arredores de Vila Real ou mesmo de Cha-ves e Valdanta, as minhas duas terras de eleição. Deveríamos apare-cer ao menos para dizer que ainda estamos vivos e nos recomenda-mos. É altura de nos cumprimentarmos e de falarmos uns com os outros do que é nosso e dos nossos projetos e até reformas. É claro que se gasta algum dinheiro, nada se faz sem ele, mas, quando partirmos para o além, não levaremos nada conosco a não ser as nossas boas obras e momentos de alegria. Com as nossas idades to-dos temos alguns problemas, alguns achaques, mas o dinheiro só serve como moeda de troca de outras coisas mais valiosas e recon-fortantes. Mesmo do pouco, com boa vontade, podemos fazer ren-der o peixe. Vá lá não sejam forretas, a vida é bela e temos de a sa-ber valorizar cada vez mais e não darmos tanta importância ao que é secundário e passageiro. Onde estão os setecentos e cinquenta mil transmontanodurienses que estão pelas redondezas de Lisboa?Venham às festas, convivam e mostrem que têm raízes de trans-montanos que ainda não apodreceram. Todos juntos formamos um povo, uma nação e um estilo à nossa maneira. Viva Trás-os--Montes! Há tanto tempo que não vejo muitos dos meus bons amigos e tenho mesmo saudades, podem crer. Vocês não têm? Pois eu gosto muito de os ver a todos.

serafim sousa

n.º 128 /// Março 2012

Assembleia Geral de 27 de Janeiro

Mudar a ‘modalidade’ do salto em comprimento por um salto em altura é uma opção de ‘especialistas’. Não

é que se pode ser campeão de uma e de outra destas modalidades? (Leiam-se Vivenda nos Paços da Rainha e Prédio de vários pisos no Ferragial, a Santos). O voto de confiança que a Assembleia outorgou a quem vai continuar as diligências para a negociação definitiva do tão ambicionado espaço para a nova Sede, é bem a manifestação do mais que ardente e quase desesperado desejo, à mistura com algum desencanto, por tardar a ver-se luz ao fundo do túnel. Mas também ficou clara a intenção e aceite o desafio de serem apresentadas as remodelações que, a curto prazo, actualiza-rão os Estatutos, para serem instrumento dinâmico e dinamizador da nossa centenária e modelar Instituição.Da apresentação do Plano das Actividades, para o ano já em cur-so, ficou a listagem e a agenda estimulante que a todos deve en-volver. Todos. Mesmo TODOS: Associados pagantes das quotas, seus familiares, jovens deslocados das suas/nossas terras, estudan-tes universitários ou não, todos os transmontanos e altodurienses ainda não associados que amam as suas raízes e delas queiram preservar, desenvolver e dar testemunho de imperecíveis valo-res… e, sobretudo, disponíveis entusiastas, liderando, apoiando as iniciativas, protagonizando-as, em espírito de equipa. Já verifi-caram, amigos leitores, que uma corda é tanto mais forte, quantos maior for o número de fios que a compõem? Vamos ‘enrolar’ mais cordéis, dar à ‘guita’ a força que faz mover vontades. Vamos dar as mãos, formar corda humana de mente e coração por um transmontanismo sadio e activamente ‘operativo’, mes-mo que incómodo, na Capital…Há outras etapas para vencer. Só unidos e organizados se chega à meta.

agP (Zé de murça)

I Jornadas de Reflexão/Acção:A Conferência do Professor Adriano Moreirasobre RegionalismoA propósito de ter ido ouvir o Professor Adriano Moreira à Casa

de Trás-os-Montes, de Lisboa, no passado dia 6 de Fevereiro, sempre pensei que Regionalismo é simplesmente a defesa dos in-teresses de uma região.O Presidente da CTMAD, Prof. Jorge Valadares, anunciou esta ini-ciativa como um ciclo de sessões de reflexão/acção sobre o papel das Casas Regionais na sociedade e de tentar perceber se se mantêm as razões que justificaram a sua fundação ou se nestes novos tempos há que procurar reorientar a sua estratégia e as suas actividades.O Prof. Adriano Moreira, na sua intervenção, partiu do geral para o particular, abordando a temática da Globalização e dos perigos que a espreitam, por não haver liderança. Debruçou-se sobre a crise europeia e do comportamento do actual directório Merkel-Sarko-zy, sem visão de longo prazo e sem entendimento da História, di-zendo que os povos do Sul (mediterrânicos) nunca destruíram a Europa, enquanto os do Norte a destruíram duas vezes, e criticou ainda a acção de outros directórios como o G7 dizendo que as gran-des decisões deviam ser do foro do G194 (leia-se ONU).Na abordagem da situação nacional criticou as políticas que con-duzem ao abandono do interior, à desertificação e, bem assim, as políticas de empobrecimento e de perda de direitos indiscutíveis, afirmando que “a fome não é um dever constitucional”, para concluir que esta situação de grande carência da população “pode desencadear turbulência”.Relativamente à desertificação do interior lembrou a lei das ses-marias, de D. Fernando, que foi uma intervenção no sentido de atenuar as graves consequências da crise do séc. XIV na agricultu-ra portuguesa. Com esta legislação procurou o rei tabelar os salá-rios e fixar os camponeses à terra, combater a mendicidade e pe-nalizar fortemente os proprietários que abandonaram as terras. Aqui deixou cair uma afirmação forte dizendo: “se eu não pisar a terra, a terra não é minha”.Mas foi reconfortante ouvir o sábio afirmar: “a crise do estado não implica que seja acompanhada da crise de identidade na-cional”. Ou seja, o Estado pode falir e a Nação continuar.Ora é aqui que se deve colher a lição para uma conclusão reflexi-va sobre o tema proposto nestas jornadas. A identidade da Nação

preserva-se cultivando as suas raízes, a sua língua e o respeito pe-los seus diversos falares, as tradições, os usos e costumes, a litera-tura, o cancioneiro, as artes e a música. Então os fundamentos justificativos das Casas Regionais mantêm-se intactos. O desafio que se coloca é então o de promover actividades motivando uma participação mais alargada e não só dos mais velhos, mas tam-bém, e principalmente, dos mais jovens.Independentemente de algumas tristes figuras públicas que man-cham as nossas marcas identitárias, temos razões para continuar a orgulharmo-nos da nossa condição de transmontanos, como povo que cultiva a honestidade, a hospitalidade e a solidariedade. Relativamente ao “desvio” que, durante a fase de debate, acon-teceu com a introdução, talvez extemporânea, da Regionaliza-ção, vale a pena precisar estes dois conceitos. regionalismo é um conceito sociológico e histórico, que tem a ver com a iden-tidade de uma comunidade. regionalização é um conceito po-lítico, administrativo e económico, que tem a ver com a gestão da cousa pública. A Regionalização divide-nos, enquanto o Re-gionalismo nos une. Mas também neste tema o Professor afirmou que, quando os po-líticos introduziram esta questão na praça pública, ele esteve con-tra, como aliás a maioria do povo português, pelo receio de que os vícios do Estado se propagassem ao interior do País, opinião que agora pode ter mudado porque as circunstâncias são outras. Uma das vantagens desta crise é que a prática do poder político está a tornar-se mais transparente e a corrupção pode estar a ser encara-da com mais veemência. Também o desenho inicial do país numa multiplicidade de regiões parece hoje abandonada e a prática de uma região-piloto, durante alguns anos, antes de uma decisão de-finitiva, podem ganhar os portugueses para esta causa. Vale a pena recordar que o poder local foi uma das conquistas mais importantes do 25 de Abril. E que um euro gasto localmente tem um efeito multiplicador relativamente ao mesmo euro gasto pelo poder central.

Jorge sales golias(Nota: esta é uma versão reduzida deste artigo.

A versão completa pode ser vista em www.ctmad.pt)

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Carlos Cordeiro

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De04n.º 128 /// Março 2012Trás-os-MonTes

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No domingo, dia 5 de Fevereiro, ao sol da tarde, na presença de autarcas e populares

foi lançada a primeira pedra do Lar de Idosos, um equipamento social há muito necessário e, seguramente, muito desejado. o presidente da Câmara de Alijó, Artur Cascare-jo, cimentou a primeira pedra e afirmou que aquele gesto culminava o projeto de uma década. o Lar de Idosos ocupará uma área de 1.800 m2, terá 20 camas, custará um pouco mais de um milhão de euros, a pagar pelo popH, Câmara, Junta de Freguesia, CsrC local. em 2013, rece-berá os primeiros utentes.em Dezembro do ano findo, na C. M. de Alijó, foi lançado o livro “Vilar de Maçada. Passado e Presente”. É seu autor um natural da terra, Arq. pinto de sousa, pai do eng. José sócrates. Des-se livro respigámos: em 1220, a terra já era paróquia com o nome de “santa Maria de Vilar de Mazada” pertencendo a panóias. o recenseamento de 1530 indica o número de 127 habitantes. entre 1840 e 1853 foi sede de concelho, função que perdeu com a re-forma administrativa liberal. sob proposta assi-nada pelos deputados socialistas José sócrates, eurico de Figueiredo e António Marinho recu-perou, em 1993, na Assembleia da república, o estatuto de vila. entre as pessoas nascidas nesta terra, duas foram presidentes do governo da nação, o Barão da ribeira de sabrosa, rodrigo Carvalhaes, no tempo de D. Maria II e, mais recentemente, o eng. José sócrates.De V. de M. era Martim gonçalves de Macedo, herói nacional, a quem o rei D. João I concedeu o privilégio de ser sepultado no Mosteiro da Bata-lha com uma lápide onde pode ler-se “Aqui jaz Martim Gonçalves de Maçada que salvou a vida do Snr. D. João I na batalha De Aljubarrota”. Alguns edifícios de interesse histórico, ruas típi-cas, excelentes paisagens vinhateiras e apenas a 10 quilómetros do Ip4, (A4), Vilar de Maçada bem merece uma visita. Amigo leitor, vá.em aparte, marcado com o selo da curiosidade,

se informa que o es-crevinhador destes Retalhos de Burel e Ouro nasceu em Vi-lar de Maçada no edifício escolar que a fotografia mostra.

tresminas – Museu arqueológico

Desde o dia 6 de Fevereiro que a

freguesia de tresmi-nas, no concelho de Vila pouca de Aguiar, tem oficialmente o pri-meiro Museu Arqueo-

lógico ao Ar Livre, em portugal. nesse dia, o presidente da eXArC (organização europeia de Museus ao Ar Livre e Arqueologia experi-mental) o holandês Jack Veldman visitou o lo-cal, que classificou de “único”, e oficializou a entrada de tresminas na organização composta por vinte e cinco países e se destina a prestar apoio mútuo às iniciativas do género.Tresminas fica situada no planalto aurífero da serra da padrela. o ouro foi neste local extraído, a céu aberto, desde os tempos protohistóricos, mas foram os romanos que durante alguns sécu-los (desde meados do séc I, a.C. até finais do séc.II,d.C.) o exploraram mais intensamente. nestas minas trabalharam milhares de escravos de muitas gerações que abriram poços, galerias, tú-neis e levadas. esses trabalhos chegaram até nós. Agora, depois de recuperadas as casas da povoação e abertos os acessos, podem esses trabalhos e em-preendimentos ser visitados e recordados. A autarquia de Vila pouca de Aguiar, termina-da a primeira fase de recuperação e oficializa-ção, pretende dar, a seu tempo, novo passo em frente e candidatar o Museu Mineiro de tres-minas a património Histórico da Humanidade.

acontecimento inesperado

Na régua, capital do Douro Vinhateiro, o inesperado aconteceu. A cidade pasmou. A

notícia foi veiculada pelos media para o país in-teiro. Uma criança de dois anos apenas, a brincar na marquise da casa, caiu do 9º andar do prédio mais alto da cidade e não morreu. Diz o bombei-ro que a recolheu que uma “inesperada” rabana-da de vento a desviou durante a queda fazendo com que caísse, não no cimento do chão, mas em cima de um montão de areia coberto com plástico. Transportada no helicóptero do IneM

para o hospital, no porto, o Diogo, assim se cha-ma a criança, apresentava leve traumatismo cra-niano e pequenas fraturas nos membros inferio-res. no dia em que escrevemos, o Diogo conti-nua internado com vida e a “situação é estável”Diz o povo na sua sabedoria milenar: “ao menino e ao borracho, põe-lhe Deus a mão por baixo”. será que a mão de Deus estaria mesmo escondida na-quela areia para proteger o pequeno Diogo?

parques de ciência e tecnologia

No ano passado, em Julho, foi assinado um contrato de financiamento no valor de 19

milhões de euros para a criação do Parque da Ci-ência e Tecnologia, em Trás-os-Montes e Alto Douro. Tudo faz crer que o projeto vai entrar em fase de construção dentro de algumas semanas. o pC&T terá dois pólos, um régia-Douro park, localizado em Vila real, sob a orientação da UTAD e outro, Brigantia ecopark associado ao IpB. os parceiros envolvidos no projeto, entre os quais a associação portuspark, autarquias e agentes do ensino superior, acreditam que o projeto vai criar mais de mil empregos diretos e, o que é mais importante, irá concorrer de forma decisiva para o desenvolvimento da região. Todos nós desejamos que assim seja, embora sejam legítimas as reservas daqueles que causti-cados por tristes exemplos passados preferem esperar para ver.

envelhecimento ativo e solidariedade entre gerações

este foi o lema escolhido para o Ano euro-peu de 2012. o envelhecimento da popula-

ção europeia é um acto adquirido. os idosos aumentam, os jovens diminuem. para atenuar os efeitos desta demografia desastrosa, as insti-tuições internacionais propõem políticas ten-dentes a envolver os idosos em ocupações váli-das e estabelecer laços mais solidários entre as várias gerações. Foi no âmbito desta política social que nasce-ram as Universidades da Terceira Idade. o obje-tivo a conseguir é o enriquecimento cultural do

idoso, o aumento da estima pessoal, o combate à solidão.existem no distrito de Vila real cinco Universi-dades seniores em funcionamento: Vila real, Valpaços, peso da régua, Vila pouca de Aguiar e sabrosa (que envolve também Alijó e Murça) por ordem de antiguidade. estas universidades são frequentadas atualmente por 300 alunos. A Universidade sénior de Valpaços tem presen-temente matriculados 160 alunos empenhados num programa cheio de atividades. nos primei-ros dias de Março, a Universidade sénior Valpa-cense vai organizar o encontro das Universida-des da terceira Idade de toda a região Norte.no país estão ativas 170 destas escolas. no distrito de Bragança, as primeiras e previsíveis universi-dades de Mirandela e Macedo de Cavaleiros en-contram-se ainda na fase da sensibilização.

tabuaço: conferências sobre o douro

No âmbito das c o m e m o r a -

ções dos 10 anos do Douro como Patri-mónio Mundial, a Câmara promoveu conferências sobre a região subordina-das ao tema: “Que Douro na Próxima Década – Paisagens e Cultu-ra”. no dia 27 de Janeiro, na Qta do seixo. Fo-ram conferencistas as arquitetas teresa Ander-sen, da Universidade do porto, paula silva, da Direção regional do norte e o arquiteto álvaro siza Vieira. Ficou claro que o património Duriense é patri-mónio único, que as suas paisagens geográficas e humanas são fonte inesgotável de inspiração e desafio para grandes realizações. Mas, apesar dos avanços conseguidos, reina a convicção de que se tem andado devagar e nem sempre bem.na altura foi apresentado e distribuído aos pre-sentes o primeiro guia Turístico do Douro que cobre os 19 concelhos abrangidos pelo Turismo do Douro. o guia apresenta ampla componen-te fotográfica, itinerários, informações e mapas. escrito em versão portuguesa e inglesa. está disponível, a partir de agora, nos postos turísti-cos durienses.

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n.º 128 /// Março 2012

05Trás-os-MonTes&Alto Dourono

tícia

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De

Fumeiros tMad

A XXI Feira do Fumeiro e Presunto de Bar-roso, em Montalegre, deste ano, “foi a me-

lhor de sempre” no dizer de Fernando rodri-gues, presidente da Autarquia. os números são elucidativos: cerca de 50.000 visitantes, 90 pro-dutores presentes, mais de 620 presuntos vendi-dos, 26,5 toneladas de fumeiro e milhares de quilos de outras carnes transacionadas, cerca de dois milhões de euros faturados. Um êxito que obriga a preparar, desde já, a XXII Feira.em Chaves, a Mostra de Sabores e Saberes, que vai na 7.ªedição, apresentou e comerciali-zou produtos regionais cujo volume de negó-cios esteve dentro das expetativas da organiza-ção. Ao pastel de carne, ao folar, à batata, couve penca e presunto, produtos de Chaves, juntou--se o artesanato regional e nacional representa-do por 39 artesãos. Do setor agroalimentar con-tabilizaram-se 39 expositores. Daniel Campelo, secretário de estado, visitou a Mostra.Desde o início da realização da sua Feira que Vinhais se autotitulou como “a capital do fu-meiro”. Ao longo dos anos, seguindo um pro-grama estratégico sólido e mantendo-se firme nas ações apostou na qualidade e higiene dos produtos cofecionados, criou novas estruturas, respondeu com eficácia às necessidades emer-gentes, bateu a concorrência, garantindo mes-mo o direito ao título de Capital do Fumeiro. A 32.ª Feira do Fumeiro, realizada entre 9 e 12 de Fevereiro, saldou-se pelo sucesso costumeiro que já não surpreende. no dizer dos responsá-veis, as 40 toneladas normalmente vendidas em tempo da feira representam apenas dois a três por cento do comércio efetuado ao longo do ano. Criou-se na região uma cadeia certificada do produto carne de porco que é hoje um fator de dinamismo económico e de riqueza para a terra. existem 150 unidades de criação de suí-nos bísaros, a matéria prima, 20 pequenas fábri-cas devidamente equipadas, apoiadas e fiscali-zadas, 80 produtores licenciados, 70 unidades de transformação que garantem a quantidade e a qualidade do fumeiro. o salpicão foi coroado há muitos anos como o rei do fumeiro de Vi-nhais. Viva eL rei!Milhares de visitantes estiveram no local de ex-posição que ocupa uma área de 25.000 m2 e nele expuseram os seus produtos 83 produtores de fumeiro e 45 expositores de outros produtos regionais como vinho, mel, queijo, azeite, fru-tos secos e doces.

entre os visitantes é habitual encon-trar algumas figu-ras públicas e este ano lá estiveram a Ministra da Agri-cultura Dr.ª As-sunção Cristas, o Ministro dos Ne-gócios estrangei-

ros, Dr. paulo portas e o secretário geral do Blo-co de esquerda, Dr. Louçã. recheado programa de diversão e lazer tornou estes quatro dias de sol numa verdadeira romaria em honra do santo Fumeiro de Vinhais..nos dois últimos fins de semana de Fevereiro e no primeiro fim de semana de Março, a Alheira de Mirandela, que já é uma das sete Maravi-lhas gastronómicas do país, terá em Mirandela honras de rainha, com a organização da Feira da Alheira. o certame vai contar com a presen-ça de 100 expositores que além das alheiras apresentarão para venda outros produtos da ter-ra, mel, vinho, azeite, doçaria, caça …Já na raiana e alcandorada cidade de Miranda do Douro, nos dias 17 a 20 de Fevereiro, os pro-

dutos regionais derivados do porco e, com igual destaque a carne da vitela mirandesa e do cor-deiro mirandês estiveram em destaque na festa dos Sabores Mirandeses. entre os sabores que deliciaram a alma gulosa por doçaria figuraram os roscos, sodos, dormidos, a bola. Como se confirma pelo exposto, o Fumeiro é na nossa terra verdadeira fonte de riqueza.

três novas travessias rodoviárias no sabor

em tempo curto, serão lançadas as obras da travessia do rio sabor com três novas pon-

tes. Duas, no concelho de Mogadouro, ligando as estradas nacionais 216 e 217, substituirão a ponte de remondes que vai ficar submersa pela albufeira da barragem e uma terceira, no conce-lho de Alfândega da Fé, com a extensão de 177 metros, sobre a ribeira de Zacarias. As obras com a construção das plataformas já começa-ram e, segundo os cálculos feitos, estarão pron-tas antes dos fins de 2013, quando se iniciar o enchimendo barragem. A eDp, responsável pela obra, avalia os custos das três pontes em 18 milhões de euros

amendoeiras em flor

estamos na época em que as zonas do

Douro superior e Terra Quente Transmontana são mimoseadas pela natureza com o manto branco e róseo das amendoeiras em flor. Cartaz turístico de bele-za rara que atrai milha-res de pessoas sedentas por colher na natureza o belo que lhes garanta felicidade.Atentas a essa necessidade e na esperança de re-colherem vantagens para as suas terras, as autar-quias da região têm, cada vez mais nos últimos anos, conjugado esforços para proporcionarem aos visitantes agradável visita que desejam pro-longada. este ano as condições climatéricas re-tardaram a floração das amendoeiras. Algumas autarquias, como Vila nova de Foz, apesar da crise continuam a abrilhantar as festas com ini-ciativas novas, e já outras, como Mogadouro e Freixo, se mostram indisponíveis para se envolve-rem em novas despesas cujo retorno seja incerto. em qualquer dos casos, as amendoeiras em flor serão sempre uma encantadora prenda da natu-reza anunciando a primavera e um cartaz turísti-co da região transmotanoduriense.

carnaval transmontano

redijo esta nota precisamente em dia de Do-mingo gordo. Isso faz-me recuar aos tem-

pos de minha infância em Ervões/Valpaços, quando o Carnaval começava ao almoço com uma feijoada de feijão graúdo ou peludo e as orelhas do porco reservadas para este dia. pela tarde, havia sempre alguém que se masca-rava, normalmente eles de mulher, elas de ho-mem, que percorria as ruas com a pequenada atrás, em correrias, a fazer de mafarricos. rapa-zes e raparigas aproveitavam as liberdades do dia enfarinhando-se mutuamente. o diabo in-desejado aparecia quase sempre na figura do “cinzeiro” vestido com serapilheira, cuidadosa-mente mascarado, que transportava consigo uma saca com cinza e atirava às pessoas e para

dentro das casas. por vezes, os cin-zeiros refinavam a diabrura mistu-rando formigas à cinza. A figura central, mais ba-rulhenta e temida era o careto. estes caretos vestiam blusão (se possível) de pele, usavam botas e polainas, cal-ças justas, tinham máscara de papelão pintado a vermelho vivo no rosto e boina galega na cabe-ça. na extremidade de um pau com cerca de dois metros (a mangueira) prendiam um odre de cabra utilizado para o transporte de vinho ou azeite que enchiam de ar e, assim equipados e mascarados, percorriam as ruas perseguindo com odradas no chão, nas escadas, nas varan-das, a rapaziada que fugia amedrontada. Terminada a folia carnavalesca entrava-se em “rigoroso” período quaresmal até chegar a festi-vidade da páscoa. Feita esta evocação “histórica”, regressemos ao presente.Tenho conhecimento de que os “diabos carna-valescos”, com ou sem tolerância de ponto, vão continuar a andar à solta um pouco por toda a região. Hoje, predominam os cortejos, os mas-carados, os bailes, almoços e jantares. Assim, por exemplo, a vila de Vilarandelo, vizinha de ervões, sob a responsabilidade de uma Comis-são amestrada, chamada “Os Maltezes”, apre-senta um programa para os três dias que mete vários grupos de bombos, grupos de música pop, morteiradas para despertar, bailes de más-caras, vistoso, divertido e monumental Desfile, acabando com o enterro de entrudo.Um pouco mais para leste, nas terras de Mace-do de Cavaleiros continua a jogar-se o “mais genuíno Carnaval português”, o entrudo Cho-calheiro. os Caretos de Podence são as figuras principais do entrudo Chocalheiro que levam à região milhares de visitantes. escondidos nas suas coloridas indumentárias, mascarados com máscaras de lata, prendendo à cintura vários chocalhos vão, como demónios, pelas ruas ten-tando e chocalhando as raparigas novas, e tam-bém as menos novas, que em tempo de Carna-val “todo les é perdonado”. que envolve pratica-

mente toda a co-munidade espera--se que o desfile na vila de Macedo de Cavaleiros venha a ser um sucesso de alegria e boa dispo-sição.. Aguarde-mos para saber.

Do Carnaval em Torre do Moncorvo, gozado com grande animação por pequenada e gente crescida, dão testemunho as fotos publicadas. Carnaval para todos os gostos.

retalhinhosUm jornalista americano andou pelo Douro, viu o que quis, admirou paisagens, falou com as gentes, bebeu dos vinhos, saboreou a gastrono-mia, inteirou-se das realizações e projetos. em Janeiro, publicou um abonatório artigo no jor-nal The New York Times onde resume a sua admiração escrevendo: “A Região do Douro, tanta coisa em seu favor…”

Decorreu em Justes, no concelho de Vila real, por iniciativa de uma associação local, um con-curso de espantalhos. Foram apresentados 80 curiosos espantalhos feitos com material velho e reciclado. para o efeito a aldeia foi dividida em quatro zonas e cada zona apresentou 20 espan-

talhos. Uma bela e divertida ideia que pode ser utilizada com sucesso para outros fins. Por exemplo. por que não cobrir portugal, de norte a sul, de leste a oeste, com espantalhos, muitos espantalhos, fazer de portugal um espantalho? Talvez fosse possível afugentar de nossas hortas e searas certos passarões que “comem tudo, co-mem tudo e não deixam nada” .

no dia 26 de Janeiro, nas obras da Barragem do Tua, o deslizamento de terras e pedras provocou um grave acidente de trabalho arrastando três operários que perderam a vida. na semana se-guinte, uma explosão efetuada na margem es-querda do rio feriu com estilhaços de pedra dois operários que trabalhavam na margem direita, um dos quais com gravidade que foi levado para o hospital de Vila real onde se mantém interna-do. o caso obrigou à suspensão das obras e mere-ceu uma visita de deputados do parlamento.

o Teatro de Vila Real nos 273 espetáculos que apresentou durante o passado ano de 2011 rece-beu 57.436 espetadores o que representa uma assistência média de 89% de ocupação das salas.

A Academia da UTAD vai festejar a semana Académica entre 19 e 25 de Abril. no dia 19 do mês de Fevereiro foi a vez da “Mostra do Caloi-ro”, a seguir veio a “Festa do Carnaval” no dia 20 e depois de tanta festa, entre 12 e 16 de Março haverá lugar para a “semana da Cultura”

o canal televisivo da UTAD vai reiniciar as suas emissões regulares às 16 horas de quartas feiras. Transmite através de um canal do Meo

Com fundos euro-peus, integrado no projeto Fluvial da eU foi possível re-qualificar cinco moinhos antigos existentes no parque urbano do rio Fres-no, em Miranda do Douro.

A freguesia de Urrós/Mogadouro prepara mu-seu etnográfico. A Junta adquiriu uma velha casa arruinada, recuperou-a e nela armazenou o material já existente. As gentes da terra vão doar outros objetos. Depois de recolhidos e reparados serão museologicamente expostos para servirem às gerações futuras de testemunhos de vida das gerações passadas criando entre elas um elo his-tórico ininterrupto de memórias e afetos.

em Torre do Moncorvo, numa iniciativa da Câ-mara, realizam-se os Jogos Desportivos Conce-lhios entre os dias 01 e 25 de Abril. Futsal, ténis de mesa, sueca, dominó, pesca desportiva, são as modalidades em disputa. As inscrições abriram.

A diocese de Lamego tem novo bispo. No dia 5 de Fevereiro, na sé Catedral da cidade, tomou posse D. António Couto. Tem 59 anos e veio de Braga, onde, desde 2007, era bispo auxiliar. A diocese de Lamego conta com 140.000 católicos e é a única diocese territorial do país cujo nome não corresponde ao nome da capital de distrito.

no dias 25 e 26 de Fevereiro e 03, 04 de Março, com grande variedade de atividades, aprovei-tando as riquezas cultu-rais da região duriense, celebrou-se a Festa dos Saberes e Sabores do Douro, em S. João da Pesqueira.

Retalhos... de Burel e Ouro

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De06n.º 128 /// Março 2012Trás-os-MonTes

&Alto Douro

A apresentação do portal da Casa na Assembleia-Geral Ordinária de 27 de Janeiro constituiu um acontecimento histórico. Na verdade hoje é voz

corrente que quem não pertence à Internet não existe, e embora a Casa já estivesse no FACEBOOK, faltava-lhe um portal. Ele aí está: www.ctmad.pt. Agora só falta que os sócios da Casa se registem no portal, para terem acesso a todas as suas funcionalidades, que embora não estejam ainda todas imple-

mentadas, esperamos que o estejam no futuro próximo.O nascimento do Portal da Casa acompanha um momento de rara actividade externa. É hoje claro que a Casa é solicitada a participar em acontecimentos diversos, sendo-lhe atribuído o estatuto de promotor, a que a Direcção se esforça por dar apoio. Um exemplo foi a nossa participação na difusão desse grande acontecimento para o conhecimento da nossa Região, O Auto da Criação do Mundo, que foi muito apreciado. De tudo isto é dado conhecimento no Jornal, nesta e em outras edições. Esperamos uma maior participação dos Sócios, pois que havendo maior colaboração, maior será a possibilidade de satisfazermos estas honrosas solicitações e participarmos.Também esperamos maior colaboração dos sócios em nos declararem os seus e-mails, condição aliás indispensável para poderem aceder com registo ao portal e receberem o Jornal electrónico. E espe-ramos também que tendo e-mail prescindam da edição de papel, pois recebem o Jornal electrónico, que deverá ser feito de forma explicita através de e-mail, e que ajuda a reduzir custos.Seria útil que nos fizessem chegar notícias de acontecimentos passados e futuros dos vossos Conce-lhos, pois só assim enriqueceremos a visão da nossa Região que o Portal pretende transmitir. Aguar-damos as vossas notícias.Agradecimento: Excepcionalmente foi decidido publicar a página 7 a cores, devido ao seu óbvio con-teúdo histórico. A CTMAD agradece à TEXTYPE, Artes Gráficas Lda, a generosa oferta de suportar os respectivos custos adicionais, incluindo a página 2 a cores.

O Canto do Editorantónio armando da Costa

noVos AssoCIADosnoMe ConCeLHo

Augusto ribeiro Teixeira de Magalhães Lamego (mãe)

Maria Isabel Batista Lopes Chaves

Carlos Marcelino Vaz lamego

Manuel José Monteiro guerra Mogadouro

Os “Dias D” na CTMAD

Av. João XXI, 23 -B, Lisboa Tel. 21 8401436

Tal como a escolha de lentes requer a intervenção de um médico oftalmologista, a escolha de uns óculos requer a técnica e os cuidados

de um bom oculista.Nesta casa, são concedidos descontos de 20% sobre os produtos em ven-

da, aos sócios da CTMAD.

VISITE -NOS!

O ano passado, após troca de impressões com o meu conterrâneo Jorge Golias no

sentido de dinamizar a CASA, nasceu a ideia daquilo a que se chamou “Dia D” (Dia De ci-dade/vila /aldeia) de Trás-os- Montes na CT-MAD por forma a dar a conhecer a cultura, a história, a gastronomia das diversas comunida-des da nossa região.Estávamos, no entanto, longe do sucesso alcan-çado quando se concretizou o Dia de Mirande-la, no dia 14 de Maio de 2011. Com efeito, não se tratou apenas de uma almoço de amigos, mas sim uma jornada que começou com prova de azeites por técnicos qualificados vindos pro-positadamente de Mirandela, seguindo-se vá-rias actividades ao longo do dia (projecção de filmes, almoço, música, poesia, dissertação so-bre a História de Mirandela, apresentação de livros, etc.). A vereadora da cultura, Dra. Maria Gentil, em representação da Câmara Munici-pal de Mirandela, honrou-nos com a sua pre-sença e obsequiou a CTMAD e os convivas com várias ofertas.Enfim, um dia em cheio para a CTMAD e para quem nele participou. Seguiu-se, no mês seguinte, mais precisamen-te a 18 de Junho, o Dia de Chaves. Sem me querer alongar em pormenores, direi apenas que foi mais um êxito retumbante para a CT-MAD.E a partir daí não houve mais nenhum sócio que quisesse tomar a iniciativa de organizar um “Dia D”, para proporcionar a todos o conheci-mento mais aprofundado da sua terra, apesar de esse apelo ter saído no jornal NTMAD dessa altura e, posteriormente, nós próprios termos insistido, junto de alguns colegas.

Então gentes de Bragança, Vila Real, Mogadou-ro, Moncorvo, Alfândega da Fé, etc, etc não nos querem mostrar com mais pormenor as vossas lindas terras e até aspectos desconhecidos de al-guns, como por exemplo o santuário de Cerejais de Alfândega, o Museu do Ferro e a lenda da fi-gueira na igreja matriz de Moncorvo, as cristas de galo de Vila Real, o museu dos caretos em Bragança, ou a história do castelo de Mogadou-ro? Também alguém que nos diga algo sobre o Douro. Por exemplo, onde fica exactamente Cinfães do Douro? O que podemos lá visitar? O papel de Lamego e de Ribadouro na criação de D. Afonso Henriques?Puxem do vosso bairrismo e passem do pensa-mento à acção! Alimentem esta ideia do “Dia D”, pois a CTMAD dará todo o apoio necessá-rio à sua concretização. Aqui fica, de novo, o apelo.E, para darmos o exemplo (e não tendo em mente qualquer tipo de monopolização) está já na forja o dia de Mirandela (2ª edição) que terá lugar no próximo dia 19 de Maio (sábado). Te-mos já garantida a presença do Dr. Jorge Lage, escritor e cronista, autor da bela monografia so-bre a Castanha: vamos todos aprender muito sobre castanheiros e castanhas (e não faltarão deliciosas receitas com base neste produto). E, claro, esta é apenas a 1ª acha para a fogueira, outros aspectos serão contemplados para termos novo êxito, nesse dia.Nota: após termos elaborado esta crónica, sou-bemos que Montalegre, vai realizar o seu Dia na CTMAD a 24 de Março, o que nos apraz regis-tar: que seja este mais um exemplo para as ou-tras terras.

Carlos Cordeiro

Vila Real acolhe XXIIas Jornadas Luso-Espanholas de Gestão CientíficaTiveram lugar na UTAD, em Vila Real, entre 1 e 3 de Fevereiro de 2012, as XXII Jornadas Luso--Espanholas de Gestão, realização conjunta das Universidades de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Beira Interior (UBI) e de Sevilha (Es-panha). Foram organizadas pelo Departamento de Economia, Sociologia e Gestão (DESG) da UTAD e pelo seu Centro de Estudos Transdisci-plinares para o Desenvolvimento (CETRAD).O tema proposto foi “Sociedade, Territórios e Organizações: Inclusões e Competitividade”, visando tratar problemas actuais do nosso tem-po, buscando respostas e procurando construir novos modelos de gestão e governação, mais par-ticipados, responsáveis e inclusivos, para organi-zações, dos diferentes sectores e áreas.Os especialistas da área da gestão, profissionais e académicos, envolvidos na administração públi-ca e nas organizações empresariais e do 3º sec-tor, foram convidados a participar neste grande encontro, partilhando as suas pesquisas empíri-cas, desenvolvimentos teóricos e casos práticos. Procurou-se criar o ambiente propicio à criação

de múltiplas oportunidades de intercâmbio e de florescimento de redes e parcerias.

www.xxiiJornadaslusoesPanholasgestao.org

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De

Auto da Criação do Mundo

L Auto de La Criaçon de l Mundo

A festa começou na Sexta-Feira, 13, quando os Gaiteiros de Ur-rós invadiram as ruas da capital, o Metro e acabaram parando

em frente à Ginjinha do Rossio. No dia seguinte, na soalheira tarde de Sábado de 14 de Janeiro, mais de mil pessoas, na maioria transmontanas, assistiram à representação do Auto da Criação do Mundo, na magnífica sala da Aula Magna, da Cidade Universitá-ria, em Lisboa. Os actores, amadores, de Urrós (Mogadouro), em número de trinta, desceram à capital e, num dos melhores palcos do país, representaram soberbamente este auto popular trans-montano do Ciclo do Natal.Na noite de 24 de Dezembro, o nascimento do Menino era cele-brado em algumas terras com a Missa do Galo e em outras com a representação deste Auto, também conhecido pela “Tradição do Ramo”.O espectáculo foi precedido de uma exibição de Pauliteiros de Ur-rós que, no átrio da Aula Magna, presentearam o público com algu-mas das suas danças guerreiras, uma delas a famosa Guerra do Mi-randum. Oito pauliteiros, um bombo, uma caixa e duas gaitas-de--foles, tudo gente de Urrós, Palaçoulo e outras terras limítrofes.O Presidente da Câmara Municipal de Mogadouro, Dr. Sá Ma-chado, dirigiu-se aos presentes, num improviso emotivo, falando do seu concelho, isolado, esquecido, como quase toda a região transmontana, com problemas de vária ordem, sobretudo o de-semprego.O ponto alto da sua intervenção foi a “cultura como forma de promoção do concelho”. Referiu as infra-estruturas de Moga-

douro e as comemorações do centenário da morte de Trindade Coelho, salientando a recuperação do espólio do poeta, que esta-va no Museu Abade de Baçal. E mesmo com a crise continuará a fazer cultura, recuperando tradições que fazem parte do nosso imaginário regional, pois, afirmou, “foi grande o teatro popular transmontano!”Falou depois o Prof. David Casimiro, a quem se deve a recolha dos versos do Auto, feita em muitas aldeias transmontanas, não apenas do concelho de Mogadouro, mas também, de outros como de Mirandela, em S. Pedro Velho. Falou da representação havida em 19 de Agosto de 2011, em Urrós, onde foi possível reunir 43 pessoas, algumas das quais de fora do país, aliás como hoje aqui em Lisboa. Disse ignorar-se a origem deste auto que foi representado nos anos de 1924-35-44 e 49. Referiu-se com espe-cial relevo ao Sr. Fernando Alves, de 76 anos, o actor mais velho ali presente, que tinha participado no auto em jovem, e cuja me-mória foi preciosa para este enorme e nobre esforço de recupera-ção cultural.Com as novas tecnologias que a Aula Magna proporciona, abriu-se a parede falsa do fundo do palco, mostrando a escadaria monu-mental, por onde desceram os trinta actores nas suas vestimentas temporais, numa entrada em palco, que deslumbrou a assistência. E assim se começou a contar em verso a história mais conhecida do mundo ocidental, desde Adão e Eva no Paraíso e da sua expul-são, até ao Nascimento do Menino. No palco, tendinhas simbóli-cas marcavam as personagens ou entidades intervenientes na his-

tória. Da esquerda para a direita: Paraíso, Anjo, Caim, Saul e Abel, Diabo, Pastores, Igreja, Oratório, S. José, Rei Herodes e a cabana da Natividade.O auto foi muito bem sucedido, os actores convincentes, destacan-do-se o Sr. Fernando Alves, que fez de Adão e depois de Caim, dotado de uma grande memória, de uma boa projecção de voz e, sobretudo, com aquela entoação bem característica deste tipo de eventos. O actor que representou o Diabo foi espectacular, bem como a cena do nascimento do menino, que era um lindo bebé. O Dr. David Casimiro também participou, no papel de Sumo-sacer-dote, elevando assim a trinta e um o número de actores em palco.Na Assistência, viu-se o actor Luís Miguel Cintra, que assistiu com grande atenção e envolvimento a todo o espectáculo; e o Dr. Amadeu José Ferreira, o mais ilustre representante da língua mi-randesa. A Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro, de Lisboa, representada pelo seu presidente, Dr. Jorge Valadares, e vários outros membros dos seus Corpos Sociais e sócios, teve um papel fundamental na divulgação do espectáculo. Os Transmontanos da diáspora lisboeta viveram, assim, uma bela tarde de Inverno, orgulhosos das suas tradições, que os de Urrós tão bem souberam recordar e a quem todos estamos agradecidos. Bem hajam, conterrâneos. E que viva Trás-os-Montes!

Jorge sales golias(Nota: esta é uma versão reduzida deste artigo.

A versão completa pode ser vista em www.ctmad.pt)

Nada you tenie a ber cula representaçon mas algua ansiedade nun me faltou. Bá!, çpachai bos que you quedei de star alhá

a las dues horas. Esso nun era berdade mas nun querie perder nien un mirar de todo l que se iba a passar. Apuis, la çculpa de tener guardado quaije quarenta belhetes benie mesmo a calhar.L’ antrada de la Aula Magna. L rebolhiço ampeça i ye grande. Muitas pessonas a cumprar belhetes, seinha de que la sala se ha-berie de componer. Muitas caras coincidas i outras nó. Cumpri-menta-se todo l mundo que se conhece. L porteiro mira-me i cula mano: faç fabor. Reconhece-me de l die atrás i deixa-me antrar. La mie Tie guarda ls belhetes para quando antrarmos todos.Dabid Casemiro passa por mi i diç: «Caralcho, la cousa parece que se stá a componer. Muita gente para antrar. Bamos a tener ua sala bien cumposta.» Bai a correr todo bien.Aprontan-se ls Dançadores. Faç-se un córrio bien ancho. L an-saiador splica la dança. L de la gaita ampeça a tocar. La caixa i l bombo acumpánhan i ls dançadores sóltan ls palos que strálhan uns acontra ls outros. Muitos míran de riba de las scaleiras i de l spácio de l purmeiro piso. Uns sácan retratos i outros fázen filmes. Las pessonas stan animadas i cuntentas. Acabada l’actuaçon, ye hora d’ antrar.Çcurso de l Senhor Persidente de la Cámara Munecipal de Mo-gadouro, Dr. Morais Machado. Apuis de saludar ls persentes i de nomear ls ausentes, manda alguns recados al poder central. Pare-ce que nien un repersentante oufecial de l Menesterio de la Cul-

tura se dignou star nesta manifestaçon de cultura stramuntana. Son uns gentius, la giente que manda! Lamenta-se que assi seia. Mas las gientes de Ruolos, de Mogadouro, de todo l Praino i todos ls stramuntanos son pessonas trabalhadoras i hounestas. Tamien ténen cultura i sáben fazer acuntecer cultura. Son pessonas sim-ples mas merécen algua cunsideraçon. Acrecenta l senhor persi-dente que la Cámara nada debe i ten buonas cundiçones para ls que alhá stan i tamien para ls que quérgan ir: pecina, casa de la cultura, biblioteca, grupo de triato, acordos cun la orquestra me-tropolitana de la cidade do Porto...i muitas mais cousas buonas. Hai necidade de ambestidores para criar ampregos i fixar jobes qualificados. Ye tiempo de spetaclo. David Casemiro anuncia-lo sticando la mano: abre-se la curtina. Ressona al punta de riba de anchas scaleiras sonido fuorte. Harmonioso. A poner piel de pita. Todo mundo queda mudo de spanto. Ls atores abáixan las scaleiras cun passo sereno. Spálhan-se a todo l palco. Fai-se silénço abseluto . Amadeu Ferreira diç: “parece ua ambaixada rial: benírun a Lis-boua i deixórun sua mensage: hai bida alhá de Lisboua, hai cultu-ra alhá de l São Calros i de l D. Marie...”. Cumo las cousas sim-ples mos eimociónan.Apuis l’antrada, todo puode acuntecer. L sfergante lhargo a naide le scapa. L registro queda bien andrento de cada un. Hai quien diga que l spetaclo poderie acabar eilhi. Staba salba la atuaçon. Baliu la pena.

Atores a seus lhugares. L anjo anúncia la feitura de l mundo: Dius fizo l mundo i al sétimo die fizo l home. Adan sentie-se mui solico. Dius saca-le ua costilha i faç sue cumpanha: la mulhier. L paraíso. De todo puoden çfruitar. Proibido, proibio, solo l fruito daqueilha arble. Manhosa, la serpiente todo fai pa que la mulhier caia an tentaçon. Eba nun rejiste, come la maçana. A Adan queda se le antresgantada na gorja. Ah mulhier l que faziste! Maldiçon! Cumo Dius bos botou al mundo habéis de quedar mas de uolhos çpiertos i cun ganas de amar. La decendéncia nun bai a faltar. Diabro, esse tentador d’ almas. Siempre a zucrinar la cabeça al home. Apuis, essa ambeija, tinhosa que nun se çpega de las almas houmanas. Mas hai siempre almas caridosas i simpres que le gus-ta la paç i harmonie.L defícele ye aceitar l outro. Mais deficele inda, se l outro ye ua rapaza guapa que solo an suonhos se arrima a Eilha. Jesé, acontra l preconceito muito tube que lhuitar. L nino bai a nacer i rei sien reino bai a ser. Casa algua se le abriu i la gruta le serbiu . Las pa-lhas los calcírun i mais la calor de animales. Pastores, probes, l pouco que teníen debidírun. Jesé, Marie i Jasus fame nun passó-run. Magos reis benírun i ouro, ansénsio i mirra le oufrecírun. Nino de berdade, al cuolho de “Marie” se cunfortou mas mai de berdade nun yera i choro l nino soltou. Cunsolo de mai tubo que tener i miedos atamou. Assi se acaba l Auto i todo l mundo muitas palmas botou.

antónio Cangueiro

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De08n.º 128 /// Março 2012Trás-os-MonTes

&Alto Douro

direCtor: Jorge Valadares // direCtor-adJunto: António Armando da Costa // Colaboram nesta edição: Armando Jorge e silva, António da Costa, António Cangueiro, Agp, Carlos Cordeiro, João soares Tavares, Jorge sales golias, Jorge Valadares e serafim de sousa // coordenação gráfica: António Armando da Costa // paginação: Nuno leite // ProJeCto gráfiCo e Consulturia de Design: Nuno leite // reVisão de textos: António Armando da Costa e serafim de sousa // imPressão: Textype, Artes gráficas, Lda // tiragem desta edição: 2000 exemplares // dePósito legal: 178581/02

Trás-os-MonTes&Alto Dourono

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ProPriedade: Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro Contribuinte 500 788 863, Isento de registo no erC–D.r.

nº8/99, de 09/06, artigo 12º, nº1 redaCção, administração e PubliCidade:

Campo pequeno, 50-3.º e – 1000-081 Lisboa

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O Dia de Montalegre-Homenagem a Cabrilho

oficina de escrita e workshop de escrita

oficina de escrita de Ficçãoduração: 3 semanasperiodicidade: semanal (180 min.) Sexta-Feira

18:30/21:30datas: 16/23/30 Março.preços: 80 € associados da Ctmad 85 € não associados da Ctmad

Workshop de escritaduração: 1 tardeperiodicidade: semanal (180 min.) Sábado

16:00/19:00datas: 17 Marçopreços: 25€ associados da Ctmad 30€ não associados da Ctmad

Aceitam-se inscrições até 2 dias anteriores à data do inicio do curso.

descriçãoA escrita não é inerente ao Homem. Aprende-se. Aprende-se a desenhar as letras; a formar frases; a escrever textos.O sonho de muitos fica pelo caminho por desco-nhecerem as técnicas, por esbarrarem na moro-sidade do auto-didactismo. É pouco frutuoso inventar o que já está inventado.Na Oficina de Escrita, o escritor Carlos Macha-do, explana as melhores práticas para escrever textos em prosa: crónica, crónica de viagens, conto, romance. Fala de blogues, de concursos literários, livros de vampiros e de fantasia, publi-cação digital. As sessões contarão com inúmeros exercícios práticos.No Workshop de Escrita, o mote é: Lemos me-lhor se escrevermos melhor e escrevemos me-lhor se lermos melhor. O escritor Carlos Macha-do, alia a interactividade entre a leitura e a escri-ta para iniciar o gosto pela escrita. Exercícios práticos para descobrir a imaginação e perder o medo da escrever.Estas são actividades que devem ser aproveitadas por candidatos a escreventes, mas também por formadores - pais e professores - para um me-lhor acompanhamento dos seus filhos e alunos.O escritor Carlos Machado, formador nas cita-das actividades, aos cinquenta anos, escreveu o seu primeiro romance, “O Homem Que Viveu Duas Vezes”, com o qual venceu o Prémio Alves Redol. Se tivesse frequentado uma Oficina de Escrita, teria demorado tanto tempo a iniciar-se na actividade literária? Tem ainda dois roman-ces publicados, bloguer, dedica-se exclusiva-mente à actividade literária.”

cursos a decorrer de pintura em tela e pintura em azulejo e Faiança

Houve uma alteração no horário do curso de Pintura em Azulejo e Faiança passando para as 2ªs feiras no mesmo horário.Assim:

curso de pintura em azulejo e Faiançalocal: Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro,

Campo Pequeno nº50 - 3ºEsq.

Horário: Segundas-feiras das 17,30h às 19,30hcusto: 30,00€ para não associados 25,00€ para associados da CTMADorientação: Prof.ª Guida Portela

curso de pintura em telalocal: Casa de Trás-os-Montes e Alto Douro,

Campo Pequeno nº50 - 3ºEsq.Horário: Segundas-feiras das 14,30h às 17,00hcusto: 60,00€ para não associados 50,00€ para associados da CTMADorientação: Prof.ª Salomé

grupo de teatroO grupo de teatro está actualmente a ensaiar a peça de Miguel Torga, Terra Firme, e conta com um elenco - ainda incompleto - de 9 pesso-as. Aceitam-se colaboradores para o grupo.

grupo de cantares da ctMadO grupo de cantares foi formado e necessita de mais elementos nomeadamente a orientação de um maestro.

curso de lhéngua i cultura Mirandesas 2012data: 15 de febreiro (ua beç por sumana, to las

quartas)local: Casa de Trás ls Montes i Alto Douro an

LisbouaHora: 20:30 -- 22:30

Bai a ampeçar l 15 de febreiro que ben mais un curso de lhéngua i cultura mirandesas, ourgani-zado pula ALM – Associaçon de Lhéngua Mi-randesa.Ls porsores de l curso seran, cumo an anhos atra-sados Amadeu Ferreira i Francisco Domingues.L sítio de l curso será la Casa de Trás ls Montes i Alto Douro an Lisboua, na Praça de l Campo Pequeinho, n.º 50 – 3.º esquerdo. Muitos anhos apuis, ls cursos tórnan al sítio adonde ampeçó-run, an 2001-2002. Eiqui se le agradece a la sue direçon este amportante apoio logístico, speran-do que eiqui puodan tener cundiçones para cun-tinar por muitos anhos.Las aulas ampéçan a las 20:30 i acában a las 22:00, ua beç por sumana, to las quartas [a nun ser que outro die seia decedido antre porsores i alunos].L curso stá abierto a las pessonas que se quérgan anscrebir pa la caixa de correio [email protected], debendo ende çclarar l sou nome, ei-dade, sítio de nacimiento, morada, correio eiletró-nico i telemoble i se sáben ou nó falar mirandés.Por prencípio, i cumo sempre, ls cursos son de grácia, mas bai se le a pedir als alunos: algue par-tecipaçon para pagar gastos culas anstalaçones i la sue la anscriçon na ALM – Associaçon de Lhén-gua Mirandesa, cun pagamento de jóias i cotas.L’ourganizaçon de l curso i l sou nible poderan depender de l nible de coincimientos de las pesso-nas anscritas, podendo haber mais que ua classe.

Lisboua, 6 de Febreiro de 2012

amadeu ferreirafransCisCo domingues

Vai-se realizar a 24 de Março o Dia de Monta-

legre na nossa Sede. Nele será feita uma homenagem a João Rodrigues Cabrilho. Para esse efeito será orador João Soares Tavares que es-creveu texto que a seguir pu-blicamos de introdução a essa homenagem:

Conheço João Rodrigues Cabrilho há vários anos. Meu companheiro de lon-gas horas em arquivos e bi-bliotecas do Mundo e dos homens. Nasceu uma ad-miração por esse homem que foi aumentando à medida que o conhecia melhor. Quem já realizou uma pesquisa exaus-tiva nos meandros obscuros da História sobre uma personalidade do nível de Cabrilho, com-preenderá o que pretendo dizer. A naturalidade de Cabrilho já não vagueia ao sabor das marés em consonância com interesses geográficos do momento. Ele é indubitavelmen-te um transmontano natural de Lapela, fregue-sia de Cabril do concelho de Montalegre.Trás-os-Montes e em particular Montalegre po-deriam fazer mais para honrar João Rodrigues Cabrilho. A sua terra natal ainda não o homena-geou com a dignidade que ele merece.

De tempos a tempos, vis-lumbram-se algumas boas intenções na Câmara de Montalegre. Mas… não pas-sam disso. São apenas lam-pejos sem continuidade. Na generalidade as Entidades de Montalegre escolhem a vi-sibilidade primária, os eventos mais mediáticos e, secundari-zam o navegador barrosão.Quem é afinal Cabrilho?Cabrilho começou por ser um simples emigrante (um dos primeiros emigrantes bar-rosões) que no século XVI partiu para o Novo Mundo (América) à procura de me-lhores condições de vida. Ini-

cialmente soldado do exército espanhol foi subin-do a pulso até adquirir a fidalguia sendo reconheci-do pelos seus contemporâneos como um homem notável a vários níveis. Alcançou feitos que ficaram registados na História. Foi comandante de uma companhia de besteiros, conquistador, navegador, Almirante de esquadra, descobridor de novos mun-dos – descobriu a Costa da Califórnia – primeiro autor publicado na América e, muito mais… A Espanha não valoriza Cabrilho por ser portu-guês. Cabrilho não é suficientemente reconhe-cido em Portugal porque se notabilizou ao servi-ço de Espanha.

João soares taVares (inVestigador)

Novas actividadesna CTMAD

João Rodrigues Cabrilho.