Paralelo ECO 1a ED

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Lixo hospitalar? Editorial O Paralelo agora é ECO página 03 Comportamento Programa Lixo Zero página 13 Poder Pedalando para evitar o trânsito página 09 Futuro A possível extinção do papel página 20 pág. 06 Para onde vai o

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Lixohospitalar?

Editorial

O Paraleloagora é ECOpágina 03

Comportamento

ProgramaLixo Zero

página 13

Poder

Pedalando para evitaro trânsito

página 09

Futuro

A possívelextinção dopapelpágina 20

pág. 06

Paraonde

vai o

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Este jornal é um trabalho desenvolvido pela turma

54 de Jornalismo da Universidade Estadual de Londrina, coordenado e orientado pelo professor

mestre Silvio RicardoDemétrio

Somos a turma do 4º ano de jornalismo matutino da Universidade Estadual de Londrina, de 2014. Nosso projeto foi desenvolvido com a coordenação e

orientação do Prof. Ms. Silvio Ricardo Demétrio, e com o apoio da UEL.

Editor Chefe: Prof. Silvio Ricardo

Demétrio

Tec TecAlessandra Galletto

Estava esperando ele no carro; cansei do rádio e o desliguei. O silêncio só durou uns segundos, foi interrom-pido. Tec tec tec. Tec! Tectec. Tec. Tectectetctec. Não en-tendi nada, fiquei procurando de onde vinha aquele barulho insistente, irritante. Acabei ol-hando para cima: na beira das janelas espelhadas do prédio, uma meia dúzia de pássaros pretos travavam uma batalha épica contra seus reflexos. Piavam e grasnavam furiosos, abrindo as asas, estufando o peito, as penas, pretas arma-duras, reluzindo quase azuis sob o sol, e bicando o vidro, tectectec, cáa! Tectec. Bal-ancei a cabeça e ri, esses bi-chos tontos que não se recon-hecem.

Fomos para casa, vai ajudar

sua mãe com a roupa; Ales-sandra, vai levar a roupa do seu irmão pra ele.

Entrei de costas no quarto, carregando a pilha de camise-tas bem passadas, empurran-do a porta semiaberta com os cotovelos. Tectectectectec.

A figura de 15 anos com os fones maiores que a cabeça, berrando a plenos pulmões no microfone, marretando o tecla-do, clicando furiosamente.

Tectectectectec! “Mata ele Rodolfo, mata ele! Se a gente não passar de nível tem que voltar pro Lich King de novo!!” Tectectec. Tec!! Tec!! “Yuri dá cura nele, ressucita ele! Clica-clicaclicaclica, Tectectectect-ec!!

Deixei as roupas em cima da cama, Rodrigo não esquece de guardar. Tectectectec.

Saí do quarto, encostei a porta de volta.

Balancei a cabeça e ri.

Superintendente:Alessandra Galletto Revisão:

Carol FereziniIsadora LopesRafael GratieriJoão Victor

Barbosa Evangelista

Diagramação:Alessandra Galletto

Milliane LauizeNabila HaddadYudson Koga

Tiragem: 500 cópiasImpressão - Gráfica da UEL

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O ser humano parece en-fim capaz de romper todas as barreiras, chegar às últimas instâncias do conhecimento. Nesta década pisamos em marte, encontramos a “par-tícula de deus”, comparti-lhamos nossas vidas com o mundo através da internet – que agora irreversivelmente faz parte de nosso cotidiano – devolvemos a visão, audi-ção e movimento a pessoas com tecnologia, modifica-mos todo o tipo de ser vivo geneticamente, curamos doenças, criamos máquinas, e por aí vamos, e não para-mos.

E o problema às vezes é que não paramos. Para cada estranho do outro lado da terra com quem con-versamos, há um vizinho cujo nome desconhecemos, um primo que não vemos há anos. Para cada plane-ta desvendado, destruímos hectares de floresta virgem. Cada doença que curamos nos responde com uma nova epidemia, cada supérfluo que compramos aumenta a nuvem negra sobre nossas cabeças, cada descoberta, uma guerra.

Ecologia, seguindo a li-nha de pensamento de Félix Guattari, psicoterapeuta, mi-litante filósofo e semiologis-ta, não se limita a respeitar e restaurar fauna e flora, a resgatar baleias e diminuir a poluição. Para ele, três eco-logias – sobre as quais escre-veu um livro – fazem parte

de nossas vidas: O meio-am-biente, as relações sociais, e a subjetividade humana.

Estamos perdendo a rela-ção entre essa tríade. Numa sociedade conformada, con-fortável e debilmente enges-sada diante da tecnologia, da mídia e do consumismo, nos tornamos distantes e anestesiados, nossa subjeti-vidade esfarela. Perdemos a capacidade de entender e sentir a interdependência destas ecologias, que dese-quilibradas, vão sendo des-truídas.

“O que está em questão é a maneira de viver daqui em diante sobre esse planeta”, escreve o autor.

Mas enquanto a maio-ria de nós permanece neste estado, alguns estão ‘acor-dando’. Revoltas começaram a correr pelas ruas desde a Primavera Árabe; a cons-cientização ambiental, a res-tauração do convívio social, o fim da passividade entram nas pautas de profissionais e na cabeça de indivíduos, um de cada vez.

Nesta versão Eco do Pa-ralelo, adotamos as preo-cupações de ecológicas de Guattari. Quatro edições especiais irão expor, cader-no a caderno, os problemas que nos cercam e divulgar as soluções que surgem len-tamente em nosso meio, a revolução que ressuscita aos poucos, os pequenos fachos verdes que brotam no meio das calçadas rachadas.

Ale

ssan

dra

Gal

letto

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Jantando com o inimigoPolêmicos, os agrotóxicos ainda levantam discussões. Embora venenosos, a demanda alimentícia obriga o seu uso

Rafael Gratieri e Yudson Koga

Se a história da Branca de Neve se passasse no Brasil, com certeza a maçã estaria envene-nada por conta de agrotóxicos. Isso porque o país é o maior con-sumidor e importador desse tipo de produto do mundo, segundo o Ministério do Meio Ambiente. No ano passado, foram consumidos um bilhão de litros agrotóxicos no país, o equivalente a 5 litros por habitante, em um mercado que movimenta mais de 8 bilhões de reais no mercado de pestici-

das. O Brasil é um país de pro-porções continentais, além de ser um dos maiores produtores agroindustriais do globo - só em 2012 foram colhidas 185 milhões de toneladas de grãos. Além de recursos tecnológicos, o número expressivo dessa colheita tam-bém se dá pela existência de mais de 1.640 agrotóxicos regis-trados para uso.

Entretanto, o uso desses de-fensivos agrícolas gera polêmica e debates. Não estaríamos levan-do veneno para a mesa de jan-tar? De acordo com Otávio Jorge Abi-Saab, professor doutor de Agronomia e Energia na Agricul-tura, os resíduos dos agrotóxicos que ficam nos alimentos são ino-fensivos quando a aplicação é fei-ta de maneira correta: “o homem está preservado. Para que haja alguma intoxicação, você teria que comer esse produto todo dia, sem lavar, descascar e cozinhar”.

Uma estimativa de quantidade máxima que uma pessoa po-deria ingerir por dia de resíduos de agrotóxi-cos é indicada a partir de estudos realizados em animais de labora-tório. Para a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), se o consu-mo está dentro do Índice Diário Aceitável (IDA), não há danos à saúde. Do contrário, as consequ-ências podem ser graves. “O con-sumo de alimentos com níveis de agrotóxicos acima do permitido pode causar inúmeros agravos como, por exemplo, depressão, alguns tipos de cânceres, má for-

mação congênita, infertilidade”, explica o professor Tiago Severo Peixe, doutor em Toxicologia e Análises Toxicológicas.

Para o professor doutor em Entomologia, Amarildo Pasini, a intoxicação por consumo de ali-mentos com resíduos de agro-tóxicos não é tão preocupante quanto há alguns anos, pois, hoje, “os produtos são muito mais controlados tanto no pro-cesso de compra (aquisição), quanto durante as aplicações ou mesmo após os produtos serem colhidos ou armazenados”. Pasini ainda ressalta que “temos uma legislação muito mais rigorosa” e que “muitos produtos altamente tóxicos ou potencialmente tóxi-cos já foram proibidos e saíram do mercado”. Os que permane-cem é porque não possuem subs-titutos adequados ou tão eficien-tes quanto.

As pessoas com mais riscos de uma intoxicação causada por

agrotóxicos são as que traba-lham com esse tipo de produto. De acordo com o Centro de In-formações Toxicológicas (CIT) do Hospital Universitário da UEL, o número de atendimentos por exposição ocupacional foi de 131 nos últimos 5 anos (2009 a 2013). Porém, essa estatística não é precisa, uma vez que os trabalhadores apresentam sin-tomas pouco específicos, como náuseas, vômitos, diarreia e do-res de cabeça - tornando difícil associá-los ao contato direto com os agrotóxicos.

Ilce Mara Cólus, professora doutora em Genética, estudou alguns efeitos provocados por agrotóxicos em agricultores para-naenses. Foram observados ca-sos de alterações no ciclo celular e mutações genéticas - estas últi-mas somente quando a aplicação do praguicida foi feita sem o uso correto de proteção. A professo-ra reconhece o perigo existente

para quem trabalha diretamente com os agrotóxicos, mas acredita que haja poucos riscos para os consumidores e ainda explica a necessidade desses produtos de-vido à grande demanda popula-cional: “eu acho que a gente tem que ser realista. Como bióloga, eu seria contra. Seria só a favor de alimentos orgânicos. Mas, em termos populacionais, a gente sabe que isso é uma ilusão. O agrotóxico é necessário. Então você tem que ter formas das pessoas que trabalham com ele não se contaminarem e tem que ter formas dele não persistir nos alimentos; ou, se persistir, como conseguir eliminá-lo”.

O professor Otávio Abi-Saab enfatiza a questão populacional. “Enquanto tiver esse tanto de gente em cima da Terra queren-do comer o tanto que come, e consumindo o tanto que conso-me, não consigo ver outro jeito”, finaliza.

Como reduzir os ricos de contaminação?Para o professor Otávio

Jorge Abi-Saab, passado o período de carência - que é o intervalo de tempo neces-sário entre a aplicação do pesticida e o consumo do ali-mento, e que deve ser obser-vado pelo próprio produtor -, as moléculas do agrotóxi-co não estarão mais ativas. No entanto, os consumido-res mais preocupados com o consumo de resíduos dos agrotóxicos podem adotar al-

gumas práticas simples no dia-a-dia para reduzir os riscos de contaminação. A lavagem em água corrente já é o suficiente para retirar grande parte dos inseticidas de contato, embora também haja quem prefira dei-xar os alimentos de molho em água com vinagre ou cloro. Os agrotóxicos não sistêmicos não podem ser retirados do alimen-to. Ainda assim, a higienização de frutas e verduras é importan-te para que não ocorra conta-

minação por outros agentes patológicos, como micróbios.

O professor Tiago Seve-ro Peixe ainda dá outras di-cas para fugir dos venenos, como “a retirada das cascas das frutas e das folhas mais externas das hortaliças, o consumo de alimentos da época ou produzidos com técnicas de manejo integrado de pragas, que em geral re-cebem uma carga menor de produtos”.

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AGROTÓXICOS

O que são?Os agrotóxicos são, basicamente, produtos químicos. Também aten-dem pelos nomes de pesticidas, defensivos agrícolas, praguicidas, produtos fitossanitários, entre outros. São utiliza-dos para exterminar for-mas de vida que não se-jam proveitosos a uma plantação, ou seja, pra-gas. Sua função pode ser a de matar insetos, como os inseticidas, fungos (os fungicidas), ervas daninhas (herbici-das), e até mesmo mo-luscos e ácaros.

Como funcionam?“A grosso modo, de duas maneiras: uns funcionam como não-sistêmicos, ou de contato. Por exemplo: se um patógeno ou fungo estiver por ali ele não vai de-senvolver seu ciclo de vida. Outros são chamados sistêmicos. Eles vão ser absorvidos pela planta, transportados dentro dela, e agir aonde estiver o problema. Por exemplo, ocorre a aplicação e a planta absorve o veneno. A lagarta vai dar uma mordida na folha, entrar em contato com o agrotóxi-co, e morrer”, explica o professor Otávio Jorge Abi-Saab.

Por trás da cara de mau, existem facetas do agrotóxico que poucos conhecem. Veja abaixo algumas características que se escondem por trás do produto químico com jeitão de bad-boy.

CoresPor lei, os produtos agrotóxicos devem apresentar em seus ró-tulos uma faixa colorida indicando sua classe toxicológica. São divididas em Classe I, II, III, IV. Correspondem, respectivamente,

à Faixa Vermelha (extremamente tóxico), Faixa Amarela (alta-mente tóxico), Faixa Azul (mediamente tóxico) e Faixa Verde (pouco tóxico).

Arte: Yudson Koga

agrotóxicos registrados para uso no Brasil

milhões de toneladas de grãos colhidos em 2012

1 bilhãode litros de agrotóxicos foram

consumidos no Brasil em 2013 = 5 litros

por habitante1.640 185

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Caminho do lixo: resíduos da saúdeOnde vão parar as 750 toneladas mensais de resíduos de serviços da saúde gerados em Londrina?

Adriana Gallassie Ana Maria Simono

Medicamentos, agulhas, esparadrapos, gase, luva, al-godão, material biológico, car-caças de animais. Se os lixos orgânico e reciclável comum já exigem um tratamento especí-fico, o resíduo hospitalar, que representa um risco não ape-nas ao meio ambiente, mas à própria saúde pública, requer um cuidado ainda maior.

Em Londrina, os hospitais, clínicas médicas e consultórios odontológicos geram mais de 750 toneladas desses resíduos por mês (dados divulgados pelo Ministério da Saúde em 2006), e o tratamento desse material é feito por seis empresas prin-cipais.

Mas qual é o caminho do lixo que sai do hospital? O que acontece até a sua decompo-sição final? Em que condições ele sai do consultório? Deve haver uma forma específica de recolhimento desse material? Ele oferece riscos à população? Onde vai parar isso tudo? Um aterro comum pode receber es-ses resíduos?

De acordo com Osaide Lu-quiari de Campos, da Serquip - uma das empresas que faz o tratamento de resíduos de Lon-drina -, para entender os servi-ços de coleta, transporte, trata-mento e destinação final desse lixo, é necessário que haja uma identificação desse material por grupos. São eles: grupo A, que compreende todos os ele-mentos infectantes; grupo B, químicos; grupo C, composto por radioativos; grupo D, de elementos recicláveis comuns;

e grupo E, com os perfuro cor-tantes.

Cada um dos grupos esta-belecidos pela resolução, po-rém, também se subdivide em outras categorias. O grupo A (infectante), por exemplo, é di-vidido em A1, A2, A3, A4 e A5. Segundo Osaide Luquiari, os resíduos pertencentes às clas-sificações A1 e A4 (gase, luva, algodão, culturas, material bio-lógico, etc.) são tratados pelo processo de autoclavagem.

Isso significa que esse ma-terial é submetido a uma au-

toclave que eleva sua tempe-ratura a 150 graus durante um período de 27 minutos. “E isso também acontece com o resí-duo perfuro-cortante [grupo E], que passa pelo processo de autoclavagem e trituração para desintegração de modo que não ofereça risco de contami-nação”, acrescenta Luquiari.

Os grupos A1, A3 e A5, que compreendem restos de ani-mais, peça anatômica humana, tecidos e resíduos com conta-minação por bactéria, não po-dem ser autoclavados. Nesse

caso - cita Luquiari - “esses re-síduos são levados para incine-ração”. E, como Londrina não possui incinerador, os elemen-tos dessa categoria são trans-portados para Curitiba (no caso da Serquip).

Mas e os elementos quími-cos do grupo B? Osaide Luquia-ri afirma que alguns destes resí-duos podem ser tratados. Mas, como muitos desses produtos estão suscetíveis à explosão, esses materiais não podem ser incinerados. “Os resíduos quí-micos que não podem ser tra-

tados por incineração são des-tinados para o aterro industrial classe I, localizado há cerca de 100 km de Curitiba”, explica Luquiari. Mas atenção: ela tam-bém ressalta que esse material não pode ser simplesmente despejado no aterro, ainda que se trate de um aterro industrial classe I. Todos os resíduos quí-micos devem ser, antes, solidi-ficados.

Os aterros industriais classe 1 e 2 são revestidos com lo-nas específicas e funcionam de modo diferenciado, certificados

Autoclave: resíduos são submetidos a uma temperatura de 150ºC em um período de 27 min. para que não ofereçam risco de contaminação

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pela resolução ISO14000.Mas, se muitos dos resíduos

de serviços da saúde exigem tratamento específico que o município não possui - como incineração e destinação em aterro industrial classe I - quais são as formas de transporte?

No caso da Serquip, que atende a Prefeitura Municipal, o Hospital do Coração, a Infra-ero e algumas clínicas médicas, odontológicas e veterinárias - contabilizando cerca de 50 to-neladas de resíduos da saúde por mês só em Londrina -, a

empresa fornece o recipiente (bombonas confeccionadas em polietileno de alta densidade, com tampas de fechamento hermético, revestidas interna-mente com saco de plástico e previamente identificadas). “O cliente coloca o resíduo dentro da bombona. O caminhão da Serquip pega a bombona com o resíduo e coloca uma bombo-na higienizada no lugar, para o gerador acondicionar de novo e a empresa fazer a substitui-ção na próxima coleta. Esse é um procedimento de segurança

para o pessoal não manusear o resíduo no estabelecimento ge-rador”, relata Luquiari.

Apesar dos cuidados, en-tretanto, a separação dos re-síduos, por parte do local que gera esse lixo, ainda é negli-genciada: “A gente sempre tem dificuldade com a segregação. Conscientização”, afirma Osai-de Luquiari, que completa: “eu acho que o gerador tinha que se preocupar mais, porque ele continua sendo responsável [pelo destino desse resíduo]”.

Para a chefe de Serviços Ge-

Após a autoclavagem, os resíduos passam por um processo de trituração para desintegração do material

rais do Hospital Universitário de Londrina, Lucilene Gabriel de Souza Ribeiro, o maior pro-blema do descarte de resíduos de serviços da saúde está den-tro do hospital: “É um proble-ma cultural dos profissionais de saúde. Falta de responsabi-lidade mesmo. Se a gente tem problema porque os profissio-nais não lavam as mãos, ima-gina separar o lixo, que é um problema muito sério”, destaca.

Riscos“Toda vez que se descar-

ta resíduo de maneira errada, coloca-se todas as pessoas em risco, a população interna (do hospital) e população externa”, destaca a enfermeira Renata Belei.

Ela falou sobre os problemas quanto à segregação incorreta desses resíduos: “A bolsa de sangue, por exemplo, é feita de um plástico muito resisten-te para não estourar, que tem valor no comércio, então se eu jogo errado essa bolsa de san-gue e vai para um local que um catador tem acesso, ele tenta cortar e tirar o sangue e vender a bolsa”, mas afirmou que o re-síduo perfuro cortante é o mais preocupante: “Quando a gen-te se fura – e normalmente é com agulha-, essa agulha pode ter sido usada em um paciente que tem algum vírus”, explica Renata. De acordo com ela, o vírus HIV, que causa a AIDS, e os vírus da Hepatite B e C são os mais comuns nas agulhas de um hospital.

A enfermeira também des-taca os procedimentos que de-vem ser adotados caso aconte-ça esse tipo de acidente: “Tem que lavar. Não pode espremer, não pode ficar lavando com sa-bão. Se espirrou no olho, pega o soro e lava por dez minutos, para reduzir o risco da inocu-lação do vírus”. Nesse caso, Belei aponta que uma das me-didas é descobrir de onde veio a agulha – todas as seringas utilizadas devem ter o nome da pessoa que preparou o remédio que foi aplicado no paciente. Feito isso, contata-se há algum tipo de contaminação naquela agulha.

“Se o paciente tiver HIV, a pessoa que se acidentou com a agulha deve ingerir um coque-tel, com os mesmos comprimi-dos que o paciente (com HIV) toma por 28 dias”, afirma

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Renata Belei. Quando é Hepatite B, ela ex-

plica que se faz um teste para saber se a vacina da pessoa funcionou. No caso de não ter funcionado ou de a pessoa não ter sido vacinada, aplica-se uma “imunoglobulina, um soro, para tentar reverter isso, e aproveita para dar mais uma dose da va-cina contra hepatite B”, relata. O grande problema, segundo ela, é a Hepatite C, pois não há uma medida de prevenção dessa doença. Nesses casos – explica Belei - a pessoa recebe um acompanhamento médico, que é um tratamento profiláti-co para preparar o organismo na tentativa de deixá-lo mais resistente quando o vírus se desenvolver.

Mas os riscos quanto ao tratamento desses resíduos vão além: “A questão envolve também riscos de acidente de trabalho. As lancetas que tem agulhas podem perfurar não só a quem trabalha com o descar-te, mas quem é terceirizado”, acrescenta Cristina Sahão, di-retora geral do Hospital do Co-ração.

Volume de lixo“Na verdade, os Resíduos do

Serviço de Saúde não são pe-rigosos, tirando esses de labo-ratório, não tem risco de você pegar doenças se você pisar em cima de um curativo, por-que até chegar no destino final ele ficou seco”, lembra Belei. E completa, “tem mais contami-nação dentro das nossas casas que no ambiente hospitalar, em termos de volume. Na casa da gente, se você for ver o seu re-síduo tem muito mais comida que apodreceu, papel higiêni-co. O que a gente tem aqui é muito embalagem, tudo esteri-lizado. O que vem do paciente é um curativo, uma sonda, mas

as pessoas jogam muito pa-pel junto com esse resíduo, há uma mistura muito grande que faz um volume grande, mas em quantidade de contaminação, ele é bem menor”.

Conscientização: medidas efetivas ou defectivas?Quando o lixo hospitalar não

recebe a destinação correta, de quem é a responsabilida-de? Para Osaide Luquiari, da Serquip, se trata de uma res-ponsabilidade compartilhada.

De acordo com a enfer-meira Renata Belei, o gera-dor do Resí-duo de Servi-ços de Saúde é responsável por ele até que esse lixo se desintegre: “[a destinação correta do re-síduo] é uma preocupação nossa, quando a gente contrata uma empresa a gente é corres-ponsável”.

Por isso, segundo ela, os treinamentos sobre segregação

são frequentes no Hospital Uni-versitário (HU): “A gente aca-bou de voltar de um treinamen-to. Eu faço treinamento pela Divisão de Recursos Humanos, com certificado, passo nos se-tores, falo pessoalmente, e se você olhar nas lixeiras é tudo misturado”, lamenta. E com-pleta, “Parece que falar de re-síduos pra eles é uma besteira, porque eles atendem pacientes graves, eles pensam em medi-camento, resíduo é uma bobei-

ra”.Apesar de

todas as unida-des do HU pos-suírem carta-zes instruindo sobre o modo como o resíduo deve ser sepa-rado, a chefe de serviços ge-rais do HU, Lu-cilene Ribeiro, e a enfermeira Renata Belei admitem que a segregação

não é feita de forma adequada.Segundo a enfermeira, se

o lixo reciclável fosse correta-mente separado, pouparia o meio ambiente e se gastaria

menos com recursos para pro-duzir mais papel, por exemplo, porque ele retornaria ao consu-mo humano.

Licenciamento e contradições: a

corresponsabilidadePara que uma empresa de

tratamento de resíduos funcio-ne, ela precisa de licenças cedi-das pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e pela Vigilância Sanitária, além do alvará do Corpo de Bombeiros.

De acordo com Osaide Lu-quiari, da Serquip, quando uma empresa solicita esse licencia-mento, ela deve apresentar informações sobre o processo de tratamento e sobre os equi-pamentos que pretende utilizar, além de laudos dos resíduos e formulários com a assinatu-ra de um responsável técnico; tudo isso para comprovar que a empresa trabalha em con-formidade com as normas e resoluções estabelecidas quan-to ao tratamento dos resíduos de serviços de saúde no Brasil (no caso, RDC 306 e CONAMA 358).

O licenciamento, entretanto, nem sempre funciona como te-oricamente estipulado: “tenho

clientes que são transportado-res que não tem autoclave e tem licença, porque eles usam o meu contrato. Eles usam o contrato que tem com a Ser-quip para justificar para onde vão mandar [os resíduos]. Daí eu te pergunto: tudo aquilo que eles coletam eles trazem para a Serquip? Eu tenho como conferir isso?”, indaga Luquiari, que complementa justificando porque mantém contrato com esses transportadores: “eles chegam no gerador, fazem pela metade do preço que a gen-te faz e, ou eu pego eles para trazer para mim, ou fecho as portas, porque não tenho como sobreviver se não tiver fatura-mento. Porque o gerador não vai ver se tem ou não equipa-mento. Ele vê o preço”.

Para Renata Belei, do Hospi-tal Universitário, trata-se de um problema político e estrutural: “No Brasil, é muito difícil ver se uma empresa é idônea. Hoje tem muito conchavo político, eles apresentam documentos, você tem certeza que não é verdade, mas eles conseguem, de órgão ambiental importan-te, que assegura que eles fa-zem corretamente.”.

Cristina Sahão, diretora ge-ral do Hospital do Coração, afirma que “a necessidade de se discutir espaço para o des-carte é urgente”, mas, sobre o acompanhamento desse lixo, revela: “como nós não somos os órgãos fiscalizadores, o que pedimos [para a empresa de tratamento] é o documento que comprova que eles foram fiscalizados pelo órgão compe-tente”.

Nossa equipe procurou o IAP de Londrina, mas o respon-sável da região afirmou que só poderia dar entrevista ou pas-sar informações com autoriza-ção da sede, em Curitiba.

O que define de que maneira os Resíduos de Serviços de Saúde devem ser tratados e dispostos no meio-ambiente são as resoluções do Conselho Nacional do Meio Am-biente, CONAMA 358, de 29 de abril de 2005, e da Agência Nacional de Vigi-lância Sanitária, ANVISA RDC 306, de 7 de dezem-bro de 2004.

LeiApesar de ser popular-

mente conhecido como “lixo hospitalar”, a nomenclatura correta é Resíduos de Ser-viço da Saúde.

“Porque lixo é algo que ninguém quer, e resíduo, principalmente o de saúde, todo mundo quer, porque ele tem um valor comercial muito grande”, explica Re-nata Belei.

Também não é correto

Nomenclaturadizer “resíduo hospitalar” porque o resíduo que pre-cisa de tratamento diferen-ciado não é somente o de hospital.

Esse tipo de resíduo apli-ca-se a todos os serviços relacionados à saúde huma-na ou animal, desde hospi-tais até laboratórios, necro-térios, funerárias, drogarias, acupuntura e tatuagem, por exemplo.

“Na verdade, os Resíduos do Serviço de Saúde não são perigosos, tirando

esses de laboratório, [...] tem mais

contaminação dentro das nossas casas que no ambiente hospitalar, em

termos de volume”

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Gás Natural VeicularVale a pena para o meio ambiente e para o nosso bolso?

Adriana GallassiO Gás Natural Veicular (GNV) é

um combustível aclamado pelos am-bientalistas. Mas será que é seguro e realmente vantajoso para o meio-ambiente e para nós? É o que a co-luna dessa edição procurou saber.

Primeiramente é necessário en-tender que o gás natural é majori-tariamente composto de metano e pode ter outros componentes quí-micos, em pequenas proporções, como etano, propano, butano. Ele é ecologicamente correto porque a sua combustão é completa, ou seja, ocorre a oxidação de todo o produto, e libera apenas dióxido de carbono e vapor de água – duas substâncias que não são tóxicas.

Gás Natural é derivado de petróleo?

De acordo com Amadeu Moreira Bernini, responsável operacional pelo complexo Gástech, o gás natural pode ou não ser encontrado associa-do ao petróleo, porém não é um de-rivado deste apesar de também ser uma fonte de energia não renovável. Ele pode ser encontrado também no sub-solo, pois o gás natural é o resul-tado de matéria orgânica em decom-posição. “A Bolívia, por exemplo, não tem petróleo, mas tem gás natural no país inteiro”, afirma.

É seguro?“Se comparar o peso do gás natu-

ral em relação ao ar, ele é mais leve. Quando ele vaza na atmosfera a ten-dência dele é subir e dissipar. Ao con-trário do GLP, o gás de cozinha, ele é muito pesado e cria aqueles bolsões de gás, por isso que somente o ato de acender o interruptor faz explodir tudo”, explica Bernini.

No caso de um acidente de carro o cilindro, em que o GNV é transpor-tado no veículo, não corre o risco de pegar fogo, mesmo se a colisão for com um carro movido a gasolina que

1 Economia de pelo menos 40% em combustível, garante o taxista Paulo Silva* Para ele essa é a vantagem mais importante.

2 Prolonga a vida útil do motor, do óleo, dos escapamentos, isso porque o GNV é mais limpo e não tem resíduos

1 “Falta gás natural na cidade”, lamentou Paulo. Amadeu Bernini também concorda com esse ponto, porque tem apenas um pos-

to na região de Londrina. “Não tem outros pontos de abastecimento na cidade e nem próximo daqui”, afirma. No Paraná não há posto na região oeste, por exemplo, então quem utiliza GNV e quer viajar para lá não vai conseguir usar somente o GNV.

2 Perde espaço no porta-malas, porque os cilindros são instala-dos ali. Apenas em alguns carros utilitários consegue-se colo-

car os cilindros no assoalho, em carros de passeio, não é possível. “Você tem que reduzir espaço, porque os carros não são produzidos para o gás natural”, explica Amadeu Bernini.

Vantagens

Adr

iana

Gal

lass

i

GNV é opção para quem quer economizar e preservar o meio ambiente

esteja pegando fogo. “Os testes de fogo demonstram que com 300°C os cilindros acionam a válvula de se-gurança e solta o gás que tem den-tro. No momento em que a válvula é acionada, sobe uma labareda de fogo que queima até acabar o gás, não há explosão. Já a gasolina infla-ma com 200 °C, se um carro bate e chega a essa temperatura, ela explo-de”, compara Amadeu Bernini.

Para ele o que tem de mais peri-goso na utilização do GNV é a ques-tão de utilizar uma alta pressão para abastecer e comprimir o gás no ci-lindro. No entanto, os cilindros são abastecidos a 220bar e resistem a 800bar, quase quatro vezes mais que a pressão utilizada nos postos. “Se a pessoa fizer a instalação em uma convertedora certificada pelo Inme-tro, as revisões, as inspeções veicu-lares anualmente, a revisão do cilin-dro a cada cinco anos, pode utilizar o produto com muita tranquilidade”, afirma Bernini.

E qual é o custo para ter um carro com o GNV?

A instalação do kit GNV – que é o que possibilita o uso do combustí-vel nos veículos – custa em torno de 2000 a 3500 reais. “Vai depender de quanto de autonomia você vai querer e que tipo de kit você vai instalar”, explana Bernini. Segundo ele, uma instalação de um cilindro de 15m³, o mais utilizado, e o kit quinta geração, o melhor do mercado, custaria hoje aproximadamente 3000 reais. Ama-deu explica que o preço aumenta de acordo com o tamanho do cilindro.

“A média do retorno de investi-mento é em torno de 8 a 9 meses. Depende do quanto você usa o veí-culo”, destaca. Esse cálculo é de re-torno só com o que é economizado com o combustível, segundo Bernini.

Economia na hora de abastecer

Amadeu Bernini garante que com 1m³ de GNV o veículo roda 30% a mais que a gasolina por um preço menor. A conta para saber se vale a pena, financeiramente, utilizar o GNV é simples: você deve dividir o preço do combustível pelo quilômetro roda-

do pelo veicúlo com um litro ou um metro cúbico, no caso do gás natural, de combustível. A média de um carro flex é fazer 7km com um litro de eta-nol, 10km com um litro de gasolina e 13km com 1m³ de GNV.

Preço do produto, em Londrina, por exemplo:

• R$ 2,24 o m³ de GNV/13km = 0,1723, ou seja, gasta-se R$ 0,17 por km rodado

Roda 100km com R$17,23 • R$3,05 o l da Gasolina/10km =

0,305, ou seja gasta-se R$ 0,30 por km rodado

Roda 100km com R$30,50• R$2,19 o l de Etanol/7km =

0,312, ou seja gasta-se R$ 0,31 por km rodado

Roda 100km com R$31,20Hoje, para rodar 100km, o GNV

sairia quase pela metade do preço do etanol e da gasolina.“A variação de preço é pouca, nossos preços são re-ajustados anualmente. Nosso preço era 2,19, mudamos esse mês (abril) para R$2,24. O último reajuste foi e março do ano passado”, garante Amadeu Bernini.

Desvantagens

*Paulo Silva é o nome fictício de um taxista de Londrina que utiliza o GNV em seus táxis desde 2007, ele preferiu não ser identificado.

ATENÇÃOAinda existem diversas cidades e até mesmo estados sem pos-tos que abastecem o GNV, por isso, se você tem ou pensa em ter, deve acessar o site da Gas-Net (www.gasnet.com) antes de resolver fazer uma viagem.

Brasil

6 milhões de carros à GNV

1761 postos**

Curitiba

37 mil carros à GNV

38 postos**

Londrina

3 mil carros à GNV

1 posto****número de posto cadastrados e regularizados no Brasil. Fonte: GasNet

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Festival musical à moda sustentávelPsicodália 2014 se adequa à lei nacional e norma ambiental, além de inovar com criatividade em alternativas sustentáveis

Nabila HadadadUma fazenda. Ar puro, cam-

ping, dezenas de oficinas, workshops e outras atividades. Três palcos, shows musicais to-dos os dias. Casais, famílias intei-ras (inclusive crianças), grupo de amigos, vai sozinho, vai excursão, vai muita gente aproveitar tudo isso.

Uma abstração do mundo real, ou uma perspectiva do mun-do ideal? No feriadão do carnaval de 2014, Rio Negrinho, cidade catarinense, recebeu de braços abertos e sentiu a energia dife-rente do Psicodália, festival mul-ticultural com muita música, arte e interação.

Popularam a fazenda Evaris-to, 4.823, viajantes, campitas, sonhadores, e também os que fizeram o festival acontecer. As experiências deste público se es-tendem a milhares de possibilida-des, tantas pessoas, tanta diver-são, curtição, comida, bebida... O festival uma hora acaba e fica outra coisa além da boa vivência, e tinha tudo para ser só o lixo.

A organização do evento tra-tou de dar conta disso, e o lance chave foi o que o público também trouxe na bagagem, educação, bom senso e noções de ecologia. Desde 2012 a receita para um plano de lixeiras e compostagem já estava a matutar no caderninho de Rosangela Araujo, responsável pela implantação do programa de Gestão de Resíduos do Psicodália 2014, designer de produto e mes-tre em Gestão Ambiental. Mas foi só este ano que se tornou possí-vel a criação e aplicação de um plano com outras práticas que re-duzissem os impactos ambientais

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do evento. “Como os organizado-res do festival sempre quiseram e buscavam implementar essas práticas, foi feita uma auditoria interna do Psicodália para que

na próxima edição [a deste ano] fossem aplicadas. Tudo isso foi estudado para estar de acordo com a lei nacional 12.305/2012 e normas.”

Rosangela conta como o tipo de público ali presente influenciou nos excelentes resultados que obtiveram. “Quando você escolhe separar seu lixo, você faz parte

de um grupo diferente. Você está no Psicodália por escolha sua, O público é uma família mesmo e ajudou a construir a eficácia e a aplicação [do plano]”.

A reflexão que fica deste pro-cesso todo é que o lixo não é mais a cadeia final, mas o início de um novo ciclo. Para Rosange-la, o ideal é que essa noção se espalhe pela sociedade.

Separação do lixoDistribuídas pela área do fes-

tival, nos vários acampamentos, próximas aos palcos e do refeitó-rio. Em trios, duplas ou indivuais, os latões eram identificados para a separação do reciclável, orgâni-co e rejeito.

Big BagsExclusivo para as latas, bol-

sões refinaram ainda mais a se-leção do lixo. Ainda em processo, está sendo feito um balanço do número de latas compradas para serem vendidas no evento. A partir desse número, poderá ser calculada a porcentagem dessas latas que foi destinada à recicla-gem graças às big bags.

Meu eco copoPelo segundo ano consecutivo,

foram vendidos copos de plástico reutilizáveis e estilizados com a identidade do festival. Cinco mil unidades foram adquiridas. Le-vando em consideração o público de 4.823 pessoas, e que a média de uso de copos descartáveis por dia neste tipo de evento é de 4 por indivíduo, fica o número de 96.460 descartáveis economiza-dos e não jogados no ambiente. Ao final do festival, o copo reu-

EcoCopo substituiu descartáveis no festival. Foram aproximadamente 5.000 unidades vendidas somente nesta edição

Separação do lixo: 14 lixeiras em trio (orgânico, rejeitos e reciclável) estavam disponíveis por toda a área do festival, além de quatro em dupla de

reciclável, rejeitos; 12 em dupla de reciclável, latas; 5 solitárias de apenas latas

Page 11: Paralelo ECO 1a ED

“Quando você escolhe separar

seu lixo, você faz parte de um grupo

diferente”

tilizável pode ser devolvido, e o valor de R$5 pago na aquisição retornado em créditos.

BituqueirasNo bazar do evento, recipien-

tes em forma de tubo de ensaio feitos de plástico estavam à ven-da como que bituqueiras individu-ais. Além de bituqueiras coletivas feitas de pvc, fixadas nas pare-des.

“Cagar na água é uma bosta” Era a primeira frase da expli-

cação do banheiro seco aos usu-ários. A fazenda Evaristo contava com uma pequena quantidade de sanitários. Por isso, ao invés de fazer a complementação com banheiros químicos, a organiza-ção se empenhou em fazer algo mais confortável, a placa dizia “só cocô”. Eram 26 banheiros secos, neles é utilizado serragem entre

uma “usada” e outra. Essa técni-ca não deixa qualquer resquício de cheiro, além de manter o sani-tário limpo. Rosangela conta que este projeto planejado por enge-nheiros flores-tais exigiu uma experimentação personalizada. “Um dos organi-zadores do festi-val testou o ba-nheiro seco no quintal dele. Ele experimentou e examinou se aquele latão de lixo para cagar ia ser confortável ou não, e no final [o banheiro seco] foi extremamente aceito pelo pú-blico”. E complementa, “nunca existiu banheiro químico só para artistas, e o banheiro seco foi ex-tremamente mais eficiente que um banheiro químico”.

Ainda teve o banheiro de “só

xixi”, que também não utilizava descarga e estava livre de maus odores.

A coordenadora do programa de gestão de resíduos ainda re-

latou com sa-tisfação que o Psicodália é o único evento que entrega a fazenda limpa. Geralmente a fazenda cobra taxa de limpe-za, e em ou-

tros eventos que aconteceram na mesma fazenda o público acabou não respeitando a finalidade dos latões de lixo, “Por isso o próprio pessoal da fazenda se interessou pelas placas usadas para sinali-zação da separação. E ainda dis-seram ‘só vocês usam o latão de lixo com a finalidade dele’”.

Sofia Pellegrini participou dos

seis dias de festival e reconheceu que o local estava bem cuidado quanto ao lixo. “Fiquei impressio-nada com a qualidade do serviço de limpeza do festival. Tinha lixei-ras espalhadas por todo o espa-ço. As campanhas para conscien-tização do pessoal, e o quanto realmente ficou limpo! Mas a em-presa não pode fazer muito mais se o publico não se conscientiza e separa seu lixo”.

Nos relatório de gestão de re-síduos do festival estão os notá-veis bons resultados.

Foram 5.251 kg de materiais recicláveis selecionados pelas li-xeiras e doados para a cooperati-va que trabalhou no evento. Essa quantia rendeu R$4.003,40, di-vididos entre as famílias de coo-perados, gerando renda e fomen-tando a economia local.

As práticas alternativas de banheiros gerou a economia de

20.000 litros de água com des-carga, aliviando o sistema de fos-sas sépticas da fazenda, devido ao processo de tratamento que os resíduos dos banheiros secos, sem a utilização de água potável.

Nesta edição, na pesagem do lixo, foi constatada a diminuição de quatro toneladas a menos de rejeitos enviados ao aterro, em relação à edição do Psicodália 2013.

Links com modelos para um festival sustentávelModelo Internacional seguido

pelo Psicodália - www.agreener-festival.com

Legislação Ambiental Nacional - www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

Normas Ambientais - http://www.abntcatalogo.com.br/nor-ma.aspx?ID=91542

Sinalizações dos banheiros alternativos

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Caos Urbano Para fugir do trânsito,

bicicletas tem se mostrado alternativa eficaz de transporte

Carol Ferezini e Vanessa Tolentino

No mês de fevereiro, a cidade de Curitiba, capital do estado, re-cebeu o 3º Fórum Mundial da Bi-cicleta, que debateu, entre outras coisas, a utilização da bicicleta como meio de transporte alter-nativo. Com cada vez mais carros nas ruas, não só os brasileiros têm passado mais tempo pre-sos nos congestionamentos das grandes cidades, como também têm convivido com um ambiente cada vez mais poluído e baru-lhento, como explica o Coordena-dor da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (CicloIguaçu), Jorge Brand “não só as capitais, como também cidades do porte de Lon-drina e Maringá, tem apresentado cada vez mais esses sintomas de um ambiente que passou déca-das e décadas privilegiando o uso do automóvel em detrimento da qualidade de vida e da mobilidade das pessoas”.

Uma das soluções apresenta-das pelo Governo Estadual para incentivar o uso da bicicleta como locomoção, foi a criação do pro-grama “Ciclo Paraná” que pro-mete criar rotas de cicloturismo no estado, ou seja, cada projeto de abertura ou duplicação de es-tradas a partir de agora, deverá conter ciclovias. Além disso, será criado um departamento de apoio à mobilidade não motorizada. Ci-clista há 4 anos, Alexandre Gre-gório que utiliza a bicleta para ir e voltar do trabalho e também como lazer nos fins de semana, comemora a implementação de faixas para ciclistas nas rodovias paranaenses “acho uma ótima idéia, pois é beirando as rodovias que estão as empresas, fazendas e cidades e para isso existe uma

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Resultado da pesquisa do Ocupa Londrina, CMTU e IPPUL demonstra as diferentes formas de utilização das vias

Alexandre em frente à Basílica de Aperecida do Norte após uma pedalada de 200km

necessidade de deslocamento. A bicicleta é um ótimo meio.”

Além de pedalar, Alexandre é engajado na luta dos ciclistas por melhores condições nas vias, in-centivo ao uso da bicicleta como transporte, e principalmente, pela conscientização dos motoristas, ciclistas e pedestres para que possam dividir as ruas, respeitan-

do cada um os limites do outro, “a bicicleta por ser mais frágil que os outros meios de transporte, sem-pre vai ser olhada como “ovelha negra”, aquela que incomoda os outros, mas eu não sou contra onibus, carros e outros meios, sou a favor do compartilhamento.”

O estudante de música Bren-no Castelo Branco é outro que

se livrou do congestionamen-to utilizando a bicicleta. Aos 23 anos, Brenno conta que nunca teve vontade de tirar a carteira de habilitação, e que de bike vai à todos os lugares que precisa., inclusive à UEL. “Só não vou de bike quando tenho que levar algo que não dê pra levar com a bici-cleta.” Quando o assunto é o des-respeito dos motoristas perante aos ciclistas, Brenno acredita que “na verdade existe uma falta de conhecimentos das duas partes. O motorista pode até achar que está certo, mas não sabe que a bicicleta têm preferência em re-lação ao carro, e muitas vezes quem está errado é o ciclista por não saber se posicionar na via.”

Para ilustrar essa disputa en-tre carros e bicicletas, em 2013, o movimento “Ocupa Londrina” em parceria com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (IPPUL) e Companhia Municipal de Trânsito e Urbaniza-ção (CMTU), convidou pedestres, ciclistas e motorista para partici-parem de uma atividade que bus-cava chamar a atenção, através de fotos, para o fato de que o

número de pessoas transportadas pelos carros era muito menor em relação as bicicletas e transportes coletivos, ocupando muito mais espaço.

Segundo uma pesquisa reali-zada pelo IPPUL, a taxa de ocu-pação dos veículos na cidade de Londrina é em média 1,47 pessoa por carro. Aplicando essa taxa, a foto produzida mostra que 37 carros transportando 54 pesso-as, ocupa o mesmo espaço que 6 ônibus, transportando 67 pessoas cada, – totalizando 402 passagei-ros – e o mesmo espaço ocupado pelos 37 carros poderia ceder lu-gar para 348 bicicletas.

Os dados obtidos pela pes-quisa acima citada não deixam dúvidas dos impactos causados pelos veículos, tanto na mobilida-de urbana, na qual carros particu-lares acabam tomando conta de vias públicas, quanto na poluíção sonora e do ar. Tem se buscado cada vez mais, através de iniciti-vas públicas, civís e de empresas privadas, alternativas para inver-ter a lógica brasileira que privile-gia o uso do automóvel em rela-ção à veículos mais sustentáveis.

Page 13: Paralelo ECO 1a ED

João das Águas: a canoagem e o ativismoA prática de esportes náuticos sinalizou a

poluição das águas ao mais antigo ativista da

causa em Londrina

Nathalia CorsiFoi um caso de amor que fez

com que João Batista Moreira de Souza, nascido em um distrito da cidade de Mundo Novo em 1965, deixasse o sertão da Bahia, ansian-do por novas experiências. Após percorrer a distância aproximada de 2.160 quilômetros, vindo atrás de Solange, ele chegou em Londrina, aos 18 anos. Este foi um passo que resultou não somente em um casa-mento duradouro - João e Solange são casados há 26 anos e têm duas filhas – mas também deu origem a outras paixões, que o tornaram co-nhecido como João das Águas, um ambientalista entusiasmado e dedi-cado a muitos projetos em defesa de práticas sustentáveis.

João conta que, assim que che-gou na cidade, foi chamado para um serviço como pintor. Natural-mente engajado, por ver que até mesmo grandes empresas contrata-vam esse serviço sem registrar os trabalhadores, ele fundou, 4 meses depois, uma cooperativa de traba-lho para os pintores de Londrina, que chegou a ter 40 associados e prestou atendimento a construto-ras importantes. O ofício de pintor o levou a conhecer o Iate Clube de Londrina, local que está intimamen-te relacionado com o interesse de João pelas águas. A partir do con-tato com o espaço às margens do Lago Igapó, ele se encantou pela náutica e decidiu comprar alguns caiaques. Depois disso, João fez o primeiro curso de monitor de ca-noagem do país na raia olímpica da USP. Em 1990, ele fundou uma escola de canoagem no Iate, onde trabalhou durante 8 anos, que foi a primeira do gênero no Estado. Mais tarde, inaugurou a Federação Para-naense de Canoagem e auxiliou a implementação do esporte em ou-tras cidades.

Como consequência do envol-vimento com a canoagem e com o Lago Igapó, surgiu a preocupação com a questão da preservação. “An-tigamente a questão ambiental era bem mais relaxada; não havia con-trole sobre as indústrias, lançava-se

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O ambientalista nunca deixou de praticar a canoagem, desde sua chegada à Londrina.

A prática de esportes náuticos sinalizou a poluição das águas ao mais antigo ativista da causa em Londrina

muito produto químico e sujeira no Igapó, o percentual de esgoto co-letado e tratado em Londrina era pequeno, era algo que chamava a atenção”, afirma, recordando o tempo em que era professor de ca-noagem. Numa tentativa de proje-tar a própria escola, João resolveu estudar os problemas ambientais e a conexão com as águas só cres-ceu. Junto com um pequeno grupo, criou a Patrulha das Águas, a mais antiga ONG ambientalista em ativi-dade na cidade (fundada em 1990). Trata-se da Associação de Prote-ção Ambiental e Ecoesportes, que visa promover os esportes ligados à natureza (especialmente a cano-agem, o remo e o cicloturismo), além de desenvolver ações em prol da conservação do meio ambiente. “Nossas atividades eram intensas e eu militei durante 10 anos quase que sozinho, junto a esse peque-no grupo; foi a partir de 2000 que surgiram outras entidades voltadas à questão ambiental e cresceu a sensibilização da comunidade e do empresariado, sendo possível pro-gredir nesse tema”, ressalva.

João é técnico de canoagem por formação, não possui curso supe-rior, mas é um estudioso determi-nado – “Detesto superficialidade”, declara. Ele próprio se denomina autodidata e, entre os assuntos sobre os quais busca adquirir co-nhecimento, sobressai o ímpeto em compreender a dinâmica urbana. “Cheguei à conclusão de que a gen-te separa as questões ambientais das sociais e políticas, mas no fundo está tudo interligado; é preciso ter uma visão sistêmica e de cidadania plena”, pontua. A internet tem sido uma aliada das pesquisas de João, uma vez que ela apresenta ferra-mentas facilitadoras e que ampliam o conhecimento em um nível global, como é o caso do programa Google Street View, que permite o acesso a imagens de satélite do mundo todo. O diferencial de João é o empenho em buscar maneiras de aplicar o conhecimento aprendido e, através dele, concretizar aquilo que acredi-ta. “Eu percebi que a maneira como

a sociedade e a academia tratava e ainda trata a questão ambiental é superficial e a isola dos âmbitos político, social e cultural; minha es-pecialização maior é sobre as águas urbanas e sei que para gerenciar a permeabilidade, o escoamento e a drenagem, é necessário gerenciar a cidade como um todo”. Sob essa perspectiva, João idealizou proje-tos como o Rio da Minha Rua e o Ecometrópole. A base de ambos os projetos é a divisão do município em quatro microbacias, levando em conta as nascentes, os córregos, os rios e os lagos como referência de localização. (Trata-se de um modelo inovador de gerenciamento da cida-de a partir das águas.) João acre-dita em uma gestão científica, que firme a participação conjunta do poder público e da população, a fim de potencializar os bons indicadores existentes em Londrina - frente a cidades brasileiras de mesmo por-te - e torná-la uma referência em termos de gestão sustentável.

O grande desafio, de acordo com o ambientalista, é educacional: “O cidadão precisa entender o seu papel e promover a gestão compar-tilhada”. As cidades desenvolvidas apresentam alto índice de volun-tariado e, com a sensibilização da população sendo maior, reduzem-se gastos públicos. Na visão de João, apesar dos bons indicadores, no aspecto cultural, humano e social o desenvolvimento de Londrina é muito pequeno e esse quadro só vai mudar quando houver políticas públicas direcionadas, não é algo que vai acontecer de uma hora pra outra. João é tão obstinado que, em dezembro do ano passado, che-gou a ficar 39 horas em greve de fome em frente ao prédio da Prefei-tura, postura de protesto pela não implementação do Ecometrópole. Ele diz ter ficado revoltado porque a Prefeitura estava apresentando um projeto alternativo ao dele, que tornaria muito mais difícil a concre-tização das propostas pelas quais trabalha. O projeto lançado pelo poder público também não avançou e, de certa forma, João conseguiu

o que queria: chamar atenção para a causa que defende. “Quando as pessoas encontram adversidades, normalmente recuam; eu não, ao contrário, vou tentando ganhar força”, afirma. Ao ser perguntado sobre o que o impulsiona, ele res-ponde adaptando uma frase de Al-bert Einstein: “a mente que se abre para uma nova ideia nunca mais se fecha”.

João definitivamente não se-para a vida pessoal da posição de ambientalista que segue há quase 25 anos. “Vou fazer o meu lazer no rio, o que é uma forma de es-tar pesquisando; ou vou andar de moto pelo município e pelas es-tradas rurais”, comenta. É nesses passeios que ele diz fazer como atividade de lazer que surgem temas para o material que pro-duz para o seu canal no Youtube. São quase 2 mil vídeos carrega-dos, muitos deles com denúncias. “Vou encontrando problemas, e também soluções, e vou fazendo narrativas do que vejo para não deixar passar em branco”, explica.

João também é inventivo. Concebeu, por exemplo, a ideia da calçada com inclinação para dentro, que ele fez na frente da própria casa para manter a infil-tração. Criou também um méto-do de desidratação doméstica de resíduos e uma mesa recicladora, que ela garante ser inovadora. Amante da náutica, ele inventou um barco múltiplo, que pode ser adequado a mais de uma dezena de variações, ao qual ele se dedi-ca há anos e promete lançar em breve. “Pretendo ganhar projeção e dinheiro com esse barco para in-vestir no Eco”, afirma. Hoje, João Souza está atuando no Jardim Botânico de Londrina a convite da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e pretende começar a executar o Ecometrópole com esforços pessoais, sem perder a esperança de que o poder público acolha a sua ideia e seu olhar di-ferenciado para a importância da mobilização da sociedade. Desistir é uma palavra que não consta no vocabulário dele.

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Londrina estuda implantar projeto Lixo ZeroA Prefeitura tem intenção

de estimular a reciclagem e a redução de aterros sanitários

Milliane Lauize“Na natureza nada se cria,

nada se perde, tudo se trans-forma”. A frase usada como lema para exemplificar o pro-jeto Lixo Zero é do pai da quí-mica moderna, Antoine Lavoi-sier, e responsável por difundir o principio da conservação da matéria.

O Projeto Lixo Zero é um conjunto de leis que objetivam o máximo de aproveitamento de resíduos recicláveis e orgâ-nicos, para a redução, ou mes-mo o fim desses materiais nos aterros sanitários. Com base na educação ambiental, o projeto tem o ideal da limpeza urbana, coleta seletiva, coleta conven-cional, processamento dos ma-teriais recicláveis, tratamento dos resíduos orgânicos e des-tinação final dos rejeitos. Com a intenção de apresentar um novo modelo de gestão antes do início da vigência do Plano Nacional de Resíduos Sólidos - a lei tem o objetivo de organi-zar a forma como o país trata o lixo, incentivando a reciclagem e a sustentabilidade, essa lei foi sancionada em 2010 e tem previsão para entrar em vigor em agosto de 2014 -, a Prefei-tura de Londrina aderiu ao Lixo Zero, sendo que o projeto já vem sendo usado desde o ano passado em outros estados.

“O projeto Lixo Zero é mui-

to importante como uma meta, mas ele não é um objetivo de curto prazo. Não existe tam-bém em lugar nenhum do mundo alguém capaz de fa-zer uma reciclagem total, por outro lado, no Brasil existem metas de reciclagens que já fo-ram fixadas”, explica o Prof. Dr. Fernando Fernandes, da área de Construção Civil, que está representando a Universidade Estadual de Londrina (UEL)

na Prefeitura de Londrina na discussão do projeto. Des-sa forma, a Prefeitura prevê em curto prazo a melhora de prestações de serviços, o au-mento do volume de material reciclável e redução do volume de rejeito destinado ao aterro sanitário e já em longo prazo, transformação 100% dos resí-duos sólidos urbanos em pro-dutos, aproveitamento energé-tico e não utilização de aterro

A prefeitura abriu licitação para as empresas interessadas e o projeto tem previsão de entrar em vigor em 2015

sanitário. A prefeitura anunciou que

o pagamento para a implan-tação das tecnologias para o Lixo Zero será feita através dos cofres públicos e pelos lucros obtidos com a transforma-ção de resíduos em matéria--prima. Sendo assim, o lucro gerado com a matéria-prima será destinado para a Prefei-tura de Londrina, que irá pa-gar pelo serviço. Isso também

poderá garantir novas oportu-nidades para os recicladores. “Os recicladores ficariam nos galpões só recebendo os ma-teriais transportados pelos ca-minhões, pegando e prensan-do e até mesmo processando os resíduos. E ainda eles po-derão aprender e transformar o plástico em matéria-prima”, comenta Dr. Fernandes.

São produzidos diariamen-te em Londrina cerca de 600

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toneladas de lixo, sendo que apenas 5% ou 30.000 quilos são coletados de forma sele-tiva. Para a implantação do Lixo Zero, a Companhia Muni-cipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), que é responsável pelo projeto, estima atingir 60% do lixo reciclado no pri-meiro ano, 80% no segundo ano e 100% no terceiro ano. A CMTU já formulou um docu-mento que mostra o processo para a reciclagem. Segundo o projeto a reciclagem será fei-ta através de coletadores nas ruas, os resíduos coletados se-rão encaminhados para uma Central de Processamento de Resíduos Orgânicos (CPRO), onde 100% do lixo serão pro-cessados e triados. No CPRO haverá um sistema automa-tizado de separação entre re-cicláveis e orgânicos, sendo toda a fração orgânica enca-minhada para ser compostada em um sistema automatizado de compostagem e, os mate-riais recicláveis, encaminhados para a triagem, classificação e comercialização. Esta fase tem

Diferença entre resíduos, rejeitos e lixo

Lixo: São os resíduos orgânicos originário da atividade humana que não podem ser recicláveis. Mas, se for sepa-rado em seus diversos resíduos antes de ser feita a mistu-ra, pode se transformar em recursos.

Resíduos: São os materiais derivados das atividades humanas, que devem ser limpos e encaminhados para po-der ser reutilizado e/ou reciclado. O material que pode ser reciclável são: vidro, plástico, papel, ferro, aço, alumínio, entre outros.

Rejeitos: Aqueles que não podem ser recicláveis e re-aproveitados após transformação química ou física. Todo material não reciclável é um rejeito, mas nem todo rejeito é um material não reciclável.

como destaque a composta-gem automatizada da fração orgânica, que em função de seu processo automatizado, permite a obtenção de um composto de boa qualidade. A compostagem automatizada também permite concluir a re-tirada dos materiais recicláveis que ainda estão presentes no material orgânico tratado, fato que juntamente com o depó-sito temporário de resíduos secos praticamente elimina a destinação de resíduos ao aterro sanitário convencional. Outra vantagem da compos-tagem automatizada é a eli-minação da geração de choru-me em função da evaporação constante da água presente no lixo. Na sua segunda fase, o município será dividido em bacias ambientais com um de-terminado número de pessoas em cada bacia. Cada Bacia am-biental terá um LEV – Local de Entrega Voluntária de Resídu-os Especiais, onde a população levará ou encaminhará resídu-os da logística reversa, móveis, linha branca, construção civil,

Dados: http://ilzb.org/

podas e jardins, perigosos, en-tre outros. O LEV será a sede da Bacia Ambiental e terá além de uma equipe interna, uma equipe de Zeladoria de Bairro, que será responsável pela im-plantação e operação dos pro-jetos de Educação Ambiental, Fiscalização Local e Coleta Se-letiva Elevada que substituirá gradativamente a coleta seleti-va porta a porta por caminhões baús. Esta coleta consiste na instalação de Coletores Eleva-dos de Materiais Recicláveis que servirão com micro esta-ção de transbordo no bairro, facilitando e reduzindo o custo da coleta seletiva. Na sua últi-ma fase, o lixo irá até o Centro de Processamento de Resíduos (CPR), lá será feita a triagem, o secamento e sua possível destinação.

O Lixo Zero deve entrar em vigor em 2015. Com a inten-ção de contratar uma coopera-tiva para recolher os materiais gerando uma Parceria Público--Privado (PPP), a CMTU está desde o ano passado estu-dando o projeto que foi aberto

CMTU promete melhorar a gestão dos resíduos em 4 anos

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com a licitação para empresas interessadas concorrerem pela parceria. No total 21 empre-sas se inscreveram, sendo que apenas sete tiveram o projeto aceito. A Prefeitura visa tam-bém integrar as entidades que recolhem o lixo atualmente, como os coletadores e recicla-dores de lixo. Parte do proje-

to consiste em conscientizar a população para realizar a re-ciclagem e não jogar lixo nas vias públicas, podendo ser passível de multa quem for vis-to sujando a cidade. Com isso, Londrina poderá ser uma das cidades-exemplo de limpeza e educação ambiental a longo prazo.

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Construindo uma obra conscienteLeis regulamentam maneira correta para não poluir o meio ambiente na hora de construir

Isadora LopesUma construção civil, por

menor que seja, gera impactos ambientais – nem sempre po-sitivos. Exemplos de impactos negativos são a perdas de re-cursos naturais, a geração de resíduos e os impactos refe-rentes a interferência da obra no meio físico. Portanto, para que um projeto seja aprovado e siga em frente, há uma série que normas e regras a serem seguidas.

Os materiais utilizados na construção devem ficar restri-tos ao espaço do canteiro de obras. Teoricamente, o espaço destinado à obra deve se limi-tar ao canteiro, mas isso nem sempre acontece. Esse e ou-tros fatores causam transtor-nos a toda uma região.

Quem trabalha na obra ou tem contato direto com ela está sujeito à uma série de doenças respiratórias causa-das pelos dejetos gasosos. Areia, terra, cimento e tinta são exemplos de materiais que liberam substâncias que prejudicam a qualidade do ar.

Segundo a advogada Da-niela Nogari, para uma obra estar de acordo com as leis municipais e ambientais, é preciso seguir uma série de regras que incluem pequenos detalhes. O artigo número seis do projeto de lei número 213/2010 afirma que “consi-deram-se impactos ao meio ambiente natural e construí-do, as interferências negativas nas condições de qualidade das águas superficiais e sub-terrâneas, do solo, do ar, de insolação e acústica das edi-

ficações, dos edifícios e logra-douros do setor histórico e das áreas urbanas e de uso do es-paço urbano.”

Daniela também explica que não somente o impacto ambiental é previsto em lei, como também a conhecida

Obras podem gerar destruição ambiental e causar transtornos para a sociedade

poluição sonora. “Se a obra for caracterizada como gera-dora de ruído, deverá receber tratamento acústico adequa-

do, não perturbando o bem- estar público.”

Construção Uma obra é, de modo ge-

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Page 17: Paralelo ECO 1a ED

Quais documentos são necessários para quem vai começar a construir?

Documentação para apro-vações:1. Consulta Prévia para aprovação de projetos de construção (com e sem exis-tente) 2. Alvará de Demolição 3. Alvará de Reforma com Acréscimo de Área 4. Alvará de Reforma sem Acréscimo de Área 5. Aprovação de Projeto de Planta Popular – Casa Fácil (Suspenso Temporariamen-te) 6. Aprovação de Projetos – Agiliza Obras (Sem Existen-te) 7. Aprovação de Regulariza-ção de Projetos de Constru-ção Residencial e Comercial (menor à

100m²) (com e sem existen-te) 8. Aprovação de Projetos de Construção Residencial e Comercial (menos de 100m²) 9. Aprovação de Regulariza-ção de Comercial (superior à 100m²) – (com ou sem exis-tente) 10. Aprovação de Projeto Co-mercial (com mais de 100m²) 11. Substituição de Projetos Aprovados 12. Autenticações de Projeto 13.Certidão Narrativa de De-molição 14. Certidão Narrativa de En-dereço/Numeração 15. Certidão Narrativa de Existência de Benfeitorias 16. Certidão Narrativa de Pa-drão Econômico

17. Fotocópia do Processo de Inteiro Teor 18. Isenção de Habite-se/Decadência 19. Defesa de Auto de Infra-ção e/ou Notificação 20. Retificação de Habite-se 21. Solicitação de Aprovação de Projeto Multifamiliar 22. Solicitação de Aprovação de Projetos Especiais 23. Solicitação de Cancela-mento de Projeto 24. Visto de Conclusão em Imóvel Residencial 25. Visto de Conclusão de Imóvel Comercial 26. Visto de Conclusão de Imóvel Público 27. Visto de Conclusão em Imóvel Residencial Multifa-miliar

ral, responsabilidade de um engenheiro civil ou arquiteto, com registro no CREA – Con-selho Regional de Engenharia e Arquitetura. Sobre isso, o engenheiro civil Carlos Alber-to Machado explica que para poder construir, de modo le-gal, é necessário que haja um responsável técnico. O en-genheiro/arquiteto que fez o projeto,pode ser diferente do profissional que irá executar a obra. Então, para que a obra inicie é necessário que seu al-vará de execução tenha sido emitido pela prefeitura. Um dos requisitos para esse alva-rá é a planilha de PGRCC (em Londrina Programa de Ge-renciamento de Resíduos da Construção Civil), a qual deve ser preenchida para constru-ção, reforma ou demolição, prevendo a quantidade de en-tulho gerado, sendo assinada pelo responsável técnico.

Machado ainda afirma

A famosa 'poeira' da construção contamina o ar e pode provocar doenças respiratórias em quem tem contato frequente com ela

“Para a aprovação de projeto há algumas etapas, sendo que elas podem variar de acordo com a ocupação e metragem das construções. Como por exemplo a instalação de um shopping há a necessidade de vários estudos de impacto, como impacto ambiental, im-pacto de vizinhança. Para pro-jetos que caracterizem poder de destruição ambiental (seja da natureza, visual ou qual-quer outro tipo de ambiente) o empreendimento deve passar primeiramente pela aprovação do IAP – Instituto Ambien-tal do Paraná. Com o projeto aprovado pelo IAP o mesmo deve ser aprovado pelo corpo de bombeiros e pela Prefeitu-ra. Quando se trata de um pro-jeto ligado a saúde, deve ser aprovado também pelo órgão competente a saúde”. Ou seja, não é possível afirmar apenas uma lei ambiental ou uma for-ma correta de construção.

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O que são leis ambientais?

Paola Cuenca MoraesSão leis criadas com intuito de

garantir a preservação a preservação do patrimônio ambiental do país. Isso não inclui somente florestas, rios e mares, mas aquela estátua que enfei-ta a praça da cidade e os muros que cercam as casas.

Há leis nacionais, estaduais e mu-nicipais. Cada munícipio e estado pos-sui autonomia para desenvolvimento de normas próprias relacionadas ao meio ambiente, desde que não vão de encontro com as leis federais es-tabelecidas.

As leis ambientais no BrasilDentre as muitas leis ambientais

existentes no Brasil, pode-se destacar 16 leis como mais importantes para o desenvolvimento econômico e social do país, além de obviamente contri-buírem para a preservação ambiental. São elas:

- Lei de Patrimônio Cultural – de-creto-lei número 25 de 30 de novem-bro de 1937

Classifica como patrimônio nacio-nal os bens de valor etnográfico, ar-queológicos, monumentos naturais, sítios e paisagens de valor notável. Quando um bem é tombado fica proi-bida a sua demolição, destruição ou mutilação.

- Lei das Florestas – número 4.771 de 15 de setembro de 1965

Obriga que propriedades rurais da região Sudeste limitem, pelo menos, 20% de seus terrenos para preserva-ção arbórea. Estabelece ainda área onde a preservação de mata é obri-gatória, como nas encostas de rios, lagos e reservatórios, topos de mor-ros, locais com mais de 1800 metros de altitude e encostas com angulação superior a 45º.

- Lei da Fauna Silvestre – número 5.197 de 03 de janeiro de 1967

Essa lei criminaliza a caça, explo-ração, perseguição e comércio de ani-

mais silvestres, assim como a expor-tação de peles de répteis e anfíbios, importação de espécie exótica e caça amadora sem autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Re-cursos Naturais Renováveis (IBAMA).

- Lei das Atividades Nucleares – número 6.453 de 17 de outubro de 1977

Discute a responsabilidade civil e criminal por danos ou atividades nu-cleares. Essa lei prevê que é crime deixar de seguir qualquer norma de segurança relacionadas às atividades nucleares como transmitir informa-ções sigilosas, extrair minério radio-ativo sem autorização legal ou pro-cessar material nuclear sem a devida permissão.

- Lei do Parcelamento do Solo Ur-bano – número 6.766 de 19 de de-zembro de 1979

Restringe áreas de loteamento urbano proibindo regiões alagadiças, poluídas com risco à saúde de pos-síveis moradores e de preservação ambiental.

- Lei da Política Nacional do Meio Ambiente – número 6.938 de 17 de janeiro de 1981

A partir dessa lei instituiu-se a obrigatoriedade de estudos e relató-rios de impacto ambiental no país. Além disso, estabeleceu-se a respon-sabilização do poluidor mesmo em casos de acidente. A retratação pode ser feita por meio de pagamento de multas, indenizações e/ou recupera-ção da área afetada. É considerada uma das leis ambientais mais impor-tantes do Brasil.

- Lei da Área de Proteção Ambien-tal – número 6.902 de 27 de abril de 1981

Como o próprio nome já dá a pista, essa lei foi a responsável por estabelecer as APAs, Áreas de Prote-ção Ambiental: locais onde o poder público limita as atividades econômi-

cas para fins de proteção ambiental e podem ser construídas propriedades privadas. Por meio dessa lei também foram definidas as Estações Ecológi-cas, áreas nas quais 90% do terreno deve manter-se intacto, enquanto os 10% restantes podem ser utilizados somente para pesquisas científicas.

- Lei da Ação Civil Pública – núme-ro 7.347 de 24 de julho de 1985

É uma que trata de diferentes assuntos, mas todos ligados à ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao patrimônio artís-tico, paisagístico ou turístico, ao meio ambiente e ao consumidor.

- Lei do Gerenciamento Costeiro – número 7.661 de 16 de maio de 1988

Limita a zona costeira como es-paço geográfico que contém ar, mar, terra e seus recursos naturais presen-tes na faixa marítima e terrestre. Dá autonomia aos estados e munícipios costeiros para que esses estabeleçam planos próprios de gerenciamento costeiro.

- Lei da criação do IBAMA – núme-ro 7.735 de 22 de fevereiro de 1989

Criou o IBAMA a partir da incorpo-ração da Secretaria Especial do Meio Ambiente e das agências federais de pesca, desenvolvimento florestal e borracha. Entre as funções do IBAMA está a execução da política nacional do meio ambiente, ou seja, a conser-vação e fiscalização do uso consciente de recursos naturais.

- Lei dos Agrotóxicos – número 7.802 de 10 de julho de 1989

Regulamenta todos os processos ligados aos pesticidas, desde sua pes-quisa e fabricação até o descarte de embalagens plásticas vazias. O desta-que fica para a exigência de receitu-ário agronômico para venda de agro-tóxicos ao consumidor – assim como você precisa de uma receita médica para comprar antibióticos - e registro dos produtos no Ministério de Agricul-tura e da Saúde e no IBAMA.

- Lei da Exploração Mineral – nú-mero 7.805 de 18 de julho de 1989

A partir dessa lei é obrigatória a retirada de licença ambiental prévia junto aos órgãos competentes para a prática garimpeira. Em caso de dano ambiental na extração ou pesquisa de minérios, há imediata suspensão da atividade, sendo o titular da autori-zação responsável por responder aos crimes ambientais aprontados.

- Lei da Política Agrícola – número 8.171 de 17 de janeiro de 1991

Dentre as várias determinações que preveem uso adequado de ter-ra, água, fauna e flora, há desenvol-vimento de programas de educação ambiental, incentivo à produção de mudas de espécies nativas e criação de zoneamentos agroecológicos.

- Lei de Engenharia Genética – nú-mero 8.974 de 05 de janeiro de 1995

Lembra-se da polêmica gerada pelo uso de sementes de soja e mi-lho geneticamente modificadas? Pois essa lei é a responsável por definir normas no uso da engenharia genéti-ca, bem como seu desenvolvimento e

comercialização. Com destaque para a necessidade de criação de uma Co-missão Interna de Biossegurança por parte de cada organização que desen-volve ações em engenharia genética. A fiscalização de todos os processos fica a cargo dos Ministérios da Agri-cultura, da Saúde e do Meio Ambien-te.

- Lei de Recursos Hídricos – nú-mero 9.433 de 08 de janeiro de 1997

Coloca a água como produto li-mitado dotado de valor econômico e que deve ser estudado a partir da Po-lítica Nacional de Recursos Hídricos. Com a criação do Sistema Nacional de Informação sobre Recursos Hídricos, a coleta, armazenagem e tratamento das águas brasileiras ganha nova or-ganização e gerenciamento.

- Lei de Crimes Ambientais – nú-mero 9.605 de 12 de fevereiro de 1998

Legisla acerca dos atos conside-rados criminosos contra o meio am-biente e as punições referentes aos mesmos. As punições podem ser ex-tintas caso haja comprovação da re-cuperação ambiental, porém muitos casos não são revertidos rapidamente como os conhecidos acidentes de na-vios petrolíferos e boa parte dos da-nos não podem ser consertados.

O primeiro passo para cobrar ati-tudes de governantes e órgãos fisca-lizadores é conhecer as leis do país. Para mais informações sobre legisla-ção ambiental acesse o site do IBAMA em www.ibama.gov.br

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O Palacete dos Garcia Cid na avenida Higienopólis é uma das construções protegidas pela Lei do Patrimônio Histórico

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Frágil como papelO livro e o jornal impresso já foram condenados diversas vezes desde a popularização dos computadores e tablets. Mas, será que eles sumirão mesmo?

Alessandra Gallettoe Fernando Bianchi

Em 1995, Jeff Bezos trabalhava como analista financeiro nos Es-tados Unidos. Deixou de lado o emprego promissor para apostar em uma área que praticamente não atraía a intenção de investi-dores naquela época: a internet. A sua ideia era montar uma loja

online, que venderia livros pela web e entregaria os produtos na casa dos compradores através do correio. Fundou, então, a Amazon.com, que tem este nome porque, segundo Bezos, a quantidade de livros que comercializaria seria comparada à quantidade de águas do rio Amazonas. Apesar do exagero, a empresa cresceu rápido e, no fim de 1996, já va-

lia 300 milhões de dólares, sen-do o primeiro site do tipo a gerar

um lucro milionário, tornando-se um modelo para tantos outros que surgiram depois.

Mais de uma década após seu surgimento, já com o status de maior livraria online do mundo, a Amazon anunciou o lançamento de um dispositivo que prome-tia revolucionar a forma de uso daquele mesmo objeto que a

consagrou: o livro. O Kindle foi apresentado em 2007, e permitia

a leitura de livros digitais na tela de um aparelho mais ou menos do mesmo tamanho de um livro co-mum. Era a ficção científica se tor-nando realidade. O lançamento do Kindle contribuiu para uma transformação no mercado de livros . Hoje, na maioria das

gos para download.Felipe Santos, 23, estudante de

Engenharia Mecânica, lê em mé-dia 11 livros por ano – uma mé-dia um pouco mais alta do que o brasileiro comum, que, segundo a pesquisa do Ibope, lê em mé-dia 7,4 livros por ano. Segundo o estudante, se tivesse mais tempo livre, leria mais livros. Em relação aos livros digitais, diz que prefere ter o papel nas mãos: “eu acredito que, tendo o livro em mãos, é mais fácil se encontrar na história, poder imaginá-la”. Felipe diz, tam-bém, que nunca comprou um livro em formato digital, e que leu algo do tipo somente uma vez, mas sem pagar nada. “Não pagaria por um livro eletrônico” – diz o estudante, que acha um pouco incômodo ler diante do com-putador.

Morte decretada?Seguindo a tendência de digi-

talização dos livros, o jornalismo é outra área que precisou se adap-tar ao surgimento dos dispositi-vos eletrônicos. Por pelo menos dois séculos, o jornal impresso dependeu exclusivamente de uma enorme rede de distribui-ção – da impressora ao leitor fi-nal – para poder levar notícias ao seu público. Hoje, os grandes jor-nais já oferecem dois tipos de as-sinaturas: a da edição impressa, tradicionalmente entregue na porta de casa, e a digital, que promete conteúdos exclusivos nos web sites e o acesso à pró-pria edição do dia em formato

livrarias on-line – ambiente dominado por empresas que nasceram como lojas físi-cas - já é possível comprar livros em formato digital. Se paga por um arquivo que não existe fisicamente, mas tem o mesmo conteúdo do livro em papel.

Apesar de ainda pouco po-pularizada, a leitura digital

tem crescido no Brasil. Em 2012, o Instituto Ibope In-teligência divulgou os núme-ros da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, revelando que 5% dos livros consumi-dos no país são digitais – 9,5 milhões de unidades por ano. Porém, 87% destes livros são obtidos de downloads gratui-tos, o que revela que muitas pessoas ainda não estão dis-postas a pagar por um livro digital – os mais populares, e muitos outros, são facilmente encontrados em sites não pa-

O jornalimpresso játem data

paradesaparecer:

2027

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Não é só lá fora que as telas e o papel tentam se conciliar; aqui em Londrina, o JL e Folha mostra o que aconteceu desde que seu site foi ao ar

Um jornal inovadorO Jornal de Londrina, nas-

cido em 1989, tem uma tira-gem aproximada de 30 mil exemplares impressos por dia. Em 1999, a empresa jornalís-tica foi adquirida pelo Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM), que investiu para que o jornal se modernizas-se e passasse a competir de igual pra igual com outras pu-blicações que circulavam em Londrina há décadas, como os jornais paulistas, que possu-íam até mesmo sucursais na cidade.

Em 2006, o Jornal de Londrina sofreu uma reformu-lação intensa. Passou a ser distribuído gratuitamente, e não mais vendido em bancas. Os assinantes já existentes fo-ram isentos de taxas, e muitos

outros vieram, aproveitando a gratuidade da distribuição. O formato da publicação mudou do standard, utilizado pelos maiores jornais do país, para berliner (formato um pouco menor, e com menos páginas), e o jornal passou a ser conhe-cido como JL, como mostra a logomarca atualizada.

Porém, apesar da dis-tribuição gratuita, nem todos os moradores de Londrina podem receber o JL em suas casas. Dependendo da região em que se reside, não é possível fazer a assinatura do jornal, que tem foco em áreas centrais e, ob-viamente, mais nobres. Segun-do Ewandro Shenkel, chefe de redação do JL, a decisão de distribuir a publicação gratuita-mente foi tomada prevendo a

crise que iria chegar ao setor. Shekel garante que, após a reestruturação, o faturamento do JL aumentou consideravel-mente, atraindo anunciantes que procuravam a visibilidade de um jornal com facilidade de circulação e já consagrado na imprensa londrinense.

Na web, o JL está pre-sente desde o ano 2000. Po-rém, somente em 2008 a re-dação sofreu mudanças para atender a demanda do jorna-lismo on-line, e o site ganhou reportagens que não saíam na edição impressa. Anteriormen-te, o portal somente replicava os textos publicados no jornal de papel. Mesmo com as mu-danças na redação para pro-duzir conteúdo exclusivo para a web, Ewandro Shenkel reve-

la que o jornal continua tendo mais leitores na edição im-pressa do que no on-line. “É o mesmo público alvo, mas as pessoas têm diferenças. Cada um continua focado na plataforma com que está mais habituado”, diz o diretor de redação do JL. O site al-cança cerca de 20 mil aces-sos por dia, enquanto a edi-ção impressa pode alcançar mais de 100 mil leitores, já que um jornal impresso pode ser lido por mais de uma pes-soa. Considerando que o JL continuou crescendo após reestruturar sua distribuição, a publicação torna-se um exemplo de que o jornal em papel pode ainda trazer lu-cros, desde que seja pensa-do de forma inteligente.

eletrônico, o que dispensa o ato de o leitor ir até a banca comprar o jornal e a logística da empresa em entrega-lo, já que a publicação pode ser acessada em qualquer lugar através de computadores, tablets ou smartphones, dis-pensando o papel.

Segundo a organização australiana Future Explora-tion Network, em estudo di-vulgado no ano passado, o jornal impresso já tem data para deixar de circular no Brasil: 2027. Entre os países participantes do levantamen-to, os EUA teriam a morte do jornal decretada primeiro: já em 2017. Já a Argentina te-ria a maior longevidade: os jornais deixariam de circular em 2039. Para realizar a es-

timativa, foram considerados aspectos sociais de cada país. No Brasil, a concretização desta perspectiva dependerá do desenvolvimento econô-mico, incluindo a absorção da tecnologia (smartphones e tablets) e o desenvolvimento da banda larga, entre outros aspectos. Até lá, os jornais deverão diminuir gradativa-mente a circulação, até serem totalmente substituídos por versões digitais, conforme as tecnologias disponíveis.

Fábio Alves Silveira é jor-nalista há 19 anos, e, para ele, o jornal impresso não deixará de existir tão rapida-mente. “Não vejo, nem em médio prazo, o fim do jorna-lismo impresso no Brasil”, diz o jornalista, justificando-se

ao dizer que o jornal ainda é um veículo de informação que carrega grande credibi-lidade, e trás análises mais aprofundadas do que algu-mas outras mídias, o que o faz ter um púbico fiel. “To-das as vezes, na história, que surgiu uma mídia nova, previu-se o fim da anterior. Foi assim com o surgimento da TV, substituindo o rádio, e da internet, por exemplo. Mas mesmo assim os veículos de informação existentes an-teriormente permaneceram”. Para o jornalista, o jornal im-presso sobreviverá em meio ás novas tecnologias, mas precisa adaptar-se. “A saída para o jornal impresso é ter um aprofundamento maior, oferecer algo mais trabalha-

do, que chamará a atenção do leitor” – diz o jornalista.

Segundo Fábio Silveira, as novas tecnologias exigem não só uma evolução dos forma-tos – como a disponibilidade do jornal em meios digitais – mas uma transformação do próprio jornalismo. “O jorna-lismo terá que melhorar suas técnicas para manter-se rele-vante diante de tantos meios alternativos, como as redes sociais, que frequentemente divulgam notícias com muita rapidez” – diz Silveira. “Mes-mo com a agilidade da in-ternet, as pessoas confiam muito mais em informações quando elas são veiculadas por veículos consagrados da imprensa”, salienta o jornalis-ta, citando o fato de que as

pessoas necessitam do jorna-lismo para darem credibilida-de à uma informação.

Para as os mais jovens, cuja tendência é cada vez mais buscar informações nos meios eletrônicos – princi-palmente a internet – Fábio Silveira acredita que o jornal impresso deverá adaptar-se. “As novas gerações estão acostumadas a se informar com seus tabletes, smartpho-nes, e o jornal terá que ofe-recer atrativos para este tipo de público”. Segundo o jorna-lista, este é o grande desafio do jornal impresso: chamar a atenção das gerações que estão sendo criadas na frente de um computador. Esta fór-mula, segundo ele, ainda está sendo buscada.

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“É um problema de ações a longo prazo”Há mais de 10 anos superpopulação de pombos preocupa Londrina. Repelente eletrônico, última solução tentada, não funcionou no centro da cidade.

João VictorBarbosa Evangelista

Um dos maiores problemas ambientais de Londrina bateu asas e voou durante o ama-nhecer deste dia. Porém deve voltar para a cidade, mais es-pecificamente o bosque no centro dela, antes do anoi-tecer. É assim todos os dias. As pombas que atormentam os moradores, comerciantes e transeuntes do centro do município partem para a zona rural durante logo cedo em busca de alimentos e voltam ao centro de Londrina quando o dia vai chegando ao fim para dormir no bosque e em suas imediações.

A situação não é nova, já dura mais de dez anos, porém nenhuma solução definitiva foi encontrada até agora. O caso começou a ser discutido em 2006, primeiro entre as se-cretarias municipais, depois em uma audiência pública na Câmara Municipal de Londri-na. Somente em 2009 algo de concreto surgiu: um pedido de captura e abate dos animais foi feito ao Ibama, que aprovou a ideia com algumas condições.

Apesar da autorização fe-deral a prefeitura de Londrina acabou optando por tentar um projeto com o curso de vete-rinária da UEL para fazer um acompanhamento e um estudo sobre os pombos da cidade, mas o convênio com a univer-sidade não deu certo.

As discussões voltaram a ocorrer apenas em abril de 2013, um mês depois da ter-ceira morte registrada em 6 anos por criptococose - doen-ça causada pelos fungos que

moram nas fezes dos pombos. Uma outra audiência pública foi convocada e dela saiu a “Co-missão Técnica para Discussão de Ações de Manejo”, reunin-do as secretarias municipais de Meio Ambiente, Agricultura, Saúde, a Companhia Munici-pal de Trânsito e Urbanismo, a Emater, a UEL, a UTFPR, a ONG Meio Ambiente Equilibra-do e o Sindicato Rural Patronal de Londrina.

Dali saíram algumas atitu-des para minimizar o impacto gerado pelas aves, como au-mentar a limpeza do bosque e realizar a poda das árvores com mais frequência para que os galhos não avancem sobre a calçada. A decisão que mais chamou a atenção de todos porém foi a adotada com o in-

tuito de solucionar o caso de uma vez por todas: testar de maneira pioneira um repelen-te eletromagnético contra os pombos.O sistema de repelência

eletromagnéticoA tecnologia utilizada no

repelente consiste em criar um campo eletromagnético que reagem com a magnetita presente no bico dos pombos, deixando-os desorientados. Em Londrina, aparelhos foram instalados na praça Sete de Setembro, próxima ao bosque central, e no terminal de ôni-bus do distrito de Irerê. O teste feito na cidade foi pioneiro pelo seguinte motivo: O aparelho foi projetado para funcionar em ambientes fechados e não em locais abertos.

Segundo a Robotx, fabri-cante do repelente, em edifí-cios os resultados aparecem em 2 ou 3 dias e afasta 100% dos animais. Isto realmente foi o que aconteceu no terminal de Irerê, em pouco tempo os pombos deixaram o local para se abrigar em uma igreja e em uma obra ao lado dele.

A empresa responsável por instalar os aparelhos pediu 30 dias para testar e analisar os resultados no centro da cida-de. Porém lá o sistema não surtiu efeito e as aves che-garam a fazer ninhos ao lado dos repelentes. O diretor téc-nico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA), Paulo Dolibaina, explica que alguns fatores contribuiram para o não funcionamento do sistema

de repelência na Praça Sete de Setembro. “O reator emi-te uma quantidade de ondas eletromagnéticas menor que a de um celular, até porque nes-sa região a emissão não pode ser muito grande. Ali as ondas acabam batendo nos galhos e desviando, houve essa difi-culdade. Já em Irerê não. No terminal de lá tem um instala-do em cima e outro em baixo, então você consegue blindar a área e não há perda de sinal.”, diz.

A secretária do meio am-biente de Londrina, Maria Sil-via Cebulski conta que a Ro-botx ficou de apresentar um plano b para tentar resolver o problema do centro de Londri-na. “Essa mesma empresa está tentando desenvolver um novo tipo de equipamento para tes-tar ali, um equipamento com um outro tipo de repelência. Mas isso ainda não tem data pra ficar pronto”, fala.

Novas açõesCom a falha da repelência

eletromagnética a comissão técnica que discute o assun-to deve voltar a se reunir. “A primeira medida vai ser fazer um levantamento populacional atual (dos pombos que vivem na cidade). Isso vai ser feito em parceria com as universidades, principalmente a UTFPR que tem um biólogo na comissão. Isso ainda não tem uma data pra ficar pronto porque nós não temos condições de fazer isso sozinhos e dependemos do apoio das universidades”, conta a secretária. Um “censo” dessas aves já foi realizado em 2009 e apontava a para a pre-sença de 150 à 200 mil pombos

Em 2009 um levantamento apontou mais de 150 mil pombos em Londrina.

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O abate foi descartado?

Fezes dos pombos são transmissoras de Criptococose. Doença causou 3 mortes nos últimos 6 anos na cidade.

vivendo em Londrina. Paulo Dolibaina afirma que

as ações paliativas tomadas até aqui vão continuar. “ Vamos continuar a maior frequência da limpeza (do bosque). Tam-bém continua manutenção da poda das árvores, porque os galhos vão crescendo e atin-gem novamento a calçada. As-sim mantemos as calçadas sem escrementos”, diz.

Em paralelo a essas ações uma outra comissão tenta re-solver um outro ponto do pro-blema: a concentração das aves nas cooperativas agríco-las. Maria Silvia Cebulski conta que desde o ano passado o as-sunto já vem sendo discutido. “Como essas áreas são parti-culares, são áreas das coope-rativas, essas cooperativas vão elaborar planos de manejo das aves nessas áreas. Ali podem passar por diversas soluções, inclusive o abate. Mas ai elas vão precisar de autorização do Ibama também.” afirma.

O diretor técnico da Sema

explica que o que atrai os pombos para esses locais é o fato de serem áreas de trans-bordo de grãos. “A ideia é eles fazerem esse plano de mane-jo controlando a questão das perdas e mantendo os locais limpos. As cooperativas já tem um plano de limpeza bom, mas algumas tem uma dificuldade logística. Principalmente na época de safra, com o trans-porte de grãos, ficam filas de caminhões parados. Por isso é importante até se fazer um tra-balho de conscientização dos caminhoneiros para evitarem perdas ao longo da estrada. A ideia é essa porque este é um dos elos da cadeia.”, fala.

Dolibaina ainda acrescenta que e possível que o controle das aves nas cooperativas te-nha algum efeito no centro da cidade. “Eventualmente se o estudo que eles fizerem apon-tar para o controle populacio-nal nesses locais e o Ibama autorizar, vamos ver se isso tem alguma interferência no

bosque. Isso vai demandar es-tudo.”, conta.

Possíveis SoluçõesAlém do abate, previamen-

te descartado quando a repe-lência eletrônica foi escolhida (confira o box), outras pos-síveis soluções voltam a ser discutidas agora. Uma delas é o uso de anticoncepcionais para os pombos. A ação porém apresenta alguns problemas. o diretor técnico da SEMA expli-ca que “o anticoncepcional age na cadeia, então algum outro animal pode comer essa ave e ter seu sistema reprodutivo afetado e isso ir acumulando na cadeia. Sem contar que não há seletividade, outros pássa-ros granívoros podem acabar comendo esses grãos com anticoncepcionais e ter pro-blemas. Por isso não há uma segurança nesse sentido. Sem contar a questão da crueldade, porque não tem como con-trolar o quanto cada ave vai consumir desses grãos. Uns comem mais, outros menos,

e geralmente tem mortes por causa disso.”

Outra questão a ser estu-dada é a captura dos pombos para soltar em outros lugares. Dolibaina porém mostra que o problema para se fazer isso é logístico. “A quantidade (de aves) é grande. Por isso é im-portante aquele levantamento (de quantos pombos vivem no município), até pra definir que material vai ser usado para fazer a captura e pra deslo-car pra outra área. Em 2006 quando teve aquela audiência pública teve uma reportagem na Folha de Londrina com um professor da USP em que ele disse que se o problema era as fezes (dos pombos) a ideia é deslocar para outras áreas. Ele sugeriu, mas acabou não sen-do feito pela dificuldade logísti-ca.”, conta.

Ainda segundo Dolibaina, “alguns estagiários desse pro-fessor na época sugeriram para o Instituto Ambiental do Paraná que se focasse na

alimentação, diminuindo o ali-mento. Como se faz isso? sin-cronizando o plantio, o que é difícil porque estamos perto da divisa com outros estados e cada um planta em uma épo-ca. Isso seria até uma ação de estado.”

Os especialistas costumam dizer que para uma população de pombos se expandir preci-sam dos três “As”: alimento, abrigo e água. O presidente da “Comissão Técnica para Discussão de Ações de Mane-jo” termina dizendo que “é um problema de ações a longo pra-zo. Não podemos garantir que vamos resolver esse problema nos próximos nos próximos 4 anos, por exemplo. Até porque ele foi surgindo aos poucos também, com a retirada da ve-getação, com a monocultura, essa espécie veio migrando do nordeste. Aqui ela achou uma área adequada ara sua popu-lação e explodiu. Agora para voltar ao equilíbrio o processo é lento”.

Em um primeiro momento sim. Mas pode voltar a pau-ta depois que o teste de re-pelência eletrônico não sur-tiu efeito na região central de Londrina. Para explicar o porque o abate tinha sido descartado, o diretor técnico da Secretaria Municipal do Meio Ambiente , Paulo Cezar Dolibaina, contou que “exis-te uma população que está usando essa área, mas no entorno existe uma quantida-de muito maior que também

poderia ocupar este espaço no centro e no bosque.Estarí-amos tirando uma população dali e em pouco tempo o local seria preenchido de novo.”

A secretária do meio am-biente, Maria Silvia Cebulski, acrescenta que estas aves tem uma estratégia reprodu-tiva. “Conforme ela se sente ameaçada de extinção, mais ela se reproduz.”, afirma. Do-libaina finaliza dizendo que “é uma ação que não tem a efi-cácia garantida.”

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Separamos 4 lançamentos de gadgets ecológicos que em breve você vai poder usar no dia-a-dia

Mochila Solar - Array 10 Watts

Sockett - A bola de futebol recarregável

Água que até passarinho bebe - Puri

Lightfog - Bicicleta despoluidora

Basta um solzinho; essa mochila armazena energia captada através de painéis so-lares em uma bateria de 1600 mAh, que pode carregar desde mp3’s e câmeras até notebooks. Sob a luz solar direta, a bateria leva 12 horas para carregar completamen-te, sem preocupações com a conta de luz. Também pode ser carregada na tomada, caso o clima não ajude. Só carrega 1 eletrônico de cada vez, mas ajuda bastante em casos de emergência. Da marca Voltaic Systems.

Projetada para uso emergencial, como em naufrágios ou tempestades, esta garrafa transforma água do mar em água potável. Foi desenvolvida por quatro sul-coreanos da Universidade de Yonsei, e funciona com uma espécie de osmose reversa. Para usá-la, basta bombear água salgada para den-tro da garrafa através de um êmbolo; a água é empurrada através do filtro, e sai em uma segunda câmara como água potável. A ideia ainda está em desenvolvimento, e foi apresentada no IDEA Design Awards do ano passado.

Duas estudantes de Harvard conseguiram 92 mil dólares no Kickstarter - site america-no que angaria fundos para infinitos projetos - para financiarem este projeto. Esta bola

armazena energia conforme rola pelo campo, e com cerca de 30 minutos de jogo ela consegue manter uma lâmpada de led (que vem dentro da própria bola) acesa por

3 horas, ou carregar completamente uma bateria de celular. Ela já está em fase de testes, e logo deve fazer parte do dia-a-dia de muitas comunidades carentes.

Para a empresa tailandesa Lightfog, andar de bicicleta não é ecológico o suficiente. Ela desenvolveu esta bicicleta elétrica que ajuda a despoluir o ar. Ela conta com um purificador de ar e um tanque de água com sistema de fotossíntese, que captam o ar durante o movimento da magrela e o devolvem renovado para a atmosfera. Além disso tudo, ela também tem um painel solar, que carrega a bateria do siste-ma de filtragem. Por enquanto, ela é só um protótipo.

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