Os 5 Preludios de Vilas Lobos

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    Wolff , D.; AllessAnDrini, o. os Cinco Preldios para violo de Heitor Villa-lobos e a transcrio ... Per Musi, Belo Horizonte, n.16, 2007, p. 54-66

    recebido em: 17/04/2007 - Aprovado em: 15/12/2007

    Os Cinco Preldios para violo de Heitor Villa-Lobos e a transcrio para piano de Jos Vieira Brando: uma anlise comparativaDaniel Wolff (UFRGS, Porto Alegre)[email protected]

    olinda Allessandrini (UFRGS, Porto Alegre)[email protected]

    Resumo: este artigo discute a transcrio para piano dos Cinco Preldios para violo de Heitor Villa-lobos. o autor das transcries, Jos Vieira Brando, aluno e colaborador de Villa-lobos, contou com a aprovao do compositor para a publicao das mesmas. Aps contextualizar os preldios dentro da obra de Villa-lobos para violo e estabelecer as circunstncias histricas das transcries, a discusso enfoca a problemtica da adaptao para o piano dos recursos caractersticos do violo empregados na verso original.Palavras-chave: Villa-lobos, Vieira Brando, violo, transcrio, piano

    The Five Preludes for guitar by Heitor Villa-Lobos and Jos Vieira Brandos piano transcription: a comparative analysisAbstract: The present article discusses the piano transcription of Heitor Villa-loboss Five Preludes for guitar. The author of the transcriptions, Jos Vieira Brando, pupil and collaborator of Villa-lobos, had the composers approval for publishing the piano version. Upon presenting the preludes in the context of Villa-loboss guitar works and establishing the historical background of the transcriptions, the discussion focuses on the problem of adapting for the piano the idiomatic guitar writing of the original score.Keywords: Villa-lobos, Vieira Brando, guitar, transcription, piano

    1 - Introduoem 1940, Heitor Villa-lobos comps sua ltima obra para violo solo: os Cinco Preldios, dedicados sua segunda esposa Arminda Villa-lobos, a Mindinha. segundo relato do compositor, havia tambm um sexto preldio cuja partitura extraviou-se, o qual ele considerava como o mais belo de todos (sAnTos, 1975, p.25).

    os Cinco Preldios, obras de grande valor na literatura musical brasileira, atraram por sua beleza a ateno do pianista e compositor Jos Vieira Brando, conceituado intrprete de Villa-lobos e seu aluno de composio desde 1930, que decidiu ento transcrev-los para piano. o prprio Villa-lobos chegou a ouvir a verso para piano dos trs primeiros preldios, e no somente aprovou o trabalho de Vieira Brando como o autorizou a public-lo no futuro1. Assim, em 1970, um ano aps a primeira audio pblica em execuo do prprio Vieira Brando na sala Ceclia Meirelles, d-se finalmente a publicao das transcries pela editora francesa Max eschig, responsvel tambm pela publicao de grande parte da obra de Villa-lobos.

    PER MUSi revista Acadmica de Msica n.16, 86 p., jul. - dez., 2007

    Mesmo sendo de grande interesse musical, alm de idiomaticamente piansticas, as transcries de Vieira Brando tiveram pequena repercusso, sendo praticamente desconhecidas, mesmo entre os pianistas. estas obras foram gravadas no CD Villa-Lobos por Olinda Alessandrini (1992) e, com sua subseqente difuso no meio musical brasileiro, esto finalmente recebendo os mritos que lhes cabem.

    em um programa de recital apresentado no Brasil e nos estados Unidos, os autores deste artigo apresentaram, ao violo e ao piano, os Cinco Preldios, comparando as duas verses. Para nossa satisfao, sempre fomos gratificados com aplausos calorosos.

    Ao final das apresentaes, vrios dos violonistas presentes familiarizados com diferentes interpretaes dos preldios comentaram que a audio da transcrio para piano contribuiu para gerar novas idias interpretativas para as partituras originais de Villa-lobos. incentivados pela boa receptividade junto ao pblico, decidimos registrar os resultados de nossa pesquisa, resultando no artigo a seguir.

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    2 - Os Cinco Preldios na obra para violo solo de Villa-LobosDesde muito jovem Villa-lobos mostrou-se apegado ao violo, instrumento que executava com amplo domnio tcnico, e pelo qual nutria especial carinho. De fato, sua primeira obra escrita foi uma pea para violo solo intitulada Panqueca, composta em 19002. segue-se a produo de diversas obras para violo, entre elas a Mazurka em R Maior3 e a Valsa Concerto n.2 4, ambas extraviadas, tal como a Panqueca. finalmente, surge a Sute Popular Brasileira (1908-1912), sua primeira composio de grande porte para o instrumento.

    A Sute Popular Brasileira consta de cinco movimentos: Mazurka-Choro, Schottisch-Choro, Valsa-Choro, Gavota-Choro e Chorinho. Apesar de belos e musicalmente slidos, os movimentos da sute demonstram uma escrita tradicional para violo, nos moldes das antigas escolas do instrumento que Villa-lobos to bem dominava (sor, Aguado, Carcassi etc.). somente na dcada seguinte, quando da composio dos Doze Estudos (1924-1929), que Villa-lobos levaria o violo a caminhos tcnicos at ento inexplorados, a ponto do violonista espanhol Andrs segvia, a quem foram dedicados os estudos, consider-los, a princpio, como impossveis de serem tocados.

    Os Doze Estudos contrastam muito com a Sute Popular Brasileira. no somente pelas inovaes tcnicas acima mencionadas, mas tambm pela arrojada linguagem musical, fruto das influncias sofridas por Villa-lobos em Paris. Dona de singela beleza, a Sute Popular Brasileira , tambm, dotada de tradicional prosdia musical: suas frases so regulares, o sistema harmnico primordialmente tonal, os contornos meldicos tpicos do sculo XiX, ainda quando considerada a influncia do choro carioca dos princpios do sculo XX. J nos Doze Estudos percebe-se o esprito desbravador e pioneiro do compositor: as sonoridades inovadoras so em grande parte fruto dos avanos tcnicos demandados por Villa-lobos ao instrumento, resultando em inesperadas e inventivas texturas, muitas das quais soam arrojadas ainda nos dias de hoje.

    em 1940, Villa-lobos retorna sua ateno ao violo, dedicando-lhe os Cinco Preldios. e que bela sntese faz aqui Villa-lobos, de sua prpria produo musical. Muitas das inovaes sonoras dos Doze Estudos esto aqui presentes, porm o idioma musical de uma simplicidade tpica da Sute Popular Brasileira. Tome-se como exemplo o Preldio n.2. enquanto a primeira seo remonta s harmonias simples e afinidade com o choro da Sute Popular brasileira, a seo central indiscutivelmente associada ao carter inovador dos Doze Estudos. Cabe ento indagar porque Villa-lobos, j com cinqenta e trs anos de idade e considervel destaque profissional, teria regressado a um estilo musical tpico da sua juventude.

    infelizmente, impossvel responder esta questo com certeza, restando-nos apegar a possveis suposies.

    sendo os Cinco Preldios dedicados a Mindinha, esposa que Villa-lobos tanto amava e por quem possua profundo afeto, natural que o compositor recorresse ao estilo afetuoso da sute, mais apropriado para a ocasio do que o esprito viril dos Estudos.

    Ao mesmo tempo, em sua produo pianstica do mesmo perodo, constatamos tambm um retorno ao romantismo presente em obras de sua juventude. possvel, portanto, que Villa-lobos estivesse, no momento, atravessando uma fase comum a pessoas de meia idade, na qual se procede a um retorno s razes, porm com a experincia adquirida ao longo dos anos. no esqueamos que o violo era o instrumento secreto da adolescncia do compositor, que tinha de pratic-lo escondido de sua famlia.

    3 - Vieira Brando, o msicoVieira Brando nasceu em 26 de setembro de 1911, em Cambuquira, Minas Gerais e, ainda criana, transferiu-se para o rio de Janeiro, onde residiu a maior parte de sua vida. Teve slida formao musical, concluindo em 1929, com primeiro prmio, o curso de piano no instituto nacional de Msica, hoje escola de Msica da UfrJ. iniciou, ento, a carreira de concertista, realizando turns pelo Brasil, Amrica do sul e estados Unidos, onde foi bolsista de 1945 a 1946 na University of southern California em los Angeles. foi Professor Titular de Piano e Canto Coral do Conservatrio Brasileiro de Msica desde 1940. Dedicou-se, em especial, obra pianstica de Villa-lobos, sendo responsvel por diversas primeiras audies mundiais de suas obras compostas entre 1932 e 1959, ano do falecimento de Villa-lobos. entre elas, destacam-se o Choros n.11 e a Bachianas Brasileiras n.3, ambas apresentadas sob a regncia do prprio compositor.

    A partir de 1930, iniciou os estudos de composio com Villa-lobos. Como compositor, suas obras mantm-se fiis ao nacionalismo. Produziu canes, peas piansticas, obras de cmara e orquestrais, movimentando-se com desenvoltura entre os vrios gneros musicais. De seu catlogo constam mais de cem ttulos. em sua homenagem, o Conservatrio Brasileiro de Msica realizou o 1 Concurso nacional de Piano Jos Vieira Brando, e lanou o CD A obra de Jos Vieira Brando (1995), contendo obras corais e msica de cmara do compositor:

    Como educador musical, teve destacada atuao no magistrio do Piano, da educao Musical e da regncia Coral. foi o mais prximo colaborador de Villa-lobos nas atividades da superintendncia Musical e Artstica (seMA), rgo governamental que estimulou a educao musical nas escolas brasileiras atravs do canto orfenico. A partir de 1956, desempenhou a funo de Tcnico em educao Musical e Artstica junto secretaria de educao e Cultura do rio de Janeiro. fundador da cadeira n.36 da Academia Brasileira de Msica, ocupou o cargo de Presidente do Conservatrio Brasileiro de Msica de 1990 at falecer em 2002.

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    4 - As transcries de Jos Vieira BrandoA arte da transcrio, que consiste em adaptar uma obra musical para uma formao instrumental distinta daquela para qual a obra foi originalmente concebida, praticada com freqncia desde o perodo renascentista. naquela poca, era comum encontrar obras dos grandes mestres da polifonia vocal transcritas para vihuela, instrumento precursor do violo. Tal prtica permaneceu em uso ao longo do perodo barroco atravs do alade, outro importante precursor do violo. Por exemplo, das quatro sutes que J.s. Bach dedicou ao instrumento, duas delas BWV 995 e BWV 1006a possuem tambm verses para violoncelo e violino, respectivamente. o prprio Bach tambm transcreveu, para as mais variadas formaes, obras de compositores tais como Vivaldi, Albinoni e Marcello.

    no perodo clssico, e durante todo o sculo XiX, a realizao de transcries permanece constante: Mozart transformou vrias de suas peas de cmara em movimentos sinfnicos; Beethoven transcreveu para piano e orquestra seu concerto para violino. Podemos citar, tambm, liszt que transcreveu para o piano vrios Lieder de schubert, estudos de Paganini, obras de Bach para rgo, as nove sinfonias de Beethoven e trechos de diversas peras. no sculo XX, so notrias as transcries orquestrais de schoenberg de obras de cmara de Beethoven e Brahms, assim como a adaptao orquestral dos Quadros de uma Exposio de Mussorgsky por ravel. Grande parte das obras orquestrais de ravel tambm foi, num primeiro momento, concebida para piano solo, e s ento transcrita para orquestra pelo prprio compositor.

    Heitor Villa-lobos, mesmo sendo um compositor extremamente frtil, transcreveu muitas de suas obras para diferentes formaes instrumentais. eis aqui alguns clebres exemplos: Bachianas Brasileiras n.4 (de piano solo para orquestra de cordas), ria das Bachianas Brasileiras n.5 (de canto e octeto de violoncelos para canto e violo, e posteriormente para canto e piano), Modinha e Cano do Poeta do Sculo Dezoito (de canto e piano para canto e violo).

    Quanto s transcries do violo para o piano, j comentamos que Villa-lobos ouviu e aprovou a transcrio para piano de Vieira Brando dos trs primeiros Preldios. H outra evidncia de que Villa-lobos aprovava transcries deste tipo. Carlevaro relata que ouviu os Doze Estudos pela primeira vez quando foi apresentado por Villa-lobos ao pianista Toms Tern. ele [Villa-lobos] pediu a Tern para tocar os estudos para mim. foi surpreendente ouvir as transcries para piano de Tern destes estudos para violo. Primeiro, Villa-lobos comentava um dos estudos e aps Tern tocava-o ao piano (CArleVAro, 1988, p.3).

    em sua juventude, Villa-lobos coletou canes populares nas diversas regies do Brasil. no contexto de sua obra, estes temas nortearam sua produo musical para as mais variadas formaes camersticas, vocais e orquestrais. Para piano, arranjou um grande nmero de canes

    folclricas brasileiras em coletneas como as Cirandas, as Cirandinhas, o Guia Prtico e a Prole do Beb n.1.

    note-se aqui a apario de um novo termo arranjo o qual difere consideravelmente da transcrio. segundo Adler,

    Transcrio a transferncia de uma obra previamente composta de um meio musical para outro. J o arranjo envolve mais do processo de composio, uma vez que o material previamente existente pode ser no mais que uma melodia ou mesmo parte de uma melodia para a qual o arranjador deve suprir uma harmonia, contraponto, e s vezes at mesmo ritmo [...] (1989, p.512).

    interessante notar que na adaptao para piano dos Cinco Preldios, Vieira Brando obteve um resultado hbrido de arranjo e transcrio. se considerarmos a distino entre os dois termos estabelecida por Adler, veremos que o material original (a partitura para violo solo) tenderia a resultados prprios de uma transcrio, pois a melodia, a harmonia e o ritmo foram indicados com preciso pelo compositor. Porm, o violo possui uma pequena extenso de pouco mais de trs oitavas, alm de uma limitada gama de recursos polifnicos, se comparado ao piano. Assim, obras escritas originalmente para violo solo tendem a soarem vazias e restritas quando executadas em sua escrita original ao piano, que teria ento somente uma pequena parte de suas possibilidades de manejo exploradas.

    Como exemplo, os harmnicos naturais do Preldio n.2, de especial efeito ao violo, perderiam muito de sua ambientao se executados como uma simples monodia ao piano. Tambm o acompanhamento da primeira seo do Preldio n.2 resultaria por demais simples para a mo esquerda do pianista. A fim de solucionar o problema, Vieira Brando teve de criar novas texturas e padres de acompanhamento que enriquecessem o material musical a ponto de torn-lo satisfatrio para o piano. ele soube combinar cautelosamente elementos de ambos arranjo e transcrio no intuito de melhor preservar a ambientao original dos preldios ao piano, tal qual fez Villa-lobos ao transcrever suas prprias obras.

    Vieira Brando faz uma releitura da obra original, baseado em suas experincias como pianista, demonstrando amplo domnio do teclado e dos diferentes timbres que o piano pode apresentar. Por ser um profcuo intrprete de Villa-lobos, adquiriu intimidade com a linguagem e a tcnica do compositor, valendo-se destes elementos na realizao das transcries dos Cinco Preldios.

    A pianista Anna stella sCHiC (1989, p.141), renomada intrprete e amiga de Villa-lobos, referiu-se assim s transcries dos preldios por Vieira Brando:

    [] simplesmente extraordinrias. Graas a essas obras, senti alguns dos momentos de maior emoo, merc da inegvel capacidade de Vieira Brando, transformando-os em cinco peas piansticas de grande beleza e fora, adaptando-os perfeitamente ao instrumento ao mesmo tempo em que respeita totalmente a tessitura, a cor, o gnero e o som do violo. [] posso afirmar, transmitindo minha prpria opinio, que o prprio autor no transformaria esses preldios em verso pianstica, com maior capacidade do que Vieira Brando, conhecedor profundo e abalizado da obra de Villa-lobos.

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    5 - O original de Villa-Lobos e a transcrio de Vieira Brando: comentrio comparativoA fim de melhor ilustrar o processo de transcrio, inclumos a seguir uma concisa anlise comparativa das solues encontradas por Vieira Brando frente ao problema de transpor para o piano a escrita tipicamente violonstica de Villa-lobos.

    Antes de examinar cada preldio individualmente, cabe ressaltar que, na verso para violo, Villa-lobos coloca pouqussimas indicaes de dinmica. Vieira Brando, na verso pianstica, prolixo nas indicaes, tanto de dinmica, como de andamento e, mesmo, de carter. Algumas vezes, suas indicaes reforam o fluxo natural do texto musical, e, portanto, coincidem com as idias de Villa-lobos, implcitas na verso violonstica. em muitos trechos, no entanto, especialmente nas indicaes de andamento, divergem dos originais.

    5.1 - Preldio n.1: Homenagem ao Sertanejo Brasileiro - Melodia Lrica 5 (Composto na forma A B A)na parte inicial (A), o tema meldico, que aparece trs vezes com pequenas diferenas, tratado pianisticamente como uma progresso. na primeira vez (c.1-12), a escrita pianstica semelhante do original, buscando preservar as sonoridades do violo (ex.1).

    na segunda vez (a partir do c.13), Vieira Brando sugere crescendo e poco affretando. na terceira e ltima progresso temtica, a partir do c.29 (ex.2), Vieira Brando enriquece o original com dobramentos de oitava tanto o tema quanto os acordes do acompanhamento, de modo a reforar o clmax da progresso.

    ex.1: H. Villa-lobos, Preldio 1, c.1-4. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    ex.2: H. Villa-lobos, Preldio 1, c.29-32. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

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    na seo B (Pi Mosso), o violo imita a sonoridade da viola caipira, instrumento de grande ressonncia em virtude das dez cordas de ao agrupadas em cinco pares. o arpejo recorrente do acorde de mi maior remonta a uma das afinaes da viola caipira. Vieira Brando optou pelo desdobramento do motivo principal em oitavas para obter uma sonoridade mais brilhante, semelhante da viola caipira (ex.3). A utilizao do pedal implcita na extenso dos arpejos e na oitava grave e longa que apia o primeiro tempo contribui para aumentar a ressonncia.

    Curiosamente, o final deste preldio, que, ao violo, solicita expressivo diminuendo, ao piano, substitudo por crescendo.

    5.2 - Preldio n.2: Homenagem ao Malandro Carioca - Melodia Capadcia - Melodia Capoeira (Composto na forma A B A)no Andantino inicial, o clima de seresta surge com naturalidade na verso violonstica. A escrita pianstica procura captar este ambiente, atravs da utilizao do registro agudo em staccatto, conferindo leveza ao trecho (tocado com pedal de uma corda). Contrariando a liberdade rtmica do original, Vieira Brando cria um acompanhamento de mo esquerda no registro mdio, com ritmo de habanera, comum s obras piansticas de salo do incio do sculo XX, no rio de Janeiro (ex.4). recurso semelhante foi utilizado por odmar Amaral Gurgel (vulgo Ga) no arranjo para piano do Choros n. 1 (original para violo)6. Contudo, o acompanhamento agregado por Ga em ritmo de choro, idntico ao que encontramos em diversas peas de ernesto nazareth, a quem Villa-lobos dedicou o Choros n. 1.

    na seo central temos uma das inovaes de Villa-lobos na escrita para o violo: a sonoridade obtida resultante da afinao natural do instrumento, mediante a utilizao de um pedal de cordas soltas em oposio ao deslocamento paralelo de acordes nas demais cordas do instrumento. Villa-lobos utilizou este recurso tcnico em inmeras ocasies, levando Marco PereirA (1984, p.53) a caracteriz-lo como o ovo de Colombo do compositor. na verso pianstica Vieira Brando, mesmo enriquecendo os arpejos originais, preserva a sensao fsica de comodidade na execuo ao utilizar o cruzamento de mos, recurso to idiomtico para o piano como o so os arpejos da verso original para violo (ex.5).

    5.3 - Preldio n.3: Homenagem a Bach (Composto na forma A B)Mais uma vez, no original para violo, o desenvolvimento harmnico est diretamente ligado afinao natural do instrumento, mediante o aproveitamento das cordas soltas na melodia do baixo. na verso para piano, so criados encadeamentos de acordes, porm sem obscurecer o sentido tonal.

    observemos os compassos iniciais. Tanto a progresso de segundas descendentes, como os baixos coincidindo com as cordas soltas do violo, so executados pela mo direita na verso para piano. Para a mo esquerda, Vieira Brando agrega acordes de trades e ttrades. Curiosamente, no c.1 foram feitas duas alteraes cromticas na linha meldica. notem-se, tambm, as diferenas de compasso e figuras rtmicas entre as duas verses (ex.6).

    ex.3: H. Villa-lobos, Preldio 1, c.53-55. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

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    ex.4: H. Villa-lobos, Preldio 2, c.1-3. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    ex.5: H. Villa-lobos, Preldio 2, c.35-38. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    ex.6: H. Villa-lobos, Preldio 3, c.1-2. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando

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    no Molto Adagio e Dolorido (Molto Adagio e Espressivo na verso pianstica), o desenvolvimento bachiano em escalas descendentes da verso original respeitado ao piano, exceto pelo acrscimo de oitavas. Apesar do reforo da melodia em trs oitavas simultneas, Vieira Brando alterou a dinmica: de forte no original para piano e pianssimo na transcrio (ex.7).

    ex.7: H. Villa-lobos, Preldio 3, c.23. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    ex.8: H. Villa-lobos, Preldio 3, c.30. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    J na repetio da melodia (a partir do c.30), o reforo expandido para dobramentos em quatro oitavas e as indicaes de dinmica so mais condizentes com o original de Villa-lobos (ex.8). Alcana-se assim uma tenso crescente, tal como comum em verses piansticas das grandes obras de Bach para rgo.

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    5.4 - Preldio n.4: Homenagem ao ndio Brasileiro (Composto na forma A B A A)Villa-lobos comentou com Abel Carlevaro, primeiro violonista a tocar este preldio (esCAnDe, 2005, p.144), que os acordes com ritmos pontuados da primeira parte representam o som longnquo e lgubre dos tambores por ele ouvidos na selva amaznica7. estes acordes, com dinmica suave, so usados como resposta melodia desacompanhada que inicia a pea. A proeminncia da melodia reforada pela indicao de dinmica mais sonora. Vieira Brando, a fim de separar ainda mais os

    dois elementos, transpe a melodia para a oitava superior mantendo o acompanhamento no registro original (ex.9; lembrando que o violo soa uma oitava abaixo).

    A parte central (B), para os violonistas, assaz idiomtica. Assim como no Preldio n. 2, Villa-lobos faz uso das cordas soltas como pedal, sobre o qual dispe acordes em movimento paralelo. Ao piano, Vieira Brando mantm a sonoridade original, porm sem a mesma lgica de execuo derivada dos acordes paralelos, menos idiomticos ao piano que ao violo (ex.10).

    ex.9: H. Villa-lobos, Preldio 4, c.1-4. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    ex.10: H. Villa-lobos, Preldio 4, c.11-12. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

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    no retorno primeira seo (A), o efeito dos harmnicos naturais substitudo no piano por acordes menores com stima em movimento paralelo, no registro sobre-agudo. note-se aqui a possvel influncia da afinao natural do violo na escolha de Vieira Brando: as cordas soltas do instrumento, excetuando-se a quinta corda, geram um acorde de Mi menor com stima menor (ex.11). efetivamente, este tipo de acorde que Villa-lobos emprega nos acordes em ritmos pontuados (c.28 e 30). A notao originalmente utilizada por Villa-lobos indicava a posio em cada corda onde obter os harmnicos naturais desejados. no ex.11 apresentamos o som real resultante dos harmnicos, para melhor compreenso do leitor no violonista.

    5.5 - Preldio n.5: Homenagem Vida Social - Aos rapazinhos e mocinhas fresquinhos que freqentam os concertos e os teatros no Rio (Composto na forma A B C A)

    Ao transcrever o quinto preldio, Vieira Brando criou uma nova pea pianstica. o resultado obtido difere consideravelmente do original, mas demonstra grande imaginao musical. A seo inicial, ao violo, tem carter de seresta. Ao piano, com o acrscimo de arpejos abrangendo quatro oitavas, torna-se grandiosa, conforme a prpria indicao do transcritor, que tambm alterou a dinmica de mezzo-forte para forte (ex.12).

    ex.11: H. Villa-lobos, Preldio 4, c.27-28. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    ex.12: H. Villa-lobos, Preldio 5, c.1-3. original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando

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    na seo B, ao piano, novamente aparece um recurso muito utilizado por Villa-lobos. Acima do tema meldico, revoluteiam arpejos ascendentes e descendentes em constante movimento. Tais arpejos no constam no original para violo, tendo sido livremente agregados por Vieira Brando. efeito semelhante encontrado em diversas obras originais para piano, entre as quais a Festa no Serto e Impresses Seresteiras, ambas do Ciclo

    Brasileiro. note-se tambm a mudana do compasso de 6/4 para 3/4 na verso pianstica (ex.13).

    A terceira seo preserva ao piano as mesmas progresses de acordes do original, mas sempre com o enriquecimento de arpejos, obtendo efeitos sonoros compatveis com a escrita pianstica do prprio Villa-lobos (ex.14).Ambas as verses repetem a seo A e encerram a pea

    ex.13: H. Villa-lobos, Preldio 5, c.17 (segundo verso original). original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

    ex.14: H. Villa-lobos, Preldio 5, c.34-37 (segundo verso original). original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando.

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    em fortissimo. no violo, esta indicao de dinmica abrupta, precedida de poco rall. no penltimo compasso, ao passo que na transcrio, dirige-se com allargando e

    ex.15: H. Villa-lobos, Preldio 5, c.57-59 (segundo verso original). original para violo e transcrio para piano de Vieira Brando

    crescendo molto ao fortissimo final, encerrando de forma grandiosa o ciclo dos Cinco Preldios (ex.15).

    .6 - ConclusoTurbio santos escreveu que os Preldios, no fundo, so retratos musicais. no de uma pessoa como costumava fazer Villa-lobos ao piano, graas sua fabulosa capacidade de improvisar, mas de um povo, de um pas. Uma gama infinita de sentimentos profundamente brasileiros destila nessas cinco peas (sAnTos, 1975, p.28).

    esta ampla gama faz dos Preldios um excelente caso de estudo para o processo de transcrio, pois a variedade de texturas violonsticas empregados por Villa-lobos apresenta uma variedade equivalente de problemas a serem resolvidos pelo transcritor. e, em se tratando

    de transcrio de violo para piano, faz-se necessrio agregar elementos que preencham a maior extenso e recursos polifnicos deste ltimo.

    Como vimos, Vieira Brando utilizou diversos procedimentos para criar tais elementos: dobramentos de oitava, adio de acompanhamento rtmico, desdobramento de arpejos e adio de acordes. Porm, este processo no se deu de maneira aleatria. A fim de manter-se estilisticamente fiel, Vieira Brando tomou como base a escrita pianstica do prprio Villa-lobos, extraindo dela vrios dos elementos agregados em suas transcries.

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    Wolff , D.; AllessAnDrini, o. os Cinco Preldios para violo de Heitor Villa-lobos e a transcrio ... Per Musi, Belo Horizonte, n.16, 2007, p. 54-66

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    8 - Leitura recomendadaAZeVeDo, luiz Heitor Corra de. Heitor Villa-lobos. in: The New Grove Dictionary of Music and Musicians. london:

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    Daniel Wolff professor do Departamento de Msica e do Programa de Ps-Graduao em Msica da UfrGs e Professor Visitante (Ps-Doutorado, Capes) da Universitt der Knste em Berlim. Doutor e Mestre em Msica (violo) pela Manhattan school of Music de nova iorque (bolsas CnPq e Capes), e Bacharel em Msica (violo) pela escuela Universitria de Msica de Montevidu. Vencedor de concursos nacionais e internacionais de violo, sua carreira inclui apresentaes na Amrica do sul, estados Unidos e europa, tendo j diversos discos gravados. Como compositor e arranjador, teve suas obras executadas ou gravadas por orquestras e grupos do Brasil, eUA, Argentina, itlia, Alemanha e inglaterra. Para maiores informaes, ver www.danielwolff.com.br

    Olinda Allessandrini graduou-se pela Universidade de Caxias do sul, e obteve o prmio Medalha de ouro da UfGrs, aps concluir o curso de Virtuosidade em Piano. suas atividades incluem recitais, msica de cmara, concertos com orquestras, atividades pedaggicas e colaborao em livros editados. seu repertrio vai do barroco ao contemporneo, com dedicao especial msica brasileira do presente e do passado. entre seus CDs destacam-se os dedicados a obras de Villa-lobos, radams Gnattali e Arajo Vianna, alm dos CDs Panorama Brasileiro, Valsas, pamPiano e bano e Marfim, e tambm vrios outros como pianista convidada. realizou tournes pela Alemanha, ustria, estados Unidos, noruega e Amrica latina. Produz e apresenta o programa semanal Panorama da Msica do Brasil e das Amricas, na rdio da Universidade (UfrGs), em Porto Alegre.

    Notas1 informao transmitida verbalmente por Vieira Brando a olinda Allessandrini.2 A fim de melhor familiarizar-se com o instrumento, Villa-lobos tambm transcreveu diversas obras para violo quando ainda jovem, e com freqncia

    gabava-se de haver transcrito a Chaconne de Bach vrios anos antes da pioneira transcrio de Andrs segvia (sAnTos, 1975, p.7).3 segundo certas verses, a Mazurka em r Maior foi escrita antes da Panqueca.4 Um fragmento da Valsa Concerto no 2, atualmente no Museu Villa-lobos no rio de Janeiro, foi descoberto recentemente. Ver: fernnDeZ, 1996, p.23. 5 subttulos extrados de Turbio sAnTos, op. cit., 25-28.6 improvvel que Vieira Brando, na poca em que fez o arranjo dos Preldios, conhecesse a verso de Ga do Choros n. 1, pois esta s foi publicada

    em 1968 pela editora Arthur napoleo.7 informao transmitida verbalmente por Carlevaro a Daniel Wolff, durante perodo de estudos particulares de violo em Montevidu (1985-1987).