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    O RIGOR DAS PENAS : OU PENITNCIA , OU A SEVERIDADE DOPURGATRIO - LITURGIA DIRIA , 02 DE SETEMBRO DE 2011 Posted: 02 Sep 2011 05:01 AM PDT

    O RIGOR DAS PENAS , OU PENITNCIA OU

    A SEVERIDADE DO PURGATRIO

    Ouvindo SANTO AGOSTINHO alguns de seu tempo dizer que,se escapassem do inferno, do Purgatrio no tinham tanto

    medo, encheu-se de zelo e lhes fez ver o grande erro em queestavam, pois as penas do Purgatrio superam tudo o que h de

    mais penoso neste mundo

    E com razo, porque o fogo que atormenta as almas do Purgatrio o mesmo queo fogo que atormenta os condenados no inferno, somente com exceo daeternidade. E assim que a Santa Igreja no duvida chamar s penas do

    Purgatrio penas infernais [na Liturgia dos defuntos]. O fogo do Purgatrio aceso por um sopro infernal, e to ativo que no se chama simplesmente fogo,

    mas esprito de fogo (Is 4, 4), e derreteria num instante um monte de bronze, maisfacilmente que uma de nossas fornalhas devoraria uma palha seca. Tem ainda este

    fogo, alm da atividade natural, uma potncia superior, que lhe d Deus, paraservir de instrumento ao Seu furor. Porm, diz o Senhor pelo profeta Zacarias,que Ele mesmo, mais que o fogo, purgar e limpar a alma eleita, ativando com

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    Seu hlito as suas chamas (Zac 3, 9). E qual no ser o tormento das almas benditas naquele crcere por meses e anos! Podemos fazer dele uma [longnqua]

    idia, considerando que: a) A alma, assim como mais nobre que o corpo, tambm mais capaz de sentir vivamente, seja a alegria, seja o sofrimento; b) A

    alma unida ao corpo, se sente dor, sente-a temperada pelo mesmo corpo, e comoque dividida entre ambos, servindo-lhe o corpo de escudo e anteparo da dor. Mas

    no Purgatrio, estando longe do corpo, recebe diretamente sobre si toda a fora dador; c) A alma unida ao corpo, se sofre no p ou na mo ferida, no sofre na cabea

    ou noutros membros sos; mas no Purgatrio, sendo indivisvel e estandoseparada do corpo, toda atingida pelas chamas. Alm do fogo, a alma, no

    Purgatrio, atormentada por si mesma, pensando: a) Por quo ligeiras faltas estpenando: por uma palavra intil, por um olhar curioso, por uma inteno menos

    reta, que to facilmente pudera evitar; b) Que, podendo durante a vida tofacilmente descontar a pena merecida por suas faltas com praticar algumas aes

    meritrias, no o fez; c) Que, deixando na terra filhos, amigos e herdeiros, que adeviam aliviar naquelas chamas, no o fazem, e s pensam em desfrutar dos bensque lhes deixou (Sl 30, 13). Com quanta razo se lamentar de no ter descontadoos seus pecados, dando esmolas, e empregando em obras de caridade os bens queDeus lhe deu e que aumentou com tantos suores? Sobre tudo isto, acresce o maior

    tormento do Purgatrio, que a privao da viso de Deus. So JooCrisstomo disse (Hom. 24 in c. 7 Mat.) que o inferno do inferno estar o

    condenado privado para sempre da viso de Deus. Assim tambm se pode dizerque o Purgatrio do Purgatrio estar uma alma por muito tempo longe da visode Deus. As almas so, pois, atormentadas por dois verdadeiros e profundssimos

    sentimentos: desejo e amor. O maior tormento de uma alma do Purgatrio desejar ir para Deus, e no poder. Esta pena tanto maior, quanto maior o

    conhecimento que l a alma tem de Deus, pois, separada do corpo, conhece maisclaramente a suma bondade de Deus, e se sente movida com maior fora a ir para

    Ele, como a pedra para o seu centro. Por isso, as suas maiores nsias, noPurgatrio, so suspiros pela viso beatfica, de que j sente a aproximao, masque ainda no pode desfrutar. Clama ela, como o cego do Evangelho (Lc 18, 41):

    'Senhor, que eu veja' essa luz da glria; que meus olhos desfrutem j da presena

    divina! Para chegar mais depressa viso de Deus, esta alma preferiria que se lheduplicasse o tormento do fogo, contanto que findasse o tormento do desejo de ver

    a Deus. Conta-se [por exemplo] de Rutlia que, sabendo que seu filho fracondenado ao desterro para terras longnquas, se desterrou tambm, para nopadecer, longe dele, o tormento da saudade. Mas muito maior que o desejo, o

    tormento do amor. Trs so os amores que atormentam as almas do Purgatrio: a)O amor natural, pelo qual a alma, por uma inclinao inata, atrada para Deuscomo a Seu Criador, seu Princpio e ltimo Fim, com maior mpeto que a pedrapropende para o centro da terra ou a chama para o ar; b) O amor sobrenatural,

    pelo qual, [sob a ao da Graa,] a alma vivssimamente atrada para Deus comoseu sumo, nico e eterno Bem; c) O amor de ardentssima caridade, por saber que

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    nada impuro entre no Cu, por outro no escapa a Seus olhos a mais ligeiramancha, que ns, muitas vezes, nem chegamos a descobrir. Por isso diz a

    Escritura que at nos Anjos encontra Deus que repreender (Job 4, 18), e que osmesmos cus no so puros na Sua presena (Job 15, 15), e que at nas obras dos justos encontra que emendar (Sl 74, 3). O santo J, conhecendo esta minuciosaJustia de Deus, temia que as suas aes, ainda as mais santas, no Lhe fossemplenamente agradveis (Job 9, 28). Oh! Como so terrveis os juzos de Deus, e

    como so diversos dos d'Ele os juzos dos homens! O homem no v seno o que

    aparece por fora; Deus, porm, penetra o corao (1 Rs 16, 7). O padreBaltasar lvarez, da Companhia de Jesus, confessor de Santa

    Teresa d'vila, era, por testemunho de sua Santa penitente, umdos homens mais santos e piedosos de seu tempo. Um dia, ele

    pediu ao Senhor que lhe revelasse quais eram as suas obras quemais O agradavam. Deus Nosso Senhor ouviu a sua orao, efez-lhe ver as suas obras no smbolo de um cacho de uvas, em

    que umas eram verdes, outras amargas, e s duas ou trsestavam maduras, e estas ainda no de todo doces ao paladar.'Tais so, disse-lhe o Senhor, as tuas aes; delas s duas ou

    trs so boas, e mesmo nestas, se examinarem com rigor, nolhes faltar que repreender' . Daqui se v como severa a Justia Divina

    em julgar as aes dos homens, e como difcil, ao morrer, estar um alma topurificada, que no fique nada por que satisfazer no Purgatrio. No faltam

    exemplos na vida dos Santos que confirmam esta doutrina. Na vida de SoSeverino se conta que, enquanto um clrigo passava um rio, apareceu-lhe um

    sacerdote e, tomando-lhe a mo, a queimou toda, dizendo: Isto sofro no

    Purgatrio por no rezar as Horas cannicas com ateno. De So Martinhoescreve So Gregrio Turinense que, orando no sepulcro de sua irm e

    recomendando-se a ela como a santa, de repente ela lhe apareceu, vestida dohbito de penitente, com o rosto triste e plido, e lhe disse que ainda estava no

    Purgatrio, por ter penteado o cabelo na Sexta-Feira Santa, no se lembrando que

    era o dia da Paixo do Senhor. A irm de So Pedro Damio , como elamesma revelou a uma santa alma, foi condenada a penar dezoito dias no

    Purgatrio, por ter, de sua cela, ouvido curiosamente os cantos e msicas que

    entoavam debaixo da janela. So Severino , Arcebispo de Colnia, foicondenado a um gravssimo Purgatrio, por ter recitado as Horas cannicas sem a

    devida distino de tempos, apesar de serem muitos os negcios de seu palcio,que parece o desculpariam. Entremos agora dentro de ns mesmos, e tiremos a

    conseqncia, que tirou tambm Santo Antonino depois de contar a seus

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    religiosos semelhantes exemplos: 'Tema, pois, cada um de vs, cometer pecados veniais e no se purificar deles nesta vida'. Se Deus to severo em punir no

    Purgatrio as menores faltas, e se to difcil, mesmo para as almas maisperfeitas, evit-lo, como que me atrevo a acumular pecados veniais em minha

    vida, sem fazer penitncia deles?... E se aqui me parece insuportvel uma pequenaagulha, que ser sofrer aquele fogo atrocssimo?... Por que no procuro depurar as

    minhas aes de toda impureza, e fazer penitncia pelos pecados cometidos?... Andemos sempre alumiados pelas chamas do Purgatrio, para evitarmos, com a

    perfeio de nossas obras, cair naqueles horrveis tormentos (Is 40, 11). Comodevemos evitar o Purgatrio : verdade de F que ningum entra no Cu sem

    estar de todo purificado (Apoc 21, 17), e sem primeiro ter satisfeito todas as suasdvidas divina Justia (Mt 5, 26). Deste modo, ou havemos de punir em nsmesmos, nesta vida, os nossos pecados, ou ento Deus se encarregar de os

    castigar depois da nossa morte. No h como escapar, diz Santo Agostinho(Conc. 1 in Ps 58). Quem, na vida, no apaga os pecados com as lgrimas da

    penitncia, depois da morte se purificar deles com as chamas do Purgatrio. Ora,no melhor lavar os pecados com gua do que com fogo? Na vida, com um dia depenitncia, e at com uma hora, podemos satisfazer por nossos pecados o que no

    Purgatrio nem por um ano expiaramos. Ora, no melhor padecer por umpouco, neste mundo, que padecer no outro por longo tempo, que pode ser at o diado Juzo? Ajuntemos que a penitncia feita em vida meritria, e depois da mortenada merece. Ainda que penemos por mil anos no Purgatrio, no adquiriremosum novo grau de graa, nem um novo grau de glria no Cu. E no mais sensatosofrer pouco e por pouco tempo, e com mrito, do que sofrer muito e por muitotempo, e sem mrito nenhum? Finalmente, a Divina Justia fica mais satisfeitacom a penitncia, ainda que pequena, feita nesta vida, do que com a pena, ainda

    que maior, tolerada depois da morte; porque a primeira um sacrifcio voluntrioe uma pena tomada espontaneamente, ou espontaneamente aceita, ao passo que a

    segunda um sacrifcio forado, e uma pena tolerada por necessidade e contra vontade. Por todas estas razes se v claramente quanto importa descontar, nesta vida, as penas que devemos a Deus por nossos pecados, pela enorme vantagem de

    nos livrarmos, desta maneira, dos males do Purgatrio. Frutos : Consideremosos frutos que devemos tirar desta doutrina, para nos resolvermos a evitar o

    Purgatrio, usando de todos os meios que a isto nos possam ajudar. O primeiro fazermos agora, por ns mesmos, penitncia dos nossos pecados, e praticar boasobras o mais que pudermos, e no pr a nossa esperana em sufrgios futuros. Eisto devemos fazer sem demora, antes que sejamos assaltados por algum acidente(Gl 6, 10). O segundo pr todo o cuidado em ganhar as santas indulgncias, com

    as quais satisfaremos por nossos pecados com a satisfao e mritos de NossoSenhor Jesus Cristo. O terceiro, finalmente, usar de piedade com as almas doPurgatrio, ajudando-as com os nossos sufrgios, obras e oraes, porque Deus

    dispor que aquela caridade que usamos com os outros seja tambm usadaconosco (Mt 7, 2). Depois essas almas, quando estiverem no Cu, sero gratssimas

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    para conosco, obtendo-nos muitas graas de Deus. Feliz de quem salvou uma almado Purgatrio com seus sufrgios, porque ter diante de Deus quem interceda por

    ele, quando tambm estiver penando naquele lugar. Faamos bem aos nossosdefuntos, que o mesmo faro conosco (Ecli 12, 2). Imaginemos que Jesus Cristo diza cada um de ns a respeito dos nossos defuntos, o que disse a respeito de Lzaro:

    'Desatai-o e deixai-o ir' (Jo 11, 44) - [FONTE : Padre AlexandrinoMonteiro S. J., Exerccios de Santo Incio de Loyola, II Edio,

    Editora Vozes, Petrpolis: 1959, pginas 80-90]