NA ESCOLA BRINCAR É APRENDER? - AVM Educacional · 2011-07-11 · Superpoderosas: Cristina...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” NA ESCOLA... BRINCAR É APRENDER? BEATRIZ DIAS CARLOS ORIENTADORA Ms. MARY SUE CARVALHO PEREIRA Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

NA ESCOLA... BRINCAR É APRENDER?

BEATRIZ DIAS CARLOS

ORIENTADORA

Ms. MARY SUE CARVALHO PEREIRA

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

NA ESCOLA... BRINCAR É APRENDER?

Rio de Janeiro

2011

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar. Por: Beatriz Dias Carlos

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, por dispensar-me seus ricos favores a despeito de

não merecê-los. Somente a Ele o louvor, glória e majestade para todo sempre.

Ao meu pai Fernando de Souza Carlos, in memorian. Papai, você

será sempre o meu grande e eterno amor! Te amo e te amarei até o último dia

da minha vida!

À minha mãe Maria José Ferreira Dias por seu amor, paciência,

lealdade, renúncia, fidelidade, amizade, companheirismo etc. Te amarei por

toda minha vida!

Às minhas irmãs Fernanda Dias Carlos e Ana Claudia Dias Carlos

pelas orações, força e amizade. Amo vocês!

Aos meus alunos por me ensinar a cada dia e me auxiliar no

crescimento profissional. Beijos em cada coração!

Às minhas amigas da Pós-graduação, o grupo das Meninas

Superpoderosas: Cristina Ferreira Lopes, Maximiliana Silva Bandeira, Bianca

Pugliese, Simone Feitosa, Fabiana Nascimento e Sandra Mandarino por

simplesmente ser um grupo “The Best”!

À minha Ms. e Orientadora Mary Sue Carvalho Pereira por sua ajuda

e dedicação. O melhor sempre fica para o final! Muito obrigada!

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DEDICATÓRIA

RESUMO

Dedico este trabalho à minha irmã

Fernanda Dias Carlos por sua mão amiga, as

meninas e diretoras Miriam Lima e Danielle

Cardoso, do Centro Educacional Lírio dos Vales,

pela força e amizade, aos meus alunos e as

demais crianças que fazem de sua escola a

extensão de seu lazer. Ser criança é ser feliz!

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RESUMO

O presente trabalho visa expor e refletir que o brincar da criança é uma forma

infantil da capacidade humana de experimentar, criar situações, modelos e

dominar a realidade, experimentando e prevendo os acontecimentos. O brincar

é uma forma infantil da capacidade humana de experimentar, criar situações,

modelos e dominar a realidade, experimentando e prevendo os

acontecimentos. As brincadeiras estão repletas de desafios, experimentos e

prazeres, e trazem consigo uma vivência de alguma situação anterior, a

descobertas de novas fases e possibilidades de algo conhecido ou a resolução

de uma dificuldade nova. Brincar na infância é um meio pelo qual a criança vai

organizando suas experiências, descobertas e recriando seus sentimentos e

pensamentos a respeito do mundo, das coisas e das pessoas com as quais

convive. Assim, visa também identificar e capacitar melhor os profissionais

atuantes ou que pretendem atuar com crianças na Educação Infantil. Nessa

concepção acredita-se que a função do supervisor deve ir além do trabalho do

professor, trabalhando como mediador entre professor e o educando,

estabelecendo uma relação de parceria e cumplicidade na ação pedagógica.

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METODOLOGIA

O levantamento dos dados para a composição deste trabalho

sobre o Brincar e a Gestão Escolar foi através de pesquisa bibliográfica.

Visando através de uma revisão de literatura, estimular a pesquisa sobre o

assunto abordado, com um novo olhar.

A análise foi qualitativa do tipo indutiva. Selecionou-se material para

o estudo, tais como livros e artigos relacionados ao tema proposto. Após

leituras desse material destacaram-se pontos considerados importantes para a

proposta desta pesquisa que é refletir sobre a função do supervisor como

mediador entre professor e o educando, estabelecendo uma relação de

parceria e cumplicidade na ação pedagógica.

Pretende-se com este enfoque na educação, ou seja, na Educação

Infantil, contribuir com profissionais, pais e/ou cuidadores que tenham alguma

ligação com crianças para que haja um melhor desenvolvimento em todos os

aspectos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 8

CAPÍTULO 1

EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE É? ....................................................................... 10

CAPÍTULO 2

O CORPO NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................. 19

CAPÍTULO 3

A FUNÇÃO SUPERVISORA NO ÂMBITO ESCOLAR ................................... 31

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 37

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 39

ANEXOS ........................................................................................................ 42

ÍNDICE ............................................................................................................ 43

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INTRODUÇÃO

O presente estudo cujo tema é “Na Escola... Brincar é Aprender?”

objetiva expor e refletir que o brincar da criança é uma forma infantil da

capacidade humana de experimentar, criar situações, modelos e dominar a

realidade, experimentando e prevendo os acontecimentos. Assim, visa também

identificar e capacitar melhor os profissionais atuantes ou que pretendem atuar

com crianças na Educação Infantil. Nessa concepção acredita-se que a função

do supervisor deve ir além do trabalho do professor, trabalhando como

mediador entre professor e o educando, estabelecendo uma relação de

parceria e cumplicidade na ação pedagógica.

Na educação de crianças, muito se tem falado e discutido sobre a

importância da brincadeira, do brinquedo e do jogo no desenvolvimento infantil.

Surge então o questionamento: “O que acontece com o brincar, pois ora é tão

valioso ora é tão desvalorizado?” e “O que a escola, ou melhor, a Supervisão

Escolar pode favorecer, contribuir para a valorização deste ato que revela um

desafio educacional que o brincar realiza?”.

Há sem dúvida um enorme acervo de novas perspectivas e de

contribuições teóricas produzidas sobre o corpo. Pode-se pensar, a título de

exemplo, nas contribuições que trouxeram os estudos sobre a imagem corporal

e do esquema corporal, o papel central do corpo no desenvolvimento infantil

encarado, sobretudo por Henri Wallon e por Jean Piaget, e a perspectiva

fenomenológica que investiu o corpo de uma dignidade central no contexto do

humano.

A idéia deste trabalho surgiu em virtude do desejo articular a

consciência sobre o próprio corpo e o corpo do outro, levando em consideração

que cada um de nós tem um corpo que é único em cada centímetro. E que o

brincar é um agente transformador, ou seja, brincar é sentir prazer na criação,

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sentir-se capaz de, a partir das próprias mãos ou do próprio corpo construir

algo significativo e mostrar que a supervisão abraçará um grande desafio de

trabalhar em prol de um mundo mais justo e igualitário, direcionando o trabalho

pedagógico para uma visão ampla da realidade e, acima de tudo, valorizar o

ser humano enquanto sujeito em desenvolvimento capaz de construir o próprio

conhecimento.

Então, desse desejo, nasceu à vontade de realizar esse estudo

monográfico, que parte de uma hipótese inicial: A interação com crianças é que

pode se desprender o verdadeiro significado da palavra amor, pois

profissionais que atuam são amados na mesma proporção que os amam. A

interação se dá até mesmo num olhar, os resultados obtidos no brincar tornar-

se-á possível quando este possuir amor, dedicação extrema, pois são as

provas inquestionáveis do que é possível quando concentramos todos os

esforços na busca de um ideal. A relação entre professor e aluno se manifesta,

e um primeiro momento, entre o professor e a equipe diretiva, para depois

atingir o aluno. Quanto mais didático for o processo de supervisão, mais

chances existirão de se instalar um processo didático qualificado na sala de

aula.

Desta forma, em termos metodológicos, o levantamento dos dados

para a composição deste trabalho foi realizado segundo pesquisa bibliográfica,

além das vivências com gestões e crianças em turmas de Educação Infantil em

escolas da rede particular de ensino.

A partir desses dados elaborou-se um corpus, montado de forma a

entender a importância da Supervisão Escolar frente ao ato do brincar no

desenvolvimento infantil numa atuação mediadora e dialógica no processo

educacional.

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CAPÍTULO 1

EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE É?

A Educação Infantil é uma etapa educacional que vem despertando

cada vez mais o interesse de educadores e profissionais afins, além de tantas

outras áreas de conhecimento envolvidas com o desenvolvimento humano.

A expansão da educação infantil no Brasil e no mundo tem ocorrido

de forma crescente nas últimas décadas e a sociedade está mais consciente

da importância das experiências na primeira infância, o que motiva demandas

por uma educação institucional para crianças de zero a seis anos.

A conjunção desses fatores ensejou um movimento da sociedade

civil e de órgãos governamentais para que o atendimento às crianças de zero a

seis anos fosse reconhecido na Constituição Federal de 1988. A partir de

então, a educação infantil em creches e pré-escolas passou a ser, ao menos

do ponto de vista legal, um dever do Estado e um direito da criança (artigo 208,

inciso IV). O Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, destaca também

o direito da criança a este atendimento.

Reafirmando essas mudanças, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, Lei no 9.394, promulgada em dezembro de 1996,

estabelece de forma incisiva o vínculo entre o atendimento às crianças de zero

a seis anos e a educação. Aparecem, ao longo do texto, diversas referências

específicas à educação infantil.

No título III, Do Direito à Educação e do Dever de Educar, art. 4o, IV,

se afirma que: “O dever do Estado com educação escolar pública será

efetivado mediante a garantia de (...) atendimento gratuito em creches e pré-

escolas às crianças de zero a seis anos de idade”. Tanto as creches para as

crianças de zero a três anos como as pré-escolas, para as de quatro a seis

anos, são consideradas como instituições de educação infantil. A distinção

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entre ambas é feita apenas pelo critério de faixa etária. A educação infantil é

considerada a primeira etapa da educação básica (título V, capítulo II, seção II,

art. 29), tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis

anos de idade. O texto legal marca ainda a complementaridade entre as

instituições de educação infantil e a família.

Outras questões importantes para este nível de educação são

tratadas na LDB, como as que se referem à formação dos profissionais, as

relativas à educação especial e à avaliação.

Considerando a grande distância entre o que diz o texto legal e a

realidade da educação infantil, a LDB dispõe no título IX, Das Disposições

Transitórias, art. 89, que: “As creches e pré-escolas existentes ou que venham

a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação desta Lei,

integrar-se ao respectivo sistema de ensino”.

No título IV, que trata da organização da Educação Nacional, art. 11,

V, considera-se que: “Os Municípios incumbir-se-ão de: (...) oferecer a

educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino

fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino quando estiverem

atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com

recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal

à manutenção e desenvolvimento do ensino”.

Porém, reafirma, no art. 9º, IV, que: “A União incumbir-se-á de (...)

estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil (...) que

nortearão os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar

formação básica comum”.

O momento da infância é uma etapa singular da vida do ser humano.

Aceitar e entender a criança em seu estado de ser e vir a ser exige um

significado absolutamente novo para o conceito de infância.

De acordo com Angotti (2010) “a definição de uma profissionalidade

para educadores infantis deverá considerar o fundamental da natureza da

criança que é a ludicidade”, isto é entender a perspectiva de liberdade, o prazer

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e o brincar enquanto condição básica para promover o desenvolvimento

infantil, promovendo uma articulação entre o cuidar e o educar.

Nesta perspectiva de prover e promover o processo de

desenvolvimento infantil, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil (Brasil, 1999) programam princípios norteadores que deverão ser

respeitados em âmbito nacional por todas as instituições de Educação Infantil,

estando constituídas sob a forma de princípios assim expressos:

“Art. 3º - São as seguintes as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil:

I – As propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil, devem respeitar os seguintes fundamentos norteadores:

a) Princípios Éticos de Autonomia, de Responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum;

b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à ordem Democrática;

c) Princípios Estéticos da Sensibilidade, da Criatividade,da Ludicidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais.”

A criança é apresentada e reconhecida por esse instrumento legal

enquanto ser íntegro de singularidade, sociabilidade, historicidade e cultura.

Um dos aspectos mais significativos, na concepção da Educação

Infantil nesses últimos anos, é o de reconhecer a criança como sujeito desde o

seu nascimento. Como ser único, lhe é atribuída uma identidade própria, no

que diz respeito à sua maneira de ser, à sua realidade e ao direito de receber

uma atenção adequada a suas necessidades básicas: biológicas, cognitivas,

emocionais e sociais.

Imersa nesse processo de construção, a criança chega à escola de

educação infantil e deixa de ser um anexo de sua família (os primeiros

cuidadores) para ser vista e reconhecida como ela mesma, como alguém que

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existe separadamente do seu núcleo familiar, mas que não está constituída

sequer em sua autonomia ou sua independência.

Dessa maneira Sánchez (2003) diz que “o educador atuará como

mediador, como acompanhante que ajudará facilitar sua evolução e seu

crescimento a partir de suas necessidades individuais”, ou seja, o adulto em

sintonia com o desejo e com as necessidades da criança “estabelecerá uma

relação privilegiada sendo reconhecido como portador do ‘saber’, como uma

pessoa que lhe segurança e a quem se solicitar ajuda quando precisar”.

(SÁNCHEZ, 2003 p.12)

Nesse meio educativo, a criança tomará consciência de que existe e

de que essa essência é prazerosa porque alguém está ali para reconhecê-la,

para dar significado à sua ação, ajustar a suas emoções, um espelho de

prazer. A criança, graças a esse espelho, poderá gravar na memória tais

experiências e recuperá-las com suficiente clareza para poder revivê-las e

modificá-las com a segurança afetiva de que necessita. Como cada criança

tem a sua própria história, o educador deverá ter a plasticidade necessária para

ajustar-se a cada um de seus alunos, para levar a cabo uma tarefa de

contenção na qual seja possível que as vivências emocionais e afetivas de

cada criança adquiram significado. Esse clima de acolhida e de segurança

favorecerá a aquisição do conhecimento de si mesma e a aquisição das

aprendizagens.

O trabalho com a Educação Infantil requer muita dedicação, amor,

renúncia, perseverança, paciência, parceria, determinação e muita criatividade.

As atividades lúdicas são instrumentos pedagógicos altamente

importantes, mas do que um entretenimento, são um auxílio indispensável para

o processo ensino-aprendizagem, que propicia a obtenção em perspectivas e

dimensões que perpassam o desenvolvimento do educando. A ludicidade é

uma tática insubstituível para ser empregada como estímulo no aprimoramento

do conhecimento e no progresso das diferentes habilidades.

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O educador deve ser capaz de refletir sobre seus conhecimentos

didáticos elucidados pelas avaliações das suas práticas. Precisa compreender

mudanças educacionais que acontecem na sociedade atual, conscientizando-

se que não detém sozinho o domínio da difusão do conhecimento e que

precisa munir-se de diferentes ferramentas.

A liderança organizacional é um dos fatores que contribuirá para o

alcance da escola eficaz, e é o líder quem promoverá estratégias adequadas

de atuação e participação de todos os envolvidos no processo educativo.

O ambiente educacional deve propiciar a alegria, a felicidade, a

ludicidade, criatividade e a arte.

O pilar de qualquer trabalho com crianças deve ser o amor. O amor

é um dom supremo. Há uma música que diz: “Ainda que eu falasse as línguas

dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como metal que soa ou

como sino que tine”.

“O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha;” (Bíblia Sagrada, 1Coríntios 13. 4-8)

O professor que ama o que faz precisa interagir com o mundo da

criança, pois é o responsável pelo avanço no processo ensino-aprendizagem.

Ele precisa ser um profissional criativo para desenvolver novas práticas

educativas que permitam às crianças um maior aprendizado. Ser criativo é ter

capacidade de criar, inovar, inventar, cultivar, produzir, colocar em prática

aquilo que ainda não existe.

O trabalho criativo faz com que o indivíduo ao criar entre em contato com sentimentos, sensações, conteúdos internos, muitas das vezes desconhecidos. O trabalho com criatividade favorece o fluxo de informações, imagens, sentimentos, sensações do inconsciente para o consciente, o mesmo acontece do consciente para o inconsciente. (ROCHA, 2009 p.87)

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Para reflexão, segue um texto, em anexo, de um autor desconhecido

que conduz ao profissional e/ou cuidador olhar a vida e até mesmo o ato

educacional de um ângulo diferente do que é visto atualmente por todos

aqueles que possuem uma tarefa, um trabalho, um sonho, um desafio, várias

dúvidas, medos, anseios etc. Na verdade, é trazer a existência àquilo que

ainda não existe. É olhar o trabalho educacional como uma caixa de tesouro,

onde há muitas pedras preciosas, muitas pérolas, muitos diamantes brutos que

precisam ser lapidados com esmero, dedicação, paciência e muito amor. Para

lapidar pedras precisa-se de ferramentas e talvez essas ferramentas estejam

enferrujadas e precisam ser limpas para que possam funcionar perfeitamente.

O que fazer para limpar essas ferramentas de trabalho? Leia o texto abaixo e

descubra.

O que é novo causa estranhamento e por medo de fracassar é

preferível não mexer naquilo que está dando certo e continuar no estado de

acomodação... é a paralisia de paradigma. Paradigma é oportunidade. Paralisia

de paradigma é ameaça.

O profissional precisa ter a coragem para mudanças e confiar em

suas idéias, pois o ser humano é o único capaz de criar e lidar com mudanças

de paradigmas. Todos precisam ver um mundo diferente e interagir com esse

mundo, mudar regras e quebrar regulamentos internos (àquilo que está dentro

de cada um).

O que foi construído de excelente no passado, não garante nada no

futuro. Com o novo volta-se ao zero. Construa com o novo, crie, agarre está

oportunidade como única e, principalmente, olhe a Educação Infantil e a

enxergue em sua complexidade e em sua singularidade buscando entendê-la

em sua característica de formação. Respeite a criança em suas inúmeras

linguagens e no seu vínculo estreito com a ludicidade.

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1.1. Qual é o Papel do Supervisor Escolar / Gestor em um

Espaço de Educação Infantil?

A educação é muito mais que uma simples transmissão de

conhecimento: é um desafio. Compreender, conhecer e reconhecer o jeito

particular das crianças serem e estarem no mundo é o grande desafio da

educação infantil e de seus profissionais. Embora os conhecimentos derivados

da psicologia, antropologia, sociologia, medicina etc. possam ser de grande

valia para desvelar o universo infantil apontando algumas características

comuns de ser das crianças, elas permanecem únicas em suas

individualidades e diferenças.

Um espaço de Educação Infantil que respeita a criança precisa

garantir:

a) Proteção à saúde e à segurança;

b) Construção de relações positivas;

c) Criação de oportunidades para a aprendizagem;

Portanto, é papel da gestão estar atenta às questões físicas,

administrativas e pedagógicas agindo no sentido de oferecer possibilidades

para que o trabalho com as crianças, educadores e suas famílias se

desenvolva efetivamente.

Para isso será necessário:

• Possibilitar o contato da criança com a natureza;

• Oferecer um ambiente aconchegante, limpo, seguro e estimulante;

• Ter como eixo de trabalho a brincadeira equipando a instituição

qualitativa e quantitativamente com materiais e brinquedos

pertinentes à faixa etária;

• Possibilitar o acesso às crianças a brinquedos, livros e materiais

diversos;

• Favorecer a circulação nos diferentes espaços de Educação Infantil;

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Ao ingressar em um espaço de Educação Infantil, a criança vive a

passagem de um ambiente doméstico e íntimo para um coletivo, com outras

regras e relações sociais. Esse momento é envolto de diversos sentimentos e

traz consigo grandes repercussões para os envolvidos nessa transição: família,

criança e educadores.

O diálogo aberto e contínuo com os responsáveis ajuda a instituição

a responder às necessidades individuais da criança, conhecer seus contextos

de vida, os costumes, os valores culturais da família e as diferenças ou

semelhanças existentes entre elas e a proposta pedagógica que existe e a que

a família deseja. Dessa forma, a construção da parceria com a família tem

como bases a confiança e o respeito mútuo.

Um novo sentido é dado para a Supervisão da educação no que

concerne à formação de profissionais que irão atuar na formação de seres

humanos, pois eles terão a responsabilidade de formar cidadãos capazes de

enfrentar com dignidade e possibilidades a complexidade do mundo moderno.

Sendo assim, é importante que se dê atenção a três elementos fundamentais

na ação supervisora: liderança, subjetividade e coletividade.

a) O elemento liderança requer que o supervisor, enquanto líder,

tenha a tarefa de administrar a dinâmica da escola de tal forma

que todos se conscientizem da importância de suas ações na

constituição do perfil institucional;

b) Quanto ao elemento subjetividade, considera-se necessária a

sensibilidade por parte do supervisor, para entender que as

pessoas reagem diferentemente diante das situações;

c) A coletividade será concretizada se a dinâmica possibilitada pelo

supervisor for solidária e humilde o suficiente para proporcionar

igualdade de participação nas discussões. Para isso, a mediação

do supervisor é fundamental.

Assim, no atual ambiente educacional, “o supervisor como qualquer

outro profissional terá de ser um questionador, possuir atributos construídos a

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partir da articulação de vários saberes, oriundos de múltiplos espaços.”

(GIANCATERINO, 2010 p. 85)

Vale ressaltar que o supervisor é o sujeito que faz a leitura da escola

na sua totalidade, sendo necessário ter uma visão ampla de mundo e, por

conseguinte, “ter o senso de investigação, de curiosidade e de pesquisa para

que possa propor e/ou efetuar mudanças significativas no contexto escolar.”

((GIANCATERINO, 2010 p. 85)

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CAPÍTULO 2

O CORPO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Desde os primeiros momentos de vida, mesmo a intra-uterina,

institui-se que cada criança tem sua própria maneira de ser, de estar e de fazer

o mundo.

Ao estudarmos uma criança que brinca espontaneamente dentro de

seu mundo lúdico repleto de símbolos e significados, pode-se entender o

processo de desenvolvimento humano como uma sequência de aprendizados,

que se dá no decorrer da intervenção do homem em seu meio, e a influência

deste no homem.

Neste capítulo será realizado um estudo sobre o corpo levando em

consideração aspectos importante da psicomotricidade e do brincar no

desenvolvimento da criança articulado a ação supervisora.

2.1 – Definição e Histórico

O termo Psicomotricidade surgiu na França o final do século XIX, e

início do século XX. A partir dos estudos de Neuropsicologia de Dupré (1907),

ele foi quem deu a primeira noção de psicomotricidade através de uma linha

filosófica psiquiátrica, onde empregava o termo psicomotricidade para

evidenciar o paralelismo motor, logo após sobre a Síndrome de debilidade

mental, mostrando pela primeira vez, o que era chamado de psicomotricidade

da criança (NEGRINE, 2002). Apesar dos franceses serem referência nos

estudos de Psicomotricidade, a difusão e interesse por este campo de

conhecimento sobre o corpo, hoje, rompem fronteiras abrindo caminhos para

diferentes abordagens e linhas de pensamento em relação à temática.

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Importantes contribuições devem ser consideradas como marco para a Psicomotricidade no período estimado entre 1934 – 1937: - Gesell - médico pediatra e pesquisador - iniciou a divulgação escalas para o desenvolvimento motor; - Wallon – pedagogo, introduz o senso de identidade corporal (feito através da percepção do corpo); - Piaget – psicólogo educador, os trabalhos sobre desenvolvimento cognitivo e práxico deram maior importância a psicomotricidade; - Shilder – médico psiquiatra. Desenvolveu os estudos sobre a imagem corporal; -Ajuriaguerra – psiquiatra. Correlacionou o desenvolvimento práxico com o instrumento corporal e sua significação relacional (através de estudos clínicos e da ação terapêutica psicomotora); - André Lapièrre – psicomotricista francês, surge neste momento a inter-relação: mundo interior (sentimos) e mundo exterior (expressamos). (NICOLLA, 2004, pp. 1-2)

A psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através de seu

corpo em movimento e em relação ao seu mundo interior e exterior e de suas

possibilidades de perceber, atuar e agir com o outro, com os objetos e consigo

mesmo. (SBP - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 2004).

A Psicomotricidade é CORPO, AÇÃO e EMOÇÃO (FÁTIMA ALVES,

2008). Ou seja, é a relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a

emoção. Assim, a Psicomotricidade como ciência da Educação procura educar

o movimento, ao mesmo tempo em que envolve as funções da inteligência.

Portanto, o intelecto se constrói a partir do exercício físico, que tem uma

importância fundamental no desenvolvimento não só do corpo, mas também da

mente e da emotividade. Sem o suporte psicomotor, o pensamento não poderá

ter acesso aos símbolos e à abstração.

O desenvolvimento da personalidade da criança e de sua

inteligência requer a organização e a estruturação do eu e do mundo a partir da

concepção de algumas noções fundamentais, que são descobertas a partir das

vivências da criança e de suas experiências.

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O objetivo da psicomotricidade é trabalhar o indivíduo em sua

totalidade, ou seja, com toda a sua história de vida. Essa história será retratada

em seu corpo.

A psicomotricidade, atualmente, divide-se em dois campos que se

diferenciam pelas origens, objetivos nas estratégias de intervenção

pedagógicas e nas formas de entender o desenvolvimento psicomotriz: a

Psicomotricidade funcional (exercícios funcionais como forma de proporcionar

a aquisição de certas competências ou habilidades motrizes. Serve-se de

métodos diretivos para atingir seus fins).

Por outro lado, a Psicomotricidade relacional (o jogo é o elemento

pedagógico que privilegia a criação, a representação e a imaginação). Esta

forma diferente da funcional deve se servir de métodos não-diretivos, até

porque no campo pedagógico, toda ação do professor é um ato intencional. Em

uma aula há início, meio e fim.

Trabalhar com a Psicomotricidade nesta fase inicial torna esse processo mais rico de possibilidades, de experimentações, de vivências, de experiências vivificantes. As atividades lúdicas passam a ter mais funções, deixam de ser somente recreativas socializadoras para permitir um trabalho entre pensamento destas crianças e seu corpo. Os pensamentos, os sentimentos e os desejos destes pequenos seres tomam uma outra dimensão, passam a comandar e a direcionar seus corpos de forma mais harmônica e equilibrada. Seus movimentos ao longo deste processo parecem mais seguros e determinados. Ter a intenção de um movimento e conseguir realizá-lo é gratificante e nos faz acreditar que somos capazes e nos traz uma segurança emocional. (ROCHA apud ALVES, 2009 p.55)

Segundo Fátima Alves (2009, p. 20) é “o corpo em movimento

trabalhando e permitindo ser trabalhado”.

De acordo com o documento Orientações Curriculares para a

Educação Infantil, cuja função é reafirmar o compromisso da Secretaria de

Municipal de Educação em assegurar uma Educação Infantil de qualidade,

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apresenta os objetivos gerais e habilidades para o Corpo e Movimento (p.35

e 36):

Objetivos Gerais

- Trabalhar com a imagem do corpo;

- Explorar as possibilidades de gestos e ritmos corporais para expressar-se nas brincadeiras e demais situações de interação;

- Incentivar a destreza progressiva no espaço ao andar, correr, pular etc.;

- Encorajar a atitude de confiança nas capacidades motoras;

- Explorar e utilizar movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc., para o uso de objetos diversos;

- Ampliar as possibilidades expressivas do movimento, utilizando gestos diversos e o ritmo corporal nas brincadeiras, danças, jogos e demais situações de interação;

- Explorar diferentes qualidades e dinâmicas de movimento, como força, velocidade, resistência e flexibilidade, conhecendo gradativamente os limites e as potencialidades do corpo;

- Incentivar o controle gradual dos movimentos, aperfeiçoando os recursos de deslocamento e ajustando as habilidades motoras para utilização em jogos, brincadeiras, danças e demais situações;

- Encorajar os movimentos de preensão, encaixe, lançamento etc. para ampliar possibilidades de manuseio dos diferentes materiais e objetos.

Habilidades

- Reconhecer progressivamente os segmentos e elementos do próprio corpo, por meio da exploração, das brincadeiras, do uso do espelho, da interação com os outros;

- Expressar-se através de sensações e ritmos corporais por meios de gestos, posturas e linguagem oral;

- Expressar-se intencionalmente através do movimento, nas situações cotidianas e em suas brincadeiras;

- Perceber estruturas rítmicas para expressar-se corporalmente por meio de danças, brincadeiras e de outros movimentos;

- Perceber as sensações, limites, potencialidades, sinais vitais e integridade do próprio corpo;

- Construir uma relação de interatividade com o meio através do diálogo, do jogo e de atividades expressivas (desenhos, colagens, pinturas, argila);

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- Reconhecer a identidade (individual e grupal) em interação com o meio em que vive através de movimentos naturais e jogos;

- Identificar a atividade escolar (individual e coletiva) com o espaço de construção de identidade própria (da própria criança e do outro);

- Perceber a necessidade de organização individual e coletiva (construção de regras) para o desenvolvimento de jogos e brincadeiras;

- Perceber a relação do corpo com o tempo (ritmos corporais);

- Utilizar os espaços do corpo (esquema corporal, equilíbrio, lateralidade, relação tronco/membros), corpo-espaço, leitura de seu próprio corpo;

- Relacionar corpo x espaço (cores, formas, texturas, sons, cheiros, sabores) / Corpo x espaço x leitura de mundo.

A prática psicomotora, portanto, deve ser entendida como um

processo de ajuda que acompanha a criança em seu próprio percurso

maturativo, que vai desde a expressividade motora e do movimento até o

acesso à capacidade de descentração. Em tal processo, são atendidos os

aspectos primordiais que formam parte da globalidade em que as crianças

estão imersas nessa etapa, tais como a afetividade, motricidade e o

conhecimento, aspectos que irão evoluindo da globalidade à diferenciação, da

dependência à autonomia e da impulsividade à reflexão.

Trabalhar com a Psicomotricidade nesta fase inicial torna esse processo mais rico de possibilidades, de experimentações, de vivências, de experiências vivificantes. As atividades lúdicas passam a ter mais funções, deixam de ser somente recreativas socializadoras para permitir um trabalho entre pensamento destas crianças e seu corpo. Os pensamentos, os sentimentos e os desejos destes pequenos seres tomam uma outra dimensão, passam a comandar e a direcionar seus corpos de forma mais harmônica e equilibrada. Seus movimentos ao longo deste processo parecem mais seguros e determinados. Ter a intenção de um movimento e conseguir realizá-lo é gratificante e nos faz acreditar que somos capazes e nos traz uma segurança emocional. (ROCHA apud ALVES, 2009 p.55)

24

Bueno (1998) ressalta que a estimulação do desenvolvimento

psicomotor é fundamental para que haja consciência dos movimentos corporais

juntamente com suas emoções expressas no mesmo.

Deve-se conduzir a educação psicomotora de forma recreativa

(lúdica), levando a criança a fazer uso de diferentes gestos, posturas e

expressões corporais com intenções educativas, ou seja, objetivando

desenvolver áreas específicas como: coordenação motora, ritmo, equilíbrio,

agilidade etc. Fazendo com que a criança se sinta segura para aventurar-se e

vencer novos desafios, proporcionando conhecimento ao redor de si mesma,

dos outros e do ambiente em que vive e convive.

Segundo Le Boulch (1986), a educação psicomotora é entendida

como uma metodologia de ensino que instrumentaliza o movimento humano

enquanto meio pedagógico para favorecer o desenvolvimento da criança.

O movimento humano é uma linguagem que permite a criança agir

sobre o meio físico e atuar sobre o ambiente humano, leva a criança a

expressar seus sentimentos e pensamentos. Na Educação Infantil, a educação

psicomotora deve ser ministrada com diferenciação por faixa etária e sempre

respeitar as diferenças individuais e o grau de maturidade das crianças.

O corpo deve ser entendido e trabalhado enquanto primeiro

brinquedo e instrumento de ludicidade infantil, enquanto ferramenta

fundamental para as elaborações de leituras interpretativas de mundo.

Todas as experiências da criança (o prazer e a dor, o sucesso ou fracasso) são sempre vividas corporalmente. Se acrescentarmos valores sociais que o meio dá ao corpo e a certas de suas partes, este corpo termina por ser investido de significações, de sentimentos e de valores muito particulares e absolutamente pessoais (VAYER apud OLIVEIRA, 1997, p.48).

25

2.2 – O Brincar na Educação Infantil

O brincar é o principal modo de expressão da infância. É uma

linguagem, por excelência, para a criança aprender, se desenvolver, explorar o

mundo, ampliar a percepção sobre ele e sobre si mesma, organizar seu

pensamento, trabalhar suas emoções, sua capacidade de iniciativa, de criar e

se apropriar da cultura.

Desde os primórdios da educação greco-romana, com base nas

idéias de Platão e Aristóteles, utilizava-se o brinquedo na educação.

Associando a idéia de estudo e prazer, Platão sugeria ser, o primeiro, ele

mesmo, uma forma de brincar.

Assim, garantir na Educação infantil um espaço de brincar é

assegurar uma educação numa perspectiva criadora e que respeita a criança e

seus modos de estar no mundo. Brincar é uma atividade que se prende na

relação com o outro e que sofre contínuas mudanças ao longo do tempo.

Henri Wallon (1975), médico, psicólogo e filósofo francês,

desvendou que as crianças têm corpo e emoções e não apenas “um crânio” em

sala de aula. Sua teoria pedagógica diz que a expansão do intelecto envolve

muito mais do que uma simples “massa craniana”. Wallon foi o primeiro a levar

não só o corpo da criança, mas também suas emoções para a sala de aula. Ele

considera a criança como um ser social desde a hora de nascimento e que ela

expressa processos afetivos através da emoção. Acredita que a afetividade

tem uma função principal no desenvolvimento do ser humano, e é através dela

que a criança mostra seus desejos e suas vontades.

O autor considera o ser humano como um todo: afetivamente,

emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano. Sendo

assim, fundamenta sua tese em quatro elementos básicos que se

interrelacionam com a afetividade. São eles: Movimento, inteligência e

formação do eu como pessoa.

26

O movimento, segundo Wallon (1975), depende basicamente da

organização dos ambientes para as crianças se movimentarem, se

expandirem. A motricidade possui caráter pedagógico pela propriedade do

gesto e do movimento quanto à sua representação.

A inteligência é a faculdade de pensar, ver, ou conhecer em seus

elementos e as relações que elas têm entre si. Para Wallon, o desenvolvimento

da inteligência depende fundamentalmente de como cada criança faz

distinções com a realidade externa. Existe um conflito permanente porque as

ideias se misturam entre o mundo interior, cheio de sonhos, fantasias,

realidade, de símbolos, valores sociais e culturais. São nas soluções dos

conflitos que a inteligência evolui. Dessa forma, Wallon acredita que as

crianças estabelecem uma série de boas e novas descobertas.

O eu como pessoa depende necessariamente do outro, para ser

referência ou para ser negado. Principalmente a partir do momento em que a

criança começa a viver a chamada crise de oposição, em que a negação do

outro funciona como uma espécie de instrumento da descoberta de si mesma.

Essa descoberta ocorre aos três anos e é a hora de saber que “eu” sou.

Wallon (1975) define o conhecimento através do emocional, do

cognitivo e do social.

Piaget (1970) diz que organismos vivos podem adaptar-se

geneticamente a um novo meio e que existe também uma relação evolutiva

entre a pessoa e o seu meio. Para ele (PIAGET, 1987), a criança reconstrói

suas ações e ideias quando se relaciona com novas experiências ambientais.

O cognitivo está em preeminência em relação ao social e ao afetivo. O

conhecimento se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer

consiste em atuar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo

que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento.

Segundo Piaget (1987), para a criança adquirir pensamento e

linguagem deve passar por várias fases de desenvolvimento psicológico,

partindo do individual para o social. O autor acredita que o desenvolvimento

27

mental se dá espontaneamente, a partir das potencialidades e da interação

com o meio. O processo de desenvolvimento mental é lento, ocorre por meio

de graduações contínuas e através dos seguintes estágios: Período da

inteligência sensório-motora; Período da inteligência pré-operatória; Período da

inteligência operatório-concreta; Período da inteligência operatório-formal.

Para Vygotsky (1987), porém, as pessoas não nascem com um

corpo vazio, elas são formadas de acordo com as experiências às quais são

submetidas. Sua teoria defende que a criança só aprende adequadamente

quando compreende a lógica presente nos processos biológicos e culturais que

se estruturam, ou seja, a criança compreenderá as coisas, dependendo das

pessoas, que mostram ações, movimentos e formas de expressão.

A teoria de Vygotsky apóia-se no entendimento de um sujeito

interativo que organiza seus conhecimentos sobre os objetos num processo

mediado pelo outro. Ainda para Vygotsky a aprendizagem tem um papel

fundamental para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Ele explica a

conexão entre a aprendizagem e o desenvolvimento através da zona proximal

(distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e nível de

desenvolvimento real), um espaço ativo entre as dificuldades que a criança

pode resolver sem ajuda (nível de desenvolvimento real) e as que deverá

resolver com a Judá de outro sujeito mais capaz naquele momento, para

depois chegar dominá-la por si mesma (nível de desenvolvimento potencial).

Para Winnicott (1982), a criança busca, ao participar de uma

atividade lúdica, prazer, para mostrar agressividade, para controlar a

ansiedade, para estabelecer contatos sociais, para realizar a integração da

personalidade, e por fim, comunicar-se com as pessoas.

Tanto Wallon como Piaget, Vygotsky e Winnicott, partem do princípio

de que é preciso compreender a ação do sujeito no processo de conhecimento.

É por meio dessas atividades que a criança combina fatos entre si e constrói

novas realidades de acordo com suas necessidades.

28

Nas atividades lúdicas também acontecem todas as experiências

adquiridas pela criança, propiciando novas conquistas individuais e coletivas.

Acredita-se que a criança vai construindo seu conhecimento de

mundo de modo criativo, lúdico, modificando a realidade com os recursos da

sua imaginação. A idade, a experiência de vida das crianças e seus parceiros

permitem que os seus modos de brincar se transformem. É o educador que

tem, com sua experiência e conhecimentos sobre como as crianças brincam e

por que brincam, um relevante papel na garantia da presença do brincar nas

rotinas, nos espaços e no oferecimento de brinquedos e materiais na Educação

Infantil. É ele, também, que faz a diferença na transmissão de brincadeiras

tradicionais de uma geração para outra, perpetuando essa importante

manifestação cultural.

A brincadeira é o resultado de relações interindividuais, portanto, de cultura. A brincadeira pressupõe uma aprendizagem social. Aprende-se a brincar (...). A brincadeira é uma forma de comportamento social, que se destaca da atividade do trabalho e do ritmo cotidiano da vida, reconstruindo-se para compreendê-los segundo uma lógica própria, circunscrito e organizado no tempo e no espaço. (WAJSKOP, 2009 p. 29)

Segundo o psicólogo Vigotsky (1984) “é na brincadeira que a criança

se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu

comportamento diário”. A criança vivencia uma experiência no brinquedo como

se ela fosse maior do que é na realidade. Para este pesquisador, o brinquedo

fornece estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência da

criança. A ação infantil na esfera imaginativa, em uma situação imaginária, a

criação das intenções voluntárias e a formação dos planos na vida real e

motivações volitivas aparecem no brinquedo, que se constitui no mais alto nível

de desenvolvimento pré-escolar.

É, portanto, na situação de brincar que as crianças se podem

colocar desafios e questões além de seu comportamento diário, levantando

29

hipóteses na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos

pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem.

Quando brincam, ao mesmo tempo em que se desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais entre elas e elaborar regras de organização e convivência. Concomitantemente a esse processo, ao reiterarem situações de sua realidade, modificam-nas de acordo com suas necessidades. Ao brincarem, as crianças vão construindo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que já vivem uma possibilidade de modificá-la. (WAJSKOP, 2009 p. 33)

Considerando as profundas transformações que demandam na atual

sociedade e que educação é muito mais que uma simples transmissão de

conhecimento, pode-se afirmar que a escola, em todos os tempos e em todas

as sociedades, seja qual for o sistema político, sempre foi criada com a função

de transmitir o conhecimento sistemático acumulado pelas gerações às novas

gerações, bem como a sociabilização do conhecimento. O conhecimento

produz-se em situações de transferência e, para tanto, faz-se necessária a

liberdade de expressão, de ação e do diálogo.

Se no interior da escola, encontram-se educadores conscientes, que

assumem como luta sua a realização das possibilidades de a escola servir aos

interesses reais dos educandos, estes profissionais se incorporam à luta

coletiva para a construção de uma escola competente.

Moran et alii (2000) ressaltam que o desafio maior é caminhar para

um ensino e uma educação de qualidade, que interage com todas as

dimensões do ser humano. Para isso, faz-se necessário pessoas que façam

essa integração em si mesmo no que se refere aos aspectos sensorial,

intelectual, emocional e ético, que transmitam de forma fácil entre o pessoal e o

social, que expressem nas suas palavras e ações que estão sempre evoluindo,

mudando, avançando.

Nesse momento é oportuno expor como o RCNEI – Referencial

Curricular para a Educação Infantil – contribui para uma reflexão administrativa

30

no que se refere à busca de um enriquecimento das discussões pedagógicas

sobre o coletivo em Instituições de Educação Infantil:

O coletivo de profissionais da instituição de educação infantil, entendido como organismo vivo e dinâmico é o responsável pela construção do projeto educacional e do clima institucional. A tematização da prática, o compartilhar de conhecimentos são ações que conduzidas com intencionalidade, formam o coletivo criando condições para que o trabalho desenvolvido seja debatido, compreendido e assumido por todos. Compartilhar é um processo que contribui para que a instituição se constitua como unidade educacional no qual são expressas as teorias e os saberes que sustentam a prática pedagógica. (RCNEI, Vol. 1, p. 67)

Nesta ordem de idéias, cumpre ressaltar e reafirmar que o brincar é

uma atividade humana, e caracterizar a supervisão educacional como aliada do

professor na busca de uma educação de qualidade, na criação de um clima

democrático e pluralista.

O brincar pode e deve não só fazer parte das atividades curriculares, especialmente na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, mas também ter um tempo preestabelecido durante o planejamento em sala de aula. É, pois, fundamental selecionar brinquedos que levem os alunos a transformarem, criarem e ressignificarem sua realidade, estimulando não só a criatividade, por meio da atividade lúdica, mas também a tomada de decisão, a resolução de problemas e a cooperação no trabalho em grupo. (TEIXEIRA, 2010 p. 65)

Assim, pode-se dizer que a supervisão escolar tem por objetivo

auxiliar no planejamento, desenvolvimento do mesmo e avaliação das

atividades educacionais, tendo em vista o resultado da ação pedagógica, o

melhor desempenho e aprimoramento do pessoal envolvido no processo de

ensino e aprendizagem.

31

CAPÍTULO 3

A FUNÇÃO SUPERVISORA NO ÂMBITO ESCOLAR

A supervisão surgiu no Brasil pela primeira vez com a reforma

Francisco Campos, Decreto Lei nº 19.890, de 18/04/1931, concebida de forma

bem diferente da que se vinha realizando até aquele momento de simples

fiscalização, para assumir o caráter de supervisão.

É oportuno esclarecer o sentido etimológico do termo. A palavra

supervisão é formada pelos vocábulos super (sobre) e visão (ação de ver), ou

seja, indica a atitude de ver com mais clareza uma ação qualquer dando uma

idéia de visão global.

Para tanto é mister salientar que o supervisor escolar faz parte do corpo de professores e tem a especificidade do seu trabalho caracterizado pela coordenação – organização em comum – das atividades didáticas e curriculares e a promoção e o estímulo de oportunidades coletivas de estudo. Neste contexto pode-se inferir que o papel do supervisor está atrelado à gestão da escola como um todo, uma vez que ele busca junto com o professor minimizar as eventuais dificuldades do contexto escolar em relação ao ensino e à aprendizagem. (GIANCATERINO, 2010 p. 82)

A supervisão é um meio de garantir a execução do que é, foi e será

planejado, exigindo, cada vez mais um profissional preparado para o exercício

desta função.

É possível afirmar que a natureza conceitual vai definir as funções da supervisão, o que, com a evolução do processo de ensino e aprendizagem, passa a ser vista também como uma atividade de assessoria, acompanhamento ao professor e controle de variáveis que modificam o curso dos eventos instrucionais, além do que tem sido exclusivamente até bem pouco: a inspeção apenas. (GIANCATERINO, 2010 p. 83)

32

Nessa concepção, acredita-se que a função do supervisor deve ir

além do trabalho do professor, trabalhando como mediador entre professor e o

educando, estabelecendo uma relação de parceria e cumplicidade na ação

pedagógica, voltando-se para a compreensão do momento vivido, para a

superação e a mudança de propostas pedagógicas, objetivando a valorização

do educando e de professores, com o único intuito de melhorar o

relacionamento e a facilitação das aprendizagens.

Assim a atuação do supervisor não pode, de forma alguma, definir

um trabalho isolado. Isso significa dizer que acima de tudo, precisa ter um

relacionamento humanístico na orientação educacional, com os professores e

toda comunidade escolar.

A atuação do supervisor deve ser de articulador crítico no processo educacional, motivando a discussão coletiva da comunidade escolar acerca da inovação da prática educativa, a fim de garantir o ingresso, a permanência e o sucesso dos educandos a partir de currículos que atendam às reais necessidades da clientela escolar, atuando no âmbito dos sistemas educacionais em seus diferentes níveis e modalidades de ensino. (GIANCATERINO, 2010 p. 86)

Para Silva Júnior e Rangel (1997), “a supervisão implica pensar, agir

e reagir, elaborando sínteses a respeito da ação supervisora.”

Como já foi dito anteriormente, ser supervisor é aceitar o desafio de

trabalhar em prol de um mundo mais justo e igualitário, direcionando o trabalho

pedagógico para uma visão ampla da realidade e, acima de tudo, valorizando o

ser humano enquanto sujeito em desenvolvimento e capaz de construir o seu

próprio conhecimento.

A escola, todavia, deve oportunizar ao supervisor no

desenvolvimento de seu trabalho, acreditando nas suas potencialidades e de

acordo com as novas diretrizes que vêm sendo apresentadas pela sociedade

atual.

33

Segundo Silva Júnior e Rangel (1997), “a supervisão será

construída a partir de atividades teóricas e prático-experimentais e deverá

resultar no atendimento das necessidades reais do conjunto da população”.

Nesse caso, o supervisor precisa definir suas diretrizes de trabalho,

caracterizar as ações a serem desenvolvidas, de modo que promova um

planejamento eficaz de acordo com as dificuldades existentes na realidade que

atua.

Vale salientar que o supervisor é, antes de tudo, um educador, e

qualquer ação supervisora é educativa.

Se a escola é uma instituição que tem por finalidade ensinar bem à totalidade dos alunos que a promoveram, a supervisão tem por função fundamental mobilizar os diferentes saberes dos profissionais que atuam na escola, para que a mesma cumpra a sua função, que os alunos aprendam, construam e reconstruam os conhecimentos [...] advindos de sua vivência prática e social. (GIANCATERINO, 2010 p. 89)

3.1 – Supervisão Educacional e Gestão Democrática: um Elo

para o Sucesso Escolar

O ser humano realiza aprendizagem durante toda a sua vida de

diversas maneiras. Esse desenvolvimento prossegue pela constante

transformação resultante de sua interação com o meio.

O processo de escolarização transforma, aperfeiçoa e sistematiza as

experiências vividas na família e na comunidade.

Educar é propiciar situações onde ocorram a aprendizagem, os

cuidados, as brincadeiras, contribuindo para a formação global das crianças,

tornando-as mais saudáveis e felizes.

34

A escola é vista como uma instância que procede à mediação

entre o cotidiano do aluno e a prática social global, sendo que, no seu interior,

a educação escolar se efetivará. É um local onde o conhecimento é

sistematizado, é uma instituição socializadora, onde os alunos desenvolvem

competências e que proporciona a formação de cidadãos comprometidos com

a sociedade e o meio ambiente; em síntese, é uma instituição importante para

a formação da cidadania.

Ela é também o local onde há espaço para que a diversidade e o

pluralismo de ideias se manifestem, onde os profissionais são comprometidos

para o sucesso do aluno.

É preciso formar cidadãos e para que isso ocorra o processo

educativo se viabiliza por meio de três áreas de atuação principais, que são: a

administração escolar, supervisão escolar e a orientação escolar.

De acordo com Lück, (1998) “A escola enquanto um sistema social

se compõe de um conjunto de funções inter-relacionadas e interinfluentes,

onde a ação em uma das áreas se refletirá nas demais”.

Segundo Rangel (2011) “O supervisor educacional é o profissional

responsável por diretrizes, orientação, integração e controle do processo

ensino-aprendizagem que caracterizam uma rede de ensino.” Nesse caso,

inclui: currículo, programas, planejamento, avaliação, métodos de ensino e

recuperação.

É importante destacar que o trabalho do supervisor é diferente de

um estabelecimento para outro, varia de acordo com condições variáveis da

administração de cada escola, pessoal administrativo, docente, com

características da comunidade em que está inserida.

A escola é uma instituição educativa fundamental onde estão

organizadas, sistematicamente, atividades práticas de caráter pedagógico.

Sendo assim, acredita-se que o melhor caminho para o crescimento do grupo e

dos professores é criar condições para que estes descubram os princípios que

deverão orientar seu trabalho.

35

Para que isso ocorra, segundo Giancaterino (2010) “o supervisor

não deve impor diretrizes ou fornecer um material pronto para uso que nada

exija sua capacidade.”. O professor é um profissional capaz de encontrar

respostas para suas dúvidas mediante sua própria atividade de pesquisa e

reflexão. Para tanto, é necessário que o supervisor forneça material variado

sobre cada assunto e organize sessões de estudo em que todos tenham

oportunidade de trazer sua colaboração e resolver dúvidas.

Não se deve esquecer que é função do supervisor, um especialista,

refletir sobre o trabalho em sala de aula, sendo seu papel estudar e usar as

teorias para fundamentar o fazer e o pensar dos docentes. Entretanto, é

necessário que ele antecipe conhecimento para o grupo.

O sucesso da supervisão depende do relacionamento que se

estabelece entre supervisor e supervisionados; no respeito à personalidade do

companheiro; na justa valorização não só da sua produção, mas também no

empenho com que a ela se aplica; no suporte oferecido no momento

necessário, em seu envolvimento nas ações como pessoa e educador; em

suma, na criação de um clima, ao mesmo tempo, de empatia, segurança e

estimulação.

Assim sendo, o trabalho desenvolvido em grupo, tendo a

participação coletiva de todos, supervisores, direção, professores, alunos, que

fazem parte do sistema educacional representa uma nova concepção do

conceito de supervisor, de profissional preocupado com a realidade, com o

educando, com a escola e consigo próprio.

Neste contexto, instala-se um novo ambiente que se caracteriza pela

integração de todos os setores da instituição, em um processo global para a

solução de problemas comuns, liderados pelo professor e supervisor, alicerces

de uma educação de qualidade, reconhecendo a escola como local de trabalho

produtivo.

É oportuno lembrar que a educação é um processo que não se

finda, mas oportuniza caminhos de se construírem novas diretrizes de trabalho,

36

levando em consideração a época, os interesses e os grupos sociais

envolvidos, portanto a estrutura administrativa precisa estar preparada e

organizada para atender seus alunos, professores e demais envolvidos na

organização escolar.

37

CONCLUSÃO

Formar cidadãos não é tarefa apenas da escola. Entretanto, como

local privilegiado de trabalho com o conhecimento, a escola tem grande

responsabilidade nesta formação: recebem crianças, em se tratando de

Educação Infantil, por certo números de horas todos os dias, durante anos de

suas vidas, possibilitando-lhes construir saberes indispensáveis para sua

inserção social.

Nesse sentido, a escola deve ser vista como um ponto de encontro,

onde diversos profissionais, diferentes forças e interesses se encontram e se

articulam para, em um esforço coletivo, traçar as metas da instituição. A partir

do debate coletivo, todos crescem, desenvolvendo o potencial de participação

de cada um, trocando informações, envolvendo todos na busca de soluções

para grandes questões da escola.

Aceitar e entender a criança em seu estado de ser e vir a ser exige

um significado absolutamente novo para o conceito de infância. O momento da

infância é uma etapa singular da vida do ser humano, isto é entender a

perspectiva de liberdade, o prazer e o brincar enquanto condição básica para

promover o desenvolvimento infantil, promovendo uma articulação entre o

cuidar e o educar.

Nesta ordem de idéias, cumpre ressaltar e reafirmar que o brincar é

uma atividade humana, o corpo deve ser entendido e trabalhado enquanto

primeiro brinquedo e instrumento de ludicidade infantil, enquanto ferramenta

fundamental para as elaborações de leituras interpretativas de mundo e a

supervisão educacional será uma aliada do professor na busca de uma

educação de qualidade.

Um novo sentido é dado para a Supervisão da educação no que

concerne à formação de profissionais que irão atuar na formação de seres

humanos, pois eles terão a responsabilidade de formar cidadãos capazes de

enfrentar com dignidade e possibilidades a complexidade do mundo moderno.

38

Se no interior da escola, encontram-se educadores conscientes,

que assumem como luta sua a realização das possibilidades de a escola servir

aos interesses reais dos educandos, estes profissionais se incorporam à luta

coletiva para a construção de uma escola competente.

Assim, pode-se dizer que a Supervisão Escolar é o processo que

tem por objetivo prestar ajuda no planejamento, desenvolvimento do mesmo e

avaliação das atividades educacionais, tendo em vista o resultado da ação

pedagógica, o melhor desempenho e aprimoramento do pessoal envolvido no

processo de ensino e aprendizagem.

O supervisor precisa ser uma pessoa que tenha qualificação teórica

e busque aperfeiçoamento constante cuja prática pedagógica seja planejada a

partir das contribuições que pode dar ao sistema educacional. Portanto, suas

habilidades devem propor um clima aberto a discussões e que todos os

profissionais envolvidos estejam comprometidos com o ensino.

Diante deste quadro, o trabalho de pesquisa sobre “Na Escola...

Brincar é Aprender?” é um grito de alerta, uma oportunidade e possibilidade de

reflexão, de análise do sistema educacional e também um meio de viabilizar

novas estratégias de trabalho a todo aquele que se preocupa com os caminhos

percorridos pela educação.

39

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42

ANEXOS

1. Texto “Morre lentamente” mencionado na pág. 15

Morre lentamente

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito, repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não arrisca vestir uma cor nova e não fala com quem não conhece;

Morre lentamente quem faz da televisão seu guru;

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o escuro ao invés do claro, e os pingos nos is a um redemoinho de emoções, exatamente o que resgata o brilho nos olhos, o sorriso nos lábios e o coração aos tropeços;

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho;

Morre lentamente quem não permite pelo menos uma vez na vida ouvir conselhos sensatos;

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo;

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da sua má sorte, ou da chuva incessante;

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar;

Morre lentamente quem abandona um projeto antes de iniciá-lo, nunca pergunta sobre o assunto que desconhece nem responde quando lhe perguntam sobre algo que sabe;

Evitemos a morte em suaves porções, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples ar que respiramos;

Somente a infinita paciência, conseguiremos a verdadeira FELICIDADE. (ROCHA, 2009 p.90)

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................ 2

AGRADECIMENTOS .........................................................................................3 DEDICATÓRIA .................................................................................................. 4 RESUMO ........................................................................................................... 5 METODOLOGIA ................................................................................................ 6 SUMÁRIO .......................................................................................................... 7 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 8 CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE É? ............................................................... 10 1.1 – Qual o Papel do Supervisor Escolar/Gestor em um Espaço de Educação Infantil? .............................................................................................................16 CAPÍTULO 2 O CORPO NA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................................................... 19 2.1 – Definição e Histórico ............................................................................... 19 2.2 – O Brincar na Educação Infantil .............................................................. 25 CAPÍTULO 3 A FUNÇÃO SUPERVISORA NO ÂMBITO ESCOLAR ................................... 31 3.1 – Supervisão Educacional e Gestão Democrática: Um Elo para o Sucesso Escolar ..............................................................................................................33 CONCLUSÃO .................................................................................................. 37 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 39 ANEXOS ..........................................................................................................42 Anexo 1 – Texto “Morre Lentamente” ............................................................. 42