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  • A MADEIRA NA ROTA DA CIENCIA E INVESTIGAES CIENTIFICAS

    ALBERTO VIEIRA

    As ilhas so um universo parte. So o fascnio das lendas e dos sonhos em todos os tempos. Desde a Antiguidade que as ilhas Atlnticas so as protagonistas. Ilhas de utopia ou de sonho acabam por se revelar de forma extasiada aos navegadores do sculo XV. A literatura de Antiguidade clssica mediterrnica fez do Atlntico o seu lugar de sonho e iluso. A fez nascer ilhas paradisacas; os jardins das Hesprides, como tambm se desfizeram algumas, como a testemunha a mtica atlntica.1

    Foi esse fascnio que acompanhou os navegadores peninsulares que, desde o sculo XIV demandaram obstinados pela sua conquista e ocupao isto , trazer o paraso ao seu mundo e fazer dele a sua morada. A iluso, a obstinao do paraso bblico domina a chegada dos navegadores portugueses s ilhas, como Colombo s Antilhas e os colonos de Mayflower s costas americanas2.

    A chegada considerada um acto de reconciliao. O homem regressa ao paraso da bblia3. O mesmo pensamento domina a passagem dos cientistas europeus, nomeadamente britnicos, pela ilha a partir do sculo XVIII. As expedies cientficas imbricam-se de forma directa no traado das rotas comerciais que ligavam as metrpoles s colnias4. Deste modo a ilha da Madeira vai assumir de novo um desusado protagonismo. O paraso sinnimo de conhecimento e investigao. A Europa maculada e perdida pela presena humana procura nestes rinces refazer o paraso perdido.

    Repetem-se os eptetos vindos da pena destes cientistas e literatos. A ilha conquista-os pelas condies que oferece. O seu clima ameno faz dela uma escala retemperada para a cura da tsica pulmonar ou na da incessante busca dos segredos que esconde a Me-Natureza.

    Para alm do fascnio que a ilha oferecia a todos que se deixavam envolver no seu seio de salientar a importncia que assumiu desde que em princpios do sculo XV foi revelada aos portugueses. Primeira terra descoberta e revelada em todos os seus encantos acabou por assumir um papel fundamental no contexto da expanso europeia no Atlntico.

    Aqui aportaram os primeiros europeus e aquilo que identifica o mundo natural desses bravos aventureiros. A descoberta tambm um acto de transformao do meio

    1. Marcos Martinez. Canarias en la mitologia. S. C. Tenerife, 1992; Las Islas Canarias de la Antiguidad-nuevos aspectos de renascimento. Nuevos aspectos, Santa Cruz Tenerife, 1996 2 Barbara Novak, Nature and Culture- american landscape painting. 1825-1875, N. Y., 1980, p.4, 18; Richard Grove, Ecology, climate and Empire. Studies in colonial enviromental. History 1400-1940, Cambridge, 1997, p.184. 3 J. Prest, The Garden of Eden: The Botanic Garden and the Re-creation of Paradise, New Haven, 1981. 4 Cf. David Arnold, The Problem os Nature: environment, culture and European Expansion(new perspectives on the past), Oxford, 1996, p.165

  • natural, adaptado s exigncias dos novos habitantes. A arca de No acompanha os navegadores-povoadores e faz com que tudo se transforme num pice.

    O acto dos descobrimentos europeus no apenas uma forma de afirmao do mundo europeu no novo mundo, que vai do Atlntico ao pacfico. tambm uma descoberta do meio natural. Flores, plantas, animais exercem um fascnio especial na prosa desses aventureiros e, por vezes, homens de cincia. Primeiro os animais exticos, que afluem Europa como trofu. Depois as plantas que assumem valor econmico5. Feitas as contas a permuta foi favorvel ao europeu. A cana-de-acar, vinha, cereal e alguns legumes serviram de troca ao cacau, caf, tabaco e a inmeros frutos, sementes e razes exticas que rapidamente nos conquistaram.

    Em ambos os sentidos, o protagonismo das ilhas nesta permuta foi deveras relevante. O cho das ilhas oferece condies especiais para a sua aclimatao. Mais uma vez a posio geogrfica e o papel que jogam nos diversos momentos das relaes da Europa com as colnias foi fundamental para esse papel das ilhas como jardins de aclimatao.

    Conhecer o mundo das ilhas, em mais de cinco sculos de Histria, o mesmo que acompanhar a par e passo o devir da expanso europeia e o processo de mundializao da economia que o mesmo provocou. Tambm dever ter-se em conta que esse protagonismo atingiu o campo da Cincia, nomeadamente do relacionamento do Homem com o meio envolvente. O interesse pelo conhecimento do mundo envolvente, desde a Fauna Flora, cativou tambm os insulares de modo que toda a realizao das ilhas a esse nvel est intimamente ligada a esse processo. isso que pretendemos concretizar nas pginas que se seguem. O descobrimento do Atlntico aconteceu em dois momentos. O primeiro, que decorre at ao sculo XV conduziu revelao de novos espaos agrcolas, mercados, rotas e portos comerciais. J no segundo, a partir do sculo XVIII, o europeu partiu procura do quadro natural do mundo Atlntico e do desfrute das belezas e clima com a definio de ilhas e espaos litorais como health resorts e hotis. Na verdade, o homem do sculo dezoito perdeu o medo do mundo circundante e fez dele o motivo de experincia, deleite e estudo6. Estes dois momentos marcaram uma atitude distinta do europeu e tiveram reflexos evidentes na produo literria que envolve o processo. A par disso a opo dos viajantes, que do forma ao Grand Tour europeu da poca moderna, diferente daqueles que primeiro sulcaram o oceano procura de ilhas e portos de abrigo7. Da primeira j temos conhecimento quase suficiente, enquanto a segunda ainda se mantm no quase total esquecimento. Contribuir para a alterao deste estado de coisas chamando a ateno dos investigadores para este inovador domnio o objectivo que nos persegue agora. A Europa partiu no sculo XV procura do den bblico ou da literatura clssica greco-romana. Este foi um dos motivos do empenho de Colombo e dos navegadores portugueses8. O seu (re) encontro era encarado como uma conciliao com Deus e o apagar do pecado original. As ilhas materializam este retorno ao den, que aos poucos se perdeu tal como sucedera aos primognitos Ado e Eva. Aos descobrimentos dos sculos XV e XVI sucederam-se os dos sculos XVIII e XIX. Aqui as ilhas foram de 5 Cf. Jos E. Mendes Ferro, A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses, Lisboa, 1992; Antnio Lus Ferronha, Mariana Bettencourt e Rui Loureiro Alfredo, A Fauna Extica dos Descobrimentos, Lisboa, 1993; Margarido, As Surpresas da Flora no Tempo dos Descobrimentos, Lisboa, 1994. 6 . Cf. Urs Bitterli, Los"Selvajes" y los "civilizados". El Encuentro de Europa y Ultramar, Mxico, 1981. 7 . Cf. Antoni Maczak, Viajes y viajeros en la Europa Moderna, Barcelona,1996; 8 . William D. Phillips, JR, Africa and the Atlantic Islands Meet the Garden of Eden. Christopher Columbu's view of America, in Journal of World History, vol.3, n2, 1992, pp.149-164; Henri Baudet, Paradise on Earth, Londres, 1965..

  • novo o paraso a ser redescoberto pelo viajante, tsico e turista, e recuperado ou revelado ao cientista, seja ele ingls, alemo ou francs, atravs das recolhas ou da recriao dos jardins botnicos. A imagem bblica do den est presente na maioria dos que visitaram ou nos legaram escritos sobre as ilhas. O Paraso est teimosamente presente e domina todos ou quase todos os testemunhos daqueles que tiveram o privilgio de redescobrir as ilhas a partir do sculo XVIII. Alis, na Antiguidade Clssica, o paraso confundia-se com as ilhas e para o mundo grego elas eram sinnimo das Afortunadas, Hesprides, que o mesmo que dizer as ilhas do Atlntico Oriental9. A primeira viso quase sempre complementada de outras reveladoras da forma como se delineou a relao do homem com o meio. A presena e influncia no cenrio do mundo natural so o motivo de ateno. Ele o centro de tudo e evidencia-se na expresso dominadora e domadora do quadro natural, por isso, o deslumbramento da paisagem, agreste e florida confunde-se obrigatoriamente com a exaltao da presena humana. A literatura cientfica e de viagens definiu, desde o sculo dezoito, este conjunto de ilhas como uma unidade merecedora de ateno. So as Western Islands que encabeam os ttulos das publicaes10. Aqui entendia-se quase sempre os Aores, mas muitas vezes associava-se as Canrias, a Madeira e, raramente Cabo Verde. Esta unidade ficou estabelecida na designao de Macaronsia dada s ilhas para fazer jus mais antiga designao da Antiguidade Clssica11. Note-se que o mais antigo testemunho que se conhece da vida vegetal e animal deste conjunto de ilhas aparece nas volumosas Saudades da Terra de Gaspar Frutuoso (1522-1591), escritas no ltimo quartel do sculo XVI. Alis, o clrigo aoriano pode ser considerado precursor dos naturalistas do sculo XVIII. A possvel conhecer todas as ilhas e constatar a riqueza natural e a que resultou da aco do colono europeu. Mesmo assim o rastreio no exaustivo tornando-se difcil ao cientista saber com exactido quais os elementos vegetais e animais indgenas e os que resultaram da ocupao europeia. Esta ltima descoberta tardia, como veremos. Apenas o homem do sculo XVIII sentiu a necessidade de o fazer e a partir de ento que temos notcia do quadro natural das ilhas. Entretanto haviam passado mais de trs sculos de presena europeia em que as espcies do velho continente se haviam mesclado com as do novo.

    As ilhas entraram rapidamente no universo da cincia europeia dos sculos XVIII e XIX. Ambas as centrias foram momentos de assinalveis descobertas do mundo atravs de um estudo sistemtico da fauna e flora12. Daqui resultou dois tipos de literatura com pblicos e incidncias temticas distintas. Os guias e memrias de viagem, que apelavam o leitor para a viagem de sonho redescoberta deste recanto do paraso que se demarca dos demais pela beleza incomparvel da paisagem, variedade das flores e plantas. J os tratados cientficos apostam na divulgao atravs daquilo que as identifica. As tcnicas de classificao das espcies da fauna e flora tm aqui um espao ideal de trabalho.

    9 . Sobre este tema temos estensa bibliografia para as Canrias: Antonio Cabrera Perera, Las Islas Canarias en el Mundo Clssico, Islas Canarias, 1988; Soray Jorge Godoy, Las Navegaciones por la Costa Atlntica Africana y las Islas Canarias en la Antiguidad, Canarias, 1996; Marcos Martinez, Canarias en la Mitologia, S. C. Tenerife, 1992; IDEM, Las Islas Canarias de la Antiguidad al Renacimiento. Nuevos Aspectos, S. C.Tenerife, 1996; F. Diez de Velasco, Realidad y Mito, S. C. Tenerife, 1997. 10 . Victor Morales Lezcano, Los Ingleses en Canarias. Libro de Viajes e Historias de Vida, Las Palmas de Gran Canaria, 1986, p.124 11. uma criao do botnico alemo Adolfo Gustavo Henrique Engler(1844-1930). No livro Die Pflanzenwelt Afrikas Insbesondere Seiner Tropischen Gebiete, publicado em 1910 apresenta no primeiro volume um captulo sobre Das Afrika Benachbarte Makaronesien. Cf. Eberhard Axel Wilhelm, Visitantes e Escritos Germnicos da Madeira. 1815-1915, Funchal, 1997. 12. Mary L. Pratt, Imperial Eye.Travel Writing and Transculturation, N.Y., 1993; STAFFORD, B. M., Voyage into Substance - Science, Nature and the Illustrated Travel Account 1770-1840, Cambridge, Mass., 1984, pp. 565-634

  • Algumas coleces de gravuras foram feitas para deleite dos apreciadores, que figuram em lista que antecede a publicao13.Atravs das estampas e gravuras possvel descortinar a presena de algumas espcies arbreas. No caso madeirense dominam as que assumem valor alimentar dominam - como a vinha e a bananeira - seguindo-se o dragoeiro. J o ltimo o grande motivo de atraco na ilha de Tenerife. Toda a teno estava desviada para a natureza selvagem que se afirmava como o cmulo da beleza14. No grupo de textos cientficos o interesse reparte-se entre a flora, destacando-se a variedade de flores e as formaes geolgicas15.

    A LITERATURA CIENTFICA E DE VIAGENS: O interesse pelo quadro natural evidente nos textos narrativos histricos e documentao. Desde os textos da Antiguidade Clssica at s memrias coevas do descobrimento e posteriores que patente o empenho no conhecimento da fauna e flora. Gaspar Frutuoso (1522-1591), que escreveu em finais do sculo XVI, o primeiro exemplo da abordagem abrangente dos arquiplagos dos Aores, Canrias Cabo Verde e Madeira.

    Na Madeira aquilo que mais impressionou os europeus foi a densa floresta que encontraram. Alis, foi isto que esteve na origem do nome dado ilha. Pois como comenta o historiador das ilhas foi assim designada "por causa do muito, espesso e grande arvoredo que era coberta...". Nos Aores todo o empenho estava virado para os fenmenos vulcnicos. E nas Canrias toda a ateno parece estar concentrada no Teide em Tenerife e na populao autctone. Se a Madeira fazia crer na mente dos navegadores a proximidade do Paraso, os Aores mais se aproximavam do Inferno.

    Da viso inicial d-se o salto para a constatao da realidade do quadro natural no sculo XIX. Para trs ficaram quatro sculos e em que a fruio por parte do homem dos recursos do rinco levou a uma total transformao do espectro das ilhas. Na Madeira a verdadeira conscincia para os perigos da mudana s sucedeu quando se atingiu o limite e sucederam-se as catstrofes16. O sculo XX anuncia-se como o momento ecolgico. As preocupaes com a preservao do pouco manto florestal existente e da recuperao dos espaos ermos foram acompanhadas da crtica impiedosa aos responsveis17. No ser inoportuno recordar que as preocupaes ambientalistas, que vo no sentido de estabelecer um equilbrio do quadro natural e frenar o impulso devastador do homem, no so apenas apangio do sculo XX. Nas ilhas sucederam-se regimentos e posturas que regulamentavam esta relao e so demonstrativos de uma perspectiva ecolgica18.

    Nas Canrias e nos Aores a situao das diversas ilhas no foi uniforme. Os problemas de desflorestao fizeram-se sentir com maior acuidade no primeiro arquiplago, Assim em Gran Canaria j em princpios do sculo XVI a falta de madeiras 13. Assim sucede, no caso madeirense, com os desenhos de James Bulwer (1827), Andrew Picken (1842), W. S. Pitt Springett (1843), Frank Dillon (1850), J. Eckersberg (1853-1855; vide Estampas, Aguarelas e desenhos da Madeira Romntica, Funchal, 1988. 14. Confronte-se K. Thomas, Man and the Natural World. A history of the Modern Sensibility, N.York, 1980, pp. 260. 15 . As ltimas surgem com grande evidencia para a Madeira em Edward Bowdich (1825). 16 . Neste caso de salientar a aluvio de 1803, que pelos efeitos devastadores nas culturas e espaos urbanos tornou premente a conscincia pr-ecolgica. Paulo Dias de Almeida em 1817 e Isabella de Frana na dcada de cinquenta traa-nos o retrato. 17 . Na Madeira o principal alvo era os carvoeiros. Tambm a necessidade de regulamentao do pastoreio conduziu lei das pastagens de 23 de Julho de 1913. Depois sugiram as vozes clamando por um reordenamento dos pastos o caso de Jos Maria Carvalho em 1942 ou de arborizao defendida por J. Henriques Camacho (1919) e posta em prtica por Eduardo Campos Andrade na dcada de cinquenta. 18 . O Regimento das Madeiras de 1562 pode ser considerado um dos primeiros manifestos ambientalistas. Na Madeira as preocupaes das autoridades avolumaram-se em 1804 aquando da aluvio. Na carta rgia de 14 de Maio de 1804 esto bem expressas as razes do sucedido e a pouca ateno dada carta de 17 de Junho de 1800 que recomendava o lanamento de sementes nos cumes da ilha. Neste contexto de realar a actividade da Junta de Melhoramentos de Agricultura, criada em 18 de Setembro de 1821.

  • e lenhas era evidente, como o testemunham as posturas e interveno permanente das autoridades locais e a coroa19. A soluo estava no recurso s demais ilhas, nomeadamente Tenerife e La Palma. Mas mesmo nestas comearam a fazer-se a sentir dificuldades. Nos Aores o facto de a cultura da cana no alcanar igual sucesso ao da Madeira e Canrias salvou o espao florestal do efeito depredador.

    O TURISMO E A DESCOBERTA DA NATUREZA. No sculo XVIII as ilhas assumiram um novo papel no mundo europeu. Assim de espaos econmicos passam tambm a contribuir para alvio e cura de doenas. O mundo rural perde importncia em favor da rea em torno do Funchal, que se transforma num hospital para a cura da tsica pulmonar ou de quarentena na passagem do calor trrido das colnias para os dias frios e nebulosos da vetusta cidade de Londres. Esta funo catapultou as ilhas da Madeira e Canrias para uma afirmao evidente. O debate das potencialidades teraputicas da climatologia propiciou um grupo numeroso de estudos e gerou uma escala frequente de estudiosos20. As estncias de cura surgiram primeiro na bacia mediterrnica europeia e depois expandiram-se no sculo XVIII at Madeira e s na centria seguinte chegaram s Canrias21. A interminvel fila de aristocratas, escritores, cientistas que desembarcavam no calhau e iam encosta fora procura do ar benfazejo das ilhas foi um retrato comum da Madeira e Canrias do sculo XIX. Dos visitantes das ilhas merecem especial ateno trs grupos distintos: invalids (=doentes), viajantes, turistas e cientistas. Enquanto os primeiros fugiam ao Inverno europeu e encontravam na temperatura amena das ilhas o alvio das maleitas, os demais vinham atrados pelo gosto de aventura, de novas emoes, da procura do pitoresco e do conhecimento e descobrimento dos infindveis segredos do mundo natural. O viajante diferencia-se do turista pelo aparato e intenes que o perseguem. Ele um andarilho que percorre todos os recantos das ilhas na nsia de descobrir os aspectos mais pitorescos. Na bagagem constava sempre um caderno de notas e um lpis. Atravs da escrita e desenho ele regista as impresses do que v. Daqui resultou uma prolixa literatura de viagens, que se tornou numa fonte fundamental para o conhecimento da sociedade oitocentista das ilhas. Ao historiador est atribuda a tarefa de interpretar estas impresses22. Aqui so merecedoras de destaque duas mulheres: Isabella de Frana23 para a Madeira e Olvia Stone24 para as Canrias. O turista ao invs pouco andarilho, preferindo a bonomia das quintas, e egosta guardando para si todas as impresses da viagem. Deste modo o testemunho da sua presena documentado apenas pelos registos de entrada dos vapores na alfndega, das 19 . Francisco Morales Padron, Ordenanzas del Concejo de Gran Canaria (1531), Las Palmas, 1974; Jos Peraza de Ayala, Las Ordenanzas de Tenerife, Madrid, 1976; Pedro Cullen del Castilho, Libro Rojo de Gran Canaria o Gran Libro de Provisiones y Reales Cdulas, Las Palmas, 1974. Alfredo Herrera Piqu, La Destruccin de los Bosques de Gran Canaria a comienzos del siglo XVI, in Aguayro, n.92, 1977, pp.7-10; James J. Pearsons, Human Influences on the Pine and Laurel Forests of the Canary Islands, in Geographical Review, LXXI, n3, 1981, pp.253-271. 20 . James Clark, The Sanative Influence of Climate, Londres, 1840; W. Huggard, A Handbook of Climatic Treatment, Londres, 1906; Nicols Gonzlez Lemus, Las Islas de la Ilusin. Britnicos en Tenerife 1850-1900, Las Palmas, 1995; Zerolo, Toms, Climatoterapia de la Tuberculosis Pulmonar en la Pennsula Espaola, Islas Baleares Y Canarias, Santa Cruz de Tenerife, 1889. O debate sobre o tema provocou a publicao de inmeros estudos a favor e contra. Cf. Bibliografia textos de S. Benjamin (1870), John Driver (1850), W. Gourlay (1811), M. Grabham (1870), R. White (1825). 21 . M. J. Bguerra Cervellera, La Tuberculosis y su Histria, Barcelona, 1992. 22 . Antnio Ribeiro Marques da Silva. Apontamentos sobre o Quotidiano Madeirense (1750-1900), Lisboa, 1994, N. Gonzlez Lemus, Viajeros Victorianos en Canarias, Las Palmas, 1998. 23 Journal of a visit to Madeira and Portugal (1853-1954), Funchal, 1970. Todavia, a primeira viajante na ilha foi Maria Riddel que em 1788 visitou a ilha durante 11 dias: A Voyage to The Madeira..., Edinburgh, 1792. 24 .Teneriffe and its six Satellites(1887)

  • notcias dos jornais dirias e dos "ttulos de residncia"25, pois o mais transformou-se em p. A presena de viajantes e "invalids" nas ilhas conduziu obrigatoriamente criao de infra-estruturas de apoio. Se num primeiro se socorriam da hospitalidade dos insulares, num segundo momento a cada vez mais maior afluncia de forasteiros obrigou montagem de uma estrutura hoteleira de apoio. Aos primeiros as portas eram franqueadas por carta de recomendao. A isto juntou-se a publicidade atravs da literatura de viagens e guias. Os guias forneciam as informaes indispensveis para a instalao no Funchal e viagem no interior da ilha, acompanhados de breves apontamentos sobre a Histria, costumes, fauna e flora. Para a Madeira, um dos mais antigos guias que se conhece annimo26, seguindo-se os de Robert White27, E. V. Harcourt28, J. Y. Johnson29 e E. M. Taylor30. O primeiro guia de conjunto dos arquiplagos de William W. Cooper31 e A Samler Brown32. Este ltimo tornou-se num best-seller, pois atingiu 14 edies. Tenha-se em conta a nomenclatura atribuda aos visitantes a quem se destinavam estes guias. Assim em 1851 James Yate Johnson e Robert White33 fazem apelo aos "invalid and other visitors", enquanto em 1887 Harold Lee34 dirige-se aos "tourists" e em 1914 temos o primeiro guia turstico de C. A. Power35. Este dever marcar nas ilhas o fim do chamado turismo teraputico e o incio do actual. A estes dois grupos junta-se um terceiro que tambm merece ateno destes guias, isto , o naturalista ou cientista36. A Madeira firmou-se, partir da segunda metade do sculo dezoito, como estncia para o turismo teraputico, merc das ento consideradas qualidades profilticas do clima na cura da tuberculose, o que cativou a ateno de novos forasteiros37. Alis, a ilha foi considerada por alguns como a primeira e principal estncia de cura e convalescena da Europa38. Note-se que no perodo de 1834 a 1852 a mdia anual de Invalid's oscilava entre os 300 e 400, na sua maioria ingleses. Em 1859 construiu-se o primeiro sanatrio. O ltimo investimento neste campo foi dos alemes que em 1903 atravs do prncipe Frederik Charles de Hohenlohe Oehringen constituiu a

    25 . Na Madeira as autorizaes de residncia esto registadas para os anos de 1869 a 1879 e 1922 a 1937. 26 . A Guide to Madeira Containing a Short Account of Funchal, Londres, 1801. 27 . Madeira its Climate and Scenery containing Medical and General Information for Invalids and Visitors; a tour of the Island, Londres, 1825. 28 . A Sketch of Madeira Containing Information for the Traveller or Invalid Visitor, Londres, 1851. 29 Madeira its Climate and Scenery. A Handbook for Invalids and other Visitors, Edinburg, 2ed., 1857, 3ed., 1860. 30 .Madeira its Scenery and How to See it with Letters of a Year's Residence and Lists of the Trees, Flowers, Ferns, and Seaweeds, Londres, 1ed., 1882, 2 ed., 1889. 31 . The Invalid's Guide To Madeira With a Description of Tenerife..., Londres, 1840. 32 . Madeira and the Canary Islands. 33. Madeira Its Climate and Scenery. A Handbook for Invalid and Other Visitors, Edimburgo, 1851. 34 . Madeira and the Canary islands. A Handbook for Tourists, Liverpool, 1887. 35 . Tourists Guide to the Island of Madeira, Londres, 1914. 36 . C. A. Gordon, The Island of Madeira for the Invalid and Naturalis- "the Flower of the Ocean. The Island of Madeira: A Resort for the Invalid; a Field for the Naturalist, Londres, 1896. 37 . As mais antigas referncias a esta situao surgem em 1751 em texto de Thomas Heberden em Philosophal Transactions, sendo corroborado pelo Dr. Fothergill em On Consuption Medical Observation (1775). Veja-se ainda J. Adams, Guide to Madeira with an Account of the Climate, Londres, 1801; W. Gourlay, Observations on the Natural History, Climate and Desease of Madeira During of Period os Sixteen Years, Londres, 1811. 38 . Hugo C. de Lacerda Castelo Branco, Le Climat de Madre. bauche d'une tude Comparative:Le Meilleur Climat du Monde: Station Fixe et la Plus Belle d'Hiver, Funchal, 1936.

  • Companhia dos Sanatrios da Madeira. Da sua polmica iniciativa resultou apenas o imvel do actual Hospital dos Marmeleiros39. No temos dados seguros quanto ao desenvolvimento da hotelaria nas ilhas, pois os dados disponveis so avulsos40. Os Hotis so referenciados em meados do sculo XIX mas desde os incios do sculo XV que estas cidades porturias de activo movimento de forasteiro deveriam possuir estalagens. A documentao oficial faz eco desta realidade como se poder provar pelas posturas e actas da vereao dos municpios servidos de portos. No caso da Madeira assinala-se em 1850 a existncia de dois hotis (the London Hotel e Yate's Hotel Family) a que se juntaram outros dez em 188941. Em princpios do sculo XX a capacidade hoteleira havia aumentado, sendo doze os hotis em funcionamento que poderiam hospedar cerca de oitocentos visitantes42. A preocupao destes visitantes em conhecer o interior da ilha, nomeadamente a encosta norte levou ao lanamento de uma rede de estalagens que tem a sua expresso visvel em S. Vicente, Rabaal, Boaventura, Seixal, Santana e Santa Cruz43. A ilha dispe ainda hoje de uma unidade hoteleira de luxo que remonta a esta poca. O Reid's Hotel foi construdo em 1891 pela famlia Reid e teve o nome de New Reid's Hotel, para se diferenciar dos outros (The Royal Edimburgh Hotel, Hotel Santa Clara, Miles Hotel, Hotel Monte e German Hotel) que j explorava. William Reid fixou-se no Funchal em 1844 dedicando-se de parceria com W. Wilkinson a montar um servio de apoio aos inmeros visitantes que chegavam ilha para um perodo de repouso ou na busca desesperada das qualidades teraputicas que o clima da cidade propiciava. Os seus filhos, William e Alfred, deram continuidade obra. Tenha-se ainda em conta um conjunto de melhoramentos que tiveram lugar no Funchal para usufruto dos forasteiros. Assim, desde 1848 com Jos Silvestre Ribeiro temos o delinear de um moderno sistema virio, a que se juntaram novos meios de locomoo: em 1891 o Comboio do Monte, em 1896 o Carro Americano e finalmente o automvel em 1904. As Canrias, nomeadamente Tenerife e Furteventura, juntaram-se Madeira no turismo teraputico desde meados do sculo XIX44. Note-se que em 1865 Nicols Benitez de Lugo construiu em La Orotava (Tenerife) "un estabelecimiento para extranjeros enfermos". Dever ter sido nesta poca que a ilha de Tenerife se estreou como health resort, passando a fazer concorrncia com a Madeira, tendo a seu favor melhores condies climticas45. O Vale de La Orotava, atravs do seu porto (hoje Puerto de La Cruz), afirma-se como a principal estncia do arquiplago. Isto provocou o

    39 . Nelson Verssimo, A questo dos Sanatrios da Madeira, in Islenha, 6, 1990, 124-144; Desmond Gregory, The Beneficient Usurpers: A History of the British in Madeira, Londres, 1988, pp.112-124; F. A. Silva, Sanatrios da Madeira, in Elucidrio Madeirense, 1 ed. 1921-22. 40 . Apenas a partir de 1891 temos o Registo de Licenas de Botequins, tabernas, Hoteis, Estalagens, Clubes e Lotaria(1891-1901). Cf. Ftima Freitas Gomes, Hteis e Hospedarias (1891-1901), in Atlntico, n.19, 1989, 170-177. 41 . Isto de acordo com as informaes de J. Driver (Guide to Visitors, Londres, 1850) e C. A. Mouro Pita (Madre, Station Mdicale Fixe, Paris, 1889). 42 . Marqus de Jcome Correia, A Ilha da Madeira, Coimbra, 1927, p.232 43 . Para S. Vicente veja-se nossos estudos sobre "Retratos de Viajantes e Escritores", Boletim Municipal. So Vicente, n.3, 1995,pp.3-7; "O Norte na Histria da Madeira", in Boletim Municipal. So Vicente, n.8, 1996,pp.7-15 44 . W. Cooper, The Invalid's Guide to Madeira with a Description of Tenerife, Londres, 1840; M Douglas, Grand Canary as a heatlth Resort for Consummptives and Others, London, 1887; John Whiteford, The Canary Islands as a Winter Resort, Londres, 1890; George Victor Prez, Orotava as a Health Resort, Londres, 1893. 45 . Note-se que em 1861 Richard F. Burton (Viajes a las Islas Canarias I. 1861, Puerto de La Cruz, 1999, p.26) que na sua viagem todos os tuberculosos ficaram na Madeira.

  • desenvolvimento da indstria hoteleira, que depois alastrou tambm cidade de Santa Cruz de Tenerife46. Vrios factores permitiram esta rpida ascenso das ilhas de Tenerife e Gran Canria na segunda metade do sculo XIX que assumiram rapidamente a dianteira face Madeira. A afirmao de Santa Cruz de Tenerife como porto abastecedor de carvo aos barcos a vapor, a declarao dos portos francos em 1852 fizera atrair para aqui todas as linhas francesas e inglesas de navegao e comrcio no Atlntico. Esta aposta no turismo e servios porturios permitiu uma sada para a crise econmica do arquiplago e uma posio privilegiada face concorrncia da Madeira ou dos Aores47. Nos Aores o turismo teve um aparecimento mais recente. No obstante Bullar (1841) referir a presena de doentes americanos na Horta foi reduzido o seu movimento no arquiplago. Todavia, isto conduziu ao aparecimento do primeiro hotel conhecido no Faial, em 1842. Em 1860 chegou o primeiro grupo de visitantes norte-americanos, mas s a partir de 1894 ficaram conhecidos como tourists48.

    A partir de finais do sculo XIX o turismo, tal como hoje entendem, dava os primeiros passos. E foi como corolrio disso que se estabeleceram as primeiras infra-estruturas hoteleiras e que o turismo passou a ser uma actividade organizada e com uma funo relevante na economia. Deste momento ainda persiste na ilha da Madeira uma unidade hoteleira: Hotel Reids. E mais uma vez o ingls o protagonista. Este momento de afluncia de estrangeiros coincide ainda com a poca de euforia da Cincia nas Academias e Universidades europeias. Desde finais do sculo XVII as expedies cientficas tornaram-se comuns e a Madeira (Funchal) ou Tenerife (Santa Cruz de Tenerife e Puerto de La Cruz) portos de escala, para ingleses, franceses e alems.

    AS ROTAS DE MIGRAO DE HOMENS, PLANTAS E MERCADORIAS. A valorizao do Atlntico nos sculos XV e XVI conduziu ao traado de rotas de navegao e comrcio que ligavam o Velho Continente ao litoral atlntico. A multiplicidade de rotas resultou das complementaridades econmicas e formas de explorao adoptadas. Se certo que estes vectores geraram as referidas rotas, no menos certo que as condies mesolgicas do oceano, dominadas pelas correntes, ventos e tempestades, delinearam o rumo. As mais importantes e duradouras de todas as traadas foram sem dvida as da ndia e ndias que galvanizaram as atenes dos monarcas, da populao europeia e insular e tambm dos piratas e corsrios.

    46 .A. Hernndez Gutirrez, De la Quinta Roja al Hotel Taoro, Puerto de La Cruz, 1983; IDEM, Cuando los Hoteles eran Palacios, Islas Canarias, 1990; A.Guimera Ravina, EL Hotel Marquesa, Puerto de la Cruz, 1988; IDEM, El Hotel Taoro, 1890-1990.Cien Aos de Turismo en Tenerife, Santa Cruz de Tenerife, 1991. 47 . Madeirenses e aorianos cedo se aperceberam desta realidade culpando as autoridades de Lisboa. Vide: Joo Augusto d'Ornellas, A Madeira e as Canrias, Funchal, 1884; Joo Sauvaire de Vasconcelos, Representao da Cmnara Municipal da Cidade do Funchal ao Governo de S. M. sobre Diversas Medidas Tendentes a Conservar e Arruinar a Navegao de passagem neste Porto dos Paquetes Transatlnticos, Funchal, 1884; Visconde Valle Paraizo, Propostas Apresentadas pela Commisso Nomeada em Assembleia da Associao Commercial do Funhcal de 14 de Novembro de 1894 para Estudar as Causas do Desvio da Navegao do Nosso Porto e do Afastamento de Forasteiros, Funchal, 1895; Maria Isabel Joo, Os Aores no sculo XIX, Economia, Sociedade e Movimento Autonomista, Lisboa, 1991. 48. Ricardo Manuel Madruga da Costa, Aores, Western Islands. Um Contributo para o Estudo do Turismo nos Aores, Horta, 1989.

  • A Madeira surge, nos alvores do sculo XV, como a primeira experincia de ocupao em que se ensaiaram produtos, tcnicas e estruturas institucionais. Tudo isto foi, depois, utilizado, em larga escala, noutras ilhas e no litoral africano e americano. O arquiplago foi, assim, o centro de irradiao dos sustentculos da nova sociedade e economia do mundo atlntico: primeiro os Aores, depois os demais arquiplagos e regies costeiras onde os portugueses aportaram. Daqui resultou para a Madeira o papel fundamental de difuso das culturas existentes na Europa e que tinham valor para assegurar a subsistncia ou a exportao. Depois com a revelao de novos espaos do Atlntico e ndico tivemos o retorno de novas culturas e produtos que vieram enriquecer o cardpio europeu. E de novo as ilhas da Madeira e Cabo Verde voltaram a assumir papel disseminador49.

    A aclimatao das plantas com valor econmico, medicinal ou ornamental adquiriu cada vez mais importncia. Alis, foi fundamentalmente o interesse medicinal que provocou desde o sculo XVII o desusado empenho pelo seu estudo50. Assim, em 1757 o ingls Ricardo Carlos Smith fundou no Funchal um dos jardins onde reuniu vrias espcies com valor comercial. J em 1797 Domingos Vandelli (1735-1816) e Joo Francisco de Oliveira no estudo sobre a flora apresentou no ano imediato um projecto para um viveiro de plantas, que foi criado no Monte e manteve-se at 1828. O naturalista francs, Jean Joseph d'Orquigny, que em 1789 se fixou no Funchal foi o mentor da criao da Sociedade Patritica, Econmica, de Comrcio, Agricultura Cincias e Artes. Tambm na ilha de Tenerife, em Puerto de La Cruz, Alonso de Nava y Grimn criou em 1791 um jardim de Aclimatao de Plantas.

    Em Frana, por iniciativa de G. Saint-Hilaire (1805-1861), foi criada em 1854 a Societ Nationale de Protection de la Nature et D'Acclimatation. Os franceses a partir da obra de Buffon e Lamarck foram os principais difusores da noo e prtica de aclimatizao. Tudo isto liga-se directamente com o processo de colonizao africana, assinalando-se no caso francs o processo em curso na Arglia51. Auguste Hardy peremptrio na aproximao: "it may be said that the whole of colonization is a vast deed of acclimatization"52. Esta opo ganhou adeptos em toda a Europa, merecendo o seguinte comentrio de Michael Osborne53: "The proliferation of acclimatization societies and its empires at mid-century indicates that acclimatization studies were tied to the pan-European phenomenon of settler colonies".

    De acordo com Elizabeth B. Keeney54 na Amrica do Norte a partir de 1820 a Botnica tornou-se popular, fazendo surgir a figura do "botanizers", isto , aqueles que por passatempo se dedicavam coleco, identificao e preservao das espcies botnicas. A Histria Natural era vista como um exerccio para a mente dos jovens55, mas passados vinte anos o espectro mudou no sentido da especializao surgindo as associaes especializadas como Smithsonian Institution (1846) e American Association for the Advancement of Science (1848). Em Londres havia surgido em 1838 a Botanical Society Club.

    Na Madeira Jos Silvestre Ribeiro, governador civil, avanou em 1850 com um plano de criao do Gabinete de Histria Natural, a partir da exposio inaugurada a 4 49 . Cf, G. Lapus, Les Produits Coloniaux d'Origine Vgtale, Paris, 1930; J. E. Mendes Ferro, Transplantao de Plantas ee Continentes para Continentes no Sculo XVI, Lisboa, 1986; IDEM, A Difuso das Plantas no Mundo atravs dos Descobrimentos, in Mare Liberum, n. 1, 1990, 131-142; IDEM, A Aventura das Plantas, Lisboa, 1992. 50 K. Thomas, Man and the Natural World. Changing attitudes in England. 1500-1800, Oxford, 1983, p. 27, 65-67. 51 Michael Osborne, Nature, the exotic, and the Science of French Colonialism, Bloomington, 1994 52 L'Algerie Agricole, Commerciale, Industrielle, Paris, 1860, p.7 53 Ibidem, p.176 54 The Botanizers-amateur scientits in nineteenth century America, Chapel Hill, 1992. 55 . Ibidem, p.45

  • de Abril no Palcio de S. Loureno. Mas foi tudo em vo porque sua partida em 1852 tudo se desfez. A 23 de Setembro, surge a proposta de Frederico Welwistsch56 para a criao de um jardim de aclimatao no Funchal e em Luanda57. A Madeira cumpriria o papel de ligao das colnias aos jardins de Lisboa, Coimbra e Porto. Este botnico alemo que fez alguns estudos em Portugal passou em 1853 pelo Funchal com destino a Angola. J a presena de outro alemo, o Padre Ernesto Joo Schmitz, como professor do seminrio diocesano, levou criao em 1882 um Museu de Histria Natural, que hoje se encontra integrado no actual Jardim Botnico.

    S passado um sculo a temtica voltou a merecer a ateno dos especialistas e vrias vozes se ergueram em favor da criao de um jardim botnico na Madeira. Em 1936 refere-se uma tentativa frustrada de criao de um Jardim Zoolgico e de Aclimatao nas Quintas Bianchi, Pavo e Vigia, que contava com o apoio do Zoo de Hamburgo58. A criao do Jardim Botnico por deliberao da Junta Geral do Distrito Autnomo do Funchal a 30 de Abril de 1960 foi o corolrio da defesa secular das condies da ilha para a criao e a demonstrao da importncia cientfica revelada por destacados investigadores botnicos que procederam a estudos59.

    Nos Aores foi tambm evidente a aposta nos jardins de aclimatao. Um dos principais empreendedores foi Jos do Canto que desde meados do sculo XIX criou diversos viveiros de plantas de diversas espcies que adquiriu em todo o mundo. Na dcada de setenta as suas propriedades enchiam-se de criptomrias, pinheiros, eucaliptos e accias60. Tenha-se em conta os contactos com as sociedades cientficas e de aclimatao, nomeadamente francesas, as visitas que fez aos mais considerados jardins europeus. Podemos associar ainda Antnio Borges que em 1850 lanou o parque das Sete Cidades e oito anos aps o jardim de Ponta Delgada que ostenta o seu nome. Outro entusiasta da natureza foi Jos Jcome Correia que nos legou o jardim de Santana. Tenha-se em considerao o facto de Antnio Borges ter permanecido desde 1861 oito anos em Coimbra onde trabalhou no Jardim Botnico e manteve contactos estreitos com a universidade, merc do apoio do patrcio Carlos M. G. Machado. Daqui resultou uma estreita cooperao como envio ilha de Edmond Goeze61 com a finalidade de recolher espcies arbreas para a estufa do jardim coimbro. Tudo isto permitiu que o mesmo e alguns dos compatriotas micaelenses transformassem a paisagem da ilha em densos arvoredos e paradisacos jardins de flora extica.

    J nas Canrias a preocupao fundamental foi a poltica de florestao. Para isso contriburam a partir do sc.XVIII as Sociedades Econmicas de los Amigos del Pais em Gran Canaria (1777), Tenerife (1776) e La Palma. Esta opo expressa-se de forma clara nas actas, como se pode constatar nas de Las Palmas62. Os Jardins botnicos surgem aqui a partir da dcada de quarenta do nosso sculo: em 1943 o de Puerto de La Cruz em Tenerife e em 1953 o de Viera y Calvijo em Gran Canaria.

    Em qualquer dos momentos assinalados as ilhas cumpriram o papel de ponte e adaptao da flora colonial. Os jardins de aclimatao foram a moda que na Madeira e Aores tiveram por palco as amplas e paradisacas quintas. O Marquez de Jcome

    56 Cf. Eberhard Axel Wilhelm, "Visitantes de lngua Alem na Madeira(1815-1915)", in Islenha, 6, 1990, pp.48-67. 57 "Um Jardim de Aclimatao na ilha da Madeira", in Das Artes e da Histria da Madeira, n. 2, 1950, pp.15-16 58 Csar A. Pestana, A Madeira Cultura e Paisagem, Funchal, 1985, p.65 59 Cf Boletim da Junta Geral do Distrito Autnomo do Funchal, Abril de 1960; Rui Vieira, "Sobre o 'Jardim Botnico' da Madeira ", in Atlntico, 2, 1985, pp.101-109. 60 Fernando Aires de Medeiros Sousa, Jos do Canto. Subsdios para a Histria micaelense (1820-1898), Ponta Delgada, 1982, pp.78-113 61. A Ilha de S. Miguel e o Jardim Botnico de Coimbra, in O Instituto, 1867, pp.3-61. 62 .Jose de Viera y Clavijo, Extracto de las Actas de la Real Sociedad Econmica de amigos del Pais de las Palmas (1777-1780), Las Palmas de Gran Canaria, 1981.

  • Correia63 identifica para a Madeira as quintas do Palheiro Ferreiro e Magnlia como jardins botnicos. Estas so viveiros de plantas, hospital para acolher os doentes da tsica pulmonar e outros visitantes. O deslumbramento acompanhou o interesse cientfico e os dois conviveram lado a lado nas inmeras publicaes que o testemunham no sculo XIX

    No traado das rotas ocenicas situava-se o Mediterrneo Atlntico com um papel primordial na manuteno e apoio navegao atlntica. As ilhas da Madeira e Canrias surgem nos sculos XV e XVI como entrepostos do comrcio no litoral africano, americano e asitico. Os portos principais da Madeira, Gran Canaria, La Gomera, Hierro, Tenerife e Lanzarote animaram-se de forma diversa com o apoio navegao e comrcio nas rotas da ida, enquanto nos Aores, com as ilhas de Flores, Corvo, Terceira, e S. Miguel, foram a escala necessria e fundamental da rota de retorno.

    A posio demarcada do Mediterrneo Atlntico no comrcio e navegao atlntica fez com que as coroas peninsulares investissem a todas as tarefas de apoio, defesa e controle do trato comercial. As ilhas foram os basties avanados, suportes e os smbolos da hegemonia peninsular no Atlntico. A disputa pela riqueza em movimento no oceano fazia-se na rea definida por elas e atraiu piratas e corsrios ingleses, franceses e holandeses, vidos das riquezas em circulao. Uma das maiores preocupaes das coroas peninsulares foi a defesa das embarcaes das investidas dos corsrios europeus. A rea definida pela Pennsula Ibrica, Canrias e Aores foi o principal foco de interveno do corso europeu sobre os navios que transportavam acar ou pastel ao velho continente.

    O protagonismo das ilhas no se fica s pelos sculos XV e XVI, pois as navegaes e exploraes ocenicas nos sculos XVIII e XIX levaram-nas a assumir uma nova funo para os europeus. De primeiras terras descobertas passaram a campos de experimentao e escalas retemperadoras da navegao na rota de ida e regresso. Finalmente, no sculo XVIII desvendou-se uma nova vocao: as ilhas como campo de ensaio das tcnicas de experimentao e observao directa da natureza. A afirmao da Cincia na Europa fez delas escala para as constantes expedies cientficas dos europeus. O enciclopedismo e as classificaes de Linneo (1735) tiveram nas ilhas um bom campo de experimentao. Tenha-se em conta as campanhas da Linnean Society e o facto de o prprio presidente da sociedade, Charles Lyall, ter-se deslocado em 1838 de propsito s Canrias

    O homem do sculo XVIII perdeu o medo ao meio circundante e passou a olh-lo com maior curiosidade e, como dono da criao, estava-lhe atribuda a misso de perscrutar os segredos ocultos. este impulso que justifica todo o af cientfico que explode nesta centria. A cincia ento baseada na observao directa e experimentao. As expedies cientficas aliam-se e imbricam-se de forma directa no traado das rotas coloniais. As misses cientficas atribuem uma mais-valia ao conhecimento que por sua vez contribui para a afirmao colonial, progresso da navegao e comrcio e prestgio da prpria coroa. A expedio do Cap. Cook conta com instrues expressas da coroa64. Esta expedio pode ser considerada como um laboratrio ambulante pelo aparato cientfico que a envolveu65. As instituies de Frana a Inglaterra so fruto de uma interveno rgia como se pode verificar do seu

    63 A Ilha da Madeira, Coimbra, 1927, p.173, 178 64 . J. C. Beagle, The Journals of Captain Cook on this Voyage of Discovery, t.I, Cambridge, 1955. 65 . H. C. Cameron, Sir Joseph Banks, Londrres, 1966.

  • nome66. Ainda, neste contexto poder considera-se os arquiplagos da Madeira e Canrias, bem posicionados nas rotas que ligavam as instituies cientficas europeias aos espaos de investigao em frica, ndico e Amrica central e do Sul, que actuam como laboratrios de experimentao das tcnicas de estudo e recolha.

    A insacivel procura e descoberta da natureza circundante cativou toda a Europa, mas foram os ingleses que marcaram presena mais assdua nas ilhas, sendo menor a de franceses e alemes67. Aqui so protagonistas as Canrias e a Madeira. Tudo isto resultado da funo de escala navegao e comrcio no Atlntico. Note-se que a Inglaterra apostava nas ilhas como pontos nevrlgicos da sua estratgia colonial, acabando por estabelecer na Madeira uma base para a guerra de corso no Atlntico. Se as embarcaes de comrcio, as expedies militares tinham c escala obrigatria, mais razes assistiam s cientficas para a paragem obrigatria. As ilhas, pelo endemismo que as caracteriza, histria geo-botnica, permitiram o primeiro ensaio das tcnicas de pesquisa a seguir noutras longnquas paragens. Tambm elas foram um meio revelador da incessante busca do conhecimento da Geologia e Botnica.

    Instituies seculares, como o British Museum, Linean Society, e Kew Gardens, enviaram especialistas s ilhas para proceder recolha das espcies, enriquecendo os seus herbrios. Os estudos no domnio da Geologia, botnica e flora so resultado da presena fortuita ou intencional dos cientistas europeus. Esta moda do sculo XVIII levou a que as instituies cientficas europeias ficassem depositrias de algumas das coleces mais importantes de fauna e flora das ilhas: o Museu Britnico, Linnean Society, Kew Gardens, a Universidade de Kiel, Universidade de Cambridge, Museu de Histria Natural de Paris. E por c passaram destacados especialistas da poca, sendo de realar John Byron, James Cook, Humbolt, John Forster. Darwin esteve nas Canrias e Aores (1836) e mandou um discpulo Madeira. Mas no arquiplago aoriano o cientista mais ilustre ter sido o Prncipe Alberto I do Mnaco que a aportou em 1885. James Cook escalou a Madeira por duas vezes em1768 e 1772, numa rplica da viagem de circum-navegao apenas com interesse cientfico. Os cientistas que o acompanharam intrometeram-se no interior da ilha busca das raridades botnicas para a classificao e depois revelao comunidade cientfica. Em 1775 o navegador estava no Faial e no ano imediato em Tenerife.

    Nas Canrias a primeira e mais antiga referncia sobre a presena de naturalistas ingleses de 1697, ano em que James Cuningham esteve em La Palma. Os Sculos XVIII anunciam-se como de forte presena, nomeadamente dos franceses. Neste contexto de referir os pioneiros estudos do canariano Jos Vieira y Clavijo (1731-1781) e a publicao da Histoire Naturelle des Iles Canaries (1835-50) de P. Barker Webb e S. Berthelot.

    O contacto do cientista com o arquiplago aoriano fazia-se quase sempre na rota de regresso de Africa ou Amrica. Foi isto que sucedeu com Andre Bure (1703), Adamson (1753), Cook (1775), Tarns (1841), Darwin (1836) e J. C. Albers (1851). Para os americanos as ilhas eram a primeira escala de descoberta do velho mundo. Foi isso que sucedeu a Sam C. Reid, Joseph e Henry Bullar (1838-39), J. W. Webster (1821), Alice Baker (1882). Por outro lado os Aores despertaram a curiosidade das instituies e cientistas europeus. Os aspectos geolgicos, nomeadamente os fenmenos vulcnicos foram o principal alvo de ateno. Assim, o Kew Garden interessou-se desde finais do sculo XVII pelo estudo da Botnica do arquiplago tendo enviado de cientistas a

    66 Cf. T. Thomson, The History of The Royal Society, Londres, 1822; M. Penver, The Royal Society, Concept and Creation, Cambridge, Mass., 1967. 67 Cf. "Algumas das Figuras Ilustres Estrangeiras que Visitaram a Madeira", in Revista Portuguesa, 72, 1953; A. Lopes de Oliveira, Arquiplago da Madeira. Epopeia Humana, Braga, 1969, pp. 132-134.

  • proceder recolhas: Geo Forster (1787) e W. Aiton (1789). Mesmo assim o volume de estudos no atingiu a dimenso dos referentes Madeira e Canrias pelo que Maurcio Senbert em 1838 foi levado a afirmar que a "flora destas ilhas [fora] por tanto tempo despresada", o que o levou a dedicar-se ao seu estudo68. O interesse dos naturais das ilhas pelo conhecimento do meio natural que os envolvia, influenciado ou no por esta assdua presena de cientistas europeus desde o sculo XVIII, notrio na centria oitocentista. Nos Aores tivemos Carlos Machado (1828-1901), Arruda Furtado (1854-1887), Bruno Carreiro (1857-1911), Afonso Chaves (1857-1926), Jos Sampaio (1827-1900) e Alfredo Sampaio (1862-1918). Na Madeira todo o empenho esteve votado para a botnica e fauna marinha sendo de salientar no primeiro caso Carlos Azevedo de Meneses (1863-1928) e no segundo Adolfo Csar de Noronha (1873-1963), Ado Nunes (1885-1958)69.

    As ilhas recriavam os mitos antigos e reservavam ao visitante um ambiente paradisaco e calmo para o descanso, ou, como sucedeu no sculo dezoito, o laboratrio ideal para os estudos cientficos. O endemismo insular propiciava a ltima situao. As ilhas forram o principal alvo de ateno de botnicos, ictilogos, gelogos. A situao descrita por Alfredo Herrera Piqu a considera-las "a escala cientfica do Atlntico"70. Os ingleses foram os primeiros a descobrir as qualidades do clima e paisagem e a divulga-las junto dos seus compatriotas. esta quase esquecida dimenso como motivo despertador da cincia e cultura europeia desde o sculo XVIII que importa realar

    Na Madeira aquilo que mais os emocionou os navegadores do sculo XV foi o arvoredo, j para os cientistas, escritores e demais visitantes a partir do sculo XVIII aquilo que chama ateno , sem dvida, o aspecto extico dos jardins e quintas que povoam a cidade. Nas Canrias a ateno est virada para os milenares dragoeiros de Tenerife. O Funchal transformou-se num verdadeiro jardim botnico e segue uma tradio secular europeia. Eles comearam a surgir na Europa desde o sculo XVI: em 1545 temos o de Pdua, seguindo-se o de Oxford em 1621. Em 1635 o de Paris preludia a arte de Versailles em 1662. Em todos patente a inteno de fazer recuar o paraso71. As ilhas no tinham necessidade disso pois j o eram.

    Diferente foi a atitude do homem do sculo XVIII. Alis, desde a segunda metade do sculo XVII que o seu relacionamento com as plantas mudou. Em 1669 Robert Morison publicou Praeludia Botanica, considerada como o princpio do sistema de classificao das plantas, que tem em Carl Von Linn (Linnaeus) (1707-1778) o protagonista. A partir daqui a viso do mundo das plantas nunca foi a mesma. Contemporneo dele o Comte de Buffon que publicou entre 1749 e 1804 a "Histoire Naturelle, Gnrale et Particulire" em 44 volumes. Perante isto os jardins botnicos do sculo XVIII deixaram de ser uma recriao do paraso e passaram a espaos de classificao botnica. O Kew Gardens em 1759 a verdadeira expresso disso. Note-se que Hans Sloane (1660-1753), presidente do Royal College of Physicians, da Royal Society of London e fundador do British Museum, esteve na Madeira no decurso das expedies que o levaram s Antilhas inglesas72.

    Os jardins, atravs da harmonia arvoredo e das garridas cores das flores, tiveram nos sculos XVII e XVIII um avano evidente e adquiriram a dimenso de paraso bblico e como tal de espao espiritual e so a expresso do domnio humano sobre a

    68 "Flora Azorica", in Archivo dos Aores, XIV (1983), pp.326-339. 69 Ernesto Ferreira, O Arquiplago dos Aores na Histria das Cincias, Lisboa, 1937, sep. Petrus Nonius, I. 70 .Las islas Canarias, Escala Cientfica en el Atlntico Viajeros y Naturalistas en el siglo XVIII, Madrid, 1987. 71. Richard Grove, Ecology, climate and Empire. Studies in colonial enviromental. History 1400-1940, Cambridge, 1997, p. 46; J. Prest, The Garden of Eden: The Botanic Garden and the Re-creation of Paradise, New Haven, 1981. 72 Raymond R. Stearns, Science in the British Colonies of America, Urban, 1970

  • Natureza73. A Inglaterra do sculo XIX popularizou os jardins e as flores74. A ambincia chegou s ilhas atravs dos mesmos sbditos de Sua Majestade. As ilhas exerceram um fascnio especial em todos os visitantes e parece que nunca perderam a imortal caracterstica de jardins beira do oceano e de espaos exticos onde as espcies indgenas convivem com as europeias e as oriundas do Novo Mundo. A cidade do Cabo, pelas ligaes s rotas comerciais, foi o centro de divulgao no espao Atlntico e de forma especial na Madeira75. Tenha-se ainda em conta idntico papel das ilhas de Cabo Verde para as espcies de ambos os lados do Atlntico. Deste modo poderemos afirmar que as ilhas foram jardins e que os jardins continuam a ser o encanto dos que a procuram, sejam turistas ou cientistas.

    OS JARDINS DAS ILHAS Para os navegadores do sculo XV aquilo que mais os emocionou foi o denso

    arvoredo, j para os cientistas, escritores e demais visitantes da ilha a partir do sculo XVIII aquilo que mais chama ateno , sem dvida, o aspecto extico dos jardins e quintas que povoam a cidade. O Funchal se transformou assim num verdadeiro jardim botnico.

    Na Europa desde o sculo XVI que comearam a surgir os jardins botnicos. Em 1545 temos o de Pdua, seguindo-se o de Oxford em 1621. Em 1635 o de Paris preludia a arte de Versailles em 1662. Em todos patente a inteno de fazer recuar o paraso76. As ilhas no tinham necessidade disso pois j o eram.

    Diferente a atitude do homem do sculo XVIII. Alis, desde a segunda metade do sculo XVII que a atitude do homem perante as plantas mudou. Em 1669 Robert Morison publica Praeludia Botanica, considerada como o princpio do sistema de classificao das plantas, que tem em Carl Von Linn (Linnaeus) (1707-1778). O seu protagonista. A partir da publicao de Genera plantorum (1737) e depois de Species Plantarum (1753) e Systema Natural (1778) a viso do mundo das plantas nunca ser a mesma. Contemporneo dele o Comte de Buffon que publica entre 1749 e 1804 a "Histoire Naturelle, gnrale et particulire" em 44 volumes.

    Os jardins botnicos do sculo XVIII deixam de ser uma recriao do paraso e passam a espaos de investigao botnica. O Kew gardens em 1759 a verdadeira expresso disso. Note-se que Hans Sloane (1660-1753), presidente do Royal college of physicians, da Royal Society of London e fundador do British Museum, esteve na Madeira no decurso das expedies que o levaram s Antilhas inglesas77.

    Por outro lado a aclimatao das plantas com valor econmico, medicinal ou ornamental adquire cada vez mais importncia. Alis, foi fundamentalmente o seu interesse medicinal que desde o sculo XVII provocou o desusado empenho78. Assim em 1757 o ingls Ricardo Carlos Smith funda no Funchal um desses jardins onde rene vrias espcies com valor comercial. J em 1797 Domingos Vandelli (1735-1816) e

    73 . Peter J. Bowler, Fontana History of environmental Sciences. N. Y., 1993.,p.111. 74 . Cf. K. Thomas, ibidem, pp.207-209, 210-260 75 Rui Vieira, Album Floristico da Madeira, Funchal, 1974; Miguel Jos Afonso, Funchal- Flora e Arte nos Espaos Verdes, Funchal, 1993. 76 Richard Grove, Ecology, climate and Empire. Studies in colonial enviromental. History 1400-1940, Cambridge, 1997, p. 46; J. Prest, The Garden of Eden: The Botanic Garden and the Re-creation of Paradise, New Haven, 1981.

    77 Raymond R. Stearns, Science in the British Colonies of America, Urban, 1970 78 K. Thomas, Man and the Natural World. Changing attitudes in England. 1500-1800, Oxford, 1983, p. 27, 65-67.

  • Joo Francisco de Oliveira no estudo sobre a flora apresentam no ano imediato um projecto para um viveiro de plantas. O viveiro foi criado no Monte e manteve-se at 1828.

    O Naturalista francs, Jean Joseph d'Orquigny, que em 1789 se fixou no Funchal foi o principal mentor da criao da Sociedade Patriotca, Econmica, de Comrcio, Agricultura Cincias e Artes. Mas este foi um projecto efmero, uma vez que a sua condenao como maon em 1792 desfez todos os seus projectos. Aqui a ideia de progresso alia-se com o conhecimento do meio natural que nos rodeia79.

    De acordo com Elizabeth B. Keeney80 na Amrica do Norte a partir de 1820 a Botnica tornou-se muito popular, fazendo surgir a figura do "botanizers", isto aqueles que por passatempo se dedicavam coleco, identificao e preservao das espcies botnicas. Afirma-se at que a Histria Natural um bom exerccio para a mente dos jovens81. Passados vinte anos o espectro muda no sentido da especializao surgindo as associaes especializadas como Smithsonian Institution (1846) e American Association for the Advancement of Science (1848). Entretanto em Londres havia surgido em 1838 a Botanical Society Club.

    Em Frana, por iniciativa de G. Saint-Hilaire (1805-1861), foi criada em 1854 a Societ Nationale de Protection de la Nature et D'acclimatation. Os franceses a partir da obra de Buffon e Lamarckian foram os principais difusores da noo e prtica de aclimatizao. Tudo isto liga-se directamente com o processo de colonizao africana, no caso francs assinala-se o processo em curso na Arglia82. Auguste Hardy peremptrio na aproximao: "it may be said that the whole of colonization is a vast deed of acclimatization"83. Esta opo ganhou adeptos em toda a Europa, merecendo o seguinte comentrio de Michael Osborne84: "The proliferation of acclimatization societies and its empires at mid-century indicates that acclimatization studies were tied to the pan-European phenomenon of settler colonies".

    Em 1850 Jos Silvestre Ribeiro, ento governador civil da Madeira, avanou com um plano de criao do Gabinete de Histria Natural, a partir da exposio inaugurada a 4 de Abril no Palcio de S. Loureno. Mas foi tudo em vo, uma vez que sua partida em 1852 tudo se desfez. Note-se que nesse mesmo ano, a 23 de Setembro, surge a proposta de Frederico Welwistsch85 para a criao de um jardim de aclimatao no Funchal e em Luanda86. A Madeira cumpriria o papel de ligao das colnias aos jardins de Lisboa, Coimbra e Porto. Note-se que este botnico alemo que fez alguns estudos em Portugal passou em 1853 pelo Funchal com destino a Angola.

    A presena na Madeira do Padre Ernesto Joo Schmitz, como professor do seminrio diocesano, criou em 1882 um Museu de Histria Natural, que hoje se encontra integrado no actual Jardim botnico.

    S passado um sculo o tema voltou a merecer a ateno dos especialistas. So vrias as vozes que se erguem em favor da criao de um jardim botnico na Madeira. Em 1936 refere-se uma tentativa frustrada de criao de um Jardim Zoolgico e de

    79 Francisco Contente Domingues, "Jean Joseph d'Orquigny e a Sociedade Patritica do Funchal", in Actas do II Colquio Internacional de Histria da Madeira, Funchal, 1990, pp.231-245 80 The Botanizers-amateur scientits in nineteenth century America, Chapel Hill, 1992. 81 Ibidem, p.45 82 Michael Osborne, Nature, the exotic, and the Science of French Colonialism, Bloomington, 1994 83 L'Algerie Agricole, Commerciale, Industrielle, Paris, 1860, p.7 84 Ibidem, p.176 85 Cf. Ebarhard Axel Wilhelm, "Visitantes de lngua Alem na Madeira(1815-1915)", in Islenha, 6, 1990, pp.48-67. 86 . "um Jardim de Aclimatao na ilha da Madeira", in Das Artes e da Histria da Madeira, n. 2, 1950, pp.15-16

  • Aclimatao nas Quintas Bianchi, Pavo e Vigia, que contava com o apoio do Zoo de Hamburgo87. Em 1946 Antnio de Sousa da Cmara recomenda a criao de um jardim colonial. Apelo que se refere em Antnio C. Teixeira de Sousa e ganha grande alento em 1950 com a realizao no Funchal da "I Conferncia da liga para a proteco da natureza"". O apelo de J. de Azevedo Pereira88 lanado neste evento teve repercusso nas autoridades da Junta Geral que souberam criar em 1960 o to desejado jardim botnico.

    A criao do Jardim Botnico por deliberao da Junta Geral do Distrito Autnomo do Funchal a 30 de Abril de 1960 o corolrio dessa defesa secular das condies da ilha para a sua criao e a demonstrao da sua importncia cientfica revelada por destacados investigadores botnicos que procederam a estudos89. Tenha-se em considerao que esta iniciativa s foi possvel graas pertinaz aco de Antnio Teixeira de Sousa como Presidente da Junta Geral. Assim em 1952 adquiriu-se a Quinta do Bom Sucesso onde ficaram os servios da Estao Agrria, mas o objectivo era a criao do Jardim Botnico.

    Em qualquer dos momentos assinalados as ilhas cumprem de novo o papel de ponte e adaptao da flora colonial. Os jardins de aclimatao so a moda do momento, que entre ns tem por palco as amplas e paradisacas quintas. O Marquez de Jcome Correia90 identifica as quintas do Palheiro Ferreiro e Magnlia como jardins botnicos. Estas so viveiros de plantas, hospital para acolher os doentes da tsica pulmonar e outros visitantes. O deslumbramento acompanha o interesse cientfico e convivem lado a lado nas inmeras publicaes que o testemunham no sculo XIX. CONCLUSO. A Europa contribuiu com os cereais (centeio, cevada e trigo), as videiras e as socas de cana, enquanto da Amrica e ndia aportaram ao velho continente o milho, a batata, o inhame. O arroz e uma variada gama de rvores de fruto. As ilhas atlnticas, pela posio charneira no relacionamento entre estes mundos, foram viveiros da aclimatao dos produtos s novas condies endafoclimticas que os acolhem. A Madeira funcionou no sculo XV o viveiro experimental de culturas que a Europa pretendia implantar no Novo Mundo, isto , os cereais, o pastel, a vinha e a cana-de-acar.

    As ilhas so limitados e por isso que condicionam e so influenciados de forma evidente pela presena humana. O processo econmico quando assume uma posio de sucesso merc da insero no mercado mundial responsvel por uma explorao intensiva que acaba inevitavelmente por provocar desequilbrios entre aquilo que possibilita o quadro natural e o que o Homem exige dele. A explorao econmica fez-se de forma intensiva e de acordo com as solicitaes do mercado exterior, agravando o afrontamento com o quadro natural e arrastando-o para uma situao de total degradao. O desenvolvimento da agricultura considerado como um dos factores fundamentais de interveno do Homem no quadro natural. O processo de sedentarizao humana e a consequente domesticao de animais e plantas so a expresso mais evidente da mudana ocorrida91.

    87 Csar A. Pestana, A Madeira Cultura e Paisagem, Funchal, 1985, p.65 88. "Um jardim botnico na Madeira", in Das Artes e da Histria da Madeira, Vol. 2, n 3, 1950, 24-26.

    89 Cf Boletim da Junta Geral do Distrito Autnomo do Funchal, Abril de 1960; Rui Vieira, "Sobre o 'Jardim Botnico' da Madeira ", in Atlntico, 2, 1985, pp.101-109. 90 A Ilha da Madeira, Coimbra, 1927, p.173, 178 91. GOUDIE, Andrew, The Human Impact on the Natural Environment, Cambridge, MA: MIT Press, 1994, p. 20: "Both the domestication of animals and cultivation of plants have been among the most significant causes of human impact". Cf. UCKO, Peter J. e G. W. Dimbleby (ed.), The Domestication and Exploitation of Plants and Animals, London, Duckworth, 1969.

  • Na segunda metade do sculo XVIII a Madeira e as Canrias assumiram um novo papel. Algum ter dito que os iniciais promotores do turismo insular foram os gregos, mas os primeiros turistas foram, sem dvida, ingleses. Os gregos celebraram na criao literria prolixa as delcias das ilhas situadas alm das colunas de Hrcules. Os arquiplagos da Madeira e Canrias so mitologicamente considerados a manso dos deuses, o jardim das delcias, onde convivem com os heris da mitologia. Foram os ingleses, ainda que muito mais tarde, os primeiros a desfrutar da ambincia paradisaca, reservada aos deuses e heris. A Europa oferecia ao aristocrata britnico demasiados motivos para o "grand tour" cultural mas as belezas e clima ameno das ilhas pareciam suplantar isso. A verdadeira descoberta das ilhas foi obra de ingleses, alemes e franceses. O turismo caminhou em ambos os arquiplagos a par da busca de solues para a cura da tsica pulmonar e dos estudos e trabalhos de recolha das espcies vivas indgenas do quadro natural, de acordo com as exigncias da Cincia e Instituies europeias.

    Perante ns est um campo de grande interesse para a Histria insular, mas ainda por desbravar. O avano neste campo s ser possvel mediante uma recolha sistemtica de informao bibliogrfica cientfica especializada e do recurso s fontes literrias e iconogrficas. A criao de uma base de dados com toda esta informao e a sua disponibilizao ao pblico interessado via Internet o objectivo desejvel. Neste como noutros domnios necessrio considerar a problemtica numa perspectiva global das ilhas Atlnticas, pois foi assim que as mesmas funcionaram na poca. Esquecer esta unidade e deixar-se comover pelos apelos bairristas ludibriar as potencialidades deste novo domnio. Se ao longo dos ltimos cinco sculos estas foram teimosamente entendidas como um conjunto porque razo agora as consideramos como mundos separados? BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL

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