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TATIANA NÉRI DE AGUIAR DOS SANTOS
INTERFACES ENTRE LAZER E TURISMO EM TESES E DISSERTAÇÕES
BRASILEIRAS: estado do conhecimento (2009-2015)
Belo Horizonte
Universidade Federal de Minas Gerais
2016
TATIANA NÉRI DE AGUIAR DOS SANTOS
INTERFACES ENTRE LAZER E TURISMO EM TESES E DISSERTAÇÕES
BRASILEIRAS: estado do conhecimento (2009-2015)
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Interdisciplinar em Estudos do Lazer da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestra em Estudos do Lazer. Linha de Pesquisa: Lazer e Sociedade Orientadora: Profa. Dra. Christianne Luce Gomes
Belo Horizonte
Universidade Federal de Minas Gerais
2016
S2237i
2016
Santos, Tatiana Néri de Aguiar dos
Interfaces entre lazer e turismo em teses e dissertações brasileiras: estado do conhecimento (2009-2015). [manuscrito] / Tatiana Néri de Aguiar dos Santos – 2016. 108f., enc.:il. Orientadora: Christianne Luce Gomes
Mestrado (dissertação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Bibliografia: f. 79-90
1. Lazer - Teses. 2. Turismo – Teses. 3. Atividades de Lazer – Teses. I. Gomes, Christianne Luce. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. III. Título.
CDU: 379.8 Ficha catalográfica elaborada pela equipe de bibliotecários da Biblioteca da Escola de Educação Física,
Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais.
Tatiana Néri de Aguiar dos Santos
Interfaces entre lazer e turismo em teses e dissertações brasileiras: estado do
conhecimento (2009-2015)
Dissertação apresentada ao Colegiado do Mestrado em Estudos do Lazer da Escola
de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de
Minas Gerais como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Estudos do
Lazer. Foi defendida e aprovada em 21 de julho de 2016 perante a Banca
Examinadora constituída pelos seguintes professores:
_________________________________________________________
Profa. Dra. Christianne Luce Gomes – UFMG – Orientadora
_________________________________________________________
Profa. Dra. Daniela Fantoni Alvares – IFMG – Membro titular
________________________________________________________
Prof. Dr. Hélder Ferreira Isayama – UFMG – Membro titular
Dedico este estudo aos guias espirituais –
verdadeiros mestres em perseverança e humildade.
Mais do que almas, amigos.
AGRADECIMENTOS
Esta jornada de dois anos não seria possível sozinha e, por isso, é preciso
reconhecer a importância de algumas pessoas fundamentais na construção desse
caminho.
Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais e também ao meu irmão caçula.
Além de força e conselhos, pude contar com momentos de apoio e alegria.
Agradeço a orientação e as palavras da profa. Christianne Luce Gomes, que
me proporcionou um desafiador e gratificante processo de formação profissional.
Trabalhar ao seu lado realmente foi um grande aprendizado.
Agradeço ao professor Alexandre Panosso Netto pela contribuição dada ao
projeto de pesquisa que originou a presente dissertação. Aos professores Luciano
Pereira da Silva e Roberta Abalen Dias por aceitarem o convite de membros suplentes
e se dedicarem à leitura desse estudo. Aos professores Hélder Ferreira Isayama e
Daniela Fantoni Alvares pela participação na banca de avaliação dessa dissertação,
contribuindo com a sua qualificação.
Sou grata ainda aos companheiros de mestrado e do grupo de pesquisa Otium
pela convivência que aguçou o conhecimento, pelas dicas que colaboraram com a
escrita do texto e, principalmente, pelas gargalhadas que desfrutamos.
Agradecimento especial à profa. Ana Paula G. S. de Oliveira, ao prof.
Guilherme Malta e à amiga Júlia Oliveira pelo apoio e contribuições durante a seleção
para o curso de mestrado. À amiga Leticia Pires e família pela hospitalidade e
companhia nos dias descontraídos em que estive no Paraná. À Ingrid Simões pelos
passeios e conversas ao longo desses dois anos.
Às profas. Márcia Lousada e Marly Nogueira pelo incentivo e à profa. Diomira
Faria, às monitoras e alunos da disciplina Turismo, Cultura e Relações Internacionais
pela acolhida, confiança e aprendizado.
Agradeço à CAPES pela bolsa de mestrado que possibilitou a minha dedicação
integral a esse processo formativo.
[...] a diversidade epistêmica do mundo é potencialmente infinita, pois todos os conhecimentos são contextuais. Não há nem conhecimentos puros, nem conhecimentos completos; há constelações de conhecimentos. (SANTOS; MENESES; NUNES, 2005, p. 55)
.
RESUMO
A presente pesquisa caracteriza-se como um “estado do conhecimento” e buscou
investigar as interfaces lazer/turismo em teses de doutorado e dissertações de
mestrado concluídas entre 2009 e 2015 no Brasil. Seu objetivo geral é compreender
os entendimentos de lazer, de turismo e as interfaces constituídas entre ambos nessa
produção acadêmica. Entendendo a epistemologia como crítica do conhecimento, o
percurso metodológico se apoia em revisão bibliográfica e na análise de conteúdo.
Seguindo critérios metodológicos previamente estabelecidos, foram selecionados 15
estudos defendidos em diferentes programas de pós-graduação: Administração de
Empresas; Arquitetura e Urbanismo; Desenvolvimento e Meio Ambiente; Estudos do
Lazer; Geografia; Geografia Humana; História, Política e Bens Culturais;
Hospitalidade; Planejamento Urbano e Regional; e Turismo. Os resultados evidenciam
que o lazer e o turismo são entendidos como fenômenos socioculturais, mas,
sobretudo, como negócios. Sobre as interfaces entre essas duas temáticas, foi
constatada a sobreposição de um ao outro, sobressaindo a visão do turismo como
uma opção de lazer. As análises realizadas indicam que as discussões priorizadas
nessa produção acadêmica não são suficientes para se compreender a dinamicidade
desses fenômenos em distintas realidades.
Palavras-chave: Lazer. Turismo. Interfaces. Interdisciplinaridade.
ABSTRACT
This research is characterized as a “state of knowledge” and investigates the interface
leisure/tourism in doctoral dissertations and master’s thesis completed between 2009
and 2015 in Brazil. Its general aim is to understand the conceptions of leisure and
tourism and the interfaces constituted between them in these academic works. The
methodological approach is based on literature review and content analysis and takes
epistemology as critique of knowledge. Following previously established
methodological criteria, 15 works from different graduate programs were selected:
Business Management; Architecture and Urbanism; Development and Environment;
Leisure Studies; Geography; Human Geography; History, Politics and Cultural Goods;
Hospitality; Urban and Regional Planning; and Tourism. The results show that leisure
and tourism are understood as sociocultural phenomena but, above all, as business.
The interfaces between these two subjects show that they are overlapped, with tourism
standing out as a leisure option. The analyses indicate that the prioritized discussions
in the selected academic works are not enough to understand the dynamics of these
phenomena in different realities.
Keywords: Leisure. Tourism. Interfaces. Interdisciplinarity.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Organização da pré-análise de conteúdo ................................................. 27
Quadro 1 – Listagem final de teses e dissertações selecionadas ............................. 24
Quadro 2 - Categorias que nortearam a análise das pesquisas selecionadas .......... 28
Quadro 3 - Interfaces e distanciamentos entre o lazer e o turismo ........................... 46
Quadro 4 – Experiências turísticas e de lazer citadas nas pesquisas analisadas ..... 60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior
COEP Comitê de Ética em Pesquisa
FGV Fundação Getúlio Vargas
MEC Ministério da Educação
MTUR Ministério do Turismo
OMT Organização Mundial do Turismo
PUC Pontifícia Universidade Católica
SP São Paulo
UAM Universidade Anhembi Morumbi
UCS Universidade de Caxias do Sul
UECE Universidade Estadual do Ceará
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPI Universidade Federal do Piauí
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFRS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UNESP Universidade Estadual Paulista
USP Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13
1.1 Objetivos .......................................................................................................... 17
1.2 Justificativa ...................................................................................................... 17
2 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................ 20
3 LAZER E TURISMO............................................................................................... 30
3.1 Reflexões sobre o lazer ................................................................................... 30
3.2 Reflexões sobre o turismo ............................................................................... 34
3.3 Problematizando as interfaces entre o lazer e o turismo ................................. 38
4 O CONHECIMENTO PRODUZIDO: o que dizem as teses e dissertações ........ 49
4.1 O posicionamento teórico encontrado nas teses e dissertações ..................... 49
4.2 Interfaces entre o lazer e o turismo.................................................................. 57
4.3. A imprecisão acerca da segmentação do mercado turístico ........................... 62
4.4 Contribuições produzidas no seio de diferentes áreas .................................... 64
4.5 Debates confluentes no conteúdo das teses e dissertações estudadas .......... 68
4.6 Cenário da produção de conhecimentos sobre o lazer e o turismo ................. 71
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 79
APÊNDICES ............................................................................................................. 91
13
1 INTRODUÇÃO
Empreender uma discussão teórica sobre determinada área, que também se
concretiza como uma atividade econômica, não é uma tarefa fácil. Que dirá a respeito
de dois temas analisados por diferentes estudiosos de modos diversificados, a
exemplo de análises acerca de sua cientificidade, pertencentes ao setor de serviços
ou do entendimento como “indústrias”. É fato que lazer e turismo, vistos como
fenômenos sociais, se constituem de uma infinidade de experiências. Por outro lado,
abordados como objetos de estudo, são temas com fundamentos passíveis de
relações.
Pesquisas preliminares à presente dissertação revelaram que diversos autores
se dedicaram ao lazer e ao turismo em seus estudos, tais como Krippendorf (2001),
Camargo (2004), Coriolano (2006), Uvinha (2007), Araújo e Isayama (2009), Gomes,
Pinheiro e Lacerda (2010), Hoerner (2011) e Moesch (2015), para citar alguns.
Contudo, considerando a produção de ambos os campos, poucos são os textos que
apresentam posicionamentos claros a respeito do que compreendem sobre lazer e
turismo, sobretudo no tocante às suas interfaces, conforme indicado por Faria (2009).
Mesmo que essas duas áreas dialoguem, simultaneamente, podem se
distanciar e criar barreiras entre si, uma vez que seu avanço acadêmico e no mercado
não se deu em conjunto. Exemplos disso são encontrados em indagações como: O
lazer é um segmento ou tipologia do turismo? Ou o turismo é que seria um conteúdo
cultural do lazer? Essas questões se aproximam do pensamento de Rejowski (2010)1,
segundo o qual há uma fronteira entre essas duas áreas, geralmente abordadas
somente por um viés dicotômico, deixando de lado aproximações que podem
interessar a ambas.
Para ir além dessa dicotomia, torna-se fundamental considerar que lazer e
turismo precisam ser estudados não apenas sob uma perspectiva multidisciplinar,
mas, sobretudo, interdisciplinar. Isso porque a multidisciplinaridade leva em conta que
1 Em texto de ‘orelha’ do livro Lazer, turismo e inclusão social: intervenção com idosos, Rejowski (2010a) afirma que “na literatura científica há uma certa “fronteirização” a inibir a aproximação real entre o lazer e o turismo, que se reflete em uma verdadeira disputa de poder ou de relevância científica.” Entende-se que não deve haver essa relevância científica de um campo perante o outro. Por isso mesmo, nessa dissertação, esses temas serão mencionados como lazer e turismo, mas também como turismo e lazer, pois o uso de um termo a frente do outro não indica maior importância.
14
esses campos foram constituídos a partir de contribuições próprias de outras
disciplinas, tais como Geografia, Educação, Educação Física, Psicologia,
Administração e Sociologia, porém não significa que seus conteúdos estejam
integrados. Leis (2011, p. 109) lembra que “a multidisciplinaridade não implica
integração, mas superposição dos diversos conhecimentos disciplinares convocados
para determinado estudo.” Do mesmo modo, a autora portuguesa Pombo (2005, p. 5-
6) afirma que o primeiro nível de cooperação entre as disciplinas, correspondente à
multidisciplinaridade, “[...] é o nível da justaposição, do paralelismo em que as várias
disciplinas estão lá, simplesmente ao lado umas das outras, que se tocam, mas que
não interagem.”
A multidisciplinaridade no turismo pode ser considerada evidente desde o
desenvolvimento de pesquisas articulando-o a outros campos, isto é, a partir do
interesse de investigadores que percebiam confluências entre os seus estudos e o
turismo, a exemplo das pesquisas sobre microeconomia ou sobre comportamentos
sociais. (PANOSSO NETTO, 2010). Tais campos confluentes iniciaram as pesquisas
sobre o turismo tendo como ponto de partida os seus próprios pressupostos,
originando diversificados olhares para o fenômeno.
Embora esse início tenha contribuído significativamente para a consolidação
dos estudos do turismo, é preciso que se faça também o caminho oposto, uma vez
que a constituição de fundamentos teóricos próprios possibilita que os diversos
campos apreendam conhecimentos dessa área. Ou seja, a Geografia, Educação,
Educação Física, Psicologia, Administração e a Sociologia, dentre outras, podem e
devem desenvolver estudos que “confrontem” seus conteúdos com os do turismo,
assimilando outras perspectivas teóricas – argumento pertinente também ao lazer.
É nesse sentido que o olhar interdisciplinar se difere do multidisciplinar, pois na
interdisciplinaridade “[...] as disciplinas comunicam umas com as outras, confrontam
e discutem as suas perspectivas, estabelecem entre si uma interacção mais ou menos
forte [...]” (POMBO, 2005, p. 5-6). Para Leis (2011), a interdisciplinaridade representa
a integração de visões disciplinares para a construção de uma perspectiva abrangente
e, com isso, possibilitar o avanço do conhecimento. Dessa forma, seria possível “[...]
atravessar fronteiras, buscar diálogos, enfrentar os paradoxos.” (UDE, 2012, p. 15).
Uma possibilidade para a realização de tais estudos interdisciplinares é acolher
as temáticas do turismo e do lazer em vários âmbitos, tendo em vista a contribuição
de outros campos por meio de investigações no seio das diversas disciplinas. Nesse
15
contexto, importante âmbito de pesquisas se encontra na pós-graduação2. No Brasil,
conforme os dados disponibilizados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), em 2014 foram catalogados 3.678 programas de
pós-graduação stricto sensu. Desses, 1.896 correspondem a cursos de mestrado e
doutorado, 1.199 são cursos de mestrado, 525 equivalem a cursos de mestrado
profissional e outros 58 somente de doutorado3. Soma-se ainda uma infinidade de
cursos de pós-graduação lato sensu, que, pela discrepância nas regras de
reconhecimento, parecem não possuir dados sistematizados como os cursos stricto
sensu4.
Assim, os dados encontrados sobre a pós-graduação brasileira fornecem
informações sobre o crescimento da produção acadêmica, confirmada, por exemplo,
por Milagres (2014). Considerando apenas os cursos stricto sensu, essa autora
aponta que, no período 1993-2014, foram defendidas mais de 300 teses e
dissertações no campo do turismo. Sobre o lazer, não foi possível indicar uma
sistematização quantitativa de estudos concluídos em âmbito nacional, contudo,
somente o acervo bibliográfico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
indica mais de 150 pesquisas defendidas nesse campo (somados os cursos de
especialização, mestrado e doutorado)5.
2 A pós-graduação brasileira é constituída por dois níveis: lato e stricto sensu. Um curso lato sensu objetiva aprimorar os conhecimentos do aluno, focalizando o mercado de trabalho. Já o nível stricto sensu apresenta três cursos: o mestrado profissional, que possui uma preocupação com a pesquisa, porém com foco também no âmbito do mercado; o mestrado acadêmico e o doutorado, que priorizam a produção e socialização de conhecimentos, além da formação para o magistério superior. (GOMES; ELIZALDE, 2014a).
3 Dados encontrados no Sistema de Informações Georreferenciadas, disponível em <http://geocapes.capes.gov.br/geocapes2/>. Foram realizados dois acessos para a atualização dos números, o mais recente em: 1 março 2016.
4 A título de informação, segundo a matéria de Foreque e Cancian para o jornal Folha de São Paulo, em fevereiro de 2015, o Ministério da Educação (MEC) havia solicitado às instituições ofertantes de pós-graduação lato sensu que cadastrassem seus cursos. Segundo a compilação preliminar realizada pela Folha, o país possuía uma oferta de, pelo menos, 41.070 cursos. No entanto, no Sistema de Regulação do Ensino Superior (o e-MEC) há apenas 1.771 especializações registradas (entre ativas e desativadas). Esses dados estão disponíveis em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/02/1593384-pais-tem-ao-menos-41-mil-cursos-de-especializacao-e-mba-abertos.shtml> e <http://emec.mec.gov.br/emec/nova#avancada>. Acesso em: 3 abr. 2016.
5 A pesquisa realizada não indicou uma sistematização de estudos concluídos em âmbito nacional. Por isso, consultou-se o acervo bibliográfico da UFMG, uma vez que a referida instituição oferta um curso de Especialização em Lazer e também o Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer.
16
Além de estabelecer a dimensão quantitativa da produção sobre o lazer e o
turismo, é relevante conhecer seu conteúdo, isto é, o que tem sido pensado e
socializado sobre tais temas. No tocante à produção do turismo, Rejowski (2010b)
afirma haver avanços na diferenciação dos objetos estudados no Brasil, porém
ressalta a necessidade de pesquisas interdisciplinares entre o turismo e áreas
confluentes. Referente ao lazer, Gomes e Melo (2003) assinalam que até o final da
década de 1990 era comum a reprodução de entendimentos sobre essa temática sem
muitas reflexões aprofundadas, mesmo com o aumento da comunicação entre os
diferentes pesquisadores brasileiros.
Schwartz (2015), ao discorrer sobre a visibilidade e perspectivas das
investigações sobre o lazer, tece considerações válidas também para o turismo.
Segundo ela, ainda é preciso vencer os seguintes desafios: a) a compreensão ampla
e plural dos conceitos e fundamentos teóricos; b) a utilização de linguagem de fácil
entendimento pelos sujeitos, principalmente os leitores externos ao âmbito
acadêmico; e c) a publicação de estudos em periódicos de outras áreas, tendo em
vista contribuir com a divulgação dos conhecimentos sobre o lazer. Ou seja, nesse
breve levantamento, notou-se indicações aproximadas para a realização de estudos
futuros, que busquem transpor algumas questões e propiciem o avanço dessas áreas.
Em vista da continuidade da produção acadêmica e da diversidade de campos
do conhecimento que podem originá-la, foram elaboradas algumas indagações que
impulsionaram a presente pesquisa de mestrado: De que modo o lazer e o turismo
vêm sendo compreendidos por pesquisadores que realizam mestrado ou doutorado?
Quais interfaces podem ser inferidas nas análises empreendidas? E ainda, quais
aspectos, do conteúdo das teses e dissertações, podem ser destacados como
contribuições para os estudos do lazer e do turismo?
Uma pesquisa como essa se aproxima de investigações conhecidas como
“estado do conhecimento” e “estado da arte”. Isayama, Silva e Lacerda (2011, p. 168)
definem que o “estado da arte”:
[...] tem como desafio mapear e discutir uma certa produção acadêmica em um campo de conhecimento, buscando responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares.
Romanowski e Ens (2006) acreditam que o “estado da arte” permite
compreender uma área de conhecimento por abarcar todos os seus tipos de produção
– teses de doutoramento, dissertações de mestrado, artigos e demais publicações
17
científicas. A respeito do “estado do conhecimento”, essas autoras afirmam que
também se trata da discussão sobre determinado campo, porém focalizando “[...]
apenas um setor das publicações sobre o tema estudado.” (ROMANOWSKI; ENS,
2006, p. 40). Diante disso, optou-se pela realização de um “estado do conhecimento”
com foco em teses e dissertações, pois são defendidas em programas de pós-
graduação que tendem a contribuir de forma mais sistematizada com o crescimento
da produção acadêmica.
Portanto, propõe-se investigar a produção acadêmica sobre lazer e turismo
proveniente da conclusão de teses e dissertações em diferentes campos disciplinares.
Tem-se o intuito de pesquisar a existência de avanço do conhecimento, especialmente
acerca das interfaces pensadas sobre tais temas nos últimos anos. Assim, foram
definidos os seguintes objetivos para esse estudo.
1.1 Objetivos Objetiva-se compreender o estado do conhecimento sobre lazer e turismo em
teses e dissertações concluídas no Brasil entre 2009 e 2015. Para tanto, elaborou-se
como objetivos específicos:
Identificar os entendimentos sobre o lazer e o turismo enunciados no conteúdo dessa
produção acadêmica;
Compreender e discutir as interfaces entre esses dois fenômenos nas teses e
dissertações;
Investigar contribuições produzidas no seio de diferentes campos do conhecimento
para os estudos do lazer e do turismo.
1.2 Justificativa
O tema proposto foi objeto de investigação de Faria (2009, 2012) e Souza
(2011), cujos resultados contribuíram para a definição do período contemplado pelo
presente estudo. Identificou-se que, nos anos de 2009 a 2015, outras teses e
dissertações foram concluídas e ainda não analisadas, destacando a importância de
pesquisas continuadas sobre a temática. Consequentemente, tem-se em vista a
tentativa de preencher algumas lacunas encontradas em tais estudos, que serão
descritos a seguir.
18
Faria (2009) analisou os artigos publicados em periódicos brasileiros entre 2006
e 2008. A autora apresentou um panorama tanto do turismo quanto do lazer
(amparado em conceitos, características e pesquisa científica) e as possíveis
interfaces a partir dos elementos tempo, espaço e motivação. Ela identificou que os
autores não deixaram claro os entendimentos sobre o lazer e o turismo, além de
sobreporem um campo ao outro. A pesquisa concluiu a:
[...] necessidade de uma formação acadêmica em perspectiva continuada, de natureza multidisciplinar e formação de parcerias entre pesquisadores de diferentes áreas, favorecendo a produção de conhecimentos nos âmbitos do turismo e do lazer. (FARIA, 2009, p. 58).
Souza (2011), por sua vez, objetivou analisar os conhecimentos sobre o lazer
contidos em dissertações provenientes de cursos de mestrado acadêmico em
Turismo/Hospitalidade. Essa autora também realizou um panorama sobre o lazer, o
turismo e suas possíveis inter-relações, apresentando, ainda, os cursos de mestrado
nos quais os estudos examinados tiveram origem. Em sua dissertação, ela expôs que
existiam poucas pesquisas que aprofundassem a interface entre lazer e demais áreas
do conhecimento, indicando que o espaço para discussão sobre a temática era
escasso nos cursos de graduação em turismo. Souza (2011) esclareceu o seguinte:
Foram contatados (sic) distintos entendimentos acerca das relações entre o lazer e o turismo, inclusive no interior de uma mesma dissertação. Predominou a compreensão de que o turismo é um dos chamados “conteúdos culturais do lazer”. As relações entre lazer e turismo foram construídas a partir das categorias tempo e espaço, tendo-se como principal referência a ideia de “tempo livre”.
Em outro estudo, Faria (2012) investigou o conhecimento de lazer contido em
periódicos nacionais e internacionais do turismo. Para tanto, ela analisou as
características de tais publicações, a autoria dos textos, o posicionamento teórico-
conceitual sobre os fenômenos, além das interfaces entre eles. A autora concluiu que:
[...] existe um consenso entre os autores quanto à compreensão do turismo como possibilidade ou oportunidade de lazer e/ou recreação. Contudo, o que se entende por lazer e/ou recreação no contexto dos artigos analisados é diversificado, sobretudo em função das perspectivas adotadas nos trabalhos. Duas perspectivas principais de estudo do turismo, lazer e recreação foram identificadas nesta pesquisa e denominadas de econômico-mercadológica e sociocultural. (FARIA, 2012, p. 94).
As duas últimas pesquisas apresentadas se aproximam no que diz respeito aos
resultados obtidos, principalmente, no tocante às abordagens do turismo como
19
interesse cultural ou possibilidade de lazer. Sucintamente, os três textos finalizaram
afirmando que, no período por elas investigado (entre 2001 e 2010), não foram
identificados artigos e dissertações que se dedicassem profundamente à relação entre
lazer e turismo.
Ambas as autoras abordaram momentos distintos da produção acadêmica, mas
que podem ser associados, pois elas examinaram textos oriundos de pesquisas (como
as dissertações) e que comunicam resultados de pesquisas (como os artigos de
periódicos). Nos dois casos, o texto produzido deve conter o conhecimento atual sobre
determinado tema. Entretanto, suas conclusões indicam que tais textos não
contribuem para esclarecer aspectos concernentes ao lazer e ao turismo e, portanto,
não se constituem em nova produção, tampouco em seu necessário avanço.
Cabe destacar que Souza (2011) se concentrou no conhecimento sobre lazer
em mestrados em Turismo/Hospitalidade enquanto Faria (2009, 2012) se ateve aos
periódicos, fazendo com que ambas focalizassem o lazer pesquisado no âmbito do
turismo. É nesse sentido que a interdisciplinaridade mobilizou a investigação aqui
proposta, uma vez que outros campos também podem produzir conhecimentos não
apenas sobre o lazer, mas também sobre o turismo.
Sendo assim, teve-se em vista conhecer a produção acadêmica sobre os dois
temas em diferentes campos de estudo. Isso implicou em não desconsiderar novas
perspectivas de pesquisa que pudessem surgir ao longo do caminho, pois a origem
das teses e dissertações não se restringiu às áreas do turismo e do lazer. Os
diferentes fundamentos teóricos convocados somados aos resultados empíricos se
constituíram em uma miscelânea que poderia ratificar e/ou trazer novas informações
ao cenário em questão.
Acredita-se que essa dissertação possa contribuir com a inferência sobre o
alcance da produção acerca do lazer e do turismo, dado que os pesquisadores
precisam apreendê-la para elaborar suas pesquisas e, assim, tentar avançar
academicamente. Intenta-se ainda colaborar com a continuidade do estudo de Souza
(2011) ao adotar uma indicação enunciada pela autora: a seleção de teses de
doutorado como material de pesquisa.
20
2 PERCURSO METODOLÓGICO
Conforme mencionado, o presente estudo se caracteriza como um “estado do
conhecimento” (ROMANOWSKI; ENS, 2006), que, em diversas áreas, vem sendo
orientado pela bibliometria ou pela epistemologia. Sucintamente, a bibliometria6
possui cunho estatístico e é utilizada para realizar levantamento e/ou avaliação de
produção científica. Já a epistemologia
[...] é o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências. Semelhante estudo tem por objetivo determinar a origem lógica (não psicológica) das ciências, seu valor e seu alcance objetivos. (JAPIASSU, 1979, p. 25).
Em razão de tais entendimentos e por se tratar de um estudo essencialmente
qualitativo, considerou-se a análise epistêmica mais adequada a essa investigação de
mestrado. A epistemologia é, aqui, compreendida como uma reflexão da atividade
científica, ponderando também sobre a responsabilidade que detêm os cientistas e
técnicos. (JAPIASSU, 1979). Partiu-se do pressuposto das ciências como um
processo, ou seja, como o conhecimento que ainda está por vir ao invés de um
conhecimento estático.
Cabe lembrar que as discussões de cunho epistemológico podem ser
acompanhadas de críticas a respeito da cientificidade de alguns campos do
conhecimento. Todavia, não há universalismo ou uma verdade absoluta na ciência e,
por isso, tentou-se estabelecer uma análise epistêmica distante do respaldo nessa
visão cientificista. Pois, embora o turismo e o lazer não tenham sido legitimados como
ciência, constituem-se em duas áreas que produzem conhecimentos7.
São fenômenos sociais carregados de subjetividades e diferentes
possibilidades de estudo. Sendo assim, sua produção acadêmica pode ser revisitada
e analisada por aqueles que se dedicam a compreendê-los e discuti-los, resultando
6 Além dos livros, a bibliometria “[...], aos poucos foi se voltando para o estudo de outros formatos de produção bibliográfica, tais como artigos de periódicos e outros tipos de documentos, para depois ocupar-se, também, da produtividade de autores e do estudo de citações”. (ARAÚJO, 2006, p. 12-13).
7 Acredita-se que não é preciso a legitimação como ciência para que se reconheça a importância do conhecimento produzido nos campos do lazer e do turismo. Contudo, nas discussões epistemológicas realizadas por autores do turismo, por exemplo, essa questão ainda é recorrente. Autores como Ricco (2012, p. 167-168), por exemplo, lembram que “tal temática chegou a ser considerada pouco apropriada ao debate antropológico, pois de acordo com o paradigma vigente da sociedade industrial e pós-industrial, ócio e lazer eram vistos com restrições, e desta forma, o estudo do turismo podia estar relacionado a aspectos pouco sérios da sociedade.”
21
em uma crítica do conhecimento e em conhecimentos críticos. (PANOSSO NETTO;
CASTILLO NECHAR, 2014).
Por essa razão, a pesquisa realizada teve como desafio considerar a
epistemologia nas áreas do turismo e do lazer, dando atenção especial às interfaces
enunciadas entre esses dois temas. Panosso Netto e Castillo Nechar (2014, p. 134)
acreditam que:
A crítica busca compreender, construir, interpretar e produzir um sentido novo, um novo significado do objeto de estudo em questão, pois nada é dado que não deva ser e possa ser superado, é um levar-trazer o não dito para o dito, o não enunciado para o enunciado.
Devido ao amparo em uma análise de produção acadêmica específica, a
prática científica é aqui considerada como um espaço metodológico quadripolar.
(BRUYNE; HERMAN; SCHOUHEETE, 1983). À medida que desenvolve uma
pesquisa de mestrado ou doutorado, o investigador deve passar por etapas de
decisões que correspondem aos polos teórico, epistemológico, morfológico e técnico8.
Bruyne, Herman e Schouheete (1983, p. 35) abordam uma dinâmica da
pesquisa em ciências sociais mais distante da crítica do conhecimento, porém
assinalam que “o polo teórico guia a elaboração das hipóteses e a construção dos
conceitos” a serem trabalhados. Considerando o espaço quadripolar, cabe ao polo
teórico conferir uma referência para a investigação e, por essa razão, a pesquisa
delineada se concentrou em tal polo, visto que nele reside o caráter epistêmico do
estudo9.
Após essa definição metodológica, seguiu-se para a seleção do material a ser
examinado. Cabe lembrar que a produção acadêmica investigada é oriunda de cursos
que priorizam a produção e socialização de conhecimentos. A dimensão desse
desafio é salientada pela quantidade de cursos brasileiros de pós-graduação
8 Resumidamente, o polo teórico compreende a etapa de formulação dos conceitos, construção das hipóteses, dos parâmetros de interpretação (inclusive do “confronto” entre teoria e realidade) e soluções para o problema estudado. Já o polo epistemológico corresponde à definição do método de pesquisa (quantificação, fenomenologia, entre outros) e, assim, a objetivação do estudo. O polo técnico abarca os modos de levantamento de dados e informações, isto é, a definição de uma técnica de pesquisa (estudo de caso, simulação e etc.). Por fim, o polo morfológico estabelece os quadros de análise – os modelos estruturais, tipologias e sistemas referentes à investigação. Ainda que relacionem entre si, os polos possuem funções específicas, que podem ser analisadas separadamente no conteúdo dos estudos, como indicado na investigação proposta.
9 Por se tratar de pesquisa de caráter teórico, ou seja, não envolvendo a participação de seres humanos, não foi necessária a submissão da proposta de investigação ao Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da UFMG.
22
catalogados pela CAPES (2016): um total de 3.678 programas de mestrado e
doutorado. Tendo em vista analisar a produção proveniente de diversificados
programas de pós-graduação, optou-se pela seleção dos estudos em bancos e portais
eletrônicos de publicações acadêmicas, pois sua localização física inviabiliza uma
seleção presencial. Além do mais, dada essa dimensão numérica, foi observado
primeiramente o tema das investigações para, logo após, listar os programas que
acolheram projetos de pesquisa sobre lazer e turismo em diferentes áreas do
conhecimento.
Então, definiu-se como termos de busca: turismo, lazer, lazer e turismo, “lazer
turístico” e “turismo de lazer”. Tais termos foram utilizados para a busca de textos no
Banco de Teses do Portal CAPES, na seção Dados e Fatos no site do Ministério do
Turismo (MTUR) e no Portal Domínio Público10. A Biblioteca Digital de Teses e
Dissertações e o acervo geral da UFMG também foram consultados, uma vez que a
referida universidade oferta dois cursos de pós-graduação sobre o lazer.
Ao todo, essa etapa de seleção ocorreu em três períodos, que foram compostos
por 30 dias. O primeiro deles, entre agosto e setembro de 2014, foi marcado pela
escolha de 11 textos. Nas etapas restantes (entre maio e junho de 2015 e, depois,
entre outubro e novembro de 2015) foram selecionados outros 5 estudos. Tais
períodos de busca objetivaram abarcar o maior número possível de teses e
dissertações concluídas entre 2009-2015, uma vez que os textos são cadastrados por
diferentes pesquisadores e instituições de ensino superior nos portais de publicações
acadêmicas e também em seu respectivo acervo bibliográfico. Dessa maneira, teve-
se o intuito de encontrar disponíveis tanto os textos mais antigos (concluídos em 2009,
por exemplo) quanto as pesquisas mais recentes (finalizadas em 2015).
Além disso, foi necessário dividir a seleção em distintos momentos.
Inicialmente, procedeu-se a listagem dos textos cujos títulos continham os termos de
referência para a busca (lazer, turismo, lazer e turismo, “lazer turístico” e “turismo de
10 O desafio de se realizar uma investigação amparada na seleção de textos em bancos eletrônicos pode ser notado na definição de 6 diferentes sites para a busca de teses e dissertações. Esse número se justifica pela incompletude das informações disponíveis nos bancos de publicações acadêmicas. Por exemplo, a seção Dados e Fatos e o Portal Domínio Público não apresentam o texto completo dos estudos, exigindo a complementação da pesquisa no banco de teses e dissertações do programa de pós-graduação correspondente. Já o Portal CAPES apresenta os detalhes somente daqueles inseridos na Plataforma Sucupira entre 2013 e 2016. Cabe destacar também o entrave gerado pelos acervos bibliográficos de acesso restrito, que requerem um cadastro prévio, bem como a desatualização do site de alguns programas de pós-graduação.
23
lazer”) – que reuniu um total de 14 dissertações e 2 teses. Encerrou-se a busca
quando os resultados deixaram de revelar novas pesquisas sobre o lazer, o turismo e
suas interfaces. Em um segundo momento, prosseguiu-se com a leitura dos resumos
e sumários dos estudos, tendo em vista selecionar um conjunto de textos contendo
entendimentos, problematização e discussão sobre a temática investigada. Seguindo
esses parâmetros e critérios, excluiu-se 1 das 14 dissertações, pois seu foco se reside
em uma questão esportiva e de planejamento estratégico para a Copa do Mundo de
2014 – isto é, uma relação distante da temática proposta.
Sendo assim, o corpus final selecionado compõe-se de 13 dissertações de
mestrado e 2 teses de doutorado concluídas no período 2009-2015. Os anos de 2009
e 2012 possuem a maior representatividade de textos, com cinco e quatro
respectivamente. Referentes ao ano de 2011 correspondem três estudos, enquanto
que os anos de 2013 e 2015 somam outros três textos. Ao final, não foram
encontrados estudos defendidos nos anos de 2010 e 2014.
Convém esclarecer que as dissertações de Souza (2011), intitulada Análise
sobre estudos do lazer em mestrados em turismo e hospitalidade no Brasil
(2001-2007) e de Faria (2012), sob o título de Análise temática do lazer em artigos
publicados em periódicos nacionais e internacionais do turismo (2006-2010),
atenderiam aos requisitos de busca já mencionados, porém não foram consideradas
material de análise. Isso porque, diferentemente das demais teses e dissertações
selecionadas, tais autoras realizaram uma investigação sobre o lazer e o turismo em
outras produções acadêmicas.
Desse modo, por se tratarem de pesquisas empreendidas anteriormente,
optou-se por torná-las referências de investigação juntamente com a monografia de
graduação também realizada por Juliana A. S. Faria. Por isso, Faria (2009, 2012) e
Souza (2011) foram brevemente apresentadas no tópico 1.2 e serão mencionadas
novamente no tópico 4.6 – pertencente ao capítulo 4. Então, as informações sobre os
estudos realizados nos programas de pós-graduação que acolheram lazer e turismo
como temática de estudo foram detalhadas no quadro a seguir.
24
Quadro 1 – Listagem final de teses e dissertações selecionadas
Autor Título da pesquisa / Orientador Curso de pós-graduação Instituição Defesa
Melissa Baccon
Festiqueijo: cultura, lazer e turismo.
Orientador: Prof. Dr. Airton da Silva Negrine Programa de Mestrado em
Turismo
UCS
2009
Aline Lima Brandão
A organização do lazer e seus prazeres: um estudo de caso sobre o Club Med no Brasil.
Orientadora: Profa. Dra. Bianca Freire-Medeiros
Programa de Mestrado em
História, Política e Bens Culturais
FGV
2009
Bernardo Lazary
Cheibub
Lazer, experiência turística, mediação e cidadania: um estudo sobre o projeto Turismo Jovem Cidadão (SESC-RJ).
Orientador: Prof. Dr. Victor Andrade de Melo
Programa de Mestrado em
Estudos do Lazer / Mestrado
UFMG
2009
Adriana Silva Araújo
O ciclo de vida do fenômeno turístico em São Lourenço (MG): de estância hidromineral a destino de lazer e bem-estar.
Orientador: Prof. Dr. Roberto Célio Valadão Co-orientador: Profa. Dra. Doralice Barros Pereira
Programa de Mestrado em Geografia
UFMG
2009
Aline Martins da
Silva
Atratividade e dinâmica de apropriação de espaços públicos para o lazer e turismo.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Dias Lay
Programa de Mestrado em
Planejamento Urbano e Regional
UFRS
2009
Flávio Bezerra da Silva
Turismo e lazer sexual na cidade de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. Eduardo A. Yázigi
Programa de Mestrado em Geografia Humana
USP 2011
Roberta Celestino
Ferreira
Lazer e potencialidades para o turismo em Piracuruca, Piauí.
Orientadora: Profa. Dra. Wilza Gomes Reis Lopes Co-orientador: Prof. Dr. José Luís Lopes Araújo
Programa de Mestrado em
Desenvolvimento e Meio Ambiente
UFPI
2011
25
Autor Título da pesquisa / Orientador Curso de pós-graduação Instituição Defesa
André Fontan Köhler
Políticas públicas de regeneração urbana, preservação do patrimônio e lazer e turismo: padrões de intervenção pública e avaliação de resultados no Pátio de São Pedro, Recife, 1969-2008.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Irene de Queiroz Ferreira Szmrecsanyi.
Programa de Doutorado em Arquitetura e Urbanismo
USP
2011
Karlos Markes Nunes Parente
Os espaços públicos e privados de lazer e turismo na orla oeste de Fortaleza: embates políticos e contradições socioespaciais.
Orientadora: Profa. Dra. Luzia Neide Menezes Teixeira Coriolano
Programa de Mestrado em Geografia
UECE
2012
José Wellington Lúcio Soares
Meruoca: cidade de lazer, turismo e possibilidades no
sertão cearense.
Orientadora: Profa. Dra. Luzia Neide Menezes Teixeira
Coriolano
Programa de Mestrado em Geografia
UECE
2012
Renato das
Chagas
Benevenuto
Restrições intrapessoais para o lazer em turismo por
idosos no Rio de Janeiro.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Cesar de Mendonça Motta
Programa de Mestrado em
Administração de Empresas
PUC / RJ
2012
Geny Brillas
Tomanik
Lazer e turismo: o observatório Abrahão de Moraes – IAG/USP (1972-2011).
Orientador: Prof. Dr. Airton José Cavenaghi
Programa de Mestrado em
Hospitalidade
UAM
2012
Fernanda da Costa Silva
Adoções de espaços públicos de lazer e turismo urbanos: do planejamento à percepção dos usuários.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Cristina Dias Lay
Programa de Mestrado em
Planejamento Urbano e Regional
UFRS
2013
Raimunda Olímpia de
Aguiar Gomes
O litoral leste do Ceará: lazer e turismo à luz da educação.
Orientadora: Profa. Dra. Magda Adelaide Lombardo
Programa de Doutorado em
Geografia
UNESP “Julio de Mesquita Filho”
2013
26
Fabíola
Fernandes Silva
Fatores capazes de influenciar o encantamento do cliente do turismo de lazer a partir da experiência em parques temáticos.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Marques Júnior
Programa de Mestrado em Turismo
UFRN
2015
Fonte: Elaboração própria.
27
A análise de conteúdo foi escolhida para guiar o exame da teses e dissertações
selecionadas. Bardin (2011, p. 33) a define como “um conjunto de técnicas de análise
das comunicações”, do qual é possível obter informações de cunho quantitativo e
qualitativo. A organização da pré-análise não seguiu uma ordem cronológica,
ocorrendo juntamente com o processo de seleção do material de pesquisa. Suas
etapas podem ser observadas na figura 1 a seguir.
Figura 1 – Organização da pré-análise de conteúdo
Fonte: Elaboração própria a partir de Bardin (2011) e Franco (2012).
A leitura flutuante se refere a um contato com o material para as primeiras
impressões sobre o texto, correspondendo à leitura dos resumos e dos sumários das
teses e dissertações. Já a seleção do conteúdo considerou, nessa pesquisa, o objetivo
geral do estudo. Como já foi destacado, os textos deveriam atender aos requisitos: a
investigação da temática lazer e turismo e sua conclusão entre 2009-201511.
Tradicionalmente, a análise de conteúdo é vista como uma técnica de
procedimento fechado, com a construção de hipóteses. Todavia, Bardin (2011) e
Franco (2012) relatam a possibilidade de um procedimento exploratório, pois essa
11 De acordo com as regras básicas da técnica de análise de conteúdo, essa seleção pode partir também de um universo extenso, ou seja, existência de grande quantidade de conteúdo disponível e, por isso, levar em conta as regras de Exaustividade, Representatividade e Homogeneidade. No caso, o número de estudos encontrados era reduzido e, portanto, não seria pertinente à investigação constituir um corpus ainda menor.
• Leitura de resumos e sumários.
Leitura Flutuante
•Todos os estudos com o tema entre 2009-2015.
Seleção do conteúdo
•Estudo sem hipóteses
Formulação de hipóteses
• Tema / Categorias
Referenciação dos índices
28
técnica somente parte de um conjunto de regras básicas, não havendo a intenção de
se constituir em modelo único. Bardin (2011, p. 124) explica que:
De facto, as hipóteses nem sempre são estabelecidas quando da pré-análise. Por outro lado, não é obrigatório ter-se como guia um corpus de hipóteses, para se proceder à análise. Algumas análises efectuam-se <<às cegas>> e sem ideias pré-concebidas.
Isso posto, considerou-se mais adequado um olhar qualitativo a partir de um
procedimento exploratório, ou seja, sem a construção de hipóteses de estudo.
Visando à caracterização dos textos a partir de seus atributos, definiu-se o tema como
unidade de registro. Nesse caso, os indicadores de frequência12 (as abordagens, os
entendimentos, as interfaces e as contribuições) deram origem às seguintes
categorias temáticas:
Quadro 2 – Categorias que nortearam a análise das pesquisas selecionadas
Categorias Informações que visaram reunir
Abordagens teóricas priorizadas no conteúdo das teses e dissertações.
Abordagens que apoiaram os conceitos e os entendimentos acerca da temática estudada.
Entendimentos verificados acerca do turismo e do lazer.
Compreensões sobre esses dois fenômenos enunciadas nas dissertações e teses.
Interfaces apresentadas entre os fenômenos estudados.
As relações explicitadas nas pesquisas analisadas.
Levantamento das experiências turísticas e de lazer citadas.
As experiências turísticas e de lazer citadas nos textos analisados. Visou-se apreender suas semelhanças e diferenças, bem como entre os fenômenos em si.
Contribuições para os estudos do lazer e do turismo.
Informações que indicassem como as teses e dissertações contribuem para os campos estudados.
Fonte: Elaboração própria.
12 Embora Bardin (2011) e Franco (2012) denominem esta etapa de Indicadores de frequência, o olhar qualitativo para a análise implica em considerar a presença ao invés da frequência do tema. Assim, teve importância a ocorrência dos temas representados pelas categorias e não a quantidade de vezes que foram referenciados nos textos.
29
Durante o processo de análise, para cada categoria a priori, foram criadas
subcategorias, que tiveram o intuito de contribuir com a análise de conteúdo e, mais
tarde, organizaram a apresentação das ocorrências levantadas. No tocante às
experiências turísticas e de lazer, salienta-se que foram reunidas em 6 grupos
(observação de animais e contemplação de paisagens; prática de esportes; passeios;
uso de espaços públicos e privados; participação em eventos; e lazer no âmbito
doméstico), que foram denominados a partir das características conferidas pelos
pesquisadores em seus textos.
Considera-se que métodos e técnicas marcadamente rígidos podem direcionar
o olhar do pesquisador – sobretudo no caso de ocorrências indicadas por categorias
a priori. Isso ocasionaria certa negligência de outras possibilidades de estudo surgidas
ao longo do caminho. Porém, nesse estudo, a definição a priori de categorias visou
nortear ao invés de limitar a investigação, tendo-se em mente que poderiam ser
agregadas novas informações ao cenário pesquisado.
Finalmente, o levantamento das informações correspondeu à leitura dos textos
e registro das ocorrências, seguidas de sua análise propriamente dita. Tendo em vista
cumprir o exposto, bem como observar o “confronto” entre teoria e realidade no
conteúdo das teses e dissertações, optou-se pela leitura de todos os seus capítulos e
não somente do referencial teórico realizado.
O percurso apresentado originou a presente dissertação, que além da
Introdução e da Metodologia, é constituída por um terceiro capítulo, intitulado Lazer e
Turismo. Nessa parte, discute-se alguns fundamentos teóricos encontrados nos
campos do lazer e do turismo no intuito de visualizar os fenômenos estudados a partir
de uma perspectiva interdisciplinar.
O capítulo 4, O conhecimento produzido: o que dizem as teses e dissertações,
traz a análise de conteúdo realizada e a discussão de seus resultados. São
apresentadas ainda algumas informações que não foram agrupadas pelas categorias
iniciais de análise, mas que agregaram outros aspectos de discussão à pesquisa. Por
fim, apresenta-se as considerações que se fizeram necessárias e também algumas
indicações para a continuidade do estudo.
30
3 LAZER E TURISMO
A confusão dos termos “turismo” e “lazer” vem do aparecimento do tempo livre, que não é mais somente aquele dos rentistas, [...] e identifica-se com o espaço de liberdade dos trabalhadores. (HOERNER, 2011, p. 73).
Nessa citação de Hoerner (2011), saltam aos olhos importantes aspectos
tratados ao longo desse capítulo: a confusão acerca do lazer e do turismo e sua
imediata associação ao tempo livre. Isso porque nem sempre é possível apreender os
entendimentos dos autores sobre tais fenômenos (FARIA, 2009) e/ou os diálogos e
reflexões empreendidos.
No decorrer da pesquisa bibliográfica, notou-se diversificados pontos de partida
para se compreender e conceituar tanto o lazer quanto o turismo. Alguns deles podem
resultar em uma fundamentação parcial e/ou pouco reflexiva e crítica sobre os
pressupostos ainda em voga em ambos os campos. Dessa maneira, a seguir, são
feitas algumas explanações sobre esses pontos de partida no intuito de entendê-los e
discuti-los.
3.1 Reflexões sobre o lazer
No tocante ao lazer, o ponto mais relevante é a separação entre trabalho e
tempo livre, que, grosso modo, aparece nas explanações teóricas que focalizam a
Antiguidade Clássica greco-romana, aludindo aos termos skholé (grego) e otium
(latim). Àquela época, “skholé era um termo que, no uso comum, denotava um tempo
desocupado, um tempo para si mesmo que gerava prazer intrínseco.” (GOMES, 2004,
p. 133). Associado à contemplação, era vivenciado apenas por aqueles que não
tinham o trabalho, uma atividade inferiorizada, como uma obrigação. Bruhns (2002),
fundamentada no autor Sebastian de Grazia, salienta que a contemplação vinculada
ao sentido de ócio, tão valorizada pelos antigos gregos, possibilitava alcançar a
“verdade” e a “sabedoria”, se tornando um meio para que algumas pessoas pudessem
se elevar aos deuses.
Os romanos, por sua vez, conferiram ao lazer o sentido de otium em oposição
ao negócio – a negação do ócio. Assim, o lazer se tornou um tempo livre de trabalho
e se vinculou ao descanso do corpo e do espírito (vivenciado pela elite) e à recreação
31
das massas (associada ao “pão e circo” como forma de controle e despolitização).
(MASCARENHAS, 2005).
Mascarenhas (2005), ampara-se em Frederic Munné para indicar as diferentes
acepções que o ócio carregou ao longo do tempo. O autor assinala que essa forma
de compreender o termo é linear, contudo, esclarece que os diversificados
entendimentos também são fruto de influências histórico-sociais. Sua sistematização
sobre os sentidos de ócio tem início com o skholé grego, passa pelo otium romano,
pelo ideal de nobreza da Idade Média, pela ótica de vício na Idade Moderna e chega
ao lazer na Revolução Industrial. Ainda de acordo com Mascarenhas (2005, p. 227):
Em tal raciocínio, o curso da exposição segue a mesma rota do processo histórico efetivo. Inserido num quadro contraditório e dinâmico de transformação, não como um fenômeno que se desenvolve e se movimenta por si mesmo, mas em cada época como produto de determinadas condições, o ócio foi adquirindo novos e diferentes sentidos, conservando antigas significações e abandonando outras, até ter sua configuração radicalmente transformada, desdobrando-se no lazer. Ocorre que se o lazer, numa relação de ruptura e continuidade, nega e em certa medida incorpora o ócio, como a forma mais desenvolvida e atualmente dominante é, também, a mais complexa.
Assim sendo, durante a modernidade europeia foi concedida expressiva
importância ao trabalho, que recebeu o status de tempo produtivo, em detrimento do
lazer – associado de modo pejorativo à ociosidade e à improdutividade. Sob esse
entendimento, o lazer é abordado por alguns autores como um conjunto de ocupações
e deixa de ter um fim em si mesmo, ganhando a função de recuperar as energias para
o que é considerado um tempo produtivo. Vale lembrar que permanece ainda hoje a
destinação de um âmbito exclusivo do tempo ao trabalho, enquanto as demais
necessidades humanas (alimentação, descanso, entre outras) disputam as horas
restantes.
Essas perspectivas, de modo geral, contrapõem o lazer às obrigações
humanas e podem levar à exclusão de camadas sociais das manifestações de lazer,
além de se circunscreverem a contextos histórico-sociais específicos – que não
contemplam distintas realidades. Apesar disso, tais pressupostos ainda são
encontrados, em alguns estudos, como conhecimentos definitivos e
desacompanhados de reflexões a respeito de seu contexto de origem.
No Brasil, segundo Gomes (2008a), a literatura sobre o lazer foi influenciada
pela presença do sociólogo Joffre Dumazedier, entre a década de 1960 e 1980, em
eventos e cursos acadêmicos de discussão sobre a temática. Compreendendo que o
32
lazer representa um conjunto de práticas vividas fora do tempo dedicado às
ocupações e obrigações humanas, Dumazedier (1973) o associa às funções de
divertimento, descanso e desenvolvimento, como um momento importante para a
recuperação das energias para o trabalho. É preciso reconhecer a importância das
contribuições conferidas pelo sociólogo aos estudos do lazer, todavia, a partir desse
entendimento, o autor propicia o terreno para a ampla socialização de uma lógica
funcionalista desse fenômeno.
As pesquisas e interpretações nesse campo avançaram e a cultura se
constituiu em mais um ponto de partida para se compreender o lazer. Marcellino
(2007a) defende essa articulação por meio de quatro pontos: a) a vivência cultural no
tempo disponível; b) o lazer gerado historicamente; c) o tempo, que representa o
momento de mudanças morais e culturais; e d) a educação para e pelo lazer. Ao
ponderar sobre sua ocorrência histórica, esse autor afirma que “[...] o lazer sempre
existiu, variando apenas os conceitos sobre o que era e quais os seus significados.”
(MARCELLINO, 2007b, p. 20).
De acordo com Gomes (2014, p. 12), o lazer enquanto uma experiência da vida
cotidiana não é fruto da modernidade urbano-industrial, pois “[...] representa a
necessidade de fruir, ludicamente, as incontáveis práticas sociais constituídas
culturalmente.” Para a autora, o lazer não é visualizado como um resíduo do tempo
dito produtivo, uma vez que esse entendimento o circunscreve ao tempo da “não
obrigatoriedade”, o que poderia induzir a compreensão fragmentada sobre a dinâmica
da vida, como se ela fosse feita de momentos e de situações estanques.
Em vista disso, para ela, a viagem, os jogos virtuais, as artes, o desenho, a
contemplação e outras inúmeras práticas são manifestações culturais do lazer. São
representações que configuram, ao mesmo tempo, uma fruição, produção e
participação dos sujeitos em um contexto histórico-social. Assim, o lazer é
compreendido como:
[...] uma necessidade humana e dimensão da cultura que constitui um campo de práticas sociais vivenciadas ludicamente pelos sujeitos, estando presente na vida cotidiana em todos os tempos, lugares e contextos. (GOMES, 2014, p. 9).
Amparados nesse entendimento, Gomes e Elizalde (2012, 2014b) visualizam o
lazer sob uma perspectiva transformacional, que, frente aos conflitos sociais e
ambientais crescentes, possibilita ações contra-hegemônicas em busca de uma vida
33
melhor. Segundo eles, tal perspectiva, ainda em construção, se trata de “[...] um
catalisador sinérgico, que recursivamente permite o desenvolvimento de diversas
dimensões humanas.” (GOMES; ELIZALDE, 2014b, p. 132).
Outro ponto de partida do lazer se refere ao tema como um direito do cidadão,
como é o caso da Constituição Brasileira de 1988. De igual importância perante aos
demais direitos sociais, o lazer é mencionado ao lado da educação, saúde, moradia,
trabalho, assistência aos desamparados, segurança, previdência social e da proteção
à maternidade e à infância. (BRASIL, 1988).
A esse respeito, Santos e Amaral (2010) salientam a falta de leis que
contribuam especificamente com a concretização do direito ao lazer, que envolve a
concretização da própria cidadania. Segundo elas, o lazer quase sempre figura
associado às políticas de saúde, educação, esporte, dentre outras, pois “[...] não vem
sendo entendido como tendo sentidos e significados nele mesmo, mas como parte ou
meio de outras políticas alcançarem seus objetivos.” (SANTOS; AMARAL, 2010, p. 6).
É nesse sentido que Menicucci (2006) observa que o lazer ainda carece de
uma conceituação própria no que tange a formulação de políticas públicas. Segundo
a autora, essa definição clara é essencial para que o lazer seja implementado em
função de sua importância em si mesmo ao invés apenas da vinculação a outros
temas. Ainda de acordo com Santos e Amaral (2010, p. 7):
Os direitos sociais são a afirmação, o reconhecimento político da função social do Estado. No entanto, a concretização dessa função se dá na medida em que a população reivindica os direitos sociais e o Estado os garante através das políticas sociais. Ocorre, assim, uma relação dialética em que os cidadãos legitimam o Estado e este lhes confere direitos. O rompimento dessa relação dialética, objetivada pelo discurso hegemônico atual que deslegitima o Estado, responsabiliza os indivíduos por suas condições de vida e condiciona a efetivação dos direitos de cidadania às regras mercantis da competição, fazendo com que o Estado perca o poder de ação política, e
os cidadãos seus direitos.
Reconhece-se a importância das relações de mercado, porém subjugar o lazer
às regras mercantis pode gerar um enfoque economicista do mesmo, uma vez que
pode ser pensado como uma mercadoria ofertada a uma sociedade cada vez mais
consumista. O problema em visualizar o lazer desse modo está na referência a ideias
parciais sobre ele, articulando-o, por exemplo, a uma imagem de fuga da rotina, de
válvula de escape do ambiente do trabalho.
Nessa situação, a mídia, principalmente a comunicação de massa, pode
contribuir para reforçar o entendimento de lazer como uma necessidade secundária,
34
colocada em função do tempo dito produtivo. Ou seja, se por um lado, a mídia permite
o acesso às diversas manifestações do lazer, por outro pode se tornar um contributo
para divulgá-lo apenas na lógica do descanso e entretenimento. Marcellino (2007b, p.
18) afirma que “[...] o que se percebe, hoje, é que o entretenimento ganhou vida
própria, independente, numa clara alusão ao lazer-mercadoria.” Vale lembrar ainda
do termo “mercolazer”, desenvolvido por Mascarenhas (2005, p. 138):
Ancorado nos modismos, o mercolazer, esvaziado de conteúdo socialmente útil, funda formas de diversão e entretenimento cada vez mais sintonizadas com o imediatismo, potenciando ao máximo as sensações de prazer e excitação por elas produzidas, agora superconcentradas no escape fugaz aos paraísos artificiais, na euforia do consumo e no êxtase da aventura. (Grifo do autor).
A partir de outros valores além do econômico, o autor Cuenca Cabeza (2014)
salienta o potencial de desenvolvimento social que o lazer possui. Para ele, sendo
uma evolução do conceito de ocio (equivalente ao termo lazer utilizado no Brasil), o:
ocio valioso es la afirmación de un ocio con valores positivos para las personas y las comunidades, un ocio basado en el reconocimiento de la importancia de las experiencias satisfactorias y su potencial de desarrollo social. El adjetivo << valioso >> enfatiza aquí el valor social beneficioso que se reconoce en la práctica de determinados ocios, así como su potencial de desarrollo humano, lo que no excluye otros tipos de desarrollo, como pudiera ser el económico. (CUENCA CABEZA, 2014, p. 87).
Considerando tais ideias, nessa dissertação, entende-se que o lazer é
importante por ser uma necessidade humana fundamental. Por meio de suas práticas,
ele pode estimular o conformismo, a passividade e a alienação, mas, dependendo das
escolhas feitas por cada pessoa, a vivência lúdica de manifestações culturais pode
auxiliá-la a organizar suas impressões sobre a vida, ampliando seu olhar crítico.
Feitas essas explanações sobre o lazer, é preciso contextualizar o turismo para,
em seguida, tratar das interfaces entre esses dois temas.
3.2 Reflexões sobre o turismo
O turismo é um fenômeno multifacetado e, por isso, pode ser compreendido a
partir de diferentes enfoques, tais como o econômico, o geográfico e o sociológico.
Segundo Lemos (2001), o estudo econômico do turismo pode considerar algumas
correntes: do utilitarismo; do deslocamento; do desenvolvimento industrial; e das
belezas naturais atrelada ao desenvolvimento autossustentável. Assim, ganham
35
importância fatores específicos sobre a demanda e a oferta turística, inclusive quando
produz dados ligados à satisfação do visitante, à geração de renda e fluxo monetário
ao destino turístico, assim como aos produtos para o desfrute da natureza.
Basicamente, elas amparam a análise da estrutura e infraestrutura propícia ao
planejamento local do turismo como uma atividade econômica e podem contribuir para
justificar e/ou ampliar o investimento aplicado na atividade, diversificar e elevar a
chegadas de visitantes.
O desenvolvimento do turismo como “indústria”, por sua vez, se destaca tanto
pela ampla utilização como abordagem do fenômeno quanto pelas críticas que recebe.
Isso porque considera o agregado que o setor pode representar para a economia local
(geração de emprego e renda, circulação de moeda, aumento de investimentos,
ampliação da oferta de serviços e de infraestrutura, etc.). Não raro, as críticas a esse
desenvolvimento do turismo indicam que ocorre sob foco notadamente economicista,
porém Ricco (2012, p. 173) assinala que:
O fato é que muitos estudos enfocam o fenômeno apenas por uma perspectiva, aquela que busca encontrar os efeitos positivos da atividade, ressaltando-se aí os benefícios econômicos; ou a visão contrária, que apresenta o turismo como o grande causador da homogeneização das culturas e outras mazelas sociais. Vê-se que, nos dois casos, há certo radicalismo, e tais análises carecem de maior objetividade.
Por isso, não se deve negligenciar a importância do viés econômico para o
turismo, pois ele também é capaz de possibilitar a inclusão, o sentimento de
pertencimento, além das questões monetárias, como destacam Coriolano e
Vasconcelos (2014, p. 12) ao abordar a necessidade de se:
[...] descobrir mecanismos para que, em diferentes lugares, pessoas encontrem, via turismo, novas oportunidades de inclusão social. Seja como possibilidade de organização de pequenos empreendimentos e arranjos produtivos locais; seja como atividade remunerada regularmente, garantindo renda familiar e minimizando o impacto do desemprego, que continua a atingir parte da população residente, nos diferentes lugares turísticos.
Para uma compreensão mais aprofundada do tema, é imprescindível
considerar outros pontos de partida ao invés de uma única perspectiva, a exemplo de
algumas preocupações da geografia. Dentre as possibilidades de relações conferidas
pelo enfoque geográfico está a ideia do turismo como um potencializador da
reorganização do território, seguindo as necessidades da atividade – que pode ocorrer
36
em consonância ou conflito com os interesses da população residente, do chamado
terceiro setor, do poder público e da iniciativa privada.
Essa função da geografia, em muitos casos, é apropriada pela lógica
mercadológica do turismo, que tende a priorizar uma perspectiva do consumo e da
produção de territórios para o turismo13, podendo, inclusive, reduzir ou excluir o
usufruto da população residente14. Santos (2000, p. 23), ao refletir sobre a relação
entre o território, as empresas e o Estado, pondera que:
Como vemos, há um uso privilegiado do território em função das forças hegemônicas. Estas, por meio de suas ordens, comandam verticalmente o território e a vida social, relegando o Estado a uma posição de coadjuvante ou de testemunha, sempre que ele se retira, como no caso brasileiro, do processo de ordenação do uso do território.
Para Coriolano e Vasconcelos (2014, p. 10), independentemente da
abordagem, estudar o turismo como fenômeno requer “[...] destacar o papel do espaço
na reestruturação do sistema econômico e do próprio território.” Pimentel e
Castrogiovanni (2015) ressaltam, porém, que a geografia pode contribuir para além
da compreensão do espaço, alcançando seu entendimento a partir das relações e
significados conferidos pelo sujeito em viagem – compreensão a qual se deve
acrescer os significados dados pelos residentes no destino turístico. É provável que,
em algum momento, essa perspectiva teça confluências com os enfoques sociológico
e antropológico, pois:
Os estudos socioantropológicos do turismo preocupam-se em salientar as transformações e seus efeitos benéficos ou maléficos da atividade para as comunidades de destinações turísticas, focando em especial seus modos de vida, valores, tradições e as interações e trocas sociais no ambiente em que ocorrem os encontros de grupos de culturas diferentes. (RICCO, 2012, p. 179).
13 Knafou (1996) aponta três formas de relação entre o turismo e o território: territórios sem turismo (aqueles ainda não submetidos intensamente ao turismo), turismo sem território (locais em que a atividade é exercida sem relação com seu território) e os territórios turísticos, que se inserem na questão da produção de territórios para o turismo. Segundo esse autor, tratam-se de “[...] territórios inventados e produzidos pelos turistas, mais ou menos retomados pelos operadores turísticos e pelos planejadores. Isto traz problemas delicados de planejamento, já que não é somente os espaços que se “planeja”, mas toda a sociedade.” (KNAFOU, 1996, p. 73).
14 No Brasil, não raro, a população residente fica destituída dos equipamentos e espaços de lazer presentes em seu território quando estes passam a ser geridos pela iniciativa privada vinculada ao turismo. Um exemplo disso se refere a porções de algumas praias localizadas no nordeste brasileiro, que, antes da construção de resorts, eram de livre acesso e depois se tornaram espaços exclusivos do meio de hospedagem.
37
Dias (2003) explica que, grosso modo, a sociologia do turismo pretende
contribuir com a elaboração de cenários e o desenvolvimento do fenômeno,
considerando as interações sociais, os impactos e o papel do turismo na sociedade
estudada. Para ele,
Em resumo, uma sociologia do turismo não pode ficar restrita, unicamente ao estudo das interações que ocorrem motivadas pelo movimento dos turistas, pois se tornaria extremamente limitada. Deve estudar as diversas modificações sociais que ocorrem na sociedade que influem no movimento de turistas [...]. (DIAS, 2003, p. 20)
É nesse terreno fértil de perspectivas que um posicionamento conceitual sobre
esse fenômeno precisa ser desenvolvido, buscando um entendimento que não priorize
um enfoque em detrimento de outro. Como atesta Ricco (2012, p. 170):
Devem-se considerar aí os três pilares nos quais a atividade se assenta: o econômico (a atividade deve ser rentável para a comunidade), o social (a convivência entre visitante e visitado deve ser na base do respeito à alteridade) e o ambiental (atrela o uso à conservação, não gerando custos ambientais para a região). (RICCO, 2012, p. 170).
Contudo, compreender o fenômeno em si pode não ser tão simples. Dentre as
diferentes tentativas conceituais em voga nesse campo está a proposta da
Organização Mundial do Turismo (OMT), que busca padronizar seu entendimento e
dimensionar a atividade em seus países-membros. (IGNARRA, 2003). Ainda que seja
importante para fazer análises estatísticas, essa concepção não leva em conta vários
fatores importantes, sobretudo sociais. Acredita-se que a parcialidade na definição do
que é o turismo e/ou a busca de uma concepção que atenda a interesses específicos
não seja exclusividade da OMT.
A partir de Barreto (2000), Dias e Aguiar (2002), Ignarra (2003), Ansarah
(2004), Andrade (2008) e Panosso Netto (2010) é possível notar que mesmo as
primeiras tentativas de conceituação deste tema, com início no século XVII, estão
apoiadas somente em alguns aspectos, que, isolados, não dão conta de explicar a
dinamicidade do fenômeno. Essas conceituações são caracterizadas por Vasconcelos
(2005) como reducionistas e que, por isso, diferentemente das definições holísticas,
apresentariam menos amplitude e flexibilidade – o que não significa que tais
definições tenham conferido igual importância aos diferentes fatores que compõem o
turismo. A partir da explanação realizada, ele pode ser entendido como:
38
[...] um fenômeno social, cultural e espacial, que surgiu a partir de uma prática humana, de homens e mulheres que desejaram, movidos pelas mais diversas motivações, experienciar algo diferente do que estavam acostumados a viver em seu cotidiano e em seus locais habituais de residência e convívio social. (ARAÚJO; ISAYAMA, 2009, p. 147).
Moesch (2000, p. 9) amplia o olhar sobre o tema ao assinalar que:
O turismo é uma combinação complexa de inter-relacionamentos entre produção e serviços, em cuja composição integram-se uma prática social com base cultural, com herança histórica, a um meio ambiente diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações interculturais. O somatório desta dinâmica sociocultural gera um fenômeno, recheado de objetividade/subjetividade, consumido por milhões de pessoas, como síntese: o produto turístico.
Refletindo a respeito de tais compreensões, concorda-se com Moesch (2000)
de que no turismo haja uma combinação entre produção e serviços, porém o
somatório de tal dinâmica não deve gerar somente um produto turístico, mas “[...] um
fenômeno sociocultural de profundo valor simbólico para sujeitos que o praticam.”
(GASTAL; MOESCH, 2007, p. 12). Todavia, não basta considerar o turismo com foco
no sujeito em viagem, pois o destino e os residentes estão envolvidos nas múltiplas
relações que o fenômeno estabelece entre visitantes e visitados15, com a cultura, com
o meio social e natural, com a economia local e com as apropriações do seu território
em uso. Sendo assim, a importância do turismo reside não somente nos impactos que
desencadeia, mas nas interações que opera enquanto fenômeno e também como
campo de estudos.
Seguindo adiante, após explanar sobre o lazer e o turismo separadamente
torna-se necessário abordar suas interfaces, na medida em que tais áreas
estabelecem interpenetrações que não são totalmente abarcadas por um lado ou
outro da fronteira entre eles.
3.3 Problematizando as interfaces entre o lazer e o turismo
15 Concorda-se com Ricco (2012, p. 173) quando ela afirma que “muito se fala sobre as potencialidades e possibilidades - várias - do turismo em promover o intercâmbio cultural entre visitantes e visitados, o choque de culturas, a valorização do outro por meio da alteridade, a aculturação, o conflito e a compreensão mútua, a paz mundial.” (Grifo da autora). Em suma, o desafio do turismo, ainda nos dias de hoje, é encontrar um ponto de equilíbrio na tentativa de adotar a máxima de redução dos impactos negativos e ampliação dos resultados positivos.
39
Primeiramente, é preciso afirmar que, “a relação entre lazer e turismo já foi
discutida em diversos trabalhos no Brasil, e não há pretensão alguma, aqui, de sugerir
pioneirismo no assunto.” (UVINHA, 2007, p. 47). Porém, do mesmo modo que esse
autor, dada a dinamicidade dos fenômenos, considera-se de suma relevância a
produção continuada a seu respeito.
É nesse sentido que os pressupostos sobre o lazer e o turismo apresentados
anteriormente podem suscitar alguns debates, implicando em delineamentos
restritivos ou mais amplos sobre as relações que estabelecem. Os delineamentos
restritivos se referem, por exemplo, ao entendimento do lazer como um conjunto de
ocupações, que pode limitar a concepção e também as suas manifestações à fuga da
rotina. Ao relacionar essa ideia ao turismo, ele seria representado pelas viagens de
escape do cotidiano pessoal/profissional, sendo responsável unicamente pelo
descanso e o divertimento.
Sob essa ótica, “pouco importa para onde se vai, desde que se afaste do
cotidiano, que se possa desligar, mudar de ambiente.” (KRIPPENDORF, 2001, p. 51).
De acordo com esse mesmo autor, o sujeito não consegue pensar no lazer como
manifestações a serem vivenciadas no seu local de residência, mas somente longe
desse espaço e, por isso, viaja – mesmo que seja para desfrutar de manifestações e
espaços também presentes onde vive. Ainda hoje tal afastamento do cotidiano como
uma fuga, ao invés de um encontro, é uma ideia comum, mas é preciso partir de outras
perspectivas para que o lazer e o turismo não se tornem sinônimos ou sejam tratados
parcialmente.
Torna-se necessário, então, traçar delineamentos mais amplos ao considerá-
los como fenômenos inerentes à cultura, pois não se aproximam somente durante as
práticas dos sujeitos no tempo destinado ao lazer ou às viagens, mas também em seu
cotidiano como cidadão. Nesse ínterim, o lazer concebido desde uma perspectiva
crítica pode colaborar para que a apropriação da cultura local pelo turismo não
espetacularize suas manifestações de modo superficial, consumista e efêmero.
Pode-se citar, ainda, a importância do lazer para a conscientização e
preservação patrimonial. (MARCELLINO, 2007b). Lembrando que lazer e turismo são
permeados pelo jogo político, outras conexões podem surgir quando se considera que
os atrativos turísticos, em muitos casos, são, a priori, espaços e equipamentos de
lazer apropriados pela comunidade residente.
40
Tais relações salientam a possibilidade de aliar e “confrontar” diversificados
fundamentos teóricos para que as inferências sobre esses temas sejam
aprofundadas, contribuindo para gerar novas perspectivas de estudo. Gomes,
Pinheiro e Lacerda (2010, p. 25) explicam que:
[...] cada campo teve sua história de formação, sendo normal que cada um (sic) observe de forma peculiar a outra, às vezes numa preocupação de demonstrar mais influência quando tratam de assuntos similares.”
Ainda segundo eles, ao tratar o turismo como um de seus conteúdos culturais,
o lazer ressalta os aspectos sociais daquele fenômeno. Esses autores afirmam
também que, de outro modo, nos estudos do turismo os aspectos salientados sobre o
lazer comumente se referem aos negócios. Nessa dissertação, o “confronto” entre os
conteúdos do lazer e do turismo gira em torno da submissão ou da sobreposição de
um fenômeno ao outro.
Enquanto campos distintos, ambos possuem formas diferentes de contemplar
um e outro em seus estudos. Frequentemente, o turismo é visto como uma experiência
de lazer, observado a partir das manifestações desfrutadas pelos sujeitos em viagem
– isto é, o lazer, considerado como área mais ampla e complexa, seria a razão do
turismo. De fato, se retomado o marco histórico mais citado por estudiosos dessa
temática (as viagens organizadas por Thomas Cook, no século XIX), o lazer pode
representar o elemento-chave daquele fenômeno. Em outras palavras, ele teria
surgido em um contexto histórico-social notadamente industrial, com a inserção de
novos modos de produção, adoção de outros entendimentos sobre o valor do trabalho
e do lazer, assim como de uma ideia de tempo livre contraposta ao tempo dito
produtivo.
Nesse sentido, situar o surgimento do turismo no século XIX parece evocar sua
imediata associação com o lazer, pois ele se tornaria um meio de ocupar o tempo livre
de trabalho com uma viagem. Tal pensamento decorre, conforme indica Barreto
(2000), da popularização de alguns destinos europeus para a classe trabalhadora por
meio das viagens organizadas por Cook. É preciso destacar que a viagem não é
sinônimo de turismo, pois, desde remotamente este fenômeno pode ser impulsionado
por meio de variadas motivações: tratamentos de saúde, aventura e novas emoções,
educação, envio de mensagens, comércio, dentre outras. Contudo, na esteira do
entendimento de tempo livre à época, parece que as motivações e os assuntos
41
profissionais foram excluídos da prática turística. Possivelmente, pelo fato de o lazer
também ser entendido, sobretudo naquele contexto histórico, como um contraponto
do trabalho.
Assim sendo, o marco histórico reconhecido como início do turismo não se
apoia, por exemplo, nas possibilidades de encontro entre pessoas ou o desejo de
conhecer outras culturas, mas, em seu potencial econômico. Talvez, por isso, se fale
que a modernidade europeia tenha sido responsável por transformações propulsoras
do turismo organizado (a exemplo de um sistema de transporte mais rápido), e
também pela criação de agências de viagens. Em suma, acredita-se ser mais
importante a realização de outras análises, na medida em que o lazer pode não ser a
motivação principal ou secundária do turismo, mas pode estabelecer várias
confluências com o mesmo16.
A partir da inserção por Camargo (1986) em uma classificação pré-existente de
conteúdos culturais, o turismo passou a ser tratado como um interesse do lazer17. Á
época, esse autor o compreendia como área mais ampla, que acolheria o turismo
dentre os demais interesses ou conteúdos culturais18. Sob essa compreensão, autores
como Cheibub (2014) e Taveira e Gonçalves (2012) veem o turismo como uma
possibilidade do lazer, como se observa a seguir:
O turismo é uma das expressões mais expressivas do Lazer no Mundo Contemporâneo. Para melhor explicar esta afirmação, pode-se dizer que tal fenômeno está diretamente vinculado ao lazer, em que a prática turística é uma materialização das vivências deste. (TAVEIRA; GONÇALVES, 2012, p. 9).
Sobre a produção internacional, Uvinha (2007, p. 50) elucida que:
16 A exemplo dos projetos “SP + 1 Dia” e “Fique Mais Um Dia”– lançados no município de São Paulo (SP). Inicialmente direcionado aos turistas de negócios, o “SP + 1 Dia” objetivava a permanência dos turistas no destino por, ao menos, um dia após a programação profissional, fazendo com que desfrutassem de seus espaços e equipamentos de lazer. Assim, o projeto “Fique Mais Um Dia” apresenta as mesmas características, porém voltado a todos os turistas, e possui uma publicação específica com dicas e roteiros que ampliem a permanência em São Paulo. Disponível em: <http://cidadedesaopaulo.com/download/>. Acesso em 29 abr. 2016. 17 Para mais, ver Marcellino (2007a), que organiza alguns textos que abordam os cinco primeiros conteúdos culturais do lazer e também aqueles inseridos posteriormente por outros autores: o interesse turístico e o virtual.
18 É preciso considerar, aqui, o exposto por Schwartz (2003), que, discordando dessa maior amplitude do lazer, pondera que a proposta de classificação em conteúdos culturais apenas parte do princípio preponderante em cada interesse. Portanto, observar o turismo como um conteúdo, uma possibilidade de lazer não deve conferir maior complexidade a este último.
42
A relação do turismo com o lazer vai receber uma menção em praticamente todas as produções consultadas, independentemente do idioma ou âmbito acadêmico abordado. Reconhece-se, em geral, que o turismo é parte integrante do lazer e elemento contemporâneo fundamental para análise de tal esfera da vida humana.
Também é possível apreender a relação entre esses dois temas por meio da
expressão “lazer turístico”. Uma análise de publicações a respeito evidencia que essa
expressão tem sido empregada distintamente: Camargo (1986) e Cheibub (2014) a
conferem significado similar ao lazer extra-doméstico (ou seja, uma vivência no
município de residência) enquanto Franzini (2003), Camargo (2004) e Gomes e
Rejowski (2005) se referem ao “lazer turístico” como as experiências desfrutadas no
destino da viagem.
Nota-se que a divergência entre esses usos reside na categoria “viagem”, pois
há autores para quem o “lazer turístico” pode ocorrer independentemente da distância
percorrida ou somente no destino turístico. Isso porque, diferentemente do campo do
turismo, nos estudos do lazer é considerada a categoria “deslocamento”, que pode
ultrapassar os limites municipais, envolver grandes distâncias, bem como não transpor
o próprio bairro – por isso, é tratado por alguns autores como mais abrangente do que
a viagem, que envolve ultrapassar os limites municipais19.
Logo, entende-se que o “lazer turístico” não requer necessariamente uma
viagem, mas se apropria do estranhamento e de um outro olhar sobre as pessoas e
os lugares (características consideradas no campo do turismo), para proporcionar
vivências como aquelas desfrutadas pelo turista.
Nos estudos do turismo também há autores que o entendem submetido ao
campo mais amplo em que se constitui o lazer. Trigo (2002, p. 11), por exemplo,
assinala que “o turismo faz parte de um universo maior denominado lazer.” (Grifo do
autor). Contudo, vale pontuar, esse tema é visto por ele como “[...] todas as atividades
desenvolvidas fora do sistema produtivo (trabalho), das obrigações sociais, religiosas
e familiares.” (TRIGO, 2002, p.11).
19 Cabe destacar que no campo do turismo a distinção entre deslocamento e viagem não é tão clara, pois, não raro, são mencionados como um termo equivalentes. No entanto, segundo o Dicionário Michaelis (2015), uma das acepções de deslocamento é deslocação, definida como [1. Ação ou efeito de deslocar. 2. Afastamento, mudança de um lugar.]. É nesse sentido que o deslocamento envolve qualquer movimento e não somente aquele que ultrapassa o entorno habitual (esse, sim, entendido como uma viagem). Desse modo, o lazer turístico se refere ao deslocamento enquanto o turismo tem a viagem como categoria crucial.
43
Com uma discussão teórica mais profunda, Coriolano (2006) explica que sem
o lazer não ocorreria a prática turística. Por isso, para ela, não há sentido em observá-
lo como um segmento do mercado turístico, já que ele não seria a motivação de
apenas uma parte, mas de todo o fenômeno. A argumentação dessa autora está
centrada em uma polêmica em torno do turismo de negócios, que se relaciona
diretamente à delimitação da fronteira entre o turismo e o lazer. Assim, ela afirma:
Durante muito tempo, as viagens dos executivos a negócios (a São Paulo ou nesse Estado) não figuravam nas estatísticas do turismo. À medida que se começou a investigar e analisar, compreendeu-se que esses visitantes em negócios também faziam lazer, portanto, eram turistas. Assim, compreendeu-se que a viagem com a utilização dos equipamentos turísticos, (hotéis ou pousadas) e o tempo livre dos negócios era usado no lazer com idas a restaurantes e visitas aos atrativos turísticos, por conseguinte, existiu o turismo. Dessa forma surgiu o turismo de negócios, pois interessava ao mercado lucrar com esse filão. (CORIOLANO, 2006, p. 43).
Em outras palavras, o negócio teria se tornado um segmento do mercado
turístico devido à percepção do lazer como motivação existente durante a viagem e
também devido às possibilidades econômicas. Assim, parece ficar claro que a
delimitação do que pode ou não ser o turismo ultrapassa os elementos do fenômeno
em si, pois tanto o movimento de recusa das motivações profissionais quanto a sua
inclusão visa atender interesses específicos – sejam eles econômicos ou o limite entre
um campo e outro20.
O debate suscitado por Coriolano (2006) chama a atenção para o uso da
expressão “turismo de lazer”, que ainda não possui um conceito claramente definido.
Apesar disso, notou-se a predominância de um enfoque mercadológico, na medida
em que o lazer é visto como um segmento turístico (como no caso do INSTITUTO
BRASILEIRO DE TURISMO, 2015) ou como um conjunto de segmentos, que
agruparia o turismo cultural e de sol e praia, dentre outros (notado em SCHÜLLER;
MECA; CÉSAR, 2012 e em PREFEITURA MUNICIPAL DE ASSAÍ, 2012). Como ponto
20 Em suma, essa discussão gira em torno de dois pontos: a) esse segmento não se trata de turismo, pois envolve assuntos profissionais; e b) é uma tipologia do turismo, pois possui momentos de lazer. Não se tem o intuito de aprofundar a temática, mas faz-se necessário ponderar que o negócio também pode ser mediado pelas relações de encontro e reações de estranhamento de modo semelhante a outros segmentos. Ou seja, não se considera aqui, primordialmente, o uso de equipamentos específicos (como os meios de hospedagem) para caracterizar tal motivação como turística. Embora seja pouco mencionada no turismo e no lazer, as Relações Internacionais estudam a cultura como fator integrador ou inibidor de aproximação e negócios entre países. Desse modo, ela pode gerar reconhecimento e estranhamento também entre os sujeitos motivados por interesses profissionais.
44
em comum, ambas as interpretações consideram experiências vividas durante as
viagens de férias, marcando um distanciamento das motivações profissionais.
A relação entre turismo e lazer mediada pela segmentação turística é mais
profunda do que parece. Isso porque a exploração do turismo como uma atividade se
ampara, cada vez mais, na inovação constante dos produtos e na competição entre
os destinos pela atração de turistas. Em decorrência, “[...] pela lógica mercantilista,
exploram-se nas localidades os seus principais atrativos, identificando aí diversos
subprodutos que corresponderão a diferentes níveis da experiência turística” (RICCO,
2012, p. 172), o que pode contribuir com o surgimento de tipologias articuladas ao
lazer.
É o caso do “turismo de recreação e entretenimento” e do “turismo de repouso”,
além do “turismo de lazer”, encontrados em livros que dedicam um capítulo ao
marketing e à segmentação. Para Andrade (2008), por exemplo, o “turismo de
repouso” se apoia no tempo livre como momento de descanso, relaxamento e
recuperação de energias. Esse autor afirma que:
As viagens de repouso acontecem porque os locais de residência e trabalho cansam as pessoas e as desgastam sobremaneira, tanto pela rotina de ações como pela ininterrupta convivência com realidades e pessoas nem sempre agradáveis ou queridas. (ANDRADE, 2008, p. 70).
Não fica claro em que consistiria o “turismo de recreação e entretenimento”,
contudo as próprias teorias do lazer são negligenciadas nesse segmento, pois,
segundo Gomes e Elizalde (2012), o lazer é mais amplo do que a recreação,
englobando-a. Ademais, o lazer não abarca somente diversões, mas também o
descanso contemplativo e inúmeras possibilidades de aprendizado. Questões como
essas são desconsideradas em classificações extremamente segmentadas e indicam
que um campo nem sempre avança suas discussões considerando o conteúdo já
produzido pelo outro, mesmo quando a temática estudada se relaciona a ambos21.
O lazer é um tema que toca o turismo sem, necessariamente, se tornar uma de
suas tipologias, por isso reduzi-lo a um mero propulsor de novas demandas tende a
contribuir pouco com o planejamento das atividades a serem desfrutadas pelo sujeito
21 Frente a isso, é pertinente indagar: Quais seriam as semelhanças e diferenças entre o “turismo de lazer”, o “turismo de recreação e entretenimento” e o “turismo de repouso”? O que cada um desses segmentos propiciaria ao sujeito para além das funções de descanso e relaxamento? É improvável obter respostas para tais questões devido à ausência de um aporte teórico-conceitual sobre as diferentes tipologias e à parcialidade que elas apresentam sobre o turismo e o lazer.
45
em viagem. Ao invés de preocupar, principalmente, com a satisfação do turista
enquanto um cliente, é preciso pensar nas características que esse sujeito levará
consigo sobre o local visitado – as reflexões sobre si e sobre o mundo, por exemplo.
Nesse contexto, o lazer tem muito a contribuir com o fenômeno turístico (e vice-versa).
Iniciou-se a presente dissertação afirmando que autores como Araújo e
Isayama (2009), Gomes, Pinheiro e Lacerda (2010) e Taveira e Gonçalves (2012) já
empreenderam discussões sobre o lazer e o turismo. Apesar disso, estabelecer
interfaces entre esses dois temas não é tarefa fácil. Araújo e Isayama (2009) expõem
que ambos os campos consideram a categoria tempo, mas definem que este, o
deslocamento e o homem são essenciais ao turismo, inclusive para diferenciá-lo do
lazer. Vale afirmar que, diferentemente desse estudo, para tais autores o
deslocamento envolve tanto a viagem quanto o movimento de ida e volta dentro do
próprio município de residência.
Souza (2010, 2011), considera que ambos os fenômenos possuem como
interseção a denominação de “indústrias” e que também são tidos, no senso comum,
como entretenimentos, cuja finalidade seria compensar as frustrações e insatisfações.
A autora lembra ainda que eles se inserem nas ciências sociais, porém com uma
produção científica ainda recente. Tal como Araújo e Isayama (2009), ela observa
como elemento de singularidade que o lazer se efetiva independentemente do turismo
do mesmo modo que este não se vivencia obrigatoriamente em função do lazer.
Por sua vez, Taveira e Gonçalves (2012, p. 20) explicam que:
Discussões no campo do Lazer e do Turismo sobre seus fundamentos, princípios e concepções teóricas são constantes no contexto acadêmico-científico nos núcleos de ensino e pesquisa das mais conceituadas universidades e institutos de pesquisa do mundo, no entanto é sabido que se têm mais incertezas que verdades sobre a estreita relação entre os fenômenos, sobretudo quando o Turismo acontece de forma dissociada do Lazer e quando este se desenvolve em espaços e lugares turísticos.
Partindo da ideia de turismo como uma das várias possibilidades do lazer, tais
autores discutem algumas diferenças e pontos comuns entre eles, estabelecendo
divergências e convergências a partir das interseções: deslocamento; gratuidade;
acomodação; experiência e vivência; sazonalidade; liberdade de escolha; tempo;
espaço; busca pelo prazer; e fenômeno sociocultural.
Além das características expostas por esse conjunto de autores, vale lembrar
que as duas áreas foram constituídas por conhecimentos de diferentes campos, com
46
destaque para os conteúdos das ciências humanas e sociais. Outro fator importante
é que tanto o lazer quanto o turismo são mediados por políticas e ações de fomento
do poder público e do terceiro setor, bem como pela oferta da iniciativa privada. Dessa
maneira, o turismo é constituído por um planejamento e desenvolvimento que pode
ou não considerar o lazer enquanto a oferta deste pode ou não levar em conta aquele.
Deve-se mencionar ainda que residentes e turistas possuem interesses
comuns, mas também necessidades diferentes conforme a utilização de espaços
destinados a ambos. Nesse contexto, um distanciamento entre os fenômenos reside
no foco direcionado ao turista ou ao residente dependendo do campo analisado.
Retoma-se também que, nessa dissertação, entende-se a viagem como caráter
definidor do turismo e o deslocamento como definidor do lazer.
Portanto, organizando os pensamentos dos autores abordados e o
entendimento desta pesquisadora, algumas interfaces e distanciamentos podem ser
observados no quadro 3 a seguir.
Quadro 3 – Interfaces e distanciamentos entre o lazer e o turismo
Interfaces
Turismo Lazer
São fenômenos socioculturais.
Ambos foram constituídos por conhecimentos de diferentes áreas.
Estão inseridos nas ciências sociais e têm produção acadêmica relativamente recente.
Tempo e espaço como categorias importantes.
Busca por prazer e satisfação.
Liberdade de escolha.
Articulação ao termo “indústria” e entretenimento.
Mediados por políticas e ações de fomento do poder público e do terceiro setor, bem como pela oferta da iniciativa privada.
Distanciamentos
Sazonalidade.
Necessidade de acomodação.
Viagem como caráter definidor.
Planejamento com foco no turista.
Relação entre turismo e lazer deve ir além da segmentação de mercado.
Gratuidade.
Deslocamento como fator definidor.
Planejamento com foco no residente.
Relação entre lazer e turismo se dá a partir do estranhamento.
Fonte: Elaboração própria.
47
As informações dispostas no quadro 3 corroboram que lazer e turismo não são
sinônimos, conforme exposto por Souza (2010). Seguindo esse raciocínio, concorda-
se com Lacerda (2010, p. 308-309) quando ele atesta o seguinte:
Significa que não existiria uma área submetida à outra. Ambas contemplam temas, conteúdos, pensamentos, processos e ações coincidentes, mas cada uma a seu modo. O que não impede o aproveitamento de uma dessas esferas ao vivenciar a outra.
Não se tem aqui o intuito de demarcar rigidamente essas áreas, pois “[...]
enquanto vivências sociais e culturais, turismo e lazer se entrelaçam nas diversas
motivações praticadas pelos sujeitos, não sendo possível delimitar onde um começa
e outro termina.” (ARAÚJO; ISAYAMA, 2009, p. 149). Então, tal como Gomes,
Pinheiro e Lacerda (2010), conclui-se que há uma linha tênue entre esses campos,
tornando-os fronteiriços. “O desafio é, portanto, deixar de se conceber as interfaces
entre turismo e lazer como um preciso limite entre eles, para se entender que eles são
espaços vagos, de interpenetrações e mistura entre duas áreas.” (ARAÚJO;
ISAYAMA, 2009, p. 149).
Intenta-se, assim, compreender que ambos possuem algumas interfaces, mas
também distanciamentos e, por isso, um não abarca completamente o outro. Em
decorrência, cabe às análises interdisciplinares enfatizar a porosidade entre tais
campos, bem como identificar outros pontos ainda confusos e as relações existentes
no suposto vazio disciplinar22. (ALVARENGA et al., 2011). Um desses pontos, convém
destacar, se refere à necessidade de ressignificação das expressões “lazer turístico”
e “turismo de lazer”, tendo em vista conferir-lhes uma conceituação decorrente de
novos aprofundamentos sobre a temática.
Portanto, o presente tópico tentou discutir algumas fragilidades referentes ao
que já foi pensado acerca do lazer, do turismo e suas interfaces. Dito isso, tendo em
mente o emaranhado de entendimentos expostos, retoma-se os questionamentos
iniciais dessa dissertação: De que modo o lazer e o turismo vêm sendo compreendidos
por pesquisadores que realizam mestrado ou doutorado? Quais interfaces podem ser
inferidas nas análises empreendidas? E ainda, quais aspectos, do conteúdo das teses
22 Para Alvarenga et al. (2011), a interdisciplinaridade resultaria na negação da existência de um vazio entre as disciplinas, revelando-se as possibilidades de conhecimento nas fronteiras disciplinares. Entender o lazer e o turismo como fenômenos fronteiriços implica em reconhecer a presença de algumas características no limite desses campos, ou seja, não abarcadas por um lado ou outro de sua tênue fronteira.
48
e dissertações, podem ser destacados como contribuições para os estudos do lazer e
do turismo? O capítulo 4, a seguir, apresenta os resultados da análise da produção
acadêmica estudada.
49
4 O CONHECIMENTO PRODUZIDO: o que dizem as teses e dissertações
Este capítulo foi dedicado a apresentar e discutir os resultados encontrados a
partir da análise de conteúdo. Para tanto, o processo de levantamento das
informações consistiu da leitura do texto, registro das ocorrências correspondentes às
categorias definidas a priori e sua posterior análise. Cabe lembrar as categorias a
priori:
Abordagens teóricas priorizadas no conteúdo das teses e dissertações;
Entendimentos verificados acerca do turismo e do lazer;
Interfaces apresentadas entre os fenômenos estudados;
Levantamento das experiências turísticas e de lazer citadas; e
Contribuições para os estudos do lazer e do turismo.
As teses e dissertações foram examinadas em sua totalidade e não somente
os capítulos destinados à sua fundamentação teórica. Para a apresentação que se
segue, optou-se pela codificação das pesquisas tendo em vista maior clareza da
identificação dos pesquisadores e dos autores consultados para a revisão
bibliográfica. Dessa maneira, os pesquisadores são aqueles nomeados por M
(mestre), acompanhados da numeração de 1 a 13 e D (doutor), seguidos da
numeração 1 ou 223.
4.1 O posicionamento teórico encontrado nas teses e dissertações
Buscou-se observar as abordagens que apoiaram os conceitos e os
entendimentos acerca do lazer e do turismo manifestados nas pesquisas estudadas,
pois considera-se que um conceito isolado de aprofundamento teórico não é suficiente
para compreender um objeto. Para que seja facilitada a compreensão, primeiramente
serão explanados os resultados sobre o lazer e, em seguida, sobre o turismo.
A respeito do lazer, a leitura das teses e dissertações indicou que 5 estudos
(dos pesquisadores M1, M2, M6, M11e D2) aprofundaram um entendimento sobre o
tema a partir de sua contraposição ao trabalho. Outras três pesquisas também se
23 Os números de M seguem-se de 1 a 13 porque, conforme mencionado no capítulo Percurso Metodológico, foram selecionadas 13 dissertações. Igualmente, D é acompanhado pelo número 1 ou 2, pois foram selecionadas 2 teses para o presente estudo.
50
alinharam a essa perspectiva de compreensão, porém, de modo superficial (como é o
caso de M4, M5 e M8). Exemplos desse posicionamento foram notados nos trechos
que se seguem:
Observamos que o lazer está sempre associado ao não trabalho, tempo livre, descompromissado. A possibilidade de práticas oriundas nestes momentos que pode ser definida como lazer é inimaginável [...]. (M6, p. 33).
Assim, para que haja lazer é preciso disponibilidade de tempo, podendo este ser diário, semanal, ou de longa duração (férias ou aposentadoria), mas a forma preferida depende da rotina e o desgaste físico e mental de cada um. (M7, p. 20).
Seguindo essa linha de raciocínio, o entendimento de lazer foi amparado em
postulados que o visualizam como uma necessidade básica cumprida somente no
tempo livre. Este, comumente, compreende o tempo restante após o cumprimento das
diversas obrigações humanas, conforme observado na seguinte citação: “O lazer
acontece no tempo livre dos indivíduos, tempo restante após as obrigações
profissionais e sociais (aquelas não vividas como lazer)." (M5, p. 21). Talvez por isso
mesmo o lazer ganhe a função de recuperação de energias para o tempo dito
produtivo, podendo se articular ainda à fuga do cotidiano. Sobre isso, M4 refletiu que:
Diante da necessidade física e psíquica de retorno à natureza e à tranquilidade do campo, surge a “indústria” do lazer e do turismo que erige a viagem como a única forma de livrar-se das neuroses urbanas, do cotidiano constrangedor das cidades, como se o trabalho fosse sempre massacrante e a viagem funcionasse sempre como garantia do bem-estar. (M4, p. 33).
Duas pesquisas não contrapuseram o lazer às obrigações humanas, porém a
cultura foi referenciada como um ponto de partida para a compreensão do lazer em 1
dentre os 15 textos. Esse vínculo do tema estudado com o tempo de “não-trabalho”
foi ponderado na dissertação de M3:
O próprio termo “não-trabalho” traz implícito o trabalho como mola propulsora e eixo principal da vida. Já indagamos antes se ainda é assim para todos os indivíduos. Inversamente poderíamos falar em tempo de não-lazer para denominar o trabalho e outras obrigações? O problema é que tanto lazer como trabalho (e podemos alavancar uma série de exemplos), em diversas situações se interpenetram, se confundem, ainda que em muitas ocasiões percebemos claramente suas delimitações. (M3, p. 16).
De modo geral, a cultura, a ludicidade e a chamada “educação para e pelo
lazer” foram mencionadas recorrentemente nas teses e dissertações sem se
constituírem em seu foco de discussão. Por outro lado, no conjunto dos textos
51
analisados, o posicionamento sobre o lazer situa o fenômeno no contexto moderno,
urbano e industrial, ideias essas que se articulam ainda hoje a um entendimento
parcial sobre o tempo livre. Isso foi observado na pesquisa de M2:
O tempo livre foi organizado e institucionalizado. Mais do que uma pausa entre os períodos de trabalho, pessoas passaram a vê-lo como um domínio separado. Como o trabalho tornou-se cada vez menos lúdico e as horas de trabalho mais bem definidas, houve a necessidade de atividades não-utilitárias que foram conceituadas a partir desse período como lazer. (M2, p. 20).
É nesse sentido que Gomes (2014) explica que alguns fundamentos seguem
vigorando desde o século XX com poucas reflexões. A dissertação de M2 também
reconheceu a importância de se repensar tais ideias, propondo que as relações
mediadas pelo lazer envolvam o contexto das obrigações humanas. Entretanto,
considerando o conjunto de teses e dissertações, notou-se a predominância do
paradigma liberal-consumista, como identificado por Igarza (2007). Segundo o autor,
este paradigma “[...] interpreta el ocio exclusivamente como el descanso y la liberación
del trabajo y que busca hacer del tiempo libre, sobre todo, un espacio de consumo
[...].” (IGARZA, 2007, p. 39). Em um dos textos, o caráter econômico do lazer foi
refletido do seguinte modo:
Assim, o lazer perde o caráter de necessidade básica, para transformar-se em mero consumo produzido pela iniciativa privada, comercializado como mercadoria. (M8, p. 18).
Além dos pontos de partida referentes ao trabalho e à cultura, percebeu-se
fundamentação teórica amparada na geografia e também no lazer como um direito
social. Sobre o primeiro enfoque, 5 pesquisas conferiram mais atenção às
transformações dos espaços – por vezes articulando o lazer ao desenvolvimento
turístico. No estudo de M8, por exemplo, lê-se:
Identificam-se os espaços públicos e privados de lazer e turismo para compreender as contradições socioespaciais. Estuda-se a segregação socioespacial, a partir de políticas de apropriação espacial e de uso e ocupação do solo urbano. (M8, p. 16).
Por sua vez, a pesquisa de M6 buscou uma análise da espacialização dos
equipamentos de lazer sexual, cujo uso se trata de uma das intenções também dos
turistas em visita ao município de São Paulo. O pesquisador explicou que:
Na primeira parte apresentaremos a método utilizado para compreendermos o fenômeno do turismo e lazer sexual na cidade de São Paulo, analisando o
52
espaço geográfico a partir das relações indissociáveis entre os sistemas de objetos e os sistemas de ações, possibilitando o uso do território. (M6, p.)
No tocante ao lazer como um direito social, o estudo de M8 aludiu ao exposto
por Santos e Amaral (2010), no capítulo anterior, sobre a efetivação do direito ao lazer
por meio de regras mercantis e a perda de direitos pelos cidadãos. Ele analisou as
perdas da comunidade residente expondo que:
As responsabilidades com a prática do lazer, como direito de todos, vão sendo transferidas para empresas privadas, quando se intensifica o crescente processo de exclusão socioespacial, visto que, aos poucos, moradores tradicionais vão perdendo acesso aos espaços, que são tecnificados e elitizados, mesmo aqueles que são públicos. (M8, p. 18).
Considerando tais resultados, os conhecimentos socializados sobre o lazer
permaneceram notadamente associados ao trabalho e ao tempo livre, que são
elementos oriundos das discussões iniciais sobre o tema no contexto moderno
europeu. Embora alguns pesquisadores tenham identificado problemáticas vinculadas
à efetivação do direito e do acesso ao lazer, suas discussões e posicionamentos
teóricos partiram de reflexões que não o consideram como um fenômeno
historicamente situado. Nesse contexto, ele foi parcialmente entendido como uma
forma de propiciar o desenvolvimento pessoal, ou seja, não foi destacado seu
potencial para uma maior conscientização dos sujeitos sobre o seu papel como
cidadão e da importância do lazer em si mesmo.
Dito isso, torna-se necessário que os pesquisadores atentem para outras
concepções e abordagens acerca do lazer, a exemplo do ocio valioso (CUENCA
CABEZA, 2014) e do lazer contra-hegemônico e transformacional (GOMES;
ELIZALDE, 2012, 2014b), abordados no capítulo anterior. Conhecer outros
entendimentos sobre a temática pode colaborar com a construção de conhecimentos
mais amplos e reflexivos.
Seguindo para os resultados referentes ao turismo, notou-se a predominância
dos enfoques econômico e geográfico, inclusive articulados no interior de um mesmo
texto. Somente 1 dentre os 15 estudos aprofundou o posicionamento do turismo a
partir de seu caráter econômico, porém outras 10 pesquisas mencionaram que o
fenômeno também se constitui em uma atividade de mercado.
Sob esse enfoque, a tese de D2 e a dissertação de M8 evidenciaram o turismo
como um vilão. Os pesquisadores conferiram críticas ao modo de desenvolvimento da
53
atividade ao destacarem a interferência no equilíbrio do ecossistema de praia e
mangue, a especulação imobiliária e a remoção de comunidades em nome do
reordenamento urbano direcionado ao lazer e ao turismo. Ambos os estudos
ressaltaram o que, mais tarde, foi assinalado por Coriolano e Vasconcelos (2014, p.
2014): “em todo o Brasil, especialmente no Norte e Nordeste, destacam-se políticas
facilitadoras de alocação de equipamentos do turismo de megaempreendimentos,
sobretudo nas metrópoles e no litoral.”
Apesar dos problemas identificados por D2 e M8, é emblemático negligenciar
o caráter econômico do turismo, então o entrave reside no modo em que é convocado
para a compreensão do fenômeno. Como enfatiza Ricco (2012), diferentes valores e
sentidos entram em conflito ao longo do processo de desenvolvimento turístico,
[...] gerando efeitos indesejáveis como a perda da estabilidade social e comercialização de culturas empobrecidas em sua essência, ou por outro lado, a valorização do patrimônio histórico e cultural e a afirmação da identidade grupal por meio do resgate da memória. (RICCO, 2012, p. 179).
Sendo assim, as reflexões sobre o viés economicista poderiam vir
acompanhadas da ideia de um turismo mais humanizante – referenciada nesses dois
textos, porém sem aprofundamento. Talvez porque, como destacou a dissertação de
M8, essa não foi a visão priorizada pelos planejadores turísticos locais, fazendo
predominar os interesses da lógica do capital, aludindo à mesma ideia exposta por
Coriolano (2006).
Já no enfoque geográfico foram abordados os conflitos de interesses, bem
como o jogo político e de poder estabelecidos pelo turismo. Sobre isso, a pesquisa de
M4 explica que “no caso do turismo, a apropriação do espaço por determinados atores
sociais permite a eles a tomada de decisões quanto ao modo de apropriação,
constituindo um território marcado por relações de poder.” (M4, p. 46).
Em outros 2 estudos foi indicada uma relação do turismo com o espaço
geográfico e sua transformação em prol do fenômeno. É nesse sentido que foi
ressaltada a articulação desse enfoque teórico ao econômico, uma vez considerada
uma perspectiva mercadológica, cujo destaque centrou-se no consumo e na produção
de turismo sem territórios e também territórios turísticos – tal como apresenta Knafou
(1996).
É importante explicar que a predominância da economia e da geografia na
compreensão do turismo não se deve somente à origem das teses e dissertações em
54
programas de pós-graduação sobre esses dois temas. Isso porque considerando a
área básica24 de cada programa, apenas 3 cursos se vinculam às ciências econômicas
e administrativas enquanto 5 se referem à geografia. Todavia, como já afirmado, 11
textos mencionaram o caráter econômico do turismo, enquanto 7 textos se ampararam
no enfoque geográfico.
Tal como mencionado sobre a cultura no tópico referente ao lazer, elementos
do enfoque sociológico do turismo foram referenciados nas pesquisas analisadas, nas
quais o tema foi tratado como um fenômeno social ou sociocultural. Contudo, esse
enfoque não constituiu uma discussão profunda no conteúdo dos textos, na medida
em que os pesquisadores conferiram destaque ao caráter econômico, sobretudo na
primeira entre as duas citações:
As análises deste trabalho partem do conceito de turismo como um fenômeno social, gerador de atividades econômicas e transformador de espaços. Este conceito nos permite considerar não apenas o capital movimentado por esta atividade econômica, mas também os atores sociais que dela participam: o poder público, o setor privado, as comunidades residentes nas localidades turísticas e os turistas. (M4, p. 23).
Além disso, é um fenômeno social, pois ocorre em uma sociedade, influenciando-a a sendo influenciado por esta, mediante a interação entre os vários agentes (prestadores de serviços) que possibilitam o usufruto do produto turístico, e ainda, a interação entre o visitado (comunidade local) e o visitante (turismo), esteja ele só, ou em grupo. (M11, p. 67).
No capítulo anterior foi abordado que os diversos fundamentos a respeito do
lazer e do turismo poderiam indicar delineamentos amplos ou mais restritivos, pois,
passíveis de relações, não se excluem mutuamente. Refletindo sobre o conteúdo
encontrado nas teses e dissertações, notou-se uma tendência aos delineamentos
restritivos, visto que poucas abordagens foram utilizadas e correlacionadas pelos
pesquisadores. Por exemplo, a referência ao enfoque sociológico foi pontual, mesmo
quando os textos abordaram questões sociais permeadas por ambos os fenômenos.
Chamou a atenção o número expressivo de pesquisas que não apresentaram
discussão teórica aprofundada sobre o lazer e o turismo, 9 e 10 textos
respectivamente. Esse dado aludiu ao exposto por Gomes e Melo (2003) de que até
24 Na Plataforma Sucupira, pertencente ao Portal CAPES, os programas de pós-graduação stricto sensu estão cadastrados de acordo com sua área de avaliação e área básica. As teses e dissertações analisadas nesse estudo tiveram origem em: Administração de Empresas / Turismo; Geografia; Sociais e Humanidades; Planejamento Urbano e Regional; Arquitetura e Urbanismo; Ciências Ambientais; e História. Nos Apêndices (página 106), pode-se observar no quadro Áreas dos programas de pós-graduação a correspondência de cada uma delas com os cursos de mestrado e doutorado.
55
o final da década de 1990 era comum a reprodução de entendimentos sobre essa
temática sem muitas reflexões aprofundadas. O mesmo é válido para o turismo e
também foi explicitado em uma tese da seguinte forma:
A tentativa de compreender o turismo parte de diversas disciplinas e campos de conhecimento, mas os textos seminais notabilizam-se pela falta de preocupação em definir o que é turismo, e também em determinar quem é o turista. Parece que a atividade é de tão simples apreensão que não é preciso definir e delimitar o fenômeno estudado. (D1, p. 114).
Contudo, segundo a discussão realizada na presente dissertação, essa
simplicidade não se faz verdadeira, seja pela diversidade de fundamentos disponíveis,
seja pelo constante “estado de inacabamento” (GOMES; ELIZALDE, 2012, p. 38) das
conceituações e revisões elaboradas pelos estudiosos do tema. Consequentemente,
considerando a abordagem teórica, é razoável reafirmar que nem sempre é possível
apreender os diálogos e reflexões empreendidos sobre o lazer e o turismo.
Seguinte adiante, a segunda categoria a priori visou apreender os
entendimentos sobre ambos os temas enunciados no conteúdo das dissertações e
teses analisadas. Sucintamente, o lazer foi identificado como: a) um fenômeno
sociocultural; b) um fenômeno dinâmico; c) um direito social; d) um direito humano; e)
uma dimensão da cultura; e f) uma busca por prazer. Em alguns textos o lazer não
fica circunscrito ao tempo livre, mas em outros é entendido como a ocupação desse
tempo. Além dessas ideias, há uma articulação à fuga da rotina, ao entretenimento, à
diversão e ao consumo.
Já o turismo foi visualizado como: a) um fenômeno sociocultural; b) um
fenômeno moderno; c) uma dimensão da cultura; d) uma gama de prestação de
serviços (entre os quais a recreação e o entretenimento); e) uma atividade econômica
/ negócio. Grosso modo, ele foi associado às relações histórico-sociais vividas fora do
entorno habitual, à fuga da rotina, à diversão e ao consumo.
Notou-se que ambos, lazer e turismo, foram desarticulados da rotina e do
cotidiano, do qual se deveria distanciar para vivenciá-los. Discordando disso, o estudo
de M1 explicou que “ao se estudar uma festa se faz necessário analisar as relações e
interações com o cotidiano, a rotina e trabalho, pois elas fazem parte do universo do
lazer [...]” (M1, p. 19). Ou seja, foi evidenciado que eles não estão (e nem devem estar)
restritos ao tempo livre tampouco à ideia de resíduo do trabalho e demais obrigações
humanas.
56
As experiências turísticas podem resultar em fruições memoráveis, nos moldes
de Meneses (2006), quando se deseja o encontro com o outro e um outro lugar ao
invés de apenas fugir do seu entorno habitual. Assume-se que, realmente, desde as
modificações advindas dos momentos histórico-sociais denominados de
Renascimento e de Revolução Industrial, o trabalho passou a constituir um âmbito
específico na vida humana. Contudo, essa relação totalmente contraposta precisa ser
redimensionada nos dias atuais, que são marcados pelo avanço da tecnologia. As
mídias sociais, por exemplo, estão cada vez mais presentes no cotidiano dos sujeitos.
Pouco a pouco, os smartphones passaram a ser utilizados nos momentos de
diversificadas obrigações e nos deslocamentos (de casa para o trabalho e durante as
viagens, por exemplo), assim como no lazer.
No caso das pesquisas aqui analisadas, notou-se que nos marcos teóricos em
que o lazer aparece contraposto às obrigações humanas não há a menção do uso de
tecnologia e das mídias digitais pelos sujeitos. Por um lado, essa ausência se deve
ao foco de cada estudo, que não tratou especificamente do uso de tecnologia durante
as viagens, por exemplo. Mas, por outro lado, é uma característica importante e não
deve ser desconsiderada, pois indica práticas de lazer.
Outro ponto em comum é que ambos os temas são vistos como um
passatempo, descanso, divertimento e recreação, vinculando as manifestações
culturais de lazer à descontração, como nas pesquisas de M1, M2, M7, M10 e M13.
Tal vínculo pode ser justificado por uma visão de mundo centralizada no contexto
moderno, urbano e industrializado, isto é, notadamente capitalista. Mais uma vez sua
importância deve ser reconhecida, porém a crescente ideia de uma sociedade apoiada
na competitividade, na inovação de produtos e no consumo pode gerar pouca reflexão
do que isso realmente implica para o lazer e o turismo, tanto como campos de estudo
quanto como manifestações. Parece ser nesse sentido que M9 chama a atenção para
um viés do turismo, que:
[...] como atividade capitalista adota práticas econômicas que beneficiam investidores e degradam o meio ambiente que é transformado em objeto de consumo. Ao desprezar o suporte de carga dos núcleos receptores, provoca danos, muitas vezes irreversíveis, faz aumentar a especulação imobiliária e a deterioração dos ecossistemas que são transformados em atrativos turísticos. Em muitos “lugares turísticos”, a lógica econômica é a de quanto mais visitantes melhor, pois dinamiza a economia e desenvolve os lugares em curto prazo. Mas não é tão simples assim. (M9, p. 16).
57
Sucintamente, os resultados mencionados evidenciaram que o lazer e o turismo
estabelecem relações com possibilidades distintas, tais como o consumismo, o
entretenimento, o setor econômico e fatores histórico-sociais (a modernidade
europeia, por exemplo). Todavia, também são questões que precisam ser
redimensionadas para que a oferta de lazer tenha conteúdos amplos, articulando a
cidadania, o atendimento dos direitos sociais e a fruição da cultura, seja no destino da
viagem ou no local em que se vive.
4.2 Interfaces entre o lazer e o turismo
Visou-se apreender as relações explicitadas sobre esses dois fenômenos na
produção acadêmica analisada. Entende-se que tais relações são relevantes para
aprofundar conhecimentos sobre a problemática abordada pelos pesquisadores.
Apesar disso, mesmo que o tema de todas as teses e dissertações envolvessem o
lazer e o turismo, notou-se que suas interfaces não foram profundamente abordadas.
De acordo com a análise empreendida, as teses e dissertações enunciaram
interfaces apoiadas no lazer como um subtipo do turismo (identificada nas pesquisas
de M5 e M13) e também do turismo submetido ao lazer (nos textos de M1, M2, M3,
M4, M8, M9, M10, M11 e D2). O primeiro grupo compreendeu o lazer como um
segmento do mercado turístico e, por vezes, um contributo dessa atividade.
De outro modo, os nove estudos que compõem o segundo grupo entenderam
que o lazer se trata da essência, da motivação primeira para a prática turística. Ou
seja, a maioria das pesquisas analisadas manteve uma relação de sobreposição entre
tais fenômenos como se segue:
Logicamente uma viagem que não tem o descanso ou a diversão como buscas principais se afasta das características primordiais do lazer, assim como qualquer outra atividade. Já uma viagem de lazer tem nome: turismo. (M3 p. 22).
Com exceção do turismo de negócios ou de eventos científicos/acadêmicos, seminários e congressos, o turismo é realizado no âmbito do lazer, na utilização do tempo livre inserido em uma paisagem agradável ou com algum atrativo com o deslocamento do turista do seu entorno habitual. (M11, p. 80).
Esse resultado denotou uma ratificação do turismo como uma opção de lazer,
conforme identificado por Faria (2009, 2012) e Souza (2011). Encontrou-se ainda 3
dissertações e 1 tese nas quais não foi possível apreender com clareza as interfaces
58
entre os temas investigados. No estudo de M12, o lazer é tratado como uma
manifestação associada ao turismo a partir dos espaços públicos utilizados com
ambos os fins. Nesse caso, não pareceu haver uma sobreposição dos fenômenos,
mas também não foi indicado o entendimento de uma fronteira tênue entre eles.
Já na pesquisa de M7 não foi encontrado um posicionamento teórico-conceitual
para o “lazer turístico” e o “turismo de lazer”. O texto apresentou, sucintamente, que
aquele se trata de uma oportunidade para viajar. Contudo, o “turismo de lazer” também
se refere às viagens no período de férias, então, o uso de ambas as expressões não
deixou explícita a interface entre eles, como pode ser observado a seguir:
Os grandes avanços tecnológicos, os meios de transportes, a qualidade dos equipamentos turísticos e de lazer e todo produto turístico em si denotam a perspectiva do turismo como tempo destinado ao divertimento, ao prazer a à satisfação pessoal. Dessa forma, o lazer turístico é uma opção que se apresenta às comunidades, como forma de utilização de seu tempo livre para viajar, conhecer outros lugares e povos. (M7, p. 26).
Sobre o turismo de lazer, a pesquisa se apoia em um estudo da Agência Nacional de Águas para afirmar que [...] foi considerado que os brasileiros costumam praticar esse tipo de turismo, em especial nas férias, em locais relacionados com a água, como praias, lagos, rios e estâncias hidrominerais. (M7, p. 17).
Na tese de D1, o marco teórico discutiu ideias de diferentes autores sobre o
lazer e o turismo. Inferiu-se, resumidamente, que tais ideias abordaram:
a) o turismo como uma forma de lazer;
b) o lazer e a recreação como um tipo de segmento turístico;
c) o “turismo recreacional” como um tipo de “turismo de lazer”;
Ainda nessa dissertação, o lazer foi associado ao residente local e o turismo ao
seu visitante. Notou-se uma tentativa de estabelecer interfaces entre os dois temas,
porém não esclarecida. O mesmo ocorre no estudo de M6 ao abordar, de um lado, o
lazer como um entretenimento inserido na atividade turística e, de outro, o turismo
como uma possibilidade de lazer. Embora não tenha utilizado a expressão “lazer
turístico”, o fenômeno foi visualizado como uma prática vivenciada também no destino
da viagem.
Frente a isso, o conjunto dos 15 textos analisados não apresentou esses temas
como fenômenos fronteiriços. Também não foi notado o desenvolvimento de outros
pontos de partida para se compreender as relações entre os campos, característica
que alude aos chamados “trabalhos sem passado” (THEÓPHILO; IUDÍCIBUS, 2005,
59
p. 166). São pesquisas que geralmente incorrem na falta de novas perspectivas de
investigação, bem como na reiteração de conhecimentos e resultados, uma vez que
não indicam a existência de estudos prévios com temática semelhante.
Além da reiteração dos entraves sobre as interfaces entre o lazer e o turismo,
notou-se que, ao todo, 9 das 15 pesquisas não contemplaram ou não apresentaram
os resultados de estudos previamente empreendidos. Uma estratégia para identificar
a ausência de pesquisas anteriores no conteúdo das teses e dissertações foi observar
as suas Referências. O resultado dessa leitura foi um número pequeno de textos cujo
tema fosse turismo e/ou lazer ou ainda temática semelhante àquela investigada pelo
mestrando ou doutorando. Então, como justificativa para essa reiteração de
conhecimentos, levantou-se as seguintes hipóteses: a) a predominância de
fundamentação teórica a partir dos autores tidos como “clássicos” do lazer e do
turismo; e b) o curto alcance da produção mais recente sobre tais temas entre os
pesquisadores de outras áreas.
No tocante à primeira hipótese, toma-se como exemplo a citação, em 8
pesquisas, dos pensamentos do sociólogo Joffre Dumazedier sobre o lazer. Isso não
significa que tais pesquisas se apoiaram apenas nos autores “clássicos”, porém, no
caso do lazer, o sociólogo continua sendo uma referência para a fundamentação
sobre a temática. Tais autores foram de suma relevância para a construção teórica
em seus campos, porém outras reflexões foram feitas, dando continuidade ou
refutando suas ideias. Por isso, precisam se constituir em fonte para estudos mais
amplos e críticos, evitando a ausência de novas perspectivas sobre o turismo e o lazer.
Já a hipótese sobre a produção acadêmica desses temas retoma o argumento
explicitado por Schwartz (2015) no capítulo introdutório dessa dissertação. A autora
denomina de paroquialismo um certo isolamento por parte dos autores em suas
próprias comunidades científicas. A partir desse entendimento, ela considera a
importância da publicação de artigos em periódicos de outras áreas, disseminando o
conhecimento sobre o lazer, por exemplo.
Sendo assim, é pertinente trazer à tona a necessidade de estudos
bibliométricos que investiguem a socialização dos conhecimentos sobre esses temas
em periódicos de outros campos. De um estudo como esse poderia surgir uma
contribuição referente a algumas lacunas, tais como: a) confirmação ou não do
isolamento mencionado por Schwartz (2015); b) se existem dificuldades para divulgar
os conhecimentos produzidos em publicações dos campos confluentes ao lazer e ao
60
turismo; e c) investigação do tempo de circulação das publicações oriundas nos
campos estudados.
Prosseguindo, ainda no intuito de observar as aproximações entre o lazer e o
turismo foi realizado um levantamento das experiências turísticas e de lazer citadas
nas teses e dissertações. Notou-se que as experiências foram mencionadas pelos
pesquisadores como turismo, lazer, recreação, descontração e/ou entretenimento,
indicando mais uma vez os entraves já abordados.
Ao todo, contabilizou-se 57 experiências, que foram reunidas em 6 grupos
(observação de animais e contemplação de paisagens; prática de esportes; passeios;
uso de espaços públicos e privados; participação em eventos; e lazer no âmbito
doméstico) – denominados a partir das características conferidas pelos pesquisadores
em seus estudos. Destaca-se que tais grupos não possuem limites rígidos entre si
dado que a participação em eventos culturais, por exemplo, pode ocorrer durante o
uso de um espaço público. As ocorrências identificadas podem ser observadas no
quadro que se segue.
Quadro 4 – Experiências turísticas e de lazer citadas nas pesquisas analisadas
Tipo Experiências
Observação de animais e
contemplação de paisagens
Observação de animais (pássaros), contemplação em
lagos, mirantes e praias.
Prática de esportes
Competição esportiva, pesca, golfe, tênis, equitação, voo
de asa delta, natação, hidrocapoeira, aero e
nautimodelismo, corrida, wakeboard, mountain bike,
motocross, iatismo, accquavolley, natação recreacional,
handebol aquático.
Passeios
Excursões, passeio a cavalo, caminhada e uso de buggy,
motocicleta, banana boat, pedalinho, carro, lancha,
jangada e barco.
Uso de espaços públicos e
privados
Praças, praias, espaços de temática sexual25, espaços
culturais, museus, cachoeiras, canyons, rios, quadras de
25 Em uma das dissertações são mencionados como espaços de temática sexual: clubes BDSM, saunas e clubes de sexo, boates, privés, clínicas de massagem, casas de swing, cinemas pornôs, motéis e lojas do tipo sex shop.
61
esporte, restaurantes, cyber cafés, cinema, cassino,
parques temáticos, playground, piscinas e pistas de
skate.
Participação em eventos Culturais, gastronômicos, encontros de pessoas,
confraternizações, festas e bailes.
Lazer no âmbito doméstico Assistir à televisão.
Fonte: Elaboração própria.
As manifestações foram listadas juntas como pertencentes ao lazer e ao
turismo e, por isso, despertaram uma dúvida: Quais delas pertencem a cada âmbito?
O conteúdo das teses e dissertações não permitiu apontar com clareza uma resposta
para essa indagação, pois mantiveram a incerteza a respeito. Como pode ser
observado nos trechos a seguir, nas dissertações de M6 e M7, as manifestações
mencionadas como lazer são passíveis de apropriação pela atividade turística:
As praias do litoral cearense são bastante utilizadas como área de lazer e turismo, com pesca, banho de sol e caminhadas pela areia. Ocorrem outras atividades motorizadas como passeios de bugre, motocicletas e carros com tração e outros veículos automotivos. Também acontece o uso das águas, com passeio de barcos, lanchas, jangadas dentre outros. Essas atividades que podem trazer impactos ambientais, também representam fonte de renda familiar através do lazer e turismo para a comunidade local [...]. (M7, p. 63).
No entanto, ao observarmos a cidade atentamente, notamos a existência de equipamentos com temática sexual, que trazem a possibilidade de um tipo de lazer, movido por interações e práticas sexuais, podendo eventualmente ser de uso do turismo. (M6)
Já no estudo de M4 algumas manifestações foram articuladas a uma oferta de
entretenimento (como os eventos culturais em um parque) e de descontração (os
jogos de cartas e a música desfrutados no interior de um cassino, por exemplo) para
a população local e turistas. Uma das formas de interpretar o entendimento
mencionado foi associar as experiências ao lazer e também ao turismo.
Em outra dissertação, a reflexão tratou da vivência de manifestações culturais.
O autor afirmou que “entre estas [manifestações culturais], destacamos o turismo,
considerado uma das mais atrativas e distintivas atividades de lazer do século XX.”
(M3, p. 14). Desse modo, as manifestações turísticas estariam alocadas no lazer.
62
Assim sendo, notou-se que as pesquisas aqui estudadas não explicitaram
diferenças entre as experiências turísticas e de lazer, indicando que suas expressivas
semelhanças tornam essa categoria insuficiente para apontar as diferenças entre os
dois fenômenos. Esse fato corroborou a explicação de Lohmann e Panosso Netto
(2008, p. 86) de que, na prática:
[...] a infra-estrutura (sic) utilizada pelo recreacionista, pelo turista ou pelo morador da cidade será a mesma. O que diferenciará um do outro será a sua ação, além dos objetivos, da experiência pessoal e da forma como se utilizarão tais serviços e equipamentos.
4.3. A imprecisão acerca da segmentação do mercado turístico
Notou-se, no conteúdo dos textos analisados, certa dificuldade em relação ao
tratamento dado aos segmentos turísticos, desde a imprecisão no entendimento
conferido à tipologia à menção a várias modalidades que não são desenvolvidas nos
locais estudados ou estão desconexas do tema do estudo. Na dissertação de M9, por
exemplo, foram mencionadas 18 tipologias, porém recomendou o desenvolvimento de
apenas 5 delas. Dentre as demais, o ecoturismo pareceu possuir uma interpretação
distorcida, como se estivesse isolado do fenômeno turístico, conforme se observou na
seguinte citação:
Além da fábrica de polpas, o sítio oferece a prática do turismo e o ecoturismo, visto que há presença de animais trazidos de vários lugares do país, flora diversificada, além de passeios em pequenas trilhas ecológicas e a apreciação da natureza, fica aberto ao público para pesquisas e visitantes. (M9, p. 109).
M11 alegou haver dificuldade em relação aos novos termos e segmentos do
turismo. Após não encontrar uma tipologia definida para o turismo sobre astronomia,
ela a nomeou a partir de usos estrangeiros, da mídia e dos espaços e equipamentos
que o ofertam. A pesquisadora explicou que seu entendimento das variadas
expressões relacionadas ao “astroturismo” não se trata de um conceito acadêmico,
preferindo sua articulação ao turismo cultural.
Considerando os 15 estudos analisados, identificou-se um total de 54
segmentos. Todos eles poderiam estabelecer um contato com o lazer durante a
experiência turística, seja de forma mais ou menos evidente. Contudo, alguns dos
segmentos verificados nas teses e dissertações trazem uma associação mais direta
com a discussão realizada, no capítulo 3 do presente texto, sobre a criação de
63
tipologias articuladas ao lazer. É o caso dos segmentos de “turismo recreacional”,
“turismo recreativo”, “turismo de esportes”, “turismo de lazer” e do “turismo
contemplativo” e do “turismo urbano recreativo”.
Na tese de D1, o “turismo recreacional” foi entendido como um dos tipos de
“turismo de lazer”, que, por sua vez, se trata de uma divisão do mercado turístico. Foi
exposta nessa tese a existência de tipos de “turismo recreacional”, como observado
no trecho a seguir:
Dentre os tipos de turismo inseridos no turismo de lazer é “[...] o “turismo recreacional”, constituído, de forma geral, pelo composto “sol, mar e praia”. Estão nele as viagens movidas pelo desejo de aventura, prática de esportes e sexo. Las Vegas simboliza um dos tipos de turismo recreacional: mercado de apostas, apresentações artísticas e nomes famosos do show business, prostituição e possibilidade de se embarcar em um outro padrão de moralidade. (D1, p. 87).
Em outra pesquisa, a dissertação de M12, o “turismo recreativo” e outras
tipologias foram classificadas como turismo urbano, sendo este um segmento mais
amplo, que abarca todas as experiências em ambiente urbano. Todavia, não foi
apresentada uma concepção de “turismo recreativo”. Por sua vez, no estudo de M5,
o “turismo urbano recreativo” foi definido como aquele que “[...] abarca todos os
recursos recreativos, esportivos e de lazer em geral que se encontram disponíveis
numa cidade, podendo ser de natureza pública ou privada.” (M5, p. 21). Esse
entendimento não explicitou a razão da separação dos recursos esportivos daqueles
de lazer, tampouco o que são os recursos recreativos.
Tais pesquisas evidenciam o questionamento realizado no capítulo 3: O que
esses segmentos propiciariam ao sujeito para além das funções de descanso e
relaxamento? Ofertariam apenas atividades recreativas? O que representa para o
destino e para o turista a priorização da recreação ao invés do lazer? São indagações
resultantes da desarticulação entre a criação de segmentos e o que já foi pensado e
socializado no âmbito acadêmico sobre o lazer, uma vez que, segundo Gomes e
Elizalde (2012), a recreação é englobada por ele.
Considerando a hipersegmentação26 do mercado turístico identificada por
Lohmann e Panosso Netto (2008), é compreensível que haja dificuldade no tratamento
26 Andrade (2008), Lohmann e Panosso Netto (2008) e Ignarra (2003) parecem concordar com a
importância da segmentação para auxiliar na atração/satisfação das necessidades dos turistas e também no planejamento dos destinos. Todavia, também contribui para uma hipersegmentação, como denominam Lohmann e Panosso Netto (2008). Ela reside no fato de que os segmentos “[...] não esgotam as possibilidades de tipos de turismo. Cada um deles pode subdividir-se em outros segmentos;
64
das tipologias, visto não somente a grande quantidade de segmentos, mas também a
presença de visões parciais sobre o lazer e o turismo em seu conceito. Ao mesmo
tempo reforça a importância da dedicação a um estudo cuidadoso em diferentes
fontes sobre o assunto, sobretudo porque os critérios de segmentação variam muito
de um autor para outro.
4.4 Contribuições produzidas no seio de diferentes áreas
A escrita de tópicos referentes às justificativas e às considerações finais se
constitui em dois momentos importantes durante a prática de pesquisa. Isso porque o
autor tem a oportunidade de expor de que modo espera colaborar com o campo de
conhecimento do tema investigado, os entraves ocorridos durante o caminho, bem
como suas indicações para a continuidade de estudos. Nesse contexto, buscou-se o
levantamento de informações que apontassem como as teses e dissertações aqui
analisadas, defendidas em onze programas de pós-graduação diferentes, produzem
contribuições para os temas estudados.
Então, as ocorrências encontradas foram reunidas em duas subcategorias
elaboradas durante o processo de análise, a saber: Resultados de pesquisa e
Renovação dos conhecimentos sobre o lazer e o turismo. Será explanada, a seguir,
uma síntese dos temas e alguns resultados encontrados de acordo com cada
programa de pós-graduação de origem das teses e dissertações.
Uma pesquisa concluída no curso de Mestrado em Turismo investigou a
apropriação de um evento pelos agentes públicos e privados associados ao turismo,
indicando os pontos positivos e negativos da realização do evento. Em outra
dissertação defendida nesse mesmo programa, analisou-se os fatores de
encantamento do cliente a partir de sua experiência turística, para a qual se propôs
estratégias de ação para agências de viagens atuantes no setor.
os critérios de segmentação também podem cruzar, criando partes menores de segmentos.” (IGNARRA, 2003, p. 121). Um exemplo disso pode ser visualizado na lista de 75 e 119 segmentos turísticos, compiladas por Lohmann e Panosso Netto (2008) e Panosso Netto e Ansarah (2009), respectivamente. A primeira lista levou em conta 10 bases e, depois, 16 de bases de segmentação, que apoiaram outros estudiosos do turismo e a OMT. Cabe chamar a atenção que alguns deles podem ser facilmente confundidos porque, principalmente no caso daqueles mais recentes, carecem de uma conceituação mais clara.
65
A pesquisa defendida no Mestrado em Lazer buscou informações sobre os
benefícios e fragilidades de um projeto que promove o “lazer turístico”. Ao final, foi
indicado o estudo sobre o lazer pelos profissionais envolvidos no projeto social. Por
sua vez, a dissertação referente ao Mestrado em História, Política e Bens Culturais
analisou a dinâmica do lazer para o hóspede de um resort e suas relações com os
funcionários do empreendimento. Apontou-se a necessidade de novas investigações
sobre o tema.
Já a dissertação concluída no curso de Mestrado em Administração de
Empresas abordou os fatores de restrição ao “lazer em turismo” por idosos, indicando
estratégias de marketing voltadas para este público. As pesquisas desenvolvidas tanto
no Mestrado quanto no Doutorado em Geografia evidenciaram a falta de integração
entre alguns agentes do lazer e do turismo (poder público, iniciativa privada e
comunidade residente), conferindo destaque para a fragilidade de políticas públicas,
do planejamento e da gestão municipal. Ressaltaram ainda os problemas sociais e
ambientais gerados por uma visão economicista do turismo e pela anuência do poder
público em tais questões.
A dissertação correspondente ao Mestrado em Geografia Humana se
preocupou com a relação entre a espacialização dos equipamentos de lazer sexual e
a infraestrutura turística, bem como sua atração de turistas ao destino. Apontou-se,
dentre outros aspectos, a importância da realização de mais estudos sobre o tema.
De modo semelhante à pós-graduação em Geografia, as dissertações defendidas no
Mestrado em Planejamento Urbano e Regional identificaram a desarticulação entre as
ações para o desenvolvimento do lazer e do turismo. Recomendaram o acesso à
informação e engajamento da comunidade residente tanto no planejamento quanto na
apropriação dos espaços do município.
Também investigando espaço público, a tese em Arquitetura e Urbanismo
concluiu sobre a desagregação do governo e da iniciativa privada nas ações
referentes a um projeto de regeneração urbana. Ressaltou-se as deficiências desse
tipo de projeto, que pode não implicar em benefícios para a população. Outro estudo
que teceu conclusões a respeito das contradições de atuação dos agentes do poder
público foi a dissertação defendida no curso de Mestrado em Hospitalidade, que
abordou o potencial para o lazer e o turismo em um museu localizado em uma fronteira
municipal.
66
Por fim, a dissertação correspondente ao Mestrado em Desenvolvimento e
Meio Ambiente, tal como aquelas oriundas do Mestrado em Geografia, analisou o
potencial turístico e de lazer de uma barragem. Indicou-se a participação da
comunidade residente nas políticas públicas locais e em ações de conscientização
ambiental.
As pesquisas se caracterizaram como teórico-empíricas e, assim,
apresentaram propostas de intervenção e indicações de continuidade do estudo dos
temas investigados, que podem ser entendidas como contributos para os campos do
lazer e do turismo, visto que se dedicaram à investigação de distintas realidades no
Brasil. Logo, guardam subsídios importantes, que podem gerar modificações no local
estudado e/ou novas dissertações e teses em decorrência das fragilidades
percebidas.
Sobre as temáticas, notou-se que sobressaíram as ações dos agentes
envolvidos no lazer e no turismo, bem como a elaboração e implementação de
políticas públicas. Tais discussões implicaram em conclusões de pesquisa sobre a
importância da participação da população local nas decisões referentes à oferta de
lazer e do desenvolvimento turístico. Somaram-se a essas, a conscientização e
conservação ambiental, bem como o acesso aos espaços e equipamentos de lazer.
Por exemplo, a respeito do interesse da iniciativa privada no lazer e no turismo e
também a desarticulação de suas ações frente ao poder público, uma das
dissertações identificou que:
Há forte influência de empresários que expandem negócios na Serra trazendo melhorias [...]. No entanto, esses negócios são privados, há falta de parcerias entre o poder público e os empresários. O poder público pouco tem feito para que estes empreendimentos sejam complementares ao desenvolvimento e aproveitamento da atividade turística [...]. (M9, p. 77)
Frente a isso, deve-se afirmar a relevância das teses e dissertações analisadas,
pois abordaram temas de suma importância. É nesse sentido que outros campos
podem apreender os conhecimentos produzidos nos estudos do lazer e do turismo,
pois “confrontar” e unir as diferentes perspectivas pode ser uma forma de contribuir
com as discussões confluentes nessas áreas e também com a elaboração de
propostas de intervenção. A síntese dos resultados de pesquisa de cada programa de
pós-graduação permite indagar: De que maneira os olhares da Geografia, do
Desenvolvimento e Meio Ambiente, do Planejamento Urbano e Regional e da
Arquitetura e Urbanismo poderiam auxiliar os profissionais do turismo e do lazer a
67
sanar as questões referentes ao reordenamento do território, de desagregação dos
agentes envolvidos e dos impactos socioambientais no desenvolvimento turístico e do
lazer?
Não cabe a essa dissertação responder a indagação, pois ela requer análises
mais amplas referentes aos programas de pós-graduação mencionados, que foram
objeto de reflexões indiretas sobre o tema estudado. Todavia, é possível dar pistas
para uma resposta parcial a partir da análise de conteúdo realizada. Isso porque tal
análise indicou que a predominância dos enfoques econômico e geográfico e a
ausência de uma abordagem teórica clara não contribuíram para revelar o olhar
específico de cada programa (ou sua área básica) sobre o lazer e o turismo.
Certamente, essa afirmação carrega consigo outros fatores importantes, tais como a
realização de pesquisas multidisciplinares ao invés de interdisciplinares e a existência
de uma departamentalização nos centros educacionais e de pesquisa operando de
modo disciplinar ou multidisciplinarmente, como indica Mair (2006), etc.
Talvez, dentre os mencionados, o fator de maior peso identificado nesse estudo
seja a predominância do enfoque econômico nas análises a respeito do turismo e do
lazer, que se faz presente sobremaneira no senso comum. Essa articulação, já
discutida no início do capítulo, se relaciona à contribuição que as pesquisas
examinadas poderiam conferir aos estudos dessas duas áreas no tocante à renovação
de seus conhecimentos. Contudo, é possível renovar as discussões sem reiterar o
senso comum do turista como um cliente, evidenciando, assim, que o sujeito em
viagem é também um agente envolvido (e por que não imerso) em outro contexto
social, cujas interações nem sempre são pautadas por uma relação de consumo –
argumento igualmente válido para o lazer.
Os resultados de pesquisa das teses e dissertações foram afetados por
dificuldades encontradas pelo caminho. M6, M12 e D2, por exemplo, assinalaram que
a falta de aporte teórico sobre o tema investigado foi um entrave ao processo de
investigação no tocante ao “turismo e o lazer sexual”, ao “astroturismo” e à relação
entre turismo e planejamento urbano. Os três argumentaram a respeito de sua
concretização no cotidiano, sobretudo no mercado turístico, e da escassez ou
inexistência de aporte teórico que fornecesse suporte adequado a tais temas. Já M13
explicou que não foi apropriado optar pelas técnicas quantitativas para proceder a uma
análise de categorias emotivas dos sujeitos pesquisados.
68
No tocante às contribuições referentes às interfaces entre lazer e turismo, não
foi possível apontar uma renovação dos conhecimentos, uma vez que permaneceu a
sobreposição de um tema ao outro27. Percebeu-se uma confluência da temática
adotada com a área básica de cada programa de pós-graduação, porém esse
requisito não se estendeu às relações entre os fenômenos. Por isso, coube a cada
pesquisador debater ou corroborar o que foi produzido e socializado anteriormente.
Considerando os resultados apresentados, notou-se a corroboração do turismo como
uma opção de lazer e vice-versa, inclusive no interior de uma mesma dissertação ou
tese. Além desse entrave, há que se rever alguns pressupostos no intuito de destacar
as possibilidades de ações políticas, de fruição cultural, de cidadania e aprendizagem,
que não devem ser desconsideradas quando se pensa em lazer e turismo – seja no
cotidiano dos sujeitos ou no âmbito acadêmico.
4.5 Debates confluentes no conteúdo das teses e dissertações estudadas
Igualmente para os demais pontos abordados, a leitura dos textos ressaltou
aspectos discutidos pelos pesquisadores de modo semelhante e também oposto. Três
estudos (as pesquisas de M8, M9 e D2) abordaram uma concepção de turismo
associada à exploração, ao domínio e ao consumo/transformação do território local e,
desse modo, trataram da máxima de que os locais tendem a alcançar um patamar de
desenvolvimento econômico a partir do turismo e do lazer28.
Em razão disso, na pesquisa de M8, por exemplo, figurou como eixo central do
debate as ações e ausências do poder público no fomento do turismo e nas vantagens
concedidas à iniciativa privada para a construção e funcionamento dos equipamentos
– principalmente resorts e hoteis. M9 corroborou afirmando que:
27 A análise das informações referentes aos entendimentos e interfaces entre o lazer e o turismo foi organizada de acordo com os cursos de mestrado e doutorado de origem das teses e dissertações aqui analisadas. O quadro Entendimentos e interfaces entre o lazer e o turismo por programa de pós-graduação pode ser observado nos Apêndices (página 107-108).
28 Notou-se que há, aqui, certa confusão entre os termos crescimento e desenvolvimento econômico. Embora a ideia exposta se aproxime do significado de crescimento, foi utilizado o termo desenvolvimento por representar o pensamento encontrado no referido texto. Ou seja, não se trata de uma interpretação desta pesquisadora. A percepção desse entrave aparecerá ainda, nas Considerações Finais, indicada como uma continuidade da presente investigação. Considerando as acepções do termo em relação ao turismo, o desenvolvimento foi objeto de pesquisa da dissertação de Malta (2011), intitulada Turismo e desenvolvimento: análise de uma complexa relação considerando as abordagens e concepções presentes na literatura do turismo.
69
Implementado por políticas públicas e privadas, o território recebe equipamentos e empreendedores que transformam espaços antes utilizados apenas pelos nativos e residentes em lugares turísticos, para proporcionar crescimento econômico, cultural e social ao lugar. (M9, s.p.)
Notou-se semelhança também entre os estudos que abordaram outras ações
governamentais, como a formulação de projetos de regeneração urbana (como na
pesquisa de D1) e adoção de espaços públicos de lazer e turismo (conforme M12), no
qual ambos os autores perceberam desarticulação entre os agentes, seja entre o
poder público e a iniciativa privada seja entre aquele e a população. Eles afirmaram a
necessidade de participação da comunidade residente no processo de formulação e
implementação das políticas e ações, assim como na apropriação do espaço público.
Cabe ressaltar uma diferença entre esses dois estudos: D1 atestou que os resultados
de projetos de regeneração não costumam se reverter em benefícios para a
população, enquanto que M12 verificou em sua pesquisa empírica que a comunidade
usuária reconhece algumas modificações positivas no espaço frequentado.
A conexão entre liberdade, felicidade, turismo e lazer foi percebida em duas
pesquisas. Para M2, que traçou um paralelo entre a evolução do conceito de felicidade
e o lazer moderno, esses termos são coincidentes. Segundo ela, no mundo moderno,
o lazer se trata de uma busca pela felicidade, que “[...] está à venda: são as
experiências associadas ao ideal de férias.” (M2, p. 8). Sob outra visão, uma tese
alertou que:
[...] o mais grave dessa sociedade de consumo é que a felicidade e a qualidade de vida têm sido cada vez mais agregadas, ou mesmo reduzidas às aquisições materiais [...]. (D2, p. 21)
Acredita-se, nesse sentido, que a compra da felicidade pode ser um
pensamento um pouco perverso. Por exemplo, conforme exposto por M2, os
funcionários do empreendimento por ela pesquisado detinham a responsabilidade de
entreter o turista e, nesta lógica, carregariam um ideal de felicidade a ser transmitida
ao cliente. Os entrevistados pela pesquisadora indicaram a amizade como uma das
principais relações estabelecidas entre eles e os turistas, porém o cotidiano relatado
também destacou uma interação entre prestadores de serviços e clientes, que partem,
dentre outras coisas, de um ideal de felicidade. Tendo em mente o alertado por D2,
torna-se interessante questionar: É possível estar feliz o tempo todo? Deve ser esse
o ideal de lazer e turismo?
70
Os estudos de M2 e D2 entenderam ainda a viagem como um momento de
liberdade. Esse pensamento, que se verifica no senso comum, precisa ser repensado,
pois, quando apropriado pelos empresários, tem como objetivo o incentivo ao
consumo. O sujeito, bombardeado pelas estratégias de marketing, nem sempre
percebe que a ideia divulgada sobre o turismo é parcial e limitada. Por outro lado,
esse aparente consumo da felicidade e da liberdade lembra o exposto por Gomes,
Pinheiro e Lacerda (2010, p. 23) de que:
Ao reconhecer o turismo como um fenômeno sociocultural, é importante considerar as contradições que o perpassam: ora vislumbra-se a descoberta de algo novo, ora a fuga dos problemas, a reposição de energias e o consumismo, com possibilidades de estar até mesmo vulnerável a tudo isso.
Um debate com diferentes pontos de vista aludiu a certo isolamento do turista
em relação à comunidade residente. Na dissertação de M2, a questão surgiu ao
abordar o sistema all inclusive29, que supostamente impediria ou reduziria as
possibilidades de o turista estabelecer contato com a população, com o contexto local
e conhecer os atrativos localizados no destino. Para essa pesquisadora, o resort por
si só não é responsável pelo isolamento do turista, uma vez que este pode escolher
desfrutar apenas dos serviços do empreendimento em uma primeira viagem e em
outra, caso retorne ao destino, hospedar em local diferente e visitar os atrativos,
estabelecendo interações com a população.
Seguindo esse raciocínio, M3 afirmou que a opção por um resort pode envolver
a escolha por conforto e ainda assim o hóspede pode visitar o entorno. Assim, M2 e
M3 explicaram que a viagem objetivando a estada em um resort não se trata de uma
experiência sem contato com o outro ou somente com turistas de mesmo poder
aquisitivo. M13 apontou outro fator para que os parques temáticos, e aqui inclui-se os
resorts, não sejam vistos somente como uma bolha turística30. Segundo ela, sendo o
29 O sistema all inclusive, é aquele em que a alimentação, hospedagem e demais serviços oferecidos pelo empreendimento já estão incluídos no valor do pacote turístico. Assim, o turista deve pagar antecipadamente por tudo que será desfrutado. No caso de alguns resorts, o hóspede pode se sentir inibido de sair para visitar os atrativos, pois já possui alimentação paga no interior do estabelecimento. O mesmo pode ocorrer em relação à dependência de transporte para se deslocar no destino – transporte este que pode possuir uma rota específica. Para mais sobre o assunto, ver Gomes e Pereira (2016).
30 Grosso modo, a ideia de bolha turística se refere aos locais ou empreendimentos nos quais o turista “escapa da realidade”, vivendo contextos e experiências desconectados do destino em si. Parques temáticos como o Disney World são discutidos desse ponto de vista, pois oferecem um mundo que se distancia do espaço geográfico em que está localizado.
71
destino principal ou não, o empreendimento pode induzir o desenvolvimento de
atrativos e comércio em seu entorno, contribuindo para a visitação de outros locais
durante a viagem.
De outra maneira, M9 expôs que, no caso da prática de segunda residência31
por moradores de outros municípios, a exploração territorial para o turismo e o lazer
pode ocorrer sem vínculo com as características locais, como verificado em seu
estudo. Por isso, ele afirmou:
Analisando o que diz o residente, é perceptível (sic) os conflitos territoriais e os desencontros que há entre eles e os proprietários de segundas residências. Há certo distanciamento entre os proprietários das propriedades e os residentes”. (M9, p. 115).
Embora tenham convocado conhecimentos e estabelecido discussões
similares, os pesquisadores não citaram uns aos outros em seus estudos, mesmo no
caso daqueles que concluíram a pós-graduação mais recentemente, e por isso,
poderiam ter acesso aos textos defendidos entre 2009 e 2012. Retomando que
poucos textos constantes das referências das pesquisas analisadas se tratavam de
outras teses e dissertações, indica-se a ampliação da busca de fundamentos teóricos
para além da produção bibliográfica. Não se pode esquecer, é claro, dos entraves
informados no Percurso Metodológico a respeito dos bancos eletrônicos de
publicações acadêmicas, todavia, eles ainda se constituem em fonte de acesso às
investigações anteriormente empreendidas nos diferentes programas de pós-
graduação catalogados pela CAPES (2016).
Após a apresentação dos resultados da análise de conteúdo, torna-se
interessante traçar um paralelo entre eles e as conclusões obtidas por Faria (2009,
2012) e Souza (2011) conforme o tópico que se segue.
4.6 Cenário da produção de conhecimentos sobre o lazer e o turismo
No tópico 1.2 apresentou-se os estudos sobre as interfaces entre o lazer e o
turismo concluídos por Faria (2009, 2012) e Souza (2011). Por isso, pretende-se
indicar o cenário da produção acerca desses dois temas abarcando os resultados
31 Resumidamente, a segunda residência e sua relação com o turismo trata do sujeito que possui moradia fixa em um local e mantém uma segunda residência em outro município. Toma-se como exemplo os turistas que possuem casa de veraneio na praia ou as pessoas que residem em locais urbanos, mas passam os finais de semana em uma casa no campo.
72
apresentados nessa dissertação, isto é, contemplando todo o período investigado nos
últimos anos – precisamente entre 2001 e 2015.
É preciso destacar que Faria (2009, 2012) e Souza (2011) levaram em conta
o lazer estudado no âmbito do turismo, pois analisaram dissertações, cursos de
mestrado e artigos de periódicos concluídos nesse campo. Por sua vez, essa
investigação considera os dois temas a partir de diferentes campos do conhecimento.
Assim, a primeira reflexão a ser feita é que os resultados são igualmente válidos em
todas as pesquisas, evidenciando a permanência e/ou agravamento de alguns
entraves, além de um desafio ainda não alcançado.
Dentre a permanência de entraves devem ser ressaltados a contraposição do
lazer ao trabalho e sua imediata associação ao tempo livre, entendido como um
resíduo do tempo das obrigações humanas. Tais ideias foram referenciadas em
articulação à fuga do cotidiano, uma alteração da rotina ou válvula de escape das
tensões, tendo em mente o estresse provocado pelo trabalho, assim como o modo de
vida urbano. É nesse contexto que tanto o lazer quanto o turismo foram abordados
com a função de recuperação de energias, descanso, entretenimento e diversão.
Semelhante à presente dissertação, Faria (2009) e Souza (2011) afirmaram
que os entendimentos apresentados pelos autores das dissertações e periódicos
analisados nem sempre deixam claro sua compreensão sobre o lazer e o turismo. Elas
expõem que, se por um lado, foi possível apreender a discussão realizada, por outro,
os posicionamentos encontrados nos textos podem ser divergentes no interior de um
mesmo estudo e também pontuais e/ou parciais (ou seja, se detém em apenas um
aspecto sobre os fenômenos).
No que tange às interfaces sobre esses dois temas, Faria (2009, 2012) concluiu
que os autores entendem o turismo como uma possibilidade de lazer e recreação,
enquanto Souza (2011) afirmou que o turismo é abordado como uma opção de lazer,
um conteúdo cultural deste. As teses e dissertações aqui analisadas reiteraram tais
afirmações e evidenciaram o agravamento dos entraves já observados a partir do uso
das expressões “turismo de lazer” e “lazer turístico” sem um aporte teórico-conceitual
que as esclarecesse. Nesses moldes, cabe evidenciar o surgimento de outra
expressão, também sem um conceito teórico: o “lazer em turismo”.
Outro aspecto aqui entendido como agravamento de um entrave se refere à
imprecisão entre os termos lazer e recreação. Faria (2012) identificou que eles foram
tratados como sinônimos e também como termos substitutos, cuja ausência de clareza
73
se verificou nos artigos que se apoiaram na perspectiva econômico-mercadológica.
De outro modo, no presente estudo, notou-se que essa imprecisão não ocorreu em
função de uma perspectiva teórica, mas em todas as pesquisas que utilizaram o termo
recreação (ou seja, em 14 dos 15 textos).
Nos estudos concluídos entre 2009 e 2015, a preferência pela palavra
recreação ocorreu, principalmente, quando abordados os espaços usufruídos pelas
crianças, como o playground. Nesses textos foi comum entender o lazer como um
conjunto de atividades monitoradas – como verificado na dissertação de D5. De
acordo com Gomes (2008b) não houve a substituição completa do termo recreação,
porém o lazer é um campo mais amplo e a contempla. Gomes e Elizalde (2014b, p.
122) corroboram o pensamento ao indicarem que:
Os conceitos de recreação/recreación e lazer/ocio coexistem em muitos países latino-americanos, mas geralmente observa-se uma grande dificuldade de compreensão e, muitas vezes, a difusão de entendimentos pouco aprofundados.
Em 7 das 15 pesquisas, de maneira similar ao tratamento dado à recreação, o
entretenimento foi abordado como termo substituto ou característica inerente ao lazer,
principalmente no tocante àqueles pesquisadores que o denominaram como “indústria
cultural”, “indústria do entretenimento” e/ou “indústria do lazer”, a exemplo da pesquisa
de M4. Essa conexão estabelecida pelos autores tornou o fenômeno em mero “lazer-
mercadoria” (MARCELLINO, 2007b, p. 18) ou no “mercolazer” (MASCARENHAS,
2005, p. 138), abordados no capítulo anterior. Com ressalvas, é possível considerar
que essa seja uma:
Postura compreensível, uma vez que, em nossa sociedade, em geral, se confunde lazer, uma dimensão da cultura que dialoga com outras esferas da vida e da sociedade e momento de exercício possível de liberdade, com mero entretenimento, que seria o preenchimento indiscriminado e muitas vezes alienado do tempo, obedecendo às leis do mercado e potencializando o desejo de consumo. O entretenimento pode ser uma opção no tempo de lazer, mas as duas coisas não são sinônimas. (SOUZA, 2010b, p. 85)
Ao tratar do turismo nessa discussão, em algumas pesquisas, o entretenimento
gerado pela diversão se tornaria uma motivação para ambos os fenômenos. Porém,
tende a se tornar mais um contributo para que a oferta de serviços de lazer e de
turismo permaneça somente como divertimento alienado, desconectado de outras
esferas da vida e suas possibilidades de reflexão. Logo, confirmaria a alegação de
Trigo (2010) de que:
74
A tentativa de inserção de qualquer tipo de serviço destinado ao lazer, ao turismo ou ao entretenimento como uma “experiência” é uma farsa, um pseudomito que encontrou um meio de expressão em técnicas elaborados (sic) de marketing e publicidade para potencializar lucros com produtos e serviços que, na maior parte das vezes, são meramente bons ou corretos, quando não corriqueiros, vulgares, produzidos em massa para as massas.
Portanto, o uso dos termos recreação e entretenimento sem ao menos uma
posição clara de seus significados não leva em conta a fruição da cultura e o
desenvolvimento do senso crítico e da criatividade que podem ser propiciados por
esses fenômenos.
A respeito de duas tendências de investigação à época, o materialismo dialético
e o funcionalismo estrutural, Faria (2009) apontou que apenas um dos artigos se
adequou a um desses enfoques. Para o presente período de estudo, apenas uma
dissertação expressou o método no qual se ampara (o materialismo histórico-
dialético). As demais teses e dissertações não possuíam informações que indicassem
o foco metodológico do estudo, então, a maioria não expôs todas as etapas da prática
científica.
Destaca-se também um desafio ainda não alcançado: a realização de estudos
interdisciplinares sobre o lazer e o turismo. Faria (2009, 2012) e Souza (2011)
sugeriram a realização de uma investigação continuada apoiada na
interdisciplinaridade, indo ao encontro da sugestão de outros autores, tais como
Gomes e Melo (2003) e Rejowski (2010b). No entanto, o presente estudo indica que
5 pesquisas ainda preservaram um eixo central em um dos temas, pois abordaram
profundamente e de modo claro apenas o lazer ou o turismo. Esse número é
expressivo quando se considera que 7 pesquisas não possuíam um marco teórico
aprofundado sobre ambos os temas.
Para finalizar, o capítulo priorizou a apresentação das ocorrências de acordo
com algumas categorias a priori, contudo, desde o início, percebeu-se que um
conjunto de informações não seria agrupado pelas mesmas. Com o tempo, essas
pequenas pistas indicaram novas análises, a saber: a imprecisão acerca da
segmentação do mercado turístico (tópico 4.3), assim como os debates confluentes
no conteúdo das teses e dissertações estudadas (tópico 4.5). Ainda que provisória e
em constante processo de construção, espera-se que esta pesquisa tenha contribuído
para instigar mais algumas reflexões sobre o lazer e o turismo.
75
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao definir um objeto de estudos e analisá-lo em uma produção acadêmica
específica, essa dissertação apresentou o seu “estado do conhecimento”. Semelhante
ao “estado da arte”, o estado do conhecimento se preocupa com um levantamento e
discussão dos aspectos destacados em determinado campo de estudo, em diferentes
momentos históricos. Assim sendo, algumas indagações impulsionaram essa
pesquisa: De que modo o lazer e o turismo vêm sendo compreendidos por
pesquisadores que realizam mestrado ou doutorado? Quais interfaces podem ser
inferidas nas análises empreendidas? E ainda, quais aspectos, do conteúdo das teses
e dissertações, podem ser destacados como contribuições para os estudos do lazer e
do turismo?
De acordo com a análise de conteúdo das teses e dissertações selecionadas,
o lazer e o turismo foram entendidos como fenômenos sociais e, sobretudo, como
atividades econômicas fomentadas pelo poder público e pelo chamado terceiro setor,
além de negócios a serem desenvolvidos pela iniciativa privada. Articulada a tais
compreensões, sobressaiu a noção de tempo livre como um resíduo do tempo de
trabalho e, principalmente, como um tempo de recuperação de energias. Em
decorrência, as experiências turísticas e de lazer se tornaram uma forma de propiciar
o relaxamento, a diversão e o descanso.
Cabe lembrar que outros elementos sobre esses dois fenômenos também
foram encontrados nos textos analisados, tais como a relação com o âmbito social,
com a cultura, com a ludicidade e com a cidadania, além da chamada “educação para
e pelo lazer”. Embora possam ser ponto de partida para a compreensão do turismo
ou do lazer, essas características não constituíram o eixo central da maioria dos
textos. Notou-se, assim, que as perspectivas que fundamentaram essa produção
acadêmica não priorizam uma maior consciência do sujeito sobre a importância do
lazer, predominando as associações mencionadas. Em razão disso, é importante que
os pesquisadores observem outras perspectivas teóricas, uma vez que conhecê-las
pode contribuir com a construção de conhecimentos mais reflexivos.
No tocante às interfaces entre os temas estudados, em sua maioria, as teses e
dissertações enunciaram que o turismo é uma opção de lazer. Identificou-se alguns
estudos em que o lazer diz respeito a um segmento do mercado turístico, assim como
aqueles que não apresentaram uma relação ou outra, mas ambas. Sucintamente,
76
notou-se que os diferentes entendimentos sobre esses campos não deixaram claro
que se tratam de áreas fronteiriças.
Por isso, uma fragilidade percebida refere-se ao uso impreciso das expressões
“lazer turístico” e “turismo de lazer”. Tanto na produção bibliográfica quanto nas teses
e dissertações analisadas, ambas as expressões foram marcadas pela ausência de
aporte teórico-conceitual ou por significados variados e desacompanhados de
aprofundamentos. A análise de conteúdo evidenciou que o “lazer turístico” se refere,
em geral, à visita aos atrativos turísticos no local em que se reside e ao uso do tempo
livre para viajar. Já o “turismo de lazer” foi associado, especialmente, às atividades
praticadas no período de férias. Então, convém destacar a necessidade de
ressignificação das duas expressões tendo em vista conferir-lhes uma conceituação
decorrente de novos aprofundamentos sobre a temática.
Considerando os resultados de pesquisa, as teses e dissertações analisadas
apresentaram a investigação de temáticas relevantes tanto para os estudos do lazer
quanto do turismo, a exemplo da desarticulação das ações dos agentes envolvidos no
desenvolvimento turístico e da oferta e acesso ao lazer. Cada estudo guarda subsídios
importantes para gerar intervenções e/ou novas investigações. Em relação à
renovação dos conhecimentos sobre a temática, não foi possível indicar um avanço
significativo na produção acadêmica analisada, pois, de modo geral, as teses e
dissertações reiteraram as discussões e entraves existentes sobre o lazer e o turismo.
Igualmente para os pesquisadores das teses e dissertações, a investigação que
culminou nesse texto enfrentou dificuldades referentes à fundamentação teórica sobre
o turismo, o lazer e, principalmente, suas interfaces. Notou-se que tais relações não
estão dadas em ambas as áreas e que poucos são os estudiosos de um campo que
se dedicaram a compreender o que é discutido no outro. Por isso, embora se afirme
que não foi identificado um avanço significativo nas pesquisas examinadas,
reconhece-se que também nos estudos do turismo e do lazer a reiteração de
discussões e entraves se faz presente. É nesse sentido que esta pesquisadora tentou
sanar ou, pelo menos, reduzir as dificuldades encontradas buscando não somente a
bibliografia dos autores tidos como “clássicos”, mas monografias de graduação, teses,
dissertações e artigos de periódicos escritos por estudiosos e novos pesquisadores
em diferentes campos do conhecimento.
Também por essa razão foram observadas as referências que fundamentaram
a produção acadêmica analisada. Como resultado, notou-se que somente um
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pequeno grupo de textos trata especificamente sobre o lazer e/ou o turismo ou alude
a uma temática semelhante àquela investigada. Em decorrência, é preciso indicar que
os autores tidos como “clássicos” de um campo sejam um ponto de partida para
reflexões e proposição de outras perspectivas de investigação ao invés de fonte única.
As considerações finais também representam o momento para destacar as
lacunas percebidas durante a investigação empreendida. Notou-se a possibilidade
para a realização de estudos bibliométricos que investiguem a socialização dos
conhecimentos sobre o lazer e o turismo em periódicos de outros campos, conforme
abordado no capítulo anterior. Indica-se ainda uma análise mais ampla sobre as
interações de outras áreas e programas de pós-graduação entre a temática aqui
discutida. Uma análise como essa poderia investigar de que modo os olhares de tais
áreas podem contribuir mais significativamente com o avanço do conhecimento sobre
os fenômenos em questão.
Além disso, projetos de pesquisa para futuras teses e dissertações podem levar
em consideração o uso impreciso dos termos visitante e turista, assim como
crescimento e desenvolvimento por investigadores oriundos dos cursos de pós-
graduação mencionados ao longo desse texto. Semelhante ao observado sobre os
segmentos turísticos, eles ressaltaram dificuldades de apreensão de conteúdos
oriundos em áreas distintas – nesse caso, o turismo e a economia.
Tal como Menicucci (2006), acredita-se ser de suma relevância uma
compreensão clara sobre o lazer e de seu entendimento em si mesmo para a
formulação de políticas públicas e propostas de intervenção, tendo em vista a
efetivação do lazer como um direito social. Essa dissertação apresentou como um
resultado de pesquisa o entendimento de lazer como um fenômeno social e,
sobretudo, a partir de relações de consumo. Assim, quais as implicações dessa
compreensão dos pesquisadores para o conteúdo das intervenções propostas em
seus textos? Tem-se aí outra possibilidade de estudo futuro considerando as
interfaces entre o lazer e os resultados de políticas, programas, projetos e ações
governamentais.
Uma última a indicação a ser feita é a continuidade da análise comunicada
nessa dissertação. Optou-se aqui pela análise do conteúdo de teses e dissertações,
ou seja, o texto final, o resultado de um processo de pesquisa. Porém, não se
desconhece que tal processo também é constituído por um contexto específico, que
engloba a dinâmica de conhecimentos prévios dos pesquisadores sobre o lazer e o
78
turismo, de sua formação acadêmica inicial na graduação e mestrado (no caso dos
doutorandos), assim como a oferta de disciplinas pelo programa de pós-graduação
cursado.
Tendo em mente a técnica de análise do discurso, poderiam ser evidenciados
tanto o dito como o não dito no conteúdo da produção acadêmica, além de entrevistar
tais pesquisadores. Sendo assim, indica-se que seja analisado o processo de
produção de conhecimentos em si, complementando o estudo aqui apresentado a
partir da Sociologia do Conhecimento ao invés da Epistemologia.
Todo o tempo manteve-se em mente analisar quais aspectos têm sido
privilegiados nas investigações sobre o lazer e o turismo. Desse modo seria possível
dar continuidade não somente aos estudos de Faria (2009, 2012) e Souza (2011),
mas também pesquisar algumas lacunas a serem preenchidas em ambas as áreas.
Por isso, acredita-se que o mérito da presente dissertação esteja em avaliar uma
produção acadêmica e indicar possíveis caminhos para o futuro próximo.
Para finalizar, notou-se de forma clara o interesse de diversificados campos em
investigar temas que se relacionam ao lazer e ao turismo e, de modo igual, o quanto
tais campos precisam apreender o que já foi pensado e socializado sobre esses
fenômenos. Isso porque os estudos analisados demonstraram que os pesquisadores
não têm acompanhado as modificações nos debates sobre os fundamentos teóricos
do lazer e também do turismo. Por outro lado, os pesquisadores dessas duas áreas
precisam observar e apreender as discussões de outros campos. É nesse sentido que
cabe a todos dialogar cada vez mais, reduzindo as barreiras entre os conhecimentos.
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91
APÊNDICES
Apêndice A – Análise de conteúdo da dissertação de M1
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca
do lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara sobre o turismo
A argumentação realizada nessa dissertação apresenta
elementos do enfoque econômico.
Lazer contraposto ao
trabalho
O lazer é tido como necessidade que se concretiza fora
do tempo de trabalho e das obrigações humanas.
Entendimento de lazer e de
turismo
O turismo é visto como atividade econômica.
O lazer é tratado como um direito humano.
Compreender e discutir
as interfaces entre o
lazer e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo como uma prática de lazer.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
As festas são consideradas uma forma de lazer e também atrativo: são, ao mesmo
tempo, indutoras da prática de lazer e um produto turístico.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Apropriação de um evento pelos agentes públicos e privados associados ao turismo.
Indica os pontos positivos e negativos de sua realização, além de propostas de
intervenção para o mesmo.
Renovação dos
conhecimentos sobre o lazer
e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
92
Apêndice B – Análise de conteúdo da dissertação de M2
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca
do lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Enfoque econômico do
turismo
Turismo e lazer vistos como mercadorias a serem
consumidas, então, notou-se uma aproximação da
abordagem economicista do turismo.
Lazer contraposto ao
trabalho
Lazer como resultado da luta pelo tempo livre e seus usos.
Há ainda a contraposição entre lazer e trabalho.
Entendimento de lazer e de
turismo
Turismo como atividade sistemática surgida no século 19.
Lazer como prática do tempo livre.
Compreender e discutir
as interfaces entre o
lazer e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
O turismo não só é uma atividade de lazer como pressupõe o trabalho, mesmo o não
remunerado.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Experiências de lazer: Golfe, tênis, equitação/cavalgadas (esportes praticados nos
villages).
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Dinâmica do lazer para o hóspede de um resort e suas relações com os funcionários
do empreendimento. Tais funcionários possuem como função principal entreter os
turistas hospedados. Indica a continuidade do tema investigado.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
93
Apêndice C – Análise de conteúdo da dissertação de M3
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca
do lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Pondera sobre alguns aspectos do turismo. Defende que é
um fenômeno moderno que surgiu associado ao lazer.
Diferentes elementos Discussão de diferentes aspectos. Ao final, o lazer, um
conceito moderno, se trata de uma dimensão da cultura.
Entendimento de lazer e
de turismo
Turismo é entendido como um direito social e uma dimensão da cultura.
Lazer como fenômeno sociocultural complexo.
Compreender e discutir
as interfaces entre o
lazer e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo é uma atividade de lazer.
O lazer é tido como a essência do turismo.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Passeios, visitas e excursões são vistas como atividades de lazer por meio do turismo.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Informações sobre os benefícios e fragilidades de um projeto que promove o lazer
turístico. Tece algumas indicações, como o estudo sobre o lazer pelos profissionais
envolvidos no projeto estudado.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
94
Apêndice D – Análise de conteúdo da dissertação de M4
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca
do lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Enfoque geográfico do
turismo
Turismo como um fenômeno social dependente do
espaço geográfico, além de se apropriar dos recursos
locais.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Não há aporte teórico-conceitual do lazer, mas notou-se
seu vínculo com o tempo livre.
Entendimento de lazer e de
turismo
Turismo entendido como um fenômeno social.
Lazer associado a uma “indústria do entretenimento”
Turismo e lazer marcados pelo entretenimento, diversão e consumo.
Compreender e discutir
as interfaces entre o
lazer e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo vinculado ao tempo livre e à busca por prazer. Além disso, se trata de uma
modalidade de lazer.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Experiências turísticas: esportes de aventura. Experiências de lazer: festas, bailes,
piscinas e cinema. Os jogos no cassino são experiências de ambos os fenômenos.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Falta de integração entre os diversos agentes no desenvolvimento do turismo
associada à fragilidade de políticas públicas, do planejamento e da gestão municipal.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
95
Apêndice E – Análise de conteúdo da dissertação de M5
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Mesmo sem aporte teórico, o turismo é entendido a partir
de aspectos sociais.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Não aprofunda o entendimento do lazer. O tempo livre é
visto como um tempo de “não trabalho”.
Entendimento de lazer e de
turismo
Turismo considerado a partir das relações histórico-sociais estabelecidas fora do
entorno habitual do turista.
Lazer contraposto ao trabalho.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Lazer como contributo para o incremento do turismo
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Experiências de lazer: parque, playground, quadra de esportes, pista de skate, reunião
de pessoas, eventos culturais e de gastronomia, ida a bares. Tais experiências são
apropriadas pelo turismo.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Desarticulação entre as ações para o desenvolvimento do lazer e do turismo em um
local. Indica intervenções no planejamento, incluindo o engajamento da população
local nesta etapa e também na apropriação dos espaços do município.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
96
Apêndice F – Análise de conteúdo da dissertação de M6
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Enfoque geográfico do
turismo
Análise espacial dos fenômenos utilizando as categorias
espaço e território.
Lazer contraposto ao
trabalho
Lazer marcado pelo tempo livre e o desprendimento das
obrigações profissionais, familiares e sociais.
Entendimento de lazer e de
turismo
O turismo visto a partir da conceituação da OMT, que leva à definição de lazer.
Lazer como as atividades que se pratica no tempo livre.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
O lazer é um entretenimento inserido também no turismo. Além disso é uma prática
realizada também no destino turístico. Por outro lado, o turismo se trata de uma
possibilidade de lazer.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
A temática sexual se constitui em uma experiência turística e de lazer.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Relação entre a espacialização dos equipamentos de lazer sexual e a infraestrutura
turística, bem como sua atração de turistas ao destino. O autor indica a continuidade
do tema investigado.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Reflexão sobre a dificuldade de pesquisar um tema sem referencial teórico. Porém,
não foi notada uma renovação dos conhecimentos já pensados e socializados sobre
o lazer, o turismo e suas interfaces.
97
Apêndice G – Análise de conteúdo da dissertação de M7
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Há fatores econômicos, sociais e geográficos, mas não
são aprofundados.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Lazer associado ao tempo livre, mesmo não considerando
lazer e trabalho totalmente dissociados.
Entendimento de lazer e de
turismo
Perspectiva de lazer e turismo como válvulas de escape: fuga do cotidiano.
Lazer como entretenimento.
Turismo como possibilidade de descanso.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Utiliza as expressões “lazer turístico” (utilização do tempo livre para viajar) e o “turismo
de lazer” (praticado especialmente nas férias). Não há aporte teórico-conceitual para
ambas as expressões.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Experiências lazer e turismo são as mesmas: banho de sol, banho em praia fluvial,
natação recreacional, hidrocapoeira, accquavolley, handebol aquático, canyons,
wakeboard, mountain bike, iatismo, banana boat, motocross, observação de animais
e confraternizações.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Indicação de planejamento objetivando o uso do potencial de uma barragem para o
desenvolvimento de turismo e de lazer. Apontamento da participação da comunidade
nas políticas públicas e em ações de conscientização ambiental.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
98
Apêndice H – Análise de conteúdo da dissertação de M8
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Enfoque geográfico do
turismo
Aborda que as transformações do espaço se dão sob o
domínio do capital: associação à lógica econômico-
mercadológica juntamente ao lazer.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Articulações do lazer como necessidade básica, um
direito humano e com certa oposição ao tempo de
trabalho.
Entendimento de lazer e de
turismo
Entendimento de que o turismo se apropria e consome espaços, estando estes
notadamente marcados pela instalação de equipamentos turísticos e de lazer.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo como lazer transformado em mercadoria.
Turismo é o lazer com viagem.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Experiências de lazer em espaços como salão de festas, mirante, cyber café,
livraria, praças, praia, calçada. O lazer doméstico é ver televisão.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Contradições associadas à apropriação do espaço pelo turismo, desenvolvido,
principalmente, de acordo com as lógicas do capital – com anuência do poder público
mesmo em alguns pontos que se destoam dos interesses da população.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos já pensados e socializados sobre
o lazer, o turismo e suas interfaces.
99
Apêndice I – Análise de conteúdo da dissertação de M9
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Traz elementos dos enfoques econômicos e geográficos,
mas não explicita um entendimento vinculado a tais
enfoques.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
O lazer foi mencionado, mas não foi discutido
profundamente.
Entendimento de lazer e de
turismo
Turismo como fenômeno complexo e uma atividade econômica moderna.
Não há concepção clara de lazer.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Entendimento de que há lazer sem turismo, mas não há turismo sem lazer.
Lazer como fundamental ao turismo.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
As experiências são as mesmas: voos de asa delta, banhos em piscinas naturais e de
água corrente, usufruir dos serviços culinários disponíveis nos hotéis e pousadas.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Desenvolvimento do turismo a partir, principalmente, da lógica do capital. Visão das
manifestações de lazer como fatores de potencial para o desenvolvimento do turismo
no município estudado e, assim, indica algumas intervenções nas ações dos agentes
públicos e privados.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos já pensados e socializados sobre
o lazer, o turismo e suas interfaces.
100
Apêndice J – Análise de conteúdo da dissertação de M10
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
O turismo é visto predominantemente como atividade
econômica, porém o autor não se apoia nesse enfoque.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Não há uma abordagem clara sobre o lazer.
Entendimento de lazer e
de turismo
Turismo entendido a partir do conceito da OMT.
Não há concepção de lazer.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo entendido como prática de lazer.
Levantamento das
experiências turísticas e
de lazer
Não são citadas as experiências de lazer e turismo, mas o autor entende a prática
turística como lazer.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Fatores de restrição ao lazer em turismo por idosos. Indicações, além da continuidade
de seu objeto de estudo, que as empresas atuantes no setor elaborem estratégias de
marketing voltadas para este público.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
101
Apêndice K – Análise de conteúdo da dissertação de M11
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Diferentes elementos
Pondera sobre alguns fundamentos, destacando pontos
positivos e negativos. De modo geral, turismo é um
fenômeno econômico e social.
Lazer contraposto ao
trabalho
Entendimento de lazer a partir da contraposição entre
obrigações e escolhas. O lazer passa a ser configurado
por um tempo específico.
Entendimento de lazer e
de turismo
O turismo se trata de uma gama de prestação de serviços, dentre eles a recreação e o
entretenimento.
Lazer vinculado ao tempo livre (tempo restante após cumprir as obrigações humanas).
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo não ocorre sem o elemento lazer.
Uso da expressão “turismo de lazer” sem um conceito claro.
Levantamento das
experiências turísticas e
de lazer
OAM e suas atividades como espaço de lazer e turismo.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Contradições de atuação dos agentes públicos devido à localização de um atrativo
turístico na fronteira municipal. Há intervenções para melhorar o museu e ampliar suas
atividades.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não se percebeu uma renovação dos conhecimentos já pensados e socializados sobre
o lazer, o turismo e suas interfaces.
102
Apêndice L – Análise de conteúdo da dissertação de M12
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Analisa alguns aspectos geográficos do turismo sem se
apoiar claramente neste enfoque.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Estudo sem abordagem teórica para o lazer.
Entendimento de lazer e de
turismo
Turismo é tratado como atividade e também como fenômeno.
Lazer como fenômeno dinâmico não circunscrito somente ao tempo livre.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
O lazer é uma manifestação ligada ao turismo, mas as relações entre esses temas
não são claramente expostas.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Experiências de lazer disponíveis aos turistas: contemplação, caminhadas, passeios
de pedalinho, pesca, corrida, quadras de esportes, passeio de barco, aero e
nautimodelismo e visita aos espaços culturais.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa Falta de informação e participação da população nas ações do poder público. Ao final,
há a indicação da continuidade do tema de pesquisa.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não se percebeu uma renovação dos conhecimentos já pensados e socializados
sobre o lazer, o turismo e suas interfaces.
103
Apêndice M – Análise de conteúdo da dissertação de M13
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Não há uma abordagem específica, mas a pesquisa
possui elementos econômicos e gerenciais.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Há alguns elementos que contrapõem o lazer ao trabalho,
mas não são problematizados.
Entendimento de lazer e de
turismo
Entendimento de turismo a partir da OMT.
O lazer é contraposto ao trabalho.
Ambos os fenômenos vistos como fuga da rotina.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo vinculado ao lazer por meio do tempo livre.
Turismo de lazer como uma modalidade de turismo.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
Parque temático como prática de lazer e turismo.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa Fatores relacionados ao encantamento do cliente a partir de sua experiência turística,
indicando estratégias de ação para agências de viagens que atuam no setor estudado.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não se percebeu uma renovação dos conhecimentos já pensados e socializados
sobre o lazer, o turismo e suas interfaces.
104
Apêndice N – Análise de conteúdo da dissertação de D1
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Há alguns elementos do enfoque geográfico: apropriação
do território e o jogo político e de interesses relatados ao
longo do estudo, mas sem convocar uma abordagem.
Ausência de abordagem
clara para o lazer
Há relação com o turismo, mas o lazer não foi
profundamente discutido.
Entendimento de lazer e de
turismo
Turismo entendido como um fenômeno. Lazer e turismo marcados pelo
entretenimento, diversão e consumo.
Não há concepção clara de lazer.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Turismo como uma prática do turista, enquanto o lazer é uma prática do residente.
Mas o turismo é visto como uma forma de lazer.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
São citadas visitas aos espaços culturais e encontros em bares e restaurantes como
práticas de um espaço de lazer e turismo.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Desagregação do governo e da iniciativa privada nas ações referentes ao projeto de
regeneração de um espaço público. O texto ressalta as deficiências no texto de
projetos deste tipo, que podem não implicar em benefícios para a população.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos sobre o lazer, o turismo e suas
interfaces.
105
Apêndice O – Análise de conteúdo da dissertação de D2
Objetivo específico Categoria de análise Análise das informações encontradas
Identificar os
entendimentos acerca do
lazer e do turismo
Abordagem teórica
verificada
Ausência de abordagem
clara para o turismo
Ao longo do estudo, há questões do jogo de poder e
interesses inerentes ao turismo, mas não explora essas
relações a partir de uma abordagem teórica.
Lazer contraposto ao
trabalho
Lazer entendido como contraponto do trabalho.
Entendimento de lazer e de
turismo
Turismo é visto como uma atividade econômica, compreendido como produto.
O lazer é próprio do tempo livre e precisa conferir prazer ao seu praticante.
Compreender e discutir
as interfaces entre o lazer
e o turismo
Interfaces apresentadas
entre lazer e turismo
Lazer como uma forma de turismo
Turismo como uma alternativa de lazer.
Levantamento das
experiências turísticas e de
lazer
As experiências são as mesmas: pesca, banho de sol, caminhadas, passeios com
veículos (buggy, motocicleta, carro, barco, lancha, jangada), passeios a cavalo,
realização de trilhas a pé e consumo em barracas de praia.
Investigar contribuições
produzidas no seio de
diferentes campos do
conhecimento
Resultados de pesquisa
Problemas sociais e, sobretudo, ambientais provocados por um turismo exploratório.
Também aponta algumas propostas de intervenção no desenvolvimento do turismo
local.
Renovação dos
conhecimentos sobre o
lazer e o turismo
Não foi notada uma renovação dos conhecimentos já pensados e socializados sobre
o lazer, o turismo e suas interfaces.
106
Apêndice P – Áreas dos programas de pós-graduação
Número de estudos
Programa Área de avaliação
Área básica
4
Administração de Empresas
Hospitalidade
Turismo
Administração, Ciências
Contábeis e Turismo
Administração de
Empresas / Turismo
5 Geografia
Geografia Humana
Geografia
Geografia
2
Planejamento Urbano e
Regional
Planejamento Urbano e
Regional / Demografia
Planejamento
Urbano e Regional
1 Arquitetura e Urbanismo Arquitetura e Urbanismo Arquitetura e
Urbanismo
1 Estudos do Lazer Interdisciplinar Sociais e
Humanidades
1 Desenvolvimento e Meio
Ambiente
Ciências Ambientais Ciências Ambientais
1 História, Política e Bens
Culturais
História História
Fonte: Elaboração própria.
107
Apêndice Q – Entendimentos e interfaces entre o lazer e o turismo por programa de pós-graduação
Programa de pós-graduação Análise dos entendimentos sobre o lazer e o turismo Análise das interfaces entre lazer e turismo
Mestrado em Turismo
Sobressai-se tanto a visão do turismo como fenômeno quanto atividade econômica. O lazer também é abordado de dois modos: como direito humano e contraposto ao trabalho. Ambos os temas são associados à fuga da rotina.
Turismo se trata de uma prática de lazer, associado a este por meio do tempo livre.
Expressão “turismo de lazer” como um segmento do turismo.
Mestrado em Lazer O turismo é entendido como um direito social e uma dimensão da cultura. O lazer, por sua vez, é um fenômeno sociocultural complexo, visto como dimensão da cultura.
Turismo é uma atividade de lazer, tido como a essência do turismo.
Mestrado em História, Política e Bens Culturais
O turismo é abordado como atividade surgida no século 19. Já o lazer é vivenciado no tempo livre.
O turismo é uma atividade de lazer.
Mestrado em Geografia
O turismo é entendido como: a) um fenômeno social; b) um fenômeno complexo; e c) uma atividade econômica moderna. O lazer está associado a uma “indústria do entretenimento”. Exceto a pesquisa sem concepção clara de lazer, este fenômeno é visto como uma necessidade básica e associado ao entretenimento, à diversão e ao consumo.
O turismo é tratado como uma atividade, um tipo de lazer, que não se concretiza sem este sem elemento. Além disso, associa-se à busca por prazer.
Doutorado em Geografia Turismo é visto como uma atividade econômica, compreendido como produto. O lazer se vincula ao tempo livre e deve ser prazeroso.
Turismo é uma alternativa de lazer.
Mestrado em Geografia Humana
O turismo visto a partir da conceituação da OMT, que leva à definição de lazer. A partir disso, o lazer é tratado como as atividades do tempo livre.
Ora o lazer é um entretenimento inserido também no turismo, ora o turismo se trata de uma possibilidade de lazer.
Mestrado em Planejamento Urbano e Regional
O turismo é abordado como uma atividade e também um fenômeno, considerando as relações histórico-sociais estabelecidas fora do entorno habitual. Já o lazer é tido tanto
O lazer é um contributo para o incremento de potencial e também como uma manifestação
108
como um fenômeno dinâmico não circunscritos ao tempo livre quanto contraposto ao trabalho.
que se relaciona ao turismo. Não é possível afirmar sobre uma sobreposição entre eles.
Mestrado em Administração de Empresas
Turismo entendido como uma atividade econômica. Não há concepção clara de lazer.
Turismo entendido como prática de lazer.
Doutorado em Arquitetura e Urbanismo
Turismo entendido como um fenômeno. Não há uma concepção clara de lazer, porém ambos são marcados pelo entretenimento, diversão e consumo.
Diferentes afirmações: a) o turismo é uma forma de lazer; b) o lazer e a recreação são um tipo de segmento do turismo; e c) o “turismo recreacional” é um tipo de “turismo de lazer”.
Mestrado em Hospitalidade O turismo se trata de uma gama de prestação de serviços, dentre eles a recreação e o entretenimento. O lazer é vinculado ao tempo livre (tempo restante após cumprir as obrigações humanas).
O turismo não ocorre sem o elemento lazer. Também apresenta a expressão “turismo de lazer” sem um conceito.
Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente
Perspectiva de lazer e turismo como fuga do cotidiano. Além disso, o lazer é um entretenimento enquanto o turismo é uma possibilidade de descanso.
Presença das expressões “lazer turístico” e “turismo de lazer” gera dúvidas sobre as relações entre os temas estudados.
Fonte: Elaboração própria.