Igor Eduardo Otiniano Mejía Comportamento dinâmico de...
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Igor Eduardo Otiniano Mejía
Comportamento dinâmico de dutos enterrados: Metodologia e Implementação Computacional
Tese de Doutorado
Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientadores: Deane de Mesquita Roehl Celso Romanel
Rio de Janeiro, setembro de 2008
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Igor Eduardo Otiniano Mejía
Comportamento dinâmico de dutos enterrados: Metodologia e Implementação Computacional
Tese apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
Profa . Deane de Mesquita Roehl Orientador
PUC-Rio
Prof. Celso Romanel Co-orientador
PUC-Rio
Prof. João Luís Pascal Roehl Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Prof. Paulo Batista Gonçalves Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Profa . Mildred Ballin Hecke Universidade Federal do Paraná
Prof. Fernando Saboya A. Junior Universidade Estadual do Norte Fluminense
José Eugênio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio
Rio de Janeiro, 11 de setembro de 2008
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador.
Igor Eduardo Otiniano Mejía Mestre em Engenharia Civil pela PUC-Rio em 2003. Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Privada de Tacna em 1994. Atua na linha de pesquisa de termodinâmica e dutos enterrados.
Ficha Catalográfica
CDD: 624
CDD: 624
Otiniano Mejía, Igor Eduardo
Comportamento dinâmico de dutos enterrados: metodologia e implementação computacional / Igor Eduardo Otiniano Mejía ; orientadores: Deane de Mesquita Roehl, Celso Romanel. – 2008. 167 f. ; 30 cm
Tese (Doutorado em Engenharia Civil)–Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. Inclui bibliografia
1. Engenharia civil – Teses. 2. Elementos finitos. 3. Elementos de interface. 4. Interação solo-duto. 5. Modelo linear–equivalente. 6. Tubulações enterradas. I. Roehl, Deane de Mesquita. II. Romanel, Celso. III. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. IV. Título.
Aos meus pais Ricardo (in memoriam) e Esperanza,
à minha esposa Ana,
e ao meu filho José Ricardo,
pelas orações, apoio e confiança.
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de estar no
mundo.
As pessoas que passaram e passam pelo que eu passei e passo: ficar longe da
família em busca de um ideal comum.
A minha orientadora Professora Deane Roehl, um muito obrigado especialíssimo
pela oportunidade de desenvolvimento desta pesquisa, pela enorme
disponibilidade para orientação, confiança e paciência para o desenvolvimento
deste trabalho - “chegamos”.
Ao Professor Celso Romanel, por ter me ajudado para que eu encontrasse o
melhor caminho para a conclusão desta jornada.
Aos professores do curso de Pós-Graduação do Departamento de Engenharia Civil
– PUC-Rio pelos ensinamentos transmitidos durante os cursos de Mestrado e
Doutorado.
Aos meus amigos, dos cursos do mestrado e doutorado, especialmente aos da sala
609 que proporcionaram sempre enriquecedores debates, pela amizade e
agradável convívio.
Aos funcionários da secretaria de Engenharia Civil, pela atenção para comigo e
extraordinário desempenho para com todos os alunos.
À “Cidade Maravilhosa”, por ter sido a cidade que me acolheu em seu berço.
À Capes e ao CNPq pelo apoio financeiro.
Resumo
Otiniano Mejía, Igor Eduardo; Roehl, Deane. Comportamento dinâmico de dutos enterrados: Metodologia e Implementação Computacional. Riode Janeiro, 2008. 167p. Tese de Doutorado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Neste trabalho apresenta-se uma metodologia de análise do comportamento
mecânico de dutos enterrados usados no transporte de gás e outros fluidos sujeitos
a cargas dinâmicas. Em especial são considerados carregamentos provocados por
sismos. Emprega-se uma modelagem em elementos finitos com base em uma
discretização com elementos especiais de viga para modelar o duto. Não
linearidades geométricas e do material são consideradas numa formulação
Lagrangeana total. As equações de equilíbrio são formuladas a partir do principio
dos trabalhos virtuais, segundo as componentes de tensão e deformação no
elemento viga-duto. A técnica do Módulo Reduzido de Integração Direta (RMDI)
é empregada na qual se incorpora o comportamento elasto-plástico do material.
Esta abordagem exclui da análise os efeitos do enrugamento nas paredes do duto.
As matrizes para resolução por elementos finitos dessas equações são derivadas.
Nessa metodologia os efeitos da interação solo-duto são incorporados. O solo é
modelado através de elementos bidimensionais considerando um modelo
constitutivo Linear-Equivalente, acoplados ao duto por meio de elementos de
interface localizados entre o duto e o solo. Finalmente são considerados contornos
artificiais amortecidos para possibilitar a representação do problema através de
um trecho finito. Foram usados para as análises históricos de acelerações do tipo
sismo, entre estes o sismo ocorrido em Pisco – Perú no ano 2007. Desenvolve-se
um programa para computador segundo a metodologia apresentada. Finalmente
são estudados alguns exemplos com o objetivo de avaliar numericamente os
resultados da análise obtidos e formular algumas conclusões sobre o
comportamento de dutos enterrados sujeitos a cargas dinâmicas.
Palavras-chaveElementos finitos; interação solo-duto; elementos de interface; modelo linear
equivalente; tubulações enterradas.
Abstract
Otiniano Mejía, Igor Eduardo; Roehl, Deane. Dynamic Behavior of buried pipes Methodology and computational implementation. Rio de Janeiro, 2008. 167p. D.Sc. Thesis – Department of Civil Engineering, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
This work presents a numerical methodology for the analysis of buried
pipes employed by the transport of oil and gas subject to dynamic loads. Emphasis
is given to seismic loads. A finite element model based on a special class of beam
element for the pipe representation is employed. Both geometric and material non-
linearities are considered in a total Lagrangean formulation. The equilibrium
equations are formulated based on the virtual work principle considering the stress
and deformation components of the beam-pipe element. The Reduced Modulus
Direct Integration (RMDI) technique is employed by which the elasto-plastic
material behavior is incorporated. This technique excludes from the analysis the
local buckling effects of the pipe walls. The corresponding finite element matrices
for this element are obtained. In this methodology the effects of the constant
internal pressure as well as the soil-pipe interaction are included. The soil is
modeled through two-dimensional elements with material behavior described
through a linear equivalent model. Interface elements couple beam-pipe elements
with soil elements and account for soil-pipe interaction. Finally silent boundary
elements are incorporated to the model to reproduce the semi-infinite boundary
conditions in the finite size model. Distributed loads are considered constant with
respect to the global axis. Acceleration histories are applied to simulate seismic
dynamic loads among which the acceleration histories of the earthquake which
occurred in Pisco-Perú in 2007. A finite element computer code is developed
according to the methodology presented. Some examples are studied with the
objective to evaluate numerically the analysis results and to formulate some
conclusions to the behavior of buried pipes subject to seismic loads.
Keywords Finite elements; soil-pipe interaction; interface elements; linear equivalent
model; buried pipes.
Sumário
1 Introdução 22
1.1 Tubulações enterradas 22
1.2 Transporte de gás natural 23
1.3 Efeitos sísmicos 26
1.3.1 Parâmetros sismológicos. 29
1.3.2 Ondas planas de tensão (elásticas) 31
1.4 Objetivos e organização do trabalho 33
2 Modelos para dutos enterrados 36
2.1 Mecânica do problema 36
2.2 Definição do movimento 37
2.3 Modelos numéricos de interação duto-solo 39
2.4 Pesquisas na área de tubulações. 40
2.5 Procedimento simplificado para projeto sísmico de dutos
enterrados 45
3 Formulação do elemento viga-duto 52
3.1 Introdução 52
3.2 Hipóteses do modelo matemático 52
3.3 Hipóteses cinemáticas fundamentais 53
3.4 Relações constitutivas 57
3.4.1 Algoritmo implícito de Euler (Backward Euler) 63
3.4.2 Integração das tensões 65
3.5 Equação de trabalho virtual incremental 67
3.6 Discretização em elementos finitos 69
3.6.1 Interpolação de deslocamentos 70
3.6.2 Matrizes de deformação-deslocamento 73
3.6.3 Equações de equilíbrio para o elemento finito 74
4 Formulação do modelo numérico do solo 77
4.1 Modelos constitutivos 77
4.2 Comportamento dos solos 78
4.3 Resumo dos principais modelos constitutivos para solos 81
4.4 Modelo Linear Equivalente 82
4.5 Discretização do elemento finito para o solo 90
5 Elementos finitos de interface e contornos artificiais 94
5.1 Elemento de Goodman, Taylor e Brekke (1967). 94
5.2 Elemento de Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973) 97
5.3 Elemento de Pande e Sharma (1979) 100
5.4 Elemento de Desai, Lightner e Siriwardane (1984). 104
5.5 Critérios e métodos numéricos utilizados nos contornos artificiais
do meio contínuo. 106
5.5.1 Contornos absorventes locais no domínio do tempo 107
5.5.2 Matriz de elementos de contorno 107
5.5.3 Controle do tamanho do elemento 108
6 Métodos de solução 110
6.1 Introdução 110
6.2 Revisão de procedimentos de solução 110
6.3 Processo iterativo para solução do sistema de equações de
equilíbrio não lineares: método Newton-Raphson 111
6.4 Solução do sistema de equações de equilíbrio no domínio do
tempo 115
6.4.1 Algoritmos de integração 116
6.4.2 Algoritmos de Newmark incondicionalmente estáveis 116
6.4.3 Convergência de um algoritmo 118
7 Exemplos e validação da metodologia. 120
7.1 Verificação do modelo elástico linear. 120
7.2 Verificação do modelo linear equivalente. 124
7.3 Verificação do Modelo Linear Equivalente para um histórico de
acelerações. 126
7.4 Verificação do Modelo Linear Equivalente para um histórico de
acelerações e consideração de contornos absorventes. 129
7.5 Verificação do modelo duto-solo submetido a cargas dinâmicas. 131
7.6 Verificação do modelo duto - solo usando aço API- 5L 500mm.
e um sismo de 8,0 graus de magnitude (Pisco – Perú 2007). 133
7.7 Verificação do modelo duto-solo usando aço API- 5L 600mm e
um sismo de 8,0 graus de magnitude (Pisco – Perú 2007). 139
7.8 Verificação do modelo duto-solo usando aço API- 5L 600mm e
um sismo de 8,0 graus de magnitude (Pisco – Perú 2007) e
efeitos de subpressão. 141
7.9 Verificação do modelo duto - solo usando aço API- 5L 500mm
e um sismo de 8.0 graus de magnitude considerando tensões
residuais (caso ocorrido no projeto Camisea - Perú.) 143
8 Conclusões 148
9 Referências bibliográficas 152
10 Anexo 159
10.1 Perfil Geotécnico – Areias do setor de Camisea 159
10.2 Efeito da forma das partículas – Areias do setor de Camisea 165
Lista de figuras
Figura 1.1 – Esquema de tubulação enterrada ........................................22
Figura 1.2 - Reservas de gás natural da América do Sul. (Gástech) .......25
Figura 1.3 – Principais conexões dos gasodutos entre os países da
América do sul. .....................................................................25
Figura 1.4 - Bloco - diagrama mostrando uma representação
esquemática do foco ou hipocentro, plano de falha e
epicentro. ..............................................................................26
Figura 1.5 - Continente universal Pangea. ...............................................28
Figura 1.6 - Distribuição geográfica das placas tectônicas da terra. Os
números representam as velocidades em cm/ano entre as
placas, e as setas, os sentidos do movimento. Teixeira,
Toledo, Fairchild e Taioli (2000). ..........................................28
Figura 1.7 - Efeitos de subducção entre duas placas adjacentes. ...........29
Figura 1.8 - Acelerograma e suas principais características. ...................30
Figura 1.9 - Diferentes tipos de ondas planas de tensão em material
sólido ....................................................................................33
Figura 1.10 - Registro de ondas sísmicas. ...............................................33
Figura 2.1 - Detalhe da ação das ondas de sismo no sistema duto-solo. 37
Figura 2.2 - Propagação das ondas no espaço........................................37
Figura 2.3 - Modelo duto-solo em elementos finitos submetidos ao
carregamento do acelerograma horizontal. ..........................38
Figura 2.4 - Modelo simplificado de sistema duto–solo............................38
Figura 2.5 - Modelo elasto-plástico Idealizado para as forças de
interação solo-duto nas três direções espaciais, ASCE
(1984). ..................................................................................47
Figura 2.6 - Relação carga–deformação lateral na interface solo-duto
para diferentes casos, O’Rourke (1999). ..............................47
Figura 2.7 - Esquema do procedimento de projeto proposto para
tubulações enterradas. (Rodríguez, P. 2003). ......................51
Figura 3.1 - Sistema de coordenadas, global e local................................54
Figura 3.2 - Configurações deformadas para 0t , t t e t t t ........55
Figura 3.3 - Deformações no tubo fletido. ................................................55
Figura 3.4 - Exemplo de divisão da seção transversal do duto. ...............62
Figura 3.5 - Superfície de plastificação: princípio da normalidade. ..........63
Figura 3.6 - Procedimento de integração implícito e explícito. .................65
Figura 3.7 - Elemento de viga com três nós. ............................................70
Figura 3.8 - Inclinação do elemento de viga-duto.....................................73
Figura 4.1 - a) Variação de K com p’, b) Variação de G com p’ e com
oct . .......................................................................................80
Figura 4.2 - Relação tensão - deformação para diferentes deformações.
Report No EERC-70-10. .......................................................83
Figura 4.3 - Curvas de variação do módulo de cisalhamento para areias
sob diferentes densidades relativas – Seed e Idriss (1970). 86
Figura 4.4 - Curvas de variação do módulo de cisalhamento para
diferentes índices de plasticidade – Vucetic e Dobry (1991) 87
Figura 4.5 - Curvas de variação da razão de amortecimento para
diferentes índices de plasticidade – Vucetic e Dobry (1991) 88
Figura 4.6 - Definição das coordenadas naturais de um triangulo. ..........90
Figura 5.1 - Elemento de junta, espessura nula = 0, sistema de
coordenadas locais , ........................................................95
Figura 5.2a - Geometria do elemento de interface
[Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973)].................................97
Figura 5.2b - Detalhe do elemento de interface
[Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973)].................................98
Figura 5.3a - Elemento de interface com dois elementos planos
adjacentes [Pande e Sharma (1979)]. ................................101
Figura 5.3b - Elemento de interface isoparamétrico parabólico
[Pande e Sharma (1979)]. ..................................................101
Figura 5.4 - Esquema dos modos de deformação na interface
[Desai, Lightner e Siriwardane (1984)]. ..............................104
Figura 5.5 - Esquema do elemento de interface
[Desai, Lightner e Siriwardane (1984)]. ..............................106
Figura 7.1 - Esquema do estrato horizontal. ..........................................121
Figura 7.2 - Malhas de elementos finitos usados nas análises. .............122
Figura 7.3 - Resposta elástica linear para o deslocamento no tempo
para a parte superior do estrato (nó 92 da figura 7.2). .......123
Figura 7.4 - Resposta elástica linear para o deslocamento no tempo
para a parte media do estrato (nó 47 da figura 7.2)............123
Figura 7.5 - Valores da variação do módulo de rigidez ao cisalhamento
G com a deformação cisalhante (EERC 70-10
DECEMBER 1970 – SOIL MODULI AND DAMPING
FACTORS FOR DYNAMIC RESPONSE ANALYSES).......124
Figura 7.6 - Valores da razão de amortecimento (Report EERC 70-10
DECEMBER 1970 – SOIL MODULI AND DAMPING
FACTORS FOR DYNAMIC RESPONSE ANALYSES).......125
Figura 7.7 - Resposta Linear Equivalente para o deslocamento
horizontal para a parte superior do estrato
(nó 92 figura 7.2). ...............................................................125
Figura 7.8 - Resposta Linear Equivalente para o deslocamento
horizontal para a parte media do estrato
(nó 47 figura 7.2). ...............................................................126
Figura 7.9 - Acelerograma usado na análise..........................................127
Figura 7.10 - Malha de elementos finitos usada na análise com o
programa QUAKE...............................................................128
Figura 7.11 - Malha de elementos finitos gerada pelo programa MTool 128
Figura 7.12 - Deslocamento horizontal no tempo - malha sem
contornos absorventes. ......................................................129
Figura 7.13 - Deslocamento horizontal no tempo considerando a
malha com contornos absorventes. ....................................130
Figura 7.14 - Malha com contornos absorventes, duto e elementos
de interface. ........................................................................131
Figura 7.15 - Deslocamento horizontal no tempo, Para o ponto 1. ........132
Figura 7.16 - Deslocamento horizontal no tempo, Para o ponto 3. ........133
Figura 7.17 - Tensão – Deformação para aço API- 5L-X70 ...................134
Figura 7.18 - Acelerograma usado na analises e Período espectral do
Sismo..................................................................................135
Figura 7.19 - Malha incluindo contornos absorventes. ...........................136
Figura 7.20 - Seção do duto, subdivisão do duto e ponto de avaliação
de tensões. .........................................................................136
Figura 7.21 - Deslocamento horizontal no tempo, Para o ponto 1. ........137
Figura 7.22 - Tensão - Tempo, para o ponto 1 (parte superior do duto) 138
Figura 7.23 - Tensão - Tempo, para o ponto 1 (parte superior do duto) 138
Figura 7.24 - Seção do duto, subdivisão do duto e ponto de avaliação
de tensões. .........................................................................139
Figura 7.25 - Deslocamento horizontal no tempo, para o ponto 1..........140
Figura 7.26 - Tensão - Tempo, para o ponto 1 (parte superior do duto) 140
Figura 7.27- Tensão, para o ponto 1 (parte superior do duto)................141
Figura 7.28 – Subpressão aplicada ao duto. ..........................................142
Figura 7.29 – Deslocamento horizontal no tempo, para o ponto 1. ........142
Figura 7.30 – Tensão, para o ponto 1 (parte superior do duto). .............143
Figura 7.31 - Falha no poliduto acontecida no dia 22 de dezembro do
2004....................................................................................144
Figura 7.32 - Seção do duto, região da solda.........................................145
Figura 7.33 - Tensões para o ponto 1 parte superior do duto sem
solda. ..................................................................................146
Figura 7.34 - Tensões para o ponto 1 parte superior do duto Tensão
Residual = 100 MPa ...........................................................146
Figura 7.35 - Tensão para o ponto 1. .....................................................147
Figura 10.1 - Sismógrafo Digital ORION 3S. ..........................................159
Figura 10.2 - Ensaio de Penetração Estandar (SPT). ............................161
Figura 10.3 - Ensaio de Piezocone (CPTU). ..........................................162
Figura 10.4 - Ensaio do Dilatômetro de Marchetti (DMT). ......................163
Figura 10.5 – Velocidades de ondas S e P nas areias da região de
Camisea. ............................................................................164
Figura 10.6 - Carta de esfericidade (S) e redondez (R). ........................165
Figura 10.7 - Distribuição pelo tamanho do mineral, onde se nota o
predomínio dos grãos angulares. .......................................167
Lista de símbolos
A área;
Am aceleração máxima do solo perpendicular à direção de propagação da
onda;
B operador de deformação deslocamento
C velocidade de propagação da onda sísmica;
xC razão entre deformação circunferencial e deformação longitudinal;
rxC razão entre deformação radial e deformação longitudinal;
EPC modulo elasto-plástico; BEC amortecimento para o elemento de contorno;
D diâmetro exterior do duto;
Dep matriz elasto-plástica;
E modulo de Young ou Elasticidade;
F força axial;
fy tensão de escoamento; t
eqF força axial equivalente;
g aceleração da gravidade;
G modulo de cisalhamento;
'H constante de encruamento equivalente;
IP índice de plasticidade;
K rigidez volumétrica;
gK curvatura máxima do solo;
1K coeficiente de rigidez da seção transversal de uma viga (axial);
2K coeficiente de rigidez da seção transversal de uma viga (flexão);
3K coeficiente de rigidez da seção transversal de uma viga (coupling);
t L comprimento corrente do elemento viga-tubo;
iL funções de interpolação de elementos finitos triangulares;
teqM momento equivalente;
MM escala de Mercalli Modificada;
ML magnitude local; t
iN funções de interpolação de elementos finitos viga-duto;
p pressão interna; t
ijs tensor desviador do segundo tensor de tensões Piola-Kirchhoff;
tijS segundo tensor de tensões Piola-Kirchhoff;
S tensão;
S tensão efetiva;
yS tensão cisalhante máxima;
t S tensão circunferencial constante;
Sx tensão longitudinal;
Sr tensão radial;
t espessura do duto;
r radio;
R forças internas; ,u v deslocamentos em coordenadas locais x, y;
coeficiente de Poisson;
Vm velocidade horizontal máxima do solo;
Vp velocidade de propagação de onda P;
Vs velocidade de propagação de onda S;
Vd vetor de desequilíbrio de forças;
tol tolerância;
m quantidade de sub incrementos;
h parâmetro de endurecimento;
p’ tensão media efetiva;
U forças desbalanceadas;
W ext trabalho externo;
Pa pressão atmosférica;
PHA aceleração pico horizontal;
K2max coeficiente adimensional;
Dr densidade relativa;
TCF trilhão de pés cúbicos;
Ti matriz de transformação (elemento de interface);
Tu resistência ultima horizontal axial;
Pu resistência ultima horizontal transversal;
Qu resistência ultima horizontal vertical;
ur deslocamento relativo;
e espessura do elemento;
en erro global;
xsi tamanho de sub incremento;
,x y coordenadas globais;
angulo de orientação;
, parâmetros de amortecimento de Rayleigh;
' constante entre 0 e 1;
, parâmetro do algoritmo de integração numérica;
M porção da matriz de massa;
K porção da matriz de rigidez;
pd deformação plástica efetiva incremental;
P deformação plástica efetiva acumulada;
0t deformação longitudinal no centróide do elemento;
pt
deformação plástica efetiva incremental;
Pt
deformação plástica na direção circunferencial;
Pt r
deformação plástica na direção radial;
Pt x
deformação unitária plástica na direção longitudinal;
tx
deformação unitária longitudinal;
g deformação axial de campo livre;
incremento;
operador Nabla;
curvatura;
rotações;
tensão;
freqüência;
coordenada natural axial;
ij delta de Kronecker;
'm tensão efetiva principal media;
parâmetro de encruamento;
matriz tangente elástica modificada;
coordena natural;
configuração da estrutura;
tensão cisalhante;
densidade do material;
D tolerância em termos de deslocamento;
F tolerância em termos de força;
E tolerância em termos de energia;
deformação normal;
deformação tangencial;
multiplicador plástico;
DutC matriz de amortecimento do duto;
SoloC matriz de amortecimento do solo;
[ ]t PD matriz de propriedades de material da seção transversal da tubulação;
[ ]t F matriz de força axial;
[ ]t N matriz de funções de interpolação;
[ ]K matriz de rigidez;
[ ]EK matriz de rigidez elástica para um elemento;
[ ]EPK matriz de rigidez elasto-plástica para um elemento;
[ ]t M matriz de momento;
DutM matriz de massa do duto;
soloM matriz de massa do solo;
[ ]tT matriz de transformação;
{ }P vetor de carga externa;
{ }Q vetor de força equilibradora;
{ }u vetor deslocamento;
a valor absoluto de a;
“Á homens que lutam um dia e são bons, há outros
que lutam um ano é são melhores, há os que lutam
muitos anos é são muito bons. Mas há os que lutam
toda a vida e estes são imprescindíveis.”
Bertold Brecht
1 Introdução
1.1 Tubulações enterradas
A segurança de tubulações enterradas tem sido muito pesquisada nos
últimos anos devido ao grande risco de dano ocasionado por deslocamentos e
deformações do solo e/ou por propagação de ondas sísmicas.
As propriedades dos solos sofrem grandes modificações quando são
submetidos a solicitações dinâmicas. Os modelos constitutivos que reproduzem
adequadamente o comportamento dos solos em situações estáticas tornam-se
incapazes de predizer como evoluem as tensões e as deformações quando as
cargas aplicadas são variáveis no tempo. Por outro lado, as solicitações dinâmicas
são muito mais freqüentes que as estáticas na natureza. As situações mais críticas
acontecem durante terremotos, onde os solos sofrem grandes deformações que
modificam suas características.
Os modelos constitutivos desenvolvidos para analisar esse tipo de problema
no solo não são simples.
Figura 1.1 – Esquema de tubulação enterrada
23
No caso de dutos, a hipótese de comportamento linear pode levar a
resultados errôneos que mascaram a resposta real da estrutura e dificultam uma
determinação precisa da sua segurança. Por essa razão, métodos de análises que
incorporem os efeitos não-lineares e dinâmicos são necessários ao projeto.
Na prática, a análise é realizada de acordo a os critérios de projeto em cada
caso, não havendo um único procedimento adotado pelos engenheiros. Em
particular, as normas de projeto sísmico não contemplam o projeto de sistemas de
dutos enterrados.
1.2 Transporte de gás natural
Um dos aspectos que mais caracteriza o gás natural é a possibilidade de seu
estado físico ser adaptado às condições de transporte desde a zona onde é
produzido até a região onde será utilizado, freqüentemente distantes uma da outra.
Destacam-se as três seguintes alternativas principais:
a) Sob a forma liquefeita em navios criogênicos.
O transporte de gás natural liquefeito (GNL), à temperatura de
162°C negativos, em navios criogênicos, só costuma ser
econômico para grandes volumes e distâncias. É usado onde não há
a possibilidade de adotar outra alternativa como, por exemplo, nas
transferências do Sudeste da Ásia e da Austrália para o Japão, ou
onde não havia alternativa na época em que os sistemas foram
implantados,como por exemplo da Argélia para a França e
Espanha. Os navios utilizados nesse transporte são da ordem de
100 mil m3 de capacidade.
b) Sob a forma de compostos derivados líquidos ou sólidos.
O transporte do gás natural sob a forma de compostos derivados é,
na maior parte das vezes, a forma mais econômica, uma vez que
ele é transformado em produtos líquidos ou sólidos que têm custo
de transporte mais baixo.
24
c) Gasodutos.
Gasoduto é uma tubulação para conduzir o gás natural que nele é
introduzido sob pressão por meio de compressores. Nos Estados
Unidos, por exemplo, existem hoje cerca de 500 mil km de dutos,
atendendo a quase 50 milhões de clientes.
Por força do fluxo, há uma perda de energia por atrito, e a pressão
vai caindo ao longo da tubulação, sendo necessárias estações de
compressão ao longo da linha para elevar a pressão e permitir a
continuidade do fluxo do produto.
Nos dutos de transporte de longa distância, as pressões usuais
podem atingir de 9 a 12 MPa logo após a estação de compressão,
caindo, ao longo do duto, até cerca de 3 a 4 MPa, fazendo-se
necessária uma outra estação de compressão. Esse ciclo pode se
repetir várias vezes, permitindo atingir distâncias praticamente
ilimitadas.
Como exemplo, um gasoduto de 4 mil km leva mais de 200
milhões de metros cúbicos por dia de gás natural desde a Rússia,
na região dos Montes Urais, até o centro da Alemanha Ocidental, a
custos econômicos.
Nas redes de distribuição para consumo urbano, visando à
segurança das comunidades, a pressão é reduzida para 0,5 a 0,6
MPa nos ramais.
O espaçamento entre as estações de compressão resulta de
avaliações econômicas, mas varia na faixa de 150 a 600 km.
Freqüentemente, adota-se um diâmetro grande para o fluxo inicial
previsto, com um espaçamento maior das estações de compressão.
À medida que o volume a transportar cresce com o aumento da
demanda, introduzem-se estações intermediárias de compressão.
O custo de implantação do duto depende fundamentalmente da taxa
de ocupação humana das áreas atravessadas, das dificuldades
impostas pelo relevo, de eventuais obras especiais exigidas
(travessias de grandes rios, de estradas etc.).
As tubulações têm se constituído na solução mais amplamente
utilizada para o transporte do gás natural.
25
As figuras 1.2 e 1.3 apresentam as reservas reais de gás natural na América
do Sul e as principais conexões dos gasodutos em operação, construção e estudo,
respectivamente.
Figura 1.2 - Reservas de gás natural da América do Sul. (Gástech) TCF (sigla em inglês para trilhão de pés cúbicos, o equivalente a 56 bilhões de metros cúbicos).
Figura 1.3 – Principais conexões dos gasodutos entre os países da América do sul. (CTGÁS - Centro de Tecnologias do Gás).
26
1.3 Efeitos sísmicos
Os sismos ou tremores de terra constituem um fenômeno geológico que
sempre aterrorizou as populações que vivem em determinadas zonas da Terra.
Sismos são abalos naturais da crosta terrestre que ocorrem em um período de
tempo restrito, em determinado local, e que se propagam em todas as direções
(ondas sísmicas), dentro da crosta terrestre e em sua superfície, sempre que a
energia elástica se liberta bruscamente em algum ponto (foco ou hipocentro).
Ao ponto situado na interseção da projeção vertical do hipocentro com a
superfície terrestre dá-se o nome de epicentro, quase sempre rodeado pela região
macrossísmica, que abrange todos os pontos onde o abalo possa ser sentido pelo
homem.
Figura 1.4 - Bloco - diagrama mostrando uma representação esquemática do foco ou
hipocentro, plano de falha e epicentro.
O material da crosta terrestre, de acordo com as leis físicas, quando
submetido à ação de forças (pressões e tensões) deforma-se até atingir o seu limite
de elasticidade. Caso a ação da força prossiga, o material entra em ruptura,
libertando instantaneamente toda a energia que havia acumulado durante a
deformação elástica. Em termos gerais, é aquilo que se passa quando a litosfera
fica submetida a tensões. Sob o efeito das tensões causadas, a maior parte das
vezes, pelo movimento das placas tectônicas, a litosfera acumula energia.
Logo que, em certas regiões, o limite de elasticidade é atingido, dá-se uma
ou várias rupturas que se traduzem por falhas. A energia bruscamente libertada ao
longo dessas falhas origina os sismos. Se as tensões prosseguem, na mesma
27
região, a energia continua a acumular-se e a ruptura conseqüente far-se-á ao longo
dos planos de falha já existentes. As forças de fricção entre os dois blocos de uma
falha, bem como os deslocamentos dos blocos ao longo do plano de falha, não
atuam nem se fazem sentir de maneira contínua e uniforme, mas por "pulsos"
sucessivos, originando cada "pulso" um sismo, as chamadas réplicas. Numa dada
região, os sismos repetem-se ao longo do plano de falha, que por sua vez é um
plano de fraqueza na litosfera.
Compreende-se então porque é que os sismos se manifestam geralmente
pelo abalo principal, logo no seu início. Só no momento em que as tensões levam
as rochas rígidas dotadas de certa elasticidade ao "potencial de ruptura" é que a
falha se produz, oferecendo um duplo caráter de violência e instantaneidade.
Depois da ruptura inicial, verifica-se uma série de rupturas secundárias, as quais
correspondem ao reajustamento progressivo das rochas fraturadas, originando
sismos de fraca intensidade, as já referidas réplicas. Acontece que, por vezes,
antes do abalo principal observam-se sismos de fraca intensidade, denominados
abalos premonitórios.
Deve-se notar que os sismos só ocorrem em material rígido. Por
conseqüência, os sismos produzem-se sempre na litosfera, jamais na astenosfera
que é constituída por material plástico.
A teoria atualmente mais aceita para explicar os movimentos sísmicos foi
formulada pelo cientista alemão Alfred Wegener (1912), conhecida como a teoria
da deriva dos continentes, a qual admite que há 200 milhões de anos todos os
continentes estavam unidos, formando uma só massa continental, denominada
Pangea (figura 1.5). No início da era geológica do Mesozóico, esta massa
universal começou a fraturar e dividir-se, formando as massas continentais que
hoje existem. Os conhecimentos adquiridos pelos pesquisadores e cientistas
durante as últimas décadas tendem a confirmar esta teoria da formação dos
continentes.
A crosta terrestre está dividida em dezessete placas principais que se
movimentam lateralmente umas em relação às outras, impulsionadas por correntes
de convecção térmica que se originam no manto terrestre. Esses movimentos estão
associados direta (sismos por subducção) ou indiretamente (sismos intraplaca)
com a atividade sísmica do planeta.
28
a) Sismos de subducção
Estudos oceanográficos demonstram que no centro do Oceano
Atlântico há uma cadeia montanhosa de aproximadamente 40.000
km de extensão, que se expande e ramifica, formada por material
magmático proveniente do manto da Terra. Para compensar a saída
desse material magmático é necessário que correntes descendentes
mergulhem material da crosta, em movimentos de subducção
(figura 1.7). As zonas onde ocorre esta perda de material são
conhecidas como zonas de subducção. Os movimentos de
subducção são acompanhados de grande liberação de energia, que
se irradia sob forma de ondas de tensão, provocando tremores e,
conforme a intensidade, terremotos.
Figura 1.5 - Continente universal Pangea.
Figura 1.6 - Distribuição geográfica das placas tectônicas da terra. Os números
representam as velocidades em cm/ano entre as placas, e as setas, os sentidos do
movimento. Teixeira, Toledo, Fairchild e Taioli (2000).
29
b) Sismos intraplacas
Representam aproximadamente 25% dos sismos ocorridos a nível
mundial, e são caracterizados como de falhamento superficial.
Ocorrem entre 5 e 20 km de profundidade, região onde se
localizam as rochas de maior dureza e de maior capacidade de
armazenamento de energia de deformação. Estes sismos estão
indiretamente associados com o fenômeno da subducção, pois são
causados pelas concentrações superficiais de tensões no interior
das placas tectônicas, que por sua vez são geradas pelos
movimentos de subducção. Por serem de pouca profundidade,
produzem em geral danos significativos nas regiões mais próximas
ao seu epicentro.
Figura 1.7 - Efeitos de subducção entre duas placas adjacentes.
1.3.1 Parâmetros sismológicos.
a) Magnitude
A magnitude é uma medida instrumental da importância do evento,
relacionada com a energia sísmica liberada durante o processo de
ruptura em uma falha. Ela é uma constante única e independente do
local de observação. A escala de magnitude mais usual é a proposta
por Richter em 1933, expressa por ML e conhecida como
magnitude local.
30
b) Intensidade
A intensidade é uma medida subjetiva dos efeitos de um sismo,
pois se refere ao grau de percepção do movimento em determinada
região. Várias escalas têm sido propostas para medição da
intensidade, tais como a escala Mercalli, Rossi y Forel, escala
MSK, escala JMA, etc. A escala mais utilizada é chamada de
Mercalli Modificada, usualmente expressa pela sigla MM.
c) Aceleração
A aceleração é o parâmetro principal de projeto e é definida como
a máxima amplitude registrada em um acelerógrafo, para um
determinado sismo. Este registro de acelerações, conhecido como
acelerograma, mostra as acelerações produzidas no terreno em
função do tempo, conforme figura 1.8.
Figura 1.8 - Acelerograma e suas principais características.
d) Atenuação
Atenuação é definida como a variação na amplitude das ondas
sísmicas, em conseqüência de sua transmissão (e perda de energia)
através do interior e pela superfície da Terra. Muitas vezes é
representada por expressões matemáticas que procuram relacionar
a aceleração máxima do terreno A com a magnitude do sismo e as
distâncias epicentral ou focal.
31
1.3.2 Ondas planas de tensão (elásticas)
As ondas sísmicas propagam-se através dos corpos por intermédio de
movimentos ondulatórios, como qualquer onda, dependendo a sua propagação das
características físico-químicas dos corpos atravessados. As ondas sísmicas
classificam-se em dois tipos principais: as ondas que se geram nos focos sísmicos
e se propagam no interior do globo, designadas ondas interiores, volumétricas ou
profundas (ondas P e S), e as que são geradas com a chegada das ondas interiores
à superfície terrestre, designadas por ondas superficiais (ondas L e R). No mesmo
contexto referimos as ondas primárias, longitudinais, de compressão ou
simplesmente ondas P, ondas transversais, de cisalhamento ou simplesmente
ondas S, ondas de Love ou ondas L e ondas de Rayleigh ou ondas R.
As ondas sísmicas são detectadas e registradas nas estações sismográficas
por aparelhos chamados sismógrafos. Os sismógrafos mais antigos consistiam,
essencialmente, em um pêndulo (vertical ou horizontal) ao qual eram acoplados
diversos mecanismos de amplificação, de amortecimento e de registro. Alguns
desses sismógrafos ainda se encontram em pleno funcionamento. Os sismógrafos
mais modernos são do tipo eletromagnético. Os registros efetuados por estes
aparelhos são os sismogramas, cuja interpretação, reservada à especialistas,
consiste no reconhecimento e na leitura dos tempos de chegada das ondas
sísmicas, permitindo calcular a que distância se encontra o epicentro de um
determinado sismo, a chamada distância epicentral. Deste modo, com os dados
fornecidos por três estações sismográficas é possível determinar a localização
exata do epicentro de um sismo.
Quando uma rocha se fratura devido a deformações da crosta, libera energia
acumulada no material e dissipada principalmente sob forma de calor. A menor
parte é irradiada para a superfície sob forma de ondas sísmicas que se propagam
através dos materiais geológicos sólidos (ondas de tensão). Dois tipos de ondas de
tensão podem ser identificados em excitações sísmicas: as ondas de corpo e as
ondas de superfície (figura 1.9).
a) Ondas de corpo.
As ondas de corpo se classificam em ondas primárias (P) e em
ondas secundárias (S). As ondas P se propagam na mesma direção
32
de vibração das partículas e as ondas S são as que fazem vibrar
uma partícula na direção perpendicular a sua trajetória de
propagação, sendo também conhecidas como ondas transversais ou
de cisalhamento. Dependendo da direção de vibração da partícula
são ainda denominadas SV (movimento contido no plano de
propagação) ou SH (movimento normal ao plano de propagação).
b) Ondas de superfície.
As ondas de superfície se propagam na zona superficial da Terra e
se manifestam com maior freqüência em sismos pouco profundos.
Os movimentos produzidos pelas ondas de superfície estão em
geral restritos a profundidades inferiores a 30 km. As ondas de
superfície podem ainda ser classificadas como:
Ondas Love (L), que ocorrem em formações estratificadas,
provocando movimentos similares aos da onda SH, fazendo vibrar
partículas superficiais na direção perpendicular à direção de
propagação da onda.
Ondas Rayleigh (R), que produzem movimentos elípticos de
partículas superficiais, contidos no plano de propagação da onda.
Ondas R têm velocidade de propagação ligeiramente inferior às
ondas SV, dependendo do valor do coeficiente de Poisson do
material.
Como as ondas P se propagam com maior velocidade que as ondas S (daí
serem conhecidas como ondas primárias), em casos de abalos sísmicos são as
primeiras a serem registradas (figura 1.10). Perto do epicentro, as ondas P têm
geralmente uma componente vertical maior, são de alta freqüência (períodos
baixos) e afetam de forma mais prejudicial às estruturas baixas e rígidas, com
menores valores de períodos naturais. A distâncias maiores (superiores a 150 km,
segundo Sauter 1989) prevalece nos registros sísmicos a ocorrência de ondas de
superfície que, em geral, mais severamente afetam estruturas altas, de menor
33
rigidez e maiores valores de períodos naturais, propagando-se através de grandes
distâncias em virtude da menor atenuação das ondas de superfície.
Em eventos de foco profundo prevalecem as ondas de corpo P e S, enquanto
que em sismos de foco superficial predominam as ondas de superfície.
Figura 1.9 - Diferentes tipos de ondas planas de tensão em material sólido
Dourado J. C. (1984).
Figura 1.10 - Registro de ondas sísmicas.
1.4 Objetivos e organização do trabalho
A maior parte dos projetos que envolvem dutos enterrados considera
exclusivamente um comportamento elástico-linear para o sistema duto-solo.
Desconsiderar a possibilidade de plastificação do solo e o duto tem conduzido
34
freqüentemente a projetos muito conservadores, que se afastam do
comportamento real do sistema.
O objetivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia de análise para
um modelo numérico acoplado que permita levar em conta a interação duto-solo,
para o estudo do comportamento de dutos enterrados sujeitos a cargas dinâmicas
pelo método dos elementos finitos.
Emprega-se para tal uma formulação viga-duto para modelar a tubulação.
Esse modelo se baseia no trabalho desenvolvido por Zhou & Murray (1996), o
qual é apresentado na dissertação intitulada "Modelo numérico para o estudo do
comportamento de dutos enterrados" (Otiniano, 2003) e uma formulação com
elementos bidimensionais para modelar o solo, baseada na resposta sísmica do
modelo Linear Equivalente proposto por Schnabel, Lysmer & Seed em 1972.
Com base neste modelo foi desenvolvido um sistema computacional em
linguagem FORTRAN para análise de dutos enterrados. Com esta ferramenta,
estuda-se o efeito da interação duto-solo no comportamento de dutos sujeitos a
cargas dinâmicas, pressões internas e tensões residuais nas uniões soldadas.
O trabalho está formalmente organizado em 8 capítulos, com os seguintes
conteúdos:
O capítulo 1 apresenta a importância dos dutos no transporte de gás natural
e outros fluidos e faz uma breve descrição dos efeitos e parâmetros sísmicos. Os
modelos para dutos enterrados, a mecânica do problema, pesquisas recentes na
área de dutos enterrados e uma forma simplificada de projeto sísmico adotado em
outros países são apresentados no capitulo 2.
A formulação de elementos finitos adotada para a análise de linhas de
tubulação, levando em conta hipóteses fundamentais que atendem às relações
deformação-deslocamento e relações constitutivas, é apresentada no capítulo 3.
Por meio das equações de trabalho virtual são formuladas as equações finais da
análise de dutos. Ao final do capítulo, apresenta-se a discretização por elementos
finitos.
No capítulo 4 são discutidos os modelos constitutivos para o solo e
apresentada a discretização dos elementos finitos para o mesmo. No capítulo
seguinte, são descritos os tipos de elementos finitos de interface e os contornos
artificiais empregados nesta pesquisa.
35
No capítulo 6 é apresentado o método de solução para o sistema de
equações não-lineares. Estes métodos são incrementais e iterativos. Também se
discute o critério de convergência.
O capítulo 7 apresenta e discute as simulações realizadas neste trabalho, que
permitem formular as conclusões e sugestões obtidas no desenvolvimento desta
tese, apresentadas no capítulo 8.
2 Modelos para dutos enterrados
2.1 Mecânica do problema
O movimento da superfície do terreno durante um sismo é um dado de
grande interesse na hora de projetar dutos enterrados. Hoje é difícil estimar com
alguma precisão o movimento sísmico esperado; se pode unicamente adiantar
algumas características típicas deste movimento. A figura 2.1 apresenta em
detalhe o tipo de onda sísmica que atinge este tipo de estruturas assim como os
diferentes tipos de materiais que compõem o modelo a analisar.
O primeiro passo lógico ao iniciar o estudo do movimento da superfície do
terreno durante os sismos é analisar os movimentos ocorridos no passado e
interpretá-los com teorias suficientemente aproximadas.
Existe um grande número de pesquisas relativas à caracterização do
movimento sísmico da superfície do solo, trabalhos onde a partir dos dados
básicos do sismo esperado tais como distancia epicentral, profundidade focal,
magnitude, intensidade entre outros permitem obter um movimento sísmico de
cálculo.
Estes procedimentos, mais ou menos estabelecidos permitem conhecer o
movimento do solo livre da presença do duto enterrado (movimento de campo
livre) embora no projeto de dutos enterrados seja preciso estabelecer o
comportamento do sistema solo-duto submetido a ações sísmicas já que a
presença do duto modifica o movimento.
O mecanismo pelo qual a presença do duto enterrado influi na resposta no
comportamento do solo e reciprocamente é conhecido como interação solo-duto.
O mecanismo é complexo, motivo pelo qual é necessário recorrer a um grande
número de hipóteses simplificadoras a fim de resolver o problema.
37
É freqüente analisar os dutos enterrados sem levar em conta o efeito de
interação, isto porque o efeito da interação reduz os esforços que ocorrem nos
dutos, o que recai num projeto conservador.
Figura 2.1 - Detalhe da ação das ondas de sismo no sistema duto-solo.
2.2 Definição do movimento
A figura 2.2 mostra como as ondas sísmicas se propagam no espaço. Uma
forma de definir o movimento de um ponto durante um sismo consiste em três
acelerogramas simultâneos segundo três direções ortogonais.
Os acelerogramas são leis de evolução temporal da aceleração que resultam
complexas. A inspeção direta de um acelerograma permite deduzir diretamente
qual foi a duração da fase forte do sismo o qual foi à máxima aceleração.
Figura 2.2 - Propagação das ondas no espaço.
38
Uma simplificação ao procedimento anterior é utilizar apenas um
acelerograma relativo a um eixo horizontal, paralelo à superfície do solo como é
apresentado na figura 2.3.
Adota-se ainda que o acelerograma numa outra direção horizontal é similar
e que na direção vertical é de certa forma proporcional ao correspondente
horizontal.
Os estudos de interação são mais simples quando consideramos uma das três
componentes do movimento.
Figura 2.3 - Modelo duto-solo em elementos finitos submetidos ao carregamento do
acelerograma horizontal.
Imaginemos o sistema solo - duto caracterizado por uma massa M , uma
rigidez K e um amortecimento C para o sistema apresentado na figura 2.4.
KBS
Figura 2.4 - Modelo simplificado de sistema duto–solo.
Quando um sismo desloca o sistema unicamente em uma direção horizontal
é possível avaliar o deslocamento da massa M em função do acelerograma do
sismo, do fato a seguinte equação básica da dinâmica permite escrever:
0))(( KxxCtuxM (2.1)
Nesta equação, a variável x e suas derivadas em relação ao tempo x e x
descrevem, respectivamente, o deslocamento, a velocidade e aceleração da massa
39
M em relação ao terreno, a soma de x e u descreve a aceleração absoluta do
sistema.
A equação 2.1 pode ser reescrita como:
)(tuMKxxCxM (2.2)
A dificuldade que apresenta a equação anterior é que a rigidez e forças
internas dependem dos deslocamentos.
A solução desta equação diferencial não linear pode ser obtida de acordo
com os algoritmos iterativos propostos por Newton-Raphson e integração
numérica das equações em sucessivos intervalos de tempo segundo Newmark.
Estes temas são tratados em maior detalhe no capitulo 6 deste trabalho.
2.3 Modelos numéricos de interação duto-solo
Há em geral três grandes grupos de modelos analíticos considerando
propostas distintas.
Uma é a interação solo-duto, onde se propõe analisar a interação entre o
duto e o solo com foco na resposta do solo; conseqüentemente modelos simples
para o duto são empregados e modelos mais complexos para o solo. Citasse o
modelo de Mohr-Coulomb como o modelo mais simples, o modelo de Lade Kim
(1988), o modelo MIT-E3, desenvolvido por Whittle (1987) e Whittle (1991),
considerando tanto o comportamento elástico não-linear, como também
deformações irreversíveis nos ciclos de carregamento e descarregamento.
Cabe mencionar que também foram estudadas as formulações propostas por
Zienkiewicz & Shiomi (1984), Zienkiewicz et al (2000) que consideram as
equações de Biot (1956) para analisar a transmissão de ondas em meios porosos
saturados.
Outra proposta é o modelo de interação duto-solo, neste tipo de análise tem-
se um modelo mais completo para o duto, de modo a que se possam incluir não
linearidades, e um modelo simples para o solo, sendo o mais freqüente o uso de
molas com propriedades lineares para modelar o comportamento do solo nas
proximidades do duto.
40
Finalmente, também podemos combinar as duas propostas anteriores, ou
seja, considerar os dutos como elementos tipo viga ou ainda elementos de casca
ou tubo e o solo, por sua vez, por elementos planos ou tridimensionais em
modelos numéricos que representem de forma mais precisa o comportamento do
solo.
2.4 Pesquisas na área de tubulações.
No âmbito local o desenvolvimento das pesquisas na área de tubulações e
descrito a seguir.
No final das décadas passadas foram desenvolvidas na PUC-Rio duas
dissertações na área de tubulações intituladas “Avaliação dos Critérios Para
Análise Espectral Sísmica de Sistemas de Tubulações” Waldo Jim Castañaga
Ojeda (1998) e “Desenvolvimento de Espectros de Resposta para a Análise
Estrutural Sísmica em Sistemas de Tubulações” Marcelo Cerqueira Valverde
(1998).
No primeiro trabalho são apresentadas avaliações de critérios e métodos
empregados na análise e no projeto dos sistemas de tubulação nas usinas
nucleares, dentro do método de análise modal-espectral. Foram tratados tópicos da
interação entre o sistema de tubulação e a estrutura que o suporta mediante o uso
de espectros acoplados. Foram avaliados parâmetros de esforços internos em
trechos de um modelo de um sistema real de tubulações da usina nuclear
brasileira, Angra 3. Os padrões foram obtidos por análises no tempo de cada
modelo sob o acelerograma de projeto.
O segundo trabalho refere-se às pesquisas dos mecanismos de interação
entre dois sistemas vitais nas usinas nucleares, ou seja, o sistema principal e o
secundário. Estes mecanismos são avaliados por meio da sua influência nos
espectros de resposta, em pontos da estrutura passíveis da existência de suportes
nas linhas de tubulação (sistema secundário). Foram consideradas duas hipóteses.
A primeira não considera a interação dos sistemas e a segunda avalia esta
interação com a introdução de um suporte em cada ponto do sistema principal. As
respostas estruturais foram obtidas por integração direta da equação de
41
movimento do sistema sujeito a dois acelerogramas simultâneos, nas direções
horizontais e verticais.
Continuando com a pesquisa dos trabalhos anteriores, no ano 2000 foi
apresentada na PUC-Rio a dissertação intitulada “Localização Ótima de
Suportes Estruturais em Linhas de Tubulações de Usinas Nucleares” Nelly
Piedad Rubio Rubio, trabalho que estabelece uma metodologia para a
determinação da localização ótima de suportes em linhas de tubulação de centrais
nucleares, atendendo a que as tensões atuantes nos elementos da linha de
tubulação, devido aos vários carregamentos impostos, estejam dentro dos limites
especificados no código da “American Society of Mechanical Engineers” e da
“American National Standards Institute” e que os deslocamentos da linha de
tubulação não excedam o valor do deslocamento máximo admissível. Empregou-
se na modelagem dos tubos elementos de viga. A partir de uma análise preliminar,
formulou-se o problema de otimização topológica com restrições de geometria,
tensões e deslocamentos.
Seguidamente no ano 2001 foram apresentadas na PUC-RIO as dissertações
intituladas “Um estudo numérico e experimental para a avaliação da
interação solo – duto” Maria Marta de Castro Rosas e “Análise de problemas
tridimensionais solo-estrutura pelo método dos elementos finitos no domínio
de Fourier” Janaina Veiga. No primeiro trabalho diante a exploração e produção
crescente de petróleo do tipo semi – submersíveis, estudo-se as regiões críticas
onde ocorrem as maiores tensões, em um projeto de riser, ou seja, o trecho junto
ao ponto de conexão na plataforma e o trecho junto ao piso marinho. Este trabalho
apresenta um estudo da interação solo-duto de risers rígidos. Na primeira parte do
trabalho são relatados os resultados de um modelo físico realizado no IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas), e, na segunda os resultados de análises
numéricas que procuraram reproduzir os ensaios no modelo físico. São
apresentadas também comparações entre os dois modelos. O segundo trabalho
estuda problemas geotécnicos e de interação solo-estrutura utilizando o método
dos elementos finitos acoplado com a transformada de Fourier. Pela aplicação da
transformada de Fourier, as equações diferenciais que governam o problema
elástico linear, com as correspondentes condições de contorno, são reescritas no
plano de Fourier, permitindo que um problema de natureza tridimensional possa
ser numericamente analisado por uma discretização bidimensional. Alguns
42
elementos de interface, com formulação publicada na literatura, foram também
considerados na implementação computacional.
Continuando com a pesquisa e conscientes do que uma das formas mais
comuns de danos presentes nos dutos é a corrosão foi desenvolvida no ano 2002
na PUC-Rio a dissertação intitulada “Avaliação Numérica da Capacidade de
Carga de Dutos Corroídos” Joabson Lima Alves. Esse trabalho apresenta uma
revisão dos métodos empíricos desenvolvidos utilizados para esta determinação.
Entretanto estes métodos se mostram, em geral, bastantes conservadores nesta
determinação. Assim, métodos alternativos têm sido desenvolvidos baseados no
método dos elementos finitos. Este trabalho avalia a capacidade de carga de dutos
corroídos submetidos a carregamentos combinados que tentam simular os que
ocorrem no campo. Estes carregamentos são: pressão interna, momento fletor e
cargas axiais. Carregamentos axiais são provenientes da variação de temperatura e
do efeito Poisson existente nas extremidades dos dutos devido à pressão interna.
Neste trabalho realizou-se a modelagem de dutos submetidos à carregamentos
combinados, onde se tentou reproduzir ao máximo as condições de ensaio.
Tomou-se como base ensaios experimentais e numéricos encontrados na
literatura. Aspectos globais sobre a modelagem são detalhados.
No ano 2003 as pesquisas efetuadas na PUC-Rio na área de dutos enterrados
e interação solo - duto foi apresentada na dissertação intitulada “Modelo
numérico para o estudo do comportamento de dutos enterrados” Igor
Otiniano Mejía, trabalho que propõe uma metodologia de análise numérica para
dutos enterrados, considerando não-linearidades geométricas e não-linearidades
de material baseada na formulação Lagrangeana Total. Empregando uma
modelagem com base em uma discretização com elementos especiais de viga. As
equações de equilíbrio são formuladas a partir do principio dos trabalhos virtuais,
segundo as componentes de tensão e deformação no elemento viga-duto, com
emprego da técnica do Módulo Reduzido de Integração Direta (RMDI), na qual
incorpora-se o comportamento plástico do material. Incorporam-se, nesta
metodologia os efeitos de pressão interna constante no duto assim como a
interação solo-duto através da modelagem do solo por meio de molas elasto-
plásticas verticais e horizontais.
Seguidamente no ano 2004 a consideração de elementos de interface entre o
solo e o duto, foi estudada na dissertação intitulada “Analise não - linear da
43
interação solo – duto em encostas empregando elementos de Interface”
Fernando Pereira Lazaro, trabalho desenvolvido em parceria entre a Universidade
Federal do Paraná e a PUC-Rio. Este trabalho simula a interação do duto e do solo
circunvizinho em encostas sujeitas a escorregamentos de taludes. Emprega o
Método dos Elementos Finitos na análise do problema bidimensional, para
simular o duto, o solo e a região circunvizinha ao duto. Na modelagem do duto
emprega-se um elemento de viga; para o solo e para a região circunvizinha são
utilizados elementos isoparamétricos planos. Adotam-se as hipóteses do Estado
Plano de Deformação para representar o comportamento do solo e uma alteração
na matriz constitutiva de acordo com Desai e Siriwardane (1984) para a região de
interface. É considerado um modelo elástico, perfeitamente plástico para as
propriedades físicas do solo e da região de interface enquanto para o duto o
modelo adotado e linear elástico.
Continuando com a parceria entre a Universidade Federal do Paraná e a
PUC-Rio no ano 2005 foi apresentada a dissertação intitulada “Análise não
linear via elementos finitos de um modelo de vigas para dutos enterrados”
Luiz Antonio Farani De Souza. Este trabalho apresenta um modelo numérico
aplicando a técnica de elementos finitos para a análise não-linear de tensões e
deformações de dutos enterrados. A formulação incremental do elemento viga-
duto é desenvolvida a partir do princípio dos trabalhos virtuais, com base nas
componentes do segundo tensor de tensão Piola-Kirchhoff e do tensor de
deformação de Green-Lagrange, com o emprego da técnica do Módulo Reduzido
por Integração Direta (RMDI). O elemento viga-duto é obtido, a partir de
elementos especiais de viga bi e tridimensional. A descrição cinemática do
elemento admite grandes deslocamentos, grandes rotações, mas pequenas
deformações e se dá com base em uma Formulação Lagrangeana Total. Assume-
se o modelo constitutivo elasto-plástico para o duto, com o escoamento segundo o
critério de von Mises com endurecimento isotrópico. A interação entre o solo e o
duto é feita através de um conjunto discreto de molas elásticas idealmente
plásticas nas direções vertical, lateral e longitudinal, conectadas ao eixo do duto.
Os efeitos da temperatura e pressão interna no duto são considerados.
Recentemente a Universidade Federal do Rio de Janeiro apresenta as
pesquisas feitas na área de dutos submarinos no trabalho de tese intitulado
"Metodologia para análises e projeto de dutos submarinos submetidos a altas
44
pressões e temperaturas via aplicação do método dos elementos finitos"
Carlos de Oliveira Cardoso – COPPE (2005). Este trabalho apresenta os avanços
recentes na avaliação do comportamento estrutural de dutos aquecidos em
especial de dutos submarinos. Para avaliar o comportamento estrutural de dutos
submarinos aquecidos foram implementadas rotinas no programa AEEPECD que
permitam tratar não linearidades físico - geométricas envolvidas durante o
processo de flambagem termodinâmica, assim como o efeito acoplado momento-
pressão e leis constitutivas para a interação solo-duto que permitam avaliar o
efeito de valar escavadas no leito marinho.
A seguir são apresentadas brevemente algumas pesquisas internacionais na
área especifica de dutos enterrados considerando a interação solo-duto, sendo o
solo modelado através de molas.
Dentre esses trabalhos, podem se destacar:
Trautmann, O’Rourke & Kulhawy (1985) descrevem um estudo
experimental do comportamento de dutos enterrados sujeitos a
movimentos verticais do solo, com ênfase particular sobre os efeitos
da densidade do solo e a da profundidade do duto.
Zhou & Murray (1993) discutem o comportamento de dutos
enterrados incluindo os efeitos de flambagem e enrugamento,
quando estes são submetidos a grandes assentamentos geotécnicos
impostos.
Razaqpur & Wang (1995) apresentam um modelo para a análise da
interação solo-duto através de um processo termo-mecânico, usando
um modelo unidimensional simplificado para determinar o
congelamento do solo. O duto é modelado por um elemento finito
que o considera como uma viga sobre uma fundação de Winkler.
Zhou & Murray (1996) apresentam duas técnicas (RMDI e ISPDR)
de determinação das rigidezes e forças equilibradoras para modelos
de dutos enterrados. Análises incluindo o amolecimento como
resultado do efeito de flambagem local são discutidas.
Ilmura (2004) apresenta três modelos mecânicos para estimar as
tensões no duto sujeito a assentamento do solo. Os três modelos são
45
aplicáveis em: porções enterradas; porções expostas; e na interface
entre as porções enterradas e expostas de dutos lineares. A
formulação para o cálculo das tensões é derivada assumindo uma
viga elástica sobre uma fundação elástica.
2.5 Procedimento simplificado para projeto sísmico de dutos enterrados
A seguir será apresentada em resumo uma análise conceitual do fenômeno
de interação solo-duto, sob o qual se sustenta o procedimento de projeto sísmico
usado atualmente nesse tipo de estrutura no Chile e em outros países.
Este procedimento baseia-se no trabalho de tese apresentado por Rodríguez,
P. (2003) na Universidade do Chile, intitulada "Consideraciones para el diseño
sísmico de tuberías enterradas".
Deformação Axial de Campo Livre
Para estimar as deformações de campo livre induzidas no solo
considera-se uma onda simples com uma forma constante. A
deformação máxima do solo (tração ou compressão) na direção de
propagação para ondas P ou R (Vm na direção da excitação) está
definida pela equação (2.3).
CVm
g (2.3)
onde Vm é a velocidade horizontal máxima do solo e C a velocidade
de propagação da onda sísmica.
Para o caso de ondas S, nas quais Vm é perpendicular à direção de
propagação, pode-se mostrar que a maior deformação axial se
origina para um angulo de 45° entre o duto e a direção de
propagação. Neste caso o valor da deformação é a indicada na
equação (2.4).
46
CVm
g 2(2.4)
Deformação de Flexão ou Curvatura de Campo Livre
De forma similar, a curvatura máxima do solo, gK , é a segunda
derivada do deslocamento transversal com relação ao eixo
longitudinal do duto é dada pela equação (2.5).
2CAK m
g (2.5)
onde Am é a aceleração máxima do solo perpendicular à direção de
propagação da onda.
A deformação por flexão tem efeitos quantitativamente menores
sobre o duto em comparação com a deformação axial; somente para
dutos de grande diâmetro e freqüências altas, a flexão origina
esforços significativos.
Interação Solo-Duto
Os danos em dutos enterrados durante sismos são devidos às forças
e deformações impostas pela interação entre o solo e o duto. Para
fins de análise, qualquer deformação arbitrária do solo pode ser
decomposta em uma componente paralela ao eixo do duto e uma
componente transversal ao eixo. Na direção transversal, a interação
envolve deformações relativas e cargas tanto no plano vertical como
no horizontal. No caso de movimento relativo do solo na direção
vertical, deve-se distinguir entre o movimento acima e abaixo do
duto, uma vez que as forças são diferentes em cada caso, como
mostra a figura 2.5. Esta interação pode ser idealizada por molas
equivalentes, as quais têm um comportamento perfeitamente elástico
até alcançar a capacidade máxima do solo, a partir da qual se
comporta perfeitamente plástico.
47
Horizontal Transversal Horizontal Axial Horizontal Vertical
Figura 2.5 - Modelo elasto-plástico Idealizado para as forças de interação solo-duto nas
três direções espaciais, ASCE (1984).
Forças de Interação em Dutos Enterrados
As forças de interação para um duto imerso em um meio qualquer
podem ser determinadas como mostra a figura 2.6. Pode-se
estabelecer uma relação entre a força e a deformação. Com ajuda da
determinação destas forças e a deformação associada pode-se
modelar a interação do solo com o duto usando molas equivalentes.
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,40,0
2,5
5,0
7,5
10,0
12,5
15,0
H/D =2
H/D =4
H/D =6
H/D =8,5
Deformação adimensional y/D
Forç
a ad
imen
sion
al F
/H
DL
L
D
H
Figura 2.6 - Relação carga–deformação lateral na interface solo-duto para
diferentes casos, O’Rourke (1999).
48
A American Society of Civil Engineering, ASCE (1984), propõe,
para métodos de análises, modelos elasto-plásticos idealizados como
aqueles mostrados na figura 2.5. Deve-se notar que, o modelo
elasto-plástico é totalmente caracterizado por dois parâmetros; a
resistência última Tu, Pu e Qu em unidades de força por unidade de
comprimento nas três direções e a máxima deformação elástica t,
p, q, em unidades de comprimento.
As expressões que permitem caracterizar o modelo, ou seja, estimar
Tu, Pu, Qu, t, p e q, não foram incluídas neste trabalho. Estas são
explicadas em detalhe por Rodríguez, P. (2003).
O coeficiente de mola equivalente do solo elástico K, em unidades
de força por unidade de área, é a relação entre a resistência última e
a metade da deformação elástica máxima, por exemplo, 2Tu/ t para
a direção horizontal segundo o eixo do duto. É importante ressaltar,
que esse coeficiente K é efetivo apenas para deslocamentos relativos
menores que os valores máximos da deformação elástica t, p e q,
sob os quais a resistência é constante.
O procedimento consiste em determinar a deformação axial máxima do duto
considerando a deformação máxima do solo por propagação de ondas e a
deformação máxima transmissível por atrito na interface solo-duto. Uma vez
obtida a deformação do duto é possível determinar os esforços de tração e
compressão, os quais são de igual magnitude, dada a natureza senoidal da onda
sísmica modelada. Com as deformações e esforços de projeto verificam-se os
distintos modos de falha descritos segundo o caso estudado.
A seguir descreve–se o procedimento passo a passo
a) Estimativa da deformação máxima do solo
Utiliza-se a fórmula
CVm
g (2.6)
49
Necessita-se conhecer Vm e C para o sismo de projeto. O sismo de
projeto dependerá dos critérios adotados e da importância da
tubulação. O valor depende do tipo de deformação (axial ou giro)
e do tipo de onda; Rodriguez (2003).
A velocidade máxima, Vm, é obtida a partir de um estudo de
sismologia específica do sitio ou dos registros de sismos anteriores
em caso de não se dispor desta informação.
A velocidade de propagação da onda sísmica, C, pode ser
determinada por uma avaliação geofísica ou sismológica. Tanto as
ondas de corpo como as superficiais podem afetar o projeto de
tubulações enterradas. Para as ondas de corpo a velocidade de
propagação com respeito à superfície se encontra na faixa de 2000
a 5000 m/s, O´Rourke e El Hmadi (1988), e a ALA (2001)
recomendam o valor de 2000 m/s no caso de não se ter melhor
informação. No caso de ondas superficiais, das quais as ondas R
são as de interesse, a determinação da velocidade de propagação é
complexa já que apresentam um comportamento disperso.
O valor para a velocidade de propagação de ondas R varia em geral
entre 300 a 700 m/s.
É valido ressaltar que tanto as faixas como as recomendações
mencionadas são de origem norte-americana considerando um
material rochoso.
b) Determinação da deformação máxima transmissível na
interface solo-duto.
Utiliza-se a equação (2.7):
AELT su
p (2.7)
O parâmetro Tu corresponde à força máxima por unidade de
comprimento que pode transmitir o solo para o duto.
50
O comprimento de onda, caso não se tenha melhor informação,
pode ser assumido como 1000 m segundo as normas de projeto da
ALA (2001).
c) Escolha da deformação axial de projeto
Escolhe-se simplesmente o menor dos valores entre a deformação
máxima do solo e a deformação máxima transmissível na interface
solo-duto. Com esta deformação pode-se avaliar os esforços e
verificar os critérios de falha.
d) Determinação do esforço de corte e flexão em dutos de grande
diâmetro
No caso em que o diâmetro do duto seja importante, deve-se
verificar também os esforços de corte e de flexão. Um parâmetro
para determinar a influência destes efeitos foi apresentado por
Arias (1978).
A flexão se avalia segundo a curvatura obtida com a equação
2CA
Kx
mg (2.8)
e) Verificação dos critérios de falha
Os critérios de falha mudam significativamente de acordo com o
tipo de duto, já que cada um apresenta características distintas de
mecanismos de falha.
A seguir são citados alguns dos critérios mais comuns.
Falha de tração
Flambagem local
Flambagem global
51
A figura 2.7 apresenta um esquema reduzido do procedimento simplificado
para projeto sísmico de dutos enterrados.
Figura 2.7 - Esquema do procedimento de projeto proposto para tubulações enterradas.
(Rodríguez, P. 2003).
Obtenção de dados do terreno o
aterro
Material Propriedades do solo ( , , Sw, K0)
Definição das propriedades do duto:
Dimensões Material Uniões
Determinação do sismo de projeto
Magnitude Distancia epicentral Tipo de sismo
Determinar velocidade máxima de partícula
segundo relações de atenuação chilenas
Avaliação da deformação máxima transmissível na
interface solo-duto [Ver Rodriguez (2003)]
Avaliação da deformação máxima do solo
Eleição do menor valor como a deformação de projeto
Determinação da resistência axial última da
interface solo-duto Tu [Ver Rodriguez (2003)]
Verificação de critérios de falha
3 Formulação do elemento viga-duto
3.1 Introdução
Apresenta-se a seguir o modelo adotado no presente trabalho para o duto o
qual recorre a um modelo de viga especifico para dutos enterrados. Neste modelo
efeitos de enrrugamento local não são contemplados.
O elemento viga-duto desenvolvido neste capitulo, é apropriado para
representar os carregamentos usuais atuantes em dutos enterrados e avaliar as
deformações do sistema estrutural.
A formulação do elemento viga-duto inclui os seguintes tópicos:
Hipóteses cinemáticas fundamentais.
Relações constitutivas.
Equação de trabalho virtual.
Discretização do elemento finito
3.2 Hipóteses do modelo matemático
As seguintes hipóteses são formuladas no desenvolvimento do modelo
matemático.
Seções planas do tubo permanecem planas e o tubo permanece com
a seção transversal constante, ou seja, perfeitamente circular.
Tensões radiais e cisalhantes são insignificantes e podem ser
ignoradas.
Tensões longitudinais e circunferenciais são de magnitude
considerável, motivo pelo qual devem ser levadas em conta.
53
Considera-se o material do tubo com comportamento elasto-plástico
com escoamento segundo o critério de von Mises.
Todas as deformações ativas e tensões distribuídas são simétricas em
relação ao plano vertical da seção transversal do duto. (ou seja,
flexão em um plano).
Estas hipóteses são baseadas na seguinte interpretação do comportamento de
dutos.
A hipótese cinemática da teoria de vigas de Bernoulli (primeira hipótese) é
justificada, porque a distorção da seção transversal resulta principalmente do
enrugamento local.
Uma linha de tubulação é uma estrutura flexível linear onde deformações
axiais e de flexão são dominantes. Conseqüentemente tensões de corte têm menor
influencia na resposta de linhas de tubulação.
Como a espessura da parede do duto é significativamente pequena em
comparação com o diâmetro e comprimento do duto, a tensão radial é desprezada
comparada com as tensões longitudinal e circunferencial. A segunda hipótese é
baseada nestes fatos.
A quarta hipótese define o emprego da teoria de plasticidade para a análise.
Embora, muitas outras teorias estejam disponíveis, esta teoria é a mais usada para
materiais metálicos semelhantes a um duto de aço.
3.3 Hipóteses cinemáticas fundamentais
Os sistemas de coordenadas global e local para o modelo de viga-duto são
definidos na figura (3.1), onde o eixo x do sistema local de coordenadas passa
através do eixo central da seção transversal, e o plano yx define o plano de
flexão da viga.
54
Figura 3.1 - Sistema de coordenadas, global e local.
Os deslocamentos u e v são na direção do eixo x e eixo y respectivamente
no sistema de coordenadas local.
O sistema de coordenadas global e denotado por x~ e y~ e todas as
quantidades definidas no sistema global de coordenadas são similarmente
denotadas, com um til sobreposto à letra.
Os vetores ot u e ovt são os deslocamentos incrementais do eixo central da
seção transversal relativos à configuração de referencia ver figuras (3.2) e (3.3).
As componentes de deslocamento incremental de qualquer ponto na seção
transversal podem ser expressas de acordo com a seguinte equação de acordo com
a primeira hipótese na seção 3.1.
v- t ot t o t
du u yd x
(3.1a)
v vt t o (3.1b)
Os deslocamentos totais no sistema de coordenadas globais são
apresentados como:
t t ttu u u (3.2a)
v v vt t t
t (3.2b)
55
E as configurações deformadas para diferentes instantes são apresentadas na
figura 3.2; em quanto que a seção deformada do duto é apresentada na figura 3.3.
Figura 3.2 - Configurações deformadas para 0t , t t e t t t .
y
y
u
uy
y
d vd x
t 0
t
t 0
t
x
y
d xtd vt 0
Seção indeformada
Seção deformada
x
Figura 3.3 - Deformações no tubo fletido.
Os deslocamentos do eixo centroidal são obtidos a partir dos deslocamentos
incrementais.
t t to o t ou u u (3.3.a)
v v vt t t
o o t o (3.3.b)
56
onde as quantidades com subíndices à esquerda são os valores totais de tempo
indicado pelo índice. Esta notação é usada por Bathe (1982) e será aplicada no
decorrer da próxima seção.
Os incrementos ot u~ e ov~t são determinados a partir da equação de
equilíbrio incremental, e os incrementos no sistema local de coordenadas ut e vt
são obtidos por transformação de coordenadas:
cos s n vt to ot o t tu u e (3.4.a)
v cos vt to ot o t tsen u (3.4.b)
a rc ta nt
t ot
o
d yd x
(3.5)
A única componente diferente de zero do tensor de deformações é a
deformação axial na direção x . A forma incremental para esta componente de
deformação pode ser derivada a partir da expressão geral do tensor de deformação
tridimensional usado por Bathe (1982) como:
( )t t tt x x t x (3.6)
com a deformação incremental dada por:
xdud
tt
xt (3.7)
Os índices à esquerda indicam a configuração t tomada como a
configuração de referência.
Substituindo as equações (3.1) e (3.2) na equação (3.7) a componente de
deformação pode ser expressa em termos de componentes de deslocamento do
eixo centroidal.
57
2
2
vt o t ot x t t
d u dyd x d x
(3.8)
A seguir são definidas a deformação incremental linear axial no eixo
centroidal e a curvatura incremental linear respectivamente:
xdudt
otot (3.9)
2
2
xdvd
tot
t (3.10)
Substituindo-se as definições anteriores obtém-se a componente de
deformação axial em um ponto qualquer da seção:
totxt y (3.11)
3.4 Relações constitutivas
A relação tensão-deformação para um elemento viga-duto é uma relação
uniaxial no sistema de coordenadas locais, porque a pressão interna é considerada
constante (condição essencial de carregamento do duto). A tensão circunferencial
constante introduzida pela pressão interna deve ser levada em conta na relação
tensão-deformação.
O uso da teoria da plasticidade se baseia no critério de escoamento de von
Mises, ou seja, o escoamento se inicia quando a média quadrática das diferenças
entre as três tensões principais se iguala a tensão total efetiva. As equações (3.12)
e (3.13) apresentam o critério de escoamento e a tensão total efetiva
respectivamente.
yS32 (3.12)
58
2 21 4 4 22
t t tx xS S S S S (3.13)
onde yS é o valor da máxima tensão cisalhante que causa o início do escoamento
no ensaio de tração.
A relação tensão-deformação uniaxial implica que componentes
incrementais de deformação plástica podem existir em três direções, enquanto as
tensões incrementais estão só na direção x .
xt S00
'
'
'
t t tr xt t t
t t tt r t r r rr rx t r
t t tt x t x t xx xr xx
P P pSS P P pS P P p
(3.14)
onde
' (1 )(1 )(1 2 )
E(3.15.a)
(1 )(1 2 )E
(3.15.b)
23 .
1 '/t t t
mn mm nntGP s s
H G S para xrnm ,,,(3.15.c)
Na nomenclatura acima índices repetidos não indicam soma e o valor do
parâmetro H´ é:
' T
T
EEHE E (3.16)
sendo E e TE os modulo de rigidez para o caso da relação tensão deformação bi
linear usada nesta formulação.
59
Os subíndices e r representam as direções circunferencial e radial. O
tensor desviador de tensões é definido como:
13
..t t tij ij kk ijs S S (3.17)
Para a hipótese de tensão radial nula, a componente normal do tensor
desviador de tensões fica:
1 23
t t txs S S (3.18.a)
13
t t tr xs S S (3.18.b)
1 23
t t tx xs S S (3.18.c)
Entre as componentes da deformação incremental plástica, a componente na
direção x é independente. As outras duas componentes relacionam-se à
componente axial através das restrições de tensões incrementais nulas nessas
direções. Portanto a relação entre a tensão incremental independente e a
deformação incremental independente pode ainda ser considerada como um tipo
especial de relação tensão-deformação uniaxial.
Se tensões cisalhantes e correspondentes deformações cisalhantes são
desprezadas, a relação incremental tensão-deformação pode ser expressa da
seguinte forma:
Índices simples são usados porque só as componentes normais são
consideradas.
A tensão circunferencial St pode ser calculada como:
22
t D tS pt
(3.19)
Sendo D e t , diâmetro exterior e espessura do duto, e p a pressão interna
respectivamente.
60
As tensões incrementais na direção radial e circunferencial são nulas porque
a tensão radial é assumida nula e a tensão circunferencial é constante devido à
condição de pressão interna de operação constante no duto.
Aplicando estas condições às duas primeiras equações obtemos o seguinte:
'
'
00
t t tr t x
t xt t tt rr rr rx
P P pP P P
(3.20)
resolvendo a equação acima tem-se:
.t
t xt xt
t r rx
CC
(3.21)
onde
1'
'
tt tt x xr
t t tt rx r rr rx
C PP PC P P P
(3.22)
A terceira linha da equação (3.14) descreve a relação tensão-deformação
incremental entre a tensão independente e deformação longitudinal que pode ser
expressa como:
t E Pt x t xS C (3.23)
onde't EP t t t t t
x x rx xr xxC C P C P P (3.24)
Observa-se que para incrementos elásticos de deformação o coeficiente do
material recai na relação elástica.
t x t xS E (3.25)
61
A deformação plástica efetiva incremental pode ser expressa pela seguinte
expressão:
2 2 223
p P P Pt t t r t x (3.26)
onde os componentes da deformação plástica incremental são:
11 1
1 1
P t t tt t xr x
P t t tt r r rr rx t rx t x
t t tPx xr xxt x
CP P PP P P C
EP P P
(3.27)
É essencialmente correto assumir que seções planas permanecem planas e
circulares porque os efeitos de enrugamento local não são levados em conta.
Conseqüentemente as forças internas do elemento viga-duto são dependentes
somente da distribuição de tensões longitudinais.
Os esforços resultantes podem ser definidos como:
t t
xA
F S dA (3.28)
t t
xA
M S y dA (3.29)
onde Ft e Mt são força axial e momento flexor, respectivamente e y é a
coordenada no plano de flexão.
A relação constitutiva pode ser especificada no nível de tensão-deformação
onde as tensões podem ser avaliadas diretamente para deformação incremental.
Para um estado de tensões obtido pelo procedimento anterior as forças
internas Ft e Mt na seção transversal são integradas numericamente. O número
de pontos onde são avaliadas as forças internas na seção transversal depende da
divisão adotada para a mesma, isto é cada parcela de área tem um incremento de
força interna segundo sua posição e sua área.
62
r y
dA
Figura 3.4 - Exemplo de divisão da seção transversal do duto.
Finalmente a descrição do comportamento elastoplástico implementado
neste trabalho, atende também as seguintes definições.
Lei de evolução das deformações plásticas.
SF
(3.30)
Critério de plastificação.
0, SSfSF (3.31)
Lei de evolução do encruamento
pdd (3.32)
onde é o parâmetro de encruamento definido em função do incremento de
deformação plástica equivalente.
A noção de carregamento/descarregamento pode ser definida através das
condições de Kuhn-Tucker, expressas como:
0,,0,0, SFSF (3.33)
A relação 3.31 é conhecida como princípio da normalidade, pode ser
interpretada como a condição de que o vetor incremento de deformação plástica
63
seja normal à superfície de plastificação no espaço das tensões, pois SF é um
vetor de direção normal à superfície de escoamento no ponto referente ao estado
de tensão como apresenta a figura 3.5.
Figura 3.5 - Superfície de plastificação: princípio da normalidade.
O comportamento elastoplástico neste trabalho é aproximado por meio de
técnicas de integração implícita considerando plasticidade associativa com
encruamento isotrópico e critério de von Mises.
3.4.1 Algoritmo implícito de Euler (Backward Euler)
O procedimento implícito por si só garante a convergência e estabilidade,
evitando a aplicação de técnicas, tais como sub-incrementação. Este é
incondicionalmente estável e caracteriza-se, através de uma interpretação
geométrica, por proporcionar um retorno à superfície de plastificação segundo a
direção normal à própria superfície na posição atual, como pode ser observado na
figura 3.6. Para o caso específico do critério de von Mises e lei de fluxo
associativa a projeção proporcionada pelo procedimento implícito ocorre sempre
na direção radial, sendo por isso denominado “Radial Return Mapping”.
Segundo Simo & Hughes (1988), este procedimento implícito garante a
convergência quadrática inerente ao método de Newton-Raphson fazendo uso da
matriz tangente elastoplástica consistente.
64
As relações do algoritmo implícito, particularizadas para o modelo proposto,
podem ser escritas, da seguinte forma:
Deformações totais
utt 1 (3.34)
Tensões p
ttet DS 111 (3.35)
Deformações plásticas
11
1 tp
tt
pt
pt S
F(3.36)
Parâmetro de encruamento p
ttttt 111 (3.37)
Deformação plástica efetiva
pt
pt 11 3
2 (3.38)
Lei de encruamento
1'
1 tyt HSS (3.39)
Critério de plastificação
0, 1111 tttt SSfSF (3.40)
onde é o operador de deformações que atua sobre o campo de deslocamentos
u definido no passo de tempo ttt, , eD é a matriz constitutiva elástica, yS é
tensão de escoamento inicial.
A figura 3.6 mostra em forma gráfica o procedimento de integração
implícito e explicito.
65
Figura 3.6 - Procedimento de integração implícito e explícito.
3.4.2 Integração das tensões
No processo de integração das tensões pelo procedimento implícito, é
necessário considerar uma etapa de previsão, que é tomado como um passo
puramente elástico, através das seguintes relações:
utt 1 (3.41)
Ptte
tent DS 11 (3.42)
)(, 11 ttentt
tent SSfSF (3.43)
Se o estado de tensão, obtido na previsão elástica, não violar a condição de
plastificação, encontrando-se na superfície de plastificação ou em seu interior,
significa que o estado obtido é admissível e compatível com o modelo adotado.
Por outro lado, se as tensões obtidas estiverem fora da superfície de plastificação
um outro estado de tensão deve ser procurado de modo a se tornar compatível
com o modelo adotado. Desta forma tem-se:
tentet SDS 1
11 (3.44)
66
Pttttt 111 (3.45)
11
1 tp
tp
tt
pt
pt S
F (3.46)
onde é a matriz tangente elástica modificada definida como:
1
1
1
te S
D (3.47)
Deve-se observar que as expressões 3.44, 3.45 e 3.46 dependem da
determinação do parâmetro (multiplicador plástico).
Para uma melhor compreensão de todo o procedimento implícito aqui
discutido, apresenta-se, de forma resumida, os passos do algoritmo.
Atualizar as deformações e calcular as tensões de tentativa
utt 1
ptte
tent DS 11
Verificar o critério de plastificação com as tensões de tentativa
ttentt
tent SSfSF 11,
Se 01ten
tF
Então: finalizar
Senão: resolver a equação de consistência e determinar
0, 1111 tttt SSfSF
Atualizar as variáveis internas com o valor de
tentet SDS 1
11
Pttttt 111
67
11
1 tp
tp
tt
pt
pt S
F
3.5 Equação de trabalho virtual incremental
Definidos os tensores de tensão e deformação e a relação constitutiva, a
equação de trabalho virtual do duto pode ser desenvolvida.
Considere-se um duto sujeito a um conjunto de forças que lhe provocam
uma deformação. Com base no seu estado de equilíbrio, a configuração do corpo é
modificada por um conjunto de deslocamentos pequenos e compatível com as
condições fronteira, que se designam deslocamentos virtuais. O princípio dos
trabalhos virtuais ou princípio dos deslocamentos virtuais estabelece que o
trabalho realizado pelas tensões internas na deformação virtual do duto é igual ao
trabalho realizado pelas forças exteriores nos deslocamentos virtuais dos seus
pontos de aplicação. De um modo mais simplista é correto afirmar que o trabalho
interno de deformação é igual ao trabalho externo das forças aplicadas.
Trabalho Interno = Trabalho Externo (3.48)
Apresenta-se em seguida a expressão do princípio dos trabalhos virtuais
(PTV) adaptada ao caso da viga-duto de acordo com as hipóteses apresentadas.
Nas expressões que se seguem, o prefixo indica que os deslocamentos ou
deformações são virtuais.
A equação do trabalho virtual do sistema é
0 0 0
0 0 00 0
t t t t t t t tij ij i i i iv v s
S d V F u d V T u d S (3.49)
onde
0 0 0t t t
ij ij ijS S S (3.50)
0 0 0t t t
ij ij ij (3.51)
68
A equação de trabalho virtual pode ser obtida levando em conta as
componentes de tensão e deformação do elemento viga-duto. Isto poder ser
expresso como:
t t
V
t tt xtS t
t xd V t t
V
t tttS t
t d Vt t
extW (3.52)
Os dois primeiros termos representam o trabalho virtual das tensões do duto
e a parte direita da equação é o trabalho virtual externo originado pela aplicação
de carga. Considerando as seguintes relações:
t t tt x x t xS S S (3.53)
t t tt S S Constante (3.54)
t tt x t x (3.55)
t t tt t x t xC (3.56)
onde as equações (3.18) e (3,21) são usadas para obter respectivamente as
equações (3.53), (3.54), (3.55) e (3,56), logo os dois termos na equação (3.49)
resultam:
I IIv
txtxtxtx
t
t
VdSS )( VdCS t
vxtx
tt
t
)( (3.57)
Os algarismos romanos I e II representam os termos da equação (3.52).
Substituindo a equação (3.23) na equação anterior e integrando na seção
transversal temos:
L L
tteq
toteq
tttt
tot
tott
tot
t
t t
xdMFxdKKKKIII 2331 (3.58)
onde os termos de mais alta ordem são ignorados. Os coeficientes
69
1 t
t t EP t
AK C d A (3.59.a)
22 t
t t EP t
AK C y d A (3.59.b)
3 t
t t EP t
AK C yd A (3.59.c)
Representam a rigidez da seção transversal. As forças internas totais
equivalentes no tempo t são definidas como
t
t t t t teq x xA
F S C S d A (3.60.a)
t
t t t t teq x xA
M S C S yd A (3.60.b)
As forças internas totais equivalentes constam da contribuição de tensão
axial da tensão circunferencial e são definidas com base no trabalho virtual
equivalente.
L
ttt
tot
tott
tot
t
t
xdKKKK 2331
L
tteq
toteq
text
tt
t
xdMFW(3.61)
Esta é a equação de trabalho virtual incremental para um elemento viga-
duto.
3.6 Discretização em elementos finitos
Estabelecida a equação do trabalho incremental virtual na equação (3.61), a
discretização em elementos finitos pode ser desenvolvida. O procedimento de
discretização inclui: interpolação de deslocamentos, expressões matriciais da
relação deformação - deslocamento e relações constitutivas, e finalmente a
equação de equilíbrio para o elemento viga-duto com matrizes de rigidez e vetores
de carga, e equilíbrio para a estrutura.
70
3.6.1 Interpolação de deslocamentos
Treliças, vigas retas e pórticos, em geral, são representados por seus eixos
baricêntricos, que podem ser discretizados por um elemento finito unidimensional.
2tt
tx
L(3.62)
Figura 3.7 - Elemento de viga com três nós.
Para o elemento acima são considerados três graus de liberdade por nó:
deslocamento axial, deslocamento transversal e rotação de nó.
Dados 1u , 2u e 3u o deslocamento u em qualquer ponto do elemento finito
fica determinado pela função aproximadora )(u .
20 1 2( )t t tu a a a (3.63)
A partir desta função obtemos as seguintes funções de interpolação.
tt N 11 (3.64)tt N4 (3.65)
7 .1 12
t t tN (3.66)
71
Dados os deslocamentos transversais v1, v2 e v3, e as rotações 1 , 2 e 3 , o
deslocamento v em qualquer ponto do elemento finito fica determinado pela
função v( ).
2 3 4 50 1 2 3 4 5v t t t t ta a a a a a (3.67)
A partir desta função a obtemos as seguintes funções de interpolação.
2 t t 22
1 (3 +4)(-1+ )4
.t tN (3.68)
2 t t 23
1 L ( 1 + ) ( -1. + )8
t tN (3.69)
t 2 t 25 (-1+ ) (1+ )t N (3.70)
t 2 t 26
1 L ( -1 + ) ( 1 + )2
.t tN (3.71)
2 t 28
1 ( 3 - 4 ) ( 1 + )4
.t tN (3.72)
t 2 t t 29
1 L (-1 + ) (1 + )8
t N (3.73)
Os deslocamentos incrementais no sistema local de coordenadas podem ser
expressos como:
0
0vt t
t et
uN u (3.74.a)
onde
1 4 7
2 3 5 6 8 9
0 0 0 0 0 00 0 0
t t tt
t t t t t t
N N NN
N N N N N N(3.74.b)
e
72
1
1
1
2
2
2
3
3
3
v
v
v
t
t
t
t
t e t
t
t
t
t
u
uu
u
(3.75)
Há seis componentes de deslocamentos associados com o deslocamento
transversal e três associados com o deslocamento longitudinal. A interpolação é
quadrática para o deslocamento longitudinal e de quinto grau para o deslocamento
transversal.
Os deslocamentos nodais incrementais no sistema de coordenadas local
podem ser obtidos pela seguinte transformação:
0 0
0 0
0 0
t
tet e t
t
T
u T u
T
(3.76)
onde { et u~ } é o vetor de deslocamentos incrementais nodais no sistema de
coordenadas global, e
cos sin 0sin cos 0
0 0 1
t t
t t tT (3.77)
com
3 1arcsint t
tt
y yL
(3.78)
Esta é a forma incremental para a orientação do elemento.
73
Figura 3.8 - Inclinação do elemento de viga-duto
3.6.2 Matrizes de deformação-deslocamento
As deformações foram definidas na seção (3.3) e suas os componentes estão
dadas pelas equações (3.9) e (3.10). Substituindo os deslocamentos incrementais
da equação (3.74) na equação (3.9) e (3.10) as componentes de deformação
tornam-se:
t o tt e
t
B u (3.79)
onde
´ ´ ´1 4 7
´´ ´´ ´´ ´´ ´´ ´´2 3 5 6 8 9
0 0 0 0 0 00 0 0
t t tt L
t t t t t t
N N NB
N N N N N N (3.80)
A prima simples e prima dupla na equação (3.80) representa a primeira e
segunda derivada com respeito à coordenada xt local do elemento.
74
3.6.3 Equações de equilíbrio para o elemento finito
De acordo com a discretização dos deslocamentos, das deformações do duto
e dos deslocamentos das molas discretizados, a equação de trabalho incremental
virtual resulta na equação matricial de equilíbrio do elemento finito. Substituindo
as equações (3.74) e (3.79) na equação (3.61) tem-se:
xduBDBu ett
L
ptTtTet
et
'
xdMF
Bupu t
tTt
L
Tet
eext
tTet
et
'
(3.81)
Nesta equação a matriz de rigidez da seção transversal para o duto e
definida como:
1 3
3 2
t tt P
t t
K KD
K K(3.82)
Os coeficientes 1Kt , 2Kt e 3Kt são obtidos pela integração da equação
(3.59). As matrizes de força interna são definidas como:
00
tt
t
FF
F(3.83.a)
00
tt
t
MM
M(3.83.b)
onde Ft e Mt são as forças internas totais equivalentes definidas na equação
(3.60).
A matriz de rigidez elasto-plástica é definida como:
xdBDBK t
L
tptTteEP
t
et
]][[][][ (3.84)
75
os vetores de cargas internas ao nível de elemento, para o duto são definidos
como:
et L
t
t
tTte
pt xd
MF
BQ (3.85)
substituindo as equações (3.84) e (3.85) na equação (3.81) obtemos:
ep
teext
tTetet
eEP
tTet QPuuKu (3.86)
As transformações para elementos das matrizes de rigidez e vetores de
carga, do sistema de coordenadas locais para o sistema de coordenadas globais são
apresentadas como:
TT
KT
TK t
teEP
tt
tet
00
][0
0][ (3.87.a)
e
eP
tt
tet Q
TT
Q0
0(3.87.b)
A matriz acima Tt é definida na equação (3.77).
Apos a aplicação do método da rigidez direta a equação de global
incremental é dada por:
QPuK text
tt
t ][ (3.88)
Uma análise dinâmica completa não dispensa as parcela correspondente ao
amortecimento e inércia na analise. Na literatura a forma mais comum de
incorporação do amortecimento é através do amortecimento viscoso. Este tem
origem em forças que se opõem ao movimento da estrutura à medida que esta se
76
desloca em um meio. Tais forças dependem de vários fatores, como tamanho e
formato do corpo e da freqüência de vibração da estrutura, além de serem
proporcionais à velocidade com que esta se move. Considerando-se a parcela de
amortecimento e inércia, obtemos a seguinte equação:
QPuKuCuM text
tt
ttDuttDut ][][][ (3.89)
Na equação DutM , a matriz de massa total, esta última dada a partir do
espalhamento das matrizes de massa eDutM de todos os elementos da malha, onde
para cada elemento temos.
)( meV
TeDut dVNNM (3.90)
Na equação 3.89, DutC é a matriz de amortecimento do duto segundo
Rayleigh, definida pela combinação linear entre as matrizes de rigidez e de
massas, Clough et al. (1975)
KMC tKDutMDut ][ (3.91)
sendo M e K uma proporção das matrizes de massas e de rigidez.
4 Formulação do modelo numérico do solo
4.1 Modelos constitutivos
Um dos maiores desafios para a engenharia é compreender, analisar e prever
o comportamento dos materiais e das estruturas, face aos carregamentos e às
solicitações impostas por sua utilização. Muito embora o conhecimento dos
materiais e das estruturas seja cada vez maior, dificilmente ao proceder qualquer
tipo de análise, o conjunto completo das características e das particularidades
presentes na realidade é representado. Essa constatação é particularmente
verdadeira para o caso da engenharia geotécnica, onde as condições de contorno e
a heterogeneidade do subsolo são conhecidas em apenas algumas posições
discretas onde são investigadas.
Esta representação completa é além de pouco usual, pouco desejada. O
entendimento e a compreensão da realidade são simplificados na medida em que
se reduzem as complexidades do mundo real, fazendo-se uma análise a partir de
modelos simplificados.
Para a engenharia geotécnica, em particular, um dos aspectos de maior
relevância refere-se à definição das relações entre as tensões e as deformações
observadas. Assim, historicamente, uma diversidade de modelos e equações
constitutivas vem sendo propostas com o objetivo de melhor representar as muitas
variáveis e particularidades envolvidas no comportamento dos solos (Mendonça,
H. M. 2005).
Os modelos propostos possibilitam representar matematicamente o
comportamento dos solos, sendo que, em geral apenas o seu aspecto macroscópico
é levado em conta. Portanto, características referentes à sua estrutura interna não
são utilizadas de forma direta na construção dos modelos, ficando a atenção
direcionada à similaridade entre as respostas oferecidas pelo solo modelado e o
solo real.
78
De acordo com o que será descrito mais a frente, os primeiros modelos
constitutivos empregados para representar a resposta tensão-deformação dos
solos, foram praticamente os mesmos modelos usados para previsão da resposta
tensão-deformação dos metais. A única distinção é a introdução do conceito de
tensões efetivas, para o caso dos solos, em substituição às tensões totais, utilizadas
para descrever o comportamento dos metais, de qualquer forma, para esse
conjunto mais antigo de modelos constitutivos era suficiente considerar o
comportamento dos solos em termos de tensões.
Conforme será apresentado nas seções subseqüentes deste capítulo, o solo,
quando em regime elástico, apresenta comportamento bastante distinto,
dependendo se está submetido a tensões de cisalhamento ou apenas à compressão
isotrópica. Entretanto, deve-se observar que, no caso real, as respostas oferecidas
por esses dois tipos de carregamento não são desacopladas, já que a aplicação de
tensões de cisalhamento, além da distorção, causam, também, variação de volume.
4.2 Comportamento dos solos
Baseando-se, principalmente, na observação do comportamento dos solos
através de ensaios de laboratório e ensaios in situ, diversos avanços foram
conquistados no campo da mecânica dos solos, e com isso uma série de
características e propriedades, puderam ser enunciadas. Particularmente, através
dos ensaios de adensamento (compressão edométrica) e ensaios triaxiais, os
principais aspectos associados à rigidez e à resistência dos solos foram
identificados.
Naturalmente, após esses primeiros avanços, o desafio da engenharia
geotécnica foi estabelecer um modelo constitutivo que melhor representasse o
comportamento observado dos solos.
Antes de identificar as principais propriedades dos solos que deverão ser
satisfeitas pelos modelos constitutivos propostos, algumas definições
complementares são necessárias.
Considerando um material com comportamento elástico linear, a relação
tensão-deformação pode ser expressa por:
79
ES (4.1)
Se o material for, também, isotrópico, a equação acima pode ser reescrita,
em termos das constantes elásticas K , módulo de rigidez volumétrica do material,
e G , módulo de rigidez ao cisalhamento transversal conforme apresentado abaixo
Essas constantes podem ser definidas a partir do módulo de Young (ou de
elasticidade) E e do coeficiente de Poisson, através das expressões:
213EK (4.2)
12EG (4.3)
Apesar das constantes E e serem suficientes para descrição da resposta
elástica de materiais isotrópicos, a utilização de K e G apresenta-se como mais
adequada para o estudo dos solos, uma vez que permitem separar a deformação
elástica em suas parcelas associadas à variação de volume e à mudança de forma,
respectivamente.
A seguir são apresentadas as principais propriedades dos solos, conforme
destacado por Atkinson (1993) e Wu (1976), que devem ser contempladas pelos
modelos constitutivos:
Com aumento da tensão (tensão média efetiva p’) e, conseqüente,
redução do índice de vazios do solo, há aumento da rigidez, seguido
de aumento do módulo de rigidez volumétrica K e também, do
módulo de rigidez ao cisalhamento transversal G (figura 4.1a e
4.1b). Adotam-se como positivas as tensões de compressão;
Os solos sofrem redução na rigidez ao cisalhamento transversal
quando submetidos a tensões cisalhantes. Esse comportamento dos
solos, que é altamente não-linear, implica numa redução substancial
do módulo de rigidez ao cisalhamento quando o solo se aproxima da
ruptura. Em caso de descarregamento, para um novo carregamento, o
80
valor de G volta a crescer (figura 4.1b). Essa consideração indica
que o solo pode sofrer aumento significativo de rigidez com uma
alteração na trajetória de tensões a que está submetido. Esse aumento
de rigidez é tanto maior, quanto mais expressiva for essa mudança na
direção da trajetória de tensões, como no descarregamento, por
exemplo. Utilizando-se os critérios de resistência, pode-se definir
uma superfície de ruptura para os solos, a partir da qual não é mais
possível aumentar as tensões antiesféricas. De um modo geral, o
critério de Mohr-Coulomb é um dos mais utilizados na definição
dessa superfície;
Figura 4.1 - a) Variação de K com p’, b) Variação de G com p’ e com oct .
Os solos, de um modo geral, apresentam comportamentos
diferenciados conforme a direção em que são solicitados. Isso
significa que há uma tendência de se comportarem
anisotropicamente;
Conforme pode ser observado a partir dos ensaios de compressão
isotrópica ou ainda no ensaio de compressão edométrica, os solos
sobreadensados apresentam redução de rigidez quando atingem a
tensão de pré-adensamento. Essa tensão de pré-adensamento pode
ser considerada como a tensão de escoamento do solo, que nada
mais é do que a fronteira entre a região de comportamento elástico e
a região de comportamento plástico.
81
De qualquer forma, a existência de deformações irreversíveis, comprovada
por diversos ensaios de laboratório (compressão isotrópica, edométrica e ensaio
triaxial convencional, sem variação da tensão de confinamento), sugere a adoção
de modelos elasto-plásticos para definição de modelos matemáticos para os solos.
A bibliografia disponível sobre as propriedades dos solos reais é bastante
ampla, não se restringindo apenas aos aspectos acima discutidos. Por outro lado,
tratar de outros aspectos que não aqueles já apontados, consiste em tarefa
suplementar e específica, que se afasta dos propósitos deste trabalho.
Acredita-se, porém, que a abrangência dos assuntos discutidos já é
suficiente para os objetivos que ora buscamos, bem como, para resolução dos
problemas mais complexos da engenharia geotécnica.
4.3 Resumo dos principais modelos constitutivos para solos
A seguir são apresentadas as características dos principais grupos de
modelos constitutivos disponíveis na literatura para representar o comportamento
dos solos.
Os modelos mais conhecidos e utilizados são os modelos elásticos,
devido à sua facilidade de implementação. Em contrapartida esses
modelos não consideram as deformações permanentes. Pode-se
mencionar o modelo elástico linear e elástico não linear nesse grupo.
Outro grupo de modelos achados na literatura são os modelos
hipoelásticos, que por sua vez, são capazes de reproduzir
carregamentos com endurecimento e/ou amolecimento assim como
descarregamento elástico. Esse grupo de modelos apresenta
problemas na sua implementação devido ao grande número de
parâmetros sem sentido físico a serem ajustados.
Os modelos quase-lineares são caracterizados por representar o
comportamento não linear do solo, com rigidez dependente da
tensão, esses modelos não conseguem simular o amolecimento
plástico.
82
Outros modelos comumente usados na literatura são os modelos
elasto-plásticos básicos, modelos que atendem a critérios de
escoamento que incorporam dependência da tensão esférica e
conseguem simular o endurecimento e amolecimento plástico.
Destaca-se nesse grupo o modelo de Mohr-Coulomb e o modelo de
Druker-Prager.
Finalmente temos os modelos elasto-plásticos avançados, modelos
que adotam uma superfície de plastificação com endurecimento e
amolecimento isotrópicos, alguns modelos consideram fluxo não
associado (modelo de Lade-Kim) enquanto outros são capazes de
considerar fluxo associado (modelo Hierárquico).
4.4 Modelo Linear Equivalente
Conforme o visto no ítem 4.3 os modelos elasto-plásticos básicos e elasto-
plásticos avançados possuem implementação complicada uma vez que requerem
grande número de parâmetros sem sentido físico, são de difícil ajuste, além de
carecer de experiência na sua utilização. Por essas razões adota-se no presente
trabalho o Modelo Linear Equivalente para a modelagem do comportamento
dinâmico do solo.
Nos anos 70 foram desenvolvidos procedimentos analíticos para avaliar a
resposta dos solos a carregamentos sísmicos. Em casos específicos alguns
procedimentos para determinar a resposta do solo foram bem sucedidos, sucesso
que depende essencialmente da incorporação das propriedades corretas dos solos
nas análises. Conseqüentemente grandes esforços foram direcionados para uma
melhor determinação das propriedades do solo a serem usados nas análises.
No caso da resposta do solo envolvendo deslocamentos de solo
residual, a resposta foi determinada principalmente pelo módulo cisalhante G e
características de amortecimento do solo sob condições de carga cíclica
simétricas.
Os solos geralmente têm uma relação tensão-deformação não linear como
a mostrada na figura 4.2.
83
Figura 4.2 - Relação tensão - deformação para diferentes deformações. Report No
EERC-70-10.
O módulo cisalhante é usualmente expresso como o módulo secante
determinado no ponto extremo da curva enquanto o fator de amortecimento é
proporcional à área interna descrita pela curva. Verifica-se dessa forma que essas
propriedades dependem fortemente da magnitude da deformação, e ambos,
módulo cisalhante e fator de amortecimento podem ser determinados como
funções da deformação induzida num depósito de solo.
Essas pesquisas e resultados foram apresentados no relatorio 70-10 do
Earthquake Engineering Research Center University of California – Berkeley,
California, trabalho que estabelece os critérios e parâmetros para a adoção do
método linear equivalente.
Atualmente o Método Linear Equivalente é o modelo utilizado na maioria
das aplicações e implementado em grande parte dos programas computacionais
elaborados para investigação da resposta dinâmica de maciços de solo.
O Método Linear Equivalente distingüe-se pelas seguintes características:
O método usa propriedades lineares nos elementos. Essas
propriedades são estimadas segundo o nível de movimentação
dinâmico. Observa-se neste modelo que para excitações dinâmicas
leves os elementos podem ser superamortecidos enquanto para fortes
excitações elementos podem ser sub amortecidos.
84
Como o método é essencialmente elástico, não se têm como calcular
deformações ou deslocamentos permanentes assim como mudanças
que acompanham o fenômeno de liqüefação, já que unicamente a
movimentação oscilatória é modelada, sendo necessário aplicar uma
técnica complementar desacopladamente (Newmark, 1965; Makdisi
e Seed, 1978).
É correto aceitar que durante o processo de fluxo plástico na teoria
da plasticidade, o tensor incremental de deformações é associado a
alguma função do tensor de tensões, originando uma regra de fluxo.
Na teoria da elasticidade assim como usado no Método Linear
Equivalente, as relações do tensor de deformações (não incremental)
são associadas ao tensor de tensões.
O modelo constitutivo do material é integrado no método por uma
curva de tensão-deformação.
Nos casos onde ondas P e S sejam propagadas simultaneamente num
meio, o método linear equivalente trata essas ondas
independentemente, conseqüentemente não é permitida a interação
entre as duas componentes de movimento.
A relação tensão-deformação de solos sob carregamento cíclico exibe
normalmente um laço de histerese entre as trajetórias de carregamento e de
descarregamento, fato que pode ser mecanicamente modelado descrevendo-se as
trajetórias ou considerando-se parâmetros do material que possam representar de
maneira aproximada a forma geral do laço. Na segunda alternativa, adotada no
Modelo Linear Equivalente, a inclinação do laço de histerese, proporcional à
rigidez do solo, é descrita pelo módulo de cisalhamento secante e a abertura do
laço, com área proporcional à energia dissipada no ciclo, pela razão de
amortecimento.
Ambos os parâmetros, referidos como parâmetros lineares equivalentes, são
atualizados iterativamente em função dos níveis de deformação cisalhante
induzidos na massa de solo. Para a seleção dos novos valores, utiliza-se uma
distorção média ou efetiva empiricamente estimada como 2/3 da deformação
cisalhante máxima (0,65 de acordo com Seed e Martin (1966), ou (M-1)/10, de
acordo com Idriss e Sun (1992)) onde M é a magnitude do terremoto. A seleção
85
dos parâmetros lineares equivalentes é feita para cada elemento, de acordo com o
procedimento descrito a seguir.
Os valores iniciais do módulo cisalhante )( maxG e do amortecimento são
estimados para cada elemento finito da malha. A resposta dinâmica do sistema é
então determinada, calculando-se a deformação cisalhante máxima na história do
tempo em cada elemento. A partir desses resultados, as amplitudes da deformação
cisalhante efetiva em cada elemento são computadas, consultando-se as curvas do
material correspondente para observar se o nível de deformação é compatível com
os valores das propriedades dinâmicas utilizadas na avaliação da resposta. Se as
propriedades do solo não forem compatíveis, as propriedades lineares
equivalentes são atualizadas e o processo é repetido até atingir a convergência, o
que ocorre geralmente após 3 a 5 iterações. Este modelo foi implementado em
vários programas comerciais (GeoStudio 2004) e acadêmicos como os elaborados
na Universidade da Califórnia, Berkeley - SHAKE (Schnabel et al., 1972),
QUAD-4 (Idriss et al., 1973), FLUSH (Lysmer et al., 1975), dentre outros.
De acordo com Bray et al. (1995), o programa SHAKE91 (Idriss e Sun,
1992), em virtude da incorporação do modelo linear equivalente, somente deve ser
empregado para movimentos com PHArocha de 0,35g. De acordo com
informações da literatura, o modelo linear equivalente não produz resultados
confiáveis para situações onde PHAsolo é maior do que 0,4g (Ishihara, 1996).
A relação entre a variação dos parâmetros lineares equivalentes com o nível
das deformações cisalhantes foi estudada por vários autores. Até vinte anos atrás,
as reduções de módulo para solos coesivos e granulares eram tratadas
separadamente (Seed e Idriss, 1970), conforme mostra a figura 4.3 para o caso das
areias. Para as areias, Seed e Idriss propuseram a seguinte expressão para cálculo
do máximo valor do módulo de cisalhamento maxG .
2/1'max2max 1000 mKG em psf (4.4)
2/1'
max2max 7,21a
ma P
PKG em Pa
(4.5)
86
Nessa expressão 'm e a tensão efetiva principal média, aP a pressão
atmosférica e o coeficiente adimensional max2K (no intervalo entre 30 a 70) é
obtido de tabelas (Seed e Idriss, 1970) em função do índice de vazios ou
densidade relativa da areia.
Para pedregulhos, Seed et al. (1984) indicaram valores de max2K no
intervalo entre 80 a 180 enquanto que para solos coesivos estimativas preliminares
de G são obtidas com base no índice de plasticidade IP, razão de pré-
adensamento OCR e da resistência ao cisalhamento não-drenada.
Figura 4.3 - Curvas de variação do módulo de cisalhamento para areias sob
diferentes densidades relativas – Seed e Idriss (1970).
A partir da década de 1980, estudos de Dobry e Vucetic (1987), Sun et al.
(1988), Vucetic e Dobry (1991), entre outros, concluíram que há uma transição
gradual entre o comportamento de materiais granulares e coesivos, sendo que a
forma das curvas de redução de módulo de cisalhamento é mais afetada pelo
índice de plasticidade do que pelo índice de vazios.
Para pedregulhos, apesar da dificuldade experimental da execução de
ensaios em laboratório, algumas evidências indicam que a curva média de
87
degradação de G tem forma similar, porém mais achatada, do que a curva média
das areias (Seed et al., 1986).
As características de plasticidade também influenciam a razão de
amortecimento do solo, como também constatado em Kokushu et al. (1982),
Dobry e Vucetic (1987), Sun et al. (1988), Vucetic e Dobry (1991), entre outros.
A figura 3.3 mostra que a razão de amortecimento para solos coesivos altamente
plásticos é menor do que para solos granulares, sendo a curva correspondente a
.0IP
De acordo com Seed et al. (1984) o amortecimento em pedregulhos é muito
similar ao das areias.
Figura 4.4 - Curvas de variação do módulo de cisalhamento para diferentes
índices de plasticidade – Vucetic e Dobry (1991)
88
Figura 4.5 - Curvas de variação da razão de amortecimento para diferentes índices
de plasticidade – Vucetic e Dobry (1991)
A variação do módulo de cisalhamento G é definida pela expressão
proposta por Ishibushi e Zhang (1993).
0),(´
max
))(,( mIPmmIPK
GG
(4.6)
492,0)(000102,0lntanh15,0),( IPnIPK (4.7)
3,1145,04,0
0000556,0lntanh1272,0),( IPemIPm (4.8)
7010*7,2701510*0,715010*37,3
00,0
)(
115,15
976,17
404,16
IPIPIPIPIPIP
IP
IPn (4.9)
A função que controla a variação da razão de amortecimento, dependente do
índice de plasticidade IP , da redução do módulo de cisalhamento max/GG e
89
indiretamente da tensão normal octaédrica ´m , também foi apresentada por
Ishibushi e Zhang (1993).
1547,1586,02
1333,0max
2
max
0145,0 3,1
GG
GGe IP
(4.10)
As deformações cisalhantes em cada ponto de Gauss são calculadas em
todos os instantes de tempo em que se subdivide a duração total do terremoto e as
normas destes vetores são computadas. A maior destas normas é utilizada para
atualização dos parâmetros do Modelo Linear Equivalente.
O valor da razão de amortecimento pode ser informado como constante,
caso no qual o programa utiliza a formulação de Rayleigh (equação 4.11) para
construção da matriz de amortecimento.
No domínio do tempo a matriz de amortecimento pode ser construída com
base na formulação de Rayleigh, através da combinação linear entre as matrizes
de massa e de rigidez.
KMC (4.11)
onde e são os parâmetros de amortecimento de Rayleigh.
Como o amortecimento de solos depende do estado de deformações,
conforme já discutido, Idriss (1973) sugeriu a aplicação da formulação de
Rayleigh no nível de elemento como:
eeeee KMC (4.12)
onde os parâmetros de amortecimento para cada elemento são definidos com
base na razão de amortecimento local (função das deformações cisalhantes
efetivas no elemento) e da freqüência natural fundamental do sistema 1 obtida a
partir do cálculo dos autovalores em um problema de vibração livre não
amortecida.
90
1ee
1
ee
(4.13)
A matriz de amortecimento global [C] é obtida através do processo
convencional de montagem de matrizes do método dos elementos finitos. A
integração no tempo da equação do movimento é feita através do método de
Newmark.
4.5 Discretização do elemento finito para o solo
Assim como no caso unidimensional, é mais conveniente trabalhar-se com
um sistema de coordenadas naturais L, adimensionais, definido na figura 4.6.
Figura 4.6 - Definição das coordenadas naturais de um triangulo.
A variação linear de u dentro do elemento pode ser expressa da forma:
yxu 321 (4.14a)
ou em forma matricial:
91
3
2
1
33
22
11
3
2
1
111
yxyxyx
uuu
(4.14b)
onde 1 , 2 e 3 são parâmetros a determinar.
Invertendo a matriz acima, obtém-se:
3
2
1
321
321
03
02
01
3
2
1 222
21
uuu
aaabbbAAA
A(4.15)
onde, jki xxa , kji xxb , jkkji yxxxA02 , para i = 1, 2, 3; j = 2, 3, 1;
k = 3, 1, 2; A é a área do elemento.
Substituindo as expressões de 1 , 2 e 3 , e arrumando:
33303
22202111
01
221
2212
21
uyaxbAA
uyaxbAA
uyaxbAAu
(4.16)
ou
332211 uNuNuNu (4.17)
Analogamente para v temos:
332211 vNvNvNv (4.18)
A relação entre as coordenadas cartesianas de um ponto qualquer são dadas
por:
92
yaxbAA
L iiii02
21
(4.19)
Isto significa que, para um elemento triangular linear, as funções de
interpolação iN são as próprias coordenadas naturais iL . Pode-se verificar,
facilmente, que estas funções atendem a um requisito básico para as funções de
interpolação, que é o de assumir o valor 1 quando aplicada no nó associado, e o
valor zero nos demais.
A seguir obtemos explicitamente a matriz B.
321
321
000000LLL
LLLN (4.20)
vu
Ny
x
xy
y0
0x
(4.21)
xy
y
xyxy
y
xyxy
y
xy
xxx
LL
LLL
LLL
L
LLLBN
,,3
,3
,,3,,2
,2
,,2,,1
,1
,,1
,3,2,1
000000
xy
y0
0x
(4.22)
12
21
2131
13
1323
32
32
123123000
000
ba
aba
aba
a
bbbB (4.23)
De posse dos dados acima, pode-se calcular explicitamente para o elemento
de deformação constante as expressões das matrizes de rigidez e massa.
Para a matriz elementar de rigidez eK , obtém-se:
BEBtAKTe (4.24)
93
Para obtenção da matriz de massa do elemento eM , a expressão inicial é:
dLLLLLL
M e321
3
2
1
(4.25)
Considerando a expressão geral de integração de áreas, em coordenadas
triangulares,
AkjikjidLLL kji 2
)2(!!!
321 (4.26)
obtém-se:
211121212
12AM e (4.27)
Uma análise dinâmica completa não dispensa as parcela correspondente ao
amortecimento e inércia na análise. O amortecimento tem origem em forças que
se opõem ao movimento do solo à medida que este se desloca.
Apos a aplicação do método da rigidez direta a equação de global
considerando-se a parcela de amortecimento e inércia é dada por:
exttSolotSolotSolo FuKuCuM ][][][ (4.28)
Na equação acima, soloC é a matriz de amortecimento do solo, a qual, em
geral, será obtida segundo o item 4.4
5 Elementos finitos de interface e contornos artificiais
São muito freqüentes situações que envolvem o contato entre diferentes
materiais como, por exemplo, em problemas de interação solo-estrutura, como por
exemplo, estacas, muros, dutos, entre outros. Como o comportamento mecânico
do sistema solo-estrutura é bastante influenciado pelas condições de interface,
várias formulações de elementos finitos especiais, chamados de elementos de
interface, foram propostas na literatura com o objetivo de modelar numericamente
este problema da forma mais próxima a realidade.
Dentre estes elementos, podem ser citados os propostos por Goodman et. al.
(1967), Ghaboussi et. al. (1973), Pande e Shanna (1979), Desai et. al. (1984), Beer
(1985), Day e Potts (1994), entre outros. As principais características, hipóteses e
limitações destas diversas formulações são examinadas nas seções seguintes.
5.1 Elemento de Goodman, Taylor e Brekke (1967).
Este foi o primeiro elemento de interface proposto na literatura, com
espessura nula, idealizado para representar o comportamento mecânico de falhas,
dobras e descontinuidades em massas rochosas.
Considere o elemento da figura 5.1, de comprimento L e contendo quatro
pontos nodais.
Através do princípio dos trabalhos virtuais, é possível escrever-se â matriz
de rigidez local do elemento de interface por;
1
1 2''' dLBCBk T (5.1)
'00'
'C
CC (5.2)
95
L
3yu
3xu
Figura 5.1 - Elemento de junta, espessura nula = 0, sistema de coordenadas locais
, .
As quantidades 'C e 'C representam propriedades do material
relacionadas a rigidez do elemento por unidade de comprimento nas direções
tangencial e normal, respectivamente.
Quando uma força é aplicada sobre uma amostra de rocha fraturada, de
comprimento L e espessura unitária, ocorrerá um encurtamento nesta direção
normal devido tanto à compressão elástica da rocha quanto aos deslocamentos
verificados na própria fratura, incluindo as deformações e esmagamentos das
asperezas existentes na superfície da junta. Subtraindo-se os deslocamentos
elásticos do encurtamento total da amostra, obtém-se uma curva que relaciona a
força normal, por unidade de comprimento, com o deslocamento da interface. Na
região de comportamento linear, a curva é caracterizada pelo parâmetro 'C .
Raciocínio semelhante pode ser empregado para interpretação da quantidade 'C .
Os deslocamentos nodais relativos entre os nós do topo e da base da
interface,
basetopo
basetopo
uuuu
u (5.3)
são relacionados com os deslocamentos nodais
442211 ... yxyxyxT uuuuuu (5.4)
96
Através da matriz [B'] assim definida
4321
4321
00000000
'NNNN
NNNNB (5.5)
onde, as funções de interpolação na direção são:
21
41 NN (5.6a)
21
32 NN (5.6b)
A matriz de rigidez do elemento (equação 5.1) pode então ser facilmente
integrada.
A matriz de rigidez global do sistema é construída através dos
procedimentos convencionais do MEF, tendo-se o cuidado de transformar a matriz
de rigidez do elemento de interface k expressa no sistema local para as
coordenadas globais x, y. Esta transformação é dada por.
TkTk T (5.7)
com
coscossen
senT (5.8)
sendo o ângulo formado entre o eixo global x e o eixo local do elemento
.
Na resolução do problema, os parâmetros 'C e 'C são considerados
nulos quando a tensão normal no elemento de interface for de tração, sendo os
cálculos repetidos para estes novos valores. Caso a tensão cisalhante seja maior do
que a resistência ao cisalhamento na interface, o valor de 'C é alterado para este
valor limite, ou um valor residual, com as componentes de tensão novamente
calculadas.
97
5.2 Elemento de Ghaboussi, Wilson e Isenberg (1973)
Neste elemento de interface, de espessura não nula, os deslocamentos
relativos entre o topo e a base da interface são considerados como graus de
liberdade independentes.
Na figura 5.2a observa-se que os graus de liberdade do elemento planos
superior correspondem aos deslocamentos relativos existentes entre o topo e a
base do elemento de interface.
Considerando-se um elemento de interface definido por apenas 2 pontos
nodais (figura 5.2b), é possível escrever-se:
X
Y
4
3
2
1
2
14
3
1
2Elemento plano superior
Elemento plano inferiorElem
ento
dein
terfa
ce
1yu
2yu
2xu3yu
3xu
4xu
4yu1xu
Coordenadas globais
Figura 5.2a - Geometria do elemento de interface [Ghaboussi, Wilson e Isenberg
(1973)].
98
2
1
1yu
2yu
2xu
1xue
L
1u
2u
1u
2u
Figura 5.2b - Detalhe do elemento de interface [Ghaboussi, Wilson e Isenberg
(1973)].
Interfacex
Inferiorx
Superiorx uuu 141 (5.10)
Interfacey
Inferiory
Superiory uuu 141 (5.11)
Interfacex
Inferiorx
Superiorx uuu 232 (5.12)
Interfacey
Inferiory
Superiory uuu 232 (5.13)
Os deslocamentos relativos nas direções normal u e tangencial u
variam linearmente ao longo do elemento de interface, de acordo com:
2211 uNuNu (5.14)
2211 uNuNu (5.15)
Sendo 121
1N e 121
2N as funções de interpolação lineares
utilizadas na formulação deste elemento de interface.
As componentes de deformação normal e tangencial podem então
ser obtidas como
eu
(5.16)
99
lu
(5.17)
onde e é a espessura do elemento de interface (figura 5.2b).
As componentes de deformação podem então ser relacionadas com os
deslocamentos relativos nodais através de
1
2
1
1
210
210
02
102
1
uuuu
ll
ee (5.18)
ou, simbolicamente.
B (5.19)
Componentes de tensão podem ser facilmente calculadas através da relação
constitutiva do material na interface,
CCCC
(5.20)
ou, simbolicamente.
C (5.21)
A matriz de rigidez local do elemento de interface pode então ser
determinada por
V
T dVBCBk (5.22)
100
Esta matriz deve ser transformada pela relação (5.8) na etapa de formação
da matriz de rigidez global do sistema, referida aos eixos globais x, y. Obtém-se
finalmente que,
22231221
23112311
12231223
21112311
22222222
22222222
6BABABABA
BABABABABABABABA
BABABABA
eLk (5.23)
onde,
221 bCaCA (5.24)
222 aCbCA (5.25)
abCCA3 (5.26)
abCB1 (5.27)
222 baCB (5.28)
411 xxL
a (5.29)
41 yyLIb (5.30)
5.3 Elemento de Pande e Sharma (1979)
Conceitualmente, é uma extensão do elemento de interface proposto por
Ghaboussi et. al. (1973), considerando-se os deslocamentos relativos nodais como
graus de liberdade independentes, mas adotando-se um elemento de interface
parabólico formado por 8 pontos nodais (figura 5.3a).
Da figura 4.3b percebe-se que os graus de liberdade nodais são dados por
8877665544332211 ,,,,,,,,,,,,,,,' yxyxyxyxyxyxyxyx uuuuuuuuuuuuuuuu (5.31)
101
X
Y
Elemento plano superior
Elemento plano inferiorElem
ento
de in
terfa
ce
yu
xu
Coordenadas globais
Figura 5.3a - Elemento de interface com dois elementos planos adjacentes [Pande
e Sharma (1979)].
X
Y
Coordenadas globais
71 yy uu
1xu
2yu
2xu
3yu
3xu62 yy uu
53 yy uu
71 xx uu
62 xx uu
53 xx uu
81 yy uu
81 xx uu
43 yy uu
43 xx uu
1yu
Figura 5.3b - Elemento de interface isoparamétrico parabólico [Pande e Sharma
(1979)].
Os deslocamentos nodais podem ser obtidos através do vetor '
aplicando-se as condições
102
81
81
71
71
62
62
53
53
43
43
3
3
2
2
2
1
8
8
7
7
6
6
5
5
4
4
3
3
2
2
2
1
yy
xx
yy
xx
yy
xx
yy
xx
yy
xx
y
x
y
x
y
x
y
x
y
x
y
x
y
x
y
x
y
x
y
x
y
x
uuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
uuuuuu
uuuuuuuuuuuuuuuu
(5.32)
ou, ainda.
'T (5.33)
Com a matriz de transformação [T] expressa por
1000000000000010010000000000000100100000000000100001000000000001000010000000100000000100000001000000001000100000000000010001000000000000101000000000000001010000000000000010000000000000000100000000000000001000000000000000010000000000000000100000000000000001
T (5.34)
103
A equação de equilíbrio do elemento finito de interface pode então ser
escrita como
fk (5.35)
onde, f representa as componentes das forças nodais aplicadas no elemento.
Reescrevendo esta equação em termos dos graus de liberdade expressos por
(5.33), tem-se:
'' fTTk (5.36)
com,
8877665544332211 ,,,,,,,,,,,,,,,' yxyxyxyxyxyxyxyx fffffffffffffffff (5.37)
de onde resulta:
'' fTkT T (5.38)
ou, simplificando
''' fk (5.39)
A matriz de rigidez do elemento plano inferior permanece inalterada
(formulada com base nos deslocamentos nodais como graus de liberdade),
enquanto que a matriz de rigidez do elemento superior deve ser transformada
tendo em vista a interface comum formada pelos nós 5, 6 e 7 com graus de
liberdade expressos sob forma de deslocamentos relativos.
Neste processo, é empregada uma nova matriz de transformação T , de
ordem 16x16, resultando em uma matriz de rigidez transformada 'k para o
elemento plano superior com dimensão (22x22).
A solução do problema, a partir deste ponto, segue os procedimentos usuais
do método dos elementos finitos.
104
5.4 Elemento de Desai, Lightner e Siriwardane (1984).
O elemento de interface proposto por Desai, Lightner e Siriwardane (1984)
é um elemento delgado ("thin-layer element") que pode representar problemas de
interação solo-estrutura sob vários modos de deformação, conforme indicado na
figura 5.4. A principal vantagem deste elemento é que sua formulação é a mesma
dos elementos quadrilaterais planos o que torna sua implementação computacional
bastante fácil na maioria dos casos.
a) contato aderente
c) modo de abertura
b) contato liso
d) modo fechamento
S n
S n
Figura 5.4 - Esquema dos modos de deformação na interface [Desai, Lightner e
Siriwardane (1984)].
A matriz constitutiva iIC do elemento de interface é dada por
CC
CCC iI (5.40)
Na expressão anterior C relaciona-se com as tensões normais, C
com as tensões cisalhantes e C , C introduzem o efeito de acoplamento na
105
relação constitutiva. A determinação experimental destes últimos coeficientes é
complicada, sendo as componentes de acoplamento geralmente ignoradas.
A componente C é função das características do solo, da estrutura e do
material na zona de interface:
estsi CnCnCnC 321 (5.41)
com 1n , 2n e 3n os fatores de participação (variando entre 0 e 1) das leis
constitutivas do solo na interface iC do, solo no depósito sC e do elemento
estrutural estC .
A componente de cisalhamento C é assumida como o valor do módulo
de cisalhamento do material da interface, sendo obtido através da execução do
ensaio de cisalhamento direto em laboratório.
nr
rrrni e
uuuGC ,,, (5.42)
onde
iG é o módulo de cisalhamento do material da interface
n é a tensão normal
é a tensão cisalhante
ru é o deslocamento relativo
e é a espessura do elemento.
A implementação deste elemento de interface segue, daqui por diante, os
procedimentos usuais do MEF. Na prática, de acordo com estudos realizados por
Desai et. al. (1984), a espessura do elemento de interface deve estar situada no
intervalo LeL 1,001,0 , sendo L o comprimento do elemento de interface
(figura 5.5).
106
Figura 5.5 - Esquema do elemento de interface [Desai, Lightner e Siriwardane
(1984)].
5.5 Critérios e métodos numéricos utilizados nos contornos artificiais do meio contínuo.
Um dos problemas que inevitavelmente deve-se enfrentar na simulação
numérica de propagação de ondas no meio semi-infinito é a modelagem dos
contornos artificiais. As condições de contorno têm que ser definidas com o
objetivo de minimizar os reflexos artificiais das ondas nos bordos do domínio
computacional, ou seja, simular a extensão infinita do meio contínuo permitindo
que as ondas se propaguem somente da parte interior para a região exterior. Esses
contornos artificiais são comumente denominados contornos absorventes
(absorbing boundaries).
Os contornos artificiais podem ser subdivididos em dois tipos: contornos
absorventes locais e não locais. As condições de contornos absorventes locais são
formuladas utilizando operadores diferenciais com respeito ao espaço e tempo e
são resolvidos no domínio do tempo. Por outro lado, as condições de contornos
absorventes não locais estão descritas através de operadores integrais e
diferenciais com respeito ao espaço ou tempo. Geralmente, as condições de
contornos absorventes não locais são utilizadas em análises no domínio da
freqüência. Kausel (1988) refere-se a este tipo de modelos como contornos
consistentes não-locais.
107
5.5.1 Contornos absorventes locais no domínio do tempo
A grande vantagem deste tipo de condição de contorno é que são locais no
espaço e tempo, sendo desta maneira numericamente mais eficientes que as
condições de contorno não locais. Os contornos absorventes locais fornecem
soluções razoavelmente satisfatórias para muitos problemas com pouco esforço
numérico. A seguir, apresenta-se uma breve revisão das contribuições mais
importantes neste campo de pesquisa. Este tipo de solução foi primeiramente
proposto para resolver problemas de interação solo-estrutura em engenharia civil.
Lysmer e Kuhlemeyer (1969) desenvolveram o famoso contorno de
amortecimento viscoso (viscous damping boundary). Este método atenua
consideravelmente as ondas de compressão, mas não diminui suficientemente o
reflexo das ondas cortantes. No entanto, hoje em dia, o método de contorno
viscoso continua sendo o contorno absorvente mais utilizado nos problemas
numéricos de engenharia estrutural, sendo utilizado em programas de elementos
finitos com variados propósitos, tais como Abaqus, Adina, Ansys, etc.
A popularidade deste método se deve a sua simples interpretação física na
forma de um amortecedor. Posteriormente este método de contorno viscoso foi
generalizado por White et al. (1977).
Atualmente, este método é amplamente utilizado nos problemas de
propagação de ondas, modeladas através do método de elementos finitos.
5.5.2 Matriz de elementos de contorno
Lysmer e Kuhlemeyer (1969) propuseram elementos de contorno dinâmicos
com o propósito de evitar a reflexão da propagação das ondas no contorno da
malha. Estes elementos possuem contornos viscosos conectados aos nós da
fronteira de uma malha de elementos finitos, cujas propriedades são função do
tipo de solo existente naqueles elementos. Mediante esta adequação podem-se
absorver perfeitamente as ondas planas incidentes com ângulo normal (90°), mas
para outros ângulos, a eficiência não é total.
108
A seguinte matriz de amortecimento pode ser adicionada nos elementos
localizados ao longo do contorno da malha de elementos finitos,
dSNVNCS
uTuBE (5.43)
com,
s
p
VbVa
V0
0(5.44)
A matriz uN contém as funções de interpolação, é a densidade do
material, pV e sV são as velocidades de propagação de ondas P e S
respectivamente, a e b indicam coeficientes a determinar para minimização da
energia refletida no contorno. Lysmer e Kuhlemeyer (1969) sugeriram a adoção
de 1ba .
5.5.3 Controle do tamanho do elemento
Um dos aspectos da análise realizada através de elementos finitos que
requer cuidadoso controle é a escolha do tamanho do elemento, principalmente
nos casos em que efeitos de alta freqüência são importantes.
Kuhlemeyer e Lysmer (1973) constataram que o tamanho do elemento na
direção de propagação da onda tem grande influência nos resultados da análise
dinâmica, pois grandes elementos mostram-se incapazes de transmitir movimentos
sob altas freqüências. Aqueles autores propuseram uma regra empírica que o
tamanho do elemento finito para uma transmissão eficiente da freqüência não
deve ser maior do que 1/8 do menor comprimento de onda, atualizando a sugestão
anterior (Lysmer e Kuhlemeyer, 1969) que fixava o limite de 1/12.
Estudos mais detalhados da influência do tamanho do elemento finito em
análises dinâmicas foram feitos por Celep e Bazant (1983) e Mullen e Belytschko
(1982), com as seguintes principais conclusões:
109
Quando o comprimento de onda é menor ou igual do que dez vezes o
tamanho do elemento na direção de propagação da onda, então o
fenômeno de reflexão de ondas espúrias não é importante.
Uma variação súbita do tamanho dos elementos finitos pode causar
significativas reflexões na interface entre os elementos de diferentes
tamanhos. O emprego de uma variação gradual do tamanho dos
elementos finitos reduz a ocorrência do fenômeno, mas não o
elimina.
6 Métodos de solução
6.1 Introdução
Existem vários métodos de solução de equações não-lineares, cada qual com
uma justificativa racional. Ao contrario dos métodos de solução de sistemas
lineares, estes métodos não garantem, em geral, a convergência para o resultado
correto de qualquer problema. O analista deve ser capaz, baseado na sua
experiência, de escolher o método mais adequado para o problema em questão.
Além disso, mesmo após escolhido o método, alguma dificuldade aparece na
determinação de parâmetros do tipo tolerâncias, incrementos de carga e número
máximo de iterações.
Este capítulo apresenta a técnica de solução para sistemas de equações
algébricas não-lineares obtidas após a integração das equações de equilíbrio do
sistema discreto. O capítulo começa com uma revisão dos procedimentos
existentes que podem ser usados para obter uma solução adequada.
6.2 Revisão de procedimentos de solução
A dificuldade na análise não-linear é que a rigidez e forças internas, as quais
têm que ser levadas em conta para o procedimento de solução, são dependentes
dos deslocamentos. Vários procedimentos têm sido desenvolvidos com diferentes
maneiras de tratar esta dependência, mas isto é freqüentemente difícil de realizar,
essencialmente para problemas de severas não linearidades e condições locais de
carregamento e descarregamento. Se o fenômeno fundamental presente no
comportamento da estrutura pode ser capturado pelo procedimento de solução,
aproximações e simplificações podem ser introduzidas de forma a melhorar a
eficiência do procedimento da análise. No entanto a eficiência é freqüentemente
111
sacrificada para alcançar estabilidade no processo de solução. Conseqüentemente
muitas alternativas têm sido exploradas e não é a intenção revisar todos os
procedimentos de solução neste trabalho. Primeiramente é revisado neste capítulo
o procedimento incremental iterativo para análises estáticas de estruturas não-
lineares. Isto define a formulação básica para procedimentos de solução. O
procedimento de Newton Raphson é o procedimento clássico.
6.3 Processo iterativo para solução do sistema de equações de
equilíbrio não lineares: método Newton-Raphson
Lembrando que a aplicação do carregamento na estrutura é feita mediante
incrementos em intervalos de tempo t , e assumindo que as condições de
equilíbrio em um instante t já sejam conhecidas, o processo iterativo é usado para
se determinar as condições de equilíbrio no instante tt ! . Doravante,
sobrescritos colocados à esquerda de matrizes e vetores indicam o instante em que
foram avaliados.
O processo é aplicado no nível da estrutura, portanto após o espalhamento
das matrizes de rigidez e massa, bem como dos vetores de força.
Conhecido o vetor de forças externas Ftt ! no instante tt ! , utiliza-se a
equação FuK ". para, de forma aproximada, determinar o incremento R do
vetor de forças internas Rt , necessário à manutenção do equilíbrio em tt ! .
uKR T
t " (6.1)
Com respeito à equação (6.1), cabe esclarecer que a matriz de rigidez
tangente T
tK (matriz de rigidez resultante do acoplamento da matriz de rigidez do
tudo e solo) é função não só das propriedades físicas do material que constitui o
corpo, mas também do nível de carregamento da estrutura, necessitando ser
atualizada permanentemente. O subscrito indica que a atualização foi feita no
instante t. Na prática:
)( RKK t
TT
t " (6.2)
112
O vetor de deslocamentos incrementais u corresponde aos deslocamentos
experimentados pelos pontos materiais do corpo ao passar de uma configuração de
equilíbrio no instante t para outra no instante tt ! . Portanto, o deslocamento
total é dado por:
uuu ttt !" ! (6.3)
Analogamente, o vetor Rtt ! correspondente à nova configuração de
equilíbrio é dado por:
RRR ttt !" ! (6.4)
Substituindo (6.1) em (6.4), vem:
RRuK ttt
T
t #" !
(6.5)
O método pretende fazer com que:
0$# ! ! RF tttt
(6.6)
Assumindo a condição limite, é possível substituir Rtt ! por Ftt ! na
equação (6.5), tal que:
%"#" ! RFuK ttt
T
t
(6.7)
Na equação (6.7), Z é um vetor de desequilíbrio de forças, ou seja, que
representa um residuo. O objetivo do método é fazer com que este vetor tenda a
zero.
Em uma única iteração, seria resolvida a equação (6.7) em u . Em seguida,
o vetor de deslocamentos seria atualizado com uso de (6.3). E, antes de se
prosseguir para o próximo passo de carregamento, seria atualizado o vetor de
113
forças internas com uso de (6.1) e (6.4), e a matriz de rigidez tangente com uso de
(6.2).
Entretanto, uma única iteração geralmente não basta para fazer o vetor Z de
desequilíbrio de forças aproximar-se de zero o suficiente a fim de garantir a
convergência entre o vetor F de forças externas e o vetor R de forças internas.
Através de sucessivas iterações, é possível fazer Z tender a zero dentro de um
limite de tolerância aceitável. Sob este enfoque, segue-se o fluxo a seguir até a
convergência:
& Já tendo sido atualizados, na iteração anterior, tanto os vetores de
deslocamento e de forças internas, quanto a matriz de rigidez
tangente, a k-ésima iteração inicia com o cálculo de novo vetor de
deslocamentos incrementais )(ku :
)1()()1( # ! !# ! #" k
T
ttttkk
T
tt RFuK (6.8)
Na primeira iteração, quando k = 1:
T
t
T
ttk
T
tt KKK "" !# ! 0)1(
(6.9)
RRR tttktt "" !# ! 0)1(
(6.10)
Nas equações (6.9) e (6.10), respectivamente, T
tK e Rt resultaram
da convergência no passo de carregamento anterior.
& Em seguida, com o novo vetor de deslocamentos incrementais
calculado, é feita a atualização do vetor de deslocamentos:
)()1()( kkttktt uuu !" # ! !
(6.11)
Na primeira iteração, quando k = 1:
uu ttt " ! )0(
(6.12)
114
Em (6.12), ut resultou da convergência no passo de carregamento
anterior.
& Em seguida, é atualizado o vetor de forças internas:
)()1()( kk
T
ttk uKR " # !
(6.13)
)()1()( kkttktt RRR !" # ! !
(6.14)
& Em seguida, é atualizada a matriz de rigidez tangente com uso de
(6.2). No Método Newton-Raphson modificado a matriz de rigidez
tangente só é atualizada ao final do passo de carregamento,
preparando-a para o passo seguinte (durante o processo iterativo
permanece inalterada).
& Em seguida, é verificada a convergência. Bathe propõe três critérios
possíveis para a verificação, concomitantes, ou não, baseados em
normas de deslocamento, força e energia, respectivamente:
Dktt
k
u
u'(
! )(
)(
(6.15)
Fttt
ktttt
RF
RF'(
#
# !
! ! )(
(6.16)
) *Ettt
kttttk
RFu
RFuT
T
'(#
# !
# ! !
)()1(
)1()(
(6.17)
A norma de um vetor r, aqui definida, é dada por:
rrr T"
(6.18)
Nas expressões (6.15) a (6.17), os escalares D' , F' e E' são as tolerâncias
em termos de deslocamento, força e energia, respectivamente.
115
Caso a convergência não tenha sido alcançada, ou seja, caso algum dos
critérios, escolhidos dentre (6.15) a (6.17), não se verifique, o processo se repete
desde o primeiro passo do fluxo.
No caso da análise dinâmica, a equação (6.8) é acrescida das parcelas
correspondentes às forças de inércia e ao amortecimento.
)1()()1()()1()()1( # ! !# ! !# ! !# ! #" !! kttttkk
T
ttkttkttkttktt RFuKuCuM (6.19)
Cabe adiantar que, neste caso, à diferença entre o vetor de forças externas
Ftt ! e à última atualização disponível para o vetor de forças internas )1( # ! ktt R ,
que aparece no membro direito da equação (6.18), são somadas a parcelas
originadas pelo desmembramento dos termos de inércia e amortecimento que
aparecem no membro esquerdo, dando origem a um vetor de resíduos efetivo. O
processo iterativo deve controlar e reduzir este vetor até o alcance da
convergência.
6.4 Solução do sistema de equações de equilíbrio no domínio do
tempo
É usual resolver o sistema de equações acopladas no domínio do tempo.
Neste sentido, são inúmeros os algoritmos propostos. A idéia básica é a integração
numérica das equações em sucessivos intervalos de tempo t, descrevendo uma
série histórica para cada grau de liberdade. Por tanto, a solução é conhecida
apenas em instantes discretos de tempo, defasados de t.
O processo de discretização no tempo da equação (3.88) consiste em
substituir os vetores de deslocamentos )(tu , velocidades )(tu e acelerações
)(tu pelas suas respectivas aproximações vd tt , e at .
)(tFdKvCaM ttt "!! (6.20)
116
6.4.1 Algoritmos de integração
Sem dúvida, o algoritmo de Newmark é o mais popular. Hughes apresenta
as equações que o definem:
) *+ ,aat
vtdd ttttttt ! ! !#
! !" -- 2212
2
(6.21a)
) *+ ,aatvv tttttt ! ! !# !" ..1 (6.21b)
Cada par de parâmetros ! e " define um tipo de algoritmo diferente, com
propriedades totalmente distintas. As equações (6.21) são utilizadas em conjunto
com a equação (6.20) em uma seqüência de cálculo que começa a partir dos
valores iniciais
6.4.2 Algoritmos de Newmark incondicionalmente estáveis
São aqueles cuja estabilidade é assegurada pela relação entre os parâmetros
! e ", independente do intervalo de tempo de integração numérica. Algoritmos
desta natureza obedecem à relação:
2
12 // .-
(6.22)
Algoritmos de Newmark condicionalmente estáveis São aqueles cuja
estabilidade depende da escolha criteriosa do intervalo de tempo t. Algoritmos
desta natureza apresentam a seguinte relação entre os parâmetros ! e ":
2
1/.
e 2
10-
(6.23)
Neste caso, a escolha de t deverá obedecer à seguinte condição:
117
-.
.1-.
.1
2 #
34
567
8 #!#!34
567
8 #
(
2
2
1
22
1
1
22nn
n
t
(6.24)
Apresenta-se abaixo o algoritmo de solução passo a passo relativo ao
método de Newmark.
Cálculos iniciais:
(A) Cálculo das matrizes de rigidez K, massa M, e amortecimento C
(B) Obtenção das condições iniciais: uuu 000 ,,
(C) Seleção do passo de tempo t e dos parâmetros ! e "
5.0/.
2)5.0(25.0 .- !/
(D) Cálculo das constantes
)(1
20t
a
"- )(1
ta
"
-.
)(1
2t
a
"-
121
3 #"-
a 114 #
#"-.
a 334
5667
8#3
4
567
8 " 225 -
.ta
)1(6 .# " ta ta " .7
(E) Cálculo da matriz de rigidez efetiva CaMaKK 10* !!"
(F) Resolver 1*#K
Para cada passo de tempo:
(G) Cálculo do vetor de força efetivo
)()(* 541320 uauauaCuauauaMRR tttttttt !!!!!!" !
(H) Cálculo dos deslocamentos
** 1 RKutt # ! "
(I) Cálculo das velocidades e acelerações
uauauuau ttttttt 320 )( ###" ! !
uauauu tttttt
! ! !!" 76
118
6.4.3 Convergência de um algoritmo
O erro global )(ten produzido pelo algoritmo em um instante t é dado por:
)()( tyyte nn
t
n #" (6.25)
Segundo Jacob, um algoritmo consistente apresenta um limite máximo para
o erro global )(ten .
)()()( ttteAtte nnnn 9 #" ! (6.26)
Aplicando a equação (6.26) sobre si própria reiteradas vezes a partir do
instante inicial, obtém-se o seguinte resultado:
:"
##" #"""m
i
imn
i
nn
m
nmn ttAtteAtte0
1)()0()( 9
(6.27)
)()()( ttteAtte nnnn 9 #" ! (6.28)
Lembrando as condições iniciais, conclui-se que )0( "ten é nulo, portanto,
à equação (6.27) recai em:
:"
##" #""m
i
imn
i
nmn ttAttte0
1)()( 9
(6.29)
Considerando que o algoritmo seja estável e consistente, Hughes demonstra
que a equação (6.29) pode ser reescrita por:
) * k
mmn tcttte ("
(6.30)
A expressão (6.30) é uma particularidade do Teorema de Lax, segundo o
qual “as propriedades de estabilidade e consistência são condições necessárias e
119
suficientes para a convergência de um algoritmo”. A partir dela, fica claro que o
erro global tende à zero na medida em que t se torna infinitamente pequeno.
7 Exemplos e validação da metodologia
Este capítulo tem como objetivo avaliar numericamente a metodologia
apresentada neste trabalho para análise de tubulações enterradas submetidas a
carregamentos dinâmicos.
O objeto desta verificação é ratificar que o modelo descrito está
corretamente formulado, bem como sua implementação numérica.
As soluções foram obtidas por um procedimento incremental iterativo com
convergência para o equilíbrio em cada passo.
Na discretização foram empregados elementos tipo viga de três nós para
modelar o duto, elementos triangulares de três nós para modelar o solo, elementos
de interface (Goodman, Taylor e Brekke) para idealizar o contato entre o duto e o
solo e finalmente contornos absorventes para levar em conta um semi-espaço
infinito, conforme o apresentado no capítulo 5.
Os valores das propriedades físicas do solo foram retirados do relatório dos
ensaios efetuados nas areias do setor de Camisea, indicado no item 10 do presente
trabalho.
7.1 Verificação do modelo elástico linear.
A seguir apresenta-se a resposta dinâmica de um estrato horizontal de solo
submetido a uma aceleração senoidal na base.
Aplicou-se o modelo numérico considerando um modelo constitutivo linear
elástico para o solo (modelo simples) com a finalidade de avaliar o correto
funcionamento dos módulos do programa (leitura de dados, algoritmos de solução
e saída de dados entre outros) desenvolvidos neste trabalho.
A seguinte figura mostra um estrato horizontal com espessura H = 30,00
metros, apoiado sob base rochosa. Para efeitos da modelagem este estrato será
considerado como uma coluna de 1,00 m de base e 30,00 m de altura.
121
Figura 7.1 - Esquema do estrato horizontal.
Nesta verificação o solo foi modelado através do modelo elástico-linear. As
características do solo adotadas na análise são as seguintes: peso especifico =
19,20 kN/m3, módulo de rigidez ao cisalhamento transversal G = 21 MPa,
enquanto que a base do estrato está submetida a uma excitação do tipo aceleração
senoidal horizontal, de amplitude Ac = 3 m/s² e velocidade angular !" 2# .
A solução analítica para este problema, é dada pela seguinte expressão
(Cuéllar,1974):
$$%
&''(
)$%
&'(
) **
*$%
&'(
) *
**
*# +
,
# H
tnV
nV
Ht
H
yn
H
nV
n
A
tyu s
sn s
x 2
)12(sin
)12(
2)sin(
2
)12(sin
4
)12(
)12(
4
),(1 2
2
222
2
!!
""
!
"!!
"
(7.1)
onde -G
Vs # é a velocidade das ondas de corte e A é a amplitude da excitação
na base, que pode ser obtida por, 2"cAA # .
A equação 7.1 considera um caso totalmente unidimensional, onde o
deslocamento vertical em todos os pontos do estrato de solo e deslocamentos
horizontais na base são nulos e o volume do solo permanece constante.
As condições de contorno aplicadas restringem o deslocamento vertical em
todos os pontos e o deslocamento horizontal nos nós da base.
122
A figura 7.2 apresenta as malhas de elementos finitos usadas nas análises. A
malha da esquerda foi usada por Lopez (2005), enquanto que a malha da direita
foi usada nas análises feitas com o programa QUAKE e na metodologia proposta
neste trabalho. Foram usados elementos finitos triangulares lineares nas malhas
nesta verificação.
0 2 4-4 -2
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
D is ta n c ia H o riz o n ta l (m )
Altu
ra (
m)
Figura 7.2 - Malhas de elementos finitos usados nas análises.
A figura 7.3 apresenta a solução elástica do problema, comparando as
respostas obtidas por Lopez (2005), programa QUAKE e a formulação proposta
neste trabalho, assim como a resposta analítica, para um nó da parte superior do
estrato horizontal (nó 92 da figura 7.2).
123
-1
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
De
slo
ca
me
nto
X (
m)
Elástico Linear (QUAKE)
Elástico Linear (Lopez 2005)
Elástico Linear (TESE)
Solução Analítica
Figura 7.3 - Resposta elástica linear para o deslocamento no tempo para a parte
superior do estrato (nó 92 da figura 7.2).
A figura 7.4 apresenta a resposta analítica do problema e a solução obtida
pela formulação proposta neste trabalho para um nó da parte media do estrato
horizontal (nó 47 da figura 7.2).
-1
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
Deslo
cam
en
to X
(m
)
Elástico Linear (TESE)
Solução Analítica
Figura 7.4 - Resposta elástica linear para o deslocamento no tempo para a parte
media do estrato (nó 47 da figura 7.2).
Pode-se verificar que a resposta obtida com a formulação proposta usando
um modelo elástico linear para o solo é muito próxima da solução teórica e que as
124
soluções das outras formulações acompanham o mesmo comportamento para o
deslocamento no tempo.
7.2 Verificação do modelo linear equivalente.
Uma vez verificada a eficácia dos algoritmos do programa, foi
implementado para o caso do exemplo anterior o modelo linear equivalente,
modelo que através de suas características permite modificar as propriedades do
solo segundo as deformações do mesmo para cada incremento de tempo na analise
e fornece uma resposta dinâmica muito mais confiável do que a resposta obtida
com o modelo elástico linear (modelo com propriedades constantes no tempo).
Para efetuar uma análise que envolve o modelo linear equivalente é
necessário definir, através de duas curvas, o módulo de rigidez ao cisalhamento
transversal G e amortecimento que será adotado para o solo. Estas curvas são
definidas atendendo aos critérios apresentados no item 4.4.
Neste exemplo foram usadas as curvas apresentadas nas figuras 7.5 e 7.6,
para o modulo de rigidez ao cisalhamento transversal e para o amortecimento
respectivamente.
Figura 7.5 - Valores da variação do módulo de rigidez ao cisalhamento G com a
deformação cisalhante (EERC 70-10 DECEMBER 1970 – SOIL MODULI AND DAMPING
FACTORS FOR DYNAMIC RESPONSE ANALYSES)
125
Figura 7.6 - Valores da razão de amortecimento (Report EERC 70-10 DECEMBER
1970 – SOIL MODULI AND DAMPING FACTORS FOR DYNAMIC RESPONSE
ANALYSES)
As figuras 7.7 e 7.8, apresentam a comparação da resposta em termos de
deslocamentos horizontais segundo o programa QUAKE e a formulação
apresentada neste trabalho, para a parte superior do estrato horizontal (nó 92
figura 7.2) e para a parte central do estrato horizontal (nó 47 figura 7.2).
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
De
slo
ca
me
nto
X (
m)
Figura 7.7 - Resposta Linear Equivalente para o deslocamento horizontal para a
parte superior do estrato (nó 92 figura 7.2).
126
-1,00
-0,80
-0,60
-0,40
-0,20
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
De
slo
ca
me
nto
X (
m)
Figura 7.8 - Resposta Linear Equivalente para o deslocamento horizontal para a
parte media do estrato (nó 47 figura 7.2).
Como se pode verificar a resposta ao problema proposto usando a
formulação proposta nesta tese é menor do que a resposta obtida com o programa
QUAKE. Essa diferença pode ser originada do fato do programa QUAKE
modificar o valor do módulo de rigidez ao cisalhamento transversal G para todos
os elementos da malha ao mesmo tempo enquanto a formulação proposta nesta
tese faz essa redução para cada elemento da malha individualmente.
Comparando as respostas para a hipótese de comportamento elástico linear
(item 7.1) e linear equivalente (item 7.2) pode-se observar que os deslocamentos
obtidos para o caso elástico linear são maiores, o que indica que a solução elástica
linear é mais conservadora.
7.3 Verificação do Modelo Linear Equivalente para um histórico de
acelerações.
O passo seguinte foi introduzir o carregamento do tipo histórico de
acelerações ao exemplo, o que se a diferencia dos exemplos anteriores nos quais a
aceleração num instante dado obedecia a uma função senoidal.
A figura 7.9 apresenta as acelerações que foram usadas na análise
dinâmica.
127
Historico de acelerações
-0,3
-0,2
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
Acele
ração
(g
)
Figura 7.9 - Acelerograma usado na análise.
É importante indicar que as ondas sísmicas (sejam as compressivas, sejam
as de corte) têm, na origem, vasta gama de freqüências. Todavia, devido à
atenuação durante a propagação, as mais significativas como no caso dos sismos
têm freqüências entre 2 e 10 Hertz. Levando em conta estes valores e atendendo
os critérios de controle do tamanho do elemento (Kuhlemeyer e Lysmer 1973)
foram geradas as malhas de elementos finitos apresentadas a seguir.
Neste exemplo foi modelado o talude apresentado na figura 7.10 onde
foram usadas as curvas das figuras 7.5 e 7.6 para representar a degradação do
modulo cisalhamento transversal e amortecimento. Foi considerado um peso
especifico =18 kN/m3; módulo de rigidez ao cisalhamento transversal maxG =
37,5 MPa ; coeficiente de Poisson .=0,334 e um período fundamental do solo
#sT 3,5 s.
128
Figura 7.10 - Malha de elementos finitos usada na análise com o programa
QUAKE.
Figura 7.11 - Malha de elementos finitos gerada pelo programa MTool
A verificação da resposta foi feita com ajuda do programa de elementos
finitos QUAKE levando em conta o modelo linear equivalente e elementos
bidimensionais tipo Q4, para modelar o comportamento do solo com os
parâmetros indicados anteriormente.
As figuras 7.10 e 7.11 apresentam respectivamente, a malha gerada pelo
programa QUAKE e a malha de gerada pelo programa MTool. A malha gerada
pelo programa Mtool foi usada na análise com a formulação proposta no presente
trabalho considerando elementos triangulares de deformação constante.
A figura 7.12 apresenta o deslocamento horizontal (metros) no tempo do
ponto indicado na malha de elementos finitos da figura 7.10 (coordenadas 30; 20),
129
para a formulação proposta neste trabalho e para a solução pelo programa
QUAKE.
-0,25
-0,2
-0,15
-0,1
-0,05
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Deslo
cam
en
to X
(m
)
Figura 7.12 - Deslocamento horizontal no tempo - malha sem contornos
absorventes.
Pode-se verificar novamente que a resposta ao problema proposto usando
a formulação proposta é menor do que a resposta obtida com o programa
QUAKE.
7.4 Verificação do Modelo Linear Equivalente para um histórico de
acelerações e consideração de contornos absorventes
Agora o problema consiste em modificar a modelagem do item 7.3
incluindo os contornos absorventes.
Foi comentado neste trabalho que para maior eficiência computacional, é
desejável que o número de elementos finitos seja o menor possível. Como o
tamanho máximo do elemento é controlado pelo critério definido por Kuhlemeyer
e Lysmer (1973), a minimização do número de elementos se converte em um
problema de minimização do tamanho da malha de elementos finitos.
Análises efetuadas pelo método dos elementos finitos sempre encontram
dificuldades na representação de domínios onde o substrato rochoso situa-se
muito além da região de interesse do problema. Uma técnica bastante utilizada em
análises estáticas é truncar a malha a alguma grande distância e empregar
contornos elementares (rígidos) como “aproximação” da real geometria do
130
problema o que produz resultados desastrosos em análises dinâmicas devido às
reflexões de onda ocorridas nos contornos rígidos artificialmente introduzidos.
A técnica de contornos especiais para problemas dinâmicos utilizada neste
trabalho foi à proposta por Lysmer e Kuhlemeyer (1969)
Segundo a formulação proposta neste trabalho é necessário avaliar as
velocidades de propagação de ondas P e S que são usadas na formulação dos
contornos especiais. Sendo assim, de acordo com as propriedades mecânicas do
solo temos os seguintes valores: velocidade de onda P, pV = 275 m/s, e velocidade
de onda S, sV = 150 m/s.
A figura 7.13 apresenta a variação do deslocamento horizontal em relação
ao tempo (para o ponto mostrado na figura 7.10). Nesta figura pode-se observar
que os deslocamentos para os primeiros instantes da análise são muito próximos
para as respostas da formulação desta tese e a resposta do QUAKE, mas depois
aparecem algumas discrepâncias. Mesmo assim a formulação proposta nesta tese
consegue reproduzir o comportamento dinâmico da estrutura.
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (s)
Deslo
cam
en
to X
(m
)
LE e Contornos (QUAKE)
LE e Contornos (TESE)
Figura 7.13 - Deslocamento horizontal no tempo considerando a malha com
contornos absorventes.
Comparando as respostas apresentadas nas figuras 7.12 e 7.13 podemos
verificar que a influência dos contornos absorventes nos deslocamentos e as
tensões no solo são atenuadas, ou seja, pode-se dizer que o modelo com contornos
absorventes apresenta deslocamentos menores.
131
7.5 Verificação do modelo duto-solo submetido a cargas dinâmicas.
Nesta etapa, foi modificada a modelagem apresentada no item 7.4 de
forma a incluir o duto e verificar o comportamento da interação duto-solo com os
elementos de interface localizados entre os elementos tipo viga e o solo assim
como os contornos absorventes para finalmente submeter o modelo a
carregamento dinâmico.
Figura 7.14 - Malha com contornos absorventes, duto e elementos de interface.
A seção do duto foi dividida em 32 partes iguais.
132
O histórico de acelerações usado nesta análise foi o apresentado na figura
7.9. A seguir apresentam-se as características do duto e os parâmetros de solo e
contornos absorventes que integram o modelo.
Foi usado um aço de baixa resistência, com início de escoamento de
fy=250 MPa com uma relação tensão deformação bi-linear, considerando os
seguintes valores para o módulo de rigidez ET=75000 MPa e E=2050000 MPa, a
pressão interna do duto foi de 9MPa, espessura do duto = 6,35 mm e diâmetro =
0,325m.
Para o solo foram usadas as curvas das figuras 7.5 e 7.6 para representar a
degradação do modulo cisalhamento transversal e amortecimento; um módulo de
rigidez ao cisalhamento transversal maxG = 37,5MPa, um coeficiente de Poisson
334,0#solo. , peso especifico =18,00 KN/m3 e velocidades de onda P, pV =275
m/s e S, sV =150 m/s.
As figuras 7.15 e 7.16 apresentam o deslocamento horizontal em metros
do ponto 1 e 3 da malha definidos na figura 7.14. Pode-se observar que para as
condições de pressão interna nula e pressão interna igual a 9MPa, o deslocamento
no tempo para estes pontos é menor no caso da ausência de pressão interna e
também que os deslocamentos do ponto 3 são menores do que os ocorridos no
ponto 1.
-0,04
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10De
slo
ca
me
nto
X (
m)
Figura 7.15 - Deslocamento horizontal no tempo, Para o ponto 1.
133
-0,04
-0,02
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10De
slo
cam
en
to X
(m
)
Figura 7.16 - Deslocamento horizontal no tempo, Para o ponto 3.
Observando as respostas dos itens 7.4 e 7.5 verifica-se que os
deslocamentos no caso em que o modelo considera o duto, são menores que os
apresentados na figura 7.13, o que se explica pela presença do duto, elemento que
fornece rigidez ao sistema.
7.6 Verificação do modelo duto - solo usando aço API- 5L / 500mm.
e um sismo de 8,0 graus de magnitude (Pisco – Perú 2007).
Os tubos empregados na construção dos novos dutos apresentam
diâmetros maiores de 300 mm, com espessuras pequenas e operam sob alta
pressão, o que permite um ganho de produtividade tanto pelo aumento do volume
de fluido transportado quanto pela redução do peso da estrutura. Isto só se tornou
possível com o desenvolvimento contínuo de graus mais elevados de aços
microligados classe API (American Petroleum Institute), com características de
soldabilidade, resistência mecânica e tenacidade cada vez melhores. Na
construção da linha principal do gasoduto Bolívia-Brasil, por exemplo, foram
empregados tubos de aço API- 5L-X70 de fabricação nacional.
Ensaios de laboratório apresentam o seguinte comportamento para a
relação tensão-deformação para este tipo de aço.
134
Figura 7.17 - Tensão – Deformação para aço API- 5L-X70
No exemplo a seguir foi usada a modelagem e os parâmetros adotados no
ítem 7.5 apenas modificando as propriedades do duto, o tipo de excitação e a
pressão interna máxima, para então verificar o deslocamento horizontal e tensões
com relação ao tempo no duto para o ponto 1 do talude apresentado na figura
7.19. Do mesmo modo que no item anterior, foram usados dois casos de pressão
interna, um sem pressão interna e outro com 10 MPa.
O sismo utilizado nesta análise foi o sismo de Pisco – Perú, terremoto com
epicentro na porção oceânica do Perú, próximo às cidades de Pisco, Ica e
Imperial, teve profundidade focal de 30,2 Km, magnitude 8,0 na escala Richter e
Intensidade VIII na escala Mercalli Modificada (MM), sendo sentido com
intensidade VI na capital Lima e intensidade IV nas cidades de Chosica e
Ayacucho. O terremoto principal ocorreu as 18:40:57 horas (hora local) da quarta-
feira 15 de Agosto do 2007 e foi sentido inclusive nos edifícios altos da cidade de
Manaus-Brasil, a 2.100 km de distância. O evento principal foi seguido por 140
sismos menores com magnitudes inferiores a 6,3. Parte da rede de fornecimento
de energia elétrica, telecomunicações e estradas foram danificadas. O terremoto
matou pelos menos 510 pessoas e feriu outras 1600, vítimas do desabamento de
vários edifícios.
135
Acelerograma Sismo Pisco- Perú 2007
-0,40
-0,30
-0,20
-0,10
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo (Segundos)
Acele
raçao
(g
)
Figura 7.18 - Acelerograma usado na analises e Período espectral do Sismo.
A figura 7.18 apresenta o histórico de acelerações do sismo de Pisco 2007,
registro retirado do site do “Centro Peruano Japonés de Investigaciones
Sísmicas y Mitigación de Desastres (CISMID)”. O registro refere-se à estação
acelerográfica Ica-2, localizada no Laboratório de Mecânica de Solos da
Faculdade de Engenharia Civil da Universidade Nacional San Luis Gonzaga de
Ica (Acelerógrafo Analógico modelo RION). A aplicação da técnica do quociente
espectral (H/V) tem permitido identificar freqüências predominantes de 1,8 – 2,5
Hz (0,40- 0,56 seg.) para o sismo em questão.
A figura 7.19 apresenta o sistema integrado pelo duto enterrado, elementos
de interface, solo e contornos absorventes, submetido ao sismo em questão.
136
Figura 7.19 - Malha incluindo contornos absorventes.
A seguir são apresentadas as características dos elementos que integram o
modelo. Deve se indicar que a seção do duto foi dividida em 32 partes iguais
como mostra a figura 7.20.
Figura 7.20 - Seção do duto, subdivisão do duto e ponto de avaliação de tensões.
Na classificação API-5L, os algarismos que identificam o material
informam sua tensão limite de escoamento mínima, em ksi (lb/in2). Assim, API-
X70 representa um aço com limite de escoamento mínimo de 70.000 psi
(equivalente a 480 MPa), nesta forma foi considerado o inicio do escoamento do
aço fy=480 MPa e um limite de resistência de 595 MPa (especificação API 5L
PSLI[40]), com uma relação tensão deformação bi-linear, considerando para o
137
módulo de rigidez ET=75000 MPa e E=2050000 MPa, a pressão interna do duto
foi de 10MPa. espessura do duto = 9,75 mm e diâmetro = 0,500 m.
Para o solo foram usadas curvas das figuras 7.5 e 7.6 para representar a
degradação do modulo cisalhamento transversal e amortecimento; módulo de
rigidez ao cisalhamento transversal maxG = 37,5 MPa, coeficiente de Poisson
334,0#solo. , peso especifico =18,00 KN/m3 e velocidades de onda P, pV =275
m/s e S, sV =150 m/s.
Na figura 7.21 é apresentado o deslocamento horizontal calculado em
metros do ponto 1 da malha apresentado na figura 7.19, para as condições de
pressão interna igual a zero e pressão interna igual a 10 MPa. Pode-se verificar
que o deslocamento no tempo para este ponto é menor no caso da ausência de
pressão interna.
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
De
slo
ca
me
nto
X (
m)
Figura 7.21 - Deslocamento horizontal no tempo, Para o ponto 1.
A seguir são apresentadas as tensões totais efetivas avaliadas no ponto 1
na parte superior do duto com ajuda da equação 3.13, para as condições de
pressão interna nula e pressão interna igual a 10 MPa.
138
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Figura 7.22 - Tensão - Tempo, para o ponto 1 (parte superior do duto)
-300,00
-200,00
-100,00
0,00
100,00
200,00
300,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Figura 7.23 - Tensão - Tempo, para o ponto 1 (parte superior do duto)
Segundo as tensões que ocorrem no duto, apresentadas nas figuras 7.22 e
7.23 é possível verificar que no caso da análise do sistema com pressão interna
(10MPa) as tensões totais efetivas ultrapassam o valor de fy, portanto o
comportamento não linear do aço do duto é solicitado.
139
7.7 Verificação do modelo duto-solo usando aço API- 5L / 600mm e
um sismo de 8,0 graus de magnitude (Pisco – Perú 2007).
No exemplo seguinte modifica-se com respeito ao exemplo anterior a
seção do duto. Neste exemplo foi considerada uma espessura de 9,75 mm e um
diâmetro de 60 cm como indica a figura a seguir.
Figura 7.24 - Seção do duto, subdivisão do duto e ponto de avaliação de tensões.
A figura 7.25 apresenta o deslocamento horizontal calculado em metros
em relação ao tempo, do ponto 1 da malha apresentada na figura 7.19 para as
condições de pressão interna igual a zero e pressão interna igual a 10 MPa. Pode-
se verificar que o deslocamento no tempo para este ponto é menor no caso da
ausência de pressão interna.
140
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Deslo
cam
en
to X
(m
)
Figura 7.25 - Deslocamento horizontal no tempo, para o ponto 1.
A seguir são apresentadas a tensões avaliadas na parte superior do duto
para as condições de pressão interna nula e pressão interna igual a 10 MPa.
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Figura 7.26 - Tensão - Tempo, para o ponto 1 (parte superior do duto)
141
-300,00
-200,00
-100,00
0,00
100,00
200,00
300,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Figura 7.27- Tensão, para o ponto 1 (parte superior do duto)
Neste caso pode-se observar que os deslocamentos são incrementados de
pequeno valor. Segundo as tensões que ocorrem no duto, apresentadas nas figuras
7.26 e 7.27 pode-se verificar que no caso da analise do sistema com pressão
interna (10 MPa) as tensões totais efetivas ultrapassam o valor da tensão de
escoamento inicial fy, por tanto o comportamento não linear do aço do duto é
solicitado. Pode-se verificar ainda que o incremento de pressão interna origina
tensões totais efetivas maiores no duto. Finalmente o incremento de diâmetro do
duto acarreta pequenos incrementos em termos de deslocamentos, enquanto que
para as tensões os incrementos são consideráveis.
7.8 Verificação do modelo duto-solo usando aço API- 5L / 600mm e
um sismo de 8,0 graus de magnitude (Pisco – Perú 2007) e
efeitos de subpressão.
Neste exemplo foi incluída ao caso anterior a ação da subpressão como
uma força vertical com sentido contrario a gravidade, variável no tempo aplicada
no duto.
142
Subpressão
-0.50
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo (Segundos)
Fo
rça V
ert
ical
(T/m
)
Figura 7.28 – Subpressão aplicada ao duto.
Esta carga foi gerada levando em conta o histórico de acelerações do
sismo de Pisco 2007 mostrado na figura 7.18.
Como se pode verificar nas seguintes figuras os deslocamentos horizontais
tiveram uma pequena diminuição, isto se deve a que foi evidenciado um
deslocamento vertical que acompanhado ao deslocamento horizontal apresenta
deslocamentos resultantes ligeiramente maiores que os apresentados no exemplo
anterior.
-0.15
-0.1
-0.05
0
0.05
0.1
0.15
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo (s)
De
slo
ca
me
nto
X (
m)
Pressão interna = 0
Pressão interna = 10 MPa
Figura 7.29 – Deslocamento horizontal no tempo, para o ponto 1.
143
-400
-200
0
200
400
600
800
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Tempo (s)
Te
ns
ão
To
tal E
feti
va
(M
pa
)
Pressão interna = 0
Pressão interna = 10 MPa
Figura 7.30 – Tensão, para o ponto 1 (parte superior do duto).
Ao ser avaliado o duto sob pressão interna foi verificada a ruína do mesmo
logo após o duto atingir a tensão de escoamento limite.
7.9 Verificação do modelo duto - solo usando aço API- 5L / 500mm
e um sismo de 8.0 graus de magnitude considerando tensões
residuais (caso ocorrido no projeto Camisea - Perú.)
Camisea é na atualidade o maior projeto energético da historia peruana.
Este projeto envolve a extração do gás natural de uma área conhecida como os
Lotes 88 e 56, localizados em ambas as margens do rio Urubamba na Amazônia
peruana. O custo total do projeto é 1.600 milhões de dólares, incluído a
construção de dois gasodutos que passam pela cordilheira dos Andes antes de
chegar ao litoral para sua distribuição.
O sistema consiste num gasoduto de 732 km e um poliduto de 650 km de
extensão atravessando os Andes a 4,800 metros de altitude sobre o nível do mar.
O gasoduto termina na cidade de Lurin, localizada a 30 km ao sul de Lima.
144
Quatro falhas ocorreram até o ano de 2006 em seções localizadas nos km
9, km 51, km 200 e km 220 do poliduto por uma variedade de causas, entre elas a
má execução da solda, inspeção de solda inadequada, corrosão e movimentação de
terra. Acrescenta-se ainda que os dutos sofreram transporte inadequado
apresentando biseis de fabricação deformados. Adicionalmente as obras de
estabilização do solo foram inadequadas em certos trechos, o que tem resultado
em movimentos de terra que incrementam as tensões nas soldas.
Cinco meses depois de iniciadas as operações, ocorreu uma ruptura no
poliduto (diâmetro 20”) ocasionando um vazamento, atingindo o rio Urubamba-
Malvinas. A quantidade de líquidos derramados foi estimada em 183 metros
cúbicos. A falha no poliduto ocorrida no dia 22 de dezembro do 2004 pode ser
apreciada na figura 7.31
Figura 7.31 - Falha no poliduto acontecida no dia 22 de dezembro do 2004.
A fim de reproduzir a presença de tensões residuais na solda, um elemento
de viga com tensões iniciais de tração é introduzido na análise. Os valores
adotados com a finalidade de efetuar uma análises paramétrica foram tensões de
tração de 100 MPa, 200 MPa e 300 MPa seguindo a recomendação (LAW, M.,
PRASK, H., LUZIN, V. e GNAUPEL-HEROLD, T., “Residual Stress
Measurements in Coil, Line pipe and Girth Welded Pipe”) na qual estes valores
dependem da espessura do aço e qualidade da execução da solda podendo chegar
a 500 MPa.
145
Foi considerado o início do escoamento do aço fy=480 MPa e um limite de
resistência de 595 MPa (especificação API 5L PSLI[40]), com uma relação tensão
deformação bi-linear, considerando os seguintes valores para o módulo de rigidez
ET=75000 MPa e E=2050000 MPa. A pressão interna do duto foi de 10MPa
espessura de 9.75mm e 50 cm de diâmetro.
Figura 7.32 - Seção do duto, região da solda.
Por outro lado, o material da solda foi considerado com inicio de
escoamento de 580 MPa e um limite de resistência de 645 MPa, valores retirados
do trabalho apresentado por Cooper (2004) (Soldagem e Caracterização das
Propriedades Mecânicas de Dutos de Aço API 5L, Robert Eduardo Cooper
Ordóñez Campinas, 2004 S.P. Brasil).
Para o solo foram usadas as curvas das figuras 7.5 e 7.6 para representar a
degradação do modulo cisalhamento transversal e amortecimento; módulo de
146
rigidez ao cisalhamento transversal maxG = 37,5MPa, coeficiente de Poisson
334,0#solo. , peso especifico =18,00 KN/m3 e velocidades de onda P, pV =275
m/s e S, sV =150 m/s.
As figuras 7.33 e 7.34 apresentam as tensões totais efetivas no duto para o
caso de tensões residuais nulas e 100 MPa, respectivamente.
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Figura 7.33 - Tensões para o ponto 1 parte superior do duto sem solda.
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
Figura 7.34 - Tensões para o ponto 1 parte superior do duto Tensão Residual =
100 MPa
147
A figura 7.35 apresenta a variação de tensões totais efetivas no tempo para
o duto, devido aos carregamentos impostos ao sistema (sismo, pressão interna e
tensão residual). Como se pode verificar, a inclusão dos efeitos da tensão residual
é de grande importância nas análises de dutos com solda, pois no modelo
analisado a inclusão de tensões residuais de 200 MPa e 300 MPa levaram o duto a
ruína logo após atingir a tensão do limite de resistência do material da solda (645
MPa).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Figura 7.35 - Tensão para o ponto 1 - vários casos de carga para tensão residual.
8 Conclusões
É importante ressaltar que as análises simplificadas ou elásticas lineares
dos dutos enterrados apresentam respostas conservadoras, pois se verifica que a
resposta não-linear com a presença de contornos absorventes elimina o reflexo das
ondas, o que é percebido na diminuição dos deslocamentos. Ou seja, desprezar
esses efeitos torna o projeto conservador, podendo inclusive modificar totalmente
o problema analisado.
Apresentam-se as principais conclusões obtidas através dos exemplos
apresentados. Focaliza-se a obtenção de uma metodologia para análise dinâmica
de dutos enterrados, que utiliza técnicas de análise não-linear computacionalmente
eficientes e suficientemente aproximadas para a solução do problema.
Os exemplos apresentados no capitulo 7 são avaliados com dados retirados
de dutos existentes, assim como as propriedades do solo. De fato, no
desenvolvimento deste trabalho, mostra-se a forte influência dos parâmetros
geométricos e mecânicos no comportamento do duto e, especialmente, na
interação entre solo e duto. Valores irreais das propriedades do solo tornam a
solução inexistente.
A metodologia apresentada é iniciada a partir de uma análise dinâmica 2D
unicamente para o solo, usando um modelo elástico-linear. Os resultados são
satisfatórios, sendo esse modelo a base para este trabalho. Tais valores são
verificados a partir de cálculos analíticos (Cuellar, 1974).
Com o modelo validado no exemplo 7.1, a etapa seguinte é incluir o
Modelo Linear Equivalente e na seqüência incorporar contornos absorventes na
malha a analisar. As respostas dos exemplos 7.3 e 7.4 são verificadas com ajuda
do programa QUAKE. Com a observação dos resultados, conclui-se que a análise
com contornos absorventes apresenta deslocamentos menores.
A partir do exemplo 7.5, são incluídos os elementos de viga de três nós
para representar o duto enterrado considerado nos problemas subsequentes. A
149
primeira verificação relativa aos deslocamentos é que a incorporação do duto no
sistema traz uma diminuição dos mesmos.
O incremento de diâmetro do duto de 500 mm para 600 mm apresentado
nos exemplos 7.6 e 7.7 acarreta pequenos incrementos em termos de
deslocamentos, enquanto que, para as tensões, os incrementos são consideráveis.
Quanto ao Modelo Linear Equivalente adotado para simular o
comportamento dinâmico do solo, pode-se afirmar que é de fácil uso, devido à
simplicidade de implementação. Quando comparado aos modelos elasto-plásticos
dinâmicos, esse modelo disponibiliza curvas de redução de módulo cisalhante G
e amortecimento. O Modelo Linear Equivalente tem sido usado por mais de trinta
anos, obtendo bons resultados em diversas situações de previsão do
comportamento do solo.
De acordo com Bray et al. (1995), a incorporação do Modelo Linear
Equivalente somente deve ser empregado para movimentos com aceleração
máxima de 0,35g. Conforme informações da literatura, o Modelo Linear
Equivalente não produz resultados confiáveis para situações de aceleração
máxima de 0,4g. Atendendo à observação anterior, os registros sísmicos adotados
neste trabalho não ultrapassam tais valores: acelerograma da figura 7.9 com
aceleração de pico de 0,30g e sismo ocorrido no Pisco-Perú 2007 (figura 7.18)
com acelerações de pico de 0,35g e 0,23g.
Os históricos de aceleração apresentados nas figuras 7.9 e 7.18 são
registrados com incrementos de tempo de 0,02 e 0,01 segundos, respectivamente.
Esses incrementos de tempo são adotados na prática para registros sísmicos, a fim
de facilitar os cálculos de integração no tempo e garantir a estabilidade da
solução.
O comportamento não-linear do duto é solicitado quando uma combinação
de forças (pressão interna, cargas externas e outras) e deformações origina tensões
maiores que a tensão de escoamento inicial do material. Esse comportamento não-
linear requer um procedimento especial para a avaliação dos incrementos de
tensão. Neste trabalho utiliza-se o método implícito de Euler, também conhecido
como Backward Euler.
A implementação computacional dessa formulação, utilizando elementos
de viga com três nós, é bastante eficiente. Atesta-se também o bom
comportamento das funções que interpolam os deslocamentos.
150
A solução da equação não-linear do sistema acoplado solo-duto através do
procedimento incremental iterativo proposto por Newton-Raphson apresenta bons
resultados, mesmo com poucas iterações numéricas.
A geração da malha de elementos finitos usada nas análises levam em
conta o critério de controle do tamanho de elementos proposto por Kuhlemeyer e
Lysmer (1973). As ondas tipo P e S têm freqüências entre 5 e 10 Hertz e as
velocidades avaliadas para os materiais dos exemplos variam entre 275 e 175 m/s.
Isso permite o uso de elementos com tamanho máximo de 2,75 m.
A utilização de dutos tipo API-L5 melhora de forma significativa o
comportamento estrutural dos dutos e reduz significativamente o peso dos
mesmos. Por outro lado, as grandes tensões que suportam requer a proteção dos
pontos frágeis (soldas). Verifica-se que as tensões residuais, além de outros
problemas, como transporte defeituoso e mau acabamento, expõem esses pontos a
potenciais falhas, conforme apresentado nos exemplos.
A metodologia apresentada nesta tese permite avaliar o comportamento de
dutos nos pontos frágeis, incorporando no modelo as tensões residuais que, por
acaso, apareçam nos mesmos. É importante ressaltar que a desconsideração desses
efeitos pode resultar em um projeto com idéia de segurança maior que a
verdadeira. Conseqüentemente, as faixas de pressão interna às quais os dutos são
submetidos podem ser faixas que o levem à ruína, como ocorre no exemplo 7.9.
Nesse contexto, propõe-se uma metodologia consistente aproximada para
avaliação do comportamento dinâmico de dutos enterrados, a ser aplicado levando
em conta o emprego do método dos elementos finitos como técnica de
discretização do sistema estrutural, além de usar elementos tipo viga, de três nós,
para modelar o duto e elementos bidimensionais para o solo. O comportamento
dinâmico deste é representado pelo Modelo Linear Equivalente. A interação solo-
duto é modelada através de um sistema que integra os elementos viga-duto com
elementos de interface e do solo. A solução faz uso do método de Newton-
Raphson e algoritmos de Newmark, conjuntamente.
Para prosseguimento dos estudos, recomenda-se:
A inclusão de efeitos introduzidos pelas deformações por
cisalhamento, temperatura e enrugamento da seção na representação
151
do elemento viga-duto e avaliação de sua influência na resposta do
duto enterrado;
O uso de modelos elasto-plásticos com encruamento cinemático para
modelar o comportamento dinâmico do solo;
A consideração da presença do fluido no esqueleto sólido para
realização de uma análise bi-fásica e incorporação dos efeitos de
liquefação;
Otimização do processo de inversão da matriz de rigidez global do
sistema.
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10 Anexo
10.1 Perfil Geotécnico – Areias do setor de Camisea
O resumo apresenta os resultados dos parâmetros obtidos para as areias
estudadas através de provas SPT, CPTU e DMT. A partir dessa informação e de
ensaios em laboratório são encontrados vários perfis geotécnicos, os quais serão a
base para a modelagem numérica.
De provas anteriores, podemos afirmar, sem dúvida, que os resultados
obtidos com o CPTU e DMT são mais confiáveis que os obtidos mediante o SPT.
Esse fato é verificado na etapa de campo, onde são realizados vários testes SPT
nas proximidades do local de interesse, com resultados diferentes.
São estudadas as propriedades mecânicas básicas das areias de Camisea
desde diferentes perspectivas, usando diversos ensaios de campo (SPT, DMT,
CPTU) e ensaios de laboratório. Os resultados de todos os métodos são
consistentes, mas atesta a grande dificuldade em representar corretamente um
depósito de areia.
Para a obtenção dos parâmetros dinâmicos do solo na região de Camisea,
utiliza-se, dentre outros equipamentos, um sismógrafo L4-3D, como o
apresentado na figura a seguir.
Figura 10.74 - Sismógrafo Digital ORION 3S.
160
As principais características do sismógrafo L4-3D são as seguintes:
• Três sensores de velocidade ortogonais.
• Freqüência natural de 1 Hz.
• Amortecimento de 70%.
• Resistência da bobina de 5500 Ohm.
O procedimento usado em cada um dos pontos analisados consiste em
obter de 1 a 3 registros com duração média de 15 minutos. Para tal, o sismômetro
deve ser colocado, orientado e nivelado em cada um dos pontos. Aguarda-se cerca
de uma hora para que a massa do sensor se estabilize e se possa, através do
registrador digital, visualizar o estado do sismômetro e programar a hora de inicio
do registro da vibração ambiental do solo (registro de microtrepidações).
As medições não devem ser afetadas diretamente por fontes locais, como,
por exemplo, veículos, usinas industriais e similares. Outro fator importe é locar o
equipamento no momento da medição diretamente no solo natural.
É importante destacar que não é possível utilizar todas as correlações
propostas pelas diferentes técnicas de campo, já que em alguns casos são obtidos
dados incoerentes e, em outros, há a necessidade de grande quantidade de
parâmetros, que as torna inviáveis.
161
Ensaio de Penetração Estandar (SPT)
Figura 10.75 - Ensaio de Penetração Estandar (SPT).
162
Ensaio de Piezocone (CPTU)
Figura 10.76 - Ensaio de Piezocone (CPTU).
163
Ensaio do Dilatômetro de Marchetti (DMT)
Figura 10.77 - Ensaio do Dilatômetro de Marchetti (DMT).
164
É estimado, a partir de ensaios triaxiais das areias da região de Camisea, um
ângulo de atrito que varia entre 35° (solo não-drenado) e 35.7° (solo drenado).
A seguir, são apresentados os valores obtidos a partir das provas de
laboratório para a velocidade das ondas de corte e os calculados com as
correlações de Cho et al.(2002).
Método obtenção emáx emín Vs(m/s) λ
Laboratório 0.90 0.65 130-190 0.9
Cho et al., (2002) 1.06 0.67 155 0.88
Das provas de campo feitas, é indubitável que a mais confiável é o CPTU,
seguido por DMT e SPT. Em geral, os parâmetros obtidos pelo CPTU e DMT
tendem a ser similares, pois opta-se por adotar valores médios.
A figura a seguir mostra um dos perfis geotécnicos representativos da
região.
Figura 10.78 – Velocidades de ondas S e P nas areias da região de Camisea.
165
10.2 Efeito da forma das partículas – Areias do set or de Camisea
Estudos recentes de Ashmawy (2003) e Santamarina (2004) mostram que a
forma das partículas tem grande influência no comportamento mecânico dos solos
granulares. A forma caracteriza as areias mediante os seguintes parâmetros
adimensionais: Esfericidade (S) e Redondez (R).
Baseados nos parâmetros anteriores, Cho (2002) e Santamarina (2004)
propõem uma série de correlações obtidas a partir de provas de laboratório,
realizadas em 33 amostras de areia (17 se obtêm triturando fragmentos de granito
e as 16 restantes são areias naturais de diversas partes do mundo). Para poder
utilizar a metodologia proposta por Santamarina, utiliza-se a seguinte figura, a
qual é função da esfericidade e redondez das partículas.
Figura 10.79 - Carta de esfericidade (S) e redondez (R).
As linhas diagonais correspondem a partículas de regularidade constante.
( cte=ρ ) .Krumbein & Sloss (1963)
A partir dos coeficientes S e R, Cho (2002) propõe as seguintes correlações:
• Relação de vazios
emáx = 1.5 − 0.82ρ e emín = 0.9 − 0.44ρ
166
onde 2
)(Re
SRgularidad
+==ρ ,
• Velocidade de ondas de corte
βσα
=kPa
V medias 1
onde α é a velocidade de ondas de corte a 1kP;
α e β refletem a sensibilidade da velocidade de ondas de corte à
tensão media.
• Parâmetros do estado crítico
Rcs 1742−=φ e R4,02,1 −=Γ
onde csφ é o ângulo de atrito no estado crítico;
Γ é a interseção da linha de estado crítico, para uma tensão média
de 1 kPa.
Para o caso das areias de Camisea, são obtidos os seguintes parâmetros para
o solo:
S = 0,7
R = 0,35
emáx = 1,06
emín = 0,67
Vs = 150m/s
csφ = 36
Γ = 1,0
λ = 0,88
167
Figura 10.80 - Distribuição pelo tamanho do mineral, onde se nota o predomínio
dos grãos angulares.
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