Emilio Conde - Nos Dominios Da Fé

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E-book digitalizado por: Levita Com exclusividade para: http://ebooksgospel.blogspot.com/

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  • E-book digitalizado por: Levita

    Com exclusividade para:

    http://ebooksgospel.blogspot.com/

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    Emilio Conde

    NOS DOMINIOS

    DA F

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    NDICE Prefcio ............................................. 04 Que farias no Cu! ............................ 05 H Trs que vos miram .................... 07 Fugindo de Deus ...............................09 Faze bem a ti mesmo ........................ 12 Deus, a Cincia e o acaso .................. 15 Onde est a morte? ........................... 19 Luta, se queres viver............................ 21 Lrios no Charco.................................. 24 Frutos de Salvao ........................... 26 Volta ao lugar da queda....................... 28 Os sermes de Sofia............................ 30 Tempo de inventrio ......................... 33 Cristos de ontem e de hoje ...............35 Pastor, que vs na congregao .........37 Cidade do pecado.................................39 Pedagogia de Deus ............................ 43 Uvas na vide ..................................... 45 Alm do Rio......................................... 47

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    PREFCIO Escrever sobre assuntos que dizem respeito aos domnios da f, eis

    um problema que desafia a coragem e a capacidade dos escritores de nossos dias.

    As grandes tarefas que surgem aps as grandes catstrofes e guerras, que reduzem a cinzas a cultura, a educao e a f, no so apenas problemas de ordem material, mas envolvem os movimentos de ordem moral e espiritual, e na ordem moral e espiritual que Deus produz o milagre de fazer brotar caracteres impolutos das runas em combusto. Qualquer esforo que se faa para restabelecer o equilbrio dos povos que emergiram da confuso, se no tiver um objetivo altura da necessidade, no alcanar o alvo. Sendo o problema de ordem espiritual, s na ordem espiritual encontrar soluo.

    Eis porque nos lanamos a escrever sobre assuntos que pertencem aos domnios da f, mas da f viva e prtica que move at mesmo o corao de Deus.

    O contedo deste livro, por certo, no ser um deleite para os ateus. No , tambm, retrica que empolgue nem filosofia que engane. Entretanto alimento que edifica as almas que, cansadas de sofrer e desiludidas de vaguear, suspiram por Deus e desejam viver as realidades que h nos domnios da f, e que s o Esprito Santo pode revelar em todo o seu fulgor e beleza. Se a leitura deste livro lhe fizer bem, recomende-o a outros.

    O AUTOR.

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    CAPITULO I

    QUE FARIAS NO CU? Supondo que, aps rejeitares Jesus, pudesses entrar no cu,

    antes que te pedissem o passaporte, salvo-conduto ou outro qualquer documento de identidade, quer dizer, antes que fizessem a chamada e verificassem que o teu nome no estava inscrito no Livro da Vida. Se tal acontecesse, que farias no cu? possvel que os seres celestes no te expulsassem abruptamente dali, mas um simples olhar pelo ambiente repassado de santidade e saturado de pureza, seria suficiente para deixar-te transtornado, confuso e desejoso de sair, mais breve possvel, das moradas dos anjos, pois a tua conscincia impura e m, lutaria para no permanecer no cu.

    Ao deparares com os habitantes da glria, e fixando o olhar nas vestes de justia, nico traje que se usa ali, notarias, surpreso, que estavas nu, pois rejeitaste a veste de justia que Jesus te ofereceu, e que farias no cu nessa condio de desespero e contraste? Por certo fugirias envergonhado e humilhado por haveres entrado num lugar de santidade sem estares em condies de o fazer. Que farias no cu se os anjos, tomando suas harpas ferissem acordes e arrancassem harmonias to estranhas, to doces e to puras que a tua mente no pudesse reter? O que tinhas a fazer, ante o brilho da sinfonia angelical que enche os cus de louvor e aes de graas ao Cordeiro, j que no os podias acompanhar, repetimos, o que tinhas a fazer era fugir espavorido, impossibilitado de suportar a doura da msica divina e o cntico dos anjos, porque a pureza do cu amedronta a carne pecaminosa e vil que no obteve perdo.

    Se te achasses entre a multido de santos e anjos, manifestando sua perene e incontvel alegria, sem que os teus lbios pudessem descerrar-se e acompanh-los, por no estares salvo por Cristo e identificado com os seres celestes, dize-me, amigo, que farias no cu? Imagino que, desejarias antes estar nas escuras cavernas da terra que estar na companhia dos salvos, pois diante de tal situao a agonia do teu esprito seria mais forte do que qualquer resistncia fsica.

    Se tivesses de andar nas ruas de ouro, sem estares calcado com a preparao do Evangelho, sentirias a tristeza e angstia que o pavo sente ao reparar o contraste da beleza sem par de sua plumagem, com a feira dos ps sem gosto nem esttica em que se apia. Que farias no cu, ao reconheceres que estavas descalo, pisando sobre coisas sagradas? Reconheo quo incmoda, embaraosa e insuportvel seria a presena da impiedade dentro da cidade de Deus,

    Que farias numa terra cuja linguagem desconheces, vendo outros entregues ao prazer de amigveis e enternecidos colquios, e tu condenado a permanecer mudo e solitrio por toda a eternidade? No cu, amigo, ningum te repreenderia. Os habitantes dos cus distilam compaixo e amor; porm o olhar dos santos e a afeio dos salvos seriam acusaes to fortes tua impiedade que no resistirias encara-

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    los, em virtude de haveres rejeitado a redeno e a vida. Se tentasses defrontar-te com os anjos, temerias, desejadas antes a morte do que teres de fica na presena de Cristo.

    loucura algum pretender o cu sem se identificar com Cristo e Seu Evangelho aqui na terra.

    O corao transbordante de dio e maquinando males, no achara gozo no prprio cu. Enquanto o homem no receber perdo e no possuir redeno, ser infeliz, mesmo que consiga subir at ao cu. Para o homem sem Cristo, no h cu, porque a vida de impiedade e egosmo transforma o cu em lugar de sofrimento, isto , aquele que no fr justificado pela f, tanto faz viver na terra como subir ao cu, ser sempre uma vtima do corao enganoso.

    Quem expulsa o homem do cu e dos domnios da f, a condio em que o mesmo vive. O pecado fz com que Ado fugisse do Paraso. O mesmo pecado faz com que o homem se afaste do cu.

    Dize-me, amigo, se te fosse franqueado o cu, sem estares salvo, aceitarias viver ali? Que prazer desfruta-rias num pas em que serias uma anormalidade? No seria um tormento sem fim o teu desajustamento no cu? Pensas que sobreviverias ao sofrimento moral de viver no cu luz da santidade de Deus?

    Que farias ento, no cu? Se at hoje pensaste em ir ao cu sem Jesus, desilude-te, lembra-te de que o cu no cu simplesmente por ser cu, mas cu porque a santidade de Deus o purifica, a luz do Cordeiro o alumia e a sabedoria do Todo-Poderoso o governa. Que farias no cu sem estares salvo? Responde tu mesmo a esta pergunta.

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    CAPITULO II

    H TRS QUE VOS MIRAM H cerca de cinqenta anos passados, S. D. Gordon escreveu que

    h pelo menos trs pessoas que sabem que espcie de crentes somos ns. H trs poderes que, noite e dia, tm seu olhar sobre a nossa vida, e observam se somos fervorosos ou hipcritas; crentes ou interesseiros; sabem se em ns h luz ou se somos pedras de tropeo, se amamos a Deus ou se zombamos da f. Interessam-se em verificar se somos uma influncia no mundo para o bem, ou se ocupamos o lugar das virgens loucas. No lhes passa despercebido se nos oferecemos cada dia ao servio do Cristo, ou se lanamos as prolas aos porcos.

    Esses trs nos acompanham com interesse invulgar, pois todos eles tm espacial interesse na atitude que asmimos, no trabalho que realizamos, no testemunho que oferecemos, na dedicao que professamos ou no descuido a que nos atiramos.

    Todos ns sabemos quem est interessado em conhecer nossa conduta e medir a nossa f. Satans acompanha de perto a nossa atividade como cristos zelosos, tambm conhece se ns, apenas, confessamos Cristo com os lbios e o negamos com as aes; alegra-se se o nosso cristianismo for apenas nominal; se nos envergonhamos de confessar o nome de Jesus publicamente e se a nossa conduta como cristo no puder ser exposta luz do dia. Satans um dos que no perde de vista o cristo, nem cessa de tecer laos que embaracem, prendam e derrubem o crente.

    O mundo, outro interessado que mira o crente a ,seu modo, e sabe dizer em publico qual a nossa conduta, e, muitas vezes, quando vacilamos, ele o primeiro a apontar-nos as faltas e a lanar-nos em face a nossa fraqueza, hipocrisia ou a falta de coragem. Pedro foi inquirido por uma criada e escondeu sua crena, mostrou-se dobre, mas o mundo no se satisfez com sua negativa; a escusa apenas serviu para o enlaar ainda mais.

    O amargor ser grande e continuo, se a nossa atitude no fr corajosa diante do mundo que nos espreita. O mundo no teme quando andamos desordenadamente, com um p no caminho largo e outro na vereda da vida, mas teme se a nossa vida, pregar a graa, se a nossa conduta mostrar que Cristo vive. Se algum consentir nas aes do mundo e se conformar com suas obras e delas participar, pensando que assim lhe agrada, armar, com isso, um lao para a sua alma, porque mais tarde ou mais cedo o mundo o condenar, apontando-lhe a sua fraqueza e covardia. O mundo nos mira, mas para mal no para nos, admirar, mas para nos julgar.

    H ainda um terceiro que nos mira e que toma grande e especial interesse por nossas vidas. Este terceiro que nos olha, Jesus, o Filho de Deus, e seu olhar, longe de condenar, desencorajar ou amedrontar, enche de esperana, d vida e paz, e anima na jornada at aos domnios da f.

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    Se, o mundo e Satans nos olham; se nos cercam e nos tentam; se nos atacam e acusam vede que o Deus Forte, da profecia de Isaas, tambm nos segue e nos contempla, esperando que a nossa deciso seja digna de um cristo, e que a nossa atitude seja a repetio dos fatos e triunfos dos heris da f. Qual ser nossa atitude ante os trs que nos miram? A nossa atitude como cristos pode preparar o caminho para os homens verem Jesus, mas tambm pode fechar a porta da graa. O cristo est colocado no mundo, como a luz, para alumiar; como sal, para evitar a corrupo e se falhar em sua misso, a derrota ser grande, no haver alegria no cu.

    Um fato que ilustra o assunto no qual temos uma lio importante, o que aconteceu com Livingstone, O pioneiro das selvas da frica. Livingstone achava-se no centro da frica; queria encontrar sada para o Atlntico, mas necessitava que os indgenas o acompanhassem at l. Ora, ningum conhecia tal caminho nem a distncia e por isso era difcil convencer os indgenas a acompanh-lo. Livingstone prometeu a essa gente que logo que encontrasse a sada para o mar, acompanh-los-ia de volta. Com essa promessa conseguiu que o acompanhassem. Quando chegaram a Loamda, Livingstone teve oferecimento do capito de um navio para o levar Inglaterra, pois havia 14 anos no via sua famlia.

    Livingstone estava com a sade abalada, necessitava repouso, mas havia prometido aos africanos que o acompanharam at ali, que os levaria s suas aldeias; no podia enganar aquela pobre gente; era cristo, e como tal, a sua palavra devia ser honrada. Muito embora fosse, de fato, muito agradvel a oferta de voltar Inglaterra, contudo, Livingstone cumpriu sua palavra de cristo, levou o povo de volta s aldeias.

    Alguns anos mais tarde, alguns missionrios cristos entraram em contato com o povo destas aldeias e anunciaram-lhe Jesus. Quando se referiram vida do Salvador, citando o que Pedro escreveu, "O qual no cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano," para surpresa dos missionrios, ouviram os selvagens dizer que conheciam esse homem", dizendo que esteve entre eles. Os missionrios julgaram ser equvoco, mas os africanos insistiram em afirmar que conheciam esse homem. Por fim, tudo se esclareceu: Livingstone vivera como cristo entre eles e fez resplandecer a luz do Evangelho, mostrou que o sal na terra tem uma misso muito importante. Seu testemunho deixou o caminho aberto para Deus. Os missionrios encontraram o terreno preparado para lanar a semente. Havia trs olhando para Livingstone: Satans, olhava para ele no sentido de tent-lo; o mundo olhava para ele querendo apanh-lo em falta; Jesus olhava para ele apontando a Ptria Celeste e os domnios da f, e esse olhar confortou-o at ao momento de ser chamado ao lar, pois quando chegou a hora de partir desta vida, ele estava ajoelhado, orando. Foi assim que seus homens o encontraram em sua cabana na frica, ajoelhado, sem vida.

    H trs que nos miram. Como decidiremos encar-los?

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    CAPITULO III

    FUGINDO DE DEUS Se algum se der ao trabalho de verificar e fazer um confronto

    entre o nmero de pessoas que fogem de Deus e o daquelas que seguem ao Senhor, chegar a concluses surpreendentes, constatar quo poucos trilham as veredas que conduzem a Deus, e notar que as mul-tides resvalam para o abismo, numa carreira agitada e irrefletida fugindo de Deus.

    Ado foi o primeiro homem que fugiu de Deus. Escondeu-se quando desobedeceu, e seu exemplo frutificou, fz discpulos e o que se v, hoje, so homens consciente e inconscientemente fugindo de Deus, como se algum pudesse esconder-se dos olhos do Onipresente.

    Qualquer pessoa que estudar a psicologia das multides sob o ponto de vista espiritual, certificar-se- da tremenda realidade homens fugindo de Deus , sem se preocuparem se o final da carreira termina no cu ou se leva ao inferno.

    Homens de todas as castas, criaturas de todas as raas, povos de todos os quadrantes, num desespero contaminante, confundem-se na corrida desabalada e louca, fugindo de Deus, sem saberem para onde vo, mas unicamente preocupados em fugir, pois sentem-se mal onde estiver a santidade do Senhor.

    Se vos quiserdes certificar e saber como os homens tentam fugir de Deus, armai-vos de uma dose de pacincia e acompanhai-me nesta descrio: Anotai quantos homens, mulheres e crianas caminham para a Escola Dominical e confrontai a diminuta freqncia, com os milhares que mesma hora se preparam para ir aos Prados, assistir s corridas. Vede quantos afluem aos Estdios a fim de darem expanso aos seus temperamentos impulsivos. Verificai quantos, sem necessitarem, se ati-ram s praias unicamente para se escusarem de um convite para ir Igreja. No vos esqueais de arrolar os que, furtivamente se esgueiram para os antros de jogos de azar. Computai a multido que se fez escrava das danas esfalfando-se ao som de qualquer instrumento desafinado e rouco. No esqueais aqueles que se refugiam nas tabernas, enterrando ali a sade, o dinheiro e o carter.

    A lista no estar completa se esquecerdes os obcecados pelo cinema, cujos fins podiam ser educativos, mas onde, apenas, se v corrupo e se respira duplamente ar viciado e venenoso.

    Somai todas essas parcelas, e dizei-me quantos so l os que buscam, o Senhor, na Sua casa, onde ordenou sua beno, e quantos so, tambm, os que fogem de Deus. Convidai essas multides para voltar ao Senhor e esperai pela resposta. Se vos no apedrejarem, blasfemaro e ficaro contra vs. Se vos no perseguirem, contudo sereis tidos como fanticos. Facilmente acharo desculpas e evasivas para justificarem a fuga que esto realizando. Procuraro neutralizar e at mesmo destruir a vossa f. Alegaro que as diverses e os jogos so necessrios vida social de hoje, que so costumes j integrados na

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    atividade secular e que tradio lei. Diro ainda que vs que estais fora da moda, falando uma linguagem pouco usada entre eles, isto , falando em Deus. de religio e de f, como se isto fosse um assunto de outros sculos e de outras terras.

    Aqui no vai nenhuma aluso educao fsica, to til ao desenvolvimento da raa. O que a fica diz respeito ao que impropriamente alguns tratam de esporte, pois tudo se corrompeu e mergulhou no lodo das jogatinas e dos interesses monetrios, fugindo, assim, finalidade primitiva.

    Se insistirdes no convite a seguir a Jesus, os que fogem de Deus taxar-vos-o de loucos, diro que tendes demnio. Foi assim que fizeram com Jesus, e vs tambm, no sereis poupados. O Diabo inverte os papeis; s trevas chama luz, ao direito trata de injustia. Tudo isto acontece porque os homens fogem de Deus.

    O que a fica representa, queiram ou no, um quadro de perspectivas sombrias, no qual acentuadamente aparecem homens fugindo de Deus. Jeov, direta e indiretamente tem falado aos coraes dessa multido que continua a afastar-se do cu, mas no ouvido.

    Os homens fecham os ouvidos voz do Senhor e revoltam-se contra o convite que se lhes faz para irem Igreja, onde Deus mais propiciamente lhes quer falar. Se Ado teve discpulos, Jonas tambm tem seguidores. Deus enviou Jonas a Nnive com uma mensagem de ar-rependimento, mas ele tomou direo oposta; pensou que podia fugir da presena do Senhor.

    Jonas tomou um navio que viajava para Tarsis, porm no chegou ao destino que escolhera, pois o pecado e a desobedincia o alcanaram. Assim fazem os homens em nossos dias. Deus lhes indica a Nnive do arrependimento e eles fogem para a Tarsis do pecado. mais fcil viajar para Tarsis do que ir a Nnive. Os navios para Tarsis (as multiformes manifestaes do pecado) esto sempre prontos a receber os que fogem de Deus, pouco se exige dos foragidos da graa, tudo se facilita aos desejos da carne e do pecado; mas viajar para Nnive mais difcil, a estrada no possui atrativos que seduzam; tem obstculos que, se vencidos, desvendam as maravilhas do pas dos domnios da f.

    O que os homens ignoram que aos navios de Tarsis est, reservada uma desagradabilssima surpresa como a que Jonas experimentou. Quando anunciarem que tudo paz e segurana, eis que a tempestade se levanta, o mar agita-se enfurecido; o navio ameaa naufragar, e naufraga se no lanarem ao mar a carga de pecadas. Se a obstinao persistir, os tripulantes tem diante de si a morte.

    Foi isso exatamente o que aconteceu a Jonas. Quando estava no navio em que se escondera, para fugir de Deus, uma tempestade envolveu a nau e ameaou tragar todos quantos nela estavam. Fugir de Deus desobedecer ; desobedincia subverso da ordem; subverso da ordem caos e desordem, naufrgio e perdio.

    Jonas tentou fugir de Deus. Pensou que Deus estava em Jope onde lhe falara, mas que no estaria em Tarsis para onde determinou fugir. Mas Deus estava em Nnive, em Tarsis, no Navio, estava at no

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    fundo do mar. Se Jonas tomasse as asas da alva e fosse habitar nas extremidades do mar, ali a mo do Senhor o alcanaria. Se subisse at ao cu, ali encontraria o trono de Jeov. Mesmo que armasse seu leito na cova mais escura e mais profunda, ainda ali a luz de Deus o alcanaria .

    Insensatez pensar ser possvel fugir da presena de Deus. Homens fugindo de Deus tragdia das almas que o pecado acorrentou e cegou para no verem que Deus est presente em toda a parte. Multides fugindo de Deus enchem as estradas rumo ao ateismo e perdio.

    Milhares e milhes de pessoas de todas as classes, vivem enganadas pelo Diabo que lhes promete aventuras e prazeres na viagem para Tarsis, mas em verdade, o que surge aps um perodo de gozo carnal, uma borrasca que Satans no pode acalmar, Satans promete tudo, mas nada mais faz do que acumular ventos que provocam tempestades de resultados fatais.

    Homens que fugis de Deus, despertai do engano em que mergulhaste.' Reconhecei a realidade da vossa condio: Fugi da estrada do pecado, abandonai os navios de Tarsis, cujo prazer um txico que mata.

    Basta de fugir, voltai ao vosso Deus e vivei a vida de f e ajudai outros a voltar tambm?

    Vs que fugis de Deus sem de tal coisa vos aperceberdes, sabei que o mundo em que viveis no vosso. O tempo que dissipais em loucuras est nas mos de Jeov. O ar que respirais um favor que o Senhor concede e a sade que gozais um dom do Pai celestial. Se Deus se irasse contra vs, serieis devorados. Por que fugis de Deus?

    O dia vem, quando a corrida da morte terminar, tereis ento de comparecer ante o tribunal de Cristo, quer isto vos desgoste ou vos desagrade. uma lei inflexvel que Deus estabeleceu que depois da morte segue-se o juzo, do qual ningum escapar.

    Ests vivendo como os que fogem de Deus? Deus est em toda a parte, porque enganas a ti mesmo? Vem, segue ao Senhor e bem ir a tua alma. No fujas de Deus

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    CAPITULO IV

    FAZE BEM A TI MESMO Se os homens chegarem a descobrir as belezas transcendentais

    do aforismo: "faze bem a ti mesmo", e se por felicidade resolverem dar um passo at ao campo experimental do altrusmo, concluiro que o cu com seu gozo e a sua luz est bem prximo da terra, estar onde quiserem que esteja; estar no lar, nos negcios e nas relaes e nos deveres sociais.

    No fcil ao homem fazer bem a si prprio e concorrer para entesourar alegria, em virtude da lei moral que rege o assunto, exigir que o prximo seja beneficiado e que o reflexo desse benefcio reflita em cheio na vida e nas relaes de quem beneficncia praticou.

    Se o homem no feliz, se no capaz de fazer bem a si prprio; se fecha a fonte da felicidade e no aproveita as riquezas que a vida pe em seu caminho, deve esse fracasso a um sentimento inato que precisa dominar e vencer. Esse sentimento, chama-se "egosmo". A simples idia de que nosso semelhante triunfar se lhe dermos a mo para o ajudar, faz-nos recuar do propsito de fazer o bem.

    Porm essa recusa e essa manifestao de egosmo se transformam em uma voz a amedrontar a conscincia que brota qual espinho a amesquinhar a alma e a amargurar a existncia, porque o egosmo desajusta o eixo harmnico da vida.

    Em geral, todas as pessoas desejam o maior bem possvel a si prprias; porm ante a perspectiva de ver seu semelhante participar da mesma felicidade, o desejo no satisfeito as pessoas mudam de orientao, transformam a vida em problemas difceis e insuportveis de viver, impedem que o cu desa terra.

    O egosmo no se apresenta arrogante e ameaador como tempestades. No anuncia suas intenes de roubar a felicidade alma e criar dificuldades ao esprito. Sua ao de empobrecer a vida espiritual to sutil e to imperceptvel que poucos esto capacitados a denunciar sua aproximao.

    Se no descobrirmos uma forma capaz de vencer o egosmo, jamais faremos bem a ns mesmos, porque no concorremos para a felicidade do nosso prximo. No Evangelho de Cristo podemos descobrir a frmula infalvel de fazer bem a ns mesmos na pessoa dos nossos semelhantes. A frmula consiste em dar para receber quadruplicado, com juros acumulados no cu, sem que um s centavo se perca.

    O cristianismo no simples teoria ou forma de doutrina; os ensinos de Jesus so esprito e vida. O sentido da vida ao, portanto a vida crist experincia e realidade, beno ao alcance daqueles que na vida tm um propsito de ser teis a Deus e ao prximo .

    Se queres fazer bem a ti mesmo, f-lo na pessoa dos que mais necessitam ser socorridos, mas comea logo onde se deparar oportunidade. Se notares que uma alma necessita de uma palavra de conforto para chegar a Jesus e ser salva, acerca-te dela com orao e,

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    cheio de amor, aponta-lhe Cristo e o Calvrio, o cu e o Pai que a espera, ansioso por ajud-la. Se conseguires cumprir fielmente este dever de cristo, de forma que agrade a Deus, sentirs a tua alma elevar-se nas asas da graa at alcanar os domnios alcandorados da f, onde o clice da salvao transborda de modo tal que possvel nadar no mar do amor de Deus.

    Se encontrares algum pela estrada a quem possas mitigar a fome, serve-o, sem ostentao, conforme ensina o Evangelho: esconde tua mo esquerda o que a mo direita oferecer, e depois confere quanto bem fizeste a ti prprio; mede a alegria do teu corao, se que podes medi-la, aps haveres socorrido o verdadeiro necessitado, no verdadeiro sentido de dar, dar sem ser visto, dar sem humilhar, dar na terra para receber no cu.

    Se as circunstncias te colocarem qual o bom Samaritano da Parbola, diante de algum que, enfermo e sem foras, necessita dum brao amigo para o ajudar a erguer-se do leito ou da estrada; se for necessrio perderes tempo e dinheiro para o socorrer, no prives a tua alma de se rejubilar, no mintas tua conscincia de homem de Deus, dignifica o teu Senhor, assiste e conforta o enfermo, sacrifica-te em seu favor e depois dize-me se h maior gozo ou se existe alegria mais completa do que a alegria do dever cumprido. Fazendo bem aos outros as bnos multiplicar-se-o sobre ti.

    Se fores levado posio de Pilatos diante de Jesus, para julgar a vida ou o carter de algum, e se puderes discernir onde est a razo, no imputes faltas a quem faltas no tem, mesmo que essa atitude no satisfaa a amigos nem agrade a turba enfurecida. No te deixes arrastar por razes polticas nem por interesses humanos, declara inocente aquele que faltas no cometeu, no amordaces a conscincia para favorecer a mentira, julga com retido, e depois dize-me se o teu sono foi ou no tranqilo durante a noite.

    Nem todos teremos os mesmos problemas a resolver. No todos encontraremos enfermos para socorrer, aflitos para consolar, ou casos para julgar. As experincias no sero iguais, mas todos ns estamos em contato com o prximo e desse contato decorrem inmeras oportu-nidades de servir a outros e fazer bem a ns mesmos. No devemos esperar que acontecimentos extraordinrios se manifestem para entrar em ao. A atividade de fazer bem deve comear pelas coisas mnimas at alcanar as maiores.

    Ningum ser capaz de avaliar a extenso do gozo da alma daquele ou daquela que, vendo seu vizinho enfermo, foi cuidar-lhe da casa, vestir-lhe os filhos, preparar-lhe a comida e lavar-lhe a roupa.

    Todos ns temos vizinhos. Se algum dia puderes por em prtica esta sugesto, constatars que todo o ouro do Brasil no compraria tanta felicidade como a que sentiste servindo ao prximo. Oferecendo o pouco que tinhas, recebeste riquezas que no podes contar, acumulaste bnos espirituais que os bens da terra no alcanam, entesouraste onde a traa no destri, depositaste no Banco de Deus a juros de salvao. O prazer que se obtm com as riquezas que desconhecem o amor ao prximo no faz bem ao esprito, no engorda a alma, no

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    alegra a Deus. Quem no estiver pronto a dar ao prximo uma partcula da sua

    prpria vida e no sentir desejo de servir aos que o cercam, no amigo de si mesmo, vtima do egosmo, nivela-se sepultura que tudo es-conde, tudo devora sem nada oferecer, e jamais diz: basta. Faze bem a ti mesmo. No esperes que outros semeiem em teu lugar, para teu proveito e em teu benefcio. Semeia tu mesmo, d expanso ao amor, alegra o esprito, exercita a f. Intercala nos dias da tua existncia os quadros que s o altrusmo e a abnegao sabem esculpir para louvor de Deus, gozo e xtase da alma que determinou semear gratido, para ceifar vida eterna, e morar com Deus na terra dos salvos, nos domnios da f. .

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    CAPITULO V

    DEUS, A CINCIA E O ACASO Na linguagem dos homens de cincia, em razo das recentes

    descobertas que alcanaram separar os tomos, abrindo, assim, caminho para mistrios ainda por revelar, a era cientfica voltou ao marco inicial; est ainda no alvorecer, ensaia os primeiras passos, comea agora, a orientar-se no verdadeiro, caminho, aproximando-se cada vez mais da verdade que Deus, muito embora alguns obstinados recusem aceitar a orientao lgica e segura que a cincia mais tarde ou mais cedo teria que seguir.

    A confisso franca e sincera acerca dos mistrios que povoam o Universo; a coragem das afirmaes dos luminares da cincia; as declaraes reiteradas e os apelos patticos f que ultimamente tem sido feitos pelos mais ilustres sbios, so um testemunho eloqente de que a cincia comea a mover-se em direo a um alvo mais lgico do que o ateismo desejaria.

    Alguns nomes que brilham no cenrio cientfico do mundo tm sido honestamente positivos ao tratar das questes espirituais em relao cincia, isto , tm feito verdadeiras profisses de f, ilustradas e baseadas nos argumentos que a prpria cincia fornece, argumentos que no deixam lugar para qualquer dvida sobre as declaraes de quem as faz.

    Para entendermos o que seja a cincia no alvorecer, basta esclarecer que, apesar das maravilhas dos raios-gama que o Badium nos proporciona; apenas 2 % so perceptveis ao crebro humano, restando, portanto, 98 % que ocultam aos nossos sentidos e nossa viso mistrios indevassveis de indiscritvel beleza e de fora no calculvel.

    Imaginai o fantstico de cores e formas que agem nesse mundo de maravilhas no conjunto de 98 % que a nossa retina no fixa porque humana e finita. Grandezas sem par espraiam-se no infinito sem que ao homem seja dado descrev-las, por lhe faltar a capacidade de reproduzir to magnificentes quadros.

    Se dissermos que o Badium emite ............................................... 120.000.000.000.000.000 de vibraes por segundo, concordareis estarmos diante de um mundo de maravilhas desconhecidas, que a cincia apenas comeou a revelar. Entretanto as vibraes do Badium so esses cento e vinte mil trilhes por segundo, embora o crebro se recuse a cont-las.

    Os homens de cincia, melhor do que os homens do povo, conhecem a grandeza e as maravilhas ainda inaproveitadas do Universo e, para eles, mais do que para o homem simples e sem letras, o mundo, a vida e a eternidade so mistrios ainda desconhecidos que s Deus pode mostrar.

    Se vos revelar que a terra girando sobre seu eixo faz mil e seiscentos quilmetros por hora e que, se apenas girasse razo de

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    cento e sessenta quilmetros os dias e as noites seriam dez vezes mais longos do que so hoje. Em virtude de os dias e as noites serem to lon-gos, o sol crestaria toda vegetao, e a geada terminaria o extermnio do que escapasse do sol; considerando tais maravilhas que continuam obedecendo a uma lei inflexvel, durante anos, sculos e milnios, concordareis que tais manifestaes sbias e perfeitas no foram obra do acaso, nem surgiram inesperadamente, mas estareis concordes em que so obras de Deus, e que o nosso Deus revela Sua grandeza, Sua sabedoria, sua bondade e Sua soberania, pondo a terra precisamente a distncia necessria para que o sol (fonte da vida) nos aquea to somente o necessrio para nos dar vida por seu poder de radiao.

    Se acrescentarmos ainda que a inclinao do eixo da terra sobre o plano da rbita numa seqncia de 23 graus, causa determinante das estaes do ano, evitando, assim, que se formem continentes de gelo nos plos, de conseqncias catastrficas para a Teria. 50 nos resta dizer que o que aparentemente est torto, em verdade est direito e que a sabedoria de Deus constri direito em linhas inclinadas. Quem no concordar em que esta harmonia de planos inclinados outra maravilha do nosso Deus?

    O acaso, esse argumento ridculo, pode determinar tanta beleza em atividade? O homem sensato pode crer no acaso? O acaso s existe para os espritas obscurecidos pelo pecado, que enveredaram pela escura noite espiritual onde os aguarda o desespero.

    conscincia esclarecida repugna admitir a interveno do acaso na ordem perfeita da criao e os importunos que tentam faz-lo, cedo ou tarde batem em retirada forados e vencidos pelo bom senso. Onde h perfeio, a est Deus, seja no mundo fsico, moral ou espiritual. Esta a ordem lgica que a cincia aceita e proclama como verdadeiro e nenhum sofisma ter fora bastante para sobrepor-se a esta verdade. Deus. o nosso Deus foi quem determinou ao mar at aqui e no mais alm, e terra ordenou que girasse no ritmo prvia e sabiamente estabelecido; a Terra, mais obediente do que o homem, no se afastou dos planos e da ordem que recebeu do Criador; a Terra no reclama, no mente, no blasfema, no se mostra arrogante, mas obedece, e na obedincia resplende a glria de Deus.

    As maravilhas de Deus no esto somente na Terra; elas so tantas e to vrias; brilham e fulguram to intensamente, entrelaam-se numa harmonia to significativa que a nossa inteligncia, limitada como , no pode distingui-las com perfeio nem observ-las com clareza.

    Vejamos, por exemplo, o que se passa com a Lua em relao Terra : Se a Lua estivesse a apenas 75 mil quilmetros da Terra; em vez de estar distncia em que se encontra, as mars seriam choques tremendos contra a terra e os continentes seriam tragados pelo mar. Porm quem estabeleceu ordens para a Terra cumprir, tambm ordenou Lua que se conservasse onde est; a Lua como a Terra, declara a glria de Deus, numa obedincia imutvel de dias, meses, anos, sculos e milnios, num testemunho de fidelidade para com Deus, que o homem no foi capaz de conservar.

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    No creio que o deus acaso tenha a pretenso de querer ser o autor e animador de todas as maravilhas que a cincia vem descobrindo no Universo. Isso seria pretender muito. Os advogados do acaso contentam-se com alguma coisa menos, mas eu nego-lhe tudo, em nome da perfeio e equilbrio das leis que regem o mundo; nego, porque as estrelas com seu fulgor tambm o fazem; nego, porque a pureza dos lrios depe contra ele. Nego ao acaso qualquer parcela de glria, porque na leis morais sentir-se-iam ultrajadas se lha no negasse. Nego a interferncia do acaso na criao, porque as prprias plantas no admitem tal coisa. Nego ao acaso arrogar-se qualquer interveno na vida animal, porque a espcie depe contra ele. A existncia de Deus autoriza-me a negar tolices caricaturadas de cincia.

    Ficamos admirados quando os grandes sbios confessam que desconhecem as origens da vida; no sabem como ela se processa, e ignoram onde termina. Alex Carrel interpretando o sentimento do mundo cientfico, falou por todos, em seu livro: "O Homem, esse desconhecido''. Aps uma carreira brilhante e um xito poucas vezes igualado para um homem de cincia, Carrel chegou a esta concluso: A vida um mistrio inexplicvel ao homem; o homem no se conhece a si prprio.

    De fato, o homem no se conhece a si prprio; e se tal acontecesse, como pode, ento, penetrar nos mistrios da origem da vida? Saber algum descrever-lhe os caractersticos? Quanto pesa a vida? Quais as suas dimenses? Onde comea? Onde termina? Apesar de tudo, a vida existe, to exuberante e to prodigiosa que a prpria natureza lhe dedica eterna cano. O homem no pode animar a simples e minscula folha duma rvore. Porm a vida sabe desenh-la, d-lhe forma, tece-lhe os nervos, determina-lhe o aroma e anima-lhe as cores.

    Ao tratar da vida estamos diante de uma grande maravilha que s encontra soluo e explicao cm Deus. A vida no obra do acaso, , sim, o labor de inimitvel Artfice, a concepo e a glorificao de Deus que a criou. Considero um sacrilgio, reputo uma profanao e classifico de crime de lesa-divindade atribuir a origem da vida inconscincia dos tomos.

    No, as conscincias esclarecidas e bem intencionadas no descem tanto, no se amesquinham de forma to vil e abjeta, a ponto de atribuir tanta perfeio e tanto poder ao reles acaso, quando a grandeza da criao exige tambm um grande Criador.

    Fico com a verdadeira cincia confessando que estou no alvorecer do conhecimento dos mistrios, das maravilhas e das grandezas do Universo que h no porvir, e em relao vida que um dia nos sero revelados.

    No encontro outra explicao racional e lgica para os problemas e maravilhas que ainda esto alm do conhecimento e explicao da cincia, a no ser que Deus. o nosso Deus o Autor da vida e o consumador da f. A razo indica a f; a f enche o corao da graa; a graa vem de Deus e Deus suficiente para nos iluminar e conduzir pelas veredas da Justia que conduzem ao cu, onde maiores e mais

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    esplendorosas maravilhas encantam os sentidos e deslumbram o corao, porque ali esto as realidades dos domnios da f.

    O que acima foi dito acerca da Terra e da Lua, das maravilhas em parte conhecidas, e da vida. pouco, muito pouco comparado vastido do desconhecido que a matria no pode revelar, mas que a alma podo crer, e o esprito alcanar, ao transpor a outra margem elo Rio da Vida e entrar na posse da herana eterna.

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    CAPITULO VI

    ONDE ESTA A MORTE? Ser imprudncia perguntar onde est a morte? Como se

    apresenta a morte? Ser fcil identificar esse grande inimigo? Haver algum lugar no mundo onde a morte no espreite a presa? Qual o lugar onde a morte no pode ferir a alma?

    H uma infinidade de respostas que se apresentam infinidade de perguntas sobre o lugar onde est a morte; entretanto, notai bem, essas respostas nem sempre primam pela exatido e clareza que a aflitiva pergunta exige; jamais a resposta focaliza todos os ngulos da questo da morte.

    A resposta pergunta onde est a morte varia segundo a posio e de acordo com a profisso da pessoa a quem feita a pergunta. Para o mdico, a morte est presente nos exrcitos de bactrias que ameaam continuamente a vida dos tecidos do corpo humano; uma infeco grave a morte rondando ameaadora. O aviador v a morte por prisma muito diferente do mdico; para os homens do ar, a morte est num desarranjo do motor ou na falta de um parafuso que determina a queda do aparelho. O botnico, se lhe perguntarem onde est a morte, no pensar em mquinas desajustadas; seu pensamento voar para as plantas que expelem cido carbono em quantidade suficiente para intoxicar qualquer mortal. O militar, por sua vez, no pensa em plantas ao falar na morte. Para ele a morte est oculta dentro de uma granada ou de uma bala, e nesses elementos ele v a morte avanar em cada estilhao que voa.

    O qumico v a morte no veneno concentrado que a arte de combinar drogas produz, sem ao menos lembrar-se que o turista e o alpinista apenas se lembram que a morte os espreita nos abismos e desfiladeiros que atravessam e cruzam em suas viagens.

    Tudo o que a est, representa, apenas, parte da resposta pergunta onde est a morte fsica, porm a pergunta tem um alcance muito mais extenso e diz respeito morte espiritual, muito mais importante, portanto, do que a morte da matria.

    A morte espiritual deveria preocupar mais do que a morte fsica: se tal acontecesse, evitaramos o perigo de atra-la, tal como evitamos tocar num fio condutor fie alta tenso. O desconhecimento dos problemas espirituais reflete em cheio na questo da morte espiritual e agravam sobremaneira a viso que o homem tem da morte da alma.

    A morte fsica evita-se de muitas formas e desafia-se de vrias maneiras, pela facilidade de localiz-la e escapar de cair em suas garras. Com a morte verdadeira n situao diferente, e o homem natural carrega a morte em seus ombros.

    O profeta Eliseu, em seu tempo, com um punhado de farinha afugentou a morte que estava concentrada na panela de alimento dos filhos dos profetas, mas tratava-se da morte fsica que o corpo experimenta e o olho localiza.

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    No dizer do apstolo Tiago, a morte cavalga a prpria lngua que contamina todo o corpo e inflama a natureza, sendo ao mesmo tempo inflamada pelo inferno.

    Sanso pereceu mo de seus inimigos porque a lngua o traiu revelando a Dalila o segredo de sua fora e invencibilidade. Onde est a morte? A morte est nas tuas palavras e nos teus prprios lbios, se te no contiveres no julgamento da reputao de outrem. A calnia que a lngua lana circulao to danosa quanto o mais concentrado veneno, e, por estranho que parea, esse veneno faz como o "bumerang" usado pelos australianos, que, atirado contra o alvo, no acertando, retrocede e vitima sem piedade quem dele fz uso.

    Onde est a morte? A morte est no mau uso que fazemos da vida que devia estar a servio de Deus e dos homens. Se a nossa conduta no produzir vida, fatalmente trar em si a morte em cada ato mal orientado. A morte aparece na vida corrupta que rejeita a santidade de Deus. Pala nas frases loucas que a irresponsabilidade lana por toda a parte. A morte destaca-se no dio individual e coletivo que se semeia nos coraes dos vizinhos ou na conscincia da nao.

    A morte acomoda-se sinistramente nos sistemas inquos que aparentam justia, mas defraudam o pobre. A morte domina onde a verdade espezinhada e o fanatismo entronizado.

    Na ctedra ou na oficina, a morte no arreda o p, quer ter quinho no trabalho nefando de destruir e orientar para o mal. Na igreja ou na escola, espreita e espera ser bem sucedida na tarefa de no deixar a luz do cu espargir conhecimento e saber verdadeiros e eternos nos coraes.

    Onde est a morte? A morte espiritual est em todos os movimentos que no tenham um objetivo louvvel e construtivo ou que se oponham manifestao da vontade de Deus nas relaes com o homem ou com a natureza.

    luz da Palavra de Deus todas as obras que no levam em si um propsito consciente de amor e altrusmo, so obras mortas, quer dizer, ali a morte domina absoluta, porque a vida est ausente.

    Onde est a morte? Tanto pode estar na manifestao de hipocrisia do vizinho como num acesso de dio do teu corao. O homicdio no somente o ato de tirar a vida fsica ao semelhante. H outra forma de homicdio, o homicdio espiritual, que no mata o corpo, mas impede, de muitas e vrias maneiras, que a alma se aproxime de Deus e faz com que o esprito se aprofunde nas trevas do mal. A morte dorme contigo, acorda ao teu lado, senta-se contigo mesa. Voa at onde puderes porque a morte ir contigo; onde poderes ir, ela tambm ir.

    S h um lugar onde a morte no est. Esse lugar o cu, e, conseqentemente, aqueles que esto escondidos com Cristo em Deus, no provaro o aguilho desse monstro que tudo devora. O corpo pode tombar vtima das conseqncias do pecado, porm a alma redimida pelo sangue do Cordeiro passa inclume pelos laos dessa intrusa que est em toda a parte, menos nos domnios da f.

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    CAPITULO VII

    LUTA, SE QUERES VIVER Que esperais encontrar na estrada da vida crist? Flores? Glria?

    Honra? Riqueza? Bem estar? Acaso pensais que, na frente de batalha h perene alegria e banquetes sem fim? No sabeis que os cristos so soldados do Senhor, e que como soldados tem que lutar para viver? Quem vos apontou este mundo como recanto de paz? Se ainda no percebestes a vossa condio despertai e vede que estais em pleno campo de luta espiritual, onde se fere a gigantesca batalha entre as foras do mal e os exrcitos do Senhor, e que a nica alternativa lutar a tempo e fora de tempo para alcanar a coroa da vida.

    Lutar para viver, aceitar o desafio com altivez e enfrentar os perigos da jornada foi a tarefa imposta Igreja do Senhor em todos os tempos. Lembrai-vos de que o povo de Deus nos primeiros sculos teve as catacumbas por moradas, a fim de poder sobreviver. Aceitou o desafio dos inimigos, no capitulou ao primeiro decreto de um rei mpio. Guardou a f. Preferiu carregar a cruz da perseguio a fazer negcios de Judas. Escolheu a senda espinhosa e agreste do desprezo, a um conluio mpio e satnico. Corajosamente atirou-se luta para vencer e, vencendo, viveu.

    Acaso o Evangelho no declara quo grandes so os perigos, as desvantagens materiais e os sofrimentos a que esto expostos os seguidores de Jesus? Que prometeu Jesus aos discpulos que desejassem segui-lo? Acenou-lhes com vantagens ou apontou-lhes a cruz?

    Percorrei a histria da verdadeira Igreja e vereis, a cada passo, que os santos jamais tiveram trguas prolongadas. O mundo, o Diabo e a carne jamais oferecem armistcio aos salvos. Entrai nas Catacumbas e tereis uma viso clara do que foi a tremenda batalha da f; parai diante dos sarcfagos e sentireis que ali repousam heris que lutaram e venceram; sentai-vos nas salas subterrneas em que se reunia esse povo e respirareis santidade que ficou por herana. Se tocardes qualquer objeto que haja pertencido a esses heris, sentir-vos-eis ins-pirados a imit-los, a lutar para viver como cristos dignos da vocao que recebestes.

    Mas no foi somente nos dias da primitiva Igreja que a f brilhou, valorosa e robusta, impondo admirao ante as ameaas dos poderes apstatas!

    Ao tempo da Reforma, quando um gesto ou uma palavra a favor do verdadeiro Cristianismo representava ser encarcerado, condenado morte, desterrado, ou ser destitudo de cargos de confiana, tratando-se de governadores de Estados, Condados ou Provncias, nesse perodo, Deus tambm teve testemunhas que no dobraram seus joelhos diante de Baal.

    Entre os muitos casos em que a f agigantou-se, brilhou e ateou fogo nos coraes, citemos apenas como se portaram alguns Prncipes

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    cristos: O imperador Carlos V dominava a Alemanha e grande parte da Europa, e era por todos temido e obedecido, pois linha o apoio do papa. Vrios Prncipes alemes haviam abraado a Reforma, creram na pureza do Evangelho e na suficincia de Cristo como Salvador.

    Isto no agradava ao imperador e seus aliados, que tudo fazia para impedir a luz do Evangelho. Certo dia o imperador recebeu os Prncipes protestantes numa conferncia particular e pediu-lhes que impusessem silncio aos capeles evanglicos que celebravam cultos pblicos. Dentre os Prncipes, levantou-se o velho Mal-grave de Brandenburg que avanou alguns passos para o imperador, e num gesto que denotava disposio e energia, levou as mos ao pescoo, e, inclinando-se, disse: "Era mais fcil a minha cabea rolar aos ps de Vossa Majestade do que eu privar-me da Palavra de Deus e negar a meu Senhor".

    Imaginai o efeito que tiveram estas palavras diante do imperador e de outros Prncipes. Conclui quanta coragem o Esprito Santo d ao corao que se dispe a lutar pelo cu. Homens desta tempera que amam a Deus mais do que a prpria vida, que no se acomodam ante os interesses nem se acobardam diante dos, poderosos, so os que lutam e vencem. Qualquer que no colocar sua vida no altar do sacrifcio e da renncia, para ser oferecida, se necessrio for, no alcanar as pncaros alcandorados da graa, onde se preparam os guerreiros que lutam para viver e vencer.

    A Reforma deu-nos grande nmero desses homens. Pena que a sua histria no seja conhecida em todo o mundo evanglico, pois so pginas de herosmo que arrebatam e atos de amor que sensibilizam.

    Outro Prncipe contemporneo da Reforma, o Eleitor da Saxnia, o qual abraou a f evanglica, foi aconselhado a no assinar a Confisso, para evitar atritos e desgostos aos amigos. Porm o nobre Prncipe, foi nobre tambm na resposta, quando afirmou: "Estou disposto a fazer o que for justo, sem me importar com a minha coroa. Estou decidido a adorar, a honrar e a servir ao Senhor. Para mim, o Senhor vale mais do que todas as coroas da Europa. Deixarei atrs de mim, talvez, ondas de minha humanidade, porm uma coisa certa: A graa de Jesus Cristo me levar ao cu."

    Quando a vida espiritual est em contato com Deus e luta com Deus e para Deus, no h inimigos fortes. At os demnios fogem espavoridos, ante a deciso da alma que prometeu fidelidade a Jeov. O que acima escrevemos sobre a deciso nobre e corajosa do Eleitor da Saxonia, foi completada pela seguinte declarao, ao assinar o documento, quando afirmou perante todos: "Vou assinar este documento na presena dos representantes do Imprio. Se meu Deus. requer isto de mim, estou disposto a deixar tudo para alcanar uma coroa imortal. Renunciaria a meus sditos e perderia meu Estado; preferia ganhar a vida limpando sapatos de estranhos a deixar de assinar este documento que contm os fundamentos da salvao para todos."

    Qual o inimigo que no vacila e no teme ante declarao to positiva to enftica de lutar confiado em Quem fez vitoriosas os

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    santos quando enfrentaram as feras, os reis, os tiranos e os demnios? Mais um fato para tornar ainda mais claro o assunto: todos os

    estudiosos sabem como os Huguenotes (o povo evanglico) foram tratados na Frana e no desconhecem a culminncia da perseguio, na clebre noite de So Bartolomeu quando, no dizer de Sully, primeiro ministro de Henrique IV, foram massacrados, s em Paris, cerca de 70 mil protestantes.

    Quando a conspirao havia alcanado o clmax, sendo j pblico e notrio que o povo de Deus estava merc de um governo de homens mpios, o Almirante Colingy, lder dos protestantes, foi convidado a ir Crte.

    Seus amigos rogaram-lhe que no fosse, pois ir, equivalia a entregar-se s mos dos inimigos. Mas Coligny tinha consigo o Deus de Jac e assim respondeu: "Prefiro morrer mil vezes a, por urna indevida solicitude pela minha vida, dar ocasio a que se avente uma suspeita em todo o reino''.

    Com caracteres deste quilate, Deus pode fazer muito sobre a terra; com homens armados com esta f, o cristianismo ser honrado. Com soldados como este, o inferno tem muito a perder e o cu muito a ganhar.

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    CAPITULO VIII

    LRIOS NO CHARCO Sabes como crescem os lrios? Conheces a espontaneidade de seu

    desenvolvimento? Descobriste a razo de sua inaltervel beleza? Penetraste no segredo que o conserva alvo entre o negrume?

    H um grande mistrio na vida dos lrios que crescem no charco, e elevam-se nos monturos sem comprometerem sua beleza e sem mancharem sua alvura, assim como h tambm um mistrio na vida daqueles que, tirados do charco moral, refletem em sua vida a beleza de Cristo e a alvura de Deus, aps aceitarem o Evangelho.

    H um princpio misterioso que se chama o princpios da vida, onde h segredos que nenhuma cincia pode explicar. A cincia pode fazer uma semente artificial, semelhante na forma semente natural. Pode medir a quantidade de hidrognio, de carbono e nitrognio da semente natural. Pode incluir a mesma quantidade desses elementos na semente artificial porm, plantando as duas sementes, s uma brotar da terra, porque nela est o princpio da vida que a outra no contm.

    Que a semente brota da terra pelo princpio vivo que Deus estabeleceu, um fato muito expressivo. Constatai que os lrios imergem dos charcos sem comprometerem sua beleza um acontecimento de transcendental interesse, mas constatar que vidas arruinadas pelo pecado, imergiram do charco e foram revestidas de dons do Esprito, merece tambm a ateno do mundo, por se tratar de milagres que Deus operou em todos os tempos.

    verdade que o corao humano no entende esse princpio, no cr em*Deus para receber altos favores, porm o princpio que Deus estabeleceu quer na ordem fsica quer na ordem espiritual, continua inaltervel, porque pertence aos domnios da f.

    Se algum dissesse aos Judeus, no tempo de Jesus, que de Nazar sairia um Prncipe de Israel, todos se escandalizariam. Nazar adquiriu m fama no s pela singularidade de fala e maneiras de seus habitantes, mas principalmente pelo relaxamento dos costumes e pela corrupo da vida do povo. Em Nazar havia falta de carter e de temor a Deus, e bem podamos dizer que Nazar era um charco moral. Natanael admirou-se de que alguma coisa boa proviesse de Nazar, Pois bem, foi ali que viou o mais puro e o mais belo Lrio que a terra j conheceu, o Lrio cuja fragrncia perdura pelos sculos e enche a terra de santidade, o Lrio que d beleza a todos os vales cujo nome Jesus.

    Nenhum outro lrio merece ser chamado o Lrio dos vaies, a no ser o Lrio que cresceu no charco de Nazar, brilhou no mundo e subiu ao cu. Outros lrios viveram e brilharam ostentando a mesma realeza, confirmando a lei da pureza que Deus estabeleceu na espcie, mas nenhum outro igualou o Filho de Deus.

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    Vejamos algumas lies da vida de alguns lrios de menor grandeza do que O Lrio dos vales que a Bblia menciona, isto , de homens que viveram hostilizados pela inveja, cbica e concupiscncia. Um destes lrios brotou nas plancies da Galilia. Como todos os lrios destacava-se das flores comuns que o rodeavam, conservando sua beleza e viso do Criador. Porm um dia, a inveja instigou as flores comuns contra o lrio e a conspirao atirou-o ao charco, foi levado ao monturo.

    Ali, por no querer manchar sua beleza, foi posto na priso, mas o lrio sempre lrio, e at na priso brilhou para Deus.

    Todos conhecem a histria de Jos, filho do patriarca Jac, o qual levado como escravo ao Egito, ali, naquele charco, foi tentado a macular sua conscincia, porem a virtude elevou-se acima do lodo ptrido, e o seu carter no sofreu arranhes.

    A lama no fez pouso nas vestes nveas da formosa flor. Mesmo no crcere o lrio cresceu, floriu, derramou beleza e saber. O aroma e a fama transpuseram as grades, chegaram ao trono de Fara, o qual ficou extasiado ante o poder e a grandeza dessa flor. O lrio saneou o charco, governou sem humilhar, amou sem ferir e a bno veio sobre a terra.

    Todos aqueles a quem Jesus salvou esto colocados no mundo como lrios num charco. A vida abundante de graa que outorgada aos salvos, pela f que justifica, embeleza os pantanais e causa admirao queles cujas vestes esto manchadas pelo lodo do pecado, isto pelos costumes do mundo.

    O homem salvo por Cristo, tal como o lrio, na campina ou na estufa, na plancie ou no charco, conserva a alvura da santificao que glorifica a Quem os lrios plantou. Os lrios, como todas as coisas belas, tem a sua misso, foram criados para adornar os campos, deslumbrar os olhos, alegrar os sentidos e, sobretudo, para enaltecer a Deus. Jesus sentiu a atrao e o fascnio que os lrios oferecem e foi dos lrios que le se serviu para mostrar que a glria do rei mais poderoso da terra no excede a beleza dos lrios que florescem nas campinas.

    No sentido moral, at certo ponto, o mundo um charco, mas os cristos no so do mundo; vivem no mundo, mas o mundo no vive neles. So lrios que vivem no charco cuja beleza espiritual refulge e deslumbra sem ser atingida pelo pecado.

    A misso do lrio refletir a pureza que o princpio da espcie lhe outorgou. A misso do Cristo, embora em ambiente adverso, brilhar e ser uma inspirao para o mundo e um exemplo para aqueles que rastejam no lodo, a fim de que se elevem at onde h luz e santidade do Senhor.

    O princpio da espcie espiritual crescer no charco sem contaminar as vestes de justia que Cristo nos deu para viver nos domnios da f.

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    CAPITULO IX

    FRUTOS DE SALVAO A lei que determina cada qual, segundo a sua espcie no foi feita

    somente para o reino animal ou para qualquer dos trs reinos da natureza que ns conhecemos. A sua aplicao vai at ao quarto reino ou seja o reino espiritual, e neste, como nos outros, qualquer pessoa, conhecer que espcie de vida tem diante de si e se essa vida corresponde a natureza que lhe foi determinada.

    Na vida de salvao, como na vida das plantas ou dos animais, o fruto determina a espcie, mostra a qualidade e indica a origem. Da vida de f que se vive em Deus, deve resplandescer a formosura inerente espcie espiritual da vida, isto , o fulgor divino deve aparecer.

    No possvel ser salvo e no mostrar frutos de salvao. Deus no aceita imitaes em Sua obra. A vida de Jesus no corao determina que haja salvao transbordando e louvando a Deus.

    A comunho com Deus produz frutos que nenhuma amizade e nenhum compndio podem determinar. O contato com o cu deixa a fragrncia de santidade na vida do salvo. Se tal no acontecer, alguma anormalidade est impedindo que os frutos apaream, que ostentem sua beleza e indiquem sua origem.

    assim que acontece na vida material. O homem do campo traz em suas vestes os resqucios da terra que cultiva, e isso fica-lhe muito bem, muito prprio, aponta a espcie de seu ofcio. Em algumas cidades da Frana, onde h fbricas de perfumes e essncias, os perfumistas so conhecidos nas ruas por causa do odor que se desprende de suas vestes. O perfume parte integrante da ocupao do perfumista, e por isso acompanha-o por toda a parte.

    O homem salvo que vive em comunho com Deus, pode no ser de grande estatura, mas deve refletir a formosura e a santidade de Cristo. Se h beleza em Cristo, essa beleza deve fulgurar nas atividades daqueles que receberam essa vida. A beleza de Cristo no so os atrativos comuns que adornam os corpos daqueles que se preocupam com a moda e a elegncia, mas so frutos de santidade e pureza que brilham na mais densa escurido. A beleza de Cristo deve acompanhar o cristo como sinal de sua vocao. Tochas incandescentes de amor e de abnegao, so necessrias na vida de salvao.

    O lado prtico da vida de f, exige que os frutos da salvao no sejam apenas qualidades abstratas ou qualificaes morais que se ostentem aqui ou ali sem uma interveno direta e positiva na vida presente. Jesus Cristo uma realidade. O Cristianismo um fato de grande transcendncia. Os cristos so testemunhas de salvao que h em Jesus. A vida de f tem que corresponder s realidades vivas, apresentando frutos concretos que indiquem que em seu interior h salvao.

  • 27

    Assim aconteceu com Zaqueu, quando Jesus entrou em sua casa, e determinou restituir quadruplicado. A ao de restituir, era a salvao produzindo frutos. Zaqueu mostrou estes frutos, e ns somos chamados a possu-los em nossas vidas.

    A salvao vida de Deus onde os frutos aparecem acentuadamente em razo da existncia da mesma vida. Quem produz os frutos a salvao. A vida de salvao substitui a vida de pecado.

    Um fato que ilustra o assunto o seguinte: Nos primeiros anos do atual despertamento pentecostal, numa cidade da Amrica do Norte, um jovem filho de um fazendeiro foi salvo. Este jovem, antes de ser crente sofria de cleptomania, isto , possua o mau costume de lanar mo de qualquer objeto que lhe agradasse sem conhecimento do dono. Os mdicos afirmam que no h remdio para este vcio de mau gosto. Pois bem, este jovem foi salvo e batizado com o Esprito Santo. Quando isso aconteceu, Deus falou ao seu corao acerca do mal praticado e disse-lhe: Vai, confessa a tua culpa aqui e ali; paga o dano que cometeste. Duro, muito duro, procurar os negociantes lesados e confessar-lhes o que havia feito, e restituir-lhes o valor dos danos praticados. O homem natural no capaz de tomar atitude to corajosa, to acertada e to justa, de reparar faltas cometidas, mas quando a salvao entra no corao, quando o Esprito Santo domina a vida, quando Cristo Rei e Senhor, ento forosamente aparecem os frutos de salvao.

    Quando o moo de que falamos se apresentou s pessoas a quem havia prejudicado, e lhes explicou seus propsitos de restituir o que havia levado ilicitamente, e qual o motivo determinante dessa atitude, todos ficaram atnitos e comovidos. Atnitos porque jamais tinham visto coisa semelhante; comovidos, porque estavam diante de um fato que s a salvao capaz de produzir. A atitude do jovem eram os frutos da salvao que brotavam da vida que o Esprito Santo havia trazido do cu.

    Em verdade a salvao produz frutos e vidas to nobres, abnegadas e consagradas que nem mesmo a cincia pode explicar como tais verdades se realizam. indiscutvel que os frutos existem, porm como se processa o milagre da transformao do corao no pertence ao homem revel-lo, so mistrios que pertencem aos domnios da f, so atos que a razo no pode esclarecer, porque so frutos da salvao.

  • 28

    CAPITULO X

    VOLTA AO LUGAR DA QUEDA Nenhuma fora conseguir iludir a oniscincia de Deus; nenhum

    disfarce mudar a atitude de Jeov em relao ao pecado. A Igreja ou o indivduo que tropeou ou caiu, e se conformou com a queda, precisa erguer-se, e voltar ao lugar feliz de outrora, mas necessrio faz-lo j e sem demora.

    A Igreja, como comunidade responsvel diante de Deus, precisa conhecer se est cada ou se tem vida. Nada de lisonjas ou artifcios; nada de narcticos ou entorpecentes que enganam e matam. As cifras no podem indicar o grau de espiritualidade, no devem substituir o fervor; o avano da Igreja no pode constar de nmero, mas deve aferir-se pelo grau de santidade.

    A vida da Igreja primitiva no constava dessas frivolidades que se estabeleceram na Igreja de nossos dias, tomando o lugar da orao, do fervor, do testemunho pessoal, do zelo pelas almas sem Cristo que se movem quais ovelhas sem pastor. Nenhuma organizao, na igreja, poder substituir as reunies de orao; a Igreja necessita que seus membros s-e unam na vida de comunho e consagrao, em lugar de reunies sociais, simples formas de gastar o tempo.

    A Igreja, se quiser sobreviver e triunfar deve apresentar a mensagem viva e poderosa ao povo. O povo reclama mensagem positiva que o satisfaa: pede que se lhe preguem a verdade. O programa das Igrejas modernas, no o programa da Igreja primitiva, e por esse motivo h falta de sal na mensagem, falta de inspirao, as converses no esto na proporo do progresso do mundo. A vida da Igreja no parece ser muito abundante, alguma falha atrofiou o progresso; talvez tenha cado. Se for assim, volta ao lugar de onde caiste, reinicia a jornada da f, tendo por exemplo o testemunho dos primeiros cristos, suas reunies de orao e testemunho, das quais todos eles participavam e compartilhavam das experincias da vida com Deus.

    Se a Igreja contempornea no possuir essa fora motriz, esses grupos que oram e recebem vida, jamais se erguer do estado letrgico em que permanece, sentindo que no tem fora para vencer, mas recusando levantar-se .

    O testemunho vivo, individual e coletivo, do poder de Cristo para salvar e dar poder para vencer, so ele mentos necessrios na vida da Igreja. necessrio readquirir o resplendor da f que iluminava a Igreja na antigidade. A simples confisso de ser crente, no far crescer e desenvolver os raquticos e anmicos que se acostumaram a viver de bnos passadas, e esqueceram as glrias sempre frescas e novas do cristianismo.

    A Igreja, seja em que lugar fr, no passado ou no presente, se no entrar na experincia do Pentecostes. pouco ter a dizer ao mundo, no abalar o indiferentismo do povo, no conseguir interess-lo, no o levar ao arrependimento e, por fim, a ter sede de salvao.

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    A tibieza da religio de hoje, contrasta com o fervor dos dias apostlicos; a falta de viso que se nota na Igreja de hoje, est muito aqum da revelao de Paulo e da atividade dos outros apstolos.

    Nada de meios termos que eclipsem a personalidade e suficincia de Jesus. O homem precisa ser colocado diante de Deus, para ver o resplendor de sua glria, para conhecer que pecador e ser salvo por Jesus. Este era o mtodo da Igreja primitiva; ser tambm o nosso? Estamos mantendo o testemunho dos nossos antepassados-?

    A tendncia da Igreja de nossos dias para esquecer a herana preciosa que a Igreja apostlica deixou, e tomar para si sucedneos que no satisfazem a alma nem curam o esprito.

    A Igreja primitiva talvez no se preocupasse muito com o nmero ou com a quantidade de membros, mas esforava-se em possuir homens e mulheres que fossem testemunhas vivas, cujas vidas ardessem de zelo pela obra de evangelizao, pois com testemunhas inspiradas, a Igreja tem que brilhar nas trevas e crescer no amor. Na fidelidade a Deus e na consagrao obra de Cristo, reside o profundo segredo da vitria da Igreja.

    Hoje em dia, h muita teologia, mas a Igreja precisa mais de doutrina, do que de interpretao. A pregao de hoje no fla tocha proftico-apostlica que elevou a Igreja no conceito de seus inimigos, pela fidelidade de suas doutrinas que s a f pode conceber.

    A doutrina da justificao pela f parece esquecida; entretanto, doutrina que faz tremer at os demnios. No ser to agradvel como a doutrina das boas obras, porm, mais eloqente, mais racional, bblica e divina.

    O novo nascimento doutrina que muitos no conhecem nem querem conhecer; nascer de novo uma condio para entrar no cu; como pois lanar ao esquecimento conquistas e vitrias da Igreja antiga? No; quem no est integrado nas verdades reveladas e imu-tveis, volte ao lugar da queda, entre na estrada pela porta, se quiser alcanar e viver nos domnios da f.

    Cristianismo que no fala de salvao completa, real, presente e ativa, no merece esse nome: simples promessa de libertao parcial, no inclui livramento total, resgate absoluto e permanente,

    Nem o mundo espera outra mensagem da Igreja, a no ser salvao, salvao, salvao em Cristo.

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    CAPITULO XI

    OS SERMES DE SOFIA Na cidade de Nova-Iorque todos conheciam Sofia; no era pessoa

    de destaque na sociedade americana, era uma simples lavadeira, porm as suas relaes alcanavam muito longe, era conhecida no cu.

    H pessoas que Deus pode usar para Sua glria, e Sofia era uma dessas que faziam das ocupaes dirias um motivo para servir a Deus e ao prximo. Com o produto de seu trabalho de lavar roupa, sustentava um missionrio na frica, conforme lereis adiante, e ainda lhe sobrava tempo para ir at aos lugares mais escusos da grande cidade, a fim de poder falar da salvao aos perdidos e muitos deles foram salvos por Jesus.

    No cursou Seminrios ou Escolas Bblicas, mas fz proveitoso estgio aos ps do Mestre, valendo-lhe essa circunstncia estar sempre cheia do Esprito Santo. Seus sermes no so eloqentes pregaes, no vo alm de curtos dilogos que se descrevem em poucas linhas, porm demonstram que a sua vida era uma pregao constante e espontnea, mais convincente e mais luminosa do que a mais perfeita homlia e o mais casto discurso; no pregava igreja, mas inspirava o pastor a pregar, talava aos perdidos, evangelizava os pagos e alegrava os gentios.

    Quem mais diretamente frua as pregaes de Sofia, foi o pastor da igreja a que ela pertencia, o qual era o conhecido pastor M. Simpsom. M. Simpsom anotou experincias, observou diretrizes e guardou exemplos da vida de Sofia, que so verdadeiras jias, sermes em miniatura a espelhar o zelo que a salvao produz.

    Deixemos agora que M. Simpsom nos diga alguma coisa da vida de Sofia. Ouamo-lo: " com grande prazer e muito proveito que ouo os sermes de Sofia, os quais coloco diante dos leitores, pedindo a Deus que os torne uma bno para todos. Conheo Sofia h muito tempo; os anos que j se foram no conseguiram alterar sua fisionomia, pois seu rosto conserva sempre a mesma alegria e o mesmo gozo. Certo dia fiz-lhe esta pergunta: "Sofia, vejo que passas bem, pois tens boa aparncia, e ests mais gorda". "Sim respondeu Sofia a religio de Jesus Cristo no uma religio magra como alguns pensam. Eu almoo amor, janto alegria e ceio paz. O ano passado no comprei um s quilo de carne ( mas no fim do ano, eu pesava mais 13 quilos, e com as economias que consegui juntar, sustento um Missionrio na frica.."

    Eis a um dos sermes de Sofia, e que eloqncia distila, se quisermos coment-lo e aplic-lo nossa vida.

    Cristos, podeis dizer que a vossa primeira refeio do dia composta de amor? A segunda ser alegria? e a vossa terceira refeio ser paz? Que significao e que alcance tem estas palavras? Se a primeira, a segunda e a terceira horas do dia so horas de amor, alegria e paz, quer dizer que todo o tempo consagrado a Deus, no h lugar para desagradar ao Senhor, no h vaga para o pecado.

  • 31

    Mas vamos ler ainda o que M. Simpsom escreveu: "Por que trabalhas tanto, Sofia?" "Oh. conheceis bem que minha vocao lavar e pregar. Nasci para pregadora, mas como sou pobre, aprendi a trabalhar. H pessoas que dizem ser inteiramente consagradas a Deus, mas jamais consagram suas mos ao trabalho; no contribuem para enviar um obreiro ao campo da misso. Eu quero imitar Jesus. le trabalhou, no se envergonhou de trabalhar. Se as minhas mos endurecerem e se tornarem rudes fora de tocar no meu piano (era assim que ela tratava a tbua de lavar roupa), ainda assim direi que elas so como as de Jesus, trabalho para mim e para o Senhor. Trabalho tanto que s vezes sinto dores nas costas; mas que importa, que isso comparado com a vida de J?"

    So assim os sermes de Sofia; no so eloqentes, mas so uma resposta e um desafio ao cristianismo e aos cristos improdutivos que vivem mais de palavras do que de aes e poder.

    Ouamos o terceiro sermo: "Certa senhora para quem lavo roupa, muito convencida de sua prpria suficincia, para galhofar de mim perguntou-me: Sofia, queres ser minha lavadeira no cu? Minha senhora, respondi, no cu no entram impurezas, e se deseja entrar no cu, trate de lavar-se no sangue de Jesus, antes de ir para l. Esta senhora est sempre agitada e tem sempre alguma coisa a dizer sobre o seu "Eu", mas eu gozo paz e tranqilidade e explico-lhe que eu tambm viajei nesse trem que se chama "suficincia prpria" at chegar ao que est escrito no cap. 7 da Epstola aos Romanos, mas ali, iluminada pela graa de Deus, desembarquei para instalar-me na Avenida Aes de Graas. Agora o meu trem outro, parte do cap. 8 da Epstola aos Romanos, onde no h condenao. Jesus o Condutor deste trem, e no h perigo de colidir com outro trem."

    No sei se os cristos de hoje podero responder com tanta sabedoria e eficcia aos sofismas daqueles que recusam viver na graa e depender inteiramente de Cristo, mas Sofia conhecia quanta paz desfrutam os que descansam em Cristo.

    Continuemos a ler outro sermo: "Certa vez algum me disse que no h vida futura. Bem, respondi: se no h vida futura ou gozo futuro, h um "presente" brilhante e repleto de gozo para aqueles que fazem a vontade de Deus, os quais tem seu deleite em viver na retido. A pessoa que me fz tal pergunta, acrescentou ainda esta: Que preferias possuir j uma conscincia impura e um milho de dlares ou a cons-cincia tranqila sem o milho? A minha resposta foi esta: Tenho a conscincia tranqila, e sou filha de um milionrio, e ser filha de um milionrio melhor do que possuir um milho na carteira; o filho de um milionrio, quando precisa de alguma coisa, s dizer: Pai, preciso deste ou daquele objeto, e atendido. A carteira pode ser furtada do bolso, mas a graa ningum ma rouba do corao".

    Vede com que certeza objetiva o salvo responde hs objees estultas dos descrentes, quando vive nos passos de Jesus. este o caso de Sofia, no sermo que acabais de ler.

    Mas a lista de sermes ainda no est completa, leiamos mais alguns: "Certa noite cheguei atrasada igreja; quando ia para entrar,

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    um indivduo tendo um cigarro na boca aproximou-se de mim e disse: Quer que a acompanhe? No respondi Jesus Cristo est comigo e isso suficiente. Oh, desculpe-me, disse o estranho, mas a senhora no a pessoa que eu procuro. Bem, respondi, mas o senhor a pessoa que eu procuro. Tenho o seu nome aqui neste livro.

    Tem o meu nome no seu livro? Sim, tenho-o. Mas de que se trata? perguntou le. Abri a minha Bblia e disse-lhe: seu nome Pecador, e estar completamente perdido, a no ser que aceite Jesus.

    Bem, desculpe-me, minha senhora, tenho pressa. O senhor faria bem se tivesse pressa de encontrar-se com o Salvador.

    Mais uma vez peo-lhe desculpa, e aqui tem um dlar para ajudar os pobres. Apanhou o chapu e saiu."

    Qual de ns, querido leitor, teria transformado uma situao imprevista e embaraosa em um motivo da louvor a Deus? Confesso que no so todos os que se nomeiam cristos que esto preparados para dar brilho a semelhante cena.

    Mais um sermo da srie, e terminaremos o assunto : "Certa vez conheci um crente que desejava ardentemente partir

    para a frica a evangelizar os pagos; as Misses no queriam envi-lo. Este crente estava cheio do Esprito Santo e transbordava de amor para com as almas perdidas; mas os dirigentes da Misso achavam que ele era muito idoso e, alm disso, diziam que faltavam recursos.

    Foi ento que Deus fez o que as misses no quiseram fazer: Um dia ouvi a voz do Senhor que dizia: "Sofia, farei com que tenhas muita freguesia e ganhars bem de forma que ajudars esse crente a ir frica. As misses recusam-se ;t envi-lo, ms a tua tbua de lavar roupa o enviar."

    "At hoje a tbua de lavar roupa ainda supre as suas necessidades, e, o que importante. Deus abenoou muito o trabalho deste crente, o qual tem sido fiel no trabalho de levar almas a Cristo. Aps algum tempo, havia ali uma igreja.

    Passado algum tempo o Senhor falou-me ainda uma vez acerca deste obreiro, dizendo: "O missionrio na frica necessita um harmnio; ele no tem qualquer Misso que o sustente e que lho oferea; conta somente com a tua tbua de lavar. Aumentarei o nmero de teus fregueses e dentro de trinta dias ganhars o suficiente para compr-lo". Assim aconteceu e o harmonio foi para a frica.

    Agora quando toco o meu piano (a tbua de lavar), penso que na frica esto tocando o harmonio. Quando me sinto cansada, parece-me ouvir o lindo som do instrumento e penso na alegria que isso d aos pobres pagos que se deleitam com as harmonias que o harmonio lhes oferece.

    O ltimo sermo uma advertncia a todos ns que pouco ou nada estamos fazendo a favor das misses, longe ou perto, dentro ou fora da ptria.

    A ficam os sermes de Sofia para que os leitores os comentem e os apliquem a vida diria, conferindo se eles esto sendo vividos para glria de nosso Deus.

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    CAPITULO XII

    TEMPO DE INVENTRIO Que o corao do homem enganoso, um fato conhecido,

    proclamado e provado, em todos os tempos. Sempre desconfiei do corao dos outros, sem jamais supor que o meu fosse capaz de me trair tantas vezes. As palavras "examinai-vos a vs mesmos" sempre tiveram em mim uma aplicao muito restrita e superficial. O corao no deseja que se faa um exame em ordem, sem pressa, criterioso, justo, imparcial, capaz de lhe condenar os prprios atos e pensamentos e de lhe mostrar a negligncia e a pouca importncia em que tem as coi-sas de Deus.

    O corao no se conforma com a humildade; sempre quer demonstrar possuir maiores e melhores qualidades do que as que realmente possui. Quer fazer crer aos outros, que j fz muita coisa til; quer mostrar que fz mais do que devia fazer, mais do que estava em seu alcance executar. O homem, quase sempre, vtima do prprio corao que enganoso e mau. Confesso que tenho sido vtima do meu prprio corao, pois tenho confiado, demasiadamente, no corao enganoso.

    Tenho corrido risco de chegar beira da falncia espiritual. Mas, a voz do Esprito Santo no cessa de avisar, de mostrar, de aconselhar e do prevenir dos perigos que existem em confiar no "eu".

    Agora chegou o momento de fazer um inventrio espiritual, mesmo contra a vontade do meu corao, para saber se h perdas ou ganhos na vida que vivo com Deus. Quero verificar se tenho falhado ou se tenho correspondido s possibilidades que o Senhor tem posto ao meu alcance.

    Preciso saber se sou rico na f ou pobre na graa. Necessito ter a certeza se posso continuar com o mesmo mtodo de vida, como at aqui, ou se devo dar novo rumo ao meu barco. Depois de examinar os pontos de que tenho falado, devo dizer se estou ou no em falta para com Deus.

    Embora eu pense que tenho feito alguma coisa digna e nobre, vejo que tenho fracassado em relao s possibilidades, em relao ao muito que podia ter feito t no o fiz. No tenho aproveitado o tempo de que disponho para fazer algo de til pelos pecadores. Se algum esforo mostrei, talvez haja sido feito por interesse ou por egoismo, por isso, considero tudo um trabalho nulo, para constar no inventrio. Na minha convivncia com 08 homens, nem sempre a luz de Cristo brilhou, como devia brilhar. Nem sempre tenho falado do amor de Deus, como devia falar. No tenho contado a todos o que Jesus tem feito por mim; portanto sou faltoso diante de Deus. No tenho saldo a meu favor.

    No meu trato com os irmos, a minha atitude nem sempre tem correspondido amizade crist. No tenho mostrado o verdadeiro amor fraternal. Tenho sido indiferente para com os santos, no tenho participado de suas aflies. No raro tenho murmurado contra a

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    conduta de alguns, em vez de os ajudar, com as oraes. Nem aqui eu tenho sido um exemplo cristo. Portanto nada posso creditar, para somar como lucro, no inventrio espiritual.

    Nas minhas obrigaes para com Deus, embora a voz do corao enganoso se eleve acima de outras vozes, dizendo que tenho alcanado xito, eu sei que no tenho aproveitado todas as oportunidades para fazer obras melhores do que tenho feito.

    No hei cumprido, fielmente, a promessa que fiz de, em tudo, executar a Sua vontade, pois muitas vezes tenho feito a minha.

    Nem sempre sou coerente na minha vida. A minha f tem sido pouca e muito fraca. Em muitos casos, a ingratido tem se manifestado, quando eu devia dar graas e no o fiz. Tenho procurado fugir ao dever de trabalhar para o engrandecimento do Seu Reino. No tenho amado o Seu nome mais do que todas as coisas. Muitas vezes tomei para mim a glria que a Ele pertence. Os meus ouvidos no tem estado atentos para ouvir a Sua voz. Tenho pensado mais nos meus interesses particulares do que nos negcios do Reino. No tenho dito amm a toda a Sua vontade. Ainda, aqui, no vejo capital para colocar na coluna de lucros de meu inventrio. A continuar assim, s me espera a bancarrota espiritual.

    preciso, portanto, dar nova orientao aos negcios, adquirir novos valores, traar novas normas para a vida e novos mtodos de operar. No basta ouvir a voz do corao, quando diz: rico sou. necessrio possuir dinheiro do cu, isto , a f viva, pois a f a nica moeda de valor que tem curso no Reino de Deus. Para escapar falncia, tenho que recorrer a Deus, e negociar com moeda e artigos dos cus.

    De hoje em diante quero fazer contnuo inventrio, nos meus negcios e na minha vida, para no chegar falncia, misria, ao descrdito e ruina espiritual.

    Irmo, qual a tua condio espiritual nesse sentido? Tens feito inventrio completo em tua vida? O balano acusa saldo ou "dficit", Tens confiado mais no corao enganoso do que na vontade de Deus? Queres, agora, iniciar novos negcios, nova vida, vida de inventrio espiritual?

    Amigo, vs o perigo em que correm as que tm seus negocias mal dirigidos, aqueles que confiam mais em si prprios do que em Deus? No vs quo pouco valor tm, diante de Deus as nossas obras, os nossos esforos e o nosso saber? Queres continuar a confiar no esforo prprio, no corao enganoso, ou queres confiar era Deus?

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    CAPITULO XIII

    CRISTOS DE ONTEM E DE HOJE Antigamente no Brasil os evanglicos eram denominados

    "Bblias". Esse tratamento, sem dvida, vinha-lhes em virtude de viverem o Evangelho. O seu testemunho era to convincente que o mundo atestava estar diante de uma "Bblia".

    No importava, naqueles dias, que o apelido ou nome lhes fosse dado ou imposto por desdm ou em lugar de cruz; o que importava era que o mundo lesse nas vidas dos salvos o que est escrito nas pginas da Bblia, e assim acontecia. Homens como J. M. da Conceio, que abandonou a batina para dedicar-se pregao do Evangelho e que ofereceu sua vida em holocausto voluntrio obra de evangelizao do Brasil, palmilhando estradas que cortam os Estados em todas as direes, sem atentar para outra recompensa a no ser a coroa da vida, insistimos, crentes dessa tempera merecem ser chamados "Bblias".

    Entretanto, com grande tristeza, notamos que hoje tudo mudou. O mundo no v na conduta de cada crente uma "Bblia", e se no tem motivos justos para tratar o crente de Bblia", algum eclipse espiritual interrompeu o brilho da luz do cu impedindo que essa luz reflita a beleza de Cristo.

    A Bblia no perdeu nem perder seu fulgor, mas os crentes perderam o primeiro amor; o Livro de Deus continua a ser o mesmo luzeiro dos sculos, porm os crentes distanciaram-se da cruz. A Bblia fala a mesma linguagem divina, entretanto os cristos depressa se acomodaram com o linguajar do Egito e com o paladar das cebolas.

    Os homens j no vem "Bblias", como outrora, andando pelas ruas e cruzando as praas, evangelizando e deixando o aroma de Cristo por onde quer que passavam, impondo respeito ao prprio Demnio. Que vem os homens, em lugar de "Bblias"? Vero homens carregados de preconceitos e leis eclesisticas? Vero algum mais interessado por um pergaminho do que pela salvao dos pescadores? Atentaro para homens impando de orgulho denominacional, gloriando-se em es-tatsticas sem verificar se palha ou gro?

    A prosperidade material da igreja nem sempre ndice de crescimento espiritual. Melhor do que orgulho denominacional ou qualquer outra espcie de orgulho, melhor, repetimos, orar a Deus que d Sua Igreja cristos de qualidade, homens que adornem a coroa com seus talentos e com sua fidelidade, dos quais se possa dizer que seus caracteres so de ouro de elevado quilate.

    Muitas cristos suspiram pelo dia em que sejam maioria para governar a nao, mas talvez no tenham presente a qualidade de cristos que so dignos de governar. A ver a maioria mandar e governar sem Cristo, embora se diga crist, prefervel que tal no acontea. Mil vezes ser minoria entre as naes, mas conservar a vida espiritual dos domnios da f, a encher a. boca de ordens e assinar decretos sem a assistncia de Deus.

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    O mundo no se interessa muito pela vida da Igreja, mas repara quando h grupos de pessoas egostas que, cegos pela poltica religiosa, investem uns contra outros, enquanto as almas sem Cristo so envolvidas e tragadas pelos laos que o pecado e a maldade armaram em cada encruzilhada.

    Cristos de hoje, no ficais compungidos pelo quadro desolador que se apresenta diante de vossos olhos? No vos di o corao por haverdes perdido a luz e a graa que ornavam os mrtires e conservavam as feras a distncia? No vos pesa a conscincia de haverdes perdido essa atrao do nome de JESUS que era uma ban-deira contra o pecado? Sim, Cristos de hoje, porque no voltais f antiga, ao conceito que os "Bblias" gozavam entre o povo? Cristos de hoje, que fizestes da herana que os pioneiros da f vos legaram? Cristos de hoje, no vedes o perigo que vos cerca se vos aparentardes com o mundo e vos associardes com os inimigos da f? Temeis que os homens vos tratem como cristos? Pois bem. O cristo tem uma cruz que deve levar e essa cruz o vituprio de Cristo. Quem abandonar a cruz perdeu a moeda com que se alcana a coroa da vida. Quem serrar e diminuir o peso e as dimenses da cruz, torna-a mais leve, mas no conseguir alcanar a outra margem do Rio da Vida, pois a cruz forma a ponte pela qual se atravessa para a terra da promessa, para os do-mnios da f.

    Dizei-me, cristos de hoje, quem vos enganou e vos iludiu, fazendo-vos crer que melhor ser reverenciado como hipcrita do que desprezado mas temido como puritano? No creais em tal engodo de Satans.

    Se o Diabo conseguir acorrentar-vos aos preconceitos e roubar a vossa conduta e o conceito de cristo, acenando com lisonjas e honrarias, depressa concluireis que perdestes na transao e, ainda mais, aps serdes vencidos, sereis tambm humilhados.

    Satans no vos poupar. Depois de vos desarmar, zombar da vossa f, blasfemar contra vosso Deus, desafiar a virtude dos santos e vos lanar em rosto a fraqueza.

    Cristos de hoje, no cedais uma polegada no terreno da crena em Deus. Honrai a confisso que fizestes ao aceitar o Evangelho, transformai a zombaria em gozo, fazei da vossa f um tesouro mui amado com o qual alcanareis o que nenhum dinheiro consegue um lugar com Jeov e seu Filho no novo cu e na nova terra.

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    CAPITULO XIV

    PASTOR, QUE VS NA CONGREGAO? Pode o pregador ou o pastor descobrir algum motivo na

    congregao que o inspire a tomar boas resolues? A congregao pode pregar ao pastor? Como possvel o pregador ouvir a mensagem muda que a congregao prega? Que sermes a congregao sugere? Falar, mas tambm ouvir, eis um assunto a que os homens de Deus que tem responsabilidade no trabalho e na igreja ainda no deram grande ateno. Entretanto uni assunto que pode determinar o fracasso de uma igreja, o sucesso de um povo, a vitria de uma congregao ou o desaparecimento de uma comunidade.

    O pregador perspicaz no fala somente. le tem suas oportunidades de falar, mas, tambm, est atento a ouvir quando o Esprito Santo prega sua alma e a congregao fala ao seu corao.

    O Pastor ou o pregador dotado de certo conhecimento psicolgico, ao entrar no templo, lanando um olhar sobre o auditrio, lendo a unanimidade do pensamento da congregao, v ali esplndida a terra preparada para lanar a semente. No fervor da congregao descobre um motivo para aumentar o seu zelo. A solidariedade da igreja pode ser um sermo eloqente pelo qual o pregador sentir-se- apoiado na graa de Deus e unido aos sentimentos elevados do povo.

    A consagrao e dedicao da congregao ao servio do Senhor, fala a linguagem casta do amor causa, e o pregador nessa manifestao tem a certeza de que a Palavra no voltar vazia.

    Os bancos cheios pregam o sermo do servio missionrio e apontam o interesse para com*as almas. A ateno do povo indica que h fome de Deus, e o pregador saber corresponder as necessidades apontadas neste sermo.

    A presena dos membros que moram longe do templo pode ser um sermo que leve o pregador a consagrar ainda mais a sua vida ao Senhor e, se necessrio, at ao sacrifcio, para no fazer menos do que os membros. O temor de Deus manifesto na congregao prega o ser-mo da necessidade de santidade ao Senhor. Se o temor visvel e sensvel no auditrio, por certo ser real no plpito, e s-lo-, tambm, na vida do pregador!

    Se o povo contribui liberalmente, a congregao demonstra que tanto o corao como a bolsa esto convertidos a Cristo, e que fcil pregar e obedecer ao "Ide" de Jesus aos discpulos.

    So tantos e to vrios os sermes que a congregao prega, que no possvel registr-los todos num captulo de um livro. O pregador atento e solcito s necessidades do rebanho sentir o impulso de cada movimento que a congregao fizer. Descobrir, entre o povo, os talentos que Deus lhe proporcionou para cooperao e bno dos salvos e salvao dos que no tm Cristo.

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    H talentos nas vozes que podem louvar a Deus, e que valor extraordinrio se esses talentos forem movimentados pelo Esprito Santo. Que vs na congregao? Vs pessoas humildes, sem aparncia ou grandeza, que derramam seus coraes diante do Senhor em orao? Acaso no vs nessas pessoas instrumentos que Deus pode usar para visitar os enfermos, nas casas e nos hospitais, ou mesmo para ir aos novos convertidos e anim-los a continuar no caminho da f, ou ainda, confortar os que esto fracos e que necessitam de conselhos repassados de prudncia?

    Que vs na congregao? Vs a mocidade transbordando de vida e desejosa de entrar em ao? D-lhe uma ocupao que seja til ao trabalho do Senhor. Aproveita o seu entusiasmo e instrui os jovens a sair pelas ruas e praas distribuindo literatura; jornais, tratados e a falar pessoalmente de Cristo a quem pedir razo de sua f.

    H ainda mais alguma coisa de muito interesse na congregao: As crianas a quem os adultos dispensam pouca ateno, requerem o trato das flores. Muitos julgam intil o dispensar zelo e cuidado s crianas, mas o tempo que se lhes d, o ensino que se lhes ministra, centuplicado em bnos no futuro, e seria um crime no semear a graa e a f nos coraes que ainda guardam certo grau de pureza e inocncia.

    O pastor que tem os ouvidos da f alertados s necessidades da igreja e o corao consagrado a Deus, ver na congregao um campo imenso de possibilidades e inspirao, pois o simples fato de contemplar os bancos da casa de Deus aparece ante seus olhos como um exrcito em atividade para a paz.

    Estas e ainda outras circunstncias so parte integrante da vida da congregao que vive ocupada na salvao de almas e que o pastor descobre e utiliza para bno do trabalho e do ministrio. Que vs na congregao? Os teus olhos esto to carregados que no descobrem a vida intensa, a matria prima pronta a ser usada na Igreja do penhor?

    Pastor, a tua responsabilidade grande. A tarefa difcil. A obra pertence aos domnios da f, e s o Dono da obra pode iluminar a mente para veres os valores teis na congregao, que tem sua linguagem peculiar.

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    CAPITULO XV

    CIDADE DO PECADO Forado por imperiosas e vrias circunstncias, Bom-Senso

    ausentou-se da cidade em que vivia exilando-se em pas distante, sem jamais esquecer os seus queridos e sentindo profundas saudades do lar. Passado muito tempo as saudades aumentaram. O desejo de rever o seu povo andar no temor de Deus tornou-se muito forte e Bom-Senso resolveu voltar cidade em que antes morava.

    Quando chegou s portas da cidade, estremeceu sem saber porque. Pensou que tal estremecimento fosse o efeito produzido pela comoo que sentia ao regressar ao lar, depois de grande ausncia, e no deu maior importncia ao fato. Ao penetrar as primeiras ruas da cidade, sentiu nova e estranha sensao, mas levou tudo conta de um sentimento passageiro que breve se desfaria.

    Continuou sua marcha para dentro da cidade. Ao encarar com um tal Loquaz, representante do povo, notou que no s Loquaz, mas todos os habitantes o olhavam como um ser estranho e inimigo.

    Bom-Senso conhecia as ruas e as praas. Tudo ali lhe era familiar, mas os habitantes no eram os mesmos. Os costumes estavam mudados. As maneiras do povo estavam em contraste com a antiga lei de Deus e ofendiam a justia divina. As grandes casas de negcio pos-suam novos nomes e os artigos agora eram diferentes.

    Procurou alguns amigos que temiam a Deus, os quais haviam ficado na cidade quando ele partiu, mas que surpresa, uns haviam sido presos e outros expulsos. Um deles, a Justia, num dia de remarcada loucura, quando o povo ouviu um discurso de um chefe de quarteiro que se chama dio, foi amordaada, e levada praa pblica e ali despojada da-- sua balana que pesava e julgava com retido. Desde ento ningum mais a viu exercendo atividade.

    Outro amigo de Bom-Senso. a Verdade, teve que lutar com um tal Trapaa que tinha a seu servio todos os servos de Engano. Em razo de os habitantes havere