CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA INTERNA XIII Congresso da...

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dos cinco candidatos. Depois da morte de Jonas Savimbi, em 2002, Sama- kuva ganhou sempre folga- damente os concorrentes. Foi assim no IX Congresso, quando derrotou o general Lukamba Paulo “Gato”, então coordenador da Comissão de Gestão criada após à morte de Jonas Savimbi. A história repetiu-se em 2007, 2011 e 2015, com Abel Chivuku- vuku, José Pedro Kachiun- go e, novamente, Lukam- ba Gato e Abílio Kamalata Numa a serem os derrotados, nos X, XI e XII congressos, respectivamente. A aprovação e adopção da estratégia da UNITA, a revisão dos estatutos, programa maior e símbolos do partido são alguns dos assuntos a serem discutidos no XIII Congresso. Mas, a eleição do novo presidente da UNITA é o principal ponto da agenda. A expectativa está em saber quem será o substituto de Samakuva e o terceiro pre- sidente do partido. Alguns analistas apontam para Alcides Sakala e Adal- berto Júnior como os favoritos para a eleição. Mas um mem- bro da organização juvenil do partido aconselha que não haja triunfalismos, alertando que este pode ser o congresso das surpresas. Aqui chegados, apresen- tamos o perfil dos cinco can- didatos à liderança da UNITA, referindo-nos, igualmente, ao posicionamento no bole- tim de voto. Bernardino Manje A UNITA dá, a partir de hoje, mais um passo no processo de consolidação da demo- cracia interna, ao realizar o XIII Congresso Ordinário do partido, que decorre sob o lema “Patriotismo, coesão e cidadania”. Trata-se do quinto congresso após o passamento do fundador do partido, Jonas Malheiro Savimbi, e o primeiro sem a concorrência do presidente cessante, Isaías Henrique Gola Samakuva, que deverá con- tinuar na política activa como futuro autarca ou deputado à Assembleia Nacional. Depois de 16 anos à frente dos destinos da UNITA (cor- respondentes a quatro man- datos de quatro anos), Isaías Samakuva deixa o lugar para um dos cinco candidatos que se perfilam à sua suces- são. Trata-se do vice-presi- dente cessante, Raul Manuel Danda, o secretário para as relações internacionais e porta-voz cessante do partido, Alcides Sakala Simões, o pre- sidente e 1º vice-presidente do grupo parlamentar, Adal- berto Costa Júnior e Estêvão José Pedro Kachiungo, res- pectivamente, bem como o antigo secretário-geral Abílio Kamalata Numa. O XIII Congresso Ordiná- rio da UNITA passa a ser o bem mais disputado da his- tória do partido, seja pelo número de concorrentes, seja pelo perfil de cada um CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA INTERNA Luanda acolhe o quinto conclave da UNITA após a morte de Jonas Savimbi e o primeiro sem a candidatura de Isaías Samakuva. A expectativa está em saber quem será o terceiro presidente da história do maior partido da oposição XIII Congresso da UNITA começa hoje Isaías Samakuva, 73 anos, deixa a liderança da UNITA, 16 anos depois de a ter assumido. Após quatro mandatos conse- cutivos, figuras de proa do par- tido fazem um balanço positivo da gestão do líder cessante. Em Outubro de 2017, quan- do Samakuva anunciou que abandonaria a liderança do partido, José Samuel Chiwale, co-fundador da UNITA, disse que o presidente cessante dei- xava um legado ímpar. “Quando nos sentíamos órfãos e perdidos, foi Sama- kuva quem juntou, novamente, a UNITA e agigantou-a até este ponto”, considerou, na altura, à Voz da América, o de- putado e general na reserva, referindo-se ao momento que se seguiu à morte de Jonas Savimbi. Para José Chiwale, que apoia a candidatura de Adal- berto Costa Júnior para a liderança da UNITA, a retirada de Isaías Samakuva “é, tam- bém, uma lição de democra- cia para Angola”. Alcides Sakala, que con- corre para o lugar a ser deixado por Samakuva, considera que este merece uma vénia, pelo contexto em que encontrou o partido. “Samakuva é um homem ponderado, ouve toda a gente antes de tomar decisões”, caracteriza Sakala, lembran- do que “não foi fácil substituir Jonas Savimbi”. “Pela forma como uniu e reergueu de novo a UNITA e a manteve como está hoje, pre- cisamos fazer uma vénia a Samakuva porque outros par- tidos históricos em África su- cumbiram”, exortou, na altura, o agora candidato, que, em caso de vitória, promete pre- servar a memória de Jonas Malheiro Savimbi e o legado do presidente cessante. Elogios à gestão de Samakuva Depois de 16 anos à frente dos destinos da UNITA (correspondentes a quatro mandatos de quatros anos), Isaías Samakuva deixa o lugar para um dos cinco candidatos que se perfilam à sucessão. A eleição para o novo presi- dente da UNITA poderá implicar uma segunda volta entre os dois candidatos mais votados, alertou, ontem, em Luanda, o porta-voz do XIII Congresso Ordinário do partido. Anastácio Ruben Sicato, que falava em conferência de imprensa sobre alguns aspec- tos do conclave, justificou a hipótese com o facto de que só poderá ser eleito à primeira volta quem conseguir 50 por cento dos votos mais um. “Se não conseguir, vamos ter que prolongar a votação para a segunda volta”, disse. Caso nenhum dos candi- datos obtenha 50 por cento dos votos mais um, esclareceu, os outros candidatos que nem sequer estiverem próximos para se submeterem a uma segunda volta poderão fazer declarações de apoio a outra candidatura. Durante a conferência de imprensa, Ruben Sicato garan- tiu que, depois do congresso, a UNITA vai sair mais forte do que nunca e não fragilizada, como algumas pessoas pre- vêem, com a justificação na mudança de direcção. Um dos pontos mais altos do conclave, disse, será a apre- sentação, pelo presidente cessante, Isaías Samakuva, de um relatório dos últimos quatro anos, onde está resu- mido tudo aquilo que foi de mais relevante neste período. O documento será avaliado pelos 1.169 congressistas. Além de delegados das 18 províncias do país , participam no congresso militantes radi- cados em países como Portugal, Espanha, Bélgica, Reino Unido, Holanda, Namíbia, República Democrática do Congo, Zâmbia, África do Sul e Estados Unidos. Edna Dala Pode haver segunda volta 4 DESTAQUE Quarta-feira 13 de Novembro de 2019 DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Amélia Judith Ernesto, coordenadora da Comissão Eleitoral do XIII Congresso Ordinário da UNITA, aquando do sorteio para o posicionamento dos candidatos no boletim de voto

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dos c inco candidatos .Depois da morte de JonasSavimbi, em 2002, Sama-kuva ganhou sempre folga-damente os concorrentes.Foi assim no IX Congresso,quando derrotou o general

Lukamba Paulo “Gato”, entãocoordenador da Comissãode Gestão criada após à mortede Jonas Savimbi. A históriarepetiu-se em 2007, 2011 e2015, com Abel Chivuku-vuku, José Pedro Kachiun-go e, novamente, Lukam-ba Gato e Abílio KamalataNuma a serem os derrotados,nos X, XI e XII congressos,respectivamente.A aprovação e adopção da

estratégia da UNITA, a revisãodos estatutos, programamaior e símbolos do partidosão alguns dos assuntos aserem discutidos no XIIICongresso. Mas, a eleição donovo presidente da UNITAé o principal ponto da agenda.A expectativa está em saberquem será o substituto deSamakuva e o terceiro pre-sidente do partido. Alguns analistas apontam

para Alcides Sakala e Adal-berto Júnior como os favoritospara a eleição. Mas um mem-bro da organização juvenildo partido aconselha que nãohaja triunfalismos, alertandoque este pode ser o congressodas surpresas. Aqui chegados, apresen-

tamos o perfil dos cinco can-didatos à liderança da UNITA,referindo-nos, igualmente,ao posicionamento no bole-tim de voto.

Bernardino Manje

A UNITA dá, a partir de hoje,mais um passo no processode consolidação da demo-cracia interna, ao realizar oXIII Congresso Ordináriodo partido, que decorre sobo lema “Patriotismo, coesãoe cidadania”.Trata-se do quinto congresso

após o passamento do fundadordo partido, Jonas MalheiroSavimbi, e o primeiro sem aconcorrência do presidentecessante, Isaías Henrique GolaSamakuva, que deverá con-tinuar na política activa comofuturo autarca ou deputado àAssembleia Nacional. Depois de 16 anos à frente

dos destinos da UNITA (cor-respondentes a quatro man-datos de quatro anos), IsaíasSamakuva deixa o lugar paraum dos cinco candidatosque se perfilam à sua suces-são. Trata-se do vice-presi-dente cessante, Raul ManuelDanda, o secretário para asrelações internacionais eporta-voz cessante do partido,Alcides Sakala Simões, o pre-sidente e 1º vice-presidentedo grupo parlamentar, Adal-berto Costa Júnior e EstêvãoJosé Pedro Kachiungo, res-pectivamente, bem como oantigo secretário-geral Abílio

Kamalata Numa. O XIII Congresso Ordiná-

rio da UNITA passa a ser obem mais disputado da his-tória do partido, seja pelonúmero de concorrentes,seja pelo perfil de cada um

CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA INTERNA

Luanda acolhe o quinto conclaveda UNITA após a morte de Jonas

Savimbi e o primeiro sem acandidatura de Isaías Samakuva. A expectativa está em saber quem

será o terceiro presidente dahistória do maior partido da

oposição

XIII Congresso da UNITA

começa hoje

Isaías Samakuva, 73 anos,deixa a liderança da UNITA, 16anos depois de a ter assumido.Após quatro mandatos conse-cutivos, figuras de proa do par-tido fazem um balanço positivoda gestão do líder cessante.

Em Outubro de 2017, quan-do Samakuva anunciou queabandonaria a liderança dopartido, José Samuel Chiwale,co-fundador da UNITA, disseque o presidente cessante dei-xava um legado ímpar.

“Quando nos sentíamosórfãos e perdidos, foi Sama-kuva quem juntou, novamente,a UNITA e agigantou-a atéeste ponto”, considerou, naaltura, à Voz da América, o de-putado e general na reserva,referindo-se ao momento quese seguiu à morte de JonasSavimbi.

Para José Chiwale, queapoia a candidatura de Adal-berto Costa Júnior para a

liderança da UNITA, a retiradade Isaías Samakuva “é, tam-bém, uma lição de democra-cia para Angola”.

Alcides Sakala, que con-corre para o lugar a ser deixadopor Samakuva, considera queeste merece uma vénia, pelocontexto em que encontrouo partido. “Samakuva é umhomem ponderado, ouve todaa gente antes de tomar decisões”,caracteriza Sakala, lembran-do que “não foi fácil substituirJonas Savimbi”.

“Pela forma como uniu ereergueu de novo a UNITA e amanteve como está hoje, pre-cisamos fazer uma vénia aSamakuva porque outros par-tidos históricos em África su-cumbiram”, exortou, na altura,o agora candidato, que, emcaso de vitória, promete pre-servar a memória de JonasMalheiro Savimbi e o legadodo presidente cessante.

Elogios à gestão de Samakuva

Depois de 16 anos à frente dos destinos da UNITA (correspondentes a quatro mandatos

de quatros anos), Isaías Samakuva deixa o lugar para um dos cinco candidatos

que se perfilam à sucessão.

A eleição para o novo presi-dente da UNITA poderá implicaruma segunda volta entre osdois candidatos mais votados,alertou, ontem, em Luanda, oporta-voz do XIII CongressoOrdinário do partido.

Anastácio Ruben Sicato,que falava em conferência deimprensa sobre alguns aspec-tos do conclave, justificou ahipótese com o facto de quesó poderá ser eleito à primeiravolta quem conseguir 50 porcento dos votos mais um. “Senão conseguir, vamos ter queprolongar a votação para asegunda volta”, disse.

Caso nenhum dos candi-datos obtenha 50 por centodos votos mais um, esclareceu,os outros candidatos que nemsequer estiverem próximospara se submeterem a umasegunda volta poderão fazerdeclarações de apoio a outracandidatura.

Durante a conferência deimprensa, Ruben Sicato garan-tiu que, depois do congresso,a UNITA vai sair mais forte doque nunca e não fragilizada,como algumas pessoas pre-vêem, com a justificação namudança de direcção.

Um dos pontos mais altosdo conclave, disse, será a apre-sentação, pelo presidentecessante, Isaías Samakuva,de um relatório dos últimosquatro anos, onde está resu-mido tudo aquilo que foi demais relevante neste período.O documento será avaliadopelos 1.169 congressistas.

Além de delegados das 18províncias do país , participamno congresso militantes radi-cados em países como Portugal,Espanha, Bélgica, Reino Unido,Holanda, Namíbia, RepúblicaDemocrática do Congo, Zâmbia,África do Sul e Estados Unidos.

Edna Dala

Pode haver segunda volta

4 DESTAQUE Quarta-feira13 de Novembro de 2019

DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Amélia Judith Ernesto, coordenadora da Comissão Eleitoral do XIII Congresso Ordinário da UNITA, aquando do sorteio para o posicionamento dos candidatos no boletim de voto

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O nº 1 no boletim de voto éEstêvão José Pedro Ka-chiungo. Com 56 anos, é omais novo de todos os candi-datos mas, curiosamente, oque mais tempo tem na direc-ção da UNITA: 39 anos.

Nascido no município deKachiungo, província do Hu-ambo, José Kachiungo é for-mado em Engenharia Geo-lógica e fez uma segundalicenciatura em Ciências Polí-ticas, além do mestrado emAdministração Pública.

Entre as funções exercidasno aparelho do partido, des-taca-se a de director do gabinetedo presidente fundador, JonasSavimbi, e de membro da mis-são externa. Actualmente, édeputado à Assembleia Nacio-nal, onde ocupa o cargo de 1º

vice-presidente do grupo par-lamentar. José Pedro Kachi-ungo, que concorre pela se-gunda vez à liderança da UNITA,depois de 2011, terá surpreen-dido alguns quando, em plenacampanha, anunciou que nãovai concorrer ao cargo de Pre-sidente da República, casoseja eleito líder da UNITA. Ocandidato sustentou que oseu foco é a reestruturaçãodo partido, para torná-lo maisrobusto e poder, assim, venceras primeiras eleições autár-quicas no país, previstas parao próximo ano.

José Kachiungo promete,igualmente, dar mais aten-ção aos jovens. “O futuro deAngola vai passar pela ener-gia, coragem e ousadia dajuventude”, considera.

José Pedro KachiungoO sorteio ditou que RaulDanda fosse o nº 2 no boletimde voto. Este candidato nas-ceu há 62 anos em Cabinda.É licenciado em Gestão deEmpresas, mas notabilizou-se como jornalista da Vorgan(então rádio da UNITA) e,posteriormente, da RádioNacional de Angola, ondeera locutor. Raul Danda évice-presidente cessante daUNITA e deputado à Assem-bleia Nacional, onde já foilíder do grupo parlamentar.

Danda, cuja candidaturaestava em vias de ser chum-bada, devido à interpretaçãode uma das normas dos esta-tutos relativa aos anos demilitância, acredita que, com-parativamente aos outroscandidatos, parte em van-tagem, justificando a afir-mação com o estatuto device-presidente cessante.

A necessidade de umamaior promoção e valoriza-ção da mulher e a participa-ção dela nos órgãos de de-cisão e direcção, bem comoa aposta na formação de qua-dros, em particular de jovens,estão entre as linhas de forçadeste candidato, cujo lemada campanha foi “Do passadoao presente, o testemunhopara o futuro”.

Além da redução da com-posição do Comité Perma-nente da Comissão Políticada UNITA, Danda manifesta,igualmente, a pretensão defazer com que a participaçãoda mulher a nível da UNITAatinja 45 por cento, com ten-dência de chegar à paridade.Justifica a posição com o factode a maioria da populaçãoangolana ser do sexo femininoe por as mulheres tambémserem competentes.

Raul Manuel Danda

O deputado Adalberto CostaJúnior, que divide ao meioo posicionamento no boletimde voto, nasceu a 8 de Maiode 1962 em Quinjenje, pro-víncia do Huambo. Antes deliderar o grupo parlamentarda UNITA, foi representantedo partido em Portugal, Itáliae Vaticano, secretário pro-vincial em Luanda, secretáriopara a comunicação e mar-keting, porta-voz e secretáriopara o património do partido.

Formou-se em EngenhariaElectrotécnica, pela Univer-sidade do Porto, Portugal.Esta licenciatura foi colocadaem dúvida pelos seus adver-sários, alegadamente pelofacto de o candidato nuncater apresentado o diploma.

Além disso, a candidaturade Adalberto Júnior tambémtinha sido condicionada pela“Comissão de Mandatos”do congresso, pelo facto de,durante a formalização da

mesma, não ter apresentadoa renúncia à nacionalidadeportuguesa. Os estatutosda UNITA proíbem a duplanacionalidade, mas o can-didato foi a tempo de apre-sentar uma certidão quecomprovava que já não eracidadão português.

Adalberto Júnior promete,entre outros pontos, dar cor-po ao projecto da FundaçãoJonas Malheiro Savimbi,recuperar e ampliar o patri-mónio do partido.

Como estratégia para opaís, promete iniciar um “pro-cesso de negociação” como Executivo, outros partidose a sociedade civil para arevisão da Constituição, tor-nar a CNE numa “instituiçãoindependente, equidistantee credível”, “despartidarizaro aparelho do Estado” e levara debate, com a sociedadecivil, as linhas fundamentaisda reforma do Estado.

Adalberto Costa Júnior

José Augusto Abílio Kama-lata Numaé o candidato nº4 no boletim de voto. Naturaldo Cubal, província de Ben-guela, onde nasceu há 64anos, volta a candidatar-seà liderança da UNITA, depoisde, no último congresso (em2015), ter sido derrotado porIsaías Samakuva.

General na reserva e umdos fundadores das ForçasArmadas Angolanas (FAA),juntamente com o generalJoão Baptista de Matos,Kamalata Numa compro-mete-se a transformar a UNITAnum “partido pan-africanoe moderno”.

Essa transformação, su-blinhou, passa, igualmente,pela capacitação do partidopara ganhar as próximaseleições gerais, em 2022, eestabelecer, assim, aquiloque chama de uma “novaordem para Angola”.

Segundo o candidato,este congresso marca o fimde uma etapa política no par-tido e servirá para desenca-dear um novo ciclo, queresponsabilizará a próximaliderança em dar maior cele-ridade ao movimento damudança em Angola.

Abílio Kamalata Numa,um dos poucos no seio dopartido que criticava abertae directamente a liderançade Isaías Samakuva, referiuque a ausência de uma res-posta à pergunta de JonasSavimbi sobre a capacidadede mobilização “tem adiadoa transformação da UNITAem partido de Governo nes-tes 53 anos de luta de resis-tência, oposição e ma-terialização do Projecto doMuangai (princípios orien-tadores da UNITA), no âm-bito do Pan-africanismo daNova Ordem”.

Abílio Kamalata Numa

O deputado Alcides SakalaSimõesé, a par de AdalbertoCosta Júnior, um dos favo-ritos à eleição. O candidato,que completa 66 anos emDezembro, é natural do Bai-lundo, Huambo. Diplomatade carreira, é licenciado emRelações Internacionais emestre sobre Estudos euro-peus e africanos.

Brigadeiro na reforma,foi representante da UNITAnos Estados Unidos, Alema-nha Federal, Portugal, Reinoda Bélgica, junto dos paísesde Benelux, e na União Euro-peia, bem como presidentedo grupo parlamentar.

Sakala é tido como o can-didato da continuidade, pelofacto de a maior parte dosapoiantes de peso fazer parteda direcção cessante. Masnega que esteja a ser apoiadopor Isaías Samakuva. “O pre-sidente cessante tem enco-

rajado todas as candidaturas.É um papel que ele faz bem,nesta perspectiva de pro-curar encorajar esse processointerno democrático”, diz.

Além de várias figuras dadirecção cessante, Sakalaconta com o apoio directo eaberto de familiares de JonasSavimbi, como são os casosdos filhos Joss Savimbi eTão Kangajo Savimbi, alémdo sobrinho Esteves Pena“Kamy”.

No seu manifesto eleitoral,cujo lema é “Unidade, inte-gridade e acção para a vitória”,promete aprofundamento dademocracia interna, diplo-macia mais eficiente, valori-zação da mulher, prioridadeà juventude, prestação de con-tas, assistência financeira aosrecursos humanos do partido,mais atenção aos antigos com-batentes e abertura às con-tribuições da sociedade.

Alcides Sakala

Quarta-feira13 de Novembro de 2019 5DESTAQUE

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