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XIV Jornada de Estudos Antigos e Medievais Cidades, comércio e instituições educativas: espaços de civilidade, urbanidade e

conhecimento na Antiguidade e na Idade Média

CADERNO DE RESUMOS

Maringá-PR 2015

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FICHA TÉCNICA XIV Jornada de Estudos Antigos e Medievais Cidades, comércio e instituições educativas: espaços de civilidade, urbanidade e conhecimento na Antiguidade e na Idade Média Promoção Universidade Estadual de Maringá Programa de Pós-Graduação em Educação Coordenação Geral Prof.ª Dr.ª Terezinha Oliviera (UEM) Prof.ª Dr.ª Angelita Marques Visalli (UEL) Comissão Científica: Adriana Maria de Souza Zierer (UEMA) Alexandra Carucci (Itália) Ana Márcia Alves Siqueira (UFC) Ana Paula Tavares de Magalhães (USP) Armênia Maria de Souza (UFG) Dulce Oliveira Amarante Ennio Sanzi (Itália) Gerald Cresta (Argentina) Gilvan Ventura (UFES) Leila Rodrigues da Silva (UERJ) Maria Dailza Fagundes (UEG) Maria Teresa Gonçalves Botto Carrasco dos Santos (Portugal) Mário Jorge da Motta Bastos (UFF) Apoio:

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Sumário CONFERÊNCIAS “Historia y proceso del poder soberano desde la Edad Media” Giannina Burlando Bravo ..............................................................................13 La sistematización de los trascendentales del ser en su desarrollo histórico” Norberto Gerald Cresta.................................................................................13 A dicotomia ético-política dos espaços: a perspectiva humanista de Sigea Maria Teresa Carrasco Salvador Gonçalves dos Santos ..................................14 PALESTRAS TEMÁTICAS Educação e Religiosidade na visión de Don Túngano (Visão de Túndalo) Adriana Maria de Souza Zierer ......................................................................15 Boaventura de Bagnoregio: Ordem Franciscana, Conhecimento e Universidade no Século XIII Ana Paula Tavares Magalhães .......................................................................15 A Educação retórica e a autorepresentação na Literatura Trajânica Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi ..............................................16 A Humildade entre texto e imagem: a construção da virtude da humildade entre observantes a partir da Franceschina (1474) Angelita Marques Visalli................................................................................16 La Dialéctica del tiempo y la eternidad en Plotino y San Agustin David Emilio Morales Troncoso .....................................................................17 A saúde do Reino (Portugal, Séculos xiv-xvI) Dulce Oliveira Amarante dos Santos..............................................................17 Os mercadores medievais e seus manuais: a formação de uma cultura mercantil Jaime Estevão dos Reis..................................................................................18

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Sêneca e o Cristianismo José Joaquim Pereira Melo ........................................................................... 18 O magistério episcopal na Antiguidade tardia Marcos Roberto Piratelli ............................................................................... 19 Savoir Faire: A prática e o discurso sobre a arte na Idade Média Maria Eurydice de Barros Ribeiro.................................................................. 20 “E o verde violentou as muralhas”: campo e cidade na Alta Idade Média ocidental Mario Jorge da Motta Bastos........................................................................ 20 Sobre a melhor maneira de traduzir: São Jeronimo e o mundo editorial latino na Antiguidade Tardia Raquel de Fátima Parmegiani ....................................................................... 21 Viver e sobreviver na Roma Renata Lopes Biazotto Venturini................................................................... 21 Os múltiplos significados do sangue nas relações cristãs judaicas (sec. XII a XV). A construção dos mitos antijudaicos Sergio Alberto Feldman ................................................................................ 22 Rutebeuf e a querela entre os Mestres Seculares e os Mendicantes Terezinha Oliveira ........................................................................................ 22 COMUNICAÇÕES Plutarco e a província grega Adriele Andrade Ceola Renata Lopes Biazotto Venturini................................................................... 24 Commilito et vir militaris: aspectos bélicos da exaltação do imperador romano em Plínio, o Jovem Alex Aparecido da Costa Renata Lopes Biazotto Venturini................................................................... 24

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As xilogravuras apocalípticas de Albrecht Dürer: uma proposta de análise (Pôster) Alisson G. G. Bella Angelita Marques Visalli................................................................................25 Didascalicon e De Sacramentis Christianae Fidei (De Sacramentis): um estudo do projeto educacional de Hugo de Saint Victor Ana Paula dos Santos Viana Terezinha Oliveira.........................................................................................26 Cristocentrismo e Francisco de Assis na cena do encontro em São Damião, Giotto: Sobre o direcionamento de olhar do observador a partir de um afresco da Basílica de São Francisco, Assis André Luiz Marcondes Pelegrinelli Angelita Marques Visalli................................................................................26 O Miles Gloriosus de Plauto: uma comédia política Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Rossi Milton Genésio de Brito................................................................................27 Cidades e as Ordens Mendicantes no século XIII (Pôster) Beatriz de Souza Oliveira Terezinha Oliveira.........................................................................................27 Tomás Comentador de Aristóteles: O Comentário à Física Camila de Souza Ezídio..................................................................................28 O perfil feminino da mulher religiosa e da mulher comum na produção poética de D. Alfonso X. Estudo do texto e da imagem Carlos Henrique Durlo Clarice Zamonaro Cortez...............................................................................29 A devoção de Afonso X: Rosa das Rosas Célia Santos da Rosa Keila Mara Fraga Ramos de Oliveira ..............................................................29 A questão da usura em Robert de Courçon Claudinei Magno Magre Mendes Terezinha Oliveira Conceição Solange Bution Perin ....................................................................30

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O caráter formativo das noções de “conhecimento de si” e “cuidado de si” no diálogo platônico Primeiro Alcibíades Edson da Silva Afonso................................................................................... 31 As funções e idealizações do conceito de santidade feminina na obra “Vida da Sereníssima Princesa Dona Joana filha D’El-Rei Dom Afonso o Quinto de Portugal” (1585) de Nicolau Dias Gabrieu de Queiros Souza ............................................................................ 31 O riso em Miguel de Cervantes: uma leitura de Dom Quixote Jeferson Silva Ribeiro Jaime Estevão dos Reis ................................................................................. 32 As estratégias de conversão na Sardenha desenvolvidas pelo papa Gregório I João Paulo Charrone..................................................................................... 33 A presença do Mito nos Diálogos Platônicos José Beluci Caporalini ................................................................................... 33 “Stadtluft macht frei”: a “libertação” das obrigações feudais José de Arimathéia Cordeiro Custódio .......................................................... 34 Sêneca e a formação pelo exemplo negativo José Joaquim Pereira Melo ........................................................................... 34 Relações de gênero na literatura latina do século II d. C: representações de Apuleio em O Asno de Ouro Lahís Moreno Gibelato ................................................................................. 35 Considerações acerca da História da Educação na formação do professor: análise de duas cartas de Jerônimo Lais Boveto Terezinha Oliveira ........................................................................................ 35 A Universidade medieval: estudo historiográfico Larissa Laís Santos Patrícia Caroline da Rocha Leprique Terezinha Oliveira ........................................................................................ 36

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Um estudo sobre a questão do respeito na Suma Teológica do mestre Tomás de Aquino e sua contribuição para o século XIII Lorena Faccin Rosa Terezinha Oliveira.........................................................................................37 As cartas de São Jerônimo à luz da formação social Lorena Melissa dos Santos Terezinha Oliveira.........................................................................................37 A figura de Haroldo Godwinson como exemplo negativo de realeza na crônica de Guilherme de Poitiers Lucio Carlos Ferrarese Jaime Estevão dos Reis..................................................................................38 Aspectos da moralidade cristã presentes na obra de Mortibus Persecutorum, de Lactâncio Luís Fernando Pessoa Alexandre ...................................................................39 A nobreza medieval castelhana: uma discussão historiográfica Luiz Augusto Oliveira Ribeiro Jaime Estevão dos Reis..................................................................................39 A tragédia Tiestes de Sêneca e seu aspecto educativo Marcelo Augusto Pirateli José Joaquim Pereira Melo............................................................................40 A Biografia e a Prosopografia na antiguidade clássica: abrangências e limitações de seu uso Marcos Luís Ehrhardt ....................................................................................40 Agostinho e a recepção de Platão em A Cidade Deus (liv. VIII) Marcos Roberto Pirateli ................................................................................41 A importância social do docente/missionário na perspectiva de Jose Acosta Maria Inalva Galter .......................................................................................41 A sociedade moderna: uma construção que teve sua origem na cultura, na literatura e na arte medievais Maria Júlia Werneck de Oliveira....................................................................42

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O comércio no reinado de D. Dinis Mariana Vieira Sarache Terezinha Oliveira ........................................................................................ 43 Paulo de Tarso e a Universalização do Cristianismo Primitivo Matheus Morais da Luz José Joaquim Pereira Melo ........................................................................... 43 A Ressurreição de Cristo de Giotto: o movimento citadino na formação do homem renascentista Meire Aparecida Lóde Nunes Terezinha Oliveira ........................................................................................ 44 As práticas órficas: conexão entre rito e mito Milena Tarzia................................................................................................ 45 A educação e as relações de poder no Reino Visigodo a partir do bispo Isidoro de Sevilha (589-636) Pâmela Torres Michelette............................................................................. 45 Duas iluminuras do século XI: Maria elevada aos céus Pamela Wanessa Godoi ................................................................................ 46 Physis e Nomos: o herói trágico e sua natureza humana Paulo Rogério de Souza ................................................................................ 47 Na Praça de Atenas, o diálogo socrático enquanto atividade pedagógica Reginaldo Aliçandro Bordin José Joaquim Pereira Melo ........................................................................... 47 Notas sobre o sentido comum em Tomás de Aquino e Arendt Ricardo Gião Bortolotti................................................................................. 48 Formação de D. Sebastião: Ensinanças como modelo educativo da coroa portuguesa Sandra Regina Franchi Rubim Terezinha Oliveira ........................................................................................ 49

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Possíveis aproximações entre ‘formação’ e ‘autoridade’ docente Silvana Pereira São Cyrilo Terezinha Oliveira.........................................................................................49 As Meditações do Imperador Marco Aurélio Stéfani de Almeida Onesko Renata Lopes Biazotto Venturini ...................................................................50 A relação entre o poder político e a moeda no tratado monetário de Nicolás de Oresme Talles Henrique P. Maffei Jaime Estevão dos Reis..................................................................................51 Os esforços dos Sermões de Cesário de Arles na cristianização da Provença no século VI Thiago Fernando Dias ...................................................................................51 Arte e cidade no Renascimento italiano Viviane de Oliveira Terezinha Oliveira.........................................................................................52

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CONFERÊNCIAS “Historia y proceso del poder soberano desde la Edad

Media”

Giannina Burlando Bravo La sistematización de los trascendentales del ser en su

desarrollo histórico”

Norberto Gerald Cresta

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A dicotomia ético-política dos espaços: a perspectiva humanista de Sigea

Maria Teresa Carrasco Salvador Gonçalves dos Santos

Os espelhos de príncipes (specula principium) são textos ético-políticos comuns na Idade Média e no Renascimento (Quaglioni, 1987) que visam criar e visibilizar uma imagem normativa idealizada de príncipe e governo, por via da imitação, instrução e moralização (Buescu, 1997). Menos comuns e mais esquecidos são os espelhos de princesas. Em Portugal, um dos textos dedicados à elaboração dum modelo de donzela virtuosa que se movimenta no espaço palaciano foi escrito em formato dialógico por Luisa Sigea, moça de câmara na corte da rainha D. Catarina e que integrou o grupo de mulheres ao serviço da infanta D. Maria de Portugal (Ramalho, 1986). Intitulado Duarum Virginum Colloquium de vita aulica et privata Loysa Sigea Toletana auctore, editum Vlyssiponae, anno salutis MDLII (Diálogo de duas jovens sobre a vida pública e privada), foi publicado em Lisboa, em 1552. Todavia este livro, que ficou em manuscrito até 1905 e ainda está pouco difundido, merece ser interpretado para além da área pedagógica. Sem dúvida que a ênfase numa pedagogia virtuosa é evidente: "Quae enim uirgines sunt, quando uiris sunt nupturae, debent non illam esse dotem ducere quae dos dicitur, sed pudicitiam et pudorem et sedatam cupidinem ac Dei metum, parentum amorem et cognatorum concordiam (...)" (Id., p.169). Nele se espelha um pensamento ético-político para dois espaços do viver humano – o público (palaciano/citadino) e o privado. Como se correlacionam estes dois espaços? É esta a questão proposta para orientar a leitura da obra de Sigea.

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PALESTRAS TEMÁTICAS

Educação e Religiosidade na visión de Don Túngano

(Visão de Túndalo)

Adriana Maria de Souza Zierer O objetivo deste trabalho é apresentar os caminhos para a salvação da alma de Don Túngano ou em português, do cavaleiro Túndalo, na sua experiência ao Além-Túmulo. A narrativa, originalmente uma viagem imaginária produzida no século XII por um monge irlandês trata da trajetória do personagem central pelos caminhos infernais e paradisíacos para atingir um bom lugar após a morte. Assim, o personagem central, por meio dos ensinamentos do seu anjo da guarda e também através de castigos, modifica o seu antigo comportamento de pecador e aprende a ter uma nova conduta, tornando-se, após o fim do seu percurso, um modelo de cristão ideal. São mostrados os elementos da narrativa, que circulou nos atuais Espanha e Portugal no final da Idade Média e início da Moderna, bem como a sua influência nas artes, como através da pintura intitulada Visio Tondaly, de um seguidor de Bosch, produzida no século XVI.

Boaventura de Bagnoregio: Ordem Franciscana, Conhecimento e Universidade no Século XIII

Ana Paula Tavares Magalhães

Originário de ideias e práticas de uma piedade laica, o movimento franciscano logo se clericalizou e assumiu a condição de Ordem religiosa. Sua adequação ao quadro institucional da Igreja, ao mesmo tempo em que descaracterizou a fraternidade inicial, conferiu-lhe estatuto jurídico e estabeleceu seu lugar na sociedade. A inserção dos frades Menores nas Universidades pode ser entendida como um subproduto da adesão dos franciscanos à hierarquia eclesiástica – doravante, passariam a ocupar cátedras ao lado de intelectuais seculares. Boaventura de Bagnoregio (1221-1274), ministro-geral da Ordem

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por 16 anos (1257-1274), ingressaria na Universidade de Paris, obtendo sua cátedra no ano de 1253. Ali, ao lado de Tomás de Aquino, seria um dos defensores da atuação acadêmica dos mendicantes. Também estabeleceria as bases de um pensamento autenticamente franciscano, por meio da elaboração de uma doutrina do conhecimento que repousava em bases agostinianas.

A Educação retórica e a autorepresentação na Literatura Trajânica

Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi

A Literatura Trajânica é um dos corpos documentais mais estudados do Principado Romano. O conjunto de obras de Tácito, Suetônio, Plínio, o Jovem, Marcial, Juvenal, entre outros, compõe esse corpo documental. É importante salientar que esses autores têm sido objeto de análise historiográfico nos dois últimos séculos. Na presente proposta, o objetivo é analisar a Literatura Trajânica como resultado de uma prática retórica que compõe uma malha discursiva resultante da autorepresentação de grupos políticos romano. A base de formação retórica tem como referência Cícero e Quintiliano. É a partir desses pressupostos que alguns apontamentos serão feitos tendo como metodologia a Analise Crítica do Discurso tendo como principal objeto de análise a documentação pliniana.

A Humildade entre texto e imagem: a construção da virtude da humildade entre observantes a partir

da Franceschina (1474)

Angelita Marques Visalli A Franceschina (1474), obra realizada no contexto do centenário da reforma observante na região da Úmbria, apresenta-se como documentação privilegiada para a compreensão de momento importante da vida religiosa

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franciscana. Os quatro códices ilustrados conhecidos tornam-se objetos preciosos para os estudiosos das imagens, diante de seu estado de conservação e possibilidade de estudo comparativo. A partir da análise sobre o mais ilustrado dos códices, o de Santa Maria dos Anjos, ou Porciúncula, com 152 imagens, pretendemos abordar a virtude da Humildade entre os observantes. Na medida em que o texto valoriza experiências consideradas modelares entre os frades menores, e que as ilustrações se reportam a algumas destas, consideramos a dinâmica texto–imagem para reflexão sobre a construção do ideal de vida observante. A linguagem cotidiana, as imagens consideradas “rústicas”, as narrativas em grande parte constituídas de episódios “pitorescos” possibilitam proximidade das práticas religiosas dos observantes e das estratégias na produção de registro em ambiente conflituoso.

La Dialéctica del tiempo y la eternidad en Plotino y San Agustin

David Emilio Morales Troncoso

Este trabajo consiste en revisar la experiencia religiosa en la dialéctica de Plotino y sus semejanzas posibles con el escenario de las Confesiones de San Agustín, en particular en el episodio de la Visión de Ostia. El proceso de ascensión, a la contemplación de las realidades superiores, tiene una gradualidad semejante, pero se diferencian por el simbolismo de sus objetos y un método diverso, pero conservan trazas de una experiencia semejante a partir de la relación interna con la inteligencia como escenario interior.

A saúde do Reino (Portugal, Séculos xiv-xvI)

Dulce Oliveira Amarante dos Santos A proposta do texto constitui-se em fazer o mapeamento e análise das políticas de saúde do reino empreendidas pela administração régia em Portugal na Baixa Idade Média e inícios da época moderna. Havia quatro

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frentes de intervenções políticas régias a saber, o controle e a regulamentação dos ofícios de saúde, a reforma, a construção e manutenção de hospitais e misericórdias, a adoção de medidas sanitárias preventivas e repressivas em tempos de surtos de pestes e a manutenção do curso de medicina na Universidade de Lisboa/ Coimbra. Com a expansão ultramarina, essas iniciativas estenderam-se às colônias asiáticas, americanas e africanas.

Os mercadores medievais e seus manuais: a formação de uma cultura mercantil

Jaime Estevão dos Reis

Esta comunicação tem por objetivo debater acerca do papel dos mercadores no contexto da chamada “revolução comercial” da Idade Média. O termo, criado por Raymond de Roover na década de 1940, refere-se ao apogeu das atividades comerciais no Ocidente no século XIII. Neste ambiente destaca-se o protagonismo dos mercadores, sobretudo daqueles vinculados às grandes companhias de comercio das repúblicas italianas, notadamente, Veneza, Florença, Gênova e Piza. Prova inconteste da atuação dos mercadores e sua ampla inserção no mundo dos negócios, são os diversos manuais de prática de mercancia – pratica della mercatura – escritos ao longo dos séculos XIII, XIV e XV. Dentre os principais manuais, destacamos o Pratica della Mercatura, do florentino Francesco Balducci Pegolotti; o Zibaldone da Canal, supostamente escrito por um jovem aprendiz de mercador e Il libro dell’arte di mercatura, de Benedetto Cotrugli. Esses manuais revelam, para além da efetiva atuação dos mercadores, a existência de uma verdadeira cultura mercantil na Idade Média.

Sêneca e o Cristianismo

José Joaquim Pereira Melo Poucos foram os pensadores do mundo antigo que receberam uma valorização positiva dos primeiros autores cristãos quanto Lúcio Aneu Sêneca (4-65). Ao contrário daqueles que o criticavam, esses pensadores cristãos

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adotaram uma postura diferenciada e se voltaram para suas ideias, suas sentenças e sua doutrina. Orientação que gerou para alguns deles uma ideia comum e aceita de um Sêneca pagão, às vésperas da conversão ao cristianismo. O cotejamento feito a Sêneca por intelectuais da Igreja primitiva pode ser dividido em duas fases: na primeira, aparecem como principais representantes Tertuliano (?-220) e Lactâncio (240-320/325); na segunda, São Jerônimo (?-420) e Santo Agostinho (?-430). A importância dessa relação pode ser dimensionada na simpatia que esses pensadores cristãos nutriam por Sêneca, a ponto de encontrarem nele inspiração para redefinirem suas ideias e reordenarem sua doutrina. Em muitos dos casos, eles reproduziram seus escritos e suas ideias sem ao menos citar seu nome. As questões acima levantadas apontam para um Sêneca procurado, lido e discutido entre pensadores cristãos, não o Sêneca literato, ensaísta ou tragediógrafo, mas o Sêneca preocupado com a moral e com a formação, cujo principal objetivo era regenerar o homem por meio do processo formativo que, por extensão, refletiria na sociedade.

O magistério episcopal na Antiguidade tardia

Marcos Roberto Piratelli A Antiguidade Tardia enquanto recorte temporal implica uma ampla perspectiva. O tema revela a importância do fim do Mundo Antigo para a historiografia por possibilitar a investigação do processo de transformação social que gestou uma nova concepção de mundo, homem e sociedade a partir da ascensão do cristianismo na Cidade Antiga. O objetivo da nossa exposição é demonstrar como o episcopado desempenhou um exercício pedagógico e colegial. Cabia ao bispo a difusão e conservação da doutrina cristã, e nisto a cathedra pode ser tomada como sinônimo do seu exercício docente; não só isso, esse exercício se estendia à reunião colegial em sínodos e concílios para elaborar essa doutrina como componente importante para constituir a Igreja como locus de poder espiritual e temporal, e no caso particular, o educativo. A adesão ao cristianismo era um processo que se fazia na comunidade da Igreja, orientada pelos mestres, pelos educadores, que são os clérigos, dos quais da Antiguidade nos legou grandes personagens, como Ambrósio, Agostinho, Atanásio, João Crisóstomo, entre outros.

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Savoir Faire: A prática e o discurso sobre a arte na Idade Média

Maria Eurydice de Barros Ribeiro

“E o verde violentou as muralhas”: campo e cidade na Alta Idade Média ocidental

Mario Jorge da Motta Bastos

“A Idade Média (época germânica) parte da terra como sede da História...”. A famosa referência de Karl Marx, em conhecida passagem dos Grundrisse parece sintetizar, com a precisão costumeira, uma das principais características atribuídas ao medievo em geral, e à Alta Idade Média em particular, por gerações e gerações de historiadores dos mais variados quadrantes vinculados às mais diversas correntes historiográficas. Trata-se, genericamente, de uma proposição relativa ao processo designado por “ruralização” da sociedade e da economia, que teria configurado, em extensão e profundidade, a transição do mundo antigo ao medieval. O objetivo fundamental desta apresentação consiste em promover um balanço crítico atualizado da referida “imagem”, aquilatando a sua precisão e discernindo os principais aspectos constitutivos da complexa relação entre campo e cidade no alvorecer do medievo ocidental.

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Sobre a melhor maneira de traduzir: São Jeronimo e o mundo editorial latino na Antiguidade Tardia

Raquel de Fátima Parmegiani

O período entre os séculos VI ao V foi, sem dúvida alguma, marcado por uma intensa produção em língua latina de textos cristãos. Comentários bíblicos, homilias, traduções de textos exegéticos e textos bíblicos do grego para o latim, tornaram-se uma prática comum entre autores eclesiásticos. Porém, há que se destacar, que se tornou cada vez mais comum o desconhecimento, por parte destes homens, da cultura clássica e da língua grega; além da própria precariedade do universo editorial, visto que os códices passaram a ser copias domésticas nas quais as técnicas de padronização da escrita eram, na maioria das vezes, deixadas de lado. Essa realidade cultura e material proporcionou uma situação impar sobre relação dessa sociedade com o ato da escrita, da leitura e da tradução sobre a qual gostaríamos de refletir neste ensaio. A partir dos vestígios que nos deixou São Jeronimo, principalmente nos seus prólogos, prefácios e cartas nos quais o autor se debruça sobre suas angustias relacionadas ao seu trabalho como tradutor e autor, procuraremos investigar o mundo editorial que esteve a sua volta, ou seja, a relação entre cultura cristã e cultura clássica, as técnicas de escrita, a função do autor e/ou tradutor, a relação do copista e do tradutor com o texto de partida etc.

Viver e sobreviver na Roma

Renata Lopes Biazotto Venturini A organização política da cidade de Roma, durante o primeiro século do Principado, refletia a influência determinante e eficaz que certos grupos exerciam sobre o conjunto. Essa reflexão nos conduziu a investigar as relações que permitiam compreender o viver e o sobreviver na Urbs. Entendemos o viver como a expressão dos costumes frente aos hábitos cotidianos como alimentar, vestir, habitar, divertir, entreter relações. Esses comportamentos característicos do cotidiano urbano serão avaliados diante da necessidade da sobrevivência. O desconforto e as incertezas que as condições de sobrevivência causavam encontram-se nos exemplos que podem ser lidos nos Epigramas do poeta espanhol Marco Valério Marcial (44-102 d.C.)

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Os múltiplos significados do sangue nas relações cristãs judaicas (sec. XII a XV). A construção dos mitos

antijudaicos

Sergio Alberto Feldman Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a construção do estereótipo medieval do judeu, no assim denominado Ocidente medieval, nos séculos XI até o XIII. A problemática central é como numa sociedade medieval os mitos e as representações circulam, ora da cultura clerical no sentido da cultura popular, ora no sentido oposto. O período das Cruzadas traz em seu bojo uma alteração radical na percepção dos judeus. A atitude judaica de resistência gera o sacrifício em “santificação do Nome divino” que propicia a morte de muitos judeus, que sacrificam suas famílias e depois se autoimolam. Esta atitude direciona a percepção cristã para uma conspiração judaica que se consolida, geralmente na cultura popular, mas ascendendo, por vezes, até a cultura clerical erudita envidando a construção de diversos estereótipos tais como: crime ritual, a profanação das hóstias e a efeminação dos judeus que são descritos, “sangrando” em função de seus pecados, em especial por causa do deicídio. As fontes são fundamentalmente clericais. Este trabalho é parte de uma pesquisa de Pós Doutorado realizado no EHESS Paris com patrocínio de bolsa da CAPES.

Rutebeuf e a querela entre os Mestres Seculares e os Mendicantes

Terezinha Oliveira

Para examinar a maneira como Rutebeuf tratou a querela entre os mestres seculares e os mendicantes, verificada na segunda metade do século XIII, procuramos, em primeiro lugar, apreender sua visão de conjunto da sociedade. Poemas como O estado do mundo (L’état du monde) e Os flagelos do mundo (Les plaies du monde), escritos por volta de 1252, são fundamentais para o propósito de examinar como Rutebeuf encarou as transformações que estavam se operando na sociedade em que vivia. Mas não são apenas nesses

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poemas que esse trovador comentou os processos que estavam alterando a feição da sociedade. Também em outros poemas, nos quais tratou de temas mais pontuais, ele procurou estabelecer uma relação entre um assunto particular e as mudanças que então ocorriam. Reside nisso um aspecto interessante: o próprio Rutebeuf estabelece um vínculo entre as transformações gerais da sociedade e o comportamento de personagens e grupos sociais criticados. Interessa-nos a querela entre os dois segmentos de mestres universitários, pois nosso propósito é explicitar que os pensadores de dada época, sejam poetas, professores universitários ... não conseguem se eximir do enfrentamento das transformações sociais do seu tempo, exatamente por serem os ‘intelectuais’ desta época.

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CONFERÊNCIAS

Plutarco e a província grega

Adriele Andrade Ceola Renata Lopes Biazotto Venturini

O presente trabalho tem como propósito trazer breves considerações acerca da relação entre as províncias e o núcleo do Império Romano, usando o exemplo de Plutarco, proveniente da antiga Grécia. Nesse sentido, é interessante notarmos que o Império Romano foi considerado centralizado e forte, porém os estudos apontam que muitas vezes as províncias mantinham seus costumes tradicionais, e até mesmo influenciavam fortemente Roma, como no caso da grega que fez perdurar a cultura helênica, tão prezada entre os romanos. Para isso utilizamos a Vida de Galba, a fim de melhor exemplificar a relação Grécia-Roma exemplificada por meio da leitura do escritor beócio, Plutarco.

Commilito et vir militaris: aspectos bélicos da exaltação do imperador romano em Plínio, o Jovem

Alex Aparecido da Costa

Renata Lopes Biazotto Venturini Durante a época do principado a imagem do césar buscava afirmar-se por meio de modelos tradicionalmente valorizados pela sociedade romana. Nos primeiros anos do século II d. C., quando o império atingiu sua máxima extensão graças às recentes conquistas do então imperador Trajano, os aspectos guerreiros serviram como importante fator de amparo à figura desse governante. Nesse contexto, o discurso de Plínio, o Jovem, intitulado Panegírico de Trajano destaca os feitos e a postura militar do governante. Com base em uma bibliografia que aponta a importância de ideias morais políticas fundadas nos valores ancestrais, bem como o papel da filosofia estóica na

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construção da imagem do príncipe ideal, esta comunicação pretende apontar alguns aspectos de nossa análise do discurso pliniano. Nele, foi fundamental o elogio das virtudes marciais de Trajano a partir do respaldado fornecido pelas noções de virtus e mos maiorum. Solidamente ligadas à tradição romana, essas ideias presentes na obra em tela visavam fornecer uma imagem de equilíbrio entre os aspectos autocráticos e militares do governante e os anseios da ordem senatorial, que buscava manter vivas as instituições republicanas sob o sistema do principado.

As xilogravuras apocalípticas de Albrecht Dürer: uma proposta de análise (Pôster)

Alisson G. G. Bella

Angelita Marques Visalli No término do século XV (entre 1496 a 1498) o mestre Albrecht Dürer executou uma série de 15 xilogravuras que tiveram por principal objetivo tornar imagens elementos contidos no livro bíblico Apocalipse. Neste sentido, as imagens em questão expressam temáticas medievais sobre escatologia cristã. Ao investigarmos tal documentação imagética propomos uma abordagem metodológica a partir das concepções de Carlo Ginzburg, das justaposições entre os temas, bem como as conexões e contraposições existentes entre as imagens apocalípticas de Dürer e as outras três séries xilográficas do artista. Assim sendo, partindo de uma análise iconográfica das xilogravuras, pretendemos problematizar o sentido da série apocalíptica e suas relações com as outras séries de Albrecht Dürer que foram executadas num mesmo período e para um mesmo suporte.

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Didascalicon e De Sacramentis Christianae Fidei (De Sacramentis): um estudo do projeto educacional de

Hugo de Saint Victor

Ana Paula dos Santos Viana Terezinha Oliveira

Neste estudo apresentamos uma proposta de pesquisa de doutorado. Nosso objeto é o projeto educacional de Hugo de Saint-Victor expresso em seus escritos Didascálicon e De sacramentis christianae fidei. Pretendemos enfatizar, com essas obras, quais princípios pedagógicos eram fundamentais para a formação dos estudantes da Escola de Saint-Victor, em Paris, e, por conseguinte, aos homens do século XII. O Didascalicon é uma obra escrita por Hugo de Saint-Victor para a formação de seus estudantes, em que sistematiza um programa de estudos com uma metodologia do saber, ensinando o que, em que ordem e como ler. De sacramentis é a primeira suma de Teologia da Idade Média ocidental (VERGER, 2001). A metodologia escolhida é da História Social, ao qual nos fundamentamos em autores dos Annales, como Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernand Braudel.

Cristocentrismo e Francisco de Assis na cena do encontro em São Damião, Giotto: Sobre o

direcionamento de olhar do observador a partir de um afresco da Basílica de São Francisco, Assis

André Luiz Marcondes Pelegrinelli

Angelita Marques Visalli O ciclo de afrescos “A Vida de Francisco”, produzido pelo italiano Giotto para a Basílica de São Francisco, Assis, no final do século XIII colaborou de forma definitiva para a construção da imagem do santo assisense, através de vinte e oito cenas, o pintor e a Ordem apresentavam publicamente a imagem de Francisco de acordo com suas demandas. Neste estudo, tecemos reflexões sobre um destes afrescos, que figura o emblemático momento em que

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Francisco, caminhando próximo a uma igrejinha, se sente motivado a entrar e, dentro dela, participa de uma experiência transcendental ao receber a ordem de reconstruir a Igreja de Cristo através da imagem de um Crucifixo. Analisaremos essa imagem tendo em vista os objetivos da Ordem com essa figuração, os modelos anteriores dessa cena e os protótipos que Giotto poderia conhecer. Percebemos um forte direcionamento de olhar, através das linhas de arquitetura da igreja representada: da esquerda, para a direita, o olhar do observador é direcionado, em primeiro lugar, à Francisco e este, por sua vez, direciona o olhar ao Cristo. Dois níveis de apreciação dessa imagem são possíveis: imanência e transcendência. Este é o itinerário ideal da Ordem: chega-se a Cristo, mas passa-se por Francisco.

O Miles Gloriosus de Plauto: uma comédia política

Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Rossi Milton Genésio de Brito

Nesta pesquisa o objetivo é discutir a significância social e política de uma das comédias plautinas, em seu contexto de produção, nos anos finais da segunda guerra púnica. Por meio da relação entre as caracterizações dos personagens expressas na obra e o conceito de Virtus, amplamente difundido na época, e pelo cotejamento com as definições de “espaço de experiência” e de “horizonte de expectativa”, a proposição é demonstrar na estrutura do texto a perspectiva não tão sutil de um estrangeiro, oriundo da Úmbria, da região conquistada, sobre as estratégias militares adotadas pelos romanos no transcurso do conflito contra os cartagineses.

Cidades e as Ordens Mendicantes no século XIII (Pôster)

Beatriz de Souza Oliveira

Terezinha Oliveira O objetivo deste projeto, em nível de Iniciação Científica, é analisar o surgimento das Ordens Mendicantes, particularmente os pregadores, no século XIII no contexto das cidades e da universidade. Nosso estudo

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considerará os aspectos políticos, econômicos e sociais deste período da Idade Média. A pesquisa será feita por meio de estudos de questões da Suma Teológica de Tomás de Aquino, pois ele foi um dos principais pregadores da Universidade no século, em tela. Além de questões tomasianas, analisaremos o contexto histórico do nosso objeto, por meio de autores contemporâneos no âmbito da história, da filosofia e da educação.

Tomás Comentador de Aristóteles: O Comentário à Física

Camila de Souza Ezídio

A necessidade de estudar um tema do período medieval, entre outras coisas, surgiu devido à importância que esse período tem, mas que por vezes não é reconhecida, no desenvolvimento da história da filosofia. Isso se deve em grande parte a uma compreensão bastante disseminada de que a Idade Média foi uma época em que nada de novo foi produzido e aquilo que foi escrito ou feito pouco contribuiu para a ampliação ou aprofundamento das teorias filosóficas, pois os escritos parecem estar muito mais voltados à teologia do que propriamente à área de conhecimento da filosofia. No entanto, o que vemos, é uma vasta produção nos diferentes campos do saber por diversos autores; um desses autores é Tomás de Aquino, teólogo, filósofo e mestre, que uniu em suas obras as autoridades das Sagradas Escrituras e da filosofia, juntamente com sua preocupação com o ensino da época. Essa comunicação, por sua vez, tem como objetivo mostrar brevemente a influência que a obra de Aristóteles teve no ensino e na filosofia de Tomás de Aquino por meio de uma análise do Comentário a Física de Aristóteles.

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O perfil feminino da mulher religiosa e da mulher comum na produção poética de D. Alfonso X. Estudo

do texto e da imagem

Carlos Henrique Durlo Clarice Zamonaro Cortez

O presente estudo tem por objetivo analisar o perfil feminino da mulher religiosa e da mulher comum em Cantigas de Santa Maria, em especial as de loor (louvor) e as cantigas de amor presentes no Cancioneiro Profano do Rei Sábio. Pesquisando sobre a importância da religiosidade para o homem do século XIII, fica evidente que o ideal de vida era teocêntrico, bem como o catolicismo era essencial para o desenvolvimento cultural, social, político e artístico da época, A metodologia utilizada para esse estudo consistiu em uma pesquisa bibliográfica e uma análise estrutural, interpretativa e histórica de quatro cantigas de loor e de suas respectivas iluminuras pertencentes ao cancioneiro mariano e quatro cantigas de amor selecionadas do Cancioneiro Profano. Para estre trabalho, foi feito um recorte, apresentando a análise da cantiga de número 10 e sua respectiva iluminura, e da cantiga de amor XII, pertencentes aos Cancioneiros Mariano e Profano de Alfonso X. Apoiados teoricamente em Lapa (1973), Leão (2007; 2011) e Paredes (2010), a pesquisa já finalizada, identificou a valorização do perfil feminino religioso, sendo a Virgem Maria o modelo de beleza, virtude, perfeição e singularidade a ser seguido pela mulher comum do século XIII.

A devoção de Afonso X: Rosa das Rosas

Célia Santos da Rosa Keila Mara Fraga Ramos de Oliveira

No estudo do texto e da imagem nas Cantigas de Santa Maria, pesquisamos duas formas diferentes de arte, o verbal (texto poético) e o não verbal (iluminura), que possuem estruturas próprias de significação e apreendem de forma bastante particular o real para reconstruí-lo na obra. As Cantigas de Santa Maria, de D. Afonso X, são um precioso documento linguístico e suas

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ilustrações são verdadeiras obras de arte literária e iconográfica, fontes históricas inigualáveis de conhecimento dos hábitos, costumes e mentalidade da Idade Média. O nosso objetivo principal é demonstrar na cantiga 124 e na iluminura que a acompanha, o louvor que D. Alfonso X devota à Virgem. No texto poético, o trovador revela que Maria é a única que poderá salvar o homem de seu pecado e conduzi-lo ao paraíso. O trovador apresenta a ação redentora de Maria e o testemunho de sua santidade por meio de um discurso cristão medieval, também revelado na iluminura que acompanha e explica a cantiga. Uma leitura do texto poético afonsino e da imagem é a nossa proposta de comunicação.

A questão da usura em Robert de Courçon

Claudinei Magno Magre Mendes Terezinha Oliveira

Conceição Solange Bution Perin Robert de Courçon (c. 1160/1170-1219) foi um importante personagem nos primeiros anos do século XIII. Cardeal inglês, estudou em Oxford, Paris e Roma, tornando-se chanceler da Universidade de Paris, em 1211. Em 1213, foi designado para pregar a cruzada e, em 1215, foi colocado à frente de uma comissão que tinha como objetivo inquirir sobre os “erros” prevalecentes na Universidade de Paris. Ainda em 1215, elaborou os estatutos dessa Universidade, fato que o torna mais conhecido entre os estudiosos. Autor de uma Suma, nela constava um tratado sobre a usura. Para tratar dessa questão, apoiou-se em trechos da Bíblia e em textos dos Patriarcas para, ao modo da Escolástica, condenar essa prática, considerando-a um pecado. Nessa comunicação, analisaremos este tratado, até agora publicado apenas em latim e em francês. Trata-se de um exemplo interessante, tanto na forma como no conteúdo, do modo como os autores da época medieval, especialmente os das primeiras décadas do século XIII, trataram da questão da usura.

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O caráter formativo das noções de “conhecimento de si” e “cuidado de si” no diálogo platônico Primeiro

Alcibíades

Edson da Silva Afonso No Primeiro Alcibíades, Sócrates diz que o “conhecimento de si” (gnôthi seauton) corresponde à sabedoria. Esse conhecimento é entendido como condição essencial para o engajamento na vida pública, e está ligado ao conhecimento do bem e do mal, podendo ser entendido como uma das condições para o “cuidado de si”(epiméleia heautou). O gnôthi seauton, na filosofia platônica, diz respeito a um processo de formação. Este artigo tem como objetivo tratar desse processo, sobremaneira, a partir da relação entre as noções de “cuidado de si” e “conhecimento de si”. Consideramos que, no referido diálogo, esses conceitos são apresentados como faces de uma mesma moeda, visto que, por um lado, não é possível agir sem conhecer; por outro, não é possível conhecer sem agir.

As funções e idealizações do conceito de santidade feminina na obra “Vida da Sereníssima Princesa Dona Joana filha D’El-Rei Dom Afonso o Quinto de Portugal”

(1585) de Nicolau Dias

Gabrieu de Queiros Souza Uma das grandes contribuições da História Conceitual à historiografia foi destacar a importância de se entender cada conceito histórico dentro do seu universo contextual. A partir deste recorte teórico pretendemos analisar o conceito de santidade feminina na obra "Vida da Sereníssima Princesa Dona Joana filha D'El Rei Dom Afonso o Quinto de Portugal", escrita pelo frei dominicano Nicolau Dias e publicada em 1585. Justificamos nossos recortes historiográficos por entendermos que a tarefa de compreender o conceito de santidade feminina permite que, tenhamos uma ampla visão sobre as idealizações dos papéis que deveriam ser desempenhados pelas mulheres

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cristãs católicas em Portugal no final do século XVI. Entendemos que o século XVI foi um momento de profundas mudanças para a sociedade europeia, essas mudanças devem fazer parte das análises historiográficas que buscam compreender tal contexto e os conceitos ali desenvolvidos. Desta forma, ao estudarmos a conceituação de santidade feminina buscamos entender como aquela sociedade compreendia as funções sociais da mulher cristã católica. Enfim, o conceito de santidade feminina não está fora de sua realidade. O conceito representa o que aquela sociedade datada historicamente entendia e buscava em determinado aspecto de sua realidade.

O riso em Miguel de Cervantes: uma leitura de Dom Quixote

Jeferson Silva Ribeiro

Jaime Estevão dos Reis Esta comunicação tem como objetivo discutir a relação de Cervantes com o cômico, na obra Dom Quixote de la Mancha, escrita em dois volumes, o primeiro de 1605 e o segundo de 1615. Obra que marca o final da repercussão dos ideais de cavalaria pelas novelas tão difundidas na Idade Média. Para isso caminharemos em dois sentidos. No primeiro momento apresentaremos algumas teorias clássicas sobre o riso, como a de Henri Bergson, Mikhail Bakhtin e George Minois, que nos ajudarão a compreender a forma que o cômico foi utilizada por Cervantes ao escrever a história desse louco cavaleiro. No segundo momento apresentaremos uma discussão metodológica sobre a interpretação de Dom Quixote, dentro do discurso cervantino e seu contexto, assim, os teóricos, Umberto Eco, J. G. A. Pocock, e Roger Chartier nos ajudaram neste caminho que será essencial para a interpretação do romance. Dessa forma, poderemos elaborar uma discussão metodológica que nos ajudará a caminhar ao sentido de uma boa interpretação da piada de Cervantes.

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As estratégias de conversão na Sardenha desenvolvidas pelo papa Gregório I

João Paulo Charrone

Esta comunicação analisará as estratégias missionárias de Gregório I, através da correspondência pontifical, na Sardenha. Vale lembrar que as intervenções nesta ilha compõem a primeira fase da atividade missionária deste papa, cujo ápice foram as investidas na conversão dos saxões. Tal trabalho é guiado pelos referenciais de hegemonia, ideologia e Estado de Gramsci. Portanto, adotamos o critério metodológico de leitura dos fatos sociais a partir das relações de força estabelecidas entre os grupos em disputa na sociedade civil e na sociedade política. Isto é, entendemos a ação de Gregório I como um projeto papal na luta concreta pela conquista de hegemonia, através de um discurso com forte carga ideológica, entre os grupos antagônicos na sociedade insular. Assim, as epístolas gregorianas – remetidas as autoridades governamentais e prelatícias, bem como, aos latifundiários – objetivavam universalizar seus interesses de classe para o conjunto da sociedade por meio do consenso em torno de suas demandas, no caso, tanto a conversão de infiéis como o reconhecimento de sua liderança eclesiástica e política.

A presença do Mito nos Diálogos Platônicos

José Beluci Caporalini ¿Por qué Platón usa mito en sus diálogos? ¿Él podía prescindir de la presencia del mito en sus diálogos? Los mitos griegos en general, de los cuales parte Platón, son los dioses, numens, héroes, habitantes del Hades y hombres del pasado. Son relatos extraordinarios de obras realizadas en el pasado distante, por personas que vivieran en el pasado y de cuya tradición ellas guardaran la memoria. Como filósofo Platón tiene algo que decir sobre esos mitos, pero apenas desde su ponto de vista. Este artículo procura examinar cómo Platón trabaja específicamente la presencia del mito en sus diálogos.

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“Stadtluft macht frei”: a “libertação” das obrigações feudais

José de Arimathéia Cordeiro Custódio

O regime feudal europeu foi marcado por uma série de obrigações, tributárias ou não, que incidiam, sobretudo, sobre os camponeses. Muitas pareciam na época, e até hoje, extremamente abusivas. O desenvolvimento do comércio e das cidades, porém, pareceu oferecer uma saída para a população oprimida, que viu na vida urbana um estado de liberdade pessoal – fiscal e civil. Foi criada, no imaginário popular, a ideia de que a cidade representava um progresso, um ambiente novo e avançado, prenhe de promessas de sucesso e liberdade, salvo dos – então já considerados – retrógrados costumes e leis feudais, ligados à vida rural e à vassalagem inata e determinada por Deus. Uma síntese deste ideário era o ditado alemão “Stadtluft macht frei” (“o ar da cidade liberta”). Contudo, uma pesquisa baseada em medievalistas como Duby (1993), Bloch (2009), Baschet (2006), Pirenne (1982), Gilli (2011) e Grossi (2014), entre outros, mostra que a sedução da cidade escondia armadilhas e tanta opressão quanto do lado de fora de seus muros, nos campos. Foi o início de um processo de exploração que não parou mais, assim como não parou o desenvolvimento urbano desde então, deixando mais este legado desde os tempos medievos.

Sêneca e a formação pelo exemplo negativo

José Joaquim Pereira Melo Este trabalho discute a dimensão negativa de personagens de Sêneca contidas em suas tragédias. Na busca desse processo formativo, apresentado por Sêneca por meio do exemplo negativo como modelo, privilegiou-se a tragédia As Fenícias. Essa escolha se justifica pelo fato de, nesse enredo, Sêneca construir personagens caracterizadas pela linearidade, referindo-se a elas com traços perversos, que não demonstram qualquer sentimento e/ou comportamento de bondade - como no caso específico de Etéocles e Polinices, que constituem exemplos negativos. Entende-se, com este referencial, que Sêneca, na contramão, traçou perfis humanos corrompidos por paixões, ambições e defeitos, o exemplo negativo, mostrando, , dessa forma, ser

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possível orientar e apontar caminhos para que o cidadão romano refletisse e discutisse as transformações de seu tempo, bem como o seu papel nesse processo, cujo resultado deveria ser a conquista da virtude.

Relações de gênero na literatura latina do século II d. C: representações de Apuleio em O Asno de Ouro

Lahís Moreno Gibelato

O seguinte texto apresentar a pesquisa sobre as relações de gênero representadas na literatura latina antiga. Especificamente, as representações encontradas na obra, escrita no século II d. C, O Asno de Ouro, do autor romano-africano Apuleio. Para tanto, é embasado em discussões acerca da análise de documentos antigos, em particular de fonte literária-satírica; o estudo do conceito de gênero, estabelecido por Joan Scott, que surge como interesse epistemológico após a demanda dos movimentos sociais da segunda metade do século XX; bem como a noção de representação desenvolvida pela História Cultural, em especial trabalhada por Roger Chartier. A partir destas bases teórico-metodológicas busca-se compreender as representações de estereótipos de relações de gênero que surgem de um prisma masculino de um autor de origem aristocrática, e que apesar de construir personagens de muito diferem de sua condição, ainda os pode julgar a partir de seus próprios conceitos morais. Tal análise é desenvolvida através da escolha de passagens da obra, que possibilitam investigar da construção das relações de gênero segundo a visão do autor.

Considerações acerca da História da Educação na formação do professor: análise de duas cartas de

Jerônimo

Lais Boveto Terezinha Oliveira

Neste texto, buscaremos compreender como a história da educação pode auxiliar na definição de metas, constituindo-se em fundamento para a

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formação do professor. Com base nas recomendações de Durkheim e por meio da História Social, analisaremos duas das Cartas de Jerônimo (331-420), a Carta à Pacátula e a Carta à Leta, nas quais apreciamos um projeto educacional cristão. São Jerônimo percebia que a criança não aprenderia somente aquilo que era intencionalmente ensinado a ela, mas, também aquilo que visse os adultos fazerem. Partia do princípio de que o ser humano tem uma inclinação natural para adquirir vícios de linguagens e costumes. Assim, em suas cartas encontramos uma definição muito clara de quais características as crianças possuíam, quais deveriam desenvolver e da formação que os educadores precisavam para alcançar esses objetivos.

A Universidade medieval: estudo historiográfico

Larissa Laís Santos Patrícia Caroline da Rocha Leprique

Terezinha Oliveira Este projeto tem por objetivo analisar as origens da Universidade Medieval, no século XIII, e os principais acontecimentos a elas relacionados. A Universidade tem como função preservar e criar o conhecimento. Para tratarmos da Universidade precisamos, primeiramente, refletir sobre a religiosidade e a educação, no período. No Ocidente medieval, por volta do século XII, surge uma nova forma de trabalho, a organizada nas cidades, por meio das corporações de ofícios. No século XIII, com a entrada do pensamento aristotélico nas Universidades, acontece uma crise, no âmbito das mentalidades, a qual possibilitou várias transformações na sociedade. Alguns teóricos, estudiosos do Medievo como Savigny, Verger, Steenberghen destacam esses acontecimentos. Dessa maneira, ao estudarmos as origens das Universidades Medievais, estaremos buscando nossa identidade e, em boa medida, as origens das cidades e das relações sociais burguesas que principiaram a nascer neste mesmo período, mas não por achar que seus problemas são os mesmos das universidades contemporâneas, mas por ser uma mesma instituição, independentemente do seu tempo histórico. Compreender suas origens e seu papel na sociedade é um estudo amplo e complexo por isso nesta proposta faremos uma análise no âmbito da historiografia.

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Um estudo sobre a questão do respeito na Suma Teológica do mestre Tomás de Aquino e sua

contribuição para o século XIII

Lorena Faccin Rosa Terezinha Oliveira

Este texto tem por objetivo analisar a Questão do Respeito (Suma Teológica, Parte, II-II, Questão 102) de Tomás de Aquino considerando essa questão em consonância com as relações sociais estabelecidas nas cidades na segunda metade do século XIII. Esse estudo refere-se a uma pesquisa de Iniciação Científica, realizada no período de 2014 à 2015 na Universidade Estadual de Maringá. Essa temática está inserida nos estudos realizados ao Grupo GTSEAM à qual pertencemos. Buscaremos analisar porque o mestre Tomás compreendia como necessário refletir sobre a virtude do Respeito nas relações sociais medievais. Dois aspectos mapearam nossos estudos, a formação universitária e as transformações citadinas do período que afetavam o modo de vida dos homens. Para desenvolver nossas reflexões nos pautamos no pressuposto teórico de Marc Bloch, presente na obra Apologia da História ou Ofício do historiador, que propõe como devemos estudar a história caminho pelo qual compreendemos Tomás de Aquino. Além de Bloch também nos pautamos em Chenu (1967), Le Goff (2005) e Pierpauli (2007). Tendo como ponto de partida as formulações de Tomás de Aquino sobre o Respeito e as reflexões dos estudiosos sobre o período e o autor/fonte pretenderemos evidenciar que essa virtude era condição para a existência dos homens no ambiente universitário e citadino do século XIII.

As cartas de São Jerônimo à luz da formação social

Lorena Melissa dos Santos Terezinha Oliveira

O trabalho tem como objetivo, analisar os princípios norteadores que São Jerônimo projetava para o período do século IV. Por meio do Epistolário de San Jerônimo, analisaremos algumas cartas, nas quais, aponta questões

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fundamentais para tornar-se cristãos, ou seja, virtudes e princípios educativos que os indivíduos necessitariam viver. A maioria de suas cartas foram enviadas as mulheres. São Jerônimo estabeleceu princípios norteadores a figura feminina, aliás o projeto social e a construção da formação que autor escreveu, acontecia justamente porque a sociedade romana era dissoluta, portanto o fato de nascer no Império Romano não lhes dava o direito de ser cristão. Era necessário tornar-se cristão e ser pertencente daquele grupo.

A figura de Haroldo Godwinson como exemplo negativo de realeza na crônica de Guilherme de

Poitiers

Lucio Carlos Ferrarese Jaime Estevão dos Reis

Este estudo tem como objetivo analisar o papel de Haroldo Godwinson, rei anglo-saxão da Inglaterra, na crônica de Guilherme de Poitiers. Criada para registrar a vida e os feitos do seu rival Guilherme da Normandia, que o derrotou e se tornou rei na conquista da Inglaterra do ano de 1066, a crônica nomeada Gesta Guillelmi Ducis Normannorum et Regis Anglorum, ou História de Guilherme, Duque dos Normandos e Rei dos Ingleses, apresenta a figura de Haroldo como um rei o qual perde seu trono por suas ações e características negativas. Durante sua narrativa, o autor Guilherme de Poitiers apresenta todos os atributos deste anglo-saxão que conferem à sua derrota uma justificação, inclusive divina, perante seu inimigo, Guilherme da Normandia, que cumpre o papel de herói dentro do texto. Tendo como referencial teórico a obra de George Duby, “O Domingo de Bouvines”, e a obra de Lewis Thorpe, “The Bayeux Tapestry and the Norman Invasion”, além de obras sobre o contexto histórico, proponho uma análise da fonte textual para a compreensão do papel de Haroldo dentro da narrativa, com o objetivo de demonstrá-lo como um exemplo negativo de rei para os futuros leitores de Guilherme de Poitiers, em especial a própria família do duque Guilherme.

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Aspectos da moralidade cristã presentes na obra de Mortibus Persecutorum, de Lactâncio

Luís Fernando Pessoa Alexandre

No presente trabalho analisamos aspectos da moralidade cristã presentes na obra De mortibus persecutorum, de Lactâncio (240-320 d.C.) e sua relação com o estabelecimento de uma tradição cristã no Império Romano da época. Escrevendo em um momento caracterizado pelo incremento das perseguições aos cristãos e pela percepção, por parte de representantes da aristocracia, da decadência do mundo romano, Lactâncio observa que os imperadores que os perseguiam, tal como o fizeram Diocleciano e Galério, por exemplo, tinham por pagamento, obrigatoriamente, um fim de vida trágico em consequência do mal que fizeram, ao passo que o “bom imperador” simbolizado sobretudo por Constantino, receberia de Deus a proteção para, reorganizar um império há tempos marcado não apenas pelas perseguições em si, mas também, pelas crises de ordem política, econômica e militar que deitam raízes em finais do século II e se prolongam até o momento em que o autor escreve (313 ou 314). O foco do trabalho é estabelecer uma relação entre moralidade cristã e cultura no período do Baixo Império Romano e perceber de que modo aspectos de tal moralidade evocam elementos civilizacionais romanos contidos nos mos maiorum ao mesmo tempo em que os integram em uma nova cosmovisão (cristã). Assim, o estudo de alguns elementos da moralidade cristã (por exemplo, o de conversão e salvação) presentes na obra supracitada lança luz sobre um momento complexo da história romana no qual alguns dos pilares do cristianismo ocidental foram firmados.

A nobreza medieval castelhana: uma discussão historiográfica

Luiz Augusto Oliveira Ribeiro

Jaime Estevão dos Reis A presente comunicação busca compreender como a historiografia – em especial a hispânica – tem analisado a formação da nobreza medieval e os caminhos que garantiram o fortalecimento deste grupo social e sua intensa

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participação na política e administração dos reinos medievais. Tomamos como referencial teórico, estudiosos como Norbert Elias, Marie-Claude Gerbet e Salvador Moxó.

A tragédia Tiestes de Sêneca e seu aspecto educativo

Marcelo Augusto Pirateli José Joaquim Pereira Melo

Este trabalho tem como objetivo apresentar algumas considerações sobre o caráter formativo da poesia trágica de Sêneca, tendo em vista a formação do homem ideal, aquele que seria capaz de manter o domínio dos sentimentos, dos impulsos e das paixões. Para isso, será utilizado a peça Tiestes. Nessa tragédia, Sêneca explora o extremo do que pode acontecer quando há o afastamento de uma atitude condizente com a razão e o não controle dos impulsos e das paixões. Além dos exemplos negativos que representam as personagens, modelos de como não se deve agir, Sêneca expõe as suas opiniões e transmite os seus ensinamentos, divulgado, desse modo, a doutrina estóica em suas tragédias.

A Biografia e a Prosopografia na antiguidade clássica: abrangências e limitações de seu uso

Marcos Luís Ehrhardt

Esta comunicação objetiva discutir e problematizar o uso dos estudos biográficos e da prosopografia na antiguidade clássica. Partimos da premissa que um número determinado de importantes homens permite compreender uma determinada época. Para tanto elegemos, como estudo de caso, uma geração de pensadores que viveram no primeiro século da era cristã e estiveram direta ou indiretamente atrelados ao poder imperial, mais especificamente, durante a dinastia Julio-claudiana, quer seja, os princeps que sucederam Otávio Augusto na administração do principado romano. Todos os autores que se debruçaram em estudar os princeps suas ações e posturas, aproveitaram da sua posição social e política para detectar um certo mal-estar

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de sua época e propor alternativas para a sociedade que estava inseridos. Destacamos neste estudo: Sêneca, Lucano, Columela e Pérsio.

Agostinho e a recepção de Platão em A Cidade Deus (liv. VIII)

Marcos Roberto Pirateli

Agostinho pode ser considerado um dos últimos grandes pensadores da Antiguidade. Formado na escola pagã, ao converter-se ao cristianismo produziu uma rica atividade literária cristã que não deixou de estabelecer um importante diálogo com os elementos do pensamento greco-romano, representando um equilíbrio entre a herança da cultura clássica (verdade filosófica) e a inspiração cristã (verdade revelada). Em suas Confissões, nos diz o quão impactante lhe fora ler Cícero, e como o neoplatonismo lhe ajudou a aceitar o cristianismo. Seus primeiros textos, semelhantes ao corpus platônico, foram redigidos em forma de diálogos que representavam a encenação dramática entre vários discursos, definindo conceitos como: imortalidade da alma, teoria do conhecimento, mal, entre outros. Não por acaso, em seu último grande tratado, A Cidade de Deus, Agostinho dedicou o livro VIII aos filósofos antigos, sobretudo, a Platão e sua divisão da filosofia em três partes: natural, racional e moral. Mesmo deixando clara a supremacia cristã, não descartou fazer uso do saber clássico, legitimando incorporar aquilo que fosse útil ao pensamento cristão. Nosso objetivo, portanto, não foi estabelecer uma comparação entre os textos e os conceitos platônicos e agostinianos, mas demonstrar a positiva recepção de Platão por Agostinho.

A importância social do docente/missionário na perspectiva de Jose Acosta

Maria Inalva Galter

Nesta exposição analisamos a proposta de Jose de Acosta (1540-1600) para a formação do docente/missionário tendo em vista a sua atuação no processo de colonização espanhola no Vice-Reinado no Peru nas últimas décadas do século XVI. Tomando como fonte principal de análise a obra Educación y

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Evangelización(1589) procuramos mostrar que a preocupação do autor foi estabelecer os parâmetros teórico-práticos para a formação daqueles que iam atuar diretamente na educação dos indígenas. Partindo da compreensão de que a obra revela em termos teóricos a posição do autor frente às questões sociais da época, examinamos as razões históricas da sua formulação, procurando distinguir os atributos e as atribuições do educador/missionário na sociedade. Em face das mudanças em curso na colônia, a nova “clientela” a ser formada, exigia do formador, na perspectiva do jesuíta, o domínio do conteúdo e da doutrina cristã, o conhecimento da língua e da cultura indígena além da preparação para o uso de uma metodologia de ensino adequada. Sem tais competências não seria possível desempenhar eficazmente a função demandada pelas novas relações sociais que estavam sendo criadas na colônia. Concluímos que a proposta do jesuíta levava em conta a necessidade de adaptação do ensino às condições do meio colonial de maneira a integrar os indígenas na sociedade colonial, de tal forma que o preparo dos religiosos educadores devia estar pautado no conhecimento da doutrina cristã, dos métodos adequados de ensino e no conhecimento da cultura dos nativos. Ademais, ao estabelecer o perfil do docente/missionário ele tinha como finalidade que essa formação contribuísse na ordenação e na regulação das práticas individuais e coletivas tendo em vista os novos interesses que passam a mover a vida dos homens naquele momento da história.

A sociedade moderna: uma construção que teve sua origem na cultura, na literatura e na arte medievais

Maria Júlia Werneck de Oliveira

A Idade Média, considerada desde o Romantismo a época mais importante na formação da civilização europeia, caracteriza-se por valores culturais de inspiração clássica, mas cristianizados pela ética e religiosidade. Os conventos, difusores da cultura monástica (escrita e erudita), inicialmente em latim, expressam-na por meio de obras religiosas, morais e filosóficas. Há, porém, uma convivência com a cultura laica ou profana, em língua vulgar, refletindo a atmosfera cavalheiresca, aspirando a um novo ideal, além de afirmar um conceito de vida alheio aos valores religiosos: a escola poética provençal, que influencia o lirismo galego-português. A nossa proposta é destacar por meio de análise de representações da arte medieval em igrejas e cantigas, o legado da literatura e da arte a partir das leituras de Antônio José Saraiva e Oscar

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Lopes (entre outros), mais pormenorizadamente nessas culturas, enfatizando a poesia trovadoresca que, na Península Ibérica, engloba composições líricas e satíricas, fontes importantes para o estudo da construção da sociedade moderna.

O comércio no reinado de D. Dinis

Mariana Vieira Sarache Terezinha Oliveira

O objetivo desta comunicação é analisar, em linhas gerais, as circunstâncias que permeavam o comércio português do final do século XIII e início do século XIV. Para abordarmos os feitos de D. Dinis com relação ao desenvolvimento econômico de sua época, nos pautamos nas obras de historiadores portugueses como Francisco António Corrêa, Fortunato de Almeida e José Carvalho de Magalhães, para dialogar com essa Historiografia escolhemos a obra de Le Goff, O Dinheiro na Idade Média. Fundamentaremos a pesquisa seguindo os caminhos da teoria social proposta por Marc Bloch. E por fim, inserimos este assunto na relevância do tema tratado pelo evento que propõe que reflitamos sobre temas como 'comércio' e 'cidades'. A nosso ver, este trabalho está de acordo com as bases estabelecidas já que trata de comércio em um período que a maior circulação está inserida fundamentalmente na cidade.

Paulo de Tarso e a Universalização do Cristianismo Primitivo

Matheus Morais da Luz

José Joaquim Pereira Melo Este trabalho tem por objetivo analisar o processo de universalização do cristianismo primitivo, bem como o papel atribuído a Paulo de Tarso nesse processo. O cristianismo surge em um contexto peculiar, onde o Império Romano se expandia e a cultura helenística, principalmente as correntes filosóficas do Estoicismo e do Epicurismo ganhavam prestigio e grande destaque na sociedade. Nesse ambiente surge a figura de Paulo de Tarso, o

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qual devido a sua formação conseguiu articular o pensamento cristão emergente na época a ponto de atribuir ao mesmo características universais. Paulo de Tarso torna se importante por ter tornado o cristianismo acessível a todos os homens, judeu e grego, rompendo com o exclusivismo dos primeiros grupos cristãos liderados pelos apóstolos. Ao pensar em uma proposta formativa para o cristianismo Paulo de Tarso se tornou um educador, no caso um educador cristão, de seu tempo e para seu tempo. Portanto, para a compreensão do cristianismo do primeiro século, bem como para o entendimento do processo de universalização do mesmo, se torna imprescindível a analise da vida e obra de Paulo de Tarso, o apostolo dos gentios.

A Ressurreição de Cristo de Giotto: o movimento citadino na formação do homem renascentista

Meire Aparecida Lóde Nunes

Terezinha Oliveira Nosso objetivo, nesse texto, é analisar o afresco A ressurreição de Cristo pintado por Giotto di Bondone na Cappella degli Scrovegni em Padova, Itália. A análise será direcionada pela ótica da História da Educação seguindo pressupostos metodológicos da História Social que nos permite estudar os processos educativos/formativos por meio de imagens. A Ressurreição de Cristo foi eleita por representar a passagem da vida terrestre de Jesus para a divina, ou de um estado para outro, pode ser aproximada do processo que Giotto foi precursor, o Renascimento. Esse período é compreendido como o momento de transição do homem medieval para o moderno. A hipótese construída é de que essa passagem sofreu influência do ambiente citadino do século XIII, período em que viveu Giotto. Assim, nos propomos a investigar os elementos presentes na arte giottesca que refletem esse processo de formação de um novo homem. Por meio das reflexões realizadas pudemos identificar o movimento como o ‘pano de fundo’ da narrativa registrada pelo artista, o qual, também, pode ser considerado como característica do contexto citadino. Em suma, parece-nos que o processo de formação do homem renascentista deu-se por meio do movimento citadino, o qual foi registrado no afresco de giotto.

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As práticas órficas: conexão entre rito e mito

Milena Tarzia Seita de mistério, o orfismo e suas práticas foram ocultadas do corpo da Pólis e reservadas a um pequeno grupo de iniciados, seguidores de Orfeu – personagem fundador da seita. No entanto, seus adeptos nos legaram uma tradição escrita, cujo cânone abrange poemas cosmogônicos e escatológicos, além de uma série de inscrições (papiros, placas, lâminas) de caráter ritualístico que comprovam, arqueológica e simbolicamente, a difusão dessa mística que se expandiu pela Grécia principalmente entre os séculos VI e III aEC. Além da literatura que lhe é própria, o orfismo teria influenciado profundamente na difusão do drama sacramental. A proposta da investigação em apreço é a de analisar as possíveis relações entre as práticas ritualísticas dos mistérios órficos e o drama grego, e como tais práticas alegóricas e secretas se propagaram na Grécia sob o signo de Dioniso-Zagreu. O referencial teórico é composto pelas três grandes tradições europeias que se voltaram para o estudo do rito e do mito, como os ritualistas e neoritualistas de Cambridge, além da tradição francesa mais voltada à antropologia histórica e a italiana, calcada na análise das inscrições e fragmentos órficos. A metodologia consiste na análise do conceito de representação enquanto prática, o que permitirá conferir como a representação do sagrado pôde ser explorada pela seita órfica, através da imagem dionisíaca.

A educação e as relações de poder no Reino Visigodo a partir do bispo Isidoro de Sevilha (589-636)

Pâmela Torres Michelette

Esta comunicação apresentará algumas das relações de poder no reino visigodo pós conversão ao catolicismo niceíta (589) a partir do âmbito educacional. Aqui entendemos, portanto, que os ambientes escolares serão um locus de poder, que ultrapassa a questão educacional. Neste sentido, a Igreja, monopolizadora desta área, terá mais um elemento de reforço de sua autoridade. No que tange ao referencial teórico utilizamos autores para discutir as questões relacionadas a educação uns de linha francesa: Le Goff,

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Riché e Marrou, outra vertente de tradição espanhola: Perez Urbel, Diaz y Diaz, Del Val e Martin Hernandez e pesquisadores nacionais como R. Nunes e R. da Costa. O método de análise do discurso em que buscaremos através deste suporte metodológico compreender questões como: o poder e a persuasão no discurso religioso isidoriano, demonstrando que através de recursos retóricos, que certos grupos dotam os discursos de mecanismos persuasivos. Além do conceito de Ideologia com base nas análises de G. Duby. Assim concluímos que Isidoro de Sevilha como forte representante da Igreja tinha objetivos bastante claros com relação ao fortalecimento da mesma, perante as demais instâncias de poder, no caso, Monarquia e Nobreza, que andavam juntas neste contexto hispânico. A formação educacional de muitos jovens, principalmente daqueles que faziam parte desses grupos mencionados, não estavam descontextualizados das conjunturas políticas e econômicas deste reino.

Duas iluminuras do século XI: Maria elevada aos céus

Pamela Wanessa Godoi Em dois manuscritos produzidos por volta do ano de 1090, em Reims e em Rouen, norte da atual França, encontramos texto sobre a Assunção Mariana. Imagens de Maria são apresentadas nas iniciais desses textos. Neste trabalho buscamos analisar as duas imagens de maneira comparativa, apontando suas diferença e suas similaridades, e indicando-as como opções imagéticas possíveis no desenvolvimento de uma representação do tema citado nos textos. Ainda que a Assunção de Maria só tenha se tornado dogma em 1950, a festa destinada a comemoração da morte da Mãe de Deus já era citada na liturgia entre os séculos IV e V. Contudo a dificuldade de afirmar o destino carnal mariano trouxe, durante todo o período medieval, interpretações diferentes de como teria se dado a elevação de Maria ao Céu. Notamos que as diferenças nas imagens podem nos indicar como a construção da imagem mariana também permitiu, no século XI, maneiras distintas de interpretação desse tema. Considerando que as imagens são produções medievais, chamamos a atenção para o papel de imago que as iluminuras se destinaram, apresentando visualmente as perspectivas que já estavam estabelecidas, acrescentando e criando outros sentidos ao tema da elevação de Maria ao céu, após seu fim carnal.

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Physis e Nomos: o herói trágico e sua natureza humana

Paulo Rogério de Souza

O herói da epopeia era caracterizado como um homem ideal e de virtudes elevadas, próximo das divindades, já que muitos eram de origem divina ou de famílias nobres. Já a tragédia, ainda que utilizando personagens míticas, buscou aproximar o herói divino e nobre do universo humano. Esse modelo está presente nas peças de Sófocles, onde o poeta caracteriza seus heróis envolvidos em conflitos sociais, religiosos e domésticos. Assim, este trabalho busca mostrar como a figura do protagonista na tragédia sofocliana enfrenta seus conflitos sociais e humanos, com destaque para Édipo, na tragédia Rei Édipo, que vive um embate entre leis positivas (nomos) e leis naturais (physis). Enquanto na esfera do nomos as ações de Édipo têm uma preocupação coletiva e se destaca como um governante exemplar, que tem o dever político acima da própria preocupação pessoal, na busca do bem comum e na manutenção da sociedade, quando suas ações dependem da physis, da sua natureza humana, do seu ser individual, ele demonstra não ser um homem tão seguro ao fazer escolhas. Partindo desse antagonismo é que se pretende mostrar o modelo de homem-cidadão proposto pelo poeta trágico para conduzir ou participar da condução da polis clássica.

Na Praça de Atenas, o diálogo socrático enquanto atividade pedagógica

Reginaldo Aliçandro Bordin José Joaquim Pereira Melo

O objetivo deste texto é analisar o diálogo socrático enquanto atividade formativa. Sócrates, considerado um dos mais importantes pensadores gregos, elaborou um tipo de filosofia que tinha como pressuposto investigar o homem a fim de que ele fosse virtuoso e feliz. Diferente dos Pré-Socráticos, que haviam estabelecido a physis como objeto de pensamento, Sócrates interrogava a própria condição humana a fim de avaliar a prática de vida. Se

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Sócrates se afastava das especulações da natureza também não nutria apreço pelo relativismo ético dos sofistas, considerando-os carentes de verdade. É possível que a filosofia por ele professada, decorria do entendimento das transformações sociais de Atenas, que indicavam novas relações sociais. Em face do estabelecimento da democracia e da crise da aristocracia homérica, um novo homem se apresentou, com valores que se distanciavam da tradição gentílica. O deslocamento da política para a vida pública colocava o ateniense na praça, a ágora, da cidade para discutir os rumos dela. Nela, o debate se converteu em instrumento de participação política e, no caso de Sócrates, o diálogo em atividade pedagógica para formar o ateniense.

Notas sobre o sentido comum em Tomás de Aquino e Arendt

Ricardo Gião Bortolotti

Pensadores de diversas épocas e escolas buscaram esclarecer o que se entende por “realidade”. Malabarismos conceituais foram criados, mas, mesmo diante dos estratagemas da ciência, ainda partimos de um consenso geral para nossas atividades práticas. Assim, sabemos que um fenômeno não é fruto da imaginação singular, porque há um consenso que atesta a sua veracidade. Na esfera social, por exemplo, nas atividades coletivas dos homens em sociedade, partimos do chamado “senso comum”, possível da pluralidade da organização humana, das várias opiniões que se cruzam e formam a rede social. Com efeito, o senso comum está mais para o sentido de nossas ações do que para o significado, o qual pode ser atribuído à atividade científica. Ora, para essa discussão, propomos apresentar como Arendt concebe essa noção, mantendo um diálogo produtivo com Tomás de Aquino e Kant. Com o primeiro, ao falar de um “sexto sentido”, que forneceria unidade a todos os outros; com o segundo, ao atribuir comunicabilidade ao senso comum.

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Formação de D. Sebastião: Ensinanças como modelo educativo da coroa portuguesa

Sandra Regina Franchi Rubim

Terezinha Oliveira Nesse trabalho refletiremos sobre o gênero literário ensinanças visto como um documento destinado à educação do Infante D. Sebastião, no século XVI. Analisaremos o manuscrito Sentenças para a ensinança e doutrina do príncipe D. Sebastião (1554), de André Rodrigues de Évora. Trata-se de uma edição Fac-símile, publicada em 1983, do manuscrito inédito da Casa Cadaval. A eleição dessa obra justifica-se porque temos como pressuposto que as Sentenças indicariam os comportamentos necessários à formação de um ideal de rei que representaria os anseios da sociedade. Nesse contexto, de consolidação dos Estados Nacionais Moderno, era indispensável a legitimação do poder real. Dessa forma, o Infante deveria receber uma educação humanista alicerçada nos clássicos, como Aristóteles (384-322 a. C.), Cícero (106-43 a.C.), Sêneca (4 a. C.-65). Salientamos que os pressupostos teóricos que nortearão nossa análise pautam-se na História Social, pois ela nos possibilita compreender os processos educativos, nos âmbitos da História da Educação e da História Medieval e Moderna Portuguesa, para além das instituições formais e é exatamente isso que viabilizam a análise da obra Sentenças para a ensinança e doutrina do príncipe D. Sebastião.

Possíveis aproximações entre ‘formação’ e ‘autoridade’ docente

Silvana Pereira São Cyrilo

Terezinha Oliveira Com as transformações sociais, econômicas e políticas, das últimas três décadas, torna-se necessário uma nova organização do trabalho docente, por conseguinte, nas suas práticas. Essa perspectiva reforça a importância de um olhar mais cuidadoso sobre as representações dos docentes e sobre o desenvolvimento de seu trabalho, no que tange aos processos de formação e

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atuação, não só para problematizar questões em torno da profissão docente, mas também para compreender a dinâmica e os contextos sociais em que se expressam. Objetivamos, neste estudo, refletir acerca da relação entre a constituição da autoridade do professor e a formação do educando, por meio das formulações de Tomás de Aquino (1225-1274) sobre as Questões da Obediência e o Respeito, contidas na Suma Teológica, relacionando-as com as ideias de Júlio Groppa Aquino (1998) e Hannah Arendt (2011). Verificaremos nas obras estudadas como ocorrem as transformações nos conceitos de autoridade docente e os conceitos de respeito e obediência, em diferentes períodos e culturas e como elas podem nos auxiliar na compreensão de educação na/pela História.

As Meditações do Imperador Marco Aurélio

Stéfani de Almeida Onesko Renata Lopes Biazotto Venturini

O presente trabalho pretende analisar a obra Meditações do imperador romano Marco Aurélio (121-180 d.C), com o objetivo de identificar sua relação com os valores éticos propostos pela filosofia estoica. Marco Aurélio nos deixou como herança de seu pensamento Meditações, um texto de natureza essencialmente moral. A obra fora escrita em meio a um conjunto de fatores que já denotavam a instabilidade do poder imperial e a ameaça bárbara nas fronteiras. De acordo com a historiografia contemporânea não identificamos uma oposição estóica ao imperium, mas sim a quem o exercia. Nesse sentido, Marco Aurélio, o imperador estóico, vem compor a galeria dos exemplos de boa conduta política, dos quais são símbolos sempre lembrados, Otaviano e Trajano.

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A relação entre o poder político e a moeda no tratado monetário de Nicolás de Oresme

Talles Henrique P. Maffei

Jaime Estevão dos Reis Neste trabalho buscamos analisar a relação entre moeda e poder político no Ocidente no contexto do século XIV. A crescente monetarização da economia medieval, impulsionada pela “Revolução Comercial” em curso desde o século XI, alçou o dinheiro a uma importância sem precedentes, tornando-se uma ferramenta essencial para os monarcas em busca da consolidação de seu poder. Nesse sentido, o Pequeno Tratado da Primeira Invenção das Moedas, escrito entre 1355 e 1358 por Nicolás de Oresme, atesta a importância da moeda por meio da aversão do autor às frequentes alterações monetárias levadas a cabo pela monarquia francesa no intento de engrossar suas arrecadações. Para Oresme, a manipulação monetária é um ato pecaminoso e como tal pode ser motivo para a deposição do príncipe em prol do bem comum, sendo uma virtude aqueles monarcas que prezam pela estabilidade de sua moeda, dado os benefícios econômicos gerados.

Os esforços dos Sermões de Cesário de Arles na cristianização da Provença no século VI

Thiago Fernando Dias

Após a queda do Império Romano, o Ocidente passou por diversas transformações. Algumas mudanças apresentaram-se como um novo desafio para as instituições sobreviventes, principalmente a Igreja cristã que passava por um momento de elaboração e consolidação de sua ortodoxia. Aos poucos, os povos germânicos ocuparam progressivamente o território do antigo Império Romano e começaram a se misturar à população e a disputar o poder administrativo das regiões ocupadas. Este processo foi visível no sul da Gália, sobretudo na Provença, que no fim do século V e início do VI, passava por um processo de cristianização e era disputada por visigodos, francos, borgonheses e ostrogodos. Assim, observando esse momento de embate político e procura

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de assimilação religiosa, pretendemos apresentar algumas considerações, atualmente parciais, acerca do processo de cristianização da população nesse momento conturbado do Ocidente Medieval. Para isso, analisaremos os escritos de Cesário, bispo que atuou por mais de trinta anos na cidade de Arles e teve constante ligação política com os governantes germânicos.

Arte e cidade no Renascimento italiano

Viviane de Oliveira Terezinha Oliveira

O objetivo desse trabalho é compreender a mútua relação entre arte e cidade no século XV, mais especificamente em Florença. Essa dinâmica percorre pelas veias das grandes estruturas sociais do período, a corte e a sociedade burguesa. O ponto de partida para esse trabalho foi a tese, de aceite geral na História da Arte, que a autonomia e a consciência do artista e da arte são conquistas realizadas pela figura burguesa do Renascimento. Procuramos estabelecer essa relação entre artista, corte e cidade para compreender essa significativa mudança a partir de uma análise biográfica de Leonardo Da Vinci e a sua relação profissional, tanto com a corte florentina quanto com grandes comerciantes. Concluímos nesse trabalho que essa mudança no entendimento de arte, levantada pela historiografia, não é fruto unicamente pelo estabelecimento de um segmento social, mas sim da mútua relação entre arte e cidade como um todo. Essa pesquisa é de cunho bibliográfico, ambientada pela perspectiva da Longa Duração de Fernand Braudel, sob a metodologia da História Social apresentada por Marc Bloch.