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Curso Online – Contabilidade de Instituições Financeiras - BACEN Teoria e Exercícios Prof. Jaildo Lima Prof. Jaildo Lima de Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 1 I – Apresentação do Professor Olá pessoal! Meu nome é Jaildo Lima de Oliveira, sou contador, tenho pós-graduação em Finanças e Mestrado em Contabilidade. Sou funcionário de carreira do Banco Central do Brasil (Bacen), aprovado no concurso de 1997. Trabalhei alguns anos na área de Fiscalização e, desde 2003, estou vinculado à área de normas para o sistema financeiro, trabalhando, inclusive, com normas relacionadas à contabilidade de instituições financeiras. Antes de entrar no Bacen, trabalhei por mais de 9 anos na Caixa Econômica Federal, exercendo atividades relacionadas às áreas de concessão de crédito e avaliação de projetos. Sou professor de contabilidade geral e de contabilidade bancária. Já ministrei aulas em diversos locais como UnB, FGV, IBMEC e em vários cursos preparatórios para concursos na área bancária, dentre eles os concursos do Bacen e do Banco do Brasil. Também ministrei aulas à distância em cursos regulares de graduação e pós graduação e em preparatórios para concursos. II – Como serão as aulas Mas o que verdadeiramente importa é o que e como vamos ajudar você a estudar contabilidade bancária visando à prova do Bacen. Em princípio, esse conteúdo pode parecer estranho para a maioria dos alunos, principalmente aqueles que não estão familiarizados com termos contábeis. Mas procuraremos apresentar as noções básicas da contabilidade e das operações por ela registradas de forma a permitir que vocês percebam a dinâmica desses conteúdos. Em nossas aulas vamos integrar o conteúdo teórico, que será apresentado de forma bem simples, com exemplos práticos e exercícios, principalmente aqueles baseados nas questões que foram exigidas em concursos recentes. Destaco que no último concurso do Bacen para as áreas 2 e 3 (áreas econômica e de supervisão, respectivamente), a entidade promotora indicou no Edital que seriam exigidas noções não só do Plano Contábil das Instituições

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Curso Online – Contabilidade de Instituições Financeiras - BACEN Teoria e Exercícios Prof. Jaildo Lima

Prof. Jaildo Lima de Oliveira www.pontodosconcursos.com.br 1

I – Apresentação do Professor

Olá pessoal!

Meu nome é Jaildo Lima de Oliveira, sou contador, tenho pós-graduação em

Finanças e Mestrado em Contabilidade. Sou funcionário de carreira do Banco

Central do Brasil (Bacen), aprovado no concurso de 1997. Trabalhei alguns

anos na área de Fiscalização e, desde 2003, estou vinculado à área de normas

para o sistema financeiro, trabalhando, inclusive, com normas relacionadas à

contabilidade de instituições financeiras. Antes de entrar no Bacen, trabalhei

por mais de 9 anos na Caixa Econômica Federal, exercendo atividades

relacionadas às áreas de concessão de crédito e avaliação de projetos.

Sou professor de contabilidade geral e de contabilidade bancária. Já ministrei

aulas em diversos locais como UnB, FGV, IBMEC e em vários cursos

preparatórios para concursos na área bancária, dentre eles os concursos do

Bacen e do Banco do Brasil. Também ministrei aulas à distância em cursos

regulares de graduação e pós graduação e em preparatórios para concursos.

II – Como serão as aulas

Mas o que verdadeiramente importa é o que e como vamos ajudar você a

estudar contabilidade bancária visando à prova do Bacen. Em princípio, esse

conteúdo pode parecer estranho para a maioria dos alunos, principalmente

aqueles que não estão familiarizados com termos contábeis. Mas procuraremos

apresentar as noções básicas da contabilidade e das operações por ela

registradas de forma a permitir que vocês percebam a dinâmica desses

conteúdos.

Em nossas aulas vamos integrar o conteúdo teórico, que será apresentado de

forma bem simples, com exemplos práticos e exercícios, principalmente

aqueles baseados nas questões que foram exigidas em concursos recentes.

Destaco que no último concurso do Bacen para as áreas 2 e 3 (áreas

econômica e de supervisão, respectivamente), a entidade promotora indicou

no Edital que seriam exigidas noções não só do Plano Contábil das Instituições

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do Sistema Financeiro (Cosif), principal foco de nosso curso, mas também

seriam exigidas “Noções de Contabilidade Internacional”. Nesse sentido,

supondo que o próximo Edital trará demanda semelhante, pretendemos

reservar as últimas aulas do curso para destacar, de forma resumida, pontos

importantes da Contabilidade Internacional.

Nesse início, quero esclarecer que a contabilidade, seja a comercial, seja a

bancária, seja de qualquer outro ramo, segue regras gerais. Nesse sentido, nas

primeiras aulas do curso, pretendemos apresentar algumas noções de

Contabilidade Geral, para, a partir delas, aprofundarmos as questões

relacionadas à contabilidade de instituições financeiras (ou contabilidade

bancária). Essas aulas introdutórias são fundamentais, principalmente para

aqueles concurseiros não familiarizados com contabilidade, pois será possível

compreender a mecânica contábil que será apresentada nas aulas seguintes.

Tendo essa compreensão, o restante do conteúdo será assimilado bem mais

facilmente!

Na 1ª aula do curso apresentamos para vocês um pouco do que será esse

curso, de forma a permitir a compreensão de algumas noções básicas que

serão úteis no estudo específico da contabilidade bancária. Vocês verão que a

contabilidade não é um ‘bicho papão’ que somente algumas pessoas podem

entender.

Apresentamos ao longo do curso uma base de questões próprias, outras

oriundas de provas do Bacen, a partir do concurso de 1997, e outras de vários

outros concursos como Banco do Brasil, Caixa Econômica e BRB.

III – Quantidade de aulas e duração do curso

O conteúdo será ministrado em 15 aulas que ocorrerão até o dia 29 de junho

de 2012. Entretanto, se for lançado Edital para o Concurso do Bacen,

poderemos fazer a revisão do cronograma, adequando-o aos prazos previstos

no Certame.

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IV – Conteúdo Programático: baseado na parte de contabilidade do

Edital do Concurso do Bacen – Área 3

Aula 1 – 30/05/2012 Contabilidade Geral: Conceito. Usuários. Objeto. Finalidade. Patrimônio:

componentes patrimoniais; ativo; passivo e situação líquida; equação

patrimonial. Apuração de resultados. Fatos contábeis e respectivas variações

patrimoniais. O regime de caixa e o de competência. Conta: conceito;

estrutura das contas; grupos de contas patrimoniais e de resultado; plano de

contas. Débito; crédito; saldo; função e. Escrituração: conceito; partidas

dobradas; lançamento contábil – rotina e fórmulas; Livros contábeis.

Aula 2 – 31/05/2012 Contabilidade Geral: Princípios fundamentais de contabilidade aprovados

pelo Conselho Federal de Contabilidade. Demonstrações Financeiras: Balanço

Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração das

Mutações do Patrimônio Líquido; Demonstração dos Fluxos de Caixa;

Demonstração do Valor Adicionado.

Aula 3 – 01/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional

– (COSIF): Normas básicas, Elenco de contas. Classificação de contas. Livros

de escrituração. Regimes de competência. Critérios de avaliação dos ativos e

de registro dos passivos. Conciliação e análise de contas: importância da

documentação suporte para a contabilidade. Conceito, funções e registro de

operações ativas. Conceito, funções e registro de operações passivas.

Princípios gerais.

Aula 4 – 06/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Disponibilidades. Operações interfinanceiras de liquidez e com

títulos e valores mobiliários. Classificação dos títulos e valores mobiliários em

categorias. Títulos de renda variável. Títulos de renda fixa. Operações

compromissadas. Conceitos relacionados com instrumentos financeiros.

Operações de venda ou de transferência de ativos financeiros. Relações

interfinanceiras e interdependências.

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Aula 5 – 07/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: de crédito. Classificação das operações de crédito.

Classificação das operações de crédito por nível de risco e aprovisionamento.

Aula 6 – 08/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Operações de arrendamento mercantil: Classificação das

operações de arrendamento mercantil e provisionamento. Adiantamentos a

fornecedores e comissões de compromisso. Operações de subarrendamento.

Antecipação do valor residual garantido.

Aula 7 – 13/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Ativo permanente: Investimentos em outras sociedades.

Método de equivalência patrimonial. Incorporação, fusão e cisão. Ativo

imobilizado. Ativo diferido. Ativo intangível. Bens não de uso próprio. Redução

no valor recuperável de ativos.

Aula 8 – 14/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Operações passivas: Depósitos à vista. Depósitos a prazo.

Depósitos de poupança. Depósitos interfinanceiros. Recursos de aceites

cambiais. Recursos de letras imobiliárias e hipotecárias. Recursos de

debêntures. Recursos de empréstimos e repasses. Corretagens e taxas de

colocação de títulos de emissão própria. Provisões, passivos, contingências

passivas e contingências ativas. Patrimônio líquido: Capital social. Subscrição,

realização, aumento e redução do capital social. Reservas de capital. Reservas

de reavaliação. Reservas de lucros. Ações em tesouraria. Receitas e despesas:

Classificação de receitas e despesas. Imposto de renda e contribuição social.

Créditos tributários. Contas de compensação: Avais, fianças e outras

coobrigações.

Aula 9 – 15/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Câmbio: Valores em moedas estrangeiras. Escrituração de

operações em moeda estrangeira. Aplicações em moedas estrangeiras.

Financiamentos em moedas estrangeiras. Adiantamentos sobre contratos de

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câmbio e operações de compra e venda em moedas estrangeiras. Recursos de

empréstimos e repasses em moedas estrangeiras. Depósitos em moedas

estrangeiras.

Aula 10 – 20/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Operações com derivativos: termo, futuro, opção e swap,

derivativos de crédito. Funções dos derivativos: hedge, arbitragem,

especulação, captação e aplicação. Operações acessórias hedge, arbitragem,

especulação, captação e aplicação. Contabilização.

Aula 11 – 21/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Demonstrações financeiras: Balanço patrimonial.

Demonstração do resultado do exercício. Demonstração das mutações no

patrimônio líquido. Demonstração dos fluxos de caixa. Consolidação

operacional das demonstrações financeiras: Conglomerado financeiro.

Procedimentos destinados à obtenção das demonstrações financeiras

consolidadas. Consolidado econômico-financeiro. Análise de demonstrações

financeiras de instituições financeiras. Divulgação de partes relacionadas.

Aula 12 – 22/06/2012 OPERAÇÕES BANCÁRIAS E CONTABILIDADE DE INSTITUIÇÕES

FINANCEIRAS: Conceituação de IFRS, Estrutura do International Account

Standards Board (IASB). Formato dos Pronunciamentos Contábeis. IFRS no

mundo, mapa da convergência ao IFRS, impactos da adoção de IFRS no

mundo. IFRS no Brasil: motivações, legislação, estrutura normativa no Brasil,

Comitês de Pronunciamentos Contábeis (CPC) – origem e objetivos, cenário de

convergência no Brasil. Noções sobre os padrões internacionais de

contabilidade: Estrutura conceitual para elaboração e apresentação de

demonstrações financeiras. Apresentação das demonstrações financeiras (IAS

1). Políticas contábeis, estimativas e erros (IAS 8). Eventos subsequentes à

data do balanço (IAS 10). Ativos intangíveis (IAS 38).

Aula 13 – 27/06/2012 Convergência ao IFRS: Arrendamento mercantil (IAS 17). Reconhecimento

de receita (IAS 18). Efeitos das alterações nas taxas de câmbio (IAS 21).

Consolidação (IAS 27). Combinações de negócios (IFRS 3).

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Aula 14 – 28/06/2012 Convergência ao IFRS: Instrumentos financeiros: apresentação (IAS 32).

Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração (IAS 39).

Aula 15 – 29/06/2012 Gestão de riscos no mercado financeiro: Risco de mercado. Risco de

moedas. Risco de taxas de juros. Risco de Preços. Risco de crédito. Risco de

liquidez. Risco operacional. Risco Legal.

V – Considerações Finais

Destaco, por fim, que tenho a grata satisfação de ter vários colegas de

trabalho que foram meus alunos em cursos preparatórios, principalmente por

saber que contribui de alguma forma para que eles fossem aprovados em um

processo seletivo tão disputado. No último concurso realizado pelo Bacen a

alegria foi maior pois quando novos servidores se apresentaram no meu setor

de trabalho, alguns já me conheciam pois tinham estudado com material

elaborado por mim!

Dessa forma, tenho certeza que esse material ajudará você na realização do

sonho de ter um emprego bem remunerado e estável!

As críticas ou sugestões poderão ser enviadas para:

[email protected]

Prof. Jaildo Lima

Maio/2012

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Aula 01

1. Contabilidade: Conceito, usuários, objeto e finalidade

Imagine, por exemplo, que você seja um profissional de mercado, que

recebe um convite para ser diretor financeiro de uma empresa. Ao chegar na

companhia, você percebe que toda a diretoria anterior havia se demitido, não

deixando informações sobre o estágio atual da sociedade. Certamente, uma de

suas primeiras ações será a de buscar dados e informações no setor de

contabilidade da referida empresa, pois tal setor responde pelo efetivo registro

das transações da entidade.

Mas o que é e para que serve a contabilidade? A Fipecafi/USP (2007), uma

importante entidade de pesquisa na área financeira, define contabilidade como

“um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com

demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de

produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização”.

Vamos nos deter um pouco nesta conceituação. A Contabilidade é um

sistema de informação, pois há uma ‘ordem’ na técnica contábil que garante

um conjunto articulado de dados, técnicas de acumulação, ajustes e edições de

relatórios que permitem tratar as informações de natureza repetitiva com o

máximo possível de relevância e o mínimo de custo. Esse sistema de

informação permite, ainda, por meio da utilização dessa base de dados, a

geração de relatórios com os mais diversos enfoques.

As informações de natureza econômica dizem respeito às variações no

patrimônio (fluxos de receitas e despesas). O termo financeiro envolve os

conceitos de fluxo de caixa, capital de giro, tesouraria, disponibilidades, etc.

Dessa forma, podem ocorrer situações de empresas com excelente condição

econômica, mas com dificuldades financeiras, e vice-versa.

As informações de natureza física são relativas a um constante

acompanhamento dos quantitativos envolvidos nos processos da empresa

(principalmente os estoques), permitindo, assim, uma inferência sobre a

evolução de determinado empreendimento por parte do usuário.

As informações sobre produtividade são dadas pela utilização tanto de

conceitos monetários quanto de valores quantitativos, permitindo a utilização

de índices e indicadores que permitem uma análise conjunta e comparativa dos

dados.

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Os usuários da Contabilidade podem ser resumidos em 3 grandes grupos:

• acionistas e administradores;

• emprestadores de recursos e credores em geral; e

• integrantes do mercado de capitais como um todo, no sentido de que a

quantidade, a natureza e a relevância da informação prestada abertamente

pela entidade influenciem, mesmo que indiretamente, esse mercado.

Um dos principais interessados nas informações extraídas da Contabilidade

é o Fisco, que exerce seu poder tributário a partir das informações geradas da

escrituração mercantil (escrituração contábil).

Relacionado ao conceito da Contabilidade, pode-se abordar, ainda, a

questão do objeto e da finalidade da Contabilidade. Para que a Contabilidade

existe? Qual é o seu alvo? Efetivamente, a contabilidade tem como objeto o

patrimônio. Sua finalidade primordial é acompanhar o desenvolvimento do

patrimônio de uma determinada entidade, gerando informações úteis para fins

de decisão por parte dos diversos usuários acerca de todos os atos e fatos que

possam influenciá-lo, direta ou indiretamente.

Logo, podemos concluir que a Contabilidade existe porque existe uma

entidade por trás dela. Sem empreendimento, não há por que se falar em

controle, acompanhamento, registro, informação e outras características da

contabilidade.

2. Patrimônio, Patrimônio Líquido (PL), componentes patrimoniais

Comentamos, quando da conceituação da Contabilidade, que a ela resulta

de sua função principal, que é a de gerar informações relacionadas ao

patrimônio. Mas, em termos contábeis, o que vem a ser patrimônio?

Podemos dizer que patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações

da entidade. Verifica-se que esse conceito, além de abranger nossa ideia

original de patrimônio que envolve somente os bens, aumenta seu contexto,

pois engloba os direitos e obrigações.

Assim a contabilidade trabalha com o conceito de patrimônio líquido que é

dado pela diferença entre os bens e direitos (chamados na contabilidade de

ativos) e as obrigações (denominadas passivos). Observe que a noção de

patrimônio líquido é bem coerente: para se saber o exato patrimônio de uma

pessoa ou entidade, precisamos deduzir dos seus bens e direitos as

obrigações, chegando-se, assim, ao valor líquido desse patrimônio.

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Tal conceito permite que deduzamos a equação fundamental da

Contabilidade (ou equação patrimonial):

PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO (bens e direitos) - PASSIVO (obrigações)

Essa equação pode ser escrita de forma diferente sem mudar o seu

significado:

ATIVO (bens e direitos) = PASSIVO (obrigações) + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Por meio dessa última equação, pode-se estabelecer a representação mais

comum do patrimônio, dada pelo Balanço Patrimonial que é uma

demonstração contábil muito citada quando são divulgadas informações de

uma empresa. O Balanço Patrimonial evidencia todos os ativos, passivos e o

patrimônio líquido de uma entidade, por meio da seguinte representação

gráfica:

Balanço Patrimonial Ativo (A) Passivo (P)

Patrimônio Líquido (PL)

Total do Ativo Total do Passivo + Total do PL

A partir da equação fundamental da contabilidade, é possível concluir que

no Balanço Patrimonial sempre o total do Ativo será igual ao total do Passivo

mais Patrimônio Líquido. Aliás, o termo ‘balanço’ decorre justamente desse

equilíbrio entre o seu lado esquerdo (Ativo) e o seu lado direito (Passivo +

Patrimônio Líquido).

Vejamos um exemplo bem simples: vamos supor que uma empresa está

sendo criada e realizará algumas operações iniciais. Vamos supor também que

a cada operação essa nova empresa irá levantar um balanço patrimonial. As

operações são as seguintes:

I – constituição do capital da empresa, no valor de R$ 50.000,00, que foi

colocado pelos sócios da empresa em espécie (dinheiro);

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II – compra de móveis e utensílios para a empresa no valor de

R$ 30.000,00, pagos à vista;

III – compra, a prazo, de um veículo no valor de R$ 15.000,00.

Vamos ver como ficará o balanço patrimonial da empresa após cada uma

dessas operações?

I – constituição do capital da empresa, no valor de R$ 50.000,00, que

foi colocado pelos sócios da empresa em espécie (dinheiro):

Balanço Patrimonial – Após a constituição da empresa Ativo(P) Passivo (P)

Caixa 50.000,00 - - Patrimônio Líquido (PL) Capital Social 50.000,00

Total do Ativo 50.000,00 Total do Passivo + Total do PL

50.000,00

- Observem que quando a empresa é constituída o ‘bem’ ou o ativo que ela

recebe dos sócios é dinheiro, normalmente denominado ‘Caixa’. Esse recurso

não é uma obrigação da empresa para com os sócios, não sendo, portanto,

registrado como um passivo. Assim, se a empresa não tem passivo no

momento da constituição, ela terá um patrimônio líquido igual ao total dos

ativos. Para tanto, ela registra em uma conta que representa os investimentos

feitos pelos sócios, denominada ‘Capital Social’, os valores investidos. Vejam

que a igualdade no balanço patrimonial é respeitada: o total de ativos é igual

ao total de passivos mais o patrimônio líquido.

Conseguiram perceber? Se não, vejamos como seria o balanço dessa

empresa fictícia após a segunda operação.

II – compra de móveis e utensílios para a empresa no valor de

R$ 30.000,00, pagos à vista: observe que nesse caso, como a compra é

realizada à vista, o saldo em caixa será reduzido para R$ 20.000,00

(R$ 50.000,00 – R$ 30.000,00) e será registrado um valor referente a um

novo ativo: Móveis e Utensílios.

Balanço Patrimonial – após compra de móveis e utensílios à vista Ativo(P) Passivo (P)

Caixa 20.000,00 -

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Móveis e Utensílios

30.000,00 -

Patrimônio Líquido (PL) Capital Social 50.000,00

Total do Ativo 50.000,00 Total do Passivo + Total do PL

50.000,00

- Observem que o total de ativo permanece o mesmo. No entanto, agora parte

dele é constituído na forma de bens móveis. Verifiquem, também, que a

igualdade no balanço patrimonial continua sendo respeitada: o total de ativos é

igual ao total de passivos mais o patrimônio líquido.

A ideia é que igualdade entre ativos e passivos mais patrimônio líquido

continue a ser respeitada. Vamos ver com a operação III que a empresa

contrata um passivo e como isso será refletido em seu balanço.

III – compra, a prazo, de um veículo no valor de R$ 15.000,00: nesse

caso, haverá o registro de um novo ativo, ‘Veículo’, que terá como

contrapartida uma obrigação no Passivo, que podemos chamar de ‘Dívidas a

Pagar’.

Balanço Patrimonial – após compra de veículo a prazo Ativo(P) Passivo (P)

Caixa 20.000,00 Dívidas a Pagar 15.000,00 Móveis e Utensílios

30.000,00 -

Veículos 15.000,00 Patrimônio Líquido (PL) Capital Social 50.000,00

Total do Ativo 65.000,00 Total do Passivo + Total do PL

65.000,00

- Vejam que há o crescimento do ativo em função do registro do veículo. No

entanto, o lado do passivo mais patrimônio líquido também aumenta, pois é

registrada a obrigação de pagar o veículo. Assim, fica mantida a igualdade. No

futuro, quando essa obrigação for paga, haverá uma redução no caixa em

contrapartida ao zeramento da dívida.

Alguém pode estar pensando? Mas a empresa faz um balanço patrimonial

a cada operação que realiza? Claro que não. Na prática das empresas, o

balanço patrimonial normalmente é elaborado ao final de um ano juntamente

com a apuração do resultado. Nós veremos mais adiante os detalhes dessa

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elaboração, mas aqui fizemos apenas uma demonstração de que sempre o

total de ativos deverá ser igual ao total de passivos mais patrimônio líquido.

3. Situações patrimoniais

A partir do Balanço Patrimonial, podemos visualizar as chamadas situações

patrimoniais. A situação patrimonial mais comum é a positiva. Ela indica que

os ativos de uma entidade ativos são maiores que seus passivos. Outra

situação que pode ocorrer é a negativa que ocorre quando o Passivo de uma

entidade é maior que se Ativo. Nesse caso a situação patrimonial é negativa,

também chamada de ‘Passivo a Descoberto’. Tal situação indica que as dívidas

de uma entidade são maiores que seus bens e direitos. Por isso, o patrimônio

líquido, nesse caso, é negativo.

PASSIVO A DESCOBERTO = PASSIVO > ATIVO

Com base na equação fundamental do balanço (PL = A - P), podemos

concluir que, em dado momento, o patrimônio assume, invariavelmente, uma

das seguintes situações patrimoniais:

1 – quando A > P, temos PL > 0, ou seja, situação patrimonial positiva;

Balanço Patrimonial Ativo (A) Passivo (P)

1.000

350

Patrimônio Líquido (PL)

650*

Total do Ativo = 1.000 Total do Passivo + Total do PL = 1.000

* Nesse caso, o PL é positivo.

2 – quando A = P, teremos PL = 0, ou seja, situação patrimonial nula. Essa

situação patrimonial é mais teórica, pois dificilmente em uma entidade o total

de ativos será exatamente igual ao total de passivos;

Balanço Patrimonial Ativo (A) Passivo (P)

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1.000 1.000*

Total do Ativo = 1.000 Total do Passivo = 1.000

* Nesse caso, o PL é nulo.

3 – quando P > A, teremos PL < 0, ou seja, situação patrimonial negativa

ou ‘passivo a descoberto’.

Balanço Patrimonial Ativo (A) Passivo (P)

1.000 1.500

Total do Ativo = 1.000 Patrimônio Líquido (PL) -500* Total do Passivo + Total do PL

= 1.000

* Nesse caso, o PL é negativo, pois o passivo é maior do que o ativo.

4. Fatos Contábeis

As diversas operações de uma empresa podem ou não afetar seu

patrimônio. Quando tais operações não alteram o patrimônio, são chamados

atos administrativos. Quando afetam são chamados fatos contábeis.

Os fatos contábeis podem alterar o patrimônio qualitativa ou

quantitativamente. Dessa forma, podem ser: permutativos, modificativos ou

mistos.

Os fatos permutativos não alteram o valor do patrimônio e envolvem

somente contas de Ativo e Passivo. Assim, as alterações patrimônio são

apenas qualitativas. Exemplo: compra de um veículo à vista. Nesse caso, uma

entidade está trocando um ativo (dinheiro - disponibilidade) por outro

(veículo). O patrimônio líquido não é afetado.

Os fatos modificativos podem aumentar ou diminuir o patrimônio líquido.

Podem ser diminutivos ou aumentativos. Os fatos modificativos diminutivos

decorrem do registro de despesas. Os fatos modificativos aumentativos

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decorrem do registro de receitas. Exemplos: (1) pagamento de salários: nesse

caso, normalmente a empresa baixa um ativo (caixa ou outra disponibilidade)

para liquidar uma despesa; (2) rendimentos de aplicações financeiras: nessa

situação, a empresa normalmente aumenta o valor de seu ativo (via aumento

do valor da aplicação financeira) registrando em contrapartida um ganho que

irá seu lucro no período, que por sua vez contribui para o aumento do

patrimônio.

Os fatos mistos, também chamados compostos, são aqueles que são

permutativos e modificativos ao mesmo tempo. Também podem ser

aumentativos ou diminutivos. Exemplo: pagamento de dívida com desconto,

etc.

Resumidamente, os fatos contábeis são:

Resumo sobre Fatos Contábeis Permutativos Não afetam o PL

Modificativos Aumentativo: aumenta PL Diminutivo: reduz o PL

Mistos (Permutativo e Modificativo ao mesmo tempo)

Aumentativo: aumenta PL Diminutivo: reduz o PL

5. Receitas, despesas e resultado - Variações no Patrimônio Líquido

O patrimônio líquido de uma empresa varia normalmente em função dos

impactos resultantes das receitas e despesas decorrentes de sua atividade

operacional. Há outras fontes de variação no patrimônio líquido como um

aumento do capital social de uma empresa (que aumenta o patrimônio líquido)

ou uma diminuição do capital social por meio da saída de um sócio que leva

uma parcela do patrimônio (fato que reduz o patrimônio líquido).

As receitas podem ser conceituadas como o impacto positivo sobre o

patrimônio líquido resultante, geralmente, da atividade operacional da

empresa. Pode decorrer, por exemplo, de vendas com lucros, de juros sobre

depósitos bancários e de outros ganhos.

As despesas, por sua vez, representam uma redução do patrimônio líquido

em função principalmente do consumo de bens ou serviços que, direta ou

indiretamente, ajudam a produzir uma receita. Dessa forma, a despesa só

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existe porque ela propiciará a geração de uma receita capaz de não só

suplantá-la, como também garantir uma margem de lucro.

O resultado resume a equação que definirá a variação no patrimônio

líquido. Se a receita for maior que a despesa, haverá um aumento do PL. Se a

receita for menor que a despesa, haverá uma redução do PL.

Teoricamente, o resultado final de uma empresa só poderia ser apurado

após o seu fechamento, quando seriam vendidos todos os seus ativos, pagas

todas as obrigações e verificada a variação entre o patrimônio líquido inicial e o

final. No entanto, normalmente pressupõe-se que a empresa continuará

funcionando indefinidamente.

Dessa forma, é importante para a administração mensurar os resultados

parciais obtidos pela empresa com a finalidade de melhor direcionar sua

atividade, buscando maximizar os resultados. Essa mensuração ocorre em

períodos definidos chamados período contábil ou exercício social, que

geralmente são de um ano para a maior parte das empresas.

No caso da maior parte das empresas, o exercício social tem duração de

um ano e a data de seu término, 31 de dezembro, deve ser fixada no estatuto

ou contrato social.

Por ocasião da apuração do resultado do exercício social, serão zerados

todos os saldos das contas de resultado, chegando-se ao valor líquido que irá

ser incorporado ao PL para posterior destinação, inclusive a distribuição aos

acionistas, de acordo com o que tiver sido definido previamente no estatuto

social da entidade. Ocorrendo lucro ou prejuízo, o resultado será transferido

para uma conta do PL denominada “Lucros ou Prejuízos Acumulados”.

6. Regime de competência e regime de caixa

Outro princípio importante no estudo da variação do patrimônio líquido é o

do regime de competência de exercícios, segundo o qual receitas e despesas

são registrados pela contabilidade em função do seu fato gerador, e não em

função do recebimento da receita ou do pagamento da despesa.

Esse princípio permite uma adequada comparação entre despesas e receitas

de cada exercício para a apuração de resultado, com reflexos nas

demonstrações contábeis como o próprio Balanço Patrimonial. Como já foi

comentado, a utilização dessa regra conduz a uma visualização distinta da de

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fluxo de caixa, pois o que importa são as variações econômicas no Patrimônio

Líquido.

As despesas e receitas ocorridas contabilmente e não realizadas

financeiramente são tratadas pela Contabilidade de forma a garantir o

cumprimento do princípio citado acima. Existem duas regras básicas:

a) se uma empresa obteve uma receita (ganhou), mas ainda não recebeu

em dinheiro e tampouco foi feito qualquer registro contábil, essa receita deve

ser registrada no período em que foi obtida. Exemplos:

1 - o aluguel do mês de maio recebido somente em junho, deve ser

registrado como receita, sendo considerado no resultado, do mês de maio;

2 - uma venda a prazo feita no mês de janeiro para recebimento em março,

deve ser contabilizada como receita no mês da venda (janeiro),

independentemente de seu recebimento em março.

b) se uma empresa incorreu numa despesa ainda não paga, e se nenhum

registro contábil foi realizado, essa despesa deve ser registrada no período de

sua ocorrência, independentemente de seu pagamento. Exemplos:

1 – a despesa de salário do mês de dezembro que será paga em janeiro

deve ser computada no mês de sua ocorrência (dezembro), impactando o

resultado de dezembro;

2 – uma despesa de manutenção feita em setembro e paga somente em

novembro deve ser registrada em setembro, afetando o resultado daquele

mês.

7. Procedimentos contábeis básicos

A organização das informações contábeis demanda um eficiente sistema de

registros, baseado em um plano de contas que tenha a capacidade de

abranger todas as operações de uma entidade, permitindo, assim, a

elaboração de demonstrativos contábeis que evidenciem a real situação

patrimonial da empresa.

Em geral, as operações realizadas pelas empresas geram aumentos ou

diminuições de ativos, de passivos e, consequentemente de patrimônio líquido.

O registro dessas movimentações é feito nas chamadas contas, que conforme

o controle de cada entidade pode ter um código específico.

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As contas podem ser patrimoniais ou de resultado. As contas

patrimoniais são as contas que representam os ativos, passivos ou o próprio

Patrimônio Líquido. As contas de resultado representam receitas e

despesas.

Algumas empresas utilizam contas para controle de operações que podem,

no futuro, representar bens, direitos ou obrigações. Portanto, não afetam o

patrimônio da empresa. Essas contas de controle são chamadas de contas de

compensação ou de controle.

O elenco de todas as contas é chamado Sistema de Contas ou Plano de

Contas, que geralmente apresenta as contas de forma ordenada e codificada,

bem como detalha todas as normas e procedimentos adotados por um sistema

contábil. A maior parte das empresas trabalha com planos de conta internos.

Em alguns setores, como o financeiro, há planos de contas padronizados. O

Cosif é o Plano de Contas das Instituições do Sistema Financeiro Nacional e

que deve ser observado por todas as instituições financeiras quando da

remessa de suas informações ao Banco Central.

Segue uma lista inicial contendo algumas contas muito utilizadas nos planos

de contas de uma empresa comercial:

Grupo Conta Função

Ativo

Caixa Registrar disponibilidades em espécie

Bancos Conta Movimento

Registras valores registrados em contas correntes

Aplicações Financeiras Registrar aplicações financeiras feitas

Mercadorias ou Estoques

Registrar mercadorias em estoque para comercialização

Clientes ou Duplicatas a Receber

Registrar valores a receber decorrentes de vendas a prazo

Móveis e Utensílios Registrar valores referentes ao mobiliário da empresa

Veículos Registrar valores referentes aos veículos de propriedade da empresa

Imóveis Registrar os investimentos em imóveis

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Passivo

Fornecedores Registrar as dívidas junto a fornecedores de mercadorias

Empréstimos e Financiamentos

Registrar o valor das operações de crédito contratadas junto a instituições financeiras

Impostos a Pagar Registrar os impostos pendentes de recolhimento pela empresa

Salários a Pagar Registrar o valor ainda não pago das despesas com salários de empregados

Patrimônio

Capital Social Registrar o capital investido pelos sócios na empresa

Reservas de Lucros Registrar a parcela dos lucros de uma empresa que são mantidos no seu patrimônio líquido

Prejuízos Acumulados Registrar prejuízos acumulados ainda não absorvidos pela empresa

De resultado

Receitas

Registrar as receitas auferidas pela empresa em determinado período. Podem ser: de vendas, de ganhos em aplicações financeiras, de ganhos na venda de bens imóveis etc

Despesas

Registrar as despesas incorridas pela empresa em determinado período. Podem ser: de salários, de vendas, administrativas, vinculadas a impostos, de depreciação de bens móveis, oriundas de perdas de capital etc.

7.1 Débito e Crédito

Muitas pessoas sem conhecimento da Contabilidade tem a ideia de que

débito significa algo desfavorável, e crédito, algo favorável. Essa noção é, em

grande parte, tributada as informações que recebemos dos bancos por meio do

extrato bancário. Lá, toda vez que a nossa conta tem um crédito é um sinal de

que entrou dinheiro em nossa conta. Por outro lado, toda a vez que há um

débito em nossa conta, sabemos que foram retirados valores dela.

Mas como funciona exatamente, o mecanismo do débito e crédito?

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Inicialmente, é preciso entender que tais denominações são, simplesmente,

convenções contábeis. Assim, sob o ponto de vista da contabilidade o débito

não é um vilão, nem o crédito nosso herói.

É possível entender o mecanismo de débito é crédito a partir do seguinte

esquema:

DÉBITO – responde a pergunta: Onde os recursos foram aplicados?

CRÉDITO – responde a pergunta: Qual a origem dos recursos?

Assim, identificando-se em qualquer lançamento contábil onde os recursos

foram aplicados (débito) e qual a sua origem (crédito), é possível proceder a

qualquer lançamento.

Antigamente, quando a escrituração dos lançamentos era feita de forma

manual, havia toda uma formalidade para registro das operações. Era

necessário indicar:

- em uma linha o local e data da operação,

- na linha seguinte a(s) conta(s) debitada(s) seguida(s) do respectivo

valor,

- na linha seguinte, precedida(s) da partícula ‘a’, a(s) conta(s) creditada(s)

e seus correspondentes valores e, ainda,

- na última linha, um breve histórico do lançamento feito.

Imagine a empresa registrando a compra de um veículo à vista... O registro

se dava mais ou menos assim:

Gama-DF, 25 de maio de 1995 Veículos 25.000,00

a Caixa 25.000,00 Pela aquisição de veículo Fiat XX, placa ADG 9999, conforme NF

0001.

Hoje com a escrituração automatizada, basicamente se exige apenas a

indicação da conta a ser debitada e da conta a ser creditada. No lançamento

contábil esse registro pode ser feito indicando a conta debitada (por meio de

um Débito - D) e a conta creditada (por meio de um Crédito – C). a conta a ser

mecanizada o

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Por exemplo, a mesma operação de aquisição à vista de um automóvel teria

como origem o dinheiro (Caixa) e como aplicação o bem adquirido (Veículos).

O lançamento contábil será:

D – Veículos 25.000,00

C – Caixa 25.000,00

Caso o veículo tivesse sido adquirido a prazo, a origem seria, por exemplo,

um financiamento bancário.

O lançamento seria:

D – Veículos 25.000,00

C – Financiamento Bancário 25.000,00

Atenção: Não perca tempo decorando lançamentos contábeis! É preciso

entender sua lógica.

Um excelente caminho para começar é olhando para o balanço patrimonial.

O lado esquerdo do balanço, representado pelos ativos, indica onde a empresa

está fazendo suas aplicações. Assim, regra geral, o registro de um ativo é feito

por meio de débitos na conta que representa o ativo. Por sua vez, no lado

direito do balanço, as contas de passivo e patrimônio líquido representam

origens de recursos. Como consequência, a regra geral é que as contas de

passivo e patrimônio líquido são aumentadas por meio de créditos e diminuídas

por meio de débitos. Veja o balanço abaixo e guarde suas informações...

Balanço Patrimonial Ativo (A) Passivo (P)

Patrimônio Líquido (PL)

Total do Ativo Total do Passivo + Total do PL

As contas de resultado, como veremos, não aparecem no Balanço

Patrimonial, mas também são registradas na escrituração contábil. A lógica é

simples também: essas contas precisam ser vistas sob a ótica do patrimônio

líquido, pois elas normalmente contribuem para sua variação. As receitas

Origens Aplicações =

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aumentam o patrimônio líquido. As despesas o diminuem. Imagine o seu caso:

se você todo mês tem mais receitas do que despesas, a tendência é que seu

patrimônio aumente ao longo do tempo, não é? Assim, as contas de receitas

seguem a mesma regra aplicável ao patrimônio líquido: aumentam por meio

de créditos e diminuem por meio de débitos. Por outro lado, as contas de

despesas seguem a lógica contrária ao do patrimônio líquido, ou seja, são

aumentadas por meio de débitos e diminuídas por meio de créditos.

Não entendeu? Não desanime! Uma outra forma simples de compreender o

mecanismo de débito e crédito para as receitas e despesas é usar a lógica de

aplicação e origem: A despesa sempre vai representar uma aplicação de

recurso. Portanto, para registrá-la, faz-se um débito. Para baixá-la, ou

estorná-la, se faz um crédito. A receita, por sua vez, sempre representa uma

fonte de recursos para uma entidade. Para registrá-la, então, se faz um

crédito. Para baixá-la, se faz um débito.

Vamos tentar trabalhar com alguns exemplos?

Exemplo 1: registro de uma despesa com frete, paga à vista, no valor de

R$ 1.500,00.

Resposta: Nesse caso, vamos responder antes as duas perguntas:

- Onde foi feita a aplicação? Certamente, na despesa de frete.

- Qual a origem dos recursos? O caixa da empresa, pois a despesa foi paga à

vista.

Assim, o lançamento contábil será:

D – Despesas de frete 1.500,00

C – Caixa 1.500,00

Exemplo 2: registro de uma receita decorrente de juros de um investimento

financeiro, no valor de R$ 6.350,00, a ser incorporado ao valor do

investimento.

Resposta: Nesse caso, vamos responder antes as duas perguntas:

- Onde foi feita a aplicação? Perceba que os juros de um investimento

financeiro irá aumentar o valor desse investimento. Portanto, a aplicação é na

conta que representa o investimento, chamada de ‘aplicação financeira’.

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- Qual a origem dos recursos? Nesse caso, a origem foi o reconhecimento de

juros incorporados ao valor de um investimento existente. Podemos chamar a

conta que representa essa receita de ‘juros de aplicação financeira’.

Assim, o lançamento contábil será:

D – Aplicação financeira 6.350,00

C – Juros de aplicação financeira 6.350,00

É importante ter em mente que esse mecanismo do débito e crédito se

aplica na contabilização realizada por qualquer tipo de empresa, inclusive as

instituições financeiras, como veremos nas próximas aulas. Portanto, é preciso

sempre se lembrar das 2 perguntas: Onde os recursos são aplicados? Qual a

origem dos recursos?

Resumidamente, o mecanismo de débito e crédito é aplicado às contas da

seguinte forma:

Conta Efetua-se um lançamento a: Débito Crédito

De Para Para Ativo Aumentar Diminuir Passivo Diminuir Aumentar Patrimônio Líquido (PL) Diminuir Aumentar Contas de Resultado Devedoras (Despesas) Aumentar Diminuir Contas de Resultado Credoras (Receitas) Diminuir Aumentar

Retornando àquele exemplo no início dessa seção... Um banco ao

registrar um depósito na conta corrente de um cliente faz um lançamento a

crédito, pois a rubrica na contabilidade do banco na qual ele registra os valores

que o cliente mantém na forma de depósito é uma conta de passivo. Observe

que nessa situação o banco apenas está guardando um valor que é do cliente,

portanto, ele tem a obrigação de devolver esse recurso quando solicitado.

Portanto, o depósito feito pelo cliente representa uma origem de recursos para

o banco. Como origem, na contabilidade do banco toda vez que o saldo da

conta corrente é aumentado, a conta deve ser creditada. Toda a vez que for

diminuído, deve ser debitado.

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7.2. As naturezas contábeis

Uma consequência dessa convenção, é que as contas podem ter saldo

contábil (ou natureza contábil) devedor ou credor. Uma regra simples para

saber qual a natureza contábil de uma conta é verificar de que forma ela é

aumentada. Assim, as contas de Ativo e de Despesas têm natureza contábil

devedora. As contas de Passivo, de Patrimônio Líquido e de Receitas têm

natureza contábil credora.

Tal regra não é aplicada somente às contas retificadoras. Estas contas

registram ajustes nos saldos de outras contas patrimoniais (contas de Ativo,

de Passivo e de Patrimônio Líquido). São aquelas contas que aparecem

diminuindo saldos de outras contas em um Balanço Patrimonial. Assim, contas

retificadoras de contas de Ativo têm natureza contábil credora. As contas

retificadoras de contas de Passivo e Patrimônio Líquido têm natureza contábil

devedora.

Resumidamente, a natureza contábil da conta pode ser verificada da

seguinte forma:

Resumo sobre a Natureza Contábil da Conta

Contas com natureza devedora (saldo devedor)

Contas de Ativo Contas de Despesas Contas Retificadoras de Passivo e PL

Contas com natureza credora (saldo credor)

Contas de Passivo e PL Contas de Receitas Contas Retificadoras de Ativo

7.2. Escrituração: o método (sistema) das partidas dobradas

A escrituração dos fatos que alteram o patrimônio de uma empresa é feito

pela contabilidade por meio do método das partidas dobradas. A essência

do método das partidas dobradas, universalmente aceito, é que para cada

débito ou conjunto de débitos deverá existir um ou mais correspondentes

créditos, de forma que a soma dos valores debitados seja sempre igual à soma

dos valores creditados. “Não há débito(s) sem crédito(s) correspondente(s)”.

Este entendimento foi apresentado por Luca Pacioli, frei italiano que escreveu,

há mais de 500 anos, a primeira obra que se tem notícia sobre o método,

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sendo aplicado, possivelmente, há mais tempo. Em síntese, toda a aplicação

de recurso tem uma origem.

As empresas realizam mensalmente diversos registros de transações pelo

método das partidas dobradas. Consequentemente, ao fazer uma verificação

desse fato, a companhia prepara um balancete que é chamado “balancete de

verificação”.

O balancete de verificação é preparado a partir da relação de todas as

contas que tenham saldo diferente de zero, colocando-se em colunas os saldos

das respectivas contas. Sempre, o somatório dos saldos das contas devedoras

deve ser igual ao somatório dos saldos das contas credoras. Isto quer dizer

que sempre o total de aplicações será igual ao total de origens.

O balancete de verificação tem a seguinte configuração:

Companhia _______________________

Balancete de Verificação

Em XX.XX.XXXX

Contas Saldos Devedores (A) Saldos Credores (B)

Caixa

Mercadorias

Fornecedores

Capital Social

...

Total ∑∑∑(A) ∑∑∑(B)

Obs.: Necessariamente ∑(A) = ∑(B). O saldo das contas devedoras deve ser igual ao saldo das contas credoras.

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EXERCÍCIOS

Vamos responder as questões abaixo a partir do conteúdo estudado? No tipo de questão apresentada a seguir, há somente uma resposta correta. No final, apresentamos o gabarito e comentários para cada questão.As questões foram elaboradas pelo Professor ou adaptadas da literatura indicada nas Referências

1. A finalidade da Contabilidade é: a) somar valores do Patrimônio. b) interpretar o patrimônio de uma pessoa. c) controlar os pagamentos efetuados a terceiros. d) controlar os recebimentos em dinheiro. e) controlar o patrimônio, gerando informações úteis ao processo decisório. 2. Corresponde ao objeto da Contabilidade: a) Balanço Patrimonial. b) Auditoria. c) Patrimônio. d) Escrituração. e) Todas acima. 3. Assinale a alternativa correta. a) Escrituração é uma técnica contábil responsável pelo registro dos fatos. b) A Contabilidade não é usada por entidades sem fins lucrativos. c) Somente as entidades públicas usam informações contábeis. d) O Patrimônio não é objeto de estudo da Contabilidade. e) Auditoria corresponde à interpretação dos registros contábeis. 4. O conjunto de bens, direitos e obrigações, vinculado a uma pessoa física ou jurídica, é denominado a) Situação Líquida. b) Capital Próprio. c) Patrimônio. d) Patrimônio Líquido. 5. No mecanismo de débito e crédito, a) os créditos correspondem à aplicação dos recursos. b) os débitos correspondem à origem dos recursos. c) os créditos correspondem à origem e à aplicação de recursos. d) os débitos correspondem à aplicação dos recursos. 6. Qual dos itens a seguir indica o correto funcionamento do mecanismo do débito e do crédito nas contas de Patrimônio Líquido? a) Os aumentos são registrados por créditos e as diminuições por débitos. b) Os aumentos são registrados por débitos e as diminuições por créditos. c) Os prejuízos são registrados por créditos e os lucros por débitos. d) Tudo o que “entra” debita, tudo que “sai” credita.

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7. O balancete de verificação é útil porque a) permite verificar a correção matemática das contas do Razão. b) relaciona todas as contas movimentadas com os respectivos saldos. c) evidencia as faltas de registros de operações. d) evidencia erros de debitar e creditar nas contas. 8. O lançamento contábil “Despesas de Salários a Salários a Pagar” caracteriza a) uma despesa antecipada e não paga. b) uma despesa incorrida e paga. c) uma despesa incorrida e não paga. d) uma despesa futura e paga. 9. As despesas incorridas, mas não pagas dentro do exercício, provocam, para a empresa que contabiliza suas operações pelo regime de caixa, a) um passivo maior que o real e lucro maior que o real. b) um passivo menor que o real e lucro maior que o real. c) um ativo maior que o real e lucro maior que o real. d) um ativo maior que o real e um lucro menor que o real. 10. O Método das Partidas Dobradas significa que a) podem existe(m) débito(s) sem crédito(s) correspondente(s). b) nos lançamentos contábeis a soma dos valores creditados deve ser sempre igual à soma de valores debitados. c) haverá sempre um débito e um crédito de valores desiguais. d) existem para cada débito, dois lançamentos de crédito.

As questões abaixo demandam resposta para cada um dos itens. A ideia é fixar o que estudamos! O Gabarito e comentários são feitos no final da aula.

I. Indique a natureza das contas, com adoção do número de referência a seguir: 1 - Devedora 2 - Credora 3 - Devedora ou Credora ( ) Aplicações Financeiras ( ) Instalações ( ) Imóveis ( ) Caixa ( ) Materiais de Escritório ( ) Móveis e Utensílios ( ) Fornecedores ( ) Veículos ( ) Clientes ( ) Equipamentos ( ) Empréstimos Obtidos

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( ) Capital Social ( ) Salários a Pagar ( ) Bancos - C/Movimento ( ) Títulos a pagar ( ) Estoque de mercadorias ( ) Títulos a receber ( ) Dividendos a pagar ( ) Financiamentos bancários ( ) Capital a Realizar ( ) Prejuízos Acumulados II O balancete de verificação de uma empresa apresentava no final do exercício os seguintes saldos das contas (em R$ mil): Bancos 20; Clientes 40; Capital a Realizar 100; Capital Social 200; Salários a pagar 20; Caixa 30; Mercadorias 80; Empréstimos obtidos 80; Prejuízos Acumulados 40; Fornecedores 10. Indicar o total do: a) Balancete de Verificação; b) Ativo; c) Passivo; d) Patrimônio Líquido. Gabarito e Comentários 1. Resposta correta: letra ‘e’. A finalidade da contabilidade é permitir o controle do patrimônio de uma entidade, gerando informações úteis para que seus diversos usuários possam tomar decisões econômicas relacionadas a essa entidade. As decisões podem ser comprar, vender, emprestar, cobrar tributo etc. 2. Resposta correta: letra ‘c’. O foco (objeto) da contabilidade é o patrimônio de uma entidade. 3. Resposta correta: letra ‘a’. A escrituração registra todos os fatos que alteram qualitativa ou quantitativamente o patrimônio de uma entidade. Quando se fala da descoberta de operações de ‘caixa 2’, normalmente tais operações não foram objeto de registro contábil, por isso não passam pelo ‘caixa ou pela escrituração da entidade’. 4. Resposta correta: letra ‘c’. Devemos lembrar que, sob o ponto de vista contábil, o patrimônio abrange todos os bens, direitos e obrigações de uma entidade. 5. Resposta correta: letra ‘d’. É importante guardar que o mecanismo de débito e crédito (baseado nas partidas dobradas) responde a 2 perguntas: - Qual a origem dos recursos?

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- Onde os recursos foram aplicados? A resposta a essa pergunta será dada pelas contas debitadas. 6. Resposta correta: letra ‘a’. É preciso lembrar que as contas do Patrimônio Líquido tem natureza credora, pois representam recursos provenientes (origens) dos sócios da empresa. Assim, são aumentadas por meio de créditos e diminuídas por meio de débitos. 7. Resposta correta: letra ‘b’. A finalidade do balancete de verificação é permitir que, ao final de um período, seja possível identificar todas as contas movimentadas bem como seus respectivos saldos. O balancete de verificação é na prática, uma prévia do balanço patrimonial. 8. Resposta correta: letra ‘c’. Esse lançamento contábil indica que a conta ‘Despesas de Salários’ foi debitada tendo como contrapartida o registro a crédito da conta ‘Salários a Pagar’. Na prática, isso significa que foi registrada uma despesa no período mas esta despesa ainda não foi paga. Na ótica de origem e aplicação, qualquer despesa representa uma aplicação de recursos. A origem desse recurso é uma dívida. Aliás, vale registrar que todo o passivo, enquanto não pago, é uma origem de recursos. 9. Resposta correta: letra ‘b’. No regime de caixa uma despesa somente é registrada pela contabilidade quando é paga, diferentemente do que acontece no regime de competência (regime adotado na contabilidade) que define que as despesas e receitas e despesas são reconhecidas (registradas) quando incorridas, independente do fluxo financeiro a elas associado. Portanto, na questão, a utilização do regime de caixa resulta em um passivo menor pois como a despesa já aconteceu e ainda não foi paga a empresa deveria registrar um passivo, o que não foi feito dado o regime utilizado. Por outro lado, o lucro foi maior pois a despesa incorrida deveria diminuí-lo, o que não aconteceu pois tal despesa não foi registrada. 10. Resposta correta: letra ‘b’. A essência do método das partidas dobradas é que em um lançamento sempre o total de débitos será igual ao total de créditos. Nesse sentido, uma ou mais contas podem ser debitadas e uma ou mais contas podem ser creditadas em um mesmo lançamento. Isso quer dizer que em no registro um fato contábil que está sendo registrado podem existir várias origens e várias aplicações de recursos. Questão I – Para a solução desta questão, é preciso saber se a conta indicada representa um ativo, um passivo, uma conta do patrimônio ou uma conta de resultado. Assim, a tabela a seguir indica o que a conta representa e, em consequência, sua natureza. Vale lembrar: de maneira geral, as contas de ativos e de despesa tem natureza devedora, pois representam aplicações de recursos. Contas de passivo, patrimônio líquido e de receita tem natureza credora, pois representam origens de recursos. A exceção a essa regra geral são as contas retificadoras.

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Conta Tipo de conta Natureza Contábil

Aplicações Financeiras Ativo Devedora Instalações Ativo Devedora Imóveis Ativo Devedora Caixa Ativo Devedora Materiais de Escritório Ativo Devedora Móveis e Utensílios Ativo Devedora Fornecedores Passivo Credora Veículos Ativo Devedora Clientes Ativo Devedora Equipamentos Ativo Devedora Empréstimos Obtidos Passivo Credora Capital Social Patrimônio Líquido Credora Salários a Pagar Passivo Credora Bancos - C/Movimento Ativo Devedora Títulos a pagar Passivo Credora Estoque de mercadorias Ativo Devedora Títulos a receber Ativo Devedora Dividendos a pagar Passivo Credora Financiamentos bancários a Pagar

Passivo Credora

Capital a Realizar Patrimônio Líquido – Retificadora

Devedora

Prejuízos Acumulados Patrimônio Líquido – Retificadora

Devedora

Questão II – Para a solução desta questão, é interessante levantar um balancete de verificação e depois levantar o balanço patrimonial, da seguinte forma: a) Balancete de Verificação – Resposta: 310.

Conta Saldo Devedor Saldo Credor

Bancos (Ativo) 20 Clientes (Ativo) 40 Caixa (Ativo) 30 Mercadorias (Ativo) 80 Salários a Pagar (Passivo) 20 Empréstimos obtidos (Passivo) 80 Fornecedores (Passivo) 10 Capital Social (PL) 200 Capital a Realizar (PL) 100 Prejuízos Acumulados (PL) 40

Total 310 310

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Balanço Patrimonial

Balanço Patrimonial – após compra de veículo a prazo Ativo(P) Passivo (P)

Bancos 20 Salários a Pagar 20 Clientes 40 Empréstimos

Obtidos 80

Caixa 30 Fornecedores 10 Mercadorias 80 Patrimônio Líquido (PL)

Capital Social 200 Capital a

Realizar -100

Prejuízos Acumulados

-40

Total do Ativo 170 Total do Passivo + do PL

170

Outras questões b) Ativo = 170; c) Passivo = 110; d) PL = 60.

REFERÊNCIAS

FERRARI,. E. L. Contabilidade Geral. 4a ed. Rio de Janeiro, Impetus. 2003.

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS – Fipecafi. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações. 7a ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MARION, J. C. Contabilidade Empresarial. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 1996.