arquitectura_da bauhaus à alemanha pós-guerra
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Arquitetura na Alemanha: Da Bauhaus à Alemanhapós-guerra
Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Cobertura em membrana acrílica do
Estádio Olímpico de Munique, construído entre 1968 e 1972
Entre destruições e reconstruções, a arquitetura alemã do século 20 foi marcadapor experiências racionalistas, nazistas, comunistas e democráticas. Durante esteperíodo, a Alemanha deu ao mundo grandes arquitetos.
O fim da Primeira Guerra Mundial marcou, na Alemanha, o início de um processo
inflacionário cujo resultado foi a derrocada do mercado imobiliário. Afinal, que
investidor privado estaria disposto a construir se os custos não poderiam ser calculados?
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Arquitetura
racionalista: luz e ar para todos
O resultado foram subvenções e uma política residencial estatal que caracterizou todo o
século 20. Pela primeira vez na história, o direito a uma moradia decente tornou-se
realidade para um grande número de famílias.
A “moradia para todos” era uma dos direitos fundamentais da Constituição de Weimar,que instituiu a primeira república na Alemanha em 1919. Os métodos de produção e a
arquitetura industriais influenciaram as construções da época.
Tempos e movimentos no trabalho
O fato de o mercado imobiliário estar nas mãos de grandes cooperativas levou à
construção de conjuntos habitacionais, cuja localização somente se tornava possível nas
periferias das cidades. Diferentemente da habitação burguesa do século 19, não era mais
a função social dos cômodos o fator determinante das plantas das habitações.
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Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Prédio de Le
Corbusier em Weissenhof: cúbico e funcional
A experiência industrial dos Time and Motion Studies (estudos dos tempos e
movimentos no trabalho) traduziu-se em planta: quando a mulher chega em casa, ela vai
primeiramente à cozinha, que fica junto à copa, e esta, por sua vez, está ligada à sala de
estar da família. Em vez da compactação urbana do século 19, as novas moradias
deveriam oferecer luz e ar para todos. Os antigos quarteirões foram substituídos por
blocos soltos.
Apesar de a habitação ter se tornado o tema principal entre os arquitetos da época, o
funcionalismo se sobrepôs à questão artística. A forma e o detalhe foram trocados pela
estrutura amorfa. Era o início do modernismo na arquitetura, cujo racionalismo ficou
conhecido como Neues Bauen (nova construção) e culminou, poucos anos mais tarde,
no International Style (estilo internacional), tão combatido pelos arquitetos pós-
modernos.
“Comunismo e judaísmo internacional”
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Foto histórica do
Weissenhofsiedlung em 1927
Por volta de 1910, Mies van der Rohe, Le Corbusier e Walter Gropius, considerados os
pais do modernismo na arquitetura, trabalhavam todos no escritório de Peter Behrens
em Berlim.
A experiência de Behrens nos trabalhos para a companhia elétrica berlinense AEG,
para qual projetava desde o logotipo até os prédios da firma, influenciou fortemente o
processo de industrialização da construção, decisivo para a superação do dilema
artístico relativo ao novo estilo arquitetônico.
Gropius se tornaria mais tarde o primeiro diretor da Bauhaus – a mais importante escola
de design e arquitetura do século 20. Fundada em Weimar em 1919, ela se mudou em
1925 para a sede racionalista projetada por Gropius em Dessau.
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Após a transferência para Berlim por motivos políticos em 1932, então sob a direção de
Mies van der Rohe, a escola foi fechada pelos nazistas em 1933. Para os adeptos de
Hitler, modernismo era sinônimo de “comunismo” e “judaísmo internacional”.
Conjunto habitacional Weissenhof
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Bauhaus, em
Dessau: Patrimônio da Humanidade
Um dos principais exemplos do Neues Bauen é a exposição de arquiteturano Weissenhofsiedlung em Stuttgart. Chefiados por Mies van der Rohe, 17 arquitetos
de diversos países, entre eles Peter Behrens, Walter Gropius e Le Corbusier,
desenvolveram projetos para a mostra de 1927. Mais de 500 mil pessoas visitaram,
naquele ano, os 21 prédios da exposição de arquitetura, construída para se tornar um
exemplo de morada para o homem moderno das grandes cidades.
Com plantas baixas flexíveis, os arquitetos da Bauhaus tentaram criar aí uma atmosfera
saudável, plena de luz e ventilação. Em comum, estavam a superação do ecletismo
arquitetônico, a junção da arquitetura com a vida e o emprego de novas técnicas e novos
materiais. Sua arquitetura era cúbica e sem ornamentos. Um mínimo de forma deveria
garantir o máximo de liberdade.
Weissenhof caiu em desgraça após 1933. Criticado pelos nazistas como uma
“vergonha”, “subúrbio de Jerusalém” ou “cidade de árabes”, a Segunda Guerra lhe
poupou a demolição. O conjunto habitacional foi restaurado nos anos de 1980 e recebe,
anualmente, milhares de turistas. O mesmo aconteceu com o prédio de Gropius em
Dessau: restaurado entre 1996 e 2006, o edifício da Bauhaus é, hoje, Patrimônio
Cultural da Humanidade.
Urbanismo pós-guerra
As bombas da Segunda Guerra destruíram, principalmente, regiões de grande densidadeurbana. Dos 18,8 milhões de moradias, 4,8 milhões foram completamente destruídos.
Assim como em Berlim e Munique, o grau de destruição chegou a 50% em mais de 50
cidades alemãs. Em Colônia, Hamburgo, Nurembergue, Dortmund, Essen e Frankfurt,
por exemplo, ele ultrapassou os 70%.
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Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Antiga Stalinstadt,
hoje Eisenhüttenstadt
A reconstrução das áreas destruídas recusou, tanto na ex-Alemanha Oriental como na
Ocidental, a alta densidade urbana. No oeste, a idéia dos blocos distribuídos em vias
vicinais e principais – a "cidade orgânica" apropriada para automóveis – foi
privilegiada. A antiga Alemanha comunista seguiu o padrão conservador dos
quarteirões com imensos pátios, espalhados ao longo de um eixo monumental, como se
observa em Eisenhüttenstadt, antiga Stalinstadt.
O apolíneo e o dionisíaco
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Sala do plenário de Bonn, de Günter Behnisch
O Parque Olímpico de Munique, projetado por Günter Behnisch e Frei Otto entre 1968
e 1972, é exemplo da arquitetura pós-guerra. Seu contraste com o Estádio Olímpico de
Berlim, construído pelos nazistas para a Olimpíada de 1936, não é ocasional. Em vez do
caráter apolíneo historicista do estádio de 1936, a Alemanha se abria a experiências
arquitetônicas dionisíacas, como demonstra a estrutura em membrana acrílica que cobre
como uma tenda o Estádio Olímpico de Munique.
Acompanhando o espírito modernista dos arquitetos da Bauhaus, Behnisch chegou
ainda a construir, entre 1992 e 1993, a sala do plenário do antigo Parlamento alemão em
Bonn. O prédio foi usado por poucos anos. Com a mudança da capital em 1999, oParlamento retornou à antiga sede, o prédio do Reichstag, em Berlim.
Carlos Albuquerque