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ANAIS

V MOSTRA CIENTÍFICA DE TURISMO

Campus de Rosana

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Ficha Catalográfica

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SUMÁRIO

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COMISSÃO ORGANIZADORA

Unesp – Câmpus de Rosana / PET Turismo /Coordenação de Curso de Turismo

Presidente: Profa. Rosângela Custodio Cortez Thomaz

Professores:

Prof. Fabio Luciano Violin

Prof. Francisco Barbosa N. Filho

Prof. Roberson da Rocha Buscioli

Servidores:

Bruno Ricardo Soares da Costa

Fábio R. Hopka

Valdir Luiz da Graça

Acadêmicos:

Gabriela Butzer de Lima

Thamyris Nilsen Rocca

Victoria de Azevedo Braga Tatini

Ananda Cristine Rodrigues Mazine dos Santos

Julia Alejandra Salirrosas Velazca

Thaís Marques Pichi

Jéssica Suellen Cartano Lattanzi

Aline Olegario Morais

Laís Rafaele Meregaloti Vieira

Ana Paula Marques Gonçalves

Caio Henrique Borba da Silva

João Paulo Boch de Farias

Victória Rui Falcão

Júlia Moreira

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COMISSÃO CIENTÍFICA

Presidente: Prof. Roberson da Rocha Buscioli

Membros Pareceristas:

Profa. Danielli Cristina Granado Romero (FCT - UNESP)

Prof. Ewerton Henrique de Moraes (Campus de Rosana - UNESP)

Prof. Fabio Luciano Violin (Campus de Rosana - UNESP)

Prof. Fernando Protti Bueno (Campus de Rosana - UNESP)

Prof. Francisco Barbosa N. Filho (Campus de Rosana - UNESP)

Prof. Guilherme Henrique Barros de Souza (Campus de Rosana - UNESP)

Profa. Ivanir Azevedo Delvizio (Campus de Rosana - UNESP)

Profa. Juliana Maria Vaz Pimentel (Campus de Rosana – UNESP)

Profa. Luciana Codognoto da Silva (Campus de Rosana – UNESP)

Profa. Renata Maria Ribeiro (Campus de Rosana - UNESP)

Prof. Roberson da Rocha Buscioli (Campus de Rosana - UNESP)

Profa. Rosângela Custodio Cortez Thomaz (Campus de Rosana - UNESP)

Prof. Vagner Sérgio Custódio (Campus de Rosana - UNESP)

EDITORAÇÃO

Bruno Ricardo Soares da Costa

Fábio R. Hopka

Prof. Roberson da Rocha Buscioli

Valdir Luiz da Graça

ENDEREÇO PARA CONTATO:

Av. dos Barrageiros, 1.881

Bairro: Centro

19.274-000 - Primavera/Rosana, SP

Telefone: (18) 3284-9600

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APRESENTAÇÃO

A Mostra Científica de Turismo, é um evento anual promovido pelo Curso de Turismo da

UNESP - Câmpus de Rosana, desde 2012. Tem objetivo propiciar debate científico e acadêmico em

torno das teorias e práticas do Turismo.

Trata-se de um espaço para a divulgação de pesquisas realizadas por acadêmicos de Turismo

de forma transversal com as mais diversas áreas do conhecimento cientifico. Neste sentido, busca a

partir dos eixos norteadores de cada edição promover um debate integralizador sobre as práticas

ligadas ao planejamento, organização e execução de ações que envolvem o turismo.

A Mostra Científica de Turismo, busca ampliar o debate sobre a atuação do profissional de

Turismo, pautado na ética na cidadania e nos procedimentos metodológicos do estudo do turismo e

na sua contribuição para o desenvolvimento sustentável do setor, em busca da qualidade ambiental

e socioeconômica dos destinos turísticos.

Comissão Científica da Mostra Científica de Turismo

Comissão Organizadora

Curso de Turismo

UNESP – Câmpus de Rosana

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NORMAS PARA INSCRIÇÕES DE TRABALHOS

Os trabalhos enviados para Semana Acadêmica serão divididos em duas modalidades:

a) Artigos completos para apresentação oral: podem enviar trabalhos para essa modalidade

pesquisadores, alunos de pós-graduação e os profissionais graduados.

b) Resumos expandidos para apresentação Oral: destinada a trabalhos realizados por alunos de

graduação.

Endereço para o envio dos trabalhos: [email protected]

Prazo para envio dos Trabalhos: de de 15 a 26 de outubro de 2016

Divulgação dos trabalhos aprovados: 28 de outubro de 2016

Normas para a publicação de Resumo e Trabalhos Completo na página do evento

http://www.rosana.unesp.br/#!/vi-semana-de-turismo-e-iii-mostra-cientifica

Os trabalhos encaminhados serão os avaliados pela Comissão Científica e o parecer será

comunicado aos autores por e-mail e no site do Congresso.

Deve-se escolher um Eixo para o envio do trabalho e destacá-lo no e-mail de envio. Na ficha de

inscrição, o Eixo escolhido deve ser indicado novamente.

EIXO DE PUBLICAÇÃO:

1º Eixo Temático Turismo e Cultura;

2º Eixo Temático Turismo e Desenvolvimento Local;

3º Eixo Temático Turismo e Gestão Ambiental;

4º Eixo Temático Turismo, Marketing e Serviços;

5º Eixo Temático Turismo e Políticas Públicas;

6º Eixo Temático Outros Segmentos do Turismo.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

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OBS1: O pagamento da taxa de inscrição, por ocasião do encaminhamento do trabalho, proporciona

o direito à participação, no Congresso, de apenas um dos autores. Os demais autores, para

participarem do evento, também deverão pagar a taxa de inscrição.

OBS2: Os trabalhos aprovados pela Comissão Científica serão publicados nos Anais da VIII

Semana Acadêmica de Turismo, desde que a inscrição do autor principal esteja em dia na data da

publicação da lista dos trabalhos aprovados.

OBS3: O tempo de apresentação será de 10 a 15 minutos.

Comissão Organizadora

VIII Semana de Turismo e V Mostra Científica

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EIXO TEMÁTICO: TURISMO E CULTURA / TURISMO E

DESENVOLVIMENTO LOCAL

ARTIGOS COMPLETOS

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A favela como bem de consumo no tempo do lazer: o caso de Vila Canoas

ASLAN VIANA DE LIRA ANUNCIAÇÃO1

DENISE MAYUME PEREIRA KAMADA2

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Resumo

Estre trabalho analisa de que forma o turismo acontece nas comunidades do Rio de Janeiro, resgatando o histórico da

atividade nestas regiões. Mais especificamente, voltamos o olhar para a comunidade de Vila Canoas, localizada no

bairro de São Conrado, zona sul da cidade. Ao utilizar como metodologia a observação participante para analisar o

turismo nestas comunidades, de maneira geral, percebeu-se a atividade envolve um conjunto de imagens e símbolos,

muitas vezes estereotipados, que são vendidos e consumidos por meio da atividade. No caso de Vila Canoas,

constatamos por meio da hospedagem domiciliar, uma discordância de tais representações comumente vinculada ao

espaço.

Palavras-Chave: Turismo, Favela, Comunidade, Rio de Janeiro

Abstract

This paper analyzes how the tourism takes place in the communities of Rio de Janeiro, recovering the history of activity

in these regions. Specifically, we look for the community of Vila Canoas, located in the neighborhood of Sao Conrado,

area south of the city. When using as participant observation methodology to analyze tourism in these communities, in

general, it realized the activity involves a set of images and symbols, often stereotyped, which are sold and consumed

by the activity. In the case of Vila Canoas, we found through private lodging, a disagreement of such representations

commonly linked to space.

Keywords: Tourism, Favela, Community, Rio de Janeiro

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Introdução

Contrariando as definições usuais que descrevem o turismo que como “uma indústria”, visão

um tanto estreita sobre a atividade, esta pesquisa prioriza o enfoque social e cultural da atividade.

No mundo globalizado as viagens são cada vez mais numerosas e seus formatos cada vez

mais diferenciados. Ainda que a maioria dos estudos privilegiem aspectos econômicos do turismo,

nas últimas décadas começam a surgir estudos nas áreas das ciências humanas preocupados, quer

com os impactos da atividade para as populações receptoras, quer sobre uma possível necessidade

de se autoconhecer a partir do encontro com o outro.

Neste trabalho abordaremos a questão do turismo em favelas, o qual, no Brasil, teve seu

início na cidade do Rio de Janeiro no ano de 1992. Reconhecidamente um dos principais polos

turísticos nacional, a cidade amplia o espaço de ocupação dos visitantes para algumas favelas,

favorecidas do ponto de vista espacial pela proximidade com outros atrativos e também por

iniciativas do poder público e privado.

Dentre estas iniciativas, podemos citar a implantação das UPPs (Unidades de Política

Pacificadora), promovida pela Secretaria de Segurança do município, com o objetivo fornecer uma

1 Mestrando do Programa de Graduação Desenvolvimento Regional e Sistemas Podutivos – UEMS.

[email protected]

2 Bacharel em Turismo pela Universidade Estadual Paulista, com pós graduação em Sociologia, pela Universidade

Federal da Grande Dourados. [email protected]

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suposta esfera de segurança para as favelas, possibilitando a firmação de negócios para investidores

externos, dentre eles, empreendimentos voltados ao turismo. Sendo assim, as UPPs se

concentraram, primeiramente, nas favelas próximas aos principais atrativos turísticos e,

posteriormente, atingiram regiões próximas aos centros esportivas, aeroportos e as vias de acesso da

cidade.

O objetivo deste artigo é, portanto, apresentar um breve histórico sobre o turismo nas favelas

cariocas, bem como levantar os pontos principais que permitiram converter este espaço como

atrativo turístico.

Como objeto de estudo, realizamos a pesquisa junto à Favela de Vila Canoas, localizada no

bairro de São Conrado, na zona sul carioca. Próximo à favela de Pedra Bonita e Rocinha, o local se

situa na encosta do Parque Nacional da Tijuca, com vista para a Pedra da Gávea, utilizada para

prática de voo livre e cartão postal da cidade.

Nos últimos anos, Vila Canoas vêm recebendo um número significativo de visitações,

sobretudo de estrangeiros. Atuam na comunidade duas agências de turismo: a Favela Tour, que

oferece passeios guiados com roteiro integrado entre a Favela da Rocinha e Vila Canoas; e Favela

Receptiva, oferecendo a hospedagem domiciliar, além de algumas famílias que oferecem o mesmo

produto, mas não possuem vínculo com nenhuma agência.

Como metodologia, utilizamos como método de investigação a pesquisa etnográfica, que

possibilitou a observação in loco da pesquisadora, permitindo a observação direta dos elementos

que englobam a atividade. A importância dessa etapa foi também proporcionar a experienciação, já

que a pesquisadora que realizou a maior parte do trabalho pessoalmente, consumindo a hospedagem

oferecida pelas famílias anfitriãs e proporcionando uma experiência direta junto a todos os

elementos que englobam este segmento do turismo realizado na comunidade.

1. Turismo em favela: histórico, representações e a Favela de Vila Canoas

Segundo Bianca Freire- Medeiros (2009), a origem da favela como atração turística no

Brasil está na conferência ECO 923 quando um grupo de turistas, em visita a Floresta da Tijuca,

teve a curiosidade de conhecer a favela da Rocinha. Em 1996 um projeto de lei4 indicava o local

como ponto turístico oficial da cidade, justificando a inclusão baseado “nos atrativos peculiares” e

no “forte sentimento de comunidade” presentes na favela.

Dez anos depois, o governador Sérgio Cabral direcionou uma parte da verba do Programa

Aceleração do Crescimento (PAC) para melhoria da infraestrutura turística em diversas favelas

cariocas, incentivando a abertura de pousadas do tipo cama e café, como forma de aumentar os

leitos para suprir a demanda gerada pelas competições do Panamericano, de 2007 (FREIRE-

MEDEIROS, 2009). Nesse caso, mais do a intenção de promover as favelas como atrativo, tratou-se

de uma medida utilitarista, no sentido de preencher a deficiência em meios de hospedagem.

Até então, o turismo nas favelas cariocas seguia, de maneira geral, um padrão bastante

similar: baseado na realização de tours guiados organizados por agências de turismo, divulgados

por meio de websites, folders e propaganda boca-a-boca (JUNIOR, 2008)5. Atualmente, porém, o

turismo oferece uma gama diversificada de produtos turísticos nestas comunidades, contemplando

além dos tours, meios de hospedagem, trilhas ecológicas, bares, restaurantes e casas noturnas.

3 Rio Conference on environment and Sustainable Development, conferência mundial sobre o Meio Ambiente, realizada

na capital do Rio de Janeiro, em junho de 1992 4 Projeto de Lei Lei n° 779/2006, proposto pela vereadora Lilian Sá e sancionado pelo prefeito César Maia 5 Como mostra Freire-Medeiros (2010), no endereço eletrônico dessas empresas há a descrição do roteiro e é comum a

divulgação comentários positivos de turistas que aprovaram o passeio. As imagens escolhidas para ilustrar o roteiro

mostram as casas desalinhadas, pessoas sorridentes e turistas satisfeitos.

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A temática é bastante intrigante, pois envolve o consumo do modo de vida de uma

população que se encontra do ponto de vista simbólico segregada do restante da cidade, embora

caiba ressaltar que os moradores de favelas no Rio de Janeiro representam quase 30% da população

carioca.

Ainda que seja de conhecimento a relevância econômica do turismo para muitos países no

mundo globalizado, temos visto que a atividade por si mesma não é uma opção viável para redução

das desigualdades sociais existentes. Todavia, cada vez mais, espaços, antes segregados do trade

turístico, encontram em iniciativas locais a intenção de obter “uma parte do bolo” gerado pelo fluxo

de visitantes. No campo e na cidade, vê-se pequenos grupos sociais, em geral, bairros ou

comunidades tradicionais buscarem não apenas a geração de renda, mas seu reconhecimento social

através do turismo (KRIPPENDORF, 2003; URRY, 2001).

Para compreender o curso de conversão da favela em destino turístico, Bianca Freire-

Medeiros (2006) diz que é preciso atentar para dois contextos principais: o crescimento dos

chamados reality tour a nível mundial e o processo de circulação e consumo da favela como

trademark. Neste último caso, a favela seria identificada como uma marca, associada a certos tipos

de emoções que se mostram ambivalentes: perigo, excitação, exoticidade e autenticidade.

Por outro lado, os chamados reality tour são caracterizados como fruto de dois outros tipos

de turismo: o primeiro se refere ao tour social6, formatado para fornecer experiências únicas, com

função de conscientizar e educar para os problemas das comunidades visitadas; e o tour sombrio,

que promete colocar o turista em contato com situações de sofrimento ou perigo. O turismo em

favela seria uma composição desses dois tipos de turismo (FREIRE-MEDEIROS, 2009).

Como exemplo desta modalidade, além do turismo realizado nas favelas do Rio de Janeiro,

viraram destinos turísticos os sweatshops7 da Coréia, campos radioativos de Chernobyl, vilas da

fronteira México/ Estados Unidos, os túneis Viet Congs e áreas pobres de Calcutá. Em comum entre

estes locais, está busca pela satisfação e por emoções específicas, que cria novos mercados e

permite que as áreas marginalizadas se configurem como atrativos turísticos (FREIRE-

MEDEIROS, 2006).

Segundo John Urry (2001) as práticas turísticas têm como motivações um conjunto de

representações que se ligam ao local de destino, construídas e mantidas por práticas independentes

do turismo. São os filmes, as notícias de jornal, exposições fotográficas, obras literárias e mais uma

série de elementos que, juntos, formam um imaginário que motiva o visitante a consumir o destino

por meio do turismo.

No caso da favela, as produções cinematográficas bastante propagadas no exterior, como os filmes

Cidade de Deus e Tropa de Elite8, fazem uso do ambiente da favela, associando-a a um território de

extrema violência, pobreza e segregação social, características que, muitas vezes, são utilizadas para

enfatizar a emoção do roteiro com a sensação provocada pelo fato do turista estar em um local

relacionado à violência (FREIRE-MEDEIROS, 2009). Em algumas situações, essas associações são

transformadas em atrativo, a fim de captar a demanda, que pretende sentir a sensação de perigo ao

consumir a favela através do turismo.

Outro aspecto importante na transformação da favela em produto turístico é associação à vivência, o

consumo do modo de vida e do cotidiano dos moradores das comunidades, argumento bastante

6 Foi pioneira nesse tipo de turismo a ONG americana Global Exchange, comercializando pacotes países marcados por

conflitos e instabilidade política, tendo como público principal turistas das nações desenvolvidas. No Brasil, a ONG

chegou a oferecer a vivência em assentamentos do MST e projetos em presídios. 7 Estabelecimentos que tem em comum as condições precárias de trabalho e jornadas exaustivas, análogas à escravidão.

8 Estabelecimentos que tem em comum as condições precárias de trabalho e jornadas exaustivas, análogas à

escravidão.

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evocado pelos agenciadores de turismo. Estar na favela, segundo eles, é adquirir a oportunidade de

se sentir um morador local, viver a “brasilidade” de fato.

Isto porque, no turismo em favela tem-se como conduta a procura pelo contato direto com

população local, empregando maneiras para conhecê-las, porque estas simbolizariam a tradição e a

identidade. Sendo assim, neste tipo de turismo a autenticidade e a interação “reaparecem investidas

de um capital simbólico ausente no turismo de massa” (FREIRE-MEDEIROS, 2007, p. 62).

No entanto, para caracterizar a autenticidade presente neste tipo de turismo, Bianca Freire-

Medeiros (2007) faz a ressalva:

Creio, porém, que no novo milênio, já não se trata de uma autenticidade

transcendental, mas outra que se inscreve em um território colonizado por

referências midiatizadas e apela não para o contemplativo, mas para o

interativo– é o que os agentes turísticos anunciam como hands-on

experiences (FREIRE-MEDEIROS, 2007, p. 62).

Embora o turismo seja bastante diversificado nas comunidades do Rio de Janeiro, de

maneira geral, pode-se dizer que a atividade vende, sobretudo, um conjunto de representações e

significados, uma coleção de signos vinculados à favela e seus habitantes. O conjunto destes

elementos, ao formarem imagens, tornam-se elementos importantes na configuração da favela

enquanto produto turístico. A atividade alcança, assim, um status superior de consumo:

Um certo número de objetos transpõem o limiar que separa o nível prático

do imaginário se impregnam de afetividade e de sonho, porque são ao

mesmo tempo percebidos (socialmente) e falados. Alguns chegam ao

estatuto “superior” e recebem uma sobrecarga ideológica. Casa de campo

torna-se, além possibilidade de apropriação, mas também sonhada e

idealizada. (LEFEBVRE, p. 100, 1991).

Como locus de pesquisa, selecionamos a comunidade de Vila Canoas, localizada em São

Conrado, bairro de classe média alta na zona sul carioca, fazendo vizinhança com a favela de Pedra

Bonita e próxima às favelas da Rocinha e Vidigal. Está situada na encosta do Parque Nacional da

Tijuca e compõe sua paisagem a Pedra da Gávea e Bonita, ambas utilizadas para prática de voo

livre e cartões postais da cidade do Rio de Janeiro.

Segundo dados da Associação de Moradores, atualmente a favela possui 2884 habitantes,

distribuídos em 683 casas. De acordo com Moreno (2003), a média de idade dessa população é de

29,6 anos e a renda per capita é de R$ 214, 26, sendo que as profissões mais exercidas são

estudante, empregado(a) doméstico(a), do lar, motorista, pedreiro e vendedor(a).

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Em 2000, as áreas públicas da comunidade foram urbanizadas pela prefeitura municipal do

Rio de Janeiro, através do programa Bairrinho, projeto destinado a melhoria da infraestrutura

urbana, equipamentos e serviços públicos, com incentivo da participação comunitária durante o

processo. (RIO DE JANEIRO, 2003).

Além do apoio da prefeitura, a intervenção contou com o apoio da Associação Come Noi,

entidade filantrópica de Turim, na Itália, que financiou cerca de 4% do custo total do projeto. A

intermediação se deu através da família Urani, que posteriormente fundou a ONG Para ti, em Vila

Canoas. (MACHADO, 2007, ROCINHA.ORG, 2011).

De acordo com Moreno (2003), todas essas intervenções resultaram em maior padronização

das vielas, escadas e becos e permitiram a construção de áreas de lazer, como a praça São Paulo e

na remoção de algumas casas sem condições de habitação ou melhoria na sustentação de outras

casas ameaçadas.

Figura 2: Praça São Paulo e os turistas do Favela Tour

No caso de Vila Canoas, a comunidade possui duas agências de turismo responsáveis pelo

planejamento, marketing e realização das visitações na favela. A Favela Receptiva oferece a

hospedagem domiciliar, em que os turistas utilizam as residências dos membros da comunidade

como meio de hospedagem; e paralelamente, acontecem as visitas guiadas, promovida pela agência

Favela Tour, cujo roteiro tem início na favela da Rocinha e término em Vila Canoas.

Nos dois casos, a grande maioria do público é formado por turistas estrangeiros. Além disso,

destacam-se algumas iniciativas de moradores que atuam sem vínculo com as agências, mas

oferecem o mesmo tipo de serviço de hospedagem doméstica que a primeira agência citada.

Sendo a hospedagem domiciliar uma atividade com especificidades em relação aos demais

produtos turísticos oferecidos nas favelas, como o fato de que o “hóspede não é recebido por um

gerente, uma empresa ou um estabelecimento, mas por uma pessoa que será seu anfitrião” (RIO DE

JANEIRO, 2008), possibilitando uma maior interação entre turistas e moradores.

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Sendo a hospedagem um processo de interação, que coloca momentaneamente turistas e

moradores locais convivendo em um mesmo espaço, verificamos, por meio da observação, que o

contato vai além do domínio físico, sendo um momento repleto de negociações simbólicas e de uma

sociabilidade entre os dois grupos. Fruto do compartilhamento da experiência, tal interação foi o

ponto de partida para compreender a avaliação do turismo a partir da ótica das famílias anfitriãs,

possibilitando chegar à percepção deles próprios enquanto sujeitos sociais e a quanto à imagem que

procuram transmitir.

Todos estes conceitos foram observados durante a pesquisa de campo, que compreendeu a

hospedagem e contato da pesquisadora com quatro famílias que trabalham com a hospedagem

doméstica em Vila Canoas. Como hóspede, as diárias variaram entre os valores de R$65,00 à R$

80,00 e em todas as casas foram oferecidos o café da manhã e serviço de quarto, além do leito,

sempre em quarto individual, pertencente à algum morador da residência, em geral dos filhos.

Respaldada em condições técnicas , a Favela Receptiva, empresa criada em 2005 pela

moradora da comunidade Eneida, tem a receptividade e hospitalidade como diferencias do serviço

ofertado, como demonstra o nome da agência:

Figura 3: Logo Favela Receptiva. Fonte: website Favela Receptiva

Com a missão de promover outro tipo de contato entre turistas e os moradores de Vila

Canoas, a empreendedora Eneida voltou as ações de marketing para as peculiaridades da

hospedagem domiciliar, que mais que o leito, oferecia uma experiência diferenciada do turismo, a

partir da vivencia como um morador local, apoiada na interação entre turistas e anfitriões.

A agência Favela Tour é uma empresa criada por Marcelo Armstrong, que atua no ramo

turístico desde 1992, oferecendo passeios guiados que integram as comunidades da Rocinha e Vila

Canoas. Com um produto voltado para os turistas que se hospedam nos hotéis da Zona Sul da

cidade, o passeio na Rocinha, realizado por vans, tem como ênfase a paisagem e a grandiosidade da

“maior favela da América Latina”29 e inclui paradas para compras de souvenirs e contemplação da

vista em um terraço de um dos moradores locais.

Em Vila Canoas, único percurso realizado a pé, os turistas têm a oportunidade de conhecer a

ONG Parati, onde são vendidos alguns artesanatos feitos pelos moradores locais ou da região e ter

contato com as crianças atendidas pela ONG. Em seguida, acompanhados do guia, percorrem

algumas vielas, onde são mostradas algumas intervenções urbanas que ocorrem na comunidade,

com destaque para o projeto Favela Bairro. Finalmente, o passeio termina com a degustação de uma

caipirinha em um dos bares locais.

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Figura 4: Turistas da Favela Tour, na ONG Parati. Fonte: a autora, 2014.

Durante a pesquisa de campo pudemos notar uma diferenciação entre o público que opta por

se hospedar na favela, quando comparado ao grupo que realiza os passeios guiados. Embora em

ambos exista a presença massiva de turistas estrangeiros, existe uma distinção de idade e de

motivações naqueles turistas que utilizam a favela como meio de hospedagem.

Verificou-se assim, que na hospedagem domiciliar há um predomínio do público que se

denomina turista backpacker ou turista mochileiro, caracterizados por Oliveira (2008) como turistas

que se organizam de forma independente, flexível e econômica, que viajam por longos períodos e

procuram conhecer destinos diversificados. Em geral, trata-se de indivíduos jovens, que procuram

estabelecer contato direto com as populações dos locais de destino e buscam atividades de recreação

informais e que priorizem a participação.

No caso dos hóspedes da Favela Receptiva, notou-se a formação de laços de sociabilidade

formados entre turistas e anfitriões, fato narrado pelos moradores, bem como um interesse maior em

conhecer e vivenciar a comunidade.

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Figura 5: turistas e anfitriã Eneida

2. Considerações Finais

A pesquisa demonstra que a exclusão que as cidades relegam aos mais pobres, a grosso

modo, torna-se um elemento que influencia o turismo, à medida que os estereótipos vinculados à

pobreza se tornam referência para que turistas estrangeiros se sintam motivados a consumir a favela

por meio do turismo.

Influenciados por diversos fatores, como filmes, noticiários e literatura, que fornecem uma

gama variada de imagens que criam uma expectativa daquilo que viria a ser o destino (URRY,

2001), os viajantes são atraídos, no caso das favelas cariocas, para um local ora marcado pela

pobreza e criminalidade, ora para um local autêntico, fruto da personalidade alegre criativa e

“descolada” dos seus moradores. Torna-se, assim, um local para onde é transferido todo o conceito

de “brasilidade”, na visão do turista estrangeiro (FREIRE-MEDEIROS, 2009).

Podemos considerar, portanto, que, no turismo em favela, mais do que um componente

físico, o que é vendido e consumido parte de uma coleção de signos e representações associadas à

favela e seus moradores. No entanto, ao observar a organização das atividades, percebe-se que, em

muitos casos, tais representações minimizam ou excluem a auto representação local.

Ao buscar apontar o histórico da atividade e voltando o olhar para a comunidade de Vila

Canos, verificamos que o conjunto de elementos relacionados à favela elencados pelo marketing

turístico, muitas vezes não correspondem àqueles transmitidos pelos moradores locais, que

preferem transmitir uma imagem acolhedora de uma favela interativa e receptiva aos turistas. Neste

caso, foi perceptível a diferença entre os turistas que buscam este tipo de contato, por meio da

hospedagem domiciliar, daqueles que optam pelo tour guiado.

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3. Referências Bibliográficas

FREIRE-MEDEIROS, B. A construção da favela carioca como destino turístico. Rio de Janeiro:

CPDOC, 2006.

FREIRE-MEDEIROS, B. Gringo na Laje: produção, circulação e consumo da favela turística. –

Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009.

FREIRE-MEREIDOS, B. A favela que se vê e que se vende: reflexões polêmicas em torno de um

destino turístico. Revista Brasileira de Ciências Sociais - Vol. 22 Nº. 65, 2007. Disponível em <

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69092007000300006&script=sci_arttext>. Acesso: 25

jun.2014.

JUNIOR, Simões et al. Turismo em favelas: um estudo de caso na favela da Rocinha na cidade do

Rio de Janeiro. Estação Científica. n. 6. – Juiz de Fora, 2008.

KRIPPENDORF, J. Sociologia do turismo: para uma nova compreensão do lazer e das viagens.

São Paulo: Aleph, 2003.

LEFEBVRE, H. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo, Ática, 1991.

LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Moraes, 1989.

PIMENTEL, A. Hospedagem domiciliar na cidade do Rio de Janeiro: espaço de encontro entre

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Ciências Humanas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007

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http://comitepopulario.files.wordpress.com/2013/05/dossie_comitepopularcoparj_2013.pdf> Acesso

em 8.agos. 2014.

Favela Receptiva. Disponível em

<http://www.favelareceptiva.com/index.php?g_op=menu&g_lng=bra&g_valor=Projeto>. Acesso

em: 05.abril.2014.

Favela Tour. Disponível em <http://www.favelatour.com.br/>. Acesso em: 10.abril.2014.

Guia Rio. Disponível em <http://www.rioguiaoficial.com.br/>. Acesso em 07. abril.2014.

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EIXO TEMÁTICO: TURISMO E CULTURA / TURISMO E DESENVOLVIMENTO

LOCAL

RESUMOS EXPANDIDOS

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TURISMO VEGANO: O VEGANISMO COMO IDEOLOGIA E O AGENCIAMENTO DE VIAGENS

Pesquisa

MORGADO, Bruna Nascimento Won Ancken; estudante, Unesp, Rosana/SP, e-mail: [email protected];

BUENO, Fernando Protti, Mestre, Unesp, Rosana/SP, e-mail: [email protected]

RESUMO

Com a atual crise socioambiental o homem tem procurado novas formas de pensar e atuar sobre o ambiente. Na busca pela diminuiçãoda degradação da natureza, começa a se evidenciar uma mudança nas práticas alimentares, e, nesse sentido, os veganos que se colocam contra o consumo da carne e da exploração animal, formam um novo público de consumo. A partir disso os setores empresariais buscam atender esta nova demanda. A pesquisa mostra como o agenciamento de viagens vem trabalhando para acolher este público em especifico. Por meio de pesquisa bibliográfica e documental eletrônica, encontrou-se a agência de viagens Vegan 4 you. Enquanto resultados, foi possível identificar a necessidade desse novo segmento, o Turismo Vegano, levando-se em consideração a necessidadede oferecimento de serviços direcionados a este público.

PALAVRAS-CHAVE: Turismo; Veganismo; Crise socioambiental; Sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

O mundo tem passado por uma crise socioambiental de grandes proporções. Diante das consequências, o homem está aos poucos adotando novas formas de compreender e agir no mundo, tornando-se assim mais sustentável. Na atualidade tem se notado certa mudança nos hábitos e nas ações das pessoas, o que reflete em uma nova racionalização na prestação de serviços, a fim de atender a recentes demandas.

Em meio às possibilidades de novos hábitos frente à crise socioambiental, se destaca a mudança no consumo de produtos e de práticas alimentares. Dentre estas cabe ressaltar o consumo da carne, bem como seus derivados, considerados como um dos maiores empecilhos para o alcance da sustentabilidade e um dos motivadores da crise socioambiental. Como oposição ao uso de alimentos de origem animal, o veganismo se destaca por debater e repensar as práticas de produção e consumo na sociedade, a partir de lógicas adversas ao atual sistema econômico. Trata-se de um movimento social contra a crueldade e a exploração animal, portanto, faz referência a uma ideologia.

A partir dessa realidade, um dos principais desafios encontrados pelos setores de serviços tem sido atender as necessidades de seu público, já que, no casodos veganos, estes possuem uma série de restrições relacionadas ao uso e ao consumo de produtos de origem animal. Alguns setores já têm se adaptado para acolher ao público vegano. Dentre estes setores, o agenciamento de viagens tem demonstrado interesse em apresentar roteiros de viagens veganos, ou seja, se utilizam de meios de hospedagem e de atrativos, bem como de serviços de restauração que atendam e satisfaçam este público em especifico, e, com isso, tem despertado interesse a uma nova segmentação do mercado turístico: o turismo vegano.

Nesse sentido, tem se questionado quais são as agências de viagens voltadas ao turismo vegano, e, portanto, o objetivo desta pesquisa é de caracterizar o mercado de turismo vegano referente ao serviço de agenciamento de viagens.

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METODOLOGIA

Para tratar desta segmentação do mercado turístico, primeiramente a pesquisa se utilizou da técnica de pesquisa bibliográfica, em obras físicas, bem como em materiais eletrônicos, na intenção de compor um referencial acerca dos assuntos de turismo e veganismo. Posteriormente, na tentativa de identificar a demanda e o mercado para este segmento, realizou-se pesquisa eletrônica no site de busca ‘Google’ sobre o termo ‘turismo vegano’, e, assim, encontrou-se a única agência de viagens, a Vegan 4 you, que está localizada na cidade de São Paulo. Por meio de uma pesquisa do tipo exploratória e descritiva, buscou-se descrever o serviço de agenciamento de viagens oferecido por esta agência tendo por base as informações disponibilizadas pela mesma em seu site.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E DISCUSSÕES

Para Leff (2010 apud PITANGA, 2015, p. 164) “a construção de uma racionalidade ambiental é um processo político e social que passa por um confronto de interesses opostos, pela necessidade de uma reorientação das tendências (dinâmica populacional, racionalidade do crescimento econômico, padrões tecnológicos e práticas de consumo)”. Para que essa construção seja possível, o pensamento e o agir sustentável precisa ser construído dentro das pessoas. A sustentabilidade nada mais é do que a aptidão do indivíduo em desfrutar do ambiente tentando causar mínimos impactos a este, e está ligada a diversos outros setores da sociedade como a economia, a educação e a cultura.

Considerando que o público vegano está cada vez mais frequente, se faz necessário adequar os setores empresariais, e, no caso do setor de agenciamento de viagens, tem-se a descoberta de uma nova segmentação no mercado turístico, o chamado turismo vegano.

Para Panosso Netto e Ansarah (2009), a segmentação do mercado turístico se caracteriza como a forma mais eficaz de se alcançar o público alvo. Dessa forma, para que o segmento de turismo vegano exista, se torna necessário um levantamento de mercado, ou seja, uma busca sobre a quantidade e o perfil da demanda de veganos, além de como deve ser o atendimento desse público, o que é preciso para atendê-lo, onde estão concentrados e se estariam interessados pelo serviço prestado, dentre outras informações.

Isto posto, segundo Braga (2008), é a partir da atuação das agências de viagens que uma localidade e seus prestadores de serviço passam a ser comercializados. Sendo assim, as agências de viagens são de grande importância para identificação da demanda, uma vez que é a partir do serviço prestado pelas agências, por exemplo, a elaboração de pacotes e outros produtos oferecidos, que se torna possível identificar os serviços mais utilizados pelo turista (hospedagens, restauração, atrativos).

Embora a demanda vegana esteja crescendo e ganhando visibilidade, o mercado turístico ainda não está preparado para atender essa procura, bem como conta com serviços bastante escassos, considerando que na cidade de São Paulo foi encontrada uma única agência de viagens voltada ao público vegano, a Vegan 4 you.

A agência encontrada conta com um agente de viagens, uma consultora e duas colaboradoras que atuam ajudando na edição do blog da agência. A Vegan 4 you é uma operadora que trabalha de forma home office e está no mercado há cercade dois anos preparando roteiros e pacotes, oferecendo dicas de passeios e restaurantes, de acordo com o perfil dos seus clientes veganos. Para que isso seja possível, após o fechamento do serviço de consultoria, o cliente vegano que procura esta agência precisa passar por uma pequena entrevista por e-mail e responder a um questionário ou fazer a entrevista por Skype. Em até uma semana após a entrevista a empresa envia o roteiro pronto, com links, contatos e fotos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após este estudo, foi possível observar os novos hábitos na forma de viagens das pessoas, mas, por outro lado o mercado de turismo continua escasso para o público vegano, pois ainda há um déficit na prestação de serviços para esta demanda.

Entende-se que pelo fato de o veganismo ainda ser considerado enquanto uma novidade em diferentes locais, há uma ausência de atenção a isto nas agências de viagens, bem como em outros setores de prestação de serviços como um todo. Sendo assim, considera-se um mercado em ascensão e, portanto, indispensável a criação desse novo segmento turístico.

REFERÊNCIAS

BRAGA, Débora Cordeiro. Discussões conceituais e tipologias das agências de viagens. In: BRAGA, Débora Cordeiro (Org.). Agências de viagens e turismo: prática de mercado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 19-28.

PANOSSO NETTO, Alexandre; ANSARAH, Marília. Segmentação em turismo: panorama atual. In: _____. Segmentação do mercado turístico. Barueri: Manole, 2009, p. 19-43.

PITANGA, Ângelo Francklin. O enfrentamento da crise socioambiental: um diálogo em Enrique Leff sobre a racionalidade e o saber ambiental. Revista eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande do Sul, v. 32, n. 1, p. 158-171, 2015.

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EIXO TEMÁTICO: TURISMO E GESTÃO AMBIENTAL / TURISMO E

POLÍTICAS PÚBLICAS

ARTIGOS COMPLETOS

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LAZER E POLÍTICAS PÚBLICAS: UM ESTUDO SOBRE A CACHOEIRA

VÉU DA NOIVA NO MUNICÍPIO DE BOTUCATU, SP.

MARIA EDUARDA FERRARI ([email protected])

VAGNER SÉRGIO CUSTÓDIO ([email protected])

RESUMO - O presente trabalho expõe uma pesquisa que norteia a temática do lazer e de políticas públicas para o

mesmo, dando como enfoque, nas formas de utilização da cachoeira Véu de Noiva, localizada no município de

Botucatu, interior de São Paulo. O objetivo desta pesquisa foi fazer uma análise das opiniões dos moradores do

município, quanto ao uso do espaço da cachoeira como forma de lazer para a própria população, e identificar através

destas opiniões o suposto perfil dos visitantes. Para fazer o levantamento de dados foi utilizada como metodologia a

aplicação de entrevista com perguntas abertas com a população. O resultado afirma que ocorre uma subutilização deste

espaço, onde há potencial para novas formas e programas de lazer para melhor atender seus visitantes. Por ser a

primeira pesquisa a buscar a opinião sobre o assunto, poderão levantar-se dados e informações relevantes para

discussões futuras e novos projetos.

Palavras chave: Lazer, Políticas Públicas, Botucatu.

ABSTRACT - This work presents the research that guides the theme of leisure and public policy for the same, giving as

focus, ways of using the waterfall Véu da Noiva, located in Botucatu, São Paulo. The objective of this research was to

analyze the opinions of the residents of the municipality, as the use of Waterfall space as a form of recreation for the

population itself, and identify through these opinions the alleged profiling. To make the data collection methodology

was used as the interview application with open questions with the population. The result states that there is an

underutilization of this area where there is potential for new forms and recreational programs to better serve its visitors.

As the first research to seek the opinion on the matter, can get up relevant data and information for further discussions

and new projects.

Key words: Leisure, Public Policy, Botucatu.

1 INTRODUÇÃO

O trabalho busca abordar as temáticas do lazer e do fomento de políticas públicas para o desenvolvimento do

lazer, em específico na cachoeira Véu de Noiva. Entende-se esta, como um local público e gratuito, que têm seu espaço

mantido sob os cuidados da Secretaria de Esportes, Lazer e Turismo do município. Por ser um local público muitas

vezes este se torna subutilizado, é dessa forma que essa pesquisa propõe uma discussão sobre as formas de utilização

desse espaço voltado para o lazer da população e de seus visitantes.

O objetivo é fazer uma análise das opiniões dos moradores para identificar se estes veem a cachoeira como

um local de lazer, e também buscar levantar como eles enxergam as formas de utilização do espaço e qual o possível

perfil de frequentadores. Além de contribuir para a discussão referente às políticas públicas de lazer em Botucatu.

Após colher as informações foi possível avaliar o potencial turístico para o desenvolvimento de atividades de

lazer na cachoeira, bem como, novos programas de utilização da mesma. Por ser um espaço natural, houve um sub

aproveitamento nas formas de uso do local como um todo, há a existência de quiosques com churrasqueiras, lanchonete

ainda que o lucro seja direcionado apenas para o proprietário do estabelecimento, tobogã recentemente reformado e

espaço para estacionamento ao lado de fora, onde não há cobertura nem placas indicativas.

Nota-se que o local ainda é muito precário de infraestrutura e segurança, o que subtrai nas formas de

aproveitamento do visitante.

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2 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da fundamentação teórica, foram utilizadas como base materiais bibliográficos e

documentais, consultas virtuais de trabalhos referentes ao assunto, além da necessidade de fazer um levantamento de

documentos oficiais obtidos através da Secretaria de Turismo e Esporte de Botucatu, para dar embasamento do local em

estudo.

O município em estudo possui aproximadamente 139.483 mil habitantes segundo a estimativa feita pelo

IBGE (2015), e está localizado à 224,8 km de São Paulo, e faz limites com os municípios de Anhembi, Bofete,

Pardinho, Itatinga, Avaré, Pratânia, São Manuel, Dois Córregos e Santa Maria da Serra.

Em busca de atingir os objetivos estipulados da pesquisa fez-se necessário a elaboração e aplicação da

entrevista como instrumento de levantamento de dados. Esta, aplicada com 82 munícipes, sendo 34 homens, 46

mulheres e 2 transgêneros, que responderam a 02 perguntas fechadas de múltiplas escolhas referentes ao sexo e

escolaridade do entrevistado, e 08 abertas relacionadas à opinião destes quanto à cachoeira Véu da Noiva ser um local

de lazer, sobre os possíveis perigos do local, se o entrevistado é um frequentador da cachoeira e a opinião dele sobre o

suposto perfil dos seus frequentadores.

3 DISCUSSÕES TEÓRICAS

Conceituando o lazer

Diante da diversidade de atividades que se caracterizam como lazer, todas têm em comum a livre escolha do

indivíduo para executá-las. Além das atividades voluntárias, muitas são as interpretações e definições que norteiam a

temática do lazer.

Para Camargo (2008), essa livre escolha que o ser humano tem quanto às alternativas de ação e de

participação é entendida como um tempo precioso, sem que haja uma obrigação, pois, o princípio de toda escolha do

lazer é a busca pelo prazer.

Para Dumazedier (2004), qualquer que seja a função do lazer, é inicialmente a liberação e prazer. Há três

categorias de lazer, estas são: a função do descanso, este se libera da fadiga, onde, o lazer é um reparador das

deteriorações provocadas pelas tensões das obrigações cotidianas; a função do divertimento, onde a fadiga está ligada

diretamente ao tédio, desta forma, o lazer aparece como fuga, podendo ser apenas uma mudança de ambiente, ritmo e

estilo de vida; e a função do desenvolvimento, que permite uma interação maior com o social e o livre, e aprendizagens

voluntárias.

Diante das diversas manifestações sobre o significado do lazer, Marcellino (2002), aborda a utilização do

lazer como meio de fuga, ou simplesmente por consumo, é usada por muitos autores como a finalidade da existência

real da felicidade, ironizando a questão onde todos os problemas estariam resolvidos através do lazer.

Deve-se então compreender que realizar quaisquer atividades que envolva satisfação, ou algum tipo de

aprendizado ao participante, é considerado lazer.

Segundo Mendes (2010), o lazer não está ligado a nenhuma obrigação imposta pela comunidade, é um tempo

que proporciona sentimento de liberação do indivíduo. O uso desse tempo livre varia de acordo com as configurações

econômicas, culturais e sociopolíticas da sociedade.

Políticas Públicas para o lazer

Diante da diversidade de conceitos sobre o lazer, há também muitas formas de compreensão quando

relacionado às políticas públicas de atuação.

Marcellino (2008) aborda sobre a década de 70 onde o termo lazer foi incorporado em repartições públicas

associando-o restritivamente a setores específicos como secretarias de esporte e lazer, cultura e lazer, e etc. Esse caráter

parcial e limitado da junção do lazer em outras secretarias acaba por dificultar as medidas de ações específicas da área,

além de complicar o entendimento do lazer como objeto de estudo e no campo de atuação do profissional.

Outra vertente do lazer também abordada pelo autor é a importância do lazer como gerador de valores, pois,

ainda se relacionado muito o lazer ao descanso e ao divertimento, deixando de lado o desenvolvimento pessoal e social

que este traz.

É dessa forma que se pode ampliar o leque de discussões do papel da administração pública, traçar estratégias

para criar políticas de lazer, organizar e planejar novos projetos que se abranjam do entendimento do lazer para os

aspectos: educativos; social cultural; divertimento e descanso; políticas de saúde; administração pública; e sem se

esquecer do desenvolvimento pessoal e social que este proporciona.

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Dentro da esfera pública governamental municipal deve-se dar ênfase na relação do lazer com as demais

políticas públicas como de educação, saúde, esporte e etc.. De tal forma que seja possível minimizar as barreiras sociais

e/ou econômicas que separam uma camada da população do acesso ao lazer, e abranger projetos que interliguem essas

esferas.

4 RESULTADOS

Tabela 1 - Número de participantes, média e desvio padrão de idade.

Nesta primeira tabela pode-se observar que a entrevista atingiu um número de 82 participantes, destes 34 homens

com idade média de 34 anos e um desvio padrão de 13,9, 46 mulheres com idade média de 38 anos e um desvio padrão

de 15,4, e 02 transgênero com idade média de 28 anos e um desvio padrão de 14,7.

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Tabela 2 - Nível de escolaridade dos participantes.

Nesta segunda tabela pode-se observar o nível de escolaridade dos participantes, onde 50 dos 82 possuem ensino

superior completo, 13 superior incompleto, 17 médio completo.

Tabela 3 - Categorias referentes às respostas sobre o conhecimento da cachoeira véu da noiva.

A terceira tabela mostra o número de participantes e quais destes conhecem a cachoeira, 70 dos 82 entrevistados

disseram que conhecem apenas 12 não conheciam o local.

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Tabela 4 - Categorias referentes às respostas sobre a visão que os munícipes possuem da cachoeira.

Na quarta tabela mostra o que os entrevistados acham do local em estudo, 57 disseram que o local é bonito, mas

que faltam melhorias, 17 abordaram a beleza e a natureza do local, e os demais falaram sobre acesso, segurança e local

de descanso.

Tabela 5 - Categorias referentes às respostas sobre a cachoeira ser um local perigoso.

Nesta tabela pode-se observar a opinião dos entrevistados quanto à cachoeira ser um local perigoso, onde, 31

entrevistados relacionaram o perigo na cachoeira com o uso de drogas e álcool, 19 abordaram sobre a falta de segurança

e salva-vidas, 16 falaram sobre os riscos com acidentes naturais, e apenas 9 entrevistados acham que o local não é

perigoso, pois contém placas.

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Tabela 6 - Categorias referentes às respostas sobre a frequência que os munícipes vão à cachoeira.

A sexta tabela refere-se à frequência que os entrevistados vão à cachoeira, 44 entrevistados responderam que

frequentam pouco, 12 disseram que vão algumas vezes durante o ano, 5 responderam que vão uma vez ao mês e apenas

1 pessoa disse que costuma ir durante a semana.

Tabela 7 - Categorias referentes às respostas sobre com quem os munícipes vão à cachoeira.

Esta tabela mostra com quem os entrevistados disseram que vão à cachoeira, de modo geral as companhias

costumam ficar entre os amigos e os familiares, podendo estes estar juntos no mesmo momento ou em grupos

separados.

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Tabela 8 - Categorias referentes às respostas sobre a visão dos munícipes e a cachoeira como um local de lazer.

A sétima tabela mostra a visão dos entrevistados quanto à cachoeira ser um local de lazer para os munícipes,

onde 40 deram ênfase à natureza e a tranquilidade existente, 21 abordaram as necessidades de melhorias, 12 disseram

sobre o fácil acesso até a cachoeira, e 9 responderam quanto ao baixo custo por ser um espaço público.

Tabela 9 - Categorias referentes às respostas sobre a visão dos munícipes e o perfil dos frequentadores da cachoeira.

Nesta tabela ficou representada a opinião dos entrevistados quanto à visão deles sobre qual o perfil de quem

frequenta a cachoeira. 32 responderam que são jovens e grupos de famílias, 29 disseram que são pessoas que gostam do

contato com a natureza, 23 responderam que são pessoas de baixa renda que frequentam, 5 disseram que são

baderneiros, e apenas 1 entrevistado respondeu que não há perfil a não serem todos.

4 CONCLUSÕES

Após a tabulação das informações levantadas com a aplicação da entrevista, foi possível analisar com clareza os

seguintes pontos:

• A maioria dos entrevistados tinha o nível de escolaridade de superior completo;

• 70 dos 82 entrevistados conheciam o local do qual estava sendo abordado na entrevista;

• 57 entrevistados concordaram que o local merece mais melhorias mesmo contendo tal beleza;

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• Com relação aos perigos que podem ocorrer no local, os entrevistados se basearam no excessivo consumo

de droga e álcool, além da falta de salva-vidas e seguranças, e os acidentes naturais;

• Sobre a frequência que estes vão à cachoeira, as respostas se mantiveram no padrão de pouca frequência,

apenas algumas vezes no ano;

• Com relação às companhias que os acompanham nas idas à cachoeira, 44 dos entrevistados responderam

com amigos e familiares;

• Sobre a cachoeira ser um espaço de lazer, estes se basearam na tranquilidade que há, mas também

frisaram na importância de mais melhorias;

• Quando questionados sobre um possível perfil do frequentador da cachoeira, 32 dos entrevistados

responderam jovens e famílias, 29 responderam pessoas que gostam de natureza, e 23 entrevistados disseram pessoas de

baixa renda.

A partir destas informações pode-se concluir que a comunidade botucatuense tem interesse por um espaço de

lazer acessível a todos, mesmo com a baixa frequência de visitas dos entrevistados no local, estes se mostraram atentos

quanto aos problemas que ainda ocorrem, o consumo de álcool e drogas, a falta de segurança e monitoramento do

espaço como um todo, e a falta de salva-vidas, vendo que o local contém espaço para banho.

É importante frisar que os munícipes enxergam a cachoeira como sendo um espaço de lazer, e reconhecem ainda

a necessidade de melhorias. Pode-se até questionar se a falta de frequência destes não se dá por conta desta precariedade

existente no local.

Fazer os devidos ajustes no espaço, vetar a venda e consumo de álcool no espaço, e terceirizar uma equipe de

segurança e salva-vidas seria o começo para organizar o local para visitação.

Outros programas ainda podem ser implantados para estimular a frequência dos moradores de Botucatu à

cachoeira Véu da Noiva, buscando desenvolver uma conscientização quanto às formas de uso de um espaço público, do

meio ambiente, e de desenvolvimento social e individual.

Espera-se obter uma mudança na forma de utilização da cachoeira para o lazer dos visitantes, de modo que estes

possam não apenas desfrutá-la para descanso e alienação, mas também para crescimento pessoal intelectual.

Da mesma forma, deve envolver a ajuda por parte da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo, na manutenção do

local, bem como investir em segurança e na melhoria desses espaços públicos, incentivando a população a usufruir do

modo correto em termos sociais e ambientais.

Deve haver também, total participação da administração pública, incentivando as discussões de ações que

envolvam de modo amplo o lazer, em conjunto com o poder legislativo, órgãos de classes, setores não governamentais e

outros setores da sociedade civil. E promover a realização de novos projetos que possam melhorar a qualidade do lazer

dos moradores de Botucatu.

REFERÊNCIAS

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A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRESERVAÇÃO FERROVIÁRIA E

O CONTEXTO DE SURGIMENTO DOS TRENS TURÍSTICOS EM SÃO

PAULO (1979 – 1982) 9

EWERTON HENRIQUE DE MORAES

Universidade Estadual Paulista (UNESP)

EDUARDO ROMERO DE OLIVEIRA

Universidade Estadual Paulista (UNESP)

RESUMO - A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) é considerada pioneira na

operação de trens turísticos, com ações a partir da década de 1980. As ações da Associação, também nas

discussões oficiais sobre a preservação de bens ferroviários, nos motivaram a aprofundar as discussões

sobre as relações entre ferrovia, patrimônio e turismo. Através da análise de fontes documentais, em

especial as publicações da ABPF na Revista Ferrovia, este artigo tem como objetivo problematizar as

ações da ABPF na preservação de bens ferroviários e operações de trens turísticos entre 1979 e 1982.

Entre os resultados, identificamos que a preservação de material rodante é a essência das atuações da

Associação.

Palavras chave: Patrimônio, Preservação, Transporte, Turismo.

ABSTRACT – The Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) it’s considerate the pioneer

in the operation of touristic transportation, with the development of activities in this area since the 1980’s.

That activities, even in the official discussions about the railway preservation, had motivated us to

approach the discussions about the interactions evolving railways, heritage and tourism. Through the

analysis of documentation, especially the ABPF publications in the journal Revista Ferrovia, this article

has the objective to identify the ABPF actions in the railway preservation and operation, between 1979

and 1982. Through that results, we had concluded that the preservation of carriages it’s the ABPF

proceeding’s prioraty.

Key words: Heritage, Preservation, Transports, Tourism.

9 As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade dos autores e não

necessariamente a visão da FAPESP.

1 INTRODUÇÃO

Posicionar o turismo entre as discussões para a preservação do patrimônio ferroviário já não se apresenta como

novidade neste campo de atuação prática. Conforme definição da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT),

os trens turísticos contribuem para a preservação do patrimônio e memória das ferrovias (BRASIL, 2014). O mesmo

entendimento está presente na Cartilha de Orientação para Proposição Projetos de Trens Turísticos e Culturais

(BRASIL, 2010). Esse documento é resultado do Grupo de Trabalho de Turismo Ferroviário instituído em 2010 pelo

Ministério do Turismo (MTur). Elaborado com a participação de órgãos empenhados no processo de liquidação da Rede

Ferroviária Federal (RFFSA), o texto caracteriza os trens turísticos e culturais como serviços de transportes não

regulares “[...] com objetivo de agregar valor aos destinos turísticos, contribuindo para preservação da memória

ferroviária, configurando-se em atrativos culturais e produtos turísticos das cidades, auxiliando-as na diversificação da

oferta” (BRASIL, 2010, p.15). Consideramos que o contexto de extinção da RFFSA e os esforços do Instituto do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para preservação da memória ferroviária, são fatores que

contribuem para que os trens turísticos figurem nas discussões atuais sobre uso e preservação dos bens ferroviários.

Por outro lado, sabemos que as discussões sobre o uso turístico de ferrovias é anterior aos anos 2000 e ao

mencionado processo de extinção da RFFSA. Ainda em 1980, a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária

(ABPF) propôs o tombamento e aproveitamento turístico da Estrada de Ferro Perus Pirapora ao Conselho de Defesa do

Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) (PROCESSO CONDEPHAAT 21.273/80,

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1980). Ao longo deste texto é possível notar também que a criação da própria ABPF em 1977 é um marco relevante. A

Associação é pioneira na operação de ferrovias turísticas, com ações a partir da década de 1980 (ALLIS, 2006).

Desta forma, o objetivo é identificar as ações da ABPF para preservação de bens ferroviários e operações de

trens turísticos entre 1979 e 1982. Nossa hipótese é que associado ao contexto da época – fechamento de ramais e

preferência pelo transporte de cargas (ANDREAZZA, 1974) – a ABPF auxiliou a definir o caráter memorialista

presente nos atuais trens turísticos no Brasil.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Este artigo é parte das reflexões da dissertação Os Bens Ferroviários no Estado de São Paulo (1969 – 1984)

(MORAES, 2016). O estudo sobre a ABPF estava integrado aos objetivos de identificação do solicitante do

tombamento da EFPP, sendo as considerações sobre o Turismo um avanço nas discussões. Tal qual a dissertação, este

texto é fruto de uma pesquisa exploratória. Em ambos as fontes documentais tiveram papel especial, neste caso,

contando com um estudo a partir de um periódico especializado, a Revista Ferrovia. O trabalho consistiu em identificar

as publicações da ABPF no período e, em um segundo momento, selecionar as publicações relevantes para a discussão.

Em 1979 foi publicado o primeiro artigo com autoria da própria Associação (DEL BIANCO, 1979). As

publicações aparecem de forma contínua até 1982, alternando entre reflexões sobre preservação da memória ferroviária,

ações da ABPF e históricos de ferrovias ou material rodante (Tabela 1). O período de publicação contínua foi adotado

como recorte temporal. É válido mencionar que existem menções anteriores a ABPF, contudo, consideradas de pouca

relevância para este texto, uma vez que não necessariamente expressam a visão do grupo.

Ano Título Autor

1979 69 NOV/DEZ Aos Amigos Ferroviários Alberto H. Del Bianco

1979 70 JAN/FEV Não publicado -

1980 71 MAR/ABR Sem Título Patrick Dollinger

1980 72 MAI/JUN Porque Preservar o Patrimônio Histórico Ferroviário Julio E. C. D. de Moraes

1980 73 JUL/AGO Para que serve um ramal? Patrick Dollinger

1980 74 SET/OUT Sesquicentenário da Liverpool and Manchester Sérgio Martire

1980 75 NOV/DEZ Como Preservar o Patrimônio Histórico Ferroviário Julio E. C. D. de Moraes

1981 76 JAN/FEV Porque Preservar a Locomotiva Elétrica N° 6405? Sérgio Martire

1981 77 MAR/ABR ALCO RSC 1 de 1.000 - Uma Locomotiva que tem que ser Preservada! Alberto H. Del Bianco

1981 78 MAI/JUN As "Lambretas" da Santos Jundiaí Sérgio Martire

1981 79 JUL/AGO ALCO FA1 - Uma Locomotiva de Raça Cid J. Beraldo e Fabio Dantas

1981 80 SET/OUT Companhia de Estradas de Ferro Oeste de Minas Sérgio Martire

1981 81 NOV/DEZ A Velha Senhora na Trilha da Aventura Sérgio Martire

1981 82 JAN/FEV Não publicado -

1982 83 MAR/ABR As Locomotivas "English Eletric" da EFSJ Alberto H. Del Bianco

1982 84 MAI/JUN O Material Rodante da Viação Férrea Campinas – Jaguariúna Alberto H. Del Bianco

1982 85 JUL/AGO Não publicado -

1982 86 SET/OUT Não publicado -

1982 87 NOV/DEZ O Alargamento da Bitola da E.F. Araraquara Paulo Modé

Tabela 1 - Publicações da ABPF (Revista Ferrovia)

Edição N°

Fonte: Elaborado pelo autor.

Fundada em 1935, a Revista Ferrovia é um órgão de comunicação oficial da Associação dos Engenheiros da

Estrada de Ferro Santos a Jundiaí (AEEFSJ). Com sede em São Paulo, o periódico circula em todas as companhias

ferroviárias do Brasil, algumas na América Latina e entidades afins (REVISTA FERROVIA, 1982).

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Percebemos um caráter técnico nas publicações, tais como estudos sobre sistemas de operação ou equipamentos.

Outras matérias tratam ainda sobre as políticas públicas para o setor e ações da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), além

da seção Agenda, espaço destinado para notas coletadas em diferentes jornais. Desta forma, devemos ter claro que a

fonte analisada é uma publicação especializada e voltada aos interesses de determinado grupo, engenheiros ferroviários.

3 RESULTADOS

3.1 Transportes e Turismo Ferroviário

A questão sobre os usos turísticos das ferrovias aparece em diferentes publicações, a maioria dos quais

proveniente de pesquisadores das áreas de turismo e transportes. Em alguns estudos, os trens turísticos aparecem

incorporados ao termo “turismo ferroviário”, presente em Paolillo e Rejowski (2006) e Roná (2002), em apontamentos

sobre as relações entre ferrovia e turismo. A decadência dos serviços ferroviários no Brasil é apresentada como parte do

contexto destas relações. Ambas são publicações da temática de transportes e contam com capitulo dedicado ao modal

ferroviário, porém, apresentam apenas definições superficiais.

Segundo Paolillo e Rejowski (2006):

Quando se trata de turismo ferroviário, deve-se citar alguns dos trens famosos do mundo,

seja pela velocidade – o TGV e o Trem Bala (Shinkansen Hikari), seja pelo romantismo e

saudosismo de épocas passadas – o Orient Express, o Transiberiano e o Transmongoliano,

seja pela paisagem e abrangência de destinos – os trens da Amtrak, o Trem Azul, o Trem

das Nuvens, seja pela integração com outros modais - Lufthansa Airport Express, ou seja,

ainda, pela tecnologia – o TGV Euro-Star. (PAOLILLO e REJOWSKI, 2006, p.44).

Considerando o exposto, entendemos que há uma abrangência excessiva do conceito, abarcando desde trens de

luxo como o Orient Express até serviços como o TGV10 Euro-Star. Obviamente, todos os trens citados podem ser

utilizados para viagens turísticas, contudo, no caso dos trens de longo percurso, o turista é apenas um dos públicos que

compõem a demanda pelo serviço.

Esta diferença é clara na definição de Roná (2002). Segundo o autor, o uso das ferrovias pelo turismo está

dividido em duas áreas: finalidade de transporte (origem e destino) e as ferrovias como atração turística. Retomando os

exemplos citados, enquanto o trem de alta velocidade é um meio para chegar ao destino e serve não apenas ao turismo.

Em uma viagem no Orient Express, o trem é o contexto do deslocamento e base da experiência turística.

Em Palhares (2006), o transporte ferroviário exclusivamente para uso turístico é representado por uma categoria

isolada do próprio transporte ferroviário. Destacamos a inserção de categorias baseadas nas características do

transporte: cênicos e nostálgicos.

As definições, não aprofundadas por Palhares (2006), provêm de Thomson (2004) em artigo sobre os serviços

regulares de trens turísticos na América Latina. Para o autor estes trens podem ser de dois tipos: os de tipo 1 tem a

paisagem como apelo principal, no segundo caso (tipo 2), o trem é a própria atração por suas características físicas,

sendo geralmente equipamento antigo, sobretudo, locomotivas a vapor.

A mesma classificação é incorporada por Allis (2006) em sua reflexão teórica. Diferente dos demais, o autor

opta por utilizar o termo “ferrovias turísticas”. Segundo ele, não por uma questão semântica, mas “[...] ao chamarmos

ferrovia turística, damos destaque também ao entorno e as condições paisagísticas intervenientes em sua construção

integral” (ALLIS, 2006, p. 123). A justificativa para o emprego do termo demonstra uma concepção abrangente,

englobando não apenas o trem, mas o meio onde está inserido e as relações com o lugar.

Sem desconsiderar a relevância do proposto pelos autores, alertamos para as limitações da definição de Thomson

(2004) quando aplicadas aos casos brasileiros, uma vez que as características cênicas e nostálgicas nem sempre são

dissociáveis. Por exemplo, a Viação Férrea Campinas – Jaguariúna (VFCJ), classificada pelo autor como nostálgica, ao

percorrer paisagens relacionadas à produção do café integra também características cênicas.

Não identificamos na bibliografia uma definição capaz de abarcar os diferentes tipos de trens turísticos

atualmente operados no Brasil.11 Por este motivo, adotamos as denominações da Agência Nacional de Transportes

Terrestres (ANTT) (BRASIL, 2014) para os serviços não regulares: trens turísticos, histórico-culturais e

comemorativos.

10 Sigla francesa adotada para denominar Trem de Alta Velocidade (Train à Grande Vitesse). 11 A página da ANTT apresenta informações sobre 24 trens turísticos autorizados, alguns com condicionantes para o inicio das operações. Além destes, está publicada uma relação de autorizações para trens comemorativos, serviço caracterizado pela realização de um evento especifico e isolado (BRASIL, 2014).

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Como visto, a bibliografia apresenta diferentes perspectivas para a abordagem dos trens turísticos. Em comum,

as obras consultadas apresentam a retração das ferrovias e fim dos trens de passageiros como elementos em destaque no

contexto das discussões (ALLIS, 2006; PALHARES, 2006; PAOLILLO e REJOWSKI, 2006; THOMSON, 2004;

RONÁ, 2002).

3.2 A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária

A Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) é uma entidade, criada em 1977, voltada à

preservação ferroviária no Brasil. Atualmente, possui o título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

(OSCIP) e atua em diferentes Estados do país, por meio de sedes regionais (ABPF, 2015). Na mesma página web, a

Associação destaca quatorze resultados de sua atuação, ações como campanhas de preservação junto ao Poder Público,

realização de excursões e operação de trens turísticos.12 Entre essas ações, está mencionado o pedido de tombamento da

Estrada de Ferro Perus-Pirapora (EFPP), objeto de nossa pesquisa nesta etapa.

Para Cooper (2011), a cidade de Campinas foi o coração do movimento voluntário de preservação ferroviária no

Brasil. O autor faz uma referência ao trecho ferroviário operado pela ABPF e seu modelo de organização enquanto

associação. De fato, ainda que tenhamos visto que o interesse pela preservação de objetos ferroviários não era uma

novidade,13 a organização da sociedade civil e o trabalho voluntário podem ser considerados diferenciados.

Outros trabalhos corroboram a afirmação de ser a ABPF a primeira associação do gênero (ALLIS, 2006;

MATOS, 2010; RIBEIRO, 2007). Em Matos (2010), é possível ainda identificar a relação dessa com o surgimento de

outras associações no Rio de Janeiro, a exemplo da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF).

O nome do engenheiro francês Patrick Dollinger (ABPF, 2015; MATOS, 2010; COOPER, 2011) aparece nas

publicações e também nos relatos de nossos entrevistados (MORAES, 2015; DEL BIANCO, 2015; RODRIGUES,

2015) como responsável pela essência da proposta de atuação da ABPF. A partir de informações dispersas nas fontes

citadas, identificamos que ele chegou ao Brasil em 1966 e trabalhou na empresa Cargil, multinacional do setor de

alimentos, presente no país desde 1965 (CARGILL, 2015).

Conforme Moraes (2015), Dollinger era um especialista no comércio de algodão. Em todos os relatos

(MORAES, 2015; DEL BIANCO, 2015; RODRIGUES, 2015), foram destacadas as viagens por vários Estados,

realizadas a serviço, deslocamentos que, segundo os entrevistados, tornaram possível a que Patrick Dollinger percebesse

o material desativado. Sua experiência em preservação também foi mencionada. Moraes (2015) afirma que Dollinger já

havia participado de outras associações do gênero na Europa, mas que o modelo proposto para a ABPF, com trabalho

voluntário, era algo incomum naquele momento. O entrevistado explica que o voluntariado era restrito, provavelmente

apenas ao trabalho da igreja.

Emocionado, Del Bianco (2015) nos falou sobre a surpresa negativa com o falecimento do fundador, passagem

apontada como um duro golpe para a ABPF e seus membros. Patrick Dollinger faleceu na França, em 17 de julho de

1986, após um acidente de automóvel (ABPF, 2015).

A publicação de um anúncio feito por Dollinger no jornal O Estado de São Paulo, em fevereiro de 1977, foi, a

nosso ver, o primeiro passo para a criação da ABPF. Tratava-se de um convite para interessados em fundar uma

associação voltada à “[...] preservação, restauração e operação de locomotivas a vapor e assuntos ferroviários em geral”

(apud ABPF REGIONAL CAMPINAS, 2015).

A efetiva fundação da ABPF ocorreu em setembro de 1977 (ABPF, 2015). Os nomes de Sérgio José Romano e

Juarez Spaletta aparecem em destaque nessa página, uma vez que foram os primeiros a entrar em contato e, juntamente

com Patrick Dollinger, antes da criação, ficaram responsáveis em contatar pessoas com o mesmo ideal. Del Bianco

(2015) foi uma das pessoas convidadas nesse período:

Eu conheci a ABPF em um trem da FEPASA, indo fotografar as oficinas lá em Campinas, quando

apareceu o Patrick, o Juarez Spaleta e o Sérgio Romano, meu grande irmão. Nós fomos em um carro

12 No Estado de São Paulo, os seguintes serviços turísticos são exemplos de trens operados pela ABPF: Viação Férrea Campinas-Jaguariúna (Região Metropolitana de Campinas/SP), Trem dos Ingleses (Santo André/SP) e Trem do Imigrante (São Paulo/SP). Conforme a Associação Brasileira dos Operadores de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC, 2015), com exceção do primeiro, os demais mencionados não são considerados trens turísticos e recebem a denominação de trens históricos e culturais. 13 Essa afirmação contraria os relatos apresentados pelos associados em diferentes entrevistas (DEL BIANCO, 2015; RODRIGUES, 2015; MORAES, 2015) e publicações (ABPF, 2015; RIBEIRO, 2007). Contudo, conforme mencionado ainda na introdução, em 1970, o Instituto Mairiporã demonstrou o interesse em implantar uma ferrovia e um museu ferroviário (REVISTA FERROVIA, 1972). Anterior a esse, em um recorte anexo ao processo da estação ferroviária de Bananal, datada de 1970, a reportagem menciona: “já se pensa, também, em solicitar à Rede Ferroviária Federal — proprietária da estação — a doação de uma velha locomotiva a vapor e alguns metros de trilhos para transformá-la em museu turístico” (PROCESSO CONDEPHAAT15645/69, 1969, p.15).

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restaurante, aquele de três eixos, maravilhoso, da Paulista, e vieram me convidar a fazer parte desse

grupo de preservação (DEL BIANCO, 2015).

Segundo os entrevistados, não havia critérios para ser um associado, exceto, obviamente, o interesse por

ferrovias, em especial por locomotivas a vapor (MORAES, 2015; DEL BIANCO, 2015; RODRIGUES, 2015). Del

Bianco (2015) relata um interesse particular por locomotivas com tração diesel e a existência de uma vertente

“diseóloga” da Associação. Contudo, afirma que o grupo era mais voltado ao vapor. Essa inclinação da ABPF, resultado

destacado na pesquisa, foi reforçada também pelos demais entrevistados (MORAES, 2015; RODRIGUES, 2015).

O perfil dos Associados naquela época foi descrito por eles como diverso. Moraes (2015) relata que sentia

orgulho da Associação pelo fato de reunir pessoas de diferentes classes e profissões, momento em que cita

nominalmente: Patrick, especialista em comércio de algodão; Juarez Spaletta, engenheiro mecânico; Eduardo, torneiro

mecânico; Sérgio Mártire, funcionário público da Justiça do Trabalho; Jair Calvo, mecânico do Departamento de

Estradas de Rodagem (DER); José Padovani, fazendeiro; e a si mesmo, restaurador.

Mesmo sem um perfil padrão, identificamos uma caraterística comum nos relatos sobre o início da participação

na ABPF de nossos entrevistados: todos mencionam a prática do ferreomodelismo.14 Del Bianco (2015) nos contou que

as primeiras reuniões do grupo foram realizadas na maquete de ferreomodelismo localizada no Parque do Ibirapuera,

atual Sociedade Brasileira de Ferreomodelismo (SBF). Em sua fala, notamos ainda a existência de uma relação entre o

modelismo e a preservação: “Logicamente, eu como ferreomodelista, se você mexer em miniatura, mexer em um trem

1:1 [referência à escala] é mais legal ainda” (DEL BIANCO, 2015).15

Devemos deixar claro que a fala de Del Bianco (2015) foi feita de forma descontraída e não deve ser interpretada

como descomprometida. Sem representar um demérito, acreditamos que a diversão foi sim um elemento que coexistiu à

seriedade do trabalho de da preservação. O interesse em andar de trem aparece juntamente com outras diferentes

motivações, inclusive afetivas. Por exemplo, um dos motivos elencados por Moraes (2015) aponta uma forte relação

com seu avó, antigo engenheiro ferroviário. A fala do mesmo entrevistado ilustra proximidade entre os elementos:

Todo mundo queria andar de trem [...] Não vou dizer que não houvesse seriedade, tinha muita

seriedade sim. Agora, basicamente, o menino que tem dentro de cada homem adulto estava ali, dando

pulos com a ideia do trem. Isso era muito presente, era importante sim. A gente em dado momento

percebeu: olha, não podemos ficar nisso e procuramos / acho que nós repetíamos isso para nós

mesmos. Porque nós sabíamos que se só quiséssemos andar de trem, aí que não ia andar de trem.

Tinha que pensar no resto. (MORAES, 2015).

Conforme Del Bianco (1979), a ABPF tinha como propósito: recolher todo material ferroviário que pudesse ser

recuperado para a exposição em um futuro museu ferroviário.16 O texto “Aos Amigos Ferroviários” foi a primeira

publicação do grupo na Revista Ferrovia e contava, com detalhes, sobre a atuação da Associação: “obter um trecho

ferroviário (desativado pelas estradas de ferro), para armazenar o acervo da Associação, e onde, futuramente circulará

um trem turístico; b) preservar tudo o que se relacione com ferrovias; c) localizar uma sede em São Paulo [...]” (DEL

BIANCO, 1979, p.22).

3.3. A Predominância do Vapor no Turismo

Identificamos que a tração a vapor predomina também nos atuais trens turísticos (ABOTTC, 2015). Entre os 20

operadores vinculados à Associação Brasileira dos Operadores de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC), 13 trens

turísticos são tracionados por locomotivas a vapor.

4 DISCUSSOES

4.1. Sucateamento das Locomotivas?

14 Moraes (2015) afirmou que tomou conhecimento da ABPF a partir de um cartaz fixado na loja Lupatelli, especializada em artigos do gênero. Rodrigues (2015) nos contou que era conhecido do grupo enquanto ferreomodelistas e seu convite foi pensado para a atuação na EFPP. 15 Não identificamos estudos que abordem a possível relação entre o ferreomodelismo e os interesses da preservação ferroviária. Dessa forma, supomos que possa ser uma nova variável para pesquisas futuras. 16 Em sua entrevista, Del Bianco (2015) relata a importância de selecionar o material rodante que seria preservado também com base em seu estado, presando, assim, pela capacidade de recuperação.

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A criação da ABPF é indissociável do contexto de alteração das políticas de transportes ocorridas na década de

1970. Conforme anteriormente mencionado, o período foi marcado pela erradicação de ramais considerados

“antieconômicos” (ANDREAZA, 1974). Tais mudanças, especificamente a desativação de linhas e substituição de

materiais rodantes, foram interpretadas pelo grupo como abandono da história ferroviária (DEL BIANCO, 2015;

RODRIGUES, 2015; MORAES, 2015; RIBEIRO, 2007). O mesmo entendimento aparece hoje na página “Associação”

como motivação principal para a criação do grupo:

Patrick chegou ao Brasil em 1966 (período de transição da tração a vapor para a diesel) e, preocupado

com o abandono da história ferroviária brasileira, resolveu criar uma entidade de preservação nos

moldes das existentes na Europa e Estados Unidos (ABPF, 2015).

Nos gráficos a seguir (figuras 1 e 2), podemos notar que, de fato, houve uma redução no número de locomotivas

a vapor em operação no período estudado. Conforme o IBGE (BRASIL, 1967), em 1966, o Brasil contava com 815

locomotivas com tração a vapor. Em 1977, esse número era de apenas 24 equipamentos (BRASIL, 1985). Dessa forma,

falamos em uma redução de aproximadamente 97% no número de locomotivas desse tipo em operação.

Figura 1. Gráfico. Locomotivas a Vapor (1966 – 1984)

Fonte: Elaborado pelo autor, com base em IBGE (1966 – 1985).

O número de unidades apresenta estabilidade entre 1977 e 1984, extremo de nosso recorte. Contudo, a tração a

vapor apresenta porcentagens praticamente nulas dentro da quantidade total de locomotivas no país.

Figura 1. Locomotivas em Operação por Força Motriz.

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Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Brasil (1969; 1971; 1973; 1975; 1978; 1981; 1985)

Por outro lado, a redução de locomotivas a vapor representava um importante avanço tecnológico no setor

ferroviário, ação exaltada pelo Governo Federal. Em 1972, por exemplo, o então Ministro Mário Andreazza (1974)

falou sobre os investimentos e reaparelhamento das ferrovias:

A dieselização completa de nossas estradas de ferro, que, por motivos técnicos e econômicos, se

constitui num dos maiores anseios dos administradores ferroviários com a erradicação da tradicional

locomotiva a vapor, de inestimáveis serviços prestados no passado, é finalmente uma realidade.

(ANDREAZZA, 1974, p.226).17

Dessa forma, identificamos a existência de interpretações opostas relacionadas à substituição das locomotivas a

vapor: para o Governo, o reaparelhamento e modernização do setor; para a ABPF, o abandono. Em uma leitura atual,

podemos apontar a existência de uma tensão entre o valor de uso e valor simbólico (BALLART, 1997); desativar ou

substituir equipamentos resultava em um entendimento de descaso com a história.

A interpretação apresentada guiou o trabalho da ABPF. Não por menos, as ações estiveram concentradas na

atuação contra a destruição física de locomotivas a vapor. Esse tipo de ação teve destaque nas publicações (MORAES,

1980; DOLLINGER, 1980; DEL BIANCO, 1979) do período e segue presente na página da Associação (ABPF, 2015).

Em determinados momentos, também nas entrevistas, os esforços parecem ser resumidos a uma "luta contra o

maçarico", expressão que aparece com frequência nas menções sobre o corte de locomotivas. Como exemplo,

selecionamos uma fala de Patrick Dollinger, após a realização de uma excursão para Jundiaí: “Todos nós temos raízes

na ferrovia. É preciso conscientizar a população da importância cultural e histórica e da necessidade de se preservar as

locomotivas que sobreviveram ao maçarico” (REVISTA FERROVIA, 1982).

4.2. A ABPF e os Trens Turísticos

A ABPF é pioneira na operação de ferrovias turísticas, com ações a partir da década de 1980 (ALLIS, 2006). A

Associação figura também entre os exemplos citados por Thomson (2004), onde classifica os trens operados por ela

como nostálgicos (tipo 2). Como apontado anteriormente, a proposta deste autor possui limitações. Por outro lado, ao

destacar o apelo voltado às características físicas da composição, fortalece nosso argumento de que o material rodante é

o centro das ações da ABPF.

As características da operação ferroviária turística já se manifestavam nas ações que antecederam a criação da

Viação Férrea Campinas Jaguariúna (VFCJ). O primeiro evento organizado pela ABPF, com passeio em composição

tracionada por locomotiva a vapor entre São Paulo e Jundiaí, foi noticiado com forte teor nostálgico como se nota no

titulo da reportagem: “A velha dama, despertando paixões como antigamente” (KARABACIN, 1981). A nostalgia está

17 Pronunciamento realizado em 20 de dezembro de 1972. Entrega da primeira locomotiva fabricada pela empresa General Eletric (GE) fabricada no Brasil (ANDREAZZA, 1974).

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presente nas descrições: “As crianças puderam conhecer e sentir de perto uma ‘maria-fumaça’, a imponente Pacific 353

– velha dama para os íntimos”. Uma ação similar foi realizada no ano seguinte, tendo como destino Paranapiacaba.

O projeto de trem turístico é anterior e foi identificado na primeira publicação na Revista Ferrovia (DEL

BIANCO, 1979). Ao descrever projetos de maior relevância da ABPF aponta: “a) obter um trecho ferroviário

(desativado pelas estradas de ferro), para armazenar o acervo da Associação, e onde, futuramente circulará um trem

turístico.” (DEL BIANCO, 1979, p.22).

Sem mencionar o turismo, Dollinger (1980a) apresentou na publicação seguinte a intenção de exibir o acervo em

funcionamento através do Museu Dinâmico de Jaguariúna, naquele momento ainda em projeto. Apesar de estarem

diretamente relacionados, o trem turístico e o museu são ações distintas.

O termo museu dinâmico é adotado ainda hoje pela Associação (ABPF, 2014) e como em Dollinger (1980a) está

relacionado a preservação em movimento. Integrado a este entendimento, a finalidade de um trem turístico está clara em

publicação do mesmo autor, “Para que um ramal?” (DOLLINGER, 1980b).

Com texto direcionado aos membros da ABPF e aparentemente relacionado à conduta dos mesmos, o fundador

reafirma que não se trata de uma Associação interessada somente em reunir amigos das ferrovias. Citando o estatuto da

Associação, Dollinger (1980b) afirma que a finalidade de um trem turístico é angariar rendas para manter o acervo

histórico. Ainda segundo o autor, afirma que a operação do trem “será um divertimento útil para os sócios da ABPF que

ajudarão na operação real de estrada de ferro e na restauração histórica do acervo [...] (DOLLINGER, 1980b, p.34). O

que retoma a ideia de hobby, que remete a intenção inicial de criação da associação, mas entendida como um prazer

complementar ao objetivo de preservação do acervo ferroviário.

5 CONCLUSÕES

A consideração conjunta do pedido de tombamento da Estrada de Ferro Perus Pirapora (PROCESSO

CONDEPHAAT 21273/80, 1980) e das publicações da ABPF na Revista Ferrovia indicaram que as ações do grupo

estavam voltadas especialmente para a proteção do material rodante. As diferentes atuações convergiam para o que

denominavam “luta contra a destruição da memória ferroviária” (DEL BIANCO, 1979), em verdade, ações contrárias à

destruição física dos objetos e o risco de perda ocasionado pelas alterações no sistema de transportes ferroviários.

Os eventos que antecedem a criação da Viação Férrea Campinas Jaguariúna (VFCJ) e as menções ao projeto de

criação do museu dinâmico demonstram os trens turísticos como ação alinhada aos objetivos de preservação da ABPF.

Ainda que as reais origens do interesse de uso turístico das ferrovias possam ser anteriores a ABPF, o pioneirismo da

Associação é válido para operação e seu modelo de gestão com trabalho voluntário (COOPER, 2011). Este modelo

segue vigente e foi replicado em outros trens turísticos da Associação. São comuns ao primeiro e atuais o apelo

principal para a preservação das locomotivas a vapor.

Além disso, as ações de proteção da ABPF parecem mesclar a pratica do hobby com um sentimento nostálgico

Por um lado, as características nostálgicas já haviam se manifestado nos relatos do grupo sobre as viagens para Jundiaí

e Paranapiacaba. O fato de viajarem em composições tracionadas por locomotivas a vapor aparece como principal

atrativo nas publicações (KARABACHIN, 1981). Em Dollinger (1980) a diversão proporcionada pela operação aparece

como uma motivação para o trabalho.

Os interesses na preservação do patrimônio e da memória ferroviária são as principais relações entre as ações

pioneiras da ABPF e os atuais serviços ferroviários turísticos. No primeiro momento, uma atuação frente ao risco de

perda ocasionado pela situação das ferrovias. No segundo, uma atribuição de uso abrangente para os bens da extinta

RFFSA. Por fim, acreditamos ter atingido nosso objetivo de identificar as ações da ABPF entre 1979 e 1982, o que nos

possibilitou comprovar a hipótese de que a Associação possui relações com o atual caráter memorialista presentes nos

trens turísticos no Brasil.

AGRADECIMENTOS

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Processo FAPESP 2014/04139-6.

REFERÊNCIAS

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RODRIGUES, M. Entrevista. Depoimento oral feito a Ewerton Henrique de Moraes. 2015

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EIXO TEMÁTICO: TURISMO E GESTÃO AMBIENTAL / TURISMO E

POLÍTICAS PÚBLICAS

RESUMOS EXPANDIDOS

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ANÁLISE DA QUALIDADE AMBIENTAL PARA USO TURÍSTICO NO LAGO IGAPÓ DE LONDRINA/PR

Vinculação do Projeto1 Projeto de Pesquisa.

FABRI, Douglas Ap. de M.2; ROMERO, Danielli C. G3

2 Discente da UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” [email protected]

3 Professora Dra. FCT- UNESP - Presidente Prudente. [email protected]

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi de analisar a qualidade ambiental do Lago Igapó de Londrina/PR. A análise se deu através da aplicação de um protocolo de avaliação simplificada de impactos ambientais, proposto por Sardinha et al. (2007). Os resultados mostram que o Lago Igapó possui impactos relacionados ao uso para recreação e turismo. Os principais impactos e indicadores que se mostraram mais evidentes na avaliação ambiental estiveram relacionados à ausência da cobertura vegetal, erosão nas margens do lago, e a presença de resíduos sólidos.

Palavras-chave: Lago Igapó; ambientes aquáticos, Impacto ambiental, Turismo.

INTRODUÇÃO

O Lago Igapó foi inaugurado em 10 de dezembro de 1959, no mesmo dia em que Londrina completou 25 anos. O nome vem de origem indígena Tupi Guarani que significa transvazamento de rios. Após certo período de abandono, deu-se início a um processo de revitalização do lago, com o intuito de oferecer um espaço de lazer à população de Londrina, com mais uma área verde para a cidade, O projeto de revitalização contou com a participação do paisagista, Burle Marx, que projetou toda a margem do lago e o jardim ao redor. Considerado a maior área de lazer da cidade, o Lago Igapó possui um grande número de equipamentos de lazer, como academias ao ar livre, pista de caminhada, ciclovia, entre outros, que atrai um intenso fluxo de visitantes, que de certa forma pode contribuir para a degradação daquele ambiente. (LONDRINA, 2015).

A preferência por destinos turísticos onde existam ambientes aquáticos é bastante evidente no Brasil. Não só as praias costeiras, mas também rios, cachoeiras, lagos e represas são bastante procuradas para a prática de atividades de recreação (ANA, 2005).

Em Londrina, importante município do norte paranaense, o Lago Igapó se configura como um importante atrativo turístico, reconhecido como cartão postal da Cidade. Foi construído para solucionar o problema de drenagem urbana do Ribeirão Cambezinho, o entorno da área represada recebeu infraestrutura e equipamentos turísticos e passou a ser bastante frequentada por visitantes. (LONDRINA, 2015).

O elevado potencial turístico de ambientes aquáticos, como o lago Igapó, foi evidenciado por Branco e Rocha (1977) desde décadas passadas, por proporcionar uma imagem nova e diferente à paisagem em meio à arquitetura da cidade. Nesses locais estabelecem clubes náuticos, casas de veraneio e empreendimentos turísticos, que fortalecem a economia do município e propicia lazer a comunidade local e visitantes.

Mas a crescente visitação provoca impactos ambientais entendidos como:

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V – a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986, s/p.).

Assim, a preocupação com a qualidade ambiental do lago Igapó deve estar presente na administração do local, pois, caso não haja um planejamento para o uso adequado da área, integrando as questões ambientais e urbanas para o desenvolvimento da atividade turística, pode haver prejuízos para o meio ambiente e para os usuários.

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A degradação ambiental, principalmente, dos mananciais hídricos, tornou-se assunto de preocupação de toda a população, sendo decorrentes do crescimento urbano, que ocorre de forma desordenada. A atividade turística mal planejada, também pode contribuir negativamente para o comprometimento da qualidade dos ambientes aquáticos explorados pelo turismo.

Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo analisar as condições ambientais de áreas do entorno do Lago Igapó utilizadas para recreação e turismo, por meio de um instrumento de avaliação simplificada de impactos ambientais.

METODOLOGIA

Para analisar a qualidade ambiental do Lago Igapó foram realizadas pesquisa bibliográfica e trabalhos de campo. A análise se deu através da aplicação de um protocolo de avaliação simplificada de impactos ambientais, o qual foi proposto por Sardinha et al. (2007). Dentre os indicadores estão: cobertura vegetal, presença de fauna nativa, resíduos sólidos no entorno, aspectos de saneamento, indicativos de erosão, som, danos à paisagem e riscos associados à saúde.

A soma dos valores atribuídos a cada indicador confere uma pontuação que leva a classificação das áreas estudadas em locais com mínima presença de impactos até a presença muito alta de impactos ambientais, como demonstra o Quadro 1.

Quadro 1: Classificação das áreas estudadas de acordo com a pontuação atribuída pelos impactos ambientais observados.

Pontuação Classificação

Menor ou igual a 6 pontos Presença muito alta de impactos.

7 a 12 pontos Impacto alto ou preocupante.

13 a 18 pontos Moderada presença de impacto.

19 a 24 pontos Mínima ou pouca presença de impacto.

Fonte: Sardinha et al. (2007).

Para analisar as condições ambientais do Lago Igapó e relacioná-las ao uso turístico foram realizados trabalhos de campo nos dias 11 de janeiro e 10 de fevereiro de 2016, que são os meses de uso mais intenso dá área e portanto, caracterizam o período de alta temporada. Assim foi possível observar a influência do uso sobre aquele ambiente e o impacto causado.

As estações amostradas foram selecionadas devido à existência de equipamentos turísticos, pois é onde se concentra o maior número de pessoas e consequentemente onde estão as principais fontes de impacto gerado no Lago. Foram selecionadas oito estações ao longo de todo o Lago, sendo três no lago Igapó I (entrada do lago, teatro do lago e a rampa de acesso para as embarcações); e cinco estações no lago Igapó II: (pontes I e II, academias ao ar livre I e II e o jardim do lago), como mostra a figura 1.

Figura 2 Imagem do Lago Igapó (Fonte: Google Earth).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU DISCUSSÕES

A análise simplificada de impactos ambientais demonstrou alterações antropogênicas em todas as estações amostradas no Lago Igapó. As estações do Lago I foram classificadas como locais com moderada

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presença de impactos ambientais, com exceção da estação Rampa de acesso das embarcações, classificada como área de impacto alto ou preocupante. (Tabela 1)

Tabela 01: Classificação das estações do Lago 01

Lago Igapó 01

Visita Entrada do Lago Teatro do Lago Rampa de Acesso

1° Visita 14 13 11

2° Visita 15 13 10

Do mesmo modo, as estações do Lago II foram enquadradas como ambientes com moderada presença de impactos ambientais, exceto a Ponte 2, caracterizada com impacto alto (Tabela 2).

Tabela 02: Classificação das estações do Lago 02

Lago Igapó 02

Visita Ponte 01 Ponte 02 Academia 01 Academia 02 Jardim do lago

1° Vista 13 08 12 15 14

2° Visita 14 10 13 13 13

Os principais impactos e indicadores que se mostraram mais evidentes na avaliação ambiental estiveram relacionados à presença de erosão nas margens do lago, a ausência de cobertura vegetal e a presença de resíduos sólidos, observada em grande quantidade na estação da Ponte 2. Também foram observadas manchas de óleo e sinais mais evidentes de erosão em direção ao curso de água, contribuindo para o assoreamento do Lago.

Os principais impactos ambientais negativos existentes no Lago Igapó estiveram relacionados, entre outros fatores à: alteração da área para implantação da infraestrutura e dos equipamentos turísticos, e ao intenso uso da área para lazer e recreação. Além disso, pode-se destacar a ausência de educação ambiental dos próprios usuários que contribuem para a degradação daquele ambiente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das condições ambientais de áreas do entorno do Lago Igapó, demonstrou a existência de impactos relacionados ao uso para recreação e turismo. Dentre os indicadores que mais contribuíram para a degradação no entorno do Lago Igapó, a ausência de vegetação ciliar e o consequente processo erosivo ocasionado, principalmente, por este fator estão associados à implantação da infraestrutura e equipamentos na área, enquanto que a grande quantidade de resíduos sólidos, os sinais de óleo na água estão relacionados ao uso propriamente dito. Todos esses fatores contribuem para a poluição e degradação visual do ambiente.

Para reverter essa situação de degradação observada no Lago, seria necessária a atuação do poder público local, na elaboração de projetos e programas que tenham como objetivo fomentar e conservar esse importante espaço público da cidade de Londrina, do ponto que vista de sua qualidade ambiental, para garantir às futuras gerações a oportunidade de usufruir deste recurso, assim como ele é utilizado atualmente.

Assim, pode-se considerar que a utilização de instrumentos de avaliação simplificada de impactos ambientais, pode contribuir para auxiliar ações de conservação e na elaboração de um plano de manejo adequado com a finalidade de conservação do Lago Igapó, pois gera uma resposta rápida que destaca os principais impactos gerados pelo uso, permitindo a atuação para recuperação das áreas degradadas e de manutenção do atrativo.

REFERÊNCIAS

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EIXO TEMÁTICO: TURISMO, MARKETING E SERVIÇOS

TRABALHOS COMPLETOS

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COMPOSTO DE MARKETING EM EMPRESAS CAPTADORAS DE

EVENTOS

FÁBIO LUCIANO VIOLIN

UNESP, Rosana – SP [email protected]

JONATA BARBOSA DE SOUZA

UNESP, Rosana – SP, [email protected]

RESUMO – O presente estudo objetivou analisar os itens do composto de Marketing em empresas

captadoras de eventos que concorreram a prêmio nacional em comparação com as que não concorreram

com o intuito de observar semelhanças e diferenças relativas a temática. A amostra por conveniência

estudou dois grupos com 15 integrantes cada um através da análise de seus planos de negócios

configuraram o estudo como tendo natureza bibliográfica, exploratória e qualitativa. Os resultados

indicam que existe diferença entre as que concorreram quando comparadas as que não concorreram

apontando que o reconhecimento do mercado através da indicação ao prêmio não ocorreu por mero acaso

pois, os dados indicam maior refinamento das que concorreram ao já mencionado prêmio.

Palavras chave: Turismo, Marketing, Eventos, Composto de Marketing, Plano de Negócios.

ABSTRACT - This study aimed to analyze the items of the Marketing Mix in companies promoting

congress that competed for national award compared to those not competed in order to observe

similarities and differences regarding the issue. A convenience sample studied two groups of 15 members

each by analyzing their business plans have shaped the study as having literature, exploratory and

qualitative nature. The results indicate that there is a difference between those who competed when

compared to those who don’t competes noting that market recognition through the award nomination

don’t occur by chance because the data indicate further refinement of that applied to the aforementioned

award.

Key words: Tourism, Marketing, Events, Marketing Mix, Business Plan.

1 INTRODUÇÃO

A análise do comportamento de usuários do turismo pode ser considerada como vital ao se observar os

níveis de concorrência e avanços em praticamente todos os campos de influência do saber e das relações

organizacionais.

A atividade turística ao redor do mundo tem experimentado avanços substanciais em termos de

profissionalização e fluidez das informações e estratégias de atuação mercadológica junto aos nichos ou segmentos

de interesse.

O setor de eventos, tem mostrando-se substancialmente competitivo, especialmente considerando o elevado

nível de exigência dos consumidores desse tipo de serviço vinculado ao setor de turismo, existe uma máxima, que

inspira atenção, a qual diz que raramente se terá a chance de criar uma segunda nova experiência positiva junto aos

consumidores, ou seja, os erros podem ser fatais especialmente considerando a natureza de serviços da qual

pertencem as empresas de eventos.

Turistas, assim como qualquer outro público alvo, apresentam necessidades e desejos distintos frente a

ofertas similares. A velocidade de mutação dos desejos dos consumidores assumiu papel vital na concepção e oferta

de algo ao mercado, especialmente ao se considerar as particularidades de cada segmento ou nicho a ser atendido.

Nesse contexto, a demanda é composta pelo desejo por produtos específicos, aliado à disposição e

capacidade de adquiri-los. O poder de compra do indivíduo transforma o desejo em demanda. Assim, a aquisição

de um produto constitui a tentativa de se satisfazer um desejo específico.

A busca de satisfação das necessidades e desejos do público-alvo é o que garante a lucratividade das

empresas.

Considerando então a mutabilidade da tecnologia, da concorrência e dos próprios consumidores, aponta-se a

emergência do Marketing, que deriva da mercadologia, que é entendida como o estudo das relações entre

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organizações e seus consumidores, especialmente, atrelada as suas variáveis controláveis determinadas por

McCarthy em 1960.

Tais variáveis são chamadas de Mix Marketing ou Composto de Marketing no Brasil. Tais variáveis

representam itens que compõem o conjunto de ações pelas quais organizações de todos os setores e portes podem

adaptar os itens pertencentes ao composto de Marketing para desenvolverem suas ações junto ao mercado.

As ações de Marketing visam em essência proporcionar satisfação na relação entre uma organização e seus

clientes.

O conceito contemporâneo de marketing engloba a construção de um satisfatório relacionamento em longo

prazo, no qual os índividuos ou grupos de compradores potenciais obtém aquilo que desejam ou necessitam e estão

habilitados a comprá-los.

Diante disso, a gestão efetiva das estratégias mercadológicas relacionadas ao composto de marketing pode

ser um elemento efetivo na manutenção da competitividade das empresas do setor de eventos.

2 BASE TEÓRICO-EMPÍRICA

2.1 Composto de Marketing

As estratégias mercadológicas vinculadas ao composto de promoção aqui associada ao processo de comunicação

com o mercado e que foram alvo desse estudo são as mais recorrentes apresentadas pela literatura especializada

especialmente as apontadas por Kotler (2009) e Las Casas (2007) a saber:

a) Propaganda;

b) Publicidade;

c) Vendas Pessoais;

d) Promoção de Vendas;

e) Merchandising;

f) Relações Públicas; e por fim

g) Marketing Direto.

O próximo elemento do composto são as características do produto aqui entendidos como a oferta de um bem

físico, serviço, ideia, lugar ou pessoa apresentando os benefícios que o comprador ou consumidor obtém a partir da

troca. Quando o produto é definido nestes termos, desloca-se a ênfase do processo produtivo para o benefício a ser

desfrutado (VIOLIN et al., 2013).

Dentre os elementos destacados pela literatura os mais recorrentes e que foram alvo desse estudo são

apresentados por Kotler (2009):

I) Marca;

II) Embalagem e rotulagem;

III) Serviços de apoio e assistência ao produto;

IV) Qualidade;

V) Estilo e design;

VI) Garantias;

VII) Variedade de produtos e serviços; e

VIII) Características da oferta.

O terceiro elemento foi inicialmente chamado no Brasil de Praça em referência ao termo original em inglês

Place o qual sofreu transformações ao longo das décadas comportando a nomenclatura Logística dada sua abrangência

e magnitude. Esse elemento está associado aos demais ao contemplar entre outras funções as determinações de onde,

como, quando, de que forma e em quais condições um produto ou serviço deve ser disponibilizado a quem o consumirá.

As estratégias vinculadas ao composto de distribuição analisadas nesse estudo são:

I) Os Canais (caminho percorrido pelo produto na transferência de quem o produz até quem o consome podendo ser

direto ou indireto) (KOTLER, 2009);

II) A Cobertura (espaço geográfico coberto pela organização) (FERRELL et.al, 2000);

III) A Variedade (conjunto de diferentes possibilidades pelos quais as ofertas podem ser combinadas) (CHURCHILL e

PETER, 2005);

IV) Os Locais (ponto (s) de distribuição que a organização disponibiliza, bem como a natureza desses locais) (KOTLER,

2009); e

V) Transporte (meios pelos quais os produtos serão deslocados) (LAS CASAS, 2007).

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O composto de preço pode ser conceituado como o valor que o adquirente está disposto a dispensar na obtenção

de algo, indo desde o escambo até a troca envolvendo dinheiro, em algumas circunstâncias o comprador pode acabar

abrindo mão de elementos importantes não necessariamente financeiros como por exemplo, o tempo dispensado na

busca por informações figuraria como uma espécie de custo para o consumidor (McCARTHY, 1996).

Kotler (2009) aponta as seguintes possibilidades de abordagens na determinação dos elementos do composto de

preço:

I) Abordagem baseada no custo;

II) Abordagem baseada no valor; e

III) Abordagem baseada na concorrência.

Cada abordagem faz referência ao seu ponto de contextualização estratégica. Nesse estudo emergiram

informações relacionadas a um modo híbrido de abordagem vinculada ao elemento situacional, ou seja, a estratégia de

determinação de preço pode variar conforme o ambiente em que a empresa opera.

2.2 Eventos

Os eventos podem configurar-se como poderosa ferramenta de comunicação estratégica com os mais diversos

públicos - alvos desejados; além de um importante difusor da marca de uma empresa com poder para - se bem realizado

- promover produtos, serviços e ideias, além de potencializar vendas e contribuir para a expansão e a conquista de novos

mercados (MIDDLETON e CLARKE, 2002; OLIVEIRA, 2005, VIOLIN et. al 2013).

A tarefa de obter e manter resultados positivos traz em seu cerne a dificuldade de resultados permanentes visto

que as organizações são criações humanas desprovidas de permanência efetiva e real, cuja função maior é a de servir a

seus objetivos aliados a sua contribuição para com a sociedade e a economia de um país, região ou local específico. A

perpetuação de uma organização segundo Drucker (2002), é tarefa básica que cabe ao espírito empreendedor e atingir

tal intento é o teste definitivo da capacidade de administração de seus gestores.

Para Andrade e Santos (2004) o reflexo imediato do desenvolvimento do segmento de eventos tem apresentado

investimentos em infraestruturas receptivas e promocionais cada vez maiores nas cidades. Os eventos podem ocorrer

durante todo o ano, minimizando assim, alguns efeitos negativos sobre empreendimentos turísticos, principalmente a

rede Hoteleira, Alimentos e Bebidas e Locações de espaços, estruturas e veículos (VIOLIN, 2014).

No setor de eventos a realidade não parece diferir, contudo, a área não apresenta no Brasil estudos em

quantidade substancial que delineie os elementos usuais que compõem as estratégias organizacionais mercadológicas.

Segundo Giacaglia (2006) a cada ano os eventos crescem em número, proporção e grau de sofisticação, assumindo em

diversas situações o papel de propagador da imagem de empresas, locais, ideias, produtos e serviços, constituindo-se

ainda como importante elemento para a realização de negócios.

Os eventos podem apresentar-se como relevante ferramenta de comunicação com os mais diversos segmentos -

alvos desejados; além de importante difusor da marca de uma empresa, local, região, cidade ou equivalente tendo a

capacidade - se bem realizado – de promover produtos, serviços, lugares, pessoas e ideias, além de potencializar vendas

e contribuir para a expansão e a conquista de novos mercados.

Os eventos promovidos por organizações públicas ou privadas podem configurar-se como poderosa ferramenta

de comunicação estratégica com os mais diversos públicos - alvos desejados; além de um importante difusor da marca

de uma empresa com poder para - se bem realizado - promover produtos, serviços e ideias, além de potencializar vendas

e contribuir para a expansão e a conquista de novos mercados (MIDDLETON e CLARKE, 2002; OLIVEIRA, 2005).

Dentre as possibilidades do segmento de eventos foram estudados os planos de negócios de empresas captadoras

de eventos internacionais ou nacionais.

O conceito de eventos ao qual esse estudo valida é o que apregoa que os mesmos são promoções humanas,

direcionadas, com objetivo(s) delimitado(s) processado através de elementos vinculados ao planejamento, organização,

direção e controle direcionado a público alvo específico com vistas a promoção específica de segmentos delineados e

nominados.

O estudo que ora se apresenta teve como objetivo central o de levantar através da análise dos planos de negócios

informações que permitissem a comparação entre organizações consideradas de certo modo referência ao serem

indicadas a prêmio nacional com empresas similares do mesmo setor através dos elementos do composto de Marketing

expressos em tais materiais.

3. METODOLOGIA

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O primeiro elemento metodológico a ser destacado nesse estudo é a revisão bibliográfica realizada através de

livros e artigos de natureza científica. Sua natureza descritiva se apresenta em função da pretensão inicial de estabelecer

relação entre variáveis levantando dados relativos aos planos de negócio ou documentos similares providos pelas

organizações participantes da amostra.

O estudo apresentou por sua natureza qualitativa a análise de trinta (30) organizações nacionais que captam

eventos internacionais ou nacionais sendo quinze (15) que concorreram a prêmio nacional da área de eventos no período

de 2011 a 2014 e o mesmo número de organizações concorrentes similares que não concorreram a prêmio, e ainda cinco

(5) de cada subgrupo.

Nesse contexto a escolha do público alvo foi seletiva considerando a dificuldade de acesso as mesmas bem como

a determinação de um número mínimo de organizações de cada categoria e porte de atuação levaram esse estudo a

apresentar a escolha da amostra por conveniência e a análise dos dados advindo de fontes documentais. Esse estudo não

apresentou pesquisa com humanos mas, analisou tais documentos para apurar a frequência e nível de refinamento dos

planos de negócio ou documentos equivalentes dessas organizações que levassem à inferência a respeito da relação

entre os elementos do composto de Marketing já nominados e as organizações com o objetivo de responder a seguinte

questão: as organizações que concorreram a prêmio nacional na área de eventos tem mais refinado seu composto de

Marketing quando comparadas as que não concorreram a tal prêmio ou similares?

Os dados então se apresentam sob a forma de elementos estatísticos considerando sua frequência de aparição nos

documentos analisados bem como seu nível de refinamento. Primeiro apresenta-se percentualmente a aparição de cada

item no plano de negócios com sua respectiva porcentagem e após analisa-se através da escala de Likert com 5 pontos o

grau de refinamento do item no plano sendo:

1) Insuficiente;

2) Insatisfatório;

3) Mediano;

4) Satisfatório; e

5) Excelente.

Desse modo a captura dos elementos projetados pôde de modo sistemático ser atingido especialmente na análise

das relações individuais dos elementos do composto de Marketing junto a organizações de eventos.

4. ANÁLISE DOS DADOS

O primeiro conjunto de dados a ser apresentado diz respeito ao composto de Comunicação. Primeiro observou-se a

frequência com que cada item do composto nominado no corpo teórico desse estudo figurava no plano de negócios das

organizações de modo explícito ou implícito. Os dados apontam para os seguintes resultados:

Figura 3: Frequência dos itens do Composto de Comunicação entre empresas Concorrentes (C) a prêmio nacional e

Empresas não Concorrentes (NC).

Observa-se que a frequência com que cada item foi tratado pelas organizações concorrentes foi sobremaneira maior nas

empresas que concorreram ao prêmio em detrimento das que não concorreram. De modo substancialmente equitativo o

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composto apresenta-se mais refinado nas empresas que concorreram ao prêmio, porém faz-se primordial acentuar que a

exceção das Relações públicas todos os demais itens apresentaram indicadores em níveis satisfatórios positivos em

ambas as categorias de organizações com grau de refinamento maior nas empresas concorrentes ao prêmio.

Figura 2: Abordagens estratégicas de preço entre empresas Concorrentes (C) e não concorrentes (NC) a prêmio.

A tabela indica a forma de atuação estratégica relacionada a preços praticadas pelas organizações. Observa-se a

variação em termos de abordagens nas organizações com disparidade notória na alta aceitação de uma abordagem

situacional, ou seja, baseada em um determinado momento do mercado nas empresas que concorreram ao prêmio em

detrimento de baixa adesão a esse formato de competição. Observa-se também que a abordagem mais comum – baseada

em custos – predomina em ambas as categorias de organizações. Faz-se indicativo de observação futura na abordagem

de preço pautada na concorrência, amplamente adotada pelas empresas não concorrentes ao prêmio.

O composto de produto traz os seguintes dados:

Figura 3: Frequência dos itens do Composto de Produto entre empresas Concorrentes (C) e Não Concorrentes (NC) a

prêmio nacional.

Aponta-se a diferença entre os tipos de organizações pautadas por suas médias finais de adesão e observação dos itens

relacionados ao composto de Produto. A disparidade auxilia a observar o grau de relevância destinado a cada item. Em

especial destaca-se a elevada precaução com a marca e as garantias. Os demais itens à exceção do estilo e design que

não apresentaram-se destacados em maior monta a diferença entre as organizações fica evidente o que talvez auxilia a

expandir as considerações considerando o destaque de uma sobre a outra.

O composto de Logística apresentou os seguintes dados:

Figura 4: Frequência dos itens do Composto Logística entre empresas Concorrentes (C) e Não Concorrentes (NC) a

prêmio nacional.

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Esse último elemento apresentou as médias mais próximas entre empresas concorrentes e não concorrentes ao prêmio se

comparado aos demais compostos. Observa-se que tradicionalmente os eventos apresentam elevado grau de

complexidade no que diz respeito ao elementos logísticos e distribuição e nesse sentido pelo tradicional hábito de

terceirização de processos meio e fim o composto apresenta o refinamento desse composto é o mais elevado na média.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O senso comum e o especializado tendem a apontar que nada substitui o preparo e que a planejado será

sempre melhor do que o improviso. Desse modo e no cômpito geral os elementos do composto apresentaram os

seguintes dados:

Figura 5: Composto de Marketing

Observa-se que o nível de refinamento do plano de negócio das empresas apresenta diferença positiva em favor

das que concorreram a prêmio. Observa-se o refinamento de todos os itens a exceção do composto de preço que

apresentou o menor nível de refinamento em suas propostas estratégicas. Através dos dados apresentados anteriormente

apresentados é possível observar que em todos os casos as empresas de referência, ou seja, que concorreram a prêmio

apresentaram indicadores superiores em relação as que não foram indicadas.

Aponta-se que as empresas que concorreram a prêmio apresentaram melhores indicadores do que as que não

concorreram. De certo modo entende-se que a indicação a prêmio nacional representa uma forma de destaque ao

considerar uma espécie de trajetória que a tenha permitido figurar entre as organizações de destaque em determinado

período.

A diferença entre elas na média é mais elevada nos compostos de comunicação e produto. O composto de

logística apresentou maior grau de refinamento entre seus itens nas duas categorias de empresas aqui ressaltadas.

O composto de preço apresentou o menor refinamento entre todos os elementos além de apresentar diferenças

substanciais de visão de mercado entre as organizações, destacando-se as abordagens distintivas especialmente no que

diz respeito a abordagem baseada em custo e na baseada em concorrência que apresentaram valores inversos e mais

gritante é a diferença na média da abordagem situacional.

Infere-se que as empresas concorrentes a prêmio na amostra pesquisada apresentam plano de negócios mais

refinado se comparado a organizações que não concorreram.

De modo substancial o senso comum de que as organizações que planejam apresentam e refinam seus elementos

do composto de Marketing se apresentam como verídicos dentro do público alvo pesquisado.

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Estudos anteriores de Violin et. al (2014) corroboram tal afirmação ao demonstrarem que o refinamento nos

elementos do composto de Marketing permite melhor estruturação das ações de planejamento e ação junto aos diversos

públicos alvos que por ventura a organização tenha bem como permite melhores condições de refinamento dos sinais

advindos do ambiente ao projetar possibilidades de atuação ou mesmo resolução de problemas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, J. R. de L. e SANTOS, C. A. de J. Eventos e Estratégia de Desenvolvimento Turístico. O caso de Aracajú.

Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales. (Serie documental de Geo Crítica). Universidad de

Barcelona. Vol. IX, nº 543, 30 de octubre de 2004.

CHURCHILL, G. A. Jr., PETER, J. P. Marketing: criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2005.

DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2º ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005.

DRUCKER, P. F. Inovação e espírito empreendedor: entrepreneurship. 2º ed. São Paulo. Pioneira. 1987.

FERRELL, O. C.; HARTLINE, Michael D.; LUCAS, George H. Jr.; LUCK, David. Estratégia de Marketing. São

Paulo: Atlas, 2000.

GIACAGLIA, M. C. Organização de eventos: teoria e prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.

KOTLER, P. Marketing para o século XXI: como criar, conquistar e dominar mercados. São Paulo: Ediouro,

2009.

LAS CASAS; A. L. Marketing de Serviços. 5º ed. São Paulo: Atlas, 2007.

McCARTHY, J. Basic Marketing a Global Managerial Approach. Richard Irwin, 1996.

MICHEL, M. Empreendedorismo: uma ferramenta para a prática da Administração e sua utilização em discentes dos de

graduação em Administração. Revista Científica de Administração, São Paulo, v.6, n.1, p.1-8, 2006.

MIDDLETON, V. e CLARKE, J. Marketing de Turismo: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

OLIVEIRA, A. P. Turismo e Desenvolvimento: planejamento e organização. São Paulo: Atlas, 2005.

OLIVEIRA, D. de P. R. de. Excelência na Administração Estratégica: A competitividade para administrar o

futuro das empresas. 4º ed. São Paulo: Atlas, 1999.

VIOLIN, F.L. Aporte das Estratégias Mercadológicas na Promoção de Eventos em Organizações Premiadas com o

prêmio Caio. VIII Congresso Brasileiro de Turismo Rural e I Colóquio Internacional de Pesquisa e Práticas em

Turismo Rural. s/n, 2013.

VIOLIN, F.L.; RIBEIRO, R. M.; BUSCIOLI, R.R da R; VIOLIN, A. L e VIOLIN, P. K. Terceirização no Setor de

Eventos: Análise Contextual, Perspectivas e Formas de Uso. ADMPG: Congresso Internacional de Administração.

s/d, 2013.

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EIXO TEMÁTICO: TURISMO, MARKETING E SERVIÇOS

RESUMOS EXPANDIDOS

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EIXO TEMÁTICO: OUTROS SEGMENTOS DO TURISMO

ARTIGOS COMPLETOS

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A IMPORTÂNCIA DA EMPRESA JUNIOR NA FORMAÇÃO DO

FUTURO BACHAREL EM TURISMO DA UNESP

RENATA MARIA RIBEIRO (UNESP ROSANA) [email protected]

CAMILA DA SILVA DIAS (UNESP ROSANA) [email protected]

RENATA SANTOS DA SILVA (UNESP ROSANA) [email protected]

RESUMO – o turismo é uma área de trabalho que outrora não exigia profissionalização. Contudo, sua

complexidade de atuação exigiu formação superior capaz de projetar ao jovem uma atuação cada vez

mais estratégica. Observando a importância da formação do futuro Bacharel em turismo, esse estudo teve

como objetivo realizar uma análise quanto à importância da empresa júnior de Turismo da UNESP na

formação do bacharel em Turismo. A pesquisa incluiu o estudo bibliográfico em torno da temática e ainda

a realização de um formulário de questões quantitativas e qualitativas. O questionário foi aplicado com

ex/atuais membros da Pássus Jr. referente à função da empresa júnior enquanto um meio de atuação

profissional e sua importância na formação dos estudantes de Turismo da UNESP de Rosana. Após a

aplicação e análise dos dados chegou-se à seguinte consideração: a empresa júnior é muito importante

quanto à graduação do bacharel quando se diz respeito à aplicabilidade do conteúdo aprendido em sala de

aula na prática. A empresa júnior proporciona a possibilidade de aplicar conhecimento adquiridos ao

longo da graduação. Dessa forma, esse estudo pretendeu apontar os pontos que norteiam a atuação dentro

de uma empresa júnior, assim sendo uma forma de atuar profissionalmente durante a graduação.

Palavras chave: Empresa Júnior, Bacharel em Turismo, Atuação Profissional, UNESP de Rosana.

ABSTRACT - Tourism is a work area that did not require professionalization. However, its complexity

of action demanded higher education capable of projecting a course of action for the youngster that was

more and more strategic. Noting the importance of higher education for the future bachelor in Tourism,

this study had the objective to perform an analysis about the importance of the Junior Company of

Tourism of UNESP in the graduation of the bachelor in Tourism. The research has included the

bibliographical study about the theme and the implementation of a quantitative and qualitative survey.

The survey was applied to former/current Pássus Jr. members, referring to the function of the junior

company as a way of professional action and its importance in the graduation of the students in Tourism

of UNESP Rosana. After the application and data analysis, the following was concluded: the junior

company is very important for the graduation of the bachelor when the applicability of the content learned

in class in a practical way is concerned. The junior company provides the possibility of applying the

knowledge acquired during the graduation. In this way, this study intended to show the points that guide

the action inside a junior company, thus being a way of acting professionally during the graduation.

Key words: Junior Company, Bachelor of Tourism, Professional Practice, Rosana UNESP.

1. INTRODUÇÃO

O turismo deve ser abordado como um conjunto de amplas relações, isto é, abrange diversos segmentos e

apresenta interações com o ambiente econômico, jurídico, social, político, ecológico, etc. O mesmo se encontra no setor

terciário da economia, por ser uma área ampla, está interligado com diferentes empresas do trade turístico.

Em relação ao futuro bacharel em Turismo, é importante durante a graduação, oportunidades de atuação na área,

pois só dessa forma é possível entender melhor a atuação desse profissional. Então, entende-se que a Universidade deve

proporcionar oportunidades para isto, sendo a empresa júnior uma delas.

O maior objetivo de uma empresa júnior é praticamente dar a oportunidade da pratica de conhecimento do

graduando em sua área, isto é, fornecer que o universitário consiga praticar conhecimentos e experiências adquiridas em

sala de aula. Então, ela pode ser vista como uma forma de preparação para o mercado de trabalho.

Para entender melhor isto, foi utilizadas as metodologias de pesquisas bibliográficas e elaboração de um

questionário online enviado a ex e atuais membros da Pássus Jr. Tendo resultados positivos quanto ao objetivo da

pesquisa.

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Esta pesquisa teve como objetivo analisar a importância da empresa júnior na vida acadêmica, principalmente

em relação à ex e atuais membros da Pássus Jr. Assessoria e Consultoria em Turismo, empresa júnior da UNESP de

Rosana. Além de também mostrar os pontos positivos e/ou negativos colocados pelos respondentes em suas respostas

no questionário enviado para a obtenção de resultados referente ao assunto abordado.

2. REFERENCIAL TEORICO

2.1 Turismo e atuação do Bacharel em Turismo

Turismo é uma atividade de deslocamento, onde as pessoas viajam a fim de lazer e entretenimento ou até mesmo

outras atividades, como por exemplo, o turismo de negócios. O turismo pode ser considerado como a fuga da realidade,

onde o turista se desloca para conhecer outros lugares, outras pessoas, outras culturas. O termo “turismo” vem das

seguintes palavras: tour e turn (inglês), e do latim: tornus, tornare, e com o tempo foi tomando alguns outros sentidos,

assumindo o significado de “tornar”, dando uma ideia de viagem de ida e de volta. Segundo Ansarah (2002), hoje o

turismo é um dos setores que mais possui potencial de crescimento na economia durante os próximos anos, pois envolve

muitas pessoas viajando em prol do lazer, ou negócios.

De acordo com Ruschamnn (2001), a palavra “turismo” surgiu durante o século XIX, porém, algumas formas de

turismo existem desde as mais antigas civilizações, e a partir do século XX que começou a evoluir. Já o conceito de

turismo se deu a partir do século XVII, na Inglaterra, referido a algum tipo de viagem.

O curso de Bacharelado em Turismo surgiu no Brasil na década de 1970, devido ao fato de ser um novo atrativo

no mercado, a partir daí começou a ser vista como uma profissão do futuro. O primeiro curso superior de turismo no

Brasil surge em São Paulo, em 1971, na Faculdade Morumbi (hoje, Anhambi-Morumbi), instituição privada

(REJOWSKI, 1999). O Bacharel em turismo pode atuar em diversas áreas, sendo elas: hospedagem, agências,

gastronomia, lazer, esportes, eventos, entre outras. Dentre todas as funções de um bacharel em turismo, as principais se

destacam entre a realização do planejamento turístico das localidades, preparação de pacotes de viagens, orientações aos

turistas, etc. E segundo Ansarah (2002, p. 41) “para uma atuação eficaz nas empresas do setor, além da competência, o

profissional precisará de determinação, criatividade, visão, disposição para inovar, confiança em si mesmo e nas suas

ideias, paciência e preparação apropriada.”

Sendo assim, é perceptível que para atuar no setor de turismo o bacharel precisa estar disposto a atender o turista

com aptidão, pois o objetivo do turismólogo é prestar serviço; Desse modo esses devem ser de qualidade, pois o cliente

deposita toda sua confiança no trabalho do bacharel em turismo, esperando que a experiência seja a melhor da sua vida,

então, suas expectativas precisam ser atendidas para que o cliente não tenha frustrações.

2.2 Recursos para a atuação profissional durante a graduação

Na grande maioria das Universidades, se não em todas, durante a graduação existem diversos recursos a serem

utilizados como forma de atuar na área profissional durante o curso. Seja atuando na área de pesquisa, atividades

referentes a determinado segmento que é estudado durante a graduação, seja em associações relacionadas a esportes e

eventos, todas essas atividades citadas servem como forma de capacitação e atuação profissional.

Para exemplificar isto, pegando como exemplo o campus de Rosana da UNESP, há diferentes recursos a serem

utilizados como forma de projeto durante a graduação, como por exemplo, atlética, grupos de pesquisas, pesquisa e

extensão e a empresa júnior. Porém, cada um tem um foco e objetivos em atingir algo que diferem um do outro.

A atlética tem o intuito de organização de eventos, principalmente voltados ao esporte; os grupos de pesquisas

são focados principalmente em algum segmento do curso especifico que se está estudando; pesquisa e extensão têm o

objetivo de pesquisar algo com um professor orientando, o que é da escolha de cada discente; e a empresa júnior que é a

atividade que mais foca no mercado de trabalho em si e o que mais aproxima o aluno do dia a dia da profissão

escolhida.

Antes de aprofundar mais sobre a empresa júnior em si, é importante saber e entender seu conceito. Segundo

Rafael e Oliveira (2012) “segundo Matos (1997), a empresa júnior é uma organização sem fins lucrativos, gerida por

estudantes de graduação, ou seja, uma organização ligada a uma Instituição de Ensino Superior. Na empresa júnior, os

alunos aplicam na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. O autor postula que, “os estudantes prestam

serviços e desenvolvem projetos para empresas, entidades e para a sociedade em geral nas suas áreas de atuação, com o

auxílio e supervisão de professores” (1997, p. 27).

Então, com essa definição, é perceptível que a empresa júnior é uma forma de atuação profissional, sem haver

um objetivo que envolva retorno financeiro. Deste modo, quando falamos de empresários juniores, percebe-se que

fazem seu trabalho simplesmente para adquirirem experiência profissional e por gostarem do MEJ (movimento empresa

júnior).

2.3 Movimento Empresa Júnior

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Silva (2012) diz que o Movimento Empresa Júnior (MEJ) teve surgimento na França, no ano de 1967, onde seu

principal objetivo é um complemento na formação acadêmica de seus participantes, fornecendo a todos a experiência

prática. Em 1980 o modelo francês de empresa júnior se expandiu internacionalmente, atingindo outros países, inclusive

o Brasil, em 1988, através da Câmara de Comércio Franco-Brasileira. As empresas juniores pioneiras no Brasil foram

as da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Universidade Federal

da Bahia (UFBA) e em pouco tempo o movimento se espalhou por todo o mundo, devido ao fato de terem preços

acessíveis e qualidade nos serviços prestados, entre 1988 e 1995 surgiram 100 empresas, atualmente, o MEJ cresceu

ainda mais no país e hoje são mais de 27.000 universitários executando seus trabalhos em cerca de 1.200 empresas

juniores e realizando mais de 2.000 projetos por ano.

2.4 Empresa Júnior

De acordo com Periard (2011), uma Empresa Júnior é uma associação civil formada por alunos de cursos

superiores, onde não possui fins lucrativos. A finalidade de uma empresa júnior é colocar em prática todo o aprendizado

adquirido pelo universitário durante todo o período de graduação, assim, aproximando-o do mercado de trabalho e lhe

permitindo experiências em sua futura área de atuação. A mesma é dividida em várias diretorias, sendo elas,

presidência, vice-presidência, gestão de pessoas, marketing, administração, projetos, entre outras áreas. Porém, é por

meio dos projetos que as empresas passam a adquirir resultados. As empresas fazem consultoria na área de formação

dos alunos, e é com os projetos que eles passam a estarem mais próximos do mercado de trabalho, contudo, a

consultoria e os projetos realizados por uma Empresa Júnior são cobrados por um valor abaixo do mercado de trabalho,

e acredita-se que esta seja a diferença entre as empresas juniores e a concorrência.

Na empresa júnior os alunos possuem uma rotina voltada à elaboração de ensaios práticos apoiados na visão

acadêmica, e isso os diferencia dos outros alunos que buscam a mesma área de atuação, pois através das experiências o

universitário acaba adquirindo competências profissionais. Entre tudo que é desenvolvido podemos citar os projetos de

consultoria, estratégias de marketing, trabalho em equipe, conhecimento do mercado, etc. Além disso, o empresário

júnior, apesar de não receber fins lucrativos, exercita seu lado empreendedor e obtém novas ideias e oportunidades para

contribuir com a resolução de problemas dos clientes que buscam seus serviços. Para a criação de uma Empresa Júnior

necessita-se dos alunos, que são as pessoas que vão atuar como profissionais dentro da empresa; da empresa, que é o

local onde os projetos são desenvolvidos pelos universitários; e a universidade, que é onde a empresa está localizada.

2.5 Pássus Jr. Assessoria e Consultoria e Turismo

A Pássus Jr. Assessoria & Consultoria em Turismo é uma empresa sem fins lucrativos, onde sua finalidade é

colocar em prática os conhecimentos teóricos adquiridos no curso de Bacharelado em Turismo da Universidade

Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (UNESP), Campus de Rosana. É dividida entre as seguintes diretorias:

Presidência, Vice-Presidência, Projetos, Administrativo Jurídico Financeiro, Gestão de Pessoas e Marketing, onde cada

cargo fica responsável por uma parte da empresa, porém, todos trabalham em equipe e desenvolvem projetos como um

todo. A empresa conta com os serviços de dez membros, que podem atuar como diretores, assessores ou consultores,

após passarem pelo cargo de trainee, que é o período em que o membro fica em treinamento desenvolvendo os serviços

da empresa, passando por todas as diretorias, para que nesse tempo de treinamento ele possa se identificar com alguma

área específica. E a empresa ainda conta com a orientação de professores aos membros, para poder oferecer um melhor

serviço a todos os clientes.

A missão da Pássus é proporcionar uma realidade empresarial, visando à qualificação dos membros em sua

futura atuação profissional, buscando a integração entre a sociedade e o mercado através de práticas empreendedoras no

trade turístico. A visão é o reconhecimento perante o Movimento Empresa Júnior, através da excelência e inovação na

gestão e prestação de serviços, buscando a liderança entre as Empresas Júnior de Turismo. E os valores são: união,

inovação, superação, transparência, pró-atividade e responsabilidade social. Segue abaixo a análise SWOT da Pássus

Jr., onde apontam pontos negativos e positivos da empresa:

Forças Fraquezas

Pesquisa de Conhecimento de Mercado;

Projetos individuais que trazem grande recurso financeiro

e impacta o mercado;

Membros motivados;

União dos membros;

A presença de membros de diferentes termos;

Filiação ao Núcleo UNESP;

Apoio de professores em novos projetos;

Ter um bom espaço físico sem custos;

Portfólio diversificado;

Imagem dentro da UNESP campus de Rosana;

Localização: dificuldade em participações em eventos;

Distância dos grandes centros;

Falta de prospecção;

Falta de insumos;

Falta de intermediários;

Alta rotatividade de membros;

Demanda do processo seletivo;

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Forte vinculo com o nome UNESP, fazendo com que haja

maior credibilidade;

Oportunidades Ameaças

Localização: ter apenas um concorrente direto;

Parcerias em geral e concretização de futuros parceiros;

Stakeholders;

Prospectar mais clientes, devido à existência da pesquisa

de mercado;

Conseguir projetos por licitações;

Abrir o setor de agências de viagens dentro da empresa;

Se federar a FEJESP;

Implementação da gerência de qualidade;

Retomada da diretoria comercial;

Localização: por não ter muitos concorrentes, pode

acarretar em não sair da zona de conforto;

Poucos contatos perante a concorrência;

Portaria 07 de julho 265 UNESP, devido à regularização;

Somente um ano de gestão;

Poucos membros;

Tabela 1 – Análise SWOT Pássus Jr. Fonte: Planejamento Estratégico Pássus Jr. Assessoria e Consultoria em

Turismo, 2016.

A Pássus Jr. – Assessoria e Consultoria em Turismo presta serviços de pesquisa do mercado turístico, onde são

realizadas pesquisas com o estudo do mercado, oferta, demanda e comportamento do consumidor; planos de

desenvolvimento turístico, realizando inventário, diagnóstico, plano diretor de desenvolvimento turístico, planejamento

estratégico; marketing turístico envolvendo o estudo e promoção da marca do destino e/ou empreendimentos do trade

turístico, sinalização turística, mapas turísticos, prospecção de clientes; eventos, com assessoria no pré/durante/pós

evento, promoção e organização de eventos; capacitações com palestras e fóruns, workshop e cursos; entre outros

serviços.

2.5.1 Projetos da Pássus Jr.

A Pássus Jr. Assessoria e Consultoria em Turismo realiza projetos que permeiam as atividades da área do

Turismo.

O principal projeto que a EJ já desenvolveu foi o Plano Diretor do município de Lucélia, cidade localizada no

Estado de São Paulo. Esse projeto envolveu a participação efetiva dos membros quanto ao diagnóstico, prognostico e

plano diretor do município, além de ter trazido recursos financeiros o que ajudou muito a empresa, também trouxe

conhecimento e aprendizado quanto à área de planejamento e organização do turismo.

Em 2007 o projeto “Semana do Empreendedor” foi realizado nos dias 21 a 26 de Maio de 2007, neste período

foram realizadas atividades como: ciclo de palestras e um curso do SEBRAE, intitulado “Aprender e Empreender”.

Dentro do ciclo de palestras, duas ficou a cargo de ser ministrada por agentes do SEBRAE e uma a cargo da Humanus,

empresa júnior do curso de Psicologia da UNESP Assis. O objetivo do projeto foi de capacitar os membros efetivos da

Pássus Jr. Assessoria e Consultoria em Turismo, de modo que o funcionamento da mesma estivesse atualizado com o

mercado e, concomitantemente, procurou-se inserir os graduandos do campus e a comunidade local nos conteúdos que

foram abordados. A carga horária total do projeto foi de 32 horas, distribuídas em quatro palestras (8h). O curso

“Aprender e Empreender” (24h) oferecido pelo SEBRAE foi divido em dois períodos tarde e noite. Ao final do evento,

a Pássus Jr emitiu certificados para aqueles que participaram das palestras, e por fim pelo SEBRAE foram emitidos

certificados do curso “Aprender e Emprender”.

Outro projeto foi o Curso Culinária “Variando o Cardápio” consiste em uma oficina de preparo de um prato que

teve como base um ingrediente típico da região: a mandioca. Para o evento foi convidada uma graduanda do curso de

Turismo do Campus Experimental de Rosana, que ensinou o prato “escondidinho de mandioca”. Este evento foi

realizado no dia 21 de Abril de 2007, com duração de 3 horas. Foram emitidos certificados pela Pássus Jr. O público-

alvo foi à comunidade do município de Rosana. O objetivo do curso foi de possibilitar aos participantes variar o

cardápio, além de valorizar a cultura regional, por meio da utilização de recursos locais, mais especificamente, a

mandioca, alimento comumente encontrado nas propriedades rurais do município. E ao final do curso os objetivos

foram alcançados. Todas as diretorias participaram da organização.

Um evento organizado pela empresa de grande importância foi o Enejunesp - Encontro das Empresas Juniores da

UNESP – um dos eventos promovidos pelo Núcleo UNESP que reúne todos os empresários juniores da Universidade

Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" que conta com mais de 50 Empresas Juniores espalhadas pelos 23 campus.

Este evento tem todo o conteúdo voltado à temática: co-gestão, com o intuito de promover o desenvolvimento

sustentável das empresas juniores. Foi na 16º edição do ENEJUNESP, que a Pássus Assessoria & Consultoria em

Turismo do campus da UNESP de Rosana, foi eleita a empresa júnior a organizar o encontro das Empresas Juniores da

UNESP, que ocorreu no segundo semestre de 2012. Pela primeira vez o campus de Rosana recebeu um evento dessa

natureza, o evento ocorreu nos dias 19, 20 e 21 de outubro de 2012, com o Tema - Formatando Ideias E Atraindo

Clientes: Novas Perspectivas E Possibilidades Para as Ejs.

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F.L. Violin; J.B. de Souza P.000-000

A empresa Pássus Jr realizou ainda outros projetos de relevância em seu portfólio, todos voltados para áreas

relacionadas ao Turismo.

3. METODOLOGIA

Para a realização dessa pesquisa, foi utilizadas como metodologia pesquisas bibliográficas, que foram voltadas a

assuntos referentes às possibilidades de atuação profissional durante a graduação, especialmente a empresa júnior.

Foram utilizados artigos que tratam acerca do histórico e das principais características que permeiam a empresa Junior.

Grande parte do material recolhido para a pesquisa foi por meio digital, os quais tratam sobre esse movimento que

proporciona a troca de conhecimento, além da pratica do que é aprendido em sala de aula.

A outra metodologia utilizada foi de um questionário online. O questionário foi enviado trinta ex e atuais

membros da Pássus Jr. Assessoria e Consultoria em Turismo, sendo dez membros atuais e vinte ex membros. Dessa

quantidade de pessoas, um atual membro não respondeu e seis ex membros não responderam. O gráfico abaixo mostra

essa relação:

0

5

10

15

20

25

Atuais membros respondentes

Ex membros respondentes

Número de pessoas que o questionário foi enviado

Número de pessoas respondentes

Gráfico 1 – referente ao questionário. Fonte: elaborado pelas autoras, 2016.

Então a pesquisa e todo o levantamento de dados foram a partir da resposta de 23 atuais/ex membros.

Foram colocadas quatro questões quantitativas e uma questão qualitativa, que foram as seguintes:

Questões Objetivo da questão

O que você acha que seja mais relevante ao fazer

parte da empresa júnior de turismo da UNESP?

Assinale de uma a duas respostas. Com as

seguintes alternativas: a prática de estudos que

aprendemos dentro da sala de aula; o envolvimento

com o mercado de trabalho; conhecimentos e

experiências adquiridas; trabalho em equipe;

capacidade para lidar com problemas; obtenção de

responsabilidade.

Aprofundar-se na opinião dos membros da

empresa júnior em relação à importância da

mesma.

Quanto você acha que a empresa júnior pode

contribuir com a formação do Bacharel em turismo

da UNESP? (Numa escala de 0 a 10).

Saber sobre a contribuição da EJ durante a

graduação do estudante.

Você acredita que na empresa júnior há

possibilidade de praticar os conhecimentos

adquiridos durante a graduação? Com as opções a

serem assinaladas: sim ou não.

Ter o conhecimento referente a pratica do

aprendizado em sala de aula do membro na

empresa.

De 0 a 10, quanto você acredita que a empresa

júnior te ajuda/ajudou na graduação?

Saber efetivamente o quanto a empresa júnior

contribui para a formação do graduando.

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Como você aplica os conceitos adquiridos em sua

graduação na empresa júnior?

Entender melhor a aplicabilidade do aprendizado

de cada membro dentro da empresa júnior.

Essas cinco questões com objetivos distintos, porém interligados, facilita quanto ao entendimento da função da

empresa júnior no meio acadêmico, além de ajudar a entender melhor sobre a importância da EJ durante a graduação.

4. RESULTADOS

A partir das respostas do questionário respondido por 23 pessoas, pode-se perceber que a empresa júnior é

importante no processo de graduação em relação à prática profissional.

A questão de número 1 “o que você acha que seja mais relevante ao fazer parte da empresa júnior de

turismo da UNESP? Assinale de uma a duas respostas” teve a alternativa “conhecimento e experiências adquiridas”

como maioria das respostas, totalizando 52,2%. Em seguida com 34,8% ficou a alternativa “o envolvimento com o

mercado de trabalho”, logo com 8,7% encontra-se “a prática de estudos que aprendemos dentro da sala de aula”. E uma

pessoa escolheu como resposta “capacidade para lidar com problemas”. As outras alternativas colocadas a disposição

para respostas não tiveram nenhuma sendo colocada como respostas pelos atuais/ex membros da Pássus Jr. O gráfico

abaixo mostra as respostas:

Gráfico 2 – Primeira pergunta do questionário. Fonte: elaborado por Google formulários, 2016.

A questão de número 2, perguntava ao respondente o quanto ele achava que a empresa júnior poderia contribuir

com a formação do Bacharel em turismo, seguindo uma escala de 0 a 10. E a alternativa mais escolhida foi à seguinte:

escala “4”, com 43,5% dos votos, em segundo lugar, a escala mais votada foi de “8”, com 26,1% dos votos, em terceiro

lugar “9”, com 17,4% dos votos e em quarto “7”, com 13% dos votos, e as outras escalas não citadas não obtiveram

nenhum voto. Os gráficos abaixo resumem as respostas dessa questão:

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Gráfico 3 – Segunda pergunta do questionário. Fonte: elaborado por Google formulários, 2016.

Gráfico 4 – Segunda pergunta do questionário. Fonte: elaborado por Google formulários, 2016.

A questão de número 3 “você acredita que na empresa júnior há possibilidade de praticar os conhecimentos

adquiridos durante a graduação?” teve a alternativa “sim” como unanimidade de votos, o que mostra a importância da

empresa júnior quanto à prática de conceitos adquiridos em sala de aula. O gráfico abaixo mostra a resposta:

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Gráfico 5 – Terceira pergunta do questionário. Fonte: elaborado por Google formulários, 2016.

Para avaliarmos o quanto uma empresa júnior pode ajudar um membro na graduação, fizemos a seguinte pergunta:

“De 0 a 10, quanto você acredita que a empresa júnior te ajuda/ajudou na graduação?” e as respostas mais relevantes

foram às seguintes: 26,1% responderam “8”, 21, 7% das pessoas responderam “7”, outras 21,7% responderam “4”,

17,4% responderam “5”, 8,7% responderam “9”, e as outras alternativas não tiveram nenhum voto. O gráfico mostra

isto:

Gráfico 6 – Quarta pergunta do questionário. Fonte: elaborado por Google formulários, 2016.

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Gráfico 7 – Quarta pergunta do questionário. Fonte: elaborado por Google formulários, 2016.

A quinta pergunta “como você aplica os conceitos adquiridos em sua graduação na empresa júnior?” foi uma

questão qualitativa para avaliar como os membros praticam o que aprendem na graduação, onde as respostas da maioria

foram as seguintes: colocando em prática todos os conhecimentos adquiridos na sala de aula; realizando projetos dentro

da empresa; colocando em prática toda teoria aprendida nas matérias de Planejamento e Organização do Turismo,

Planejamento Estratégico, Administração, Ética, entre outras disciplinas; trabalhando em equipe e tendo contato com o

mercado de trabalho.

5 CONCLUSÕES

Por meio da realização deste trabalho, concluímos que a empresa júnior é importante para a vida do futuro

bacharel em Turismo principalmente em relação às práticas conceituais, ou seja, a empresa júnior proporciona a

oportunidade de atuação na área do estudante na graduação.

Com base nos resultados do questionário online enviado a atuais e ex membros da Pássus Jr. Assessoria e

Consultoria em Turismo é perceptível que, a maioria das pessoas tem a percepção de que o conhecimento e as

experiências adquiridas ao longo de sua gestão na empresa é um dos fatores que mais contribuem para os fatores

relevantes a entrarem na empresa júnior. Deste modo, ela pode ser vista com o uma forma de conhecimento, pois além

de adquiri-lo, também pode passá-lo, pois o que se aprende na graduação é praticado dentro da EJ.

Portanto, ao entrar em uma empresa júnior, vale a pena o aprendizado e a experiência que são adquiridos ao

longo do tempo. Quando se fala de pontos negativos, o que poderíamos citar a grande carga horária quanto à realização

de projetos, e pontos positivos ao estar em uma EJ, que seria as experiências e conhecimento adquiridos, pode-se

perceber que há relevância em participar de uma EJ, pois com os resultados obtidos através dos questionários, a maioria

dos respondestes dizem e ponderam fatores positivos ao estarem dentro de uma EJ, no caso específico, dentro da Pássus

Jr. Assessoria e Consultoria em Turismo.

REFERÊNCIAS

ANSARAH, Marília Gomes dos Reis. Formação e Capacitação do Profissional em Turismo e Hotelaria. São Paulo:

Aleph, 2002. – (Série turismo).

NETTO, Alexandre Panosso. O que é turismo. São Paulo: Brasileirense, 2010. – (Coleção primeiros passos; 341)

PERIARD, Gustavo. Empresa Júnior – O que é e como funciona. Disponível em:

<http://www.sobreadministracao.com/empresa-junior-o-que-e-e-como-funciona/> Acesso em: 20 out. 2016.

PERIARD, Gustavo. Empresa Júnior: o que é e como funciona. Disponível em:<

http://www.sobreadministracao.com/empresa-junior-o-que-e-e-como-funciona/>. Acesso em 20 de outubro de 2016

RAFAEL, Sandra Suely; OLIVEIRA, Luiza Rodrigues de; Empresa Júnior: uma cultura empreendedora capaz de

fortalecer o elo entre universidade e comunidade. Revista Fluminense de Extensão Universitária, Vassouras, v. 2, n. 1,

p. 61-70, jan/jun., 2012. Disponível em:< http://www.uss.br/pages/revistas/revistafluminense/v2n12012/pdf/006-

EmpresaJunior.pdf>. Acesso em 19 de outubro de 2016

REJOWSKI, Mirian. Turismo e Pesquisa Científica. Campinas, SP: Papirus, 1999

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RUSCHAMNN, Doris. Turismo e Planejamento Sustentável: A Proteção do meio Ambiente. 8. ed. São Paulo:

PAPIRUS, 2001

SILVA, Paulo Cezar Ribeiro da. Empresa Júnior na Prática. Brasília: Editora Kiron, 2012.

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EIXO TEMÁTICO: OUTROS SEGMENTOS DO TURISMO

RESUMOS EXPANDIDOS

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RELIGIÃO AFRODESCENDENTE: O CANDOMBLÉ COMO MOTIVAÇÃO TURÍSTICA NA BAHIA

NICOLAU, Andressa; BRAZ, Jessica; PIMENTEL, Juliana.

1 Este trabalho se realizado pelo grupo Tons Afro Unesp Rosana (TAUR) se refere a religião afrodescendente, com ênfase no candomblé como maneira de motivação turística na Bahia.

2 Andressa Nicolau, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Rosana, São Paulo, [email protected].

Jessica Paola Braz, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Rosana, São Paulo, [email protected].

Prof. Me. Juliana Maria Vaz Pimentel, Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Rosana, São Paulo, [email protected].

RESUMO

Devido ao contexto histórico de imigração dos africanos ao Brasil, o Estado da Bahia comporta a segunda população

negra do mundo. Com a presença de afrodescendentes o território baiano, se tornou o principal destino do segmento

étnico afro, sendo dessa forma considerada uma tipologia do segmento do turismo cultural. O grupo de estudos Tons

Afro Unesp Rosana (TAUR), por meio de levantamentos bibliográficos pretende explicitar de que maneira a religião afro

descendente estimula o deslocamento de turistas, em virtude de religiosidade de matriz africana, no caso, o candomblé.

PALAVRAS-CHAVE: TAUR; TURISMO RELIGIOSO; CANDOMBLÉ.

INTRODUÇÃO

O Tons Afro Unesp Rosana (TAUR), é um projeto de extensão recentemente aprovado pela reitoria

da Universidade Estadual Paulista e está presente no núcleo de Rosana. Sobre esse tipo de projeto,

Iamamoto (2000 apud ROCHA et al., 2012), discorre que pode ser entendido como, “[...] um processo

educativo, cultural e científico que articula a universidade com as necessidades dos segmentos majoritários

da população” (p.57). Sendo assim, o grupo tem como objetivo discutir temáticas referentes à riqueza étnica

cultural artística e religiosa, abrangendo conteúdos polêmicos sobre discriminação, preconceito, racismo,

intolerância religiosa, como também, o grupo discute e ministra palestras sobre o contexto histórico dos

afrodescendentes no Brasil no âmbito da comunidade local (Primavera/Rosana-SP) e acadêmica,

promovendo assim, a conscientização sobre a contribuição da cultura africana no processo de formação da

identidade nacional brasileira.

Nesse sentido, o presente resumo é resultado da primeira discussão do grupo de estudos TAUR,

cujo tema reportou-se a “Raízes afro-religiosa: candomblé: origem, significado e funcionamento”.

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METODOLOGIA

O presente resumo parte da discussão realizada a partir do primeiro debate do grupo de estudos TAUR,

cujo o tema foi: “Raízes afro-religiosa: Candomblé: origem, significado e funcionamento.”. Para o transcorrer

da pesquisa foram utilizados referências bibliográficas, que tiveram como foco o candomblé e sua influência

sobre a prática do turismo étnico afro na Bahia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU DISCUSSÕES

Caracterizado por um povo que coloca sua singularidade cultural como atrativo, o turismo étnico

trata-se de uma mercantilização cultural, onde o modo de viver e história de um povo podem ser conhecidos

através do turismo em determinadas regiões. No Brasil, o turismo étnico é desenvolvido em diversas

regiões.

De acordo com o conceito dado pela OMT (1994 apud SANCHO, 2001, p.38):

O turismo compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas viagens e estadas em

lugares diferentes ao seu entorno habitual, por um período consecutivo inferior a um ano, com finalidade de

prazer, negócios ou outras.

Dentro do turismo, há um leque de segmentos estabilizados devidos as pulsações de mercado e

entre eles, encontra-se o turismo cultural:

Turismo Cultural compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de

elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo

os bens materiais e imateriais da cultura. (BRASIL, 2006, p. 13)

Neste contexto, o turismo cultural possui deslocamentos específicos para fins religiosos, à qual

pode-se constituir em outras tipologias dentro do segmento cultural. Destaca-se, neste objeto de estudo o

turismo étnico, que envolve comunidades advindas da imigração, como por exemplo: “europeus e asiáticos,

as comunidades indígenas, as comunidades quilombolas e outros grupos sociais que preservam seus

legados étnicos como valores norteadores em seu modo de vida, saberes e fazeres” (BRASIL, 2006, p. 18).

Derivada de uma população bem miscigenada, a população baiana é “fruto da miscigenação do

índio nativo, europeu e africano, o baiano é por natureza e excelência, hospitaleiro, acolhedor, simpático e

festeiro que se expressa na cultura e religiosidade constituindo-se em mais um atividade turística da terra”

(SIQUINI, 2008, p. 30).

Segundo a Secretaria de Turismo da Bahia, a capital “Salvador é a cidade mais negra do mundo

fora da África. Mais de 80% da população é afrodescendente. A comida, a religião, a cultura, a música, a

dança e a arte proveniente dos povos africanos são marcantes na cultura baiana” (BAHIA, 2009, p.119)

Diante dessa realidade, a Bahia oferece ao visitante um “turismo diversificado, com opções para

todos os gostos. Por isso, o setor é hoje um importante fator de desenvolvimento, de geração de renda e de

divulgação do estado e do país” (SIQUINI, 2008, p.30).

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Com relação a questão religiosa, o Candomblé é a forma de culto existente no Brasil, das

divindades de origem africana. A forma original, foi trazida há mais de quatrocentos anos pelos escravos

negros.

A fundação do Terreiro, porém, só acontece em 1807, quando os africanos e crioulos da irmandade

dos martírios decide arrendar o terreiro atrás da igreja para instalar o culto aos orixás, sobre o comando de

Iyá Akalá. Mas a pratica do candomblé da forma que conhecemos hoje só é consolidada anos mais tarde

pela Iyalorixá Iyá Nassô, que veio da África, na virada dos séculos XVIII para o XIX justamente com a

missão de organizar o candomblé (BAHIA, 2009, 54).

Atualmente, os terreiros da Bahia se encontram estagnados devido ao avanço da urbanização e

industrialização. Entre 1950 e 1970 voltaram os encontros e cultos à qual trouxeram a essência das

relações sócias das comunidades locais. Ainda nesta época, os terreiros passaram a ser realizados em

lugares com maior fluxo de pessoas, com alguns encontros por volta de 24 horas sendo frequentados pela

população local, turista e pesquisadores (PRANDI, 2004).

De acordo com a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia (2008), o perfil turista do segmento

étnico-afro é o afro-americano. Esses turistas permanecem em média de quatro a sete dias, e se deslocam

em direção ao Estado da Bahia em virtude das festividades que ocorrem em determinadas época do ano. O

motivo que atrai este perfil de turista é a busca pelo conhecimento e/ou prática do candomblé e, o roteiro

que perfazem destina-se aos Caminhos dos Orixás, que são: Sangô, Osalá, d’ Osum, Iemanjá, d’ Ogun,

Omolu e o da Bahía de Todos-os-Santos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim como os demais segmentos, o turismo étnico além de contribuir economicamente para os locais onde

estão inseridos proporciona o lazer e agrega a valorização da cultura afrodescendente e pode ser

considerado uma das vertentes do turismo mais importantes da Bahia. Esse fator pode ser justificado pelo

número de festividades e destinos que o Estado dispõe. Sendo assim, é oportuno a existência de um

planejamento turístico a fim de atrair mais turistas e transmitir o prestígio e a influência da cultura africana

no processo de formação da identidade brasileira. Deste modo, o resumo objetivou elucidar suscintamente a

existência do turismo étnico afro, como roteiro de motivação turística na Bahia.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Segmentação do Turismo: Marcos Conceituais. Brasília: Ministério do Turismo, 2006.

SANCHO, A. Introdução ao Turismo. São Paulo: Organização Mundial do Turismo (OMT)/ Ed. Roca, 2001.

SIQUINI, Claudemir. Bahia Life – Guia do Estado da Bahia. Nova Iguaçu-RJ: Editora: Siquini, 2008.

BAHIA, Secretaria do Turismo. Superintendência de Serviço Turístico – Suset. Turismo Étnico-Afro na Bahia./ A

secretaria. ___ Salvador: Fundação Pedro Calmon, 2009.

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PRANDI, Reginaldo. O Brasil com axé: candomblé e umbanda no mercado religioso. Estud. av., São Paulo , v. 18, n.

52, p. 223-238, Dec. 2004 . Available from

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010340142004000300015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:

06. Maio. 2016.

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METODOLOGIA PARA PADRONIZAÇÃO DOS VERBETES DE TERMOS RELATIVOS AOS MEIOS DE HOSPEDAGEM: MODELO DE MICROESTRUTURA E DEFINIÇÃO

Projeto de pesquisa

DELVIZIO, Ivanir Azevedo¹; DEUS, Júlia Moreira de²

¹Doutora em Linguística, UNESP, Rosana, São Paulo, [email protected]

²Graduanda em Turismo, UNESP, Rosana, São Paulo, [email protected]

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo realizar o levantamento e a definição dos termos relativos aos meios de hospedagem. Para isso, foi criado um modelo de microestrutura e definição a partir dos conceitos teóricos e metodológicos da Terminologia e da Terminografia. Neste trabalho, apresentamos o modelo de microestrutura e definição propostos e sua aplicação na elaboração do verbete de um termo.

PALAVRAS-CHAVE: Microestrutura; Meios de hospedagem; Dicionário

INTRODUÇÃO

No sentido de contribuir para a comunicação no âmbito do turismo e disponibilizar uma fonte de consulta para profissionais e estudantes, está sendo desenvolvido um projeto de pesquisa mais amplo que tem como objetivo elaborar um dicionário de termos relacionados ao turismo. Como o turismo é um domínio muito amplo e que engloba diversas áreas do conhecimento, o projeto vem sendo desenvolvido por etapas com foco em diferentes campos temáticos.

Assim, como forma de contribuir para a elaboração do dicionário, a pesquisa apresentada teve como objetivo realizar o levantamento e a definição dos termos relativos aos meios de hospedagem, sendo que cabe a este trabalho apresentar a metodologia utilizada para a padronização dos verbetes dos termos relativos aos meios de hospedagem por meio da criação de um modelo de microestrutura e definição.

O estudo para a realização desse projeto teve embasamento nos fundamentos teóricos e metodológicos da Terminologia e Terminografia de Cabré (1999), Barros (2004) e Krieger e Finatto(2004), sendo que essas são ciências linguísticas que se dedicam ao estudo dos termos usados nos domínios de especialidade e da prática de elaboração de dicionários especializados.

METODOLOGIA

Para cada termo selecionado foi elaborada uma ficha com contextos e definições de diferentes autores. Com base nessas informações, foram identificados os traços semânticos (características) recorrentes e comuns a esse grupo de termos (meios de hospedagem). Dessa forma, estabeleceu-se uma ordem para a apresentação dessas informações, para que as definições seguissem um padrão, como mostrado no quadro 1.

Quadro 1. Modelo de definição.

hiperônimo + alojamento e serviços oferecidos + público-alvo + duração da hospedagem +

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localização + classificação do SBClass.

Também foi estabelecido um modelo geral de microestrutura:

Quadro 2. Modelo de microestrutura.

termo entrada + [campo temático] + categoria gramatical + definição (hiperônimo + alojamento e serviços oferecidos + público-alvo + duração + localização + classificação do SBClass) + Var.: termos variantes + Ver: termos relacionados.

A partir desse modelo, foram redigidas as definições dos 34 termos levantados. Segue exemplo de um dos termos:

Quadro 3. Exemplo de verbete.

hotel de saúde [M.H.] s.m. meio de hospedagem para-hoteleiro que oferece serviços hospitalares, massagem, sauna, nutricionista, além de equipamentos com maior segurança como escadas com corrimão e banheiros com barras de apoio, utilizado principalmente por pessoas enfermas ou em recuperação e geralmente localizado em estâncias hidrominerais, balneárias ou climáticas ou próximos a hospitais. Var.: hotel de cura. Ver: SPA.

Destaca-se que um especialista da área foi consultado para validar as definições propostas e que as alterações necessárias se mantiveram dentro do modelo pré-estabelecido.

MEIOS DE HOSPEDAGEM

Pode-se dizer que os meios de hospedagem, também conhecidos por acomodações turísticas, são um dos equipamentos turísticos mais importantes, já que “são aqueles que os turistas usam para pernoitar fora de seu ambiente usual de convivência [...]” (LOHMANN; PANOSSO NETTO, p. 405, 2012). Ainda segundo Lohmann e Panosso Netto (2008), os meios de hospedagem podem ser chamados de acomodações turísticas e podem ser divididos em comerciais e não-comerciais e, segundo Aldrigui (2007), apesar de existirem várias formas de classificação, que levam em conta diferentes critérios (tipo de serviço, número de unidades habitacionais etc.), as mais conhecidas e utilizadas são: a classificação oficial, a comercial e a independente.

Neste trabalho é utilizado a classificação oficial, que se refere ao Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass), proposta pelo Ministério do Turismo. Esse sistema utiliza a simbologia de estrelas para categorizar alguns meios de hospedagem e, para avaliá-los, leva-se em consideração sua infraestrutura, seus serviços e a sustentabilidade, passando por várias etapas de classificação e de manutenção da classificação. Os sete meios de hospedagem classificados pelo Ministério do Turismo e considerados hoteleiros são: hotel, resort, apart-hotel/flat, bed & breakfast, hotel fazenda, hotel histórico e pousada. Os outros meios de hospedagem que não são citados no SBClass, por exclusão, foram considerados para-hoteleiros.

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TERMINOLOGIA

A palavra terminologia pode ser utilizada com dois sentidos diferentes, pode ser empregado como ciência (escrito com letra maiúscula) ou como grupos de termos específicos de um domínio, também chamado de conjunto terminológico (escrito com letra minúscula). Assim, a Terminologia tem como objeto de estudo o conjunto terminológico, a terminologia, e como unidade-padrão o termo, “uma unidade lexical com um conteúdo específico dentro de um domínio específico” (BARROS, 2004, p. 40). Esses estudos dão bases metodológicas e teóricas para muitas pesquisas e são aplicados no ensino de línguas, maternas ou estrangeiras, na tradução, na elaboração de dicionários especializados, políticas linguísticas, entre outras áreas.

A prática de elaboração de dicionários especializados é chamada de Terminografia. Nos dizeres de Barros (p. 68, 2004), “a Terminologia caracteriza-se [...] como ciência fundamental e a Terminografia, como ciência aplicada”. Na elaboração de um dicionário especializado, utiliza-se a microestrutura, que está ligada aos dados presentes no verbete, composto pelo termo e sua descrição. Um desses dados é a entrada, também chamada de vedeta, que é escrita separada do enunciado, em negrito, no infinitivo (quando for um verbo) ou no masculino (quando for um substantivo ou adjetivo) e no singular. Outro dado presente é a definição, que explica e descreve o termo.

Para que as mensagens de um dicionário não fiquem isoladas, é usado um sistema de remissivas, assim as informações que parecem estar desconexas, passam a constituir um todo, deixando o dicionário homogêneo. Entre os tipos de remissa estão a remissiva Var., que é usada para alertar de outros termos semelhantes, mas a consulta não é obrigatória, nem necessária, e a remissiva Ver., que é utilizada em casos de necessidade de consultar um outro verbete para ter a informação necessária.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que nem todos os verbetes seguiram a ordem de informações estabelecida para a definição, pois alguns termos eram muito específicos e foi preciso que saíssem do padrão para que suas principais características ficassem evidenciadas. Além disso, nem todas as informações sobre os termos estavam disponíveis, como no caso de albergue, que não é classificado pelo SBClass, já que este classifica apenas sete meios de hospedagem. Dessa forma, percebe-se que o modelo de microestrutura proposto tem validade parcial e ainda precisa ser melhor explorado. Porém, de modo geral, apesar dos termos especiais, por meio do modelo proposto, conseguiu-se conferir um alto grau de padronização aos verbetes dos termos relativos aos meios de hospedagem, considerando-se, também, suas particularidades.

REFERÊNCIAS

ALDRIGUI, Mariana. Meios de Hospedagem. São Paulo: Aleph, 2007. (Coleção ABC do Turismo).

BARROS, Lídia Almeida. Curso básico de Terminologia. São Paulo: Edusp, 2004.

LOHMANN, Guilherme; PANOSSO NETTO, Alexandre. Teoria do Turismo: conceitos, modelos e sistemas. São Paulo: Aleph, 2008. (Série Turismo).

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