Adolescentes Americanos

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SOCIEDADE E VALORES AMERICANOS ADOLESCENTES DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA / ESCRITÓRIO DE PROGRAMAS DE INFORMAÇÕES INTERNACIONAIS COM APRESENTAÇÃO DA PRIMEIRA-DAMA LAURA BUSH

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  • SOCIEDADE E VALORES

    AMERICANOSADOLESCENTES

    DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA / ESCRITRIO DE PROGRAMAS DE INFORMAES INTERNACIONAIS

    COMAPRESENTAO

    DAPRIMEIRA-DAMA

    LAURA BUSH

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 EJOURNAL USA

    Editor ........................ Steven Lauterbach Editor-gerente .................. Neil Klopfenstein

    Editores associados...................... Michael J. Bandler Mark A. Betka Jeanne Holden

    Especialistas em referncias............. Mary Ann Gamble Kathy Spiegel

    Design de layout....................... Sylvia Scott Min Yao

    Design da capa.................... Thaddeus A. Miksinski, Jr. Editora de fotografia.................... Gloria Castro

    Editora-chefe ..................Judith S. Siegel Editor snior .................... George Clack

    Editor executivo ......................Guy E. Olson Gerente de produo .............. Christian Larson

    Assistente de gerente de produo ............................ Sylvia Scott Revisora de portugus ........................Marlia Arajo

    Conselho editorial........................ Alexander C. Feldman Francis B. Ward

    Kathleen R. Davis Marguerite P. England

    Foto da capa: Estudantes a caminho das aulas na Escola de Ensino

    Mdio Lowell, em Lowell, Massachusetts AP/WWP

    O Escritrio de Programas de Informaes Internacionais do Departamento de Estado dos EUA publica cinco revistas eletrnicas com o logo eJournal USA Perspectivas Econmicas, Questes Globais, Questes de Democracia, Agenda de Poltica Externa e Sociedade e Valores. Elas analisam as principais questes enfrentadas pelos Estados Unidos e pela comunidade internacional, bem como a sociedade, os valores, o pensamento e as instituies do pas. Cada revista catalogada por volume (o nmero de anos em circulao) e por nmero (o nmero de edies publicadas durante o ano).

    A cada ms sai uma revista nova, que no prazo de duas a quatro semanas seguida de verses em francs, portugus, espanhol e russo. Algumas tambm so traduzidas para o rabe e o chins.

    As opinies expressas nas revistas no refletem necessariamente a posio nem as polticas do governo dos EUA. O Departamento de Estado dos EUA no assume responsabilidade pelo contedo nem pela continuidade do acesso aos sites da internet para os quais h links nas revistas; tal responsabilidade cabe nica e exclusivamente s entidades que publicam esses sites. Os artigos, fotografias e ilustraes das revistas podem ser reproduzidos e traduzidos fora dos Estados Unidos, a menos que contenham restries explcitas de direitos autorais. Nesse caso, necessrio pedir permisso aos detentores desses direitos mencionados na publicao.

    O Escritrio de Programas de Informaes Internacionais mantm os nmeros atuais e os anteriores em vrios formatos eletrnicos, bem como uma relao das prximas revistas, em http://usinfo.state.gov/journals/journals.htm. Comentrios so bem-vindos na embaixada dos Estados Unidos no seu pas ou nos escritrios editoriais:

    Editor, eJournal USA: Society & Values IIP/T/SV U.S. Department of State 301 4th St. S.W. Washington, D.C. 20547 United States of America E-mail: [email protected]

    SSoocciieeddaaddee ee VVaalloorreess

  • EJOURNAL USA Sociedade e Valores / Julho de 2005

    SOBRE ESTA EDIO

    Krisanne Johnson/Casa Branca

    Soraya Sulti, diretora regional da INJAZ ( esquerda) e alunos da Escola de Descoberta da Escola de Ensino Mdio Swaifiyeh de Am, Jordnia, falam sobre suas experincias a Laura Bush e rainha Rania (no centro, direita) em 22 de maio de 2005. A INJAZ promove esprito empreendedor e liderana comunitria entre os jovens jordanianos ensinando-lhes empreendedorismo, tica empresarial, liderana e envolvimento comunitrio.

    o deveria ter sido surpresa. Deveramos saber o que aconteceria. Afinal de contas, tambm j fomos adolescentes. E, na verdade, alguns de ns at j

    criaram um ou dois jovens. Mas fomos ficando cada vez mais nervosos medida que as

    semanas passavam sem uma nica resposta mensagem enviada s escolas de nvel mdio do pas, convidando os alunos a apresentar redaes sobre sua vida e atividades. As redaes seriam o ponto alto de nossa revista sobre a vida dos adolescentes. J estvamos imaginando que teramos de cancelar a edio. Mas logo procuramos encontrar uma sada pedindo que nossos escritores colaboradores entrevistassem alguns adolescentes.

    Foi a que surgiu o que seria o equivalente a um tsunami de e-mails. Redaes de todo o pas inundaram nossa caixa de correspondncia no ltimo dia do prazo determinado por ns. E, claro, foram pingando mais algumas nos dias seguintes. Ento, nos lembramos de que protelao uma das caractersticas do comportamento adolescente; as outras so energia e criatividade. De repente, tnhamos em mos grande quantidade de bom material e um novo problema: o que fazer com tudo aquilo.

    Aps algumas conversas, decidimos agrupar trechos condensados em sees temticas. Com a ajuda de diversas fotos, a matria resultante oferece grande variedade de idias e perspectivas atuais sobre a vida do adolescente nos Estados Unidos.

    E ningum melhor que a primeira-dama, Laura Bush, para apresentar nossa edio juventude internacional. Desde sua chegada Casa Branca, em janeiro de 2001, ela vem dedicando tempo e energia considerveis a questes de educao, sade e

    direitos humanos. Viaja muito e fala ao pblico jovem com bastante freqncia. Em uma carta aos leitores, ela escreveu: "Pensem em como se preparar para o futuro. Pensem sobre os hbitos, habilidades e conhecimentos que os ajudaro a ter sucesso na escola."

    Um educador que vem conquistando nossa admirao h anos com seus freq entes artigos nos jornais Washington Post e USA Today , bem como em outras publicaes nacionais, Patrick Welsh. Ele descreve suas experincias e observaes como professor de ingls em escola de ensino mdio no subrbio de Washington, D.C.

    O editor associado Michael Bandler, sempre em busca de perfis famosos ou procurando recrutar alguma celebridade para programa do Departamento de Estado no exterior, conseguiu duas entrevistas para esta edio. Suas conversas com o fenmeno internacional do futebol americano, Freddy Adu, e com o Professor do Ano, Jason Kamras, representam matrias inspiradoras sobre realizaes extraordinrias.

    Centenas de estudantes estrangeiros participantes de intercmbios matriculam-se em escolas de ensino mdio

    americanas todos os anos. O romancista Robert Taylor registrou as impresses de trs deles, que freqentaram uma escola de ensino mdio de

    Ohio no ano passado. E, como de fato nem todos os estudantes se

    matriculam em instituio educacional, pensamos ser interessante traar o perfil de uma famlia que adota o ensino em casa. O jornalista Chuck Offenburger encontrou essa famlia na Carolina do Sul e nos contou como aqueles pais educaram seus quatro filhos quase inteiramente em casa.

    O fotgrafo Barry Fitzgerald tem especial predileo por todo e qualquer servio que o tire do escritrio; por isso, pedimos que fosse regio central de Virgnia passar alguns dias em companhia de estudantes durante a ltima semana de aulas. O portflio produzido por ele completa nossa cobertura a contento, mostrando uma panormica geral sobre a vivncia de adolescentes do ensino mdio nos EUA.

    Os editores

    N Krisanne Johnson/Casa Branca

    Laura Bush visita o Centro de Sade da Comunidade Indgena Americana em Phoenix, Arizona, em 26 de abril de 2005, tera-feira.

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 EJOURNAL USA

    SOCIEDADE E VALORES

    DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA / JULHO DE 2005 / VOUME 10 / NMERO 1 http://usinfo.state.gov/journals/journals.htm

    AADDOOLLEESSCCEENNTTEESS AAMMEERRIICCAANNOOSS

    33 Com os Cumprimentos da Primeira-Dama LAURA BUSH Em suas viagens pelo pas e no exterior, a primeira-dama dos EUA tem pedido que os adolescentes contem a ela seus planos e preocupaes e os tem aconselhado a escolher amigos com qualidades dignas de admirao... que faam aflorar o que vocs tm de melhor".

    44 Conquista de Coraes e Mentes

    PATRICK WELSH Segundo o autor, professor de ingls, uma das coisas que o fazem voltar ano aps ano para seus alunos de uma grande escola metropolitana de ensino mdio o desafio de estar em sintonia com eles e eles comigo".

    77 Como Vamos Escola

    Esta tabela mostra a seqncia pela qual os alunos passam nos sistemas de ensino fundamental e mdio.

    88 Em Suas Prprias Palavras

    Estudantes de todas as partes dos EUA conversam sobre escolas e comunidades, amor por msica e esportes, atividades religiosas e de voluntariado e planos para o futuro.

    2299 Escola em Casa

    CHUCK OFFENBURGER O perfil de uma famlia da Carolina do Sul retrata uma tendncia pequena, porm crescente, nos EUA de pais educarem os filhos em casa.

    3311 Da Europa Central para o Norte de Ohio ROBERT TAYLOR Trs estudantes de intercmbio internacional, um rapaz e uma moa da Alemanha e uma moa da Eslovquia, conversam sobre o ano em que estudaram juntos em escola de ensino mdio de uma pequena cidade de Ohio.

    3344 Lies Aprendidas: Conversa com o Professor do Ano ENTREVISTA DE MICHAEL J. BANDLER Jason Kamras, Professor do Ano de 2005 dos EUA, comprometeu-se a superar as desigualdades no sistema de educao pblica.

    3388 Vitrias Precoces como Atleta e como

    Estudante ENTREVISTA DE MICHAEL J. BANDLER Freddy Adu tornou-se sensao nacional quando, com 14 anos, ingressou em time de futebol profissional (futebol internacional) e recebeu diploma do ensino mdio.

    4411 Rito de Passagem

    FOTOGRAFIAS: BARRY FITZGERALD Assistir s ltimas aulas, assinar anurios escolares, esvaziar armrios e ensaiar msicas so algumas das atividades que precedem a cerimnia de formatura na Escola de Ensino Mdio James Monroe, em Fredericksburg, Virgnia, registradas por nosso fotgrafo na ltima semana letiva.

    4455 Bibliografia

    4477 Recursos na internet

  • EJOURNAL USA 3 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    COM OS CUMPRIMENTOS DA PRIMEIRA-DAMA

    Joe Cavaretta, AP/WWP

    Legenda: A primeira-dama, Laura Bush, costuma falar a grupos de profissionais da educao e de estudantes. Para fotos relacionadas, visite www.usinfo.state.gov/itsv/0705/firstlady.htm Queridos jovens,

    stou encantada com seu interesse em descobrir o que os adolescentes americanos tm a dizer sobre sua vida, valores, esperanas e sonhos. As redaes e as reflexes

    nesta revista eletrnica lhes daro uma idia sobre os vrios tipos de dia-a-dia dos adolescentes nos Estados Unidos, bem como sobre suas metas, ambies e preocupaes.

    Como me, ex-professora e bibliotecria de escola - e eu mesma uma adolescente alguns anos atrs - estou plenamente ciente de que a sade e o bem-estar de uma comunidade ou pas dependem em grande medida da sade e do bem-estar dos jovens. Quando sabem que os adultos ao seu redor se importam com eles e lhes oferecem estabilidade, sabedoria e amor, os adolescentes se desenvolvem naturalmente. Quando esses fatores no esto presentes, o crescimento saudvel prejudicado, e as esperanas dos jovens podem se esvair.

    Em minhas viagens por nosso pas e muitos outros, descobri com os adolescentes que, embora possam se preocupar com o futuro, muitas vezes eles esto mais preocupados com o presente. A maioria deles est pronta e ansiosa para absorver as lies que possam ajud-los a ter xito na vida e grata aos adultos dispostos a investir

    tempo e esforo em ensin-los. Quando a energia que os adultos tm para ensinar condizente com a que os jovens tm para aprender, o resultado so vidas mais slidas e uma sociedade mais fortalecida.

    Sempre sou requisitada para aconselhar os adolescentes e, nessas ocasies, isto que eu digo a eles: Lembrem-se de que vocs so os responsveis por sua felicidade e encontrem meios de propagar felicidade para os outros. Sorriam e digam "ol na escola a algum que parea estar sozinho ou infeliz. Escrevam a um amigo que tenha se mudado e possa estar com dificuldade para adaptar-se ao novo ambiente. Manifestem sua gratido a um professor preferido. Ofeream ajuda espontnea em casa.

    Curtam as amizades atuais e faam novos amigos. Escolham amigos com qualidades dignas de admirao - honestidade, inteligncia, bondade e senso de humor e que faam aflorar o que vocs tm de melhor.

    Pensem em como se preparar para o futuro. Pensem sobre os hbitos, habilidades e conhecimentos que os ajudaro a ter sucesso na escola. Eles so os mesmos que os faro ter xito na vida. Dediquem o maior tempo possvel a leituras e leiam sobre muitos assuntos. Vocs aprendero bastante, sempre conseguiro divertir-se e se tornaro interessantes para outras pessoas.

    Meu maior desejo para os adolescentes de todas as partes do mundo que em sua vida sempre haja adultos para lhes mostrar, tanto pelo ensino quanto pelo exemplo, as habilidades necessrias para que possam assumir seus lugares na sociedade como membros seguros, produtivos e felizes. A mais fundamental dessas habilidades a capacidade de ler e escrever bem. Como Embaixadora Honorria da Dcada da Alfabetizao, da Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (Unesco), estou trabalhando para garantir que em todo o mundo se ensine a meninos e meninas desde tenra idade como se tornarem os melhores leitores e escritores possveis. Com essa base fundamental, tudo o mais fica mais fcil de aprender, possibilitando xito na vida.

    Agradeo ao Escritrio de Programas de Informaes Internacionais do Departamento de Estado dos EUA a oportunidade de me dirigir a todas as pessoas que lem esta revista e aguardo ansiosa para saber como ela foi recebida pelos jovens de todo o mundo. Afetuosamente,

    E

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 4 EJOURNAL USA

    CONQUISTA DE CORAES E MENTES

    Patrick Welsh

    Veterano professor de ingls no ensino mdio discute as alegrias e frustraes de dar aulas em uma escola metropolitana dos Estados Unidos. Com todos os seus sucessos e problemas, as escolas so, invariavelmente, reflexos da sociedade a que atendem. O autor trata da questo dos alunos sem motivao, muitos deles de famlias de baixa renda, assim como dos alunos com alto desempenho, grande parte deles imigrantes determinados a vencer. Uma das coisas que me fazem sempre voltar, diz ele, ... a alegria de estar com jovens o dar-e-receber, o desafio de estar em sintonia com eles e eles comigo, ter participao, embora pequena, nas vidas da prxima gerao. A fora da economia e do desenvolvimento tecnolgico dos Estados Unidos parece contradizer a acusao, repetida dcada aps dcada, de que as escolas esto falindo e de que a reforma educacional se faz urgente. Ns professores devemos estar fazendo alguma coisa certa.

    Patrick Welsh, que em setembro completa 36 anos como professor, contribui com freqncia para vrios jornais americanos de circulao nacional com ensaios sobre o ensino mdio.

    nsino ingls na Escola de Ensino Mdio T.C. Williams em Alexandria, na Virgnia. Muitas vezes, quando falo isso a algum que acabei de conhecer, as

    reaes tm um qu de condescendncia ou de perplexidade. Voc deve ser corajoso! Como consegue?

    Matrias da mdia sensacionalista sobre violncia e baixo desempenho parecem dar a algumas pessoas a noo de que as escolas de ensino mdio americanas so locais de desordem e perigo, onde s trabalham as pessoas que no conseguiram arrumar outro emprego. Infelizmente, a vida interna complexa, estimulante, exasperante, desafiante e recompensadora das escolas, vida que espelha muito da sociedade americana, permanece um mistrio para o grande pblico.

    Uma das coisas que me fazem sempre voltar em setembro completo 36 anos de trabalho na T.C. a alegria de estar com jovens o dar-e-receber, o desafio de estar em sintonia com eles e eles comigo, ter participao, embora pequena, nas vidas da prxima gerao.

    UM ESTMULO ESPECIAL H um estmulo especial em ensinar numa escola como a

    minha, na qual 87 pases esto representados no nosso corpo discente. Ano aps ano, jovens de locais em conflito no

    mundo inteiro acorrem a Alexandria. Dei aulas a alunos que fugiram do Vietn nos ltimos vos que saram de Saigon; crianas que haviam lutado no Camboja e em Serra Leoa; crianas que caminharam de El Salvador ao Mxico e atravessaram o Rio Grande a nado para chegar ao Texas.

    Muito antes do 11 de setembro, quando muitos americanos no saberiam achar o Afeganisto no mapa, eu e meus colegas conhecamos as cidades de Cabul e Candahar. L nasceram muitos dos meus alunos favoritos. Para mim, a cara do Afeganisto no so aquelas imagens de conflito que vemos no noticirio noturno da TV, mas a da afeg Jamilah Atmar, que vendia cachorro-quente em uma barraca no centro de Washington e conseguiu formar os trs filhos Harir, Zohra e Raza em faculdades da Virgnia. Fico imaginando se ensinei quelas crianas tanta literatura quanto elas e suas famlias me ensinaram sobre a aldeia global que habitamos.

    As crianas imigrantes muitas ve zes trazem com elas uma tica de trabalho e um amor pela aprendizagem que pem muitos de seus pares americanos no chinelo. No ano passado, em minhas turmas de Advanced Placement - AP (cursos especiais no ensino mdio para obteno de crditos universitrios) dei 11 prmios por excelncia. Trs dos prmios foram para imigrantes: Aminata Conteh, de Serra Leoa; Fajana Ahkter, de Bangladesh; e Essay Giovanni, da Etipia. Enquanto muitos de seus colegas reclamavam de que ler Shakespeare ou Faulkner era difcil demais, Aminata, Farjana e Essay se dedicaram ao trabalho e tiraram A [as melhores notas].

    Eu seria desonesto se no admitisse que gosto de dar aulas s turmas de AP mais do que s chamadas turmas regulares. No apenas tenho mais controle das turmas, mas tambm posso ensinar mais literatura. Muitos alunos de minhas turmas regulares so to avessos leitura que se dizem entediados mesmo quando levo pginas do caderno de esportes dos jornais, na tentativa de estimular seu interesse.

    DIAMANTES NO CULTIVADOS

    Pode parecer estranho, mas as turmas com melhor freqncia so geralmente as regulares, em que os alunos me do mais trabalho. Para alguns desses alunos, a escola o lugar onde est a ao, o local para estar com meus amigos. tambm o lugar que lhes oferece uma presena estruturada e consistente de adultos, que para muitos falta em casa. Apesar das dificuldades que possam causar, uma das minhas maiores satisfaes como professor descobrir os diamantes brutos em minhas turmas regulares. Essas crianas do

    E

  • EJOURNAL USA 5 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    trabalho e usam a mscara dura da rua para esconder o fato de que so brilhantes.

    Lembro de uma menina que freqentava uma turma regular h alguns anos. Pelas histrias que contava na segunda de manh parecia ser a chefe de uma gangue feminina de rua. Mas quando eu lhe dava um livro, que para os outros alunos levava

    trs semanas para ler, ela voltava um ou dois dias depois com tudo lido e entendido e pedia outro livro. Tentei convenc-la a se transferir para uma das minhas turmas de AP, mas ela disse que havia brancos demais naquelas turmas. (Infelizmente, o fato de as chamadas turmas avanadas serem freqentadas predominantemente por alunos brancos inibe a adeso das minorias). Ningum na famlia dela fizera faculdade, mas eu ficava dizendo para ela que teria de ser a primeira. Aps terminar o ensino mdio, ela ficou um ano de folga, e a ltima notcia que tive dela que estava freqentando uma faculdade comunitria.

    Algumas das maiores emoes da profisso surgem de repente, anos aps a formatura de um aluno. s vezes surgem quando algum bate porta da sala de aula. Dois anos atrs, abri a porta e me deparei com um homem de aparncia distinta vestindo um uniforme de oficial da Marinha. Fazia 18 anos que eu no via Wyman Howard, mas o reconheci imediatamente. O jovem que eu lembrava como piadista, bagunceiro e pouco disciplinado tornara-se comandante de uma fora especial de operaes (Seals) da Marinha. Estava em Alexandria em visita me aps uma misso no exterior e passara na escola para me cumprimentar. Outra vez, quando abri a porta l estava uma mulher negra alta e sofisticada. Parecia jovem demais para ser me de aluno, mas assim que ouvi sua voz percebi que era Lettie Moses. Acabara de se formar na Faculdade Smith e estava a caminho da Escola de Direito da Universidade de Michigan. Lettie cresceu nos conjuntos moradias para famlias de baixa renda financiadas pelo governo federal. A me e o pai de Lettie estavam determinados a v -la vencer. Passei para dizer oi, disse. Conversamos um pouco, pondo os acontecimentos dos ltimos quatro anos em dia. Acho que o que Lettie estava realmente me dizendo era: Queria que soubesse que venci. O que eu queria dizer para ela era: Se voc soubesse como estou emocionado em v-la. para isso que serve o ensino.

    O momento mais chocante e inesperado aconteceu no ano passado quando fiquei trabalhando at tarde na minha sala de aula. A televiso estava ligada no programa News Hour with Jim Lehrer do Sistema Pblico de Radiodifuso. Nem olhei quando Lehrer disse: Agora diretamente de Bagd, o correspondente do New York Times Edward Wong. De repente, reconheci uma voz que ouvira 15 anos atrs e vi Ed Wong, da turma de 1991 da TC, informando de Bagd os detalhes de um ataque de insurgentes que ocorrera naquele dia. Lembro de uma brilhante imitao que Ed fez de mim procurando papis na baguna de minha

    escrivaninha, mas pensei que cursara medicina. Quando o vi, fiquei ao mesmo tempo chocado, emocionado e preocupado com sua segurana. Quando ele veio para o Natal, fomos tomar caf, e Ed me disse que minhas aulas e as de uma outra professora, Jacqueline Hand, o fizeram abraar a literatura; aceitei o elogio, mas sabendo que ningum ensina nada a um cara como Ed a gente s observa, no atrapalha e tenta no causar qualquer prejuzo. Mas agora quando leio suas reportagens na primeira pgina do New York Times, me gabo de uma coisa: pelo menos consegui reconhecer aquele talento quando tinha 17 anos.

    RECONHECIMENTO DE TALENTOS

    Graas a Deus tive percepo suficiente para reconhecer o talento de Kathryn Boo. Lembro-me de ficar encantado com um ensaio que escreveu sobre Eveline, conto de James Joyce. Ali estava uma menina magrinha e ruiva de 17 anos, mas que aparentava ter 12, escrevendo com a percepo de uma mulher com o dobro de sua idade e um estilo to gracioso e claro que fiquei deslumbrado. No fim do ano, quando chegou a hora do prmio de redao, fiquei dividido nenhum outro aluno chegava perto do talento de Kate, mas ela havia faltado muitas aulas perto do fim do ano. Embora contra meus princpios de disciplina, terminei dando o prmio a Kate. Anos depois, quando ela ganhou um Prmio Pulitzer por uma srie de artigos brilhantes que escreveu para o Washington Post e logo em seguida o Prmio MacArthur Genius, tudo o que consegui pensar foi: graas a Deus no fui bobo de recusar a reconhecer seu grande dom quando era adolescente.

    De certo modo, nunca vejo mudana de ano para ano. Meus alunos comeam o ano como estranhos, e no final muitas vezes tenho de conter as lgrimas quando esto prximos de partir. Entretanto, sei que na realidade as coisas mudaram muito desde que Kate terminou o curso em 1981 e Ed em 1991. Hoje em dia, mais do que nunca, os professores lutam para ganhar coraes e mentes na verdade apenas a ateno dos adolescentes. Com mensagens instantneas, e-mail, internet, jogos de computador, DVD, vdeo, TV a cabo e milhares de outras formas de fuga e diverso acenando da mdia eletrnica, est mais difcil do que nunca um adolescente se dedicar a um livro, achar um ambiente silencioso para se concentrar e entrar no estado mental necessrio para a leitura de um romance ou a resoluo de uma equao.

    Algumas das vitrias que obtive sobre a mdia eletrnica ocorreram quando eu menos esperava. H dois anos, criei coragem e adotei Orgulho e Preconceito de Jane Austen pela primeira vez em 20 anos. Embora achasse que as meninas gostariam do livro, tinha certeza de que os meninos iriam odi-lo. Mas a reao de Luis Cabrerra foi quase suficiente para eu ganhar o ano. Cabrerra um fantico por esportes que parecia saber tudo sobre os times profissionais locais, especialmente sobre o Washington Redskins. Nunca me dera a impresso de que seria candidato Sociedade Jane Austen, mas eu estava errado. Logo que Darcy entrou em cena, disse Luis, eu de fato me interessei. Ele tinha um jeito to

    Patrick Welsh

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 6 EJOURNAL USA

    legal de tratar as meninas, nunca se sentia pressionado com relao a elas. Terminei o livro por causa dele.

    O MITO DAS ESCOLAS COM PROBLEMAS

    Como a sociedade americana, as escolas enfrentam muitos desafios, mas ainda acho que minha escola ou as escolas do pas no tm tantos problemas quanto os polticos e especialistas em educao nos fazem acreditar. O mito de que as escolas americanas esto em situao precria tem uma longa histria. Richard Rothstein, do Instituto de Poltica Econmica, think tank independente, assinala que as reclamaes sobre as deficincias dos estudantes em leitura e matemtica, desconhecimento da histria, preparao inadequada para o mercado de trabalho, currculos no direcionados, falta de educao moral tudo o que voc pode pensar so reclamaes comuns h mais de um sculo. Em 1892, quando menos de 6% dos alunos que terminavam o ensino mdio iam para a faculdade, o Conselho de Curadores de Harvard divulgou um relatrio denunciando que apenas 4% dos candidatos conseguiam escrever um ensaio, ter boa ortografia e fazer a pontuao correta de uma frase.

    Em 1983, um estudo encomendado pelo governo Reagan denominado Uma Nao em Risco alertava que uma onda crescente de mediocridade havia invadido nossas escolas, de modo que o prprio futuro da economia americana estava ameaado. Nem que seja para manter e aumentar a magra vantagem competitiva que ainda temos nos mercados mundiais, escreveu Terrell Bell, ento secretrio de Educao, precisamos nos dedicar reforma de nosso sistema educacional.

    O senso comum me leva a tirar uma concluso bem diferente: Se nossas escolas estavam to ruins em 1983 e, na opinio de muitos dos chamados reformadores, igualmente ruins hoje, por que a economia e a tecnologia americanas so invejadas no mundo? Ns professores devemos estar fazendo alguma coisa certa. Parece que quanto mais a pessoa est distante da vida cotidiana das escolas, tanto mais negativa e irrealista torna-se a percepo. Por exemplo, pesquisas Gallup mostram que enquanto apenas 20% dos adultos do pas do s escolas nota A ou B, 72% dos pais do A ou B s escolas onde seus filhos estudam. O conhecimento gera satisfao.

    Minha escola recebe refugiados do mundo inteiro, lhes ensina ingls e, em muitos casos, os envia para as melhores universidades da nao. Criamos programas para manter as jovens com bebs na escola, de modo que possam ter empregos decentes e no entrar no cadastro do bem-estar social quando se formarem. Enviamos nossa equipe de remo para a Inglaterra para participar da Regata Real de Henley, competio de maior prestgio do mundo no gnero. Os tipos de alunos que abrigamos sob o mesmo teto e os servios que lhes prestamos so to variados quanto o prprio pas. Nem sempre somos bem-sucedidos, mas os que criticam constantemente as escolas pblicas no conseguem aceitar a realidade da sociedade americana atual, seus problemas sociais, sua glria, sua maravilhosa variedade. O ensino mdio pblico no tem outra escolha, mas aceitar a realidade que se reflete nas crianas americanas e os desafios que impem. Quem se der ao trabalho de observar de perto o que as escolas esto fazendo e o que nossos adolescentes esto conquistando ficar impressionado. As opinies expressas neste artigo so de responsabilidade do autor e no refletem necessariamente a posio nem as polticas do governo dos EUA.

  • EJOURNAL USA 7 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    COMO VAMOS ESCOLA

    educao nos Estados Unidos controlada e administrada em mbito local. Conseqentemente, h muita variao de um estado para outro e mesmo em

    um mesmo estado. A estrutura bsica, no entanto, inclui 12 anos de ensino regular, precedidos de um ou dois anos de educao pr-escolar e seguidos, para muitos, de um sistema

    de ensino superior de quatro nveis (licenciatura curta, bacharelado, mestrado, doutorado), alm de vrios certificados e diplomas sem titulao.

    Esta tabela mostra a seqncia pela qual os alunos passam nos sistemas do ensino fundamental e mdio.

    Fonte: Adaptado de General School Information, publicao on-line do Departamento de Educao do Colorado. [www.cde.state.co.us/index_home.htm]

    A

    Ensino Fundamental (Elementary School)

    Ensino Fundamental (Middle School)

    Ensino Mdio (High School)

    Srie Idade Jardim da infncia

    5-6

    1 (primeira) 6-7 2 (segunda) 7-8 3 (terceira) 8-9 4 (quarta) 9-10 5 (quinta) 10-11

    Srie Idade 6 (sexta) 11-12 7 (stima) 12-13 8 (oitava) 13-14 *Alguns sistemas chamam a 7a e a 8a sries de Junior High School.

    Srie Idade 9 (primeiranista) 14-15 10 (segundanista) 15-16 11 (jnior) 16-17 12 (snior) 17-18

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 8 EJOURNAL USA

    EM SUAS PRPRIAS PALAVRAS AADDOOLLEESSCCEENNTTEESS AAMMEERRIICCAANNOOSS DDOO UUMMAA IIDDIIAA DDOO

    QQUUEE PPEENNSSAAMM,, FFAAZZEEMM EE SSEENNTTEEMM

    que no falta so livros, artigos e trabalhos de pesquisa acadmica descrevendo a vida e o comportamento dos adolescentes nos Estados

    Unidos. Em vez de agregar mais vozes adultas enorme quantidade de anlises e opinies, decidimos pedir a adolescentes que falassem um pouco sobre si mesmos. Com a ajuda de algumas organizaes educacionais do pas, enviamos convites para que estudantes apresentassem ensaiosescritos ou em vdeosobre assuntos como suas escolas, prticas religiosas, passatempos, vida social, tentaes, experincias de trabalho e planos para o futuro. Prometemos um pequeno prmio para a melhor apresentao nas duas categorias.

    Na categoria vdeo, premiamos David E. Currie, de 17 anos, estudante da Escola de Artes de Baltimore em Maryland por sua produo Patinao uma Arte . Pode-se assistir ao vdeo na internet em www.usinfo.state.gov/itsv/0705/ijse/skating.htm. Entre os vrios e excelentes ensaios escritos, escolhemos o de autoria de Ian McEuen,da Escola de Ensino Mdio Walt Whitman em Bethesda,

    Maryland, como o melhor. Pode-se l-lo na ntegra na prxima pgina. seguido de trechos resumidos de vrios outros ensaios apresentados, bem como de algumas entrevistas com estudantes, realizadas por nossos editores colaboradores. Estudantes de ensino mdio de Montana a Flrida, da Califrnia a Nova York e de outros Estados esto aqui representados. A maioria deles tem planos de freqentar a faculdade, mas alguns escolheram rumos diferentes para sua vida. Voc poder ler sobre sua paixo pela msica, seu compromisso com atividades voluntrias, sua dedicao aos esportes e seu enorme entusiasmo com os planos para o futuro. Naturalmente, impossvel representar todos os pontos de vista, as opinies e as experincias dos adolescentes americanos; contudo, esperamos que os comentrios das

    pginas que se seguem dem uma indicao sobre o que pensam, como passam o tempo e os sonhos para o futuro.

    O

    Jovens eufricos assistem ao concerto Live 8 em Filadlfia, Pensilvnia, em 2 de julho de 2005, um dos numerosos eventos realizados no mundo todo para promover o desenvolvimento econmico da frica

    Joseph Kaczmarek, AP/WWP

  • EJOURNAL USA 9 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    ou msico. Tenho 17 anos e estou na 11a srie. Minha escola, a Escola de Ensino Mdio Walt Whitman [http://www.waltwhitman.edu/], assim chamada em

    homenagem ao grande poeta americano da Guerra Civil dos EUA e do perodo de imigrao que se seguiu poca na qual os Estados Unidos sentiram as maiores dores da diviso, sofreram em seguida os crescentes tormentos da diversidade e se tornaram um caldeiro cultural de nacionalidades.

    Walt Whitman considerado o maior poeta americano e tambm o maior poeta da democracia. Talvez porque viu as feridas causadas pela Guerra Civil (estudou medicina por um tempo), Whitman abraou a fraternidade, o homem comum e uma viso inclusiva do mundo:

    Ouo o canto da Amrica, as diferentes canes eu escuto... Cada qual cantando o que se refere a ele ou ela e a ningum mais... (Ouo o canto da Amrica, de Walt Whitman, estrofes 1 e 7)

    Ele mais lembrado pelo extenso poema da obra Folhas de relva, tambm conhecido como a Cano de mim mesmo.

    Meu interesse nesse assunto no somente histrico. Como disse, sou msico.

    Mas sou o meu prprio instrumento musical. Sou cantor. E, como cantor, vivenciei o que Whitman queria dizer o poder da voz de romper fronteiras e abrir passagens. Quando canto, deixo a platia entrar pelo vo da porta, vislumbrar e compartilhar a beleza da msica. Esse compartilhamento pode ocorrer igualmente entre povos. A msica a nica linguagem universal, e os msicos podem abrir portas entre culturas, aproximando naes.

    Os poemas de Whitman celebram a proximidade e a fisicalidade. Eu canto o corpo eltrico, escreveu, o presente aqui e agora, / o turbilho ativo, fervilhante, complexo da Amrica. (Eu canto o corpo eltrico, estrofe 1 e Eidolons, estrofes 25 e 26). com esse esprito que descreverei o aqui e agora no turbilho da vida desse cantor americano adolescente que vos fala.

    Meu dia comea s 5h45, que a hora em que acordo e tomo banho de chuveiro. Para mim, cantar no chuveiro uma necessidade primordial! Preciso aquecer a minha voz logo no incio de um longo dia vocal. Meus exerccios vocais tm se destacado pelo fato de acordar meus pais e nossos quatro gatos de estimao. Deixo soar meu grito brbaro sobre os telhados do mundo, escreveu Whitman. Meu real objetivo no gritar ou berrar, mas cantar bonito. Posso no ser um grande cara, mas meus sonhos so imensos. Sonho cantar um dia a ria Nessun Dorma da pera Turandot de Puccini no palco da pera Metropolitana, de Nova York.

    Meu sonho ser um grande cantor de pera.

    Tambm canto e represento no teatro musical no vero de 2004 cantei na pea Sweeney Todd, produzida pelo Teatro de Vero de Wildwood, companhia teatral composta inteiramente de jovens, e no ltimo trimestre desempenhei o papel de Marius em Os Miserveis, produzido pela minha escola. Tambm canto rock 'n roll. Sou vocalista da Big Black Cat, banda composta por meus amigos da escola. Compomos msicas originais (eu escrevo a letra) e temos o site (http://www.purevolume.com/BigBlackCat). Acho que Walt Whitman teria tudo a ver com ela: Se fosse vivo hoje, o velho Walt estaria tocando rock and roll. (David Haven Blake, citado no artigo de Peter Carlson, "Walt Whitman, Taking Poetic License - Walt Whitman, Usando de Licena

    Potica). Temos tocado em boates de Washington, D.C., para levantar recursos para pesquisas sobre a doena de Parkinson e para vtimas do Tsunami na sia em 2004.

    De volta vida cotidiana. Aps um rpido caf da manh (com minha xcara de ch com mel diria), eu vou para a escola, que est apenas a alguns quilmetros da minha casa. As aulas comeam s 7h25. Neste semestre estudo latim, pr-clculo, ingls, psicologia, coro masculino e coro de cmara e trabalho como assessor estudantil do mestre de

    S EU CANTO O CORPO ELTRICO Ian McEuen

    EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Foto: Marcus DePaulo Membros da banda Big Black Cat, a partir da esquerda, Michael Barrett, Ian McEuen, Colin Kelly, Will Donnelly e Will Maron

    Walt Whitmam (1819-1982)

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 10 EJOURNAL USA

    coros em um perodo de aula. Comeo o dia cantando, canto com o coro masculino pela manh, pratico canto durante o perodo de almoo e termino o dia cantando com o coro de cmara. Aps o final das aulas s 14h10, quase sempre fico na escola para praticar canto ou ensaiar para outras atividades escolares como peas, concertos, festival de artes, exibio de talentos e batalha de bandas.

    Depois volto novamente para casa, onde ouo gravaes de rock e de pera e preparo msica para apresentao. No momento estudo canes em francs, italiano e ingls: Lydia, de Gabriel Faur, Amarilli, mia bella, de Giulio Caccini, e The Roadside Fire e Loch Lomond, seguindo os arranjos de Ralph Vaughan Williams. Com as trs primeiras, consegui o primeiro lugar entre os cantores masculinos de nvel avanado da escola de ensino mdio nos Testes de Apresentao de Alunos da Regio do Meio Atlntico da Associao Nacional de Professores de Canto. Atuei como solista da ltima cano em Orlando, Flrida, durante a viagem musical de campo de 2005 da minha escola.

    Aps essas horas ntimas em companhia da minha msica, saio geralmente para uma corrida pelo bairro para espairecer um pouco. Depois disso, fao meus deveres de casa at meus pais voltarem do trabalho e ns nos reunirmos para o jantar. Em seguida termino minhas lies e, antes de dormir, vejo televiso ou DVD (em geral, pera) ou baixo canes da internet. Nos fins de semana tenho aula com minha professora de voz, Myra Tate, recupero o sono perdido, ponho em dia as tarefas escolares e depois saio com os meus amigos.

    uma vida cheia de exigncias, bem parecida com a de um atleta, mas vale a pena. Meu objetivo estudar desempenho vocal em uma universidade ou conservatrio no prximo ano e, algum dia, cantar nos grandes teatros de pera ao redor do mundo. Como me diz a professora Tate: Os cantores de pera so os atletas olmpicos da vocalizao. At agora, a msica abriu passagem para

    minhas apresentaes no palco comunitrio e da minha escola, nas salas de concerto de centros universitrios e de artes e nos principais espaos de rock da minha regio. No terceiro trimestre, viverei Borsa, da pera Rigoletto de Verdi, meu primeiro papel lrico, em uma produo do Festival de Msica de Vero de Bethesda o mesmo papel interpretado por Plcido Domingo, o grande tenor e diretor-geral da pera Nacional de Washington, em sua prpria estria operstica.

    Portanto, vivo cada dia plenamente, energizado pela minha paixo pela msica e por meu crescimento como cantor. Para mim, as

    palavras de Walt Whitman soam mais uma vez verdadeiras: Certamente morrerias se no pudesses cantar. (Quando os

    lilases floriram pela ltima vez, estrofe 4).

    Foto: Daniel Hoffman Ian McEuen, segundo a partir da esquerda, na produo de Sweeney Todd do Teatro de Vero de Wildwood, em exibio na Escola de Ensino Mdio Quince Orchard em Gaithersburg, Maryland

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  • EJOURNAL USA 11 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    s escolas refletem a diversidade das grandes e pequenas cidades e aldeias. Alm de seu papel primordial na

    educao, elas so geralmente focos de atividades comunitrias. Podem servir tambm para recepcionar grupos cvicos, montar produes de teatro comunitrio e estabelecer locais de votao durante as eleies locais e nacionais. O Censo de 2000, o ltimo disponvel, apresenta instantneos regionais de 16,3 milhes de alunos

    matriculados em escolas de ensino mdio neste ano e os ndices de formandos. O Sul populoso tinha 5,7 milhes de alunos em escolas de ensino mdio, o Oeste 3,8 milhes, o Meio Oeste 3,7 milhes e o Nordeste, com o menor

    nmero de estudantes de ensino mdio, 3,02 milhes. Alm disso, cerca de 1,1 milho de alunos so educados em casa, isto , em vez de freqentarem instituies pblicas ou privadas, eles so educados pelos pais, sem sair de casa. Fotos de cima para baixo: Escola de Ensino Mdio Long Island City, bem prximo da cidade de Nova York; Escola de Ensino Mdio Hudson, em Hudson, Ohio, subrbio de Cleveland; Escola de Ensino Fundamental Adel, em Adel, Oregon

    Minha classe tem 53 estudantes. Ganhamos e tambm perdemos alguns deles com o passar dos anos, mas a maioria de ns continuou a freqentar a escola junto desde o jardim da infncia. Todos se conhecem realmente bem em sua classe pode-se chamar cada um deles pelo nome e isso vale muito bem para toda a escola e tambm para a maior parte dos moradores da cidade.

    As pessoas que freqentam escolas maiores pensam provavelmente que, em comparao com elas, as escolas pequenas no dispem de muitas oportunidades, mas em minha opinio isso no verdade. Menor nmero de alunos significa de fato mais oportunidades para todos os que se encontram aqui. possvel participar de um nmero bem maior de atividades, pois todas requerem sua colaborao. Portanto, para quem desejar participar de um time esportivo, pea da escola, grupos musicais ou o que quer que seja - a oportunidade de jogar ou representar maior do que se imagina.

    Na rea acadmica talvez no tenhamos o mesmo nmero de cursos encontrados em algumas das grandes escolas, mas acredito que a nossa escola realiza um trabalho muito bom. Se no temos o curso de nvel avanado de que necessitamos, a escola nos ajuda a realiz-lo seja por meio da faculdade comunitria ou por meio da ICN [rede de telecomunicaes interativa que liga todas as escolas do Estado].

    Uma das coisas que amo nesse tipo de escola pequena como a nossa, com essas cidades pequenas e todas as fazendas ao redor, que a escola funciona como ponto de unio entre elas. o foco central de vida aqui. Os jogos tm significado muito importante para uma escola pequena. Os jogos de futebol americano, vlei e basquete atraem muitas centenas de pessoas, mas o que realmente me agrada que os musicais e as peas tm tanto pblico quanto os jogos de bola.

    Esse tem sido um lugar maravilhoso para crescer. E, quando ando pelas ruas, todo mundo sabe meu nome. Gosto disso. Anna Peterson, 17, 11a srie, Escola de Ensino Mdio Prairie Valley, Gowrie, Iowa [http://www.gowrie.k12.ia.us]

    Este o meu ltimo ano na escola de tamanho mdio que freqento em uma comunidade suburbana de Minnesota. Falo da Escola de Ensino Mdio Centennial, que tem em mdia 550 alunos por srie e recebe estudantes de

    A DIFERENTES ESCOLAS EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Foto: Chuck Offenburger Anna Peterson em frente do celeiro na fazenda de sua famlia em Iowa. Primeira aluna da classe, ela tambm joga na equipe de vlei da escola, canta em suas apresentaes e bastante ativa nas organizaes da igreja e de servios

    Paul Warchol Photografy/Long Island City High School, Gruzen Samton LLPy

    Luke Palmisano, AP/WWP

    Dom Ryan, AP/WWP

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 12 EJOURNAL USA

    algumas pequenas cidades vizinhas. A escola de ensino mdio fonte de vida em nossa comunidade para jovens e adultos.

    O apoio dado nossa escola pela comunidade pode ser comprovado pela afluncia de pessoas de todas as esferas sociais que assistem a um jogo de futebol americano em uma sexta-feira noite. Em meio multido, encontram-se famlias que vieram ver os filhos jogar, aficionados dos esportes locais e at mesmo cidados da terceira idade que podem descrever o time em seus primrdios. O melhor exemplo disso ocorre ge ralmente no ltimo trimestre, quando a escola realiza o jogo anual de futebol americano de volta ao lar. Os ex-alunos voltam ao lugar para assistir ao mais importante jogo de futebol da temporada regular. Antes do jogo, os estudantes realizam um desfile, pintam as cores da escola em seus rostos e exibem alta dose de esprito escolar.

    A Escola de Ensino Mdio Centennial oferece aulas que so um desafio mesmo para os estudantes mais brilhantes. As aulas abrangem grande variedade de assuntosdesde aprender como se prepara biscoitos at aprendizagem da cincia e matemtica ensinadas na faculdade. Conselheiros, tcnicos e professores, todos enfim, ajudam a preparar os alunos para os caminhos futuros. Um estudante tem quatro aulas durante o dia, cada uma delas em uma sala de aula diferente. E tambm tem recreio de meia hora para o almoo. A escola, nos subrbios [das cidades gmeas Minepolis-St. Paul], o centro da vida adolescente e parte do que somos. David Lucas, 18, 12a srie, Escola de Ensino Mdio Centennial, Circle Pines, Minnesota [http://www.centennial.k12.mn.us./chs]

    Minha escola, que uma instituio privada, tem cerca de 650 meninas que vo do jardim da infncia 12a srie. Ela est localizada no Upper East Side da Cidade de Nova York. Como amo minha escola! So muitas as oportunidades culturais e educacionais oferecidas por ela. Por exemplo, o Museu de Arte Metropolitano est apenas a cinco quarteires de distncia, e o visitamos com muita freqncia para vivenciar de fato tudo que aprendemos nas aulas. Outra coisa de que eu gosto o fato de ela ser relativamente pequena e muito unida e de todos ns formarmos uma comunidade fraterna. Participei de atividades e esportes comunitrios, inclusive softball e vlei. Na verdade, fomos os campees de vlei do estado de Nova York no ano passado. Minha escola

    tambm realiza um excelente trabalho de preparao acadmica para ingresso na faculdade. Pretendo me matricular em uma universidade da Pensilvnia no prximo e ltimo trimestre. O nico aspecto negati vo que eu posso de alguma forma associar a ela a longa distncia que devo percorrer diariamente na ida e na volta. Moro no Bronx e tenho de utilizar metr e nibus para chegar minha escola em Manhattan. Isso significa cerca de 45 minutos a uma hora para cada percurso. Denise Bailey-Castro, 18, 12a srie, Escola The Chapin, Nova York, Nova York [http://www.chapin.edu]

    Esse um excelente lugar para se freqentar a escola de ensino mdio porque a comunidade profundamente unida e, com toda probabilidade , a essa instituio que do o maior apoio. Pessoas de muitos lugares diferentes

    estabeleceram-se aqui para trabalhar nas minas e nas fazendas, caar e pescar, aproveitar toda essa vida ao ar livre. Portanto, novas pessoas continuam a aparecer o tempo todo, e Big Timber to pequena que acaba sendo muito fcil tornar-se parte da comunidade. Amigos da escola em geral fazem ponto na casa um do outro em especial se o lugar dispe de uma mesa de sinuca ou de pingue-pongue.

    Muitas pessoas recm-chegados e outros que vivem aqui h vrias geraes tm a oportunidade de se

    conhecer nos eventos da escola. Diria que pelo menos metade da cidade e praticamente todos aqueles que moram no interior vo aos nossos jogos de futebol americano. No so tantos os que assistem aos jogos de basquete, mas assim mesmo o suficiente para encher o ginsio. E a mesma coisa acontece quando se trata de concertos. Os jogos, os concertos e outros eventos escolares proporcionam um ponto de encontro para todos.

    Tenho muita sorte de estar onde estou. Tambm tenho a certeza de conhecer todo mundo que estava na classe snior no ano passado e todos que estaro nas trs primeiras classes do prximo ano. Deve haver alguns novos calouros que ainda no conheo, mas que com certeza logo conhecerei. Algumas vezes penso sobre isso como bom conhecer todos os seus companheiros de escola. Nas escolas muito grandes, o mais comum encontrar novas pessoas em sua prpria classe todos os dias. David Foster, 17, 11a srie, Escola de Ensino Mdio do Condado de Sweet Grass, Big Timber, Montana [http://www.sweetgrasscounty.com/sghs]

    David Foster freqenta uma escola que atende a um condado de Montana de 89 quilmetros de extenso e 56 quilmetros de largura, com uma populao de apenas 3.584 pessoas

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  • EJOURNAL USA 13 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    s rostos dos adolescentes americanos espelham a enorme diversidade da sociedade dos

    EUA. Os jovens tm grande facilidade de fazer amigos de diferentes etnias, religies e raas. Como aconteceu em dcadas passadas, novos imigrantes continuam a se estabelecer nos Estados Unidos, inclusive em reas rurais pouco povoadas, em busca

    do sonho americano. Hoje, os hispnicos constituem a minoria que mais rapidamente cresce no pas, com uma populao estimada em 41,3 milhes. De acordo com o Escritrio do Censo dos Estados Unidos, em julho de 2004, 240

    milhes de americanos se identificavam como brancos, 39,2 milhes como negros, 14 milhes como asiticos e 4,4 milhes como ndios americanos ou como nativos do Alaska. Fotos de cima para baixo: Participantes de programa de um ano com estudantes judeus e negros do ensino mdio para promover melhores relacionamentos raciais comentam detalhes de sua viagem recente da cidade de Nova York a Memphis, Tennessee; um monitor de ensino e alguns estudantes, todos eles imigrantes hmong do Camboja, fazem o "Juramento de Lealdade" na Escola de Ensino Mdio Sheboygan South, em Sheboygan, Wisconsin; professora-estudante A melia Rivera, membro da tribo indgena Tlingit, ao lado de um pster da Sealaska em Ytaakoosge Daakahidi, escola de ensino mdio alternativa, em Juneau, Alaska, que conta com verba especial para desenvolver um currculo temtico sobre o indgena americano

    Meu nome Cindy Ramirez. Tenho 17 anos e sou da Cidade do Mxico, mas agora estou morando em Lafayette, Indiana. Cheguei aos Estados Unidos h dois anos, porque toda a minha famlia j morava aqui e eu queria aprender mais ingls. Agora que estou aqui, tenho tentado conhecer novas pessoas e dominar ainda mais o idioma, pois todas as minhas aulas so em ingls.

    Quando cheguei aos Estados Unidos, eu no sabia ingls muito bem, mas, com o tempo e a ajuda da minha professora, melhorei bastante. Agora eu consigo falar, ler e escrever mais do que quando cheguei; o importante tentar aprender mais e mais. Eu tento prestar ateno em qualquer conversa e me concentro muito na pronncia.

    No futuro, espero usar todo o ingls que estou aprendendo, pois meu desejo ir para a faculdade e para isso vou precisar falar e escrever muito bem. Meu maior sonho entrar na faculdade. Cindy Ramirez, 17, 11a srie, Escola de Ensino Mdio McCutcheon, Lafayette, Indiana [http://www.wvec.k12.in.us/McCutcheon]

    Depois de estudar latim durante dois anos do curso mdio, agora estou usando o idioma todos os dias! Quase tudo que eu falo e escrevo em ingls derivado do latim.

    O que eu mais gosto no curso de latim a parte de mitologia e histria. Usando as fbulas antigas traduzidas por ns e o valioso conhecimento adquirido no dia da cultura (um dia ao final de cada semana dedicado s cultura greco-romana), consigo chegar s origens das palavras. No curso de psicologia, aprendi que algumas teorias importantes receberam o nome dessas fbulas. Por exemplo, a teoria freudiana [do Complexo de dipo] recebeu o nome de dipo, personagem da mitologia grega. Na minha preparao para o teste geral para ingresso na faculdade, o latim tem sido til na identificao do significado das palavras das quais no tenho certeza, com isso garantindo maior chance de melhorar minha pontuao.

    Fico pensando no dia em que vou conseguir explicar a cultura e mitologia gregas, a sociedade romana, as razes cientficas e as referncias religiosas clssicas na lngua latina. Vou viajar com minha turma para a Itlia para aumentar os

    OENTENDIMENTO INTERCULTURAL EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Cortesia: Cindy Ramirez Cindy com dois amigos durante uma visita Disney World em Orlando, Flrida Marry Gash, AP/WWP

    AP/WWP

    AP/WWP

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 14 EJOURNAL USA

    conhecimentos culturais sobre a histria italiana, bebendo diretamente da fonte. Kimberlee Lower, 17, 11a srie, Escola de Ensino Mdio St. Mary Ryken, Leonardstown, Maryland [http://www.smrhs.org]

    Todos os grupos tnicos e crenas esto representados nos Estados Unidos, e o fato dessa juno ter resultado em algo harmonioso na verdade uma maravilha. A mdia no consegue captar esse estado de coisas em toda sua extenso; preciso realmente vivenciar. Eu estive no Canad, Japo e Vietn, onde meus pais nasceram. Fico contente por saber falar e ler em vietnamita, pois esse um aspecto importante da minha vida. Huyen Nguyen, 18, 12a. srie, Escola de Ensino Mdio James Monroe, Fredericksburg, Virgnia [http://www.cityschools.com/jmhs]

    Foto de famlia

    Huyen com os pais, logo depois de receber o diploma do curso mdio

    Eu nasci no Mxico. Minha lngua materna o espanhol e ingls meu segundo idioma. Quero aprender uma terceira lngua, provavelmente portugus ou italiano. Sou o primeiro na minha famlia a freqentar a escola nos Estados Unidos.

    Quando cheguei aqui, eu tinha s 12 anos de idade. Meus conhecimentos de ingls eram muito precrios. O idioma foi o primeiro problema enfrentado, e s vezes ainda tenho dificuldade para falar, mas existe sempre algum para me ajudar. O segundo problema que eu enfrentei foi a cultura e o modo diferente de vida. As culturas do Mxico e dos Estados Unidos no so to diferentes assim, mas existem algumas coisas muito diferentes. A comida, por exemplo o almoo na escola, era muito diferente daquilo que eu costumava comer em meu pas. Com o passar do tempo, comecei a incorporar meu novo estilo de vida.

    Estou agora na 11a srie. S mais um ano e recebo o meu diploma. Pretendo cursar a faculdade no Mxico. Espero que vocs aprendam alguma coisa comigo e minhas experincias. Lembrem-se de que tudo possvel quando desejamos realmente alguma coisa. Jos F. Ponce Granados, 17, 11a srie, Escola de Ensino Mdio McCutcheon, Lafayette, Indiana

    [http://www.wvec.k12.in.us/McCutcheon]

    Cheguei aos Estados Unidos em 14 de agosto de 2004. Esta a primeira vez que estou entre adolescentes americanos e muito diferente do Afeganisto. Estou gostando muito da experincia. O mtodo de ensino diferente; por exemplo, aqui voc escolhe os cursos que quer fazer, o que eu acho tima idia. O relacionamento entre professores e alunos me surpreendeu, pois mais amistoso, aberto, no formal como no Afeganisto. E disso que gosto sobre o ensino daqui. Ao mesmo tempo, importante no extrapolar os limites das relaes amistosas e faltar com o respeito. Eu noto que alguns alunos desrespeitam os professores e no gosto nem um pouco disso. Ghizal Miri, 16, 12a srie, Escola de Ensino Mdio James Monroe, Fredericksburg, Virgnia [http://www.cityschools.com/jmhs]

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    Ghizal acredita na importncia de demonstrar respeito

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  • EJOURNAL USA 15 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    educao abre as portas para todas as

    carreiras. Conforme revelam as pesquisas, at o ano 2010, um de cada cinco empregos nos Estados Unidos ter como requisito um diploma universitrio e praticamente um tero de todos os empregos exigir ao menos algum tipo de formao superior do candidato. Por isso, no de surpreender que 34% da populao de jovens adultos americanos (com idades entre 18 e 24 anos)

    estejam indo para a universidade depois do ensino mdio. Os que no pretendem cursar o ensino superior tm diversas outras opes de ocupao depois de terminar o ensino mdio - o comrcio, os empregos no setor de servios, o servio militar (que muitas vezes garante o financiamento do curso superior posteriormente) e as empresas familiares.

    Fotos de cima para baixo: Uma conselheira ( esquerda) d orientao acadmica a uma aluna da Escola de Ensino Mdio San Rafael, em San Rafael, Califrnia; um aluno da Escola de Ensino Mdio A. E. Smith, na cidade de Nova York, testa os controles de equipamento de terraplenagem em uma feira de construo civil destinada a despertar o interesse de estudantes para o setor de construo; um estudante realiza experincia de cincias na Escola de Ensino Mdio Ione, em Ione, Oregon

    No meu caso, planejar o que fazer depois do ensino mdio um pensamento assustador. A idia de ter de deixar minha zona de conforto e sair para o mundo real um tanto quanto amedrontadora. Algumas pessoas freqentam uma faculdade comunitria, algumas vo para a universidade e outras, para uma faculdade normal. Eu quero estudar na Academia Naval dos Estados Unidos, em Anpolis, Maryland. Decidi me esforar ao mximo fsica e mentalmente. Isto significa tambm que vou ser oficial da Marinha dos Estados Unidos. A Academia Naval oferece diversos cursos, de engenharia aeroespacial a cincia poltica. Eu gostaria de me formar em negcios ou em cincia poltica.

    As pessoas formadas em academias militares so indivduos muito determinados e bem estruturados. A outra vantagem de entrar para uma academia que, depois de formado, automaticamente voc tem um timo emprego, e o salrio muito bom! Quase no existem pontos negativos, [mas] acho que se tivesse de apontar algum seria o fato de os indivduos que esto na Academia no serem to livres para fazer o que gostariam [como em] outras faculdades. Mas, para mim, esse um aspecto positivo. Mantm os jovens livres de problemas e com muitas chances de serem bem-sucedidos. Casey Czarzasty, 17, 12a srie, Escola de Ensino Mdio St. Mary's Rykenl, Leonardstown, Maryland [http://www.smrhs.org] Algumas pessoas tm dificuldade em descobrir o que querem fazer depois do ensino mdio. Para mim isso no to difcil assim - eu j sabia desde a primeira srie que queria ser professora. Pensei nessa profisso por causa da minha professora da primeira srie; depois, quando cheguei terceira srie, tive a certeza de que era isso o que queria ser. Tive professores maravilhosos na escola e, a meu ver, isso me ajudou a tomar a deciso.

    Alguns dos pontos positivos sobre saber o que quero fazer e aonde quero chegar que eu posso me concentrar e me esforar ao mximo para alcanar minha meta. Tambm posso ter a certeza de que estou cursando as matrias certas no ensino mdio para me tornar professora depois da faculdade. Kelsey C. Bell, 15, 9a srie, Escola de Ensino Mdio McCutcheon, Lafayette, Indiana [http://www.wvec.k12.in.us/McCutcheon] Quero ser neonatologista, mdico especializado em cuidar de recm-nascidos, principalmente os prematuros ou os que tm ictercia ou algum outro problema do tipo. Tudo comeou quando eu era pequena. Tive uma bab, uma garota que mais tarde foi estudar na Universidade Duke. Ela queria ser mdica e despertou em mim o interesse pela medicina. Ento, desde a stima srie, tenho me concentrado na idia

    A PLANOS FUTUROS EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Marcio Jose Sanches, AP/WWP

    Richard Drew, AP/WWP

    AP/WWP

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 16 EJOURNAL USA

    de ser neonatologista. Este ano me inscrevi em um curso especial chamado "estudo independente", no qual voc pode escolher alguma coisa em que tenha interesse. Voc faz pesquisa, tem um orientador por 18 semanas e apresenta um projeto no final. Tive a oportunidade de acompanhar as atividades de um mdico no hospital, um neonatologista. Consegui ver exatamente o que eles fazem e as diferentes tecnologias usadas para manter os bebs vivos. Kristen Grymes, 17, 12a srie, Escola de ensino Mdio James Monroel, Fredericksburg, Virgnia [http://www.cityschools.com/jmhs] Decidi entrar para a Fora Area dos Estados Unidos. Em parte por razes financeiras, embora eu tenha sempre acreditado que as pessoas devam fazer sua parte para ajudar a construir um futuro melhor e ajudar a preservar o que temos.

    Se eu acabar gostando da Fora Area depois de passar quatro anos l, provavelmente vou continuar e fazer carreira. Mas, por enquanto, pretendo usar as Leis de Direitos e Benefcios dos Veteranos de Guerra [que paga os custos da faculdade para militares veteranos] para entrar na faculdade e estudar psicologia, que o que suponho querer como carreira.

    Tenho interesse em psicologia de uma forma geral, porque me fascina a forma como o crebro funciona e faz as pessoas agirem de uma forma ou de outra. Estou pensando em me especializar em aconselhamento psicolgico, pois gostaria de poder ajudar as pessoas que tm problemas a viver vidas mais felizes e mais saudveis. Tenho interesse tambm em psicologia forense, que me permitiria ajudar a encontrar criminosos e garantir que a justia seja feita, tornando o mundo mais seguro para minha famlia e todos ao meu redor. Evan Hoke, 19, 12a srie, Escola de Ensino Mdio Red Landl, Etters, Pensilvnia [http://classrooms.wssd.k12.pa.us/red_land.cfm] Acredito firmemente nas leis que regem nosso pas, estados e cidades. Mas, assim como acontece com qualquer outra coisa, sempre existem oportunidades para melhoria e mudanas. Acredito ser a pessoa que possa ajudar a mudar para melhor algumas das leis em vigor atualmente.

    Os alicerces para o meu futuro comeam com estgios de vero em rgo do governo, durante todo o ensino mdio e a faculdade. H tanta coisa que uma pessoa pode aprender nos livros. Na faculdade, governo e psicologia sero minhas reas de estudo. Acredito ser imprescindvel saber como funciona o governo, mas ser capaz de compreender o que os cidados de meu pas pensam igualmente importante.

    Depois da faculdade, acho que viajar para o exterior vai ser importante para mim. Com o conhecimento e experincias adquiridos nas minhas viagens, pretendo fazer o curso de Direito. Acho que conhecimento nunca demais. Pretendo obter o ttulo de doutor em governo e psicologia alm do de advogado. Gostaria tambm de ter o ttulo de Juiz Morgan Atwell. Trabalhando duro e mantendo uma reputao exemplar, no vai demorar muito para eu concorrer ao cargo de senador. O trabalho duro est s no comeo. Morgan Atwell, 15, 9a srie, Escola de Ensino Mdio McCutcheon, Lafayette, Indiana [http://www.wvec.k12.in.us/McCutcheon] No sou uma pessoa que adora estudar, como muitos de meus amigos e colegas de classe. Estou querendo pr a mo na massa e por isso entrei para o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Vou para o campo de treino de Parris Island, Carolina do Sul, e depois treinar por mais seis meses em Pensacola, Flrida, para ser mecnico da aviao. Talvez eu fique por l e faa carreira no Corpo de Fuzileiros Navais. No sei. Caso contrrio, gostaria de aproveitar o treinamento que tiver no Corpo de Fuzileiros Navais para trabalhar como mecnico na aviao civil.

    Mas, logicamente, primeiro tenho de passar pelo treinamento bsico. Sei que existem riscos, mas gostaria de proteger meu pas porque, antes de tudo, tenho muita f nele. Colin Smith, 18, 12a srie, Escola de Ensino Mdio W.T. Woodsonl, Fairfax, Virgnia [http://www.fcps.k12.va.us/WTWoodsonHS] Quero estudar Direito internacional. Tenho interesse em Direito, pois vejo que em meu pas existem poucas mulheres atuando nesse campo. Quero trabalhar em prol dos direitos das mulheres, o que muito importante. Quero voltar para o Afeganisto e ajudar meu pas. Ghizal Miri, 16, 12a srie, Escola de Ensino Mdio James Monroe, Fredericksburg, Virgnia [http://www.cityschools.com/jmhs]

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  • EJOURNAL USA 17 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    rabalhar duro e pagar suas prprias contas so valores

    importantes nos Estados Unidos. Muitas crianas aprendem isso ao receber uma mesada pequeno pagamento semanal ou mensal para fazer as tarefas domsticas. Posteriormente, elas costumam arrumar um emprego de meio expediente aps as aulas ou nos fins-de-semana para pagar suas despesas, fazer poupana para a faculdade, ganhar experincia prtica e adquirir senso de independncia. As oportunidades so muitas e variadas de entregar jornais a tomar conta de crianas de vizinhos, de empacotar compras no balco a recolher os pratos das mesas em

    restaurantes. De fato, muitos jovens, independentemente do status econmico de sua famlia, recebem seu primeiro salrio antes de entrar para o ensino mdio. Mas, a fim de proteger as crianas da explorao do trabalho infantil, a legislao dos EUA estabelece a idade de 14 anos como idade mnima para a maioria dos empregos no agrcolas e limita a 18 horas a carga de trabalho semanal dos menores de 16 anos no perodo escolar.

    Fotos de cima para baixo: Estudantes do ensino mdio de Maine tm folga da escola para trabalhar na colheita da estao; DJs discutem a seleo de msicas na estao de rdio WCVH, que transmite da Escola de Ensino Mdio Hunterdon Central, em Flemington, Nova Jersey; estudantes trabalham na livraria Gibson's Book Store, em Lansing, Michigan

    Consegui meu emprego quase por acidente. Meu irmo havia acabado de entrar para um grupo de escoteiros e precisvamos comprar seu uniforme. Enquanto meus pais faziam compras na loja Boy Scout Supply, eu esperava na porta. Depois de alguns minutos, o gerente da loja veio at mim e perguntou se eu estava interessada em um emprego. Na poca, minha nica renda vinha de trabalhos eventuais como baby-sitter, por isso aceitei; fui entrevistada e contratada ali mesmo.

    Daquele dia em diante, toda quinta e todo sbado, minha me me leva at a loja onde trabalho como vendedora. Registro as compras dos clientes, coloco os itens nas sacolas, entrego-lhes o recibo e os libero. Alm de operar a caixa registradora, uma vendedora tem de preencher relatrios que permitem aos escoteiros subir de posio, anotar os pedidos feitos por telefone e orientar os pais de lobinhos (escoteiros de 5 a 10 anos) na compra do seu primeiro uniforme. No fcil no comeo de setembro, quando os meninos entram para o grupo dos lobinhos aos montes, a loja fica lotada com pais confusos que precisam de orientao, passo a passo, em todo o processo. No entanto, nas outras pocas do ano a loja no tem tanto movimento, ento geralmente d tempo de pegar um refrigerante na mquina, fazer a lio de casa ou conversar com meus colegas de trabalho.

    Mesmo no tendo mais muito tempo livre, eu adoro o meu trabalho. As pessoas com quem trabalho, inclusive meu chefe, so gentis, prestativas e divertidas; tambm, como quase todas so adultas, conversar com elas me d uma perspectiva singular da vida no mundo real. Finalmente estou ganhando meu prprio dinheiro, o que significa que no preciso mais pedir dinheiro aos meus pais toda vez que quero comprar alguma coisa. Tenho um certo grau de independncia que nunca tive antes. Ter um salrio fixo me ensinou como administrar meu dinheiro da melhor forma, quanto economizar, quanto gastar e quanto custam realmente algumas coisas com as quais nunca me preocupei antes. (Eu no tinha idia de como os calados so caros at comprar o meu primeiro par).

    Alm disso, o trabalho me tornou mais comunicativa, me ensinou a falar com as pessoas de maneira profissional, a entender o que os clientes desejam simplesmente conversando com eles e a acalmar os gritos de uma criana. Mesmo tendo menos tempo livre, no trocaria meu trabalho nem as habilidades que desenvolvi por nada. Laura Voss, 16 anos, 11a srie, Escola de Ensino Mdio Thomas S. Wootton, Rockville, Maryland [http://www.mcps.k12.md.us/schools/woottonhs]

    TEXPERINCIAS DE TRABALHO EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Cortesia: Laura Voss

    Laura recebe seu primeiro salrio

    Joel Page, AP/WWP

    Daniel Hulshiezer, AP/WWP

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 18 EJOURNAL USA

    Embora no tenha realmente um emprego, trabalho muito depois das aulas. Uma das coisas que fao depois das aulas so todas as minhas tarefas domsticas, pois crio coelhos e porcos para mostrar no clube 4-H local. O 4-H uma organizao nacional que ajuda os jovens da rea rural a desenvolver habilidades. um lugar onde voc encontra muitas pessoas diferentes, faz muitos amigos novos e se diverte bastante durante o vero.

    Alm disso, ajudo a tomar conta de meu irmo mais novo durante o vero e depois das aulas. Tambm gosto de estar com meus amigos sempre que possvel. E ainda trabalho na casa de meus avs, cortando a grama do quintal e tirando o mato do jardim. Gosto de trabalhar. bem divertido e nos d responsabilidade. A lio de vida aprendida que voc tem de trabalhar para ter o que deseja. Danielle Burdine, 17 anos, 11a srie, Escola de Ensino Mdio McCutcheon, Lafayette, Indiana [http://www.wvec.k12.in.us/McCutcheon] Escola, estudos, atividades extracurriculares, religio, cinema e... trabalho, tantas coisas para fazer, to pouco tempo. Mas o trabalho tem suas vantagens e suas desvantagens.

    Algumas das vantagens so: dinheiro para gastos extras e a experincia do ambiente de trabalho. Outra vantagem que o trabalho faz voc se sentir mais independente porque pode satisfazer algumas de suas necessidades. Voc tambm pode guardar dinheiro para pagar a faculdade ou para outros planos futuros. Alguns adolescentes ainda ajudam suas famlias.

    Uma desvantagem que os adolescentes podem no entender bem o significado do trabalho porque a maioria deles no paga contas, mas gasta o dinheiro com extravagncias caras. Assim eles podem pensar que o dinheiro somente para gastar e podem no aprender a poupar. Os estudantes que trabalham tambm podem passar a estudar menos porque no tm tempo para isso ou para outras atividades como a vida social com os amigos e a famlia. Tirza Sevilla, 15 anos, 10a srie, Escola de Ensino Mdio Wakefield, Raleigh, Carolina do Norte [http://wakefieldhs.net] Comecei a trabalhar na Hecht's [uma cadeia de lojas de departamento em vrios estados do Leste dos EUA] no vero passado, na verdade por causa da escola. Estou fazendo um curso chamado Marketing III, e o curso exige que voc arrume um emprego. preciso acumular 396 horas de trabalho para realmente obter um segundo crdito. Ento comecei a trabalhar na Hecht's em 12 de julho passado, no departamento de moda jovem, o que difcil para mim porque procuro no gastar todo o meu dinheiro comprando roupas. Mas o trabalho mesmo divertido e me ajudou a aprender muita coisa. Sou uma pessoa relativamente tmida, mas, como trabalho na caixa registradora, tenho de falar com as pessoas, conversar e controlar minhas emoes. Kristen Grymes, 17 anos, 12a srie, Escola de Ensino Mdio James Monroe, Fredericksburg, Virgnia

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  • EJOURNAL USA 19 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    s Estados Unidos so uma terra de muitos credos, e os adolescentes praticam sua

    religio de vrias formas. Logo que iniciam os estudos de histria americana, as crianas aprendem que a liberdade religiosa e a separao entre igreja e Estado so alguns dos princpios norteadores do governo do pas. Cada pessoa

    livre para escolher e praticar sua religio. Muitos adolescentes tomam suas decises influenciados pela famlia. Alguns freqentam escolas administradas por grupos religiosos, e outros

    participam de programas aps a escola ou nos fins de semana patrocinados pela igreja, sinagoga ou mesquita. H ainda

    pessoas que preferem no praticar nenhuma religio. Muitas religies tm adotado as marcas caractersticas da cultura juvenil contempornea para atingir os jovens. No raro ver um grupo de rock cristo ou rappers muulmanos ou cultos especiais para jovens em vrias congregaes.

    Fotos de cima para baixo: Jovens oram em pequenos grupos na Igreja do Povo em Franklin, Tennessee; estudantes da Escola Noor-Ul- Iman participam da orao vespertina na Sociedade Islmica da mesquita de Nova Jersey, em South Brunswick, Nova Jersey; um aluno da Escola de Ensino Mdio Solomon Schecter, na cidade de Nova York, segura a Tor enquanto participa das oraes matutinas

    Pratico minha f por meio de minhas aes dirias. Tento conduzir os outros com meu exemplo e sempre fao escolhas que sejam coerentes com meus slidos valores. Freqentar uma escola catlica teve grande influncia na maneira como pratico minha f, e isso me ajudou muito em todas as dificuldades escolares. Minha f me deu um slido alicerce para minha vida e tem tido importante influncia em toda minha vida. Maggie Boyle, 16, 11a srie, Saint Mary's Ryken, Leonardtown, Maryland [http://www.smrhs.org] No campo espiritual, as pessoas precisam ter noo de onde vieram, como chegaram aqui e para onde vo. Os americanos tm sorte de ter liberdade para escolher que religio devem seguir. Nasci em uma famlia crist forte e solidria, e os valores que meus pais me passaram quando criana no mudaram muito medida que creso. Mas, como adolescentes, nossa maior influncia so os amigos. Minha maior amiga tem uma f to forte quanto a minha, e usamos isso para nos sentir responsveis. Quando as pessoas conhecem seus valores, elas no pressionam voc a fazer coisas que voc preferiria no fazer. Ashley Voigtlander, 18, 12a srie, Escola de Ensino Mdio Centennial, Lino Lakes, Minnesota [http://www.centennial.k12.mn.us/chs] Minha religio tem uma influncia relativamente grande em quem eu sou, como me comporto e como escrevo. O fato de ser judia me ensinou a questionar e tirar minhas prprias concluses da Tor [Velho Testamento], no apenas aceitar o que a maior parte das pessoas toma como verdadeiro. Voc pode pegar passagens da Tor e lig-las vida cotidiana, entendendo-as melhor.

    Ser judia no significa ir ao templo toda sexta noite e sbado de manh ou ter de ser uma bat-mitzvah ou um bar-mitzvah (menina judia ou menino judeu que, com cerca de 13 anos, assume responsabilidades religiosas de adulto), ou ter sempre que usar a quip e franjas (chapu colado cabea e roupa de baixo com franjas retorcidas usada por judeus ortodoxos). No significa que voc deve acreditar sempre em uma coisa ou que no pode acreditar em uma coisa por causa de outra.

    Ser judia a forma de agir e o que se acredita, como ter respeito pela diversidade e ser aberta para aprender coisas novas, ajudando a ensinar aos outros. Aprendemos que as coisas mais importantes so respeitar um ao outro, praticar boas aes e manter a paz. Em nosso livro de oraes aprendemos: O que lhe odioso, no o faa a ningum. Isso a Tor, todo o resto interpretao. As crianas so muito influenciadas pela religio porque ela lhes ensinada desde a mais tenra idade e, independentemente de quanto as outras coisas mudem, elas sabem que aquilo permanece.

    OINFLUNCIA DA RELIGIO EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Mark Humphrey, AP/WWP

    Daniel Hulshizer, AP/WWP

    Jim Cooper, AP/WWP

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 20 EJOURNAL USA

    Mesmo nos Estados Unidos h muitos esteretipos sobre outras religies, e meus amigos e eu conversamos sobre nossas religies. Ensinamos uns aos outros e aprendemos que os esteretipos raramente so verdadeiros. Cindy Holden, 14, 9a srie, Escola de Ensino Mdio West Springfield, Springfield, Virgnia [http://www.fcps.edu/westspringfieldhs]

    Minha famlia da ndia e somos hindus. Nasci na Inglaterra. Chegamos aos Estados Unidos quando eu tinha oito anos e agora somos cidados americanos. Todo domingo, vou s reunies de um grupo chamado Swadhyay [que significa auto-estudo em snscrito, o idioma da ndia antiga]. Debatemos no apenas questes culturais, mas ticas tambm. Isso me ajuda a entender melhor a mim mesma e me mantm em contato com minha herana cultural. Aakash Chudasam, 14, 11a srie, Escola de Ensino Mdio Oakton, Herndon, Virgnia [http://www.fcps.k12.va.us/OaktonHS] Nasci nos Estados Unidos, mas meus pais so de Mianmar. Somos budistas. Todo domingo vou a um templo budista em Maryland e tenho aula no idioma de Mianmar. Tambm vou aos cultos religiosos no templo e participo de obras de caridade, como doao de alimentos aos pobres. Quando nos mudamos de uma casa para outra, os monges do templo abenoaram a nova casa. Uma vez passei um fim de semana no templo para conviver com os monges e conhecer a vida monstica. Foi uma experincia de muito valor para mim e espero repeti -la no futuro. Nay Soe Lwin, 13, 9a srie, Escola de Ensino Mdio Oakton, Herndon, Virgnia [http://www.fcps.k12.va.us/OaktonHS]

    Minha religio moldou minha vida de muitas formas. A lio mais importante que aprendi com minha religio, a catlica romana, foi que preciso freqentar a igreja. Ir missa regularmente me ensinou a priorizar as coisas na minha vida. Para mim, a igreja vem primeiro, depois a famlia e os amigos e em seguida as outras coisas.

    No mundo de hoje, fcil a pessoa perder o rumo e ser envolvida pelo materialismo e pelas coisas e estilo de vida que supostamente a fazem feliz. Minha religio me ensinou o verdadeiro significado da felicidade e o que de fato importante na vida. Alisha Weisser, 17, 11a srie, Escola de Ensino Mdio St. Mary's Ryken, Leonardtown, Maryland [http://www.smrhs.org] Nasci nos Estados Unidos, mas minha famlia da ndia. Somos muulmanos. Perteno a um grupo de jovens chamado Muulmanos em Ao ou MIA. Os membros de nosso grupo MIA so de muitos pases diferentes e, como eu, muitos deles nasceram nos Estados Unidos. Temos muitas atividades, inclusive eventos para arrecadar recursos para assistncia s vtimas do tsunami e ajuda humanitria ao Iraque e ao Afeganisto, entre outros. Levantamos recursos de vrias maneiras, inclusive vendendo bolos, biscoitos e lavando carros. Tenho orgulho de ser muulmana, e a religio parte importante de minha vida. A maioria dos alunos em minha escola no muulmana, mas isso nunca foi problema para mim. Tenho amigos de vrias religies. Ambreen Ali, 16, 12a srie, Escola Feminina Westridge, South Pasadena, Califrnia.

    Foto de famlia

    Cindy com seu pai em um evento de dana caipira patrocinado por sua sinagoga, Beth El Hebrew, em Alexandria, Virgnia

    Foto de famlia

    Alisha na ocasio de sua Primeira Comunho vrios anos atrs

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  • EJOURNAL USA 21 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    s jovens enfrentam muitos desafios durante a adolescncia. A grande maioria dos adolescentes americanos consegue

    lidar com as presses. Mas o desejo de ser independente e distanciar-se dos pais e de outras figuras que simbolizam autoridade algumas vezes levam os jovens a tomar atitudes das quais se arrependem mais tarde. A mdia tende a exagerar esse comportamento dos adolescentes ou a fazer sensacionalismo a respeito, mas no se pode negar que o problema existe e os resultados podem ser muito

    srios. A vontade de explorar, de testar limites e de experimentar coisas novas freqentemente acompanhada de um senso de invencibilidade leva alguns jovens a comportar-se de maneira perigosa. Em 2003, o governo dos Estados Unidos divulgou que 30,5% dos jovens entre 12 e 17 anos disseram ter experimentado alguma droga ilegal pelo

    menos uma vez na vida, na maioria das vezes a maconha. Jovens que praticam atos sexuais antes do casamento correm risco de gravidez, HIV/Aids e outras doenas sexualmente transmissveis. Numerosos grupos comunitrios e organizaes no-governamentais foram formados nas ltimas dcadas para ajudar pais, escolas, congregaes religiosas e policiais a lidar com essas questes.

    Fotos de cima para baixo: Uma adolescente olha pela janela de sua cela em centro de deteno de jovens, em Tohaci, Arizona; membros do movimento Estudantes contra o Ato de Dirigir sob o Efeito do lcool fazem manifestao em frente ao Capitlio dos EUA para lanar campanha para reduzir o nmero de acidentes de automveis fatais, envolvendo adolescentes embriagados; um transeunte observa memorial improvisado em Upper Providence, Pensilvnia, dedicado a cinco garotas mortas em acidente automobilstico, quatro das quais tinham indcios de difluoretano na corrente sangnea

    Durante o curso de ensino mdio, um estudante pode tomar muitas decises erradas. No importa o quo independentes as pessoas achem que so, ainda assim elas se deixam influenciar por outras pessoas. Eu sempre disse que nunca cederia presso dos meus colegas; entretanto, isso no foi to fcil como eu pensava.

    Somente aps fazermos alguma coisa errada que nos damos conta da estupidez que fizemos. Eu experimentei drogas e me meti em muitas confuses. Agora, tenho algo a aprender. Portanto, por favor, oua a si mesmo e apenas a si mesmo. Voc pode tomar suas prprias decises se aprender com os meus erros. Tyler Tenorio, 16 anos, 11a srie, Escola de Ensino Mdio Fort Lupton, Fort Lupton, Colorado Tenho 15 anos. Mesmo jovem como sou, j enfrentei problemas com drogas. Estive vrias vezes em programas de reabilitao no ltimo ano e meio. Mas finalmente me conscientizei dos efeitos que as drogas tiveram na vida.

    Por cerca de sete meses lutei contra o vcio da metanfetamina. Agora estou sob custdia legal devido s ms escolhas que fiz naquele perodo. Mas isso tem me ajudado muito. Estou livre das drogas h cerca de seis meses e muito orgulhoso de mim mesmo. Estou envolvido em um programa de Tratamento Ambulatorial Intensivo, alm de tomar parte nas reunies de um grupo chamado Narcticos Annimos (NA). Os dois programas so muito bons e me ajudaram bastante. Eles me ajudaram a enxergar plenamente o que, na verdade, as drogas fazem com a vida da gente.

    Eu desapontei muitas pessoas. Ter desiludido uma pessoa de quem gosto mais do que tudo no mundo o pior sentimento que j tive . Nas reunies do NA voc aprende que no pode mudar da noite para o dia. Isso verdade, e temos de enfrentar um dia de cada vez. Tenneil Ewing, 15 anos, 10a srie, Escola de Ensino Mdio McCutcheon, Lafayette, Indiana [http://www.wvec.k12.in.us/McCutcheon]

    OEVITANDO TENTAES EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Joe Marquette, AP/WWP

    Matt York, AP/WWP

    Willian Thomas Cain, AP/WWP

  • Sociedade e Valores / Julho de 2005 22 EJOURNAL USA

    uitos adolescentes desejam participar da comunidade, usar sua energia e seu entusiasmo para ajudar os

    outros. De acordo como o Voluntariado Jovem - EUA, organizao que atua em parceria com milhares de organizaes voluntrias e oferece oportunidades para jovens voluntrios nos Estados Unidos, milhes de pessoas

    participaram do Dia Nacional do Voluntariado Jovem de 2005, que se configurou como o maior evento anual desse tipo no mundo. Jovens americanos deram aulas para

    alunos do ensino fundamental, registraram novos eleitores, ensinaram noes de nutrio para a comunidade e distriburam materiais de preveno de HIV/Aids, entre muitas outras atividades. Como podemos ver nos depoimentos a seguir, eventos locais e globais motivam os estudantes americanos a dedicar parte de seu tempo e de sua energia para ajudar os outros em trabalhos voluntrios. Fotos de cima para baixo: Voluntrios fazem plantao em acampamento metodista, no Tennessee, cuja produo ser distribuda a famlias de baixa renda; membros da organizao Voluntariado pela Paz ajudam a abrir uma grande colnia de frias em Geneva Point, Moultonboro, New Hampshire; na Escola de Ensino Fundamental Chestnut Ridge, em Washington Township, Nova Jersey, estudante ajuda uma aluna mais velha em aula de informtica patrocinada pelo distrito escolar pra cidados idosos

    O tsunami que atingiu o sul da sia no dia seguinte ao Natal comoveu por algum tempo todos os americanos; no entanto, em mim ele produziu uma mudana permanente. Assim como tantas outras pessoas no mundo todo, minha famlia e eu ficamos grudados na televiso nas horas seguintes primeira notcia sobre a catstrofe. A idia de centenas de milhares de pessoas sendo mortas em questo de minutos era para mim algo impossvel de compreender.

    O nome Chennai, ndia, mencionado com freqncia nos noticirios, adquiriu um significado especial para minha famlia. Minha me trabalhou com Becky Douglas, uma senhora de Atlanta que havia fundado um orfanato recentemente naquele local. De repente, minha me se deu conta de que o orfanato estava bem na rota do tsunami. Por telefone, Becky nos contou que todas as crianas do orfanato, que ficava a poucos metros da praia, estavam fora de perigo, mas quase todas as crianas de um orfanato das imediaes haviam sido mortas. Tambm ficamos sabendo que a economia das vilas de pescadores ao longo da praia havia sido destruda. Quando perguntamos qual seria a melhor maneira de ajudar essas pessoas, Becky respondeu que o bem-estar delas no longo prazo dependeria de sua capacidade de voltar a pescar. Quanto isso custaria? Becky nos disse que US$ 11 mil seriam suficientes para consertar ou substituir os barcos e as redes de um vilarejo de 500 pessoas. Quando voltei para casa depois dos feriados, falei com o nosso diretor e pedi permisso para arrecadar fundos na The Bullis School [escola particular situada em um rico subrbio de Washington, D.C.]. Ele consentiu, e trs dias depois fiz uma apresentao para todos os alunos da escola para lanar a campanha. No primeiro dia da campanha para nossa grande surpresa levantamos mais de US$ 4 mil. At o fim da semana havamos levantado mais que o dobro da quantia necessria e at agora j arrecadamos mais de US$ 100 mil. Cem por cento desse dinheiro foi diretamente para a ndia.

    Oito de meus colegas de classe e eu, junto com o diretor e vrios outros adultos, decidimos passar os feriados da primavera na ndia, cada um pagando suas prprias despesas. O que aprendemos na ndia superou de longe o que havamos aprendido com a arrecadao de recursos.

    Passamos uma semana em Chennai, onde devotamos metade do nosso tempo ao orfanato e escola que foram os primeiros a atrair nossa ateno e a outra metade a trs colnias de leprosos. Trabalhar no orfanato foi fcil para todos ns, porque as crianas eram todas adorveis. Deix-las depois desse curto perodo de tempo que foi difcil, e todos choramos ao partir. O trabalho nas colnias de leprosos foi muito mais difcil, mas, no fim, foi provavelmente o mais valioso. Nenhum de ns tinha experincia com pacientes portadores dessa doena. No princpio, tnhamos medo de chegar perto dos moradores da colnia, quanto mais de toc-los. Mas nosso medo logo se desvaneceu quando vimos como eles ficavam alegres em receber pessoas de fora que demonstravam amor e interesse em ajud-los. Ns os

    MVOLUNTARIADO EEMM SSUUAASS PPRRPPRRIIAASS PPAALLAAVVRRAASS

    Cristopher Berkey, AP/WWP

    Jim Cole, AP/WWP

    Allen Oliver, AP/WWP

  • EJOURNAL USA 23 Sociedade e Valores / Julho de 2005

    ajudamos em suas necessidades comunitrias, como na plantao de bananas, para colaborar com seus esforos para se tornarem auto-suficientes, mas a melhor parte foi ajud-los individualmente. O ponto alto de minha viagem, e uma das coisas mais comoventes que fiz na vida, foi pentear e tranar os cabelos de uma mulher que havia perdido ambas as mos e ambos os ps por causa da lepra. At ento, eu nunca tinha me dado conta do quanto se pode fazer por uma pessoa com simples gestos de amor. Lauren Elyse (Ellie) Prince, 16, 11a srie, Escola The Bullis, Potomac, Maryland [http://www.bullis.org] Todos os jovens devem procurar ser bons vigilantes do meio ambiente para o bem das futuras geraes. Desde bem novinho, sempre me interessei pelo meio ambiente. Na segunda srie, entrei para o Clube de Ecologia da minha escola de ensino fundamental. Tentamos embelezar os jardins da escola e acompanhar os projetos de reciclagem. Aos oito anos de idade, aprendi que a boa vigilncia do meio ambiente uma necessidade.

    No fim de 2004, apresentei um trabalho no Congresso de Centenrio do Servio Florestal dos EUA no qual abordei a questo do que necessrio para garantir que os jovens ouam e atendam ao apelo para desenvolver prticas ambientais responsveis, no apenas para esta gerao, mas para o futuro. Foi uma experincia muito importante na minha vida. A exposio a filosofias polticas diferentes e a conscincia dos conflitos envolvidos no gerenciamento dos recursos naturais abriram meus olhos para as difceis escolhas que precisam ser feitas por aqueles que so responsveis pela vigilncia do meio ambiente. Ao pedir aos formuladores de polticas que incorporem o entusiasmo da juventude ao complexo processo de resoluo dos problemas ambientais, espero ter contribudo para o futuro engajamento de jovens interessados e preocupados de nosso pas.

    O interesse pelo meio ambiente me proporcionou oportunidades extraordinrias de contribuir com tempo e talento. Aqueles realmente apaixonados por alguma questo precisam apenas se oferecer como voluntrios e no lhes faltaro oportunidades de lutar pela causa de seu interesse.

    John T. Vogel, 17, 12a srie, Escola de Ensino Mdio Jesuit, San Antonio, FL [http://www.jesuittampa.org] A mdia sempre cobre casos de adolescentes que se metem em encrencas, mas h muito mais adolescentes americanos causando impacto positivo em sua comunidade.

    Um programa do qual participo como voluntrio o de orientador em uma de nossas escolas locais de ensino fundamental. Uma vez por semana, vou escola e passo algum tempo com uma aluna da quinta srie. Brincamos no parquinho ou vamos at a biblioteca e conversamos sobre

    como ela passou a semana. O programa foi desenvolvido para ajudar a orientar crianas com risco de ter problemas no futuro. Em minha opinio, esse um dos programas de maior sucesso em nossa escola de ensino mdio porque as crianas esto adquirindo autoconfiana desde pequenas. Tenho notado grande melhora nas crianas que tm orientadores, melhora essa que elas carregaro pelo resto da vida.

    Ser capaz de influenciar a vida de outra pessoa uma das razes pelas quais tantos adolescentes desejam devotar parte de seu tempo a ajudar os outros. Algo to simples quanto dedicar uma hora de seu tempo, menos de um por cento da semana, pode mudar drasticamente a vida de uma pessoa. Os adolescentes dedicam parte de seu tempo ao trabalho voluntrio porque querem. Fazem isso porque tm bom corao, e no vis