A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao...

38

Transcript of A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao...

Page 1: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.
Page 2: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião Rita Figueiras22 - Semana de.. Henrique Matos24 - Dossier Refugiados

26 - Entrevista52 - Multimédia54 - Estante56 - Concílio Vaticano II58 - Agenda60 - Por estes dias62 - Programação Religiosa63 - Minuto Positivo64 - Liturgia66 - Jubileu da Misericórdia68 - Fundação AIS72 - LusoFonias

Foto da capa: Agência ECCLESIAFoto da contracapa: Arlindo Homem

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

2

Opinião

Proibir amaternidade desubstituição[ver+]

Papa visita aArménia[ver+]

Ouvir eacompanhar osrefugiados[ver+]

Octávio Carmo |Rita Figueiras |Cáritas Portuguesa | JRS | ManuelBarbosa Paulo Aido | Tony Neves |

Fernando Cassola Marques

3

Page 3: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

A importância de acreditar

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Acontece a muita gente, por estes dias degrande competição desportiva: mesmo quem nãogosta particularmente de futebol ou nãoacompanha regularmente o fenómeno, vibra comemoção inusitada e (mesmo para os próprios)inesperada com os feitos e as desfeitas daseleção nacional. A identificação do país comuma equipa de futebol poderia levantar muitasquestões, mas essa discussão é geralmentedispensada, face à noção de estar unido nabusca da glória, para superar por um momentoque seja a fragilidade do quotidiano.“Acreditar” torna-se o verbo central de toda estaepopeia, que se vai repetindo com umaregularidade inédita nos últimos 20 anos(felizmente, porque eu cresci noutros tempos).Acreditar mesmo contra todas as evidências,esperar o “milagre” - sim, é uma linguagemfamiliar e remete para um universo religiosocatólico. Porque há situações em que nada osubstitui. E o futebol também se vive entre acrença e a descrença, entre a dúvida e acerteza.Deixo uma nota final para o debate em torno doarremesso de microfone que marcou a quarta-feira. Estou certo de que as duas partes irãoexplicar as suas razões em tribunal e aguardopor elas. Até lá, além da crucifixão - lá voltamos àlinguagem religiosa - do máximo expoente dofutebol português, interessará mais refletir sobreo papel de quem informa. A informação vive defactos. Não compete ao jornalista “provocar” umanotícia, o que é diferente de procurar einvestigar.

4

Já aqui me referi ao facto de omundo mediático em constantemutação ter vindo a fazer cada vezmais do conteúdo informativo umaforma de entretenimentopassageiro. As próprias opçõeseditoriais são condicionadas poreste novo mundo, em que ojornalista desiste do seu

papel de mediador e procura sercada vez mais o protagonista. Restaacreditar que o bom exercício daprofissão se irá sobrepor sempre àseventuais falhas e que o públicosaberá procurar os meios maiscredíveis para permanecerinformado.

5

Page 4: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

"Hoje acompanham-me estes rapazes. Muitos pensam que seria melhor quetivessem ficado na sua terra, mas ali sofriam tanto. […] O cristão não exclui

ninguém, dá lugar a todos, deixa vir todos”, Papa Francisco, audiênciapública de quarta-feira, Praça São Pedro.

6

"Toda e qualquer possibilidade de tentarpreservar um, dois, três anos, a qualidadedo desempenho de memória, não tempreço. Há uma esperança muito realista decombater esta doença”, Rodrigo Cunha,coordena estudo que eliminou primeirossintomas de alzheimer em ratos. (Jornal deNotícias, 22 jun 2016) “Se estão mais preocupados com adesigualdade e a pobreza, têm de sepreocupar com os desempregados”, chefeda missão do FMI para Portugal, Subir Lall,numa conferência na Nova School ofBusiness and Economics. (Observador, 20jun 2016)A quarta missão de avaliação ao programade assistência financeira a Portugalterminou esta quarta-feira. “A três minutos do fim, não podíamos ir láinsistir e tentar marcar um golo, quandoestamos apurados e podíamos sofrer um”,Selecionador nacional de futebol,Fernando Santos, após o jogo que garantiua passagem de Portugal aos oitavos-de-final do Euro 2016. (Público, 22 jun 2016) “Não permitamos que as recordaçõesdolorosas tomem conta do nosso coração;mesmo diante dos ataques repetidos domal, não nos rendamos”, Papa Francisconuma videomensagem à população daArménia, país que visita entre hoje e estedomingo.

7

Page 5: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Juristas católicos pedem proibiçãode barrigas de aluguer

A Associação de Juristas Católicossaudou o veto presidencial à leisobre maternidade de substituição eafirmou que esta é “uma práticaintrinsecamente contrária àdignidade humana”. “A Associaçãode Juristas Católicos apela àatenção de todos os

portugueses de que não é possívelremediar o que não tem remédio ede que a proibição da maternidadede substituição é um imperativo daproteção da dignidade humana”,assinala um comunicado doorganismo, enviado à AgênciaECCLESIA.

8

O texto, intitulado ‘Um imperativo daproteção da dignidade humana’,surge depois de, a 7 de junho, opresidente da RepúblicaPortuguesa, Marcelo Rebelo deSousa ter decidido vetar o decretoda Assembleia da República sobre agestação de substituição, com baseem dois pareceres no ConselhoNacional de Ética, de 2012 e 2016.Para o presidente da República,trata-se de uma matéria que oParlamento deve “ter aoportunidade de ponderar, uma vezmais”.O projeto-lei sobre as chamadas‘barrigas de aluguer’, apresentadona Assembleia da República peloBloco de Esquerda, tinha sidoaprovado a 13 de maio com votosfavoráveis do Partido Socialista, doPartido Ecologista ‘Os Verdes’, doPAN – Pessoas, Animais e Naturezae de 24 deputados do Partido SocialDemocrata.A Associação de Juristas Católicoscita o chefe de Estado portuguêspara sublinhar que “há questõeséticas que devem ser ponderadas eque não foram debatidas pelosdeputados”. “Esse debate, no nossoentender, é imprescindível, não sóno parlamento,

como na opinião pública”,acrescenta o comunicado. Osjuristas católicos precisam que orecurso à maternidade desubstituição implica “com adignidade da pessoa humana eenvolve valores estruturantes dasociedade”. “Como vem sendosucessivamente afirmado porpessoas de vários quadrantesideológicos, a maternidade desubstituição representa sempre a‘coisificação’ da criança e da mulhergestante, reduzidas a objeto de umcontrato – daí a expressão ‘barrigasde aluguer’”, adverte a associação.O comunicado defende que apenasa “proibição” desta prática porresolver os problemas, recordandoque a mesma é preconizada narecente Resolução do ParlamentoEuropeu 2015/2229 (N), de 17 dedezembro de 2015.A Associação de Juristas Católicosrefere que a “liberalização” dasbarrigas de aluguer não constavados programas eleitorais dospartidos socialista e social-democrata, “não devendo umaquestão tão sensível e estrutural serdecidida sem audição daqueles queos fizeram eleger”.

9

Page 6: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Missionários da Boa Nova cumpriram50.ª peregrinação a FátimaO bispo de Bragança-Mirandapresidiu este domingo à Eucaristiade encerramento da peregrinaçãodos Missionários da Boa Nova aoSantuário de Fátima e destacou aimportância da oração para amissão. “Rezar é como querer bem,o centro da oração não é o que eufaço, mas o que Deus realiza. Nãobasta o culto externo e o formalismoautossuficiente, é preciso a alegriada fé e da missão. A oração nãoconsiste em falar com Deus, mas emescutar e estar com Deus”, disse D.José Cordeiro.Na homilia enviada à AgênciaECCLESIA, o prelado assinalou queno Evangelho Jesus “aparecefrequentemente em atitude orante esilenciosa” como o Evangelhodominical que começou com anarrativa da oração de Jesus.D. José Cordeiro recordou quecomeçou a “crescer na fé” com osMissionários da Boa Nova, namissão de Santo António do Dumbi,na Diocese do Sumbe, em Angola,onde recebeu o Batismo e guarda“com muita alegria as belasrecordações daquela missão”.No Santuário mariano da Cova daIria, D. José Cordeiro observouainda que

quem peregrina a Fátima sente-se“acolhido pela Virgem Maria” quetransmite “uma mensagem de paz,de graça e de misericórdia quecentra no coração de Deus”.A 50.ª peregrinação missionária aoSantuário de Fátima teve como tema‘Eu vim para que tenham vida’ e daEucaristia de encerramentodestacam-se ainda os momentos daconsagração a Nossa Senhora eprocissão do adeus, numacelebração com “um total de 40 ou50 mil” pessoas, segundo ocomunicado dos Missionários daBoa Nova. O encontro anualcomeçou no sábado e do programaconstou uma “Sessão Missionária”com a apresentação do musical ‘AAlegria da Misericórdia’, pelo grupo‘Trilhos de Fé’, de Felgueiras.

10

Fátima: Cursilhistas de 60 países vãoacorrer ao santuário em maio de2017O Santuário de Fátima vai receber a6 de maio de 2017 uma ultreiamundial do Movimento dos Cursilhosde Cristandade, integrada nacomemoração do Centenário dasAparições de Nossa Senhora.Em entrevista concedida à AgênciaECCLESIA, o assistente espiritualdo MMCC, D. Francisco SenraCoelho, perspetiva o evento como“um êxito muito grande”, pois “sãomuitos aqueles que querem vir aFátima”, provenientes dos cerca de60 países onde os cursilhos estãorepresentados, na América, naEuropa, na Ásia e em África.A ultreia mundial deverá ser aindamarcada pela visita do PapaFrancisco a Portugal e à Cova daIria, para participar nas celebraçõesdo centenário das aparições deFátima.O bispo auxiliar de Braga destacaneste contexto o mais recentedocumento da Igreja Católica, paraa relação com os movimentos,intitulado “Iuvenescit Ecclesia”,publicado pela Congregação para aDoutrina da Fé.Uma obra que mostra que o Papaestá atento ao contributo que oscursilhos e outros movimentoscristãos podem dar para o“rejuvenescimento da Igreja”.

Sobre o documento “IuvenescitEcclesia “ falou ainda à AgênciaECCLESIA o presidente do comitéexecutivo do MMCC, o portuguêsFrancisco Manuel Salvador. “Daquiloque li, é um documento fundamentalpara os movimentos da Igreja,porque faz um apelo enorme a queeles ganhem maior conhecimentoacerca das suas estruturas, dosseus próprios carismas, para quemantendo a frescura da origem, elesse vão renovando, adaptando aosnossos tempos, aos nossos dias”,apontou.Quanto à ultreia mundial em Fátima,Francisco Manuel Salvador acreditaque esta atividade terá “a presençade praticamente todos os paísesque têm neste momento cursilhosativos, o que é uma alegria, umabênção extraordinária”.

11

Page 7: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

12

Família Blasiana encerrou jubileu dos 50 anos da mortede monsenhor Alves Brás

Congresso Internacional do Espírito Santo

13

Page 8: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Papa Francisco visita a Arménia

O Papa Francisco enviou umavideomensagem à população daArménia, antecipando a sua viagemao país, com início marcado parasexta-feira, e deixou um apelo à paze à reconciliação com a história.“Não permitamos que asrecordações dolorosas tomem contado nosso coração; mesmo diantedos

ataques repetidos do mal, não nosrendamos”, declarou, numaevocação das várias perseguiçõescontra os arménios, queassinalaram em 2015 o centenáriodo ‘martírio’ (Metz Yeghern) às mãosdo Império Otomano.O Papa visita a Arménia a convite deKarekin II, supremo patriarca e

14

catholicos de todos os arménios,das autoridades civis e da IgrejaCatólica, naquela que é a sua 14ªviagem internacional, compassagens, até ao momento, por 21países. Francisco confessa“admiração e dor” pela história e“vicissitudes” do povo arménio,cujos sofrimentos “estão entre osmais terríveis que a humanidaderecorda”.A mensagem associa-se, por isso, àdor pelas “tragédias” que osantepassados deste povo “viveramna sua própria carne”. O Papaapresenta-se como “servo doEvangelho e mensageiro de paz",disposto a apoiar todos os esforçosde “reconciliação”.Francisco vai visitar no sábado omemorial dedicado às vítimas dogenocídio arménio em Erevan,capital da Arménia, durante a suavisita ao país, entre sexta-feira edomingo. A passagem pelo memorialde Tsitsernakaberd, construído em1967, é um dos pontos centrais davisita do pontífice argentino, que jáem abril de 2015 tinha celebradouma Missa pelo centenário do ‘MetzYeghern’, durante a qual proclamouSão Gregório

de Narek como doutor da Igreja.“Daqui a pouco terei a alegria deestar entre vocês, na Arménia”,refere na videomensagem, pedindoao povo arménio para rezar por estaviagem apostólica.A intervenção recorda que aArménia é considerado “o primeiropaís cristão” - o rei Tiridates IIIproclamou o Cristianismo comoreligião de Estado em 301, aindaantes do Império Romano, sob oimpulso de São Gregório, oIluminador.“Façamos como Noé que depois dodilúvio não se cansou de olhar parao céu e libertar várias vezes apomba, até que uma vez elaregressou a ele com um ramo novode oliveira. Era o sinal de que a vidapodia recomeçar e a esperançadevia ressurgir”, observou.A mensagem faz assim referência àtradição bíblica, que no livro doGénesis assinala que a arca de Noéteria pousado sobre o monte Ararat,que agora pertence à Turquia.Simbolicamente, Francisco eKarekin II vão lançar pombasbrancas desde o Mosteiro de KhorVirap em direção ao monte.

15

Page 9: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Vaticano envia mensagem amuçulmanos pelo fim do RamadãoO Conselho Pontifício para oDiálogo Inter-religioso (Santa Sé)enviou uma mensagem aosmuçulmanos de todo o mundo, pelofim do mês do Ramadão, a 5 dejulho, sublinhando a importância deum esforço conjunto em favor dospobres. “É motivo de grandeesperança de ver ou ouvir demuçulmanos e cristãos que se unempara ajudar os mais necessitados.Quando unimos os nossos esforços,nós obedecemos a um importantemandamento presente nas nossasrespetivas religiões, e damosdemonstração da misericórdia deDeus”, refere o texto, assinado pelocardeal Jean-Louis Tauran,presidente do dicastério.O documento fala nas “vítimas deconflitos e violência”, em particularidosos, crianças e mulheres, e nas“vítimas do tráfico de sereshumanos”. “Não podemos fechar osolhos para estas realidades, ouvirar-nos para o outro lado diantedesses sofrimentos”, defende ocardeal francês, que desafiacatólicos e muçulmanos a “ajudaraqueles que têm necessidade,independentemente da sua etnia oucrenças religiosas”.

O texto sublinha que a celebraçãodo Ramadão e do ‘Id al-Fitr ’ (festaconclusiva deste mês de jejum ritual)representam “um importante eventoreligioso para os muçulmanos emtodas as partes do mundo, centradono jejum, na oração e nas boasações”.A mensagem intitula-se “Cristãos emuçulmanos, beneficiários einstrumentos da divina misericórdia”.O cardeal Tauran realça que este éum tema importante para os fiéisdas duas religiões, que acreditam“num Deus misericordioso, quemostra a sua misericórdia ecompaixão para com todas as suascriaturas, em particular a famíliahumana”. “Ele é misericordioso aocuidar de cada um de nós,concedendo-nos os donsnecessários para a nossa vidadiária, tais como comida, abrigo esegurança”, precisa.

16

Papa assume admiração por BentoXVI em texto de homenagemO Papa Francisco escreveu oprefácio do livro de homenagem aBento XVI, no 65.º aniversário dasua ordenação sacerdotal, no qualmanifesta admiração pelo exemplodo seu predecessor. “Ainda antesde ser um grandíssimo teólogo emestre da fé,vê-se que é um homemque acredita verdadeiramente, quereza verdadeiramente; vê-se que éum homem que personifica asantidade, um homem de paz, umhomem de Deus”, assinala.O texto foi divulgado pela RádioVaticano, após publicação no jornalitaliano ‘La Repubblica’. Franciscoapresenta o Papa emérito como umexemplo da “Teologia de joelhos”,que valoriza a oração como “fatordecisivo” na vida de quem seconsagra a Deus.Bento XVI vai voltar ao palácioapostólico do Vaticano a 28 dejunho, para uma cerimónia dehomenagem nos seus 65 anos desacerdócio.A Fundação Joseph Ratzingeradianta que a iniciativa, com apresença do Papa Francisco, estámarcada para a Sala Clementina,onde o Papa emérito receberá olivro ‘Ensinar e aprender o amor deDeus’.Francisco escreve que umsacerdote

deve “incarnar a presença deCristo” entre as pessoas eapresentar a “Igreja de Cristo”. Otexto elogia o “luminoso” sacerdóciode Joseph Ratzinger, Bento XVI, emparticular os três anos que seseguiram à sua renúncia aopontificado (11 de fevereiro de2013), dedicados à oração e àmeditação."É talvez e sobretudo do Mosteiro'Mater Ecclesiae', para onde seretirou, que Bento XVI continua atestemunhar de modo ainda maisluminoso o 'fator decisivo', essenúcleo íntimo do ministériosacerdotal de que os diáconos, ossacerdotes e os bispos não devemesquecer nunca: que o serviço maisimportante não é a gestão dos'assuntos correntes', mas rezarpelos outros, sem cessar, alma ecorpo, exatamente como o faz hoje oPapa Emérito", desenvolve.

17

Page 10: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

18

Papa associa-se a congresso mundial pelo fim da pena de morte

Refugiados são pessoas como nós

19

Page 11: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

O Brexit nos media

Rita Figueiras Universidade Católica Portuguesa

Inglaterra vai referendar a permanência do paísna União Europeia no dia 23 de junho. Comoqualquer campanha pela conquista da opiniãopública, grande parte da disputa tem decorridonos media, nomeadamente na televisão, quecontinua a ser o meio de comunicação maisconsumido e mais procurado para obtenção deinformação. É precisamente neste palco que ospolíticos têm centrado a sua atenção, o que temfeito com que seja difícil distinguir o referendo dasua própria mediatização.Vários centros de investigação na área dosmedia de universidades inglesas têm conduzidoestudos sobre a cobertura jornalística aoreferendo. De uma forma simples e sintéticapodemos destacar três grandes característicasna cobertura noticiosa: 1) Esta é uma históriaedificada em torno de duas personagens,destacando-se o que as separa entre si – atensão em torno do Brexit tem sido personificadaem David Cameron (Primeiro-Ministro, do PartidoConservador, a favor da permanência do país naUE) e Boris Johnson (ex-Presidente da Câmarade Londres, do Partido Conservador, a favor dasaída do país da UE); 2) A economia tem sido oângulo preferencial de análise – a campanha afavor da saída destaca as implicaçõeseconómicas que os refugiados trarão paraInglaterra e a campanha pela permanência, oimpacto para os negócios e o emprego caso opaís saia da UE; 3) Os homens têm sido osprincipais protagonistas – os canais de televisãotêm promovido variados debates sobre o tema

20

e as mulheres não têm sidoconvidadas a participar nestesprogramas.Os vários relatórios produzidosmostram-nos como este caso,extremamente complexo, cheio deespecificidades e particularidades,tem sido objecto de uma coberturajornalística semelhante a tantasoutras histórias políticas. Isto podeser explicado pelo facto de otrabalho jornalístico ser muitoprevisível (regras da produçãonoticiosa) a lidar com aimprevisibilidade (acontecimentosinesperados), nomeadamente naescolha de eventos, situações equestões para informação pública;

na forma de contar as estórias queobedece a uma estrutura sequencialpadronizada, e na construçãopadronizada de significados.Estas propriedades encontradas namediatização do Brexit contribuempara a percepção de que,independentemente do queaconteça, nada muda na política.Esta é, ou parece que é, feitaapenas de emoções fortes e nãotambém de debates racionais; écentrada em eventos e pessoas enão também em instituições ouideias, e é focada na competição eem conflitos e não também nanegociação e produção deconsensos políticos.

21

Page 12: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Dentro ou fora?

Henrique Matos Agência ECCLESIA

"Brexit" ou "Bremain"? No momento em queescrevo, ainda não obtive resposta. Naspróximas horas as bolsas exultarão com apermanência ou, se os votos ditarem a saída, opânico pode apoderar-se da city, o coraçãofinanceiro da ilha de Sua Majestade. Parece quetudo se resume a consequências económicas epode não ser bem assim. Este referendo é,desde logo, um sintoma do que se passa naUnião Europeia e traduz na ida às urnas, umavontade que não é exclusiva dos britânicos.Quando se dá um passo, há quem perca o medoe decida também avançar, e esse é um risconeste momento.A Europa acomodou-se e aprisionou o sonho dosseus pais fundadores no espartilho de umamoeda única. Os europeus da criação artística,do pensamento, dos ideais, afunilaram todo oseu espírito criativo na obsessão pelos déficesorçamentais.Esta semana, Helena Garrido escrevia no"Observador" que, "a União Europeia precisa demudar e o pensamento anglo-saxónico éfundamental para o que queremos da UniãoEuropeia. É dali que chegam as pressões paramenos burocracia e mais democracia eliberdade". Na verdade precisamos de todos e, éa especificidade de cada um, que confereriqueza ao conjunto.A Europa precisa de desviar o olhar dos gráficosdo desempenho económico e voltar a acreditar ea sonhar. Ter um ideal, um horizonte maismotivante do que o sombrio patamar de 3% dedéfice...

22

Importa acreditar na possibilidadede reacender o entusiasmo no meiode tanto euroceticismo.Há dois anos, passou porEstrasburgo um chefe de Estadoque foi direto ao assunto: "Chegoua hora de construir a Europa quegire não em torno da economia, masem torno da sacralidade da pessoahumana." Não sendo um Estadomembro as palavras tinham oimpacto de saírem da boca de umPapa. Francisco, perante oseurodeputados, ousava apontar umcaminho: "sois chamados a umagrande missão, ainda que possaparecer inútil: tomar-vos decuidados pela fragilidade, pelafragilidade dos povos e daspessoas. Tomar-vos de

cuidados da fragilidade quer dizerforça e ternura, quer dizer luta efecundidade no interior de ummodelo funcionalista (...) que conduzinexoravelmente à “cultura dodescartável”. Tomar-se de cuidadospela fragilidade das pessoas e dospovos significa proteger a memóriae a esperança; significa encarregar-se do presente na sua situação maismarginal e angustiante, e ser capazde ungi-la de dignidade.Estando o Reino Unido, nestemomento, dentro ou fora, averdadeira escolha da Europa ésaber se opta pela união daspessoas ou pela união monetária.Escolhendo a primeira, aindapoderá receber a segunda comoprémio.

23

Page 13: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

24

O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição umconjunto de textos e entrevistas cujo centro está na questãodos refugiados. Após a celebração do Dia Mundial convocadopela ONU, mostramos o trabalho de organizações católicasno terreno, com a Cáritas e o Serviço Jesuíta aosRefugiados, destacando ainda o 10.º aniversário do CentroPedro Arrupe.

25

Page 14: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

O Serviço Jesuíta aos Refugiadostornou-se a minha segunda casaO paquistanês PF chegou a Portugal em 2015 depois de ter sido vítima dediscriminação religiosa e de ameaças de morte no seu país, tudo por sercristão.(Os nomes e locais apresentados na entrevista foram alterados por motivosde segurança)

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício

Agência ECCLESIA (AE) – Quandoé que sentiu que já não era possívelficar no seu país?PF – Há cerca de um ano. Eutrabalhava desde 2007 num grupode apoio à juventude, ligado à IgrejaCatólica, como secretário da

informação, numa diocese. A missãodesse grupo focava-se sobretudonos cristãos mais pobres edesfavorecidos, da região e deoutras comunidades, na prestaçãode apoio médico e legal, entreoutros.No meu último ano no país, comecei

26

a ser vítima de muitas formas dediscriminação, depois de meenvolver na defesa de um jovemcristão assassinado com aconivência das autoridades, cujoprocesso nunca chegou a umaconclusão em tribunal.Como o jovem não aparecia, a suafamília foi ter connosco, comigo ecom o meu pároco, e nós ajudámo-los com os trâmites legais. Era umafamília pobre, iletrada, e nósassumimos todas as açõesinterpostas em tribunal.Entretanto, como se tratou de umcaso que mexeu muito com aopinião pública, comecei a ser alvode ameaças de morte. Uma pessoa,

que foi ligada à morte do rapaz,disse-me para deixar tudo isto delado, ou acontecia-me o mesmo.Depois optaram por outraestratégia, foram ao meu local detrabalho, ofereceram-me dinheiro,desde que eu não fizesse nada.Eu disse não, e responderam quese eu tomasse mais iniciativas nestecaso matavam-me, e que o mesmodestino podia cair sobre a minhafamília, os meus amigos.Foi então que o meu pároco medisse que seria melhor deixar o país,devido ao fanatismo e àdiscriminação que crescia noPaquistão.

27

Page 15: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

AE - À imprensa ocidental têmchegado muitos relatos de violênciae de morte no seu país, tendo portrás motivações religiosas.PF – Sim, deparei-me com muitoscasos, que vão desde um casal depaquistaneses cristãos queimadovivo em Lahore, por muçulmanosfanáticos, até ao de um homemcristão espancado quase até àmorte, simplesmente por estar avender gelados numa praça. Eupróprio fui também alvo de algumasagressões,

bateram-me, lutaram comigo muitasvezes, tenho muitos casos, muitasprovas.Depois do último incidente, comoreferi antes, o meu grupo e tambémo meu pai aconselharam-me aescapar, e com o meu párocoajudaram-me a obter visto paraPortugal. Cheguei faz um ano nopróximo dia 10 de julho.

28

AE – E uma vez em Portugal, comoé que tem sido o acolhimento e aintegração?PF – Nos primeiros dias tive muitosproblemas, conhecia uma famíliapaquistanesa, receberam-medurante um mês, um mês e meio. Eunão tinha emprego, quase nenhumdinheiro, não tinha nada. Comoconhecia a Cáritas, enviei umamensagem à Cáritas Portuguesa eeles deram-me como referência umsacerdote daqui da zona de Lisboa.Esse padre ligou para outraorganização, a Fundação Ajuda aIgreja que Sofre, para falar com aCatarina Martins e o Félix Lungu.Eu expliquei-lhes a minha situação eeles entraram em contacto com oJRS – Serviço Jesuíta ao Refugiado,com o diretor André Costa Jorge, eno dia seguinte fui convocado a ir àsede desta organização.Depois de se inteirarem da minhahistória, eles receberam-me, deram-me abrigo, tudo o que precisava.Pagavam-me todos os meses aalimentação, o transporte. O JRS épor isso para mim como umasegunda casa.

AE – A sua perspetiva agora é voltarà sua terra natal ou permanecer emPortugal?PF – O meu plano é ficar. AE –Espera reencontrar-se com asua família aqui?PF - Sim, espero trazê-los a todospara Portugal e ficarmos a viveraqui. Atualmente tenho emprego e jáapresentei a minha candidaturapara a licença de residência emPortugal, com o estatuto detrabalhador e não de refugiado. AE – Porque optou por não pedirestatuto de refugiado?PF – Porque se o tivesse feito, pelalei europeia não poderia voltaria aomeu país. E pela lei paquistanesa,artigo 6, se eu regressasse ao meupaís depois de ter pedido asilo comorefugiado, seria morto.

29

Page 16: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

AE – Como é que está agora o seuprocesso de licença de residência?PF – A 28 de março fui a umaprimeira reunião no Serviço deEstrangeiros e Fronteiras, com tudoo que era preciso: o meu número desegurança social, o meu número deidentificação fiscal, a minhadeclaração de impostos, os meusexames médicos, tudo estava emordem.Mas os responsáveis do SEFdisseram-me que faltava a inspeçãoao meu local de trabalho. Trêsmeses depois,

ainda não a fizeram e assim ascoisas ficam mais difíceis. Sem aquestão da residência resolvida nãoposso pensar em trazer a minhafamília para cá. Depois deixeitambém um bom negócio noPaquistão, uma farmácia, tenhoainda lá propriedades, bens defamília. Quando tiver autorização deresidência volto ao meu país paravender tudo e começo um novonegócio em Portugal, já com aminha família.

30

AE - Voltar não será arriscado?PF – Será mas alguma vez terei delá voltar, porque com autorização deresidência portuguesa não tereiproblemas, sem autorização teria desolicitar um visto, levaria um mês,dois meses, não seria bom paramim. AE - Daqui de Portugal, como olhapara a situação do seu país?PF – Primeiro, tinha contacto commuitas pessoas no meu país, e porisso tive conhecimento de muitoscasos de blasfémia. Temos o casode Asia Bibi, que ainda permanecena prisão, mas também muitosoutros, por exemplo de jovensqueimados vivos por alegadamenteterem dito mal do Corão.Em Portugal tudo é diferente, é umpaís mais aberto, com liberdadereligiosa, embora também hajaproblemas de discriminação entremuçulmanos e cristãos. AE – Os países são diferentes, masas culturas e as mentalidades comoque viajam com aqueles que vêmpara cá?PF – Sim, mas aqui as coisas nãoainda não resvalam para aviolência, porque aqui a lei é boa ea liberdade religiosa é mais forte.Também no Paquistão os cristãossão uma minoria, aqui são amaioria, daí que me sinta seguro equeira ter aqui comigo a minhafamília.

AE – Mas não é possível estimularmais o diálogo com a comunidademuçulmana no Paquistão?PF – No Paquistão trabalhei comuma comissão para o diálogoreligioso, e o que constatei foi quemuitos líderes muçulmanos, emfrente às câmaras, dos media, dosoutros líderes religiosos dizem umacoisa mas depois na realidadefazem outra. Eles simplesmente nãoaceitam os cristãos nem as suascrenças. AE – O que é que falta então paramudar o contexto no Paquistão,para pacificar o seu país?PF - Mais educação. Porque a maiorparte dos muçulmanos não temestudos, não sabe ler, tem poucaeducação, mesmo religiosa. Porquese a tiverem, relacionam-se melhorconnosco.

31

Page 17: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Centro Pedro Arrupe,10 anos ao serviço dos migrantesO Centro Pedro Arrupe (CPA) emLisboa, ligado aos Jesuítas, celebrahoje o seu 10.º aniversário complanos de maior abertura àcomunidade e de reforço do apoioaos migrantes e refugiados queprocuram o espaço.“Este centro tem acolhido diferentestipos de situações. Já tivemos fasesem que havia o chamado ‘boom’ daEuropa de Leste, para trabalhar emPortugal; neste momento, assiste-sea outra fase, de situações derefugiados”, precisa Rita Sommer,coordenadora do CPA, emdeclarações à Agência ECCLESIA.Este é um centro de acolhimentotemporário para migrantes sem-abrigo, criado em 2006, peloServiço Jesuíta aos Refugiados(JRS-Portugal) em parceria com oAlto Comissariado para a Imigraçãoe Diálogo Intercultural, a CâmaraMunicipal de Lisboa, o Instituto daSegurança Social, a OrganizaçãoInternacional para as Migrações, aProvíncia Portuguesa das Filhas daCaridade de S. Vicente Paulo, aSanta Casa da Misericórdia deLisboa e o Serviço de Estrangeirose Fronteiras.

Em 10 anos de vida, ajudou cercade 400 pessoas “em situação degrande vulnerabilidade”, incluindoalguns refugiados, como refere RitaSommer.“As pessoas vêm de diferentescantos do mundo com situações eprojetos de vida muito diferentes”,observa a responsável.Os residentes fazem voluntariadofora do centro, ganhando“competências profissionais esociais”.Algumas das pessoas que procuramo centro têm como objetivo aintegração na sociedadeportuguesa, outras encontram-se areceber tratamentos devido aproblemas de saúde e outrasaguardam o retorno voluntário aosseus países de origem.Com capacidade para acolher 25adultos, 18 homens e 7 mulheres,têm passado pelo Centro“essencialmente” migrantesprovenientes do Brasil, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe ouUcrânia.Segundo Rita Sommer, 17% dosresidentes conseguiram regressarao país e mais de 40% integraram-se com sucesso no mercado detrabalho.Apesar de o CPA não serexclusivamente para refugiados,

32

a atual crise migratória na Europatem tido impacto no seu trabalho.Algumas pessoas chegam sem oestatuto de refugiado, mas as suassituações são as de “pessoasobrigadas a deixar o país deorigem”, assinala Rita Sommer.A coordenadora lamenta a falta deceleridade na “integração” dosrefugiados na sociedade, porexcesso de burocracia nas políticascomunitárias.

O CPA encontra-se aberto todo odia, procurando oferecer umacompanhamento individualizado acada residente com uma equipatécnica multidisciplinar.A metodologia desenvolvida assentana participação dos residentes, dosquais é esperado que definam osseus objetivos e os concretizem.Rita Sommer trabalha há oito anosneste espaço e considera que “ocentro tem um potencial enorme

33

Page 18: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

por causa da diversidade cultural”que ali existe.A equipa técnica é desafiada a um“trabalho de criatividade”, numcentro que procura promover açõesde “maior dimensão”, abrindo-se àcomunidade envolvente, naAmeixoeira (Alta de Lisboa), esteano com maior atenção aos temasda ecologia, a partir da encíclica‘Laudato si’, do Papa Francisco.“Pretendemos lançar aqui, atravésda celebração do aniversário, uma

primeira pedra para darcontinuidade a uma série detrabalhos que começaram a serdesenvolvidos, nomeadamenteatividades culturais”, observa acoordenadora.O 10.º aniversário do Centro PedroArrupe vai ser celebrado estamanhã numa festa com testemunhosde residentes e ex-residentes, naqual vão ser apresentados osresultados de 10 anos deatividades, concluindo-se com umalmoço comunitário.

José Manuel veio de São Tomé e Príncipe e está a ultimar um cursotécnico, como forma de assegurar um futuro melhor, depois dedificuldades financeiras o terem impedido de frequentar o EnsinoSuperior. “Não foi fácil, ao princípio”, confessa.Quando chegou a Portugal, “tudo era estranho”, mas com a ajuda de umamigo foi encaminhado para o CPA, onde se pôde dedicar aos estudos.Agradece o acolhimento e a responsabilidade de sentir que a casatambém é sua. O sonho, esse, continua a ser concluir o Ensino Superiore regressar ao seu país.

34

35

Page 19: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

«Emigrar não é nada fácil»Sambu Kassamá é natural da Guiné-Bissau e veio para Portugal porcausa de um problema respiratório,neste momento, está no Centro deacolhimento temporário PedroArrupe (CPA), depois de curar-see tirar um curso quer regressar para“contribuir”.“O meu sonho é voltar ao meu país,quero sempre voltar”, referiu estaquinta-feira o jovem de 26 anosresidente no CPA, o centro deacolhimento temporário paramigrantes sem-abrigo, criado peloServiço Jesuíta aos Refugiados(JRS-Portugal), em 2006.À Agência ECCLESIA, SambuKassamá explica que “emigrar não énada fácil” e sublinha que está emPortugal por causa de um problemade saúde, “respiratório”, masquando “estiver bom”, e depois determinar um curso, vai “regressarum dia” à Guiné Bissau para dar assuas “contribuições”.Antes de ser enviado por uma juntamédica para Portugal já tinhatrabalhado na Guiné Bissau eterminou o 11.º ano deescolaridade, não fazendo maisporque “não havia 12.º”, mas tirouum curso de Administraçãorevelando que

gosta “é de gestão empresarial oubancária”.Sobre o problema respiratório contaque no CPA “aconteceu duas vezes”– “na primeiro cai com um ataque” –estando a ser acompanhado pelo“médico do JRS”.Sambu Kassamá está a “estagiar”numa Escola no Lumiar mas àsvezes faz outros trabalhos, como oque terminou esta quinta-feira noCentro Comercial da Portela, ondeesteve durante duas semanas.“Também estou à espera deemprego no próximo mês e achoque com a ajuda de Deus pode serrealidade”, acrescentou.O entrevistado está no CPA há trêsmeses, recorda que chegou numasexta-feira mas “o centro não estavaa receber pessoas” e ficou “muitostressado”, tendo regressado nasegunda-feira seguinte.“É difícil passar por todos osdepartamentos”, observa,destacando que fez uma entrevistae passou por todas as fases até aodepartamento de emprego, e“passados dois dias” recebeu umachamada para ir para o serviço doJRS.Sambu Kassamá quando chegou

36

ao Centro Pedro Arrupe conheceuas regras, disse que podia adaptar-se a “tudo o que o centro exige” eganhou “confiança”.“No centro estou bem, concentradonas minhas expetativas, à espera deum futuro melhor porque graças aDeus, ao JRS e ao CPA posso dizerestou bem em Portugal”, observa.O CPA fica na Ameixoeira, Lisboa,ao lado de um bairro onde vive aetnia cigana com quem oentrevistado

conta que dá-se “bem com acomunidade” onde tem “muitosamigos” que o convidam para “jogarfutebol”.“Não tenho problema quanto arelacionamento com a comunidade”,acrescenta o jovem guineense.Na Guiné Bissau, Sambu Kassamáconta que deixou a mãe, irmãs e umirmão com quem fala “de vez emquando”.

37

Page 20: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

“Admiramos imensamenteo povo português”

Desde o início do conflito sírio, oLíbano recebeu já mais 1.5 milhõesde refugiados sírios e iraquianos. ACáritas do Líbano foi uma dasprimeiras instituições a criarcondições de acolhimento,implementando junto dos camposcentros de formação para mulherese atividades de ocupação detempos

livres para crianças. A situaçãovulnerável das famílias origina casosde exploração laboral e deprecariedade extrema. A Cáritas doLíbano presta apoio económico esocial a vários níveis,nomeadamente da saúde,educação, legalização eacompanhamento psicológico, entreoutros. Com uma média de

38

aproximadamente 20 novos casospor semana, a situação tornar-se-iainsustentável se não contassemcom o apoio internacional.A delegação da Cáritas Portuguesavisitou, no Vale de Beqaa, junto àfronteira com a Síria, o projetoapoiado pela PAR – Plataforma deApoio aos Refugiados que já fezchegar 100.000 euros à Cáritas doLíbano no início do ano, recolhidospela campanha PAR-Linha daFrente. O sucesso desta campanha,que se prolongou até ao dia 18 demarço, mitigou a fome e cuidoumuitos doentes, tornando menosrigoroso o inverno passado,fornecendo a 120 pessoasaquecedores e combustível, nestecaso através do contributo de25.000 euros do fundo paraemergências internacionais daCáritas Portuguesa. Atualmenteestão em cursos vários programashumanitários destinados tanto àpopulação refugiada como àpopulação libanesa local, que se vêcada vez mais afetada com asituação da crise síria que provocafalta de emprego e sobre-exploração dos recursos do Líbano.A coordenadora de um dos centrosvisitados alertou para o grandenúmero de casos de apoiopsicológico e social relacionadoscom violência sexual e de género ede proteção infantil. Apesar doscasos de violações terem vindo adiminuir ao longo dos últimosmeses, existem

ainda muitas mulheres refugiadasvítimas deste flagelo, vindasdiretamente da Síria ou na suachegada ao Líbano, fruto davulnerabilidade da sua situação.O Presidente da Cáritas Portuguesaassinou um novo acordo decooperação com a Cáritas doLíbano para apoiar um programa deeducação junto à fronteira com aSíria. Serão beneficiadas 70crianças e jovens da região, sírios elibaneses. Portugal vai contribui com25.000 euros, o que corresponde a24% do valor total para um projetoglobal de educação, daresponsabilidade da Cáritaslibanesa. A verba a ser aplicadaprovém da Campanha Nacional “10Milhões de Estrelas- um gesto pelapaz”, do ano passado. O responsável pelo Programa,subsidiado pela Cáritas Portuguesa,no campo de refugiados Ramzi AbouZeid disse na ocasião: “Estamosmuito agradecidos e admiramosimensamente o povo português pornos ajudar, sabendo de todas asdificuldades que enfrentamosatualmente. Os vossos donativossão de extrema importância, poisestas são as necessidades maisprementes que a população maisvulnerável enfrenta no nosso país.Esperamos poder continuar com apreciosa ajuda dos portugueses nospróximos tempos.”

Eugénio FonsecaPresidente da Cáritas Portuguesa

39

Page 21: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Obrigado por apoiar as criançasrefugiadas no Líbano!

Em setembro de 2015, no auge da“crise dos refugiados” foi lançadaem Portugal a Plataforma de Apoioaos Refugiados (PAR), da qual oServiço Jesuíta aos Refugiados(JRS) é um dos membrosfundadores. Um dos eixos principaisde atuação desta plataforma foi olançamento da campanha PARLinha da Frente que pretendeu daruma resposta mais ampla à crise derefugiados apoiando projetos empaíses que estavam na “linha dafrente” do seu acolhimento. Nestesentido, o Líbano foi o paísescolhido para receber os fundos

angariados em Portugal pelacampanha para serem aplicados emprogramas de emergênciahumanitária desenvolvidos peloServiço Jesuíta aos Refugiados(JRS) e pela Caritas naquele país,um dos que mais refugiadosacolheram.No início deste mês, desloquei-meao Líbano com o propósito deavaliar e acompanhar a aplicaçãodos donativos que os portuguesesfizeram para a campanha PAR Linhada Frente- Líbano. Tal como muitosde nós, os meus conhecimentossobre a realidade libanesalimitavam-se a

40

algumas noções históricas políticase geográficas. Nesta visita, paraalém de poder ver como estavam aser utilizados os apoios alcançados,pude ter também um contacto maisprofundo com a realidade destepaís do Médio Oriente, que, apesarde pequeno em dimensão territorial,conta com uma elevada densidadepopulacional e sobretudo com umahistória milenar e uma diversidadereligiosa e social que lhe conferemum estatuto único na região.Apesar das imensas diferenças quepude encontrar ao viajar peloterritório de um país que sofre coma exigente e difícil situação de ter deacolher quase dois milhões derefugiados, é a situação dascrianças que mais salta à vista eque naturalmente mais impressionapela sua dureza e vulnerabilidade.

A realidade que pude observarconfirma os dados do final de marçode 2016, que apontam para aexistência de mais de 460 milcrianças refugiadas sírias comidades compreendidas entre os 3 eos 17 anos em território libanês.Pela herança da longa experiênciajesuíta na área da educação, pelasua missão de acompanhar, servir edefender todos os refugiados e porquerer estar onde faz mais falta emais ninguém está, o JRSdesenvolve, desde 2013, umprograma de educação não formalna região de Bekaa, no leste doLíbano. O objetivo deste programa,além de evitar o abandono escolar ea entrada precoce no mundo dotrabalho, é dar apoio a muitas dascrianças que não têm acesso aoprograma de educação formal.Quase 70% dos refugiados noLíbano

41

Page 22: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

vivem no norte do país e no vale deBekaa, devido à sua proximidadecom a Síria. A proporção derefugiados sírios para cidadãoslibaneses nesta zona já é de 1 para2 e a maioria das famílias que vivenesta região vive em camposimprovisados, o que as deixaexpostas às más condiçõesatmosféricas, de higiene e a umaproteção insuficiente. Muitascrianças sírias são forçadas acomeçar a trabalhar para poderemajudar as suas famílias enormalmente aceitam trabalhos nosetor da agricultura. Mais de

metade das crianças sírias a viveraqui adquire apenas ascompetências mínimas de leitura eescrita antes de começarem atrabalhar. Esta região tem o númeromais elevado de abandono escolar(85%) dada a falta de escolas naszonas envolventes.Quando surgiu a ideia de avançarcom a campanha, o JRS optou porcanalizar os fundos recolhidos parao apoio à alimentação das criançasabrangidas por estes projetoseducativos dada a gravidade da suasituação e sobretudo

42

porque, desde janeiro de 2015, oPrograma Alimentar Mundial cortoupara metade o orçamento na regiãodevido à falta de financiamento.Como sabemos, a alimentação é umdos direitos básicos de qualquer serhumano, em especial quandofalamos de crianças. Nenhumacriança malnutrida conseguealcançar os níveis mínimos deconcentração e atençãonecessários em idade escolar.Calculámos que cada refeiçãotivesse um custo de apenas 0,29euros, pelo que 102 eurosbastariam para garantir o acesso àprimeira refeição da manhã a maisde 1700 crianças refugiadas

com os fundos recolhidos pelacampanha. Voltei desta visita com a certeza deque os fundos doados – no total oJRS-Líbano receberá cerca de 113mil euros - estavam a ser bemutilizados, mas voltei sobretudo comum sentimento de profunda gratidãopela ajuda que os portuguesesderam à causa das criançasrefugiadas no Líbano. Apesar de seruma pequena gota de água noimenso oceano de sofrimentos estefoi um gesto concreto em favor dosmais vulneráveis. Aproveito estaslinhas para, em nome do JRS,expressar o meu bem-haja a todosos que contribuíram e se sentiramchamados a ser construtores dapaz.

André Costa Jorgediretor do Serviço Jesuíta aos

Refugiados

insira a foto aqui

43

Page 23: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Refugiados sentaram-se junto aoPapa na Praça de São Pedro

O Papa fez-se acompanhar naaudiência geral desta semana porum grupo de refugiados acolhidopela Cáritas de Florença (Itália),com o lema ‘Por um futuro emconjunto’. “Hoje acompanham-meestes rapazes. Muitos pensam queseria melhor que tivessem ficado nasua terra, mas ali sofriam tanto. Sãoos nossos refugiados, mas muitosconsideram-nos como excluídos.Por favor, são os nossos irmãos. Ocristão não exclui

ninguém, dá lugar a todos, deixa virtodos”, disse, no decorrer doencontro com peregrinos de todo omundo.Os 13 refugiados de origem africanaforam ao encontro de Francisco nofinal do percurso do papamóvel pelaPraça de São Pedro, no Vaticano,caminhando depois com o pontífice,para sentar-se diante da cadeiradesde a qual o Papa apresentou asua tradicional catequese semanal.A intervenção papal sublinhou

44

a importância de “tocar” osofrimento dos mais necessitados,partindo do exemplo de Jesus Cristoque foi ao encontro dos leprosos doseu tempo, “excluídos” pelasociedade, “longe de Deus e longedos homens”.“Quantas vezes encontramos umpobre que vem ao nosso encontro.Podemos ser generosos, podemoster compaixão, mas por norma nãolhe tocamos. Oferecemos-lhe amoeda, mas evitamos tocar a mão,deitamo-la lá. Por favor, são nossosirmãos”, apelou.O Papa confessou que repete emoração a frase que o Evangelhoatribui a um leproso que se dirigiu aJesus: ‘Senhor, se quiseres, podespurificar-me’. “Tocar o pobre podepurificar-nos da hipocrisia e levar-nos a preocupar-nos com a suacondição”, assinalou, convidando ospresentes

a pensar nas suas próprias“misérias”.No final da audiência, Franciscosaudou os peregrinos e visitantesde língua portuguesa, em particularum grupo de Escuteiros de Leiria,encorajando-os a “apostar em ideaisgrandes de serviço, queengrandecem o coração e tornamfecundos” os talentos.Após a catequese, o Papa saudoupessoalmente cada um dosrefugiados que o acompanharam naaudiência, oferecendo-lhes umpequeno presente.

Segundo o Alto-Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) há atualmentecerca de 65,3 milhões de pessoas refugiadas, requerentes de asilo ouinternamente deslocadas, a maior crise de migrações desde a 2.ª GrandeGuerra Mundial e mais de metade são da Síria, Afeganistão e Somália. Aorganização da ONU tem a decorrer a petição #ComOsRefugiados.

45

Page 24: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Francisco dedica mensagema menores migrantes

O Papa vai escrever umamensagem sobre a situação dosmenores migrantes, “vítimas degraves violações” dos DireitosHumanos, anunciou o Vaticano. OConselho Pontifício da Pastoral paraos Migrantes e Itinerantes (SantaSé) adiantou que o tema para o103.º Dia Mundial do Migrante eRefugiado (15.01.2017) é ‘Menoresmigrantes, vulneráveis e sem voz’.“O Santo Padre que centrar aatenção sobre os mais pequenosdos pequenos. Muitas vezes, ascrianças chegam sozinhas aospaíses de destino e não estão emcondições de fazer ouvir a suaprópria voz”, refere o organismo daSanta Sé, em comunicado.

O texto sublinha que a migração éum “fenómeno mundial” que não dizrespeito só a pessoas “em busca detrabalho ou de melhores condiçõesde vida” mas também a adultos emenores que “fogem de verdadeirastragédias”. “É necessário garantirque em cada país onde osmigrantes e as suas famíliascheguem, gozam do plenoreconhecimento dos seus própriosdireitos”, acrescenta a Santa Sé.O tema escolhido pelo Papa tem emconsideração que as crianças sãoos “mais frágeis” no contexto dasmigrações, “muitas vezes invisíveis,

46

porque estão privados dedocumentos ou semacompanhantes”.O Dia Mundial do Migrante eRefugiado nasceu em 1914 poriniciativa da Santa Sé, com apreocupação de apoiar osemigrantes e a formação dosmissionários que osacompanhavam. Pessoas como nósO Papa Francisco associou-se noVaticano à celebração do DiaMundial do Refugiado 2016,promovido pela ONU, e convidou aacolher e ouvir

quem deixa a sua terra. “Osrefugiados são pessoas como nós,porém a guerra tirou-lhes casa,trabalho, parentes e amigos. Assuas histórias e os seus rostosconvidam-nos a renovar ocompromisso para construir a pazna justiça”, declarou, perantemilhares de pessoas reunidas naPraça de São Pedro para arecitação da oração do ângelus. O tema escolhido este ano para oDia Mundial do Refugiado, que secelebrou na segunda-feira, é ‘Comos refugiados. Estamos do lado dequem é obrigado a fugir ’.“Queremos estar com eles: encontrá-los, acolhê-los, ouvi-los para nostornarmos juntos artesãos da paz,segundo a vontade de Deus”,declarou Francisco.

47

Page 25: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Cáritas Europa pede canais seguros elegais para entrada na UE

A confederação europeia da Cáritasapelou à criação de canais “segurose legais” para entrada de refugiadosna Europa, contestando a “crise desolidariedade” no continente.Numa nota enviada à AgênciaECCLESIA, a respeito do DiaMundial do Refugiado que seassinala anualmente a 20 de junho,a ‘Cáritas Europa’ propõe aosEstados-membros da UniãoEuropeia um conjunto de ações, acomeçar por investimento “efetivo”no salvamento de vidas no mar.A organização católica defende acriação de vistos humanitários“acessíveis” e a facilitação dareunificação familiar, de forma apromover a “integração” derefugiados e migrantes.

A Cáritas exige ainda o fim deacordos de “readmissão e regresso”como condição para a ajuda aodesenvolvimento.“Há soluções para a presente crisede solidariedade na Europa, não hánecessidade de colocar em perigo avida de migrantes e refugiados oude prolongar desnecessariamente oseu sofrimento”, pode ler-se.A Cáritas Europa apela aos “valoresfundadores” da dignidade, equidadee respeito pelos Direitos Humanos.De acordo com a ONU, pelo menos10 mil morreram desde 2014 aotentar chegar à Europa.

48

“As políticas restritivas da UniãoEuropeia impedem as pessoas deentrar na Europa com segurança,resultando por isso em númerosinsuportáveis de mortes”, alerta aCáritas.A organização católica lamenta afalta de apoio a pessoas que fogemda “guerra e da perseguição”.

OraçãoO Fórum de Organizações Católicaspara a Imigração e Asilo (FORCIM)propôs uma oração para assinalar oDia Mundial do Refugiados 2016.Este dia serve para recordar “asituação dramática em que seencontram tantas pessoasrefugiadas, deslocadas internas eperseguidas”, realça umcomunicado enviado à AgênciaECCLESIA pela Obra CatólicaPortuguesa de Migrações, uma dasentidades que pertence ao FORCIM.Perante esta realidade, o FORCIMpropõe este “gesto que pretenderesponder a este clamor,protagonizado pelos refugiados”, lê-se no comunicado.Os cristãos acreditam que “a oraçãoe ação caminham lado a lado” epara a “edificação de umasociedade mais humana e fraterna”,eis o motivo pelo qual dirigem “esteconvite em primeiro lugar aoscristãos, comunidades cristãs,grupos e movimentos, para que seassociem a esta iniciativa que podee deve ser partilhada e rezada portodos aqueles que acreditam noDeus Misericórdia”, acrescenta anota.

49

Page 26: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Aristides de Sousa Mendes emmuseuhttp://mvasm.sapo.pt/ Esta semana a sugestão denavegação passa por um sítiobastante interessante e original. É omuseu virtual de homenagem aocônsul de Portugal em Bordéus eque contribuiu para salvar muitasvidas durante a perseguição dosnazis aos judeus. Certamente jáperceberam que falo de AristidesSousa Mendes, esse extraordináriohomem que com um espíritoaltruísta e certo das suasconvicções e valores morais nãoousou em enfrentar os poderososdaquela época.Conhecendo bem ou mal a suahistória, vale a pena visitar o museuvirtual que foi disponibilizado onlinejá há alguns anos, mas que merecea nossa atenção.O sítio está concebido para oferecerao utilizador uma viagem pela vida eobra deste homem, através de doiscaminhos bastante distintos. Umprimeiro caminho é a exposiçãovirtual onde é disponibilizada umaexperiência audiovisual e interactivabastante interessante. O outro éuma base de conhecimento que foi

criada tendo em vista a oferecer aoutilizador a possibilidade deaprofundar os temas tratados naexposição virtual, através de umapesquisa rápida e fácil.Na parte da exposição virtual, énarrado de uma formacontextualizada, com uma qualidadegráfica fabulosa e uma excelênciade conteúdos impar para arealidade nacional, o acto dedesobediência consciente que ocônsul de Portugal em Bordéuspossibilitou através dos vistosconcedidos, salvar um número depessoas que se estima em 30 000.Esta mostra virtual está organizadaem três corredores: o da Guerra, oda Fuga e o da Liberdade eproporciona aos visitantes umaexperiência audiovisual interativa,com base em filmes da época,dobrados ou legendados, commapas e testemunhos reais.Por outro lado, quem procurainformação específica e não queefetuar a visita pelos várioscorredores da exposição, tem comoopção a consulta da base deconhecimento, onde toda ainformação se encontra catalogadapor áreas e disponível

50

para todos. Sempre muito bemestruturada e de fácil acesso.Pois bem, aqui fica mais um sítiopara se adicionar aos favoritos, coma certeza porém, que nos possibilita

uma viagem única conhecendo eaprofundando um pouco mais a vidadeste Homem de Deus.

Fernando Cassola Marques

51

Page 27: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Mais dois clássicosda literatura espiritual portuguesaA PAULUS Editora apresenta estemês mais dois livros da coleção«Clássicos da Literatura Espiritual»:Vida de Santo António de Lisboa,de Aloísio Tomás Gonçalves, e Agarça e a serpente, de FranciscoCosta.São livros que, apesar da passagemdos anos e da mudança desensibilidade literária e espiritual,continuam a ter algo significativo adizer-nos. Por este motivo aPAULUS Editora quer repropô-los etrazê-los para os nossos dias. Estesdois títulos vêm juntar-se aos livrosFátima, Graças-Segredos-Mistérios,de Antero de Figueiredo, eFrancisco de Assis, Renovador dahumanidade, de Guedes de Amorim,ampliando a coleção de clássicos daliteratura espiritual, coordenadapelo escritor Jorge Reis-Sá. Vida de Santo António de Lisboa éum livro escrito por Aloísio TomásGonçalves, professor e estudiosoda obra de São Francisco de Assise de Santo António. O autor,consciente da abundante literaturasobre Santo António, desejouescrever esta biografia unicamentecom a preocupação de reconstruircom

os materiais antigos, que as lendase a tradição nos trouxeram, umaobra atualizada e ajustada àsexigências da historiografiamoderna.No prefácio, o escritor HenriqueRaposo diz que o autor «não isolaas ideias de Santo António emgrandes

52

chavões abstratos e regurgitáveispara o público moderno; o autor temo mérito de seguir o rastoempoeirado das viagens de SantoAntónio por Portugal, Itália eFrança». Diz o prefaciador que«Santo António representa umaviagem exterior e uma peregrinaçãointerior que nós, portugueses,devíamos recuperar». O desejo deHenrique Raposo é que a «reediçãodeste livro hagiográfico mashonesto seja apenas o início dessaredescoberta». A garça e a serpente é umromance sobre um bancáriomelancólico e descrente, Manuel,que vive entre dois amores:Albertina e Ana. Após longaausência em África, quandoregressa ambas estão casadas. Asua vida será envolvida numa sériede problemas e questões de honra,emoções e dramashumanos até que Manuel despertapara valores mais altos,entregando-se a Deus comohumilde servidor.Guilherme d’Oliveira Martins assinao prefácio, onde refere que«A garça e a serpente nos permitetomar contacto com o confronto,numa sociedade como era aportuguesa, entre o mundo que seabria às mudanças, por um lado, euma mentalidade fechada, protegidae algo complacente, confrontadacom os novos ventos da História,por outro».

O autor, Francisco Costa, nasceuem Sintra em 1900 e ali viveu até àsua morte em 1987. Escritor deconvicções católicas profundas,editou livros de poemas e de ensaiobem como vários romances. Destes,realce para este A garça e aserpente (1943), Prémio Eça deQueiroz, e Cárcere invisível (1949),Prémio Ricardo Malheiros daAcademia das Ciências de Lisboa,que será reeditado em brevetambém pela PAULUS Editora.

53

Page 28: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

II Concílio do Vaticano: O «completosilêncio» do cardeal Cerejeira

Logo após o encerramento do II Concílio do Vaticano(1962-1965), o anseio, sobretudo dos padres maisnovos do Patriarcado de Lisboa, por um início rápidoda renovação pastoral da Diocese de Lisboa esbarrounum completo silêncio do cardeal Manuel GonçalvesCerejeira.Numas jornadas de atualização teológico-pastoral doclero, realizadas no Seminário dos Olivais, em janeirode 1991, o padre Luis Azevedo Mafra falou sobre os«Aspetos da aplicação do concílio no Patriarcado» esublinhou: “Ao cair do pano sobre o palco de SãoPedro sucedeu completo silêncio do nosso patriarcadurante os primeiros meses. Como se o que sepassara não merecesse uma palavra! Chocou-nos ecausou-nos mal-estar” (Conferência do padre LuisAzevedo Mafra).Aos presentes, o referido sacerdote da diocese deLisboa frisou que admitia “perfeitamente que suaeminência tivesse intenção de agir, mas fechou-sedemasiado em si próprio, talvez, quem sabe, pela suaconhecida maneira de ser e de atuar, e é possível quetambém pelos seus muitos afazeres”.Convocado pelo Papa João XXIII e continuado peloPapa Paulo VI, esta assembleia magna, realizada naBasílica de São Pedro (Vaticano) de 1962 a 1965, nãoteve o impacto que muitos elementos do clero deLisboa ansiavam. “Pareceu-nos, no entanto, quedepois de acontecimento de tal monta, com tantas etão grandes consequências para toda a Igreja e,portanto, também para o Patriarcado, deveria dizeralgo, ao menos aos seus

54

padres: sua impressão do concílio,intenções, uma certa partilha do seuespírito e preocupações de pastor.Não o terá percebido, porém, enada nos comunicou”. (Palavras dopadre Luis Azevedo Mafra).Na partilha aos elementos do clerode Lisboa, o conferencista realçaque não tinha “suficiente lembrançae ideia da situação pastoral doPatriarcado antes do Concílio”porque estava confinado a algumtrabalho de coadjutor e com ajuventude estudantil. A convivênciacom outros colegas, a partir de1963, na residência de assistentes

diocesanos da Ação Católica (AC),na rua da Bela Vista à Lapa (Lisboa)e o desenrolar do concílio é que oforam “aproximando mais darealidade e situação pastoral doPatriarcado”. Além das deficiênciasexistentes ao nível pastoral, o padreLuis Mafra revelou que “um elevadonúmero de padres” estava“insatisfeito e descontente” com apastoral diocesana. O espíritorenovador do concílio “nelesproduzia uma animação edespertava uma esperança notáveis”

55

Page 29: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Junho 2016 25 de junho. Fátima -Peregrinação nacional dasSantas Casas de Misericórdia . Aveiro - Seminário de Aveiro -Campo de férias vocacional pararapazes e raparigas da catequeseda adolescência (25 e 26 de junho) . Fátima - Peregrinação da Diocesede Beja ao Santuário de Fátima (25e 26 de junho) . Lamego - Santuário de NossaSenhora da Lapa, 09h30 - O dia dafamília diocesana de Lamegorealiza-se numa dinâmica queacentua a festa, o convívio e oencontro. . Guarda - Apostólico D. João deOliveira Matos, 14h30 - ConselhoPastoral Diocesano presidido por D.Manuel Felício, bispo da Guarda. . Fórum Lisboa, 21h30 - AOrquestra Philarmónica de Lisboavai promover um concerto dehomenagem à Comunidade Vida ePaz (CVP) para que o público emgeral “não esqueça” o trabalho daorganização católica.

26 de junho. Coimbra -BTT solidário promovidopela Cáritas Diocesana de Coimbrae «Roda Pedaleira» . Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Encontro nacional dos gruposbíblicos e de toda a «famíliacapuchinha» . Coimbra - Sé Nova, 16h00 - Ordenações sacerdotais (trêspadres) e diaconais (dois diáconos) . Algarve - Quarteira (Igreja de SãoPedro do Mar), 17h00 - Ordenaçõessacerdotais de Fernando Rocha eJosé Chula 28 de junho. Vaticano - Palácio Apostólico- Cerimónia de homenagem nos 65anos de sacerdócio de Bento XVI . Lisboa - Instituto Superior deCiências Sociais e Políticas, 12h00 - Lançamento da obra «Portugal e acrise global» da autoria de AdrianoMoreira com apresentação de D.Manuel Clemente

56

. Lisboa – UCP, 17h00 - Oarcebispo de Boston (EstadosUnidos da América), D. Seán PatrickO`Malley, vai proferir umaconferência sobre «A Missão doPapa Francisco e os Desafios daIgreja no Presente». 29 de junho. Lisboa, 09 jun 2016 (Ecclesia) – AsFaculdades de Teologia, deCiências Humanas e o Centro deFilosofia da Universidade CatólicaPortuguesa promovem a SummerSchool 2016 intitulada‘Entendimento Global ecompromisso com as periferias’, até 01 de julho, em Lisboa. . Aveiro - Vagos (Salão Paroquial) - Exposição sobre os 60 anos daParóquia de Santo António deVagos (até 15 de agosto) . Coimbra - Biblioteca geral daUniversidade de Coimbra, 14h30 - ABiblioteca geral da Universidade deCoimbra vai receber umaconferência sobre «ClavisBibliothecarum – Novas chaves deinvestigação». . Aveiro - Auditório da Livraria daUniversidade de Aveiro, 16h00 - Lançamento da obra «Fernão deOliveira, humanista notável» demonsenhor João Gaspar

. Algarve - Faro (Colégio de NossaSenhora do Alto), 18h00 - Palestra sobre o trabalho e agestão empresarial à luz damisericórdia de Deus por JoãoPedro Tavares e promovida pelonúcleo do Algarve da ACEGE . Aveiro – Vagos, 19h30 - Celebração dos 60 anos daParóquia de Santo António de Vagospresidida por D. António Moiteiro,bispo de Aveiro . Lisboa - Estoril (Auditório da Igrejada Senhora da Boa Nova), 21h15 - A Paróquia de Santo António doEstoril (Lisboa) e a Editora Lucernavão lançar a obra, «Sermão daMontanha – Caminho de umPeregrino» da autoria do padreRicardo Neves, falecido em agostode 2015. 30 de junho. Itália - Peregrinação a Itália noâmbito do Ano da Misericórdiapromovida pelo Igreja/Santuário deSanto António à Sé, em Lisboa. . Alemanha - Encontro dos cristãos«Juntos pela Europa» - até 02 dejulho . Açores - Ilha Terceira (Sé), 18h00 - Homenagem a D. António SousaBraga, bispo emérito de Angra

57

Page 30: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

O Santuário de Fátima apresenta o espetáculomultimédia ‘A Luz do Anjo’, nos dias 24 a 26 de junho,com projeções de video mapping, num percurso“imersivo” onde leva as novas tecnologias aosValinhos e a Aljustrel. A Orquestra Philarmónica de Lisboa vai promover umconcerto de homenagem à Comunidade Vida e Paz(CVP), no dia 25 de junho, pelas 21h30, no FórumLisboa, para que o público em geral “não esqueça” otrabalho da organização católica. Os frades menores Capuchinhos vão promover dia 26de junho um encontro nacional dos grupos bíblicos ede toda a “família capuchinha”, no Centro PastoralPaulo VI, em Fátima, com o tema ‘Santificados pelaPalavra’. O Papa emérito Bento XVI vai voltar ao palácioapostólico do Vaticano a 28 de junho, para umacerimónia de homenagem nos seus 65 anos desacerdócio, com a presença do Papa Francisco. Adriano Moreira vai publicar o livro “Portugal e a CriseGlobal”, apresentado publicamente no dia 28 por D.Manuel Clemente. A sessão decorre no InstitutoSuperior de Ciências Sociais e Políticas, às 12h00.

58

59

Page 31: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

10h30 - Oitavo Dia 11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 26 de junho - Ofuturo em Angola: a análisedo vice-presidente daConferência Episcopal, D.José Imbamba Segunda-feira, dia 27 - Entrevista a Luís Gonzaga,sobre o conceito de "inteligência espiritual". Terça-feira, dia 28-Informação e entrevista a freiIsidro Lamelas, sobre o livro"As Origens do Cristianismo.Padres Apostólicos". Quarta-feira, dia 29 dejunho - Informação e entrevista André Costa Jorge,sobre o acolhimento dos refugiados Quinta-feira, dia 30 - Informação e entrevista a freiJosé Nunes, sobre os 800 anos dos Dominicanos. Sexta-feira, dia 01 de julho - Análise à liturgia dedomingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio. Antena 1Domingo, dia 26 de junho - 06h00 - JMJ - Cracóvia2016, com entrevista a D. Joaquim Mendes Segunda a sexta-feira, 27 de junho a 01 de julho - 22h45 - Campanha "Seja a Misericórdia de Deus" -Fundação Ajuda a Igreja que Sofre - necessidades,lugares, apóstolos e frutos da Misericórdia

60

61

Page 32: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Ano C – 13.º Domingo do TempoComum Chamados àliberdade noamor

A liturgia deste décimo terceiro domingo do tempocomum sugere que Deus conta connosco para intervirno mundo, para o transformar e salvar; e convida-nosa responder a esse chamamento com disponibilidadee radicalidade, na liberdade e no dom total de nósmesmos às exigências do Reino.A primeira leitura apresenta-nos Eliseu, discípulo deElias, como aquele que escuta o chamamento deDeus, corta radicalmente com o passado e partegenerosa e livremente ao encontro dos projetos queDeus tem para ele.O Evangelho indica-nos que o caminho do discípulo éfeito de exigência, de radicalidade, de entrega total eirrevogável ao Reino. Esse caminho deve serpercorrido no amor e na entrega, sem fanatismos nemfundamentalismos, no respeito absoluto pelas livresopções dos outros.A segunda leitura diz ao discípulo que o caminho doamor, da entrega, do dom da vida, é um caminho delibertação. Responder ao chamamento de Cristo,identificar-se com Ele e aceitar dar-se por amor, énascer para a vida nova da liberdade, sempreconduzidos pelo Espírito.Paremos uns momentos nas palavras de Paulo, umveemente convite à liberdade. Logo no início, ele avisaos Gálatas que foi para a liberdade que Cristo oslibertou, explicando de seguida em que consiste aliberdade para o cristão.Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viverno amor. O que nos escraviza, nos limita e nos impedede alcançar a vida em plenitude é o egoísmo, oorgulho, a autossuficiência. Superar esse fechamentoem

62

nós próprios e fazer da nossa vidaum dom de amor torna-nosverdadeiramente livres.Esta liberdade, qual capacidade deamar e dar a vida, nasce da vidaque Cristo nos dá: pela adesão aCristo, gera-se em nós umdinamismo interior que nos identificacom Ele e nos dá uma capacidadeinfinita de amar e de superar oegoísmo, o orgulho e os limites, ouseja, com uma capacidade infinitade viver em liberdade. É o Espíritoque alimenta, dia a dia, essa vida deliberdade ou de amor que se gerouem nós, a partir da nossa adesão aCristo.Deixemo-nos conduzir pelo Espírito,que nos chama à liberdade,

marca da nossa identidade cristã,que devemos defender e promover,sempre no dinamismo do amor deDeus. O resumo da lei da liberdadeé «amar o teu próximo como a timesmo». E acrescenta o apóstolo:«Se vós, porém, vos mordeis edevorais mutuamente, tendecuidado, que acabareis por destruir-vos uns aos outros... Pela caridade,colocai-vos ao serviço uns dosoutros».Que assim seja ao longo destasemana, quase a terminar o mês doCoração de Jesus e em plenacelebração do Ano Santo daMisericórdia!

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

63

Page 33: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Papa visitou sacerdotes idosos edoentes

O Papa visitou em Roma dezenasde sacerdotes doentes e enfermos,numa iniciativa inserida no AnoSanto da Misericórdia. De acordocom informações avançadas hojepela Rádio Vaticano, Francisco quislevar “a sua proximidade e atenção”a estes padres mais debilitados eque “não puderam participarfisicamente” no recente Jubileu dosSacerdotes, “mas que estiverampresentes com a oração”.O Papa argentino deslocou-se adois centros de acolhimento parapadres idosos e doentes, a casa“Monte Tabor”, onde “residem oito

sacerdotes com diversos tipos deproblemas, provenientes dediferentes dioceses”, e a casa “SãoCaetano”, direcionada para o cleroda Diocese de Roma e que apoiaatualmente 21 presbíteros, “algunsdeles muito doentes”. A RádioVaticano destaca “uma tarde rica deemoções, encontros, momentos deoração e alegria espiritual”. Antesdesta iniciativa, Francisco visitaraem janeiro uma casa de repousopara idosos e doentes em estadovegetativo; em fevereiro umacomunidade de toxicodependentesem Castel Gandolfo; e em março,

64

na Quinta-feira Santa, um centro deacolhimento para refugiados emCastelnuovo di Porto.Em abril viajou para a ilha grega de

Lesbos para se encontrarrefugiados e depois visitou acomunidade “Chicco” em Ciampino,para pessoas com gravesproblemas mentais.

Audiência jubilarO Papa destacou este sábado no Vaticano a abertura à conversão como umdos principais desafios da condição cristã, durante uma audiência públicacom os peregrinos na Praça de São Pedro, integrada no Jubileu daMisericórdia. “A verdadeira vida e a verdadeira alegria”, salientou Francisco,chega quando “nos abrimos à misericórdia” de Deus e somos capazes decaminhar rumo a uma mudança.“Quantas vezes sentimos esta exigência, quantas vezes dissemos a nóspróprios ‘não posso continuar assim, esta vida não me vai levar a ladonenhum, será uma vida inútil, eu não vou ser feliz’. Quantas vezes tivemosestes pensamentos?”, questionou o Papa argentino.Para Francisco, não há que ter medo da conversão, de arriscar seguir outrorumo, nunca é tarde para trilhar outros caminhos, sabendo que a ajuda deCristo nunca falha, “ele oferece continuamente o seu perdão”.

65

Page 34: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

«Em Passos para Mais», PapaFrancisco ajuda a preparar as JMJ2016

São 12 perguntas do PapaFrancisco que vão ajudar napreparação dos participantes daJornada Mundial da Juventude(JMJ), uma reflexão que foi feita aolongo de 12 semanas, ao ritmo deuma por semana, e está

disponível para ser consultada.“Em Passos para Mais” foramdisponibilizados um conjunto deexplicações bíblicas, estruturadasem forma de diálogo, que situam eorientam cada ouvinte na

66

caminhada até ao evento que serealiza de 26 a 31 de Julho, emCracóvia, na Polónia.O projeto online ‘Passo-a-Rezar’, doApostolado da Oração, com o apoiodo Departamento Nacional daPastoral Juvenil, é o dinamizador daproposta que ajuda a fazer umareflexão de rumo à Jornada Mundialda Juventude 2016.Em cada uma das 12 semanas, umnovo ficheiro, com uma novapergunta do Papa que espera umanova resposta do ouvinte, como: “Oque é que dá ânimo à tua vida?”;“Por que vais às Jornadas Mundiaisda Juventude?”“Os conteúdos foram preparadospor autores polacos ligados àorganização da JMJ 2016 etraduzidos em várias línguas:português, espanhol, e inglês”,informa o projeto de oração onlinediária com seis anos de existência.Os textos em português foramgravados por alunos do Colégio SãoJoão de Brito, da Companhia deJesus (Jesuítas).Os ficheiros que são ouvidos onlinee podem ser descarregados vão serusados pelos "Passo-a-Rezar" deoutros países e também vão estar

disponíveis na página oficial da JMJ2016.Pergunta 1: Como te chamas? - Gn32, 25-29Pergunta 2: De onde vens? - Ex 14,21-23Pergunta 3: O que gostarias de medizer? - Ex 33, 7-11Pergunta 4: O que é que dá ânimo àtua vida? - Jo 6, 30-35Pergunta 5: O que causa desânimona tua vida? - Lc 22, 54-62Pergunta 6: O que é que a tua vidatem em comum com a vida deJesus? - Mc 3,13-19Pergunta 7: Desejas perdoaralguém? - Lc 23, 33-35Pergunta 8: Em que consiste apobreza daqueles que estão à tuavolta? - Lc 10, 30-36Pergunta 9: Sentes que Deus teenvia às pessoas que estão ao teulado? - Jo 2, 1-11Pergunta 10: O que te impede deires ao encontro dos maisnecessitados? - Jo 10, 11-18Pergunta 11: Já procuraste algumgrupo, na tua paróquia ou noutrolocal, que ajude os maisnecessitados? - Mc 6, 34-43Pergunta 12: Por que vais àsJornadas Mundiais da Juventude? -At 1, 12-14; 2, 1-6

67

Page 35: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Papa Francisco desafia benfeitores da AIS a serem…

A carícia de DeusSão apenas 3 minutos que podemmudar as nossas vidas. Numavídeo-mensagem, dirigida aosbenfeitores e amigos da FundaçãoAIS – a si, portanto… –, o SantoPadre desafia os cristãos a fazeremobras de

misericórdia, a transformarem omundo. A não terem medo de seremcristãos. “A misericórdia é a caríciade Deus!”, diz Francisco.Estamos no Ano da Misericórdia.Desde que convocou o Jubileu,desde o instante em que abriu aPorta Santa, em Dezembro do anopassado, em Roma, o PapaFrancisco não se tem cansado defalar em Misericórdia, incentivandoos cristãos a mudarem, adescobrirem o significado doperdão, da caridade, a seremtolerantes e solidárias. Adescobrirem o amor. Agora, numgesto inédito, Francisco decidiugravar uma vídeo-mensagem, comapenas 3 minutos, dirigida a todosos amigos da Fundação AISespalhados pelo mundo, em queapela a que se façam obras demisericórdia. Esta misericórdia, deque nos fala Francisco, é amorgratuito, compaixão e ternura, emespecial pelos mais pobres, osdoentes, os que estão emsofrimento. Os mais necessitados,os mais frágeis. Diz o PapaFrancisco (na verdade, isto deve serlido assim: “Diz-me o PapaFrancisco…”): “Quero pedir a todosos homens e mulheres de boavontade de todo o mundo para

68

que se faça uma obra demisericórdia em cada cidade, emcada diocese, em cada associação”.E prossegue: “Nós, homens emulheres, precisamos damisericórdia de Deus, mas tambémprecisamos da misericórdia uns dosoutros. Precisamos de dar a mão,de acarinhar, de cuidar uns dosoutros e de não fazer tantasguerras”. E agora, que fazer?São três minutos apenas que têm ocondão de mudarem a nossa vida.Que vamos fazer a partir desteinstante? Ignorar as palavras doSanto Padre, fingir que não aslemos, que não as ouvimos? OPapa lança-nos o desafio defazermos obras de misericórdia e dizque confia esse trabalho também àAIS. “Convido-vos a todos,juntamente com a AIS, a fazer, portodo o mundo, uma obra demisericórdia, mas que permaneça,uma obra de misericórdiapermanente… E, não tenham medoda misericórdia: a misericórdia é acarícia de Deus.”Todos os anos, em todo o mundo, aFundação AIS apoia mais de 6 milprojectos. São milhares e milharesde pessoas envolvidas. Em cadaum

destes projectos há rostosconcretos, homens e mulheres deboa vontade que ajudam a levar ascarícias de Deus – como disseFrancisco – até aos lugares maisimprováveis. Em cada um destesprojectos há também o rosto dosbenfeitores da AIS que o tornampossível com a sua generosidade eque o transformam numa obra deDeus com as suas orações. Sãomesmo muitos os gestos possíveisde misericórdia. O desafio estálançado.Em www.aismisericordia.org podeacompanhar tudo aquilo que vaiacontecer e envolver-se tambémnesta aventura de amor. Afinal,como diz o Papa Francisco, aMisericórdia é a carícia de Deus.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt Página:www.aismisericordia.org

Vídeo do Papa:https://youtu.be/6jdgUu6BsIs

Hashtag:#BeGodsMercy

69

Page 36: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

LUGARES de MISERICORDIARefeições para 500 no Líbano

Muitos milhares de refugiadosde Alepo, Homs ou Damascoencontraram refúgio em Zahlé,no Líbano. Muitas vezeschegaram só com a roupa quetraziam no corpo. A Igreja, elaprópria pobre, acolheu-os.Muitos milhares de refugiadosde Alepo, Homs ou Damascoencontraram refúgio em Zahlé, noLíbano. Muitas vezes chegaram sócom a roupa que traziam no corpo.A Igreja, ela própria pobre, acolheu-os. O Arcebispo greco-católico, D.Issam Darwish, afirma: “A FundaçãoPontifícia AIS (ACN) foi a primeira aoferecer ajuda. De resto, estamossozinhos com as nossas carências.”São carências de crianças, cujospais e famílias foram mortos naSíria, crianças que por poucoconseguiram fugir para a vizinhacidade de Zahlé; de refugiados quenão têm parentes, nem aqui nemnoutro lugar; de famíliasempobrecidas no próprio Líbano,cuja base de sustento foi destruídapela guerra, que perderam

o pai, que não encontram trabalho,que passam fome. A Igreja ajuda, talcomo Jesus, que tinha compaixão edizia aos seus discípulos: “Tenhocompaixão desta gente, porque jáhá três dias que está comigo e nãotem que comer. Não quero despedi-los em jejum” (Mt 15,32).O Arcebispo D. Issam criou umserviço de refeições para os pobres,os abandonados e os que pas-samfome. Aí, 500 pessoas carenciadasrecebem diariamente uma refeiçãoquente, crianças, pobres,refugiados, todos os feridos nocorpo e na alma. Um padre e algunsvoluntários da comunidade tambémse ocuparão das necessidadesespirituais. Zahlé deverá tornar-seum lugar de misericórdia, naperiferia dos abismos sírios do ódioe da violência. O Bispo D. Issamestima que lhe faltam 1.000€ pordia, dois por pessoa. Ele espera navossa misericórdia e confia emNossa Senhora. “Ela sempre ajudouZahlé”.www.aismisericordia.org

70

FRUTOS da MISERICORDIAPaz e reconciliação para a RepúblicaCentro-Africana

A República Centro-Africanaprocura sinais de reconciliação.Durante meses, bandos desalteadores percorreram asaldeias e as cidades. A República Centro-Africanaprocura sinais de reconciliação.Durante meses, bandos desalteadores percorreram as aldeiase as cidades. Assassinaram,pilharam e incendiaram em nome dasua religião, levados pelo ódio epela ganância. São profundas asferidas.Há meio ano o Papa Franciscoviajou a esse país, cumprindo assim“um acto de fé”, como escreve oArcebispo de Bangui, D. DieudonnéNzapalainga. Veio como“mensageiro da paz”. Desde então,corre um “novo vento de paz e dereconciliação” pela terra. É esteespírito que a Igreja na RepúblicaCentro-Africana quer continuar aanimar. A ele deverá

ser dedicado um encontro depadres, religiosos, representantesde comunidades —ao todo, 648pessoas. Em oração comunitária,com uma celebração solenepontifícia e palestras, eles deverãofortalecer-se na fonte do amor paraos encontros e diálogos dareconciliação.“Nós, cristãos, queremos ir aoencontro dos doentes, dosabandonados, dos políticos e dosmuçulmanos, como o Santo Padrenos disse.” É preciso que todos elesvejam a face do Deus de amor e demisericórdia para as feridascicatrizarem e haver paz entre oshomens. O encontro tem custos(9.000 €) que a Igreja na RepúblicaCentro-Africana não pode pagar.Nós ajudamos; pela reconciliaçãovale bem a pena. www.aismisericordia.org

71

Page 37: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

Moçambique…para a frente!

Tony Neves Espiritano

Conheci Moçambique no início do milénio. Estavao sul deste país lusófono ainda a braços com osefeitos das cheias e o norte a lutar contra ahabitual seca. Foi em abril de 2000 que aterrei,pela primeira vez, junto ao Oceano Índico. Ocalor era abrasador e tive a oportunidade,acompanhado de uma Irmã Doroteia, de visitaralguns campos de deslocados onde serefugiaram vítimas das inundações.A viagem para Nampula permitiu sobrevoarmuitas das áreas afetadas pelas cheias. Dalirumei até á Missão de Netia, no corredorNampula-Nacala, onde os Espiritanos seinstalaram quando decidiram abrir as primeirasmissões em Moçambique. Foi uma experiênciaúnica viver a Semana Santa e a Páscoa emcontexto de festa macua, com comunidades poronde a guerra passou e em que a pobrezacontinua a ser a marca mais vincada da vidadestes povos. Também guardo na memória abeleza e o caos que eram a Ilha de Moçambiquenessa data.Em agosto do mesmo ano, acompanhei JovensSem Fronteiras no projeto ‘Ponte 2000’. O povode Netia acolheu-nos de braços abertos paraesta Missão que uniu Portugal a Moçambique.Voltei a Moçambique dez anos depois. Quer emMaputo, quer em Nampula, as mudanças eramvisíveis, pois a guerra estava mais distante notempo e a reconstrução do país era maisevidente. Os Espiritanos tinham entregue aMissão de Netia e, com coragem, assumido aconstrução da nova Missão de Itoculo. Foi ali queme instalei

72

para viver mais uma Semana Santae Páscoa e para testemunhar ainauguração do Lar Feminino,construído com apoio de Sol SemFronteiras. A partir desta data, 50meninas podiam vir das aldeias eficar ali instaladas para ir á escola eter uma formação humana integral.Fiquei marcado com o trabalhoenorme dos Missionários, dasMissionárias e dos VoluntáriosEspiritanos. As apostas na pastoral,na saúde, na educação e noutrasáreas de desenvolvimento humanoestavam, já nessa altura, a serbatalhas ganhas.A estabilidade política e social dopaís tem andado um pouco abalada

nestes últimos tempos. Espera-seque sejam apenas algumasescaramuças sem impacto negativona vida das pessoas que sehabituaram a circular á vontade, afalar com liberdade, a viver comalegria e serenidade.Julho será marcado pelainauguração do primeiro SeminárioEspiritano em Moçambique, maispropriamente na Beira. Devia láestar, mas não posso duplicar-me.Estarei, isso é certo, de alma ecoração a apoiar mais este projetoque ajudará a formar futurosmissionários. É verdade, a Igreja deMoçambique tem muito futuro!

Your browser does not support the audio element.

73

Page 38: A importância de acreditar - agencia.ecclesia.pt...A informação vive de factos. Não compete ao jornalista “provocar” uma notícia, o que é diferente de procurar e investigar.

74