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     ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARÁPAULO MARCELO MARTINS RODRIGUESSECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ

    CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERONTOLOGIA

    ANA CHRISTINA GONDIM ARRUDA

    ALTERAÇÕES NA VOZ E NA AUDIÇÃO POR ENVELHECIMENTO

    FORTALEZA2007

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    ANA CHRISTINA GONDIM ARRUDA

    ALTERAÇÕES NA VOZ E NA AUDIÇÃO POR ENVELHECIMENTO

    Monografia submetida à Escola de SaúdePública do Ceará como parte dosrequisitos para a obtenção do título deEspecialista em Gerontologia.

    Orientadora:Maria Sonia Felício Magalhães- MSc

    FORTALEZA2007

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    ANA CHRISTINA GONDIM ARRUDA

    ALTERAÇÕES NA VOZ E NA AUDIÇÃO POR ENVELHECIMENTO

    Curso de Especialização em GerontologiaEscola de saúde Pública do Ceará

    Aprovada em ___/____/_____.

    __________________________________________

    Maria Sônia Felício MagalhãesMestre

    __________________________________________

    Túlia Fernanda Meire GarciaMestre

    ____________________________________________

    José Osmar Vasconcelos FilhoDoutor

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    AGRADECIMENTOS

    Meu especial agradecimento a Deus, que esteve comigo em todos os momentos dessa jornada

    rumo à realização de uma vitória, não só profissional, mas também pessoal.

    Meu agradecimento também a todas as minhas colegas de curso e aos funcionários da Escola

    de Saúde Pública, a todos os professores que transmitiram conhecimentos importantes no que

    diz respeito ao estudo do idoso compartilhando conosco momentos agradáveis de aprendizado

    e reflexão.

    Agradeço especialmente à Coordenadora do Curso de Gerontologia, Maria Gomes de

    Queiroz, amiga, solidária, companheira nos momentos mais difíceis e, sempre alegre e

    carinhosa nos momentos em que precisamos da sua ajuda.

    E, também, à minha orientadora, Maria Sônia Felício Magalhães, por ter me aceitado como

    orientanda me incentivando a continuar meu estudo apesar das dificuldades inerentes a esse

    tipo de percurso intelectual.

    Meu agradecimento às idosas atendidas no Posto de Saúde Meireles que, solidárias e

    compreensivas, aceitaram e se dispuseram a contribuir para a realização deste estudo. Sem

    elas este não teria acontecido. Meu grato reconhecimento...

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    Dedico essa conquista aos meus pais, que sempre foram

    exemplo de caráter e amor aos filhos. A eles, todo o meu afeto e

    agradecimento por terem me educado para reconhecer o valor

    do ser humano e, por terem me encorajado a jamais desistir

    diante das dificuldades surgidas lutando sempre para vencer os

    desafios. Recebam essa dedicatória como homenagem a todo

    carinho que sempre me dedicaram.

    Á minha família, em especial ao meu amado marido, parceiro,

    amigo e confidente, por sua permanente tolerância,

    compreensão e respeito. Seu abraço terno, olhar carinhoso e

    palavras de conforto foram fundamentais nesta difícil trajetória.

    Também dedico meu eterno amor e gratidão.

    E, principalmente, aos meus filhos, que souberam, com

    paciência, entender os momentos em que a mãe sempre presente

    precisou se ausentar do convívio familiar para estudar. Espero

    que todo meu esforço seja recompensado pelo orgulho de lhesservir como exemplo de vida assim como meus pais o fizeram.

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    “O envelhecimento é causado por alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas

    funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. Esse declínio se torna

    perceptível ao final da fase reprodutiva, muito embora as perdas funcionais do organismo

    comecem a ocorrer muito antes.”Maria Edwiges Hoffmann (2002)

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    RESUMO

    Alterações na voz e na audição por envelhecimento se caracterizaram como um estudoexploratório e descritivo, de acordo com abordagem metodológica do tipo quantitativo, que

    teve como objetivo geral verificar a percepção de mulheres acompanhadas em um Projeto

    Interdisciplinar de Atenção ao Idoso, sobre as alterações vocais e auditivas ocorridas durante

    o processo de envelhecimento. Os objetivos específicos foram definidos no sentido de relatar

    as percepções das mulheres inclusas no Projeto Interdisciplinar de Atenção ao Idoso, em

    relação às principais alterações vocais decorrentes do processo de envelhecimento e

    identificar as principais alterações auditivas, percebidas pelas idosas que comprometem a

    comunicação da mulher nessa faixa etária. Foram entrevistadas 17 mulheres, em sua maioria,

    donas de casa na faixa etária entre 60 e 91 anos, residentes na Comunidade do Campo de

    América em Fortaleza. Através dessa pesquisa foi possível observar que, apenas algumas

    mulheres que responderam ao questionário relataram perceber sintomas característicos de

    presbifonia e presbiacusia, alterações vocais e auditivas, conseqüências do processo de

    envelhecimento.

    Palavras-Chaves: Alterações Fonoaudiológicas, Idoso, Geriatria.

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    ABSTRACT

    Changes in voice and in the hearing by aging were characterized as a study exploratory and

    descriptive, according to the type quantitative approach, which aimed to check the general

    perception of women together in a Project Interdisciplinary Attention to the Elderly, on the

    vocal and hearing during the aging process. The specific objectives were defined in order to

    report the perceptions of women included in Project Interdisciplinary Attention to the Elderly,

    for the main vocal involved in the process of aging and identify the main changes hearing,

    perceived by older who undertake the communication of the woman that age. They were

    interviewed 17 women, mostly, donas from home in the age group between 60 and 91 years,

    residing in the Community Field of America in Fortaleza. Through this research has been that

    only some women who responded to the questionnaire reported perceive symptoms

    characteristic of presbifonia and presbiacusia, vocal and auditory, consequences of the process

    of aging.

    Key words: Changes Fonoaudiológicas, Elderly, Geriatria.

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    SUMÁRIO

    1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10

    2 OBJETIVOS.............................................................................................................. 16

    2.1Objetivo Geral......................................................................................................... 16

    2.2 Objetivos Específicos............................................................................................. 16

    3 ENVELHECIMENTO HUMANO.......................................................................... 17

    4 ENVELHECIMENTO VOCAL ............................................................................. 21

    5 ENVELHECIMENTO AUDITIVO ....................................................................... 306 METODOLOGIA..................................................................................................... 37

    6.1 Tipo e Natureza do Estudo.................................................................................... 37

    6.2 Cenário.................................................................................................................... 37

    6.3 População de Estudo e Tamanho da Amostra.................................................... 37

    6.4 Instrumento de Coleta........................................................................................... 38

    6.5 Análise dos Dados.................................................................................................. 38

    6.6 Critérios de Inclusão ............................................................................................ 38

    6.7 Critérios de Exclusão ........................................................................................... 38 

    6.8 Aspectos Éticos...................................................................................................... 38

    7 RESULTADOS ....................................................................................................... 39

    7.1 Perfil Demográfico dos Sujeitos do Estudo......................................................... 407.2 Hábitos vocais inadequados................................................................................. 41

    7.3 Principais Alterações Vocais Percebidas ........................................................... 43

    7.4 Principais Alterações Auditivas Percebidas ...................................................... 46

    7. 5 Dificuldades na Audição e Solicitação de Repetição da Fala........................... 49

    8 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 52

    REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 54

    APÊNDICES............................................................................................................... 61 

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    1 INTRODUÇÃO

    O tema do envelhecimento tem adquirido excepcional relevância, pois no Brasiltem acontecido, nas ultimas décadas, um crescimento considerável da população idosa.

    Silvestre et al (1996) bem como Zimerman (2000b) apud  Gamburgo (2002)  revelam que o

    nosso país vem apresentando uma expressiva mudança no seu perfil populacional, pois de

    uma situação de elevadas taxas de fecundidade e mortalidade passou-se para outra, de baixa

    fecundidade e menor mortalidade.

    Essa é uma preocupação que se faz mais presente e urgente, pois o final do século

    XX presenciou a formação de uma numerosa população na faixa etária com mais de 60 anos.

    Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano 2005 a população idosa no Brasil

    crescerá 16 vezes contra cinco vezes da população total.

    Segundo Esteves (1998) apud Pacheco e Santos (2005) esse fato classifica o país

    com a sexta população do mundo em idosos, correspondendo a 32 milhões de pessoas com 60

    anos ou mais de idade.

    Pacheco e Santos (2005) observam que em 1900 a expectativa de vida no Brasil

    não ultrapassava os 33,7 anos, em 1940 alcançou 39 anos; em 1950 chegou a 43,2 anos; em

    1960 já era 55,9 anos; entre as décadas de 60 e 80 alcançou os 63,4 anos.

    O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de

    vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a

    participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população. Assim, em 1991 eles

    eram 2,4 milhões que representava 1,6% e, em 2000, 3,6 milhões que representa 2,1% (IBGE,

    Censo de 2000).

    A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que

    no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País

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    deva chegar a 30 milhões de pessoas, ou seja, 13% do total, e a esperança ou expectativa de

    vida a 70,3 anos (IBGE, Censo de 2000).

    Importante é enfatizar que essas mudanças demográficas rápidas, representam um

    retrato do que acontece com países como o Brasil que está envelhecendo ainda na fase do

    desenvolvimento, pois os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos,

    para se adaptar.

    Porém, a importância dos idosos para o País não se resume somente à sua

    crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família

    e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo

    o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9

    milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos

    e os sustentam.

    Outro esclarecimento importante é explicar que velhice não quer dizer doença

    sendo necessário também distinguir senescência de senilidade. A primeira é o estado em que

    às modificações estruturais e funcionais são produzidas exclusivamente pelo processo de

    envelhecer. Já senilidade se reporta à circunstância em que as modificações decorrem das

    doenças quando acometem os idosos.

    O envelhecimento modifica e é modificado pelas doenças quando acontecem com

    o indivíduo idoso, pois há uma estreita relação entre os fenômenos fisiológico e patológiconessa fase da vida. Porém, em decorrência da elevação da expectativa de vida,

    individualmente, muitos países convivem hoje com idosos de diversas gerações que possuem,

    por isso mesmo, necessidades variadas passando a exigir políticas assistenciais diferentes.

    Quanto ao processo de envelhecimento, entende-se que deve se considerar uma

    etapa natural do ser humano. É um fato universal por ser comum a todos os seres vivos, mas

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    também considerado um fenômeno individual, explicando assim, uma heterogeneidade

    encontrada entre os idosos.

    Dentre as mudanças que acontecem com os indivíduos que chegaram à velhice, há

    que citar como mais óbvias aquelas que ocorrem com a idade, incluindo a perda da força e do

    vigor físico, visão curta, problemas de memória de curto prazo, perda de massa óssea,

    diminuição da audição, menopausa e diminuição da altura, segundo explica Zamperlini

    (1997).

    Importante enfatizar que o central neste ponto de vista é compreender que velhice,

    não é sinônimo de doença e o impacto do envelhecimento na voz e na audição, ocorre de

    modo paralelo às outras funções do corpo.

    Nesse caso é preciso explicar a importância da comunicação, algo essencialmente

    vital para a sobrevivência, pois a diferença entre o homem e os outros animais é, justamente, a

    capacidade que a espécie humana desenvolveu para se comunicar através da linguagem

    falada.

    Apesar de os outros animais terem seus próprios códigos de comunicação ao

    homem foi dado à capacidade de aprender e desenvolver uma linguagem expressiva

    estabelecida através de códigos e que tem como principal alicerce a palavra.

    Muitos são os problemas de comunicação que podem ocorrer com o avançar da

    idade, mas estes precisam ser esclarecidos para a população compreender bem asconseqüências que um indivíduo idoso sofre quando há a deterioração vocal ou auditiva no

    sentido de reforçar ainda mais os estereótipos com os quais a sociedade, muitas vezes,

    qualifica os idosos.

    Segundo explicam Bilton, Viúde e Sanchez (2002) a Gerontologia é definida como

    a ciência da interdisciplinaridade. A Fonoaudiologia aponta para a importância da prevenção e

    do tratamento de patologias que comprometem a comunicação do idoso. Dessa forma a

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    Fonoaudiologia é definida como uma área da saúde que atua em pesquisa, prevenção,

    avaliação e terapia na área da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em

    aperfeiçoamento dos padrões da fala e da voz.

    Segundo as autoras, a prática dessa ciência independe da idade, da causa e da

    época de manifestação inicial do problema, sendo exercida em UTIs neonatais, creches,

    escolas, consultórios, clínicas, hospitais, domicílios, indústrias. As razões para o

    encaminhamento para esse profissional são as mais variadas, como recém-nascidos com

    dificuldade de sucção e deglutição, crianças com problema de fala, como troca de letras,

    gagueira, aquisição tardia da linguagem, sons distorcidos devido a mau posicionamento

    lingual, leitura (dislexia), escrita (disortografia, disgrafia, discalculia), pessoas com disfonia

    (alterações na voz como rouquidão), respiração oral, deficiência auditiva, afasia (dificuldade

    de comunicação após lesão cerebral), realização de exames audiológicos, adaptação de

    próteses auditivas, aprimoramento vocal, dificuldade para deglutir em indivíduos na terceira

    idade, entre outros.

    Bilton, Viúde e Sanchez (2002) acrescentam que o Fonoaudiólogo é o profissional

    que trabalha com a comunicação humana e, sua atuação compreende as áreas de audição,

    linguagem, voz e motricidade oral. A Fonoaudiologia é uma nova ciência que busca construir

    com seu saber direcionando a prática para ampliação do seu conteúdo formal, não

    esquecendo, porém, de sua responsabilidade social.Porém, apesar do amplo campo de atuação da Fonoaudiologia, observa-se que a

    formação acadêmica do Fonoaudiólogo ainda tem sido prioritariamente clínica, ou seja, são

    formados para diagnosticar e tratar e a Gerontologia veio para auxiliar esse profissional, a

    compreender o paciente idoso na sua totalidade.

    A observação do comprometimento vocal e auditivo que, muitas vezes, são

    conseqüências do processo de envelhecimento normal ou ocasionado por patologias, leva os

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    profissionais a prever a necessidade da atuação fonoaudiológica, voltada para o público nessa

    faixa etária, no sentido de identificar, precocemente, os distúrbios possíveis e de prover meios

    que favoreçam a comunicação ou retardar as alterações esperadas.

    Acredita-se que o envolvimento do profissional fonoaudiólogo no trabalho de

    pesquisa e atuação junto a este grupo revela-se de suma importância podendo acarretar

    benefícios sociais no sentido de reabilitá-los e reintegrá-los numa sociedade cada vez mais

    composta por idosos, com experiências ricas e úteis, que, com certeza, devem ser sempre

    valorizadas. Pois:

    Em um tempo onde questões relacionadas às qualidade de vida têm sido foco de

    reflexões profundas, a reabilitação do idoso com alterações de linguagem, de voz,

    de audição e de deglutição reveste-se de extrema importância(BILTON, VIÚDE e

    SANCHEZ, 2002, p. 827).

    A espécie humana desenvolveu a capacidade para se comunicar através da

    linguagem falada e as alterações vocais e auditivas podem comprometer essa capacidade

    comunicativa. A temática desse estudo é importante para esclarecer aos fonoaudiólogos e

    demais profissionais da área da saúde, bem como aos próprios indivíduos idosos, que

    qualidade de vida no processo de envelhecimento, também perpassa a questão da qualidade

    vocal e auditiva.

    Portanto, o objetivo geral desse estudo foi verificar a percepção das mulheres

    acompanhadas em um Projeto Interdisciplinar de Atenção ao Idoso, sobre as alterações vocaise auditivas ocorridas durante o processo de envelhecimento. E para atender aos objetivos

    específicos foram relatadas as percepções das mulheres inclusas no Projeto Interdisciplinar de

    Atenção ao Idoso, em relação às principais alterações vocais, decorrentes do processo de

    envelhecimento e identificadas as principais alterações auditivas percebidas pelas idosas que

    comprometem a comunicação da mulher nessa faixa etária.

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    Foi realizado um estudo descritivo com abordagem metodológica do tipo

    quantitativa onde foram entrevistadas 17 mulheres, em sua maioria, donas de casa na faixa

    etária entre 60 e 91 anos, residentes na Comunidade do Campo de América em Fortaleza.

    Através dessa pesquisa foi possível observar que, apenas algumas mulheres que responderam

    ao questionário, relataram perceber sintomas característicos de presbifonia e presbiacusia,

    alterações vocais e auditivas conseqüências do processo de envelhecimento.

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    2 OBJETIVOS

    2. 1 Objetivo Geral

    Verificar a percepção das mulheres acompanhadas em um Projeto Interdisciplinar de Atenção

    ao Idoso, sobre as alterações vocais e auditivas ocorridas durante o processo de

    envelhecimento.

    2. 2 Objetivos Específicos

    ● Relatar a percepção das mulheres inclusas no Projeto Interdisciplinar de Atenção

    ao Idoso, em relação às principais alterações vocais decorrentes do processo de

    envelhecimento.

    ●  Identificar as principais alterações auditivas percebidas pelas idosas que

    comprometem a comunicação da mulher nessa, faixa etária.

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    3 ENVELHECIMENTO HUMANO

    Os animais não nasceram para envelhecer, pois o ciclo de vida deles é definidopelo nascimento, pelo desenvolvimento sexual e, conseqüentemente, para a reprodução e a

    morte, explica Santos (2002). Eles apenas envelhecem quando estão presos, protegidos contra

    as doenças e os predadores.

    O ser humano, por outro lado, segundo adverte o autor, luta pela capacidade de

    envelhecer e de viver cada vez mais e o que mais impulsiona a essa busca da longevidade do

    ser humano é a incapacidade atual de se acomodar aos anos excedentes de vida, pelos quais

    tanto luta a espécie humana.

    Na realidade, o ser humano não sabe como administrar a velhice e não tem certeza

    se realmente a deseja, pois ela sempre vem associada à idéia de doença que é um conceito

    carregado pela dor, pela dependência e, principalmente, pela vergonha da fragilidade que

    atinge uma esfera individual, na qual o indivíduo se sente solitário diante da trajetória que

    precisa trilhar nesta fase da vida.

    Advoga Santos (2002) que se a sociedade ampliasse a visão que possui hoje do

    processo de envelhecimento, seria mais fácil conseguir se estruturar para atender as diferentes

    demandas dos idosos. Seria possível também conseguir transformar o envelhecimento em um

    fenômeno vivido por cada ser humano, fenômeno esse que ocorre na relação que os

    indivíduos idosos estabelecem com os outros idosos e com os jovens. 

    Uma pessoa pode envelhecer sem doenças, contudo, à medida que o processo de

    envelhecimento avança, o corpo se torna vulnerável. Assim, a doença é apenas um sintoma ou

    um resultado do envelhecimento.

    O processo de envelhecimento, sem dúvida, desencadeia o aumento de limitações

    de ordem biológica, em decorrência de fatores de natureza genética e ambiental. No entanto,

    ressalvamos casos de ocorrência de patologias graves que comprometem funcionalidades

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    físicas e mentais, mas é possível haver conservação de competências e habilidades

    intelectuais, bem como no funcionamento do ego.

    A acumulação de experiências permite a alguns idosos até mesmo alcançar

    elevado grau de especialização e domínio nos mais diversos campos das atividades humanas.

    Um domínio em que os mais velhos podem, de fato, se destacar, graças ao acúmulo de

    informações e experiências. É o de narrar, interpretar o passado, bem como analisar o presente

    à luz da experiência pregressa.

    O processo de envelhecimento é progressivo e degenerativo, caracterizado por

    menor eficiência funcional; universal nas espécies; é intrínseco, ou seja, não é determinado

    por fatores ambientais. Apesar de ser influenciado por eles; distingue-se das doenças e

    patologias que são, muitas vezes, reversíveis e não observadas igualmente em todas as

    pessoas, conforme define Russo (1999).

    É um processo degenerativo e natural de todos os seres vivos. Deve-se, no entanto,

    avaliar esse processo de uma forma multidimensional levando em conta os aspectos

    biopsicossociais.

    Quando o envelhecimento é associado à doença, Santos (2002) explica ainda que é

    preciso descobrir o que significa estar doente para esse idoso, pois saúde não é apenas a

    ausência da doença pois muitos outros elementos estão interagindo nesta definição.

    A saúde, muitas vezes, é tratada como existindo em pessoas que se enquadramdentro da normalidade. Portanto, quem está doente não se enquadra nos padrões de

    normalidade esperados, segundo Hegenberg (1998) apud Santos (2002).

    Nesta situação, o idoso que sempre é associado à concepção social de doença,

    encontra-se fora da normalidade e surge então a ânsia do ser humano em evitar o

    envelhecimento. Debert (1999) adverte que a publicidade enfatiza esta idéia vendendo a

    imagem de que as imperfeições do corpo não são normais e, muito menos, naturais. O

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    indivíduo deve então tomar providência para que estes eventos não ocorram, defendendo-se

    dessa desagradável mudança corporal através de produtos criados pelo mercado capitalista.

    Torna-se uma responsabilidade individual evitar o envelhecimento. Cria-se, de acordo com

    Debert (1999), outra suposição: o bem-estar do indivíduo depende de sua boa aparência. 

    Zamperlini (1997) confirma que o envelhecimento é considerado uma etapa

    natural do desenvolvimento, caracterizada pela degenerância psicofísica do ser humano. É um

    fator universal por ser comum a todos os seres vivos em idades avançadas; inexorável,

    gradativo e lento, por não existirem marcos distintos que diferenciem uma etapa e outra;

    multidimensional, ocorrendo para diversos indivíduos com realidades biopsicossoais

    particulares a serem consideradas, pois atuam sobre os idosos na sua interação verbal com

    outros falantes na comunidade. É também considerado um fenômeno individual com amplas

    variações dentro de um mesmo grupo explicando a heterogeneidade encontrada entre os

    idosos com idade superior a 65 anos.

    À medida que se envelhece, ocorrem milhares de mudanças em todos os nossos

    órgãos e tecidos em cada célula que os compõe e até no cimento que une nossas células. Essas

    mudanças, menos aparentes, dão origem às manifestações mais óbvias do envelhecimento. As

    mudanças associadas à idade, menos óbvias, afetam as células individuais de, praticamente,

    todos os nossos órgãos incluindo os sistemas imunológico, endócrino e cardiovascular.

    O ponto importante para Zamperlini (1997) é que essas mudanças não-aparentes,associadas à idade, são consideradas normais e não estados de doenças, pois existem várias

    maneiras de envelhecer. Dentro da variação individual, o chegar a uma idade avançada pode

    transcorrer de maneira harmoniosa, sendo responsável por uma etapa feliz e digna da vida do

    indivíduo, ou pode acontecer de maneira desastrosa, onde, apesar da longevidade, o prazer de

    se viver é perdido pelo caminho.

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    Santos (2002) diz que a grande dificuldade encontrada pela Gerontologia é a

    vulnerabilidade individual de ocorrências orgânicas que cada ser humano apresenta e que o

    distingue dos demais. Não existe um padrão temporal para as modificações. Pode-se entender

    esse processo, no sentido de que as mudanças vão ocorrendo no indivíduo durante a sua

    vivência, mas não são estabelecidas por nenhum relógio cronológico. 

    O homem é um ser biopsicossocial, podendo sofrer influências e influenciar o

    ambiente em que vive. O ambiente físico, político e cultural em que o homem estiver situado,

    pode facilitar ou dificultar o processo de adaptação, acelerando ou retardando o

    envelhecimento.

    Segundo Menezes e Vicente (2007) com o aumento da longevidade e certa

    fragilidade inerente ao envelhecimento, observa-se um aumento da demanda de cuidados

    intensivos e contínuos. A exigência de assistência constante na vida diária torna o idoso um

    indivíduo dependente incapaz de manter sua autonomia nas mínimas atividades do cotidiano

    tais como alimentação, locomoção, higiene, dentre outras.

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    4. ENVELHECIMENTO VOCAL

    Diante do processo de envelhecimento, Soyama et al  (2005) explicam que as

    estruturas do aparelho fonador podem sofrer alterações anatômicas e fisiológicas,

    promovendo, conseqüentemente, mudanças na qualidade vocal. Quanto à idade em que essas

    mudanças podem ser mais percebidas alguns autores dizem que:

    Considera-se como o período de máxima eficiência vocal aquele que se e estende

    entre os 25 e os 40 anos, sendo que a partir dessa idade uma série de alterações

    estruturais na laringe, com maior ou menor impacto vocal, podem ser identificadas.

    O início da presbifonia, seu desenvolvimento e o grau de deterioração vocal

    dependem de cada adulto, de sua saúde física e psicológica e de sua história de

    vida, além de fatores constitucionais, raciais hereditários, alimentares, sociais e

    ambientais, tais como aspectos de estilo de vida e atividades físicas (DE BIASE,

    CERVANTES E ABRAHÃO, 19998 apud BILTON, VIÚDE e SANCHEZ, 2002,

    p. 821).

    Nas pessoas idosas, as modificações estruturais caracterizam-se, na maioria das

    vezes, por calcificação e ossificação gradual das cartilagens de laringe e atrofia dos músculos

    laríngeos intrínsecos.

    Essa calcificação mostra-se mais evidente no gênero masculino e, Soyama et al 

    (2005) ressaltam que somente as cartilagens hialinas sofrem ossificação, enquanto as

    cartilagens elásticas como a epiglote, ápice e processo vocal da aritenóide permanecem sem

    ossificação.

    Porém, quanto ao envelhecimento propriamente dito, Néri (1995) afirma que a

    velhice não é um período caracterizado somente por perdas e limitações, sendo possível

    manter e até aprimorar as funções cognitivas, físicas e afetivas, a despeito do aumento da

    probabilidade de doenças e limitações. Um dos desafios que as ciências atualmente enfrentam

    é o de perceber os limites e as potencialidades para o desenvolvimento na velhice, assim

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    como as condições que aceleram, retardam ou compensam os resultados das mudanças

    ocorridas como conseqüência do envelhecimento.

    Rabadán (1998) apud  Gamburgo (2002) acrescentam que a linguagem, objeto de

    interesse e estudo da Fonoaudiologia, constitui um dos aspectos fundamentais da vida do

    homem. A capacidade de comunicação é o instrumento de interação social por excelência e se

    desenvolve ao longo da vida, através de múltiplas relações em contínua transformação.

    Dessa forma, “a linguagem é o resultado de uma atividade nervosa complexa, que

    permite a comunicação interindividual de estados multimodais que simbolizam esses estados,

    de acordo com uma convenção própria de uma comunidade lingüística” (LECOURS et al, 

    1979, apud  PEÑA-CASANOVA, 1997, p. 1). Assim:

    [...] a efetividade da comunicação permite ao indivíduo partilhar com o meio social

    suas idéias, pensamentos, desejos, sentimentos e aspirações. Devemos reafirmar

    que um dos principais fatores que asseguram uma boa qualidade de vida ao idoso é

    o relacionamento social que depende de um adequado processo de comunicação o

    que está intimamente ligado à audição e a sua voz. (MOTTA, 1999, p. 8).

    É a linguagem que permite a transmissão dos conhecimentos que o homem

    adquiriu ao longo de sua história, segundo Gamburgo (2002). É através da linguagem que as

    pessoas resolvem seus problemas, expressam suas idéias, pensamentos e sentimentos. A

    linguagem possibilita o crescimento e o desenvolvimento do potencial que existem em cada

    um, ativado e intensificado através das relações humanas.

    Considera-se como o período de máxima eficiência vocal, dos 25 aos 40 anos

    sendo que, a partir dessa idade, uma série de alterações estruturais na laringe, com maior ou

    menor impacto vocal, podem ser identificadas.

    Considerando que o envelhecimento é um conglomerado complexo de eventos

    biológicos que mudam a estrutura e a função de diversas partes do corpo, conforme explica

    Russo (1999) e chama-se a atenção para compreensão da voz do idoso e da chamada

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    senilidade vocal (Behlau, 2006) ou presbifonia ( presby, do grego = homem velho; phoneo, do

    grego = localizar ou emitir sons).

    Há também os casos em que muitas pessoas encontram-se privadas de se

    comunicar, quando são afetadas nas áreas cerebrais que estão responsáveis pela comunicação.

    Está-se falando sobre afasia, diagnóstico médico e fonoaudiológico, reconhecido pelo

    comportamento lingüístico alterado, quando a causa é uma lesão cerebral.

    Conforme explicam Allodi e Ferreira (2001) o envelhecimento implica diversas

    modificações físicas, sociais, econômicas e psicológicas. Entre essas, ocorre à diminuição das

    funções corporais e, dentre elas, as mudanças na voz.

    Mansur e Viúde (1996) explicam que o envelhecimento provoca alterações na altura e

    na intensidade da voz, gerando agravamento da voz feminina e agudização da voz masculina, além

    da redução da intensidade sonora, caracterizando a presbifonia. Esta também é conhecida como

    presbilaringe que pode ser definida como:

    [...] o envelhecimento laríngeo inerente à idade, gerando o envelhecimento vocal que,

    por sua vez, é chamado de presbifonia. Arqueamento de pregas vocais, saliência dos

    processos vocais das aritenóides e fenda fusiforme são características glóticas

    relacionadas à presbilaringe. O início da presbifonia, seu desenvolvimento e o grau de

    deterioração vocal dependem de cada indivíduo, de sua saúde física e psicológica e de

    sua história de vida, além de fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares,

    sociais e ambientais, incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas.

    (MENEZES; VICENTE, 2007, p. 91).

    De acordo com os autores, o interesse pela abordagem da situação de presbilaringe

    e presbifonia, deve-se ao fato de a população de idosos ter aumentado nos últimos anos,

    gerando a necessidade de ampliação de estudos referentes a este grupo etário.

    Algumas patologias são mais passíveis de acontecer em adultos, principalmente,

    em pessoas mais idosas como, por exemplo, o derrame cerebral ou acidente vascular cerebral,

    como é mais conhecido. Situações como essas deixam a pessoa com problemas na linguagem

    oral e/ou na linguagem escrita, além de ter parte dos movimentos do corpo paralisada.

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    De acordo com Russo, (1999), o início da presbifonia, seu desenvolvimento e o

    grau de deterioração vocal, dependem de cada indivíduo, de sua saúde física e psicológica e

    de sua história de vida, além de fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares,

    sociais e ambientais incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas Dessa maneira,

    confirmando o que os autores citados já revelaram tem-se que:

    A configuração anatômica e fisiológica da laringe no idoso diferencia-se do adulto

     jovem, apresentando características que, pela ação do tempo, modificaram sua

    constituição e funcionamento. A denominação utilizada para definir este conjunto

    de aspectos é presbilaringe, caracterizada por diferentes alterações anatômicas efuncionais. (VENITES; BERTACHINI, 2004).

    Zamperlini (1997) acrescenta ainda que essas alterações na laringe, resultantes do

    processo normal do envelhecimento mostram mudanças na velocidade, resistência,

    estabilidade, força e coordenação, além de alterações na capacidade respiratória, no batimento

    cardíaco e na velocidade de condução nervosa.

    Behlau (2006) explica que as pregas vocais passam por alterações estruturais no

    envelhecimento o que consiste de atrofia, redução de massa, edema e desidratação da mucosa.

    Os possíveis sinais orgânicos indicativos de senilidade vocal são: calcificação das

    cartilagens da laringe, atrofia da musculatura laríngea, redução da elasticidade dos músculos

    envolvidos no processo vocal, ressecamento do tecido mucoso que reveste as pregas vocais,

    diminuição da flexibilidade dos músculos respiratórios e respostas mais lentas do sistema

    nervoso central e periférico.

    Pinho (2001) observa que a atrofia dos músculos intrínsecos da laringe e as perdas

    teciduais, causam o arqueamento das pregas vocais, as deficiências hídricas, a perda de

    elasticidade dos ligamentos e a calcificação de cartilagens laríngeas.

    Segundo Zamperlini (1997) as principais alterações vocais encontradas em

    indivíduos idosos é a redução na capacidade vital, aumento da freqüência fundamental nos

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    homens e redução importante nas mulheres, prejudicando a possibilidade de identificação do

    sexo do falante pela emissão vocal. Também o aumento do fitter, que é a intensidade do som,

    indicando menor estabilidade na emissão, dando a impressão de tremor, redução nos tempos

    máximos de fonação; aumento do grau de nasalidade e a redução na intensidade da faça, o

    aumento das pausas articulatórias e redução na velocidade da fala. Concordando com esse

    autor tem-se que:

    A perda da capacidade plena de movimentação da laringe acarreta uma menor

    eficiência do aparelho fonador e se reflete na qualidade vocal como menor

    estabilidade e aumento no fitter, dando a impressão de tremor (MENEZES;

    VICENTE:2007).

    Behlau (2006) afirma que a freqüência é fundamental, o principal marcador vocal

    da faixa etária de um indivíduo, apesar de algumas controvérsias. Apresenta-se mais aguda

    nos homens e mais grave nas mulheres, o que faz com que a voz do idoso de ambos os sexos

    se aproxime. Quanto às mulheres, com certeza, o edema, pós-menopausa e a grande queda

    hormonal são os responsáveis pelo deslocamento de freqüência fundamental em direção às

    regiões mais graves da extensão vocal.

    De acordo com Behlau (2006) a qualidade vocal está menos comprometida nas

    mulheres e, em maior grau para os homens, segundo Alarcos, Behlau & Tosi (1983) apud  

    Russo (1999).

    Outro fator importante, segundo Pinho (2001), é a presença de refluxo

    gastroesofágico que pode atuar de duas maneiras: banhando diretamente a delicada mucosa

    laríngea ou causando hipercinesia laríngea como resposta vagal reflexa à irritação gástrica.

    Observam-se os possíveis sinais orgânicos, indicativos de senilidade vocal, como o

    desgaste natural da voz, devido ao envelhecimento e que durante este processo podem ocorrer

    diversas alterações orgânicas que influenciam a qualidade vocal do indivíduo.

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    Muitos autores consideram a senilidade vocal presbifonia como uma patologia,

    sempre que as alterações provocadas por ela, afetam as possibilidades de expressão da pessoa

    ou a falta de eficiência vocal perturbar o processo de comunicação, interferindo na vida

    relacional do indivíduo.

    Menezes e Vicente (2007) explicam que as principais queixas e sintomas vocais,

    relatados por uma pessoa idosa, podem ser de alteração na qualidade vocal, como a rouquidão

    e a afonia, cansaço (associado à produção da voz), esforço para melhorar a projeção vocal,

    soprosidade, falta de modulação vocal, voz trêmula, dificuldade no controle da intensidade

    vocal, dor na região da cintura escapular e sensação de ardor, queimação ou corpo estranho na

    laringe.

    As autoras afirmam que as articulações, as cartilagens, a musculatura intrínseca, o

    epitélio e a inervação das pregas vocais e estruturas circunvizinhas sofrem mudanças

    anatômicas com a passar da idade. As cartilagens laríngeas sofrem um gradual processo de

    ossificação e calcificação que, como conseqüência, estão quase sem mobilidade ao redor dos

    65 anos.

    Segundo Menezes e Vicente (2007) há considerável variação na velocidade e no

    grau dessa ossificação, mas esse processo parece ser parte do envelhecimento normal e não

    um componente patológico. Essas alterações estruturais são acompanhadas por artrose nas

    articulações, prejuízo na mobilidade e no controle dos músculos responsáveis pelascartilagens, diminuição da elasticidade dos ligamentos, perda de tecidos e atrofia.

    Assim, há que se considerar que:

    [...] a voz humana sofre modificações durante todo o período de vida. Os pacientes

    idosos podem apresentar distúrbio da voz devido aos mesmos fatores etiológicos

    que afetam todos os grupos de idade, entretanto algumas modificações vocais

    fazem parte do processo normal do envelhecimento do ser humano e não devem ser

    consideradas como transtornos (MOTTA, 1999, p. 9).

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    Costa e Matias (2005) explicam que o termo qualidade de vida freqüentemente é

    usado no contexto científico. A atenção dos órgãos governamentais para com o idoso e o

    progresso da medicina contribuiu muito para isso. Assim, a população idosa tem tido

    condições melhores de saúde. Porém, nem sempre esta contribuição tem garantias de que a

    qualidade de vida também melhorará. Um das condições de saúde que pode provocar

    repercussões na qualidade da vida, por exemplo, é o que ocorre às condições vocais do

    indivíduo.

    As autoras também explicam que a alteração na qualidade da voz, esforço ao falar,

    instabilidade e fadiga vocal podem ser alguns dos fatores que levam a população idosa a

    buscar os serviços de saúde. A partir disto pode-se deduzir que, no trabalho com o idoso, a

    aproximação terapêutica deveria ser delineada pelos aspectos preventivos e para o incremento

    da eficiência vocal.

    Morrison & Rammage (1994), Sataloff e Rosen, Hawkshaw e Spiegel (1997) apud

    Costa e Matias (2005) dizem que para minimizar os efeitos do presbifonia, o treinamento

    vocal específico deveria ser endereçado à qualidade vocal e dinâmica fonoarticulatória. Além

    disso, declaram que os efeitos do envelhecimento na voz poderiam ser menos evidentes na

    presença de uma boa condição física. É importante enfatizar que:

    [...] a qualidade vocal diz respeito à ação conjunta da laringe e do trato vocalsupralaríngeo. Conseqüentemente, admite-se que a qualidade vocal emerge da

    combinação de ajustes laríngeos e supralaríngeos que ocorrem de maneira quase

    permanente ao longo do tempo em que o indivíduo fala. Portanto, modificações nas

    estruturas do aparelho fonador implicam mudanças na qualidade da voz (SOYAMA

    et. al., 2005, p. 269).

    Com o processo de envelhecimento ocorrem modificações no mecanismo da voz.

    Brito Filho (1999) explica que estas vão, desde mudanças no posicionamento da laringe no

    pescoço e na sua mobilidade devido à calcificação das cartilagens e atrofia muscular, a

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    elasticidade muscular pela atrofia e redução de massa, na capacidade respiratória pulmonar,

    nas camadas, funções e estruturas das pregas vocais, entre outras alterações, causadas pelas

    respostas fisiológicas e anatômicas inerentes a senilidade.

    Quanto aos fatores que concorrem para agravar o quadro das modificações vocais

    normais do próprio processo de envelhecimento citam-se o tabagismo, etilismo e os maus

    hábitos vocais. Segundo Dias ; Noronha (1997) o fumo, por exemplo, é responsável por 90%

    das ocorrências do câncer de laringe. O tabaco é um dos mais potentes agentes carcinogênicos

    conhecidos que o ser humano introduz voluntariamente no organismo e na sua fumaça podem

    ser identificadas cerca de 4700 substâncias tóxicas. Sua malignidade depende de vários

    fatores incluindo a freqüência, a composição do cigarro e a duração do hábito de fumar.

    Os autores também explicam que o abuso de bebidas alcoólicas está relacionado

    ao câncer. O etanol poderia ativar substâncias carcinogênicas e alterar o metabolismo

    intracelular das células epiteliais agravado com a coexistência de deficiências nutricionais. As

    bebidas alcoólicas ainda apresentam substâncias carcinogênicas, entre elas às nitrosaminas e

    os hidrocarbonetos.

    Portanto, de acordo com Dias; Noronha (1997) os principais causadores do câncer

    de laringe são o fumo e o álcool. Pesquisas com relação ao primeiro demonstram que no

    cigarro existe um hidrocarboneto encontrado no alcatrão (3-4 benzopireno) que é altamente

    cancerígeno.Behlau (1999) ressalta que os primeiros sintomas em relação ao câncer de laringe

    são a alteração de voz do tipo rouquidão (disfonia), dor ao deglutir (disfagia), e dificuldade

    respiratória (dispnéia). O sintoma principal e mais comum, na maioria das vezes, é a

    rouquidão.

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    5 ENVELHECIMENTO AUDITIVO

    Russo (1999) explica que a deficiência auditiva gera no idoso um dos maisincapacitantes distúrbios de comunicação impedindo-o de desempenhar plenamente o seu

    papel na sociedade. É comum observar-se o declínio da audição acompanhado de uma

    diminuição frustrante na compreensão da fala do idoso comprometendo sua comunicação com

    os familiares e amigos, enfim, com todas as pessoas que o cercam.

    Já Quintero,  Marotta e Marone (2002) afirmam que o envelhecimento afeta o

    relacionamento social do idoso devido a fatores psicofísicos e de natureza sociocultural,

    desenvolvendo um processo característico nos idosos de autodesvalorização e de subestima

    agravado por sua dificuldade de comunicação.

    Isso acontece por que quando há uma alteração da audição, seja ela congênita ou

    adquirida, o ser humano passa por um desequilíbrio social e emocional para conseguir adaptar

    se à sociedade, pois devido à deficiência auditiva o sujeito tende a isolar-se, conforme explica

    Tavares (2001).

    Adverte ainda o autor que o isolamento no idoso, especificamente, acontece nas

    situações em que este não consegue compreender o que os familiares e amigos estão falando.

    E, além da dificuldade para sons verbais existe também aquela para os sons ambientais como

    televisão, telefone, campainha, entre outros. Ao invés de enfrentar situações de embaraço

    decorrente da falta de compreensão das pessoas, ele tende a afastar-se.

    Tavares (2001) ainda informa que ao limitar a interação comunicativa do idoso

    com outras pessoas, a deficiência auditiva pode ter implicações profundas no relacionamento

    interpessoal. As reações desfavoráveis das pessoas em relação ao idoso com deficiência

    auditiva dificultam a preservação da sua auto-estima, ocorrendo modificação nos sentimentos

    em relação a si mesmo e aos outros.

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    O autor complementa que as pistas auditivas que permitem manter contato com o

    mundo não são mais percebidas devido à sua deficiência fazendo com que ele se desligue do

    mundo, não conseguindo comunicar-se, fato que leva este indivíduo à insegurança.

    Quanto à perda da audição, associada ao envelhecimento, Willott (1991) apud

    Neves (2002) cita os termos “presbicusia” e “presbiacusia” usados para descrever essa

    alteração auditiva. Uma descrição genérica razoavelmente abrangente para este conjunto de

    distúrbios seria: uma perda de audição bilateral para sons de alta freqüência acompanhada,

    geralmente, por uma perda desproporcional do reconhecimento da fala, sem história prévia de

    doença sistêmica ou auditiva severa com início gradual e curso progressivo.

    Zamperlini (1997) afirma que, com o passar dos anos, nossos ouvidos sofrem os

    efeitos do envelhecimento levando à presbiacusia que pode ser definida como o decréscimo

    fisiológico da audição com a idade ocasionada principalmente pela interação dos seguintes

    fatores: ruído gerado pela civilização industrial, alimentação, medicamentos, tensão diária e

    predisposição genética.

    Dentre os diversos problemas que reduzem a qualidade de vida dos idosos Willott

    (1991), Criuckshanks et al. (1998) apud  Neves (2002) explicam que os distúrbios auditivos

    estão entre os mais comuns, como apontam os estudos epidemiológicos.

    Merece relevo o fato de que a deficiência auditiva considerada como alteração

    sensorial severamente incapacitante culmina por comprometer seriamente a qualidade de vidade seus portadores, pois adultos que ficam surdos, freqüentemente, apresentam sintomas

    depressivos decorrentes da diminuição da participação social e das dificuldades de

    comunicação.

    Russo (1999) acrescenta que comunicar é partilhar com alguém um conteúdo de

    informações, pensamentos, idéias, desejos e aspirações, com quem se passa a ter algo em

    comum. A comunicação feita por meio da linguagem falada responde à necessidade vital do

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    homem na busca de novas experiências e conhecimentos, sendo um ato social fundamental

    em nossas vidas.

    Acrescenta Russo (1999) que a aquisição e a manutenção da linguagem falada

    requerem entre outras coisas uma perfeita audição. Ouvir a linguagem por determinado tempo

    é essencial para ultimar o seu uso. E mais, a audição é imprescindível como mecanismo de

    alerta e defesa contra o perigo permitindo localizar fontes sonoras à distância dando segurança

    e participação vital.

    Na presbiacusia, por exemplo, ocorrem alterações degenerativas no sistema

    auditivo como um todo. A perda auditiva é mais acentuada para as altas freqüências (agudos),

    o que afeta, predominantemente, a compreensão da fala.

    Também é amplamente reconhecido o fato de que a prevalência de problemas

    auditivos, que podem ser detectados por métodos audiométricos rotineiros, aumenta

    significativamente com a idade.

    Cruikshanks et al. (1998) apud  Neves (2002), por exemplo, verificaram que, com

    o envelhecimento ocorrem mudanças no nível de audição (consiste em uma medida em que a

    sensibilidade auditiva é comparada à norma populacional permitindo a identificação fácil de

    perda de audição médio para as faixas de som de 2, 3 e 4 kHz.

    O idoso, por sua vez, apresenta com o decorrer da idade alterações de orelha

    externa como o aumento do tamanho do nicato acústico externo, a diminuição da elasticidadeda pele e da tonicidade muscular, o colabamento e estreitamento do meato acústico externo, a

    diminuição da sensibilidade tátil e dolorosa, o aumento na produção de cerume e hipertricose.

    Na orelha média poderá ser observada, consoante Herger et al (1972) apud  Russo

    (1999), a redução da elasticidade do tecido muscular, calcificação dos ligamentos e dos

    ossículos, diminuição das características de transmissão, as quais não levam a alterações

    audiológicas significativas.

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    Também ocorrem alterações de orelha interna, de acordo com Zamperlini et at

    (1997) tais como: atrofia do órgão de Corti, perda de células ciliadas e de sustentação; perda

    de fibras nervosas do VIII par; atrofia da estria vascular e desequilíbrio bioeletroquímico;

    alterações de membrana basilar e do movimento do duto coclear.

    Contudo, Zamperlini et at (1997) também afirmam que durante o envelhecimento

    podem ser alterados aspectos supraliminares da percepção como de sonoridade, a localização

    de sons no espaço, o reconhecimento da fala e a percepção de sinais mascarados por ruídos.

    Mas, por outro lado, as alterações auditivas associadas ao envelhecimento podem ser causadas

    por diversas disfunções e patologias, tanto periféricas, quanto centrais.

    Schuknecht (1964) apud Russo (1999) contribuiu para a maior compreensão dos

    efeitos do envelhecimento da orelha interna e estruturas neurais, classificando a presbiacusia

    em quatro categorias:

    1) Sensorial: causada por atrofia do órgão de Corti, perda ou degeneração de células

    ciliadas e de sustentação, iniciando na parte basal da cóclea e movendo-se até o ápice.

    Geralmente, afeta 8 kHz e acima, revelando o audiograma uma perda auditiva abrupta para

    altas freqüências.

    2) Neural: resultante da perda de neurônios nas vias auditivas e na cóclea. Torna-se

    notável quando cerca de 30% a 40% de neurônios são perdidos ou destruídos. O

    reconhecimento de fala e a discriminação auditiva estão mais prejudicados neste ripo do que

    no primeiro, devido à perda de fibras nervosas no Sistema Nervoso Central.

    3) Metabólica: engloba a atrofia da estria vascular e desequilíbrio bioelétrico/bioquímico

    da cóclea. Geralmente encontrada nos casos de história familiar de deficiência auditiva e

    possui instalação insidiosa na terceira ou quarta década de vida do indivíduo. Produz uma

    perda auditiva de configuração plana (± 50dBNa – medida de nível de intensidade do som) e

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    afeta o reconhecimento e a discriminação da fala. O autor acredita que é uma condição

    geneticamente determinada.

    4) Mecânica: também conhecida como presbiacusia coercitiva da orelha interna, não

    oferece evidências de alterações histológicas. Schuknecht (1964) apud Russo (1999) a

    atribuía à rigidez das estruturas de sustentação do ducto coclear, resultando em uma redução

    do movimento da membrana basilar, envolvendo, portanto, a mecânica do movimento do

    ducto coclear.

    Johnson & Hawkins (1972) apud  Russo (1999) descreveram mais duas categorias

    de presbiacusia: (1) vascular – caracterizada pela perda de vasos sangüíneos que suprem o

    ligamento espiral, estria vascular e anel timpânico; e (2) central – caracterizada pela perda de

    neurônios do núcleo coclear e outros centros auditivos do cérebro.

    Quintero,  Marotta e Marone (2002) explicam que a audiometria convencional

    fornece informações limitadas sobre a capacidade de comunicação individual, ou seja, embora

    seja útil na detecção do tipo e grau de perda auditiva não descreve a influência do padrão

    auditivo na vida diária que a avaliação do processamento auditivo oferece.

    Rodrigues (2000) informa que uma visão ampla de saúde permitirá pensar que a

    habilidade e a efetividade da comunicação intra e interpessoal possam ser consideradas uma

    dimensão significativa do conceito de saúde. Apoiado no autor defende-se a premissa de que

    os aspectos da fala, linguagem e audição devem ser considerados atributos da saúde e suasmanifestações patológicas, independentemente do fato de não se caracterizarem por sinais e

    sintomas mensuráveis, não serem curáveis por meio da ingestão de drogas, não provocarem

    dor física ou não levarem um indivíduo à morte geram sofrimento, insucesso social e criam

    um grande impacto na experiência pessoal, comprometendo a qualidade de vida.

    Quanto às mudanças decorrentes da idade podem-se:

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    Observar as seguintes alterações auditivas: aumento de zumbidos (de 3% na

    segunda década a 10% na sexta), percepção anormal dos rumores fortes com

    hipersensibilidade dos tons de voz altos, e dificuldade de localização do som, por

    exemplo, na avaliação dos sons de um ambiente ruidoso (VIÚDE apud   LEME,

    2000, p. 131).

    Weatherley; Morall e Mickson (1997) explicam que o controle auditivo é essencial

    nos indivíduos idosos no momento em que há estudos que apontam que até mesmo perdas

    auditivas moderadas podem afetar a intensidade vocal.

    Os autores ressaltam ainda que a incapacidade auditiva refere-se a qualquer

    restrição ou falta de habilidade para desempenhar uma atividade dentro de uma faixa

    considerada normal para o ser humano, principalmente, relacionada aos problemas auditivos

    experienciados pelo indivíduo com referência à percepção de fala em ambientes ruidosos,

    televisão, rádio, cinema, teatro, igreja, sinais sonoros de alerta, música e sons ambientais.

    Kricos e Besner (1995) apud Russo (1999) resumiram as implicações da

    deficiência auditiva no idoso destacando:

    - redução na percepção da fala em várias situações e ambientes acústicos;

    - alterações psicológicas: depressão, embaraço, frustração, raiva e medo causados por

    incapacidade pessoal de comunicar-se com os outros;

    - isolamento social: interação com a família, amigos e comunidade seriamente afetada;

    - incapacidade auditiva: igrejas, teatro, cinema, rádio e TV;

    - problemas de comunicação com médicos e profissionais afins;

    - problemas de alerta e defesa: incapacidade para ouvir pessoas e veículos aproximando-se,

    panelas fervendo, alarmes, telefone, campainha de porta, anúncios de emergência em rádio e

    TV.

    Antes de prescrever qualquer tratamento ou aparelho de amplificação Furtado

    (1999) explica que é importante o profissional da fonoaudiologia perguntar ao paciente o que

    ele sabe a respeito de aparelhos auditivos para avaliar seu grau de esclarecimento. Deve-se

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    também esclarecê-lo que a indicação clínica é feita a partir do momento em que foram

    esgotados todos os recursos terapêuticos e cirúrgicos disponíveis para o caso.

    Segundo o autor para alguns idosos o aparelho de amplificação é sinônimo de um

    instrumento incômodo e barulhento incapaz de resolver seu problema. Já outros encaram

    como a solução milagrosa de sua dificuldade auditiva na ilusão de que a prótese lhe trará o

    restabelecimento da audição normal. Logo, deve-se fornecer ao paciente, informações claras,

    objetivas e realistas sobre o uso da amplificação mostrando-lhe suas vantagens, desvantagens

    e indicações clínicas, a fim de esclarecê-lo que o aparelho consiste em um recurso externo

    capaz de auxiliá-lo e não de substituição das funções do ouvido humano, não sendo capaz,

    portanto, de curá-lo, e quando bem indicado não influenciará ou modificará na sua perda

    auditiva.

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     35

    6 METODOLOGIA

    6.1 Tipo e Natureza do Estudo

    Estudo descritivo com abordagem quantitativa.

    6.2 Cenário

    O cenário desse estudo foi o Posto de Saúde Escola Meireles do Município de

    Fortaleza da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará localizado na Avenida Antônio Justa, nº

    3161, no bairro Meireles.

    6.3 População de Estudo e Tamanho da Amostra

    Selecionaram-se os sujeitos da pesquisa entre mulheres residentes na comunidade

    do Campo do América com idade a partir de 60 anos que participaram do Projeto

    Interdisciplinar de Atenção ao Idoso incluso no Projeto de Responsabilidade Social do

    Programa ESP Cidadã da Escola de Saúde Pública e, que também são atendidas no Centro de

    Saúde Escola Meireles do Município de Fortaleza-Ceará.

    6.4 Instrumento de Coleta

    Como instrumentos de pesquisa foram utilizados formulários que foram

    preenchidos pela própria pesquisadora contendo variáveis relativas às principais alterações

    vocais e auditivas identificadas pelas entrevistadas.

    O grupo era composto de 34 idosas, mas foram aplicados apenas 17 formulários,

    pois apenas estas aceitaram responder ao questionário e assinar o Termo de Consentimento

    Livre e Esclarecido. O referido estudo foi realizado no período de 01 julho a 01 agosto de

    2007.

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    6.5 Organização e Análise dos Dados

    Os dados coletados foram processados e apresentados sob a forma de quadros e

    tabelas.

    6.6 Critérios de Inclusão

    ● Idade a partir de 60 anos;

    ● Mulheres inscritas no Projeto de Atenção Interdisciplinar ao Idoso;

    ●  Sujeitos que concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    (TCLE) e aceitaram responder ao formulário.

    6.7 Critérios de Exclusão

    ● Não foram pesquisadas mulheres que apresentaram indícios de transtornos cognitivos;

    6.6 Aspectos Éticos

    Quanto aos aspectos éticos da pesquisa para que não houvesse dúvidas quanto à

    finalidade e critérios do estudo as idosas que concordaram em participar do estudo assinaram

    um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice II) em cumprimento ao artigo IV,

    parágrafo 3 da resolução 196/96 do CSN/MS que trata da pesquisa envolvendo seres humanos

    permitindo que o trabalho fosse submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Escola de

    Saúde Pública do Ceará.

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    7 RESULTADOS

    A temática desse estudo é importante por que a capacidade para se comunicardesenvolvida pela espécie humana através da linguagem falada é seriamente comprometida

    pelas alterações vocais e auditivas decorrentes do processo de envelhecimento. Portanto, todas

    as informações a respeito desse assunto são fundamentais para esclarecer aos fonoaudiólogos

    e demais profissionais da área da saúde, bem como aos próprios idosos, que qualidade de vida

    no processo de envelhecimento também perpassa a questão da qualidade vocal e auditiva.

    O objetivo geral do estudo foi verificar a percepção de mulheres acompanhadas

    em um Projeto Interdisciplinar de Atenção ao Idoso sobre as alterações vocais e auditivas

    ocorridas durante o processo de envelhecimento.

    Para tanto, buscou-se através dos objetivos específicos relatar as percepções das

    mulheres inclusas no Projeto Interdisciplinar de Atenção ao Idoso em relação às principais

    alterações vocais decorrentes do processo de envelhecimento e identificar as principais

    alterações auditivas percebidas pelas idosas que comprometem a comunicação da mulher

    nessa faixa etária.

    Para alcançar os objetivos da pesquisa foi realizado um estudo descritivo com

    abordagem metodológica do tipo quantitativa onde foram entrevistadas 17 mulheres, em sua

    maioria, donas de casa na faixa etária entre 60 e 91 anos residentes na Comunidade do Campo

    de América em Fortaleza.

    Foi possível observar que apenas algumas das mulheres que responderam ao

    questionário relataram perceber sintomas característicos de presbifonia e presbiacusia,

    alterações vocais e auditivas conseqüências do processo de envelhecimento.

    Supõem-se através da verificação perceptiva fonoaudiológica, entre outros

    aspectos, que a autopercepção dos sujeitos do estudo apontam, além do comprometimento

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    sensorial, seguido de deterioração vocal e auditiva, também por parte das entrevistadas o

    receio de serem discriminadas pelos grupos sociais dos quais fazem parte por não ouvirem

    bem.

    7.1 Perfil Demográfico dos Sujeitos do Estudo

    Quanto à idade da amostra da pesquisa esta variou de 60 a 91 anos, idade no qual,

    segundo Viúde (2000, p. 131), “o idoso pode apresentar dificuldades articulatórias

    (imprecisões, trocas, substituições, etc.) muitas vezes associadas à perda de dentes edificuldade em adaptar próteses dentárias, alterações de voz, (mudanças na laringe) e

    respiração (alterações pulmonares e mudanças de padrões respiratórios)”.

    Atualmente a expectativa de vida do brasileiro está em 68 anos e em 2025 será de

    80 anos. Ou seja, a queda combinada das taxas de fecundidade e mortalidade vem

    ocasionando uma mudança nas estruturas etárias, com a diminuição relativa da população

    mais jovem e o aumento proporcional dos idosos. Em 1980, a população brasileira dividia-se,

    igualmente, entre os que tinham acima ou abaixo de 20,2 anos. Em 2050, essa idade mediana

    será de exatos 40 anos (IBGE, 2004).

    Merece atenção o fato de que em 2000 30% dos brasileiros tinha de zero a 14 anos,

    e os maiores de 65 representavam 5% da população. Em 2050, esses dois grupos etários se

    igualarão, pois cada um deles representará 18% da população brasileira. E mais, se em 2000 o

    Brasil tinha 1,8 milhão de pessoas com 80 anos ou mais, em 2050 esse contingente poderá ser

    de 13,7 milhões (IBGE, 2004).

    No caso dos sujeitos pesquisados nesse estudo 29,4% encontram-se na faixa etária

    compreendida entre 60 – 65 anos, 29,4% entre 66 – 70 anos e, 35,3% das mulheres

    entrevistadas entre 71 – 91 anos, portanto, a maioria das entrevistadas tem mais de 70 anos

    conforme mostra a tabela 1.

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    Tabela 1. Distribuição das idosas segundo idade. Fortaleza, julho de 2007

    Variável Nº %

    1. Idade (anos)

    60 – 70 11 64,7

    71 – 91 6 35,3

    Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, com base

    no Censo de 2000, a população idosa no Brasil atualmente é de 14,5 milhões de pessoas, 8,6%

    da população total do País. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais,

    mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países

    em desenvolvimento. Segundo pesquisas, em uma década, o número de idosos no Brasil

    cresceu 17% e, em 1991, ele correspondia a somente 7,3% da população.

    7.2 Hábitos Vocais Inadequados

    Quanto à investigação dos hábitos inadequados deve-se conectar em dois grupos

    de fatores: os de natureza externa, tais como tabagismo, etilismo, uso de ar condicionado e do

    próprio comportamento vocal devido ao abuso ou mau uso vocal. Na comunidade do Campo

    do América, onde residem às entrevistadas o ambiente é de extrema competição sonora,

    portanto, falar ou gritar se configura um risco real para a saúde vocal das mesmas.

    Entre os hábitos nocivos à manutenção da qualidade vocal os principais foram

    falar muito, fumar, falar alto e pigarrear. Apenas 2 mulheres responderam não ter nenhum

    hábito inadequado. Verificou-se número elevado de fumantes, ou seja, mais da metade das

    mulheres que responderam ao questionário segundo retrata o quadro abaixo.

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    Quadro 1. Distribuição das idosas segundo os hábitos vocais inadequados. Fortaleza,

     julho de 2007

    2. Hábitos

    Falar muito 2 -

    Fumar 4 -

    Falar alto + Fumar 1 -

    Pigarrear 1 -

    Fumar + pigarrear 2 -

    Fumar + beber + pigarrear 1 -

    Falar alto + pigarrear + gritar 3 -

    Falar alto + Fumar + beber + pigarrear + gritar 1 -

    Nenhum 2 -

    Por isso é mais comum que os pacientes com tendência a desenvolverem hábitos

    vocais inadequados utilizarem diferentes práticas abusivas do que quando se submetem a

    apenas uma. Assim geralmente quem grita demais também fala demais em freqüência

    inadequada e com alta velocidade. A somatória de diferentes atos de abusos e mau uso da voz

    tem peso na redução da resistência vocal.

    Das 17 entrevistadas uma mulher respondeu que fala muito alto, fuma bebe,

    pigarreia e grita incorrendo esses fatores de risco para sérios comprometimentos vocais. Sabe-

    se que alguns hábitos contribuem em muito para o surgimento mais cedo das alterações vocais

    e auditivas. Entre esses o tabagismo, gritar ou falar muito alto, pigarrear e abuso de bebidas

    alcoólicas. Quando em conjunto esses fatores atuam de forma muito mais danosa para a

    qualidade vocal.

    Uma série de sintomas podem ser relacionados ao abuso agudo, crônico ou mau

    uso do mecanismo vocal, como o pigarro, a rouquidão, o cansaço ao falar e falhas na voz.

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    Quanto ao pigarro esse é danoso para a voz por que agride as cordas vocais trazendo prejuízos

    para a qualidade vocal e a comunicação.

    Muitos destes sintomas podem resultar da não adoção de medidas de higiene

    vocal. Esta consiste de normas básicas que auxiliam a preservar a saúde vocal e prevenir o

    aparecimento de alterações e doenças.

    7.3 Principais Alterações Vocais Percebidas

    Quanto às alterações vocais destacadas no formulário aplicado no estudo, Pinho

    (1998) explica que a voz rouca é a alteração vocal mais comum. É uma qualidade vocal com

    ruídos adventícios e parasitários à emissão, com altura e intensidade diminuídas. Corresponde

    à irregularidade vibratória da mucosa das pregas vocais, estando geralmente relacionada a

    lesões orgânicas da laringe, como nódulos, pólipos, edemas, ou fenda de qualquer dimensão,

    associada a alteração de mucosa.

    Já em relação às vozes disfônicas, o autor explica que, além de rouquidão,

    aspereza e soprosidade, existem outros termos como: bitonalidade, diplofonia, voz pastosa,

    voz clara e voz escura que são freqüentemente utilizados na clínica, caracterizados pela

    presença de sons desagradáveis, desvios de pitch (sensação subjetiva de freqüência),

    distúrbios ressonantais, alterações de loudness (sensação subjetiva de intensidade), alterações

    de velocidade e de prosódia, são aqui mencionados, pois são passíveis de equívocos na

    avaliação. 

    A respeito das modificações percebidas pelas entrevistadas no decorrer do

    processo de envelhecimento foi indagado sobre as alterações da voz em relação a quando

    estas eram jovens, se consideravam a voz alterada e qual alteração foi percebida. No caso,

    82,4% responderam ter percebido que a voz se modificou em relação a quando era mais

     jovem, conforme a tabela a seguir:

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    Tabela 2. Distribuição das idosas segundo alterações da voz. Fortaleza, julho de 2007.

    Variável Nº %

    1. Alteração da voz em relação quando era jovem 

    Sim 14 82,4

    Não 3 17,6

    2. Tipo de alteração 

    Mais fina 1 7,1

    Mais grossa 6 42,9

    Rouca 2 14,3

    Mais fraca 5 35,7

    3. Problemas anteriores na voz

    Sim 5 29,5

    Não 12 70,5

    4. Cansaço na voz no final do dia 

    Sim 3 17,6

    Não 14 82,4

    Entre as alterações vocais percebidas pelas entrevistadas 7,1% responderam que a

    voz ficou mais fina, 42,9% disseram que ficou mais grossa, 14,3% do total das mulheres que

    responderam ter verificado alguma alteração na voz dizem ter ficado mais rouca e, 35,7%

    relataram ter ficado com a voz mais fraca.

    Do total de entrevistadas 29,9% das questionadas responderam ter apresentado

    problemas anteriores na voz como rouquidão, cansaço na voz e outros e, 70% responderam

    não ter percebido ou não ter apresentado algum tipo de alteração vocal.

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    No item que se refere à percepção de cansaço vocal no final do dia, das mulheres

    entrevistadas 14 responderam não ter apresentado esse tipo de problema representando 82,4%

    do total de entrevistadas.

    Quanto ao fator anatômico do envelhecimento vocal Soyama et al (2005) explica

    que este se caracteriza pela atrofia dos músculos da laringe resultando em menor eficiência

    biomecânica de todo o sistema. Nos homens as alterações histológicas em alguns tecidos da

    laringe começam a ocorrer ao redor da terceira década de vida, enquanto que nas mulheres

    estas diferenças se dão a partir da quinta década.

    Para homens com idade avançada há uma tendência a apresentar uma voz mais

    aguda e de tom mais alto que a que tinha quando mais jovem e para as mulheres a voz pode

    tornar-se mais grave com o avançar da idade segundo Soyama et al (2005). O percentual de

    42,9% das mulheres que perceberam que a voz se tornou mais grave confirma essa

    informação.

    Apesar de 82,4% do total das entrevistadas terem respondido perceber algum tipo

    de alteração vocal em relação a quando estas eram mais jovens esse estudo não permitiu

    generalizar esses resultados para todos que alcançam essa idade, pois além de fatores

    intrínsecos há também fatores extrínsecos que influenciam para o surgimento das alterações

    vocais, entre esses o estilo de vida e os hábitos do indivíduo.

    Dessa forma, do total de 17 pesquisadas 82,4% disseram perceber que a voz mudou como passar dos anos. Como já afirmado anteriormente, o tipo de alteração que mais compromete a

    qualidade vocal dessas mulheres é a voz ter se tornado mais grossa 42,9%. Do total, 35,7% relataram

    que a voz se tornou mais fraca, 14,3% a voz ficou rouca e apenas 7,1% disseram ter a voz, ficado mais

    fina. E apenas 29,5% das entrevistadas disseram ter tido algum tipo de problema anterior com a voz e,

    17,6% das mesmas responderam sentir cansaço na voz no final do dia.

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    Tabela 3. Distribuição das idosas segundo alterações da audição. Fortaleza, julho de

    2007.

    Variável Nº %

    1. Dificuldade para ouvir 

    Sim 6 35,3

    Não 11 64,7

    2. Dificuldade para entender o que as pessoas falam 

    Sim 7 41,2

    Não 10 58,8

    3. Solicita repetição da pergunta quando alguém

    fala pela primeira vez

    Sim 8 47

    Não 9 53

    4. Compreende bem quando fala ao telefone 

    Sim 13 76,5

    Não 4 23,5

    5. Aumenta volume da televisão

    Sim 3 17,6

    Não 14 82,46. Aumenta volume do rádio

    Sim 1 5,9

    Não 16 94,1

    Observa-se na tabela 3 que, quanto às dificuldades apresentadas para ouvir o som

    da tv apenas 17,6% relataram precisar aumentar volume da televisão para conseguir ouvir a

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    programação contra 82,4% que disseram consegui ouvir bem mesmo com um volume normal,

    qual seja, audível por outros indivíduos não idosos que também assistem a tv.

    Quanto ao aparelho de rádio apenas 5,9% responderam precisar aumentar volume

    do rádio para ouvir bem a programação. Porém, não foi perguntado qual dos dois meios de

    comunicação de massa é mais utilizado pelas mulheres entrevistadas podendo esse dado ser

    determinante para explicar que apenas a percentagem apresentada contra 94,1% que não

    precisa aumentar o volume do rádio para conseguir ouvir bem a programação.

    Portanto, quanto aos problemas de audição verificados através das respostas das

    entrevistadas e, diante dos resultados apresentados concorda-se com Balen (1997) quando este

    explica ser o ouvido humano capaz de realizar a resolução da intensidade, da freqüência e do

    tempo, e de fazer a integração temporal ou somação destas informações ouvidas.

    O autor enfatiza ainda que a resolução temporal refere-se à habilidade para

    detectar mudanças no estímulo em função do tempo como, por exemplo, a capacidade de

    detectar mudanças de um som a outro, percebendo que são dois e não um único som, como

    ocorre nas transições de formantes entre os sons que acontecem durante a fala contínua.

    Os dados apresentados na tabela levam a suspeitar que, do total de entrevistadas,

    35,3% das que relataram dificuldade para ouvir podem já estar sofrendo com a presbiacusia.

    Segundo Russo (1999), esta é uma alteração fonoaudiológica tipicamente caracterizada por

    uma perda auditiva bilateral levando seu portador a experimentar uma diminuição dasensibilidade auditiva e uma redução na inteligibilidade da fala, o que vem comprometer

    seriamente o processo de comunicação verbal. A perda auditiva em altas freqüências torna a

    percepção dos sons consonantais muito difícil, especialmente quando a comunicação ocorre

    em ambientes ruidosos, como é o caso do local de moradia dessas mulheres.

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    7. 5 Dificuldades na Audição e Solicitação de Repetição da Fala

    Tabela 4. Distribuição das idosas segundo dificuldades na audição e solicitação derepetição da pergunta. Fortaleza, julho de 2007.

    Pede para repetir a pergunta quando fala a

    primeira vez 

    Sim  Não 

    Nº % Nº % TotalDificuldade para entender o

    que as pessoas falam 

    Sim  4 57,1 3 42,9 7

    Não  4 40,0 6 60,0 10

    Das 7 mulheres que relataram dificuldades para entender o que as pessoas falamapenas 4 (57,1%) pedem para repetir a pergunta o que pode estar talvez demonstrando o

    receio que os idosos sentem para expressar as dificuldades na audição por medo da

    discriminação e preconceito do grupo familiar, vizinhos e outros grupos sociais dos quais

    fazem parte.

    Por outro lado, das 10 mulheres que não tinham dificuldade para entender o que as

    pessoas falam 4 (40%) pediam para repetir a pergunta quando alguém falava pela primeira

    vez.

    Mesmo não compreendendo bem as falas que lhes são dirigidas por não

    conseguirem ouvir direito o que está sendo dito, os sintomas dessas alterações auditivas são

    confundidos com problemas de transtornos mentais ou cognitivos. Isso por que, muitos

    profissionais da área da saúde ainda não consideram que essas alterações podem comprometer

    significativamente a qualidade auditiva e de vida desses idosos.

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    Pela resposta das entrevistadas suspeita-se que algumas apresentem sintomas

    característicos de um quadro de presbiacusia. Corso (1977) a pud Russo (2004) relatou que a

    presbiacusia é tipicamente caracterizada por uma perda auditiva bilateral para tons de alta

    freqüência devido a mudanças degenerativas e fisiológicas no sistema auditivo com o

    aumento da idade.

    Corso (1977) ainda explica que quando há o comprometimento da qualidade

    auditiva do idoso não é possível ordenar e seqüenciar estímulos auditivos e, nesse caso

    realmente há a dificuldade para a compreensão da fala de outros indivíduos e uma dificuldadena comunicação.

    Diante do exposto na literatura observa-se que além de ser uma alteração sensorial

    severamente incapacitante a deficiência auditiva compromete seriamente a qualidade de vida

    de seus portadores no sentido do relacionamento interpessoal.

    Isso por que, idosos que ficaram surdos ou apresentam dificuldades para ouvir, por

    qualquer causa, freqüentemente apresentam sintomas depressivos pelas dificuldades de

    comunicação, diminuindo assim a participação social.

    Quanto à efetividade e capacidade de manter a comunicação é algo muito

    importante para essas mulheres, pois lhes permite dividir com outros indivíduos suas idéias,

    pensamentos, desejos, sentimentos e aspirações.

    Essa constatação permite afirmar que um dos principais fatores que assegura uma

    boa qualidade de vida ao idoso é o relacionamento social que depende de um adequado

    processo de comunicação o que está intimamente ligado à audição e a sua voz. 

    Por isso o tratamento fonoaudiológico e o uso de dispositivos de amplificação

    sonora individual, somada as sessões de reabilitação audiológica podem amenizar em muito

    os efeitos prejudiciais causados, por exemplo, pela presbiacusia, auxiliando na comunicação

    deste indivíduo e, conseqüentemente auxiliando na melhora da sua qualidade de vida.

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    A fonoaudiologia atuando com a comunicação e garantindo a efetividade desta,

    permite ao indivíduo partilhar com o meio social suas idéias, pensamentos, desejos,

    sentimentos e aspirações. Lembra-se que um dos principais fatores que asseguram uma boa

    qualidade de vida ao idoso, é o relacionamento social que depende de um adequado processo

    de comunicação o que está intimamente ligado à audição e à voz (MOTTA, 1999).

    O impacto do envelhecimento vocal e auditivo ocorre de modo paralelo às outras

    funções do corpo e a voz e audição são fatores preponderantes na comunicação revelando as

    características físicas e psicológicas do indivíduo, explicam Costa e Matias (2005), pois na

    senescência as mudanças vocais podem interferir negativamente na relação com os indivíduos

    e no ajuste social do idoso.

    O profissional da Fonoaudiologia identifica quais as principais alterações vocais e

    auditivas que estão comprometendo a comunicação do idoso para depois poder atuar na

    reabilitação e facilitação dos processos alterados bem como na orientação de condutas

    fornecendo assim meios de proporcionar uma melhor qualidade de vida para esse indivíduo.

    Mas o mais importante é prevenir, pois os custos de um tratamento são muito mais

    dispendiosos.

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    7 CONCLUSÃO

    O objetivo geral do estudo foi verificar a percepção de mulheres acompanhadas

    em um Projeto Interdisciplinar de Atenção ao Idoso sobre as alterações vocais e auditivas

    ocorridas durante o processo de envelhecimento.

    Para tanto, buscou-se através dos objetivos específicos relatar as percepções das

    mulheres inclusas no Projeto Interdisciplinar de Atenção ao Idoso em relação às principais

    alterações vocais decorrentes do processo de envelhecimento e identificar as principais

    alterações auditivas percebidas pelas idosas que comprometem a comunicação da mulher

    nessa faixa etária.

    A efetividade e a capacidade de manter a comunicação são importantes para essas

    mulheres, pois lhes permite dividir com outros indivíduos suas idéias, pensamentos, desejos,

    sentimentos e aspirações. Essa verificação permite afirmar que um dos principais fatores que

    asseguram uma boa qualidade de vida ao idoso é o relacionamento social que depende de um

    adequado processo de comunicação o que está intimamente ligado à audição e a sua voz.

    Inicialmente supunha-se que a falta de percepção do envelhecimento vocal por

    parte das entrevistadas podia-se relacionar ao perfil da amostra por se tratar de indivíduos que

    não fizeram uso profissional da voz, por se tratar em sua maioria de donas de casa, pois se

    acreditava lhes faltar experiências auditivas para discriminar quando a voz apresenta ou nãoalterações mais significativas que, neste caso, compunham um quadro de presbifonia.

    Porém, observaram-se contradições nas respostas de uma parte considerável das

    entrevistadas quanto à dificuldade de ouvir e em relação à necessidade de repetir as perguntas

    feitas às mesmas e quanto à necessidade de aumentar o volume do rádio e da tv.

    Através das respostas dos sujeitos pesquisados observou-se que entre outras

    alterações citadas a maioria respondeu que a voz tornou-se mais grave com o avançar da

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    idade, porém esse estudo não permitiu identificar até onde estas mudanças ocorrem para que

    se considerem alterações normais. Porém, mulheres que responderam praticar maus hábitos

    vocais como fumar, falar alto, pigarrear e gritar também apresentaram mais alterações vocais

    como rouquidão, voz mais fina ou mais grossa.

    Dessa forma tem-se que, o tratamento fonoaudiológico e o uso de dispositivos de

    amplificação sonora individual somada a sessões de reabilitação audiológica amenizam em

    muito os efeitos prejudiciais causados, por exemplo, pela presbiacusia, auxiliando na

    comunicação deste indivíduo e, conseqüentemente auxiliando na melhora da sua qualidade de

    vida.

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