Angiostrongilíase Renata de Melo Branco 1801062 Gabriela Costa Rozan 1801063 Amanda Ferrato Tavares 1801069 Ana Luísa Novaes Ferreira 1801075 Ricardo Marques Peralta 1801077
Parasitas Assassinos: Angiostrongylus cantonensis
Tempo: 2min18s a 12min45s
Angiostrongilíase
Agente etiológico
● Angiostrongylus cantonensis: produz lesões no SNC
● Angiostrongylus costaricensis: causa lesões abdominais,
inflamação de ceco e apêndice vermiforme
Generalidades
● A. cantonensis ocorre predominantemente no Sudeste asiático
e na Bacia do Pacífico
● A. costaricensis ocorre nas Américas, predominantemente na
América Latina e Caribe
● O Angiostrongylus é também chamado de “lombriga de rato”
Angiostrongilíase
Hospedeiros definitivos: Roedores, como
ratos.
Hospedeiros intermediários: lesmas e caramujos, como o Achatina fulica.
Hospedeiros paratênicos: como caranguejos e camarões de água doce.
Morfologia
Vermes adultos
● Filiformes afinando-se na extremidade
anterior
● São transparentes com cabeça
arredondada
● Dimorfismo sexual
Machos
● Tamanho: 15,5-23,0 mm de comprimento
e 0,25-0,35 mm de largura
Fêmeas
● Tamanho: 18,5-33,0 mm de comprimento
e 0,28-0,5 mm de largura
Morfologia
Parte anterior e posterior de vermes adultos de Angiostrongylus spp.
Morfologia -
Larva L1
Larva L3
Verme adulto macho
Verme adulto fêmea
Ciclo de vida A. cantonensis (A)
+ A. costarricensis (B)
● (A) Causa meningite eosinofílica
caracterizada por eosinofilia no líquor. ● (B) Causa enterite eosinofílica, uma
inflamação eosinofílica das arteríolas mesentéricas da região ileocecal do TGI que mimetiza apendicite.
● (A) Ovos nos pulmões e a larva em primeiro estágio (L1) passam para as fezes de roedores (A. cantonensis)
● (B) Ovos no íleo e larva passam para as fezes (A. costaricensis)
Ciclo de vida A. cantonensis (A)
+ A. costarricensis (B)
● Larva L1 infecta lesmas e caramujos ● Caramujos e lesmas são hospedeiros
intermediários e após duas mudas, a larva alcança o estágio infectivo, a L3
● Larvas L3 de (A) e (B) são ingeridas por ratos
● Humanos se tornam infectados por ingestão de alimentos contaminados com a larva infectiva L3.
● Humanos são hospedeiros acidentais. Humanos não transmitem A. cantonensis (A) ou A. costaricensis (B)
Ciclo de vida A. cantonensis
Ciclo de vida A. cantonensis
Patogenia
● Em humanos, A. cantonensis é a causa mais comum de meningite eosinofílica.
Geralmente a infecção se resolve sem tratamento ou consequências sérias, mas em
casos com uma carga pesada de parasitas a infecção pode ser tão severa que pode
causar dano permanente ao SNC ou levar à morte.
● A infecção primeiro se manifesta com dor abdominal intensa, náusea, vômito e fraqueza,
que gradualmente diminui e evolui para febre. Depois se iniciam os sintomas do SNC,
como fortes dores de cabeça, além de rigidez no pescoço. Ocasionalmente os
pacientes podem apresentar paralisia de algum nervo craniano, geralmente nos nervos
7 e 8, e, em casos raros, as larvas entram nas estruturas oculares.
Patogenia
Infecção grave do SNC
● Os sintomas do sistema nervoso central começam com comprometimento cognitivo leve
e reações lentas. Quando a severidade é maior, muitas vezes, há evolução para
inconsciência.
Os pacientes podem apresentar dor neuropática no início da infecção. Ainda, nesse
caso, o paciente pode apresentar fraqueza ascendente, quadriparesia, arreflexia,
insuficiência respiratória e atrofia muscular e a infecção pode levar à morte se não for
tratada. Mesmo com o tratamento, os danos ao sistema nervoso central podem ser
permanentes e resultam em uma variedade de resultados negativos, dependendo da
localização da infecção, o paciente pode sofrer dor crônica como resultado da infecção.
Invasão Ocular
● Os sintomas da invasão ocular incluem deficiência visual, dor, ceratite e edema
retiniano. Os vermes geralmente aparecem na câmara anterior e vítreo e às vezes
podem ser removidos cirurgicamente.
Patogenia
● Já a A. costaricensis promove a Angiostrongilíase Abdominal.
● Vermes adultos residem nas arteríolas da área ileocecal e ovos podem ser liberados nos
tecidos intestinais, resultando em inflamação local com dor abdominal, vômitos e febre.
A angiostrongilíase abdominal imita a apendicite; pode se desenvolver uma massa
dolorosa no quadrante inferior direito.
● É uma doença de rápida evolução demandando intervenção cirúrgica em 3-30 dias.
● Em casos graves pode gerar oclusão intestinal, ulceração e peritonite.
Epidemiologia
Nas Américas:
● A. costaricensis: foram registrados casos de angiostrongilíase abdominal em
países como: Costa Rica, Honduras, México, entre outros, ao longo do séc.
XX, além de registros do encontro de hospedeiros definitivos infectados com
a doença em países com os EUA.
● A. cantonensis: foi inicialmente relatada na Ásia e se disseminou para as
Américas no séc. XX. O primeiro relato de meningite eosinofílica foi em 1981
em Cuba, enquanto o relato mais recente foi de 2011 no Equador.
Epidemiologia
No Brasil:
● Foram diagnosticados 9 casos de meningite eosinofílica causada por A.
cantonensis, todos causados pela ingestão de moluscos infectados por larvas
de terceiro estágio (L3):
→ 2 casos em Cariacica/ES;
→ 2 casos no estado de Pernambuco;
→ 5 casos no estado de São Paulo.
● A. costaricensis: no Brasil, são registrados de 4 a 6 casos por ano com foco no
Rio Grande do Sul ao Espírito Santo.
Epidemiologia: A. cantonensis
● Em vermelho (ES):
Estado com registro de
infecção humana,
hospedeiros
intermediários e
hospedeiros definitivos
naturalmente infectados.
● Em laranja (SP e PE):
Estados com registro de
infecção humana e
hospedeiros
intermediários
naturalmente infectados.
Diagnóstico
● O diagnóstico é dado por suspeita por parte do médico de que o paciente ingeriu algum
alimento contaminado por larvas em fase L3.
● Pacientes com sinais de meningite e histórico prévio favorável à contaminação devem
ser submetidos a uma punção lombar; caso o líquido cefalorraquidiano apresente
eosinofilia, pode-se confirmar o diagnóstico, já que os vermes são de difícil
identificação.
● O diagnóstico por meio de análise do trato gastrointestinal é difícil pois as larvas e os
ovos do verme não são encontrados nas fezes.
Tratamento
● Tanto em casos de meningite eosinofílica por A. cantonensis quanto de
angiostrongilíase abdominal causada por A. costaricensis, não há evidência de
eficácia de drogas anti-helmínticas; a maioria dos paciente apresenta cura
espontânea.
→ Além disso, o tratamento com drogas anti-helmínticas pode piorar o quadro
● Tratamento sintomático: busca aliviar a dor e repor líquidos e eletrólitos por meio do
uso de corticoides e remoção de líquido cerebrospinal, por exemplo.
● Tratamento cirúrgico: pode ser necessário em casos de complicações por
angiostrongilíase abdominal.
● Trata-se também com corticoides para redução da resposta inflamatória
Profilaxia ● Educação geral para consumo de alimentos oriundos de meio aquático e lesmas
devidamente cozidos; ● O aquecimento por 3 a 5 minutos ou o congelamento a 15ºC por 24 horas matam a
larva; ● Lesmas e caramujos podem estar infectados, inclusive o caramujo africano trazido para
criação em cativeiro para produção de escargot (produção sem sucesso comercial) que se disseminou como praga por vários locais do Estado de São Paulo e Brasil;
● A pessoa que coletar os caramujos africanos deve ter as mãos protegidas por luvas ou por sacos plásticos que, ao final do processo, devem ser descartados, para que não se infectem. Colocar tudo dentro de sacos e jogar sal faz com que os moluscos se desidratem e morram.
● Os caramujos africanos devem ser esmagados, quebrados e enterrados com cal, para que eles não contaminem o solo ou o lençol freático, caso estejam contaminados.
● O controle de ratos é essencial para impedir a disseminação da doença; ● Medidas epidemiológicas – notificação e investigação epidemiológica imediata.
Caso clínico Paciente masculino, 11 anos, natural e procedente da zona sul da cidade de São Paulo (SP),
sem relato de viagem recente, foi internado no Serviço de Emergência Pediátrica em
setembro de 2010 com história de cefaléia há sete dias que piorou nos últimos três dias,
mas sem febre. Visão turva quando os sintomas começaram e erupção cutânea 20 dias
antes do início dos sintomas também foram relatados. Durante o exame físico a criança
estava acordada, acianótica, anictérica, hidratada; não pálido, orientado no espaço-
temporal; respondendo a estímulos verbais; com força muscular preservada; pupilas
isocóricas e fotorreagentes e com leve rigidez nucal terminal. GCS = 15. A tomografia
cerebral não apresentou alterações.
Testes laboratoriais:
● Eosinófilos = 14%
● Basófilos = 1%
● Linfócitos = 40%
● Monócitos = 5%
● Hemoglobina = 14,1 g / dL
● Hematócrito = 42,5%
● Leucócitos = 12.400 / µL
● Proteína C-reativa = 0,05 mg / dL
● Plaquetas= 393000/ mm ³
O líquido espinhal cerebral (LCR) após a punção lombar mostrou:
Volume 6 mL; pelo método visual - cor e aspecto opalescente. Após centrifugação - aspecto incolor.
Citologia total:
● Leucócitos 160 / mm 3
● Glóbulos vermelhos 0 / mm 3
● Neutrófilos = 5%
● Linfócitos = 50%
● Eosinófilos = 36%
● Monócitos = 9%
● Proteína = 42 mg / dL
● Teste de Pandy = negativo
● Glucose = 54 mg / dl
● Cloreto = 679 mg / dL
● Lactato = 16,2 mg / dL
A bacterioscopia do LCR pela coloração de Gram indicou ausência de microbiota bacteriana. Detecção de antígenos bacterianos por aglutinação negativos para: Neisseria meningitidis B, Escherichia coli, Haemophilus influenza , Streptococcus pneumoniae e Streptococcus B.
Familiares apontaram a presença de roedores e caracóis no peridomicílio.
Devido ao aumento significativo de eosinófilos no líquido cefalorraquidiano e no sangue,
foram realizadas investigações clínicas, epidemiológicas e laboratoriais adicionais.
Os resultados sorológicos mostraram que o ELISA para anticorpos anti- cisticerco, anti- toxocara
canis e anti-esquistossomose foi negativo.
Igualmente, os anticorpos IgG e IgM para o vírus herpes simplex (HSV) tipo 1 e tipo 2 e o
teste de hemaglutinação para a sífilis foram negativos.
A detecção direta das larvas de Angiostrongylus cantonensis e do DNA pela RT-PCR na
amostra do LCR coletada cinco dias após o início dos sintomas foi negativa.
A detecção de imunoglobulinas anti- Angiostrongylus cantonensis (IgG) no soro determinada
por ELISA foi negativa e indeterminada no LCR em amostras coletadas cinco dias após o
início dos sintomas. No entanto, a soroconversão foi observada na amostra coletada 135
dias após o início dos sintomas.
O exame parasitológico de fezes foi negativo.
O tratamento consistiu em hidratação endovenosa e alívio dos sintomas por 24 horas. Após
o procedimento, a paciente recebeu alta e foi submetida a acompanhamento ambulatorial, e
a nitazoxanida a 7,5 mg / kg, com duração de três dias. O paciente apresentou a resolução
gradual de dores de cabeça, que diminuiu em sete dias.
A Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo foi notificada do caso.
Perguntas
1. O que foi determinante para o diagnóstico de angiostrongilíase?
1. Dado o histórico do paciente, e o ciclo de vida do verme, como pode ter
ocorrido a infecção?
1. Como essa verminose poderia ter sido evitada?
1. A conduta do médico foi correta ao prescrever nitazoxanida ao paciente?
1. Detecção de imunoglobulinas anti- Angiostrongylus cantonensis (IgG) no soro (135
dias após os sintomas).
1. Consumo de hospedeiros intermediários (moluscos), hospedeiros paratênicos
(crustáceos) e vegetais contaminados com larvas no estágio 3.
1. As medidas preventivas recomendadas consistem em não ingerir moluscos terrestres
ou crustáceos crus ou mal cozidos e ao manipular estes moluscos utilizar luvas ou
sacos plásticos, e após o manuseio lavar bem as mãos. Deve-se ter cuidado especial
com as crianças para que não brinquem com estes animais ou ambientes contaminados
por eles.
1. Não. Atacar as larvas pode piorar o quadro de resposta inflamatória. Logo, nesses
casos, recomenda-se o controle da resposta imunológica com corticóides, como a
prednisona.
Testes relacionados à angiostrongilíase
1. Caso fosse requisitado um EPF ao paciente com angiostrongilíase, o
que encontraríamos nas fezes?
a) Ovos do nematódeo Angiostrongylus spp.
b) Larvas no estágio 1
c) larvas no estágio 2
d) Vermes adultos
e) Nada
Testes relacionados à angiostrongilíase
1. Caso fosse requisitado um EPF ao paciente com angiostrongilíase, o
que encontraríamos nas fezes?
a) Ovos do nematódeo Angiostrongylus spp.
b) Larvas no estágio 1
c) larvas no estágio 2
d) Vermes adultos
e) Nada
2. Qual o hospedeiro definitivo do Angiostrongylus cantonensis?
a) Seres humanos
b) Ratos
c) Moluscos (caramujos e lesmas, por exemplo)
d) Bovinos
3. Qual a forma de vida que infecta acidentalmente o ser humano?
a) Ovos
b) Larva estágio 1
c) Larva estágio 2
d) Larva estágio 3
e) Vermes adultos maduros
2. Qual o hospedeiro definitivo do Angiostrongylus cantonensis?
a) Seres humanos
b) Ratos
c) Moluscos (caramujos e lesmas, por exemplo)
d) Bovinos
3. Qual a forma de vida que infecta acidentalmente o ser humano?
a) Ovos
b) Larva estágio 1
c) Larva estágio 2
d) Larva estágio 3
e) Vermes adultos maduros
4. Em qual tecido, no homem, o Angiostrongylus cantonensis costumam
se alojar, na maioria dos casos?
a) Fígado
b) Pulmão
c) Cérebro
d) Intestino
5. Qual a sequência correta do ciclo de vida do parasita em que o homem
está presente?
a) Roedores - moluscos - homem
b) Moluscos - roedores - homem
c) Homem - roedores - moluscos
d) Homem - moluscos - roedores
4. Em qual tecido, no homem, o Angiostrongylus cantonensis costumam
se alojar, na maioria dos casos?
a) Fígado
b) Pulmão
c) Cérebro
d) Intestino
5. Qual a sequência correta do ciclo de vida do parasita em que o homem
está presente?
a) Roedores - moluscos - homem
b) Moluscos - roedores - homem
c) Homem - roedores - moluscos
d) Homem - moluscos - roedores
Referências
1. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/nemat%C3%B3deos-
vermes-filiformes/angiostrongil%C3%ADase
2. https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/meningite-eosinofilica/
3. https://entnemdept.ifas.ufl.edu/creatures/nematode/rat_lungworm.htm
4. https://www.researchgate.net/figure/Life-cycle-of-A-cantonensis-A-Male-and-female-adult-A-
cantonensis-live-in_fig4_303551798
5. http://www.antimicrobe.org/b028.asp
6. https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/12867/1/taina_monte_ioc_mest_2014.pdf
7. http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2014/junho/25/Ano08-n18-meningite-eosinofilica-es-
completo.pdf
8. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0036-46652013000200129&lang=pt
9. http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-
vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/parasitas/ifnet_angiostrongylus.pdf
Referências
10.
https://web.stanford.edu/group/parasites/ParaSites2009/MarleneKennedy_Angiostrongylus/MarleneKenne
dy_Angiostrongylus.htm
11. http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/5849/zoonoses.htm
Top Related