V TEMPORADA DE MÚSICA DO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO

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PROGRAMA

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) Praeludium et fuga a-moll, BWV 543 [8'] Christ lag in Todesbanden, BWV 625 [2'] Olivier Messiaen (1908 – 1992) De Les Corps Glorieux — Sept Visions brèves de la Vie des Ressuscités, pour Orgue

Force et agilité des corps glorieux [5'] Gabriele Terrone (1981 –) Improvisação – Tríptico sobre temas gregorianos pascais [10']

- Introdução: Victimae paschali laudes

- Allegro: Regina Cœli, lætare, alleluia !

- Tema e variações: O filii et filiae

Johann Sebastian Bach (1685 – 1750) Christ ist erstanden, BWV 627 [4'] César Franck (1822 – 1890) Choral no. 3 en la mineur (1890) [15']

- Allegro: Regina Coeli, laetare, alleluia !

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Notas  ao  programa  Concerto  de  Órgão  “Mors  et  Vita  duello  conflixere  mirando”  12  Abril  2012,  19h30  Lisboa,  Igreja  de  Nossa  Senhora  do  Rosário  de  Fátima    O  tema  da  ressurreição  de  Jesus  Cristo  que  a  congregação  cristã  vive  com  particular  entusiasmo  nestes  dias  do  tempo  pascal  está  no  centro  do  programa  musical  proposto.  A  maior  parte  das  pistas  deste  concerto,  musicais  e  não  musicais,  são-­‐nos  oferecidas  a  partir  da  sequência  medieval  da  Páscoa:    

Victimae  paschali  laudes  immolent  christiani.    Agnus  redemit  oves:  Christus  innocens  Patri  reconciliavit  peccatores.    Mors  et  vita  duello  conflixere  mirando:  dux  vitae  mortuus,  regnat  vivus.    Dic  nobis,  Maria,  quid  vidisti  in  via?    Sepulchrum  Christi  viventis,  et  gloriam  vidi  resurgentis:    angelicos  testes,  sudarium  et  vestes.    Surrexit  Christus  spes  mea:  praecedet  suos  in  Galilaeam.    Scimus  Christum  surrexisse  a  mortuis  vere:  tu  nobis,  victor  Rex,  miserere.  Amen.  Alleluia.1  

 O  concerto  inicia-­‐se  com  o  Praeludium  et  fuga  BWV  543  em  lá  menor  de  Johann  Sebastian  Bach.  O  prelúdio  é   uma   grande   introdução   de   carácter   brilhante   e   com   evidente   influência   da   escola   organística   da  Alemanha   do   Norte.     Ao   contraponto   cristalino   da   fuga   segue-­‐se   uma   cadência   baseada   nos   acordes  diminutos  já  utilizados  no  prelúdio.      Ao  Prelúdio  e  fuga  BWV  543  de  Bach  associa-­‐se  idealmente  o  último  trecho  do  programa,  o  Coral  n.º  3  de  César  Franck,  no  qual  se  podem  reconhecer  citações  muito  explícitas  dos  temas  de  Bach  da  primeira  obra  do  programa,  um  dos  quais  é  apenas  e  só  o  sujeito  cromático  descendente  do  prelúdio.    Os   trechos  compreendidos  entre  o  prelúdio  e   fuga  de  Bach  e  o  coral  n.º  3  de  Franck  são   inspirados  pela  sequência   da   Páscoa.  De   facto,   as  melodias   do   hino   luterano  Christ   lag   in   Todesbanden   (Cristo   jazia   nos  laços   da  morte)   e   Christ   ist   erstanden   (Cristo   ressuscitou)   foram   obtidas   a   partir   da  melodia   gregoriana  medieval   da   sequência   Victimae   paschali   laudes.   No   Trittico   improvvisato   (Tríptico   Improvisado),   além  deste   tema,   serão   utilizados   outros   dois   motivos   muito   populares:   o   da   antífona   mariana   em   canto  gregoriano  para  o  tempo  da  Páscoa,  Regina  Caeli  laetare  alleluia!  e  o  do  hino  O  filii  et  filiae.    O  trecho  Force  et  agilité  des  corps  glorieux  (Força  e  agilidade  do  corpo  glorioso)  de  Olivier  Messiaen  reforça  ainda  mais  a  reflexão  sobre  o  tema  da  ressurreição.  Em  toda  a  sua  produção  organística  Olivier  Messiaen  utiliza  a  sua  inovadora  linguagem  musical  para  penetrar  com  inspirada  profundidade  e  lucidez  nos  grandes  mistérios  da  fé  cristã.  O  trecho  do  programa  é  retirado  de  um  ciclo  com  um  título  emblemático:  Les  Corps  Glorieux   (O  corpo  Glorioso);   tratam-­‐se  de   sete   imagens  –  sept  visions,   como   lhes   chama  Messiaen  –  que  tentam  descrever  alguns  aspectos  da  vida  depois  da  ressurreição,  neste  caso  a  força  e  agilidade  do  Corpo  Glorioso.    

1   À  vítima  pascal  os  cristãos  oferecem  o  sacrifício  de  seus  louvores.  

O  Cordeiro  redimiu  as  ovelhas:  Cristo  inocente,  com  o  Pai,  reconciliou  os  pecadores.  A  morte  e  a  vida  bateram-­‐se  num  duelo  admirável,  o  Rei  da  vida,  morto,  reina  vivo.  Dize-­‐nos,  Maria,  no  caminho;  o  que  vistes?  O  sepulcro  de  Cristo,  que  vive,  e  a  sua  glória  que  ante  os  olhos  tive.  Vi  as  testemunhas  angélicas,  o  sudário  e  as  vestes.  Cristo  minha  esperança,  ressuscitou  e  preceder-­‐vos-­‐á  na  Galileia.  Sabemos,  sim,  que  Cristo  ressuscitou  dos  mortos.  Vós,  ó  Rei  vitorioso,  tende  misericórdia  de  nós.  Amén.  Aleluia.  

 

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O  concerto  conclui-­‐se  com  o  Coral  n.º  3  em  la  menor  de  César  Franck.  De  origim  belga,  Franck  é  o  fundador  da  escola  organística  romântica  francesa  e  os  seus  Trois  Chorals  pour  Grand  Orgue    (Três  corais  para  grande  órgão)  constituem  o  zénite  da  sua  produção  para  órgão.  No  Coral  n.º  3  dois  temas  musicais,  o  primeiro  é  cromático,   descendente,   “infernal”,   o   outro   –   o   próprio   e   verdadeiro   Coral   –   é   modal,     ascendente,  “angélico”,   confrontam-­‐se   num   combate   imaginário   entre   morte   e   vida   (Mors   et   vita   duello   conflixere  mirando).  No  centro  do  trecho  surge  um  terceiro  tema,  cantabile,  em  tom  maior,  extremamente  expressivo  e  humano,  que  funciona  como  charneira  para  o  desenvolvimento  subsequente.  Neste  desenvolvimento  a  luta   entre   os   dois   temas   sobrenaturais   retoma-­‐se   até   ao   grandioso   final,   onde  o   tema   angélico   do   coral  esmaga  e  estilhaça  definitivamente  o  tema  infernal.    

Gabriele  Terrone  

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GABRIELE TERRONE

Breve Biografia

GABRIELE TERRONE (Roma, Itália – 1981) é o organista titular da Basílica de Santa

Maria Maior, em Roma. Desde muito cedo iniciou os seus estudos musicais, então

em piano, obtendo o seu diploma em órgão e composição para órgão no Instituto

Pontifício Vaticano com classificação brilhante sob a orientação do organista catalão

Joan Paradell em 2005.

Mais tarde estudou durante três anos improvisação em órgão com Theo Flury,

obtendo em 2009 o diploma de pós-graduação na Hochschule für Musik em Lucerna

(Suíça). Frequentou também aulas de mestrado leccionadas por Klemens Schnorr,

Michel Bouvard e Daniel Roth.

Após completar os seus estudos em Física, Gabriele Terrone formou-se com

distinção em Matemática na Universidade La Sapienza, em Roma, em 2004. Em 2008

concluiu o seu doutoramento em Matemática na universidade de Pádua.

Actualmente é investigador no Instituto Superior Técnico, em Lisboa (Portugal).

Além da sua intensa actividade como organista de igreja em Santa Maria Maior é

regularmente convidado como solista em importantes festivais de órgão em Itália e

no exterior.

Março 2012

Revisão: Prof. Miguel Casquilho (IST)

Programador: Prof. Henrique Silveira Oliveira