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  • 8/18/2019 Revista Ministerio 5b

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    SET-OUTDE 201

    Exemplaravulso:R$12,68

    O PASTORDOS SONHOSDA IGREJA

    Uma revista para pastores e líderes de igreja

    A ARTE DANEGLIGÊNCIAESTRATÉGICAEla bene ciará seutrabalho e sua família

    COMO DESFRUTARO MÁXIMO DAVOCAÇÃO PASTORAL

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    O extraordinário progresso da ciência com seuconforto e facilidades resultantes, as mudançasradicais experimentadas no mundo e na socie-dade, o relativismo de valores e a impactante in uênciadisso na conduta humana são realidades que aparente-mente tornam descartável, para muitas pessoas, a gu-ra do pastor. Acaso, estariam elas corretas?

    Ainda nos anos 1940, o pastor Roy Allan Anderson,então secretário ministerial da Associação Geral da Igre-ja Adventista do Sétimo Dia, escreveu: “Estes são diasde rápido movimento. Tudo se mede pela velocidade.E se alguém tropeça e cai, antes de poder vir o auxílioele é pisado pela multidão que surge. O homem se en-contra sem lar, em meio a uma oresta de máquinas eforças incontroladas, e milhões cogitam se vale a penaviver. Outros, procurando aliviar sua miséria, estão afun-dando na corrente da vida diante da música monótona.Não sabem para onde se dirigem e julgam que ninguém

    se importa com isso. Tais condições exigem pastores –fortes, sábios e bondosos, que possam simpatizar comas fraquezas do coração humano, e amar, pastores quenão estejam tão ocupados que não possam gastar tem-po deslindando problemas individuais e da comunidade.Por todas as partes há lares despedaçados e coraçõesferidos. E estes exigem o cuidado de um pastor” (O Pas-tor-Evangelista , p. 480, 481).

    Considerando que o coração humano é sempre o mes-mo, a diagnose do problema e sua correspondente recei-ta ainda são plenamente válidos. “Pastores eloquentes,organizadores minuciosos, e ocupados executivos, todostêm seu lugar na igreja de Deus, mas o rebanho crescena graça e na piedade sob o delicado toque do pastor”,acrescenta Anderson. Um dos fatos mais elementares doministério pastoral é que o exercício dele tem como ob-jetivo primeiro o ser humano, a pessoa. Tudo o mais queocupa nosso tempo e exige nossas energias não passade caminhos para que cheguemos ao coração da pessoa,sem considerá-la apenas um item numérico para alcan-çar metas estatísticas de crescimento da igreja, mas a

    m de plantar nesse coração o Salvador.

    Quais ovelhas sem direção, as pessoas necessitamum pastor que as conduza ao redil de Deus e aí as matenha em segurança. Nas Escrituras, Deus, o Pai, e JeCristo, Seu Filho, são descritos como pastores (Sl 2Jo 10:11). E aqueles que são agraciados com o dom pastorear são subpastores (Jr 3:15; 23:4; 10:21; 23Ez 34:2, 7, 8). Depois de haver negado três vezes se

    Mestre, e igualmente por três vezes rea rmado seu amorpor Ele, Pedro foi restaurado a seu lugar no ministéde Jesus. Esta foi a incumbência imediatamente receda: “Apascenta os Meus cordeiros... Pastoreia as Minovelhas... Apascenta as Minhas ovelhas” (Jo 21:15-1

    O apóstolo entendeu perfeitamente o apelo. Seu mnistério o atesta. Não é de admirar que, posteriormenele tenha aconselhado: “Rogo, pois, aos presbíteros qhá entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dsofrimentos de Cristo, e ainda coparticipante da glóque há de ser revelada: Pastoreai o rebanho de Deus q

    há entre vós, não por constrangimento, mas espontneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganâncmas de boa vontade; nem como dominadores dos quvos foram con ados, antes, tornando-vos modelos drebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor Se maniftar, recebereis a imarcescível coroa da glória” (1Pe 5

    A beleza da vocação ministerial, entretanto, não atorna mais fácil de ser exercida. Mas, em comunhão co Supremo Pastor, os subpastores adquirem poder e sbedoria para o desempenho por Ele idealizado. Quana ovelha geme de dor ou por luto, ela quer ver ao slado o pastor. Quando ela sorri no casamento, nascimento de um bebê, ou qualquer outra conquista, espra ver o sorriso recíproco do pastor. Nos descaminhoencruzilhadas da vida, ela precisa do conselho do ptor. E ele ainda tem que administrar, evangelizar, planigrejas. Deve inspirar, motivar, treinar e capacitar a ija para a missão. Priorize. Delegue. Mas não se permesquecer de ser pastor, no mais abrangente signi cadda palavra. Muito menos se esqueça da sua família.

    Zinaldo A. Santos

    Pastoreseloquentes,

    organizadores

    minuciosos,e ocupados

    executivos, todostêm lugar na

    igreja de Deus,mas o rebanho

    cresce na graça ena piedade sob odelicado toque do

    pastor”

    Não se esqueçade ser pastor

    EDITORIAL

    W i l l i a m d e M o r a e s

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    SUMÁRIO

    8 Carta a um jovem pastorVeja os conselhos que um lho pastor recebeu da mãe. 10 O adventismo e anova antropologia

    Marcos BlancoOs desa os e a grande oportunidade para a teologiaadventista.

    13 O pastor dos sonhos da igreja Ellen G. WhiteCaracterísticas do pastor, segundo Ellen G. White.16 A arte da negligência estratégica Willie e Elaine Oliver

    Limites que levam à excelência ministerial.

    20 Um caminho para o líder cristão Larry YeagleyAutor propõe um modelo de liderança que está nacontramão do mundo.

    22 Desfrute sua vocação Omar MirandaRelembre nove princípios que evitam o colapso pastoral.

    24 Conforto paradestinatários sofredores Norman H. YoungEstudo minucioso da epístola aos hebreus.

    27 A igreja em tempos de crise Flávio Pereira S. FilhoOs adventistas em meio a con itos nacionais einternacionais.

    2 Editorial 4 Entrelinhas 5 Entrevista 30 AFAM

    32 Mural 34 Recursos 35 Ponto fnal

    Uma publicação da Igreja Adventista doSétimo DiaAno 87 – Número 520 – Set/Out 2015Periódico Bimestral – ISSN 2236-7071

    EditorZinaldo A. SantosEditor AssociadoMárcio NastriniAssistente de EditoriaLenice F. Santos

    Projeto GráfcoLevi GruberCapaWilliam de Moraes

    Colaboradores EspeciaisCarlos Hein; Herbert Boger; Jerry Page;Derek Morris

    ColaboradoresAntônio Moreira; Cícero Gama; Cláudio Leal;Edilson Valiante; Edinson Vasquez; Eliezer Júnior; Enzo Chaves; Eufracio Quispe; FabianMarcos; Geovane Souza; Horácio Cayrus; Jair Garcia Góis; Mitchel Urbano; NelsonFilho; Pablo C. Garcia; Waldony Fiúza

    Ministério na Internetwww.dsa.org.br/revistaministeriowww.dsa.org.br/revistaelministerioRedação: [email protected]

    Todo artigo, ou correspondência, paraa revista Ministério deve ser enviado parao seguinte endereço:Caixa Postal 2600 –70279-970 – Brasília, DF

    CASA

    PUBLICADORABRASILEIRA

    Editora da Igreja Adventista do Sétimo DRodovia SP 127 – km 106 – Caixa Posta18270-970 – Tatuí, SP

    Diretor-Geral José Carlos de LimaDiretor FinanceiroEdson Erthal de MedeirosRedator-ChefeMarcos De BenedictoRedator-Chefe AssociadoVanderlei DornelesChefe de ArteMarcelo de Souza

    SERVIÇO DE ATENDIMENTO AO CL

    Ligue Grátis: 0800 979 06 06Segunda a quinta, das 8h às 20hSexta, das 7h30 às 15h45Domingo, das 8h30 às 14hSite: www.cpb.com.brE-mail: [email protected]

    Assinatura: R$ 61,60Exemplar Avulso: R$ 12,68

    Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução totalou parcial, por qualquer meiosem prévia autorização escrita

    do autor e da Editora.

    Tiragem: 6.5005960 / 33199

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    Se eu pudesse escolher um presente para receberno “Dia do Pastor”, escolheria ter o privilégio deser mais semelhante a Jesus. Estou seguro de quevocê concorda comigo na opinião de que o egoísmo de-senfreado deixou de ser vergonhoso em nossos dias. Aagressiva autopromoção com o objetivo de obter van-tagens é considerada virtude. Temos ouvido com insis-

    tência: “Seja o primeiro!” “Faça valer seus direitos!” “Oimportante é chegar ao topo; não importam os meios!”Lamentavelmente, nós pastores não estamos livres des-se grande mal. Acaso existe cura para ele?

    Ken McFarland, em seu comentário sobre oEvangelho de João, diz que o melhor remédio é investirtempo para pensar no que aconteceu no cenáculo, noano 31 d.C. Naquela quinta-feira à tarde, treze homensestavam ali reunidos, sob uma atmosfera carregada detensão. O líder do grupo, conforme acreditavam os ou-tros doze, estava prestes a assumir o trono. E cada um

    deles estava decidido a ocupar o melhor posto quando onovo reino fosse estabelecido. A mãe de dois entre elesjá se havia atrevido a pedir que os lhos ocupassem asmelhores funções na administração; obviamente, paradesgosto dos demais. Cada um deles, silenciosamente,comparava-se aos outros e se sentia convencido de sero mais capacitado.

    Você e eu também estávamos ali... Professamos serseguidores do Rei, de modo que tomamos lugar juntoao grupo àquela mesa e tratamos de ignorar nosso de-ver. Procuramos por todos os meios ignorar o fato evi-dente de que há um trabalho a ser feito. Reunimo-nospara comer. Em tais ocasiões, um servo devia lavar o pódos nossos pés. Porém, entre nós talvez não haja ser-vos. Outro deve fazer esse trabalho. Quem?

    Evidentemente, se você deseja ser primeiro-minis-tro de um governo, não convém que seja visto fazen-do o trabalho de um servo. Soberanos não sujam asmãos. Se alguém vai ocupar um posto elevado na hie-rarquia do palácio, fazer o trabalho típico de um escravo,nem pensar! Ter que se ajoelhar e lavar os pés empoei-rados e suados de onze homens que não têm nem a

    décima parte de sua capacidade, nem do seu nível, inimaginável!

    Continuamos esperando, e a situação se torna in-cômoda. Então, alguém se move. Detém-se diante vasilha com água e pega uma toalha. Você e eu temcuriosidade de ver quem, nalmente, resolveu adminão pertencer à linhagem especial. De repente, sentim

    nos tomados de surpresa e vergonha! ... Vejam só, nãoutro senão o nosso Rei! Sem dizer uma palavra, Elajoelha diante de nós e lava nossos pés, um a um. Mude assombro, enrubescidos de vergonha, observamenquanto Ele Se move silenciosamente em Sua tare

    Acaso você já notou que esta loso a, a loso acenáculo, contradiz a loso a que hoje é aceita? “Doutra face...”; “cede o primeiro lugar a outro...” são pcípios destoantes do que acontece na vida real. E qufor tão ingênuo para adotá-los seriamente não irá muilonge. Basta lembrar do que aconteceu a Jesus.

    Porém, permita-me dizer que a loso a do mundnão é sábia. Hoje, a humildade pode causar ridículaté mesmo violenta oposição, ao passo que a exalta-ção própria é altamente estimada. Mas, no m, o org-lho se transformará em montanha de cinzas e a humdade será exaltada universalmente.

    Está você cansado do esforço exigido na defesa sua reputação e de seus direitos? Está cansado de lutpara car sempre bem? Deseja se livrar dessa doença mi-serável? O único remédio é passar o máximo de temcontemplando a assombrosa humildade de Jesus CrisÉ impossível estudar Sua vida e Seu caráter, sem desvolver o intenso desejo de ser como Ele.

    Se existe algo que precisamos mais do que qualquoutra coisa, é passar mais tempo no cenáculo, onde nso Rei alcança o verdadeiro nível de Sua grandeza diade nós, e lava não apenas o pó de nossos pés, mas também o orgulho de nosso coração.

    “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2:5).

    Carlos Hein Secretário ministerial da Divisão Sul-Americana

    O únicoremédio contra

    o orgulhoé passar

    o máximode tempocontemplando

    a assombrosahumildade de Jesus Cristo.É impossívelestudar Suavida e Seu

    caráter, semdesenvolver ointenso desejo

    de ser comoEle”

    A flosofa do cenáculo

    ENTRELINHAS Carlos Hein

    G e n t i l e z a D S A

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    ENTREVISTA – JEAN CARLOS ZUKOWSKI

    A mensageirado Senhor

    “A maior relevância dos escritos de Ellen G. Whiteestá no propósito que ela mesma conferiu ao seuministério: uma luz menor para guiar à luz maior,a Bíblia”

    por Márcio Nastrini

    O pastor Jean Carlos Zukowski é paulista, adventista de terceira geração em suafamília. Graduou-se em Teologia no Centro Universitário Adventista de São Paulo,

    Unasp, campus São Paulo, em 1988. Pastoreou igrejas, atuou como diretor assisten-te do Departamento de Jovens na Associação Paulista Central. É doutor em Teologiapela Universidade Andrews, Estados Unidos, onde também lecionou. Atualmente,ele é professor da Faculdade Adventista de Teologia, no Unasp, campus Engenhei-ro Coelho. Casado com a professora e especialista em aconselhamento, Iracéli, temuma lha: Karoline. A maior parte de seus 27 anos de ministério foi dedicada ao en -sino, no qual se realiza como um mentor daqueles que serão os futuros arautos daproclamação do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

    O XI Simpósio Bíblico-Teológico Sul-Americano, realizado entre os dias 31 deabril a 5 de maio, no Unasp, teve como tema: “Ellen G. White: Vida e Ministério”.Fale um pouco sobre ele.

    O Simpósio Bíblico-Teológico é um programa da Divisão Sul-Americana da IgrejaAdventista do Sétimo Dia realizado a cada dois anos. Esse tema foi escolhido devido aocentenário da morte de Ellen G. White (faleceu em 16 de julho de 1915) e para relembrara importância do chamado de Deus a ela. Sendo que esse tema é bem peculiar ao ad-ventismo, e tem sido estudado durante toda a sua história, o simpósio procurou colocarem perspectiva a relevância do ministério de Ellen G. White no contexto atual da IgrejaAdventista. Os trabalhos do simpósio foram divididos em cinco áreas: (1) Vida e obrasde Ellen G. White; (2) Ellen G. White e o Estilo de Vida Adventista; (3) Ellen G. White e asCrises do Adventismo; (4) Ellen G. White e a Perspectiva Bíblico-Profética Adventista; e

    (5) Ellen G. White e Temas Emergentes (pblemáticas e desa os quanto aoprofetismo

    no contexto atual). Para conduzir os tra-balhos e a apresentação dos temas foramconvidados líderes dos Centros de Pesqusas de Ellen G. White dos Estados Unide da América do Sul, bem como doutoreacadêmicos do Instituto Bíblico de Pesqsa da Associação Geral e das universidaadventistas da América do Sul e do Nor

    A inspiração de Ellen G. White equi- para-se ao mesmo nível dos profetasbíblicos?

    Deus usa diferentes maneiras para Secomunicar com o ser humano. Ele Se revpor meio da natureza e da consciência hmana. Também Se revelou por interméddas teofanias, de anjos, sonhos e visões. maneira especial Ele usou escritores e prfetas para nos trazer Sua Palavra, e Jesua revelação expressa do Pai. As mensagens divinas reveladas aos profetas eraposteriormente transmitidas, por eles, d

    G e n t i l e z a d o e n t r e v i s t a d o

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    forma verbal, escrita ou dramatizada, pro-cesso conhecido como inspiração. Algunsestudiosos defendem a teoria da inspira-ção verbal. Ou seja, o profeta apenas escre-veu aquilo que Deus ditou. Na inspiração

    verbal, o profeta não teve nenhum contro-le sobre o que escreveu, não exercendo suacognição no processo da transmissão damensagem recebida. Uma análise cuidado-sa da Bíblia demonstra que alguns autoresusaram fontes externas na composição deseus livros. Por exemplo, o evangelho deLucas. Outro ponto que inviabiliza a ins-piração verbal é a existência de di-ferentes estilos literários e errosgramaticais na Bíblia. Se Deus tivesse

    ditado o conteúdo aos profetas e es-critores de Sua Palavra, haveria sem-pre um mesmo estilo e nenhum erro.Esses fatos indicam que na inspira-ção bíblica, o profeta exercia a cog-nição e a vontade quando transmitia,de forma escrita ou falada, o produtoda revelação. O processo da inspira-ção envolve a união do divino com ohumano. Nela o profeta trabalha deforma dinâmica, sendo dirigido pelo

    Espírito na escolha das palavras paratransmitir a revelação. Essa teoria éconhecida como inspiração plenáriaou do pensamento. Será, então, queexiste uma diferença de inspiraçãoentre os profetas canônicos e não ca-nônicos? A resposta a essa perguntaé não. Elias é exemplo de um profetanão canônico, considerado na Bíblia comoum dos maiores profetas. Seria a inspira-ção de Elias inferior à de Moisés porqueMoisés é um autor bíblico? Não. O Espíri-to inspira de forma igual o profeta canô-nico e o não canônico, não há diferença noprocesso de inspiração. A diferença está nafunção e no propósito. Se o Espírito chamaalguém para o ministério profético, estedeve ser julgado pela Bíblia e tudo aquiloque ele fala deve estar em conformidadecom as Escrituras. Ele pode, todavia, am-pliar o entendimento de um princípio bíbli-co, clari cando-o para o tempo e lugar em

    que vive. Sendo assim, como Ellen G. Whiteestá em conformidade com todos os requi-sitos bíblicos exigidos para ser um profeta(profetisa), sua inspiração está no mesmonível dos escritores e profetas da Bíblia.

    No entanto, ela não foi chamada para es-tabelecer novos princípios ou regras quenão estejam presentes na Bíblia.

    Plágio é uma das acusações mais re- correntes à pessoa de Ellen G. Whitecomo escritora. Que provas ou argu- mentos refutam a isso?

    Por de nição, plágio é se apropriar daprodução literária de alguém sem lhe dar odevido crédito. O plagiador omite de quemele obteve seu material. No caso de EllenG. White, ela a rma ter usado materiais deoutros autores e os recomenda aos seusleitores. Atitude incomum para quem querfazer plágio. Na introdução do livroO Gran-de Con ito , ela diz que muitos autores des-creveram de forma primorosa aquilo que elatinha visto em visão e ela usou seus escri-tos na obra citando parte de frases ou frasesinteiras, e deu o devido crédito. Em algunscasos, porém, ela a rma que usou frases de

    outros autores por essas descreverem propriamente aquilo que ela tinha visto em vsão, mas não citou o autor para que o leitonão tivesse a impressão de que a fonte dinformação fosse o autor em questão. El

    queria deixar claro que a informação ali decrita era de origem divina. A quantidade material de outros autores em seus escritos não ultrapassa 2%, e o uso de autoresem referência é menor do que 1%. O advogado norte-americano, Vincent L. Ramespecialista em direitos autorais e questõeque envolvem plágio, analisou por oito an

    todos os escritos de Ellen G. Whiteas críticas sobre plágio direcionadasesse material. Em seu relatório nal de

    27 páginas ele concluiu que ela não fplágio e esteve dentro dos limites douso normal para sua época. Concluitambém, que o uso de outros auto-res não constitui fraude ou intensãode suplantar o trabalho de nenhumoutro autor da sua época, bem comoseguindo as leis atuais. Esse relatóripode ser encontrado no site do WhiteEstate: http://www.whiteestate.org/issues/ramik.html.

    Considerando que sua inspiraçãofoi dinâmica, em sua quase tota- lidade, e verbal, em uma mino- ria, podemos admitir, então, quehá erros “periféricos” em seusescritos?

    Ao escrever, cada profeta usou seuconhecimento literário e cientí co. O est-lo literário, bem como ortográ co, não éde Deus. Deus não transformou o pescador Pedro no acadêmico Paulo. O estilo Paulo é mais elaborado que o de Pedro. Esas diferenças não tiram dos escritos a autoridade divina contida na mensagem questá sendo transmitida. Há certas decla-rações de cunho cientí co que represen-tam o conhecimento da época do profetae hoje podem não estar em conformidadcom a verdade cientí ca atual, a qual podetambém ser outra daqui a alguns anos.Sendo que a Bíblia e os escritos de Ellen

    “O Espírito inspira de formaigual o profeta canônico e o

    não canônico, não há diferençano processo de inspiração.

    A diferença está na função eno propósito. Se o Espírito

    chama alguém para oministério profético, este

    deve ser julgado pela Bíblia”

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    White se propõem a apresentar mensa-gens que auxiliam o ser humano a alcançara vida eterna, neles podem ser encontra-dos erros periféricos literários e cientí -cos que não interferem no propósito pelos

    quais os eles foram escritos.

    Por que nem tudo o que Ellen G. Whiteescreveu foi publicado?

    As publicações dos escritos de EllenWhite ocorreram da seguinte maneira: Elaescreveu livros inteiros comoO Deseja-do de Todas as Nações, O Grande Con ito,Caminho a Cristo , por exemplo. Umacoleção de seus testemunhos para aigreja foi editada num total de nove

    volumes. Ela também enviou muitosartigos e descrições de suas visõespara serem publicados em diferentesrevistas da comunidade adventista daépoca. Durante sua vida, foram orga-nizadas compilações de seus escritosem forma temática e publicadas comolivros. Ela escreveu muitas cartas dasquais mantinha consigo uma cópia, aoenviá-las. Algumas dessas cartas fo-ram publicadas em compilações pos-

    teriores à sua morte. Todavia, muitasdelas nunca foram publicadas, embo-ra estejam disponíveis para pesqui-sa. O White Estate planeja ter em seusite, até o m deste ano, todos os es-critos dela disponíveis.

    Como devemos interpretar e apli- car suas mensagens?

    Basicamente, devemos usar os mes-mos princípios hermenêuticos aplicadosà Bíblia. Identi car qual o tema central dotexto em questão. Analisar o contextoimediato no qual ele foi inserido. Veri carse ela falou sobre o mesmo tema em ou-tros lugares e qual o contexto da citação.Para quem ele foi escrito? Qual era o obje-tivo? Ao fazer a aplicação do texto, precisa-mos lembrar que as mensagens do Espíritode Profecia são primeiramente mensagenspara mim, não leia pensando nos outros.Finalmente, não devemos usar os escritos

    de Ellen G. White para “elaborar ou cons-truir”, particularmente, novas doutrinas.

    Que orientações podemos encontrarnos escritos de Ellen G. White, sobre os

    debates atuais em questão como ho- mofobia, racismo, movimentos femi- nistas, entre outros assuntos?

    Assim como na Bíblia, podemos encon-trar nos escritos de Ellen G. Whiteprincí-pios para os problemas contemporâneosmencionados, embora ela não tenha es-crito nenhum artigo ou livro especí co

    a respeito. No entanto, é interessanteobservar que temas contemporâneos,quando analisados à luz de seus escritos,apresentam ideias revolucionárias parasua época. Em uma das palestras do sim-pósio, o doutor Nicholas Miller, apresen-tou como o conceito de Ellen G. Whitesobre direitos civis a guiou em seu ativis-mo social. Ela defendia os direitos funda-mentais de igualdade para todos dentrode um contexto de liberdade e respon-sabilidade. Todos fomos criados iguaisperante Deus, portanto, nenhum ser

    humano deve igualmente exercer controle sobre outros nem julgá-los. Ela alerque a liberdade separada dos princípiodivinos se torna grande fardo e desgraça para a sociedade. Os princípios apre

    sentados por ela em seus escritos nosproporcionam um guia seguro de comoenfrentar qualquer movimento socialatual em defesa de direitos das mino-rias. Ellen G. White fez isso, por exemnuma sociedade que defendia a aboliçãda escravatura e não pensava que negroe brancos fossem iguais. Ela defendia q

    todos são iguais perante Deus, qua abolição não era su ciente, que obrancos tinham uma dívida para com

    a raça negra e deveriam proporcionar educação e oportunidades iguaide emprego, para que eles pudes-sem ter uma vida digna.

    Quais são as conclusões oueventuais novidades resultan- tes do Simpósio? Quais os pon- tos importantes da Declaração deConsenso?

    O simpósio rea rmou a importân-

    cia do dom profético no meio adventista e para o povo remanescente. Eapresentou como os escritos de ElleG. White são relevantes hoje parapreparo do povo de Deus tendo emvista a volta de Jesus, e tambémcomo eles apresentam princípios qunorteiam a vida do cristão diante dodesa os da sociedade contemporâ-

    nea. Um ponto importante da Declaraçãde Consenso é a importância dos escritde Ellen G. White na tomada de decisõtanto da igreja como do indivíduo, comuma luz vinda de Deus para Seu povo nete tempo. Creio que a maior relevância descritos de Ellen G. White está no propóto que ela mesma conferiu ao seu ministrio: uma luz menor para guiar à luz maioBíblia. Um auxílio no preparo de um popara se encontrar com seu Deus e estarem pé no dia de Sua vinda, discernindoenganos do inimigo para este tempo.

    “Ellen G. White está emconformidade com todos osrequisitos bíblicos exigidos

    para ser um profeta (profetisa).Sua inspiração está no mesmonível dos escritores e profetas

    da Bíblia. Mas ela não foi

    chamada para estabelecernovos princípios ou regras que

    não estejam presentes nasEscrituras”

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    DIA DO PASTOR

    Meu querido lho: Em pouco tempo, você estará nas lei -

    ras ministeriais, atividade vista por algunscom temor, fonte de problemas. Isso nãoé novo; Paulo reconheceu que a juventu-de de Timóteo poderia levar outros a des-prezá-lo (1Tm 4:12).

    Pessoalmente, vejo sua geração como a

    esperança da igreja. Seu preparo ministerialfoi excelente. Você esteve envolvido em to-dos os tipos de práticas pastorais, além deter estudado grego e hebraico, teologia ehomilética. Penso especialmente na cam-panha evangelística da qual você partici-pou durante seu período de estudos. Vocêdormiu no chão, caminhou, ministrou es-tudos bíblicos, ajudou a preparar o auditó-rio e cuidou da música. Quando alguns dosseus alunos foram batizados, você vibrou!

    Nesta carta, não vou lembrá-lo decomo deve pregar e ministrar estudos bí-blicos. Isso você sabe. Falarei apenas detrês assuntos: sua vida espiritual, o exer-cício do seu ministério e a edifcação deuma igreja viva.

    Vida espiritual De todas as coisas, quero que você,

    como jovem pastor, seja um homem deoração e estudo da Bíblia. Separe tem-

    po cada dia, preferivelmente em sua pri-meira hora da manhã, para aprofundar eenriquecer sua amizade com Jesus e ab-sorver a verdade de Sua Palavra. Planejeseu dia em função desse tempo sagrado.Não deixe que nada inter ra. Sem a forçaobtida numa rica experiência devocional,você não será capaz de administrar comêxito as complexidades do ministério. Semestar alicerçado na Palavra de Deus, vocêpode facilmente se perder no que Paulo

    chamou de “loquacidade frívola” (1Tm 1:6).Uma vida devocional sólida, disciplinada,ajudará você a combater o bom comba-te, conservar “boa consciência” e evitar onaufrágio da fé (v. 18, 19).

    Em algum ponto de seu estudo da Bí-blia, você poderá descobrir o que pareceser uma nova gema da verdade. Se essa

    ideia nova enriquecer o que você já sabe,dê graças a Deus por haver compartilhadode Seu vasto tesouro. Pregue-a, fale delasem temor. Entretanto, se a nova desco-berta con itar com uma visão geralmen -te aceita, estude-a muito cuidadosamente.Então, antes de começar a pregar sobreela, consulte pastores experientes. Se es-ses éis da velha geração não forem con -vencidos de sua nova luz, aceite o vereditodeles e volte à Palavra. Se numa segunda

    tentativa você não convencer os líderes,pode ser que você esteja errado. Se Deusrevela a você uma gema da verdade e nãoimpressiona outros quanto à sua validade,isso é estranho. Ou talvez ainda não tenhachegado o tempo certo. Lembre-se: nossaforça como igreja se deve ao fato de mar-charmos juntos, sob Cristo, como Ele orou(Jo 17:21-23).

    Ao dar esse conselho, não estou pen-sando tanto na preservação do seu tra-balho, mas em seu crescimento espiritual.Esse crescimento pode habilitá-lo a cuidardo rebanho que Deus lhe con ou.

    Falando de seu ministério, lembro quevocê está se tornando um construtor, nãode uma estrutura, mas de uma comuni-dade amorosa e viva de crentes. Você au-mentará sua congregação como parte dafamília de Deus na Terra.

    Estou certa de que você se lembra dosirmãos e irmãs que vinham de bom grado

    ao velho prédio com telhado cheio de go-teiras onde nos reuníamos. Eles vinhamno sábado pela manhã, voltavam para al-moçar, faziam trabalho missionário à tar-de e vinham para a reunião dos jovens, nãoraro trazendo visitantes. Também cavampara o encontro social da noite. Voltavamno domingo para ajudar a consertar o tem-

    plo, após o que os rapazes jogavam fute-bol. Na quarta-feira, até as crianças vinhampara o culto de oração e para ouvir o ca-pítulo de uma história contada em série.Para aqueles irmãos ir à igreja signi cavamuito. A igreja era o centro de sua vida in-telectual, social e espiritual.

    Como você pode tornar a igreja o cen-tro da vida das pessoas? Primeiramente,satisfazendo as necessidades espirituaisdelas. Seus sermões, preparados com ora-

    ção, e sempre relacionados à vida delas,alimentarão o rebanho. Raramente há naigreja apenas um tipo de pessoas; assim,você tem que fazer provisão para diferen-tes níveis de compreensão espiritual. Tudoo que você pregar deve ser tão simples queo iletrado possa ser bene ciado, e tão pro -fundo que o erudito possa saborear o quevocê diz. Por meio de sua pregação, elesaprenderão a estudar e entender a Bíbliapor eles mesmos.

    Os membros da igreja também neces-sitam compartilhar seu conhecimento eexperiência com outros. Você precisa en-siná-los a compartilhar informalmente,ou em estudos bíblicos estruturados. Nãopressuponha que eles sejam capazes de fa-zer isso, simplesmente porque têm o cora-ção transbordando amor por Deus.

    Pregar não é tudo. Você também pre-cisa ser professor. Ensine os membros daigreja a estudar a Bíblia e a compartilhar

    Carta a um jovem pastor Jean Weber

    Pseudônimo

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    9/36 SET-OUT • 2015| 9

    o conhecimento obtido com outros. Vocêpode ajudá-los a se desenvolver social-mente. Para isso, eles também necessi-tam da força espiritual de suas visitas noslares, de suas orações com eles e por eles,

    especialmente em tempos de emergência.Isso vai juntamente com as necessidadesque têm de companheirismo.

    No mundo ocidental de hoje, pode pa-recer desnecessário que as pessoas preen-cham suas necessidades sociais na igreja.Porém, a comunhão em pequenos gruposajuda a igreja a crescer. Normalmente, hámuitos grupos, especialmente quando hápessoas de a nidades diferentes. Esses gru -pos atuam e cientemente em um modo in -

    dependente, mas quando se reúnem, esseencontro se torna como uma reunião fami-liar, e você sabe quão divertido é isso.

    Os jovens necessitam fazer coisas comogrupo. Mas não pense que eles precisam demero divertimento. Eles podem se diver-tir e, ao mesmo tempo, ser úteis. Ajude-osa canalizar as energias em projetos úteis.Para trabalhar com jovens, você precisaser um deles. Ajude-os, brincando e exe-cutando atividades interessantes, para as

    quais eles possam convidar amigos, cole-gas da escola e parentes.

    Uma igreja viva Finalmente, quero lhe falar sobre a

    construção de uma igreja forte e viva. A -nal, é nisto que consiste o ministério pas-toral: cuidado pela comunidade de fé. Aquiestão cinco sugestões para ajudá-lo:

    1. Alguns membros da igreja sabemcomo satisfazer suas necessidades de in-formação e conhecimento; outros não.Você pode ajudar a transformar a igrejaem prioridade na vida deles, se os ajudar aexpandir as faculdades mentais dadas porDeus. A igreja é um lugar excelente paratodo tipo de ensinamento: Bíblia, teste-munho, família, natureza, saúde e outrostemas. Os cursos oferecidos pela igreja po-dem abrir portas para satisfação das ne-cessidades comunitárias e torná-la maisútil para mais pessoas.

    2. Lembre-se: você é um líder, facilita-dor, capacitador, nunca um chefe. Vocêdeve semear ideias. Depois de algumtempo de incubação, essas ideias volta-rão, possivelmente com uma nova forma,

    como ideias dos membros. Bondosamen-te aceite a mudança de propriedade e dei-xe que eles impulsionem as ideias.

    3. Não pense que você tem que pregarou ensinar todas as vezes. Dê aos membrosoportunidade para crescer. Em nossa igre- jinha, eu decidi transferir o ensino da Liçãoda Escola Sabatina das crianças para Daisy,de modo que ela pudesse aprender a ensi-nar. Como sofri no primeiro mês! Mas elaaprendeu e se tornou líder. Evidentemente,

    nem todos possuem talentos verbais. VovóMaria cuida de doentes e faz roupas comretalhos de tecidos. Incentive para que osirmãos façam alguma coisa. Quanto maisvariedade houver, melhor será.

    4. Mantenha a família da igreja bus-cando outras pessoas com as quais elapossa compartilhar o amor e a seguran-ça que encontrou na igreja. Você sabe ahistória de um mendigo dizendo a outroonde encontrar pão. Ensine sua igreja a

    compartilhar, anime-a a convidar amigose familiares para as programações. Orien-te-a para a missão. O alvo de sua igreja écrescer, expandir-se. Fazendo assim, to-dos serão mais felizes.

    5. Não deixe que as crianças esperemmuito tempo para que se envolvam nasatividades da igreja. Pense no que você te-ria perdido se, aos onze anos, não tives-se assumido a música em nossa igreja,

    durante as duas semanas em que os ou-tros músicos estiveram ausentes.

    A igreja que estou descrevendo talvezpareça mais uma colmeia, onde há ativi-dade contínua. Na igreja deve acontecer a

    mesma coisa. Como eu desejo ter um jo-vem pastor trabalhando com um arqui-teto visionário para criar um edifício comsalas de aulas, espaço para confraterniza-ção, área para esportes – e, no sábado, issose tornasse um lugar agradável de culto!Esse é um desa o para você.

    Como adventistas, temos as 24 horasdo sábado para nutrir a família de Deus.Não raro falamos do sábado como “tem-po da família” e nos esquecemos de que

    não estamos falando necessariamente dafamília nuclear. Faça com que as várias ati-vidades – proclamação, adoração, comu-nhão e serviço – tornem o sábado o melhore mais ocupado dia da semana.

    Se sua igreja for uma colmeia de alegreconfraternização e serviço, você não ne-cessitará fcar preocupado com seu tra -balho. O presidente da Associação estaráfeliz com você e fará o melhor esforço parater você em seu Campo. Não se preocupe.

    Con o em você e em sua geração. Vocêpode, sob o poder e a direção de Deus, in-fundir nova vida na igreja. Mal posso espe-rar para ver isso. Que o poder e a graça deDeus sejam abundantes sobre você e naigreja que você irá pastorear. Orarei dia-riamente por você.

    Com amor,Mamãe

    I v a n K r u k / F o t o l i a

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    Desde que Adolf von Harnack lançou

    a tese de que quase todas as coisasconsideradas ortodoxia cristã (“o

    elemento católico”) são resultado da “he-lenização aguda do cristianismo”,1 o pró-prio fundamento clássico da teologia foiabalado. Como se con rmasse isso, JürgenMoltmann cunhou a frase “os Pais batiza-ram Aristóteles”.2

    Desde então, os protestantes, parti-cularmente evangélicos, têm começadoum processo de “deselenização” da teo-logia. O que esse processo faz à teologia?De que maneira isso está relacionado àteologia adventista? Este artigo resumi-rá a história do processo de “deseleniza-ção” na teologia protestante e evangélica,a m de mostrar como essa história afetoua compreensão da ideia de Deus e, conse-quentemente, a compreensão da nature-za humana. Também tentará demonstrarque essa mudança de paradigma coloca aIgreja Adventista do Sétimo Dia em uma

    posição ideal para apresentar seu siste-

    ma doutrinário.

    Deselenização de DeusComeçando com a compreensão de que

    a teologia tem sido construída sobre pres-suposições losó cas do antigo helenis-mo grego, um dos primeiros elementos aser reformulados por uma minoria de eru-ditos foi a pressuposição fundamental doSer de Deus . Se a atemporalidade de Deustinha sido anteriormente o ponto de par-tida da teologia clássica, agora seria radi-calmente reinterpretada por um novo pa-radigma losó co.

    À medida que os lósofos se tornarammais familiarizados com a natureza básicada realidade, eles compreenderam que ascoisas temporais poderiam ser conjectu-radas como sendo reais. Assim, a Históriadeixou de ser uma cópia ilusória das reali-dades eternas – atemporais – tal como foiconcebido pela loso a platônica e pelo

    teísmo clássico. Em sua obra-primaSein

    und Zeit [Ser e Tempo], Martin Heideggerejeitou a atemporalidade conforme es-tabelecida por Aristóteles, Parmênidese Tomás Aquino, e propôs o seguinte:“Nosso objetivo é a interpretação provi-sória do tempo como o horizonte possí-vel para toda e qualquer compreensão doser.”3 A realidade foi reinterpretada em termos de temporalidade.4

    Seguindo essa linha de raciocínio,Deus não é visto como um Ser no qualhá uma ausência de tempo, mas comoum Deus que inclui o tempo em Seu SeOscar Cullmann rejeitou a pressuposiçãoda atemporalidade do Ser de Deus por-que isso pertencia à antiga loso a gregaCullmann argumentava que a mente he-braica concebe que Deus vive em um tempo sem limite e não em uma forma abstrata, como se Ele estivesse além do tempoEm sua análise exegética do uso da palavgregaaiôn no Novo Testamento, Cullmann

    O adventismo e anova antropologiaA perspectiva teológica atual abre espaço para que a teologia adventistaexerça um papel efetivo

    PESQUISA Marcos Blanco Editor-chefe da AssociaciónCasa Editora Sudamericana,

    Buenos Aires

    G e n t i l e z a d o a u t o r

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    conclui que o conceito bíblico de eternida-de não é necessariamente uma realidadeatemporal, mas uma experiência ilimitadade tempo. A eternidade não é atemporal,mas tempo sem m – tempo linear parti-

    lhado por Deus e os seres humanos.5

    De acordo com Norman Gulley, Fernan-do Canale resolveu a questão do relaciona-mento de Deus com o tempo. Canale suge-riu que “a ontologia bíblica clama por umacompreensão do tempo como uma pres-suposição primordial”.6 Estabeleceu que,tendo como base a pressuposição bíblicado Ser de Deus, “surgirá um novo sistemateológico que, pela primeira vez, será li-vre de condicionamento extra-teológico”.7

    Doutrina do homemA doutrina do homem foi o pon-

    to seguinte a ser mudado e reformula-do por alguns teólogos atuais. SeguindoAristóteles, Tomás Aquino tinha ensinadoque os seres humanos eram animais racio-nais. Entretanto, em contraste com o ló-sofo grego, Aquino sustentava que a almaé separada do corpo na morte. Ele consi-derava que a alma não era corporal, enti-

    dade permanente que podia existir sem ocorpo durante o período entre a morte dapessoa e a ressurreição geral.8

    Um dos pioneiros que tentaram umareformulação da in uência losó ca gregasobre a antropologia foi Oscar Cullmann.Em um ensaio apresentado em 1955 naUniversidade Harvard,Immortality ofthe Soul or Resurrection of the Dead?The Witness of the New Testament ,Culmann estabeleceu que o conceito daimortalidade da alma é “um dos maioresmal-entendidos do cristianismo”.9 Ele tam-bém a rmou que a ressurreição da mor-te estava ancorada nos ensinamentos deCristo e que é “incompatível com a cren-ça grega na imortalidade”.10 Nesse senti-do, os primeiros cristãos não consideravama alma intrinsecamente imortal, mas queera imortal apenas por meio da ressurrei-ção de Jesus Cristo e pela fé nEle. Junto aisso, Cullmann também negou a dualidade

    entre corpo e alma – um conceito que de-riva do platonismo grego.

    De uma perspectiva do AntigoTestamento, Hans Walter Wol tambémchegou à conclusão de que não existe dua-

    lismo antropológico nas Escrituras. Ele es-tabeleceu que uma interpretação equivo-cada da terminologia antropológica daBíblia tinha “levado na direção de uma an-tropologia dicotômica ou tricotômica, naqual, corpo alma e espírito estão em opo-sição mútua”.11 De acordo com Wol , “aquestão que ainda deve ser investigada écomo, com a língua grega, a loso a gre-ga tem aqui suplantado as visões semitasbíblicas, sobrecarregando-as com in uên-

    cias estranhas”.12

    Avanços atuaisEssa negativa do dualismo platônico em

    favor de uma visão integral dos humanostem sido desenvolvida mais recentemen-te. Muitas vozes de diferentes linhas teo-lógicas de pensamento estão proclamandouma mensagem semelhante. Clark Pinnock,ex-presidente daEvangelical TheologicalSociety , por exemplo, a rma que “a cren-

    ça helenística sobre a natureza humanaque tem dominado o pensamento cristão”é “uma antropologia não bíblica”.13 Para ele,“a Bíblia não ensina a imortalidade naturalda alma; em vez disso, ela aponta para aressurreição do corpo como dom de Deusaos crentes”.14 G. C. Berkouwer argumen-ta que não há “divisão” antropológica noshumanos,15 porém, defende que esses exis-tem num estado intermediário com Cristodepois da morte.16 Semelhantemente, en-quanto Helmut Thielicke defende que “nãohá divisão entre corpo e alma”, ele tambémse inclina à ideia do estado intermediário.17

    Tendo como base Lucas 24:36-49,Marilyn McCord Adams argumenta que oestado ideal não é o de uma alma inde-pendente desencarnada do corpo, mas oobjetivo nal é a ressurreição do corpo.18 De uma perspectiva psicológica, DavidMyers defende uma visão integral dapessoa. Ele estabelece que a visão bíblica

    de conhecimento é fundamentada na vsão da pessoa como uma entidade inte-gral, não com a dicotomia de mente e copo.19 E de uma perspectiva losó ca de re-ligião, baseada na lógica como uma disci

    na, Eleonore Stump e Norman Kretzmatambém argumentam contra a visão dualística cartesiana do ser humano.20

    Um dos mais recentes avanços na compreensão deste assunto é a assim chamada visão constitucional, segundo a quaos seres humanos sãoconstituídos porum corpo, mas não sãoidênticos ao cor-po que osconstitui , da mesma forma queuma estátua é constituída de bronze, manão é idêntica ao bronze que a consti-

    tui.21

    Semelhante a essa visão é a que éconhecida como “dualismo emergente”22 Essa posição aceita que os seres huma-nos, bem como outros organismos, inicimente consistem de nada mais que matéria física comum; entretanto, é adicionaa ideia de emergência. Essa ideia signi-ca que quando os elementos de certos tpos são organizados corretamente, alguma coisa nova vem à existência, algo qantes não existia.

    William Hasker, um dos proponentesdessa posição, faz um paralelo com umeletromagneto. Essencialmente, trata-seapenas de um rolo de arame. Mas, quanduma corrente elétrica atravessa o aramalgo novo aparece: um campo magnéticEsse campo exerce poderes casuais quenão havia antes que ele fosse criado, hbilitando-o a ativar o motor ou fazer alfuncionar. “Assim como o magneto gerseu campo magnético, um organismo geseu campo de consciência.”23 Entretanto,desde que Hasker não quer ser confunddo com o dualismo platônico, ele esclace: “Assim, para o dualismo emergentevida eterna é inteiramente possível, masvirá por meio de um extraordinário e miculoso ato de Deus, não como um atribunatural de uma ‘alma imortal’.”24

    Tudo parece indicar que a visão dualísca grega continuará a ser desa ada a pa-tir de múltiplas perspectivas.25

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    Deselenização adventistaA teologia adventista começou com

    um processo de desconstrução da teo-logia tradicional. Esse processo surgiucomo consequência de o próprio adven-

    tismo ter mudado dos condicionamentoslosó cos para estudar a Bíblia com baseem seus próprios pressupostos. A mudan-ça dos pioneiros adventistas também co-meçou com a doutrina de Deus. Por exem-plo, Tiago e Ellen G. White enfatizaram oconceito de “duas pessoas distintas, lite-rais, tangíveis”26 da Divindade, em contras-te com o Deus impessoal, teórico e abstra-to da loso a grega. Jerry Moon a rma oseguinte sobre isso: “Ela [Ellen G. White]

    rejeitou pelo menos três das pressuposi-ções losó cas presentes no trinitarianis-mo: (1) o dualismo radical de espírito e ma-téria, que concluía que Deus não podia teruma forma visível; (2) a noção de impassibi-lidade, segundo a qual Deus não tinha pai-xões, sentimentos nem emoções, portantonão podia ter interesse nem simpatia paracom os seres humanos; e (3) o dualismo dotempo e atemporalidade, que levava a no-ção de ‘geração eterna’, e ‘progressão eter-

    na’. A rejeição dela a esses conceitos cons-titui-se um afastamento radical do dogmamedieval da Trindade.”27

    Desde seus primórdios, a igreja Adven-tista do Sétimo Dia também tem mantidouma visão monística do ser humano.28 Emsua defesa dessa visão, os pioneiros ad-ventistas condenaram o dualismo antro-pológico como tendo sua origem na loso-

    a platônica.29 Para eles, “um elemento naapostasia da qual surgiu a besta [Ap 13], eque foi um poderoso impulso na formaçãodela, foi a adoção da loso a pagã”, e umdos resultados disso foi a crença na “imor-talidade da alma”.30 Citando o historiadorEdward Gibbon, A. T. Jones argumentouque a ideia da imortalidade da alma chegouao cristianismo por meio do dualismo pla-tônico.31 Uriah Smith considerou que a ideiade uma alma “imaterial, sempre conscien-te, nunca morrendo” veio “de certas espe-culações de Sócrates e Platão”.32

    Fazendo diferençaUm crescente número de protestantes

    e evangélicos tem abraçado a tradicionalposição adventista sobre o monismo bí-blico: “a posição segundo a qual todas as

    expressões da vida interior dependem danatureza humana completa, incluindo osistema orgânico.”33 Entretanto, quandoprotestantes e evangélicos chegaram aessa compreensão antropológica, os ad-ventistas a defendiam por muito tempo.A perspectiva teológica atual abre espaçopara que a teologia adventista exerça umpapel teológico efetivo.

    Embora o protestantismo, em suas for-mas ortodoxas, tenha sido construído so-

    bre as pressuposições ontológicas gregas,alguns eruditos discordam do dualismoplatônico. Thomas Kuhn, médico e lóso-fo norte-americano, indicou que isso é umaanomalia que eventualmente deveria re-querer mudança de paradigma.34 Essa mu-dança de paradigma já ocorreu na teologiaadventista. Como povo da Bíblia, necessi-tamos entrar na arena teológica cristã emostrar que o adventismo tem uma teo-logia con ável.

    Referências:1 Adolf Von Harnack,History of Dogma (Boston,MA: Little, Brown and Co., 1902), v. 1, p. 48-60.

    2 Jürgen Moltmann,The Trinity and the Kingdon ofGod (Londres: SCM, 1892), p. 20-22.

    3 Martin Heidegger,Being and Time (San Francisco,CA: HapperCollins, 1962), p. 1.

    4 Heidegger também explica o tempo comohorizonte transcendental da questão do ser. VerOp. Cit ., p. 65.

    5 Oscar Cullmann,Christ and Time: The PrimitiveChristian Conception of Time and History

    (Philadelphia, PA: Westminster, 1964), p. 49.6 Norman Gulley,Systematic Theology:

    Prolegomena (Berrien Spring. MI: AndrewsUniversity Press, 2003), p. 10.

    7 Fernando Canale,A Cristicism of TheologyReason: Time and Timelessness as PrimordialPresuppositions (Berrien Springs, MI: AndrewsUniversity Press, 1983), p. 399.

    8 Ver Marilyn McCord Adams,Philosophical Topics20, nº 1 (1992), p. 1-33.

    9 Oscal Culmmann, emImortality and Resurrection (Nova York: Macmillan, 1965), p. 9.

    10 Ibid.

    11 Hans Walter Wol ,Anthropology of the OldTestament (Londres: SCM, 1974), p. 7.

    12 Ibid.13 Clark H. Pinnock, emFour Views on Hell (Grand

    Rapids, MI: Zondervan, 1996), p. 147.14 Ibid., p. 147, 148.15 G. C. Berkhouwer,Man: The Image of God (Grand

    Rapids, MI: Eerdmans, 1962), p. 265.16 Ibid.17 Helmut Thielicke,Living With Death (Grand

    Rapids, MI: Eerdmans, 1983), p. 173.18 Marilyin McCord Adams,The Expository Times

    117 , nº 6, (2006), p. 252.19 David Myers,The Human Puzzle (San Francisco,

    CA: Harper & Row, 1978), p. 125.20 Eleonore Stump and Morman Kretzmann,Faith

    and Philosophy 13 , nº 3 (1996), p. 405-412.

    21 Kevin J. Corcoran,Rethinking Human Nature: AChristian Materialist Alternative to the Soul (GrandRapids, MI: Baker Academic, 2006), p. 65.

    22 Aqui a palavradualismo não é compreendida demodo platônico ou cartesiano, mas como opostaao monismo meramente material, que apresentaos seres humanos como animais.

    23 William Hasker, emFor Faith and Clarity:Philosophical Contributions to Christian Theology (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2006), p. 257

    24 Ibid., p. 258.25 Ver Marco Blanco, Journal of Asia Adventist

    Seminary 15 , nº 1 (2012), p. 108-112.

    26 James White,Day-Star , 24 de janeiro de 1846, p.25; Ellen G. White,Primeiros Escritos , p. 54.

    27 Jerry Moon, Journal of the Advent ist TheologicalSociety 17 , nº 1, (2006), p. 156, 157.

    28 Leroy Edwin Froom,The Conditionalist Faith ofOur Fathers (Washington DC: Review and Herald,1966), p. 646-740.

    29 Stephen Nelson Haskel,The Story of Daniel theProphet (South Lancaster, MA: Bible TrainingSchool, 1901), p. 229.

    30 The Adventist Review and Sabbath Herald ,nº 17 (1900), v. 77, p. 162; Alonso Trevier Jones,Ecclesiastical Empire (Batte Creek, MI: Review andHerald, 1901), p. 97.

    31 A. T. Jones,Vaily Bulletin of the GeneralConference , nº 10, 13 e 14 de fevereiro de 1893,p. 261.

    32 Uriah Smith,Here and Herea er, or Man in Lifeand Death: The Reward of the Righteous and theDestiny of the Wicked (Battle Creek, MI: Reviewand Herald, 1897), p. 173.

    33 Aecio Cairus, emHandbook of Seventh-dayAdventist Theology (Hagerstown, MD: Reviewand Herald, 2000), p. 212.

    34 “Paradigm Shi ”,Wikipedia , www.wikipedia.org/wiki/Paradigm_shi , acessado em 6 de abril de2015.

  • 8/18/2019 Revista Ministerio 5b

    13/36 SET-OUT • 2015| 13

    Deus apela aos ministros que acei-tam Sua verdade, e ostentam, emSeu nome, a mensagem mais so-

    lene jamais dada ao mundo, que ergam abandeira das verdades bíblicas e exempli-

    quem seus preceitos em sua vida diária.Tal conduta induziria a crer muitos que setêm entrincheirado atrás das barreiras dain delidade. A in uência do caráter ver-dadeiramente cristão é como os brilhan-tes raios do sol que penetram nos cantos

    mais remotos dos obscuros lugares nosquais conseguem entrar. A luz que emanado exemplo do ministro verdadeiramentecristão não deve ser vacilante nem incertacomo o lampejo de um meteoro, mas devepossuir o calmo e contínuo resplendor dasestrelas celestes.

    Judas exempli ca os ministros que tal-vez amem a Jesus, mas se apegam aosseus questionáveis traços de caráter. EmCristo ele via um caráter puro, inofensivo

    e imaculado, e seu coração folevado a amar seu Mestre. Maa luz do caráter de Cristo, quirradiou sobre ele, trouxe consigo a responsabilidade de sujeitar todo traço natural ouadquirido que não estava emharmonia com o caráter deJesus. Nisso Judas não resistao teste. O amor ao mundo estava profundamente enraiza-

    do em seu coração, e ele nãoabandonou esse amor nemrendeu a Cristo sua ambição

    Ele nunca chegou ao pon-to de se entregar completa-mente a Cristo. Achava quepodia manter seu próprio discernimento e opinião. Embo-ra tivesse aceitado o cargo dministro de Cristo, nunca sesubmeteu ao Seu molde divi

    no. Apegou-se aos seus contestáveis traços de caráter, cedeu aos próprios hábitopecaminosos e, em vez de se tornar pure semelhante a Cristo, tornou-se egoís-ta e cobiçoso.

    ConsagraçãoO que necessitamos neste tempo pe-

    rigoso é de um pastorado convertido.Necessitamos de homens que reconhe-çam sua pobreza de alma, e que busque

    MINISTÉRIO PASTORAL Ellen G. White

    O pastor dos

    sonhos da igreja

    “Necessitamosde homens quereconheçam suapobreza de alma,e que busquemardentemente o domdo Espírito Santo”

    V i b e I m a g e s / F o t o l i a

  • 8/18/2019 Revista Ministerio 5b

    14/36 | SET-OUT • 201514

    ardentemente o dom do Espírito Santo.Uma preparação interior é necessária paraque Deus nos dê Sua bênção, mas essaobra do coração não foi realizada. Quandoos pastores despertarão para as solenes

    responsabilidades colocadas sobre eles erogarão fervorosamente pelo poder ce-lestial? É o Espírito Santo que precisa daragudeza e poder ao sermão do ministro, ousua pregação será destituída da justiça deCristo como foi a oferta de Caim.

    Foram-me apresentados pastores que,antes de se converterem, tiveram uma tra-jetória e um caráter muito difíceis – eramos mais incorrigíveis, in exíveis e teimosos– e, no entanto, cada um desses traços de

    caráter transformado era o que se neces-sitava na obra de Deus.Deve haver uma transformação do cará-

    ter. O fermento precisa agir no coração hu-mano até que cada ação esteja em confor-midade com a vontade de Deus e [os pas-tores] sejam santi cados; então esses mi-nistros se tornam os mais valiosos. É justa-mente essa classe de indivíduos que Deuspode usar nos diferentes ramos de Sua obra.

    Não são sempre os homens os que me-

    lhor se adaptam a uma bem-sucedida ad-ministração da igreja. Se há mulheres éisque têm maior consagração do que os ho-mens, elas certamente podem, através desuas orações e serviços, fazer mais do quehomens cuja vida e cujo coração não sãoconsagrados.

    DesprendimentoNem todos os pregadores se entregam

    ao trabalho de Deus como lhes é exigido.Alguns sentem que o trabalho do prega-dor é difícil, porque são obrigados a carseparados de suas famílias. Eles se esque-cem de que antes era muito mais difícil doque agora. Não havia senão poucos ami-gos da causa. Eles se esquecem daquelessobre quem Deus pôs no passado a res-ponsabilidade da obra.

    Havia então apenas alguns que recebiama verdade como resultado de muito traba-lho. Os escolhidos servos de Deus choravam

    e oravam para obter uma clara compreen-são da verdade, sofriam privações e exer-ciam muita abnegação para levá-la aos ou-tros. Passo a passo, prosseguiam conformea providência de Deus os conduzisse. Não

    levavam em conta a própria conveniên-cia nem recuavam diante das di culdades.Por meio desses homens, Deus preparou ocaminho e tornou a verdade clara à com-preensão de toda mente sincera.

    Tudo foi posto nas mãos dos pastoresque abraçaram a verdade desde então,mas alguns deles não sentiram a respon-sabilidade do trabalho. Eles procuraramuma solução mais fácil, uma posição menosabnegada. Esta Terra não é o lugar de re-

    pouso dos cristãos, e muito menos dos es-colhidos pastores de Deus. Eles se esque-cem de que Cristo deixou Suas riquezas eSua glória no Céu e veio à Terra para mor-rer, e que Ele nos ordenou amar uns aosoutros, assim como Ele nos amou (Jo 15:12).Esquecem-se daqueles “dos quais o mun-do não era digno”, que “andaram vestidosde peles de ovelhas e de cabras, desampa-rados, a itos e maltratados” (Hb 11:38, 37).

    Os pastores que acham que estão so-

    frendo devem “visitar” a o cina do apósto-lo Paulo. Embora de saúde frágil, ele traba-lhava durante o dia no serviço da causa deCristo; e, então, boa parte da noite, se es-forçava arduamente, muitas vezes a noitetoda, para que pudesse fazer provisão paraas próprias necessidades e as de outros.

    Moisés foi dirigido por Deus para obterexperiência em zelar, considerar e demons-trar terna solicitude por seu rebanho paraque pudesse, como el pastor, estar pron-to quando Deus o chamasse a liderar Seupovo. Experiência semelhante é essencialpara aqueles que se empenham na gran-de obra de pregação da verdade.

    A m de conduzir pessoas à fonte vivi-cante, o próprio pregador deve primei-

    ramente beber da fonte. Ele precisa com-preender o in nito sacrifício feito pelo Filhode Deus para salvar a humanidade caída, eseu coração deve estar repleto do espíritodo in nito amor. Se Deus nos determina

    que realizemos um árduo trabalho, precsamos fazê-lo sem reclamar. Se o caminhé difícil e perigoso, é plano de Deus fazcom que sigamos em humildade, e clammos a Ele por força.

    Uma lição deve ser aprendida da ex-periência de alguns dos nossos pastoresque, de forma semelhante, nada soube-ram de di culdades e provações, contudsempre se julgam mártires. Eles ainda têque aprender a aceitar com gratidão o caminho da escolha de Deus, lembrando-sdo Autor de nossa salvação. A obra dopastor deve ser realizada com muito maenergia, zelo e dedicação do que manifeta nas transações comerciais, pois o traba

    lho é muito mais sagrado e os resultadomais signi cativos.

    CompaixãoIrmão A, você necessita trabalhar co

    o máximo empenho para controlar o eu desenvolver um caráter em harmonia comos princípios da Palavra de Deus. Você prcisa se educar e treinar, a m de se tornaum pastor bem-sucedido. Precisa cultivaum bom temperamento – traços de cará-

    ter bondosos, alegres, animadores, generosos, compassivos, corteses e piedosos.Deve vencer seu espírito mal-humorado,fanático, estreito, crítico e dominante. Sestá ligado à obra de Deus, precisa batalhar consigo mesmo vigorosamente e formar seu caráter segundo o Modelo divin

    Que maravilhosa reverência Jesus ex-pressou pela vida humana em Sua missãoEle não Se apresentou perante as pessoacomo um rei exigindo atenção, reverênce serviço, mas como alguém que desejavservir, para erguer a humanidade. Ele dise que não tinha vindo para ser servido,mas para servir.

    Tenho certeza de que a grande lição dperdão deve ser aprendida mais perfei-tamente por todos nós, e devemos pra-ticar as virtudes cristãs. Onde quer queCristo visse um ser humano, Ele via alguém que necessitava de compaixão.Muitos de nós estamos dispostos a servi

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    a quem honramos, mas justamente aque-les a quem Cristo tornaria uma bênção paranós se não fôssemos tão insensíveis, de-satenciosos e egoístas, passamos por altocomo sendo indignos de nossa atenção.

    Não os ajudamos, embora seja nosso de-ver fazê-lo, tolerando sua rudeza, enquan-to procuramos cultivar neles os traços decaráter opostos.

    Atitude positivaZombaria, piadas e conversas profanas

    pertencem ao mundo. Os cristãos que pos-suem a paz de Deus no coração serão ale-gres e felizes, sem condescender com su-per cialidade ou frivolidade. Enquanto vi-

    giam em oração, hão de possuir uma sere-nidade e uma paz que os elevarão acima detodas as futilidades.

    Não é preciso buscar maior evidência deque a pessoa se encontra distante de Jesuse negligenciando a oração particular, a de-voção pessoal, do que o fato de que ela ex-pressa dúvidas e descrença porque as cir-cunstâncias não são favoráveis. Tais pes-soas não têm a religião pura, verdadeira eimaculada de Cristo. Elas possuem um ar-

    tigo falso que o processo re nador consu-mirá totalmente como escória.

    Logo que Deus prova e testa sua fé, elasvacilam, enfraquecem-se e oscilam primei-ro para um lado e depois para o outro. Nãopossuem o artigo genuíno que Paulo tinha,de poder gloriar-se na tribulação porque “atribulação produz perseverança; e a perse-verança, experiência; e a experiência, es-perança. Ora, a esperança não confunde,porque o amor de Deus é derramado emnosso coração” (Rm 5:3-5).

    A religião dessas pessoas é circunstan-cial. Se todos ao seu redor estão fortes nafé e encorajados com relação ao triunfo -nal da mensagem do terceiro anjo e, se ne-nhuma in uência especial se zer presentecontra elas, então aparentam possuir algu-ma fé. Mas tão logo a adversidade pareçasurgir contra a causa, o trabalho se arrastepesadamente e o auxílio de todos se tornanecessário, esses pobres seres humanos,

    embora sejam professos ministros doevangelho, esperam que tudo resulte emnada. Atrapalham em vez de ajudar.

    Satanás trabalhará por todo e qualquermeio que puder empregar para desanimar

    os servos ativos do Senhor. Se o pastor pu-der ser desviado de sua responsabilidade, ocaminho cará livre para que os lobos dis-persem e devorem as ovelhas.

    Con abilidadeOs ministros de Jesus Cristo devem en-

    sinar, tanto na igreja quanto a indivíduos,o fato de que a pro ssão de fé, mesmodos adventistas do sétimo dia, a menosque proceda de piedade sincera, é impo-

    tente para fazer o bem. Uma luz espiritualdeve resplandecer da igreja e especialmen-te dos pastores, em raios claros e invariá-veis. Ela não deve resplandecer apenas emmomentos especiais e então diminuir e os-cilar como se estivesse se extinguindo.

    O irmão C pode falar de maneira a atrairo interesse da congregação e, se isso é tudoque é necessário para tornar um pregadorbem-sucedido, então os irmãos e irmãs de-veriam estar certos em sua avaliação a res-

    peito dele. Mas ele não é um obreiro com-pleto nem con ável.

    HumildadeO seu perigo será sempre de despre-

    zar o conselho e atribuir a si um valor maiselevado do que Deus lhe atribui. Há mui-tos que estão sempre prontos a lisonjeare louvar o pastor que sabe falar. Um pas-tor se prejudica por estar sempre em ris-co de ser mimado e ovacionado, enquan-to ao mesmo tempo pode ser de cientenas coisas essenciais que Deus requer da-quele que professa ser um porta-voz dEle.

    Você mal entrou na escola de Cristo. Aadaptação para sua obra é uma tarefa vi-tal, uma luta diária, penosa e custosa comhábitos estabelecidos, inclinações e ten-dências hereditárias. Guardar e controlaro próprio eu, para manter Jesus em des-taque e o eu fora de vista, requer esforçoconstante, diligente e vigilante.

    Quanto tempo foi necessário para quMoisés aprendesse a lição da mansidão etornasse um general para guiar o exércide Israel para fora do Egito? Ele passou pum longo período de disciplina. Durant

    quarenta anos cuidou de ovelhas na terrde Midiã, aprendendo a ser um bom pator para o rebanho. Enquanto era pastor, fchamado para cuidar do fraco, para guiadesobediente, para buscar o perdido. Esfoi um treinamento necessário para ele tornar o líder de Israel, pois, no cuidadorebanho do Senhor, ele seria chamado aalimentar o fraco, instruir o desobediente e trazer o perdido de volta ao aprisco

    ResponsabilidadeOs ministros da Palavra, e outros queocupam cargos de responsabilidade, as-sim como o corpo da igreja, necessitam este espírito de humildade e contrição. apóstolo Pedro escreveu àqueles que trabalham com o evangelho: “Pastoreiem orebanho de Deus que está aos seus cui-dados, Olhem por ele, não por obrigaçãmas de livre vontade, como Deus quer. Nfaçam isso por ganância, mas com o des

    jo de servir. Não ajam como dominadordos que lhes foram con ados, mas comexemplos para o rebanho” (1Pe 5:2, 3).

    Nenhuma parte das responsabilida-des do ministro deve ser negligenciada. Edeve pregar a Palavra, não as opiniões dhomens. Deve trabalhar com os indivíduvisitar as famílias, não para falar apenas coisas comuns da vida, mas das coisas deteresse eterno, orando com eles, e ensinandcom toda a simplicidade a verdade de De

    O trabalho do ministro representadopelas sete estrelas é sublime e sagrado.Quando ele nutre a ideia de que sua tarfa se resume em pregar sermões, passa palto e certamente negligencia o trabalhoque recai sobre o pastor do rebanho. É suincumbência cuidar do rebanho e super-visioná-lo, bem como organizar os assutos da igreja de modo que todos tenhamo que fazer. –Transcrito do livro MinistérioPastoral

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    DIA DO PASTOR Willie e Elaine Oliver Diretores do Ministério da

    Família da Associação Geral daIgreja Adventista do Sétimo Dia

    Durante uma viagem na qual sobre-voávamos o Atlântico, meses atrás,fomos surpreendidos por uma vio-lenta tempestade. Embora já tivéssemospassado por algumas experiências seme-

    lhantes anteriormente, aquela foi a pior.Permanecemos calmos e serenos, senta-dos lado a lado naquela sombria tormenta.De mãos dadas, individualmente oramosa Deus.

    Naqueles momentos, enquanto o aviãomergulhava e sacudia, e nosso futuro pa-recia incerto, nossos pensamentos não fo-ram direcionados às responsabilidades donosso trabalho. Em vez disso, conformeadmitimos posteriormente, confessamosum ao outro o que verdadeiramente pesa-va em nossa mente: nosso relacionamentocom Deus, nosso relacionamento mútuo ea salvação de nossos lhos.

    Lições de uma viagemInvariavelmente, nossa vida no mi-

    nistério pode, às vezes, parecer-se comuma tempestade violenta. A intensida-de do próprio trabalho adicionada às al-tas cobranças por expectativas irreais, dos

    membros da igreja e até mesmo dos líde-res, nem sempre contribuem para que aviagem seja tranquila. Em vez disso, o pas-tor pode ser levado rapidamente ao esgo-tamento e a viver sob pesado fardo de cul-

    pa, frustração e desilusão.Essas emoções não apenas são uma

    realidade para o pastor, mas têm efeitosobre a esposa e os lhos. Não raro, mui-to das mesmas expectativas colocadas so-bre o pastor também afeta a família dele.Por exemplo, normalmente, as esposassão solicitadas a assumir responsabilida-des pastorais. Espera-se que os lhos se-jam modelos de perfeição e que demons-trem maturidade espiritual além do que éapropriado à idade deles.

    De fato, o ministério pastoral tem ale-grias e desa os, altos e baixos. Embora osaltos do ministério sejam muitos – levarpessoas a Jesus, transmitir esperanças apessoas desesperadas – os baixos podemser realmente muito baixos. Podendo le-var alguém a car estressado diante doslimites de tempo e recursos, e sem con-seguir os resultados esperados na igrejae na família.

    Em meados dos anos 1980, PaulTsongas, senador norte-americano peloestado de Massachusetts, descobriu quetinha câncer. Inicialmente, ele decidiu levar adiante sua campanha de reeleição

    ao cargo. Naquela ocasião, um amigo,Arnold Zack, escreveu para ele o seguite: “Nenhuma pessoa no leito de mortedirá: ‘Eu gostaria de ter gasto mais tempcom meus negócios.’” Tsongas renuncioà campanha e investiu mais tempo comsua família durante aquele difícil períod1

    Não estamos sugerindo que os pasto-res renunciem ao ministério. Ao contrá-rio disso, sugerimos que eles desenvol-vam uma visão nova e priorizem as coisimportantes, administrando seu tempo ebuscando equilíbrio em sua vida espiritupessoal e vocacional. “Coisa alguma podesculpar o pastor de negligenciar o círclo interior, pelo mais amplo círculo exteno. O bem-estar espiritual de sua famílivem em primeiro lugar.”2

    Limites necessáriosEm uma entrevista publicada no

    Leadership Journal , Bill Hybels, pastor da

    A arte da negligênciaestratégicaUma forma de impor limites para equilibrar trabalho e vida familiar

    G e n t i l e z a d o s a u t o r e s

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    Willow Creek Community Church , falou so-bre as chaves da mais simples e mais efeti-va liderança. Ele mencionou a necessidadeque têm os pastores e líderes de entendera noção de “negligência estratégica”.3 Essa

    ideia realça a necessidade de limites sau-dáveis no ministério. Todo pastor necessi-ta focalizar, simpli car e priorizar.

    Tendo em mente esse compromisso,ele deve perguntar a si mesmo: “Quem eudesejo ser, com o passar do tempo? Quetipo de esposo? Que tipo de pai? Que tipode pastor, amigo e líder?” Então, deve fa-zer a seguinte pergunta: “O que necessi-ta ser feito em minha agenda, de modoque eu me torne esse tipo de pessoa?”

    Essencialmente, os pastores devem de-cidir estrategicamente que coisas deve-rão ser suprimidas de sua agenda, a mde que tenham êxito espiritual, pessoal,na vida familiar e vocacional.

    Recente pesquisa sobre estresse na fa-mília pastoral, realizada na Divisão Norte-Americana, mostrou que um percentualsigni cativo de pastores relataram ter di-

    culdade com a prática da oração parti-cular, lutas para manter ligação pessoal

    com Deus e problemas em estabelecertempo para devoção pessoal. Como pes-soas envolvidas no ministério, o que bemsabemos é que, sem oração e estudo daBíblia, é impossível manter um relaciona-mento viável com Deus, necessário paratodo ministério efetivo. Sem essa cone-xão diária, perdemos de vista a essênciado chamado, passando a atuar como me-ros pro ssionais.

    Diante disso, o que deve o pastor estra-tegicamente negligenciar, para que possadesenvolver mais fortemente as disciplinasespirituais? Deve estabelecer tempo espe-cí co para responder e-mails? Gastar me-

    nos tempo com mídias sociais? Menos tem-po vendo televisão? Dormir cedo para acor-dar cedo? Você é a única pessoa que podedeterminar o que fazer nesse sentido, a mde que possa dedicar tempo necessário àoração e ao estudo da Bíblia, hábitos que ohabilitarão a ser um líder espiritual efetivo.

    Na PalavraEm Esdras 7:10, está escrito: “Porque

    Esdras tinha disposto o coração para bus-

    car a lei do Senhor, e para a cumprir, e paraensinar em Israel os seus estatutos e osseus juízos.” Note o compromisso feitopor Esdras com o estudo das Escrituras,viver as Escrituras e ensiná-las. Estudar aPalavra de Deus é pré-requisito para co-nhecê-Lo. Muitos eruditos estudam e en-sinam a Bíblia, sem que isso faça qualquerdiferença na vida deles. Não foi assim comEsdras. Ele colocou o coração nessa prática.Estudou, observou e ensinou as Escrituras.

    Sem dúvida, a negligência estratégicafoi e caz na vida daquele el escriba; casocontrário, ele não seria capaz de estudar,viver e ensinar a Palavra de Deus. Comopastores, devemos aprender e operacio-nalizar em nossa vida o modelo estabele-cido por Esdras, para que sejamos líderesefetivos do rebanho do Senhor. Esse tem-po investido em devoção pessoal e estudoda Palavra de Deus não é tempo dedicado

    à preparação de sermões. É tempo no qunutrimos e alimentamos nossa vida espitual, ligando-nos à Videira.

    Em Atos 1:8, Jesus aconselhou Seudiscípulos com estas palavras: “Mas re

    cebereis poder, e sereis Minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em todaJudeia e Samaria e até aos con ns da Terra.”Pouco mais adiante, lemos: “Todos essesperseveravam unânimes em oração” (v. 1

    O Espírito Santo nos habilitará quando investirmos tempo em oração, pedindo clareza de mente e propósito para efetvamente representar Jesus diante do mundo. O poder do Espírito virá sobre nós ca força do Pentecostes, quando prioriza

    mos o tempo de comunhão com Deus pomeio da oração. Sem esse foco e prioridde, nossa vida uirá de maneira completa-mente desordenada. Ellen G. White acoselhou: “Consagrem-se a Deus pela manhfaçam disto sua primeira tarefa.”4 É impe-rioso que estrategicamente incluamos enossa agenda diária tempo para oração estudo da Bíblia, pois à medida que neggenciarmos essas atividades, enfrentaremos barreiras entre nós e Jesus.

    Na pesquisa anteriormente mencionada, muitos pastores se queixaram de nãter su cientes horas semanais para adm-nistrar todas as suas responsabilidadesainda dispor de tempo livre para a famíAssim sendo, os pastores devem negligeciar estrategicamente muitas coisas boano ministério, mas que são periféricas à smissão principal, de modo que possam tempo para estar com a família e nutri-l

    Se aceitarmos todos os convites querecebemos anualmente para falar ou es-crever, podemos prejudicar os principaiobjetivos de nossas responsabilidades mnisteriais. Embora sejamos frequentemete tentados a trabalhar durante as fériasdevemos propositadamente rejeitar cer-tas tarefas e funções, a m de que des-frutemos o descanso necessário, com opropósito de que estejamos su ciente-mente saudáveis física, emocional e esritualmente para continuar nosso trabalho

    Os sete compromissos do casamento feliz1. Ouvir o cônjuge sem ser defensivo.2. Partilhar sentimentos com o cônjuge, sem culpá-lo(a) por esses sentimentos.3. Dar ao cônjuge o benefício da dúvida e não precipitar conclusões.4. Reconhecer minha contribuição para nossas eventuais divergências.5. Pedir perdão ao cônjuge quando disser alguma coisa que o(a) magoe.6. Perdoar o cônjuge mesmo que ele(a) não tenha pedido perdão.7.Fazer todo o possível a m de partilhar bondade, paciência, compreensão

    e perdão.

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    Trabalho em equipeHá pouco mais de um ano, nós come-

    moramos trinta anos de casamento. Paramarcar a ocasião, criar lembranças e man-ter viável nossa união, gastamos cinco

    dias na praia. Muito nos alegramos du-rante aquele período, desfrutando a be-leza do mar azul e da areia clara da praia.Foram dias maravilhosos! Descontraímos,lemos bons livros, comemos comida feitapor outras pessoas, nadamos, praticamosalguns esportes radicais e, mais importan-te de tudo, aprendemos a velejar.

    Assim que nossas aulas de navegaçãocomeçaram, compreendemos que isso émuito mais complexo do que parecia su-

    per cialmente. Embora cause um poucode estresse, essa prática também descon-trai, desa a e recompensa. Era necessá-rio que estivéssemos juntos, trabalhandocomo equipe, e estivéssemos do mesmolado do catamarã, para desfrutar a expe-riência de deslizar suavemente pelas belís-simas águas caribenhas.

    Deus criou o casamento e a família paradar aos seres humanos um senso de comu-nidade, fazê-los sentir-se conectados e ter

    senso de responsabilidade mútua. Emborao processo tenha momentos desa adores,as recompensas são imensas.

    A Bíblia está repleta de conselhos paranos ajudar a direcionar nosso relaciona-mento familiar para a alegria máxima!Quanto mais lermos a Palavra de Deus,mais estaremos em sintonia com a von-tade dEle para nossa família. A verdadeé que, dentro do domínio da capacidadehumana, é impossível conservar o amor

    abrigado longe de avarias e feri-das. Entretanto, à medida que apli-camos a Palavra de Deus ao nossorelacionamento familiar, podemosencontrar capacidade para honrá-

    -Lo nesse relacionamento. Porém,isso somente poderá acontecer setomarmos tempo para estar jun-tos e crescer juntos por meio do po-der de Deus.

    Questões de famíliaNós apreciamos passar tempo

    juntos. Tendo o privilégio de traba-lhar juntos, temos experimentadojuntos lugares, coisas e atividades

    favoritos. Temos restaurantes, mu-seus, ores, comida e muitas outrascoisas de nossa predileção. Somosagradecidos pelo fato de Deus noshaver conduzido juntos, e tentamos apli-car as Escrituras à nossa interação familiar,visando a extrair o máximo benefício. Umdos nossos versos bíblicos favoritos, quenos ajuda a estar atentos enquanto nos co-municamos um com o outro, é este: “Todohomem, pois, seja pronto para ouvir, tar-

    dio para falar, tardio para se irar” (Tg 1:19).Trabalhar tão próximos como acontece

    conosco é grati cante, mas também desa-ador. Assim, nós escolhemos estabelecer

    tempo de lazer juntos, e frequentemen-te encontrar razões para comemorar, paramanter o casamento e a família num am-biente agradável. Depois de passar umasemana falando em retiros de casais outreinamento de pastores, normalmenteprocuramos um bom restaurante indiano.

    Embora sejamos cuidadosos quanto aosprincípios de temperança, desfrutamos alimento e encontramos uma boa razãopara celebrar Deus e a vida.

    Nossos lhos já não estão conosco. En-tretanto, transformamos todas as oportu-nidades que temos de estar juntos numa

    ocasião de festa. Isso nos lembra de quenos pertencemos mutuamente, e agra-decemos a Deus por Sua bondade paraconosco. Quando nos separamos, procu-ramos meios de nos mantermos ligados,empregando a negligência estratégica.

    O ministério pastoral tem suas di -culdades; às vezes você se sente como sestivesse solto no ar em meio a uma terrível tempestade. Porém, uma vez queadmitimos essas di culdades, isso não im-porta muito desde que nos lembremos disto: “Posso todas as coisas nAquele que mfortalece” (Fp 4:13).

    Referências:1 Paul Tsongas,Heading Home (Nova York: Knopf,1984), p. 160.

    2 Ellen G. White,Obreiros Evangélicos , p. 204.3 “The Secret of Strategic: Bill Hybels on the Keysto Simpler and More E ective Leadership”,Leadership Journal 37 , nº 1, 2015.

    4 Ellen G. White,Caminho a Cristo , p. 70.

    Como colocar primeiro ascoisas mais importantes• Agende!• Devoção pessoal.• Dia livre semanal com o cônjuge (não tratarde nenhum problema).• Reservar tempo para os lhos.• Obedeça à agenda!• Honrar primeiramente os compromissos

    com Deus, a família e a igreja.• Negligenciar estrategicamente as

    “pedrinhas” (coisas no caminho para o maisimportante).

    • Use a agenda para se manter na rota.• A vida ui e os imprevistos acontecem.• Use a agenda para reajustar e manter ofoco das prioridades.

    Principais estressores do pastorPreocupações nanceiras: gastos mensais e aposentadoria 70%Separar tempo para devoção pessoal 67%Tempo livre com a família 67%Tensões com transferências 58%Falta de amizades verdadeiras – ligações emocionais 57% Pobres mecanismos para enfrentar problemas como, por exemplo,compulsão alimentar, dependência da mídia, pornogra a 40%

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    DIA DO PASTOR Larry Yeagley Capelão aposentado e

    escritor, reside no Arkansas,Estados Unidos

    Os pastores necessitam de habilida-

    des para liderança e caz. Adquiri- las é um processo de toda a vida.Aulas no seminário são apenas o ponto departida. Cada situação provê um desa onovo que pode levar a um modelo diferen-te. Henri J. M. Nouwen escreveu: “Um novotipo de liderança é requerido para a igre-ja de amanhã, uma liderança que não sejamodelada pelo jogo de poder do mundo,mas pelo Líder-servo Jesus, que veio dar avida para resgate de muitos... O caminho

    do líder cristão não é o caminho da mobili-dade ascendente, mas o caminho da mobi-lidade descendente que termina na cruz.”1

    Preparando para o êxitoJesus investiu longos dias demonstran-

    do para Seus discípulos a vida no reino. Àsvezes, eles poderiam ter usado o jogo depoder do mundo, mas Jesus pacientementeinsistiu no caminho do amor. Ensinou-lhes:“Assim brilhe também a vossa luz diantedos homens, para que vejam as vossasboas obras e glori quem a vosso Pai queestá nos Céus” (Mt 5:16).

    Mateus 10 é o que chamo de manual deJesus para liderança. Ele ensinou isso aosdiscípulos e então os enviou dois a dois paracolocar em prática o manual. Estava esta-belecendo o alicerce para o sucesso deles.Pastores experientes, abençoados com aresponsabilidade de mentorear pastoresjovens têm como objetivo contribuir para

    o êxito deles. Isso requer tempo, instru-

    ção, con ança, envio correção e a rmação.

    Cuidadoso e compassivoUma forma de ajudar outros a ter êxito

    é ser cuidadoso, solícito e compassivo. Euestava no meio de uma partida de baseballnum acampamento de verão quando recebia visita do presidente da Associação. Ele ti-nha viajado quase uma hora para me dar amá notícia. Minha esposa estava no hospitalpor causa de um aborto. Com o braço ao re-

    dor dos meus ombros, ele disse: “Volte paracasa e que um bom tempo cuidando desua esposa. E não desconte isso das férias.”

    O mesmo líder estava no auditório,sentado na última la, numa noite duran-te minha de ciente primeira tentativa deevangelismo público. No m da palestra,convidei o povo para que aceitasse Jesuscomo Salvador e Senhor. Ele sentiu que euestava pouco à vontade com aquele apelo.Na saída, ele me disse: “Sua fala foi muitoboa; mas, lembre-se de que as melhores de-cisões são feitas nos lares, não em público.”Sua compaixão cou em minha mente du-rante décadas. Invejo esse tipo de liderança.

    Tentativa de novoscaminhos

    Frequentemente, Jesus Se encontrou“pintando fora das linhas tradicionais” dojudaísmo. As pessoas cavam entusiasma-das diante de Sua abordagem nova sobre

    a vida no reino. Ele usava uma forma dif

    rente de ensinar pessoas de origens e classes diferentes.Certo dia, meu pastor me disse que ti

    nha uma pilha de manuais sobre evangelismo. Porém, acabou descartando todoeles, porque ele gosta de usar a criatividde e, à sua maneira, levar pessoas a JesuParabenizei-o por “pintar fora das linhas

    Uma jovem notou que em sua igreja ométodos tradicionais de evangelismo nãfuncionavam. Ela e outros jovens resolv

    ram fazer algo novo. Então se dispuserama pintar o albergue dos sem-teto da cidadeTambém serviram aos internos e conseguram alimentos. Distribuíram rosas nas ruapara comerciantes e transeuntes. Um homem cego que fazia compras recebeu umrosa. O guia que o acompanhava tambémrecebeu e perguntou: “Onde ca sua igre-ja? Esse é o tipo de igreja que eu gostarde frequentar.”

    Líderes efetivos não dependem apenade programas gerados no topo da hierarquia. Eles incentivam o planejamento nabase da pirâmide, como fez aquele gru-po de jovens.

    Há um preço a ser pago pela lideran-ça que colore fora das linhas. Estigma ddeslealdade, rebelião e orgulho podem seatribuídos a esse tipo de liderança. Mas a derança efetiva evita essas acusações, tendo boa vontade de explicar os métodos antes de implementá-los.

    Um caminho parao líder cristãoHá um novo tipo de liderança para a igreja do amanhã.Necessitamos dele na igreja de hoje

    G e n t i l e z a d o a u t o r

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    Fora das torres de mar mPerguntei à secretária social de um fa-

    moso médico a razão pela qual seu hospi-tal mundialmente conhecido havia falido.Ela não titubeou: “Foi a torre de mar m.”

    O diretor pensava que seus métodos fos-sem os únicos! Médicos jovens não tinhamprivilégios, por isso acabaram fundandoseu próprio hospital para a comunidade.

    O diretor de outro hospital, mergulhadoem débitos, foi sábio. Ele formou uma co-missão que criou um plano para reduzir odébito. Então o executivo gastou tempo emcada departamento buscando ideias paraeconomizar. Seu escritório estava sempreaberto a qualquer empregado. Isso conquis-

    tou con ança e cooperação. Em dois anos,o hospital estava sem débitos.Poucos anos depois, aquele hospital foi

    adquirido por outra organização. Os líderespassaram a dar ordens. A comissão foi dis-solvida, e a con ança decaiu. O hospital foinovamente vendido a outro grupo. O con-ceito de torre de mar m de liderança falhou.

    Líderes efetivos nunca insistem que suamaneira de liderar seja a única. Eles costu-mam se aconselhar com muitas pessoas

    e estão prontos a aceitar a melhor ideia.

    Conhecimento das pessoasGeorge Pocock praticou uma liderança

    muito hábil. Pocock construiu um barco etreinou nove jovens remadores que ganha-ram a medalha de ouro nas olimpíadas deBerlim em 1936. Ele aprendeu muito sobreo coração e alma dos jovens. Viu esperançaonde um garoto pensava que não havia es-perança, e habilidade onde ela estava ofus-cada pelo ego ou ansiedade. Notou a fragi-lidade da con ança e o poder redentor dacon ança. Pocock foi um líder verdadeiro.2

    Seja o líder que conhece o nome daspessoas e vê além dos nomes.

    Mãos sujasCerta ocasião, durante uma campal, ti-

    vemos que montar e desmontar tendaspara as famílias. Isso pareceu difícil paraalguns pastores desacostumados com o

    trabalho duro. Mas, com muito esforço, astendas foram armadas. De repente, obser-vei o presidente da Associação tentandoerguer uma tenda. Apreciei ver o líder tra-balhando com os liderados. Isso foi mais

    importante do que dar ordens.Em um programa de televisão chama-doUndercover Boss [Chefe Secreto], o pro-prietário de uma grande empresa disfarçasua identidade e trabalha em muitas fun-ções na empresa. As pessoas com as quaiso disfarçado trabalha pensam que ele é umnovo empregado. O resultado disso é que,trabalhando ao lado de pessoas que lutamarduamente para ganhar a vida, o proprie-tário é levado a melhorar os salários e as

    condições de trabalho. Calçar os sapatos deum liderado ajuda a abrir os olhos.

    Aprendizado constanteUma graduação em liderança obti-

    da no século 20 pode não capacitar vocêpara exercê-la no século 21. Hudson T.Armerding escreveu: “Simplesmente termais tempo de vida não quali ca uma pes-soa para ser líder... O líder efetivo está con-tinuamente buscando aprender de suas

    experiências e se tornar ainda mais pro-ciente em seu trabalho.”3 Leith Andersondisse que um líder deve manter uma “linhade aprendizagem”.4

    Um pastor metodista no Texas sempreargumentava que um líder de pastores de-veria voltar a pastorear uma igreja a cadaquatro ou cinco anos. Não existe nada me-lhor do que aprender fazendo, ele insistia.

    Certo administrador de igreja percebeuquão desatualizado estava cando e lutoucontra isso. Meses depois, ele renunciou àfunção de liderança e se tornou pastor deigreja numa grande cidade. Esteja dispos-to a aprender continuamente e a ser guia-do pelo Espírito Santo para onde Deus de-terminar que você trabalhe.

    O amanhã é hojeO líder que nunca questiona não me-

    rece ser líder. Por que eu estou fazendoisso? Essa é a melhor maneira de fazer isso?

    O que eu estou realizando faz alguma difrença? O que eu estou fazendo é resultadde minhas pesquisas, ou é apenas impulde ordens superiores? Sou entusiasmadcom o que estou fazendo? Estou dispost

    a ser avaliado por outros?Deixar de fazer perguntas pode levarine cácia, lealdade cega às tradições ga-tas pelo tempo, e ao desperdício.

    Pastores que dependem de outro lídepara dizer a eles o que e como devem fazestão se privando das emoções da criatvidade e inovação. Líderes que se curvàs pressões estão construindo a própriamediocridade.

    Nossos jovens hoje estão fazendo im

    portantes perguntas. Mas os líderes nãoprecisam ter medo delas; são apenas potas para uma igreja crescente em um mundo de mudanças. No mundo em que osjovens vivem, cada fase da vida está emtransformação. Alguns trabalham emgrandes empresas que os convidam a daopiniões e ideias. Isso cria lealdade e entusiasmo pela empresa. Eles desejam esmesma abertura na igreja, mas alguns lídres não compartilham a mesma esperanç

    Parece haver um novo interesse noaprimoramento da liderança na igrejaEstudiosos estão expressando a necessidade de mobilidade descendente noestilo de liderança, um estilo que promte renovar o interesse e o engajamententre os jovens. Nouwen falou a respeto de um novo tipo de liderança na igredo amanhã. Necessitamos dele na igrja de hoje.

    Referências:1 Henri M. Nouwen,In the Name of Jesus (NovaYork: Crossroads, 1989), p. 45, 62.

    2 Daniel James Brown,The Boys in the Boat: NineAmericans and Their Epic Quest for God at